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    [_ISBN 85 08 02816 ;

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    m

    tHTl

    século e mc1o, ou sqa do ltlÍCIO do

    ulo XV

    ilté

    meados do século XVI,

    c: 1pós

    él

    sepmc:Kélo

    do CJalego, a lír1gué1

    p o r t l i ~ u e s é l

    se

    af1rrna corno representéltlva de nova

    rlaCIOilé:-llldélde

    E um período de trilrlslc, lo,

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    Direção

    Benjamin Abdala Junior

    Sarnira Youssef Campedelli

    Preparação de texto

    lldete Oliveira Pinto

    Projeto gráfico/miolo

    Antônio do Amarai Rocha

    Coordenação de composição

    Produção/Paginação em vídeo)

    Neide Hiromi Toyota

    Capa

    Ary Normanha

    Antonio Ubirajara Domiencio

    E{::F:i I;:·J> . I·· ../2.: ' . : } . ~ ~ . i

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    ISBN

    85 8

    02816 4

    1988

    Todos os direitos reservados

    '•

    Editora Ática S.A. - Rua Barão de lguape, 110

    Tel.: PABX) 278-9322 - Caixa Postal 8656

    End. Telegráfico

    Bomlivro

    - São Paulo

    Sumário

    Nota prévia

    I - Notações histórico-teóricas

    1

    A língua literária

    no

    século XV

    Fatores educativos e culturais

    Importância

    da

    Gramática

    2. O léxico

    A prosa

    Pragmática e preceptiva, 14; Retórica, 15; Narrativa, 17;

    Vocabulário básico, 23; Arcaísmos, 26; Neologismos, 27.

    A poesia

    Vocabulário básico, 30; Arcaísmos, 31; Neologismos, 31.

    3

    Fonética e ortografia

    Morfofonética

    4. Morfologia

    Substantivos

    Adjetivos

    Gradação, 44.

    Pronomes

    Artigos

    Verbos

    5

    7

    8

    9

    10

    12

    14

    29

    33

    41

    42

    42

    43

    44

    47

    47

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    Numerais 51

    Palavras invariáveis 51

    Advérbios,

    51;

    Conjunções, 53; Preposições, 53; Interjei

    ções, 54

    5. Sintaxe e recursos estilísticos

    56

    Pronomes 56

    Partitivo 7

    Distributivos 58

    Verbos 59

    Regência verbal, 62; Verbos pronominais, 69; Perífrases,

    70;

    Expressões de tempo,

    71

    Conjunções -

    A f r se

    Períodos

    Recursos estilísticos

    Colocação

    Verbos, 81; Sujeito,

    82;

    Pronomes átonos,

    82;

    Adjetivos qualificativos, 84

    6.

    Considerações finais

    Textos anotados

    72

    76

    77

    79

    81

    86

    89

    1. Leal conselheiro, de D. Duarte 90

    Notas 91

    2. Crônica de D. João I, de Fernão Lopes 95

    Notas 96

    3. Crônica da tomada de Ceuta, de Gomes E. de Zurara _ 100

    Notas

    101

    4. Menina e moça, de Bernardim Ribeiro

    104

    Notas

    105

    5.

    Écloga

    Basto,

    de Sá de Miranda

    109

    111

    otas

    6. Romagem de agravados

    e

    uto pastoril português,

    de Gil

    Vicente 114

    Notas 115

    120

    ocabulário crítico

    Bibliografia comentada

    122

    l

    J

    Nota prévia

    Este livro integra um conjunto de seis volumes, organizados pelo

    Prof. Dr. Segismundo Spina, da Universidade de São Paulo, com o

    título

    História da Língua Portuguesa,

    dentro da

    Série Fundamentos.

    Foram efetuados, nesse sentido, os seguintes recortes:

    I - Século XIII e século XIV

    Fundamentos

    n. 21 por Oswaldo

    Ceschin);

    II - Século XV e meados do século XVI Fundamentos n. 22, por

    Dulce de Faria Paiva);

    III - Segunda metade do século XVI e século XVII

    Fundamentos

    n. 23, por Segismundo Spina);

    V

    Século XVIII

    Fundamentos

    n.

