os desafios da escola pÚblica paranaense na … · a metodologia do ensino da arte ... prática da...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · A metodologia do ensino da Arte ... prática da serigrafia. todas as etapas dessa produção didática estão preparadas para dialogar

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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GRAVURAnaHISTÓRIA 1

históriaGraVUraNA

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GRAVURAnaHISTÓRIA2

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GRAVURAnaHISTÓRIA 3

Simone Tissot Bastos JoséProfessora – PDe

Renato TorresProfessor Ms. orientaDor – eMBaP

Sonia OleskoviczDiagraMação e arte

Zélia Maria Serenorevisão

Nelson Hohmannfotografia Das oBras Da série recortes

Simone Tissot Bastos Joséfotografia Das DeMais iMagens

Agradecimentos

agradeço aos funcionários do solar do Barão – Museu da gravura da cidade de curitiba que muito contribuíram para a elaboração deste material, em especial aos orientadores dos ateliês nelson Hohmann, Denise roman e andréia Las. agradeço também ao Museu Lasar segall que gentilmente cedeu os direitos autorais da imagem “emigrantes com Lua”. agradeço ao Presidente conselheiro oscar alves e à coor-denadora da assessoria Larice Klichovski, do conselho esta-dual de educação do Paraná que permitiram que eu aliasse o trabalho ao estudo no PDe. agradeço à equipe do ceeBJa Paulo freire pela acolhida. agradeço ainda, à minha família e a todos que contribuíram de maneira direta e indireta para a elaboração desta Unidade Didática.

históriaGraVUraNA

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GRAVURAnaHISTÓRIA4

Título:

Autor:

Disciplina/Área:

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização:

Município da escola:

Núcleo Regional de Educação:

Professor Orientador:

Instituição de Ensino Superior:

Resumo:

Palavras-chave:

Formato do Material Didático:

Público:

Artes Visuais – Gravura

Simone Tissot Bastos José

Arte

Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos

Paulo Freire

Rua Almirante Gonçalves, 1423 - Rebouças

Curitiba

Curitiba

Prof. Ms. Renato Torres

EMBAP – Faculdade de Música e Belas Artes do Paraná

A escolha do presente tema deve-se à necessidade de tornar o ensino de Arte mais significativo para o aluno jovem e adulto, tendo em vista as características deste alunado, geralmente trabalhador. Para tanto, optou-se por explorar o cotidiano do aluno, para que este se expresse por meio da Arte e socialize suas vivências. A linguagem a ser trabalhada será a gravura, objetivando o conhecimento de novos materiais e procedimentos artísticos, de modo que este aluno produza trabalhos no contexto de seu cotidiano, valorizando assim sua própria cultura. Este tema tem como objetivos encontrar possibilidades metodológicas para despertar o interesse do jovem e do adulto pelas Artes Visuais, refletir sobre a relação entre os processos de ensino-aprendizagem e a cultura local. Busca-se, também, identificar aspectos técnicos e históricos da gravura que podem ser trabalhados na educação de jovens e adultos de maneira significativa. A metodologia do ensino da Arte abrangerá a história da gravura, suas principais técnicas, bem como orientações metodológicas para o professor interessado em desenvolver trabalhos relacionados ao tema.

gravura, serigrafia, artes visuais, história da gravura

Unidade Didático Pedagógica

alunos do 6º ao 9º ano – Ensino Fundamental/EJA

Ficha para identiFicação da prodUção didático-pedaGóGica •  tUrma 2013

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GRAVURAnaHISTÓRIA 5

esta Unidade Didática tem a finalidade de intro-duzir o aluno ao universo da gravura. este material é destinado a educandos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental da educação de Jovens e adultos.

o trabalho em referência tem a pretensão de aproximar o cotidiano do aluno, partindo de suas vivências para o desenvolvimento de imagens du-rante sua aprendizagem sobre gravura de arte.

está dividido em “gravura no Mundo”, “gra-vura no Brasil” e “gravura no Paraná”. apresenta também atividades ao aluno que proporcionarão a prática da serigrafia.

todas as etapas dessa produção didática estão preparadas para dialogar com o cotidiano do alu-no. os aspectos históricos contemplam tanto a re-lação entre gravura e sociedade, por meio da apre-sentação de avanços técnicos e aplicação no meio comercial, quanto o destaque para características estéticas das produções artísticas.

seja no mundo, no Brasil ou mais pontualmen-te no Paraná, o desenvolvimento da gravura segue uma trajetória muito semelhante, surgindo com finalidades gráficas comerciais e mais tarde des-pertando o interesse dos artistas para o desenvol-vimento de suas poéticas. tais produções reforçam os objetivos desta Unidade Didática em estreitar as relações entre arte e vida.

apresentação

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GRAVURAnaHISTÓRIA6

você alguma vez trabalhou com gravura? em que momento?conhece ou se lembra desta técnica?Para você, gravura é algo recente ou não?

