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PAISAGEM RURAL DE DESTERRO DO MELO: Um reflexo da consolidação das fazendas centenárias
JÚNIOR, DANIEL DE PAIVA DIAS. (1); PORTELA, FERNANDA DE OLIVEIRA SILVA. (2).
1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Galeria João Borges de Mattos 16/101 Centro, Juiz de Fora/MG
36.010-180 [email protected]
2. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Rua Antônio Dias Tostes 680/401 Granbery, Juiz de Fora/MG
36.010-370 [email protected]
RESUMO O artigo em questão pretende abarcar uma análise da paisagem rural do município de Desterro do Melo, localizado na mesorregião do Campo das Vertentes de Minas Gerais. Trata-se de uma cidade com características ligadas à vida e trabalho no campo, inserida em um meio paisagístico singular, no qual a natureza estabelece conexões com as modestas construções, muitas ainda advindas do período de formação e ocupação do território. Possuindo diversos bens e espaços que são referências culturais para os moradores, em instâncias materiais e imateriais, têm-se, no âmbito urbano, as praças, parques, monumentos arquitetônicos, templos e festividades religiosas. Já no contexto rural, por sua vez, estas relações de identidade se dão através das fazendas centenárias existentes, capelas e determinados locais de características naturais. O território rural do município é consideravelmente mais abrangente que o urbano, no qual se localizam pequenas comunidades, tais como Boa Esperança, Amorins, Araçás, Cruzeiro, Rua Nova, Cajuru, dentre outras. Contudo, a análise a ser trabalhada diz respeito ao trajeto que liga o distrito-sede à cidade de Barbacena, perpassando pela Serra da Conceição, onde se situam as principais fazendas da municipalidade, surgidas, principalmente, no início do século XX, com alguns exemplares advindos de meados do XIX. Dentre estas edificações, cumpre mencionar as Fazendas Montevidéu, da Cachoeira, Buenos Aires, da Conceição e Domingo Lopes, que se relacionam diretamente aos aspectos de desenvolvimento e consolidação da cidade, especialmente no que se refere à economia. Algumas delas são procedentes do período escravocrata, outras se destacam pela grande produção de café que possuíram em determinado período. Esta paisagem cultural formada pelos complexos e o meio ao qual estão inseridos reflete também a forma como eram eleitos os locais para a implantação destes conjuntos de edificações: próximos a cursos d’água, com
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pastagem apropriada para plantio e criação de gados, além das belezas naturais do entorno, em que existem cachoeiras, pedreiras, várzeas e aglomerações arbóreas que são parte da Mata Atlântica. É importante ressaltar também que a população melense se identifica com este contexto rural-paisagístico, onde há lugares reconhecidos como elementos dotados de cultura e memória para o povo. Ante o exposto, pretende-se abordar a relação entre o conjunto arquitetônico formado pelos complexos das fazendas (incluindo as sedes e demais benfeitorias) e o meio ao qual elas estão inseridas, visto que a população estabelece laços de identidade, necessitando, portanto, de medidas que auxiliem na preservação destes ambientes dotados de cultura.
Palavras-chave: Paisagem rural; Desterro do Melo; Fazendas.
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1. Apresentação
A elaboração do presente artigo tem como base o desenvolvimento do trabalho de conclusão
de curso, ainda em andamento, do primeiro autor deste texto. Possuindo como objeto de
estudo a Fazenda Montevidéu, localizada no município de Desterro do Melo, as pesquisas e
discussões abordadas durante o processo possibilitaram uma série de análises que
englobaram desde um contexto macro, onde se estudou os aspectos históricos,
arquitetônicos e urbanísticos do distrito-sede, até um diagnóstico da região rural em que o
bem cultural se insere e do próprio complexo da fazenda, tendo como enfoque a
edificação-sede.
De uma forma abrangente, durante as pesquisas, constatou-se que a população melense
estabelece relações com diversos bens existentes na municipalidade. Os templos religiosos,
as construções antigas – como os sobrados coloniais remanescentes –, as praças e parques,
os bens móveis e integrados de uso religioso e as festividades culturais e de caráter litúrgico
são os principais elementos culturais encontrados na área urbana da cidade. Já na zona rural,
os bens que estabelecem relações de pertencimento com os habitantes são as edificações
mais antigas, como as fazendas centenárias e capelas existentes, além dos elementos
naturais da paisagem, como as cachoeiras, pedreiras, matas e a própria Serra da Conceição
como um todo.
