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PERCEPÇÃO DOS DIABÉTICOS EM RELAÇÃO À
PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO
I Congresso Internacional de Enfermagem em Cabo Verde
10 Anos de Formação Superior:Construção, Percurso e Perspectiva
Cinthia Lopes
Jose Fernandes
Praia, Novembro 2019
Sumário • Introdução
• Revisão da literatura
•Metodologia
• Caraterização dos participantes
• Análise e Discussão dos Resultados
• Considerações finais
Introdução
Atualmente Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) tem aumentado
progressivamente no mundo, tornando-se um grande problema de saúde pública
(Cubas et al., 2013).
O pé diabético está entre as complicações mais frequentes da DM e suas
consequências podem ser traumáticas para a vida do indivíduo, desde feridas
crônicas e infecções, até amputações de membros inferiores (Sousa, 2018).
Justificação
Pertinência mundial
Experiências vivenciadas no último Ensino Clínico,
Tema pouco explorado em Cabo Verde
Pergunta de partida
• Qual a percepção dos
diabéticos seguidos no
centro de Saúde de Tira
Chapéu e de Ponta d’agua
em relação à prevenção do
pé diabético?
Objetivo
• Conhecer a percepção dos
diabéticos seguidos no
Centro de Saúde de Tira
chapéu e de Ponta d’agua
em relação à prevenção do
pé diabético.
Revisão da Literatura
Diabetes Mellitus
A Organização Mundial da Saúde define a DM como uma doença crônica caracterizada por níveis
constantemente elevados de glicemia (maior que 126 mg/dL) resultante de defeitos na secreção e ação
da insulina. Essa característica leva a complicações micro e macrovasculares, que abrangem
retinopatia, nefropatia, doença arterial periférica e lesões ulcerativas de membros inferiores,
conhecidas como síndrome do pé diabético.
(Cubas et al, 2013)
Pé Diabético
É uma complicação caracterizada pelo comprometimento tecidual decorrente do mau controle
glicêmico, da neuropatia diabética e da doença vascular periférica.
Existem dois tipos
Neuropático (65%)
Isquémico (35%)
(Aires, Costa & Gemelli, 2015)
Metodologia
Tipo de
estudo
População e
amostra
Método de
recolha
Análise dos
dados
- Descritivo
exploratório,
com uma
abordagem
qualitativa
- A pré-análise;
- A exploração do
material;
- O tratamento
dos resultados, a
inferência e a
interpretação
-Entrevista semi
estruturada e
exame fisico dos
pés após o
Consentimento
Informado
- Amostragem não
probabilística
acidental;
- Criterio de
Inclusão e
exclusão
- Técnica de
saturação de dados
Caraterísticas Caraterização predominantesdos Participantes
Porcentagem
Sexo Feminino 86,2%
Idade 40 -60 anos 69%
Estado civil Solteiro 44,8%
Escolaridade Ensino básicoAnalfabetos
48,3% 37,9%
Ocupação Não trabalhavam 69%
Tempo de diagnóstico > 6 anos 65,5%
Caraterização dos participantes
Categoria Subcategorias
Desconhecimento da condição clínica - Carência de conhecimento;
- Desinteresse da situação clínica;
-Desfecho severo das complicações
(amputação).
Autocuidados em termos gerais - Evitar ferimentos;
- Forma de corte das unhas
Atuação dos enfermeiros - Poucos ensinos
- Limitado aos procedimentos
Categorias e subcategorias
Análise e Discussão dos Resultados
Carência de
conhecimento;Desinteresse da situação clínica
Desfecho severo das complicações (amputação)
Categoria 1 –Desconhecimento da condição clínica
U12: “…Não sei. Quando açúcar está alto sinto cabeça a doer muito, corpo “ka sabi”
(mal disposto), corpo desmazelado…”
U17: “…Não sei se diabetes leva a alguma complicação…”
U5: “…Não sei, uma colega minha foi achada com pé diabético e eu disse que isto
não existe, e ela disse que a doutora disse que existe sim…”
U20: “…Pé diabético eu não sei o que é…”
Categoria 2 – Autocuidados em termos gerais
U16: “…sim sei, tenho que ter cuidado para não ter feridas, pois o pé pode ser cortado…”
U22: “…sim, para livrar pancadas e choques, porque é diabete, isso mata, a ferida não
cicatriza…”
U7: “…Não devo lavar os pés e deixa-los molhados, cortar as unhas de forma a não fazer
ferimento…”
U19: “… Vigiar os pés, lavar com agua morna, cortar as unhas com cautela se possível limar…”
Pouco ensino Limitada aos
procedimentos
Categoria 3 –Atuação do enfermeiro
U 17: “...Eles falam, mas há muito tempo não nos disseram nada...”
U 13: “...Poucos ensinos eles fazem, os médicos são quem mais fazem os ensino...”
U 24: “... não, os enfermeiros nos tratam e vamos embora. Nós é que temos de cuidados de
nós próprios...”
U 12: “...Enfermeiro geralmente não, eles medem a tensão e não nos digam o resultado, se
está alto ou baixo, o medico é quem nos explica...”
Considerações Finais
• Relativamente aos resultados que obtivemos sobre a percepção dos indivíduos com DM em relação ao pé
diabético, podemos constatar que a maioria dos entrevistados, desconheciam os termos pé diabético e
hiperglicemia e uma minoria conhece as complicações causadas pela DM.
• Constatamos que em relação ao autocuidado com os pés, a maioria soube explicar os cuidados que um
diabético deve ter com os pés, mas, no entanto, ao realizar o exame físico dos pés, encontramos resultados
que contradizem o que eles diziam, como por exemplo, alguns dos autocuidados que eles mencionaram
foram a lavagem dos pés, secar bem e retirar as unhas com muito cuidado para não criar feridas.
• No que diz respeito aos ensinos dos enfermeiros sobre os cuidados com os pés, a maioria dos
entrevistados referiram que não recebem ensinos, dando estes, maior enfase as intervenções não
associadas a melhoria do cuidado com os pés.
• Há muita falta de conhecimento em relação à condição clínica e também ao autocuidado com a doença e é
da competência dos enfermeiros atuarem de forma a promover a saúde e o bem estar dos utentes.
• Diante do exposto torna-se necessário implementar formações aos enfermeiros envolvidos no sector
primário da saúde em relação a prevenção do pé diabético.
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Obrigada pela vossa atenção!