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1 Comunicação Organizacional e Espaços Fronteiriços: análise das escolhas linguísticas no site institucional da Unipampa Stefânia COSTA 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Resumo Observa-se questões relacionadas à interdependência entre comunicação organizacional e o contexto que a envolve, atentando-se para o caso da Universidade Federal do Pampa, localizada ao longo da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. Procura- se, então, apontamentos realizados por autores como Rudimar Baldissera e Nestor Canclíni, bem como informações sobre a língua enquanto prática sociocultural fronteiriça, para criar ferramentas conceituais de análise. Em seguida, direciona-se o olhar para o site da Unipampa e fazem-se breves colocações a respeito de o seu conteúdo estar todo em português. Acredita- se que disponibilizá-lo também em espanhol, mostrando que a Unipampa está aberta ao diálogo e reconhece a diversidade cultural, pode gerar possíveis identificações estratégicas entre a instituição e os espaços fronteiriços, resultando em retornos de imagem-conceito. Palavras-chave: Comunicação organizacional; Espaços fronteiriços; Práticas socioculturais; Língua; Unipampa. 1 Introdução Há alguns anos, acreditava-se em identidades fixas e estáveis. Quando se falava em identidades nacionais, por exemplo, partia-se da premissa de que existia uma pureza cultural capaz de unificar diferentes sujeitos por pertencerem à mesma nação. Hoje, porém, entende-se que essa visão do sujeito de identidade única e permanente está ultrapassada, pois o fenômeno da globalização trouxe consigo uma série de consequências, entre elas a possibilidade de os sujeitos estabelecerem contatos e identificações com as mais diversas culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, principalmente, nacionais. As teorias que agora dão suporte à comunicação organizacional visam responder positivamente a essas demandas propostas pelo novo entorno social: o da diversidade, da interdependência, do hibridismo, das línguas em contato, do pluralismo, das rápidas mudanças, do acúmulo de informação, enfim, das trocas culturais intensificadas pelos 1 Relações Públicas, Publicitária; Especialista em Comunicação Integrada de Marketing; Mestranda em Comunicação no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Técnica Administrativa da UFPel. E-mail: [email protected]

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1

Comunicação Organizacional e Espaços Fronteiriços:

análise das escolhas linguísticas no site institucional da Unipampa

Stefânia COSTA1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

Observa-se questões relacionadas à interdependência entre comunicação organizacional e o contexto que a envolve, atentando-se para o caso da Universidade Federal do Pampa, localizada ao longo da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. Procura-se, então, apontamentos realizados por autores como Rudimar Baldissera e Nestor Canclíni, bem como informações sobre a língua enquanto prática sociocultural fronteiriça, para criar ferramentas conceituais de análise. Em seguida, direciona-se o olhar para o site da Unipampa e fazem-se breves colocações a respeito de o seu conteúdo estar todo em português. Acredita-se que disponibilizá-lo também em espanhol, mostrando que a Unipampa está aberta ao diálogo e reconhece a diversidade cultural, pode gerar possíveis identificações estratégicas entre a instituição e os espaços fronteiriços, resultando em retornos de imagem-conceito. Palavras-chave: Comunicação organizacional; Espaços fronteiriços; Práticas socioculturais; Língua; Unipampa. 1 Introdução

Há alguns anos, acreditava-se em identidades fixas e estáveis. Quando se falava em

identidades nacionais, por exemplo, partia-se da premissa de que existia uma pureza cultural

capaz de unificar diferentes sujeitos por pertencerem à mesma nação. Hoje, porém, entende-se

que essa visão do sujeito de identidade única e permanente está ultrapassada, pois o fenômeno

da globalização trouxe consigo uma série de consequências, entre elas a possibilidade de os

sujeitos estabelecerem contatos e identificações com as mais diversas culturas étnicas, raciais,

linguísticas, religiosas e, principalmente, nacionais.