Para começar, vamos discutir sobre as primeiras gravações. alguns autores até diferenciam as pinturas rupestres das gravuras rupestres por considerarem as ranhuras deixadas na rocha diferentes das marcas de tinta. gravar é uma atividade que acontece desde os tempos mais remotos. na região litorânea de santa catarina, há registro de gravuras rupestres feitas há milhares de anos por homens pré-históricos, que deixaram sua marca nas rochas deste local.

as gravuras rupestres são conhecidas desde o século XiX, porém os pri-meiros estudos se realizaram no século XX, a partir das pesquisas do Padre rohr. no Museu do Homem do sambaqui encontram-se duas gravuras re-tiradas da Ponta das campanhas da armação do Pântano do sul e outra da ilha dos corais.

Pinturas rupestres: caverna de Lascaux, françaDisponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lascaux>acesso em: outubro. 2013

mUndoGraVUra

No

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GRAVURAnaHISTÓRIA 7

no Brasil existem pinturas e gravuras rupestres em sítios arqueológicos, como: serra da capivara/sc, Urubici/sc, guartelá/Pr e Piraí do sul/Pr. en-tretanto, a gravura como conhecemos hoje surgiu em outro momento his-tórico. Para elaborar uma breve história da gravura, foram consultados os autores fajardo (1999), costella (2006), Martins (1987), andrade e torres (2009) e osinski (1998).

no universo da gravura, quatro grandes grupos se destacam quanto à maneira como são produzidas as imagens: a xilogravura, feita a partir da ma-deira; a litografia, feita em matriz de pedra; a gravura em metal e, por fim, a serigrafia, feita a partir de uma tela.

pintUra rUpestre

oU GraVUra rUpestre?

“a designação “pinturas rupestres” ou “desenhos” não

é apropriada, dando uma ideia totalmente falsa do material

e da técnica (como se o fundo fosse papel ou tela). nessas

imagens pré-históricas trata-se de gravações monumentais,

de sulcos que foram cavados diretamente na rocha da ca-

verna – pedra contra pedra – , os sulcos formulando as li-

nhas de contorno da figura do animal. tais incisões, assim

como também as áreas internas da imagem, eram cheias

com uma mistura de pigmentos naturais e gordura animal,

em três cores: preto, vermelho e ocre (o preto era obtido

de carvão vegetal e de ossos carbonizados, o vermelho de

óxido de ferro encontrado no chão, e os ocres eram as pró-

prias terras), produzindo um colorido intenso ou, quando

esfregados na rocha úmida, tons delicadamente matizados.

aliás, vale frisar que muitas imagens são em baixo-relevo,

aproveitando-se saliências ou fissuras na rocha para me-

lhor caracterizar a corporeidade do animal. é possível, ou

até provável, que já de início tais acidentes topográficos na

superfície rochosa tenham sugerido a própria imagem do

animal”. (ostroWer, 1998, p. 269).

Para saBer Mais:www.do.ufgd.edu.br/rodrigoaguiar/catalogorupestresc.pdf

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GRAVURAnaHISTÓRIA8

a mais antiga das gravuras é a xilogravura, e sua técnica é também a mais simples. a palavra xilogravura vem de xylon (do grego), que significa madeira, e grapheim (do grego), que quer dizer escrever. existem tipos de madeiras mais adequados para o trabalho com xilogravura, como a peroba rosa e a peroba do campo, entre outras.

Desde o século ii, a gravação em madeira (xilogravura) é conhecida na china. acredita-se que a xilogravura inicialmente era impressa em tecidos e mais tarde em papel. a mais antiga xilogravura em papel ilustrou um exem-plar da oração budista sutra de Diamante, na china.

anônimoBaralho francês

xilogravura, 1470

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GRAVURAnaHISTÓRIA 9

nesta época, foram feitas também impressões em tecidos e toalhas de altar. a impressão tabular se impõe a partir do século Xv, em substituição ao manuscrito e à iluminura, possibilitando divulgar e democratizar o co-nhecimento da época. na metade do século Xv surge a gravura em metal, utilizando-se a prensa. seu início esteve ligado ao profissional que trabalha-va com joias, o ourives.

anônimosão cristóvão

xilogravura, 1423

os europeus utilizavam o pergaminho para escrever e desenhar, porém eram difíceis de manipular e eram menos duráveis. Durante a batalha de atlah, entre os prisioneiros capturados pelos árabes estavam os fabricantes de papel, que detinham este segredo. foi nesta época, então, que o papel chegou à europa, em meados do século Xiv.

ao final do século Xiv surge a gravura na europa. a única forma conheci-da era a xilogravura. a impressão de livros era feita com esta técnica. a ima-gem de são cristóvão, que foi a primeira xilogravura produzida na europa, está conservada até hoje na inglaterra.

