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Para a minha mãe, Natella Carper (1904-2000), alma inspiradora que, depois dos 95 anos,

sofreu com a demência vascular.

E para as minhas irmãs, Joan Hickson e Judy Stevens, com quem compartilho o gene ApoE4,

que aumenta nossa suscetibilidade à doença de Alzheimer.

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NOTA

Como afirma a autora, “sob muitos aspectos, as pesquisas so-bre o Alzheimer contêm uma fascinante miscelânea de teorias duvidosas, apesar da base científica. Não há certeza sobre o que o causa ou como preveni-lo”. Por isso, embora este livro apresente medidas preventivas apoiadas em estudos sérios, não se pode interpretar as informações e os conselhos contidos aqui como a forma definitiva de prevenir a doença, mas sim como um guia que sugere medidas capazes de contribuir para evitá-la. Esta obra não pretende substituir a avaliação médica. Seu objetivo é apenas divulgar informações. Consulte um pro-fissional de saúde principalmente se notar sintomas que pos-sam levar a um diagnóstico grave ou que exijam tratamento. As pesquisas para o livro foram concluídas em 2010, então é possível que alguns dados estejam desatualizados e que se en-contrem novos estudos disponíveis. Consulte um médico em relação às informações aqui presentes e siga a orientação dele antes de tomar qualquer medida. A editora não faz promessas nem dá garantias sobre o conteúdo desta edição, tampouco se responsabiliza, direta ou indiretamente, por qualquer prejuízo resultante do uso das informações contidas nestas páginas.

A autora não é investidora, proprietária, consultora, reda-tora ou gerente de qualquer empresa de suplementos nutri-cionais, nem lucra com a promoção ou a venda de qualquer produto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO O que fazer enquanto esperamos pela cura 13

1. Beba, mas com moderação 24

2. Considere tomar ácido alfa-lipoico e ALCAR 27

3. Pergunte sobre a anestesia 30

4. Peça um exame do tornozelo 33

5. Não tenha receio de antibióticos 35

6. Coma alimentos ricos em antioxidantes 38

7. Saiba mais sobre o gene ApoE4 41

8. Beba suco de maçã 44

9. Cuidado com as gorduras ruins 46

10. Mantenha o equilíbrio 49

11. Coma frutas silvestres todo dia 52

12. Aumente seu cérebro 54

13. Controle a pressão arterial 57

14. Faça um teste rápido do seu nível de glicose no sangue 60

15. Mantenha-se fisicamente ativo 62

16. Não tenha medo da cafeína 64

17. Conte calorias 67

18. Cuidado com a doença celíaca 69

19. Tome uma xícara de chocolate 71

20. Controle o mau colesterol 74

21. Coma alimentos ricos em colina 76

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22. Use canela à vontade 79

23. Aceite um cafezinho 81

24. Aumente sua reserva cognitiva 83

25. Seja consciente 86

26. Evite o excesso de cobre e ferro no cérebro 88

27. Use curry 90

28. Experimente a dieta DASH 93

29. Vença a depressão 95

30. Previna e controle o diabetes 97

31. Obtenha o diagnóstico correto 100

32. Conheça os primeiros sinais de Alzheimer 103

33. Seja mais tranquilo e positivo 106

34. Continue estudando 109

35. Evite substâncias tóxicas em seu ambiente 111

36. Conheça os fatos sobre o estrogênio 114

37. Pratique exercícios 117

38. Seja mais extrovertido 120

39. Faça um exame de vista 122

40. Conheça os perigos das fast-foods 125

41. Sim, sim, sim – coma peixes ricos em gordura 127

42. Tome ácido fólico 130

43. Faça uma dieta de baixo índice glicêmico 133

44. Pesquise no Google 135

45. Aumente seu colesterol bom (HDL) 138

46. Evite bater a cabeça 141

47. Cuide bem do seu coração 144

48. Mantenha um nível normal de homocisteína 147

49. Evite o sedentarismo 149

50. Evite infecções 152

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51. Combata inflamações 155

52. Busque informações confiáveis 157

53. Controle o nível de insulina 159

54. Tenha um emprego estimulante 162

55. Tome todo tipo de suco 165

56. Aprenda a amar a linguagem 168

57. Evite deficiência de leptina 171

58. Não seja solitário 173

59. Valorize o casamento 175

60. Conheça os perigos da carne 177

61. Considere o uso medicinal da maconha 179

62. Pratique meditação 181

63. Siga a dieta mediterrânea 184

64. Aprenda a reconhecer problemas de memória 186

65. Mantenha-se ativo mentalmente 189

66. Tome multivitamínicos 192

67. Reforce a musculatura 195

68. Caminhe em meio à natureza 197

69. Faça algo novo 199

70. Tome mais niacina 202

71. Pense em usar um adesivo de nicotina 204

72. Cautela com anti-inflamatórios 206

73. Coma bastante nozes e amêndoas 209

74. Preocupe-se com o excesso de peso na meia-idade 212

75. Busque tratamento para a apneia obstrutiva do sono 214

76. Opte por azeite de oliva 216

77. Cuidado com a gordura ômega-6 218

78. Saiba mais sobre as placas e os novelos 220

79. Dê sentido à sua vida 223

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80. Tenha uma boa noite de sono 226

