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PLANO DE GESTÃO FLORESTAL DA MATA DO DESTERRO
I. IDENTIFICAÇÃO:
Mata do Desterro / Revisão 00 – Fevereiro de 2009
II. DURAÇÃO: 2009-2026
III. DATA DA PRÓXIMA REVISÃO: 2014
IV. ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO E REVISÃO:
Município de Seia
Largo Dr. Borges Pires
6270-494 Seia
Tel: 238 310 240
Fax: 238 310 242
V. ELABORAÇÃO E ACOMPANHAMENTO:
Gabinete Técnico Florestal/Centro de Interpretação da Serra da Estrela
Artur Filipe Fernandes da Costa (Lic. Eng.Florestal)
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ÍNDICE I - INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3 II - IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO E DA PROPRIEDADE ...............................4 III - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO.................................................5 3.1. APRESENTAÇÃO DA ÁREA A INCLUIR NO PLANO DE GESTÃO .................5 3.2. AVALIAÇÃO GERAL DOS RECURSOS E DAS SUAS POTENCIALIDADES 6 3.2.1. Geologia e geomorfologia ................................................................................6 3.2.2. Clima ........................................................................................................................6 3.2.3. Solos.........................................................................................................................7 3.2.4. Caracterização bioclimatológica ....................................................................7 3.2.5. Caracterização biogeográfica..........................................................................8 3.2.6. Flora e vegetação ..............................................................................................10 3.2.7. Fauna .....................................................................................................................12 3.2.8. Figuras de Protecção........................................................................................12 3.2.9. Sensibilidade aos incêndios (D. L. 57/81)...............................................14
3.4. OCUPAÇÃO DO SOLO ..............................................................................................15 3.5. UNIDADES DE GESTÃO FLORESTAL ..................................................................16 3.5.1. Divisão da superfície florestal em Unidades de Gestão Florestal...16 3.5.2. Modelos de gestão da Mata do Desterro..................................................17 3.5.3. Avaliação qualitativa ........................................................................................25 3.5.4. Medidas urgentes para o tratamento e defesa dos povoamentos.26 3.5.5. Avaliação quantitativa .....................................................................................26
3.6. DESCRIÇÃO DO USO MÚLTIPLO .........................................................................27 3.7. ACESSIBILIDADE.......................................................................................................27 3.9. CARACTERIZAÇÃO SOCIAL ...................................................................................29 3.10. INFRA-ESTRUTURAS DE PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIOS .................29
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I - INTRODUÇÃO
Nas cotas mais baixas da serra da Estrela, compreendidas, aproximadamente, entre os 300
e 1000 metros, as condições climáticas amenas e favoráveis, a maior fertilidade dos solos e
a relativa abundância de água proveniente da montanha conduziram a uma elevada
presença e influência humana. O estabelecimento de agregados populacionais, a construção
de estradas e outras infra-estruturas, a transformação dos habitats naturais em zonas de
produção agrícola e silvícola conduziram à substituição dos ecossistemas naturais por áreas
de cultivo e produção florestal, sobretudo monoculturas de pinheiro-bravo (Pinus pinaster).
Assistiu-se, assim, a um empobrecimento da flora e fauna naturais e a um desaparecimento
quase completo dos bosques originais característicos.
Com o intuito de valorizar o património ambiental da serra da Estrela, o Município de Seia
estabeleceu em 2006 um protocolo com a EDP – Energias de Portugal, S.A., no qual esta
empresa cede ao Município de Seia uma área com 136 hectares (ver anexo I), florestada
essencialmente com pinheiros-bravos e eucaliptos (Eucaliptus globulus), que actualmente,
em resultado dos sucessivos incêndios, apresenta manchas significativas de giestais e
acácias (Acacia dealbata e Acacia melanoxylon) (ver anexo II). Esta área, situada nas
freguesias de São Romão e Seia, na margem direita do rio Alva, fica sob a gestão do
Município por um prazo inicial de 20 anos, renovável automaticamente por períodos
sucessivos de cinco anos.
A Mata é servida por uma rede de caminhos florestais relativamente bem conservada e
inclui três edifícios de apoio ao aproveitamento hidroeléctrico, nomeadamente, uma casa de
habitação, um armazém de materiais e máquinas e uma serração.
No âmbito da parceria estabelecida entre a EDP - Energias de Portugal, S.A. e o Município
de Seia pretende-se implementar na Mata do Desterro um projecto de gestão dos
ecossistemas naturais e semi-naturais, baseado em práticas florestais e agrícolas
sustentáveis, que promova a restauração do coberto vegetal natural, a conservação da
biodiversidade e em simultâneo permita uma utilização educativa, científica e turística.
Deste modo, o plano de gestão florestal prevê uma utilização agro-silvo-pastoril como
componente essencial da sua utilização e tem como objectivos a desenvolver:
a) Restaurar o coberto vegetal natural;
b) Identificar e respeitar valores geológicos e ecológicos;
c) Assegurar que são consideradas as questões ambientais, sociais, e paisagísticas;
d) Compatibilizar a actividade agro-silvo-pastoril com as actividades educativas e
turísticas; e
e) Demonstrar um modelo de gestão inovador.
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II - IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO E DA PROPRIEDADE
Natureza da Propriedade: privada em regime de comodato
Superfície total: 136 hectares
Distrito: Guarda
Concelho: Seia
Freguesias: São Romão e Seia
Proprietários:
EDP - Energias de Portugal, S.A.
Nº de Propriedades: 1
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III - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
3.1. APRESENTAÇÃO DA ÁREA A INCLUIR NO PLANO DE GESTÃO Localização geográfica
A Mata do Desterro, está situada nas freguesias de S. Romão e Seia, concelho de Seia,
distrito da Guarda, sendo delimitada a norte pela cumeada definida pelos afloramentos da
Cabeça da Velha e Cabeço dos Corvos, a sul pelo rio Alva e ribeira do Vale Verde, a poente
acompanha de próximo o estradão que serve a Cabeça da Velha/Senhor do Calvário e a
nascente confina com o lugar do Vale Verde.
Na área da Mata do Desterro existe uma rede de percursos pedestres temáticos sinalizados
com painéis interpretativos, numa extensão total de 16 quilómetros. Cada percurso é
dotado de paineis com informação sobre valores naturais e culturais.
É um dos objectivos de gestão a instalação de infraestruturas de apoio ao recreio,
nomeadamente, um parque de merendas a construir numa antiga área agrícola.
Para a área deste Plano de Gestão Florestal (PGF) o Plano Director Municipal (PDM) não
apresenta nenhuma condicionante, estando o espaço classificado como Reserva Ecológica
Nacional (REN) (ver anexo III).
Superfície Total: 136 hectares
Número de Propriedades: 1
Número de Proprietários Abrangidos pelo Plano de Gestão: 1
Teor da Inscrição Matricial das Parcelas Abrangidas pelo Plano de Gestão
Parcela Nome do prédio Freguesia Nº Artigo Área (ha)
1 Mata do Desterro Seia/São Romão 3136 136
2 Prédio urbano São Romão 1373 0.0180
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3.2. AVALIAÇÃO GERAL DOS RECURSOS E DAS SUAS POTENCIALIDADES
3.2.1. Geologia e geomorfologia
A Mata do Desterro localiza-se numa região acidentada, situada no flanco ocidental da serra
da Estrela numa encosta exposta a sul, a uma altitude compreendida entre os 790 e os
1061 metros. Do ponto de vista topográfico, a área abrangida pela Mata compreende três
unidades distintas: a cumeada, a norte; a vertente, exposta a sul; e o vale, no limite sul. A
cumeada é uma zona de relevos mais ou menos suaves, onde são frequentes afloramentos
e blocos graníticos de grandes dimensões. Esta superfície encontra-se a uma altitude
superior a 900 metros, alcançando 1061 metros no vértice geográfico Cabeço dos Corvos. A
vertente caracteriza-se por possuir um declive pronunciado, em geral superior a 30%,
sobretudo no sector nascente. Por último, o vale de traçado rectilíneo, mais ou menos
encaixado, é atravessado pelo Alva, numa direcção NE-SW, sendo o rio o principal agente
modelador da paisagem.