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GRAVURAnaHISTÓRIA10

em 1513 foi descoberta a “água forte” por Urs graf. esta técnica utiliza uma chapa metálica que é coberta com um verniz impermeabilizante, de-pois o desenho é feito com uma ponta de metal, que remove o verniz onde está o traço. após, a chapa é mergulhada num ácido que ataca a parte ex-posta pelo traçado gravando assim o desenho.

camponeses da dança,suíca, Urs graf,1525

o grafismo é muito valorizado na arte alemã, “surgem então feiras de gravuras alemãs nos Países Baixos e na itália”, pois havia possibilidade de comercializar as obras a preços baixos.

material de gravura em metal

- brunidores - limas- afiador de buril - ponta seca- buril faca - berceaux- almofada de apoio - buril losango- buril raiado

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GRAVURAnaHISTÓRIA 11

os materiais utilizados na xilogravura são o buril, as goivas, os formões e as facas; com estes instrumentos escava-se a madeira, for-mando a matriz. Para entintar usam-se tinta e rolos, e para a seca-gem pregadores de roupa e varal.

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GRAVURAnaHISTÓRIA12

na litografia as pedras utilizadas são placas retangulares de diferentes dimensões, na maioria das vezes oriundas da alemanha e da rússia. Depen-dendo do tom da pedra podemos avaliar sua qualidade. a pedra cinza possui granulação mais suave do que a amarela, possibilitando a realização de tra-balhos delicados, com variações de tons. o processo de gravação acontece por reação química, o lápis gorduroso grava as imagens na pedra.

a matriz utilizada na serigrafia constitui-se de uma tela esticada em um bastidor ou chassi de madeira. esta tela originalmente foi de seda, posterior-mente passaram a utilizar organdi, poliéster, nylon e outros sintéticos.

na serigrafia, a estampa é obtida por meio do rolo compressor de tinta, que a faz passar através das partes vazadas de uma tela de nylon. a tinta é espalhada pelo rodo.

Processo de preparação da pedra (granitagem)

grãos (carborundum) usados para granitagem

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GRAVURAnaHISTÓRIA 13

BrasilGraVUra

No

a história oficial da gravura em nosso país começou em 1808, com a vin-da da família real e da corte portuguesa para a colônia, pois a imprensa era proibida pelos portugueses. antes disso, a xilogravura era usada no nordes-te com várias finalidades conforme a região, devido ao seu custo baixo e à simplicidade.

nesta mesma época foram criadas bibliotecas e tipografias. inaugurou-se a imprensa régia com material trazido de Portugal. instalaram-se o arquivo Militar e o colégio das fábricas, que tinha uma fábrica de cartas de jogo e uma estamparia de chitas, por ser um tecido popular e barato. após a libe-ração da atividade de impressão, foram criados centros para formar mão de obra especializada. a xilogravura foi muito utilizada em anúncios e ilustra-ções de jornais.

Depois surgiram as técnicas de gravura em metal e a litografia, que ocu-param o lugar de destaque que era anteriormente da xilogravura. o trabalho dos documentaristas, que faziam paisagens e desenho botânico, era amplia-do pela gravura, por conseguir realizar este trabalho de forma mais elabora-da. assim, os gravadores da casa da Moeda tiveram papel importante para fixar a profissão de gravador, e eles utilizavam a técnica de madeira de topo.

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GRAVURAnaHISTÓRIA14

1843-1910 – auge da litografia, com 280 litógrafos

século XX – oswaldo goeldi e Lívio abramo foram os artistas pioneiros no trabalho com xilogravura em madeira de fio¹. carlos oswald, Lasar segall e axel Leskoschek foram os artistas estrangeiros que influenciaram a xilogravura brasileira.

