os objetivos educacionais e o planejamento de ensino

22
OS OBJETIVOS EDUCACIONAIS E O PLANEJAMENTO DE ENSINO Profª Solange Faria Prado Em classes de Didática sempre há formulações de questões do tipo: “O que farei quando entrar em sala de aula?”, “O que irei ensinar aos alunos?”, “Como farei para promover a aprendizagem em meus alunos?”. É fácil perceber que os futuros docentes nunca, ou quase nunca, estabelecem uma relação entre os objetivos da educação num todo mais complexo, que implica a interferência da e na sociedade com o seu conteúdo específico. Não conseguem perceber que o ato de educar (no amplo sentido) requer bastante trabalho e, conseqüentemente, a consciência do papel que se deve desempenhar frente aos alunos de agente de um processo de transformação comportamental e atitudinal, que é o que se espera deste profissional. Para a realização dessa transformação é fundamental que o professor saiba o que se quer do aluno e o que a sociedade espera deste. Por isso antes de qualquer planejamento, ou seja, antes de qualquer tomada de decisão com relação ao que ensinar, é preciso ter claro o que se deseja, quais os objetivos que o professor pretende alcançar, estabelecendo, é claro, uma relação com o contexto e o mundo no qual se vive. Considerando que a aprendizagem, encarada como o resultado do processo de aprender, redunda na modificação do comportamento do educando (...) [e que] essa modificação do comportamento abrange alterações na maneira de pensar, de sentir e de agir, 1 deveria ser, para o docente, prioritário saber de antemão qual o comportamento cognitivo, afetivo e psicomotor que espera. Ele, como condutor do processo, como manipulador do ambiente que proporcionará a busca do conhecimento, tem que se preocupar com essa questão. Vários didatas são unânimes em apontar a necessidade de se saber o que se deseja, qual a meta a alcançar, ou seja, quais os objetivos esperados, antes de qualquer planejamento. Seja na sala de aula, seja no cotidiano sabemos o quanto é importante saber o que se quer. Vejamos um exemplo prático. Se ao longo de um relacionamento afetivo-sexual um casal chega à conclusão de que é objetivo de ambos o casamento, deverão então “sentar” e, juntos, planejar quais as estratégias para alcançarem tal meta. Se for correto que “quem casa quer casa” deverão então pensar numa poupança, numa aplicação ou em outra maneira de se conseguir o montante para a aquisição da casa e, conseqüentemente, equipá-la. Se apenas um dos nubentes trabalha fora deverá haver um acordo entre eles que implicará na soma dos esforços de ambos para a compra da casa, ou seja, o que deverão fazer para auferir uma renda maior? Se a solução é um emprego, que função poderá ser desempenhada que possa garantir uma renda passível de concretizar a meta estabelecida? E por aí vai!! O que queremos dizer é: para tudo que fazemos estabelecemos metas que desejamos alcançar, elaboramos e executamos planos. Então, por que seria diferente na Educação? Também nessa área, ao planejarmos devemos saber quais os objetivos desejamos alcançar, antes de pensarmos em quais as estratégias formular. 1 CARVALHO, 1987. p.29

Upload: pradofaria

Post on 31-Dec-2014

46 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

OS OBJETIVOS EDUCACIONAIS E O PLANEJAMENTO DE ENSINO

Profª Solange Faria Prado

Em classes de Didática sempre há formulações de questões do tipo: “O que farei quando entrar em sala de aula?”, “O que irei ensinar aos alunos?”, “Como farei para promover a aprendizagem em meus alunos?”.

É fácil perceber que os futuros docentes nunca, ou quase nunca, estabelecem uma relação entre os objetivos da educação num todo mais complexo, que implica a interferência da e na sociedade com o seu conteúdo específico. Não conseguem perceber que o ato de educar (no amplo sentido) requer bastante trabalho e, conseqüentemente, a consciência do papel que se deve desempenhar frente aos alunos – de agente de um processo de transformação comportamental e atitudinal, que é o que se espera deste profissional.

Para a realização dessa transformação é fundamental que o professor saiba o que se quer do aluno e o que a sociedade espera deste. Por isso antes de qualquer planejamento, ou seja, antes de qualquer tomada de decisão com relação ao que ensinar, é preciso ter claro o que se deseja, quais os objetivos que o professor pretende alcançar, estabelecendo, é claro, uma relação com o contexto e o mundo no qual se vive.

Considerando que

a aprendizagem, encarada como o resultado do processo de aprender, redunda na modificação do comportamento do educando (...) [e que] essa modificação do comportamento abrange alterações na maneira de pensar, de sentir e de agir,

1

deveria ser, para o docente, prioritário saber de antemão qual o comportamento cognitivo, afetivo e psicomotor que espera. Ele, como condutor do processo, como manipulador do ambiente que proporcionará a busca do conhecimento, tem que se preocupar com essa questão.

Vários didatas são unânimes em apontar a necessidade de se saber o que se deseja, qual a meta a alcançar, ou seja, quais os objetivos esperados, antes de qualquer planejamento. Seja na sala de aula, seja no cotidiano sabemos o quanto é importante saber o que se quer. Vejamos um exemplo prático. Se ao longo de um relacionamento afetivo-sexual um casal chega à conclusão de que é objetivo de ambos o casamento, deverão então “sentar” e, juntos, planejar quais as estratégias para alcançarem tal meta.

Se for correto que “quem casa quer casa” deverão então pensar numa poupança, numa aplicação ou em outra maneira de se conseguir o montante para a aquisição da casa e, conseqüentemente, equipá-la. Se apenas um dos nubentes trabalha fora deverá haver um acordo entre eles que implicará na soma dos esforços de ambos para a compra da casa, ou seja, o que deverão fazer para auferir uma renda maior? Se a solução é um emprego, que função poderá ser desempenhada que possa garantir uma renda passível de concretizar a meta estabelecida? E por aí vai!! O que queremos dizer é: para tudo que fazemos estabelecemos metas que desejamos alcançar, elaboramos e executamos planos. Então, por que seria diferente na Educação? Também nessa área, ao planejarmos devemos saber quais os objetivos desejamos alcançar, antes de pensarmos em quais as estratégias formular.

1 CARVALHO, 1987. p.29

Page 2: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

2

Os objetivos educacionais, de acordo com Ralph Tyler, devem ter como fonte de inspiração o aluno, a sociedade e, por fim, o conteúdo.

O estudo do aluno, no que se refere a suas necessidades e interesses, constitui a primeira fonte. Como todo ensino deve ser um processo intencional, é preciso conhecer as características de quem aprende, para conseguir seu envolvimento. A investigação das necessidades e interesses do aluno deveria ser sistemática. Isso nem sempre acontece. Entretanto, o professor não se exime da responsabilidade de identificá-los, pois necessidades e interesses constituem o ponto de partida para o aluno a modificar seu comportamento.

As complexidades da vida atual refletem o processo de mutação que a sociedade apresenta. A educação é profundamente afetada pelas características desta sociedade e deve determinar fins e objetivos que visem tipos de aptidões que a pessoa precisa desenvolver para melhor realizar-se.

A determinação das contribuições específicas que cada conteúdo pode prestar à educação tem merecido estudos recentes. (...) Destas três fontes – aluno, sociedade e conteúdo – derivam-se objetivos gerais provisórios.