Em termos geológicos distinguem-se três tipos de formações litológicas principais: os xistos
de composição essencialmente quartzo-micácea, com uma idade entre 650 e 500 milhões
de anos, afloram na metade poente; os granitos, de idade estimada em cerca de 320 a 290
milhões de anos, caracterizam-se por apresentar uma textura grosseira, grandes cristais de
feldspato, e predominância de biotite em relação à moscovite; e, depósitos fluviais de
origem recente e espessura reduzida, constituídos essencialmente por areias e calhaus
rolados, resultantes da fragmentação de rochas graníticas e xistos.
Declive: médio a elevado (de 5% a 35%)
Altitude mínima: 790 m
Altitude máxima: 1061 m
3.2.2. Clima
Precipitação Média Anual: 1200 a 1400 mm
Precipitação Média Anual (dias no ano): 75 a 100 dias
Temperatura Média Anual: 12 a 15ºC
Geada: 40 a 60 dias ano
Humidade Relativa (às 9h00 T.M.G.): 70 a 75%
Evapotranspiração Real: 600 a 700 mm
Insolação Média Anual: 2300 a 2500 horas/ano
Radiação Solar: 145 150 Kcal/cm-2
Escoamento Médio Anual: 600 a 800 mm
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3.2.3. Solos
Litologia
Formações litológicas:
Xistos e grauvaques
Granitos biotíticos, grão grosseiro e porfiróides
Depósitos sedimentares fluviais (aluviões)
Pedologia
Tipo de Solos: Cambissolos húmicos associados a cambissolos dístricos (rochas
eruptivas).
Unidade pedológica: Cambissolos
(Fonte: Atlas do Ambiente Digital – Instituto do Ambiente)
Características dos solos da propriedade
Pedregosidade: média
Profundidade do solo: média
Afloramentos rochosos: frequentes
3.2.4. Caracterização bioclimatológica
A Mata do Desterro apresenta um macrobioclima Temperado, subtipo oceânico variante
submediterrânea, de ombroclima húmido a hiper-húmido.
A bioclimatologia é uma ciência ecológica, relativamente recente, que estuda as relações
entre o clima e a distribuição dos seres vivos na Terra. O seu objectivo é determinar a
relação entre certos valores numéricos de temperatura e precipitação e as áreas de
distribuição geográfica de espécies e comunidades vegetais (Rivas-Martinez et al., 1999).
Como consequência directa da elevada correlação entre bioclima e vegetação surge a
possibilidade de, para qualquer ponto da Terra, prever o tipo de vegetação que aí ocorre a
partir de dados bioclimáticos ou, alternadamente, produzir uma caracterização bioclimática
a partir da vegetação desse local (Rivas-Martinez et al., 2001).
A abordagem da cartografia bioclimática a partir de uma aproximação climática é muito
comum em trabalhos realizados a nível da conservação, nomeadamente, quando as áreas
sujeitas a intervenção estão muito alteradas. Assim, nestes casos a caracterização
bioclimática é definida, directamente, através de parâmetros climáticos ou através de
índices bioclimáticos que combinam de forma variada parâmetros de temperatura,
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humidade, insolação, entre outros, e por vezes, a altitude e a latitude (Mesquita et al.,
1995).
A caracterização bioclimática da área de intervenção teve por base o trabalho Dados sobre a
vegetação da Serra da Estrela (sector Estrelense), de Rivas-Martinez et al. (2000).
A análise de dados termopluviométricos e diagramas ombrotérmicos, permite verificar que a
área onde se insere a Mata apresenta um macrobioclima temperado, representado pelo
subtipo oceânico variante submediterrâneo, de ombroclima húmido a hiper-húmido,
verificando-se a existência de um período seco estival pouco pronunciado, de duração
inferior ou igual a 2 meses, conhecido por período de xericidade estival, com precipitações
(mm) inferiores ao dobro da temperatura (ºC), e que alterna com períodos em que os
valores da precipitação são mais regulares.
Andares bioclimáticos
A Mata do Desterro distribui-se pelos andares bioclimáticos Mesotemperado nas zonas de
baixa e média altitude, e nas zonas de maior altitude, correspondentes à cumeada insere-se
já no Supratemperado Inferior de ombroclima húmido a hiper-húmido.
Neste contexto, compreende-se a ocorrência de forma espontânea de carvalho-alvarinho
(Quercus robur), resultado da regeneração natural. Os bosques de Carvalho-alvarinho
constituiriam a vegetação arbórea potencial e dominante deste território caso não tivesse
havido intervenção nos últimos séculos. Por outro lado, nos solos mais húmidos, ao longo
do rio Alva dominam os salgueiros (Salix sp.) e os amieiros (Alnus glutinosa).
A presença de alguns elementos perenifólios como o sobreiro (Quercus suber), o
medronheiro (Arbutus unedo) e a gilbardeira (Ruscus aculeatus) revela, no entanto, alguma
influência mediterrânea, sobretudo a cotas altitudinais inferiores. Assim, o sobreiro, espécie
termófila mas de carácter mais higrófilo, apresenta como área de ocorrência preferencial
zonas com maior humidade edáfica no sopé da encosta.
3.2.5. Caracterização biogeográfica
A Biogeografia é um ramo da Geografia que estuda a distribuição dos seres vivos na Terra,
podendo um território ser caracterizado pelo conjunto de espécies de flora e fauna, e ainda
a forma como as várias comunidades se organizam.
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O estudo detalhado da distribuição geográfica das plantas (Fitogeografia), fornece um
critério objectivo para a avaliação de áreas em que se pretende restaurar a vegetação
natural.
Segundo a classificação proposta por Costa et al. (1999) na - Biogeografia de Portugal
Continental - a Mata do Desterro situa-se em territórios biogeográficos na transição entre
duas Províncias, a Gaditano-Onubo-Algarviense e a Carpetano-Ibérico-Leonesa, na zona de
contacto entre o subsector Beirense-Litoral da primeira província e o sector Estrelense da
segunda, pelo que apresenta características comuns às duas unidades biogeográficas (Costa
et al., 1999).
Estudos mais recentes colocam os núcleos residuais de Q. robur dos vales do Alva e Paiva
no Sector Beirense-Litoral e na província Gaditano-Onubo-Algarviense, Desta forma os
domínios de Q. robur da vertente oeste da serra da Estrela (Seia e Gouveia) deveriam ser
integrados numa nova associação, a Viburno tini-Quercetum roboris (Costa et al., 2004).
O subsector Beirense-Litoral é, essencialmente, silicioso, e estende-se desde as areias e
arenitos litorais de Leiria até à ria de Aveiro e penetra pelo vale do Mondego até à encosta
Noroeste da serra da Estrela. No Parque Natural da Serra da Estrela, encontra-se
posicionado nos andares Mesotemperado e Mesomediterrânico de ombroclima sub-húmido a
húmido (Costa et al., 1998).