Tendo estes aspectos em vista, pretende-se analisar a relação existente entre o patrimônio
edificado, mais precisamente as fazendas e seus complexos, o meio natural ao qual elas
estão inseridas e a dinâmica humana de ocupação destes espaços, visto que a paisagem
cultural apresenta-se pela interação entre o ser dotado de cultura e o ambiente em que ele
está vinculado. Neste viés, o recorte a ser trabalhado se dá através de parte da região rural
localizada entre o distrito-sede e a cidade de Barbacena, em razão de o local possuir algumas
edificações que nos remetem à formação da municipalidade, além de abarcar aspectos
naturais e ambientais marcantes e dotados de valor para a comunidade melense.
Cumpre ainda mencionar que será importante, primeiramente, contextualizar o leitor acerca
do município de Desterro do Melo, onde serão apontadas, de forma abrangente, as
características do espaço tanto urbano quanto rurais, perpassando também pelas
manifestações culturais existentes. Com isso, será possível compreender, mesmo que de
forma generalizada, como se dá a dinâmica de vida desta pacata cidade do interior de Minas.
Por fim, será realizada uma análise pormenorizada do complexo da Fazenda Montevidéu e
como se dá a inserção de seus elementos construídos no meio natural, ponderando também a
importância do local para os moradores e para a história da cidade.
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2. Paisagem como um elemento de identidade e cultura
Através do olhar fenomenológico, têm-se buscado compreender quais são as relações do
homem com o espaço que ele habita, sobretudo explorando-se as diversas experiências
estabelecidas e vivenciadas, visto que habitar “implica dotar o mundo de coisas que
respondam aos diversos níveis de solicitação, pois, no fundo, a necessidade utilitária nasce
de uma motivação existencial” (Carsalade, 2014, p. 123).
Tratando este “local habitado” como os ambientes que o homem convive e deposita suas
significações, aponta-se o fato de que eles podem ser detentores de memórias e histórias,
presentes em cada traçado das ruas, nas lembranças e recordações das pessoas, na própria
arquitetura, na paisagem, orientando o ser humano no espaço e no tempo, pois “[...] a cidade
não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão” (Calvino, 1990, p.14-15).
Nesse viés, principalmente quando se estuda a arquitetura e o meio ao qual ela está inserida,
deve-se buscar interpretar, então, quais são esses sentimentos de orientação e significação
existentes, pois ela “articula a experiência de se fazer parte do mundo e reforça nossa relação
de realidade e identidade pessoal” (Pallasmaa, 2011, p. 39). Portanto, o homem (ou uma
sociedade em geral) precisa conhecer e experimentar os lugares onde se sente "habitado",
uma vez que assim poderá compreender também quais são esses elementos que lhe
propiciam o sentimento de pertencimento. Ele, como um ser dotado de cultura, atribui valores
àquilo que desperta afinidades em seu espírito humano e poderá identificar o que precisa ser
preservado.
Tratando-se da paisagem cultural, especificadamente, é importante frisar que sua
consideração como um bem de interesse cultural é mais tardia, se compararmos aos
monumentos arquitetônicos. Esta abordagem começa a se sistematizar a partir da Convenção
do Patrimônio Mundial da UNESCO, de 1972, onde a preocupação com o meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável se tornam pautas dos grandes debates e encontros
internacionais. Sendo assim, em 1992, a UNESCO passa a reconhecer a paisagem cultural
como uma categoria independente de reconhecimento dos bens culturais.
Cabe apontar também que, em 11 de setembro de 1995, foi criada a principal carta patrimonial
que aborda discussões acerca da paisagem cultural, a Recomendação Europa. Tomando
como base o conceito apresentado na carta, temos que a paisagem é a:
[...] expressão formal dos numerosos relacionados existentes em determinado período entre o indivíduo ou uma sociedade e um território topograficamente definido, cuja aparência é resultado de ação ou cuidados
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especiais, de fatores naturais e humanos e de uma combinação de ambos. (IPHAN, 1995, p. 3).