    24

    por Rolando Morei Pinto);

    V - Século XIX

    Fundamentos

    n. 25, por Nilce Sant Anna Mar

    tins) e

    VI

    Século

    XX Fundamentos n. 26 por Edith Pimentel Pinto).

    Embora cada volume guarde certa independência,

    eles

    não dei

    xam de respeitar entre

    si

    padrões de uniformidade (internos e exter

    nos) para uma visão sintética e objetiva da história de nossa língua,

    desde suas origens portuguesas até às formas da apropriação brasi

    leira. Permanece um mesmo sistema lingüístico, conforme poderá ser

    verificado nos estudos teóricos que precedem

    as

    análises de text?s re

    presentativos dos períodos que marcaram nossa língua literána.

    Os editores

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    64 SINTAXE E RECURSOS ESTILÍSTICOS

    VERBOS 65

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    ousar:

    ...

    nom ousavom sahir polias portas

    ..

    Fernão Lopes, Crónica

    de

    D. João I p. 55)

    outorgar:

    ... os senhores dam dão) e

    autorgam graadas

    generosas) ..

    mercees

    mercês, favores) .. I)

    temer:

    ... temendosse

    temendo)

    cayr

    por ello por isto)

    em

    pecado ..

    D. Duarte, Leal conselheiro, p. 122)

    usar:

    ...

    ss

    no tempo da

    paz

    nom

    h usarmos as armas

    quando vehesse vies·

    se a guerra nom as poderiamos soportar.

    Fernão Lopes,

    Crónica de D.

    João I p. 50)

    Do grande grupo citado, alguns verbos admitiam também apre

    posição

    começar, consentir, prazer, propor- e outros, apre-

    posição em -duvidar fiar, cuidar. Exs.:

    C :

    começar:

    ... e

    começaram de sobir

    acima ..

    Fernão Lopes)

    ... começavam

    começavam)

    sahir

    do arravallde arredores) ..

    Fernão Lopes,

    Crónica de D.

    João I p.

    99)

    Donde vos começarei I magoas minhas a contar?

    Bernardim Ribeiro, Obras completas, v. 11, p. 95)

    consentir:

    ... conssentir ser theudo ser tido)

    em

    conta ..

    D.

    Duarte,

    Leal conselheiro,

    p.

    46)

    Que

    eu

    vos não

    consentira I entrar em

    tanta privança intimidade)

    Gil Vicente,

    Obras completas,

    v. V, p. 101)

    ... nem consentisse a algum seu nelles creer. .

    Rui de Pina,

    Crónica de El-Rei D.

    João

    II,

    p.

    151)

    I)

    PEDRO

    D.

    -

    Virtuosa bemjeitoria.

    Intr. e notas de Joaquim Costa.

    3.

    ed. Por

    to, Empresa Industrial Gráfica, 1946, p. 25.

    Em Zurara, o verbo pode vir acompanhado de

    em:

    . . querer

    consentir no rrequerimento

    pedido)

    de

    seus filhos ..

    Crónica da tomada de Ceuta, p. 21)

    prazer:

    ... disserem que lhes

    prazia de

    o servir ..

    Fernão Lopes, Crónica de D. João I p. 69)

    ... era a elles rrequerido pedido)

    se

    lhes prazia outorgar aquello ..

    Idem,

    ibidem,

    p. 70)

    ... cousas que a

    homem

    alguém, pessoa)

    praz

    que sejam ..

    D. Duarte,

    Leal conselheiro,

    p. 94)

    propor:

    ... cousas que por deos sic)

    proposermos fazer

    Idem,

    ibidem,

    p. 117)

    ... propoendo e despoendosse dispondo-se) logo a fazer

    Com preposição

    em:

    duvidar- Exs.:

    ... dovidando

    a

    rressurreiçom

    Idem,

    ibidem,

    p. 82)

    Idem, ibidem, p. 29)

    E naquesto nisto) nom devemos duvydar

    Idem,

    ibidem,

    p.

    155)

    f i r

    Exs.:

    Assi fiei eu de vós/ toda a minha esmolaria esmolas).