¹ Madeira de fio - é a prancha ou chapa utilizada na xilogravura, cujo sistema de corte se dá no sentido dos veios da madeira (verticalmente em relação ao tronco da árvore), tornando-a mais macia e fácil de trabalhar pelo artista. o trabalho realizado neste tipo de madeira é conhecido como xilografia ao fio.

1914-1918 – Primeira guerra Mundial – Muitos artistas deixaram a europa e vieram para o Brasil, e incentivaram a arte da gravura e tiveram discípulos brasileiros.

1924 – Lasar segall vem para o Brasil definitivamente, trazendo seu trabalho no movimento expressionista alemão. entre seus principais temas destaca-se o sofrimento dos judeus.

1816 – chegada da Missão artística francesa – as artes foram estimuladas.

fundada a academia nacional de Belas artes.

1821 – Jornal carioca Diário: “estampas e mapas litografados estão à venda a tabacaria da rua Direita, 11”

1826 – existiam no rio de Janeiro quatro prelos litográficos.

século XiX – o italiano angelo agostini (litogravador e caricaturista) trabalhou nas famosas revistas o tico-tico, o Malho e D. Quixote, e foi o criador da primeira revista em quadrinhos publicada no Brasil.

Breve levantamento das conquistas da gravura no Brasil:

Lasar SegallEmigrantes com lua

Xilogravura, 1891,Vilma – 1957

São Paulo

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GRAVURAnaHISTÓRIA 15

Havia dificuldade para comercializar as obras, pois existiam apenas ateliês e escolas, não havia galerias de arte. os artistas começaram a veicu-lar seu trabalho, após a criação de galerias, principalmente no eixo rio – são Paulo. Houve também a participação de gravadores na Bienal de são Paulo.

os artistas dos ateliês de gravura de Porto alegre, rio grande do sul e são Paulo trabalhavam temas políticos e dramáticos, reforçando os laços da arte com a realidade social. carlos scliar e glauco rodrigues foram artistas que se projetaram nesta época. Há que se destacar a importância das mu-lheres e sua atuação nas mais diversas técnicas de gravura.

no Brasil, a utilização da serigrafia na arte se deve à dedicação do ar-tista Dionísio del santo. experimentações anteriores já haviam acontecido, como os cartazes para o filme “orfeu da conceição”, que foram produzidos por carlos scliar, juntamente com Djanira, raimundo de oliveira e Luiz ven-tura, utilizando a serigrafia.

osvaldo goeldi, um expoente na gravura, nasceu no Brasil, mas viveu na suíça entre 1901 e 1919, onde entrou em contato com o expressionismo alemão. iniciou seu trabalho com madeira utilizando temas como o submundo da miséria, tratado com humanidade e também com exagero.

1926 – Lívio abramo, terceiro artista pioneiro na xilogravura artística, foi influenciado por segall e goeldi. iniciou seu trabalho marcado pela preocupação social, depois passou por um sentido mais formalista e geométrico, marcado por forte expressividade.

Décadas de 50 e 60 – adir Botelho, gravador e professor da escola de Belas artes da Universidade do rio de Janeiro, afirma que a gravura artística chegou ao seu ponto culminante.

Década de 50 - a serigrafia artística se estabeleceu, destacando-se o grande experimentador de técnicas Dionísio del santo, que criou sua própria linguagem a partir de elementos geométricos.

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GRAVURAnaHISTÓRIA16

Para melhor entendimento sobre o trabalho de gravura no estado, resga-tou-se o histórico do ensino da gravura no Paraná, com base no artigo intitu-lado “o ensino da gravura de arte no Paraná”, de andrade e torres. tema de extrema importância para o presente material, tendo em vista possibilitar ao educando jovem e adulto acesso a um conhecimento que contribua para a construção de sua identidade.

no início, assim como aconteceu em outros locais, a técnica de gravura esteve ligada ao avanço da imprensa. no entanto, a sua continuidade deu-se pelo interesse que os artistas tiveram em pesquisar e formar novos gravu-ristas.