O sector Estrelense deverá corresponder aos pisos Supra e Orotemperados (acima dos 700-
900 m, consoante a exposição) cuja vegetação potencial corresponde, nas cotas mais
baixas, à associação Holco-Quercetum pyrenaicae.
A vegetação climácica das cotas médias e baixas da Mata do Desterro é constituída pelos
carvalhais de Q. robur, enquadráveis na classe Querco-Fagetea, ordem Quercetalia roboris,
e aliança Quercion-pyrenaicae que deverão pertencer à associação Viburno tini-Quercetum
roboris, e que ocorrem em pequenos núcleos residuais.
Esta série de vegetação Beirense-Litoral, Termo-mesotemperada e Mesomediterrânea,
húmida, de natureza acidófila e de carácter oceânico, corresponde a bosques climatófilos
caducifólios.
Na Mata do Desterro ocorre entre os 800 e os 950 m de altitude em substratos de natureza
xistenta e granítica e corresponde a carvalhais não orófilos de carvalho-alvarinho, por vezes
acompanhado pelo carvalho-negral (Q. pyrenaica), característicos de áreas de média
altitude e enriquecidos por elementos termófilos como o medronheiro, a gilbardeira e o
sobreiro.
A primeira etapa de substituição da formação anterior encontra-se representada pelas
comunidades da Ulici europaei-Cytision striati Cantabroatlânticas, Beirenses e Estrelenses,
oceânicas, que circundam ou substituem estes bosques acidófilos de folhosas. Estes giestais
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dominados por Cytisus striatus e pela presença de urze-branca (Erica arborea) e codeço
(Adenocarpus complicatus), são mais tarde pontualmente substituídos por matagais de
medronheiro, subseriais dos carvalhais termófilos, em solos pouco profundos das encostas.
As cotas mais elevadas da Mata acima dos 950 m, incluem-se no piso Supratemperado
Inferior e, por conseguinte, no sector Estrelense. Encontram-se dominadas por
comunidades de giesta-branca (C. multiflorus), à qual se associam o sargaço (Halimium
alyssoides) e a giesteira-das-serras (C. striatus). Estruturalmente é uma comunidade de
altura média a alta e com elevado grau de cobertura e que deverá pertencer à associação
Lavandulo sampaionae-Cytisetum multiflori. É uma associação Estrelense e Beirense
Supratemperada Inferior submediterrânica identificável por C. multiflorus e C. striatus.
Aparentemente, constitui uma etapa de substituição dos bosques de carvalho-negral da
associação Holco mollis-Quercetum pyrenaicae.
Reino: Holártico
Região: Mediterrânica
Província: Ibero-Atlântica
Subprovíncia: Carpetano Leonesa
Sector: Estrelense
Província: Gaditano Onubo-Algarviense
Sector: Divisório Português
Subsector: Beirense-Litoral
3.2.6. Flora e vegetação
As principais formações vegetais presentes na Mata do Desterro incluem as comunidades
ripícolas, os matos e as áreas florestais.
As linhas de água a montante possuem leitos fluviais encaixados e pedregosos e margens
rochosas, observando-se aí galerias ribeirinhas dominadas por salgueiros (Salix atrocinerea
e S. salvifolia). A jusante, nos solos aluviais periodicamente inundados, mas bem drenados,
onde predominam os amieiros ocorrem, ainda, o padreiro (Acer pseudoplatanus) e outras
lenhosas e herbáceas características de meios húmidos.
Os matos de giesteira-das-serras, giesteira-das-sebes (C. grandiflorus) e giesta-branca
constituem a vegetação arbustiva dominante na Mata do Desterro, formando comunidades
arbustivas altas e densas, pouco diversas em espécies herbáceas. Do seu elenco florístico
fazem parte a urze-branca, a urze-vermelha (E. australis) e o tojo-arnal (Ulex europaeus).
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No sector poente, desde as cumeadas até ao sopé da vertente, a paisagem é dominada por
pinheiro-bravo e bosquetes de castanheiro (Castanea sativa) entrecortados, ao longo das
pequenas linhas de água, por vidoeiro (Bétula alba) e cerejeira-brava (Prunus avium).
Ocorrem também alguns pequenos núcleos de carvalho-alvarinho e carvalho-negral. No
estrato arbustivo das formações de castanheiro destaca-se a presença do medronheiro que
se associa a alguns sobreiros, ao pilriteiro (Crataegus monogyna), ao azevinho (Ilex
aquifollium), à gilbardeira e à madressilva (Lonicera periclymenum).
Séries de vegetação presentes
Vegetação climácica (800-950 m de altitude):
Classe: Querco-fagetea
Ordem: Quercetalia-roboris
Aliança: Quercion-pyrenaicae
Associação: Viburno tini-Quercetum roboris
Comunidades Arbustivas de Substituição (800-950 m de altitude):
Classe: Cytisetea Scopario-Striati
Ordem: Cytisetalia scopario-striati
Aliança: Uici europaei-Cytision striati
Vegetação climácica (acima dos 950 m de altitude):
Classe: Querco-fagetea
Ordem: Quercetalia-roboris
Aliança: Quercion-pyrenaicae
Associação: Holco mollis-Quercetum pyrenaicae
Comunidades Arbustivas de Substituição (acima dos 950 m de altitude):
Classe: Cytisetea Scopario-Striati
Ordem: Cytisetalia scopario-striati
Aliança: Uici europaei-Cytision striati
Associação: Lavandulo sampaioanae-Cytisetum multiflori
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3.2.7. Fauna
A Mata do Desterro alberga uma fauna abundante e diversificada, que resulta da
heterogeneidade de habitats existentes numa área extensa e onde a intervenção humana é
reduzida.
Nos mamíferos, excluindo os morcegos, estão identificadas 21 espécies: seis de
insectívoros; seis de roedores; um lagomorfo; um artiodáctilo; e sete de carnívoros. Esta
diversidade representa cerca de metade do total de espécies de mamíferos que ocorrem na
serra da Estrela. Das várias espécies presentes destacam-se o gato-bravo (Felis silvestris) e
a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), classificados com o estatuto de conservação
Ameaçado, em Portugal. Outra espécie de especial interesse é a lontra (Lutra lutra) que
encontra no rio Alva óptimas condições de ocorrência.
As aves são o grupo mais abundante e diversificado, ocorrendo na Mata, de forma regular,
mais de 80 espécies, das quais cerca de 50 nidificam na Mata do Desterro e áreas
envolventes. Destacam-se pelo estatuto de conservação menos favorável o tartaranhão-
caçador (Circus pygargus), a ógea (Falco subbuteo) e o noitibó-cinzento (Caprimulgus
europaeus).
Os anfíbios e os répteis apresentam uma menor diversidade, observando-se na Mata do
Desterro 19 das 27 espécies que existem na serra da Estrela. De entre as espécies
presentes salientam-se o tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai) e a rã-ibérica (Rana
ibérica), endemismos ibéricos. A fauna de répteis inclui seis espécies de sáurios e seis
serpentes, de entre os quais se destacam o sardão (Lacerta lepida), o maior lagarto
europeu, e a víbora-cornuda (Vipera latastei), que apresenta o estatuto de Ameaçada, que
se pode observar nas zonas mais pedregosas e expostas, sempre em densidades baixas. O
grupo dos peixes é o que apresenta menor diversidade, estando a sua ocorrência restrita às
águas do rio Alva.
Quanto à fauna de invertebrados, insuficientemente estudada, a Mata reúne um número de
espécies muito elevado onde se inclui a borboleta Euphydryas aurinia, que consta do Anexo
II, da Directiva Habitats, vários insectos endémicos do Noroeste da Península Ibérica, como
o gafanhoto Eumigus ayresi, a lacrainha Chelidura bolivari e o coleóptero Physomeloe
corallifer.