A Filosofia da Educação e a Psicologia da Educação constituem-se em filtros, através dos quais se estabelecem os objetivos precisos do ensino. Isso porque se constata que o ensino mais eficaz concorda com os conhecimentos existentes sobre a aprendizagem e vincula-se às concepções filosóficas dos educadores

2

Adotaremos como classificação dos objetivos educacionais aquela empregada por Clódia Turra e colaboradores, ou seja, aquela que divide os objetivos em gerais e específicos. Salientamos ainda que há uma relação intrínseca entre os objetivos gerais e específicos. “Tanto os objetivos gerais entre si, como os específicos relacionados aos gerais, devem ser complementares”

3. Quanto aos domínios

classificaremos os objetivos em domínios cognitivo, afetivo e psicomotor. Sendo que os objetivos cognitivos abrangem “conhecimentos, conceitos, idéias, princípios e habilidades mentais”, os afetivos abrangem “objetivos associados a atitudes, valores e apreciações” e, finalmente, os psicomotores que estão relacionados a habilidades motoras.

De acordo com a autora, “os professores que elaboram objetivos revelam, em geral, maior sensibilidade no seu ensino. Isto ocorre porque vão mais além do que cumprir meramente um programa. Na realidade, há professores que se afastam da formulação de objetivos educacionais alegando, entre outras, as seguintes razões:

– a elaboração de objetivos exige muito tempo. Esta afirmação é verdadeira, mas a prática de elaboração aumenta a rapidez.

– a determinação do que deve ser ensinado quanto ao conhecimento de fatos, habilidades intelectuais, atitudes e habilidades motoras é complexa. Se for complexa, mas considerada necessária, então cabe ao professor estudar o tipo de resultado que espera de suas atividades específicas.

– a relação entre os objetivos e a avaliação ainda não está claramente determinada. É o problema que existe entre o objetivo desejado e o uso de uma medida válida para sua obtenção. O emprego de objetivos comportamentais, como veremos, atenua este problema.

– a idéia de que os objetivos devem ser rígidos, explícitos e imutáveis, fixando a profundidade e a extensão das aprendizagens dos alunos. Alguns objetivos podem, talvez, parecer triviais, insignificantes, bitoladores, inflexíveis, imutáveis. A resposta a essas objeções dependerá sempre da resposta que o professor der a esta pergunta: “Que tipo de resultado espero de meu ensino?” Um ensino criativo, ativo, significativo, que auxilie o desenvolvimento do aluno, exigirá

2 TURRA, 1992. p. 59 3 TURRA. p. 61

Page 3: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

3

professores criativos, abertos e conscientes do valor de sua profissão. (grifo nosso)

É bastante comum encontrarmos alunos, candidatos à docência, que fazem confusão entre objetivo e procedimento, lembrando que o processo de aprendizagem deve ter uma direção previamente determinada e expressa, é de bom alvitre que neste momento façamos uma distinção entre fins e meios.

Os procedimentos são meios para que o aluno atinja os objetivos. A maneira mais simples de estabelecer a diferença entre atividade do aluno e objetivo talvez seja responder a uma pergunta: o que o aluno aprenderá com a atividade? Por exemplo: o aluno deve fazer um exercício sobre conjugação de verbos. É atividade ou objetivo? É atividade, porque a pergunta não foi respondida e o objetivo não foi determinado.

Outros exemplos: o aluno lerá a biografia de Pedro II, correrá 1 Km, verá o filme “Independência ou Morte”, excursionará às Missões Jesuíticas, fará um experimento no laboratório... São todos exemplos de atividades, pois a pergunta permanece: O que o aluno aprenderá com a atividade?

Muitas vezes não é evidente a conexão entre objetivo e o que deve ser feito para atingi-lo.

Embora possa parecer simples para o professor ajustar os procedimentos de ensino-aprendizagem aos objetivos, nem sempre existe esta simplicidade. É fácil ajustar quando os objetivos pretendidos são informativos e têm relação com a transmissão de conhecimentos. Entretanto, quando os objetivos são diversificados e mais complexos, referindo-se às habilidades intelectuais ou motoras, ou, ainda, ao domínio afetivo, a seleção dos diversos tipos de atividades torna-se complexa.

Já foi assinalado anteriormente que o professor deve preparar situações de ensino bem estruturados e criar uma atmosfera favorável. O ensino, para tanto, deve ser sensível aos interesses e à curiosidade do aluno, mesmo que esses estejam além dos objetivos previamente determinados.

Quanto mais claramente determinamos o objetivo, melhor poderemos perceber os modos de alcançá-lo e de avaliá-lo.

4

Outra questão que se apresenta, e que julgamos pertinente, é quanto aos fatores que influem na determinação dos objetivos. Turra aponta que

um professor deve definir objetivos de ensino que sejam valiosos para todos os alunos. Sempre existe uma decisão sobre quais são os objetivos fundamentais. Vejamos alguns fatores que influem sobre esta decisão:

– Maturidade. Trata-se de detectar as capacidades e necessidades relacionadas com o que o aluno pode aprender.

– Aprendizagem atual dos alunos. É preciso comprovar o nível do aluno em relação aos objetivos que o professor pretende alcançar.

– Motivação. Talvez seja a motivação o mais desconcertante fenômeno da aprendizagem, daí ser objeto de extensa literatura. Cabe ao professor considerar e analisar os aspectos mais significativos.

– Tempo disponível do aluno em relação à quantidade de objetivos. O professor deve considerar que trará problemas para os alunos, e para os próprios colegas, se for demasiadamente ambicioso em relação ao número de objetivos que pretende alcançar ao final do curso. É preciso realidade, no planejamento, quanto ao número de objetivos em relação ao tempo disponível.

4TURRA. p. 67

Page 4: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

4

– Recursos disponíveis. Este fator diz respeito aos meios concretos à disposição do professor, que lhe permitem melhor observar o desempenho do aluno. Por exemplo, se há possibilidade de usar um mimeógrafo, o laboratório, etc.

– Situações de ensino. Além de criar uma atmosfera favorável, cabe ao professor determinar o tipo de atividade que o aluno poderá ter para atingir o objetivo proposto.

– Competência para ensinar. Se os objetivos de ensino se referem às aprendizagens dos alunos, representam também decisões que o professor tomou, considerando ou não os fatores acima relacionados. Determinar, portanto, melhores objetivos expressos em termos dos alunos é uma tarefa profissional que requer competência.

Um professor pode aceitar sugestões de objetivos já elaborados por outros, mas só poderá selecionar como valiosos para seus alunos os que estiverem em concordância com as possibilidades existentes na sua realidade.

5

Para melhor formularmos um objetivo operacional basta que possamos atender a alguns requisitos. São eles: comportamento esperado, conteúdo, condição e critério. Uma boa forma de verificação de um objetivo bem elaborado é partir para algumas indagações como: o aluno deverá FAZER O QUÊ? (comportamento esperado), DO QUÊ? (conteúdo apresentado), COM QUÊ ? (condição, ou seja situação em que o comportamento será demonstrado) e, finalmente, COM QUAL RENDIMENTO? (critério, ou padrão satisfatório de desempenho). Lembra-se do exemplo dado acima? As mesmas questões não se encaixam?!

Lembramos que o requisito “comportamento esperado” deve ser definido com clareza, ou seja, para a descrição do comportamento esperado é necessário usar verbos que descrevam a ação sem a possibilidade de interpretações vagas ou ambíguas.

Relacionamos, a seguir, alguns verbos que possuem sentido preciso e outros que apresentam ambigüidade.

