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1971 abri l EDITORIAL Re fletin do sôbre a R eg ra de VIda p. Par a nós viver é Cristo ....... . ......... . p. a A ECIR conve rsa com voc ês ... .. .. .... . . p. 5 En caminhe mo-nos para um Cri sto VIvo e Ve rda d eiro . .. ... . ... . ...... .. ...... . p. 7 Ora çã o p. 11 Como fazer a Meditação . .. ............ . . p. Familia, Es teio da Paz, Esperança do Mundo .. .. ... . ........ . ....... ... ... . p. 12 Con duzí-lo-ei para a solid ão e falarei ao se u coração ..... ..... .. ............ . p. 14 A fa scinant e art e de educar .. . .. . ....... . p. 18 Receita para ouvir .. . .. . .. .. .... . ...... . . p. 20 O movimento no mundo . . , ....... . ...... . p. 21 Notici as dos Se tor es . .... ... ....... ..•.. .. p. 22 T estemunho . ..... . .... . .......... . ..... . p. 23 Re tiro s para 1971 .................. . ... . p. 24 Oraçã o para a pr óxima re união .. . ..... 3.a capa

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1971

abri l

EDITORIAL

Refletindo sôbre a Regra de VIda p . Para nós viver é Cristo ....... . ......... . p . a A ECIR conversa com vocês ... . . .. .... . . p . 5

Encaminhemo-nos para um Cristo VIvo e Ve rdadeiro . .. ... . ... . ...... .. ...... . p . 7

Oração p . 11 Como fazer a Meditação . .. ............ . . p. ~

F am ilia, Esteio da Paz, Esperança do Mundo . . .. ... . ........ . ....... . . . ... . p . 12

Con duzí-lo-ei para a solidão e falarei ao seu coração ..... ..... .. ............ . p . 14

A fascinante arte de educar .. . .. . ....... . p . 18 Rece ita para ouvir .. . .. . .. .. .... . ...... . . p . 20 O m ovimento no mundo . . , ....... . ...... . p . 21 Noticias dos Setores . .... . . . ....... . . • . . .. p . 22 Testemunho . ..... . .... . .......... . ..... . p . 23 Retiros par a 1971 .................. . ... . p . 24 Oração para a próxima r eunião .. . ..... 3.a capa

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Tel.: 80-4850 SÃO PAULO (CAP.)

- somente para distribuição interna -

I

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EDITORIAL

REFLETINDO SOBRE A REGRA DE VIDA

Acabo de reler algum as pagmas dos sermões de São João Crisóstomo, e mais mna vez, esta leitura deixa-m·e entusiasma­do: que pr·cocupação com o pt'ogresso espiritua<l dos cristãos ca­sados que o estão ouvindo! Que senso profundamente a~udo da vida conjugal e familiar, de suas necessidades e de su,as dificul­dades! Com que éoragem conv1da êle os seus ouvintes a se empe­nhm·cm na conquista da perfei~ão na vida cristã! E ao m esmo tempo, que realismo nas suas exigências!

No texto que tenho em mãos, fico surpreendido com a im­portància primordial qu.~ êle dá à leitura meditada da Bíblia no lar. \'ou cita.r~lhes algumas fras·es do grande pregador:

"Eu vos suplico, vinde muitas vêz·es à igreja, para ouvir a Hagrada Escritura; mas que não seja somente na igreja; nas vos­sas casas, tomai em mãos os Livros divinos, de modo a recolher com grande cuidado o que de útil êles encerram ... do mesmo modo que o alimento material aumenta as fôrças do corpo, a sua leitura aumenta as fôrç-as da alma. E' um alimento espiri­tual que fortalece a alma, tornando-a mais enérgica e mais sábia ...

Ao volt.ardes para vossas c·asas, preparai duas mesas: uma para os alimentos do corpo, outra para os alimentos da ES'critura sagrada ... Maridos, que cada um de vós faça de s•eu lar uma igreja ... nã·o sois por acaso responsáveis pela salvação de vos-sos filhos e de vossos s·ervidores, e não tereis que prestar disto conta? Assim como nós, paf>tôres, teremos que dar contas de V·Ossas almas, assim também os pais de família responderão perante Deus de tôdas as pessoas de suas casas."

Esrf:as leituras dos t·extos de São João Cri'Sóstomo, o grande patriarca do século IV, fizeram ressurgir em mim uma inquie­tação que nunca me deixa por longo tempo: não deV'eriamos Ler incluído nos meios de aperfeiçoamento, uma ou outra prática r-eligiosa mais profunda? E que ajudasse os casai's a se encami­nharem p.ara a plenitud•e da vida cristã? Penso assim, na leitura me:ditada e regular da E<:critura, no aprofundamento ela dou-

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trina cristã, na med itação, na fvequência à Eucaristi.a e à Peni­tência .. .

Lembro-me nitidamen~e por que não foram introduzidas nos Estatutos obrigações referentes a estas várias práticas: us casais que ingressam nas equipes oferecem uma grande variedade: ida­de, cultura religiosa, evolução espiritual, condições de vida ... Diante disto é que se introduziu a Regra da vida. O.e.veria ela ·­. pelo menos o que s·e esperava - p·ermitir a cada qual adotar, progressivamen Le, práticas que incluíssem exercícios religiosos e, com isto, favorecer o ac·csso a uma vid•a espiritual de cristãos adultos.

Na reaLidade eu constato que a prálica da Hegra de vida não eOLresponde muitas vêzes ao que dela se esperava. Sã.) nu­merosos os equ~p.istas que ap.enas iuclu"m nela pequeninas obri· gaçõcs, dtscuidando de fazer dela o instrumento de seu pwgr·es­&o espiritual. É verdade que, para incluir o essencial, deveriam conhecer o que é essencial ... Mas não é justamente pat·a isto que os casais de uma equipe põem em comum os seus esforços e que cada equipe goza do benefício da presença de um Gons·e1héiro ec.;p;iritual?

HENRI CAFF AREL

ATENÇÃO:

CASAIS RESPONSA VF.IS DE EQUIPE

para o

ENCONTRO NACIONAL DOS CASAIS

RESPONSÃ VEIS

3 e 4 de abril/ 71 sábado/domingo

no

Colégio Cristo Rei -- Av. Cons. RodrigueR Alves, 658

SÃO PAUI.JO (Cap.) -- Tel.: 70-4935

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PARA NOS, VIVER E CRISTO

".A vida cristã é adesão não a um sistema de idéias mas a .4/guém, a uma Pessoa uiva, a Jesus Cristo."

S.e Jesus é o Filho de Deus que veio a>O mundo, ~>·e destruiu verdadeiramente a morte, arrancou a raiz de todo o mal, se h~ouxe a única Nova que deve iluminar pant sempre o coração de todo o homem, se nos deu para sempre acesso ao Pai, se difundiu, pela sua vitória, o Espírito de Santidad·~ em todos os corações que o acolheram, então, o maior acontecimento da nossa vida, é tê-lo encontrado!

