outubro - ens.org.br · pedimos-lhe que eles sejam para vós e para todos, segundo o seu espírito,...

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NC? 7 1973 Outubro EDITORIAL - Presença de Mar ia . . . . . . . . . p. O significado do ano santo p. 3 Amar como Deus ama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6 Santa Teresinha e o exemplo da família . . . . p. O mês de outubro e as E.N .S . . . . . . . . . . . . . . p. lO A minha diocese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . p. 12 Isso acontece aos outros . . . . . . . . . . . . . . . p. 14 C uidado com os ritos insubstituí veis! . . . • . . p. 18 A ascese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20 Em maio , 25. 000 rosas para as mães em Campinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25 Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . p. 32

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Page 1: Outubro - ens.org.br · pedimos-lhe que eles sejam para vós e para todos, segundo o seu Espírito, iluminadores e vivificadores. ... Assim como os profetas apresentaram o Senhor

NC? 7 1973

Outubro

EDITORIAL - Presença de Maria . . . . . . . . . p.

O significado do ano santo p. 3 Amar como Deus ama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6

Santa Teresinha e o exemplo da família . . . . p.

O mês de outubro e as E.N .S. . . . . . . . . . . . . . p. lO

A minha diocese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . p. 12

Isso só acontece aos outros . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

Cuidado com os ritos insubstituíveis! . . . • . . p. 18

A ascese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20

Em maio, 25.000 rosas para as mães em Campinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . p. 32

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil

04530 - Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - Tel. : 80-4850 04530 - SAO PAULO, SP

- somente para distribuição interna -

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EDITORIAL

PRESENÇA DE MARIA

Para compreender o lugar de Maria em nossa v;da de ora­ção, é mister considerar a prece de Maria. Presunçosa seria a nossa empresa se pretendêssemos imiscuir-nos na intimidade de amor entre Deus infinitamente perfeito e a Virgem puríssima, neste inviolável Santo dos Santos. Tudo o que podemos fazer é conservar-nos no lim;ar, adorar em silêncio. Mas, sem profa­nar o mistério, não é interdito procurar entrever alguns aspectos dessa oração da mais santa das criaturas.

E, sobretudo, não julgueis a oração de Maria uma realidade perdida no tempo e no espaço. Nada é mais atual, mais ao nosso alcance. Ousemos aproximar-nos, penetrar na sua oração como se penetra no recolhimento de uma capela.

Na presença da Augustíssima Majestade, ela, a pequenina filha dos homens, adora! Recolhamo-nos: aqui roçamos o Mis­tério .. . Ela canta também, canta um puríssimo cântico de lou­vor Aquele que se dignou inclinar-se para a sua pequenez e operar nela e por ela grandes coisas.

Ela ora por seus inumeráveis filhos, ou antes, ora em nome deles - o que é uma maneira excelente de orar: por aqueles que se ama. Quantos desses filhos se esquecem do seu Deus, não se lembram de agradecer as suas liberalidades, de solicitar o seu perdão, de reconhecer a sua soberania. Felizmente a Mãe está aí e o que negligenciam fazer ela o faz em seu lugar.

Inteiramente atenta a cada um, ela intervém junto de seu Filho em favor de cada um, oferecendo a oração balbuciante de uns, a boa vontade tateante de outros; intercede por todos; pelo que sofre ou se acha ameaçado pela tentação, por aquele que resiste a Deus, por aquele que se aproxima da morte ...

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Ela ora à maneira das mães. Quero dizer que ela leva ao seu Deus os seus filhos, oferece-os à divina bondade, como outro­ra lhe apresentava nos braços aquele pequenino que era o Filho do Todo-Poderoso.

A pergunta: que lugar ocupa Maria na oração dos católicos? respondo, como se vê, falando primeiramente no lugar que ocupa­mos na sua. É que a nossa melhor oração é aquela que a Virgem faz em nosso nome e por nós.

O cristão que quer orar comece, pois, por se ajoelhar junto de sua Mãe orante. Quando, arrastado pelo recolhimento desta, entrar pela oração na companhia de seu Deus, é a vez de Maria de se fazer presente na oração de seu filho. Porque se há um espetáculo na terra que comove e arrebata o seu coração ma­ternal, é ver um dos seus tentar falar ao Senhor, e esforçar-se por ouvi-lo. E assim como se protege com as duas mãos a fra­gilidade de uma chama exposta ao vento, assim Maria, com a sua prece onipotente, protege a oração de seu filho.

HENRI CAFF AREL t "Cartas sobre a Oração")

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A PALAVRA DO PAPA

O SIGNIFICADO DO ANO SANTO

A 13 de maio, o Santo Padre anunciou um novo ano jubilar: 1975. Desde a festa de Pentecostes a Igreja está empenhada em prepará-lo.

Na audiência da semana seguinte, o Papa explicou o que representa, para o cristão de hoje, o Ano Santo. Após sa­lientar que é necessário acolher o anúncio do Ano Santo com seriedade, disse:

Ele não se refere a um momento fugidio da nossa corrida no tempo, mas à orientação da nossa vida moderna no fim do " século XX. Não se refere a um aspecto particular do nosso com­portamento mental ou moral, mas abarca todo o nosso modo de pensar e de vi ver.

Por outras palavras, trata-se de um exame complexivo da nossa mentalidade, em função de duas realidades importantíssi­mas: em função da fé que professamos e em função do mundo em que vivemos. Religião e mundo. Fé e experiência profana. Concepção cristã da vida e concepção sem luz, sem princípios, sem deveres e sem esperanças transcendentes a respeito do nosso itinerário no tempo, o qual desemboca inexoravelmente na morte temporal.

Chegou o momento em que devemos medir a nossa adesão a Cristo, no conflito a que está sujeita com a adesão a formas de pensamento e de ação que prescindem do seu Evangelho e da sua salvação. Chegou o momento em que devemos fazer um ato de consciência total sobre os valores supremos e sobre os valores subalternos. É um tempo destinado à escolha não só

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prática e remiSSiva, mas também refletida e empenhadora, do caráter geral que desejamos imprimir à nossa existência: cristão ou não, o que, em última análise, quer dizer verdadeiramente humano ou não.

Poderíamos prolongar este interrogatório, propondo muitas outras alternativas e, até, muitas outras antíteses como estas: queremos ser seguidores de Cristo autênticos, ou simplesmente inscritos nos registros de batismo e, portanto, facilmente fari­saicos e acusados pelos princípios e pelas exigências que nós mesmos dizemos professar? Queremos fazer de Deus e de Cristo o centro que condiciona e harmoniza a nossa vida, com o seu drama de redenção e com a sua infalível felicidade presente e terminal, ou, pelo contrário, queremos colocar em nós próprios, no nosso egoísmo absorvente e falaz, o eixo de todo o nosso movimento? Queremos alargar o círculo da nossa visão social com o amor solidário a todos os nossos irmãos, de perto e de longe, ou queremos encerrá-lo no âmbito do nosso interesse restrito, fe­chado com um muro de um amargo egoísmo individual ou cole­tivo e, por isso, armado de ódio e de luta, incapaz de amar ver­dadeiramente? E assim por diante.

Desejamos que esta fórmula do Ano Santo constitua o ba­lanço geral das nossas idéias, do nosso modo de conceber os nossos deveres superiores e os nossos verdadeiros interesses, e nos conduza a uma nova síntese da nossa fé antiga, viva e neces­sária, com o premente programa da vida moderna, não por meio de simples concessões, mas numa inteligente harmonia cristã, a qual exige, é verdade, certas renúncias e certas austeridades, mas, por outro lado, é fecunda de humanidade sincera e de au­têntica felicidade.

