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  • FUNDAMENTOS DE GRAMTICA DA

    LNGUA PORTUGUESA

    2012

  • APRESENTAO

    Estimados alunos,

    As formas de se articular o conhecimento foram reavaliadas com o advento e

    avano dos veculos tecnolgicos de divulgao da informao. As transformaes

    sociais, culturais e econmicas so arcabouos promovedores de modificaes,

    segundo certas necessidades e urgncias.

    Em um contexto representado pela criao e avano das tcnicas de lidar

    com o conhecimento, a Educao Distncia une o produto humano ao tecido

    tecnolgico, irrompendo as distncias geogrficas, ampliando o alcance e a

    abrangncia das formas de comunicao, informao, alm de reelaborar o

    processo ensinar/aprender.

    A revoluo tecnolgica no apenas diminuiu distncias; fez a sociedade

    perceber a inquestionvel onipresena das mdias modernas aplicadas educao

    e vida social; fez o indivduo reagrupar as novas concepes em como lidar com a

    informao e sua popularizao. Desta forma, as novas posturas sociais sofreram

    alteraes nas formas de como se pesquisar e apreender o conhecimento. A partir

    desse atual perfil, a Educao Distncia tem como aporte o movimento

    (deslocamento) das atuais sociedades rumo ao futuro.

    Com uma forte densidade social, a Educao Distncia apoia o

    desenvolvimento social e humano valorizando e qualificando as iniciativas voltadas

    para desenvolvimento dos indivduos, ampliando as formas de se obter qualificao

    educacional e profissional, capacitando pessoas para o exerccio do trabalho e da

    pesquisa.

    A Educao Distncia prope a transformao da educao, ultrapassando

    os limites da sala de aula, transportando-a para a espacialidade do aluno segundo

    sua convenincia e preferncia, oportunizando solues em culturas

    internacionalizadas e unidas pelas relaes sem fronteiras.

    sabido, tambm, do nvel de disciplina e responsabilidade necessrias

    para cursos de formato distncia. Portanto, a EAD representa uma reinveno do

    contato com o conhecimento em contextos profissional e acadmico, levando no

    apenas informao alm-fronteiras - intercambializada pela acessibilidade sncrona2

    Fundamentos de Gramtica da Lngua Portuguesa

  • e assncrona de informaes-, mas conduzindo pessoas ao mais inequvoco

    elemento transformador de posturas sociais: o conhecimento.

    Everaldo dos Santos Almeida - Professor

    [email protected]

    UNIDADEGeneralidades gramaticais:

    elementos bsicos

    Concordncia Verbal e Nominal

    Crase

    Homfonas, homgrafas e parnimas

    Ortografia

    Pontuao

    Acentuao grfica

    Regncia verbal e nominal

    3Fundamentos de Gramtica da Lngua Portuguesa

    I

  • CONCORDNCIA NOMINAL

    Saiba como fazer a concordncia nominal da forma correta.

    Na lngua portuguesa, existem conceitos e regras complicados, pelo menos

    ao cidado comum, que no est acostumado com a utilizao da lngua padro, e

    sim com a linguagem cotidiana, solta, despreocupada. Por exemplo, com qual

    segurana o indivduo usaria a frase escrita acima? "... conceitos e regras

    complicados" ou "... conceitos e regras complicadas"? Como saber o certo? Vamos,

    ento, aos estudos:

    Quando dois ou mais substantivos forem qualificados por um s adjetivo,

    deve-se analisar se este funciona como adjunto adnominal ou como predicativo.

    Como chegar resposta? Simples: substitua os substantivos por um pronome; se o

    adjetivo desaparecer com essa substituio, sua funo ser a de adjunto

    adnominal; se no desaparecer, ser a de predicativo.

    Por exemplo: "Existem conceitos e regras complicados". Substituindo os

    substantivos por um pronome teremos "Eles existem", e no "Eles existem

    complicados". O adjetivo desapareceu com a substituio; , ento, adjunto

    adnominal. J na frase "Considero os conceitos e as regras complicados".

    Substituindo os substantivos por um pronome teremos "Considero-os complicados".

    O adjetivo no desapareceu; , ento, predicativo. E como qualifica o objeto direto,

    denomina-se predicativo do objeto.

    Adjetivo como adjunto Adnominal

    Aps os substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto

    adnominal e estiver aps os substantivos, tanto poder concordar

    com a soma destes quanto concordar apenas com o elemento mais

    prximo. Por isso a frase apresentada inicialmente tanto poder ser

    escrita "Existem conceitos e regras complicados" quanto "Existem

    conceitos e regras complicadas". Outros exemplos: "Ela escolheu

    coordenador e assistente pssima" ou "Ela escolheu coordenador e4

    Fundamentos de Gramtica de Lngua Portuguesa

  • assistente pssimos"; "Encontrei colgios e faculdades timas" ou

    "Encontrei colgios e faculdades timos". O adjunto adnominal

    concordar apenas com o elemento mais prximo, se a qualidade

    pertencer somente a este (P. Exemplo: Comprei cerveja e carne

    bovina), se os substantivos forem sinnimos (P. Exemplo: Magoaram

    o povo e a gente brasileira) ou se formarem gradao (P. Exemplo:

    Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho).

    Antes dos substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto

    adnominal e estiver antes dos substantivos, concordar apenas com

    o elemento mais prximo. Por exemplo: "Existem complicadas regras

    e conceitos"; "Ela escolheu pssima assistente e coordenador";

    "Encontrei timas faculdades e colgios". Quando houver apenas um

    substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos, haver duas

    possibilidades de construo: colocar o substantivo no plural e

    enumerar os adjetivos no singular, ou colocar o substantivo no

    singular e, ao enumerar os adjetivos, tambm no singular, antepor um

    artigo a cada um, menos no primeiro deles. Por exemplo: "Ele estuda

    as lnguas inglesa, francesa e alem" ou "Ele estuda a lngua inglesa,

    a francesa e a alem"; "As selees brasileira, italiana e argentina

    esto prontas para o torneio" ou "A seleo brasileira, a italiana e a

    argentina esto prontas para o torneio".

    Adjetivo como predicativo

    Com o verbo aps o sujeito: Se adjetivo funcionar como predicativo

    do sujeito, este concordar com a soma dos elementos. Por exemplo:

    "A casa e o quintal estavam abandonados"; "A casa e o quintal,

    abandonados, foram invadidos pelos garotos"; "Abandonados, a casa

    e o quintal foram invadidos pelos garotos".

    Com o verbo antes do sujeito: O predicativo do sujeito

    acompanhar a concordncia do verbo, que tanto concordar com a

    soma dos elementos quanto com o mais prximo. Por exemplo:

    "Estava abandonada a casa e o quintal" ou "Estavam abandonados a

  • casa e o quintal"; "Parecia perdida a garota e os irmozinhos" ou

    "Pareciam perdidos a garota e os irmozinhos".

    Adjetivo como predicativo do objeto

    mais aconselhvel concordar com a soma dos substantivos. Por isso o

    mais indicado "Considero os conceitos e as regras complicados", "Tenho como

    irresponsveis o chefe do setor e seus subordinados" e "Julgo culpados pela derrota

    o treinador e os jogadores". H gramticos, porm, que admitem a concordncia

    apenas com o elemento mais prximo.

    Pronto. Essa foi a primeira parte dos estudos da concordncia nominal. Na

    prxima semana, continuaremos a matria. At mais ver.

    6Fundamentos de Gramtica de Lngua Portuguesa

  • CONCORDNCIA NOMINAL

    1 - Adjetivo / substantivo: O adjetivo concorda com o substantivo a que se

    refere em gnero e nmero. Se a palavra que funciona como adjetivo for

    originalmente um substantivo, ficar invarivel. Exemplos:

    Rosas vermelhas e jasmins prolaTernos cinza e camisas amarelas

    2 - Adjetivo composto: Quando houver adjetivo composto, apenas o

    ltimo elemento concordar com o substantivo a que se refere; os

    demais ficaro na forma masculina, singular. Se um dos elementos

    for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficar

    invarivel.

    Violetas azul-claras com folhas verde-musgoCalas rosa-claro e camisas verde-mar

    3 - Obrigado / Mesmo / Prprio: Concordam com o elemento a que se

    referem: A menina disse, em nome de todas as garotas: Muito

    obrigadas.

    Elas mesmas conversaram conosco.A prpria autora vir para o debate.

    Nota: Quando mesmo significar realmente, ser advrbio, portanto ficarinvarivel. Exemplo: Os jovens resolveram mesmo a situao.

    4 - S / Ss: "S" ser pluralizvel, quando significar sozinhos, sozinhas; ser

    invarivel, quando significar apenas, somente. Exemplo:

    As garotas s queriam ficar ss. (Somente queriam ficar sozinhas)

    Nota: A locuo a ss invarivel. Exemplo: Ela gostava de ficar a ss.5 - Quite / Anexo / Incluso: Concordam com o elemento a que se referem.

    Exemplo:

    azul-marinho, azul-

    celeste, ultravioleta e

    qualquer adjetivo

    composto iniciado por

    cor-de-... so sempre

    invariveis.

    Os adjetivos

    compostos surdo-

    mudo e pele-vermelha

    tm os dois

    elementos

    flexionados.

  • Estamos quites com o Banco.As notas promissrias foram quites hoje pela manh.Seguem anexas as certides negativas.Inclusos, enviamos os documentos solicitados.

    6 Meio: Concordar com o elemento a que se refere, quando significar metade.

    Ser invarivel, quando significar um pouco, mais ou menos. Exemplo:

    Ela estava meio (um pouco)nervosa, pois j era meio-dia emeia(hora), e seu filho ainda no havia chegado.

    7 - Casa dois / Pgina vinte: Numeral utilizado aps substantivo, cardinal (um,

    dois, trs...). Do contrrio, usa-se o numeral ordinal (primeiro, segundo,

    terceiro...). Exemplos:

    Estamos na segunda pgina.Arrancaram a pgina duzentos.

    8 - proibido entrada / proibida a entrada: Quando o sujeito for tomado em sua

    generalidade, sem qualquer determinante, o verbo ser - ou qualquer outro verbo

    de ligao - ficar no singular, e o predicativo do sujeito no masculino, singular.

    Se o sujeito vier determinado, a concordncia do verbo e do predicativo ser

    regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordaro com o

    determinante. Exemplo:

    Caminhada bom para a sade.Esta caminhada est boa. proibido entrada de crianas. proibida a entrada de crianas.Pimenta bom?A pimenta boa?