O que nos distingue, à nós cristãos, de todos os outros ho­mem;, u que trm.sformou a nossa existência a tal ponto· que nada pede acontecer que não· seja iluminado, possuído e tr::msform;tdll pot~r ês1'e acontedmento,

o que dá ao menor dos nossos atos um valor que ultrapassa a nós mesmos, mn sentido missionário, evangélieo, isto é, o que transforma a n ossa própria vida numa "nova feliz", é o fato de termos enoontmdo a Jesus-Cristo.

Isto, é claro, não pre.'\:supõe uma simples c.redulidade, uma fé condicional: creio. . . se as minhas orações forem ouvidas da l'orma que eu indico ao Senhor, se o "sinto", se não sofro; se exprimo esta fé quando quero, quando "me apetece·".

Não, fal•amos da fé em Jesus Cristo, que é êste wcontro lú­cido, êste abandono total, esta descoberta extraordinária, como Pedro quando gritou: .. Tu és Cristo!"

Para êle, para os apóstolos, era a realização de tôdas as suas esperanças e promessas; era o resultado de tôda a História Santa da Aliança.

É ainda aquela outra palavra de Pedro, no momento do dis­curso rlo Pão rla Vida, quando a multidão se vai embora c-onfun­dida, quando J.esus, com tôda a simplicidade, s·e volta para os seus apóstolos e lhes faz a pergunta: "Quereis vós também reti­rar-vos?"

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p,edro respondeu-lhe: "Senhor, para onde haveremos de i1·? Tu tens palavras de vz1d.a eterna; e nós acreditamos e conhecemo.~ que. Tu és o Cristo, Filho de D1eus.''

Cristo é tôda a nossa vida. Damo-nos conta disto? Para onde haveríamos de ir, nós também? Reconhecemos no seu Evangelho as palavras de vida eterna? Estas palavras, decisivas para nós, estas palavras que nos permitiram' reconhecer em Jesus o Santo de Deus!

Ao 1,ecebermos Jesus Cristo, numa fé sempre atual, constan­temente renovada, numa oração prolongada, experimentada, amada, compromek:mo-nos a segui-lo, tornamo-nos seus "discí­pulos". Discípulos é a bela expressão do cristianismo primitivo: isto quer dizer que s·eguimos a Cristo. Há virtudes evangélicas muito caractcdstieas que marcam a vida do discípulo: humil­dade, paz, fervor, alegria, esperança, amor. Um verdadeiro discipulo de Cristo conhece-se por tudo isto, é .o programa das bem-aventuranças, é o s·eu clima próprio. É nêle que 1~spira e se sente à vontade.

E, reparem bem, não é que o cristão ignore .ou reJeite o dra· ma do mundo, o que nos assaJta todos os dias: injustiça e p.eca­do, violência e Slofrimento, e, sobretudo, o último ato: .a morte!

Não, não o rejeitamos. Abovdamo-lo com Cristo. Não queremos negá-lo, mas V'Cincê-

lo. .Jesus mostrou em todo o seu Evang-elho que era contra o

mal, contra o sofrimento, contra a morte. Os seus milagres são um sinal disso. As suas palavras testemunham-no. Vai deci­sivnmen te de encontro ao mal. Não apenas para o limitar, ma.:. para o vencer até nas suas raízes. É a sua Cruz!

Jesus não se protegeu ao adotar as condições humanas. É v~erdade que vai morrer uma morte de homens, uma morte cruel de homens contra os quais o mal se ligou! Mas, nessa mesma paixão e nessa mesma mort-e vai reVJelar uma outra fôrça sobe­rana. "P.oderia chamar doze legiões de anjos", "Pedro não de­s-embainhes a espada! '' Manifesta uma fôrça que nenhum po­der do mal poderá atingir: a da santi'd.ade e a do amor. É ness!l vitória que ressuscita e que se torna o chefe duma comunidade da qual nós somos membros.. Devemos participar dêss'e com­bate, deSISa fôrça, dêsse amor. Somos os discípulos. Somos os cristãos da Páscoa.

É preciso, todos os di!as, continuarmos a procuTar a Jesus, o Cristo, Nosso Senhor, para conhecê-LO, conhecê-LO para amá-LO segui-LO porque O amamos e porque nos revela o nosso próprio apêlo profundo, a nossa vocação perante Deus.

ROGER POELMAN

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A ECIR CONVERSA COM VOCÊ:S

Casais amigos

Vocês leram, no último número da Carta Mensal, que a orien­tação do ano é o estudo do tema sôbre o discurso de P aulo VI às Equipes de Nossa Senhora. Por que razão o Mov1mento insist·e tanto no estudo, êste ano, do discurso do Papa '? Tudo o que contém, dirão alguns, já foi por nós visto, refletido, debatido em reunião, logo no início da nossa equipe, quando estudamos "AmoT e C.asainento·• e "Fecundidade".

É verdade, em parte. Dizemos em parte, p orque Paul-o VI nos dá perspectivas novas e várias verdades que até mesmo pela Igreja, tinham sido deixadas na penumbra. Demonstra, além disto, um conhecimento profundo das realidades humanas e di­vjnas do casamento cristão, colocadas no contexto do mundo paganizado que nos cerca, dando nos assim a oportunidade de reavivar em nós "os valores cotidianamente VlVidos por mi­lhões de lares."

Há entretanto uma outra razão impo'l'tante para que efetue­mos êste estudo. É que, no início da equipe, o casamento, o amor, a família, eram vistos principalmente numa perspectiva, por assim dizer centríp eta, voltada para dentro. Visava a cons­cientização dos casais para as grandezas de seu próprio casa­mento, p•ara as realidades do própr.io lar. Visava fortalecer a sua própria uniãü e co•locá-la mais decisivam.ente sob o olhar de Deus.

A perspectiva agora é outra. O Movimento nos convida a olhar ao redor de nós. E não há quem, num simples relancear superficial, não fique impressionado com o que vat pelo mundo, no estrito plano do casamento e d.a família. A começar pelo con­ceito do amor, "cimento que dá a sua sclidez à comun1dade d e vida do casal, ímpeto que arrasta para uma plenitude mais per­feita. ,.

Não é preciso dar muitos tratos à bo·la, para ver~ficar que o amor ):"oi rebaixado a um nível impressionantemente aviltado. Aviltado o am.or, o casamento foi também degradado. Aviltado o amor, degradado o casamento e, com êle, rebaixada a família, não é de admirar que um germe de corrupção tenda a invadir a sociedade tôda.

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Ora, o reerguimenlo da so·ci·edade depende do reerguimento dos indivíduos. Reergunnento no sent1do de uma volta aos va­dam.entalm•ente no sew da família, no decorrer dos pr1meü~os !ores posilivos, morais, do ser humano, ·e que são ati.quir.ídos fun-· anos da infância e juventude, no calor do lar, no ambiente de amcr que a famili·a bem fo-rmada propicia.

Caros amigos. As Equipes de Nossa Senhora, como Movi­mento de Igreja qu·e é, tem um papel a representar n.êste traba­lho de reergwmento da sociedade, através do rc·erglllmento da família. Na Constituição sàbre "A Igreja no mundo de hoje" o Concílio diz que "O povo de Deus não pode demonstrar com ma1or eloquência a sua solidanedade, resp eito e amor para com tôda a família humana, se não estabelecendo com ela um diá­logo sôbre os várlos problemas, iluminando-os à luz tirada do Evangelho" (Gaudium et Spes, n.0 3).

