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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO PERFIL LIPÍDICO DE DIETAS HOSPITALARES ORAIS SERVIDAS A PACIENTES ONCOLÓGICOS: ESTIMATIVA DE INGESTÃO E COMPOSIÇÃO DA DIETA PRISCILA GABRIELA BRAGA OURO PRETO, MINAS GERAIS, BRASIL 2016

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Page 1: PERFIL LIPÍDICO DE DIETAS HOSPITALARES ORAIS SERVIDAS A ... · graxos trans (AGT), de dietas hospitalares orais de distintas consistências, servidas a pacientes oncológicos hospitalizados,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE NUTRIÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO

PERFIL LIPÍDICO DE DIETAS HOSPITALARES

ORAIS SERVIDAS A PACIENTES ONCOLÓGICOS:

ESTIMATIVA DE INGESTÃO E COMPOSIÇÃO DA

DIETA

PRISCILA GABRIELA BRAGA

OURO PRETO, MINAS GERAIS, BRASIL

2016

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PRISCILA GABRIELA BRAGA

PERFIL LIPÍDICO DE DIETAS HOSPITALARES

ORAIS SERVIDAS A PACIENTES ONCOLÓGICOS:

ESTIMATIVA DE INGESTÃO E COMPOSIÇÃO DA

DIETA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto sensu em Saúde e Nutrição da

Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro

Preto, como requisito para obtenção do Grau de

Mestre.

Área de Concentração: Bioquímica e Fisiopatologia da

Nutrição

Orientadora: Profa. Dra. Késia Diego Quintaes

Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Bearzoti

OURO PRETO, MINAS GERAIS, BRASIL

2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Késia, que foi muito mais que orientadora, se tornou uma fonte de

inspiração e exemplo a ser seguido. Obrigada por me conduzir de forma tão leve e

carinhosa durante esses dois anos e por todo o aprendizado que levarei para a vida.

Ao Eduardo, meu co-orientador, pela paciência e auxílio.

Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

(FAPEMIG) pelo suporte financeiro ao projeto, possibilitando que ele fosse realizado.

À UFOP e Escola de Nutrição, por me acolherem desde a graduação.

Aos amigos do Centro de Saúde, pelo apoio e incentivo de sempre.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição pelos

ensinamentos.

À Professora Rosa Wanda Garcia e à Sueli Baggio pelas contribuições na banca de

qualificação.

À Julia e Karine pelo auxílio.

Aos queridos amigos de Ouro Preto, em especial a Élida, Priscila e aos amigos do

Neopilates pelo carinho e torcida.

À Jeanne pela amizade, companheirismo e maluquices.

Aos amigos do mestrado, em especial aos que me proporcionaram momentos de

muita alegria e diversão (Mariana, Karina, Jaqueline, Filipe e Victor). Vocês serão

sempre lembrados com muito amor e carinho, mesmo que nossas vidas tomem

rumos diferentes.

À minha família, meu porto seguro, fonte de amor e aconchego.

Obrigada a todos!

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LISTA DE SIGLAS

AA- Ácido Araquidônico

AG - Ácido Graxo

AGCC - Ácido Graxo de Cadeia Curta

AGCL - Ácido Graxo de Cadeia Longa

AGCM - Ácido Graxo de Cadeia Média

AGE - Ácido Graxo Essencial

AGM - Ácido Graxo Monoinsaturado

AGPI - Ácido Graxo Poliinsaturado

AGS - Ácido Graxo Saturado

AGT - Ácido Graxo Trans

AHA - American Heart Association

AI - Ingestão Adequada

ALA - Ácido Alfa-linolênico

AND - Academy of Nutrition and Dietetics

AMDR - Distribuição aceitável de macronutrientes

ANOVA - Análise de Variância

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

B - Branda

Cacon - Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia

CLA - Ácido Linoléico Conjugado

DHA – Ácido Docosahexanoico

DRI - Ingestão dietética de referência

EAR - Necessidade média estimada

EPA - Ácido Eicosapentaenoico

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

G - Geral

IARC - International Agency for Research on Cancer

IMC - Índice de Massa Corporal

IOM - Institute of Medicine

LA - Ácido Linoléico

LT - Lipídios totais

P - Pastosa

QM – Quadrado mínimo

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R24h - Recordatório de 24 horas

RDA - Ingestão dietética recomendada

SND - Serviço de Nutrição e Dietética

SUS – Sistema Único de Saúde

TCM - Triglicerídeo de Cadeia Média

UAN – Unidade de Alimentação e Nutrição

UL - Limite superior tolerável de ingestão

VET - Valor Energético Total

WHO - World Health Organization

%E – Percentual de energia

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Classificação e nomenclatura das dietas hospitalares .............................. 20

Figura 2: Formação de novos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa do tipo

ômega-6 e ômega-3 derivados dos ácidos graxos essenciais, linoleico e alfa-

linolênico. .................................................................................................................. 23

Figura 3: Diagrama processo de amostragem das refeições que compuseram os

cardápios das dietas analisadas. .............................................................................. 33

Figura 4: Casuística do estudo ................................................................................. 34

Figura 5: Boxplots das idades conforme o sexo dos pacientes. ............................... 41

Figura 6: Médias de quadrados mínimos (QM) e estimativas de inclinação ( 0 ) e do

intercepto ( 1 ) da regressão linear do consumo em gramas de dietas hospitalares

como função da idade dos pacientes, para cada sexo. ............................................. 46

Figura 7 A-B: Frequência percentual quanto à adequação das dietas em relação

aos teores oferecidos de lipídios totais (LT), ômega-6, ômega-3, ácidos graxos

poliinsaturados (AGPI) e quanto à oferta acima do aceitável de ácido graxo saturado

(AGS) e trans (AGT). ................................................................................................. 50

Figura 8: Consumo %E de LT, AGM, ômega-6, ômega-3, AGPI, AGS e AGT em

função da idade dos pacientes para cada sexo e tipo de dieta. ................................ 55

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Nomenclatura e principais fontes alimentares dos ácidos graxos .......... 25

Quadro 2: Cardápios veiculados pela dieta geral nas seis datas analisadas. .......... 82

Quadro 3: Cardápios veiculados pela dieta branda nas seis datas analisadas. ....... 84

Quadro 4: Cardápios veiculados pela dieta pastosa nas seis datas analisadas. ..... 86

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Recomendações de ingestão diária de LT e AG segundo diferentes

diretrizes* .................................................................................................................. 29

Tabela 2: Perfil dos pacientes hospitalizados, segundo o sexo. .............................. 40

Tabela 3: Tipo de dieta segundo o motivo de admissão ........................................... 41

Tabela 4: Quantidade média em gramas (g) de dieta oferecida pelo hospital e de

dieta consumida pelos pacientes em cada coleta. .................................................... 42

Tabela 5: Efeito das distintas variáveis sobre a quantidade de dieta consumida pelos

pacientes oncológicos hospitalizados¹ ...................................................................... 43

Tabela 6: Médias de quadrados mínimos (QM) do consumo em gramas das dietas

hospitalares segundo o fatores sexo e motivo de admissão.¹ ................................... 44

Tabela 7: Modelo estatístico final considerando o efeito conjunto das variáveis sobre

a quantidade consumida de dieta. ............................................................................. 45

Tabela 8: Teores, por coleta, dos lipídios totais (LT), ácido graxo monoinsaturado

(AGM), ômega-6, ômega-3, ácido graxo saturado (AGS) e ácido graxo trans (AGT),

veiculados pelas dietas geral (G), branda (B) e pastosa (P). .................................... 48

Tabela 9: Percentual médio de energia (%E) e desvio padrão (DP) dos LT e AG das

dietas hospitalares orais. ........................................................................................... 51

Tabela 10: Percentual médio de energia (%E) e desvio padrão (DP) do consumo de

LT, AGM, ômega-3, ômega-6, AGPI, AGS e AGT. ................................................... 52

Tabela 11: Frequências relativas e percentuais (%) de pacientes que consumiram

quantidades mínimas recomendadas de LT, ômega-6, ômega-3 e AGPI e os valores

aceitáveis de AGS e AGT. ........................................................................................ 57

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1 Estado nutricional e consumo alimentar de pacientes oncológicos

hospitalizados ........................................................................................................ 16

1.2 Dieta hospitalar oral ......................................................................................... 19

1.3 Lipídios e câncer .............................................................................................. 21

1.4 Recomendações nutricionais de lipídios .......................................................... 27

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 31

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 31

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 31

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 32

3.1 Delineamento do estudo .................................................................................. 32

3.2 Coleta de dados ............................................................................................... 32

3.3 Determinação do teor dos lipídios totais e ácidos graxos das dietas ............... 35

3.4 Estimativa dos valores ofertados e consumidos de lipídios e comparação com

as recomendações dietéticas ................................................................................ 36

3.5 Análise estatística ............................................................................................ 37

3.6 Limites da pesquisa ......................................................................................... 37

4. RESULTADOS ..................................................................................................... 39

4.1 Caracterização dos pacientes incluídos no estudo .......................................... 39

4.2 Consumo das dietas pelos pacientes incluídos no estudo ............................... 42

4.3 Teor de LT e AG das dietas hospitalares orais ................................................ 47

4.4 Estimativa do %E médio de LT e AG ofertados pelas dietas e comparação

com as recomendações propostas pela FAO/WHO............................................... 49

4.5 Estimativa do %E médio de LT e AG consumidos e comparação com as

recomendações propostas pela FAO/WHO ........................................................... 51

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 58

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 69

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 71

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73

APÊNDICE 1 – Cardápios das dietas orais analisadas ............................................ 81

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RESUMO

O câncer é caracterizado pelo crescimento descontrolado, rápido e invasivo de

células com alteração em seu material genético. O paciente oncológico é vulnerável

à desnutrição, geralmente apresentando alteração na ingestão alimentar. Os lipídios

têm grande relevância nutricional e devem ser consumidos quali e quantitativamente

de forma a atender o requerimento orgânico. Este estudo objetivou determinar o teor

de lipídios totais (LT), ácidos graxos monoinsaturados (AGM), ômega-6, ômega-3,

ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), ácidos graxos saturados (AGS) e ácidos

graxos trans (AGT), de dietas hospitalares orais de distintas consistências, servidas

a pacientes oncológicos hospitalizados, comparando os teores ofertados e

consumidos com as recomendações nutricionais. Foram coletadas amostras das

dietas geral, branda e pastosa de um hospital público brasileiro durante seis dias

não consecutivos. O consumo alimentar dos pacientes foi determinado mediante a

dedução do peso das sobras do valor servido. A identificação e quantificação dos

lipídios foi realizada por cromatografia gasosa. Os teores de lipídios foram

comparados às recomendações de ingestão de lipídios propostas pela Food and

Agricultural Organization/World Health Organization (FAO/WHO). Participaram do

estudo 122 pacientes. A maioria recebeu dieta geral (79,5%), seguida das dietas

branda (15,6%) e pastosa (4,9%). Os teores de lipídios apresentaram diferença

significativa entre as datas de coleta e entre os tipos de dieta. Os teores oferecidos

de LT, ômega-6 e AGT estavam dentro da faixa recomendada na maioria das

ocasiões, o oposto ocorrendo com os AGS, AGPI e ômega-3. Quanto ao consumo,

as mulheres consumiram os %E aceitáveis de AGS e AGT em todos os tipos de

dieta. Porém as médias de %E dos demais lipídios (LT, ômega-3 e AGPI) foram

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inferiores ao recomendado, enquanto o teor de ômega-6 nas dietas branda e

pastosa atendeu à recomendação. No caso dos homens, o consumo em percentual

de energia (%E) proveniente de ômega-3 e AGPI esteve abaixo das recomendações

em todas as dietas, e LT não atingiu o mínimo de 20%E nas dietas branda e

pastosa. O %E médio de AGT consumido pelos homens foi aceitável em todas as

dietas, já o AGS foi superior ao aceitável para os pacientes sob dieta pastosa. Os

resultados fornecem subsídios para a melhoria da composição lipídica dos

cardápios, visando o aporte adequado de LT e de AGPI, especialmente de ômega-3,

além da redução dos teores de AGS.

Palavras-chave: Recomendações nutricionais, composição de alimentos, ácidos

graxos essenciais, ácidos graxos saturados, dietoterapia.

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ABSTRACT

Cancer is an uncontrolled, fast and invasive growth of the cells with some variation of

the genetic material. The cancer patient is vulnerable to malnutrition, generally due to

some change in diet. Lipids have a significant influence on nutrition and they must be

consumed in appropriate quantities and qualities in order to meet organic needs. This

work aims to determine the contents of total lipids (TL), monounsaturated fatty acids

(MUFA), omega-3, omega-6, polyunsaturated fatty acid (PUFA), saturated fatty acids

(SFA) and trans fatty acids (TFA) found in hospital diets of different compositions

served to hospitalized cancer patients, and compares these totals with the nutritional

recommendations. Samples of regular, bland and soft diets were collected from a

public Brazilian hospital on six non-consecutive days, with the patients’ food intake

determined by the weight of uneaten proportion of the meals served. Lipid

identification and quantification was performed by gas chromatography. The lipid

levels were compared to lipid intake recommendations proposed by the Food and

Agricultural Organization / World Health Organization (FAO / WHO). One hundred

and twenty-two patients participated in this study, most of them receiving the regular

diet (79.5%), followed by bland diets (15.6%) and soft diets (4.9%). Lipid levels

showed significant differences due to the dates of collection and diet type. The levels

of TL, omega-6 and TFA were within the recommended range on most occasions,

while the opposite occurred with SFA, PUFA and omega-3 levels. In terms of

consumption, women consumed an acceptable %E of SFA and TFA in all diet types,

the average %E of other lipids (TL, omega-3 and PUFA) were lower than

recommended, and the omega-6 content in bland and soft diets satisfied the

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recommendations. Compared to men, %E consumption from omega-3 and AGPI

were below the recommendations in all diets, and TL did not reach the minimum of

20%E in bland and soft diets. The %E average of AGT consumed by men was

acceptable in all diets, but the SFA was higher than acceptable for patients on soft

diets. The results help to improve the lipid composition of menus, to assist in

targeting an adequate supply of TL and PUFA, especially omega-3, and the

reduction of AGS levels.

