estratégias de comunicação para evidenciação de práticas...

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1 Estratégias de comunicação para evidenciação de práticas sustentáveis em uma empresa de turismo rural 1 Julio Cesar SCHEID² Jane de Fátima Foliatti SCHEID³ Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS Resumo O trabalho apresenta estratégias de comunicação para evidenciar práticas ambientais de um empreendimento de turismo rural, com levantamento de dados da formação da mata ciliar em local crítico de propriedade da empresa, comparativo fotográfico do local, antes da implantação das ações de proteção do riacho e melhoramento do ambiente em questão. Os resultados servem de exemplos a serem difundidos e praticados em outras organizações e junto a sociedade, pois não necessitam de investimentos consideráveis e constitui um meio de ter-se um desenvolvimento sustentável. As práticas, segundo o trabalho devem ter ações comunicacionais. O desenvolvimento de estratégias como proposta no estudo tem o caráter de difundir filosofia e práticas sustentáveis. Palavras-chave Estratégias de comunicação; Comunicação institucional; Sustentabilidade; Ecoturismo. 1. Introdução O relacionamento das organizações com o público depende de uma série de ações comunicacionais. Para isto, deve conter em suas intenções estratégicas, o compromisso em difundir ações benéficas à sociedade e também assumir juntos às partes interessadas, os pontos fracos, dirigindo ações para diminuí-las e mantendo canais abertos, propícios ao diálogo com estas partes. As ações éticas trazem boas consequências para os negócios, atendem aos fins almejados pela atividade empresarial e geram benefícios à sociedade. Como efeito, cria- se um modelo de empresa consciente, voltada não apenas para a busca de lucro, mas 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Estudos da recepção do IV SIPECOM - Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação 2 Estudante de mestrado. Eng. Prod. -. UFSM, Jornalista, email: [email protected] . 3 Estudante de mestrado. Eng. Prod. UFSM, Administradora , email: [email protected]

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Estratégias de comunicação para evidenciação de práticas sustentáveis em uma

empresa de turismo rural1

Julio Cesar SCHEID²

Jane de Fátima Foliatti SCHEID³ Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS

Resumo

O trabalho apresenta estratégias de comunicação para evidenciar práticas ambientais de

um empreendimento de turismo rural, com levantamento de dados da formação da mata

ciliar em local crítico de propriedade da empresa, comparativo fotográfico do local,

antes da implantação das ações de proteção do riacho e melhoramento do ambiente em

questão. Os resultados servem de exemplos a serem difundidos e praticados em outras

organizações e junto a sociedade, pois não necessitam de investimentos consideráveis e

constitui um meio de ter-se um desenvolvimento sustentável. As práticas, segundo o

trabalho devem ter ações comunicacionais. O desenvolvimento de estratégias como

proposta no estudo tem o caráter de difundir filosofia e práticas sustentáveis.

Palavras-chave

Estratégias de comunicação; Comunicação institucional; Sustentabilidade; Ecoturismo.

1. Introdução

O relacionamento das organizações com o público depende de uma série de ações

comunicacionais. Para isto, deve conter em suas intenções estratégicas, o compromisso

em difundir ações benéficas à sociedade e também assumir juntos às partes interessadas,

os pontos fracos, dirigindo ações para diminuí-las e mantendo canais abertos, propícios

ao diálogo com estas partes.

As ações éticas trazem boas consequências para os negócios, atendem aos fins

almejados pela atividade empresarial e geram benefícios à sociedade. Como efeito, cria-

se um modelo de empresa consciente, voltada não apenas para a busca de lucro, mas

1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Estudos da recepção do IV SIPECOM - Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação 2 Estudante de mestrado. Eng. Prod. -. UFSM, Jornalista, email: [email protected].

3 Estudante de mestrado. Eng. Prod. – UFSM, Administradora , email: [email protected]

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principalmente para a promoção do bem-estar, da responsabilidade social e do equilíbrio

ambiental. A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais

que ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou o meio ambiente

como um dos princípios mais fundamentais do homem moderno (TACHIZAWA,

2006).