O Movimento, concitando os seus membros a estudarem, a meditarem as verdades re-lativa'> ao casamento cristão, quer ca­pacitar os equipJstas a d ialogarem com os casais que os cercam. Quer que os cas.ais das equipes, depois do trabalho centrípeto de fortalecimento. do próprio lar, se dêem com entusiasmo o amor ao trabalho centrifugo, voltado para fora, de "pr·eparar para a Igreja e o mundo uma nova Primavera", cujos primeiros rebentos, diz o Papa, fazem-no estr·emecer de alegria.

É esta, caros amigos, a orientação do ano que o Movimento nos pr0pôe com tanta insistência: Prepararmo-nos para s·ermos, pela nos.sa vida, pelo nosso testemunho, pela nossa palavra, os arautos da Boa Nova para o amor humano, trazido por Cristo salvador. Melhor ainda, co·locarnos humildemente oomo instru­mentos que permitam a Deus manifestar-se e dar-se aos homens.

Fraternalmente

A. ECIR

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ENCAMINHEMO-NOS PARA UM CRISTO VIVO

E VERDADEIRO

Da alocução de Paulo V I, na au­diência pública da semana. 13 d e janeiro de 1971.

A Nossa palavra, uma palavra muito br-eve e lllLl!to s:m­ples, dirige-se agora aos cri.s tãos, ou seja, àqueles que não só não rt•jeifam esta quallüc.ação, mas até a reivmdicam, como carac­terística essencial da sua pc5sonalidade e da sua cultura.

Nesta multidão amorfa de cristãos, podemos observar, de um modo g·eral, duas grandes correntes que se encam.inham por dl­reçõe:.. opostas.

A primeira tende a d1luir o s tgnificado dês te nome: torna -o cada vez menos aderente à própria vida pessoal; esvazia-o -· desmitiza-o" ·como, hoje se ·diz -- o• mais possível, d!O seu c01r l.eúdo üriginárlo, religioso e teológ1co, conservando-lhe ap<>nas alguns aspectos, que já eslão integrados nos costumes civis, '.!

aceitando sàmente alguns dos seus valores gera is, que par·ec.em úteis para a definição, o de&envolvh.nento e o proveüo do ho­mem como tal: a dignidade, a interioridade, a liberdade, a socia­bilidade, a esperança, etc; por outras palavras, contenta-se com um cristianismo nobre e humano, se quiserdes, mas vago e aber­to a qualquer interpretação pessoal e ocasional. .Já se disse que t{ dos somos cr.stãos mas poderíamos acrescentar que cada um de nós é cristão à sua maneira.

A s·egunda correnle, pelo contrário, tende a rcconheeer que o iêrmo cristão implica uma relação profunda com realidades muito importantes: com uma doutrina, uma forma de vida r uma rdig.ião, com a necessidade de pertencer à Igreja, com o misté­rio da comunhão com Deus, e, por fim, com uma união pessoal, poT meio da fé, da esperança e do amor, com Cristo, com o Cristo histórico dos Evangelhos, com o Cristo Salvador, de cnja palavra e cuja graça a Igreja é guarda e dispensadora, com o Cristo pascal que associa os fiéis autênticos à palingenese da sua redenção, e com o Cristo celest•e, vivo, presente e invisível, que paira sôbre os destinos de cada homem e de tôda a humanidade e que há de vir um dia, no dia da conflagração final da história.

O Noss.o pensamento pode-s·e resumir dêsle modo: hoje, co­mo aliás sempre aconteceu, os cristãos caminham sôbre um pia· no inclinado. Orientam-&e para um cristianismo em declínio, nominal e detSvanecente, ou orientam-se para um cristianismo ascendente, para o Cristo vivo, pessoal e real.

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Nós queremos, naturalmente, inserir-nos nesta segunda cor­r ente, que é mais autêntica, embora mais árdua; ou seja, quere · m:Js encaminhar-nos para .Tesus Cristo, Nosso Senhor, vivo e ,·erdadeiro. Aquêle que é neces~ári·o e suficiente para dar sig­nifi cado pleno e genuíno à nossa existência, Aquêle que, quanto mai s ê te mundo procura esquecer, excluir e tornar inútil lanlo mnis se r·evcla indispcnsáv·el e necessário a êste mundo modern o.

ORAÇÃO

*

Eu me abandono, ó Deus, nas tuas mãos, Mexe e rem.exe esta argila ~orno bauo nas mãos do oleiro, dá-lhe forma e depois quebra-a se quiseres, Como foi quebrada a vida de John meu irmão.

Pede, ordena o que queres crue eu faça? Elevado, humilhado, perseguido, incompreendido, caluniado, consolado, sofredor, inútil para tudo, não me resta senão dizer a exemplo de Tua Mãe: "seja feito de mim segundo a tua palavra".

dá-me o amor por excelência, o amor da cruz, mas não das cruzes heróicas que poderiam nutrir o amor próprio, e sim daquelas cruzes vulgares, que infelizm.ente cauego com tanta repugnância .. . daquelas que enconh·o todos os dias na contradição, no insu~esso,

no falsos juízes, na frieza, nas recusas e nos desprezos dos outros, no mal-estar e nos defeitos do corpo, nas trevas da mente e no silêncio e aridez do coração. Então somente Tu saberás que te amo mesmo se eu não souber, mas isto basta.

Robert l(ennedy

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ESPIRITUALIDADE

como Pl=lZeR l=l meolrl=lçflo

l

Como meditar? É a pergunta que ficou sem resposta na última Carta Mensal. Vamos procurar respon· der, lançando mão de afgumas pá­ginas do Revmo. Cónego Caffarel. no seu livro "Cartas sôbre a om· ção" e que condensamos a seguir.

Não procurem aqui uma receita. São Clemente de Alexandria escreveu que "a meditação é uma conversa com Deus". Não iría­mos procurar uma receita para conversar com uma pessoa com quem nos en~ontramos todos os dias. E a meditação é uma con­versa muito :í!ntima, muito simples e franca de um filho com seu Pai, de quem se sabe amado e nada quer mais do que uma aber­tma do coração e da alma.

Procurem, isto sim, assimilar os conselhos que se seguem, e penetrar o seu espírito.

Começar bem

Acontece com a oração o mesmo que com muitas outras ati­vidades: é importante uma boa partida. Se assim não fôr, ao fim de poucos minutos ficamos admirados com o caminho feito pela nossa mente: enquanto o corpo veio para rezar, o pensamento fi­cou prêso às nossas ocupações, trabalhos e compromissos.

Ora, o ponto de partida nos é dado pelo próprio Cristo: "Quando orares, entra em leu quarto e, fe~hada a porta, ora a teu Pai que ali está, no segrêdo; e teu Pai, que vê no segrêdo, te recompensará" (Mat. 6,6).