As teorias que agora dão suporte à comunicação organizacional visam responder

positivamente a essas demandas propostas pelo novo entorno social: o da diversidade, da

interdependência, do hibridismo, das línguas em contato, do pluralismo, das rápidas

mudanças, do acúmulo de informação, enfim, das trocas culturais intensificadas pelos

1 Relações Públicas, Publicitária; Especialista em Comunicação Integrada de Marketing; Mestranda em Comunicação no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Técnica Administrativa da UFPel. E-mail: [email protected]

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processos globalizantes. Nesse cenário, as organizações são compreendidas como agentes

sociais, afetando e sendo afetadas pela história, pelo contexto, pelas práticas socioculturais

existentes nos espaços onde atuam. Logo, a ideia de comunicação como o simples processo de

criação e transmissão (fluxo) de mensagens é superada pelo entendimento de que ela é

constitutiva das organizações, pois as próprias identidades organizacionais são o resultado da

interação dessas com as demais identidades existentes nos ambientes que as cercam.

Pensando-se nessas relações, adotam-se as fronteiras binacionais sul-rio-grandenses

como contextos de análise. São espaços “divididos” por linhas demarcatórias, que separam o

Rio Grande do Sul (Brasil) da Argentina e do Uruguai, mas historicamente coabitados e

partilhados por grupos de distintas nacionalidades. Entre as principais características

identitárias resultantes dos intercâmbios ali estabelecidos, estão os elementos linguísticos.

Nesses territórios fragmentados, há mais de um século a vida cotidiana é marcada pelo

contato do espanhol com o português, de forma que a língua se constitui como uma prática e

uma marca local. Quer-se, por conseguinte, verificar se as universidades atuantes nesses

espaços apoderam-se estrategicamente da língua enquanto prática sociocultural, estabelecendo

identificações mútuas com a alteridade e com o entorno através das escolhas linguísticas, a

fim de obterem retornos de imagem-conceito2, legitimando suas próprias identidades e

promovendo a integração/valorização com/do Outro.

Uma instituição de educação superior, atuante em espaços tão híbridos como os

fronteiriços, torna-se interessante objeto de análise. A escolha pela Fundação Universidade

Federal do Pampa3 – Unipampa se dá, portanto, em decorrência de seus campi estarem

distribuídos ao longo de dez cidades gaúchas, ambas situadas nas/ou perto das fronteiras

nacionais, como sugere a figura a seguir:

2 “[...] a noção de imagem-conceito é explicada como um construto simbólico, complexo e sintetizante, de caráter judicativo/caracterizante e provisório, realizada pela alteridade (recepção) mediante permanentes tensões dialógicas, dialéticas e recursivas, intra e entre uma diversidade de elementos-força, tais como as informações e as percepções sobre a identidade (algo/alguém), a capacidade de compreensão, a cultura, o imaginário, a psique, a história e o contexto estruturado”. (BALDISSERA apud BALDISSERA, 2009a, p.7) 3 Planície muito extensa, coberta de vegetação rasteira, na região meridional da América do Sul, especialmente Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. (MICHAELIS MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009.)

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(Fonte: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, 2013.)

Neste primeiro passo para uma pesquisa mais abrangente, olha-se apenas para o site

institucional e discutem-se as escolhas linguísticas ali explicitadas. A opção por este veículo

de comunicação resulta do reconhecimento de que atualmente as práticas comunicacionais

estão cada vez mais mediadas pela tecnologia. Não se tem o intuito de reduzir a comunicação

organizacional somente àquela série de mensagens tangíveis, planejadas e transmitidas aos

públicos, chamada de organização comunicada4, mas de iniciar um trabalho que futuramente

contemple também os processos informais (e complexos) de “construção e disputa de

sentidos”.

Apresenta-se, então, argumentos sobre as organizações e seus contextos, explica-se

como a língua se constitui como prática sociocultural fronteiriça, e, por fim, olha-se para o

site institucional da Unipampa a fim de averiguar se ela produz enunciados em português e/ou

espanhol e de fazer algumas considerações a respeito, trazendo-se inclusive breves colocações

sobre o papel das instituições de ensino no processo integracionista, intensificado por acordos

de livre comércio como o Mercosul.