Numa palavra, é a filosofia da vida que entra em jogo, aquela que reconhecia, com Henri Bergson, que, nos nossos dias, quanto mais progride o desenvolvimento científico, técnico, econômico e social, tanto mais o homem tem necessidade de um "suple­mento de espiritualidade", a fim de não ser vítima das suas pró­prias conquistas.

É a teologia da vida, a que foi delineada pelo Concílio e que interroga, dez anos depois do seu encerramen o, se somos fiéis à sua palavra de renovação, e se somos capazes de recompor a nossa consciência pessoal e a nossa convivência social, na justiça e na paz.

Por ora, rendemos graças ao Senhor, que inspira no mundo, na Igreja e nas nossas almas estes majestosos pensamentos, e pedimos-lhe que eles sejam para vós e para todos, segundo o seu Espírito, iluminadores e vivificadores.

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Os vossos filhos não são vossos. Eles são os filhos e as filh::!S Do apelo da Vida a ela própria. Eles vêm através de vós. mas não de vós E. embora estejam convosco, Não vos pertencem.

Podeis dar-lhes o vosso amor Mas não a vossa maneira de pensar Porque eles têm a sua própria. Podeis acolher os seus corpos Mas não as suas almas Porque as suas almas habitam o lar de amanhã Que vós não podeis visitar, nem mesmo em sonhos. Podeis esforçar-vos para serdes como eles Mas não tenteis fazê-los como vós sois Porque a vida não muda para trás, Nem se demora no passado.

Vós sois os arcos por meio dos quais vossos filhos, Como flechas vivas são projetados. O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito E Sois retesados com a Sua força para que as Suas flechas Possam voar rapidamente e longe. Que a vossa tensão feita pela mão do Arqueiro Seja para a alegria Porque, do mesmo modo que ele ama a flecha que voa, Assim ama o arco que é estável.

KHALIL GIBRAN

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AMAR COMO DEUS AMA

Assim como os profetas apresentaram o Senhor Deus como o esposo do seu povo e São Paulo apresenta Jesus como o es­poso da Igreja, não fiquem admirados vocês, cristãos casados, de serem designados pelo mesmo Paulo como as testemunhas privilegiadas do Deus que é amor. Testemunhas sê-lo-ão sim­plesmente amando-se como Deus sabe amar.

"Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a sua Igreja" (Ep. 5-25) e, falando da união entre o homem e a mulher, Paulo acrescenta: "É este um grande mistério: compreendo-o como o de Cristo e da Igreja" (Ep. 5-32). Amar-se entre espo­sos é tomar parte no mistério de Deus.

É verdade que o único casamento que, no Antigo Testamen­to, foi tomado como símbolo do encontro de Deus com a huma­nidade, foi o de Oseas com uma prostituta. Acharão sem dúvida esta escolha curiosa, ou até chocante. Permitam-me que a ache consoladora, ou, pelo menos, significativa.

O casamento não precisa ser um idílio sem falha, ser um êxito completo e sempre perfeito para ser sinal de um amor autêntico, para ser neste mundo a imagem da fidelidade de Deus.

Por seu lado a aliança entre Cristo e a Igreja, evocada por Paulo, significa que Cristo não abandona nunca a Igreja, mesmo quando ela é pecadora. É o que se dá com o laço que une dois cristãos. É através dos seus defeitos, das suas fraquezas, dos seus revezes que eles dão testemunho do amor mais forte do que o mal, do amor vencedor do egoísmo que sempre renasce.

Não sabem vocês por experiência própria que é preciso ter sofrido um pelo outro, ter causado sofrimento um ao outro, para atingir o nível de um verdadeiro amor, um nível que, de certo modo, seja divino?

É preciso que vocês se tornem as testemunhas do Deus fiel. Sê-lo-ão ao viverem um amor conjugal que será uma descoberta sem fim. Jacques de Bourbon-Busset escreve no seu diário: "É preciso retomar o amor todas as manhãs e reacostumarmo-nos a

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essa estranha, próxima e esquecida. É por isso que quando ama­mos não temos tempo de nos aborrecermos".

O casamento só pode ser um êxito com a condição . de ser incessantemente recomeçado. Qual o homem, qual a mulher que ousaria ter a pretensão de conhecer o seu cônjuge? Se conhe­cê-lo é tê-lo inventariado, classificado, catalogado, isso é já ter deixado de amá-lo. Amar o outro é ter sempre esperança nele, é dar valor às riquezas ainda inexploradas da sua personalidade. É esperar dele mais alguma coisa do que se encontrou até essa

altura. Para se amarem com um amor que seja divino é preciso

verem-se um ao outro um pouco com o olhar de Deus criador que viu tudo o que tinha feito e achou que era bom. É esta simpatia do olhar divino que faz viver ou reviver aqueles que Jesus encontra no seu caminho. Ele disse à mulher: "A tua fé te salvou, vai em paz" (Luc. 7-50). Diz a Pedro: "Não tenhas receio, a partir de agora serás pescador de homens" (Luc. 5-10) .

Amar a sua mulher, amar o seu marido com um amor di­vino, é ajudá-lo a viver, é, de certo modo, criá-lo, voltar a criá-lo sem cessar, revelá-lo a ele próprio.

Conheceis as palavras de Gabriel Mareei: "Só há fidelidade quando é criadora". Quando dois seres se amam verdadeiramen­te, engrandecem-se mutuamente, existem um pelo outro, rece-bem-se um ao outro.

É ainda Jacques de Bourbon-Busset que conta: "Quando eu confiava a Laurence (minha mulher) as minhas preocupações de escritor, a minha incerteza quanto à necessidade de continuar, ela murmurava, aterrada, que acreditava naquilo que eu fazia. O tom em que mo disse convenceu-me . . . Agora sei que somos dois a acreditar e isso me basta ... ".

Ser aquele que crê no outro e o ajuda a crer em si próprio; amar com um amor que nunca se cansa, que nunca envelhece, que nunca se decepciona, amar com um amor que faça com que o outro viva é revelar no meio do mundo uma realidade divina, uma presença divina.

"O amor vem de Deus - dizia-nos S. João, - quem quer que ame nasceu de Deus e conheceu Deus" (1 J o. 4, 7) ; e eu me atrevo a acrescentar: procedendo assim vocês revelam Deus ao mundo, fazendo viver do seu amor aquele ou aquela que amam.

Que o Espírito, no recolhimento, possa persuadi-los disso ...

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Jacques Jouitteau, S.J. <Da Carta Mensal Internacional)

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SANTA TERESINHA E O EXEMPLO DA FAMILIA

Se Deus dá à Igreja Santos e Santas, não é menos verdade que uma das principais condições ou motivações de santidade é, além da graça de Deus, a espiritualidade existente no seio fami­liar. É justamente esta particularidade que se observa, clara­mente, na vida de Santa Teresa do Menino Jesus. Eram santos os seus pais.

Luis Martin desejou, aos vinte anos, tomar o hábito de São Bernardo. Eram outros, porém, os desígnios divinos e não con­seguiu tal intento. Assim também Zélia Guerin aspirou, um dia, a entrar para a Congregação de São Vicente de Paulo. Dis­se-lhe a Superiora, entretanto, que não lhe parecia ser essa a vontade de Deus. Zélia, resignada, muitas vezes repetiu esta prece: "Meu Jesus, já que não sou digna de ser a vossa esposa, abraçarei o estado do matrimônio, para cumprir a vossa vontade santíssima. Peço-vos, porém, encarecidamente, sejais servido con­ceder-me muitos filhos, e todos vos sejam consagrados".