    9 - Menos / Pseudo: So palavras invariveis. Pseudo ser hifenizado quando a

    palavra seguinte se iniciar por H, R, S e Vogal. Exemplos:

    Havia menos violncia antigamente.Aquelas garotas so pseudo-atletas.

    10 - Muito / Bastante: Quando modificarem substantivo, concordaro com ele.

    Quando modificarem verbo, adjetivo, ou outro advrbio, ficaro invariveis. Se

  • puderem ser substitudos por vrios ou vrias ficaro no plural (bastantes

    tambm pode ser substitudo por suficientes); se puderem ser substitudos por

    bem, ficaro invariveis. Exemplos:

    Bastantes(vrios) alunos ficaram bastante(bem) irritados com oprofessor.

    H testemunhas bastantes(suficientes) para incriminar o acusado.

    11 - Tal qual: Tal concorda com o substantivo anterior, e qual, com o posterior.

    Exemplos:

    O filho tal qual o pai.O filho tal quais os pais.Os filhos so tais qual o pai.Os filhos so tais quais os pais.

    Nota: Se o elemento anterior um verbo, tal fica invarivel; se o elemento

    posterior um verbo, qual fica invarivel. Exemplos:

    Eles agem tal quais as ordens do pai.Eles agem tal qual forem as ordens do pai.

    12 Grama: Quando representar unidade de massa, ser masculino. Exemplos:

    Comprei duzentos gramas de presunto.Ele foi preso com um grama de cocana.

    13 Silepse: Concordncia irregular, tambm chamada concordncia figurada.

    a que se opera no com o termo expresso, mas com outro termo latente, isto

    , oculto, mentalmente subentendido.

    a) Silepse de gnero: So Paulo linda. (Usa-se linda, por tratar-se da

    cidade de So Paulo)

    b) Silepse de nmero: Estaremos aberto nesse final de semana. (Usa-

    se aberto porque o que estar aberto ser o estabelecimento)

    c) Silepse de pessoa: Os brasileiros estamos esperanosos. (Usa-se

    estamos, pois ns somos os brasileiros)

  • 14 - Possvel: Em frases enfticas, como o mais, o menos, o melhor, o pior,

    possvel concordar com o artigo. Exemplos:

    Conheci garotas o mais belas possvel.Conheci garotas as mais belas possveis.

    Pronto. Agora sim terminamos a concordncia nominal. Estude bem essas

    regras e fale cada dia melhor a nossa lngua. At mais ver.

  • CONCORDNCIA VERBAL

    A concordncia verbal um dos aspectos gramaticais mais temidos pelos

    estudantes. A nica maneira de usar o verbo convenientemente, em relao

    concordncia, raciocinar, encontrar o sujeito a que o verbo se refere, a fim de

    deixar este no mesmo nmero e pessoa que aquele. Hoje estudaremos apenas

    alguns casos especiais.

    Concordncia verbal consiste no estudo do verbo quanto maneira como ele

    dever surgir na frase (singular ou plural), dependendo de qual elemento seja o

    sujeito da orao, ou at dependendo da prpria existncia do sujeito. Se o sujeito

    for um substantivo singular, o mesmo ocorrer com o verbo; se for um termo no

    plural, o verbo tambm o ser. Por exemplo: "O prdio ruiu"; "Os bombeiros

    chegaram". Para se encontrar o sujeito, pergunta-se ao verbo "Que(m) que...?".

    Casos Especiais

    Verbo SER: Decerto, se apresentarem a frase "O vestibular so as

    esperanas dos estudantes" a maioria dir que h inadequao, pois "O vestibular

    so..." parece estar errado, no mesmo?

    Mas est certo, pois o verbo ser, quando tiver como sujeito e como

    predicativo do sujeito elementos numericamente diferentes (um no singular, outro no

    plural), dever concordar com o plural, no importando a sequncia em que os

    elementos se encontrem na orao. Exemplo:

    "O mundo dela so as suas bonecas"; "Nem tudo so alegrias navida".

    Essa concordncia s no ocorrer, se o sujeito for um nome prprio ou

    indicar pessoa; nesse caso, o verbo ser concordar com a pessoa. Exemplo:

    "O homem cinzas"; "Mariella as alegrias da famlia".

    Outro caso especial do verbo ser ocorre em frases que indicam quantidade:

    Qual o certo? "Trezentos gramas de carne (ou so) o suficiente para esse

  • prato"? A resposta "Trezentos gramas de carne o suficiente", porque o verbo ser

    ficar no singular, quando o predicativo for uma expresso como "muito, pouco, o

    bastante, o suficiente, uma fortuna, uma misria, demais...". Exemplo:

    "Duzentos mil reais muito para essa casa"; "Quatro voluntrios obastante para realizar o servio".

    O verbo ser tambm pode ser impessoal, ou seja, pode apresentar-se sem

    sujeito. Isso ocorrer quando indicar horas, datas ou distncias.Ao indicar horas ou

    distncias, o verbo ser concordar com o numeral a que se refere; ao indicar datas,

    tanto poder ficar no singular, quanto no plural, com exceo do primeiro dia do

    ms; nesse caso, ser ficar no singular. Exemplo:

    " uma hora"; So duas horas"; " um quilmetro daqui at l"; "Sodois quilmetros daqui at l"; " vinte e nove de agosto"; "So vintee nove de agosto".

    Que voc diria da frase "Bateram dez horas o relgio da matriz"? Certa ou

    errada?Errada!

    Os verbos DAR, BATER e SOAR concordam com o sujeito (relgio, torre,

    campanrio, sino), a no ser que esses elementos estejam com a preposio em;

    nesse caso, no funcionaro como sujeito, e os verbos passaro a concordar com o

    numeral. Exemplo

    "Bateram dez horas no relgio da matriz"; "Bateu dez horas o relgioda matriz"; "Soaram quatro horas no sino"; "Soou quatro horas osino".

    "Viva os jogadores!" Quem nunca gritou frase desse tipo algum dia? Quem

    nunca cometeu esse erro? Erro, porque o verbo VIVER, nas oraes optativas, deve

    concordar com o sujeito, que sempre estar posposto ao verbo. Exemplo:

    "Vivamos ns!"; "Vivam os artistas!".

  • Vivam as borboletas que parece bailarem quando voam! Qu?! "parece

    bailarem"? Exatamente.Tanto se pode dizer "parece bailarem" quanto "parecem

    bailar".

    Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo e o

    sujeito for um elemento no plural, ou flexiona-se o verbo parecer, ou o infinitivo.

    Exemplo:

    "As borboletas parecem bailar" (sujeito) (locuo verbal)

    J em "As borboletas parece bailarem" o sujeito de "parece" "as borboletas

    bailarem", denominado de orao subordinada substantiva subjetiva reduzida de

    infinitivo, e o verbo parecer intransitivo.

    Essa ltima construo equivalente a"Parece que as borboletas bailam",

    retirando-se a conjuno "que" e colocando-se o verbo no infinitivo.

  • CRASE

    Regras de uso e emprego.

    A palavra crase de origem grega e significa fuso, mistura. Em gramtica,

    basicamente a crase se refere fuso da preposio a com o artigo feminino a: Vou

    escola. O verbo ir rege a preposio a, que se funde com o artigo exigido pelo

    substantivo feminino escola: Vou (a+a) escola.

    A ocorrncia de crase marcada com o acento grave (`). A troca de escola

    por um substantivo masculino equivalente comprova a existncia de preposio e

    artigo: Vou ao (a+o) colgio.

    No caso de ir a algum lugar e voltar de algum lugar, usa-se crase quando:

    "Vou Bolvia. Volto da Bolvia". No se usa crase quando: "Vou a So Paulo. Volto

    de So Paulo". Ou seja, se voc vai a e volta da, crase h. Se voc vai a e volta de,

    crase para qu?

    erro colocar acento grave antes de palavras que no admitam o artigo

    feminino a, como verbos, a maior parte dos pronomes e as palavras masculinas.

    A tabela resume os principais casos em que a crase deve (ou no) ser

    utilizada:

  • Caso Uso obrigatrio Uso proibitivo Uso facultativo

    Antes de palavras masculinas

    Quando estiver implcito moda de: mveis Lus 15;

    Quando subentendido termo feminino: vou [praa]Joo Mendes

    Viajar a convite, traje a rigor, passeio a p, sal a gosto, TV a cabo, barco a remo, carro a lcool etc.

    Antes de verbos Disposto a colaborar.

    Antes de pronomes

    Antes da maior parte deles: Disse a ela queno vir; nunca se refere a voc.

    Pronomes possessivos:Enviou a carta sua famlia. Enviou a carta a sua famlia.

    Quando "a" vem antes de plural

    A pesquisa no se refere a mulheres casadas.

    Expresses formadas por palavras repetidas

    Cara a cara; ponta a ponta frente a frente; gota a gota.

    Depois de "para", "at", "perante", "com", "contra" outras preposies

    O jogo est marcado para as 16h; foi at a esquina; lutou contra as americanas.

    Antes de cidades, Estados, pases

    Foi Itlia (voltou da Itlia).

    Chegou Paris dos poetas (voltou da Parisdos poetas).

    Foi a Roma (voltoude Roma).

    Foi a Paris (voltou de Paris).

    Locues adverbiais, conjuntivas ou prepositivas de base feminina

    s vezes, s pressas, primeira vista, medida que, noite, custa de, procura de, beira de, tarde, vontade, s cegas, s escuras, s claras, etc.

    Locues femininas de meio ou instrumento: vela/a vela; bala/a bala; vista/a vista; mo/a mo. (Prefira crase quando for preciso evitar ambigidade: Receber bala).

    Aquele, aqueles, aquilo, aquela, aquelas

    Referiu-se quilo; Foi quele restaurante; Dedicou-se quela

    tarefa.

  • Com demonstrativo a

    A capitania de Minas Gerais estava ligada de So Paulo;

    Falarei s que quiserem me ouvir.

  • HOMNIOS E PARNIMOS

    So muito comuns os erros de grafia e pronncia de palavras semelhantes

    na Lngua Portuguesa. A seguir, alguns mais corriqueiros, a partir dos quais vamos

    esclarecer algumas dvidas relativas ao assunto.

    COMO SE FALA E SE ESCREVE? cumprimento ou comprimento?

    descrio ou discrio? a fim ou afim?

    acento ou assento?

    s vezes, ouvimos uma pessoa dizer "que tem muitos homnimos", ou seja,

    que h outras pessoas com o nome igual ao dela. Para entendermos melhor como

    isto ocorre, necessrio que conheamos um pouco da formao das palavras.