É preciso agora,- e isto é importante - prestar atenção aos gestos e atitudes do comêço da meditação. Uma genuflexão bem feita, que seja um ato tanto da alma como do corpo; uma atitude decidida e enérgica de um homem acordado, presente a si mesmo e a Deus; um sinal da cruz pausado, cheio de sentido. Lentidão e calme são extremamente importantes para romper o ritmo preci-

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pilado e tenso de uma vida agitada como é geralmente a nossa. Alguns instantes de silêncio, como que umu brecada, contrihuirão para nos introduzir no ritmo da oração e operar a ruptura ne~es­sária com as atividades precedentes. Pode ser muito bom, tam­bém, recitar uma oração vocal, pausadamente, a meia voz.

Procuremos tomar consciência, já não digo da presença de Deus, mas de Deus presente: um ser vivo, o Grande Vivo, que aí está, que nos espera, nos vê e nos ama. Êle sabe o que fazer dessa oração que se esboça.

Atitudes 'interiores

Estejamos atentos às atitudes interiores, mais ainda do que às do corpo. As atitudes fundamentais do homem em face de Deus são a dependência e o arrependimento.

Dependência: ,não a vaga submissão daquêle que, por vêzcs deve renunciar a um projeto para fazer a vontade de Deus, mas uma dependencia hem mais radical, a dependência da torrente (que secará se cortada da nascente) , do ramo (que murchará e que :> ecará :;e cortado elo tronco), do corpo humano (que de~ ­xa até de ser um éorpo para ser cadáver, se fôr rompido o liame que o prendia à alma).

Arrependimento: êste sentimento agudo de nossa indignidade radical perante a santidade de Deus. Como São Pedro que se pros ­tra subitamente diante de Cristo: "Afasta-te de mim, Senhor. porque sou um pecador".

Estas duas atitudes são importantes para aplanar em nossa alma os caminhos do Senhor.

Com a alma assi1n disposta, peçamos a graça da meditação, p01que, a oração é mn dom de Deus antes de ser uma atividade do homem. Invoquemos humildemente o Espírito Santo, o nosso mestre na oração.

Adotemos então a atitude corporal mais favorável à liberdade de nossa alma. Nas horas e nos dias em que o corpo quiser ar­rastar a alma na sua moleza ou no seu torpor, mantenhámo-lo desperto e alerta. Outras vêzes, para evitar que, fatigado ou alque­brado, êle monopolize constantemente a nossa atenção, conceda­mos-lhe algum deséanso, tomando uma atitude cômoda e repou­sante.

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Meditação pr opriamente dita

Assim preparada, a meditação pràpriamente dita pode co­meçar. Que devemos esperar dela? Simplesmente que Deus tome posse de todo o nosso ser.

Poderemos então por em ação as três grandes faculdades da alma: a fé, a esperança e a caridade. São as grandes faculdades sobrenaturais que o Senhor nos deu exatamente para entrarmos em contato, em comunhão com Êle. A meditação que toma por tema o exercício das virtudes teologais acima, é por isso mesmo chamada "meditação teologal ".

Mais modestamente, porém, vamos nos ocupar de outra for­ma de meditação mais simples, a "meditação prática". Não que estas duas formas de 1neditação devam ser postas em oposição: elas se aproximam e se combinam.

Na meditação prática, refletimos sôhre aquilo que deve ser modificado na nossa vida: nossas afeições, nossos pensamentos, nossos éomportamentos, a fim de os retificar. O olhar da fé, de­pois de ter contemplado Deus, volta-se para a nos&a vida; a cari­dade, depois de ter renovado a nossa intimidade com Êle, incita nos a servi-lo em nossas tarefas de cada dia.

Perseverar

Ao têrmo destas páginas, assaltar-nos-á possivelmente a idéia de que a meditação é mn exercício bem pouco simples, desanima­dor mesmo, para aquêles que já têm uma existência tão cmnpli­cada. Não nos detenhamos nessa impressão. Os atos mais vitais parecem complicados quando os analisamos. Já pensaram na complexidade de atos simples, como por exemplo, descer uma eseada, respirar ... Mas para quem os pratica, tornam-se de uma grande simplicidade. É justamente esta última palavra que desig­na uma forma de meditação à qual chega aquêle que persevera na oração: a "oração de simplicidade".

Acrescentarei esta última nota antes de acabar. Assim como não se consegue ser marcineiro, músico, escritor de um dia para o outro, também não se consegue ser um homem de oração sem uma aprendizagem conscienciosa e perseverante.

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"FAM 1 LIA, ESTEIO DA PAZ, ESPERANÇA DO MUNDO ... "

D. Paulo Evaristo Arm, nôvo Arcebispo de São Paulo, é orz'undo de uma família exemplar. Seu•s pais, que levavam a dura vida de pi'oneiros na mata do sul-catarinense, além de 13 filho'S criaram duas crianças órfãs. Dêsses 15 filhos, quase a metade abraçou a vida religiosa: D. Paulo tem um irmão também franciscano, e quatro irmãs religiosas. Tal­vez marcado pelo testemunho da própria família é que êle tem a paslm·al familiar como das suas prin­cipais preocupações.

Especiali.m.do l!m pedagogia, escritor e tradu­tor, entre as Slla'S onras estão duas que dizem re's­peito di'retwnente a família: "Rumo ao Casamento'' (Editôra Vozes, 1963" e H Ela sem tle" (tradução de um livro de Gmevieve Sauvet - Editôra Vozes, 1963).

D. Paulc é também um humanista. Ne'sse.~ úl­timos anos publicou dois livro<S que bem c-aracteri­zam suas precupa·ções: "A Humanidade caminha para a Fraternidade" e H A Guerra acabará se Voe e quiser". Transcrevrmos a seguir alguns trechc s de alocução pronunciada sôbre a Família pelo nôvo Pastor de São Paulo•:

. .. Nenhuma grande sociedade S'obrevive a não s1er que re. ceLa de comunidades menores, que a constituem, ideais e meios ·ficazes de conc1'etizar os mesmos ideais. É essa mna das gran­des lições da História da nossa civilização. Mesmo daquelas so­ciedades em que o cristianismo ainda não conseguiu penetrar como fermento ativo de todos os setores da vida, a Familia é constJerada font·e de renovação e, por isso, base e esteio de co­munidades intPrmédiári.as. EnqtLanto ela ::.e conserva indisso­lúvel, enraizada na Religião e na estima dos Homens, a sode­dad·e costuma desenvolver-se controlada e pacificamente.

Uma vez que vemos as sociedades hodiernas ião descontro­ladas e tã.1 carentes da verdadeira paz, não teríamos, então, mo­tivos para voltarmos a olhar à Família, à nos'Sa família? ...

. . . A Humanidade sonhou, desde as suas origens, com uma cumunidade tconômica perfeita. Jamais chegou a reallzá-la e jamais chegará a fazê-lo. A única comunidade que poéie1·á atür gir um grau jdeal de realização econômica é a família. Só nela, ou em pequenas sociedades que a ela mesma se assemelham, po­de dar-se a troca intensa de bens e de serviços, não em base co­mercial, mas, na base do amor. Cada qual dá quanto pode e re. c<'he quanto precisa ...