Os dois se casaram e Deus houve por bem aceitar a santa disposição do casal, dando-lhe cinco filhas que abraçaram a vida religiosa.

Nos pais, as filhas viam o exemplo de cristãos santos. Todas as manhãs, reuniam-se aos pés do altar e à mesa da Eucaristia. Em casa praticavam a leitura espiritual e a oração em comum. Embora a família Martin fosse relativamente abastada, ninguém se excedia em luxos desnecessários e em tudo reinava grande simplicidade. Todo ano o casal destinava apreciável quantia para ajudar as Obras das Missões. Sua casa estava sempre aberta aos pobres, e mais de uma vez as meninas viram o pai servir os pobres por suas próprias mãos. Era uma vida edificante em todos os sentidos e o duplo exemplo da piedade e da caridade, foi fator decisivo na vocação das filhas.

Santa Teresa nasceu em Alençon, a 2 de janeiro de 1873. Em sua autobiografia, ela afirma que, tendo sempre presente,

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desde os 3 anos de idade, o exemplo de piedade da família, jamais recusou nada a Deus. Dotada de inteligência superior, desde cedo demonstrava conhecimento das coisas divinas. Daí ter re­solvido entrar para a Ordem do Carmelo, das mais austeras. Em­bora fosse jovem demais para fazê-lo, nada conseguiu demovê-la do seu intento: foi até Roma e, não obstante a proibição de di­rigir a palavra ao Santo Padre, suplicou-lhe que lhe permitisse entrar no Carmelo apesar dos seus quinze anos.

Em sua obra, "História de uma alma", ela narra a sua vida familiar, a entrada na Ordem, as muitas dificuldades e as poucas consolações recebidas do Céu. Ensina ali como se pode atingir a perfeição na vida quotidiana, sem realizar grandes feitos, sem ter dons extraordinários, apenas pelo amor: é a "pequena via de infância espiritual", caminho de santidade acessível a todos. Escrevia ela: "A perfeição parece-me fácil: vejo que basta re­conhecermos nosso próprio nada e atirarmo-nos como uma crian­ça nos braços de Deus". "Não posso realizar brilhantes ações. Não posso pregar o Evangelho, nem derramar o meu sangue . . . mas que importância tem isso? Meus irmãos trabalham por mim, e, como uma criancinha, ajoelho-me diante do trono do Rei do céu: amo pelos que lutam".

Aliás Teresa, de certa forma derramou o seu sangue. Aquela que, ao receber o hábito declarara: "Vim para salvar as almas e rezar pelos sacerdotes", convencida de que só pelo sofrimento poderia fazer algum bem às almas, ofereceu-se a Jesus como ví­tima e morreu, tuberculosa, com apenas 24 anos.

Entre tantas outras lindas expressões que legou à humani­dade, nos seus últimos dias de vida, estas merecem ser relem­bradas: "Nunca dei a Deus senão amor e com amor também me há de recompensar. Depois da minha morte farei cair uma chuva de rosas".

Beatificada em 1923, o Papa Pio XI, no ano do jubileu de 1925, lhe deu a honra dos altares. Suas relíquias, depositadas na Capela do Mosteiro do Carmelo, em Lisieux, repousam numa urna de prata oferecida pelos católicos do Brasil.

Santa Teresa foi proclamada padroeira das Missões. Assim, o casal Martin finalmente obteve a realização do seu grande sonho: um filho missionário.

No ano em que o mundo católico comemora o centenário do nascimento de Santa Teresinha do Menino Jesus, é maravilhoso recordar que a sua vocação desabrochou num ambiente de espi­ritualidade conjugal e familiar, que é o ideal das Equipes de Nossa Senhora.

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O MIES DE OUTUBRO E AS E.N.S.

O mês de outubro é todo ele dedicado a Nossa Senhora. Segundo o costume do povo cristão, neste mês, a Virgem é hon­rada com a recitação do terço. O costume, sob pressão de vários fatores, anda desaparecendo. Mas, dentro das Equipes que levam exatamente o nome de NOSSA SENHORA, como uma entrega, um colocar sob sua proteção, o mês de outubro deverá provocar algo de concreto, sobretudo no ambiente familiar. Sugerimos, por isso, alguma coisa:

a. maior fidelidade à oração das Equipes, isto é, à pequena oração que fazemos pensando em todos os irmãos equi­pistas;

b. que na oração em família, neste mês, cada noite se dê destaque à veneração a Nossa Senhora, mediante a re­citação, por exemplo, do Salve Rainha, mas precedido de uma explicação em que se acentua que isso se faz por estarmos no mês consagrado a Maria;

c. que a família, nas suas programações, encontre uma hora em algum dia do mês para ir até um santuário de Maria, para rezar unida aos pés da Virgem;

d. que, nos nossos lares, neste mês, um quadro ou imagem de Nossa Senhora receba um destaque, chamando a aten­ção da família;

e. que cada equipista, diariamente, coloque sua Equipe e todas as Equipes do mundo sob a proteção de Nossa Se­nhora, para que o Movimento realmente seja mais do que um rótulo com o nome de Maria;

f. aqueles que têm o salutar hábito da meditação diária, durante o mês de outubro, centrem esta meditação em Maria, para descobrir que escola maravilhosa é ela de docilidade à graça e irradiação de Cristo; para perceber que ela foi perfeitamente mulher, na luta do dia-a-dia como dona de casa, como mãe e esposa.

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Cremos que o cultivo à devoção a Maria nos trará ótimos frutos espirituais, pois nos ajudará a conhecer o Cristo que ela nos deu na forma de homem. E será também um excelente ele­mento educativo para nossos filhos, tão sensíveis ainda aos gran­des exemplos. Maria nos aparecerá na naturalidade de sua mis­são: "A perfeição de Maria está em ser perfeitamente mãe. Não há no desenvolvimento de seu destino nenhuma despropor­ção, nenhum desequilíbrio, mas uma harmoniosa unidade: ela é simplesmente a mãe de Jesus. Não fez outra coisa, não se consagrou a nenhuma tarefa" (P. Voillaume). Portanto, não é no extraordinário que se constrói a nossa grandeza, mas na lu­cidez da vocação que recebemos. Ser simplesmente (isto é, na simplicidade) aquilo a que o Senhor nos chamou. Ensine-nos a Mãe das Equipes a sermos aquilo para o que o Senhor nos enviou.

Fr. Hugo Baggio, ofm

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A MINHA DIOCESE

O Santo Padre instituiu o Dia Mundial das Missões para que o povo cristão se conscientizasse melhor do problema das missões e rezasse mais fervorosamente por elas pelo menos uma vez por ano.

Ao ouvir falar em Missões, pensamos infalivelmente em terras longínquas - China, Japão, Africa . Não nos ocorre habitualmente que aqui mesmo, no Brasil, há dioceses inteiras que são terra de Missão. Reproduzimos aqui um "artigo de­sabafo" publicado na revista missionária brasileira "Sem Fron­teiras" (1), que talvez seja um caso extremo, mas parece-nos adequado para colocar uma interrogação salutar à nossa cons­ciência católica.