2 Comunicação organizacional e contexto

Primeiramente, faz-se interessante explicar que contexto será aqui empregado como o

ambiente linguístico, social, cultural e psicológico – ao qual um texto responde e sobre o qual

ele opera. Ou seja, o contexto está estritamente baseado em relações e diretamente

4 “Processos formais, e, até, disciplinadores, da fala autorizada; àquilo que a organização seleciona de sua identidade, e, por meio de processos comunicacionais (estratégicos ou não), dá visibilidade objetivando retornos de imagem-conceito”. (BALDISSERA, 2009b, p.118)

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relacionado a elementos como língua(gem), discurso, produção e recepção de enunciados,

práticas sociais, dentre outros. Hoje em dia se reconhece que muito da produção de sentido

que ocorre por meio da língua depende do contexto (HANKS, 2008).

O conceito de cultura, também importante para o entendimento deste trabalho, tem

sido repensado nesse mesmo sentido. Thompson (2011, p.166) defende os fenômenos

culturais entendidos como “formas simbólicas em contextos estruturados”. Por conseguinte,

“a análise cultural pode ser pensada como o estudo da constituição significativa e da

contextualização social das formas simbólicas”. Deve ter como objetivo a lógica informal da

vida cotidiana em que os sujeitos e suas teias de significados estão em relação. Destaca-se

ainda o fato de a cultura fazer parte do sistema de significação onde a identidade adquire

sentido e de as interações culturais e identitárias serem viabilizadas pela comunicação.

Essas colocações estão bastante evidentes nas atuais pesquisas em comunicação

organizacional. Baldissera (2009, p.135) propõe “compreender/explicar a comunicação

organizacional como processo de construção e disputa de sentidos no âmbito das relações

organizacionais”. Neste caso, “as organizações são pensadas como sistemas auto-eco-

organizados/organizantes e a comunicação como seu principal processo/lugar

dinamizador/possibilitador”. Enquanto agentes sociais, as organizações apresentam-se como

resultados provisórios da cultura do grupo onde estão inseridas e, ao mesmo tempo,

influenciam a (re)elaboração da cultura e do imaginário desse grupo.

Assim, a comunicação pode ser entendida como produtora de sentido nas

organizações, e estas, como construções sociais e discursivas. Vizer e Carvalho (2009, p.150)

apresentam na noção de “cultivo social” a possibilidade de as organizações desenvolverem

práticas e dispositivos que assegurem o acesso a recursos estratégicos. Nesse movimento, a

comunicação adquire papel fundamental porque implica “[...] una apropiación socializada del

entorno a través de procesos y dispositivos cognitivos y expresivos que permiten ‘modelizar’

simbólica y linguisticamente los contextos y la experiencia colectiva de los Otros” (VIZER;

CARVALHO, 2009, p.151).

A partir dessa dialética Nós/Outros, a identidade organizacional também se torna fruto

da interação. Ela adquire importância na medida em que está diretamente relacionada à

efetividade do processo de recepção, assimilação e retroalimentação da organização pelos

mais variados grupos. Esse processo é viabilizado pela comunicação, agora entendida como

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um agente da construção mútua do espaço comum onde os sujeitos se relacionam entre eles e

com o mundo, constituindo reciprocamente as suas ações.

O espaço comum, ao tornar ativo o receptor, considera as diferenças daí resultantes e

favorece, por conseguinte, a construção de sentidos nos ambientes interno e externo das

organizações. A identidade organizacional é resultado desse processo construtivo. Por isso,

Baldissera (2007) indica dois movimentos: no primeiro, as organizações apreendem os

principais códigos culturais, responsáveis pela sensação de pertencimento a um grupo, e

elaboram um sistema de representações de modo a interagir com esse grupo; no segundo,

usam estrategicamente as informações obtidas com o intuito de se tornar uma referência,

institucionalizando-se. Como resultado possível desse jogo tem-se o reconhecimento da

organização por seus públicos e a legitimação de uma identidade organizacional coesa com o

entorno.