    Gil Vicente,

    Obras completas,

    v. V, p. 335)

    Nunca mais ey hei) de fiar I em fidalgo desta sorte.

    Idem,

    ibidem,

    v. V, p. 362)

    Em Camões encontram-se ambas

    as

    regências também. Exs.:

    ...

    e que tanto fiou de um fraco pau

    Lus.,

    V, 74)

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    CONSIDERAÇÚES

    FINAIS

    Da primeira para a segunda metade do século XVI, p o i ~ a lín

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    gua portuguesa prossegue na sua evolução, em mais larga escalaera-

    pidez, na parte do léxico, que passa por dois processos opostos: de

    um lado, o afunilamento das formas vigentes e, de outro, o alarga

    mento do vocabulário pela substituição daquelas formas, quer por

    termos extraídos diretamente do latim literário, quer pela entrada de

    inúmeros neologismos de outras procedências; a morfologia e a sin

    taxe vão-se regularizando gradativarnente, e a língua, trabalhada pe

    los autores renascentistas, ingressa na fase

    moderna .

    A despeito disto, coexistem no decorrer do Quinhentismo a lín

    gua de cultura inovadora) e a tradicional: uns autores passam a usar,

    de preferência, a primeira; outros s servem de ambas, segundo os

    objerivos e o caráter de suas obras, e outros ainda como Gil Vicente)

    aproveitam os traços arcaizantes

    da

    segunda, para caracterizar, seja

    a linguagem popular citadina ou campesina, seja a regional.

    /

    extos

    anotados

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    9 LEAL

    CQ \SELHEIRO

    DE D DUARTE

    bonos . A nasal caiu, nasalizando a vogal anterior bõos, contudo,

    freqüentemente, a nasalidade deixava de ser indicada na época.

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    Nesta passagem a frase e o período são correntes e relativamen

    te simples, apesar das pequenas inversões. Os parágrafos, segundo

    o organizador, são indicados por sinais denominados caldeirões, que

    nos serviram de guias para formá-los. Pode-se notar que não são dos

    mais longos e complexos, porém apresentam uma das marcas signifi

    cativas do estilo medieval na organização e na conexão das frases que

    compõem o período: a repetição d coordenativa

    e

    no segundo pa

    rágrafo:

    E

    fynalmente ... E desy ... "

    2

    Crônica de D João

    I de

    ernão Lopes

    Outros scprevem isto per comtrairo

    1),

    e desta opiniom nos praz

    2) mais, dizemdo que em casa deste Prioll 3) dom 4) Alvoro 5)

    Gomçallvez, amdava hüu gram 6) leterado

    7)

    e mui 8) profundo

    astrollogo (9), que chamavom (10) meestre (11) Thomas. E per este

    comtom que soube o Prioll (12), que hüu de seus filhos avia de seer

    veemcedor 13)

    de

    batalhas, e que este era NunAllvarez

    14)

    Pereira.

    E mostrasse 15) claramente seer assi (16), porque viimdo 17)

    dom frei

    18)

    Alvoro Gomçallvez a casa delRei (19) dom Fernando,

    aderemçar seus feitos (20), pedio (21) por mercee (22) a elRei que to

    masse NunAllvarez por seu morador 23), da qual cousa 24) prazemdo

    a elRei, outorgou de o fazer (25). E o Prior se partio

    26)

    pera (27)

    suas terras, e hordenou de (28) mamdar seu filho aa corte; e amte

    (29) que o mandasse, chamou Martim Gomçallvez de Carvalhal , tio

    de NunAllvarez irmãao (30) de sua madre (31), e deulhe juramento

    (32), que hüu cousa que lhe descobrir queria (33), que numca a dis

    sesse ao dito (34) NunAllvarez. E prometido per elle (35)

    de

    o guar

    dar em segredo, emtõ (36) lhe disse o Prioll como

    37)

    queria mandar

    seu filho corte, e elle por seu ayo (38) per a o emsinar.

    (Fernão Lopes, Crónica

    e

    D. João I, texto anotado compre

    fácio, notas e glossário

    de

    Joaquim Ferreira, 2. ed., Porto, Do

    mingos Barreira [s.d.] p. 81 (Coleção Portugal).)