3.2.8. Figuras de Protecção
A área abrangida pela Mata do Desterro encontra-se classificada, na sua totalidade, como
Parque Natural da Serra da Estrela (D.R. nº 557/76) e inserida no Sítio de Interesse
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Comunitário – Serra da Estrela – (PTCON0014) no âmbito do Plano Sectorial da Rede
Natura 2000 (Resolução de Conselho de Ministros nº 76/00 de 5 de Julho).
A Mata inclui ainda um número significativo de habitats e espécies de fauna e flora,
considerados de importância comunitária, incluídos nos anexos das directivas Habitats e
Aves, que de seguida se referem:
Habitats
Florestas aluviais de Alnus glutinosa - Anexo I, Directiva Habitats
Florestas-galerias de Salix alba- Anexo I, Directiva Habitats
Flora
Narcissus bulbocodium – Anexo iV, Directiva Habitats
Narcissus triandrus – Anexo IV, Directiva Habitats
Ruscus aculeatus – Anexo V, Directiva Habitats
Fauna
Insectos
Euphydryas aurinia – Anexo II, Directiva Habitats
Anfíbios
Triturus marmoratus – Anexo IV, Directiva Habitats
Alytes obstetricans – Anexo IV, Directiva Habitats
Rana iberica – Anexo IV, Directiva Habitats
Rana perezi – Anexo V, Directiva Habitats
Répteis
Lacerta schreiberi – Anexos II e IV, Directiva Habitats
Podarcis hispanica – Anexo IV, Directiva Habitats
Coluber hippocrepis – Anexo IV, Directiva Habitats
Aves
Pernis apivorus – Anexo I, Directiva Aves
Milvus migrans – Anexo I, Directiva Aves
Circus pygargus – Anexo I, Directiva Aves
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Hieraaetus pennatus – Anexo I, Directiva Aves
Caprimulgus europaeus – Anexo I, Directiva Aves
Lullula arborea – Anexo I, Directiva Aves
Anthus campestris – Anexo I, Directiva Aves
Sylvia undata – Anexo I, Directiva Aves
Emberiza hortulana – Anexo I, Directiva Aves
Mamíferos
Galemys pyrenaicus – Anexos II e IV, Directiva Habitats
Lutra lutra – Anexos II e IV, Directiva Habitats
Genetta genetta – Anexo V, Directiva Habitats
Herpestes ichneumon – Anexo V, Directiva Habitats
Felis silvestris – Anexo IV, Directiva Habitats
A fauna de quirópteros (morcegos) da Mata do Desterro é desconhecida.
Porém, considerando a diversidade do grupo no Parque Natural da Serra da
Estrela, suspeita-se da ocorrência de um número significativo de espécies,
muitas das quais terão um estatuto de conservação Ameaçado.
3.2.9. Sensibilidade aos incêndios (D. L. 57/81)
A Mata, pelo seu relevo acidentado e elevada carga combustível, constitui um local de risco
de incêndio elevado, tendo sido classificada no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra
Incêndios (PMDFCI) como zona muito sensível a incêndios (Zona IV). Assim, e devido às
altas temperaturas que se atingem na região e à carga vegetal presente em alguns locais,
foram já adoptadas medidas com o objectivo de diminuir a probabilidade de deflagração de
fogos florestais e prevenir os seus danos, nomeadamente:
• a área da Mata é abrangida pela Rede Nacional de Postos de Vigia e integra o Dispositivo
Municipal de Vigilância Contra Incêndios (ver anexo IV);
• a abertura de um aceiro que integra a rede primária de defesa da floresta contra
incêndios do concelho de Seia (ver anexo V);
• a manutenção de uma rede de caminhos que permita uma intervenção rápida e eficaz
(ver anexo V);
• a existência, na área da Mata, de um ponto de água para abastecimento de meios de
combate a incêndios que integra a rede municipal de pontos de água, referenciado no
PMDFCI. (ver anexo VI)
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3.4. OCUPAÇÃO DO SOLO
Na área da Mata do Desterro as principais classes de ocupação do solo incluem:
povoamentos de pinheiro-bravo; povoamentos de castanheiro; manchas de eucalipto e
acácia; matos de giestas, áreas agrícolas abandonadas e vegetação ribeirinha. (ver tabela
I).
Tabela I: classes de ocupação do solo na Mata do Desterro
Classe Subclasse Descrição Área (Ha)
Pinus pinaster
Povoamentos de P. pinaster de idade
superior a 20 anos; estrato arbustivo
pouco desenvolvido. (PPA)
Pinhal
Pinus pinaster
Povoamentos densos de P. pinaster, de
idade inferior a 20 anos, subcoberto
desenvolvido, que inclui a regeneração
de Quercus sp. e Arbutus unedo. (PPB)
47,951
Bosque
de
folhosas
Castanea sativa
Povoamentos de C. sativa, explorados no
passado em regime de talhadia, com
subcoberto denso, que acompanha as
linhas de água de terceira ordem da
vertente. (PF)
Área
florestal
Bosque
misto
Quercus suber,
Q. robur, P.
pinaster e
Eucalyptus
globulus
Povoamento misto com subcoberto
muito desenvolvido e denso, que ocupa
as cotas mais baixas e de menor declive
da mata na margem direita do rio Alva.
(PM)
Matos de
vertente
Giestais de
Cytisus striatus e
C. grandiflorus
Em zonas de declive elevado do sector
nascente da mata, dominam matos
densos e muito desenvolvidos de Cytisus
striatus e C. grandiflorus. (MV)
34,575
Matos
Matos de
cumeada
Giestais de
Cytisus
multiflorus
Na cumeada, no sector nascente da
mata, ocorrem giestais pouco
desenvolvidos intercalados com áreas de
prados. (MC)
12,448
Área
agrícola
Campos agrícolas abandonados que
incluem socalcos e lameiros. Na Quinta
da Serra existem, ainda, uma ruína de
uma casa agrícola, um açude e um
sistema de levadas para rega. (AG)
2,153
Zonas
ribeirinhas
Salgueirais de
Salix salvifolia e
S. atrocinerea e
amiais (Alnus
glutinosa)
Galeria ripícola que se desenvolve ao
longo do rio Alva e do seu principal
afluente (linha de água de segunda
ordem) dentro da área da mata. (ZR)
2,290
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3.5. UNIDADES DE GESTÃO FLORESTAL
3.5.1. Divisão da superfície florestal em Unidades de Gestão Florestal
O plano de gestão da mata do Desterro enquadra-se na sub-região homogénea Estrela,
cujas funções principais estabelecidas pelo Plano Regional do Ordenamento Florestal da
Beira Interior Norte (PROF/BIN) são o recreio e a valorização da paisagem, a protecção do
solo e a conservação dos habitats, espécies de fauna e flora e geomorfologia. Dada a
fisiografia do terreno, com áreas com elevadas pendentes, a sua localização em zona
protegida (PNSE) e sítio Rede Natura 2000, definiram-se para a mata as funções de
conservação e protecção, bem como, o fomento de turismo de natureza.
Para tal identificaram-se unidades de gestão de fácil implantação e com objectivos bem
definidos tendo o seu estabelecimento seguido os seguintes critérios:
• Homogeneidade de potencial ambiental;
• Partilha de objectivos; e
• Limites estáveis definidos com base em elementos físicos de fácil identificação no
terreno como caminhos, aceiros e linhas de água.