Sendo assim, podemos afirmar que “toda paisagem é cultural, porque, ao se relacionar com o
meio ambiente, a pessoa realiza um gesto que está associado ou entranhado na sua forma de
viver, ou seja, à cultura” (Sá Carneiro; Silva, 2012, p. 293). Portanto, o ser humano se faz
ainda mais imprescindível para a interpretação das paisagens. Na verdade, trata-se de uma
relação mútua: o ambiente está para o ser, assim como o ser está para o ambiente. Cabe
reafirmar também que a arquitetura cumpre papel fundamental na paisagem, tanto como
“produto” da intervenção humana no espaço, quanto elemento de suporte para a
compreensão da ambiência.
3. Desterro do Melo: breves apontamentos sobre o município
Desterro do Melo é um município localizado na mesorregião do Campo das Vertentes de
Minas Gerais, possuindo área de 142,279 km² e aproximadamente 3036 habitantes. Situado a
32 km de Barbacena e 215 km da capital Belo Horizonte, a cidade faz divisa territorial com os
municípios de Alfredo Vasconcelos, Alto Rio Doce, Barbacena, Mercês, Santa Bárbara do
Tugúrio e Senhora dos Remédios. Embora não possua nenhum distrito, há muitas
comunidades rurais pertencentes ao município: Cruzeiro, Serra da Conceição, Boa
Esperança, Amorins, Rua Nova, Araçás, dentre outras. O clima é tropical de altitude e o bioma
presente é a Mata Atlântica. Possui temperatura média anual de 19ºC e é banhado pelo Rio
Xopotó e seus córregos afluentes, como o Córrego dos Luíses e o Córrego Manganga.
Pode-se afirmar que Desterro do Melo possui um caráter muito provinciano, de cidade
interiorana, com tradições e costumes passados de geração a geração. As práticas rurais,
apesar do êxodo cada muito frequente, ainda mantêm-se estabelecidas, sendo a criação de
gado leiteiro e a agricultura as principais fontes de renda da municipalidade. É cada vez mais
crescente a evasão dos cidadãos para as cidades próximas, como Barbacena, por exemplo,
buscando oportunidades de emprego e estudo que o município não oferece, de forma a
atender plenamente às demandas da população.
Em Desterro do Melo o incentivo à cultura e a propagação da mesma se dá de forma bastante
efetiva. Por se tratar de um município muito pequeno, as diversas manifestações imateriais
ainda se mantém vivas, pois são passadas de pais para filhos, de geração para geração. Além
disso, os gestores preocupam-se em divulgar e preservar essas tradições, através de ações
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de educação patrimonial, cursos de capacitação profissional, cursos de artesanato e culinária,
além de diversos eventos culturais.
Estas ações são efetivadas, principalmente, através do trabalho desenvolvido pela Secretaria
de Cultura e Turismo, que é o órgão responsável pela preservação dos bens culturais da
cidade, bem como de sua divulgação. Por não possuir um arquivo público nem um
departamento ou divisão de patrimônio cultural, as principais informações históricas da
cidade, documentos e fotografias antigas, são de responsabilidade deste setor que, durante
alguns anos, buscou coletar dados, de casa em casa, acerca da formação da municipalidade.
Atualmente, a cidade conta com três bens culturais materiais protegidos por tombamento em
nível municipal: a Matriz de Nossa Senhora do Desterro, através do decreto no 23 de 2005; a
Imagem do Divino Espírito Santo, pelo decreto no 02 de 2007; e o Conjunto Paisagístico do
Parque Xopotó, pelo Decreto no 67 de 2011. Também merecem destaque três manifestações
religiosas registradas: a Festa de Nossa Senhora do Rosário, aprovada junto à criação da Lei
do Registo Imaterial nº 680 de 2011; a Festa de Nossa Senhora do Desterro, pelo Decreto nº
07 de 2014; e a Festa de São Sebastião, pelo decreto nº 06 de 2015. Percebe-se, portanto, a
não existência de bens culturais rurais protegidos, sejam eles materiais ou a própria paisagem
em si.
Com uma riqueza de paisagens naturais e locais ainda inexplorados, bem como por sua
arquitetura singular, Melo possui grande vocação turística, principalmente para visitação e
práticas esportivas. A criação do projeto “Via Verde”, em 2008, almejava justamente estas
questões, buscando implantar atividades de ecoturismo e turismo de aventura na Serra da
Conceição, que possui inúmeras belezas marcantes. Ademais, os locais mais visitados na
cidade são o Parque Xopotó, a Matriz de Nossa Senhora do Desterro, a Igreja do Rosário e a
própria Via Verde, sobretudo o mirante.