Verbos que admitem

Menor interpretação Maior interpretação...

aplicar apontar classificar comparar contrastar distinguir enumerar

escrever exemplificar listar marcar numerar relacionar traduzir

adquirir apreciar aperfeiçoar aprender compreender conhecer desenvolver

dominar entender julgar melhorar raciocinar saber

verificar

É conveniente esclarecer que os verbos passíveis de muitas interpretações podem ser usados em formulações de objetivos gerais, mas não se recomenda sua utilização quando se relacionam com aprendizagens que deverão ser evidenciadas pelo desempenho do aluno.

6

Como são complexos os objetivos dos diversos domínios, vários autores resolveram sistematizar a classificação dos objetivos e acabaram adotando um sistema taxionômico. Abaixo apresentamos um quadro que sinteticamente relaciona os objetivos das três áreas, de acordo com os estudos de

5 TURRA. p. 69 6 Ibidem, p.72 e 73

Page 5: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

5

Benjamin S. Bloom7 e seus colaboradores. Os princípios que nortearam a ordenação foram: para a

área cognitiva, o da complexidade, para a área afetiva o da internalização e, para a psicomotora ainda prosseguem os estudos.

Nesse trabalho enfocaremos mais os objetivos da área cognitiva. Trabalharemos com a Taxionomia de Bloom cujo princípio integrador é o da complexidade e os objetivos são hierarquizados em ordem crescente de complexidade e abstração.

O esquema de Bloom apresenta categorias e subcategorias. A primeira categoria é a do CONHECIMENTO, que

difere das demais pelo fato de que a evocação é o principal processo psicológico nela envolvido, já que nessas outras categorias a evocação é somente um aspecto de processos muito complexos, como os de relacionamento, julgamento e reorganização.

8

As demais, COMPREENSÃO, APLICAÇÃO, ANÁLISE, SÍNTESE E AVALIAÇÃO, referem-se ao desenvolvimento das capacidades e aptidões intelectuais, portanto mais complexas.

Antes de prosseguirmos, faz-se necessária a seguinte colocação sobre os objetivos da área afetiva

É axiomático afirmar que a educação visa à formação da personalidade, logo, do ser humano como um todo, cabendo ao professor abrir perspectivas para o autoconhecimento e a autoformação. O sentido da vida só pode ser aprendido pela própria pessoa, mas as atitudes podem ser ensinadas. Mesmo que o professor não considere as atitudes como objetivos destacados dentro de seu ensino, não pode ignorar que elas afetam a interpretação de tudo o que se percebe. As atitudes se adquirem ou se modificam por meio de aprendizagem e estas nunca são únicas. Não podemos dissociar o pensar do agir e do sentir. Os objetivos afetivos atuam

7 BLOOM, 1972. p.4 – 6 8 BLOOM, 1972. p.55

DOMÍNIOS

DA

TAXIONOMI

A

COGNITIVO

AFETIVO

PSICOMOTOR

“Objetivos vinculados á memória e ao desenvolvimento de capacidades e habilidades intelectuais. Enfatizam a recordação ou a reprodução de

alguma coisa que presumivelmente foi aprendido, tanto quanto os que envolvem a resolução de alguma tarefa intelectual para a qual o

indivíduo tem de determinar o problema essencial e, então, reordenar o dito material, ou combiná-lo com idéias, métodos ou procedimentos

previamente aprendidos”.

“Objetivos que descrevem mudanças de interesse, atitudes, valores e o desenvolvimento de apreciações e ajustamento adequado. Enfatizam

uma tonalidade de sentimento, uma emoção ou um grau de aceitação ou de rejeição. Os objetivos afetivos variam desde a atenção simples

até fenômenos selecionados, até qualidades de caráter e de consciência complexas, mas internamente consistentes”.

“Objetivos vinculados à área de habilidades manipulativas ou motoras. Enfatizam alguma habilidade muscular ou motora, alguma manipulação

de material e objetos ou algum ato que requer coordenação neuromuscular. Há pouca literatura sobre o assunto e, quando

encontrado, sempre se relaciona a fala, a escrita, educação física, artes mecânicas e cursos técnicos”.

Page 6: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

6

sobre o pensamento. Basta lembrar que as atitudes de um indivíduo facilitam ou impedem sua aprendizagem e são importantes para sua própria realização.

A percepção da natureza dos resultados afetivos é importante para o professor e para o autoconhecimento do aluno. O professor que não se preocupa com a formação de atitudes, esquece a importância dos sentimentos como determinantes do comportamento (grifo nosso). „A personalidade e a direção do professor são fatores poderosos para a obtenção e o desenvolvimento de resultados emocionais de ensino‟

9. Portanto, o professor é julgado também por sua influência sobre as

atitudes dos alunos10

.

Planejamento de ensino

Como já vimos o trabalho docente não se resume em entrar em sala de aula e “ensinar” o conteúdo. É uma atividade que implica uma posição político-ideológica e a deliciosa utopia de ver um mundo melhor. O processo de ensino não tem valor em si mesmo. Mas construir conhecimentos e habilidades e desenvolver capacidades mentais visam, em sua essência, a oferecer instrumentalização aos educandos para que possam agir de maneira consciente e, consequentemente, tornarem-se agentes ativos e participantes da vida social, e isso demanda planejamento.

O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implicações sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino).

11

Considerando o exposto acima, apresentamos a seguir as funções que, segundo Libâneo, possui o planejamento de ensino:

explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação democrática;

expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá realizar na sala de aula, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino;

assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina;

9 RISK, 1962. p. 115 10 TURRA, 1992. p. 86. 11 LIBÂNEO, 1994. p. 222

Page 7: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

7

prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das condições sócio-culturais e individuais dos alunos;

assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar?), os conteúdos (o que ensinar?), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar?), os métodos e técnicas (como ensinar?) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos demais;

atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-o às condições de aprendizagens dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados na experiência cotidiana;

facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar, replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas.

Para que o planejamento de ensino seja uma eficaz ferramenta de instrumentalização para a ação de educar, deve possuir algumas características que consideramos fundamentais. Deve servir como “bússola”, orientando o trabalho docente, apresentando uma ordem seqüencial com objetividade e coerência e, talvez a mais importante, deve ser flexível, de maneira a melhor adequar-se à realidade dos alunos e às necessidades sócio-culturais nas quais estão inseridos.

Dadas as funções e as características do planejamento de ensino resta-nos dizer que há três níveis de planos: o Projeto de Curso (PC), o Plano de Disciplina ou Ensino (PD) e o Plano de Aula (PA). O PC é uma orientação para todo o curso com objetivos amplos e abrangentes; o PD organizará os conteúdos da disciplina por afinidade ou necessidade, com objetivos mais específicos que atenderão àqueles do PC e, finalmente o PA, que é a orientação cotidiana “ditando” ao docente e aos alunos a elaboração e execução de tarefas e atividades com objetivos operacionais que deverão atender aos do PD e, por conseguinte do PC. Esquematicamente, podemos dizer que são círculos concêntricos cujo ponto central é o aluno e a sociedade em que está inserido.

É escusado dizer que todos esses planejamentos devem ser consoantes ao Projeto Político Pedagógico e Projeto Político Institucional da escola. Observe o esquema abaixo

Proj. Curso

Para elaborar um plano não existe uma forma ou modelo com estrutura rígida. Desde que possua uma seqüência coerente nas situações de ensino-aprendizagem, como todo planejamento deve ter, “tá valendo”!

Para fins deste texto, vamos nos ater à elaboração do Plano de disciplina ou Ensino e ao Plano de aula, a ferramenta diária do professor em qualquer nível de ensino.