    HOMNIMO(ou palavras homnimas) quer dizer:

    (do grego) HOMOS = igual + ONYMA = nome

    So vocbulos que se pronunciam ou se escrevem da mesma forma, mas

    tm sentidos diferentes. Ou seja, so palavras polissmicas. Exemplo:

    manga de camisa e a fruta manga.

    POLISSEMIA (do grego) POLYS = muitos + SEMA = significao / sinal

    Ocorre quando fazemos uso de um termo com vrios sentidos. o caso dos

    homnimos.

    Ceclia Meireles faz uso de homnimos em sua poesia "Moda da menina

    trombuda". Utiliza a palavra "muda" com dois sentidos: adjetivo / sem voz e verbo

    mudar.

    E a moda da menina muda da menina trombuda que muda de modos e d medo. (...)

  • Entre os homnimos, h dois tipos especiais: os homgrafos (palavras

    homgrafas) e os homfonos (palavras homfonas). E, claro, os homnimos

    perfeitos (que so homgrafos e homfonos ao mesmo tempo). Vejamos:

    Homnimo HOMGRAFO (ou palavras homgrafas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + GRAPHEIN = escrita

    So vocbulos que se escrevem da mesma forma, mas a pronncia

    diferente. Exemplos:

    Vou colher as frutas. (recolher) A colher de ch est suja. (utenslio de mesa e cozinha)

    No seguinte trava-lnguas, podemos observar o uso ambguo de maria-mole

    como palavra homgrafa. Ou seja, a mesma palavra utilizada como nome de um

    doce e, por associao de idia, como atributo de uma pessoa preguiosa.

    Maria-Mole molenga, se no molenga,No Maria-Mole. coisa malemolente, Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.

    Homnimo HOMFONO (ou palavras homfonas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + PHONE = som

    So vocbulos que tm a mesma pronncia, mas a grafia e o sentido so

    diferentes. Exemplo:

    Acerca de um assunto (a respeito de) H cerca de dois anos (h um certo tempo)

    Observe como a letra de "Vamos fugir", interpretada por Gilberto Gil, torna-se

    interessante com o uso de um homnimo homfono bastante criativo: "regue" (verbo

    regar) e "reggae" (ritmo musical).

    (...) Vamos fugir Pr'onde haja um tobogOnde a gente escorregue Todo dia de manh Flores que a gente regue Uma banda de ma

  • Outra banda de reggae...(...)

    Homnimos Perfeitos

    So vocbulos que se pronunciam e se escrevem da mesma forma, mas tm

    sentidos diferentes. Exemplos:

    (a)cerca de 100 metros (a uma certa distncia de) (a) cerca de um quintal (o que est em torno de um terreno, demadeira, de plantas) cerca de 14h (aproximadamente) cumprimento ao mestre (saudao) cumprimento das tarefas (realizao)

    Observe o uso dos homnimos perfeitos nos versos da cano "Tire as mos

    de mim", interpretada por Chico Buarque de Hollanda. A brincadeira lingstica

    consiste no uso da palavra "ns" como substantivo (lao apertado) e como pronome

    (1 pessoa do plural).

    (...) ramos nsEstreitos nsEnquanto tus lao frouxo (...)

    PARNIMOS (ou palavras parnimas) quer dizer: PARA = a lado de + ONYMA = nome

    So vocbulos que tm grafia e pronncia semelhantes / parecidas, mas

    significados diferentes. Exemplo:

    comprimento da camisa (tamanho) cumprimento ao professor (saudao)

    Observe como Gabriel, O Pensador faz uso de um parnimo como forma de

    se referir a uma composio de Chico Buarque e Gil: "cale-se" (verbo no imperativo)

    e "clice" (substantivo/taa).

  • Alguns exemplos mais usados de Homnimos e Parnimos:

    (Obs: lista completa no site www.dsignos.com.br)

    Erros diversos relacionados pronncia ou escrita das palavras:

  • A publicidade e a literatura utilizam-se muito da homonmia ou polissemia

    para criar a ambigidade da mensagem (palavras iguais que levam possibilidades

    de interpretao pela aproximao dos diferentes sentidos). Os jogos de adivinhas e

    os ditados populares tambm brincam com o duplo sentido das palavras:

  • ORTOGRAFIA I

    A palavra Ortografia formada por "orto", elemento de origem grega, usado

    como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de

    composio de origem grega com o significado de ao de escrever; ortografia,

    ento, significa ao de escrever direito. fcil escrever direito? No!! , de fato,

    muito difcil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mnimo

    de erros ortogrficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matria. Abaixo

    seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de , s, ss, z, x...

    Vamos a elas:

    01 - Uma das intenes da casa de deteno levar o que cometeu graves

    infraes a alcanar a introspeco, por intermdio da reeducao.

    a) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TO:

    intento = intenocanto = canoexceto = exceojunto = juno

    b) Usa-se em palavras terminadas em TENO referentes a verbos

    derivados de TER:

    deter = detenoreter = retenoconter = contenomanter = manuteno

    c) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TOR:

    infrator = infraotrator = traoredator = redaosetor = seo

  • d) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TIVO:

    introspectivo = introspecorelativo = relaoativo = aointuitivo intuio

    e) Usa-se em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a

    desinncia R:

    reeducar = reeducaoimportar = importaorepartir = repartiofundir = fundio

    f) Usa-se aps ditongo quando houver som de s:

    eleio

    traio

    02 - A pretensa diverso de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a

    sua expulso, porque ps uma frase horrorosa sobre a diretora Lusa.

    a Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou

    NDIR:

    pretender = pretenso, pretensa, pretensiosodefender = defesa, defensivocompreender = compreenso, compreensivorepreender = repreensoexpandir = expansofundir = fusoconfundir = confuso

    g) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou

    ERTIR:

    inverter = inversoconverter = conversoperverter = perversodivertir = diverso

  • h) Usa-se s aps ditongo quando houver som de z:

    Creusacoisamaisena

    i) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:

    LusaHelosaPoetisaProfetisa

    Obs: Juza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que tambm se

    escreve com z.

    j) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou

    PELIR:

    concorrer = concursodiscorrer = discursoexpelir = expulso, expulsocompelir = compulsrio

    k) Usa-se s na conjugao dos verbos PR, QUERER, USAR:

    ele psele quisele usou

    l) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:

    frasetesecriseosmose*Excees: deslize e gaze.

    m) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:

    horrorosagostoso*Exceo: gozo

    03 I. Teresinha, a esposa do campons ingls, avisou que cantaria de

    improviso.

  • II. Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha no fez a

    limpeza.

    a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra

    fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de

    origem no tiver o radical terminado em s:

    Teresa = TeresinhaCasa = casinhaMulher = mulherzinhaPo = pozinho

    b) Os verbos terminados em ISAR sero escritos com s quando esta letra

    fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR

    sero escritos com z quando a palavra de origem no tiver o radical

    terminado em s:

    improviso = improvisaranlise = analisarpesquisa = pesquisarterror = aterrorizartil = utilizareconomia = economizar

    c) As palavras terminadas em S e ESA sero escritas com s quando

    indicarem nacionalidade, ttulos ou nomes prprios; as terminadas em

    EZ e EZA sero escritas com z quando forem substantivos abstratos

    provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:

    TeresaCamponsInglsEmbriaguezLimpeza

    04 - O excesso de concesses dava a impresso de compromisso com o

    progresso.

    a) Os verbos terminados em CEDER tero palavras derivadas escritas com

    CESS:

    exceder = excesso, excessivo

  • conceder = concessoproceder = processo

    b) Os verbos terminados em PRIMIR tero palavras derivadas escritas com

    PRESS:

    imprimir = impressodeprimir = depressocomprimir = compressa

    c) Os verbos terminados em GREDIR tero palavras derivadas escritas

    com GRESS:

    progredir = progressoagredir = agressor, agresso, agressivotransgredir = transgresso, transgressor

    d) Os verbos terminados em METER tero palavras derivadas escritas com

    MISS ou MESS:

    comprometer = compromissoprometer = promessaintrometer = intromissoremeter = remessa

    05 - Para que os filhos se encorajem, o lojista come jil com canjica.

    a) Escreve-se com j a conjugao dos verbos terminados em JAR:

    Viajar = espero que eles viajemEncorajar = para que eles se encorajemEnferrujar = que no se enferrujem as portas

    b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocbulos terminados em

    JA:

    loja = lojistacanja = canjicasarja = sarjetagorja = gorjeta

    c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.

    JilJibiaJirau

  • 06 - O relgio que ele trouxe da viagem ao Mxico em uma caixa de madeira caiu

    na enxurrada.

    1. Escrevem-se com g as palavras terminadas em GIO, GIO, GIO,

    GIO, GIO:

    pedgiosacrilgioprestgiorelgiorefgio

    2. Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:

    a viagema coragema ferrugem Excees: pajem, lambujem

    3. Palavras iniciadas por ME sero escritas com x:

    MexericaMxicoMexilhoMexer Exceo: mecha de cabelos

    4. As palavras iniciadas por EN sero escritas com x, a no ser que

    provenham de vocbulos iniciados por ch:

    EnxadaEnxertoEnxurradaEncher provm de cheioEnchumaar provm de chumao

    5. Usa-s x aps ditongo:

    ameixacaixapeixe Excees: recauchutar, guache

  • ORTOGRAFIA II

    Regras para escrever corretamente

    No sabe como escrever uma palavra? com S ou com Z? Para esse tipo

    de dvida, to comum em portugus, deve-se entender que a lngua tem,

    basicamente, dois sistemas de escrita: regular e irregular.

    Muitas vezes, as grafias no podem ser explicadas por nenhuma regra, pois

    a origem da palavra ou a tradio de uso que justificam a forma de escrever. Por

    exemplo, a palavra "hoje" escrita com "h" devido etimologia do termo, pois a

    forma latina "hodie".

    Em outras situaes, no entanto, possvel prever a grafia, porque se pode

    "adivinhar" sua forma. Por exemplo: a palavra "portugus", que escrita com "s" e

    no com "z". Logo, as outras palavras do mesmo grupo, como "francs", "japons"

    ou "noruegus", so tambm escritas assim, com S!

    Os adjetivos que indicam lugar de origem so escritos com "s" e no com

    "z". Verifique: portugus, portuguesa, portugueses, portuguesas, francs, francesa,

    franceses, francesas, noruegus, norueguesa, noruegueses, norueguesas,

    finlands, finlandesa, finlandeses, japons, japonesa, japoneses, japonesas...