Com base nestes princípios foram definidas seis unidades de gestão florestal, que abrangem áreas
que têm como objectivos principais: a regeneração do coberto vegetal natural, a promoção de
práticas silvícolas de protecção do solo, a adequação do espaço florestal a actividades turísticas, a
reabilitação agrícola e apícola e a conservação da natureza (Tabela II e anexo VII).
Tabela II. Unidades de gestão
Unidade de gestão Parcela Área
(ha)
32,800 1.1_PN
12,470 1.2_PV
Povoamento
de Pinus
pinaster
Zona de
regeneração 1_UGF_PP
2,681 1.3_ZF
Reconversão gradual da área de pinhal em
bosque de folhosas e protecção da
regeneração natural de folhosas. Controlo
de invasoras.
Fomento da biodiversidade e protecção do
solo.
28,691
2.1_PM Povoamento
misto
Zona de
regeneração 2_UGF_PM
3,455 2.2_ZF
Fomento da biodiversidade. Regeneração do
bosque natural e controle de invasoras
(Acacia sp. e Eucalyptus globulus.).
Protecção de fauna e flora.
Zona de
conservação
3_UGF_M
C 12,448
Fomento da biodiversidade; aproveitamento
da vegetação herbácea para pastoreio.
Protecção de fauna, nomeadamente de
passeriformes de montanha e rapinas
diurnas.
Matos
Zona de
regeneração
4_UGF_M
V 34,575
Regeneração natural do bosque de folhosas;
controlo de invasoras; protecção do solo.
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Área agrícola Zona de
reabilitação 5_UGF_AG 2.153
Recuperação dos sistemas agrícolas
tradicionais, incluindo açude, levadas e
socalcos e casa agrícola. Fomento da
actividade agrícola: pastoreio e fenagem.
Zonas
ribeirinhas
Zona de
conversão/re
generação
6_UGF_ZR 3,040
Recuperação da galeria ripícola:
beneficiação e manutenção da vegetação
ribeirinha e controlo de invasoras. Protecção
das margens. Fomento da biodiversidade e
protecção de flora e fauna.
Nota: 1.1_PN: pinhal novo; 1.2_PV: pinhal velho; 1.3_ZF: zona de folhosas; 2.1_PM: povoamento
misto; 2.2_ZF: zona de folhosas.
3.5.2. Modelos de gestão da Mata do Desterro
3.5.2.1) 1_UGF_PP: Povoamento de pinheiro-bravo Com uma área de 47,951 hectares, esta unidade corresponde a povoamentos de pinheiro-
bravo que se encontram em duas fases de desenvolvimento, novedio e bastio.
Preconiza-se a exploração desta unidade numa vertente ambiental através da condução
adequada e reconversão do povoamento, prevendo-se a realização de desbastes e o
controlo selectivo da vegetação arbustiva, salvaguardando a regeneração natural das
folhosas e a protecção do solo.
Esta unidade apresenta potencial de exploração micológica, pelo que se propõe a gestão
controlada deste recurso de modo a torná-lo sustentável. A emissão de licenças, o
estabelecimento de um manual de boas práticas para a recolha de macrofungos e a
definição de quotas de recolha são medidas a implementar.
Dadas as diferentes fases de desenvolvimento da vegetação nesta unidade, optou-se pela
divisão em três sub-unidades. São elas:
3.5.2.1.1.) 1.1_PV: As manchas localizadas mais a poente (bastio) apresentam uma idade
superior a 20 anos, um bom desenvolvimento e conformação. Principalmente nas orlas, este
pinhal encontra-se atacado pela processionária (Thaumetopoea pityocampa), o que provoca
o seu enfraquecimento.
A regeneração de carvalho-alvarinho e castanheiro que se verifica nesta sub-unidade deve
ser protegida e conduzida. Assim, o corte selectivo e gradual do pinheiro-bravo permitirá a
reconversão natural por aquelas espécies.
3.5.2.1.2.) 1.2_PN: A mancha correspondente à fase de novedio apresenta povoamentos
com elevada densidade distribuídos por vários núcleos com relativa continuidade. Estima-se
uma idade média inferior a 20 anos e uma diferença pouco significativa de idades entre
eles.
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A elevada densidade destes povoamentos sugere que após a plantação, as operações de
condução do povoamento como os desbastes, a limpeza e a gestão da vegetação
espontânea não se realizaram.
Estas manchas apresentam também ataques de processionária, particularmente nas orlas,
que tendem a enfraquecer as árvores tornando-as mais susceptíveis ao ataque de insectos
perfuradores.
A regeneração de carvalho-alvarinho e castanheiro que se verifica nesta sub-unidade deve
ser protegida e conduzida. Assim, o corte selectivo e gradual do pinheiro-bravo permitirá a
reconversão natural por aquelas espécies.
3.5.2.1.3.) 1.3_ZF: Nesta sub-unidade, com menor densidade de pinheiro-bravo é visível
regeneração abundante de carvalho-alvarinho, castanheiro, medronheiro e outras espécies
arbustivas, que deve ser protegida e conduzida. Assim, o corte selectivo e gradual do
pinheiro-bravo permitirá o restabelecimento natural destas espécies.
Todas estas acções têm como objectivo principal a reconversão da paisagem numa vertente
que permitirá o desenvolvimento de actividades no âmbito da conservação e do fomento da
biodiversidade.
As operações culturais estabelecidas para esta unidade de gestão terão a seguinte
calendarização:
• Desbaste (povoamentos na fase de novedio):
Esta operação realizar-se-á com o objectivo de eliminar as árvores de qualidade inferior
e proporcionar melhores condições de desenvolvimento às árvores seleccionadas.
• Gestão da vegetação espontânea (povoamentos na fase de novedio)
Esta operação efectuar-se-á sempre que o desenvolvimento dos matos o exija, de modo
a diminuir o risco potencial de incêndio florestal. Deve ser realizada preferencialmente
através da eliminação localizada junto à árvore, ou de uma forma parcial, em manchas,
antes que o estrato arbustivo entre em contacto com a base da copa. Estes trabalhos
devem ser efectuados manualmente com recurso a motorroçadora. A intervenção deve
ser mínima de forma a se proteger o solo e a fomentar a diversidade.
• Eliminação e controlo das mimosas (a partir de 2009)
Operação a efectuar através de descasque ou extracção de anel, em período favorável
ao crescimento da espécie para os indivíduos de maior porte, ou através de arranque
para os de menor porte.
• Limpeza do povoamento (povoamentos na fase de bastio, a partir de 2009)
Esta intervenção tem como objectivos a redução da densidade do povoamento, permitir
a regeneração natural das folhosas e assegurar a distribuição mais equilibrada dos
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pinheiros, o que se reflectirá no aumento da diversidade de flora e fauna. De uma
forma selectiva retirar-se-ão os pinheiros-bravos mortos, doentes e de pior qualidade
(conformação deficiente, com ramos muito grossos ou sem dominância apical).
• Gestão da vegetação espontânea (povoamentos na fase de bastio, a partir
de 2009)
Controlo selectivo da vegetação arbustiva de modo a reduzir o risco potencial de
incêndio. Esta operação deve ser realizada preferencialmente através da eliminação
localizada junto à árvore, ou de uma forma parcial, em manchas, antes que o estrato
arbustivo entre em contacto com a base da copa. Estes trabalhos deverão ser
efectuados manualmente, com recurso a motorroçadora, de modo a permitir a
regeneração natural das folhosas e de espécies de flora com valor conservacionista.