A minha diocese deve ser considerada terra de m1ssao em todos os sentidos. É recente. Foi criada em setembro de 1962. Em fevereiro de 1963 tomei posse da diocese como primeiro bispo. Espalha-se por uma superfície de 55.613 km2, onde vivem 216.400 habitantes. O santuário do Bom Jesus recebe, cada ano, de maio a outubro, uma média de 300.000 romeiros.

A população da minha diocese é batizada na quase totalidade: 213.000 na Igreja católica e uns 3.000 em várias seitas protestan­tes. Tenho um seminário menor mas sem seminaristas. Um bispo e 4 padres seculares, um dos quais idoso e doente, para toda a diocese. Três Padres Redentoristas cuidam da sede e do santuário e oito Religiosas Vicentinas têm um educandário, abri­go e artesanato também na sede. Para as 6 paróquias (em 55.613 km2

) e as 94 capelas, estão de fato 3 padres: uma média de 70.000 batizados para cada padre. A situação da minha dio­cese é de calamidade pública religiosa.

~1) Endereço: SEM FRONTEffiAS - Rua Francisco Morato, 2.042, São Paulo (fone: 286-7809) . Rua Almirante Alexandrino, 2.023, Rio de Janeiro (fone: 252-5931) .

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I

Há quase 10 anos que dirijo a diocese e nunca pude ter Vi­gário Geral nem Catedral, nem pessoa alguma que pudesse aju­dar na Cúria. O Bispo é a única pessoa que atende o trabalho da mesma. Os poucos agentes de pastoral que somos, assober­bados de trabalho, procuramos atingir o máximo de fiéis com nossa presença em todas as frentes de trabalho mais necessitadas. Viajo frequentemente pelo interior da diocese, suprindo a falta de sacerdotes, indo mensalmente a cinco cidades e duas vezes ao ano a todas as vilas e povoados destas cidades. Este atendi­mento paroquial atinge a metade da diocese. Além disso, faço a visita pastoral anualmente à população urbana e rural de dois e, às vezes, três municípios. Das 6 paróquias, 4 viram seu pá­roco laicizar-se e casar-se. Visitei vários países da Europa, na oportunidade do Concílio, e ultimamente todos os Estados do Sul do país, à procura de sacerdotes e religiosas, tendo conseguido apenas 3 sacerdotes italianos, dos quais um transferiu-se para outra diocese e outro tenciona transferir-se também. Apenas duas congregações religiosas fundaram casas na diocese, mas já desistiram de sua permanência aqui. Seria o isolamento por dis­tâncias astronômicas? Ou o desconforto da região abandonada pelos poderes públicos? Ou então a crise atual, proveniente do avanço ou tardamento dos sinais de trânsito espiritual, de escala mundial? Ou, ainda, falta de verdadeiro espírito apostólico? Não sei. O fato é que estou quase sozinho no trabalho pastoral de Bom Jesus da Lapa. O Brasil pode dar a si mesmo os padres de que precisa, mediante um sério trabalho vocacional. Diáconos e irmãs à frente de paróquias fazem um belo trabalho pastoral, mas a presença periódica de um sacerdote é insubstituível e in­dispensável.

D. José Nicomedes Grossi, Bispo de Bom Jesus da Lapa, Bahia

Nós, que temos um sacerdote para cada uma de nossas Equipes, deveríamos nos sentir arrasados ante este contraste. Se pouco podemos fazer além de nossas orações, pelo menos que elas brotem do íntimo da alma. E agradecendo a Deus o priviléaio de que somos detentores, tomar consciência da res­ponsabilidade que daí decorre para nós, de fazer frutificar os tesouros que nos foram confiados.

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ISSO Só ACONTECE AOS OUTROS

Um filho mongolóide. . . Meses de lutas dilacerantes e de meditações dolorosas perante esse "mistério" de um peque­nino ser deficiente. Depois, uma luz que cresce pouco a pouco e que, sem suprimir o sofrimento, o vai iluminando desde o interior... OUçamos o testemunho ao mesmo tempo tão hu­mano e tão cristão desta mãe dolorosamente experimentada.

Um filho mongolóide! Eis a realidade implacável contra a qual nos deparamos um dia e que depois passa a nos desafiar. Até ontem, isto só acontecia aos outros; agora tornou-se uma realidade para nós mesmos. Realidade assustadora, revoltante, aterradora mesmo. Como éramos felizes, tranquilos e livres ... ontem. Mas, de repente, algo acontece, irreversível: a provação. Total, absoluta, obcecante para quem a vive. . . acontecimento banal para os outros.

A solidão se instala: podemos estar de tal modo sós, tão ina­creditavelmente sós, no meio dos outros. Este bebê que impru­dentemente ocupara a nossa imaginação, procuramos agora es­condê-lo, evitar os olhares intrusos. Rejeitamos a comiseração e esbarramos no vazio que se estabelece à nossa volta.

Um filho que é um fracasso, o próprio filho, é difícil de imaginar. Não, não é possível imaginá-lo. Aliás, sofrimento algum, seja qual for, pode ser imaginado.

E no entanto, todo o amor capitalizado durante nove meses, toda a intensa alegria bruscamente interrompida no seu nasce­douro, todos os tesouros que lhe eram destinados, aí estão into­cados. É que o verdadeiro destinatário está ausente. Aquele que chegou não é aquele que esperávamos. Mas então, quem é ele?

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QUEM É ELE?

É antes de tudo aquele que me deixa constrangida, que me incomoda, que provoca em tudo o desequilíbrio, que se insinua nos meus pensamentos, minhas idéias, minhas previsões e con­cepções.

É a antítese do êxito, da harmonia, da inteligência, de todas aquelas riquezas que eu amava e das quais eu era prisioneira; é aquele que veio romper a segurança dos meus hábitos.

E ele aí está, infinitamente pequeno, pobre e desprovido de tudo, no seu berço demasiado grande, à mercê dos olhares que o fitam e me crucificam. Ao mesmo tempo tão semelhante a qualquer outro e no entanto tão diferente: as suas semelhanças me levam a perigosos sonhos; as suas diferenças me acabrunham e me dão uma sensação de culpa.

É um mistério insondável, um desconhecido temível que faz apelo a um amor inaudito e me faz perder a coragem. No meu íntimo, entram em conflito uma ternura apaixonada e um terror irresistível. Tenho o pressentimento que este bebê nos vai com­prometer a todos.

Eu bem sabia que, ao desejar mais um filho, a nossa liber­dade ia ser posta à prova. Mas agora eu tomo consciência que, sem o saber, tinha estabelecido limites à minha doação; eu me tinha comprometido a um amor razoável. E o que ele pede de mim é uma doação incondicional, absolutamente gratuita, sem nenhuma retribuição, além dos limites do possível. O "sim" que eu compreendo ser necessário parece-me de uma imprudência extrema. É o início de uma longa, interminável peregrinação, da qual nada conhecemos a não ser o ponto de partida.

O que ele me pede, é que esqueça as esperanças anteriores e passe a aceitar uma situação de fato, que zomba de nossa se­gurança e nos obriga a fazer a descoberta da pessoa que ele é, com as suas peculiaridades, os seus sinais distintivos.

Eu pressentia que era necessário ultrapassar a própria noção de sacrifício para conseguir amá-lo sem reticência, sem esqui­var-me à verdade, mas dentro dela, encontrar o equilíbrio que iria dar um sentido ao novo rumo que era preciso imprimir.

