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Oportunidades de Investimento em Moçambique Edição Agronegócio Outubro 2016

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Oportunidades de Investimento em Moçambique Edição Agronegócio Outubro 2016

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MENSAGEMDO EDITOR

É com orgulho que a Financial Sector Deepening – Moçambique e a Monitor Deloitte apresentam, em parceria, esta primeira edição da Oportunidades de Investimento em Moçambique.

A missão desta publicação conjunta Monitor Deloitte - FSDMoçambique é a de dar a conhecer oportunidades de investimento em Pequenas e Médias Empresas, com o propósito de mitigar assimetrias de informação e assim promover o acesso a capital de modo a desbloquear oportunidades de crescimento e de emprego.Esta primeira edição centra-se no agronegócio num sentido lato, incluindo a produção agrícola e serviços de apoio, processamento alimentar e silvicultura. O agronegócio tem-se deparado com dificuldades como a falta de acesso a crédito e o subinvestimento, os quais têm prejudicado o sector que mais contribui para o PIB (mais de 20%) e para a produção de emprego.Contudo, atendendo à proporção de terra arável não utilizada (85%, de acordo com o Centro de Promoção da Agricultura, CEPAGRI) e às condições agroecologias de Moçambique, o agronegócio é um sector com tremendo potencial e especialmente conducente à produção excedentária nas províncias do centro e do norte.A promoção do bom desempenho de PME no sector do agronegócio é essencial ao desenvolvimento endógeno de oportunidades de crescimento que fortaleçam o tecido económico do país e assim reduzam a dependência de ajuda externa e da importação de alimentos, tornando-o também mais resistente a choques exógenos.Sobretudo, visto ser o agronegócio a maior fonte de emprego do país e serem as PME de mão-de-obra intensiva, o desbloqueamento de oportunidades de crescimento das PME poderá gerar importantes oportunidades de emprego para gerações actuais e futuras de moçambicanos.

João Machado

Chief Executive OfficerFSDMoçambique

Country Managing PartnerDeloitte Mozambique

Anne-Marie Chidzero

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Sumário Executivo

É com prazer que a Financial Sector Deepening – Moçambique e a Monitor Deloitte apresentam, em parceria, a publicação Oportunidades de Investimento em Moçambique. A primeira edição é dedicada às boas oportunidades de investimento em pequenas e médias empresas (PME) dentro do sector do agronegócio em Moçambique. O seu objectivo é aumentar a informação disponível para investidores e, deste modo, promover oportunidades de financiamento e ainda enfatizar a relevância do private equity como fonte alternativa de financiamento de PME em Moçambique.

O equity finance e o seu potencial em Moçambique

Várias pequenas e médias empresas de Moçambique têm dificuldade em aceder a financiamento. Isto resulta no constrangimento do crescimento do sector privado, com efeitos sobre o desenvolvimento da economia e sobre a capacidade de geração de emprego. O investimento de private equity é um veículo com potencial para mitigar a escassez de financiamento: representa uma alternativa mais flexível ao financiamento bancário. O investimento em equity tem-se avolumado em anos recentes com o aumento de investimento de impacto, que procura gerar também retorno social, para além de financeiro, e faz frequentemente uso de um universo mais vasto de instrumentos financeiros.

O private equity em Moçambique está na sua infância mas encontra-se em crescimento devido às perspectivas de desenvolvimento de grandes projectos de gás natural na bacia do Rovuma. Firmas de private equity mudaram-se para investir em áreas como imobiliário, transportes, infraestruturas e serviços financeiros. Exceptuando o investimento estrangeiro directo em megaprojectos, os investimentos em Moçambique têm, historicamente, sido feitos pelo sector de desenvolvimento (assistência financeira estrangeira e investimentos feitos por instituições financeiras de desenvolvimento). Em 2015, Moçambique registou 42 transacções de investimento de impacto, o terceiro número mais elevado da região da África Austral1.