Keywords: Nutritional recommendations, food composition, essential fatty acids,

saturated fatty acids, diet therapy.

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1. INTRODUÇÃO

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 tipos diferentes de doenças,

sendo caracterizado pelo crescimento descontrolado, rápido e invasivo de células

com alteração em seu material genético. Sua origem envolve condições

multifatoriais, sendo que os fatores causais podem agir em conjunto ou em

sequência para iniciar ou promover a carcinogênese [1,2]. Tanto causas externas,

como o meio ambiente e os hábitos ou costumes, bem como causas internas

geneticamente pré-determinadas, podem influenciar o desenvolvimento do câncer,

processo que pode ocorrer ao longo de décadas, em múltiplos estágios [3,4]. Na

maioria dos países desenvolvidos, o câncer é a segunda causa de morte, depois das

doenças cardiovasculares, sendo que evidências epidemiológicas apontam que esta

tendência emerge para os países em desenvolvimento [5].

Em 2012, o projeto Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer

da Organização Mundial da Saúde (IARC - International Agency for Research on

Cancer from World Health Organization) estimou um total de 14,1 milhões de casos

novos de câncer e 8,2 milhões de mortes pela doença, no âmbito mundial. Entre os

tipos de câncer mais frequentes na população masculina merecem destaque os de

próstata, pulmão e cólon e reto. Entre as mulheres os de mama, cólon e reto e

pulmão são os mais frequentes. Nos países em desenvolvimento, os três cânceres

mais frequentes em homens foram pulmão, estômago e fígado; e mama, colo do

útero e pulmão nas mulheres. Apesar dos grandes avanços no tratamento e

prevenção do câncer nos últimos anos, está previsto um total de 24 milhões de

novos casos paras as próximas duas décadas, devido ao crescimento e

envelhecimento da população [5].

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De acordo com as estimativas 2016/2017, o Brasil deverá registrar 596 mil casos de

câncer. Entre os homens, são esperados 295.200 casos, e entre as mulheres,

300.800. Essa estimativa reforça a magnitude do problema do câncer no país, cujo

controle, prevenção e tratamento devem ser priorizados em todas as regiões [2].

A Política Nacional de Atenção Oncológica garante o atendimento integral a

qualquer doente com câncer, por meio das Unidades de Assistência de Alta

Complexidade em Oncologia (Unacon) e dos Centros de Assistência de Alta

Complexidade em Oncologia (Cacon). Este é o nível da atenção capacitado para

determinar a extensão da neoplasia, tratar, cuidar e assegurar a qualidade dos

serviços de assistência oncológica. Todos os Estados têm pelo menos um hospital

habilitado em oncologia, sendo 276 o número de hospitais para o tratamento do

câncer no Brasil [6].

O tratamento do câncer pode ser feito através de cirurgia, radioterapia, quimioterapia

ou transplante de medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar mais de

uma modalidade. A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos,

chamados quimioterápicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada

de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica [6]. A radioterapia é a

modalidade terapêutica que utiliza as radiações ionizantes no combate às

neoplasias, com o objetivo de atingir células malignas, impedindo sua multiplicação

por mitose e/ou provocando a morte celular [7]. A quimioterapia e/ou a radioterapia

apresentam efeitos adversos que podem comprometer o estado físico, imunológico e

nutricional. O cuidado nutricional pode auxiliar no manejo dos sintomas, contribuindo

para a melhora da qualidade de vida do paciente [1].

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16

1.1 Estado nutricional e consumo alimentar de pacientes oncológicos

hospitalizados

Com frequência os pacientes oncológicos hospitalizados são acometidos por

desnutrição e caquexia, situação que aumenta a incidência de morbimortalidade,

além do aumento dos custos hospitalares [8,9]. A assistência nutricional aos

pacientes oncológicos deve ser individualizada e compreender desde a avaliação

nutricional, o cálculo das necessidades e a terapia nutricional, até o seguimento

ambulatorial, com o objetivo de prevenir ou reverter o declínio do estado nutricional

[10,11].

Os principais determinantes da desnutrição são a redução na ingestão total de

alimentos, as alterações metabólicas e aumento da demanda energética provocadas

pelo tumor [11]. Outros fatores importantes também estão envolvidos,

particularmente aqueles relacionados ao curso da doença como a redução do

apetite, dificuldades mecânicas para mastigar e deglutir os alimentos, efeitos

colaterais do tratamento e jejuns prolongados para exames pré ou pós-operatórios

[1].

É estimado que cerca de 40% dos pacientes oncológicos submetidos ao tratamento

quimioterápico apresentam complicações orais decorrentes de estomatotoxicidade

direta ou indireta, como mucosite, xerostomia e infecções fúngicas ou viral [12]. A

xerostomia, alteração da percepção da textura dos alimentos e modificação do

paladar são alguns dos principais efeitos colaterais da radioterapia. Estas

modificações no paladar podem permanecer por até um ano, mas em geral

melhoram de três a oito semanas após o término do tratamento [13].

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17

Para a eficiência do tratamento nutricional é importante conhecer o consumo

alimentar dos pacientes, uma vez que o estado nutricional é resultado da relação

entre o consumo de alimentos e necessidades nutricionais [14]. Essa avaliação deve

ser realizada para oferecer subsídios para o desenvolvimento e implantação de

planos nutricionais, além de estimar se a ingestão de alimentos está adequada ou

inadequada [15,16].

No contexto da prática clínica podem ser estabelecidos diferentes maneiras de

avaliação do consumo alimentar de indivíduos e coletividades [14]. Porém, apesar

dessa avaliação parecer fácil, muitos são os fatores que interferem na sua precisão,

validade e reprodutibilidade. Sabe-se que não há um melhor método, mas sim um

método mais adequado a uma determinada situação [15].

Dentre os métodos para avaliar a ingestão de alimentos e de nutrientes, o

Recordatório Alimentar de 24 horas (R24h) e o Registro Alimentar podem ser

considerados os instrumentos mais empregados na prática clínica. O R24h consiste

em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas ingeridos no dia anterior. Da

mesma forma que o R24h, porém de forma prospectiva, o Registro Alimentar recolhe

informações sobre a ingestão atual do indivíduo através de anotações de todos os

alimentos e bebidas ingeridas ao longo de um ou mais dias. O Registro Alimentar

pode ser aplicado de duas maneiras: na primeira, o indivíduo deve registrar o

tamanho da porção consumida em medidas caseiras, e na segunda, os alimentos

devem ser pesados e registrados antes de serem consumidos, da mesma maneira

que as sobras devem ser pesadas e registradas. Este segundo procedimento

também é denominado por alguns autores como método de pesagem de alimentos.

O registro alimentar que inclui o uso de balança pode ser considerado bastante

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18

preciso, mas requer treinamento e esforço, fatores que fazem com que seja pouco

utilizado [15].

Ambos, R24h e Registro Alimentar, podem ser realizados com auxílio do

acompanhante do paciente, especialmente nos casos onde a memória está afetada.

A informação assim coletada será posteriormente convertida em nutrientes mediante

o uso de tabelas de composição de alimentos. Cabe salientar que as limitações

relativas a esses métodos são inerentes à precisão com que as informações são

passadas, à memória, ao conhecimento de que a avaliação nutricional está sendo

realizada, bem como às variações relativas à conversão de alimentos em nutrientes

pelas tabelas de composição [15]. É possível realizar a estimativa da refeição

consumida pela avaliação visual da proporção de refeição consumida por cada

indivíduo, em escala (0%, 25%, 50%, 75% e 100%), tendo como limitantes principais

a exatidão e também o aspecto subjetivo intrínseco a este tipo de avaliação [17].

Considerando que uma das principais fontes de erro na avaliação do consumo

alimentar está relacionada à quantidade em gramas dos alimentos ingeridos, o uso

da análise duplicata das porções pode ser mais fidedigno ao real consumo realizado

pelo paciente. Nesse método, uma refeição igual à servida ao paciente é preparada,

pesada e convertida em nutrientes, por meio de análise química laboratorial. A

principal desvantagem está relacionada ao custo; além da porção adicional, há os

custos da análise química dos alimentos, inviabilizando a aplicação do método em

grandes períodos de tempo [15].

Outra forma de avaliar o consumo alimentar atual dos pacientes é através da sobra

suja ou, como denominada por alguns autores, resto-ingestão, que é a relação entre

o resto devolvido nas bandejas ou pratos e a quantidade de alimentos fornecida.

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19

Esse método é normalmente utilizado para avaliação da aceitação das dietas,

cálculo do desperdício e controle de custos no âmbito hospitalar [18].

1.2 Dieta hospitalar oral

A dieta hospitalar tem por objetivo recuperar ou manter o estado nutricional do

paciente garantindo o suprimento adequado de nutrientes [19,20]. Dentre as formas

disponíveis para alimentar e nutrir os pacientes, a alimentação por via oral tem sido

recomendada como a primeira escolha para prevenir ou mesmo corrigir a

desnutrição em pacientes hospitalizados [21]. As dietas orais são amplamente

consumidas no ambiente hospitalar, atendendo aproximadamente 90% da clientela

[22,23]. Nas últimas décadas houve intensa produção científica sobre o impacto da

hospitalização no estado nutricional dos pacientes e sobre o suporte nutricional, que

inclui o uso de suplementação, nutrição enteral e parenteral. Porém, tal produção

científica não se refletiu com a mesma intensidade na preocupação com a

alimentação hospitalar no que diz respeito às dietas orais [10].

Grande parte do processo do cuidado nutricional do paciente hospitalizado se apoia

em duas subunidades do Serviço de Nutrição e Dietética (SND) que contam com

distintas estruturas físicas e funcionais. Uma é responsável pelo atendimento clínico-

nutricional; e a outra pelo planejamento, produção e distribuição de refeições. A

qualidade do atendimento nutricional depende da interação entre a produção de

refeições e a assistência nutricional propriamente dita, entendida como atividade

multiprofissional complexa [24].

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A classificação e nomenclatura das dietas hospitalares pode variar de acordo com a

Instituição, havendo distintos tipos de nomenclaturas. Tais dietas podem ser

divididas entre dietas especiais e de progressão (Figura 1). As primeiras são aquelas

adaptadas para situações clínicas que requerem mudanças na composição química,

como por exemplo, as dietas hipossódicas e hipolipídicas [25]. Já as dietas de

progressão englobam aquelas cuja consistência é determinada pela textura dos

alimentos e pelas preparações que as compõem, o que permite uma classificação

segundo a consistência, a saber: dieta geral - também conhecida como dieta livre ou

normal - dieta branda, dieta pastosa e dieta líquida, sendo as três últimas compostas

por alimentos que sofrem alteração em suas características físicas pelo

processamento, cocção e/ou tipo de alimento [25].

Figura 1: Classificação e nomenclatura das dietas hospitalares

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As preparações das dietas hospitalares orais são realizadas na cozinha dietética do

hospital e depois distribuídas aos pacientes nas enfermarias, prática observada na

grande maioria dos hospitais [23,26]. Embora em alguns hospitais da Europa o

cardápio das dietas hospitalares orais seja composto por apenas três refeições

principais, a recomendação padrão é para que o cardápio adotado seja composto

por seis refeições, prática que tem sido constatada em diversos países, inclusive no

Brasil [27, 28].

Dimensionar a influência da dieta hospitalar oral e dos demais fatores que

contribuem para a ingestão alimentar dos pacientes hospitalizados são importantes

para o planejamento das intervenções nutricionais necessárias [25, 29].

1.3 Lipídios e câncer

Os lipídios estão presentes em alimentos de origem animal e vegetal. São

considerados uma importante fonte de energia para o organismo, atuam como

componentes estruturais das membranas celulares, auxiliam na absorção das

vitaminas lipossolúveis A, D, E, e K e carotenoides, além de desempenhar um

importante papel na textura e palatabilidade dos alimentos utilizados na dieta [30].

Os ácidos graxos (AG) são a forma predominante de lipídios, sendo compostos por

cadeias de carbono com um grupo metil e uma extremidade carboxila. Nos

alimentos, os lipídios são encontrados principalmente na forma de triacilglicerídios,

molécula de glicerol esterificado com três AG. Pequenas quantidades de

fosfolipídios e esteróis também estão presentes nos alimentos [30]. Os AG podem

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ser classificados pelo tamanho da cadeia carbônica, pelo número de duplas ligações

e pela configuração das duplas ligações [30,31].