“a gravura teve seu momento de destaque na história da arte do Paraná principalmente na década de 80, quando começaram as Mostras de gravura da cidade de curitiba, as quais ocasionaram repercussão nacional” (andra-de e torres, 2009, p. 4437).

o primeiro registro da gravura no ensino de arte no Paraná foi efetivado por meio de um convênio realizado entre a escola de artes e indústria e a oficina da litografia de figueiras.

o Paraná teve nomes importantes que mudaram os rumos da arte na ca-pital, tais como: alfredo andersen, frederico Lange de Morretes, estanislaw traple e rudolf Doubeck. nomes estes que realizaram as primeiras gravuras com intenção artística no Paraná, utilizando a litografia.

guido viaro chegou a curitiba e criou a primeira escolinha de arte do Brasil. foi também um dos professores que ajudaram a fundar a escola de Música e Belas artes do Paraná. seu trabalho foi importante tanto para crianças quanto para a formação de professores e artistas.

segundo depoimentos de alunos de viaro, os trabalhos de gravura eram realizados em prensas de padaria, e os de xilogravura eram feitos em madei-ras usadas para a fabricação de armários.

paranáGraVUra

No

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GRAVURAnaHISTÓRIA 17

Poty Lazzarotto foi um grande nome da gravura no estado do Paraná. Par-ticipou como ilustrador, junto com viaro, da publicação da revista Joaquim, revista de grande relevância para a arte e a cultura paranaenses.

Poty ministrou o primeiro curso de gravura em curitiba. entre os partici-pantes estavam: emma Koch, nilo Previdi, alcy Xavier e violeta franco.

Poty Lazzarotto nasceu em Curitiba a 29 de março de 1924 e faleceu em 08

de maio de 1998 na mesma cidade. Terminando o curso secundário, foi agracia-

do com bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, onde se formou em

1945. Foi aluno de Carlos Oswald, no Liceu de Artes e Ofícios, ocasião em que

recebeu do governo francês bolsa para se aperfeiçoar em Paris (1946/47).

Exposições individuais no Rio (1944 e 1948), São Paulo (1949), Salvador

(1950), Recife (1951). Em Curitiba, expôs no ano de 1948, sendo posteriormen-

te homenageado pelo governo paranaense com Salas Especiais no XVIII Salão

Paranaense (1961) e no 5° Salão de Arte Religiosa Brasileira, Londrina (1969).

Esteve no Xingu, em 1967, com os sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nutels,

ocasião em que fez cerca de 200 esboços sobre hábitos e costumes dos índios.

Realizou exposição em Bruxelas e Londres, promovidos em 1968 pelo MIC, e em

1969 em Washington, a convite do Itamarati, com uma coleção de talhas.

Em 1950 organizou o primeiro curso de gravura no Museu de Arte em São

Paulo, tendo também ministrado curso de gravura na Bahia (1951), Recife (1954)

e em Curitiba.Fonte: www.cultura.pr.gov.br

Acesso em: dezembro/2013

poty lazzarotto - BiogrAfiA

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GRAVURAnaHISTÓRIA18

Mais tarde, o clube da gravura foi formado por alunos dos cursos de gra-vura de Poty, que posteriormente passou a ser chamado centro de gravura.

em curitiba, alguns espaços foram importantes para o desenvolvimento da gravura, como o centro de criatividade de curitiba, que hoje não oferece mais esses cursos, e a casa da gravura no solar do Barão, que atualmente ainda oferta cursos livres de gravura, abrigando inclusive o Museu da gravu-ra da cidade de curitiba.

os cursos de gravura do solar do Barão são orientados por renomados artistas curitibanos: nelson edi Hohmann (serigrafia e xilogravura), andréia Las (gravura em metal e xilogravura) e Denise roman (gravura em metal-bu-ril e litografia), entre outros. em seguida serão apresentados alguns artistas e orientadores do solar do Barão – Museu da gravura da cidade de curitiba.

nelson edi hohmann

graduado em educação ar-tística (artes Plásticas), pela fa-culdade de artes do Paraná. Pos-sui Pós-graduação em “História da arte Moderna e contempo-rânea”, pela “escola de Música e Belas artes do Paraná” e em “educação fundamentada na arte”, pela Universidade tuiutí do Paraná – UtP.

atuou como Professor de “técnicas de gravura ii - serigra-fia; técnicas e exercícios de apli-cação, Universidade do oeste de

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GRAVURAnaHISTÓRIA 19

Hohmann, nelson, 2012. serigrafia sobre papel. título: Da série “recortes”, recorte sobre verde salmão.

santa catarina, Professor da disciplina de gravura ii, no curso de complemen-tação em artes visuais, na Universidade do contestado – sc.

Participou do 12° festival de inver-no de antonina da UfPr, da oficina de papelogravura para crianças e oficina de serigrafia para professores da rede pú-blica de ensino, do Projeto “oficinas in-tegradas de cultura”. atuou na coorde-nadoria do sistema estadual de Museus do Paraná: oficinas de Desenho, Pintura e gravura nas cidades de: Pato Branco, tupassi, capanema, astorga, Prudentó-polis e antonina/Pr.