• 1º desbaste (povoamentos na fase de bastio, a partir 2009)
Corte das árvores próximas e em concorrência directa com o objectivo de criar clareiras
que proporcionem melhores condições, de forma a permitir a regeneração mais rápida
de folhosas.
• Plantação e sementeira de folhosas ao alcovacho (a partir de 2009)
Esta operação recorre a sementes e árvores propagadas a partir de material seminal
proveniente da mata.
• 2º desbaste (povoamentos na fase de bastio, de 2014 a 2019)
Operação a realizar segundo o critério definido no 1º desbaste. Estes trabalhos
permitirão alargar gradualmente a área onde a regeneração é facilitada sem que o solo
seja desprotegido.
• Gestão da vegetação espontânea
Intervenção que tem o objectivo diminuir o risco de propagação do fogo, por eliminação
de matos de uma forma muito localizada em redor dos exemplares seleccionados, ou de
uma forma parcial, em manchas, antes que o estrato arbustivo entre em contacto com a
base da copa. A sua execução deverá ser efectuada manualmente com recurso a
motorroçadora de modo a permitir a regeneração natural das folhosas e a manutenção
de espécies de flora com valor conservacionista, entre outras.
• 3º desbaste (povoamentos na fase de bastio 2024/2026)
Esta intervenção prevê a selecção de árvores que exibam as melhores condições de
crescimento, e assim diminuir gradualmente a área de pinhal, de acordo com as
condições e objectivos dos desbastes anteriores. Esta operação deverá efectuar-se de
acordo com as condições adoptadas nesses.
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O corte final será realizado de forma gradual e selectiva, por manchas, atendendo
sempre à protecção da regeneração espontânea das folhosas e do solo.
3.5.2.2) 2_UGF_PM: Povoamento misto Esta unidade, com uma área de 32,146 hectares, ocupa as cotas de menores altitudes e
declive do sector poente da mata, e corresponde a um povoamento misto de pinheiro-bravo
e algumas folhosas e espécies invasoras.
Esta unidade apresenta, também, potencial de exploração micológica, pelo que se propõe a
gestão controlada deste recurso de modo a torná-lo sustentável. A emissão de licenças, o
estabelecimento de um manual de boas práticas para a recolha de macrofungos e a
definição de quotas de recolha são medidas a implementar. A exploração apícola encontra
nesta área da mata o seu maior potencial e deve assim, ser fomentada.
Uma vez que esta unidade apresenta características pouco uniformes, optou-se por dividi-la
em duas subunidades. São elas:
3.5.2.2.1.) 2.1_PM: Nesta sub-unidade a espécie com maior representatividade é o
pinheiro-bravo, que constitui um pinhal relativamente denso, que se encontra em duas
fases de desenvolvimento, novedio e bastio. Ocorrem, ainda, núcleos de mimosa (Acacia
dealbata), austrália (Acacia melanoxylon) e eucalipto (Eucalyptus globulus) de grande
porte. Os primeiros encontram-se em nítida expansão sobretudo ao longo de linhas de água
e na proximidade da rede viária da mata. Os segundos, com baixa regeneração, encontram-
se, geralmente, situados junto ao rio Alva ou, mais pontualmente, a cotas mais elevadas.
O pinhal encontra-se infestado por processionária, particularmente nas orlas, o que provoca
o enfraquecimento das árvores, aumentando a susceptibilidade ao ataque de insectos
perfuradores.
3.5.2.2.2.) 2.2_ZF: Nesta sub-unidade ocorrem núcleos de carvalho-alvarinho, manchas de
castanheiro e indivíduos dispersos de sobreiro, espécie protegida pelo D.L. 169/2001, que
estabelece as medidas de protecção a esta espécie. Verifica-se, ainda, a regeneração de
carvalho-alvarinho, sobreiro e medronheiro.
Preconiza-se a exploração do pinhal de uma forma compatível com a sua reconversão em
bosque de folhosas. Neste contexto, aproveitar-se-á a regeneração natural do sobreiro, do
medronheiro, do carvalho-alvarinho e do castanheiro de modo a fomentar a biodiversidade
e proteger o solo e os recursos hídricos. Pretende-se, ainda, controlar a dispersão das
espécies exóticas, através de duas formas de acção: descasque ou extracção de anel nas
árvores de maior porte, ou arranque nas de pequeno porte. Este controlo tem como
objectivos minimizar o alastramento das espécies invasoras que, não sendo travado,
levarão à perda de diversidade biológica, bem como, ao empobrecimento paisagístico que
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limitarão as acções de divulgação ambiental e fomento do turismo de natureza que se
pretendem realizar na Mata do Desterro.
As operações culturais preconizadas para esta unidade de gestão terão a seguinte
calendarização:
• Corte gradual do pinhal (a partir de 2009)
Esta intervenção tem como objectivos a redução da densidade do povoamento, permitir
a célere regeneração natural das folhosas e assegurar a distribuição mais equilibrada
dos pinheiros, o que se reflectirá no aumento da diversidade de flora e fauna. De uma
forma selectiva retirar-se-ão as árvores mortas, doentes e de pior qualidade.
• Limpeza do povoamento (a partir de 2009)
Esta intervenção tem como objectivos a redução da densidade destes povoamentos e
permitir de uma forma mais célere a regeneração natural das folhosas.
• Eliminação de eucaliptos (2009/2010)
Esta intervenção tem como objectivo a eliminação de eucaliptos, através de corte e
arranque de raízes. Com esta acção pretende-se travar o alastramento desta espécie
que, uma vez dominante, empobrece a mata aos níveis biológico e paisagístico.
• Eliminação e controlo das mimosas (a partir de 2009)
Esta intervenção será efectuada através de descasque ou extracção de anel, em período
favorável ao crescimento da espécie, para os indivíduos de maior porte e, por de
arranque para os de menor porte. Após novas rebentações ou regeneração dever-se-á
providenciar o arranque imediato. Com esta acção pretende-se travar o alastramento
desta espécie que, uma vez dominante, empobrece a mata aos níveis biológico e
paisagístico.
• Gestão da vegetação espontânea (a partir de 2009)
O objectivo desta intervenção é diminuir o risco de propagação do fogo, através da
eliminação pontual de matos junto à árvore, ou de uma forma parcial, em manchas,
antes que o estrato arbustivo contacte a base da copa. A sua execução deverá ser
manual, com recurso a motorroçadora, de modo a permitir a regeneração natural das
folhosas e de espécies de flora com valor conservacionista, entre outras.
• Aproveitamento e condução da regeneração espontânea (a partir de 2009)
No âmbito desta intervenção prevê-se a condução da regeneração espontânea de
carvalho-alvarinho, castanheiro, medronheiro e sobreiro.
• Plantação e sementeira de folhosas ao alcovacho (a partir de 2009)
22
Com recurso a sementes e a árvores propagadas a partir de material seminal
proveniente da mata.
3.5.2.3) 3_UGF_MC: Matos de cumeada
Os matos ou matagais são a vegetação subarbustiva e arbustiva dominante nas áreas de
cumeada e nas vertentes de maior declive do sector nascente da Mata do Desterro. Esta
unidade, com uma área 12,448 hectares, poderá constituir uma comunidade estável, que
ocupa solos pouco evoluídos, permitindo a sua protecção e a regularização hídrica.