Em relação ao tamanho da cadeia, podem ser classificados em AG de cadeia curta

(AGCC), com até 6 átomos de carbono; de cadeia média (AGCM), de 8 a 12 átomos

de carbono; ou de cadeia longa (AGCL), mais de 12 carbonos. Embora o

comprimento da cadeia de carbono seja um importante determinante da função, os

AG muitas vezes são classificados com base na ausência de duplas ligações (ácidos

graxos saturados - AGS), uma ligação dupla (ácidos graxos monoinsaturados -

AGM), ou mais do que uma ligação dupla (ácidos graxos poliinsaturados - AGPI),

bem como a configuração das ligações duplas (cis ou trans). A localização da

primeira dupla ligação da cadeia carbônica a partir do grupo metil identifica a série

do AG, por meio da letra ω (ômega), sendo o ômega-3, ômega-6 e ômega-9 os

principais [30-32].

Os AGS geralmente são sólidos à temperatura ambiente, podem ser sintetizados

pelo organismo humano e são encontrados principalmente em alimentos de origem

animal. Por outro lado, os AGM e AGPI geralmente são líquidos à temperatura

ambiente [30].

O AGM mais encontrado na natureza é o ácido oleico (C18:1), da família ômega-9,

responsável por cerca de 92% dos AGM na dieta [30,31]. Os AGPI mais comuns são

os ômega-3 e ômega-6. O principal AG da família ômega-6 é o ácido graxo linoléico

(LA) que desempenha importantes funções fisiológicas no organismo [32]. Sua

deficiência na alimentação pode resultar em sintomas clínicos adversos, incluindo

erupção escamosa e crescimento reduzido [30,33]. No organismo o LA pode sofrer

alterações de dessaturação e alongamento para formar outros AGPI da família

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ômega-6, tais como os ácidos gamalinolênico, di-homo-gamalinolênico e ácido

araquidônico (AA) [30,31]. Os AG da família ômega-3 são compreendidos pelo ácido

docosaexaenoico (DHA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido graxo alfa-

linolênico (ALA) (Figura 2). Assim como o LA, o ALA não é sintetizado pelos seres

humanos e a sua falta na dieta pode resultar em sintomas clínicos adversos,

incluindo anormalidades neurológicas e crescimento deficiente [30].

Figura 2: Formação de novos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa do tipo ômega-6 e ômega-3 derivados dos ácidos graxos essenciais, linoleico e alfa-linolênico.

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Os AG trans (AGT) são isômeros geométricos dos AG insaturados, produzidos por

hidrogenação parcial de óleos vegetais ou a partir da fermentação de bactérias em

ruminantes, sendo encontrados principalmente em alimentos industrializados e em

quantidades insignificantes na carne e no leite [31,34]. Na configuração trans, os

dois átomos de hidrogênio ligados ao carbono na dupla ligação estão localizados em

lados opostos, formando uma molécula mais rígida e com configuração retilínea,

assemelhando-se assim ao AGS [31]. Essa configuração causa uma diminuição da

mobilidade das membranas celulares, o que torna a fluidez reduzida quando em

comparação com AG contendo uma ligação dupla cis [30]. No Quadro 1 são

apresentadas sinteticamente as nomenclaturas e fontes alimentares mais comuns

dos AG citados anteriormente.

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Quadro 1: Nomenclatura e principais fontes alimentares dos ácidos graxos

Nome Siglaa Cadeia

carbonada Fontes alimentares

Ácidos Graxos Poliinsaturados AGPI

Ômega-3 Ácido alfa-linolênico ALA C18:3 Linhaça, chia, castanhas, óleo de canola

Ácido eicosapentaenoico EPA C18:4 Peixes marinhos

Ácido docosapentaenoico DPA C22:5 Peixes marinhos

Ácido docosahexaenoico DHA C22:6 Peixes marinhos

Ômega-6 Ácido linoleico LA C18:2 Óleos de soja, milho e girassol

Ácido gamalinolênico

C18:3 Não é comum em alimentos Ácido dihomogamalinolênico

C20:3 Não é comum em alimentos

Ácido araquidônico AA C20:4 Carnes e ovos

Ácido linoléico conjugado CLA C18:2 Carne e leite de ruminantes

Ácidos Graxos Monoinsaturados AGM

Ácido palmitoleico

C16:1 Macadâmia

Ácido oleico

C18:1 Azeite de oliva, óleo de canola, abacate

Ácidos graxos saturados AGS

Ácido caprílico TCMb C8:0 Óleos de coco e palma

Ácido cáprico TCM C10:0 Óleos de coco e palma

Ácido láurico TCM C12:0 Óleos de coco e palma

Ácido mirístico

C14:0 Manteiga de cacau, bacon

Ácido palmítico

C16:0 Óleo de palma, gorduras animais

Ácido esteárico

C18:0 Carnes, óleos vegetais hidrogenados

Ácidos graxos trans AGT Ácido elaídico

C18:1, t9 Gordura vegetal hidrogenada

Ácido varcênico C18:1, t11 Carnes e gordura do leite

Fonte: Adaptado da Academy of Nutrition and Dietetics, 2014 [32].

a Apenas AG com siglas comuns foram citados

b TCM = triglicerídeo de cadeia média

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Existem várias evidências de que a alimentação tem um papel importante nos

estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer, destacando-se entre

outros fatores de risco. O papel dos lipídios na carcinogênese pode variar de acordo

com a sua origem e composição [35,36]. Essa relação entre a ingestão de lipídios e

câncer tem sido muito investigada; no entanto, devido ao caráter multifatorial da

doença, as pesquisas se tornam complexas e os dados obtidos ainda são

insuficientes para concluir que existem verdadeiramente associações [37].

A presença do tumor maligno, frequentemente, induz à perda de peso, que está

associada ao aumento na síntese de mediadores imunológicos de resposta pró-

inflamatória, que leva a alterações no metabolismo de nutrientes [38]. Dentre as

alterações metabólicas provocadas pelo tumor estão aquelas relacionadas ao

metabolismo dos carboidratos, AG e proteínas [39,40]. O aumento da lipólise e a

diminuição da síntese de AG provocam aumento dos lipídios circulantes e consumo

de reservas corporais [41]. Dessa forma, estratégias terapêuticas para atenuar a

resposta inflamatória aguda exacerbada, sejam elas medicamentosas ou

nutricionais, devem ser exploradas na tentativa de melhorar as chances de cura de

pacientes com câncer [38].

Entre as estratégias nutricionais atuais mais estudadas está o balanço entre a

ingestão de lipídios da família ômega-3 e ômega-6. Em pacientes com alterações

das respostas metabólicas, o equilíbrio entre os lipídios da dieta tem como propósito

controlar a resposta inflamatória exacerbada. Entre as civilizações modernas do

Ocidente, as dietas apresentam uma relação ômega-6:ômega-3 de 16,7:1. Esse

perfil pode ser considerado desfavorável, especialmente nas situações em que

existe uma resposta inflamatória exacerbada [38]. A composição dos fosfolipídios de

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membranas é em parte determinada pela composição dos AG ômega-3 e ômega-6

da alimentação. Dessa forma, a composição da gordura alimentar pode influenciar

várias funções relacionadas à membrana [42]. O aumento no consumo dietético de

AGPI causa mudanças na composição dos AG dos fosfolipídios das membranas

celulares. Essa alteração é responsável pelo aumento na fluidez da membrana,

podendo interferir nas interações intracelulares, expressão de receptores de

membrana, transporte de nutrientes e sinais de transdução, influenciando o

crescimento celular [38]. Além disso, uma das mais importantes funções desses AG

é relacionada à sua conversão enzimática em eicosanóides, que possuem várias

atividades biológicas, tais como a modulação da resposta inflamatória e imunológica,

além de papel importante na agregação plaquetária, no crescimento e na

diferenciação celular [38,42].

1.4 Recomendações nutricionais de lipídios

A necessidade de nutrientes é definida como o nível contínuo de ingestão mais

baixo de um nutriente, capaz de manter um nível definido de estado nutricional, para

um determinado critério de adequação nutricional. Para alguns nutrientes é possível

avaliar aproximadamente se a ingestão alcança as necessidades. Raramente estão

disponíveis informações individuais, sendo comum a utilização de estimativas

obtidas por estudos populacionais [43].

Com respeito aos valores de recomendação de nutrientes para pacientes

hospitalizados, existem duas vertentes sobre qual valor utilizar para elaboração das

dietas hospitalares. Uma defende a utilização dos valores de recomendações para

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população saudável com o objetivo de promover a saúde e prevenir doenças [44] e

outra argumenta sobre a elaboração de recomendações nutricionais específicas

para indivíduo enfermo, já que existem outros fatores envolvidos, como as

alterações no metabolismo causadas pela doença e estado nutricional do paciente

[45].

As atuais recomendações nutricionais específicas para paciente oncológico estão

limitadas aos valores do total energético e teor proteico, existindo lacuna quanto aos

valores de referência para lipídios e outros nutrientes essenciais como os minerais e

as vitaminas [1].

Não foram definidos valores de ingestão adequada (AI) e ingestão dietética

recomendada (RDA) para LT e alguns AG. No entanto tem sido proposta uma

Acceptable Macronutrient Distribution Ranges (AMDR) - distribuição aceitável de

macronutrientes. Para os AG ômega-3 e ômega-6, além da AMDR, existem também

valores de AI. Os AGS e AGT não possuem valores de RDA, AI ou AMDR

estabelecidos, apenas uma recomendação de que o consumo seja inferior a

determinado valor. O nível de ingestão tolerável (UL) para LT e AG não foi

determinado, pois não há um nível de ingestão máximo definido em que ocorram

efeitos adversos [30,37]. A Tabela 1 apresenta as recomendações de ingestão LT e

AG segundo diferentes organizações.

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Tabela 1: Recomendações de ingestão diária de LT e AG segundo diferentes

diretrizes*

Par

âmet

ro

Dietary References Intakes Institute of Medicine (IOM)

World Health Organization (WHO)

American Heart Association (AHA)

LT AMDR 20-35% AMDR 20-35% AMDR 25-35%

AGM ND Por diferença

LT-(AGS+AGPI+ AGT) Substituir gordura

animal da dieta

AMDR 0,6 - 1,2% AI ALA 1,1 g/dia

(mulheres) 1,6 g/dia (homens) (até 10% de EPA +

DHA)

AMDR 0,5 - 2% mínimo 0,5 % de

ALA 250mg EPA +

DHA/dia

Comer peixe pelo menos 2x/semana Ômega-3

Ômega-6

AMDR 5-10% AI LA 11 g/dia# a 12

g/dia## AI LA de 14 g/dia+ a

17 g/dia++

AMDR 2,5-9% EAR LA 2%

AI LA de 2-3%

AMDR LA 5-10%

AGPI ND AMDR 6-11% ND

AGS o mínimo possível < 10%

Substituir por AGPI < 7%

AGT o mínimo possível < 1% < 1%

Fonte: Adaptado da Academy of Nutrition and Dietetics, 2014 [32].

*Percentual baseado no total de energia que atende às necessidades individuais.

AI= Ingestão Adequada; AMDR= Distribuição Aceitável de Macronutriente; ALA= Ácido alfa-linolênico;

LA= Ácido Linoléico; AGM = Ácido Graxo Monoinsaturado; AGPI = Ácido Graxo Poliinsaturado; AGS=

Ácido Graxo Saturado; AGT= Ácido Graxo trans; DHA= Ácido Docosaexaenoico; EAR= Necessidade

Média Estimada; EPA= Ácido Eicosapentaenoico; LT= lipídios totais; ND: não determinado.

# mulheres ( > 51 anos)

##mulheres (19 a 50 anos)

+homens (>51 anos)

++homens (19 a 50 anos)

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Enquanto a AMDR pode ser usada como uma diretriz quantitativa para o

planejamento e avaliação de dietas, considerações qualitativas tais como um

cardápio com baixo teor de gorduras saturadas, podem ser igualmente importantes.

A American Heart Association (AHA) estabelece algumas considerações qualitativas

quanto ao consumo de lipídios [46].

O planejamento das dietas hospitalares orais destinadas aos pacientes oncológicos

deve atender às necessidades nutricionais destes indivíduos. Nesse sentido, o

conhecimento relativo ao consumo alimentar dos pacientes pode permitir que sejam

realizadas as intervenções nutricionais que se façam necessárias.

De maneira geral, os dados relativos à composição das dietas hospitalares e

recomendações nutricionais para esses pacientes usualmente são limitados aos

valores do total energético e teor proteico.

Os lipídios apresentam grande relevância nutricional e, conforme os motivos

expostos, justifica-se o desenvolvimento de estudos com o objetivo de quantificar o

teor de lipídios de dietas orais e o consumo por pacientes hospitalizados.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Determinar o perfil lipídico [lipídios totais (LT), ácidos graxos monoinsaturados

(AGM), ômega-6, ômega-3, ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), ácidos graxos

saturados (AGS) e ácidos graxos trans (AGT)] de dietas hospitalares orais de

distintas consistências, servidas a pacientes oncológicos hospitalizados,

comparando os teores ofertados e consumidos com o recomendado pela Food and

Agricultural Organization/World Health Organization (FAO/WHO) [37].

2.2 Objetivos Específicos

Determinar o perfil lipídico das dietas hospitalares orais geral, branda e

pastosa, servidas a pacientes oncológicos em um hospital público brasileiro;

Determinar a quantidade de dieta e perfil lipídico ofertado aos pacientes

oncológicos internados em um hospital público brasileiro;

Determinar a quantidade de dieta e do perfil lipídico consumido pelos

pacientes oncológicos internados em um hospital público brasileiro;

Identificar variáveis que pudessem influenciar o consumo alimentar de

pacientes oncológicos hospitalizados de ambos os sexos, que receberam

dietas hospitalares orais com distintas consistências.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo exploratório, que utilizou os dados do projeto intitulado “Teor

de minerais em dietas orais de pacientes oncológicos hospitalizados: estimativa de

ingestão e avaliação da dieta”, cujo protocolo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa, devidamente cadastrado no Sistema Nacional de Ética em

Pesquisa (CAE 0001.0.261.238-11).