Ministrou curso de serigrafia à base d’água para crianças e adolescentes; es-paço cultural atelier Pro-criar. Possui obras em acervo.

realizou diversas exposições indivi-duais e coletivas.

atualmente é orientador de Xilogra-vura e serigrafia no Museu da gravura da cidade de curitiba.

Hohmann, nelson, 2010. serigrafia sobre papel. título: Da série “recortes”, recorte sobre amarelo ovo.

Hohmann, nelson, 2010. serigrafia sobre papel. título: Da série “recortes”, recorte sobre azul verde.

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GRAVURAnaHISTÓRIA20

andréia las

formada em educação artística pela Universidade federal do Paraná. Participou de exposições individuais. recebeu prêmios como: 1º salão do Miniquadro, Uniarte 4 Universidade federal do Paraná, XiX salão de artes Plásticas da Primavera, 42º e 56º salão Paranaense, Prêmio Philip Morris de gravura – curitiba-Pr. Possui obras em vários acervos: Museu de arte con-temporânea do Paraná, Museu de arte de santa catarina, Palácio das artes, fundação Biblioteca nacional e Museu da gravura da cidade de curitiba.

atualmente é orientadora de serigrafia e Metal das oficinas do Museu da gravura da cidade de curitiba.

Las, andréia, 2013. artifício. gravura

em Metal, água forte, água tinta. 70

X 70 cm

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GRAVURAnaHISTÓRIA 21

roman, Denise, 2009. os passos das meninas, das mulheres, das bruxas. Litografia.

roman, Denise, 2005. sonhos no Jardim. Litografia.

formou-se em Pintura pela escola de Música e Belas artes do Paraná e realizou cursos de especialização em técnicas de gravura com vários artistas, entre eles fernando calderari, rosane slöeguel, Uiara Bartira, Luiz Hermano, Márcio Périco, orlando Dasilva, neocindo da rosa. foi ilustradora do jornal “o estado do Paraná” de 87 a 89. oficina de Litografia do Liceu de artes e ofícios, projeto da Prefeitura Municipal de curitiba, secretaria da criança e Projeto Piá, entre 1995 a 1996. realizou diversas exposições individuais e coletivas.

atualmente, é orientadora do ateliê de Litografia do Museu da gravura da cidade de curitiba desde 1987.

denise roman

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GRAVURAnaHISTÓRIA22

Processo de criação que utiliza um estêncil produzido em tecido de trama fina revestido por um filme ou emulsão que veda seletivamente a passagem da tinta, conforme a imagem nele estampada. esta camada é constituída de material fotossensível, que aceita as técnicas de reprodução fotomecâ-nica, mantendo, depois de revelada, apenas as áreas expostas. a imagem é, portanto, gravada a partir da transparência positiva, mas pode também ser criada por recorte da película. a tela, originalmente de nylon é presa a uma moldura e colocada sobre a superfície a ser impressa. esta última recebe a tinta que atravessa a tela nas partes desobstruídas, com o uso de um rodo, rolo ou pincel de cerdas rígidas. o trabalho pode ser composto de várias pas-sagens em ilimitadas combinações de cores, além de se adaptar a uma gran-de diversidade de superfícies, em tiragens artesanais ou em larga escala.

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/experiencias_educacionais/gravuraPDF/caderno_gravura.pdf

Acesso em: dezembro/2013

seriGraFia

como montar a tela de serigrafia?

• tela

• Morsa (sargento)

• grampeador de pressão manual

• tensor manual ou esticador,

• Martelo

• grampos para grampeador manual (106/6 ou 106/4)

• tecido 44 ou 77

MATERIAIS NEcESSÁRIOS PARA MONTAR uMA TElA DE SERIgRAfIA:

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GRAVURAnaHISTÓRIA 23

Martelar os grampos até ficarem no mesmo nível

Prender o sargento no bastidor de madeira

grampear o tecido no canto da tela

passo a passo para montar Uma

1

2

3

tela de seriGraFia:

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esticar o tecido e grampear um dos lados ender o sargento no bas-tidor de madeira

esticar a outra extremidade do tecido

grampear a outra extremidade

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Prender o tecido do outro lado da tela

grampear o restante da tela, até ficar totalmente esticada

recortar o que sobrou do tecido tela pronta

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colocar uma filha tamanho ofício no centro da tela

contornar a tela com um lápis

Misturar num copo: nove partes da emulsão fotossensível e uma parte de sensibilizador

1

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para impermeabilizar o tecido