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    108 MENINA E MOÇA, DE BERNARDIM RIBEIRO

    Quanto à frase, ainda temos o emprego excessivo da partícula

    que,

    sobrecarregando demasiadamente os períodos, via de regra, bas

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    tante longos. As inversões não são muito violentas: alguns adjuntos

    adverbiais antecipam-se aos verbos; na oração " ... que de arvoredos ...

    cheo he , o verbo vai para a parte final e o complemento nominal

    do adjetivo

    cheo

    segue-se a

    que,

    logo no início. A colocação do ver

    bo, finalizando orações, repete-se algumas vezes: "tres ou quatro

    ve-

    zes cahi ; " ...

    um pouco

    estava ; " ...

    com mais trabalho

    se podia

    aver ;

    " ... no meo della

    estava ;

    " ... por força alli

    estava .

    Os

    adjetivos (adjuntos adnominais) ainda precedem

    os

    substan

    tivos, mas com menor freqüência do que nos textos anteriores e seu

    emprego

    revela certa escolha estética:

    deleitosas

    sombras; alguns

    implicam animização de coisas inanimadas: noutes

    caladas, saudoso

    tom (referindo-se ao ribeiro), agoa ...

    mansa,

    penedo

    imigo.

    No último parágrafo há todo um processo de personificação e

    comparação metafórica de tal modo que a natureza parece comparti

    lhar do sofrimento da heroína: o rochedo aborrecendo a água por

    impedi-la no seu caminho, as desventuras opondo-se aos desejos da

    moça; a água a correr mais depressa para afastar-se do penedo inimi

    go, assim como a personagem corre para fugir ao calor e, provavel

    mente, às próprias amarguras.

    _

    Écloga Basto

    de

    de

    iranda

    Bieito que é isto, Gil, que andas triste,

    despois que entrou este Abril?

    Não

    sei

    que demo te viste,

    1)

    que tu não pareces Gil.

    Amigo, onde te sumiste?

    Ulo

    2)

    aquele grande amigo,

    de limpos bofes lavados,

    3)

    daquele bom tempo antigo?

    que assi falava contigo

    tu comigo

    os

    teus cuidados?

    4)

    Assi tão só te vieste (5),

    forte burrão

    6)

    foi o teu

    Tanto d'amigo esqueceste

    7)

    como aqui tinhas de teu

    nem a mim não mo disseste.

    8)

    Ora diz-me (9), se te apraz:

    despois

    de

    tanto sol posto 1

    O)

    tal inchaço (orgulho) inda

    11)

    em ti jaz?

    Arrenega

    12)

    o mal, que traz

    sempre à memoria mau rosto.

    13)

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    Marta Mao quebranto que os quebrante (1)

    porque vam

    aportunar

    (2)

    pera

    ajudar a enganar

    NOTAS 115

    V. 465

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    Romagem

    de agravados

    uto pastoril

    português

    de

    il Vicente

    Colopêndio Nam sey se sey o que digo,

    que 1) cousa certa nam (2) acerto;

    se fujo do meu perigo, v. 230

    cada vez estou mais perto

    de ter mor (3) guerra comigo.

    Prometem-me huns vãos cuydados (ilusões)

    mil mundos favorecidos (favores amorosos)

    com que seram descansados (apaziguados)

    v 235

    e eu ach'os todos mudados

    em outros mundos perdidos (as ilusões desfazem-se).

    Já nam

    ouso de

    (4)

    cuydar (preocupação amorosa),

    nem posso estar sem cuydado;

    mato-me (esforço-me) por me matar (causar mal)

    v 240

    onde estou nam posso estar

    sem estar desesperado.

    Parece-me quanto vejo

    tudo

    triste com rezam:

    cousas que nam vem (5) nem vam (vão),

    essas sam as que desejo,

    e todas pena (sofrimento) me dam.

    'v.

    245

    \

    1

    üa cachopa anarante

    cum rascão (3) do mao pesar? (4)

    Branca Eles sam os presidentes

    (5)

    e os mesmos requerentes (6),

    e

    se

    lhes dizeis que é mal

    tornam

    a culpa ao sinal (7)

    e eles fazem-se inacentes.

    v.