3.2 Coleta de dados

Foram avaliados os teores de lipídios das dietas geral, branda e pastosa servidas a

pacientes de um hospital oncológico, situado em Belo Horizonte, MG, Brasil, o qual

contava com um SND com administração própria. As coletas foram realizadas em

dois dias não consecutivos (terça-feira e quinta-feira) dos meses de maio e setembro

de 2010 e, janeiro de 2011. As três dietas continham seis refeições ao dia: desjejum,

colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia (Apêndice 1).

Amostras em duplicata de cada uma das refeições e de cada dieta (geral, branda e

pastosa) foram coletas. A coleta ocorreu nos horários habituais de oferta de cada

refeição. Na sequência, cada refeição passou por pesagem e homogeneização em

um multiprocessador de alimentos. Uma composição homogênea usando 10% de

cada refeição foi obtida, resultando no final numa mistura proporcional

correspondente ao total diário de cada dieta. Alíquotas de 50g do homogeneizado de

cada dieta foram coletadas e acondicionadas em embalagem de polietileno de alta

densidade, com fechamento tipo “zip-lock”, devidamente identificadas, sendo então

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congeladas à -18oC, transcorrendo no máximo 6 meses entre a coleta e a análise

química (Figura 3).

Figura 3: Diagrama processo de amostragem das refeições que compuseram os

cardápios das dietas analisadas.

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Para determinação do consumo de lipídios pelos pacientes, foram incluídos no

estudo os pacientes oncológicos internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

com prescrição de dieta oral (geral, branda ou pastosa) isenta de individualização.

Não foram incluídos os pacientes que porventura tiveram alteração da prescrição

dietética inicial ao longo dos dias do estudo, aqueles que não receberam as seis

refeições diárias, aqueles que tiveram alta médica durante os dias de coleta de

dados, bem como aqueles com prescrição de suplemento oral, terapia nutricional

enteral ou parenteral (Figura 4). As informações referentes aos pacientes foram

coletadas nos prontuários.

Figura 4: Casuística do estudo

Legenda: Os primeiros quadros apresentam o número total de pacientes internados durante as terças e quintas

de coleta dos meses de Maio, Setembro e Janeiro. N1, N2 e N3inicial são constituídos apenas pelos pacientes

internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). N1, N2 e N3final representam o número de pacientes incluídos no

estudo segundo os critérios de inclusão estabelecidos. Ntotal é número total de pacientes incluídos no estudo.

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A pesagem das refeições foi realizada em balança eletrônica Pluris Top (Filizola S.A

Pesagem e Automação, São Paulo, SP, Brasil) com capacidade para 15 kg e

sensibilidade de 2 g. Para estimar o peso das refeições oferecidas aos pacientes,

foram pesadas duas unidades de cada refeição, sendo calculada a média entre os

valores obtidos, sendo deduzido o peso dos utensílios nos quais a mesma era

servida. Após a identificação dos pacientes com prescrição dietética compatível com

o estudo, as refeições a serem quantificadas foram identificadas com um pequeno

adesivo externo, contendo o número da enfermaria e leito do paciente.

A pesagem individual das sobras foi realizada após o recolhimento das bandejas

pelas copeiras. A massa obtida foi registrada, sendo descontado o peso dos

recipientes. Tais procedimentos foram realizados às terças e quintas-feiras, por

serem os dias mais estáveis em relação ao número de internações e altas/dia.

3.3 Determinação do teor dos lipídios totais e ácidos graxos das dietas

A determinação dos LT foi realizada por hidrólise ácida com HCl em ebulição,

seguida da extração com éter de petróleo [47]. Os teores de LT foram obtidos

gravimetricamente e os resultados expressos em g por 100g de amostra. Para a

análise dos AG, uma alíquota do extrato lipídico contendo cerca de 400mg de

lipídios, foi seca em evaporador. A transmetilação foi realizada pelo método de

Hartman e Lago (1973) [48] usando solução de cloreto de amônia e ácido sulfúrico

em metanol como esterificante.

A identificação e a quantificação dos AG foram realizadas usando um cromatógrafo

a gás, equipado com amostrador automático; injetor split, razão 75:1; coluna capilar

CP-SIL 88 (100 m x 0,25 mm i.d., 0,20 um de filme); detector por ionização em

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chama (FID) e uma workstation para aquisição dos dados. Condições

cromatográficas: temperatura da coluna programada, temperatura inicial

1200C/5min, elevando-se para 2350C numa escala de 50C/min, permanecendo nesta

temperatura por 15 minutos; gás de arraste, hidrogênio numa vazão de 1 mL/min;

gás “make-up”, nitrogênio a 30 mL/min; temperatura do injetor, 2700C; temperatura

do detector, 3100C; volume de injeção 1 uL. A identificação dos AG foi realizada pela

comparação do tempo de retenção dos AG das amostras e padrões e co-

cromatografia. A quantificação foi feita por normalização de área e os resultados

expressos em g/100g de amostra.

3.4 Estimativa dos valores ofertados e consumidos de lipídios e comparação

com as recomendações dietéticas

O Valor Energético Total (VET) das dietas do hospital era de 2000 calorias/dia (8400

kJ/dia) para as dietas geral e branda e de 1500 calorias/dia (6280 kJ/dia) para a

dieta pastosa. Tendo a quantidade (gramas) estimada das dietas ofertadas e a

quantidade consumida por cada paciente, bem como a mensuração dos teores

lipídios (g/100g de dieta) de cada dieta, foi feita uma estimativa da oferta e consumo

de LT e AG.

Os valores expressos em gramas por dia foram convertidos em percentual de

energia (%E) com utilização do fator de conversão de 9 kcal/g (37,7 kJ/g). As médias

de %E e desvio padrão (DP) dos lipídios foram calculados e comparados com os

valores recomendados pela FAO/WHO [37] para adultos: LT 20-35 %E, AGPI 6-11

%E (2,5-9 %E com ômega-6 e 0,5-2 %E com ômega-3), AGM por diferença, AGS

<10 %E e AGT <1 %E.

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3.5 Análise estatística

Para a descrição das principais características dos pacientes e consumo da dieta

foram utilizadas técnicas de estatística descritiva.

Com intuito de verificar se a quantidade consumida de dieta poderia ser influenciada

por alguma das variáveis coletadas foram ajustados modelos de regressão linear. A

quantidade ofertada de dieta sempre esteve presente como uma covariável de

ajustamento. Em um segundo momento, foi avaliado o efeito conjunto dessas

variáveis sobre a quantidade consumida de dieta, utilizando uma versão modificada

do método de seleção de variáveis forward [49]. As análises estatísticas e a

construção dos gráficos foram feitas utilizando a linguagem R [50].

Os teores de LT e AG das dietas foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA),

sendo comparados os tipos de dieta, datas de avaliação, bem como a interação

entre eles. Nos casos em que o teste F foi significativo, foi utilizado o método de

agrupamento de Scott-Knott (1974) [51]. Para realização dessa análise foi utilizado o

software SISVAR [52] e nível de significância de 5%.

O perfil lipídico das dietas, bem como os teores consumidos pelos pacientes foram

comparados com as recomendações propostas pela FAO/WHO [37], por meio de

estatística descritiva, com o auxílio do programa Microsoft® Excel® for Mac 2011

(versão 14.5.2).

3.6 Limites da pesquisa

O número de pacientes envolvidos e os dias de registro do consumo alimentar

representam as principais limitações do estudo, seguido pelo fato de ser realizado

em um único hospital. O registro de consumo alimentar feito pela sobra suja limitou

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obter um número maior de indivíduos nos dias estudados. Um eventual aumento do

número de pacientes incluídos no estudo implicaria em incremento da equipe

envolvida na pesquisa enquanto que um aumento no número de dias amostrados

resultaria em maior quantidade de amostras a serem analisadas quimicamente, o

que inviabilizaria o estudo.

Por outro lado, mesmo em menor escala o uso de análises químicas garantiu

exatidão aos resultados, se comparado ao uso de Tabelas de Composição de

Alimentos, que seria a principal metodologia alternativa à análise laboratorial.

O uso de dias aleatórios de coleta de amostras resultou em um número reduzido de

pacientes sob dieta pastosa, os quais usualmente estão em proporção reduzida em

relação aos pacientes sob dieta geral.

Uma outra limitação é o fato de o teor de lipídios consumido ter sido estimado pelo

peso de dieta ofertada deduzido da sobra suja, uma vez que, dependendo dos

alimentos contidos na sobra suja, o teor de lipídios consumido poderia variar.

Assim, mesmo conhecendo as limitações, o delineamento adotado neste estudo

exploratório considerou como pontos positivos a maior exatidão na avaliação do

consumo alimentar pela sobra suja se comparado aos registros de consumo

alimentar, que por sua vez teriam como interferente o conhecimento do paciente

sobre a avaliação que estava sendo efetuada.

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4. RESULTADOS

4.1 Caracterização dos pacientes incluídos no estudo

Participaram do estudo 122 pacientes, destes 55,7% eram adultos e 44,3% idosos,

com idade média de 56,09±15,31 anos (Tabela 2). Foram classificados como adultos

aqueles indivíduos com idade entre 19 e 59 anos e como idosos aqueles com 60

anos ou mais [53]. A média do tempo de internação dos pacientes no período do

estudo foi de 6,3±1,2 dias.

O tipo de câncer mais frequente foi o urológico (25,4%), seguido do ginecológico

(11,5%), cabeça e pescoço (10,7%) e ósseo (10,7%). O câncer de pele e o de

Linfoma não Hodgkin foram os que apresentaram menores percentuais, com (4,9%)

e (1,6%) de ocorrência, respectivamente.

As cirurgias (55,7%) e intercorrências (34,4%) foram os motivos de admissão mais

frequentes, e embora o número de homens tenha sido quase igual ao número de

mulheres, o número de intercorrências foi o dobro entre as mulheres. Esta tendência

se inverteu quando o motivo de admissão foi cirurgia. Os motivos de admissão

menos frequentes foram quimioterapia (9,0%) e radioterapia (0,8%), conforme

indicado na Tabela 2.

A maioria dos pacientes recebeu dieta geral (79,5%), seguida das dietas branda

(15,6%) e pastosa (4,9%). Considerando a prescrição de cada tipo de dieta, pode

ser notado que o percentual de prescrição da dieta geral foi maior entre os homens

do que entre as mulheres, enquanto a prescrição da dieta branda e pastosa foi maior

entre as mulheres.

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40

Tabela 2: Perfil dos pacientes hospitalizados, segundo o sexo.

Características

Masculino Feminino

n (%) n (%) n (%)

Total

122 (100,0)

63 (51,6) 59 (48,4)

Estágio de vida

Adultos 68 (55,7)

28(44,4) 40(67,8)

Idosos 54 (44,3)

35(55,6) 19(32,2)

Motivo da admissão

Cirurgia 68 (55,7)

46(73,0) 22(37,3)

Intercorrências 42 (34,5)

14(22,2) 28(47,5)

Quimioterapia 11 (9,0)

3(4,8) 8(13,6)

Radioterapia 1(0,8)

0(0,0) 1(1,7)

Diagnóstico

Urológico 31 (25,40)

28(44,4) 3(5,1)

Ginecológico 14 (11,5)

0( 0,0 ) 14 (23,7)

Cabeça e pescoço 13 (10,7)

9(14,3) 4(6,8)

Ossos 13 (10,7)

5(7,9) 8(13,5)

Pulmão 11 (9,1)

7(11,1) 4(6,77)

Mama 9 (7,4)

0(0,0) 9(15,3)

Aparelho digestivo 8 (6,6)

4(6,4) 4(6,8)

Sistema nervoso central 8 (6,6)

5(7,9) 3(5,1)

Linfoma Hodkin 7 (5,7)

1(1,6) 6(10,2)

Pele 6 (4,9)

4(6,4) 2(3,4)

Linfoma não Hodgkin 2 (1,4)

0(0,0) 2(3,4)

Período da coleta

Maio/2010 41 (33,6)

22(34,9) 19(32,2)

Setembro/2010 39 (32,0)

20(31,8) 19(32,2)

Janeiro/2011 42 (34,0)

21(33,3) 21(35,6)

Tipo de dieta

Geral 97 (79,5)

54(85,7) 43(72,9)

Branda 19 (15,6)

7(11,1) 12(20,3)

Pastosa 6 (4,9) 2(3,2) 4(6,8)

Dados expressos em números absolutos e valores percentuais.

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Na Tabela 3 podem ser observados os motivos de admissão por tipo de dieta. A

dieta geral foi a mais frequente quando comparada às demais. A dieta branda foi

relativamente mais frequente quando o motivo de admissão era quimioterapia, em

relação aos demais motivos de admissão.

Tabela 3: Tipo de dieta segundo o motivo de admissão

Admissão

Dieta Cirurgia Intercorrência Quimioterapia Radioterapia Totais

Geral 56 33 7 1 97

Branda 10 5 4 0 19

Pastosa 2 4 0 0 6

Totais 68 42 11 1 122

A Figura 5 apresenta os boxplots das idades conforme o sexo dos pacientes. Pode-

se observar uma concentração de idades mais avançadas para os pacientes

homens, com mediana igual a 63 anos. A idade mediana das mulheres foi igual a 55

anos, tendo apresentado uma distribuição mais simétrica.