PD

PA

HOMEM

Page 8: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

8

Plano de Disciplina ou Ensino

Clódia Turra em Planejamento de ensino e avaliação faz a seguinte sugestão para estruturação de um PD, que nesse trabalho, sofreu algumas alterações:

– Dados de identificação: “Toda situação particular requer a determinação de sua identidade”. Neste item deve conter o nome do curso, da disciplina, dos professores que a ministram, período letivo, turno e carga horária semestral e semanal.

– Ementa: O professor, antes de iniciar seu planejamento, deve conhecer a ementa de sua disciplina, ou seja, os pontos que foram considerados essenciais da disciplina em pauta em conformidade com o projeto pedagógico do curso. Esse item não pode ser alterado ao bel prazer do professor responsável pela disciplina. Mudanças ou alterações, por menores que sejam, devem receber a anuência dos demais professores do curso.

– Objetivos: Os objetivos de um PD são divididos em Geral e Específicos. Devem ser formulados de tal maneira que possam descrever os comportamentos que se esperam ao final do curso ou semestre letivo, portanto são objetivos alcançáveis a médio e longo prazo.

– Conteúdos: Sempre em sintonia com a ementa, “no PD, a previsão dos conteúdos deve enfatizar a dependência do novo conhecimento a ser adquirido com os conhecimentos já aprendidos, isto é, toda experiência nova deve se relacionar e integrar-se com as experiências prévias dos alunos”. A escolha e organização do conteúdo devem se basear em critérios lógicos do próprio conteúdo e critérios psicológicos que exprimam o sentido e a necessidade deste ou daquele conteúdo para o aluno o que favorecerá o processo de ensino-aprendizagem.

– Método de Ensino: Neste tópico, o professor, com base no desejo de contemplar seus objetivos, deve responder à seguinte questão: Que condições oferecerei aos meus alunos para que de fato ocorram as mudanças comportamentais pretendidas? Na busca da resposta elencará uma série de caminhos que poderão mobilizar seus alunos à ação.

– Estratégias de ensino/aprendizagem e avaliação: As estratégias são os meios disponíveis ao professor com vistas à consecução de seus objetivos. Dessa forma, as estratégias devem sempre ser pensadas em função dos objetivos elencados.

As estratégias de ensino são um grande número. Entretanto, muitos são os professores universitários que dominam uma única estratégia, que é a da exposição. Também há muitos professores que, embora conhecendo outras estratégias, não as aplicam por não se sentirem seguros para aplicá-las. E, ainda há os professores que diversificam suas estratégias unicamente pelo desejo de diversificar, sem saber se são ou não adequadas aos seus propósitos.

Quanto a avaliação é sempre bom lembrar que deve ser processual e contínua e, jamais ter um caráter punitivo.

- Bibliografia: Dividida em básica e complementar, é de bom alvitre que antes de elencá-las verifique se a bibliografia sugerida consta no acervo da escola. Agindo assim evitará constrangimentos.

Recomenda-se, também, que as obras listadas sejam atualizadas e de edições recentes. Não se esqueça de relacionar obras que sejam clássicos da literatura pertinente à disciplina.

Plano de aula

Considerada atualmente como um espaço em que, como um organismo social, se permite a interação de forças, movimentos, sistemas de idéias e de valores, a sala de aula está sendo reconhecida não

Page 9: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

9

como apenas um lugar onde se prioriza o saber cognitivo, mas toda uma pletora de fatores que permitiram ou não, conforme a condução do professor, a formação geral do indivíduo. O professor deixou de ser aquele que possui a “VERDADE”, deixou de ser o ministrador de lições, para ser, a partir de uma previsão inteligente, organizada e registrada sob a forma de um planejamento de aula, um “antecipador dos comportamentos esperados do aluno”.

Assim sendo, o PA é um instrumento de trabalho que deve especificar

os comportamentos esperados dos alunos e os meios – conteúdos, procedimentos e recursos – que serão utilizados para sua realização, buscando sistematizar todas as atividades que se desenvolvem no período de tempo em que professor e aluno interagem, numa dinâmica de ensino-aprendizagem.

12

Com objetivos bem específicos e operacionais, o PA possui uma íntima relação de subordinação e coerência com os objetivos do PC. Queremos dizer com isso que os objetivos traçados no plano de curso, de forma ampla e em termos gerais, envolvem os mesmos comportamentos ao nível de plano de aula, mas só que, nesse momento, em termos de desempenhos visíveis, observáveis e mensuráveis num curto espaço de tempo.

Ao elaborar um PA deve-se observar os seguintes critérios:

– adequação dos estímulos ou incentivação inicial: Deve-se criar uma atmosfera que possibilite a comunicação entre professor e aluno favorecendo a execução do trabalho em classe.

– especificação operacional: Os objetivos devem especificar com clareza o comportamento final esperado do aluno, descrevendo condições e indicando os critérios que serão determinantes para avaliar se foram ou não alcançados.

– estrutura flexível: Como em todo planejamento, deve haver flexibilidade para que possa permitir a participação do aluno tendo como base, é claro, metodologias ativas e dinâmicas.

– ordenação: Deve ter uma ordenação para que se evitem hiatos no desenvolvimento do mesmo.

Um plano de aula caracteriza-se, portanto pela descrição específica, em termos operacionais, do objetivo pretendido para cada aula. É num PA que observamos as estreitas relações que há entre objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos e avaliação. O sucesso de um plano de aula depende da capacidade do professor em estabelecer adequadamente tais relações.

Mesmo prevendo detalhadamente os diferentes elementos para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, o plano de aula não pode ser considerado como algo que deva ser cumprido rigidamente. Ao contrário, o professor deve afastar-se do plano sempre que necessidades e interesses dos alunos justifiquem tal afastamento. Enfatizamos, no entanto, que um afastamento contínuo e sistemático deve preocupá-lo. Significa que algo não foi levado em consideração no momento de planejar. Algumas variáveis que podem conduzir a esse tipo de problema são, por exemplo, tempo disponível – ritmo dos alunos; natureza do conteúdo – capacidade dos alunos, número de objetivos – tempo disponível; inadequação de estímulos; etc. Uma análise criteriosa da situação, feita pelo professor, através de uma auto-avaliação, ou feita pelo professor e alunos, através de uma avaliação cooperativa, pode auxiliá-lo na constatação do ponto de emperramento. Como conseqüência, as deficiências comprovadas deverão ser levadas em consideração no momento em que o professor for elaborar seu novo plano de aula.

13

12 TURRA, 1992. p. 259 13 TURRA, 1992. p. 261

Page 10: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

10

O plano de aula deve seguir o ritmo normal do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, sua execução constará de três etapas: apresentação, desenvolvimento e integração.

Durante a apresentação, o professor deve preparar a classe para a nova aprendizagem (incentivação inicial) atendendo ao conteúdo e aos objetivos preparados. Esta etapa poderá compreender: “chamamento do aluno para o valor e importância do conteúdo a ser estudado, formulação de uma pergunta problematizadora, uso de um recurso audiovisual que desperte a atenção do aluno”, etc. É importante que nesta etapa os alunos conheçam os objetivos ou os comportamentos finais esperados. Esta comunicação pode ser verbal ou escrita.

Durante a segunda etapa, o desenvolvimento, far-se-á a análise do conteúdo, ou seja, é o momento em que o professor irá orientar a aprendizagem do aluno. E, finalmente a integração ou síntese final, “é o momento em que o professor verifica o resultado obtido pelos alunos, na realização das atividades propostas na etapa de desenvolvimento”.