81. Nem pense em fumar 229

82. Tenha um grande círculo social 231

83. Coma espinafre 233

84. Pesquise as estatinas 235

85. Mantenha-se sempre estimulado 238

86. Combata o estresse 241

87. Previna derrames 243

88. Reduza o açúcar 245

89. Beba chá 248

90. Cuide bem dos dentes 250

91. Faça exame da tireoide 252

92. Cuidado com a perda excessiva de peso 254

93. Previna-se contra a demência vascular 257

94. Jogue videogame 259

95. Coloque vinagre em tudo 261

96. Tome vitamina B12 263

97. Tome vitamina D 265

98. Fique de olho na cintura 268

99. Caminhe sempre 271

100. Escolha vinho, de preferência tinto 274

COMO PÔR TUDO ISSO EM PRÁTICA: SEU PLANO ANTI-ALZHEIMER 276

AGRADECIMENTOS 285

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INTRODUÇÃO

O QUE FAZER ENQUANTO ESPERAMOS PELA CURA

Existe um espirituoso dito americano que afirma: “De tudo o que já perdi, o que sinto mais falta é da minha cabeça.” Por algum

motivo, essa frase sempre me incomodou, e, nos últimos tempos, me incomoda mais do que nunca. Após um exame rotineiro de colesterol há poucos anos, descobri por acidente que carrego um gene que me torna extremamente suscetível a desenvolver a doença de Alzheimer. Minhas duas irmãs mais novas também. Cerca de 25% dos norte-americanos carregam esse gene, chama-do ApoE4, e, embora não seja o único associado ao Alzheimer, é o mais dominante já descoberto.

É claro que isso não significa que eu e outras pessoas com essa marca genética estejamos condenados a desenvolver a doen-ça. Mas, ao saber que herdei esta minibomba-relógio, que, aos poucos e de maneira metódica, talvez já esteja desconstruindo minhas células cerebrais e vaporizando meu intelecto, passei a dar enorme atenção a formas de neutralizar essa ameaça ao meu cérebro em fase de envelhecimento.

Talvez já há muito tempo eu tenha pressentido que poderia ser um alvo. Durante os quase quarenta anos em que me especiali-zei em escrever sobre nutrição e saúde – principalmente sobre as

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mazelas do envelhecimento –, venho acompanhando de perto as pesquisas sobre o Alzheimer e a perda de memória relacionada à idade – desde os estudos cada vez mais animadores sobre causas biomecânicas básicas até o aumento recente de pesquisas sobre como deter o avanço ou mesmo reverter a patologia e os sinto-mas da perda de memória.

Como jornalista sênior da editoria de medicina no canal CNN, nos anos 1980 produzi um documentário sobre a busca dos cien-tistas pela cura da doença de Alzheimer. Para mim, o momen-to mais marcante se deu quando o renomado pesquisador Peter Davis, da Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, Nova York, abriu um freezer e pegou um cérebro afeta-do pelo Alzheimer. Naquele corte, obtido durante uma autópsia, havia buracos enormes – ventrículos alargados e corroídos pela doença. “É como um queijo suíço”, comentou ele ao pôr o órgão congelado em minhas mãos. A imagem do cérebro destruído pela doença ficou gravada em minha mente. Muitas vezes, eu me via pensando em como devia funcionar a arquitetura biológica do Alzheimer, ao criar aquele vazio que roubava de determinado cérebro sua função e sua humanidade; e também imaginava se um dia a ciência seria capaz de interromper ou prevenir a devas-tação que talvez esteja acontecendo em mim mesma.

Felizmente, muitos pesquisadores nos maiores centros médicos do mundo estão fazendo essas mesmas perguntas e empregando suas mentes criativas na tentativa de solucionar o quebra-cabeças da doença de Alzheimer. Nos últimos 25 anos, eles aprenderam muito sobre sua patologia – e desenvolveram diversas teorias so-bre o que faz os neurônios adoecerem, funcionarem mal e mor-rerem; por que o cérebro se reduz de forma anormal; e por que o aprendizado e a memória desaparecem. Claro que a tentativa de compreender a doença é um prelúdio para o antídoto ou a cura – possivelmente uma vacina ou poções farmacêuticas que, um

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dia, serão capazes de deter os danos a um cérebro danificado, ou talvez até restaurar sua saúde.