Figura 5: Boxplots das idades conforme o sexo dos pacientes.

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42

4.2 Consumo das dietas pelos pacientes incluídos no estudo

Na Tabela 4 estão descritas as quantidades médias, em gramas, de cada tipo de

dieta oferecida pelo hospital nas seis datas de coleta, bem como a quantidade média

consumida pelos pacientes, além do respectivo percentual (%) de consumo de cada

dieta em sua respectiva data de coleta.

Tabela 4: Quantidade média em gramas (g) de dieta oferecida pelo hospital e de

dieta consumida pelos pacientes em cada coleta.

Cole

tas

Dieta geral Dieta branda Dieta pastosa

Oferta

(g)

Consumo

(g) %

Oferta

(g)

Consumo

(g) %

Oferta

(g)

Consumo

(g) %

1 2069,0 1457,7 70,5

2251,0 1726,7 76,7

1945,0 1286,5 66,1

2 2134,0 1578,3 74,0

2191,0 1703,0 77,7

1787,0 1779,0 99,6

3 1928,0 1451,9 75,3

ND ND ND

1819,0 1116,0 61,4

4 1742,0 1360,7 78,1

1684,0 1371,5 81,4

ND ND ND

5 2153,0 1626,3 75,5

2157,0 1414,8 65,6

1867,0 1061,0 56,8

6 2041,0 1726,4 84,6

1938,0 1225,8 63,2

ND ND ND

Média 2011,2 1533,6 76,3

2044,2 1488,4 72,8

1854,5 1310,6 70,7

ND: dado inexistente por não haver paciente recebendo a dieta

Foram realizadas análises para verificar se a quantidade de dieta consumida pelos

pacientes poderia estar relacionada a algumas variáveis. Foi ajustado um modelo de

regressão linear simples da quantidade consumida de dieta como função da

quantidade ofertada, tendo seu efeito sido significativo (P= 0,0083). Portanto, a

quantidade ofertada de dieta sempre esteve presente como uma covariável de

ajustamento. A Tabela 5 apresenta as estatísticas F, e seus P-valores, referentes ao

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efeito das variáveis (sexo, idade, peso, motivo de admissão, tipo de dieta e

diagnóstico) sobre o consumo das dietas hospitalares pelos pacientes. O efeito

isolado de cada variável, ignorando os demais, foi significativo apenas para o sexo e

o motivo de admissão.

Tabela 5: Efeito das distintas variáveis sobre a quantidade de dieta

consumida pelos pacientes oncológicos hospitalizados¹

Variável GLN² GLD³ F P-valor

Sexo 1 119 15,72 0,0001

Idade 1 119 0,01 0,9356

Peso 1 106 3,84 0,0526

Admissão 3 117 3,27 0,0237

Tipo de Dieta 2 118 0,71 0,4955

Diagnóstico 10 110 1,6 0,1152

¹ Cada um dos 6 modelos acima continha, além da variável em questão, a

covariável: quantidade ofertada de dieta

² Graus de liberdade do numerador

³ Graus de liberdade do denominador

Por se tratar de um estudo exploratório, os níveis das variáveis não eram

controlados, e assim não-ortogonais entre si, devido ao desbalanceamento que é

comum em estudos dessa natureza. Isto faz com que eventualmente diferentes

variáveis estejam correlacionados. De fato, conforme visto na Tabela 2, o número de

pacientes homens admitidos por motivo de cirurgia foi o dobro daquele de mulheres,

esta tendência se inverteu quando o motivo correspondia a intercorrências. Isto

sugere a ocorrência de um certo grau de confundimento. Este aspecto pode ser

observado quando são obtidas as médias de quadrados mínimos (QM) do consumo

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44

das dietas ajustadas para a quantidade ofertada, conforme o sexo dos pacientes e

motivo de admissão (Tabela 6). Em relação a este último, as únicas médias

estatisticamente diferentes foram aquelas correspondentes às admissões por

cirurgia e intercorrências.

Embora a diferença entre as médias referentes a radioterapia e intercorrências tenha

sido ainda maior, houve um único paciente internado por radioterapia (Tabela 2),

comprometendo a precisão com que esta diferença foi estimada. Pode também ser

notado que os homens consumiram em média quase 300g a mais do que as

mulheres.

Tabela 6: Médias de quadrados mínimos (QM) do consumo em gramas

das dietas hospitalares segundo o fatores sexo e motivo de admissão.¹

Sexo Média QM² P-valor

Homens 1646,3 0,0001

Mulheres 1367,3

Admissão Média QM³

Radioterapia 1711,6ab

0,0237 Cirurgia 1609,1a

Quimioterapia 1404,1ab

Intercorrências 1376,5b

¹ Ambos os modelos continham também a covariável: quantidade ofertada de

dieta

² Médias estatisticamente diferentes conforme teste t

³Médias seguidas de mesma letra são estatisticamente iguais pelo teste de Tukey

(α=0,05).

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45

Ao se utilizar o método forward adaptado, o motivo de admissão deixou de fazer

parte do modelo, em virtude de sua dependência linear com o sexo. Os parâmetros

do modelo final, considerando o efeito conjunto dessas variáveis sobre a quantidade

consumida de dieta, bem como as estatísticas F parciais e seus P-valores podem

ser observados na Tabela 7.

Tabela 7: Modelo estatístico final considerando o efeito

conjunto das variáveis sobre a quantidade consumida de

dieta.

Parâmetro F parcial P-Valor

Dieta oferecida (g) 8,38 0,0045

Sexo 9,59 0,0024

Idade 0,52 0,4718

Sexo x Idade 4,45 0,0371

Embora o parâmetro referente à idade dos pacientes não tenha sido significativo, a

interação entre sexo e idade o foi (Tabela 7). Dessa maneira, a idade foi mantida no

modelo, em consequência de uma das adaptações feitas ao método forward, de que

em cada passo era avaliada a significância simultaneamente tanto de um novo

possível fator, como a de suas interações com fatores já presentes no modelo. A

outra adaptação consistiu em manter a quantidade de dieta ofertada em todos os

passos do método. Pode-se perceber que o parâmetro referente a esta covariável

manteve-se significativo no modelo final ajustado. A interação significativa sugere

que o efeito da idade sobre a quantidade consumida de dieta depende do sexo.

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A Figura 6 apresenta as médias de quadrados mínimos (QM) e os parâmetros de

regressão linear do consumo em gramas de dietas hospitalares como função da

idade, para cada sexo.

Figura 6: Médias de quadrados mínimos (QM) e estimativas de inclinação ( 0 ) e

do intercepto ( 1 ) da regressão linear do consumo em gramas de dietas

hospitalares como função da idade dos pacientes, para cada sexo.

É possível verificar que a inclinação da reta do consumo de dieta em função da

idade não foi significativa nem para os pacientes homens, nem para as mulheres,

considerando um nível de significância de 5%. No entanto, a diferença entre estas

duas inclinações (−9,92), foi significativamente diferente de zero (P= 0,0371). Uma

vez que a significância da inclinação correspondente aos pacientes homens esteve

bem próximo de 0,05 (P= 0,0587), estes resultados sugerem que haja uma pequena

tendência de o consumo diminuir com o aumento da idade, para os pacientes

homens, sendo que a idade não influencia o consumo das pacientes mulheres.

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47

4.3 Teor de LT e AG das dietas hospitalares orais

Amostras de 14,3% dos cardápios do hospital foram analisadas e os teores LT e AG

contidos em cada dieta foram quantificados e expressos em gramas por 100 gramas

de dieta (Tabela 8). Em relação à dieta geral, os teores de LT e AGM foram

semelhantes entre as seis datas de coleta, diferentemente dos outros tipos de

lipídios, que apresentaram diferenças entre as datas de coleta. Na dieta branda,

essa semelhança aconteceu apenas nos teores de ômega-6 e ômega-3. Já na dieta

pastosa, houve diferença nos teores de LT e AGS, considerando as seis datas de

coleta.

Analisando as médias finais dos LT e AG entre os tipos de dieta, houve semelhança

apenas nos teores médios de AGS. As médias finais de LT, AGT, AGM, ômega-6 e

ômega-3 foram diferentes. Dentre os três tipos de dieta, a dieta pastosa foi a que

apresentou menores teores de LT e AG quando comparada às demais dietas.

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48

Tabela 8: Teores, por coleta, dos lipídios totais (LT), ácido graxo monoinsaturado

(AGM), ômega-6, ômega-3, ácido graxo saturado (AGS) e ácido graxo trans (AGT),

veiculados pelas dietas geral (G), branda (B) e pastosa (P).

Tipo Tipo de Dieta

Coleta

de lipídio 1 2 3 4 5 6

Média das

coletas (g/100g dieta)

LT

G 1,89Aa 2,5Aa 3,05Aa 2,31Aa 2,73Aa 3,47Aa 2,66a

B 2,82Ab 2,55Aa 1,44Ba 2,52Aa 3,06Aa 3,75Aa

2,69a

P 1,51Aa 2,88Ba 1,84Ab 1,67Aa 1,95Aa 1,48Ab 1,89b

G 0,52Aa 0,75Aa 0,88Aa 0,69Aa 0,86Aa 1,03Aa 0,80a

AGM B 0,89Aa 0,76Aa 0,35Ba 0,86Aa 1,02Aa 1,20Aa

0,85a

P 0,41Aa 0,79Aa 0,47Aa 0,53Aa 0,28Aa 0,40Aa 0,50b

Ômega-6

G 0,54Aa 0,6Aa 1,16Bb 0,49Aa 0,5Aa 0,6Aa 0,66a

B 0,57Aa 0,63Aa 0,38Aa 0,50Aa 0,57Aa 0,63Aa

0,55a

P 0,26Aa 0,38Ab 0,12Aa 0,32Aa 0,28Aa 0,03Ab 0,24b

Ômega-3

G 0,05Aa 0,06Aa 0,13Ba 0,06Aa 0,05Aa 0,05Aa 0,06a

B 0,05Aa 0,06Aa 0,04Aa 0,04Aa 0,05Aa 0,06Aa

0,05a

P 0,04Aa 0,05Aa 0,04Aa 0,03Aa 0,03Aa 0,01Aa 0,03b

AGS

G 0,65Aa 0,92Aa 0,75Aa 0,83Aa 1,13Ba 1,46Ba 0,95a

B 1,08Ba 0,93Ba 0,55Aa 0,94Ba 1,16Ba 1,51Ca

1,01a

P 0,71Aa 1,44Ba 1,08Ba 0,71Aa 1,04Ba 0,87Aa 0,97a

AGT

G 0,03Aa 0,05Ba 0,01Ab 0,02Aa 0,04Aa 0,09Ba 0,04a

B 0,08Bb 0,05Aa 0,05Aa 0,08Bb 0,09Bb 0,12Cb

0,08b

P 0,02Aa 0,06Aa 0,03Aa 0,01Aa 0,06Aa 0,05Ac 0,03a

Nota: A, B, C letras maiúsculas distintas na mesma linha e a,b,c letras minúsculas distintas na

mesma coluna para cada tipo de lipídio indicam diferença significativa adotando p<0,05.

Nos casos em que o teste F foi significativo foi utilizado o método de agrupamento de Scott-

Knott.

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49

4.4 Estimativa do %E médio de LT e AG ofertados pelas dietas e comparação

com as recomendações propostas pela FAO/WHO

Após a análise da composição lipídica de cada dieta em cada ocasião de

amostragem, foi verificado em quantas ocasiões os valores de LT e AG estavam de

acordo com as recomendações. Foram estabelecidas as frequências percentuais de

adequação de cada tipo de lipídio (Figura 7 A-B).

A

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Geral

Branda

Pastosa

Geral

Branda

Pastosa

Geral

Branda

Pastosa

Geral

Branda

Pastosa

LT

Ôm

ega-

6

Ôm

ega-

3

AG

PI

Inferior à AMDR Dentro da AMDR Superior à AMDR

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50

B

Figura 7 A- B: Frequência percentual quanto à adequação das dietas em relação

aos teores oferecidos de lipídios totais (LT), ômega-6, ômega-3, ácidos graxos

poliinsaturados (AGPI) e quanto à oferta acima do aceitável de ácido graxo saturado

(AGS) e trans (AGT).

Os teores oferecidos de LT, ômega-6 e AGT foram adequados na maioria das

ocasiões, o oposto ocorrendo com os outros tipos de lipídios. Também é importante

destacar que, para LT e ômega-3, as ofertas inadequadas corresponderam sempre

a quantidades abaixo do mínimo recomendado. Houve valor superior à AMDR para

o ômega-6 e AGPI em uma das ocasiões de oferta da dieta geral.

Não existe uma AMDR para os AGM, e a determinação do consumo total é

calculada pela diferença: ingestão de LT - (AGS + AGPI + AGT). Portanto, a

ingestão de AGM dependerá da ingestão de LT e do padrão de ingestão de gordura,

podendo ser de até 15-20%E. Em nenhuma das dietas e datas analisadas o AGM

atingiu esse percentual.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Branda

Pastosa

Geral

Branda

Pastosa

AG

S A

GT

Aceitável Acima aceitável

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A Tabela 9 apresenta o %E médio e o desvio padrão (DP) de cada tipo de lipídio. As

médias de LT, AGT, AGM e ômega-6 estavam dentro dos valores recomendados

pela FAO/WHO [37] nos três tipos de dieta. Em relação ao ômega-3, AGPI e AGS

essas médias foram adequadas apenas na dieta geral.