A estrutura de um PA aqui apresentada é aquela utilizada por muitas instituições que utilizam como ferramenta tecnológica o “Portal Acadêmico”. Compõe-se dos seguintes itens:

– Objetivos: Devem ser expressos em termos operacionais, cuidando para evitar uma lista longa, pois se trata de uma aula que no máximo terá 50‟

– Conteúdo programático: O tema ou conteúdo da aula deve vir expresso em forma de frases curtas e com sentido ou em forma de esquema. Lembre-se que deve atender aos objetivos da aula e, por sua vez, ao Plano de Ensino.

– Atividades: Costumamos dizer que “objetivos bem montados, atividades claras”! Os objetivos deverão ser contemplados nas atividades, pois será uma forma de garantir não só a fixação do conteúdo como também a mensuração de sua lista de objetivos preparados.

– Leitura Obrigatória e recomendada: Usando as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para referências bibliográficas, esta lista deverá conter os textos que são fundamentais para a compreensão do conteúdo.

Projetos pedagógicos

Desde 1996 está em vigor no Brasil a Lei Federal nº 9.394, de 20/12/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, também chamada de Lei Darcy Ribeiro. A nova LDB estabelece em seu segundo artigo que

a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (grifo nosso).

e, no Art. 3º, estabelece que o ensino será ministrado com base em determinados princípios como

liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (grifo nosso).

Page 11: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

11

Considerando o exposto acima, devemos salientar que a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos recomenda que a educação deverá ser fundeada em quatro pilares:

– aprender a conhecer: desenvolver a capacidade no educando de aprender a aprender ao longo de toda sua vida;

– aprender a fazer: desenvolver a competência do saber e, saber se relacionar em grupo, resolvendo problemas e adquirindo uma qualificação profissional;

– aprender a viver com os outros: desenvolver a capacidade de compreensão do outro e as interdependências, na realização de projetos comuns, “preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo sua identidade e respeitando a dos outros, respeitando valores de pluralismo, de compreensão mútua e de busca da paz”

14;

– aprender a ser, para que o educando possa desenvolver sua personalidade e agir com autonomia, expressando opiniões e assumindo responsabilidades pessoais.

Baseando-nos nesses quatro pilares e nos atuais fundamentos legais da Educação brasileira, podemos afirmar que há uma grande preocupação em desenvolver o Homem em todas as suas potencialidades. A teoria das “Múltiplas inteligências” de Gardner seria o grande suporte para nossa afirmação. Mas, como desenvolver tais potencialidades nos domínios cognitivo, afetivo, social e psicomotor se sempre, ou quase sempre, foi preocupação primeira da escola o desenvolvimento cognitivo? Qual ou quais atividades poderíamos desenvolver para alcançarmos esse desenvolvimento integral? Flexibilidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade tendo por suporte as especificidades regionais, seria a melhor resposta.

Devemos ter mente, em relação aos conteúdos, que não podemos tratá-los como fim em si mesmo, mas que sejam vistos como meio. Meio para que os alunos “desenvolvam capacidades que possam ser utilizadas na produção de bens culturais e/ou resolução dos diferentes problemas”.

15

Essa afirmação é sempre acompanhada de indagações como essas: “Mas, e quanto às orientações didáticas? Como promover a integração de conteúdos e avaliar qualitativamente o que o aluno aprendeu? Como vou dar notas ao meu aluno?” Estas são as questões que mais ouvimos em encontros quando enfatizamos a necessidade da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e, da avaliação qualitativa da aprendizagem.

Acreditamos que a transcrição de parte do texto do Professor Nilbo Nogueira responde com propriedade tais questões.

A idéia de sujeito integral, deveria nos levar a conceber um conjunto de áreas, em que a cognição é apenas parte deste todo. A aprendizagem experenciada, com interação ao meio, partindo do simples para o complexo, provocadora de desafios, visando à resolução de problemas, etc., não pode ser restrita apenas à cognitiva, como qualquer outra aprendizagem deve expandir-se também para as áreas motora, afetiva, social, etc. Não podemos esquecer que um sujeito integral é também aquele que se desenvolve psicomotoramente, usa seu corpo na aprendizagem, resolve problemas com o corpo, libera seus movimentos, assim como possui emoções que podem e devem ser educadas; tudo isto em um contexto social. Queremos crer que a Teoria das Inteligências Múltiplas possa dar conta deste todo, colocando a aprendizagem num plano mais amplo, privilegiando todo o espectro. Que nosso aluno possa colocar o cérebro, o corpo, o coração e a alma na resolução de problemas. Só desta forma poderemos então acreditar na formação de um sujeito integral.

16

14 BRASIL, 1998. p.17 15 NOGUEIRA, 1998. p.25 16 NOGUEIRA. p. 26-27.

Page 12: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

12

Para desenvolvermos esse sujeito integralmente, um meio didático bastante eficiente é o trabalho com Projetos Pedagógicos.

Gostaríamos de acrescentar que o simples fato de trabalharmos com Projetos não resolverá o problema da educação brasileira. Não se trata de uma panacéia que resolverá todos os problemas num passe de mágica. Mesmo trabalhando com Projetos, se não houver compromisso e empenho do(s) professor(es), não chegaremos a lugar algum! O trabalho com Projetos pressupõe que o professor tenha humildade suficiente para reconhecer que não é dono da VERDADE, que como qualquer outro mortal possui limitações e que, mesmo tendo mais horas de estudos que seus alunos, não significa que as indagações ou formulações de hipóteses por eles realizadas não seja objeto de pesquisa ou aprofundamento de um tema qualquer.

Considerando que os Projetos são fontes de criação e, por isso mesmo, geram atividade de pesquisa e aprofundamento por parte dos alunos, o professor deve, não só estimular, mas, também acompanhá-los nesta busca, pois somente assim poderá e terá condições de avaliar a aprendizagem que tiveram.

Retomando o que dissemos acima, a Escola, por força de lei ou da sociedade, deve preparar sua clientela para a vida de maneira integral. Lá fora, o aluno encontrará uma série de situações sistemáticas que exigirá dele autonomia, resolução e postura crítica. Seja no trabalho, em sociedade ou em sua vida privada, será sempre envolvido por projetos, quer na elaboração ou na execução dos mesmos; e por que não começar a experienciar tais situações dentro da própria Escola

17?

É comum encontrarmos profissionais da área de educação que não gostam ou têm receio de trabalhar com Projetos por medo de não saberem administrar uma atividade que pode, aparentemente, estar “fora” de seu conteúdo programático. Preocupam-se em trabalhar todo o conteúdo independente do interesse da turma. Nogueira é categórico em dizer que

um Projeto não precisa ser desconectado da programação acadêmica, ele pode e até deve ser programado e proposto juntamente com os alunos, para intensificar o processo de aprendizagem dos conteúdos e, principalmente, possibilitar diversificação de ações, formas e vivências que venham ainda a propiciar uma amplitude de desenvolvimento das diferentes competências.

18

Trata-se na verdade da aquisição de mais uma ferramenta que nos auxilie na transmissão de velhos conteúdos de maneira nova e mais interessante; e mais, terá como foco central o aluno

19, que terá

condições de desenvolver todas as suas potencialidades, pois seu processo de aprendizagem será em todas as áreas e não apenas uma, a cognitiva. Assim sendo, o trabalho com Projetos possibilita a aprendizagem em múltiplas áreas do conhecimento a um só tempo.