Sabe-se que desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da

geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras

gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Na Declaração

do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), o desenvolvimento sustentável

está relacionado, principalmente, em dois momentos: Princípio 4 - Para se alcançar o

desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte

integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente em

relação a ele, e; Princípio 8 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma melhor

qualidade de vida para todas as pessoas, os Estados deveriam reduzir e eliminar os

sistemas de produção e consumo não sustentáveis e fomentar políticas demográficas

apropriadas. Logo, identifica-se que para obter-se este tipo de desenvolvimento faz-se

necessário uma responsabilidade social. A realização de ações de caráter social não é

uma prática tão recente no meio empresarial. Porém, somente no final dos anos 60 e

início da década de 70, tanto nos Estados Unidos da América (EUA), quanto em parte

da Europa, que uma atuação voltada para o social ganhou destaque, basicamente, como

respostas às novas reivindicações de alguns setores da sociedade que levaram para o

universo das empresas diversas demandas por transformação na atuação corporativa

tradicional voltada estritamente para o econômico (TORRES, 2003).

Dentre os mais diversos tipos e segmentos de empresas que praticam o desenvolvimento

sustentável, destacam-se aquelas que incentivam a prática de ecoturismo e promovem

ações que fortaleça esta prática, como por exemplo, o reflorestamento e recuperação de

áreas degradadas.

O objetivo deste trabalho é, a partir da identificação das práticas de reflorestamento e

recuperação de área em uma empresa incentivadora de ecoturismo, localizada na Região

Central do Estado do Rio Grande do Sul definir e propor estratégias de comunicação

institucional que sejam instrumentos de evidenciação de práticas. A empresa estudada

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utiliza uma propriedade rural para desenvolvimento de suas práticas sustentáveis na

encosta da serra geral, região central do Rio Grande do Sul, localizada em um distrito de

referência em turismo cultural e ambiental. O trabalho de reconstrução da mata ciliar foi

em um riacho, importante em área de preservação permanente, afluente da bacia do rio

Jacuí. Nesse Cenário a organização optou em reconstruir de forma autônoma e natural,

parte significativa da paisagem das encostas, incluindo mata ciliar de riacho serrano.

Com isso, fundamentalmente propõe-se estratégias de comunicação das ações realizadas

com intuito de promover a sustentabilidade ambiental e social junto ao público.

Metodologicamente o estudo é caracterizado como de caso e o levantamento de dados

deu-se por meio de visitas ao local e acervo fotográfico.

2. Questões ambientais: desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e

ecoturismo.

Dentre as mais variadas definições relativas as práticas ambientais, cabe ressaltar as que

evidenciam a gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. “As políticas de gestão

permitem a efetivação do ideário ético na organização” (DUSKA, 2007). “A

Importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana é incontestável. Apesar

dos avanços tecnológicos, alguns elementos naturais são insubstituíveis”. Nesse sentido,

a prática sustentável na preservação e utilização dos recursos pode ser uma escolha

estratégica. A gestão da sustentabilidade empresarial pode representar uma atividade

estratégica do negócio, que minimiza riscos e ameaças oriundos do ambiente externo e

reforça a imagem de organização verde ou amigável ao planeta (PEREIRA, 2012). Essa

prática dá suporte econômico e social, valoriza o corporativo e gera dividendos aos

acionistas. Assim, tem-se a decisão estratégica de inovar constantemente em produtos e

serviços que atendam requisitos sustentáveis e mais, produzir com processos limpos e

ambientalmente corretos, propiciando valor ao negócio. Cada vez mais as organizações

encaram a gestão de uma forma dinâmica e resultante no aumento da competitividade.

Destaca-se o foco no cliente, através da geração de diferenciais entregando um produto

com valor e com funções benéficas a sociedade com aspectos de sustentabilidade (LEE

e SAEN, 2011). A definição de Desenvolvimento Sustentável é associar a forma

tradicional de administração de maximização dos lucros da empresa - através da

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comercialização de seus produtos e serviços – com a da melhoria do bem estar humano

e social e a perpetuação das condições ambientais, da qual a vida depende para sua

sobrevivência (NICHIOKA, 2008). Este autor também apresenta o tripé da

sustentabilidade, abordando o econômico, relacionado ao capital que dá respaldo para as

demais ações de sustentabilidade social e ambiental.