    Amplie a lista e confirme a regra!

    Veja mais exemplos na tabela a seguir. Vamos mostrar primeiro exemplos de

    casos irregulares.

  • Dvida Grafiacorreta Justificativa Como saber?

    Homemou

    omem?Homem A origem da palavra latina: homine,com h.

    Memorizar ouconsultardicionrio

    Casaou

    caza?Casa A origem da palavra latina: casa.

    Memorizar ouconsultardicionrio

    Observe agora casos regulares que se aplicam a substantivos e adjetivos.

    Dvida Grafiacorreta

    Justificativa Como saber?

    Firmesaou

    firmeza?Firmeza

    Nos substantivos quederivam de adjetivos, o finalda palavra (sufixo) esa:

    firme/firmeza.

    Levantar outros casos que confirmam a regra: belo/beleza, bonito/boniteza, pobre/pobreza, rico/riqueza.

    Famosoou

    famozo?Famoso Adjetivos com o sufixooso escrevem-se com s.

    Lembrar de outros casos: gostoso/ dengoso/ oleoso/saboroso.

    Chaticeou

    chatisse?Chatice

    Substantivos comterminao ice escrevem-se

    com c.

    Lembrar de outros casos: doidice/meninice.

  • Para grafar corretamente os verbos tambm podemos recorrer s

    regularidades.

    Dvida Grafiacorreta Justificativa Como saber?

    Falou,falol

    ou fal?Falou

    Verbos no passado, naterceira pessoa dosingular, terminam emou.

    Em posio final depalavra ou slaba, o u eo l concorrem. O verbono passado, na terceirapessoa do singular, tem aterminao em u.

    Cantaramou

    cantaro?

    As duasformaspodemestarcorretas.

    As duas formas esto naterceira pessoa do plural,mas cada uma indica umtempo verbal diferente.

    No presente (cantam)ou nopassado(cantaram),escreve-se com m nofinal. No futuro(cantaro), a nasalidade marcada com o.

    Falar oufal? Falar Verbo no infinitivo

    O nome dos verbos soescritos sempre com rfinal.

    Pedisseou

    pedice?Pedisse

    Verbo no modo subjuntivo(que indica hiptese) tema forma isse.

    O sufixo ice parasubstantivo (chatice) e aterminao isse paraverbo.

    Para finalizar, vamos pensar nos casos de regularidades contextuais. Mas o

    que isso, afinal? Vejamos um bom exemplo. Quando o som nasal, na escrita

    podemos indic-lo de diversas maneiras: "campons", "canto", "an", "linha".

    A regularidade chamada de contextual porque depende da posio da letra

    na palavra ou slaba. No caso da nasalizao, analise a tabela a seguir.

  • Ocorrncia de nasalizao Regularidades

    homem, tatuagem,homenagem, triagem,tiragem, amm, tambm,ningum

    Em posio final de palavra, a nasalizaodo ditongo /ei/ marcada na escrita comm.

    banda, cantar, andou,brincava, mansa campons,tambm

    Em posio final de slaba, a nasalizao marcada com n. Ateno: antes das letrasp e b, o som nasal representado porm e no n.

    an, manh, s, vil, Em posio final, a vogal nasal marcadacom til.

    linha, galinha, minha, tinha,latinha

    O dgrafo nh tambm marca denasalidade (representa um fonemaconsonantal nasal).

    Ento? No bom constatar que sabemos mais do que imaginvamos?

    bem produtiva a compreenso das regularidades do sistema de escrita, no

    verdade? Se descobrirmos o princpio que gera uma grafia, podemos inferir muitas

    outras formas relativas ao mesmo princpio... A nossa memria agradece!

  • PONTUAO

    Os sinais de pontuao servem para marcar pausas (a vrgula, o ponto-e-

    vrgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamao, o ponto de

    interrogao, etc.). Geralmente, esto ligados organizao sinttica dos termos na

    frase, eles so regidos por regras.

    Vrgula: Ela marca uma pausa de curta durao e serve para separar os termos de uma orao ou oraes de um perodo. A ordem normal dos termos na frase : sujeito, verbo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, no separamos seus termos imediatos. Assim, no pode haver vrgula entre o sujeito e overbo e seu complemento.

    Quando, na ordem direta, houver um termo com vrios ncleos a vrgula

    ser utilizada para separ-los.

    Na fala de Madonna, a vrgula est separando vrios ncleos do predicado

    na segunda orao. Ex.:

    "A obscenidade existe e est bem diante de nossas caras. o racismo, a

    discriminao sexual, o dio, a ignorncia, a misria. Tem coisa mais obscena do

    que a guerra?"

    Utilizamos a vrgula quando a ordem direta rompida. Isso ocorre

    basicamente em dois casos:

    - quando intercalamos alguma palavra ou expresso entre os termos

    imediatos, quebrando a seqncia natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes,

    mostraram suas razes para seus pais com muita sabedoria.

    "O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse

    para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente".

    - quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu

    lugar natural na frase. Ex.:

    Para os pais, os filhos mostraram suas razes com muita sabedoria.

    Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razes para os pais.

    Ponto-e-vrgula: O ponto-e-vrgula marca uma pausa maior que a vrgula, porm menor que a do ponto. Por ser intermedirio entre a vrgula e o ponto, fica difcil sistematizar seu emprego. Entretanto, h algumas normas para sua utilizao.

  • - usamos ponto-e-vrgula para separar oraes coordenadas que j

    apresentem vrgula em seu interior;

    - nunca use ponto-e-vrgula dentro de uma orao. Lembre-se ele s pode

    separar uma orao de outra.

    Com razo, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensveis

    burocratas, porm, em tempo algum, deram ateno a elas.

    "Os espelhos so usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma." Bernard

    Shaw

    - o ponto-e-vrgula tambm utilizado para separar vrios incisos de um

    artigo de lei ou itens de uma lista. Ex:

    [...] Considerando: A) a alta taxa de juros; B) a carncia de mo-de-obra; C) o alto valor de matria-prima; [...]

    Dois Pontos: Os dois-pontos marcam uma sensvel suspenso da melodia da frase. So utilizados quando se vai iniciar uma seqncia que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idia anterior, ou quando se quer dar incio fala ou citao de outrem.

    Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqncia de exemplos, da os dois

    pontos)

    Descobri a grande razo da minha vida: voc J dizia o poeta: "Deus d o frio conforme o cobertor". "Por descargo de conscincia, do que no carecia, chamei os santosde que sou devocioneiro: - "So Jorge, Santo Onofre, So Jos!"

    Aspas: As aspas devem ser utilizadas para isolar citao textual colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expresses que no pertenam lngua culta (grias, estrangeirismos, neologismos,etc)

    O rapaz ficou "grilado" com o resultado da prova. Morava em um "flat" onde havia "playground".

    Travesso: O travesso serve para indicar que algum fala de viva voz (discurso direto). Seu emprego constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo:

    -Salve! - Como que vai? - Amigo, h quanto tempo... - Um ano, ou mais.

  • Podem se usar dois travesses para substituir duas vrgulas que separam

    termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes nfase.

    Pel - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje um bem-sucedido empresrio.

    Reticncias: As reticncias marcam uma interrupo da seqncia lgica do enunciado, com a conseqente suspenso da melodia da frase. So utilizadas para permitir que o leitor complemente o pensamento que ficou suspenso.

    Nas dissertaes objetivas, evite reticncias. Exemplo:

    Eu no vou dizer mais nada. Voc j deve ter percebido que... "Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira..."

    Parnteses: Os parnteses servem para isolar explicaes, indicaes ou comentrios acessrios. No caso de citaes referncias bibliogrficas, o nome doautor e as informaes referentes fonte tambm aparecem isolados por parnteses.

    "Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-ris,fora despesas midas com automveis, gorjetas, etc.) e embarqueivinte e quatro horas depois..." Graciliano Ramos.

    "Ela (a rainha) a representao viva da mgoa..." Lima Barreto.

    O ponto: usado para marcar o trmino das oraes declarativas. O ponto usado para marcar o final do texto conhecido como ponto final. Exemplo:

    Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz deCaminha escreveu uma carta ao rei D. Manuel na qual informavasobre o descobrimento.

    Exclamao: usado no final dos enunciados exclamativos, que denotam espanto,surpresa, admirao. Exemplo:

    Ateno!, Al!, Bom dia!.

    Interrogao: usado ao final dos enunciados interrogativos. Exemplo: - Tudo bem com voc? - Tudo. E voc? - Tudo bem!

  • ACENTUAO GRFICA

    Tabela traz regras do Manual de Redao da "Folha de S. Paulo" Veja como

    usar corretamente os acentos. Para isso, necessrio saber o que so slabas

    tnicas, oxtonas, paroxtonas e proparoxtonas - conceitos de acentuao tnica.

    E ateno. No futuro, as regras podem mudar, com a entrada em vigor da

    reforma ortogrfica da lngua portuguesa.

    Por enquanto, estas continuam valendo.

    Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos No acentue

    Proparoxtonas sempre simptica, lcido, slido, cmodo

    Paroxtonas

    terminadas em:LIISNUM, UNSUSRXPS, SO, OSditongo, seguido ou no de S

    fciltxitnishfenprtonlbum(ns)vruscarterltexbcepsm, rfsbno, rfoscrie, rduos

    terminadas em ENS:hifens, polens.

    Oxtonas

    terminadas em: A, ASE,ESO, OSEM, ENS

    VatapIgarapav, avsrefm, parabns

    terminadas em I, IS, U, US: tatu, Morumbi, abacaxi

    Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos No acentue

    Monosslabos tnicos

    terminados em A, AS,E, ES,O,OS

    v, psp, msp, ps

    Hiatosquando I,IS, U ou USesto sozinhos no hiato e so tnicos

    saa, razes, traste,pas, balastre

    quando a silaba seguinte comea com NH: rainha

    Ditongos abertos EI, EISEU, EUS idia, anis ru (s),

    no ocorre ditongo em constroem e

  • OI,OIS vu (s) destri, lenis destroem

    Ge, gi, qe quando o U tnico argi, obliqe, averigem

    o, e quando a primeira vogal tnica vo, perdo, vem

    Verbos ter e virna terceira pessoa do plural do presentedo indicativo

    eles tm,eles vm

    Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir)

    na terceira pessoa do singular,na terceira pessoa do plural do presentedo indicativo

    ele obtm, detm, mantmeles obtm, detm, mantm

    Acento diferencial

    pde (passado); pra(verbo); plo (cabelo), plo, pla eplas (verbo pelar); plo (em geografia, fsica e esporte) e plo (ave); pr (verbo); pra (fruta) epra (pedra); ca, cas (verbo coar); qu, pla e plas (substantivos)

  • REGNCIA VERBAL

    a parte da Gramtica Normativa que estuda a relao entre dois termos,

    verificando se um termo serve de complemento a outro. A palavra ou orao que

    governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante;

    Os termos ou orao que dela dependem so os regidos ou subordinados.