Era de desencorajar: tinha o sentimento de que devia re­nunciar a tudo. "Quem perder a sua vida por minha causa, ganhá-la-á". Mas o que tinha eu a ganhar? O sofrimento hip­notizava-me: tinha perdido completamente de vista que não há cruz sem ressurreição.

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A sua radical pobreza só era comparável às suas exigências. Mais do que qualquer outro, ele tinha necessidade de cuidados, de atenções constantes, de um convite permanente à vida, à ale­gria. Tornamo-nos então inventivos, suspensos aos menores sinais que anunciassem um vislumbre de progresso. Começamos a per­der a noção de facilidade, de rapidez. Ele nos ensinava a dar sem receber, a fidelidade no sorrir, a constância na paciência e no amor, e até a admiração ...

Ao arrancar-nos constantemente fora de nós mesmos, além dos limites que para nós próprios tínhamos estabelecido, ele nos tornava disponíveis de coração e de espírito; libertava-nos dos nossos preconceitos, obrigando-nos a penetrar no seu próprio mundo.

Em nada tinha ele correspondido às nossas esperanças, mas ia-nos suscitando outras: paradoxalmente, o nosso pobre filhinho, o meu bebê indigente, construía em nós um coração novo, um coração livre, ao oferecer-nos um pouco da sua pobreza.

Então comecei a pensar: inútil o meu filhinho?

INúTIL?

Inútil, este pequeno guia que nos leva a viaJar para além do que é visível e palpável, para onde os valores não podem ser computados nem subestimados?

Inútil, este frágil ser, escola de esperança, que nos conduz para o limiar das bem-aventuranças?

Inúteis, todos estes pobrezinhos que, mais do que nós des­tinados à Luz, são testemunhas permanentes de Cristo no meio de nós? Inúteis para quem? Será possível haver para Deus uma só vida que seja inútil ou falhada?

Quem fixou barreiras e normas, quem estabeleceu tabelas para a aprovação ou reprovação no exame de passagem pela vida? Em nome de que são eles marginalizados? Quem ousa, atual­mente, em nome de uma pretensa liberdade, levantar a questão de vida ou de morte para eles?

Podeis vangloriar-vos de vossa inteligência? Quanto a mim, não me sinto mais responsável pelo fracasso de um dos meus filhos do que pelo sucesso dos outros.

Qual é então o ideal de uma sociedade - da qual nos admi­ramos que os jovens se afastem - que se permite fazer seleções?

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O nível de uma civilização deve ser medido, antes pelo aco­lhimento feito aos pobres e deserdados, do que pelo cuidado por ela posto em querer eliminá-los.

Para dar acolhida, para abrir lugar ao outro, temos nós mes­mos de nos apagar; para ouvir a mensagem que os pobres nos querem transmitir, é preciso estarmos atentos, aceitar calar-se e ver talvez pulverizarem-se os valores por nós estabelecidos, com­prometer-se; e isso exige muito amor.

Mas o amor existe; eu o encontrei; vocês também o encon­tram; todos esses jovens que deliberadamente escolhem como profissão dedicarem-se aos deficientes, eles nos interpelam; e assim também, aqueles padres que "perdem" tempo com eles. Eles nos interpelam, aqueles médicos que lutam para que seja respeitado o direito à vida. E todos aqueles que aceitaram "estar" comigo, depois deste nascimento, também eles me interpelam. É ver­dade, o amor existe.

Mas, sozinhos nada podemos. Até Deus tem necessidade de nós.

A esperança é um caminho que percorremos juntos. . . é uma vida compartilhada. Não quereriam vocês, então, compartilhar da nossa? ...

(da Carta Mensal Internacional)

Nada se assemelha mais ao Cristo do que a inocência sofredora

Emmanuel Mounier

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CUIDADO COM OS RITOS INSUBSTITUIVEIS!

Pe. Vasconcelos

Receio um pouco da mania atual de ir contra tudo quanto é velho, registra idade, tem jeito de ontem, de "trás d'onte". Re­ceio justo por ser mania, mania que é uma atitude burra, sem critério de ação, sem filosofia de contestação. Mormente, dentro dos lares, quando as manias imperam, adeus quanta esperança se depositava neles! Falamos, porém, aqui dos ritos que não se podem substituir jamais. Dos ritos, que acabam abrindo es­cola, criando alunos à sua feliz imagem. Dos ritos propedêuti­cos, gestos repetentes que riscam fundo sua imagem, gritam manso sua mensagem no fundo sem fundo das almas. Numa casa, os ritos podem confundir-se com os horários, com os rostos, com os tons das falas. Ritos de levantar-se, de deitar-se, ritos de refei­ções e mesmo de "papos" familiares. Bate-papos de casa ... onde

l t foram eles parar, com a chegada estabanada da tevê? Tevê . . . este móvel que imobilizou muita família. Tevê . . . este móvel ligado, que a tantas famílias desligou do seu munus educador, do seu papel formador , da sua felicidade até de saber das pessoas e da vida, mediante o parecer e as conversas desfiadas das pes­soas. Foi-se tudo isto, a tevê entrou de foice e acabou com este calor de casa, com estas prosas lindas de casa. Hoje, quem entra nela, seja a visita que for, tem de aderir e de se postar, (ia di­zendo: de acocorar-se), diante de sua majestade falante, gritante. Cuidado, gente minha, cuidado! Não que se possa ou se deva ir contra. Credo, não é isto. Mas, a família vale mais do que o silêncio idiota diante de um pedaço aceso de tela, rindo sem mo­tivo de rir-se, aderindo aos critérios, deixando acordada até horas

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altas a criançada, cuja memória e cujo coração bem que pode­riam ser povoados de coisa mais linda. Voltemos aos ritos, fa­çamos alguma coisa, para que eles tornem aos penates de ontem. Sei que peço meio milagre, mas peço, fiado na capacidade do amor e no quilate da fé. Ainda bem que nem todos os ritos se foram. Ficaram ainda as festas, as datas da família, as me­mórias do passado de casa. Celebremos tudo isto, que a vida é uma escada: só tem sentido, se os degraus anteriores não briga­rem com os sequentes, se os dias de ontem entrarem na contagem alegre dos de hoje. Salvem-se os ritos, mesmo para que não saiam rotos os filhos de hoje, gente sem ontem, pessoal sem an­tecedentes, grupo amorfo, cria dos tempos, sem avais hereditá­rios de quantos vieram antes, para que os pósteros fossem maio­res e melhores aumentando os cabedais de antanho.

(Transcrito de "0 SAO PAULO)

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A ASCESE

Presentes ao Encontro Nacional das Equipes de Portugal, o casal Marie e Louis d'AmonviUe, da Equipe Responsável Internacional, puseram-se à dis­posição dos presentes para responder às interrogações que lhes fossem feitas. Eis o que esclareceram a respeito da ascese.

- Talvez demasiadamente se considere a ascese algo difícil de compreender e outras vezes como . . . mais uma obrigação.

Fundamentalmente, a ascese é o conjunto de meios que cada pessoa emprega para suprimir ria sua vida o que a separa de Deus.

- Por isso a ascese alicerça-se num esforço e persegue-se com liberdade.

- Mas a ascese é qualquer coisa de fundamentalmente pes­soal, que afeta a relação íntima e individual de cada pessoa com Deus.

Por isso intenta procurar os meios mais proporcionais ao fim pessoal de cada um.

- Admite-se, porém, também um plano de ascese conjugal (ex.: no campo da vida sexual, no estilo de vida que escolhe o casal, etc.).