Muitos especialistas com quem converso acreditam que um dia vencerão o Alzheimer, que hoje aflige 35 milhões de pessoas no mundo e ameaça se tornar um tsunami global de 115 milhões de afetados até 2050, à medida que a expectativa de vida aumenta e nos deixa uma população cada vez mais idosa.

Mesmo assim, os investigadores do Alzheimer também abor-dam o dilema do que fazer enquanto não se descobre a cura. Muitos estão voltando o foco para a necessidade fundamental da prevenção – a ideia de que devemos tentar bloquear o avanço das terríveis consequências da doença antes que ela afete nosso cére-bro de forma irrecuperável. “É bem mais fácil salvar um neurônio doente do que um neurônio morto”, constata o Dr. David Bennet, pesquisador de destaque na área neurológica que atua no Hos-pital da Universidade Rush, Chicago. Ele e outros líderes nesse campo de estudos têm buscado exaustivamente novas maneiras de identificar, prevenir e adiar o aparecimento de mudanças e sintomas da neurodegeneração associada à idade, antes que se tornem irreversíveis.

Também expressaram essa visão num recente editorial do Journal of the American Medical Association os médicos Eric B. Larson e Thomas J. Montine, principais investigadores da doen-ça de Alzheimer no Instituto de Pesquisas Group Health e na Universidade de Washington, ambos em Seattle. Com o aumen-to dramático na expectativa de vida da população mundial, eles escrevem: “É difícil expressar como é urgente encontrar soluções para prevenir, retardar, desacelerar e tratar a doença de Alzhei-mer e as demências relacionadas à idade.”

Talvez você se surpreenda ao descobrir que hoje muitos pes-quisadores veem o Alzheimer e outras formas de demência como doenças de “estilo de vida”, assim como de herança genética. Isso

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pode acalmar um pouco o nosso medo e a sensação de desespe-rança em torno da doença. Estudos mostram que americanos acima de 55 anos, entre os quais me incluo, têm mais medo do Alzheimer do que de qualquer outra doença, até câncer, acidente vascular cerebral (AVC) e problemas cardíacos. Ao mesmo tempo, a maioria de nós adota a visão de que somos totalmente impo-tentes para nos proteger contra uma doença que aparenta ser tão misteriosa e cruel que não nos permite qualquer possibilidade de evitá-la. É compreensível, mas hoje as autoridades dizem que, em grande parte, isso é um mito.

Cada vez mais os pesquisadores constatam que, em termos de estilo de vida do paciente, a doença de Alzheimer tem algu-mas das mesmas origens de cardiopatias e do diabetes, como a obesidade, o excesso de colesterol ruim (LDL), a hipertensão arterial (pressão alta) e o sedentarismo –, embora, claro, as per-das sejam muito maiores quando o alvo da doença é o cérebro. Nada supera a ameaça de perder a identidade: o intelecto, a per-sonalidade ou as razões para permanecer vivo. Reconhecendo isso, muitos pesquisadores buscam com afinco desenvolver es-tratégias de prevenção e tratamento para os estágios iniciais da doença de Alzheimer.

AFINAL, O QUE É O ALZHEIMER?

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demên-cia (palavra que vem do latim e significa “privado da mente”), e consiste em 60% a 80% dos casos. Na definição estritamente científica, trata-se da deterioração e atrofia lenta e progressiva do cérebro, caracterizada por dois tipos de dano neuronal: aglome-rados e placas de uma gosma pegajosa, um peptídeo chamado beta-amiloide; e novelos (ou emaranhados) neurofibrilares gera-dos pelo mau funcionamento da proteína tau, que passa a emitir

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uma neurotoxina. É com certeza uma doença do envelhecimen-to; a idade é o maior fator de risco. É raro que os sintomas apa-reçam antes dos 65 anos. Nos Estados Unidos, cerca de metade das pessoas acima de 85 anos tem a doença, de acordo com a Associação de Alzheimer. No entanto, isso não significa que esse quadro faça parte do “envelhecimento normal”. É uma doença crônica, e a perda de memória em níveis anormais é um alerta para esse diagnóstico.

Era comum que os pesquisadores definissem o Alzheimer como um só tipo de demência, mas na verdade a situação é bem mais complexa, afirma o Dr. Eric Larson. Na maioria das vezes, há uma combinação de demência de Alzheimer, demência vascu-lar – doença dos vasos sanguíneos do cérebro – e algo chamado demência do corpúsculo de Lewy, caracterizada por depósitos de proteína também encontrados na doença de Parkinson. Os sin-tomas gerais dessas demências são parecidos: deficiências cog-nitivas severas (principalmente na memória) e, muitas vezes, comprometimento de atividades motoras, impedindo o compor-tamento e as funções executivas normais.