Como é importante em nossa vida têrmos tempo e condições

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para a troca de idéias, convicções: Enfim, para cultivarmos a sensibilidade, que tanto valoriza a vida e as realizações do ho­mem. Não há, porém, c.cmpanhia alguma que consiga criar cli­ma de comunhão igual ao que a família propicia: partic1par nas alegrias, nas dores e nos exitos: Islo só é possível, quando existe amor, confiança e respeito. A un ião dos esposos, preconizada pelo Gênesis, cap. 2, e, depois, com ênfase por S. Pauln, na. Epístola aos Efésios, cap. 5, transmite-se aos filhos e, de certa forma, a t odos os parentes.. Não há quem não descubra, nesta hora, que v1da, amor, fecundidade e comunhão, no se1o da fa­mília são decorrências da vida, amor, fecundidade e comu­nhão no seio de Deus·. De falo, a família chega a transformar-se numa pequena igreja, segundo a expressão de S. João Crisósto· mo, ou seja, igre.1a doméstica, em que a fé, a cai,idade e o culto se desenvolvem em clima quase espontâne·O. Se esta fé, ancora­tia em Deus, chega a exprimir-se numa fidelidade total de uns lJara com o·s outros; se êste amor puder revelar-~e como doação, e não apenas como gôzo; se êste culto, que é relacionamento com Deus, se transformar em respeilo e partic1pação, podemos asse­gurar que a família continuará unida, apesar de lôdas as difi­culdades ou comoções das sociedades maiores. Tem.os até a cer­teza de que, nesta hora, tanto os esposos quanto os filhos se tornarão mensageiros, arautos ela fé, elo culto e elo amor paea além das fronteiras da própria família. Sua vivência cnstã au ... lêntica fará dêles ministros da palavra, liturgos do lar, servos que saem engrandec,dos de tôdas as m1ssões da vida. A mais eficiente escola para o apostolado leigo se encontra lá onde a fa­mília é realmente família (LG, 35). Tudo islo, no entauto, não passa de palavr,eado, se a famíl:i:a não se transformar em comu­nidade educacional.

Até as tribos mais primitivas instituem formas, e até verda­deiros certames, para a educação da màça e do rapaz que assu­mem a tàr-efa de c·onstituir família. Não' exageramos, poi1s, ao estabelecermos que, numa civilização desenv·ulvida como a nossa, as escolas, os ginásios, os colég,os, os movimento•s de jovens, nos­sos cursos de preparação para noivos terão que ter s·empre em mira o lar e a família ...

. . . Quanto importa, pois, que as concepções de vida e própria religiosidade familiar s·ejam sadios e amadurecidos: Só a perso­nalidade cativa, odenta, enriquece e chega a plasmar outra per­sonalidade. Aprendemos mais pela admiração, observação pes­soal e convivência, do que por fórmulas doutas e princípios inte­lectuais.

Se conseguíssemos fazer chegar às famílias a convicção de que delas depende o futuro de todos os esfôrços conjuntos dos homens de bem, estaríamos semeando esperanças e realidades promissoras, para um futuro bem próximo ...

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ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

CONDUZI-LO-E! PARA A SOLIDÃO E FALAREI AO SEU CORAÇÃO

(Os. 11,16)

COMO NASCERAM OS RETIROS PA!RIA CASAIS

Os primeiros cristãos tinham o costume de fazer retiros, mas a prálka perdeu-se logo nos primeiros séculos só vindo a ser res ­taurada por Santo Inácio de Loyola no século XVI. São Vicente de Pa ula, grande incentivador de retiros, procurava levar pessoas ele lôda as condições sociais a frequentá-los. No comêço dêste século, o papa Pio XI exortava os leigos a intensificarem a prá­tica dos retiros.

Foi só em 1937 que o pe. Doncoeur, convencido da necessi­dade de marido e mulher fazerem retiro juntos, idealizou o pri­meiro retiro para casais de que se tem conhecimento. "Para ca­minhar lado a lado, em passo igual - dizia êle - é imperioso que recebam um confôrto, um treinamento comum, que marido e mulher ouçam juntos as mesmas verdades." Êsse primeiro reti­ro realizou-se em um solar da Normandia e contou com quinze casais - e vinte crianças que ficaram entregues aos cuidados de algumas moças. Assim nasceu, de iniciativa das Equipes de Nos­<>a Senhora, uma prática que nos anos subseqüentes seria implan­tada de maneira pioneira em muito países.

Aqui no Brasil, somente em 1954, quatro anos após a funda­ção do Movimento e quando já havia sete equipes em São Paulo. conseguiu-se, a muito custo, realizar o primeiro retiro para casais. Tudo leva a crer que êsse foi o primeiro retiro para casais acon­tecido no Brasil. Embora também organizados pelo Movimento Familiar Cristão, os retiros pam marido e mulher ainda são pou­co difundidos em nossa terra. Por isso convidar casais estranhos ao Movimento a tomarem parte nêles constitui obrigação apos ­tólica de cada um de nós.

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO

Ninguém imagina como os primeiros retiros foram difíceis ele organizar. Não havia casa de retiros nem colégio que aceita -sem casais e o motivo era sempre o mesmo: colégio de freiras

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hcspedaria com o máximo prazer as senhoras, "mas os maridos. tenham paciência, terão que dormir em éasa". E vice-versa.

Em tôda parte os primeiros retiros foram quase epopéias. Em 1959, por exemplo, a primeira equipe de .Taú, com quatro anos de idade, queria fazer o compromisso. Mas ninguém. faz o comprmnisso sem ter feito primeiro um retiro fechado de dois dias. . . O problema, como sempre, era o local. Equipe e casal de ligação juntaram-se para pensar e concluíram: "Quem disse que tem que ser em colégio? Não pode ser numa fazenda ?" Bem po­der, pode ... Aceita a idéia, encontrada a fazenda, ainda faltava muito para se concretizar o retiro. A equipe arregaçou as mangas e o que parecia impraticivel tornou-se realidade. Os maridos dor­miram na sala, as mulheres em dois quartos e eram apenas dois banheiros para vinte e quatro pessoas ... Mas havia silêncio por tôda a patie e as pregações eram feitas na capelinha da fazenda. Apesar de ter sido quase na base de acampamento, aquêle retiro foi tão bom que, no ano seguinte, as duas primeiras equipes não tiveram dúvida: lá se foram novamente para a fazenda .

QUANDO DOIS RECOLHIMENTOS "VALIAM" POR UM RETIRO

Diante das dificuldades e já que os Estatutos facultavam fa­zer-se dois recolhimentos no ano, em que não se faziam. retiros, os recolhimentos foram "quebrando o galho" até que, por volta de 1960, o então Centro Diretor resolveu suprimir a opção e tornar o retiro anual obrigatório. Os setores e coordenações e principal­mente as equipes isoladas acharam-se diante da necessidade rle improvisar soluções que iam desde o retiro "aberto", que não passava de um recolhimento de dois dias seguidos - onde o pes­soal ia dormir em casa - até a viagem à cidade mais próxima onde houvesse uma casa de retiros. Quando superado o problema do ~asal, quantas vêzes, ainda restava - e em muitos lugares ainda resta - o problema dos filhos , porque nem lôdas as casas de retiro estão eqtúpadas para também receberem crianças. Ainda hoje são muitos os casais que preferem enfrentar várias horas rle viage1n a fazerem seu retiro numa casa mais ·próxima mas que não tem acomodações para crianças.