Neste momento não existem ainda escritos sobre a ascese do casal, se bem que o Movimento esteja por si orientado nesse sentido.

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- É também concebível até uma certa ascese familiar, o que envolve grande delicadeza. Atente-se neste particular que não têm nunca os pais o direito de impor uma ascese aos filhos, pois que, como se disse, ela é essencialmente pessoal e livre. O que é coisa diferente é que os pais excluam, como devem, da vida familiar o que seja anti-evangélico ou que procurem, com os filhos, num espírito de liberdade, certos tipos de ascese.

- Vista por esses prismas, parece claro que a ascese não é mais uma obrigação, mas sobretudo um método e uma meta de vida cristã.

- Por outro lado, dá uma nova e mais ampla visão às obri­gações, vistas na sua dimensão cristã de meios de perfeição.

A regra de vida será um dos melhores meios para esse fim .

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APOSTOLADO

EM MAIO, 25.000 ROSAS PARA AS MAES EM CAMPINAS

Somente agora recebemos notícia de uma ini­ciativa do Setor de Campinas que marcou época na cidade.

"Deus e as Mães Unidos na Criação" foi o "slogan" adotado para a campanha idealizada pelo Setor de Campinas e realizada com incrível dinamismo pela Equipe n.0 26.

Embora fosse mobilizado o Setor inteiro no Dia das Mães, a campanha foi obra de alguns casais apenas que, com um plane­jamento muito eficiente e uma dedicação total, conseguiram dar uma conotação diferente, um sentido mais cristão à tradicional homenagem prestada às mães. Os equipistas e seu ''slogan", "Deus e as Mães Unidos na Criação", fizeram-se presentes em toda Campinas no dia 13 de Maio, também por coincidência este ano festa de Nossa Senhora de Fátima.

Nas semanas anteriores a população da cidade já foi sendo sensibilizada para a campanha através de faixas plásticas coloca­das nos parabrisas dos veículos, cartazes afixados em casas co­merciais e grande cobertura por parte dos jornais e rádios da cidade.

A Associação Comercial e Industrial de Campinas colaborou· com os equipistas mandando imprimir uma mensagem, redigida pelo Assistente do Setor, a ser entregue pelas lojas no ato da compra dos presentes. Essa mensagem foi distribuída com as flores pelos equipistas no domingo.

As vinte e seis equipes de Campinas se dividiram pela cidade na tarefa de distribuição das flores, levando-as às mães velhinhas dos asilos, às enfermas em todos os hospitais e mesmo às mães encarceradas na cadeia municipal. Foram montados postos de distribuição na entrada da cidade, nas estações rodoviária e

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ferroviária e no centro de Campinas. Houve distribuição de rosas também nas igrejas, tanto católicas como protestantes. Na en­trada do acesso a Campinas, havia placas sinalizadoras indicando aos motoristas que, se com eles estivesse uma mãe, parassem seus veículos mais à frente pois ela seria homenageada.

Foi emocionante! Guardas de trânsito foram mobilizados para ajudar os equipistas. Sua função era dirigir o trânsito mas, ao final, era tal o afluxo de pessoas que, de dentro de carros, caminhões e ônibus, solicitavam flores que os próprios guardas passaram a distribui-las como se também pertencessem às Equipes.

Impressionante a maneira como foram acolhidos aqueles que distribuiram rosas nos hospitais. Mães que já se sentiam total­mente esquecidas nos seus leitos de dor foram surpreendidas com uma flor e com palavras de conforto e carinho de pessoas que se transformavam, em questão de segundos, de estranhos em amigos chegados.

O êxito da campanha ultrapassou os limites de Campinas, atingindo a muitas famílias de outras cidades que passaram por lá naquele domingo. Os locutores de uma rádio de São Paulo que transitaram por Campinas e receberam rosas para que le­vassem às suas esposas e mães narraram com entusiasmo a cam­panha durante todo um jogo de futebol que irradiaram de Ara­raquara. Ouvindo o jogo, muitos que não foram a Campinas ficaram sabendo ...

Valeu a pena, comentaram todos os que trabalharam na cam­panha! E a conclusão da equipe encarregada: 25.000 rosas, foi pouco - no ano que vem, será preciso pelo menos o dobro!

Eis o texto da mensagem:

"Deus e as Mães unidos na Criação"

Mamãe: Hoje todo o mundo está junto comigo, fazendo festa para

você. E eu estou pensando como você é maravilhosa, mamãe. Seu co1ação e seu pensamento, desde antes de eu nascer, já se ocupavam de mim. E continuam assim até hoje. Seu olhar, in­clinado sobre o berço, derramava sobre mim as ternu1as do amor, que nem cabiam dentro de você. Hoje, seus olhos continuam seguindo de .longe os meus passos, dos quais os primeiros suas mãos foram guia. Tudo em você é maravilhoso, mamãe. Mas, hoje, estou pensando que o mais maravilhoso é que você não é

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sozinha. Você não seria tão maravilhosa e nem seria minha mãe sem o papai. A coisa mais linda no meio de tudo isto é o amor de vocês dois. E este amor não foram vocês que inventaram. Foi presente de Deus para que vocês, juntamente com Ele, continuas­sem a criação da humanidade, que Ele não quis acabar sozinho. Por isso, mamãe, olhando para vocês, descubro um pouco de Deus. E no amor que você me dá, além de saber, eu. posso sentir o amor quente de Deus.

Obrigado, mamãe!

13 de Maio de 1973

A pretexto de algumas rosas, os equipistas de Campinas con­seguiram fazer entrar em muitos lares duas mensagens: através do amor de mãe, é o amor de Deus que se manifesta; amor de mãe é maravilhoso mas não é suficiente: os filhos precisam que os dois se amem. Foi realmente uma mensagem de espirituali­dade conjugal. Que a semente, lançada com tanta generosidade, tanta simplicidade e tanta fé possa ter frutificado em muitos corações!

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NOTíCIAS DOS SETORES

Taubaté

Equipinhas - Em número de três, as "equipes" de filhos de equipistas estão em pleno desenvolvimento. As

reuniões têm constado de três partes: estudos e orações; brinca­deiras; e - graças à colaboração das mamães equipistas - sabo­roso lanche, que é servido pelas próprias crianças, ajudando o mini-equipista anfitrião. As reuniões das "equipinhas" obedecem ao mesmo ritmo das nossas, realizando-se uma vez por mês em casa de cada mini-equipista.

Quem se interessar pela experiência pode escrever para as "tias-pilotos", Bernadete e Sílvia, da Equipe 6. Endereços:

M. Bernadete M. Cabral - Rua Cel. Gomes Nogueira, 290, e Sílvia M. D. Franco Bueno - Rua Cap. Jacinto Pereira de Barros, 79.

Guanabara

Reunião de Assistentes - O Setor A realizou em julho um En­contro com os Conselheiros espirituais.

A reunião foi em casa do Casal Responsável, tendo cada equipe contribuído com um prato para o jantar.

Comentou-se a importância do entrosamento dos Casais de Ligação com os Padres Assistentes, recomendando-se que ambos troquem impressões a respeito da vida espiritual, familiar e dos problemas dos casais, possibilitando assim maior ajuda mútua.

Foi constatado que as Equipes fomentam nos casais a ne­cessidade de se engajarem num apostolado e que mesmo os equi­pistas que não realizam um aproveitamento satisfatório dos meios de aperfeiçoamento são atuantes dentro do apostolado por eles escolhido.