Numa tentativa de fomento da biodiversidade na Mata do Desterro preconiza-se a
manutenção das áreas de matos na cumeada do sector nascente como zona de
conservação, através da manutenção e incremento de uma forma controlada da actividade
pastoril extensiva de percurso. Esta actividade impedirá que os matos evoluam para
formações arbustivas altas subseriais da etapa florestal, favorecendo assim a instalação de
comunidades em mosaico ricas em espécies pioneiras de prados. Estes habitats constituem
assim, locais de protecção e alimentação para a fauna, da qual se destacam passeriformes
de montanha e rapinas diurnas, algumas das quais incluídas no Anexo I da Directiva Aves.
Simultaneamente, os matos mais baixos e com um menor grau de cobertura, ao ocuparem
solos pouco profundos, pobres em nutrientes e, muitas vezes pedregosos contribuem para
minimizar os impactos da erosão. A existência de clareiras concorre também, para o
incremento da diversidade florística, ao proporcionar nichos para plantas herbáceas,
algumas das quais raras e com elevado interesse de protecção. As clareiras que ocorrem
entre estes matos constituem, ainda, descontinuidades na paisagem que reduzem a
propagação de incêndios. Assim, a manutenção da área de matos desta unidade de gestão
prevê o fomento do pastoreio extensivo de percurso. Para tal será necessário definir o
encabeçamento adequado.
Nesta unidade prevêem-se, ainda, acções de controlo de espécies invasoras de forma a
travar o seu alastramento e evitar perdas de diversidade e empobrecimento paisagístico.
3.5.2.4) 4_UGF_MV: matos de vertente Esta área da mata, com 34,575 hectares, corresponde às zonas de vertente com declive
mais pronunciado do sector nascente. Actualmente, encontra-se maioritariamente ocupada
por giestais e observa-se abundante regeneração de pinheiro-bravo numa fase de
desenvolvimento de nascedio e também alguma regeneração de folhosas. Ocorrem, ainda,
alguns núcleos de mimosa que estão em expansão.
O actual coberto vegetal deste sector da mata dominado pela giesta-branca e giesteira-das-
serras tende a colonizar solos abandonados pela actividade agrícola e florestal constituindo
uma etapa progressiva que antecede o carvalhal.
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O objectivo preconizado para esta unidade é a regeneração natural do bosque de carvalho-
alvarinho e carvalho-negral, o que permitirá a restauração dos carvalhais climácicos. Estes
carvalhais cumprem funções relevantes e imprescindíveis a nível da conservação dos
recursos ambientais. Desempenham um papel essencial na conservação e melhoria dos
solos, na regulação do ciclo hidrológico, do clima, constituindo, o habitat natural de muitas
espécies de fauna e flora. Proporcionam, ainda, recursos lenhosos, micológicos e apícolas e
asseguram a qualidade da paisagem, base para actividades de recreio e lazer, contribuindo
para a sustentabilidade das economias locais.
Pretende-se, assim, que esta unidade da mata evolua de uma forma o mais natural possível
e que funcione ao mesmo tempo como área piloto em que se possa acompanhar e
monitorizar a dinâmica natural das comunidades. Nesse sentido, preconizam-se
intervenções com recurso mínimo a maquinaria de forma a minimizar os impactos sobre o
solo, evitar o agravamento da erosão e salvaguardar a regeneração natural. Assim, propõe-
se:
• Corte do pinhal em fase de nascedio (a realizar em 2009/2010)
Esta intervenção tem por objectivo promover a regeneração das folhosas,
nomeadamente, de carvalhos e castanheiros.
• Corte e limpeza de matos (a partir de 2009)
Propõe-se a criação de pequenas clareiras, de forma a criar zonas de descontinuidade,
que acelerem a regeneração de folhosas.
• Sementeiras de bolotas ao alcovacho (a partir de 2009)
Esta intervenção prevê a utilização de sementes recolhidas na Mata, e deverá ser
efectuada ao alcovacho para proteger o solo.
• Eliminação e controlo das mimosas (a partir de 2009)
Esta intervenção será efectuada através de descasque ou extracção de anel, em período
favorável ao crescimento da espécie, para os indivíduos de maior porte e, por arranque
para os de menor porte. Após novas rebentações ou regeneração dever-se-á
providenciar o arranque imediato.
3.5.2.5) 5_UGF_AG: área agrícola
Esta unidade de gestão, com 2,153 hectares, abrange as principais zonas agrícolas da Mata,
localizadas nas cotas inferiores do sector nascente da Mata, a Quinta da Serra, e no Casal,
junto ao rio Alva. Estas áreas, incluindo socalcos e lameiros, encontram-se abandonadas e
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invadidas por matos, herbáceas altas e fetos, sendo o objectivo para esta unidade a sua
recuperação.
Estes terrenos caracterizam-se por apresentarem declives acentuados e solos pouco
profundos, o que exige que a preparação do terreno seja realizada com o mínimo impacto
possível de modo a minimizar a erosão e a perda de estrutura do solo.
A recuperação dos lameiros, prados semi-naturais para pastagem do gado, reveste-se de
extrema importância no contexto da valorização da paisagem, da conservação da
biodiversidade, e da promoção das actividades agro-silvo-pastoris tradicionais de montanha.
Assim, a restauração das áreas de pastagem exige um conjunto de técnicas e operações
culturais sem as quais dificilmente a intervenção será bem sucedida, pelo que se prevêem
os seguintes trabalhos:
• Desmatação (Fevereiro/Março 2010)
Esta intervenção prevê a utilização de grades de discos para corte e incorporação da
vegetação no solo. Posteriormente, deve ser executado um fogo controlado de baixa
intensidade e uma nova gradagem para destruição de raízes e preparação do terreno.
Antes da sementeira, caso o solo não se encontre suficientemente compactado, deve-se
proceder a uma rolagem.
• Gradagem (Maio/Junho 2010), no sentido contrário (cruzada).
• Sementeira de forragem anual - (Setembro Outubro 2010).
A sementeira deve ser efectuada a lanço, devendo as sementes ficar enterradas a
pequena profundidade (até 2,5 cm), sendo para tal necessário efectuada uma ligeira
passagem com grade de dentes curtos, seguida por passagem de um rolo.
• Pastoreio intensivo (Abril, Maio e Junho 2011) e eliminação de possíveis
infestantes.
• Gradagem e sementeira de forragem mais exigente (Outubro 2011) seguida
de pastoreio intensivo.
• Sementeira da pastagem definitiva (Março 2012).
A sementeira deve ser efectuada a lanço, devendo as sementes ficar enterradas a
pequena profundidade (até 2,5 cm), sendo para tal necessário efectuar uma ligeira
passagem com grade de dentes curtos, seguida por passagem de um rolo.
25
Além da restauração dos prados pretende-se recuperar os sistemas de rega existentes,
através da recuperação do açude e canais, de modo a permitir um fluxo de água
contínuo, minimizando as perdas. Pretende-se, ainda, fazer a recuperação de todos os
sistemas de socalcos agrícolas e da casa situada na Quinta da Serra.
3.5.2.6) 6_UGF_ZR: zonas ribeirinhas Esta unidade de gestão, ocupa uma área de cerca de 3,040 hectares, e abrange um sector
que acompanha as margens do rio Alva e do seu afluente principal.
As galerias ripícolas desempenham um conjunto de funções essenciais à manutenção dos
habitats, assegurando uma elevada biodiversidade. Constituem suporte físico, recurso
alimentar, abrigo e local de reprodução e nidificação para numerosas espécies de fauna
tanto aquáticas como terrestres, funcionando como corredor ecológico para espécies que
utilizam estes meios como vias de dispersão e migração. São, ainda, descontinuidades
naturais contra a progressão dos incêndios e o seu papel de valorização estética da
paisagem não pode ser negligenciado.