As diversas cachoeiras na zona rural da cidade, que se formam na extensão do rio Xopotó,
também são grandes atrativos para visitantes e para os melenses, como a Cachoeira dos
Cinco Saltos, Cachoeira da Andorinha, Cachoeira da Usina e Cachoeira do Engenho. Porém,
a mais frequentada se localiza na entrada do distrito-sede, no Parque Xopotó, sendo
constantemente visitada nos fins de semana do verão.
O município também integra o Circuito Nascente do Rio Doce, um dos 45 trajetos turísticos de
Minas Gerais, que visa desenvolver atividades no estado através de uma integração contínua,
difundindo o turismo e reforçando a identidade regional. É integralizado pelas cidades de Alto
Rio Doce, Brás Pires, Carandaí, Cipotânea, Desterro do Melo, Oliveira Fortes, Presidente
Bernardes, Ressaquinha, Senador Firmino e Senhora dos Remédios.
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A região compreende uma área montanhosa da Serra da Mantiqueira, onde se localiza a
nascente do Rio Doce. Nascendo incialmente em Ressaquinha, o rio recebe o nome de
Piranga. Perto de Ponte Nova, a 150 km da nascente, passa a ser chamado de Rio Doce. É
banhado durante seu percurso por vários afluentes, entre eles o Rio Xopotó, que nasce em
Desterro do Melo na Serra da Conceição. Todos os municípios membros da Associação do
Circuito Turístico estão ligados ao Ciclo do Ouro, da fase áurea à decadência, sendo cortados
por trechos da Estrada Real.
A Lira Nossa Senhora do Desterro também é muito marcante para a comunidade. Além de
sempre estar presente nas celebrações religiosas há, por volta de setembro, o tradicional
encontro de bandas, muito comum pelos municípios da região, onda a corporação musical
sempre marca presença.
Outras comemorações tradicionais no município são: a festa do aniversário da cidade,
celebrada dia 1 de março, com shows e apresentações; a Exposição Agropecuária, que
ocorre em agosto, sendo a festa mais movimentada, com rodeio, shows, torneio leiteiro e
concurso de marcha; as festas juninas e julinas, com quadrilhas, barraquinhas de comidas
típicas, dança das fitas, contemplando desde os alunos das escolas até o público da terceira
idade; e o Encontro de Violeiros, com a presença de bandas e tocadores de viola e sanfona de
toda a região. Dentre as festividades que acontecem no meio rural, destacamos as
celebrações religiosas e cavalgadas.
Além dos aspectos imateriais citados, a municipalidade se caracteriza pela forte tradição do
saber-fazer, passados de pais para filhos, como a produção de quitandas e doces caseiros –
como goiabada, doce de leite, doce de figo, etc. – preparados, sobretudo, nas fazendas, nos
fornos e fornalhas a lenha.
4. Paisagem rural melense
Para se compreender a paisagem rural da cidade, cabe apontar, em um primeiro momento,
que o desenvolvimento da ocupação territorial do município se deu, principalmente, em
função das características topográficas existentes. No âmbito urbano, isso fica evidenciado
devido à presença da Igreja Matriz, que foi a construção base para a consolidação das ruas e
implantação das demais edificações. Importante salientar que a atual igreja não é a primeira
construída, mas o local continua o mesmo. Por todo o distrito-sede é possível perceber a
inserção do município por entre os “mares de morros”, destacando a presença da Serra da
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Conceição (Figura 1), vista por diversos pontos. Neste viés, portanto, o trajeto rural que fica
próximo à dita Serra será analisado de forma mais criteriosa no decorrer deste capítulo.
Figura 1: Vista geral da área urbana de Desterro do Melo e sua inserção em meio à paisagem com topografia acentuada. Destaque para a Serra da Conceição, ao fundo.
Autor: Daniel Paiva. Data: maio, 2016.
Com uma área territorial rural muito mais abrangente que a urbana (Mapa 1), a cidade é
formada pelos povoados da Serra da Conceição, Serra do Manganga, Boa Esperança,
Amorins, Araçás, Cruzeiro, Rua Nova, Cajuru, Ribeirão do Azeite e diversas outras
localidades. A zona rural apresenta grande número de fazendas surgidas, principalmente, no
início do século XX, com alguns exemplares de meados do XIX, que se relacionam
diretamente com os aspectos de desenvolvimento e consolidação da cidade, especialmente
no que se refere à economia.