Nossa vulnerabilidade ao Alzheimer e a outras demências é influenciada pelos genes. Mas estes não são o fator decisivo fi-nal. Os genes podem ganhar ou perder importância, ou mesmo ser anulados, por seu estilo de vida e meio ambiente. Também é importante distinguir entre o Alzheimer de início precoce, antes dos 60 anos, e o de início tardio, após os 60. A forma precoce se dá por mutações genéticas e tem forte caráter hereditário, mas é rara, consistindo em apenas 5% dos casos. Para a maioria, a gran-de ameaça é o Alzheimer de início tardio, que pode ser influen-ciado pelos chamados genes da suscetibilidade, como o ApoE4. Isso significa que quem carrega esses genes tem mais predispo-sição, mas não está predestinado a desenvolver Alzheimer. Além disso, talvez seja possível restringir a expressão desses genes logo

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no início do processo da doença, essencialmente “curando” o Alzheimer antes que se torne irreversível.

O mais importante é que os pesquisadores deixaram de en-carar o Alzheimer como uma catástrofe repentina do envelhe-cimento; agora veem a doença como um processo contínuo que dura décadas e pode ser influenciado por fatores como nutrição, infecções, nível educacional, diabetes e atividade física e mental – tanto na meia-idade quanto depois. Em geral, essas influên-cias causam um impacto no cérebro ao longo da vida, até que a pessoa chegue aos 60, 70 e 80 anos. Assim como outras doenças crônicas, o Alzheimer leva tempo para se desenvolver.

Até que a patologia apresente seus sintomas à vista de todos, podem-se passar de vinte a trinta anos de neurodegeneração, sem que ninguém perceba. O funcionamento do cérebro piora à medida que os neurônios encolhem e morrem, principalmente nas regiões do cérebro ligadas a atividades cognitivas, como o córtex frontal e o hipocampo, principais vítimas do Alzheimer.

Em novas e surpreendentes descobertas, possíveis graças às técnicas de mapeamento cerebral e de análise do líquido cefa-lorraquidiano, cientistas agora podem detectar as origens das mudanças danosas no cérebro, que só produzirão sintomas anos depois. Usando tomografias sofisticadas, o renomado médico e pesquisador John Morris, diretor do Centro de Pesquisas da Doença de Alzheimer da Universidade Washington, em Saint Louis, encontrou depósitos tóxicos de beta-amiloide, uma das marcas principais do Alzheimer, no cérebro de grande parte de idosos que ainda não apresentavam qualquer dificuldade mental.

Seu trabalho pioneiro documenta que muito antes de os sin-tomas surgirem, há um prelúdio prolongado de normalidade dis-farçada (com sementes de destruição que aparecem nas imagens do cérebro), frequentemente seguido por cerca de uma década de declínio gradual, na qual há um comprometimento cognitivo leve

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– para ser mais preciso, o estágio inicial do Alzheimer. É durante esse longo período de mudanças pré-sintomáticas e déficit leve que o Dr. Morris e outros médicos esperam identificar os indi-víduos mais vulneráveis e intervir de forma a deter a progressão da doença por muitos anos ou preveni-la por completo – o que essencialmente significa adiar os sintomas sérios de Alzheimer até a pessoa morrer por outras causas.

Como explica a geriatra Laurel Coleman, do conselho da Asso-ciação Americana de Alzheimer: “Digamos que, pela progressão natural, você teria o Alzheimer aos 82 anos; talvez seja possível adiar isso até você chegar aos 92.” Pesquisadora de destaque na área, Suzanne Tyas, da Universidade de Waterloo, em Ontário, Canadá, sugere que talvez seja possível interromper o avanço dos sintomas de Alzheimer por tanto tempo que “só apareceriam numa idade em que a maioria das pessoas nem está mais viva”.

A possibilidade de intervir e parar o relógio do Alzheimer tem implicações fascinantes. “Estima-se que, se adiarmos o início da doença em apenas cinco anos, o número de novos casos cairia pela metade”, afirma uma das principais pesquisadoras do cam-po, Suzanne Craft, da Universidade de Washington.

VOCÊ PODE SALVAR SEU CÉREBRO

Por mais trágico e devastador que seja o Alzheimer, há um otimismo crescente quanto à possibilidade de minimizar os ris-cos e talvez nos salvarmos deste mal. Um novo slogan, em total sintonia com o pensamento científico atual, vem aparecendo na internet: “Nós encontramos uma cura para o Alzheimer – a pre-venção.” Os principais pesquisadores da doença estão nos dizen-do que o Alzheimer não é inteiramente um capricho do acaso, má sorte, destino ou consequência inevitável do envelhecimento.