DEDICADAS IRMÃS . ..

A obrigatoriedade do retiro anual veio numa hora em que as Equipes de Nossa Senhora estavam em grande expansão. Em São Paulo, por exemplo, a casa de Baruerí não tinha datas livres em número suficiente para atender às necessidades das equipes. Foi

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feito um apêlo às Irmãs de Jesus Crucificado e elas passaram a ceder a sua chácara de repouso em Valinhos para a realização de retiros para os Setores de São Paulo e também de cidades vizi·· nhas, como Campinas, Limeira, Jundiaí, Americ'ana, ou n1enos vizinhas, como Jaú, onde o problema continuava sem solução. Em 1970, só para a Região de São Paulo, foram realizados seis retiros em Baruerí e seis em Valinhos: acrescentando-se os reti­ro organizados pelos outros Setores, pode-se ter uma idéia da so­ma de trabalho que as Equipes têm dado às irmãs por todos ês­ses anos. Há muito tempo que para elas a chácara São Joaquim deixou de ser um local de repouso ...

Felizmente existem hoje em quase todos Setores casas equi­par as para receberem casais - e são mais irmãs por êste BrasiJ afora, a quem o Movimento fica devendo uma soma enorme de serviços materiais realizados durante os retiros, de muito cari­nho dispensado aos equipistas e seus filhos e ainda de todo um capital ck Ot'ações r ~acrifícios r f erecidos espontâneamente -sem falar naquela c'omidinha gostosa que parece só elas sabem fazer!

"E DEUS LEVOU ABRAÃO AO CUME DA MONTANHA ... "

No Nôvo como no Antigo Testamento, subia-se a montanhas para orar, para um encontro com Deus. Talvez para respeitar êsse simbolisnw - a árdua subida do progresso espiritual - a maioria das casas de retiro situa-se em elevações ou no alto de colinas. De algumas descortina-se uma paisagem tão repousante que ela, por si, é um convite à meditação. Nesse sentido, o "má­ximo" é uma casa colocada tão alto que ganhou nome de morro: trata-se do "Morro das Pedras" em Florianópolis. Para quem não conhece o lugar pode o nome ter algo inóspito. Mas para quem já teve a felicidade de lá estar, o nome lembra céu, água, mata, mais céu, mais água e o silencio e a paz de Deus sôbre tudo isso. imaginem uma casa situada no alto de um penhas~o à qual f'e chega por um estreito caminho de pedras - de lá avista-se de um lado o mar do outro a lagoa, lá adiante a mata. Debaixo do céu imenso a presença de Deus se manifesta naturalmente na · quela paz, naquele esplendor de sua Criação.

O TRABALHO PELOS RETIROS COMPENSOU

Passar dois ou mais dias em contato com Deus, numa natu­reza aprazível, longe de qualquer preocupação ... não há quem queira outra vida. Se alguém duvidar, lembre-o do caso daquele métüco que tanto gostou do seu primeiro retiro que inscreveu-se

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em todos cinco retiros ainda programados para aquêle ano. Ve­jam o entusiasmo dêste outro: "Experiência maravilhosa, reve­lação providencial transformadora da visão tôda que há dez anos vínhamos tendo do nosso casamento." Outro casal, treze anos de­pois, e embora tenha feito outros retiros a seguir, ainda se sente marcado pelo primeiro: dedara que foi a coisa mais importante que aconteceu na sua vida de casados. . . os próprios filhos per­cebem a influência benéfica dos retiros sôbre os pais: "Se mui tas vêzes se insurgem contra outros tipos de ausência, nunca re-· clamam quando os deixamos para fazer retiro". É que, de algu­ma forma, volta-se mudado para melhor.

A PRIMEIRA VEZ NEM SEMPRE É F ACIL

Todos os casais, indistintamente, encontram dificuldades pa­ra reservar dois ou três dias para um retiro. Mas é certo que to­dos os que já superaram uma vez os obstáculos encontram bem menos difi~ldades para fazer o segundo. . . A razão, dizia um bom e velho padre, é simples: os benefícios de um retiro são tão grandes que é como se o demônio tudo fizesse para impedir a nossa vida. Seria êle quem faz com que os obstáculos· nos pareçam insuperáveis. Não passariam de artimanhas suas os mil e um pre textos que encontramos pela frente quando se trata de ir para um retiro . .. Não lhes demos ouvido!

AJUDEMOS OS ORGANIZADORES

Embora não se comparem aos de dez anos atrás, ainda são muitos os problemas relacionados com a organização de um re tiro - quanto mais vários. Em grande parte compete a nós mes­mos reduzir êsses problemas, pro~urando por exemplo inscrever­nos desde o início do ano, não deixar de comparecer senão em caso de extrema fôrça maior e, nesses casos, avisar os organiza­dores o quanto antes. Isto aliás é o mínimo que podemos fazer em atenção ao trabalho dos que, ano após ano, se empenham com dedicação ímpar neste apostolado. Existe ainda outra maneira de auxiliá-los: convidando parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho para fazer retiro conosco. Assim estaremos ajudando a preencher as vagas destinadas a casais não-equipistas, pois em qualquer Setor ou Coordenação faz parte do programa de difusão de espiritualidade conjugal proporcionar a outros casais a opor­tunidade de fazer um retiro.

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NOSSOS FILHOS

.A FASCINANTE ARTE DE EDUCAR

(Notas sôbrc uma conferência)

Filhos e pais não poderiam expandir-se plenamente uns sem os outros. Trabalhar para que os mesmos se conheçam, se amem e se realizem cada um no seu plano é ntissão sublime.

O adoleséente vive uma experiência única, chega a uma fase de evolução física e psíquica em que tudo entra em. jôgo, com o despertar de suas fôrças, concorrendo para sua realização co­mo ser, e será através de êxitos e insucessos que êle fará o seu esfôrço para atingir a maturidade.

Haverá espetá~ulo mais belo do que ver nascer um homem diante dos nossos olhos? Êle se desenvolve, desprende-se da in­fância , afirma-se até adquirir consciência de si mesmo. Como intervir nessa evolução, como ajudar sem que isso falseie o jo · vem? No trato com o adolescente é preciso fazer-se aceitar, en­contrar simpatia junto a alguém que fàcilmente se retrai ou se fecha. Por isso é preciso: 1.0 - compreensão e 2. 0

- um clima familiar propício ao desenvolvimento. Os pais devem usar de uma influencia que guia sem constranger e aconselha sem for­çar. Devem encaminhar sem melindrar, vendo com atenção quan­do o adolescente deve ser aconselhado ou repreendido, C:ensurado ou louvado, punido ou recompensado para que êle aprenda a dirigir os seus impulsos com bom senso. Um mesmo fato pode . ter prosseguimentos diferentes de acôrdo com a habilidade do adulto e do jovem em conduzir a situação.