Ressalta-se que os consumidores de produtos e serviços estão mais atentos aos aspectos

ambientais decorrente das práticas, produção ou processo realizado pelas organizações

(VILELA JÚNIOR; DEMAJOROVIC, 2006). Um meio de retribuir algo de modo

sustentável a população é preservando ou reconstituindo áreas degradadas. Esses locais,

ainda, podem surgir como meio para que se divulgue e pratique o turismo sustentável

(Ecoturismo). O turismo de aventura é entendido como uma atividade correspondente

ao ecoturismo, porém, possui abrangência conceitual com suas características, aspectos

e atributos peculiares que lhe conferem identidade (BRASIL, 2009). O ecoturismo

como: “uma prática sustentável por natureza, pois demanda conservação da

biodiversidade e dos saberes tradicionais para existir”. Este pode ser definido “como

prática alternativa de desenvolvimento sustentável, pois utiliza os recursos naturais,

culturais e sociais de maneira racional, planejada, levando em conta a diversidade

humana, valorização dos conhecimentos tradicionais e conservação da riqueza natural

brasileira” (MACEDO, 2007).

3. Comunicação institucional.

“As políticas e estratégias institucionais devem ter canais adequados de comunicação,

com ferramentas ágeis para as demandas” (ANDRADE, 2006). Esta prática gera a

melhor interação da empresa com seus públicos, sendo que esta pode ser utilizada na

evidenciação ambiental. “A evidenciação ambiental é um conjunto de meios utilizados

pelas empresas para divulgar suas ações, visando demonstrar como está procedendo

com relação ao meio ambiente” (DA ROSA et al., 2011).

“A comunicação institucional é a responsável direta, por meio da gestão estratégica de

relações públicas, pela construção e formação de imagem e identidade corporativas

fortes e positivas de uma organização”. Os reflexos no ambiente público são creditados

em muito, as ações que edificam a “personalidade creditiva organizacional e tem como

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proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserida” (KUNSCH,

2003).

A importância da comunicação para as organizações é fundamental. “Sintetiza e

explicita o compromisso da organização com a sociedade” e com as partes interessadas.

“Quando realizada com competência, ética e transparência agrega valor fundamental

aos negócios” (BUENO, 2003).

Uma política de comunicação de ações sustentáveis da organização pode envolver o

caráter emocional nas mensagens. “A quantidade de informação é importante, mas o

que a experiência tem demonstrado é que o uso da emoção nos processos comunicativos

ligados à sustentabilidade tem sido mais efusivo”. Este apelo corrobora com a filosofia

de negócios implantada pela organização que contempla ecoturismo, laser, gastronomia,

entre outros. “Esse tipo de comunicação, voltada para a sustentabilidade busca

sensibilizar corações e mentes e transformar o mundo; objetivos facilmente aceitos e

bem-vistos pela sociedade” (COSTA; TEODÓSIO, 2011).

4. Metodologia

A metodologia de pesquisa foi definida a partir do seguinte procedimento: levantamento

da área total da propriedade 21,5 hectares (ha), área definida para reflorestamento total

de 6 ha, área da mata ciliar com aproximadamente 2 ha. Também foram levantados os

dados da mata ciliar por espécie nativa quanto à variedade, altura e número por metro

quadrado. Utilizaram-se três amostragens de 9 metros quadrados na margem esquerda,

totalizando 27 metros quadrados. Este procedimento foi repetido na margem direita. A

separação das margens foi em virtude das diferenças do solo. Referente o local de trilha,

foi realizado o reflorestamento da mesma até o local que possui uma cachoeira, assim,

preservou-se a área utilizada para o Ecoturismo. Por fim, foram realizadas análises de

informações fotográficas, entre 2005 e 2007 para relatar a área degradada e abril de

2013, para a área preservada. Quanto à classificação do estudo o mesmo é classificado

como de caso. “Proporciona ao pesquisador explorar situações da vida real cujos limites

não estão claramente definidos; preservar o caráter unitário do objeto estudado”. A

descrição da situação do contexto que serve de objeto de pesquisa; “formular hipóteses

ou desenvolver teorias; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em

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situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e

experimentos” (GIL, 2010).

5. Resultados

A área estudada e restaurada foi adquirida no ano de 2005, mas as primeiras ações de

isolamento ocorreram no ano seguinte. Estas foram modestas e envolveram plantio de

mudas nativas distribuídas por prefeituras, sendo uma campanha bem difundida no Rio