As universidades estão entre esses atores sociais, sendo constituídas em interação e

afetadas pelas práticas socioculturais estabelecidas no contexto onde atuam. Cabe, então,

refletir a respeito do importante papel que as instituições de ensino podem desempenhar ao se

apoderarem estrategicamente dessas práticas e, em seus esforços comunicacionais, não apenas

valorizarem a(s) cultura(s) e a(s) identidade(s), como obterem retornos de imagem-conceito.

3 O que são, afinal, os espaços fronteiriços?

Usualmente, fronteira é o limite que separa o terreno doméstico do internacional, é

onde termina o poder de um Estado e começa o de outro. Porém, para além desta dimensão,

compreendemos a fronteira como uma área onde se sobrepõem as influências socioculturais e

econômicas de dois países. Assim, não são aqui pensadas como limites e demarcações

territoriais, mas como estruturas sociais, espaços abertos e contínuos, com possibilidades de

intercâmbios diversos (de informações, de produtos, de relações...). “O espaço é um

cruzamento de móveis. É de certo modo animado pelo conjunto dos movimentos que aí se

desdobram”. Enfim, “é um lugar praticado”, assegura Certeau (2012, p.184). Por isso esses

locais de fluxos de bens e de pessoas, de contato e relações entre diferentes culturas são

chamados de espaços fronteiriços.

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São historicamente marcados pelo “entre-dois”, entre dois países, entre duas (ou mais)

línguas, entre dois Estados, entre duas culturas. Esses entrelaçamentos permitem falar em uma

identidade cultural fronteiriça. Ninguna identidad cultural aparece de la nada; todas son construidas de modo colectivo sobre las bases de la experiência, la memória, la tradición (que también puede ser construida e inventada), y una enorme variedad de prácticas y expresiones culturales, políticas y sociales. (SAID, 2005, p.39)

Não existem, por sua vez, culturas puras, raças puras, identidades homogêneas.

Segundo Canclini (2008, p.29), “as fronteiras rígidas estabelecidas pelos Estados modernos se

tornaram porosas. Poucas culturas podem ser agora descritas como unidades estáveis, com

limites precisos baseados na ocupação de um território delimitado”. As fronteiras entre países

são “contextos que condicionam os formatos, os estilos e as contradições específicas da

hibridação”. Daí surge o que Canclini (2008), Said (2005) e Hall (2011) chamam de culturas

híbridas, agora tão discutidas em virtude dos cruzamentos e misturas culturais resultantes da

globalização, mas já presentes na fronteira há mais de um século. Os sujeitos que partilham

esses espaços “devem aprender a habitar, no mínimo, duas identidades, a falar duas

linguagens culturais, a traduzir e a negociar entre elas”, afirma Hall (2011, p.90).

No caso dos espaços pampianos focados neste trabalho, eles foram povoados no final

do século XIX e começo do século XX, quando nasceram as cidades fronteiriças, justamente

umas em frente às outras, com o intuito de frear a expansão territorial, principalmente

portuguesa. Esses terrenos podem hoje ser compreendidos como “o resultado de lutas

fronteiriças, de demarcação de limites e de acampamentos militares” (PÉREZ-CARABALLO,

2011, p.54, tradução nossa). A miscigenação deriva, portanto, do encontro entre guaranis,

jesuítas, portugueses e espanhóis, sendo intensificada pela posterior chegada de outras

populações, como a palestina, por exemplo.

Como fruto da permanente interação e da quebra de barreiras, podemos citar as

famílias binacionais, os casamentos mistos, que por sua vez também apresentam

características próprias: “Con respecto a los derechos que se adquieren a través del

matrimonio el poder hacerlos efectivos lleva muchas veces a duplicar el acto matrimonial”

(BENTANCOR, 2009, p.120). Ao querer dar a dupla nacionalidade para os filhos, por

exemplo, precisa-se reconhecer o matrimônio de ambos os lados. É muito comum, então,

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famílias com integrantes das duas nacionalidades e é frequente que pessoas que moram num

lado da linha divisória trabalhem do outro.