Etapas de um Projeto

Como todo planejamento, o Projeto também possui etapas de elaboração e execução. Trabalhar com etapas nos auxilia na sequenciação de raciocínio. Já que, tanto professor quanto aluno, partem de uma hipótese inicial, listam necessidades, transformam informações coletadas em base de conhecimento, selecionam o material coletado, esquematizam suas descobertas criando novas

17 Grafamos escola com “e” maiúsculo para evidenciar a instituição, ou seja, entendemos por Escola toda a

comunidade institucional que tem como função auxiliar na formação do Homem. 18 NOGUEIRA, 1998. p.33 19 Desde a edição da Lei 5.692/71 é preocupação constante focalizar o aluno como centro do processo

educacional, quebrando a tradição em que o foco era o professor que “ensinava”.

Page 13: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

13

hipóteses, analisam, apresentam, avaliam e recebem críticas. Assim sendo as etapas a serem seguidas são:

Planejamento – Após a escolha do tema/conteúdo, deveremos seguir os seguintes passos:

- Quê? - sobre o que falaremos/pesquisaremos? - que faremos neste Projeto?

- Por quê? - por que trataremos deste tema? - quais são nossos objetivos? (Mesmo que os alunos ainda não possuam maturidade para execução desta fase, é importante que desde o início seja introduzida no escopo do Projeto.)

- Como? - como realizaremos este Projeto? - como operacionalizaremos? - como poderemos dividir as atividades entre os membros do grupo? - como apresentaremos o Projeto?

- Quando? - quando realizaremos as etapas planejadas?

- Quem? - quem realizará cada uma das atividades? - quem se responsabilizará pelo quê?

- Recursos? - quais serão os recursos – materiais e humanos necessários para a perfeita realização do Projeto?

De maneira geral são esses os passos que normalmente seguimos para elaborar um projeto. É de vital importância que apresente flexibilidade, pois os ajustes são necessários ao bom andamento do processo.

Montagem e execução – É a fase mais trabalhosa do Projeto, daí a importância da presença e participação assídua do professor. Todo o material necessário deve estar à disposição dos alunos para que não percam o incentivo; já dissemos o quanto é importante o aluno sentir-se motivado, pois a motivação é intrínseca à participação ativa do sujeito no processo.

Como é o momento da criação e da investigação, o professor deve agir como mediador, pois as dúvidas sempre irão surgir e os alunos devem sentir apoio de um orientador para não perderem o norte do trabalho. Portanto, o professor deve oferecer as condições para a “pescaria e não pescar o peixe” para os alunos.

Depuração e ensaio – Nesta fase faremos uma crítica ao que foi executado até agora. É o momento da autocrítica e da autoavaliação. É o momento dos ajustes finais. “Elaboramos o suficiente?” “Todos os itens apresentados são ou estão suficientes?”. Concomitante a essas questões deve haver o ensaio ou demonstrações do trabalho executado já que a próxima fase é a apresentação em si.

Apresentação – Esta fase poderá ser difícil para alguns alunos, mas a comunicação das descobertas pessoais e em grupo aos outros alunos é de vital importância para incentivá-los cada vez mais. Sobre esta etapa Nogueira nos diz o seguinte:

Para apresentar seus Projetos, os alunos deverão estar muito bem preparados e conhecer a fundo o material a ser exposto, para não realizar uma apresentação mecânica, inexpressiva na forma de jogral televisivo. Isto de uma certa forma nos garante que houve realmente uma aquisição, e a aprendizagem realmente aconteceu, pois a verdadeira prova disto ocorrerá exatamente quando a equipe estiver comunicando suas descobertas e declarando suas hipóteses. A não apresentação dos Projetos não nos dará nenhuma garantia de que todos trabalharam, realizaram novas descobertas, aprenderam e estão desenvolvendo suas múltiplas competências

20.

20 NOGUEIRA, 1998. p. 39

Page 14: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

14

Avaliação e críticas – Terminada a apresentação, o professor poderá criar um momento para a avaliação do que foi exposto em que todos, inclusive os que apresentaram, terão oportunidade de avaliar de fato, fazendo críticas, analisando os possíveis “erros” ou “falhas”, ou seja, realizando um feedback em que será verificável o valor construtivo da avaliação. Vejamos o que nosso autor nos diz sobre esta etapa.

É importante notar que neste processo o “erro” será percebido pelo próprio aluno, mas não da forma “traumática” existente normalmente em uma prova corrigida friamente com caneta vermelha, mas não à regionalização! como algo que “não está bom” ou como “poderia ter ficado melhor”. percebam que nestes casos cria-se uma nova hipótese, que questiona a anterior por análise e reflexão e com o intuito de melhoria, haverá necessidade de fazer outra leitura do(s) erro(s) cometido(s)

21.

O ciclo de aprendizagem com projetos pode ser apresentado com o seguinte fluxograma:

Vimos que trabalhar com Projetos em sala de aula não é nenhum “bicho de sete cabeças”, basta um pouco mais de empenho que poderemos obter excelentes resultados. Apresentaremos a seguir os passos que deverão ser seguidos na elaboração de um Projeto Pedagógico em que deverá haver o envolvimento de outras áreas. Geralmente usamos a estrutura que iremos demonstrar, mas não significa que não poderá sofrer alterações ou adaptações conforme a necessidade da Escola.

Vale dizer que, como há o envolvimento de outras ou todas as disciplinas, é uma boa oportunidade para trabalharmos com temas que sejam transversais ao curso visando, é claro, o desenvolvimento integral do aluno.

Como se trata de um Projeto em que haverá o envolvimento de todos, alguns cuidados deverão ser tomados para que não haja nenhuma imposição e que seja de fato um trabalho de todos. COMPROMETIMENTO, EMPENHO e TRABALHO, digamos que serão as palavras mágicas para o sucesso do Projeto.

Dada uma situação escolar, seja ela qual for, é necessário um diagnóstico da situação para que possamos avaliar como intervir naquela realidade. Após essa análise a equipe de trabalho deverá definir os objetivos a serem alcançados e selecionar as ações estratégicas a serem desenvolvidas por todos e em particular em cada área. Assim que forem executadas as ações cabe-nos avaliar se os objetivos foram alcançados ou não. A avaliação deve ser qualitativa; o que quer

21 NOGUEIRA,1998. p. 40

Planejamento (descrição)

Avaliação (reconhecimento

final das falhas e dos acertos)

Apresentação (constatação das

aquisições)

Execução (hipóteses e descobertas)

Análise e depuração (reflexão e novas

hipóteses)

Page 15: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

15

dizer que cada etapa, cada momento do trabalho deverá ser sempre objeto de reflexão e análise da turma.

Usualmente adotamos a seguinte estrutura de elaboração:

- Tema: Deve ser definido pelo grupo ou como resultado de reflexão de alguns que irão sugeri-lo;

- Justificativa: O por quê? É importante que haja fundamentação legal e/ou teórica, principalmente se o projeto for levado à apreciação de órgãos públicos que poderão financiá-lo, conforme o caso;

- Objetivos do projeto: deverão ser elencados os objetivos Gerais e os Específicos de cada área ou conteúdo ou seja, as competências e as habilidades a serem desenvolvidas durante a execução do projeto, obedecendo todos os critérios já mencionados neste trabalho;

- Público alvo: Especificar e justificar a que grupo de alunos está endereçado e apresentar o por que desse público;

- Duração/cronograma: O cronograma a ser apresentado deve ser de todo o projeto e de cada área específica. Lembramos que a flexibilidade deve existir;

- Recursos humanos e materiais: Listar todos os profissionais e materiais que serão importantes e necessários para a execução do projeto;

- Custos: Deve ser exposto em valores reais ou aproximados todos os gastos necessários á execução do projeto;

- Bibliografia: Deverá ser listada conforme as normas da ABNT e classificadas em obras de cunho geral e específico por área. Caso seja necessário leituras pelos alunos deverão ser expostas da mesma maneira.