Grande do Sul. Em virtude das condições climáticas desfavoráveis provocadas pela

estiagem, os resultados foram insignificantes. O projeto recebeu práticas consideráveis a

partir de 2007 com isolamento através de cerca elétrica da área reservada. A ação mais

significativa foi executada em 2010, com o aumento da área de preservação, logo após

as enchentes provocadas pelo fenômeno “El Niño” (Fenômeno Climático característico

pelos altos volumes de chuva). Os últimos resultados de constatação foram verificados

em janeiro de 2013 quando ocorreu uma considerável precipitação pluviométrica, em

que foi registrado um volume de 173 mm em menos de 4 horas, provocando uma

enchente no riacho estudado. Os impactos foram mínimos, levando-se em conta que o

nível da água do riacho apresentou efeito idêntico aos volumes constatados em

dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Já no verão de 2009/10 o curso do rio sofreu

mudanças em diversos locais. A partir da implantação ações benéficas ao meio

ambiente, as quais podem levar a organização em questão a desenvolver um Sistema de

Gestão Ambiental e posterior certificação. No levantamento de dados realizado percebe-

se os resultados da margem esquerda do riacho (gráfico 01).

Gráfico 01: Levantamento espécies da margem esquerda do riacho

Fonte: Autores, 2013.

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Na margem esquerda, sem os resíduos oriundos de enchentes, verifica-se um equilíbrio

entre espécies, apresentando uma acentuação maior com o Angico Vermelho que possui

10 unidades nas 3 amostras coletadas de 9 metros quadrados em cada local. A altura

máxima das arvores medidas ficou em torno de 6,5 m. No gráfico 2, os dados referem-

se as três amostras de 9 metros quadrados cada uma, da margem direita do riacho.

Gráfico 02: Levantamento espécies da margem esquerda do riacho

Fonte: Autores, 2013.

Nesta margem, na qual ao longo do tempo ocorreu ação de enchentes, com solo

residual, existe alta concentração do Angico Vermelho - 45 unidades. Referente às

demais espécies há um equilíbrio. Para uma melhor visualização do reflorestamento e

consequente impacto ambiental positivo, faz-se o uso de levantamento fotográfico. A

figura 01 demonstra o leito do riacho em 2007, sem nenhuma cobertura vegetal. O solo

exposto era devido a enchentes e presença de rebanho bovino, o qual aumentava o

impacto com o pisoteio dos animais. A seguir, na figura 02, tem-se uma atualização do

leito com presença da mata ciliar. Evidencia-se que a restauração apresenta vegetação

mista com árvores e arbustos ribeirinhos.

Figura 01: Riacho sem povoação florestal Figura 02: Presença de mata ciliar

Fonte: Autores, 2013.

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Angico Figueira Canela Guajuvira Ariticum Umbu

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Na figura 03 tem-se a imagem de 2007 sem cobertura vegetal, ou seja, não há um

número considerável de vegetação, tal como na figura 01. Já na Figura 04 tem-se a

reconstrução da mata ciliar com relato do estágio atual. Nota-se a presença de cobertura

vegetal, principalmente com árvores e arbustos.

Figura 03: Riacho sem vegetação Figura 04: Estágio atual

Fonte: Autores, 2013.

Referente ao aspecto ecoturismo, a contribuição mais significativa deu-se na trilha a

qual leva até a algumas cachoeiras da região. As figuras 05 e 06 demonstram a área

como era antes e agora.

Figura 05: Caminho inicial da trilha em 2005 Figura 06: Estágio atual

Fonte: Autores, 2013.

Nota-se que em 2007 a mesma não possuía vegetação considerável e caracterizava-se

por ser uma área degradada. Atualmente o local possui uma vegetação abundante e

característica, própria para a prática de trekking ou caminhadas em trilhas.

6. Proposta de estratégias de comunicação

A definição de estratégias de comunicação com fins de divulgar ações e conceitos de

sustentabilidade pela organização tem caráter prioritário. Assim, “estabelecendo canais

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de relacionamento capazes de mobilizar, envolver, educar e induzir às mudanças

inerentes a transição para uma economia sustentável” (GOLOBOVANTE, 2010). O

movimento atende ao posicionamento da organização por práticas verdes e consolida

seus principais produtos voltados a sustentabilidade que envolve o ecoturismo e a

educação ambiental. No Quadro 01 estão descritas as estratégias de comunicação das

evidências sustentáveis propostas.