    Exemplo:

    Aspiro o perfume da flor. (cheirar)/ Aspiro a uma vida melhor.(desejar)

    1. Chegar/ ir deve ser introduzido pela preposio a e no pela preposio

    em.

    Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.

    2. Morar/ residir normalmente vm introduzidos pela preposio em.

    Ex.: Ele mora em So Paulo./ Maria reside em Santa Catarina.

    3. Namorar no se usa com preposio.

    Ex.: Joana namora Antnio.

    4. Obedecer/desobedecer exigem a preposio a.

    Ex.: As crianas obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu aoprofessor.

    5. Simpatizar/ antipatizar exigem a preposio com.

    Ex.: Simpatizo com Lcio./ Antipatizo com meu professor de Histria.

    Estes verbos no so pronominais, portanto, so considerados construes

    erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblquo: Simpatizo-me com

    Lcio./ Antipatizo-me com meu professor de Histria.

    6. Preferir - este verbo exige dois complementos sendo que um usa-se sem

    preposio e o outro com a preposio a.

    Ex.: Prefiro danar a fazer ginstica.

  • Segundo a linguagem formal, errado usar este verbo reforado pelas

    expresses ou palavras: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.

    Ex.: Prefiro mil vezes danar a fazer ginstica.

    Verbos que apresentam mais de uma regncia

    1 Aspirar

    a)no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposio. Ex.: Aspirou o

    ar puro da manh.

    b)b - no sentido de almejar, pretender: exige a preposio a. Ex.:

    Esta era a vida a que aspirava.

    2 Assistir

    a)no sentido de prestar assistncia, ajudar, socorrer: usa-se sem

    preposio.

    Ex.: O tcnico assistia os jogadores novatos.

    b)no sentido de ver, presenciar: exige a preposio a.

    Ex.: No assistimos ao show.

    c)no sentido de caber, pertencer: exige a preposio a.

    Ex.: Assiste ao homem tal direito.

    d)no sentido de morar, residir: intransitivo e exige a preposio em.

    Ex.: Assistiu em Macei por muito tempo.

    3 - Esquecer/lembrar

    a)Quando no forem pronominais: so usados sem preposio.

    Ex.: Esqueci o nome dela.

    b) Quando forem pronominais: so regidos pela preposio de.

  • Ex.: Lembrei-me do nome de todos.

    4 - Visar

    a) no sentido de mirar: usa-se sem preposio.

    Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.

    b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposio. Ex.: Visaram os

    documentos.

    c) no sentido de ter em vista, objetivar: regido pela preposio a.

    Ex.: Viso a uma situao melhor.

    5 - Querer

    a) no sentido de desejar: usa-se sem preposio.

    Ex.: Quero viajar hoje.

    b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposio a.

    Ex.: Quero muito aos meus amigos.

    6 - Proceder

    a) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposio.

    Ex.: Suas queixas no procedem.

    b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposio de.

    Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta derespeito ao prximo.

    c) no sentido de dar incio, executar: usa-se a preposio a.

    Ex.: Os detetives procederam a uma investigao criteriosa.

    7 - Pagar/ perdoar

    a) se tem por complemento palavra que denote coisa: no exigem

    preposio.

    Ex.: Ela pagou a conta do restaurante.

  • b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: so regidos

    pela preposio a.

    Ex.: Perdoou a todos,

    8 - Informar

    a) no sentido de comunicar, avisar, dar informao: admite duas

    construes:

    I. objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas

    preposies de ou sobre).

    Ex.: Informou todos do ocorrido.

    II. objeto indireto de pessoa ( regido pela preposio a) e direto de

    coisa.

    Ex.: Informou a todos o ocorrido.

    9 - Implicar

    a) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposio.

    Ex.: Esta deciso implicar srias conseqncias.

    b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos,

    um direto e um indireto com a preposio em.

    Ex.: Implicou o negociante no crime.

    c) no sentido de antipatizar: regido pela preposio com.

    Ex.: Implica com ela todo o tempo.

    10- Custar

    a) no sentido de ser custoso, ser difcil: regido pela preposio a.

    Ex.: Custou ao aluno entender o problema.

    b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem

    preposio.

    Ex.: O carro custou-me todas as economias.

    c) no sentido de ter valor de, ter o preo: usa-se sem preposio.

    Ex.: Imveis custam caro.

  • REGNCIA NOMINAL

    Alguns nomes tambm exigem complementos preposicionados. Conhea

    alguns:

    acessvel a

    acostumado a, com

    adaptado a, para

    afvel com, para com

    aflito com, em, para, por

    agradvel a

    alheio a, de

    alienado a, de

    aluso a

    amante de

    anlogo a

    ansioso de, para, por

    apto a, para

    atento a, em

    averso a, para, por

    vido de, por

    benfico a

    capaz de, para

    certo de

    compatvel com

    compreensvel a

    comum a, de

    constante em

    contemporneo a, de

    contrrio a

    curioso de, para, por

    desatento a

    descontente com

    desejoso de

    desfavorvel a

    devoto a, de

    diferente de

    difcil de

    digno de

    entendido em

    equivalente a

    erudito em

    escasso de

    essencial para

    estranho a

    fcil de

    favorvel a

    fiel a

    firme em

    generoso com

    grato a

    hbil em

    habituado a

    horror a

    hostil a

    idntico a

    impossvel de

    imprprio para

    imune a

  • incompatvel com

    inconseqente com

    indeciso em

    independente de, em

    indiferente a

    indigno de

    inerente a

    insacivel de

    leal a

    lento em

    liberal com

    medo a, de

    natural de

    necessrio a

    negligente em

    nocivo a

    ojeriza a, por

    paralelo a

    parco em, de

    passvel de

    perito em

    permissivo a

    perpendicular a

    pertinaz em

    possvel de

    possudo de

    posterior a

    prefervel a

    prejudicial a

    prestes a

    propenso a, para

    propcio a

    prximo a, de

    relacionado com

    residente em

    responsvel por

    rico de, em

    seguro de, em

    semelhante a

    sensvel a

    sito em

    suspeito de

    til a, para

    versado em

  • UNIDADEGneros textuais e retextualizao

    Texto - a construo das idias

    Coerncia - construo do pargrafo

    Coeso - construo do pargrafo

    Redao

    Oralidade e Escrituralidade

    II

  • TEXTO a construo das idias

    Voc sabe qual o conceito?

    Voc provavelmente est acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual

    o seu conceito? Para entend-lo, pense nas duas seguintes situaes:

    1. Voc foi visitar um amigo que est hospitalizado e, pelos

    corredores, voc v placas com a palavra "Silncio".

    2. Voc est andando por uma rua, a p, e v um pedao de

    papel, jogado no cho, onde est escrito "Ouro".

    Em qual das situaes uma nica palavra pode constituir um texto?

    Na situao 1, a palavra "Silncio" est dentro de um contexto significativo

    por meio do qual as pessoas interagem: voc, como leitor das placas, e os

    administradores do hospital, que tm a inteno de comunicar a necessidade de

    haver silncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silncio" um texto.

    Na situao 2, a palavra "Ouro" no um texto. apenas um pedao de

    papel encontrado na rua por algum. A palavra "Ouro", na circunstncia em que

    est, quer dizer o qu? No h como saber.

    Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas

    costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades

    grandes que anunciam a compra de ouro? A sim, nessa situao, a palavra "Ouro"

    constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que algum

    quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, ento anuncia

    isso.

    Texto , ento, uma seqncia verbal (palavras), oral ou escrita, que forma

    um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma

    determinada situao.

    O texto pode ter uma extenso varivel: uma palavra, uma frase ou um

    conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto

    significativo para existir.

  • Constituindo sentidos

    Agora, Leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de

    "texto".

    Circuito Fechado

    Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. gua. Escova, creme dental,gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua,cortina, sabonete, gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo;pente. Cueca, camisa, abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata,palet. Carteira, nqueis, documentos, caneta, chaves, leno, relgio,maos de cigarros, caixa de fsforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xcara epires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro.Cigarro, fsforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone,agenda, copo com lpis, canetas, blocos de notas, esptula, pastas,caixas de entrada, de sada, vaso com plantas, quadros, papis,cigarro, fsforo. Bandeja, xcara pequena. Cigarro e fsforo. Papis,telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,bilhetes, telefone, papis. Relgio. Mesa, cavalete, cinzeiros,cadeiras, esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel,caneta, projetos de filmes, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo,quadro-negro, giz, papel. Mictrio, pia, gua. Txi. Mesa, toalha,cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xcara. Maode cigarros, caixa de fsforos. Escova de dentes, pasta, gua. Mesa epoltrona, papis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fsforo,telefone interno, externo, papis, prova de anncio, caneta e papel,relgio, papel, pasta, cigarro, fsforo, papel e caneta, telefone, canetae papel, telefone, papis, folheto, xcara, jornal, cigarro, fsforo,papel e caneta. Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet,gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,talheres, copos, guardanapos. Xcaras, cigarro e fsforo. Poltrona,livro. Cigarro e fsforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fsforo.Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, espuma,gua. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.(Ricardo Ramos)

    Voc considera que em "Circuito fechado" h apenas uma srie de palavras

    soltas? Ou se trata de um texto? Por qu?

    Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente,

    sem relao, numa primeira leitura, possvel dizer, depois de outra leitura mais

    atenta, que h uma articulao entre elas.

  • Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" h, quase que

    exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como

    "homem", "livro", "inteligncia" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e

    as coisas).

    Verifique que pela escolha dos substantivos e pela seqncia em que so

    usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implcito, um elemento que as

    une e relaciona, formando o texto.

    Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem

    comum. Quais palavras e que seqncia nos indicam isso?

    Note que no incio do texto, h substantivos relacionados a hbitos

    rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba

    (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar caf da manh.

    Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. gua. Escova, creme dental,

    gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua, cortina, sabonete,

    gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,

    abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata, palet. Carteira, nqueis, documentos,

    caneta, chaves, leno, relgio, mao de cigarros, caixa de fsforos.