Mapa 1: Zona urbana, em amarelo; Zona rural, em turquesa. Fonte: Plano de Inventário do Patrimônio Cultural de Desterro do Melo de 2010 e 2011.
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Em relação à arquitetura, temos a presença de exemplares religiosos, que muito caracterizam
a fé católica disseminada e marcante na cidade, como a Igreja do Araçás, a Capela de Nossa
Senhora Aparecida e a de São Sebastião, onde se situam as imagens sacras. Além disso, por
todo o local, encontram-se fazendas, sítios e outras residências, muitas com caráter modesto,
tendo sido construídas pelos próprios moradores que depositavam ali o saber-fazer passado
de geração a geração.
A forma de ocupação destes territórios também varia. Ora encontramos edificações distantes
umas das outras, outrora percebemos certa aglomeração de edifícios, possuindo caráter de
vilarejo. Neste último caso, há localidades onde a infraestrutura é maior, como no caso da
região denominada “Rua Nova”, em que há energia elétrica e pavimentação.
4.1. Elementos naturais da paisagem
Como já apontado previamente, a cidade detém locais de caráter natural que são marcantes
para a população. Além das diversas cachoeiras já mencionadas, a paisagem da Serra da
Conceição abriga pontos singulares que são símbolos de identidade para os moradores de
Desterro do Melo (Figura 2).
Justamente no recorte estabelecido, podemos destacar a presença destes elementos: a
Pedra do Macaco – que possui o perfil de um gorila; a Pedra do Índio – que se assemelha ao
rosto de um índio; a Pedra da Tartaruga – semelhante ao perfil de uma tartaruga –, que abriga
o mirante da cidade; e a Figueira Centenária – onde conta-se que foi plantada sobre ouro que
havia sido escondido durante o período de mineração que ocorreu na região.
Figura 2: Elementos naturais da paisagem de Desterro do Melo. Fonte: Acervo da prefeitura municipal de Desterro do Melo. Sem data.
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4.2. Conjunto arquitetônico das fazendas centenárias
Desterro do Melo sempre teve sua economia baseada nas atividades agrícolas, desde os
primórdios de sua formação. Tais práticas sempre estiveram muito presentes durante todo o
desenvolvimento da cidade, sendo a principal fonte de renda da grande maioria da população.
Com o êxodo rural e a vinda de moradores das cidades vizinhas, os comércios e indústrias
foram se expandindo e a região urbana cresceu.
Durante o fim do século XIX, com a abolição da escravatura, a presença dos imigrantes no
Brasil auxiliou, de certa forma, na reorganização territorial e social do nosso país. Com a
Primeira Guerra Mundial, acentua-se esse número. Nesse contexto, destacamos que o então
distrito recebera também pessoas de outras nacionalidades, principalmente da Itália e
Portugal.
Já durante o início do século XX, a prática cafeeira se instalou de forma significativa nas
fazendas do distrito, que possuía terras férteis e favoráveis ao plantio, tornando-se destaque
na região. Além disso, a abertura da estrada que liga Desterro do Melo às cidades de
Barbacena e Alto Rio Doce proporcionou grande intercâmbio e exportação de produtos com
mais facilidade.
Importante salientar que o município não foi contemplado com a ferrovia e isso dificultava a
transição de cargas e pessoas, até o advento dos automóveis. Porém, devido à sua
proximidade com Barbacena, esta migração não se tornou um empecilho, pois durante muitos
anos, as exportações de café e outros produtos agrícolas se davam através do transporte
animal, pelas tropas, que levavam as cargas até Barbacena, onde eram conduzidas para
outras cidades da região.
Embora a produção cafeeira em Desterro do Melo tenha tido grande destaque durante o
começo do século XX, tendo perdurando durante décadas, atualmente, as principais
atividades econômicas da municipalidade estão relacionadas à criação de gado bovino (para
corte e leite), produção de queijo, banana, milho, feijão, arroz e cachaça.