Sim, é possível que enfrentemos uma epidemia à medida que

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a geração do pós-guerra envelhece, e também é possível que, no futuro, se encontre uma cura parcial ou completa. Mas o fato é que, embora esteja em parte à mercê dos genes, nossa suscetibi-lidade ao Alzheimer, assim como a doenças cardíacas, câncer e diabetes, também pode ser influenciada por fatores sob o nosso controle. E o longo período pré-sintomático da doença também nós dá anos de oportunidades para fazer a diferença no prognósti-co. É especialmente notável como o estado de saúde na meia-ida-de – dos 40 aos 59 anos – parece influenciar a futura condição do cérebro depois dos 70.

Além disso, a ciência claramente sugere que decisões diárias, até as menores, podem ajudar a manter seu cérebro funcionando bem até depois dos 90 anos, ou para o resto da vida. Os maiores cientistas da área já documentaram o nosso surpreendente po-der sobre o destino do cérebro. Você pode reduzir suas chances de sofrer de Alzheimer, ou adiar o início da doença por tanto tempo que talvez ela não se manifeste antes de sua morte já em idade avançada. Para isso, basta, por exemplo, comer alimentos saudáveis, ter um grande círculo de amizades, fazer exercícios adequados, tomar as vitaminas necessárias e controlar o nível de açúcar no sangue, combater a depressão e o estresse.

Um estudo extraordinário da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de Washington descobriu que uma dieta com alto teor de açúcar e gordura saturada provoca aumento dos níveis de be-ta-amiloide, a proteína tóxica responsável por espalhar a devas-tação do Alzheimer. Por outro lado, certos alimentos parecem diminuir a ameaça da amiloide aos neurônios. Após experiências surpreendentes, Carl Cotman, reconhecido pesquisador do cére-bro na Universidade da Califórnia, em Irvine, concluiu que exer-cícios físicos eram mais eficazes que qualquer medicamento para proteger o cérebro dos danos que levam ao Alzheimer e a outras formas de perda de memória.

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São fascinantes as evidências de que mesmo uma patologia severa não é um destino inevitável. Alguns cérebros de idosos funcionam bem até quando afetados pelas danosas placas e pe-los emaranhados consistentes com o diagnóstico de Alzheimer. A explicação para isso, alguns cientistas sugerem, é que o esti-lo de vida influi: alta escolaridade, grande círculo de amizades e atividades intelectuais constantes podem estimular as reservas cognitivas do cérebro de forma a superar os danos físicos. Assim, o cérebro acaba funcionando normalmente até bem depois do tempo em que já poderia estar bastante comprometido. Isso nos leva a entender que ninguém pode prever os milagres de que o cérebro humano é capaz quando incentivado, estimulado e bem cuidado.

O neuropsicólogo Robert Wilson, da Universidade Rush, dá a explicação perfeita: “Agora compreendemos que a atividade ce-rebral depende não apenas dos genes, mas também de como a pessoa leva a vida. [...] Boa parte dessa doença que chamamos de Alzheimer vai além das placas e dos emaranhados.”

Claramente, a saúde do seu cérebro, assim como a do seu cora-ção, é uma escolha muito mais pessoal do que você pensa. Todos podemos fazer algo para ajudar nosso cérebro a superar os peri-gos da idade avançada.

POR QUE ESTE LIVRO?

Nos últimos anos, tenho visto uma montanha crescente de pesquisas sobre o que se pode fazer para deter e postergar o Alzheimer. Essa área de estudos sempre despertou meu interesse, por causa da aleatoriedade genética que triplicou meu risco de desenvolver essa doença algum dia. Sempre achei que, quando conseguisse coletar 100 possibilidades com base científica para viver mais tempo evitando o Alzheimer e o declínio da memó-

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ria pelo envelhecimento, eu as colocaria num livro para ajudar a responder a seguinte questão: o que podemos fazer enquanto aguardamos uma possível cura?

Por fim consegui listar 100 ações simples para tornar seu cére-bro mais resistente ao envelhecimento e capaz de funcionar bem durante toda uma longa vida. Tenho consciência de que talvez você não queira seguir todos os conselhos de uma vez, ou que nunca tente alguns deles. Pense neste livro como uma grande mesa de bufê. Você pode tentar experimentar um pouco de cada coisa, ou não. Sugiro que tente tudo o que lhe pareça mais inte-ressante ou estimulante. Algumas coisas vão funcionar melhor para algumas pessoas do que para outras, dependendo de dife-renças genéticas ou de preferências individuais. Nesse estágio das pesquisas é impossível dizer quais estratégias são mais eficazes para cada um, embora tenhamos consciência de que qualquer tipo de estímulo mental, exercício físico regular, relacionamentos sociais e uma dieta rica em antioxidantes sempre ajudam.

