passivo e patrimonio líquido

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Capítulo 11 1 DEFINIÇÃO E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE PASSIVO E DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO PASSIVO (EXIGIBILIDADES) Uma característica essencial de uma exigibilidade é que a empresa tem uma obrigação no momento da avaliação. Uma obrigação é o dever ou a responsabilidade de agir ou de cumprir de uma certa forma. As obrigações podem ser legalmente executáveis como uma conseqüência de um contrato restritivo (obrigatório) ou algum requisito estatutário ou legal. Esse é normalmente o caso, por exemplo, com valores a pagar correspondentes a bens e serviços recebidos. Práticas Comerciais É preciso deixar bem claro, todavia, que obrigações (passivos, exigibilidades) também surgem como conseqüência de práticas comerciais usuais, hábitos comerciais e do desejo (e necessidade) de manter boas relações comerciais e de agir de uma forma justa e eqüitativa. Presente x Futuro Nesta altura, é necessário fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um comprometimento futuro. Por exemplo, a decisão, pela empresa, de adquirir ativos no futuro não faz com que, de per si, surja uma exigibilidade agora. Uma exigibilidade usualmente somente irá surgir quando o ativo for entregue ou houver uma redução do patrimônio líquido (por despesa reconhecida ou, decisão de distribuir resultado tomada, por exemplo). 1 José Carlos Marion, Teoria da Contabilidade.

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Page 1: Passivo e patrimonio líquido

Capítulo 111

DEFINIÇÃO E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE PASSIVO E DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PASSIVO (EXIGIBILIDADES)

Uma característica essencial de uma exigibilidade é que a empresa tem uma obrigação no momento da avaliação. Uma obrigação é o dever ou a responsabilidade de agir ou de cumprir de uma certa forma.

As obrigações podem ser legalmente executáveis como uma conseqüência de um contrato restritivo (obrigatório) ou algum requisito estatutário ou legal. Esse é normalmente o caso, por exemplo, com valores a pagar correspondentes a bens e serviços recebidos.

Práticas Comerciais

É preciso deixar bem claro, todavia, que obrigações (passivos, exigibilidades) também surgem como conseqüência de práticas comerciais usuais, hábitos comerciais e do desejo (e necessidade) de manter boas relações comerciais e de agir de uma forma justa e eqüitativa.

Presente x Futuro

Nesta altura, é necessário fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um comprometimento futuro. Por exemplo, a decisão, pela empresa, de adquirir ativos no futuro não faz com que, de per si, surja uma exigibilidade agora. Uma exigibilidade usualmente somente irá surgir quando o ativo for entregue ou houver uma redução do patrimônio líquido (por despesa reconhecida ou, decisão de distribuir resultado tomada, por exemplo).

Pagamentos

A liquidação ou pagamento de uma exigibilidade usualmente envolve o fato da entidade entregar recursos que têm em seu bojo benefícios econômicos a fim de satisfazer o direito da outra contratante. A liquidação de uma dívida, obrigação ou exigibilidade pode ocorrer de diversas formas, por exemplo, por:

a) pagamento em dinheiro;b) transferência de outros ativos;c) execução de serviços;d) substituição daquela exigibilidade por outra;

1 José Carlos Marion, Teoria da Contabilidade.

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e) conversão da exigibilidade em capital ou outro item do patrimônio líquido.

Provisões

Algumas exigibilidades somente podem ser mensuradas se utilizar um grau substancial de estimativa. São as provisões.

Em alguns países tais provisões não são consideradas exigibilidades porque o conceito de exigibilidade é definido de forma muito estreita, a qual somente inclui montantes que possam ser estabelecidos sem a necessidade de fazer estimativas.

Exemplos

A definição moderna de exigibilidade entretanto tem uma maior abrangência. Assim, quando uma provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz o restante da definição, é uma exigibilidade mesmo que o valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem provisões para pagamentos a serem realizados sob garantias existentes e provisões para cobrir encargos por pensões e aposentadorias.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DO PASSIVO

O Passivo Exigível poderá ser dividido em:

a) Exigíveis Onerosos e Não Oneroso

Exigíveis Onerosos são aqueles que estão custando à empresa, mensalmente, Juros e encargos bancários: Financiamentos, Empréstimos Bancários, etc.

b) Exigíveis Fixos e Exigíveis Variáveis

Os Fixos são aqueles que não variam com o volume de vendas da empresa: Aluguéis, Imposto de Renda, etc.

c) Exigíveis de Coligadas e Exigíveis de TerceirosAs obrigações com coligadas são aquelas contraídas junto a outras empresas do grupo. São dívidas de menor responsabilidade, dando maior flexibilidade financeira e menor risco de falência.

d) Exigíveis Preferenciais e Exigíveis QuirografáriosNum caso de falência, preferenciais são as dívidas que serão liquidadas em primeiro lugar:

(1) Despesas com falência;(2) Empregados e Encargos Sociais;

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Definido de forma simples, pode ser caracterizado como a diferença entre Ativo e Exigibilidades (Passivo).