A expansão territorial era feita através da compra, doação ou herança de terras. A Fazenda da
Conceição é uma das primeiras a se consolidar nesses territórios. Sendo construída por
meados do século XIX, a área pertencente ao complexo englobava praticamente toda a região
onde hoje se situa o município. Com o passar dos anos, as terras vão sendo divididas ou
adquiridas por outras personalidades e começam a surgir outras fazendas (Figura 3), como a
Montevidéu, a Domingo Lopes, a Buenos Aires e da Cachoeira. Estas já são do período de
transição entre o século XIX e XX. Cabe destacar que algumas possuíram mão de obra
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escrava, como a Buenos Aires e a da Conceição, fato comprovado pela ainda existência de
senzalas e pelas lendas contadas pelos munícipes mais antigos.
Figura 3: Fazendas que fazem parte do recorte trabalhado neste artigo. Fonte: Acervo pessoal de Sílvia Maria Amaral. Sem data.
No que diz respeito às suas implantações (Mapa 2), estes complexos (que contém as sedes
das fazendas e suas demais benfeitorias) estão situados em pontos estratégicos. A escolha
do local para a construção das edificações dependia de diversos fatores naturais que
auxiliariam no trabalho e rotina da vida no campo. Primordial era ter áreas férteis para plantio
e algum curso d’água que passasse pelas imediações, uma vez que a água era um elemento
extremamente necessário para, por exemplo, o funcionamento de moinhos, para a lavagem
do café nos tanques ou para o próprio uso doméstico da residência.
Neste caso, a presença do Rio Xopotó, que nasce na Serra da Conceição e passa por entre
estas terras, foi um ponto favorável para esta determinação. Em outros casos, córregos ou
outros cursos d’água também garantiam esta necessidade, como no caso do Córrego
Manganga (afluente do citado rio), que foi essencial para a implantação da Fazenda
Montevidéu.
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Mapa 2: Localização das Fazendas que fazem parte do recorte estudado. Destaque para o Rio Xopotó, que corta a região.
Adaptado pelo autor. Fonte base: Google Earth. Data: 02/09/16.
O fato de estarem localizadas próximas umas das outras também facilitava o intercâmbio de
produtos. A Fazenda Montevidéu, por exemplo, foi a maior produtora e exportadora de café da
cidade. Além do que era cultivado em suas terras, o proprietário também comprava o fruto das
demais fazendas da cidade, visto que ela era a única que possuía a máquina para limpeza e
que vendia para outras cidades. Ademais, todos estes citados complexos pertenciam a
pessoas de um mesmo círculo familiar, uma vez que eles surgiram em decorrência da partilha
de terras.
Cabe destacar também que as belezas naturais que circundam estas fazendas potencializam
ainda mais o caráter singular desta paisagem cultural. Com uma fauna e flora típicas da Mata
Atlântica, percebe-se que há uma mútua interação entre a natureza e o espaço construído,
reforçando ainda mais o sentimento de pertencimento do observador.
5. Uma análise pormenorizada da Fazenda Montevidéu
A Fazenda Montevidéu está localizada a cerca de 3,5 km do distrito-sede da cidade de
Desterro do Melo. Construída em 1913 pelo Coronel Alcides Amaral Sobrinho, conhecido
como Barão do Café, o complexo tinha como principal atividade a produção cafeeira, desde o
plantio, até a lavagem, secagem e preparação para exportação.
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O complexo está situado em uma paisagem exuberante da zona rural melense, conhecida
como Serra do Manganga, uma porção da Serra da Conceição que, segundo tradições orais,
possui esse nome - Manganga - devido a uma espécie de vespa, geralmente da cor negra,
que muito se encontrava por ali. O córrego que corta suas terras e que é um dos afluentes do
Rio Xopotó, como apontado anteriormente, também recebe o mesmo nome.
A edificação-sede possui características construtivas advindas do período colonial brasileiro,
sendo também detentora de histórias que não nos remetem apenas ao desenvolvimento da
municipalidade, mas, sobretudo, ao imaginário e memória de grande parte da população,
através dos elementos materiais, lendas e lembranças que lhe são inerentes.
Embora não seja protegida legalmente por tombamento em nenhum nível, a Fazenda foi
inventariada em 2012 pelo município, juntamente com os bens móveis e integrados da Matriz
de Nossa Senhora do Desterro, outras edificações do núcleo urbano (principalmente as mais
relevantes localizadas no entorno da Matriz) e outras preexistências rurais consideradas, na
época, importantes por diversas razões.