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Passar a solução nas extremidades demarcadas com lápis, retirando o excesso com a espátula

secar no sol ou com secador

Prender a matriz numa dobradiça

4

5

1para entintar

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Dobrar um pedaço de fita crepe para colar no espaço que ficará a folha

colar ao lado do espaço demarcado pela guia.

colocar uma folha de papel sulfite (guia) com uma tira na vertical para marcar o espaço que ficará a folha2

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fechar a tela e colocar tinta na parte superior da tela

Preparar a folha que será utilizada como molde, guardar tanto a ma-triz vazada como o miolo

colocar a folha em baixo do molde, no lugar demarcado

5

6

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Puxar a tinta com o rodo, num ângulo de aproximadamente 450, num ritmo médio

retirar a primeira folha, colocar ao lado para secar, colocar a próxima folha e repetir os passos

Lavar a tela para ser reutilizada, com água e esponja

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materiais necessários para a serigrafia

• Tela

• avental

• escovão duro

• solvente (querosene, aguarrás ou álcool)

• varal para secagem das gravuras

• Pregadores de roupa

• Jornal velho

• rodos ou puxadores de borracha

• espátulas

• tintas

• Pincéis

• estopa de algodão branca

• fita crepe

• régua

• estilete

• Lápis

• caneta nanquim

• Papel para impressão

coloque numa panela:

• 2 colheres de sopa de arrozina,

• 2 copos de água e

• 1 colher de chá de pigmento de tinta líquida (marca xadrez, vendida em loja de materiais de construção). cores: amarelo ouro, azul médio e magenta.

experimente a tinta numa folha de papel e vá adicionando o pigmento até chegar na tonalidade desejada.

Leve ao fogo e misture tudo até ficar no ponto de mingau.

Deixe esfriar e está pronta!

Você saBe Fazer tinta com materiais alternatiVos?

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numeração e suas convenções

a numeração da gravura é representada por uma fração. o numerador se refere ao número dos exemplares e o denominador ao total de imagens.

P.a. (prova do artista) – o artista imprime um número de gravuras a mais, geralmente 10%, numeradas em algarismos romanos, que serão as suas provas.

P.c. (prova de cor) – orienta a aplicação da cor e as modificações que de-vem ser feitas antes do início da tiragem.

P.e. (prova de estado) – são feitas para demonstrar e orientar possíveis correções ou alterações.

P.i. (prova do impressor) – é a gravura que está com a matriz e a tinta perfeitas. é o exemplar aprovado pelo autor.

iMP – impressa pelo próprio artista, pois quando uma impressora a exe-cuta é recomendável que se coloque seu selo em relevo cego numa das bordas do papel.

H.c. (hors commerce) – exemplar fora do mercado, usado principalmente em doações para museus.

B.P.i. (bom para imprimir) – autorização do artista para imprimir.

numeração anotada em cada cópia em papel. o comprador sabe quantas cópias “originais” existem. 1/10, 2/10, 3/10 … 10/10.

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atiVidades

Mãos à obra!

visita ao solar do Barão – Museu da gravura

1 • Volta ao passado

PRODuçãO DE IMAgEM

você vai entrar na máquina do tempo, e o botão para selecionar a época à qual você vai ser transportado é acionado automaticamente. a primeira via-gem escolhida será para algum lugar no passado. você retornou ao seu pas-sado, que sensações você tem? (cheiros, imagens, sabores, alguma música).

agora faça uma composição escolhendo algo que represente esse passado, passe o desenho para o papel e depois faça o recorte, deixando espaços vazados.

esse será o molde que será entintado; para começar, utilize dez folhas de papel sulfite para imprimir suas cópias.

ExERcícIO DE REflExãO

Poty Lazzarotto foi um importante gravurista paranaense que retratou em suas obras o cotidiano, descrevendo o que via e o que acontecia à sua volta. em sua obra, na qual mostra um bonde, o artista utilizou a gravura em me-tal. se ele tivesse utilizado a serigrafia, com muitas cores, a ideia remeter ao passado seria a mesma? ele representaria a época em que viveu? comente e discuta com seus colegas sobre a produção da turma.

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2 • Rumo ao futuRo

PRODuçãO DE IMAgEM

no segundo dia dessa viagem você será lançado ao futuro. como viveremos daqui a dez anos? o que você pretende realizar? Qual será a sua contri-buição para o planeta? Que espécies de animais existirão? como estará a ciência?

faça uma composição representando a sua imagem de futuro.

recorte este desenho, mas apenas utilize o fundo do molde vazado para imprimir.