    J no final do texto, h o voltar para casa, comer, ler livro, ver televiso,

    fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.

    Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet, gravata. Poltrona, copo,

    revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xcaras,

    cigarro e fsforos. Poltrona, livro. Cigarro e fsforo. Televisor, poltrona. Cigarro e

    fsforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, espuma, gua.

    Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

    Descobrimos que a personagem um homem tambm pela escolha dos

    substantivos. Parece que sua profisso pode estar relacionada publicidade.

    Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa,abotoadura, cala, meia, sapatos, gravata, palet [...] Mesa epoltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone, agenda, copo com lpis,canetas, blocos de notas, esptula, pastas, caixas de entrada, de sada[...] Papis, telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques,memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras,esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel, caneta,projetos de filmes, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo, quadro-negro, giz, papel.

  • Tambm ficamos sabendo que na casa da personagem h quadros, pois o

    narrador usa a palavra duas vezes: no momento do caf e na volta para casa. No

    escritrio h "Relgio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relgio e

    trabalho, trabalho e rotina.

    Depreendemos que o homem um grande fumante, basicamente, pelo

    nmero de vezes em que o narrador fala desse hbito, em vrios momentos do dia

    da personagem: 14 vezes. Alm disso, interessante notar como h sempre a

    referncia dupla "cigarro e fsforo".

    A palavra que explicita o incio da ao do homem, ou da atuao da

    personagem, num dia de sua rotina "chinelos", usada no incio do texto para

    mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.

    H tambm uma marcao de mudana de espao, por meio dos termos

    "carro", usado como que mostrando o horrio de sair de manh e a volta para casa,

    noite. No meio do texto h tambm o uso de um "txi", provavelmente uma sada

    do trabalho: um almoo? Um jantar? Uma visita a um cliente?

    Enfim, "Circuito fechado" uma crnica - um texto narrativo curto, cujo tema

    o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente

    substantivos, o autor do texto produziu um texto que termina onde comeou. Essa

    estrutura circular tem relao com o ttulo ("Circuito fechado") e com os dias atuais?

    Sem dvida nenhuma, podemos compreender suas relaes, no mesmo? O

    cotidiano repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...

    Para voc pensar

    Voc sabia que o conceito de texto no se limita linguagem verbal

    (palavras)? O texto pode ter vrias dimenses, como o texto cinematogrfico, o

    teatral, o coreogrfico (dana e msica), o pictrico (pintura), etc. Leia a reproduo

    de um famoso quadro de Van Gogh chamado "Noite estrelada". Atente para suas

    linhas, suas cores, sua perspectiva. Fazendo isso, voc comea a l-lo...

  • COERNCIA construo do Pargrafo

    A sua redao precisa fazer sentido.

    Para que seu texto seja claro, compreensvel e possa transmitir a idia que

    voc queira passar, importante que ele tenha duas caractersticas: coeso e a

    coerncia. Entenda o que so esses conceitos e saiba como utiliz-los em suas

    redaes.

    Deve-se ter em mente que escrever no apenas colocar palavras no

    papel. preciso trabalhar muito para ter um bom texto. Ento a vai uma dica: para

    comear, pense no fim! Isso mesmo! Qual a finalidade do seu texto? O que voc

    quer com ele? Responda ento, para si mesmo, s seguintes questes:

    1- Qual a finalidade do texto? Para que ele serve?

    2 - Qual o assunto? Sobre o que vou escrever?

    3 - Quem vai ler o meu texto?

    4 - Qual tipo de texto vou fazer?

    Vamos a um exemplo concreto. Imagine que voc vai escrever uma carta

    (ou um e-mail) para um jornal comentando uma notcia sobre alimentos

    transgnicos. Voc deve, ento, levar em considerao:

    a finalidade de sua carta (participar do debate, dando sua opinio);

    o que quer comentar (alimentao e transgnicos);

    para quem est escrevendo (os outros leitores do jornal);

    o tipo de texto: a carta ou e-mail.

    Depois de ter pensado nisso tudo, voc d sua opinio, usando elementos

    da carta e escolhendo argumentos que sustentem suas idias. Assim, para

    escrever sua carta, voc - como autor - precisa elaborar um texto "coerente", ou

    seja, que faa sentido. O texto deve ser coerente no s com suas idias, mas

    tambm coerente em relao ao seu objetivo, ao leitor que pretende atingir, ao

    gnero textual que est desenvolvendo.

    Vamos pensar um pouco mais a esse respeito...

  • Coeso e coerncia

    Imagine a seguinte situao: na grande deciso de um campeonato, o

    tcnico de um dos times declarou aos jornalistas:

    "Vamos respeitar o adversrio, mas, agora, nosso time est coeso".

    Agora, numa outra situao, a namorada diz para o namorado:

    "No adianta. No vou mais perdoar voc. Quero que tenha atitudescoerentes."

    Na primeira situao, o tcnico enfatizou o fato de seu time estar coeso,

    como uma qualidade importante para ganharem o jogo. "Coeso" significa "unido",

    "intimamente ligado", "harmnico".

    Na segunda situao, a namorada cobra atitudes coerentes do namorado.

    "Coerncia" significa "harmonia", "conexo", "lgica".

    Sem coeso e coerncia, sua redao no existe! Quando muito, h um

    amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado. Vamos a mais uma

    reflexo? Desta vez, leia o trecho de uma crnica de Millr Fernandes.

    As mulheres tm uma maneira de falar que eu chamo de vago-especfica - Richard GehmanMaria, ponha isso l fora em qualquer parte."Junto com as outras?"No ponha junto com as outras, no. Seno pode vir algum equerer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.";Sim senhora. Olha, o homem est a."Aquele de quando choveu?"No o que a senhora foi l e falou com ele no domingo."Que que voc disse a ele?"Eu disse para ele continuar."Ele j comeou?"Acho que j. Eu disse que podia principiar por onde quisesse."(...)

    (Millr Fernandes. "Trinta anos de mim mesmo". So Paulo: Abril Cultural,

    1973)

  • Veja como o humorista faz sua stira, a partir de duas idias bsicas: "as

    mulheres falam demais" e "somente as mulheres se entendem".

    Comece a analisar pelo ttulo a ironia do autor: "A vaguido especfica"

    (como algo pode ser vago e especfico, ao mesmo tempo? S as mulheres, diria

    Millr e os que pensam como ele...). Para confirmar suas idias, ele busca uma

    "autoridade" para fazer a citao: Richard Gehman (quem seria? Um estrangeiro,

    pelo nome. Novamente, o humorista brinca com uma idia pronta: sendo "algum

    de fora" deve ter muito a nos ensinar...).

    Quem participa da histria narrada? Duas mulheres. So elas patroa e

    empregada? Me e filha? No sabemos. Qual o assunto de que falam as duas

    mulheres? Ns, leitores, no sabemos, mas as duas personagens sabem, no

    mesmo?

    A que se referem as palavras e trechos: "isso", "outras", "algum", "qualquer

    coisa", "lugar do outro dia", "o homem", "Aquele", "o que a senhora foi l e falou

    com ele no domingo", "continuar", "comeou"? Os leitores no sabem, mas as

    mulheres sim e como as duas sabem do que esto falando, a "costura" do texto vai

    sendo feito de forma coerente e coesa.

    Voc viu que Millr Fernandes, intencionalmente, quis brincar com um

    preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar, considerado excessivo.

    Assim, para entendermos o texto, como coerente e coeso, preciso levar em conta

    o fato do autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da "surpresa" ou do

    "olhar sobre outro ngulo" - como numa piada.

    COESO construo do pargrafo

    As partes de sua redao formam um todo?

  • Ao lado da coerncia, a coeso outro requisito para que sua redao seja

    clara, eficiente. A seguir, mostramos alguns elementos que permitem que sua

    redao seja coesa. Para entender melhor a coeso textual, analise como algumas

    palavras/frases esto ligadas entre si dentro de uma seqncia, numa conhecida

    fbula de Esopo.

    O co e a lebre

    Um co de caa espantou uma lebre para fora de sua toca, masdepois de longa perseguio, ele parou a caada. Um pastor decabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo: Aquele pequeno animal melhor corredor que voc. O co de caa respondeu: Voc no v a diferena entre ns: eu estava correndo apenas porum jantar, mas ela por sua vida.

    Moral:O motivo pelo qual realizamos uma tarefa que vai determinarsua qualidade final.

  • Fbula Elementos de coeso

    Um co de caa espantou uma lebrepara fora de sua toca, mas depois de longa perseguio,ele parou a caada. Um pastor de cabras, vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:

    Aquele pequeno animal melhor corredor que voc.

    O co de caa respondeu:

    Voc no v a diferena entre ns: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ele por sua vida.

    1- No incio da fbula, as personagensso indicadas por artigos indefinidosque marcam uma informao nova (ouno dita anteriormente): Um co decaa + uma lebre + Um pastor decabras, o que tambm sinaliza umasituao genrica, como tpico nasfbulas.

    2- Sua toca: o pronome possessivorefere-se casa da lebre.

    3 - No lugar de repetir a palavra co,foi usado o pronome pessoal por trsvezes:ele = covendo-o + ridicularizou-o = vendo oco + ridicularizou o co.

    4- Para retomar o substantivo lebre foiusada uma expresso semelhante:Aquele pequeno animal.

    5- No meio do texto, h o uso do artigodefinido o co de caa e no mais umco como no incio. Aqui a refernciaao animal est sendo retomada: j sesabe qual co era.

    6- A conjuno mas indica umcontraste: o co corria por um jantarenquanto a lebre corria para salvar suavida

    Voc percebeu que os sentidos do texto so "fios entrelaados" e no

    palavras soltas ou frases desconectas? So os elementos coesivos que organizam

    o texto de forma a constituir tambm sua coerncia.

    A coeso textual pode ser feita atravs de termos que:

    retomam palavras, expresses ou frases j ditas anteriormente

    ("anfora") ou antecipam o que vai ser dito ("catfora"). Na fbula,

    so exemplos de anforas os itens 2, 3, 4 e 5 da coluna direita da

    tabela;

  • encadeiam partes ou segmentos do texto: so palavras ou

    expresses que criam as relaes entre os elementos do texto.

    Exemplo na fbula: item 6, a conjuno "mas" que, alm de ligar as

    duas partes do texto (uma que se refere atitude da lebre e a outra,

    ao co), estabelece uma determinada relao entre elas, isto , um

    contraste.

    A coeso por retomada ou antecipao pode ser feita por: pronomes,

    verbos, numerais, advrbios, substantivos, adjetivos.