Tabela 9: Percentual médio de energia (%E) e desvio padrão (DP) dos LT e AG das

dietas hospitalares orais.

Tipo de lipídio

Parâmetro*

Tipo de dieta

Geral

Média ± DP

Branda

Média ± DP

Pastosa

Média ± DP

LT (%E) 20 - 35 24,04 ± 5,45 27,07 ± 5,08 22,64 ± 5,62

AGM (%E) por diferença** 7,15 ± 1,75 8,75 ± 1,59 5,38 ± 2,24

Ômega-6 (%E) 2,5 - 9 5,84 ± 2,17 5,48 ± 1,04 2,89 ± 1,09

Ômega-3 (%E) 0,5 - 2 0,6 ± 0,26 0,48 ± 0,11 0,47 ± 0,04

AGPI (%E) 6 a 11 6,44 ± 2,43 5,96 ± 1,14 3,36 ± 1,13

AGS (%E) < 10 8,65 ± 2,98 10,33 ± 2,29 11,48 ± 3,04

AGT (%E) < 1 0,37 ±0,27 0,77 ± 0,22 0,47 ± 0,22

*valores de AMDR e ingestão aceitável em %E propostos pela FAO/WHO[37].

** LT – (AGS + AGPI + AGT). Números em negrito correspondem às médias de %E dos

lipídios que não estavam de acordo com as recomendações. %E= percentual de energia;

LT=lipídios totais; AGM=ácidos graxos monoinsaturados; AGPI=ácidos graxos

poliinsaturados; AGS=ácidos graxos saturados; AGT=ácidos graxos trans.

4.5 Estimativa do %E médio de LT e AG consumidos e comparação com as

recomendações propostas pela FAO/WHO

O consumo %E de cada tipo de lipidio foi descrito em função do sexo e tipo de dieta

consumida pelo paciente (Tabela 10). Foi notado que as mulheres consumiram o

%E aceitáveis de AGS e AGT em todos os tipos de dieta. Considerando os demais

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lipídios, houve consumo de acordo com as recomendações apenas para Ômega-6

nas dietas branda e pastosa. Já as médias %E dos demais lipídios (LT, ômega-3 e

AGPI) foram inferiores aos valores preconizados. No caso dos homens, o %E

consumido proveniente de ômega-3 e AGPI foi insuficiente em todas as dietas.

Considerando os LT, apenas a dieta geral não atingiu os 20%E recomendados. A

média de AGT foi aceitável em todas as dietas, mas já para o AGS, a média da dieta

pastosa foi acima do aceitável (Tabela 10).

Tabela 10: Percentual médio de energia (%E) e desvio padrão (DP) do consumo de

LT, AGM, ômega-3, ômega-6, AGPI, AGS e AGT.

Tipo de Dieta

LT AGM Ômega-6 Ômega-3 AGPI AGS AGT

Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP

G(n=43) 17,41 ± 7,35* 5,11 ± 2,15 4,04 ± 1,92 0,41 ± 0,22 4,45 ± 2,13 6,32 ± 3,17 0,4 ± 0,27

B(n=12) 17,23 ± 7,04 5,58 ± 2,25 3,34 ± 1,37 0,34 ± 0,13 3,68 ± 1,43 6,64 ± 2,80 0,52 ± 0,22

P(n=4) 12,06 ± 4,67 3,16 ± 1,19 1,41 ± 0,79 0,29 ± 0,11 1,69 ± 0,86 6,33 ± 2,85 0,18 ± 0,08

G(n=54) 19,78 ± 6,64 5,82 ± 1,99 4,77 ± 1,88 0,49 ± 0,22 5,25 ± 2,08 7,08 ± 3,08 0,31 ± 0,24

B(n=7) 23,85 ± 4,50 7,7 ± 1,52 4,95 ± 0,97 0,42 ± 0,08 5,37 ± 1,04 9,12 ± 1,88 0,68 ± 0,17

P(n=2) 21,5 ± 12,76 5,11 ± 4,70 2,85 ± 1,25 0,4 ± 0,19 3,25 ± 1,45 10,64 ± 6,85 0,51 ± 0,18

*Números em negrito correspondem às médias de %E dos lipídios que não estavam de acordo com

as recomendações propostas pela FAO/WHO[37]. n=número de pacientes que receberam a dieta;

G=Geral; B=Branda; P=Pastosa; LT=lipídios totais; AGM=ácidos graxos monoinsaturados; AGPI =

ácidos graxos poli-insaturados; AGS = ácidos graxos saturados; AGT = ácidos graxos trans.

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53

A Figura 8 apresenta a relação entre o %E fornecido por cada tipo de lipídio nas

distintas dietas, segundo o sexo e faixa etária dos pacientes. As mulheres

apresentaram uma distribuição com maior tendência à inadequação em relação à

maioria dos lipídios, quando comparadas aos homens. Cabe ressaltar que no caso

do ômega-3 e AGPI essa distribuição esteve prevalentemente abaixo da

recomendação. Para o AGS o consumo da maioria dos pacientes não ultrapassou o

limite aceitável e para o AGT o consumo foi aceitável para todos os pacientes

(Figura 8).

Considerando que nem sempre os pacientes receberam dietas com teores

suficientes de lipídios, foi calculada a frequência absoluta e o percentual de

pacientes que consumiram os valores recomendados apenas nas ocasiões em que

as quantidades ofertadas eram iguais ou superiores aos valores mínimos

recomendados.

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54

Homens (n=63) Mulheres (n=59)

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55

Figura 8: Consumo %E de LT, AGM, ômega-6, ômega-3, AGPI, AGS e AGT em função da

idade dos pacientes para cada sexo e tipo de dieta (Geral: Branda: Pastosa: ). As

linhas contínuas em negrito e as linhas tracejadas referem-se, respectivamente, aos valores

de %E mínimos e máximos recomendados. Para o AGS e AGT a linha tracejada refere-se

ao valor máximo aceitável de ingestão.

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56

Com respeito aos AGS e AGT, mesmo a oferta tendo sido acima dos valores

recomendados em algumas ocasiões, a saber, até 10% e <1% do total de energia

da dieta, respectivamente, o consumo poderia ser adequado, caso a dieta não fosse

totalmente consumida pelo paciente; sendo assim, foram considerados todos os

pacientes para o cálculo da frequência de adequação do consumo. As frequências

relativas de adequação do consumo de LT, ômega-6, ômega-3 e AGPI foram

inferiores para as mulheres, quando comparada aos homens (Tabela 11). Foi

notado, por exemplo, que para os homens e mulheres houve um consumo adequado

de LT em 70,6 e 55,6% das vezes em que a dieta geral foi ofertada com quantidades

adequadas, respectivamente. Tal resultado é esperado, uma vez que as mulheres

tiveram uma ingestão de dieta inferior aos homens.

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Tabela 11: Frequências relativas e percentuais (%) de pacientes que

consumiram quantidades mínimas recomendadas de LT, ômega-6, ômega-3 e

AGPI e os valores aceitáveis de AGS e AGT.

Tipo

de

Lipídio

Homens(n=63) Mulheres(n=59)

Geral Branda Pastosa

(n=2)

Geral Branda Pastosa

(n=4) (n=54) (n=7) (n=43) (n=12)

LT*

24/34

(70,6%)

4/6

(66,7%)

15/27

(55,6%)

4/9

(44,4%)

0/2

(0,0%)

½

(50%)

Ômega-6*

50/54

(92,6%)

7/7

(100%)

½

(50,0%)

37/43

(79%)

8/12

(66,7%)

0/2

(0,0%)

Ômega-3*

14/16

(87,5%)

1/5

(20%)

1/1

(100%)

6/12

(50,0%)

0/6

(0,0%) 0/0

AGPI*

12/16

(75%)

3/6

(50%) 0/0

5/12

(41,7%)

0/9

(0,0%) 0/0

AGS**

26/54

(48,1%)

4/7

(57,1%)

½

(50%)

38/43

(88,3%)

11/12

(91,7%)

3/4

(75%)

AGT**

54/54

(100%)

7/7

(100%)

2/2

(100%)

43/43

(100%)

12/12

(100%)

4/4

(100%)

*Os denominadores e numeradores correspondem, respectivamente, ao número de

pacientes cuja oferta e o consumo atingiram mínimo recomendado pela FAO/WHO [37].

**Os denominadores correspondem ao número de total pacientes que receberam

determinada dieta e o numerador ao número de pacientes cujo consumo foi considerado

aceitável.

Mesmo alguns dos pacientes tendo recebido quantidade acima do aceitável de AGT,

o consumo foi aceitável para todos os pacientes (Tabela 11). O mesmo não

aconteceu com os AGS, principalmente para os homens, que tiveram um percentual

de adequação inferior ao das mulheres.

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58

5. DISCUSSÃO

No presente estudo, a dieta geral foi a mais prescrita (Tabela 2), compatível com o

resultado de outros estudos [23,54,55]. O tempo médio de internação dos pacientes

foi de 6,3±1,2 dias. Estudos sugerem que pacientes internados por um período

inferior a cinco dias podem sofrer menos com a redução do consumo alimentar; já os

internados por longo período podem ser mais susceptíveis à desnutrição, o que

contribui para complicações, aumento do tempo e custos da internação [55,56]. Um

estudo multicêntrico realizado no Brasil detectou a incidência de 48,1% de

desnutrição em pacientes internados, atingindo 61,0% quando a permanência do

paciente no hospital era maior que 15 dias [57].

Os percentuais de consumo das dietas variaram de 70,4 a 76,3% (Tabela 4), sendo

o maior percentual de consumo observado entre os pacientes que receberam dieta

geral e o menor entre os que fizeram uso da dieta pastosa.

Os alimentos servidos em hospitais nem sempre são consumidos integralmente e o

desperdício da dieta hospitalar pode variar de 13 a 55% [58]. Castro e colaboradores

(2003) [59] destacam que é provável que haja inadequação no planejamento e

execução de cardápios quando os valores de sobra suja estão acima de 20% em

coletividades enfermas. A ingestão alimentar insuficiente pode ser atribuída

primeiramente aos aspectos clínicos, mas muitos pacientes não consomem boa

parte da alimentação que lhes é oferecida em razão não apenas da doença, da falta

de apetite e das alterações do paladar, mas também da mudança de hábitos e da

insatisfação com as preparações e o ambiente hospitalar [60,61].

Estudo realizado com pacientes hospitalizados na Dinamarca por um período

superior a uma semana verificou que apenas 25% dos pacientes avaliados tinham

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59

uma ingestão alimentar que cobria de 75 a 99% de suas necessidades energéticas.

Esta situação é considerada crítica, uma vez que a ingestão alimentar que atenda no

mínimo 75% das necessidades nutricionais é fundamental para evitar a perda de

peso corporal [62]. Barton e colaboradores (2000) [63] realizaram estudo em um

hospital universitário com 1200 leitos e constataram que a dieta ofertada atendia à

demanda energética dos pacientes; porém, mais de 40% da alimentação hospitalar

era desperdiçada, resultando no consumo de energia e de proteína inadequado em

relação aos requerimentos nutricionais, o que poderia justificar a perda ponderal em

muitos pacientes.

Outro estudo que analisou a adequação das refeições em hospitais demonstrou que

apesar da oferta suficiente de alimentos, a maioria dos pacientes hospitalizados não

teve suas necessidades atendidas. Tal resultado evidencia ser imprescindível a

melhoria dos serviços ligados às refeições, tendo em vista que a ingestão

insuficiente pode ser atribuída a causas que excedem as doenças de base [64].

Neste contexto, a instituição hospitalar possui o complexo trabalho de compatibilizar

a oferta das refeições com as necessidades nutricionais e terapêuticas dos

pacientes [65].

Alguns pesquisadores têm buscado compreender os problemas que afetam o

consumo alimentar dos pacientes no ambiente hospitalar. Dentre os principais

motivos apontados pelos pacientes para a baixa ingestão alimentar a falta de

apetite, alterações do olfato e paladar causados pela doença, seguido de problemas

com a qualidade, tamanho das porções e modificação da textura das refeições foram

os mais relatados [66].

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60

No presente estudo, dentre as variáveis investigadas foi notado que a quantidade de

dieta ofertada, o sexo e a interação sexo e idade foram as que apresentaram valores

significativos sobre o consumo alimentar dos pacientes (Tabela 7).

Com relação à oferta de alimentos, estudo realizado no Reino Unido avaliou o

suprimento e o consumo de alimentos de 175 pacientes idosos (>65 anos)

hospitalizados. Os resultados indicaram que os pacientes consumiram

aproximadamente 74% da dieta fornecida, sendo constatado que as dietas com

maiores teores de energia e proteínas estavam associadas com níveis mais

elevados de consumo [58]. Porém, alguns estudos demonstram que o incremento

da densidade de energia nas refeições parece ter um maior impacto no consumo

energético global do paciente do que aumentar o tamanho das porções das

preparações servidas [63,67]. Assim sendo, em função da alta densidade

energética, dentre os nutrientes energéticos os lipídios são os que mais

apropriadamente cumpririam a função de elevar o teor energético com mínimo

impacto no tamanho das porções dos alimentos servidos.