Como todos sabem, a ciência é cheia de surpresas. Durante anos, a medicina tradicional acreditou que as úlceras gastrointes-tinais fossem causadas por dieta e estresse. Um médico austra-liano levou uma década até provar aos céticos do establishment que as úlceras são causadas principalmente pela bactéria Heli-cobacter pylori, e, portanto, tratáveis com antibióticos. Por isso incluí algumas teses científicas alternativas. Sob muitos aspectos, as pesquisas sobre Alzheimer contêm uma fascinante miscelânea de teorias incertas, apesar de seu núcleo firme de crença científi-ca. Não há certeza total sobre o que o causa ou como preveni-lo.

No entanto, o conteúdo deste livro inclui medidas preventivas baseadas apenas em pesquisas de investigadores credenciados, a maioria deles afiliada a instituições científicas de ponta na área das neurociências. Ideias pouco ortodoxas não serão menciona-das, a não ser que venham de fontes cientificamente válidas.

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Se eu pratico religiosamente as sugestões que faço neste livro? Sim, a maioria, sobretudo na área de nutrição e dieta. Há pouco tempo, voltei a jogar tênis, depois de uma década sem praticar. Passei a fazer ioga e hidroginástica. Mas ainda não comecei a fil-trar a água que bebo, nem faço palavras cruzadas (nunca fui boa nisso). Espero que escrever este livro tenha sido uma boa infu-são de atividade mental, embora por outro lado eu tenha perdido algumas noites de sono – o que não é bom para o cérebro. Não tenho problema algum em ser sociável – isto faz bem ao cére-bro –, mesmo que a vida de escritora exija passar muitas horas sozinha e de forma sedentária. Não faço muitas caminhadas ao ar livre, passo tempo demais em cinemas e, embora eu goste de pensar que filmes são mentalmente estimulantes, não tenho pro-vas científicas disso. Para mim, o mais importante de tudo é que meu cérebro de 78 anos parece estar funcionando bem, apesar da propensão genética. E quero mantê-lo assim, em forma. Mas tenho consciência de que, tal como a ciência, a vida esconde al-gumas surpresas. Não sei se o Alzheimer está me esperando no futuro, mas tenho feito o possível para ter uma vida longa e livre da doença, e convido você a fazer o mesmo.

Para uma lista das principais referências científicas deste livro e novidades sobre como prevenir a doença de Alzheimer,

visite o site www.jeancarper.com.

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1BEBA, MAS COM MODERAÇÃO

O álcool pode estimular ou destruir neurônios

Seu cérebro pode gostar de um pouco de álcool, mas não de muito. Diversos estudos mostram que pessoas que bebem

com moderação têm menos chances de desenvolver Alzheimer. Uma pesquisa recente no Hospital Batista da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, descobriu que idosos que bebem de oito a 14 doses de bebida alcoólica por semana – uma ou duas por dia – tinham um risco de demência 37% menor do que os abstêmios. A má notícia: entrar na categoria dos que “bebem de-mais” – acima de 14 doses por semana – dobra as chances de desenvolver demência, em comparação aos abstêmios.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriram que o excesso de bebida adianta em dois ou três anos o início do Alzheimer. Para quem bebe muito e ainda por cima carrega o gene ApoE4, o Alzheimer pode aparecer de quatro a seis anos antes. E, no amplo Estudo do Coração de Framingham, Massachusetts, uma pesquisa de saúde cardíaca que se estende há décadas, beber demais (acima de 14 doses de bebida alcoóli-ca por semana) causa o encolhimento das regiões cerebrais que controlam a memória.

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Um artigo recente de médicos ingleses para o British Journal of Psychiatry alertou que o excesso de bebida durante a velhice está criando uma “epidemia silenciosa” de demência causada pelo álcool, responsável por aproximadamente 10% dos casos da doença.

Até adultos que em geral bebem pouco ou com moderação, mas às vezes exageram na dose, têm mais chances de desenvolver demência. Um estudo finlandês revelou que adultos na meia-idade que bebem demais pelo menos uma vez por mês (por exemplo, mais de cinco garrafas de cerveja ou uma garrafa de vinho numa só noite) tinham o triplo de chances de desenvolver demência, in-cluindo Alzheimer, 25 anos depois. Quem desmaia de tanto beber ao menos duas vezes ao ano aumenta em dez vezes as chances de ter Alzheimer.

Por outro lado, apenas um coquetel ou um copo de vinho por dia pode contribuir para adiar a demência. Estudos apontam que o álcool funciona como anti-inflamatório (e o Alzheimer é pro-vocado por uma forma de inflamação) e eleva o bom colesterol, o HDL, que ajuda a prevenir a demência. Os antioxidantes do vinho tinto ajudam na proteção contra a demência. Esses antio-xidantes, incluindo o resveratrol, agem como anticoagulantes e vasodilatadores, facilitando o fluxo sanguíneo, o que encoraja o funcionamento cognitivo. Isso faz com que os pesquisadores se-jam mais favoráveis ao consumo de vinho tinto do que ao branco, que, em comparação, tem bem menos antioxidantes. (Veja o ca-pítulo 100 – “Escolha vinho, de preferência tinto”.)