Lembrou-se que cabe aos Conselheiros espirituais reforçar dentro de suas equipes o clima de espiritualidade, motivando os

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casais para os Retiros, solicitando, com um amor mais exigente, uma correspondência mais efetiva aos meios de aperfeiçoamento.

Cada vez mais é sentida a dificuldade dos Padres Assistentes em acompanhar adequadamente uma equipe, pois muitos têm duas ou três sob sua responsabilidade, o que os sobrecarrega, dificul­tando o perfeito desempenho.

Todos os sacerdotes foram unânimes em dizer que se sentem felizes com o seu papel de Conselheiros espirituais, pois esse trabalho os coloca no ambiente básico de formação do indivíduo e da sociedade que é a família.

Campinas

Três trabalhos de apostÓlado - O Boletim do Setor de Campinas publica uma relação dos vários

campos de apostolado existentes naquela cidade. É este um trabalho da Equipe de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, visando facilitar aos equipistas a escolha de uma forma de apos­tolado que mais corresponda à sua vocação. Das dez atividades relacionadas destacamos três, por achá-las capazes não só de despertar vocações para o que existe em outras cidade como tam­bém sugerir idéias para novas formas de apostolado.

O Centro de Orientação Familiar, idealizado pelo Pe. Rolando Jalbert, cujo dinamismo o tornou um modelo de organização e eficiência, tem três campos principais de atuação:

a) o serviço de casal para casal, que funciona da seguinte maneira: o casal necessitado - ou apenas um dos cônjuges -procura o C.O.F.; a assistente social anota as informações e soli­cita a um casal voluntário que acompanhe o caso (o casal solici­tado pode ou não aceitar o caso, depois de conhecê-lo); trata-se de ajuda espiritual e há muita procura de casais voluntários para esse tipo de trabalho.

b) a preparação para o casamento - o C.O.F. coordena to­dos os cursos de noivos oferecidos nas paróquias e mantém uma equipe que dá a orientação necessária a todos os casais interessa­dos em colaborar nos cursos.

c) a promoção familiar - esse serviço trabalha com jovens, senhoras ou casais; os colégios podem pedir palestras para jo­vens; as freiras que trabalham em vilas da periferia podem pedir palestras para senhoras ou para casais; os casais que dão as pa­lestras são chamados a dá-las 2 ou 3 vezes por ano.

A maioria dos casais que colaboram nesses três campos de atividades do Centro são equipistas.

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O OVISA - Orientação de Vivência Sacramental - é um curso exclusivo para casais, que consta de palestras sobre os 7 sacramentos aplicados à vida familiar. O curso é ministrado num fim de semana, pegando a parte da tarde de sábado - das 13 h às 22 h - e o domingo todo. Os casais que colaboram nesse trabalho (muitos deles equipistas) fazem palestras, trabalham na cozinha ou visitam depois do curso os casais que desejam trocar idéias com outro casal.

O COLOCO - Curso de Liderança Cristã - é um movimento originado em Campinas, cujo objetivo é formar líderes que atuem no ambiente do dia a dia. Atinge principalmente os meios mais simples. O Curso consiste numa série de palestras, proferidas por sacerdotes e leigos, sobre ideal cristão, personalidade, graça santificante, finalidade da vida, piedade, matrimônio, povo de Deus, sacramentos, etc. Funciona no ritmo de um curso por mês, ocupando a tarde de sábado e o dia de domingo.

Caxias do Sul

(Do Boletim Noticias CaxiENSes)

Retiro - Realizou-se no Santuário de Caravagio, nos dias 21, 22 e 23 de junho. Os que lá estiveram podem atestar o

que foram aqueles três dias de intimidade com Deus. O pregador foi Frei Estevão, dominicano, assistente de duas

equipes em São Paulo, grande conhecedor do nosso movimento e um dos seus mais dedicados incentivadores. Foi excelente, uti­lizando linguagem fácil e rica.

Sua palavra foi, ao mesmo tempo, ensinamento e convite à espiritualidade. Ensinamento, porque esclarecedora de muitos as­pectos doutrinários, nos falando à inteligência e nos conduzindo metodicamente pelos caminhos que nos levam ao encontro do Senhor em nosso íntimo e ao amor ao nosso próximo. Ficamos realmente convencidos da necessidade de colocarmos Deus no centro de nossa vida; amando-O concretamente na coerência de nossas atitudes de cristãos. Foi convite à espiritualidade porque nos levou tranquilamente às reflexões pessoais e nos concedeu precioso tempo para as meditações do casal, culminando com a realização de um dever de sentar-se.

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Os retirantes deram belo exemplo, participando compenetra­dos e mantendo o necessário silêncio. O tempo foi bem distri­buído e bem aproveitado. Cantamos e rezamos juntos. Como uma família entrelaçamos nossos afetos e anseios. No amor a Cristo "experimentamos" Deus.

Nossos agradecimentos ao Frei Estevão por tudo o que trouxe de espiritualidade para um aprimoramento maior dos casais que tiveram a graça de conviver nestes dias com tão grande "mestre da oração".

Testemunho de outro casal:

Em todos os retiros que fizemos até hoje, encontramos mui­tas coisas até então desconhecidas à nossa vida espiritual. Mas o último foi o que mais nos despertou no sentido de "como deve­mos e podemos encontrar o Cristo, compreendendo que o Cristo está dentro de cada um de nós". E que muito nos conscientizou da responsabilidade que assumimos quando dissemos sim ao Cris­to, e da maneira como devemos agir em relação aos nossos irmãos.

Muito nos impressionou, também, a palestra relativa ao "Dever de Sentar-se", devido à maneira com que Frei Estevão nos fez compreender que deve haver uma abertura total de espírito de um para outro. E tudo o mais que ouvimos foi de imenso pro­veito para todos. Agora, dependerá só de nós sermos capazes de pôr em prática esses ensinamentos.

Ao encerrar o Retiro, pedimos a Deus e ao Divino Espírito Santo que conservem e iluminem Frei Estevão para que possa continuar levando o Evangelho de Cristo.

--x--

NOVAS EQUIPES

Foram lançadas mais duas equipes em Petrópolis, a 14 e a 15. No Setor de Taubaté, são mais quatro; três em Taubaté, que receberam os n.o• 5, 13 e 16, e a segunda de São Sebastião.

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ENCONTRO DA ECIR COM OS RESPONSAVEIS REGIONAIS

No dia 11 de agosto, foi realizado o encontro trimestral da ECIR com os Responsáveis Regionais. Desta vez nos reunimos no Colégio São Luís, aqui em São Paulo. O dia foi dos mais proveitosos pois contamos com a presença de quase todos os 11 Regionais e assim pudemos desenvolver um programa que pos­sibilitou rezarmos juntos, refletirmos, individualmente e em casal sobre o que nos transmitiu Frei Miguel Pervis numa palestra de formação religiosa sobre o tema "Testemunhas de Deus no mun­do ateu".

Em seguida, entramos numa parte reservada à dinâmica do Movimento e que constou do seguinte:

Estabelecimento das primeiras providências preparatórias para os Grandes Encontros do ano que vem. Podemos adiantar que, quanto ao Encontro de Casais Responsáveis de Equipe, está em elaboração um programa realmente arrojado, visan­do possibilitar e facilitar a presença de todos e cujos detalhes serão dados a conhecer brevemente.