Mas, dirão os pais, é preciso ser psicólogo para educar, e nós não somos. Acontece que lôda pessoa que tem gôsto pelas coisas da alma e o senso dos fenômenos da consciência consegue sê-lo. Um dos meios é lembrarmos dos nossos próprios esforços e dificuldades nessa idade, que não está de todo esquecida. Com­preender o filho é refletir sôbre o que nós fomos. Outro meio é dominar a cólera, a irritação e o mau humor, que são maus con­<;elheiros. Não se trata de perdoar e desculpar, mas examinar cem benevolência, porque o jovem procura o próprio equilíbrio mas está sujeito ao êrro mais do que qualquer um. Por isso a punição deve ser exercida com bondade. Para compreender é ne ­cessário ainda considerar que o hermetismo do jovem é inibição,

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timidez, pudor instintivo, que se manifestam tanto pelo mutismo (:orno pela exuberância, pelo gênio irritadiço como pelo entusias­mo. ~le quer ser compreendido especialmente porque êle próprio não se compreende muito bem. A essa torrente de despertares de dentro do jovem faltam ordem e nitidez. ~le está em contínua mutação e precisamos procurar as causas das mudanças de ati­tude. Uma vez que o jovem se deixa guiar muito mais pelas emo­ções, o adulto deve dar o exemplo da ação guiada pela razão. O adolescente pode dar às vêzes a impressão de ser irracional, pois se deixa levar pelos sentimentos ou pelo instinto, mas cabe ao adulto guiar, aconselhar e, se necessário, repreender. ~sse é o pa ­pel do educador.

O pai e a mãe formam uma fôrça única. Nunca suas ordens devem opor-se sob pena do filho ficar dividido e perder a ~ou­fiança nos dois. Para isso precisa que os pais conversem a sós antes de transmitir qualquer conselho ou opinião a seus filhos, a fim de que os mesmos recebam suas mensagens como uma coisa só.

O clima intelectual da família tem também grande influên ­cia. É preciso acOinpanharmos os interêsses dos filhos. A melhor recompensa que terem.os por êsses trabalhos será sermos os confidentes de suas melhores realizações.

O adolescente só aceita autoridade na medida em que fôr sensata e justa. ~le desprezará o espírito mesquinho que discute ninharias e uma vontade sem firmeza. Ao éontrário, aceitará uma inteligência sólida, ampla e elegante.

Concluindo, os pais deverão ter admiração e orgulho por seus filhos. ~les estão conquistando aquilo que êles já conquis­taram. É precio confiar nêles e ser as testemunhas e guias de seu crescimento. Assim os pais tudo farão aparentando nada estar fazendo.

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RECEITA PARA OUVIR

Quem nãO' di scute com a mulher? com o ma.ddo: Isto não quer dizer que não se amem. Mas a psicolog1a masculma e fe­minina são tão diferentes que são inevitáveis as dtvergências. Com a vida alribulad.a que muitcs levam, nem sempre essas di ­vergências são expostas e discutidas com a necessaria s'erenida­àe ... Não chega a s·er briga, é claro, apenas uma discussãozinha. Muitas vêzes nem precisaliamos chegar a tanto: é que mal ouvi­mos o que o outro tem a dizer, já partimos para a defensiva. Que vexame quando, no fim, depois de mu.ta saliva gasta à-toa, descobrimos que o outro tinha razão ... É cem um então à gente desculpar-se: "mas eu não entendi; e1·a isso que você queria di­zer?" E o outro retruca: "você não prestou atenção, não me d1ei­xon explicar ... ''

E o mesmo pode acont·ecer na equipe. Quanta,; vêzes du· ranle a troca de idéias, ou mesmo durante o pôr-em-c t.- mmn, dis­cute-se, todo mundo quer ter razão, acha que sua explicação será mais persuasiva. Por vêzes, está-se tão empolgado em defender as próprias idéias que mal se presta atenção às dos O'Ulros. No fim, quando Lodos já estão ficando cansados, começam a ter mais vontade de ouvir do que falar. Aí decobrem, com a maior s.ur­prêsa, que o ponto d·e vista do companheiro não é tão diametral­mente opo'Sto ao seu quanto parecia, não é nem mesmo tão d.ifc­renle assim, até que é bem parecido. Chegada essa hora, é-se obrigado a reconhecer: "afinal, porque estamo discutindo, se estam cs de acôrdo?" É porque não sabemO's ouvir ...

Se somos do tipo que discute por princípio-, que gesta mui:;: de falar do que de ouvir (tipo bastante comum, aliás) por que não experimentamos a receita abaixo, tanto em casa como na nossa equipe?

"Posso .•. ugerir-lhes uma pequena €>xperiência de laboratório para testarem se vocês sabem compreen­,der os outros. _4 próxima vez que vocês tiverem uma discussão com sua mulher ou seu marido, ou com um grupo de amigos, parem a .discussão por um momento e com um objetivo experimental, insti­tuam t1sia regra: 'Cada um só poderá expô r fran­camente as suas idéias quando tiver reapresentad(J as idéias e os sentimento-s da pessoa que falou antes - com exatidão tal que a mesma se declara sati:;­feita'. Vocês vêem o que z'sto signiticaria. Signífi­oaria smplesment~: que, antes de expôr o próprio

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ponto de vista, seria nec,essário' que vocês QlSsimi­lassem aJ nwnei'ra de pensar e de sentir do o1utro ao ponto de poáer resumí-la no setz lugar. ParecB Gimples, não é vordade?

No entanto, se vocês fizerem esta' experiência, descobrirão que é uma das roisas ma1vs di'fíceú que Já tentaram fazer. É quanolo vocês tiverem conse­guido perceber o ponto de vista do outro, seus pró­prios comentários devPrão ser radir.almente revis­tos.'}

O MOVIMENTO NO MUNDO

As equipes em Portugal

Depois da França, da Bélgica e Espanha, Portugal é o país da Europa onde há maior número de equipes. O movimento pos sui mais de 200 equipes, se nelas incluirmos as existentes nas "Províncias ultramarinas" de Açnres, Madeira, Lourenço Mar· ques e Luanda, abrangendo um total de 1310 casais.

Recebemos o primeiro número da Carta Mensal Portuguêsa (nov. 1970) com artigos originais. Antes limitavam-se a traduzir a carta editada na França. Como a nossa, a carta de Portugal se­rá mensal e não bi-mensal como a internaCional. Entre os diver­sos artigos, impressionou-nos um testemunho de uma equipe de: Luanda que, para fazer uma reunião na casa de um dos casais, enfrentou uma viagem de 1.200 km, contando ida e volta, e mos ­travam-se satisfeitos de ter podido viver aquêles dias uma união profunda e alegria sã, e, principalmente, ter podido levar ao ca­sal que se mudara, o confôrlo do espírito de equipe, unindo-os outra vez ao movimento. A valentia portuguêsa que alargou nos sas fronteiras não esmoreceu nem um pouquinho!

Tivemos também a satisfação de ver que a primeira carta portuguêsa contém um artigo da Maria Helena e Nicolau Zarif. Esperamos contar futuramente ~om a colaboração lusa em nossa carta!