Esta unidade da Mata do Desterro tem como objectivos principais a conservação e
regeneração da vegetação natural, formada por salgueiros e amieiros. Neste sentido,
propõem-se as seguintes intervenções:
• Limpeza das margens (a partir de 2009)
Esta intervenção tem como objectivo retirar o material lenhoso que esteja a obstruir o
leito.
• Eliminação e controlo das mimosas (a partir 2009)
Esta intervenção será efectuada através de descasque ou extracção de anel, em período
favorável ao crescimento da espécie, para os indivíduos de maior porte e de arranque
para os de menor porte. Após novas rebentações ou regeneração dever-se-á
providenciar o arranque imediato.
• Corte selectivo de matos (a partir de 2009)
Esta intervenção visa promover a regeneração de galerias ripícolas (habitat prioritário da
Rede Natura 2000) compostas por salgueiros (Salix sp.), amieiros (Alnus glutinosa) e
azevinhos (Ilex aquifolioum, D.L. 423/89 de 4 de Dezembro), entre outras espécies.
3.5.3. Avaliação qualitativa
Estado Sanitário: Ataques de processionária nos povoamentos de pinheiro-bravo das
unidades 1_UGF_PP e 2_UGF_PM.
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Estado vegetativo: Apesar dos ataques a generalidade do pinhal apresenta um bom vigor,
com copas bem conformadas e folhas de coloração verde-escura, sem sinais evidentes de
deficiências nutricionais.
3.5.4. Medidas urgentes para o tratamento e defesa dos povoamentos
Necessidades de limpeza: Necessidade de desbaste: Necessidade de desramação: Necessidade de cortes sanitários:
3.5.5. Avaliação quantitativa
1_UGF_PP
1.1_PN Densidade média do povoamento
Número de árvores por ha: 1950 árvores Área basal média por ha (G): 2,463 metros quadrados Diâmetro médio (dg): 0,467 metros
Alturas
Altura média: 18 metros Altura dominante: 18 metros
1.2_PV Densidade média do povoamento
Número de árvores por ha: 1050 árvores Área basal média por ha (G): 0,433 metros quadrados
Baixa Média Alta 3_UGF_MC
5_UGF_AG; 6_UGF_ZR; 4_UGF_MV
1_UGF_PP; 2_UGF_PM
Baixa Média Alta … … 1_UGF_PP
2_UGF_PM
Baixa Média Alta … … 1_UGF_PP
Baixa Média Alta … 1_UGF_PP
2_UGF_PM …
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Diâmetro médio (dg): 0,665 metros Alturas
Altura média: 14 metros Altura dominante: 14 metros
3.6. DESCRIÇÃO DO USO MÚLTIPLO
Apicultura
Número de colmeias: 30 (apicultor particular) Plantas aromáticas: distribuídas pela área total da mata
Área plantada: 0 m2
Recursos micológicos Área para exploração: 75 ha Espécies a explorar: Boletus edulis, Lactarius deliciosus, Tricholoma equestre, Tricholoma portentosum, Hydnum repandum e Sarcodon imbricatum. Produção média: não avaliada
Silvopastorícia ou Pastoreio
Área em regime silvopastoril: 14 ha Espécies em pastoreio: Ovelha bordaleira serra da Estrela e cabra-serrana Número total de cabeças: definida pela capacidade de carga
Pesca desportiva
Espécies piscícolas: Truta-de-rio (Salmo trutta) Reserva: inexistente
Cinegética
Reserva: a zona de caça associativa (Processo nº4751-DGRF) abrange, parcialmente, a área da Mata do Desterro, sendo o restante território abrangido pelo regime livre. Principais espécies cinegéticas presentes: coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e perdiz (Alectoris rufa)
Utilização pública
Área de recreio e lazer: percursos pedestres (ver Anexo VIII) Tipo de equipamento e Estruturas presentes: sinalização de percursos e painéis informativos e interpretativos
3.7. ACESSIBILIDADE
A Mata do Desterro possui uma boa acessibilidade sendo servida pela EN 339, que liga Seia
à Covilhã, e atravessa a região a apenas 500 metros do limite norte da propriedade, e pela
EM 513, a partir do lugar da Senhora do Desterro, na freguesia de São Romão. A Mata é
servida, ainda, por vários caminhos florestais não asfaltados, que apresentam na sua
generalidade um mau estado de conservação.
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3.8 REDES VIÁRIA E DIVISIONAL
A rede viária é composta por caminhos florestais e estradões, servindo os caminhos para
dar passagem, a todo o tipo de veículos, enquanto que os estradões, de acesso restrito,
têm como principal função servir de apoio às operações na mata, a utilização recreativa e
turística e de compartimentação florestal. (ver tabela II e anexo V)
A rede viária, com uma extensão total de cerca de 17 quilómetros, apresenta, em geral, um
estado de conservação que se classifica de razoável a mau. Como intervenções mais
urgentes consideram-se a reposição de pavimento nos percursos mais degradados, limpeza
e desobstrução de valetas e aquedutos e a construção de novos aquedutos.
A rede divisional integra a rede primária de defesa da floresta contra incêndios do concelho
de Seia, e faixas de protecção à passagem das linhas de alta e média tensão das centrais
hidroeléctricas do Sabugueiro e Desterro. A manutenção da faixa corta-fogos prevê a
manutenção de vegetação arbórea com baixa densidade, e inclui a desramação e limpeza
de matos com trituração. A limpeza das faixas de protecção das linhas de distribuição de
energia prevê acções de gestão de combustível que deverão ser efectuadas na faixa
correspondente à projecção vertical aos cabos condutores exteriores, acrescida de uma
faixa de largura não inferior a 10 ou sete metros para cada um dos lados, consoante se
trate de linhas de alta ou média tensão.
A rede divisional é composta por uma faixa de protecção contra incêndios, que integra a
rede primária de defesa da floresta contra incêndios do concelho de Seia, e por faixas de
protecção à passagem das linhas de alta e média tensão das centrais hidroeléctricas do
Sabugueiro e Desterro.
Tabela III: Rede viária e divisional
Classe Tipologia Extensão
(m) Área (Ha)
Caminhos florestais 1218 0.85 Rede viária
Estradões 15862 11.1
Aceiros/faixa de protecção 2553 12.76
Alta tensão 769 1.64 Rede
divisional Faixa de protecção das linhas
de energia Média
tensão 589 0.81
29
3.9. CARACTERIZAÇÃO SOCIAL
Até ao meados do século XX a área actualmente ocupada pela Mata do Desterro foi utilizada
no quadro de sistemas agrícolas e pecuários típicos da região onde se insere,
nomeadamente a cultura do centeio em regime de pousio, a produção de feno e a
actividade silvo-pastoril tradicional. A partir da década de cinquenta, a área foi convertida
em extensos povoamentos de pinheiro-bravo, explorados numa vertente essencialmente
económica, contribuindo para o êxodo rural. Desde os anos 80, a ocorrência frequente de
incêndios florestais conduziu a uma degradação do potencial produtivo da mata e ao
desenvolvimento de vastas áreas de matos.
3.10. INFRA-ESTRUTURAS DE PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIOS Rede divisional
Aceiros: 2553 metros Faixas de protecção a linhas eléctricas: 2,45 ha
Número de postos de vigia: 0 Percursos de vigilância: ver anexo III Pontos de água
Número: 1 Dimensão média: 10.000 m2
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ANEXOS
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ANEXO I
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33
ANEXO II
34
35
ANEXO III
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37
ANEXO IV
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39
ANEXO V
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41
ANEXO VI
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43
ANEXO VII
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45
ANEXO VIII
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