- Avaliação: Deverá ser prevista com todos os envolvidos à medida em que está sendo executado. Como controle de qualidade, deve ser realizada em cada uma das etapas vencidas, somente assim é possível corrigir as possíveis falhas.

Referência

BLOOM, Benjamin et al. Taxionomia de objetivos educacionais; domínio cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1972.

BRASIL. Lei n. 9.394 – 20 dez. 1996. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1998.

BUFFA, Ester, ARROYO, Miguel, NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania: Quem educa o cidadão? 2.ed. São Paulo: Cortez, 1987.

CARVALHO, Irene Mello. O processo didático. 6.ed. Rio de Janeiro: FGV,1987.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Uma prática para o desenvolvimento das múltiplas inteligências; aprendizagem com projetos. São Paulo: Érica, 1998.

TURRA, Clódia, et al. Planejamento de Ensino e Avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra, 1993.

Page 16: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

16

ANEXO A - Verbos para a elaboração dos objetivos Na elaboração dos objetivos, sejam gerais, ou específicos, as escolhas adequadas do verbo é de crucial importância. Ele é o ponto chave para exprimir a intenção de um educador. Na formulação de objetivos específicos devemos evitar o emprego de verbos que se prestem a muitas interpretações. Apresento-lhes, a seguir, uma lista de verbos para objetivos gerais e específicos, nos domínios: psicomotor, afetivo, cognitivo e social ou atitudinal. Vocabulários úteis para expressar objetivo Acentuar Contar Formular Hipótese Realizar Experiência Adicionar Contribuir Generalizar Rebater Agrupar Converter Grafar Receber Analisar Cooperar Grifar Reconhecer Andar Correr Identificar Recortar Anotar Costurar Ilustrar Redigir Aplicar Criticar Indicar Reduzir Apresentar Declamar Interpretar Registrar Arbitrar Decompor Interpretar Relacionar Argumentar Deduzir Inventar Relatar Armar Definir Juntar Repartir Arremessar Demonstrar Justificar Representar

graficamente Assinalar Descobrir Lançar Reproduzir Atirar Descrever Ler Resolver Atribuir Desenhar Listar Responder Calcular Destacar Localizar Responder Cantar Determinar Manipular Resumir Caracterizar Discriminar Marchar Reunir Circundar Discutir Medir Riscar Citar Dividir Modelar Saltar Classificar Dramatizar Montar Saltitar Colaborar Elaborar Multiplicar Separar Colar Encenar Narrar Simplificar Coletar Enlaçar Nomear Sintetizar Colorir Enumerar Operar Solucionar Combinar Esboçar Organizar Sublinhar Comentar Escrever Participar Subtrair Comparar Especificar Pegar Sumariar Competir Esquematizar Pintar Tabular Completar Estabelecer Planejar Tocar Compor Estabelecer

comparação Pontuar Tocar

Compor Executar Preparar Traçar Comunicar-Se Executar Vocalmente Pronunciar Traduzir Concluir Exemplificar Propor Transformar Confeccionar Expressar Provar Transformar Construir Extrair Pular Usar Construir Falar Racionalizar Verbalizar Construir Flexionar Reagrupar Verificar

Page 17: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

17

Verbos que prestam a muitas interpretações Abrandar Aproveitar Desfrutar Memorizar Absorver Capacitar Entender Pensar Acrescentar Carrear Evidenciar Perceber Adaptar Compreender Facilitar Praticar bem Adquirir Conhecer Familiarizar-se Saber Aperfeiçoar Conscientizar-se Fixar Sociabilizar Apreciar Cooperar Jogar bem Ter ideia de Aprender melhor Depreender Melhorar Ter inclinação para Aprimorar Desenvolver

Verbos que prestam a poucas interpretações: Abaixar-Se Definir Ilustrar Puxar Abrir Deitar-Se Imitar Quadrupedear Acabar Demonstrar Imitar Qualificar Acampar Derrubar Impulsionar Questionar Acompanhar C/ Olhos

Derrubar Impulsionar Quicar

Adicionar Descrever Inclinar Rastejar Adicionar Descrever Inclinar Reagrupar Agachar-Se Deslizar Inclinar-Se Receber Uma Bola Agarrar Deslizar Inclinar-Se Recitar Agarrar Deslocar-Se Indicar Reconhecer Agarrar-Se Deslocar-Se Iniciar Redigir Ajoelhar Desobrigar-Se Inspirar Reformular Ajoelhar Diferenciar Integrar Relacionar Ajudar Dirigir Intercalar Relaxar Alternar Discutir Interpretar Remar Analisar Distinguir Investigar Repetir Anotar Dividir Ir Resolver Apalpar Dizer Jogar Responder Aplicar Dobrar Julgar Rever Apoiar Dramatizar Juntar Revezar Apontar Driblar Justificar Apresentar-Se Elevar-Se Lançar Rolar Argüir Empregar Lançar-Se Sacar Arquear-Se Empurrar Ler Saltar Arrastar-Se Encestar Liderar Seguir Arrolar Encolher Listar Seguir c/ os Olhos

Atar Encolher-Se Localizar Selecionar

Aumentar Engatar Manipular Separar Automatizar Engatinhar Marcar Seriar Autorizar Enumerar Marchar Serpentear Balançar Equilibrar-Se Medir Sintetizar Bater Escorregar Mergulhar Soletrar Bloquear Escrever Modificar Solucionar Boiar Escutar Mover Subdividir Bola Esgueirar-Se Movimentar-Se Subir Cabecear Especificar Mudar Sublinhar Cair Esquematizar Multiplicar Submeter Cantar Estender Nadar Subtrair Chutar Esticar Nivelar Sugerir Citar Esticar-Se Nomear Suportar Classificar Examinar Numerar Suspender-Se Colar Executar Obedecer Sustentar Colocar Expirar Observar Tirar Colorir Explanar Obter Tocar

Page 18: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

18

Combinar Explicar Olhar Tomar Compara Explorar Ordenar Trabalhar Compartilhar Expor Organizar Tracionar Competir Expor Ouvir Traduzir Completar Expressar Parar Transformar Compor Falar Passear Transpor Computar Fazer Pedalar Trazer Concluir Fechar Percorrer Trepar Conduzir Uma Flexionar Pesar Unir Construir Flutuar Pesquisar Unir Contar Formar Pintar Usar Contrastar Frear Planejar Usar Converter Galopar Pôr Utilizar Correr Ganhar Predizer Utilizar Cortar Generalizar Prender Valsar Criar Girar Preparar Valsar Curvar Golpear Prestar Verificar Dar Grifar Produzir Ziguezaguear Defender Guardar Pular Identificar Puxar

Verbos adequados para objetivos imediatos que tendem a indicar determinados domínios: Domínio psicomotor