Para a análise do trecho que liga a região urbana de Desterro do Melo à Fazenda Montevidéu,
será utilizado um conceito apresentado por Gordon Cullen em seu livro “Paisagem Urbana”. O
observador é um ser essencial para a cidade, pois constrói interações e atribui valores ao
vivenciá-la. Além disso, as imagens visualizadas diariamente evocam diferentes experiências
e emoções. Nesse viés, o trecho em questão será descrito através da “visão serial”, apontada
pelo autor como uma forma de se fazer a leitura da cidade em que, através de distintas
visadas, pode-se percebê-la de formas variadas, trazendo à tona sentimentos diversos no
espectador.
[...] a paisagem urbana surge na maioria das vezes como uma sucessão de surpresas ou revelações súbitas. [...] Se ao nível científico ou comercial a cidade constitui um todo, numa perspectiva visual temos dois pontos de vista a considerar: a imagem existente e a imagem emergente. De um modo geral aparecem ao transeunte como uma sucessão de acontecimentos fortuitos, e sua ligação não passa de mera coincidência. (Cullen, 1983, p.11).
De acordo com esse estudo, portanto, propôs-se ao leitor experienciar, através do
movimento descrito como “visão serial”, o trecho em questão, de acordo com o mapa abaixo,
destacando os principais elementos deste trajedo:
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Mapa 3: Visão serial do percurso que liga a região urbana de Desterro do Melo ao complexo da Fazenda Montevidéu.
Adaptado pelo autor: Fonte base: Google Earth. Fotos: Daniel Paiva. Data: julho, 2016.
Efetuando-se o percurso do distrito-sede de Desterro do Melo em direção ao complexo, é
possível observar que até se chegar à Fazenda há grande predominância de estrada
asfaltada, circundada por uma paisagem natural, de relevo montanhoso e bem arborizada,
propiciando sombras e vistas da Serra da Conceição durante todo o trajeto. Além disso,
nota-se a existência de poucas edificações, sendo todas de caráter rural, como as Fazendas
Buenos Aires e da Cachoeira, por exemplo.
Ao se adentrar na região do complexo da Fazenda, atravessa-se uma ponte sobre o Rio
Xopotó e o trajeto passa a ser feito por estrada de chão. A iluminação pública é inexistente,
visto que se trata de uma rodovia, o que dificulta o percurso para os pedestres no período
noturno. Além disso, não há nenhuma sinalização turística que indique a entrada da região
que leva ao complexo.
Durante grande parte do caminho, pode-se perceber a presença da Pedra do Macaco,
localizada na Serra da Conceição, sendo o elemento natural que mais se destaca na
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paisagem do complexo. Nota-se, portanto, que o trajeto apresenta belezas naturais
marcantes que surpreendem quem o realiza, principalmente a pé, desfrutando da flora, ora
mais adensada, que propicia sombra, ora mais dispersa, possibilitando a apreciação da Serra
e da extensão do espaço. Ademais, o contato visual com a fauna também é beneficiado, seja
através da presença de gados nas pastagens, como também de aves e outros animais.
Ao se aproximar da Fazenda Montevidéu é possível o observador notar, primeiramente, a
presença das benfeitorias ligadas à produção cafeeira (Mapa 4). Por se localizar um pouco
distante desta parte do complexo, a visualização da volumetria da sede se dá somente
quando se adentra mais o percurso, ficando mais visível a cada metro que se caminha em
direção à sua porteira de acesso principal. Situadas sobre um platô em uma área de várzea,
estas edificações e elementos são circundados por morros e vegetações.
Mapa 4: Identificação dos elementos e edificações que conformam parte do complexo, onde se encontram as benfeitorias relacionadas à produção cafeeira (sem escala).
Elaboração: Daniel Paiva. Data: julho, 2016.
A antiga casa do administrador é a primeira construção que se percebe. Por perto também
está localizada a antiga casa de máquinas, uma tulha, uma casa de colonos, um curral, um
tanque d’agua onde se lavava o café e parte do terreiro para a secagem do fruto. Havia
também outra tulha no local e o terreiro possuía uma extensão maior. Além disso, a casa de
máquinas sofreu supressões e um armazém de ferramentas foi demolido. Atrás da casa de
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colonos existia uma pequena usina hidrelétrica (hoje em ruínas) que, na época, gerava luz
para o complexo. Essas supressões ou demolições são de datas desconhecidas.