    470

    (Gil Vicente, Romagem de

    agravados ,

    em suas

    Obras com-

    pletas coord. do texto, introd. notas e glos. do Dr. Álvaro J.

    da Costa Pimpão, Barcelos, Ed. do Minho

    [1956]

    p. 328.)

    Joanne Ó Déxemo (1) que t'eu digo (2),

    que (3) porque isso he ja sabido,

    ando eu assi trans ido (repassado, trespassado), v. 220

    e o Demo anda comego (4).

    Renego (5)

    ora

    (agora) d'enha (6) mãy (7),

    porque as lágrimas me saem

    (8)

    o dia que 9) te nam vejo (10);

    e

    tu

    me

    (11)

    tens tal entejo (aversão,

    vontade),

    v

    225

    que os espritos (12) se me caem (13).

    Caterina Choros maos chorem por ti; (14)

    quem te manda a ti (15) chorar?

    (Gil Vicente, Auto pastoril português" em suas Obras com-

    pletas

    p. 101.)

    otas Gil Vicente nasceu no ano de 1465 (ou 1475) e morreu en

    tre 1536 e 1540.

    Sua carreira iniciou-se em 1502 com o Monólogo do vaqueiro

    e encerrou-se em 1536 com a peça Floresta de enganos.

    Além de peças teatrais, escreveu poesias e outras composições

    menos importantes.

    As obras de

    teatro

    de Gil Vicente (mais de

    quarenta

    e

    quatro)

    foram ordenadas pelo filho, Luís Vicente, que as publicou em 1562,

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    VOCABULÁRIO CRÍTICO 121

    Historiografia: a arte de escrever história geralmente dada como en-

    cargo a um cronista,

    por

    um rei ou pelo Estado.

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      ocabulário

    crítico

    Animização:

    figura de estilo relacionada à personificação; atribuição

    de qualificativos próprios do ser humano a objetos inanimados

    e/ou

    abstrações.

    Arcaísmos: vocábulos, formas ou construções sintáticas que saíram

    de uso na língua corrente e nela refletem fases anteriores nas quais

    eram vigentes.

    Cronicões: livros de gênero histórico em que s narravam fatos rela-

    cionados com a vida de personagens reais ou acontecimentos his-

    tóricos da nação portuguesa.

    Currfculo: conjunto das matérias de

    um

    curso.

    Estrangeirismo: empréstimo vocabular ou sintático não integrado na

    língua nacional, como galicismos, anglicismos etc.

    Evolução fonética: conjunto de mudanças paulatinas e graduais que

    sofrem os fonemas das palavras no decorrer do tempo.

    Formas divergentes: dois ou mais vocábulos de uma língua que têm

    a mesma etimologia origem).

    Galicismo

    ou

    francesismo:

    empréstimo vocabular do francês.

    Hispanismo: empréstimo vocabular do espanhol.

    Metonfmia: figura de estilo que consiste no emprego de um vocábulo

    ou expressão lingüística em lugar de outro com o qual estabelece

    uma relação constante e lógica de contigüidade.

    Neologismo: inovação lingüística vocabular ou sintática com intro-

    dução recente

    m

    uma língua.

    Nobiliários: nome por que passaram a ser conhecidos, depois do sé-

    culo XVII, os Livros de linhagens que registravam genealogias de

    famílias nobres, fatos históricos ou lendários da nação portuguesa.

    Passo: também passagem

    t recho

    de um autor ou de uma obra

    citada.

    Personificação: figura de retórica ou de estilo que consiste em atri-

    buir vida ou qualidades humanas inclusive fala) a seres inanima-

    dos, irracionais, abstratos, ausentes ou mortos.

    Trivium e Quadrivium: conjunto das sete artes liberais ensinadas nas

    universidades medievais. O Trivium compreendia Gramática Dia-

    /ética ou Lógica e Retórica; o Quadrivium Aritmética Geome-

    tria Astronomia e Música.

    Significado:

    parte inteligível, conceito contido no significante.

    Significante: corpo fonológico do vocábulo.

    Variante: forma de expressão lingüística diferente de outra, mas com

    o mesmo conteúdo em relação a ela.

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