JUROS A VENCER

Page 3: Passivo e patrimonio líquido

Detalhamento

Entretanto, esta definição é por demais simplista e pode ser melhor detalhada. Numa grande empresa, por exemplo, os recursos conferidos pelos acionistas, os lucros retidos, as reservas que representam apropriações de lucros retidos e as reservas que representam ajustes de capital podem ser demonstradas separadamente; aliás, é costumeiro fazer-se isso.

Teoria do Proprietário

O Patrimônio Líquido pode ser visualizado também conforme a teoria de controle predominante. Pela Teoria do Proprietário, aplicável principalmente nas sociedades de menor vulto mas, teoricamente também aplicável em grandes empresas, desde que haja um quotista absolutamente predominante, o patrimônio líquido, como diferença entre ativo e passivo, pertence ao proprietário. Assim, a equação patrimonial é expressa por: ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

Teoria dos Fundos

Uma outra visualização do patrimônio líquido, bastante ilustrativa, é a Teoria dos Fundos. Segundo esta teoria, o Ativo é o somatório das aplicações que foi possível fazer pela utilização dos recursos provindos de terceiros e de capitais próprios. Assim, a representação da equação patrimonial, segundo esta teoria é: (APLICAÇÕES = RECURSOS ou USOS) = FONTES. Tal teoria é de particular interesse para as entidades governamentais. Mas, também é importante para entender melhor, nas entidades privadas, como foram aplicados os fundos e de onde foram obtidos (a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos é uma aplicação parcial desta teoria)

Teoria da Entidade

Já pela Teoria da Entidade, o patrimônio dos acionistas ou quotistas, pessoas físicas ou jurídicas, não se confunde com o patrimônio líquido da entidade, na continuidade. Tanto que o lucro líquido em si, apurado ao final de um exercício, não pode, sumariamente, ser distribuído todo aos acionistas, sendo necessária uma decisão de assembléia, para fazê-lo, e após as reservas legais e estatutárias terem sido acantonadas.

O Patrimônio Líquido, em si, na continuidade, pertence à entidade. O próprio acionista não pode, a qualquer momento, retirar-se da sociedade, levando sua parcela de patrimônio, havendo prazos e regras para isso acontecer. Pela Teoria da Entidade a equação patrimonial é expressa como: ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA ENTIDADE, ou, conforme alguns autores preferem, dando uma conotação mais abrangente ao termo passivo: ATIVO = PASSIVO.

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Provavelmente, embora todas as teorias tenham sua importância e aplicações parciais, a Teoria da Entidade é a que mais influencia o desenvolvimento da Contabilidade de nossos dias.

Teoria do Comando

Existem outras teorias mais modernas como a Teoria do Comando, que seria uma espécie de visualização do conjunto patrimonial de uma entidade de grandes proporções por parte de sua administração profissional. Segundo esta teoria, os administradores têm possibilidade de comando somente sobre aquela parcela do patrimônio que pode ser movimentada através de uma simples orientação da administração profissional, sem precisar de autorização expressa dos acionistas, ou do conselho de administração.

Composição do PL

De maneira geral, na apresentação em balanço, o Patrimônio Líquido é constituído basicamente pelos seguintes grupos principais:

Capital Contribuído Pelos Sócios (Efetivamente Integralizado) Reservas de Lucros Reservas Especiais de Capital Lucros (Prejuízos) Acumulados

O Patrimônio Líquido, em essência, sob qualquer ângulo que seja analisado, é o resultado final de todo o esforço feito pela entidade para alocar seus ativos (e passivos) da forma mais eficiente e lucrativa possível.

Manutenção do PL

Toda administração deseja, ao final de um período contábil, ter, pelo menos, preservado a integridade do poder aquisitivo do patrimônio líquido com que iniciou o período. Esta, entretanto, é uma hipótese mínima de trabalho, somente admissível em períodos de grandes dificuldades conjunturais. O que se deseja, na verdade, é obter um patrimônio líquido final igual ao inicial multiplicado por (1+ p) x (1 + i), onde p é a taxa de inflação e i é a taxa desejada de retorno.