O trabalho é, inclusive, historicamente determinante de outras práticas comuns no

pampa gaúcho, como o contrabando, apontado por Pérez-Caraballo (2011) como fonte de

renda de muitos habitantes das fronteiras. Normalmente em pequenas e médias escalas, é

percebido sobretudo como um “ganha-pão”, não necessariamente ilegal. Dorfman (2012,

p.109) observa o contrabando representado nas obras literárias “como estratégia de

sobrevivência da população diante de uma dinâmica histórica desterritorializante, e não como

crime ou contravenção”. Nesse sentido, estaria sobreposto à cultura da fronteira, seria uma

prática conectada com a condição fronteiriça.

É também curioso o fato de atualmente as cidades fronteiriças, principalmente do lado

brasileiro, possuírem suas economias fortalecidas por atividades com características

predominantemente urbanas, como o comércio, as universidades, as redes hoteleira e

imobiliária, mas ainda persistirem as práticas e o imaginário acerca de atividades como, por

exemplo, andar a cavalo, tomar chimarrão, comer muita carne e ouvir músicas folclóricas ou

tradicionalistas. Assim, a vida campeira é mais um elo entre as distintas nações que habitam a

região, bem como mais uma referência para o que batizamos aqui de identidade cultural

fronteiriça. O pampa é diluidor de fronteiras, território da liberdade, lugar de encontros amistosos e do Mercosul hoje, de guerras ferozes no passado, mas sempre imóvel e soberano, a ver sucederem-se as gerações e as fases da Lua [...]. Em sua majestosa amplidão das pradarias, o pampa chama-nos à ancestralidade, à terra, instituindo-se em território pleno de metáforas, de existência mais lírica do que real. Mas não só o poeta: mesmo o peão de estância vê com os olhos da alma o pasto que alimenta o gado; conhecemos bem aquela sua silenciosa imagem, ao entardecer, tomando mate em frente ao galpão com as vistas perdidas nas lonjuras. (BRASIL, 2002, p.128)

Brasil (2002) vê as cidades fronteiriças como datadas de vida própria, com suas

complexas redes de relações interpessoais e suas culturas específicas, mas fontes de diversas

representações (um tanto estilizadas) do pampa. O autor cita referências literárias ao afirmar

que o sujeito habitante dessas cidades mantém dentro de si permanente ambiguidade, não

apenas representada pelos elementos já citados, mas também, e principalmente, pelas práticas

linguísticas.

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4 A língua como prática sociocultural nos espaços de fronteira

O Uruguai e a Argentina têm o espanhol como língua oficial; o Brasil, o português.

Como as fronteiras são heterogêneas, o contato linguístico é inevitável. Conforme Müller e

Raddatz (2009, p.108), “na região da fronteira, presencia-se uma mescla linguística muito

grande, uma aceitação da língua do outro e a convivência rotineira sem predominância de um

ou de outro idioma”. É muito comum que uma pessoa fale em espanhol e a outra responda em

português, por exemplo, e vice-versa, bem como nos dialetos locais. As diferentes gerações demonstram que seus usos e falares independem de uma mecânica padronizada. A tradução do espanhol e do português não é literal, mas consequência da sociabilidade entre os povos e da tradição oral que se desenvolve nesse espaço. (MÜLLER E RADDATZ, 2009:108)

O bilinguismo5 reflete, por conseguinte, a capacidade de aceitar as diferenças, de

conviver com a diversidade cultural, e, sobretudo, de encontrar caminhos “alternativos” para a

integração e os intercâmbios. “A língua, elemento constitutivo de uma cultura, serve tanto

para a construção da identidade de um grupo sociocultural quanto também como um

instrumento de negociação e de tradução na relação com outras culturas” (FLEURI, 2010,

p.211). A aprendizagem da língua do outro, dessa forma, torna-se fator de construção da

própria identidade e da relação crítica com os outros.