O que fazer? Entenda que, em pequenas doses durante a vida de um adulto, o álcool parece proteger o cérebro, mas, em altas do-ses – mesmo que não sejam frequentes –, pode matar ou desati-var neurônios, tornando a pessoa mais vulnerável a disfunções cognitivas e, décadas depois, ao Alzheimer. O impacto tóxico é

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de longa duração. Se você bebe, faça-o de forma leve ou mode-rada, aos poucos e, de preferência, coma algo junto. Isso significa no máximo um drinque por dia para as mulheres e dois para os homens. Um drinque equivale a uma lata de 350ml de cerveja, uma dose de licor ou uma taça de 140ml de vinho.

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2CONSIDERE TOMAR

ÁCIDO ALFA-LIPOICO E ALCAR

Estes dois suplementos atuam juntos para rejuvenescer seu cérebro

Se você pudesse tomar um antioxidante para garantir um bom funcionamento cognitivo na velhice, qual seria? Para pesqui-

sadores de ponta do Instituto Linus Pauling, na Universidade do Estado do Oregon, a resposta parece clara: o ácido alfa-lipoico, também chamado de ácido lipoico, é o antioxidante rejuvenes-cedor de cérebros mais potente já testado em animais de idade avançada, segundo Tory Hagen, cientista do instituto, acrescen-tando ainda que o suplemento age com mais força combinado com a acetil-L-carnitina (ALCAR).

Juntamente com o professor de bioquímica Bruce Ames, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Hagen é pioneiro no estudo do ácido lipoico e da ALCAR. Ames descobriu a ALCAR nos anos 1990 sendo vendida como um “medicamento inteligen-te” na Itália. Numa pesquisa revolucionária, ele e Hagen demons-traram que, depois de tomar ALCAR e ácido lipoico durante algumas semanas, ratos velhos e cansados se tornaram tão ativos física e mentalmente quanto ratos com metade da idade. “É como se um senhor de 75 anos tivesse a energia de um homem de 45”, compara Ames.

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Ele explica que as células do cérebro precisam de ALCAR como combustível para manter seus pequeninos geradores de energia, as mitocôndrias, funcionando bem. Quando envelhe-cemos, sintetizamos 50% menos ALCAR. Com a falta de com-bustível, nossas fábricas de energia celular começam a funcionar mal e deixam os neurônios engasgando e se comunicando de forma desorganizada. Segundo pesquisas recentes, a disfunção mitocondrial nas sinapses cerebrais é uma das primeiras pistas bioquímicas de que o Alzheimer iniciou sua marcha. Aumentar os níveis de ALCAR nas células do cérebro ajuda a reviver o fun-cionamento mitocondrial, o que gera um aumento na energia fí-sica e mental da pessoa, afirma Ames. Em testes de laboratório, a ALCAR também foi capaz de bloquear a formação de novelos da proteína tau em tubos de ensaio.

A missão crítica do ácido alfa-lipoico nas células do cérebro é montar guarda para proteger as usinas de energia mitocondriais dos prejuízos causados por ataques de radicais livres. O ácido lipoico é uma das poucas moléculas antioxidantes conhecidas capazes de penetrar a barreira hematoencefálica e lutar contra essa destruição. Sem a proteção antioxidante do ácido lipoico, as fábricas de mitocôndrias tendem a entrar em colapso e fechar, deixando seu cérebro num estado semelhante ao daquela luz fra-ca ou oscilante de um pré-apagão.

Hagen descobriu que o ácido lipoico parece prevenir e reverter danos ao cérebro também de outra forma. Ele faz uma “quela-ção”, ou eliminação dos depósitos de ferro no cérebro. Quando a pessoa envelhece, o ferro se acumula nos neurônios e acelera os “danos oxidativos” que contribuem para o declínio cognitivo e a demência. Depois que Hagen alimentou ratos de idade avança-da com altas doses de ácido lipoico por apenas duas semanas, o ferro no cérebro desses animais sofreu redução drástica, a níveis normalmente vistos em ratos bem mais jovens.

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Já se comprovou que, nos humanos, o ácido alfa-lipoico baixa a pressão, bem como os níveis de glicose e triglicerídeos no san-gue, reverte a resistência à insulina e previne a neuropatia diabé-tica. Alguns médicos recomendam 600mg de ácido lipoico por dia para diabéticos, como forma de prevenir complicações.