ExERcícIO DE REflExãO

andy Wahrol, famoso artista americano que utilizava conceitos da publicida-de em suas obras, com cores fortes e vibrantes, e retratou o rosto de figuras conhecidas como Pelé e elvis Presley, também realizou um trabalho sobre a fauna e a flora, com espécies em extinção. embora esta produção tenha sido realizada em 1964, 1965 e 1983, são obras que nos levam a refletir sobre o futuro. Discuta com sua turma sobre o universo cotidiano explorado pelo artista e o rigor na escolha das imagens.

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3 • ViVa o pResente

PRODuçãO DE IMAgEM

agora você descerá da máquina do tempo e voltará para o tempo presente. no dia de hoje, em todos os lugares em que passar redobre a sua obser-vação e colete materiais que chamaram a sua atenção de alguma maneira (um tecido, uma pena, uma folha de árvore) e leve-os para a sala de aula. faça uma composição utilizando esse material, que servirá de molde para a reprodução de imagens. você pode utilizar três cores de uma só vez, colo-cando um pouco de cada tinta na parte superior da tela.

ExERcícIO DE REflExãO

o artista mineiro rubem grilo realiza seus trabalhos a partir de sua própria experiência. ele produz gravuras observando o seu cotidiano para transfor-má-lo, utilizando sua imaginação. na xilogravura “chaleiras para recém-ca-sados”, projeta, de maneira bem-humorada, como seriam esses utensílios para os recém-casados. agora, discuta com seus colegas quais as caracterís-ticas do trabalho do autor que chamaram mais a sua atenção. Que outros materiais poderiam ser utilizados para o processo de criação de obras com materiais do nosso dia a dia?

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proFessor:Você pode tentar aproximar o conteúdo de arte ao universo do aluno.

nas atividades usaremos os seguintes momentos:

1) Produção de imagens que partem da sua experiência de vida.

2) reflexão sobre suas imagens e os artistas representados.

sugerimos partir de um diálogo com o aluno sobre temas relacionados às suas experiências de vida. Desse diálogo é possível produzir os esboços de imagens que serão desenvolvidas em serigrafia. em seguida, cada aluno escolherá uma das imagens de seus esboços e trabalhará na técnica de seri-grafia sugerida no cronograma de atividades.

Para finalizar, é aconselhável fazer uma reflexão ou criar uma discussão sobre as produções dos alunos.

caso sua escola tenha dificuldade em adquirir os materiais de serigrafia é possível trabalhar a gravura por meio das técnicas de frottage e estêncil. segue links para consulta:

www.itaucultural.org.br/experiencias_educacionais/gravuraPDf/caderno_gravura.pdf

jamacarteclube.wordpress.com/tag/monica-nador/

http://www.youtube.com/watch?v=lANwA4GYiE8 (Paredes Pinturas – Parte 2)

sempre que possível, faça visita a museus, espaços com exposições, mos-tras, bienais, como também utilize o acesso a sites, como:

www.arte.seed.pr.gov.br

artenaescola.org.br/midiateca

www.guiademidia.com.br (sugestões de sites de museus e espaços cultu-rais brasileiros)

http://www.arteducacao.pro.br/links/museus_internacionais.htm

www.museusegall.org.br

www.iberecamargo.org.br

http://www.casadaxilogravura.com.br

metodoloGia

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reFerências BiBlioGráFicas

anDraDe, vania Maria da silva e torres, renato. O ensino de gravura de arte no Paraná. in: congresso nacional de educação - educere, curiti-ba: 2009.

costeLLa, antônio f. Introdução à gravura e à sua História. editora Man-tiqueira. campos do Jordão: 2006.

Martins, itajahy. gravura: arte e técnica. são Paulo: fundação nestlé de cultura, 1987.

osinsKi, Dulce r. B. Ensino da arte: os pioneiros e a influência estratégi-ca da arte-educação em Curitiba, 1998.

ostroWer, fayga. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: edi-tora vozes, 2002.

ostroWer, fayga. A Sensibilidade do Intelecto: visões Paralelas de es-paço e tempo na arte e na ciência: a Beleza essencial. 7a ed. rio de Ja-neiro: editora campus, 1998.

revista oHUn – revista eletrônica do Programa de Pós-graduação em artes visuais da escola de Belas artes da UfBa. As Representações Ru-pestres do Estado de Santa catarina, Brasil. ano 2, nº 2, outubro 2005.

senac Dn, Oficinas: gravura/ elias fajardo, felipe sussekind e Márcio vale. rio de Janeiro: ed. senac nacional, 1999.

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