Essa hibridez do linguajar pode ser percebida na própria literatura. O mapa das

comarcas literárias indica o pertencimento do Rio Grande do Sul ao Brasil e ao Pampa.

Segundo Dorfman (2012, p.107), isso pode ser entendido como “uma negação da suposta

congruência entre cultura e nacionalismo, onde a fronteira nacional delimitaria língua e

práticas culturais”. Em função disso, explica a autora: “A literatura da fronteira, produzida no

Rio Grande do Sul, carrega a ambiguidade de ser a um só tempo não nacional, mas

transnacional, identificada com o regionalismo tradicionalista”. Disso decorre a importância

dos glossários nas obras, explicando termos particulares da região.

Existem, no entanto, gírias ou expressões fronteiriças que não podem ser traduzidas

sob o risco de terem seus significados reduzidos. São entendidas somente por quem conhece o

5 Bilíngues são pessoas capazes de produzir enunciados significativos em duas ou mais línguas, de dominar pelo menos uma das habilidades linguísticas (leitura, fala, escrita, audição), de usar alternadamente várias línguas, etc. Logo, raramente possuem a mesma fluência em todas as línguas. (GROSJEAN 2008, p.42)

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contexto, por quem é da fronteira ou já estabeleceu relações com ela. Observa-se na mídia

muitos desses traços linguísticos: Ao ouvir com atenção uma emissora de rádio ou ler um jornal de uma região de fronteira, percebe-se que algumas expressões e elementos que aparecem no texto só se justificam ou são compreendidos dentro da cultural local. De certa forma, fazer rádio e fazer jornal dentro de um espaço binacional [...] corresponde não apenas a trabalhar com as informações desse lugar por meio da linguagem padrão, mas também levar em conta que, em si mesmo, o conteúdo do rádio e do jornal mostra-se como um produto dessa cultura, além de representá-la por meio dos fatos que relata. (MÜLLER E RADDATZ, 2009, p.108)

Não são somente algumas palavras diferentes que caracterizam esse “falar” distinto.

Como dito anteriormente, a encontro dos povos resultou na presença de dialetos, usualmente

chamados de portunhol/portuñol, os quais são a língua materna de muitos habitantes locais.

“Essa primeira língua, dita materna, mas que não engloba somente a mãe, como ainda a

família e a comunidade do individuo, seria a bagagem cultural constitutiva da personalidade e

da identidade do mesmo”, salienta Pérez-Cabarallo (2011, p.21, tradução nossa). Em virtude

disso, complementa a autora, “a língua estará carregada de afeto, de sentido e de

representações para o indivíduo que a fala”, razão por que muitos artistas continuam a

escrever e a cantar em portunhol com o argumento de que não conseguem expressar suas

emoções de outra forma.

Deduz-se, por fim, que, em suas manifestações orais e escritas, a língua está entre os

principais signos a serem explorados e investigados pelas organizações como meio

privilegiado de estabelecer relações e interações nos espaços fronteiriços. A negociação que

ocorre quando uma organização realiza suas escolhas linguísticas deve estar, portanto,

diretamente relacionada ao entorno e à cultura dos envolvidos nesse processo de construção

de sentido. No caso das organizações públicas como as universidades, elas teriam inclusive

um compromisso local em valorizar a diversidade cultural, pois, como explica Fleuri (2010),

o sistema de ensino precisa de uma radical transformação, superando sua estrutura disciplinar

monocultural e constituindo campos de relações entre sujeitos e culturas diferentes.

5 Aspectos linguísticos observados no site da Universidade Federal do Pampa

O site da Unipampa contém diversas informações relevantes sobre a universidade:

texto de apresentação, estrutura administrativa e acadêmica, localização, projeto institucional,

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identidade visual, processos seletivos, dúvidas frequentes, entre outras. As notícias,

atualizadas diariamente, podem ser lidas por campi ou de maneira abrangente.