Todavia, como já citado anteriormente, o valor energético da dieta ofertada aos

pacientes não responde plenamente pelo déficit na ingestão alimentar. Estudo

australiano envolvendo 134 participantes (idade média de 80 anos, 51% do sexo

feminino) reportou que apenas 41% dos pacientes tinham suas necessidades

energéticas de repouso supridas, com consumo de energia estimado em 1220 kcal/

dia. Usando análise multivariada os autores identificaram os fatores associados à

ingestão inadequada de energia os quais incluíram: falta de apetite, maior índice de

massa corporal (IMC), o diagnóstico de infecção ou câncer, delírio e necessidade de

assistência para se alimentar [68].

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61

Pesquisa realizada em hospital militar sobre os fatores que afetaram o consumo

alimentar de 374 pacientes internados (77,3% do sexo masculino e

predominantemente adultos) reportou que o motivo e o tempo de internação, além

do sabor, cheiro e aparência dos alimentos eram preditores dos níveis de consumo

das dietas hospitalares orais. Os pesquisadores também reportaram que os

pacientes internados por motivos não cirúrgicos consumiram quantidades menores

da dieta quando comparados aos internados por motivo de cirurgia. Quanto maior o

tempo de permanência no hospital, menores as quantidades consumidas de dieta,

sendo que as variáveis idade, sexo, gênero, escolaridade e estado civil não

interferiram significativamente sobre a ingestão alimentar desses pacientes [69].

No presente estudo, o sexo foi um dos fatores que influenciou o consumo alimentar

(Tabela 7), sendo que as mulheres consumiram quantidades de dieta

significativamente inferiores aos homens. Em pesquisa comparando o consumo

alimentar de pacientes internados em três hospitais geriátricos do Reino Unido, foi

observada a ingestão inferior de energia e proteína pelas mulheres quando

comparada aos homens, em todos os hospitais. Os autores do estudo discutem que

são reconhecidas as diferenças nos requerimentos energéticos entre homens e

mulheres e isto talvez tenha se refletido nas diferenças de consumo entre os sexos

[58].

No presente estudo, além da diferença de consumo entre os sexos, houve também

uma diferença do consumo entre homens e mulheres enquanto função da idade

(Tabela 7). O consumo alimentar dos homens tendeu a reduzir com a idade (Figura

6), enquanto que para as mulheres a idade não influenciou na quantidade de dieta

consumida. Mas cabe ressaltar que a maioria dos homens eram idosos (55,6%),

com mediana de idade igual a 63 anos, diferente das pacientes do sexo feminino,

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62

cujo percentual de idosas era de 32,2%, com mediana de idade igual a 55 anos. É

comum os idosos apresentarem uma ingestão alimentar reduzida, que pode estar

associada à redução do apetite e a problemas mastigatórios. Com a idade ocorrem

alterações dos sentidos envolvidos na percepção da alimentação, que afetam

negativamente a ingestão alimentar [70,71].

Por outro lado, o tipo de dieta (geral, branda, pastosa) não influenciou

significativamente o consumo alimentar dos pacientes (Tabela 5), embora as dietas

branda e pastosa tenham apresentado percentuais médios de consumo inferiores

aos da dieta geral (Tabela 4). Tem sido apontado uma menor ingestão alimentar de

pacientes com modificação de textura da dieta quando comparados a pacientes que

consumem dieta normal, já que estas dietas podem ter uma redução do apelo

sensorial [72].

Comparar os estudos que abordam os fatores que afetam o consumo alimentar de

pacientes hospitalizados pode se tornar uma tarefa complexa, pois estes fatores

podem ser influenciados pelo perfil sócio demográfico e patologia destes pacientes,

além da variabilidade em outros aspectos de cuidados nutricionais e serviço de

alimentação [58].

Com respeito aos teores de lipídios das dietas, foram encontradas diferenças

significativas entre as ocasiões de oferta, bem como entre os teores das distintas

dietas (Tabela 8). Essa diferença foi ocasionada possivelmente pela composição dos

cardápios nos dias de coleta (Apêndice 1).

A Academia de Nutrição e Dietética (AND) estabelece que o total de energia

provenientes de lipídios deve ser de 20-35% E da dieta, com um aumento do

consumo de ômega-3 e redução da ingestão de AGS e AGT. Recomenda ainda uma

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63

alimentação baseada no consumo regular de peixes, nozes e sementes, carnes

magras e aves, produtos lácteos com baixo teor de gordura, vegetais, frutas, grãos

integrais e legumes [32].

A presença de alguns alimentos específicos no cardápio, bem como a quantidade e

o tipo de óleo utilizados para a cocção dos alimentos, podem ter influenciado os

teores de ômega-3 e ômega-6 (Tabela 8), ambos considerados AGPI. O LA é o

principal ômega-6, encontrado especialmente em óleos vegetais como os de soja, e

milho. Já os AG ômega-3 são representados principalmente pelo ALA, presente

especialmente nos óleos de linhaça, chia e canola; e pelo DHA e EPA, encontrados

em peixes de águas frias e profundas. Os LA e ALA são considerados AG

essenciais [31,32]. Vale ressaltar que os alimentos representativos em ômega-3,

foram pouco frequentes no cardápio (Apêndice 1).

Em contrapartida, os alimentos de origem animal são as principais fontes de AGS da

dieta [32]. Alguns alimentos com carnes, bacon, queijos, protudos lácteos e molhos

presentes com maior frequencia em algumas ocasiões podem ter contribuído para

aumentar os teores de AGS entre as datas de coleta. Porém, o AGS foi o único tipo

de lipídio que não apresentou diferença significativa entre os tipos de dieta (Tabela

8).

Dentre as dietas, a pastosa foi a que apresentou menores teores de lipídios, com

excessão do AGS, quando comparada às demais. Considerando as técnicas

utilizadas para alteração da consistência das dietas, é comum a utilização de adição

de líquidos para diluição dos constituintes, reduzindo a textura dos alimentos e

preparações que as compõem, resultando também em modificações na composição

dos nutrientes [73].

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64

O %E médio de LT oferecido pelas dietas estavam dentro dos valores propostos

(Tabela 9), embora em algumas ocasiões essa oferta tenha sido abaixo da

recomendação (Figura 7A). Esse resultado diverge de estudo envolvendo análise

de dietas servidas a pacientes renais, o qual reportou média de LT inferior a 20% E

[74]. Embora o %E médio ofertado de LT tenha sido adequado, o %E consumido

pelas mulheres em todas as dietas e pelos homens que receberam dieta geral não

estavam dentro da faixa recomendada (Tabela 10). Em pesquisa envolvendo

pacientes oncológicos sob radioterapia, foi observada uma redução do consumo

energético e de macronutrintes entre a primeira e terceira semana de tratamento,

com destaque para a redução significativa do consumo de LT, que esteve abaixo

das recomendações em ambas as semanas avaliadas [54].

Estudos envolvendo análise do consumo de lipídios em dietas hospitalares são

escassos, dificultando a comparação dos resultados obtidos. Os lipídios constituem

importante fonte energética, juntamente com os carboidratos e proteínas. Mas cabe

enfatizar que os lipídios são os que apresentam maior densidade energética (9

kcal/g). Assim, apresentar ao paciente uma dieta com maior teor de energia implica

em ter alimentos com teores significantes lipídios em sua composição, possibilitando

atender às recomendações nutricionais. Além da questão energética, os lipídios são

importantes para o aspecto sensorial da dieta, sendo que desta forma também

poderiam colaborar para aumentar o consumo da dieta pelo paciente.

O preparo de alimentos utilizando ingredientes e técnicas que promovam aroma e

sabor, além de texturas, pode ser obtido pelo uso de gorduras e óleos na elaboração

das receitas e no planejamento do cardápio das dietas, uma vez que os lipídios são

considerados por natureza intensificadores de sabor [75,76]. Caso a ingestão

energética seja insuficiente, o paciente poderá apresentar balanço energético

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65

negativo que, dependendo da gravidade e duração, pode acarretar redução do peso

corporal [30,54].

O %E médio de AGPI oferecido pelas dietas do hospital foi adequado apenas na

dieta geral (Tabela 9). Ao se considerar o consumo pelos pacientes, o %E

apresentou valores inferiores aos recomendados, em todos os tipos de dietas e em

ambos os sexos (Tabela 10). No estudo realizado por Silva e colaboradores (2015)

[74], os teores médios de AGPI das dietas oferecidas para pacientes renais foi de

4,8% E, também abaixo da faixa recomendada. Além da oferta deficitária, o

consumo de AGPI por pacientes hospitalizados também tem sido reportado como

insuficiente em outros estudos [77,78].

No presente estudo, apenas a dieta geral apresentou o %E mínimo recomendado de

ômega-3 e, em relação ao consumo, tanto os homens quanto mulheres consumiram

quantidades inferiores ao preconizado em todos os tipos de dietas. A baixa ingestão

de ômega-3 é observada não só no ambiente hospitalar [74], mas também em nível

populacional [78]. Já a oferta de ômega-6 foi adequada em todos os tipos de dieta,

assim como no estudo de Silva e colaboradores (2015) [74].

Em se tratando de pacientes oncológicos, é sabido que a presença do tumor

maligno frequentemente está associada ao aumento na síntese de mediadores

imunológicos pró-inflamatórios, por isso, estratégias terapêuticas têm sido propostas

na tentativa de atenuar a resposta inflamatória, e melhorar as chances de cura de

pacientes [35]. Os AG ômega-6 e ômega-3 são precursores de moléculas

denominadas eicossanóides, que possuem várias atividades biológicas, tais como a

modulação da resposta inflamatória e imunológica, além de papel importante na

agregação plaquetária, no crescimento e na diferenciação celular [30]. Em geral, os

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66

eicosanóides derivados do ômega-6 são pró-inflamatórios, enquanto eicosanóides

derivados de ômega-3 são anti-inflamatórios [79].

Evidências apontam que o ômega-3, principalmente o EPA e DHA, podem inibir a

promoção e progressão de estágios da carcinogênese. Vários mecanismos

moleculares têm sido propostos, tais como: supressão da via do AA, o que resulta

em alteração da resposta imune e modulação da inflamação, proliferação celular,

apoptose, metástase e angiogenese; influência sobre a atividade do fator de

transcrição, expressão gênica e a transdução de sinal, o que leva a alterações no

metabolismo, crescimento e diferenciação de células; mecanismos que envolvem a

sensibilidade à insulina e fluidez da membrana [80,81].

Todavia, a conversão de ALA (ômega-3) em EPA e DHA em humanos é bastante

limitada e, além disso, o consumo elevado de AL (ômega-6) pode diminuir essa

conversão, devido à competição existente pela ação da enzima delta-6 dessaturase

[32,82]. Sendo assim, oferecer quantidades adequadas de ômega-6 e ômega-3 é

essencial para auxiliar na modulação da resposta inflamatória em pacientes

oncológicos [37].

Os teores médios de %E dos AGM provenientes das três dietas variaram entre 5,38

a 8,75%. É importante ressaltar que os estudos sugerem que estes AG apresentam

relação benéfica à saúde. A ingestão de AGM está relacionada a melhorias da

função endotelial e da adesão monocitária, além de reduções de marcadores

inflamatórios e agregação plaquetária. Uma parte desses efeitos foi evidenciada com

o uso específico de óleo de oliva, incluindo proteção contra trombogênese e

estresse oxidativo [31,32].

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67

Em algumas ocasições os teores de AGS das dietas oferecidas (Figura 7B) estavam

acima dos valores aceitáveis, e ao observamos o %E de AGS oferecido por cada

tipo de dieta (Tabela 9), apenas a geral apresentou média adequada. Em relação ao

consumo, alguns pacientes ingeriram teores acima do recomendado (Figura 8);

porém, o %E médio consumido apresentou valores acima do aceitável apenas para

os homens em uso da dieta pastosa (Tabela 10). Em um estudo realizado em

ambiente hospitalar o teor médio de AGS das dietas oferecidas a pacientes renais

foi de 4,5% E [74]. Pesquisa envolvendo consumo alimentar de pacientes cardíacos

[77] mostrou que o %E de AGS foi de 8,2% E, valores inferiores ao teor máximo

aceitável de 10% E.

A estrutura linear dos AGS, juntamente com as suas propriedades de sinalização,

apresentam consequências muitas vezes considerados prejudiciais para a saúde

[32]. Existem recomendações para que indivíduos que apresentam fatores de risco

associados a doença cardiovascular reduzam o consumo de AGS, devendo este ser

inferior a 7% E [31].

As dietas examinadas neste estudo não ultrapassaram o limite máximo aceitável de

AGT, assim como em outro estudo realizado em ambiente hospitalar [74]. Os AGT

obtidos pelo processo de hidrogenação estão presentes em diversos produtos

industrializados, podendo também serem formados durante processo de fritura de

alimentos. Em razão dos seus efeitos nocivos à saúde humana, a indústria de

alimentos tem sido estimulada a alterar a fonte de lipídio utilizado em seus produtos

e/ou alterar a tecnologia de produção visando reduzir o teor de AGT [83,84]. No

entanto, há uma grande preocupação por parte da comunidade científica em relação

à escolha por parte da indústria do substituto para AGT, que têm sido os AGS, que

também não apresentam relações benéficas à saúde [85].

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68

Estudos demonstraram o aumento da concentração plasmática de marcadores

inflamatórios após o consumo de AGT [31]. Tem sido evidenciado que o consumo de

AGT pela população se elevou paralelamente ao aumento do teor deste em

alimentos industrializados. A partir da década de 1990 a associação positiva do

consumo de AGT com diversas doenças, principalmente as cardiovasculares, se

consolidou [83].