Domínio cognitivo Domínio social Domínio afetivo

Automatizar Analisar Aceitar Agir Com Colocar Apontar Ajudar Desempenhar com Correr Aplicar Aplaudir Demonstrar Cortar Avaliar Compartilhar Demonstrar Citar Competir Deslocar-Se Combinar Comunicar-Se Desempenhar Comparar Cooperar Dramatizar Compor Contribuir Driblar Classificar Convidar Equilibrar-Se Criar Discutir Explorar Distinguir Elogiar Jogar Definir Escolher Quicar Dizer Interagir Realizar Explicar Permitir Percorrer Explorar Participar Saltar Enumerar Saudar Identificar Indicar Selecionar Ordenar Revisar

Classificação dos objetivos gerais 01. Gerais - cognitivos: Administrar Aprimorar Delegar Fazer Recitar Afirmar Avaliar Demonstrar Formular Resolver Analisar Calcular Distinguir Identificar Saber Aprender Compreender Entender Integrar Transferir Aplicar Constar Enumerar Interpretar Apreciar Construir Escrever Propor

Page 19: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

19

02. Gerais – afetivos Aceitar Cooperar Gostar Oferecer Acompanhar Demonstrar Manter Participar Apreciar Elaborar Mostrar Reconhecer Completar Escutar Obedecer Ter

03. Gerais – psicomotores Coser Desenhar Executar Operar Criar Escrever Montar Reparar Demonstrar

Verbos adequados para exprimir objetivos gerais: 1. Domínio cognitivo:

Analisar Avaliar Construir Identificar Resolver Aprender Compreender Entender Interpretar Sintetizar Aplicar Conhecer Formular Propor Transferir

2. Domínio afetivo:

Aceitar Apreciar Demonstrar Gostar Valorizar Conscientizar

3. Domínio social:

Aceitar Cooperar Demonstrar Gostar Participar

4. Domínio psicomotor:

Adquirir Aperfeiçoar Desenvolver Demonstrar

Outros verbos próprios para exprimir objetivos gerais Acreditar Colaborar Crer Entender Adquirir Compreender Desenvolver Julgar Aperfeiçoar Conhecer Disputar Saber Aprender melhor Cooperar

Classificação dos objetivos específicos 01. Específicos – cognitivos: Aplicar Converter Esboçar Justificar Relacionar Autorizar Criar Escrever Listar Relatar Avaliar Criticar Especificar Manipular Reproduzir Calcular Defender Exemplificar Modificar Resolver Categorizar Definir Explicar Mostrar Resumir Citar Demonstrar Expressar-Se Obter Reorganizar Classificar Descrever Generalizar Operar Rever Combinar Diferenciar Identificar Organizar Selecionar Compilar Discriminar Ilustrar Preparar Separar Comparar Distinguir Indicar Prover Se Capaz Compor Dizer Inferir Produzir Subdividir

Page 20: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

20

Concluir Enumerar Interferir Reconstruir Sublimar Confirmar Enunciar Interpretar Redigir Sumarizar Contrastar Escolher Inventar Reescrever Utilizar

02. Específicos – afetivos Aderir Dar Felicitar Mostrar Repartir Ajudar Defender Formar Nomear Replicar Alistar Descrever Generalizar Ordenar Resolver Alterar Diferenciar Identificar Organizar Responder Apresentar Discriminar Iniciar Perguntar Rever Arranjar Discutir Influenciar Praticar Salientar Assistir Dizer Integrar Preparar Seguir Atuar Enumerar Justificar Propor Selecionar Combinar Escolher Ler Qualificar Sintetizar Comparar Escrever Localizar Realizar Trabalhar Completar Executar Manter Recitar Usar Conformar-Se Estudar Militar Relacionar Verificar Convidar Explicar Modificar Relatar

03. Específicos - psicomotores Afiar Criar Fixar Martelar Redigir Aquecer Desligar Furar Misturar Seguir Calibrar Edificar Juntar Ouvir Segurar Colocar Emendar Ligar Pesar Serrar Compor Enroscar Limpar Prender Usar Consertar Expressar-se Manipular Pintar Utilizar Construir

Verbos adequados para exprimir objetivos específicos comportamentais e imediatos 1. Domínio Cognitivo: Aplicar Confirmar Enumerar Inferir Reescrever Avaliar Contrastar Enunciar Interpretar Relacionar Calcular Converter Escrever Inventar Relatar Categorizar Criar Especificar Justificar Reproduzir Citar Criticar Exemplificar Listar Resolver Classificar Defender Explicar Modificar Resumir Combinar Definir Expressar Organizar Reorganizar Compilar Descrever Generalizar Preparar Selecionar Comparar Diferenciar Identificador Produzir Separar Compor Discriminar Ilustrar Reconstruir Subdividir Concluir Distinguir Indicar Redigir Utilizar

2. Domínio Afetivo:

Assumir Alterar Escolher Manter Organizar Atuar Conformar-se Formar Modificar Responder Apresentar Defender Reconhecer Mostrar Seguir Demonstrar Prestar atenção Trabalhar

3. Domínio Social: Aderir Convidar Formar Mostrar Seguir Ajudar Dar Influenciar Relacionar-se Aplaudir Escolher Integrar Repartir Trabalhar Assumir Felicitar Manter Responder Atuar

Page 21: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

21

4. Domínio Psicomotor: Colocar Executar Juntar Prender Realizar Demonstrar Fixar Ligar Segurar Usar Efetuar Iniciar Manipular Trabalhar Utilizar

Verbos próprios para exprimir objetivos específicos Acentuar Converter Esquematizar Medir Relatar Adicionar Cooperar Estabelecer Modelar Repartir Analisar Cooperar Executar Montar Reproduzir Anotar Correr Experiência Multiplicar Resolver Argumentar Costurar Expressar Narrar Responder Armar Criticar Extrair Nomear Resumir Atribuir Declamar Falar Operar Reunir Calcular Deduzir Flexionar Participar Riscar Cantar Definir Formular Pegar Saltar Caracterizar Demonstrar Generalizar Pintar Saltitar Circular Descrever Grafar Planejar Separar Citar Desenhar Grifar Pontuar Simplificar Classificar Destacar Hipótese Preparar Sintetizar Colaborar Destacar Identificar Pronunciar Solucionar Colar Determinar Ilustrar Propor Sublinhar Coletar Discutir Indicar Reagrupar Tabular Colorir Dividir Inventar Realizar Tocar Comentar Dramatizar Juntar Rebater Traçar Comparação Elaborar Justificar Recordar Traduzir Comparar Encenar Lançar Recordar Transformar Competir Enumerar Ler Redigir Usar Completar Esboçar Listar Reduzir Verbalizar Construir Escrever Localizar Relacionar Verificar Contribuir Especificar Manipular

Verbos, segundo a Taxionomia de Bloom para o domínio cognitivo Domínio: Conhecimento

Apontar Nomear Definir Recortar Enunciar Registrar Inscrever Relacionar Marcar Relatar

Domínio: Compreensão

Descrever Localizar Transcrever Discutir Narrar Explicar Reafirmar Expressar Revisar Identificar Traduzir

Domínio: Aplicação

Aplicar Ilustrar Traçar Demonstrar Interferir Dramatizar Inventariar Empregar Operar Esboçar Praticar

Page 22: Os Objetivos Educacionais e o Planejamento de Ensino

22

Domínio: Análise

Analisar Contrastar Examinar Averiguar Criticar Experimentar Calcular Debater Investigar Categorizar Diferenciar Provar Comparar Distinguir Verificar

Domínio: Síntese Compor Esquematizar Propor Conjugar Formular Coordenar Organizar Criar Planejar Erigir Prestar

Domínio: Avaliação Avaliar Julgar Taxar Escolher Medir Validar Estimar Selecionar Valorizar