A leitura do texto de apresentação permite identificar a Unipampa como mais uma

instituição federal, portanto pública, brasileira, localizada na metade sul do Rio Grande do Sul

e de ter por intuito a promoção do desenvolvimento regional e o estímulo aos jovens

estudantes para que ali permaneçam após graduados. Em nenhum momento, contudo, há

informações sobre ser essa uma região pampiana e fronteiriça. O próprio mapa exibido na

introdução deste trabalho, e que pode ser visualizado ao lado desse texto de apresentação, não

traz a fronteira representada, pois mostra apenas cidades do lado brasileiro e nenhuma

referência aos países vizinhos: Uruguai e Argentina.

Uma vez que, como visto anteriormente, são possíveis identificações múltiplas,

entende-se ser também viável a Unipampa apresentar-se como uma universidade localizada na

região da fronteira, com todas as peculiaridades simbólicas e culturais que esse espaço possui,

e mesmo assim manter suas demais identificações. Ao encontro dessas colocações, pode-se

citar Müller et al (2007, p.12): “priorizar respostas próprias, considerando a identidade das

populações em questão [...], parecem ser os desafios para as organizações e populações das

fronteiras, em especial das fronteiras nacionais”. As autoras lembram que “possíveis conflitos

podem ser problematizados através da comunicação e de organizações comprometidas com as

situações locais”.

O site da Unipampa, bem como o texto que diz a que veio, disponibiliza seu conteúdo

somente em português, língua oficial do Brasil. Todavia, onde estão distribuídos seus campi,

o português convive de forma harmônica com o espanhol. A mídia, segundo pesquisa

desenvolvida por Müller e Raddatz (2009), legitima essas práticas linguísticas. As emissoras

de rádio e os jornais locais já compreenderam a importância de valorizar as marcas do lugar,

e, através da língua, fortalecem sua função como meios de comunicação, como organizações e

como partícipes do processo integracionista. A universidade em questão não parece se

apoderar da língua dessa mesma forma.

Considera-se também significante o fato de ela oferecer, através do Processo Seletivo

Específico para Candidatos Uruguaios Fronteiriços, vagas reservadas nos cursos de graduação

aos estudantes que possuam o “documento especial de fronteiriço” e o comprovante de

residência uruguaia. Já os editais para cursos de pós-graduação estão abertos aos estudantes

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estrangeiros em geral. Esses dados, e todos os demais que possam interessar aos habitantes da

zona de fronteira, estão disponíveis no site da Unipampa somente em português. No entanto, o

fato de existir essas vagas para fronteiriços indica que a instituição não está de “olhos”

totalmente fechados para o contexto.

Ao encontro desta discussão, Fleuri (2010) faz colocações muito ricas sobre a escola

como campo de mediação cultural. Enquanto instituição, a escola teria sido estruturada pela

sujeição, exclusão e hierarquização, estando carente do que o autor chama de “educação

intercultural”. Esta seria possível na medida em que as bases monoculturais fossem superadas

e campos de relações entre sujeitos e culturas diferentes fossem estabelecidos. “Ao mesmo

tempo em que constitui um processo de transmissão, de reprodução da cultura nacional,

dominante; a escola também serve para reproduzir ou consolidar as culturas locais”. Entende-

se, a partir disso, que a Unipampa seria uma mediadora cultural na medida em que

estabelecesse “formas de reprodução, de comunicação e de tradução entre a cultura nacional

envolvente e as culturas locais” (FLEURI, 2010, p. 212). A escolha linguística, pelo que se

viu até agora, estaria entre as possibilidades de aproximação com a cultura local.