Ficamos sabendo, e com sa'.isfação trazemos ao conhecimento de todos através da Carta Mensal, que a Região SP/E- Vale do Paraíba está organizando uma Peregrinação a Aparecida do Norte, que terá lugar no dia 6-10-73. Todos estão convi­dados. Detalhes com Hélene e Peter Nadas em São José dos Campos, rua Leopoldo Rossi, 15, tel. 2886.

Foi confirmada a realização das seguintes Sessões de Forma­ção de Dirigentes, do 1.0 Grau: de 4 a 7 de outubro em São Paulo, no Instituto Paulo VI; de 1.0 a 4 de novembro em Taubaté e de 15 a 18 de novembro, no Rio de Janeiro. Es­clarecimentos a respeito poderão ser obtidos com Maria Apa­recida e Igar Fehr, rua Cajuru, 13 - tel. 6-1550 - Jundiaí.

"O Conselheiro Espiritual" foi o tema da palestra que Pe. Antonio Aquino, Conselheiro Espiritual da ECIR, apresentou-nos focalizando, principalmente, a grande função do sacerdote nas ENS: a missão profética, que consiste em ensinar, aconselhar, exortar, consolar e corrigir.

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O tempo a seguir foi reservado para uma análise e reflexão, em profundidade, das palavras do Côn. Caffarel aos Responsáveis de Setor reunidos em Paris, quando comunicou sua decisão de afastar-se da direção do Movimento.

Nesse clima e ouvindo ainda o ressoar das palavras do nosso grande guia espiritual, dirigimo-nos todos para a nossa Missa de encerramento.

Nosso próximo encontro ficou marcado para o dia 1.0 de dezembro.

Dirce e Rubens

JUBILEU SACERDOTAL

Com muito atraso recebeu a Carta Mensal notícia do jubileu de prata da ordenação sacerdotal do Pe. Alberto Boissinot -e por isso somente agora o registra, unindo-se às orações de todos os seus amigos para que Deus conceda ao querido Conselheiro espiritual do Setor de Marília frutos sempre mais fecundos em seu ministério sacerdotal.

Os casais das Equipes de Nossa Senhora e dos Encontros de Casais com Cristo uniram-se à comunidade paroquial de Santa Izabel, ao movimento de jovens Shalom, às Irmãs e funcionários da Santa Casa, às alunas da Escola de Enfermagem e aos reli­giosos de São Vicente de Paula - a todos, enfim, junto aos quais o Pe. Alberto exerce seu ministério, para as comemorações do jubileu sacerdotal do querido sacerdote. A semana de festivi­dades iniciou-se com uma vigília na Igreja de Santa Izabel, con­tinuou com uma noite de confraternização, para culminar, no dia 27 de junho, com uma Missa vespertina concelebrada na ca­pela do Seminário Pio X.

No significativo santinho distribuído pelo Pe. Boissinot, as seguintes palavras:

"Senhor, teu amor fiel me é mais caro que a própria vida." (Salmo 62, 4)

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SESSOES DE FORMAÇAO

Em São Paulo - dias 4, 5, 6 e 7 de outubro.

Em Taubaté - dias 1, 2, 3 e 4 de novembro.

No Rio de Janeiro - dias 15, 16, 17 e 18 de novembro.

Os casais interessados em participar, comuniquem-se com seu Responsável de Setor.

RETIROS

Na Vila Dom José, em Barueri (sem filhos):

26-28 de outubro - Pe. Antonio Aquino, s.j.

22-24 de novembro - Pe. lreneu Trevisan.

SESSAO DE FORMAÇAO EM CAXIAS DO SUL

Debaixo de intenso frio externo mas de grande calor interno, gerado pela força da comunidade fraterna reunida em nome de Cristo, 26 casais, de Porto Alegre, Caxias do Sul, Brusque, Flo­rianópolis, Blumenau, Curitiba, São Paulo e Jundiaí participaram da Sessão de Caxias do Sul, nos dias 19, 20, 21 e 22 de julho.

As magníficas instalações do enorme Colégio Madre Cabrini foram entregues totalmente aos casais e a equipe de serviço desta vez cuidou de tudo, incluído calefação, comida e limpeza da casa. Alguns casais, entre os quais Solange e Hélio, responsáveis pelo Setor de Caxias, Paulina, viúva do Isidoro e mãe de D. Paulo Moretto, sua filha e o noivo da mesma, trabalharam na cozinha durante toda a duração da Sessão. O fato é que, com este espí­rito de doação, quer dos participantes, quer daqueles que foram para trabalhar, passamos 4 dias intensamente vividos, ensejando a todos refletir e assimilar bem os conceitos expostos, para depois vivenciá-los nos grupos de coparticipação. Até a confraterniza­ção acompanhou esse clima de alegria e de sempre procurar cons­truir.

D. Benedito Zorzi, bispo de Caxias, fez uma visita à Sessão na hora do almoço de domingo e, dirigindo-se aos equipistas, deu seu testemunho pessoal com toda a simplicidade.

Os que viveram esses dias puderam testemunhar sua grati­dão a Deus, que a todos iluminou, fazendo frutificar as mensagens transmitidas, das mais variadas formas - desde aquele que pre­sidia a liturgia até o que servia a mesa.

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ORAÇÃO PARA A PRÓXIMA REUNIÃO

Em outubro, a liturgia nos dá a meditar o exem­plo de três figuras que têm em comum, a.lém do seu amor ao Cristo, uma virtude que o próprio Cristo nos recomenda imitar: a simplicidade. Nossa Senhora, São Francisco de Assis e Santa Therezinha foram pequenos e humildes na mão de Deus como crian­cinhas e por isso o Senhor realizou através deles maravilhas.

TEXTO DE MEDITAÇÃO - Mat. 18, 1-4, 10.

Então os discípulos aproximaram-se de Jesus para pergun­tar-lhe: "Quem é o maior no reino dos céus?" Chamou JPsus uma criança, colocou-a no meio deles e respondeu: "Em verdade vos digo: se não vos tornardes como crianças, não podereis entrar no reino dos céus. Aquele, pois, que se fizer pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus.

Guardai-vos de desprezar um só destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos, no céu, contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus."

ORAÇÃO LITúRGICA - Salmo 83

Como é linda a tua casa, Senhor! Morro de desejo de me encontrar contigo, no lugar onde moras. Sinto uma alegria imensa no coração ao me aproximar de ti, Senhor, Deus vivo e poderoso.

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Olha, até os passarinhos encontram lá um lugar seguro; as andorinhas fazem os ninhos dos seus filhotes , à sombra da tua morada, Senhor. Felizes os que moram contigo, podem louvar-te sem cessar, a ti , meu Rei e meu Deus.

Felizes os homens, que se apoiam na tua força, que ansiosamente caminham para ti. Ao passar por um vale seco, eles o transformam, como a chuva da primavera que faz renascer as fontes . Vão caminhando com vigor sempre renovado e chegarão a ver-te na tua cidade santa.

Senhor, Deus forte e poderoso, ouve com atenção a minha prece! Tu és o nosso protetor. Olha para o teu povo, que está diante de ti.

Um dia contigo, na tua casa, é melhor que mil , longe de ti. Prefiro ficar no limiar da tua porta do que ser hóspede dos pecadores. Pois Tu, Senhor, és o sol da minha vida, Tu me proteges! Concedes bom nome e reputação ao teu povo.

O Senhor não recusa seu auxílio aos que caminham na integridade. Feliz o homem que espera em ti, Senhor, Deus forte e poderoso.

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