Quadro 01- Estratégias de comunicação das evidências sustentáveis

Instrumentos Estratégia Ação

Relações Públicas

Gerenciar relações com

organismos oficiais

Manter o sistema de informações

permanente em via dupla com

regulamentadores e promotores

da área de sustentabilidade

Divulgar aos públicos as

evidências

Promover continuadamente as

práticas de sustentabilidades e

disponibilizar canais para o

público questionar sobre ações

Manter intercâmbio com

organizações privadas

Colaborar mutuamente com

ONGs, empresas e escolas

através de encontros, palestras e

seminários

Assessoria de

Imprensa

Interagir continuamente

com os veículos midiáticos

Emitir notas e matérias

jornalísticas para rádio, jornais

impressos, portais digitais, TVs e

redes sociais

Disponibilizar o ambiente para

produção jornalística mantendo o

local adequado a cenários

Editoração

Multimídia

Produzir material

informativo e educativo

Emitir folhetos eletrônicos e

comunicados diversos ao público

cadastrado no mailing e redes

sociais

Marketing Social

Vincular as ações pela

sustentabilidade aos

eventos comunicacionais

Promover eventos de educação

ambiental e de responsabilidade

social

Disponibilizar nas atividades de

comunicação institucional,

informações e mensagens do

posicionamento sustentável.

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As estratégias de comunicação da empresa podem ser contempladas conforme

viabilidades de recursos e oportunidades oferecidas pelos meios de comunicação. As

ações específicas, com seu plano definido, com prazos, metas, responsabilidades

estabelecem uma sistematização do planejamento, execução, verificação e se necessário,

ações corretivas.

A importância de comunicação com as partes interessadas é irrefutável. “Atender às

necessidades da comunidade no entorno, tendo em vista a manutenção de uma boa

imagem perante a opinião pública”. As demandas por comunicação, propiciando canais

adequados aumenta aproximação com os públicos “a fim de manter relacionamento com

seus públicos estratégicos” (KUNSCH, 2012).

A finalidade ao estabelecer as estratégias comunicacionais acaba formando a imagem

organizacional nas ações que visam identificar e informar a filosofia, através das

evidências sustentáveis, consolidando o posicionamento da empresa. Assim, o foco

estratégico da empresa “não é mais ocupado por um mercado-alvo, grupo de

consumidores finais de um produto, mas pela sustentabilidade, processo que exige das

empresas atenção às dimensões econômica, ambiental e social”. Sai da visão de que

somente interessam consumidores reais e potenciais para uma dimensão de atenção e

ações voltadas para as partes interessadas (GOLOBOVANTE, 2010).

“Algumas empresas ou entidades têm uma leitura equivocada da aplicação dos

princípios éticos e de responsabilidade social a sua prática comunicacional”. Os

interesses das partes interessadas estão acima das intenções manipulativas que tem

caráter de curto prazo, mercadológico ou comercial. “A transparência, como atributo

básico, deve ser observada em todas as situações”. Esta prática deve ser seguida em

todos os momentos comunicacionais com os públicos interessados. (BUENO, 2003).

O marketing social trabalha o produto social. Adota uma ideia ou causa pública,

proteção ao meio ambiente, educação, entre outros e que tenha como alvo a sociedade e

não o interesse mercadológico. Através desta prática visa estimular às mudanças de

comportamento sociocultural. (KUNSCH, 2003).

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7. Conclusões

A caracterização das estratégias de comunicação para evidenciar a sustentabilidade é

prática que atende ao posicionamento sustentável da organização. A promoção de

práticas amigáveis ao meio ambiente e à sociedade representa o principal pilar do

posicionamento estratégico da organização, na medida em que se posicionando, também

deve comunicar às partes interessadas. Assim, a divulgação ocorre pelas ações de

educação pela sustentabilidade, através de ideias, ideais e exemplos.

Ao evidenciar que os animais silvestres retornaram ao local após a revitalização vegetal

da área; a destinação de 30 por cento da área ao reflorestamento o que propiciou um

aumento da fauna e uma harmonia visual do ambiente, incrementando a atratividade

local do ponto de vista de empreendimento; e, outras ações alinhadas a este projeto, a

organização aproxima-se dos anseios das partes interessadas.

O objetivo do trabalho foi de apresentar as evidências de ações sustentáveis verificadas

nos resultados levantados buscando estabelecer as estratégias de comunicação. Estas

também devem representar oportunidades para que os públicos possam se manifestar

com contribuições, críticas e até, se utilizar dos exemplos para expandir em suas redes,

a filosofia e as práticas sustentáveis, a partir de pequenos e concretos exemplos. A

comunicação institucional, com as estratégias definidas e desenvolvidas nas ações, serve

de alicerce da promoção da sustentabilidade e a responsabilidade social ao divulgar

ações empreendedoras em favor da promoção de uma consciência pública sobre o papel

das pessoas e organizações cidadâs neste contexto atual.

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