Embora o papel do perfil da ingestão lipídica no tratamento de doença

cardiovascular já seja bem conhecido, sendo as lipoproteínas plasmáticas

marcadores do efeito da ingestão dos AG. Por outro lado, o papel dos tipos de AG

no tratamento do paciente oncológico é mais difícil, principalmente devido à

ausência de marcadores específicos bem como o limitado número de informações

dietéticas disponíveis, assim como pelo caráter multifatorial da doença [37,86].

O cardápio das dietas hospitalares orais estudadas parece não conter quantidades

de alimentos industrializados e frituras em demasia, o que pode justificar os

resultados referente ao teor observado de AGT nestas dietas. Nem de forma isolada

em cada ocasião ou na média total, nos três tipos de dietas, o teor de AGT

ultrapassou o máximo aceitável (Tabela 8). Assim sendo, o consumo de AGT pelos

pacientes estudados esteve dentro da faixa considerada aceitável, para ambos os

sexos e fases da vida, o que pode ser considerado positivo à saúde dos mesmos.

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69

6. CONCLUSÃO

O perfil lipídico das dietas hospitalares orais com distinta texturas (geral, branda e

pastosa), servidas a pacientes oncológicos, mostrou diferenças segundo o tipo de

dieta e ocasião de coleta, as quais foram atribuídas a alimentos específicos contidos

nos cardápios.

Ao comparar as quantidades de LT e AG das dietas com o recomendado pela

FAO/WHO, foi observado que alguns tipos de lipídios, em especial AGPI e ômega-3

nas dietas branda e pastosa tiveram a oferta abaixo do preconizado, enquanto o teor

de AGS nestas dietas extrapolou o máximo aceitável. De forma global as dietas

apresentaram quantidades recomendadas de LT, AGM, ômega 6 e AGT.

Ao avaliar o consumo de lipídios pelos pacientes, além dos AGPI e ômega-3, houve

consumo abaixo do recomendado inclusive para LT, em especial para as mulheres,

que consumiram uma quantidade inferior de dieta. A oferta de AGT esteve abaixo

dos valores aceitáveis em todos os tipos de dieta; portanto, nenhum paciente

consumiu valores iguais ou superiores ao máximo aceitável, diferente dos AGS, que

apresentaram valores elevados em algumas ocasiões.

Dentre as variáveis incluídas no estudo, apenas a quantidade de dieta ofertada, o

sexo e a interação entre o sexo e idade foram as que significativamente estiveram

relacionadas ao consumo alimentar dos pacientes. Os homens consumiram uma

quantidade de dieta superior à das mulheres e tiveram uma tendência de reduzir a

ingestão com a idade. Já o consumo das mulheres não foi influenciado pela idade.

Os cardápios das dietas hospitalares devem ser planejados de forma balanceada

com o intuito de atender ao requerimento nutricional dos pacientes, bem como de

promover seu consumo pelos pacientes. Os lipídios são nutrientes essenciais,

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70

densos em energia e responsáveis pelo flavor dos alimentos, respondendo não

somente pela função energética e fisiológicas das dietas como também, ao menos

em parte, pela promoção do consumo das mesmas.

Os resultados apresentados fornecem subsídios para a melhoria da composição

lipídica dos cardápios, visando veicular teores adequados de LT e de ácidos graxos

essenciais, bem como apresentar níveis de AGS e AGT compatíveis com a boa

saúde.

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71

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados relativos à composição química das dietas hospitalares usualmente estão

limitados aos valores de energia e teor proteico. Porém uma análise criteriosa sobre

a contribuição energética por tipo de nutriente não tem sido observada. Os lipídios,

devido a sua alta densidade energética, podem ser grandes aliados no combate a

desnutrição energética em pacientes hospitalizados. Além da elevada concentração

energética e função nutricional, estes constituintes também respondem pelo flavor

dos alimentos e desta forma podem contribuir para o consumo alimentar dos

pacientes hospitalizados.

Pesquisas que possibilitem o conhecimento do consumo de lipídios por pacientes

hospitalizados são de grande relevância para a nutrição e saúde dos pacientes,

sabendo que pacientes com melhor estado nutricional tendem a ficar menos tempo

internados, reduzindo as complicações do processo bem como propiciando que um

maior número de indivíduos possa ser atendido pela instituição. Assim, implementar

medidas que produzam cardápios com quantidade e qualidade de lipídios adequada

pode ser entendido como medida de grande relevância no cuidado nutricional.

Os resultados encontrados no presente estudo apontam para a necessidade de

planejamento de várias modificações dietoterápicas como estratégias de melhorias

na qualidade da ingestão alimentar e nutricional de pacientes oncológicos

hospitalizados. A inclusão de alimentos fontes de AGPI e AGM, tais como peixes,

oleaginosas, óleos ricos em ômega-3 e azeite de oliva no cardápio, em substituição

aos alimentos ricos em AGS propiciará grande melhora no perfil lipídico das dietas,

de forma favorável às condições de saúde dos pacientes. Ressaltando que os óleos

e as nozes agregam aroma e sabor agradáveis às preparações alimentares.

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72

Os resultados também trazem informação sobre as características dos pacientes

que necessitam de mais atenção no cuidado nutricional, destacando entre estes as

mulheres e os idosos, por ter sido identificado que os mesmos apresentam maior

susceptibilidade ao baixo consumo alimentar. Assim, na triagem nutricional a

identificação destes indivíduos deve ser feita com seguimento imediato, visando a

prevenção da instalação do quadro de desnutrição hospitalar sempre que possível.

Os pacientes com prescrição de dietas brandas e pastosas também devem ser

incluídos entre aqueles alvo de monitoramento nutricional durante a hospitalização

tendo em vista que podem estar recebendo quantidades inferiores de nutrientes

essenciais em suas respectivas dietas.

A dietoterapia deve conter, sempre que possível, opções de escolha de alimentos

conforme a tolerância do paciente e flexibilidade no tamanho das porções oferecidas

bem como no horário das refeições pode ser de grande valia para promover um

melhor consumo alimentar. No caso do presente estudo, por se tratar de um hospital

com SND de auto-gestão, a implementação de tais medidas poderia ser feita com

maior liberdade em relação aos SND terceirizados.

Finalmente, é nítido que tão importante quanto oferecer os lipídios na proporção e

teores recomendados é fazer com que o paciente tenha boa aceitação da dieta

oferecida. Não basta prescrever dieta hospitalar oral, é preciso cuidar dos alimentos

integrantes da mesma para garantir a qualidade nutricional ideal e promover a

aceitação pelos pacientes.

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APÊNDICE 1 – Cardápios das dietas orais analisadas

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Quadro 2: Cardápios veiculados pela dieta geral nas seis datas analisadas.

Semanas Menu

1 2 3 4 5 6

Ref

eiçõ

es

Des

jeju

m Pão francês com

margarina Pão francês com margarina

Pão francês com margarina

Pão francês com margarina

Pão francês com margarina

Pão francês com margarina

Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café

Manga (porção de 50g) Mamão Banana prata Mamão Banana prata Mamão

Co

laçã

o

Suco industrializado sabor limão (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga Light (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor uva Light (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor pêssego zero (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor goiaba Zero (unidade 200mL)

Alm

oço

Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz

Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão

Bife de frango empanado

Farofa com ovos Bife de frango à milanesa com queijo

Lombo com molho Carne bovina assada com molho

Carne bovina cozida com molho vermelho

Repolho cozido com bacon

Dobradinha com feijão branco

Farofa com ovo, milho, azeitona, cebola, cheiro verde

Abacaxi grelhado Abobrinha com presunto e molho branco

Banana à milanesa

Beterraba Banana com molho rose Beterraba e cenoura cozidas e cheiro verde

Brócolis com ovos Cenoura cozida e uva passas

Berinjela cozida ao vinagrete (tomate, pimentão e cebola).

Abacaxi Manga Melancia Abacate Melancia Abacaxi

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Lan

che

Pão francês com margarina

Mini pão francês com margarina

Pão francês com margarina

Mini pão francês com margarina

Mini pão francês com margarina

Mini pão francês com margarina

Leite com café Leite com café Café Leite com café Café Leite com café

Vitamina de banana com mamão

Bolacha Maria Vitamina de banana com mamão

Mini bolo de chocolate Vitamina de banana e Flocos de cereais sabor de frutas vermelhas

Mini bolo

Jan

tar Arroz temperado

(contendo carne, cenoura e vagem)

Macarronada com molho à bolonhesa

Arroz temperado (contendo frango, cenoura, vagem e cebolinha)

Macarronada com molho à bolonhesa

Arroz Arroz

Feijão Feijão

Coxa de frango cozida Filé de peixe com molho de camarão e nozes

Batata com presunto, mussarela e molho branco

Abobrinha com molho branco (parmesão cominho e creme de leite)

Tomate, presunto, manga, creme verde e orégano

Batata cozida e castanhas

Creme de mamão Melancia

Cei

a Iogurte integral sabor morango

Mingau de amido de milho

Achocolatado (unidade 200mL)

Iogurte integral de morango

Achocolatado (unidade 200mL)

Bebida láctea de vitamina de frutas (unidade 200mL)

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Quadro 3: Cardápios veiculados pela dieta branda nas seis datas analisadas.

Semanas Menu

1 2 3 4 5 6

Ref

eiçõ

es

Des

jeju

m

Pão doce (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (coberto com açúcar e coco) com margarina

Pão doce com margarina

Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café Leite com café

Manga (porção de 50g) Abacaxi (porção de 50g) Banana prata Mamão (porção de 50g) Banana prata Mamão (porção de 50g)

Co

laçã

o

Suco industrializado sabor limão (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga Light (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor uva Light (unidade 200mL)

Suco industrializado pêssego zero (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor goiaba (unidade 200mL)

Alm

oço

Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz

Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão

Macarrão a bolonhesa Almôndegas

Isca bovina com tomate, cebola, pimentão, queijo e orégano

Carne moída com milho, pimentão e azeitona

Almôndegas de frango com molho vermelho

Pernil em cubos ao molho de laranja

Bife bovino Moranga

Beterraba e cenoura cozidas e cheiro verde

Batata cozida com alecrim Virado de vagem (Farofa com ovos)

Moranga com cheiro verde e bacon

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85

Abacaxi Banana com molho rose

Melão Brócolis com ovos Cenoura cozida e uva passas

Berinjela cozida ao vinagrete (tomate, pimentão e cebola)

Manga Abacate Melão Manga

Lan

che

Leite com café Leite com café Café Leite com café Café Leite com café

Pão doce redondo (tipo hambúrguer) com margarina

Mini pão doce redondo (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (tipo pão de hambúrguer) com margarina

Mini pão doce redondo (tipo hambúrguer) com margarina

Pão doce (tipo pão de hambúrguer) com margarina

Mini pão doce redondo com margarina

Vitamina de banana e mamão

Bolacha Maria Vitamina de banana e mamão

Mini Bolo de chocolate Vitamina de banana com Flocos de cereais sabor de frutas vermelhas

Mini Bolo

Jan

tar

Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz

Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão

Omelete de presunto e queijo

Iscas bovinas

Iscas bovinas com milho, cenoura e cebola

Carne em cubos Coxa de frango cozida Filé de peixe com molho de camarão e nozes

Chuchu cozido Cenoura com couve cozidos

Batata baroa cozida

Cenoura com bacon

Batata com presunto, mussarela e molho branco

Abobrinha com molho branco (parmesão, cominho e creme de leite)

Tomate, presunto, manga, creme verde e orégano

Batata cozida e castanhas

Creme de mamão Melancia

Cei

a Iogurte integral sabor morango

Mingau de amido de milho Achocolatado (unidade 200mL)

Iogurte integral de morango Achocolatado (unidade 200mL)

Bebida láctea de vitamina de frutas (unidade 200mL)

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Quadro 4: Cardápios veiculados pela dieta pastosa nas seis datas analisadas.

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Ref

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jeju

m Mingau de cereal para

alimentação infantil de milho

Mingau de cereal para alimentação infantil de milho

Mingau de cereal para alimentação infantil de milho

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Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Mingau de cereal para alimentação infantil de milho

Mamão Mamão Banana prata Mamão

Co

laçã

o

Suco industrializado sabor limão (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor manga Light (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor uva Light (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor pêssego zero (unidade 200mL)

Suco industrializado sabor goiaba Zero (unidade 200mL)

Alm

oço

Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz

Feijão batido com carne Feijão batido com carne Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Purê de moranga Purê de mandioquinha moranga

Purê de inhame Purê de moranga Purê de berinjela Purê de chuchu

Purê de batatas Purê de inhame batatas Purê de batatas Purê de beterraba Purê de moranga Purê de batata e beterraba

Mamão Banana Mamão Abacate Mamão Banana prata

Lan

che

Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Mingau de cereal para alimentação infantil de milho

Mingau de cereal para alimentação infantil de arroz

Vitamina de banana com mamão

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Jan

tar

Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz Purê de arroz

Feijão batido com carne Feijão batido com carne Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Feijão batido com carne bovina

Purê de berinjela Purê de berinjela Mingau de fubá Purê de cenoura Purê de batata Purê de abobrinha

Purê de cenoura Purê de moranga Purê de cenoura Purê de moranga Purê de cenoura Purê de moranga

Mousse de mamão Mousse de morango

Cei

a Iogurte integral sabor morango

Mingau de amido de milho Achocolatado (unidade 200mL)

Iogurte integral de morango Achocolatado (unidade 200mL)

Bebida láctea de vitamina de frutas (unidade 200mL)