O próprio Tratado de Assunção (1991), ao constituir um mercado comum entre a

República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a

República do Uruguai, conhecido por Mercosul, aponta, no Artigo 17°, o espanhol e o

português como línguas oficiais do novo bloco consolidado. La existencia de una multiplicidad y pluralidad lingüística implica en la necesidad de delimitar las lenguas presentes mayoritariamente, u oficialmente en el nuevo territorio constituido, sin que ello implique en una intervención en la soberania lingüística de los países, para que se las entienda como lenguas de comunicación, y quizá un poco más arriesgadamente se podría adoptar el planteamiento de lenguas de integración, dado que no serían propriamente lenguas que ocupen um espacio de disputa lingüístico, sino propiciar una aproximación sócio-cultural. (BARREDA, 2010, p. 215)

O Mercosul, desse ponto de vista, não teria o intuito de confundir integração com

homogeneização. Tudo indica sua intenção de promover o desenvolvimento regional

primeiramente reconhecendo as diferenças, como as linguísticas, e encontrando soluções para

garantir os intercâmbios. Supõe-se que as organizações devam caminhar nessa mesma

direção, principalmente as atuantes nos espaços fronteiriços onde se dá o encontro “físico”

desses países.

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Escolhas linguísticas que contemplassem ao menos o português e o espanhol

poderiam, assim, ser um dos passos estratégicos dados pela Unipampa em direção a um

movimento maior através do qual outros aspectos da identidade cultural fronteiriça fossem

resgatados. Estratégico porque ao mesmo tempo em que mostraria preocupação em não impor

a língua nacional como única possibilidade para o diálogo, valorizaria uma das principais

características da fronteira – o bilinguismo - e colaboraria para que a integração não ocorresse

somente no nível econômico, mas também sociocultural. Como diz Baldissera (2007, p.240),

“com bons níveis de simpatia, a organização tende a tornar-se uma poderosa fonte de

significação para os públicos”.

6 Considerações finais

Não se pode traçar conclusões nem afirmar com propriedade que a identidade

organizacional da Unipampa não está também ancorada na identidade fronteiriça, pois são

muitas as relações envolvidas no processo de construção da identidade. Ressalta-se, contudo,

que uma das dimensões da comunicação estratégica é exatamente sua capacidade de

aproximar e de promover a adaptação entre organização e seu entorno.

Dessa forma, talvez a Unipampa reconheça o contexto fronteiriço e já realize

importantes trocas com este, mas ainda não o tenha olhado estrategicamente, destacando

atributos coerentes com a identidade local, servindo de mediadora cultural, produzindo

“formas simbólicas” no intuito de promover mais intercâmbios e entrelaçamentos entre a

cultura organizacional e a cultura local. Esses esforços podem, sem dúvida, dar retorno

positivo ao processo de construção da sua imagem-conceito institucional.

Cabe, por fim, lembrar que os atuais acordos entre os países sul-americanos, como o

caso do Mercosul, preconizam a integração e a valorização da diversidade. As organizações,

como atores sociais, não estão isentas de responsabilidade nesse processo integracionista.

Assim, devem-se preocupar com uma gestão democrática, promovendo o reconhecimento das

diferenças e a aceitação do Outro e entendendo que suas próprias identidades também são

resultado desse rico contato. A comunicação apresenta-se, portanto, “como lugar e meio para

que os sujeitos possam se realizar como diversidade, atualizando suas ideias, seus

pensamentos, suas concepções e/ou suas diferenças sem que uns se sobreponham aos outros”

(BALDISSERA, 2009, p.143).

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Talvez nas práticas cotidianas e nos contatos interpessoais não mediados pela

tecnologia, isto é, nos discursos não oficiais e planejados, a diversidade linguística já esteja

presente, pois essa relação com o contexto, como visto na revisão bibliográfica, é bem mais

complexa e determinante da comunicação organizacional do que se imagina. Sem dúvida

tornar-se uma organização oficialmente bilíngue não é o único esforço que a Unipampa pode

fazer para mostrar que está aberta ao diálogo, mas é um passo interessante para uma

universidade ainda “jovem” (apenas cinco anos) e que, como todas as demais instituições

educacionais, tem indiscutível papel na promoção da integração e da harmonia entre os povos.

E será cobrada por isso.

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