Todos os brasileiros sonham um dia ir a Portugal - quando jsso acontecer, quer a negódos ou de férias, vocês jamais se sen­tirão sózinhos ou lhes faltará um. "bate papo" com um casal amigo: o nosso secretário tem o nome e enderêço dos casais re ­gionais e responsáveis de setor existentes nas principais cida­des portuguêsas.

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NOTiCIAS DOS SETORES

MARíLIA

De Marília recebemos o relatório de uma nova expenencia realizada com sucesso no Setor: a pré-equipe ou círculo familiar.

A Equipe n. 0 12 daquela cidade surgiu da preparação dos casais ab·avés de reuniões tipo "CíréLllos Familiares". Era um grupo formado de 9 casais que já haviam frequentado o Curso de Preparação ao Casam.ento e que, em decorrência do próprio relacionamento entre êles, passaram a se reunir em caráter in­formal, uma vez por mes.

Na primeira reunião foram dadas noções de dinâmica de grupo, levando os casais a tomar consciência de como estudar e discutir em grupo, bem como o interêsse e a responsabilidade que deve haver entre pessoas de um mesm.o grupo. Da segunda reunião em diante, os temas abordados versaram sôbre proble · mas conjugais, sendo que aos poucos, foi endo introduzidas a lei­tura do Evangelho, éom meditação e comentários práticos feitos pelos ca ais.

Após a 9.a reunião, isto é, após um ano de funcionamento, foi-lhes sugerido que tomassem uma posição: ou dissolver o gru­po ou passar a pertencer ao movimento das Equipes de Nossa Senhora. Para que conhecessem concretamente o funcionamento de uma equipe, foi feita uma reunião normal, conforme o roteiro das reuniões das ENS, e já com a presença de um Conselheiro Espiritual. O entusiasmo foi tal que, além de passarem a consti­tuir mais unlJa equipe daquele Setor, já realizaram. no próprio mês, uma manhã de recolhimento como preparação para o Natal.

Já dentro do Movimento, fizeram as três primeiras reuniões para estudo dos Estatutos e entraram no tema "Amor e Casa · mento". Depos de cinco reuniões estavam perfeitamente prepara­dos e não foi mais necessária a presença do casal pilôto. Com me­nos de um ano de vida, a equipe e tá empenhada em um maior crescimento espiritual, com os casais participando de Encontros, sessões de formação e engajados em apostolado.

O casal que pilotou esta equipe dá sua opinião sôbre a expe­riência: "Muito positiva, pois o entrosamento e a abertura dos problemas de cada um foram na época em que a equipe formava apenas um grupo que se reunia informalmente, enquanto que em outras equipes que anteriormente pilotamos, levava-se, às vêzes. anos para que houvesse uma abertura total entre os casais. O auxílio mútuo também é praticado com muito interêsse, porque

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habituaram-se ao convívio humano e a uma amizade muito gran­de. P:articularmente, a~hamos que o Movimento das ENS, por ser um Movimento que visa um aperfeiçoamento mais intenso da es­piritua1idade conjugal, necessHa realmente de uma preparação, pois dentro da realidade em que vivemos, não é fácil encontrar casais que já tenham alguma vivência dessa espiritualidade, sen· do pois necessário criá-la. Talvez o fato que observamos, de equi­pes que levam anos para compreender a mística do Movimento, seja justamente a falta dessa preparação, que certamente lhes dariam mais condições não só ae entender, mas ainda de viver essa mística".

TESTEMUNHO

Deus chamou a Si no dia 24 de janeiro/ 71 a nossa compa­nheira Maria Julia - Baby - espôsa de Luiz Carlos de Barros, da equipe 24-A de São Paulo.

Conhecendo exa:tam,ente o seu estado irrecuperável de saúde, frequentou as reuniões de equipe até os últimos meses, absoluta­mente tranqu.ila, dando asim a todos os que a rodeavam o mais extraordinário testemunho de fé e paciência, associando sua imo !ação à de Cristo, a fim de "completar na sua carne o que falta à sua Paixão".

Durante a missa de corpo presente, celebrada pelo assistente da Equipe, comungaram o seu marido, os dnco filhos e muitos dos presentes, tetemunhando todos a sua fé naquele que disse "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim terá a Vida Eterna".

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~díroJ para 191-1 preparados pela Região São Paulo

7 a 9 de maio, en1 Barue:rí Mons. Francisco Miziara

28 a 30 de maio, em Valinhos Pe. Rolando alJbert

11 a 13 de junho, em Baruerí (em silêncio) Pe. Domenico Trivi

6 ,a 8 de agôsto, em Valinhos

27 a 29 de agôsto, em Baruerí

10 a 12 de setembro, em Baruerí

24 a 26 de selembro, em Valinhos

8 a 10 de outubro, em Baruerí

22 a 24 de outubro, em Baruerí (sem filhos)

5 a 7 de novembro, em V alinhos

19 a 21 de novembro, en1 V alinhos

26 a 28 de novembro, em Baruerí

3 a 5 de dezembro, em Valinhos

Os nomes dos outros pregadores serão comunicados oportu­namente. Quaisquer informações com o casal Suzana e João Baptista

Villac, rua Monte Alegre, 795 - S. Paulo ( cap.) - '[ el.: 62-8092.

preparados pelo setor de Santos

23 a 25 de abril, em Baruerí P e. Pedro Lopes

24 a 26 de selembro, em Baruerí D. Lucas Moreira Neves

5 a 7 de novembro, em Baruerí

Informações com o casal Dacília e Raul Rocha do Amaral, rua Castro Alves, 14 - SANTOS (SP) - Tcl.: 4-1325

preparados pelo setor de São José dos Campos

16 a 18 de julho, em S. José dos Campos 19 a 21 de novembro, em S. José dos Campos

Informações com o casal Ma. Antonieta e Luiz Gonzaga Rios, r u::~ H19-A. n.' 101 - C.T.A . - S.~O .JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - Tel.: 3212 - r / 398

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Oração para a próxima reunião

TEXTO DE MEDITAÇÃO (João 1'3, 12-17)

"Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou­se novamente à mesa e pergúntou-lhes: "Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, se eu, vosso SenhoT e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais também vós. Em verdade, em verdade vos digo, o servo não é maior do que o seu Senhor nem o enviado é maior do que aquêle que o enviou. Se compreenderdcs estas coü:as, sereis felizes, sob condição de as "praticardes".

ORAÇÃO LITúRGICA

oremos:

HINO A CRISTO

ó sol que nasces sôbre os que jazem na morte, vieste para que vissem os que não vêem, e curas o C:ego de nascença.

Vem, Senhor Jesus, luz do mundo! Cantaremos pela tua vinda. Bendito seja em nome do Senhor o que vem salvar o seu povo. Cordeiro pascal, cordeiro que salva do Exílio, vieste resgatar as ovelhas perdidas, e pagastes o preço do teu sangue.

Vem, Senhor Jesus, pastor que conduzes às águas vivas Cantaremos pela tua vinda.

Bendito seja em nome do Senhor o que vem salvar o seu povo.

Deus eterno e todo poderoso, és a luz de tôdas as luzes e o dia que não Lem fim; nós te pedimos: que a claridade da tua presença, expulsando as trevas do pecado, ilumine os nossos corações. Por Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor.

AMÉM

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