O que fazer? Considere tomar um ou ambos os suplementos para estimular o funcionamento das células do cérebro. Há formula-ções com os dois juntos ou separados, e você pode encontrá-los em lojas de produtos naturais, farmácias, ou on-line. Se comprar a ALCAR separadamente, veja se o rótulo diz acetil-L-carnitina, e não apenas L-carnitina.

Tanto o ácido alfa-lipoico quanto a acetil-L-carnitina são con-siderados seguros nas doses diárias recomendadas de 200mg e 500mg por dia, respectivamente, embora doses mais baixas tam-bém façam efeito. Caso queira aumentar a dose para tratar algum problema de saúde, como o diabetes, procure a orientação e su-pervisão de um médico.

Em lojas on-line de suplementos é possível encontrar cápsulas que combinam 200mg de ácido alfa-lipoico a 500mg de acetil-L-carnitina, as doses recomendadas por Ames.

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3PERGUNTE SOBRE A ANESTESIA

A anestesia pode causar Alzheimer?

É normal se sentir confuso após uma cirurgia. Geralmente, o efeito da anestesia passa logo, embora em alguns casos as

sequelas persistam por dias ou semanas. Mas há ocasiões em que, seis meses após operar o quadril de uma paciente de 65 anos, os médicos a veem apresentar um quadro de perda de memória que tempos depois acaba sendo diagnosticado como doença de Alzheimer. Coincidência? Ou será que a anestesia pode causar um dano permanente, acelerando o início da doen-ça, especialmente nas pessoas com predisposição genética para desenvolvê-la ou nas que já sofrem uma perda cognitiva leve que antecede a demência?

Essa possibilidade preocupa alguns especialistas. O Dr. Roderic G. Eckenhoff, professor de anestesiologia na Faculdade de Me-dicina da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, comenta: “Aplicamos anestesias em milhões de pacientes todos os anos e, despreocupados, ignoramos que elas possam ter efeitos a longo prazo.” Ele acrescenta que, ao receber uma anestesia inalada co-mum, animais de laboratório apresentaram aumento na taxa de morte de células do cérebro, maior acúmulo das proteínas tóxicas

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beta-amiloide e tau, além de distúrbio cognitivo de longa duração, incluindo perda de memória. Eckenhoff teme que esses anestési-cos possam acelerar o início da demência e do Alzheimer, espe-cialmente nos cérebros mais vulneráveis de pacientes idosos.

Essa é a mesma preocupação de Rudolph Tanzi, renomado pes-quisador de genética no Hospital Geral de Massachusetts, Bos-ton. Assim como Eckenhoff, Tanzi investiga principalmente as sequelas causadas pelo isoflurano, substância amplamente usada como medicamento de anestesia geral. Estudos dos investigado-res mostram que o isoflurano torna a atividade da beta-amiloide em culturas de células mais tóxica e letal. A teoria deles: se o cé-rebro de um idoso tem depósitos de amiloide – como acontece com a maioria da população –, expô-lo ao isoflurano aumenta os acúmulos e possivelmente apressa a chegada do Alzheimer. Pes-quisas também sugerem que portadores do gene ApoE4 podem ser mais suscetíveis à sequela do isoflurano.

Tanzi acredita que, se possível, o melhor é evitar o isoflurano. Quando sua mãe foi submetida a uma cirurgia, ele pediu ao mé-dico anestesista que substituísse o medicamento pelo desflurano, outro anestésico por inalação. Em declaração à Forbes, Tanzi ex-plicou: “Ainda não temos dados suficientes para banir o isoflu-rano, mas estou convencido o bastante para não deixar minha mãe ser exposta a essa substância, e aconselharia meus familiares e amigos a manter distância. Ainda existe muita especulação, e precisamos de bem mais estudos, mas nesse momento eu acho que não vale a pena arriscar.”

Em contraponto, um estudo recente da Universidade Washin-gton, em Saint Louis, não encontrou evidências de problemas cognitivos permanentes num extenso grupo de pacientes cirúr-gicos, sugerindo que a anestesia talvez não seja danosa ao cére-bro; mas alguns especialistas ainda acham que é necessário haver mais pesquisas. De acordo com outro estudo, da Universidade

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de Washington, em Seattle, idosos que passaram algum tempo hospitalizados têm mais chances de desenvolver demência.

O que fazer? Atualmente, sem consenso entre os especialistas, não está claro até que ponto pacientes que recebem anestesia precisam se preocupar. Ao que parece, problemas cognitivos e perda de memória irreversível após cirurgias afetam principal-mente idosos já suscetíveis ao Alzheimer. Alguns pesquisadores aconselham os pacientes a discutir essa preocupação com seus anestesistas. De qualquer forma, é bom saber dessa possibilida-de e continuar acompanhando os resultados de futuras pesquisas na área.

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