    A coeso por encadeamento pode ser feita por conexo ou por justaposio.

    1. A coeso por conexo traz elementos que:

    a. fazem uma gradao na direo de uma concluso: "at",

    "mesmo", "inclusive" etc;

    b. argumentam em direo a concluses opostas: "caso

    contrrio", "ou", "ou ento", "quer... quer"; etc;

    c.ligam argumentos em favor de uma mesma concluso: "e",

    "tambm", "ainda", "nem", "no s... mas tambm" etc;

    d. fazem comparao de superioridade, de inferioridade ou

    igualdade: "mais... do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc

    e. justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "j que", "que",

    "pois" etc;

    f. introduzem uma concluso: portanto, logo, por conseguinte, pois,

    etc;

    g. contrapem argumentos: "mas", "porm", "todavia", "contudo",

    "entretanto", "no entanto", "embora", "ainda que" etc;

    h. indicam uma generalizao do que j foi dito: "de fato",

    "alis", "realmente", "tambm" etc;

    i. introduzem argumento decisivo: "alis", "alm disso", "ademais",

    "alm de tudo" etc;

    j. trazem uma correo ou reforam o contedo do j dito: "ou

    melhor", "ao contrrio", "de fato", "isto ", "quer dizer", "ou seja",

    etc;

  • k.trazem uma confirmao ou explicitao: "assim", "dessa maneira",

    "desse modo", etc;

    l. especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como,

    etc.

    2. Os elementos coesivos por justaposio estabelecem a seqncia do

    texto, ou seja:

    a. introduzem o tema ou indicam mudana de assunto: "a propsito", "por falar nisso",

    "mas voltando ao assunto" etc;

    b. marcam a seqncia temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais

    tarde", etc;

    c. indicam a ordenao espacial: " direita", "na frente", "atrs", etc;

    d. indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir",

    "finalmente", etc;

    Para analisar o papel da coeso na construo dos sentidos de um texto,

    faa a correlao entre os provrbios e os elementos coesivos respectivos,

    preenchendo as lacunas, de tal forma que haja coerncia entre as duas partes que

    constituem esse tipo de texto:

    Provrbios Elementos de coeso porconexo

    Devagar ....... sempre se chega na frente. mas

    Trate os outros ..... quer ser tratado. mais... do que

    A aparncia pode ser mudada, ..... a natureza no. e

    Ao carneiro ......pea l. como

    ....vale pacincia pequenina ... fora de leo. somente

    Voc percebeu que, nos casos acima, a preciso no uso dos elementos de

    coeso faz toda a diferena na significao de cada provrbio, no mesmo?

    Para concluir, podemos afirmar que o texto tanto produto como processo.

    Ao escrever, o autor planeja seu texto, a partir de sua finalidade, deixando pistas de

    sua intencionalidade. O leitor, por sua vez, vai perseguindo essas pistas, para poder

  • interpretar o texto. Nesse sentido, a coeso textual - ou pistas lingsticas - tem

    uma importante funo na produo de todo e qualquer texto.

  • Oralidade e Escrituralidade

    No existe o oral, mas os orais sob mltiplas formas, que, por outro lado,

    entram em relao com os escritos, de maneiras muito diversas: podem se

    aproximar da escrita e mesmo dela depender como o caso da exposio oral

    ou, ainda mais, do teatro e da leitura para os outros , como tambm podem estar

    mais distanciados como nos debates ou, claro, na conversao cotidiana. No

    existe uma essncia mtica do oral que permitiria fundar sua didtica, mas prticas

    de linguagem muito diferenciadas, que se do, prioritariamente, pelo uso da palavra

    (falada), mas tambm por meio da escrita, e so essas prticas que podem se

    tornar objetos de um trabalho escolar. (SCHNEUWLY, 2004, p. 135)

    Muito se tem discutido, nos anos recentes, sobre as relaes que se

    estabelecem entre as modalidades oral e escrita no uso da lngua[1]. As dcadas

    de 70 e 80 testemunharam uma abordagem dicotmica dos dois fenmenos, que

    buscava e, por vezes, mistificava, semelhanas e diferenas de um oral tido como

    puro e de uma escrita to transparente e pura quanto.

    O quadro 1, montado a partir das discusses presentes em Marcuschi

    (2001a, p. 27-31), mostra as qualidades tidas como privativas de uma ou de outra

    modalidade, nos anos 80[2]:

    Cultura oral versus Cultura letrada

  • pensamento concreto

    raciocnio prtico

    atividade artesanal

    cultivo da tradio

    ritualismo

    pensamento abstrato

    raciocnio lgico

    atividade tecnolgica

    inovao constante

    analiticidade

    Formas sociais orais versus Formas sociais escriturais

    esquemas prticos

    saber fazer

    competncias culturais

    difusas

    despossesso

    conjunto de saberes

    objetivados

    coerentes

    sistematizados

    poder de mando e de

    dizer

    Fala versus Escrita

    contextualizada

    dependente

    implcita

    redundante

    descontextualizada

    autnoma

    explcita

    condensada

  • no-planejada

    imprecisa

    no-normatizada

    fragmentria

    planejada

    precisa

    normatizada

    completa

    Quadro 1 A perspectiva dicotmica das modalidades e de seu contexto de uso.

    Ou seja, via-se a fala como desorganizada, varivel, heterognea e a escrita

    como lgica, racional, estvel, homognea; a fala seria no-planejada e a escrita,

    planejada e permanente; a fala seria o espao do erro e a escrita, o da regra e da

    norma, enquanto a escrita serviria para comunicar distncia no tempo e no

    espao; a fala somente aconteceria face a face; a escrita se inscreveria, a fala seria

    fugaz; a fala expresso unicamente sonora; a escrita, unicamente grfica.

    Estas semelhanas e diferenas levantadas tambm teriam origem ou

    decorrncia para as culturas e os contextos de uso da linguagem oral ou escrita e,

    logo, para os letramentos: a escrita levaria, por si s, a estgios mais complexos e

    desenvolvidos de cultura e de organizao cognitiva e daria acesso por si mesma

    ao poder e mobilidade social.

    Relaes entre linguagem oral e linguagem escrita um debate em aberto.Em muito devido s mudanas histricas decorrentes das novas tecnologias

    eletrnicas e digitais da comunicao e da informao, que colocaram em causa,

    com suas mdias, muitas dessas constataes como a situao face-a-face da

    fala e a distncia da escrita; a fugacidade da fala e a preservao do escrito etc. ,

    da dcada de 90 em diante, comeou-se a pensar relaes menos simplistas e

    dogmticas entre a fala e a escrita nas sociedades complexas e letradas. Duas

    posies ganharam relevo nestas discusses mais recentes:

    a. existncia de um contnuo ou gradao entre fala/escrita (lingstica

    textual, anlise conversacional, teorias de gneros textuais); e

  • b. existncia de relaes complexas de constitutividade mtua entre fala e

    escrita em contextos especficos de uso (teorias da enunciao e do

    discurso).

    No Brasil, o proponente e articulador principal da viso do contnuo

    Marcuschi (2001a; 2001b, dentre outros). Antes dele, j Kato (1986) apresentava

    uma viso de continuidade entre as construes de fala e escrita na criana em

    desenvolvimento:

    Figura 1 Relaes de continuidade fala/escrita na criana.

    Ou seja, a criana desenvolveria uma fala inicial sem contato com a escrita

    (F1). Quando de seus contatos iniciais com a escrita (E1), sua fala seria modificada

    por efeitos de letramento (F2 Fn), assim como sua escrita (E2En) tambm

    sofreria impactos desses processos.

    Marcuschi (2001a, 2001b) apresenta viso mais sofisticada destas relaes

    de continuidade, fundada nos gneros textuais. Para ele, as diferenas entre fala e

    escrita se do dentro do continuum tipolgico das prticas sociais de produo

    textual e no na relao dicotmica de dois plos opostos. Em conseqncia,

    temos a ver com correlaes em vrios planos, surgindo da um conjunto de

    variaes e no uma simples variao linear (MARCUSCHI, 2001a, p. 37,

    destaque do autor).

    EXERCCIO

    leia o texto a seguir; identifique e comente pelo menos trs exemplos de

    coeso por conexo e trs exemplos de coeso por justaposio.

    REVISTA EDUCAO - EDIO 133 Editora Segmento Ltda acesso

    pelo site WWW.uol.com.br em 03/06/2008 s 12h58min

  • MUDANA DE HBITO

    Nmero de leitores que

    utilizam suporte

    tradicional est em

    declnio no mundo; para

    especialistas, novas formas interagem com aquela j

    consagrada.

    Fabiano Curi

    Regina Zilberman, da UFRGS: "A escola anda de patinete e a sociedade, de

    avio"

    A escola sempre se refere ao livro como algo positivo na educao de seus

    alunos. No poderia ser diferente, afinal as instituies de ensino se sustentam em

    textos impressos para educ-los. Seus professores foram formados nessa cultura e

    nada mais natural do que passar essa maneira de aprender para as novas

    geraes.

    Entretanto, uma ampla pesquisa da NEA (National Endowment for the Arts),

    uma agncia do governo norte-americano para o acompanhamento do

    desenvolvimento das artes no pas, apontou tendncias nada reconfortantes para

    os defensores do livro como principal instrumento de formao escolar. Entre 1984

    e 2004, o nmero de adolescentes de 13 anos que nunca leram um livro aumentou

    de 8% para 13%, enquanto o dos que lem diariamente baixou de 35% para 30%.

    Pode no parecer catastrfico, mas o problema aumenta consideravelmente

    conforme a faixa etria: entre os jovens de 19 anos, ou seja, entre aqueles que

    esto deixando a escola, esses nmeros passaram de 9% para 19% entre os que

    nunca leram e de 31% para 22% entre os que se dedicam todos os dias aos livros.

    Os dados so mais reveladores quando notamos que nesses 20 anos o

    nmero de crianas que lem diariamente por prazer permaneceu praticamente

    inalterado (de 53% para 54%), mas esse hbito cai vertiginosamente com o

    avanar dos anos: entre os adolescentes de 17 anos a porcentagem era de 31%,

  • em 1984, de 25%, em 1999, e chegou a 22% em 2004. Ou seja, se o objetivo da

    escola nos Estados Unidos formar leitores, ela fracassa.

    Outros nmeros importantes da pesquisa (disponvel em

    www.nea.gov/research/toread.pdf) mostram a diminuio do capital empregado

    pelas famlias anualmente na compra de livros e as conseqncias dessa

    diminuio da dedicao aos textos: notas escolares proporcionais ao nmero de

    livros que as pessoas tm em casa, maiores dificuldades para conseguir empregos

    e remuneraes consideravelmente inferiores entre os leitores que raramente

    freqentam as pginas dos livros.