Ao continuar o trajeto, percebe-se que a sede e suas benfeitorias mais próximas se inserem
em um declive não muito acentuado, estando assentadas sobre um vale e envoltas por
diversos morros, onde é possível notar a presença de vegetação nativa e áreas de pastagem.
Mapa 5: Identificação dos acessos, elementos e edificações que conformam a região do complexo onde se encontra a sede da Fazenda (sem escala).
Elaboração: Daniel Paiva. Data: julho, 2016.
Ao se caminhar em direção à porção do território onde se insere a sede da Fazenda, aos
poucos é possível visualizar a edificação principal do complexo, destacando-se por entre a
paisagem. O acesso a esta parte do conjunto pode ser dado de três maneiras, conforme o
Mapa 5, sendo que o mais comum e utilizado por veículos e pessoas é o indicado em azul,
que leva diretamente ao pátio central, frente à edificação-sede. Em suas laterais, percebe-se
a implantação da garagem (antigo curral), a casa de arreios, o curral (antigo estábulo) e o
paiol. Este caminho leva ao jardim e à entrada principal da edificação, pela área social.
Outro acesso comumente usado, principalmente para descarga, se dá pela lateral (em aclive,
se comparado aos outros acessos), indicado na cor verde, levando ao pátio do andar superior,
onde se localiza a varanda, o armazém (antigo galinheiro), a varanda da bica d’água, o
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galinheiro e a casa de monjolo (onde se produzia a farinha de mandioca). Por esta parte é
possível adentrar a edificação-sede pela varanda da área de serviço.
Dentre os elementos apontados, os únicos que remontam à época de construção de formação
do complexo são o paiol, a casa de colonos e a tulha. A sede sofreu intervenções no decorrer
dos anos, sendo a maior delas realizada por volta de 1966. Os outros remanescentes foram
construídos ao longo do tempo, assim como aqueles que foram suprimidos.
Mesmo localizando-se relativamente longe das benfeitorias de produção do café,
comparando-se à grande maioria dos exemplares arquitetônicos do período cafeeiro de Minas
Gerais, a partir da edificação-sede é possível ter uma visão ampla do conjunto, principalmente
das áreas de pastagem, criação de gados e plantio do fruto.
6. Considerações finais
No que tange à essência dos bens culturais como elementos de identidade do ser humano no
espaço em que ele habita e convive, pode-se afirmar que a paisagem rural melense cumpre
essa função. No decorrer das pesquisas e levantamentos realizados, foi possível perceber
que os bens em questão se encontram inseridos na dinâmica histórica e cultural da cidade de
Desterro do Melo, bem como na memória da população.
A realização deste trabalho proporcionou a ampliação do entendimento sobre as várias
dimensões que o tema proposto possui. A busca pelo conhecimento e compreensão dos
fatores que envolvem as edificações em questão, bem como a paisagem ao qual elas estão
inseridas, assegurou a apreensão de como se dão as dinâmicas destes locais na atualidade,
em decorrência dos acontecimentos passados e sua trajetória no tempo.
A compreensão da paisagem cultural abarcada pelo complexo das fazendas centenárias de
Desterro do Melo, que não são somente conformadas por suas respectivas sedes, mas
também por todas as demais benfeitorias e os fatores naturais do entorno, foi essencial para
que se pudesse perceber que estes elementos, sejam eles construídos ou não, necessitam
ser preservados em seu contexto.
O fato de as edificações que conformam estes complexos não serem protegidas por
tombamento ou por ainda não existir uma discussão sistematizada acerca da paisagem
cultural no município não é um fator agravante para a preservação deste patrimônio, visto que
as fazendas possuem uso e recebem manutenções constantes de seus proprietários. Porém,
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devido aos valores históricos, artísticos e arquitetônicos que são inerentes destas edificações,
deve-se afirmar que a proteção garantiria, por lei, que estes bens pudessem ser
salvaguardados de forma eficaz. Porém, também é preciso frisar que somente o tombamento
não garante a preservação por completa. Não basta apenas conservar e manter a
materialidade em bom estado de conservação, pois a essência imaterial deve sempre estar
presente, contribuindo para esta manutenção, assim como as questões relativas ao entorno
destas edificações.
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