    O cenrio desanimador nos Estados Unidos no muito diferente daquele

    encontrado em outros pases ricos. Contudo, pelo menos nos dados de mercado

    editorial, a Amrica Latina mostra resultados distintos. Em uma avaliao do Centro

    Regional para el Fomento del Libro en Amrica Latina, el Caribe, Espaa y Portugal

    (Cerlalc), editores de vrios pases da regio apontaram melhora do cenrio no

    ltimo ano, principalmente em vendas no varejo, ou seja, nas livrarias, o que

    significa diminuio da dependncia do governo, que normalmente o principal

    comprador de livros para repass-los ao ensino pblico. Alm disso, a expectativa

    do setor para o futuro prximo otimista.

    Seria precipitado diagnosticar os resultados alvissareiros da Amrica Latina

    como um maior equilbrio no consumo de literatura no mundo, uma vez que a

    estabilidade econmica da maior parte desses pases foi responsvel pelo aumento

    de bens de consumo, inclusive culturais. A tendncia global outra, e est

    direcionada para a diminuio do impresso. "De acordo com vrios estudos que

    conheo, geral na maior parte dos pases do mundo - isso em decorrncia da

    forte penetrao da escrita virtual, dinamizada pela internet, que vem velozmente

    mudando os hbitos de leitura das populaes", argumenta Ezequiel Theodoro da

    Silva, professor da Faculdade de Educao da Unicamp e presidente de honra da

    ALB (Associao de Leitura do Brasil).

    A mudana de suporte da leitura, ou seja, a migrao de leitores de

    impressos para sistemas audiovisuais e digitais trar conseqncias para a forma

    de pensar das novas geraes, o que no significa um futuro sombrio. "Uma

    concepo de leitura e de leitor deve contemplar, hoje, todos os meios e

    linguagens, fazendo com que uma linguagem seja suporte para o entendimento das

  • demais. A escrita permitindo entender melhor a imagem e, vice-versa, a imagem

    facilitando a compreenso crtica da escrita", reflete Silva.

    "So linguagens distintas e uma no pode se sobrepor outra", considera

    Adilson Citelli, professor da Escola de Comunicaes e Artes da USP e pesquisador

    de comunicao e educao. Ele concorda com a afirmao de Silva e diz que

    "precisamos ampliar o nosso conceito de leitura".

    Regina Zilberman, professora de literatura na UFRGS e autora de diversos

    livros sobre a leitura no Brasil, acredita que o padro de leitura individual e

    silenciosa deve se modificar, mas no enxerga problemas nisso. Ela lembra que h

    alguns sculos a leitura era feita em voz alta para o pblico. "As coisas vo se

    acomodando e o pblico se adapta."

    Escola perdida

    Se a sociedade vai modificar suas formas de ler e de lidar com textos, o

    mesmo no se pode dizer da sala de aula. "A escola anda de patinete e a

    sociedade, de avio", brinca Regina. Ela desconfia que o ambiente escolar corre o

    risco de se tornar dispensvel caso no se prepare para abarcar outras formas de

    leitura amplamente disseminadas pela mdia e cada vez mais acessveis a todos os

    grupos da populao.

    Para Citelli, a escola precisa se ressignificar. O professor argumenta que

    hoje ela uma instituio entre tantas outras e que precisa descobrir como vai se

    especializar no trato do conhecimento. O grande objetivo da escola, segundo ele,

    deve ser alfabetizar para a palavra.

    Na opinio de Theodoro da Silva, o professor na escola deve "usar bom

    senso e criatividade na preparao de suas aulas, entrelaando as diferentes

    mdias no seu planejamento de ensino e nas suas metodologias". Ele faz questo

    de lembrar que as mdias digitais tambm se sustentam na "escrita".

    De qualquer modo, so poucas as instituies de ensino e os professores

    preparados para trabalhar com outras linguagens e, quando se sentem ameaados

    por suportes que no dominam, tendem a refut-los. "Eu no vejo as linguagens

    como coisas estanques, mas co-ocorrendo dinamicamente numa sociedade. Por

    isso mesmo, nenhum meio deve ser demonizado mesmo porque so conquistas

    culturais que servem para o enriquecimento da comunicao humana", pondera

    Theodoro da Silva.

    Para que serve a literatura?

  • Um grande jornal lanou este ano uma coleo de ttulos de literatura

    brasileira e a anunciou como a oportunidade de "colecionar conhecimento". Nada

    mais evidente do que, em uma sociedade que valoriza amplamente o carter

    utilitrio de tudo, tentar estabelecer para obras em que impossvel quantificar um

    uso a possibilidade de acumular um "bem": o conhecimento. Como estratgia de

    marketing, pode valer, mas se pararmos para pensar um pouco nos colocaremos a

    questo: para que serve a literatura em um mundo no qual tudo precisa ter uma

    aplicao? Para o prazer? Distrao? Outros meios conseguem suprir essa

    necessidade humana de forma muito mais imediata.

    "Ainda que os veculos digitais e eletrnicos venham galopantemente

    ganhando mais espao no gosto ou preferncia de grande parte da populao,

    percebo uma convivncia equilibrada desses veculos com o livro e demais veculos

    impressos", observa Theodoro da Silva. "Isso porque o livro, em sua forma

    tradicional, um fortssimo instrumento cultural, enraizado na conscincia dos

    povos da forma como ele sempre se apresentou e vem sendo lido." Ele considera

    ainda que "o livro impe um modo de percepo, inteleco e fruio que muito

    diferente de outras mdias existentes".

    Citelli indica que estamos desconsiderando uma dimenso programtica no

    sentido de uma dimenso pragmtica, ou seja, de buscar razes prticas para tudo.

    Para ele, a literatura no para resolver problemas imediatos, um compromisso

    maior com o ser humano. "A temporalidade da literatura outra."

    Fim do livro?

    Recentemente, a grande loja de comrcio eletrnico Amazon lanou um

    aparelho que permite armazenar cerca de 100 mil livros em formato digital, alm de

    jornais, blogs e outros arquivos de texto. Perguntado se a Apple, depois de

    renascer investindo em msica e vdeos, entraria tambm no mercado de suporte

    para textos, seu presidente pop star, Steve Jobs, disse que no, pois as pessoas

    no lem mais livros. A afirmao ganhou manchetes de jornais, e o livro, mais uma

    vez, foi decretado morto.

    Bem mais comedida, a revista norte-americana The New Yorker publicou

    uma matria sobre as conseqncias para a populao dos Estados Unidos que,

    paulatinamente, se dedica mais aos audiovisuais e internet do que a livros,

    revistas e jornais. A reportagem cita uma srie de estudos que apontam

    caractersticas de grupos pouco afeitos ao texto escrito, como necessidade de

  • informaes grficas e de metforas para compensar a falta de um vocabulrio

    passivo mais amplo. O autor do texto no acredita na extino da leitura e da

    escrita, mas considera sua diminuio e que a leitura por prazer ficar restrita a

    grupos de interessados.

    Para o professor da Unicamp Ezequiel Theodoro da Silva, o livro tem

    qualidades que no so facilmente dispensveis, a comear pelo seu formato. "O

    veculo ou objeto cultural 'livro' possui uma portabilidade insubstituvel e, alm

    disso, tem uma funo importante junto a segmentos que ainda necessitam da folha

    impressa para as prticas de leitura", diz. "O livro no precisa ser ligado numa

    tomada para ser lido."

    Mesmo que o impresso perca espao para meios digitais, isso tambm no

    significa o fim da literatura. A professora da

    UFRGS Regina Zilberman salienta o crescimento de outros veculos de

    divulgao de textos na prpria internet por onde a produo literria pode se

    disseminar.

  • Unidade III

    UNIDADERedao

    documentacional

    Aprendendo a se corresponder em diversas situaes de trabalho

    Aviso

    Memorando

    Carta comercial moderna

    Ata

    Currculo

    Ofcio

    Procurao

    Requerimento

    Declarao

    E-mail

    Carta comercial moderna

    Resenha

    Estrutura de um artigo cientfico

    Modelo de um artigo cientfico

    II

  • Aprendendo a se corresponder em diversas situaes de trabalho

    AVISO - um tipo de correspondncia cujas caractersticas so amplas e variveis.

    O aviso pode ser uma comunicao direta ou indireta; unidirecional ou

    multidirecional; redigida em papel prprio, afixada em local pblico ou publicada por

    meio da imprensa.

    Aviso usado na correspondncia particular, oficial e empresarial. Muitas

    vezes, aproxima-se do comunicado, do edital ou do ofcio.

    Geralmente no traz destinatrio, fecho ou expresses de cortesia.

    Modelo de Aviso

    EXERCCIO

    Elaborar um aviso, comunicando prazo para os alunos pedirem opo e

    transferncia de curso na Universidade X.

    ESTADO DO RIO GRANDE DO SULSECRETARIA DA SEGURANA PBLICA

    POLCIA CIVILACADEMIA DE POLCIA CIVIL

    DIVISO DE RECRUTAMENTEO E SELEO

    Aviso n 003/20..

    CONCURSO PARA DELEGACIA DE POLCIA E CONCURSOPARA ESCRIVO DE POLCIA

    A Comisso de Concurso designada para coordenar o ConcursoPblico de ingresso no Curso Superior de Formao de Delegado dePolcia e Concurso Pblico de ingresso no Curso Mdio de Formao deEscrivo de Polcia comunica que foram publicados no Dirio Oficial doEstado, edio de 20/05/..., segunda-feira, os Editais nmeros 015 016/...,dispondo sobre os resultados das Provas de Capacitao Vocacional (3fase) de ambos os concursos.

    Porto Alegre, 27 de agosto de 20..

    Del. Pol. Fulano de TalPresidente da Comisso de Concurso

  • Unidade III

    MEMORANDO - Pode ser interno ou externo. O primeiro uma correspondncia

    interna e sucinta entre duas sees de um mesmo rgo. O segundo pode ser

    oficial e comercial. O oficial assemelha-se ao ofcio; e o comercial, carta

    comercial. O papel usado para qualquer tipo de memorando o de meio-ofcio.

    Sua caracterstica principal a agilidade (transmisso rpida e simplificada

    de procedimentos burocrticos). Isso implica fazer os despachos no prprio

    documento ou, se necessrio, em folha de continuao.

    Modelo