O Sector do Agronegócio em Moçambique

O agronegócio enquanto sector tem sofrido constrangimentos

resultantes do subinvestimento que conduziram à baixa produtividade e à falta de infraestrutura e, deste modo, limitam o acesso a mercados. O sector tem enorme potencial, em razão das condições agroclimáticas e do baixo grau da utilização de terra arável bem como da localização vantajosa, com a possibilidade de exportar para mercados na África do Sul, na Ásia e no Médio Oriente. O processamento agrícola, em particular, representa uma importante oportunidade em razão de muitas cadeias de valor terem limitado valor acrescentado doméstico. Enquanto sector de maior contribuição para o PIB e para o emprego, o investimento em agronegócio oferece grandes oportunidades de contribuição para o desenvolvimento económico e social.

Parâmetros Pré-Due Diligence

As empresas que constam desta publicação provêm de uma variedade de subsectores do agronegócio, serviços de apoio, processamento alimentar e silvicultura e de diferentes áreas de Moçambique. As empresas são principalmente start-ups ou empresas na fase de crescimento do seu ciclo de vida e ocupam vários níveis das cadeias de valor dos seus sectores. A magnitude dos investimentos desta publicação varia entre os USD 50.000 e USD 5 milhões.

As empresas foram analisadas com base num conjunto de parâmetros de pré-due diligence e a selecção pautou-se por uma abordagem pela qual as empresas foram filtradas de acordo com: a sua conduta ética, o seu desempenho financeiro, a sua posição competitiva, a oportunidade de investimento e o seu impacto social. As empresas com potencial foram visadas para entrevistas.

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Glossário

ACA African Century Agriculture

BPA Boas Práticas Agrícolas

CDM Cervejas de Mozambiaue

CEPAGRI Centro de Promoção da Agricultura

CGF Conselho de Gestão Florestal

CLUSA Cooperative League of the USA

CPV Custo de Produtos Vendidos

DADTCO Dutch Agricultural Development & Trading Company

DMM DADTCO Mandioca Mozambique

EBITDA Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização

GIIN Global Impact Investing Network

Ha Hectare

IFD Instituição Financeira de Desenvolvimento

IFDC International Fertiliser Development Corporation

IFI Instituição Financeira Internacional

INE Instituto Nacional de Estatística

KPC Kuriname Ne Povo

NCBA National Cooperation Business Association

OIN Organização Internacional de Normalização

PEDSA Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrícola

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

RSE Responsabilidade Social das Empresas

TAFC The African Food Company

UARM Unidade Autónoma de Refinamento Móvel

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ÍNDICE

Introdução

O Equity Finance e o seu Potencial em Moçambique

O Sector Agrícola em Moçambique

Metodologia

Oportunidades de Investimento em Médias Empresas

Oportunidades de Investimento em Pequenas Empresas

Anexo

Notas Finais

Autores

Contactos

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Introdução

Moçambique oferece abundantes oportunidades para investidores de private equity. Ao longo da última década, o seu PIB tem demonstrado altas e sustentadas taxas de crescimento, maioritariamente em razão de investimento estrangeiro directo em variados megaprojectos nos sectores de produção, recursos naturais e energia. Tem uma abundância de recursos naturais, ainda em fase de exploração. A sua classe média está em crescimento e encontra-se próximo de grandes mercados como a África do Sul, com facilidade de acesso à Ásia e ao Médio Oriente. A agricultura, em particular, tem tremendo potencial, visto que Moçambique tem excelentes condições agroclimáticas e apenas 15 por cento da sua terra arável está, presentemente, utilizada. Ademais, o private equity oferecerá benefícios a Moçambique na medida em que preencha a escassez de financiamento que limita consideravelmente as empresas locais e ainda na medida em que aporte competências e valor adicional aos negócios.

Esta publicação propõe-se apresentar boas oportunidades de investimento no sector do agronegócio em Moçambique, de modo a atrair investidores nacionais e internacionais, e demonstrar o potencial do private equity como fonte de financiamento alternativo para as empresas mais pequenas.

A Deloitte fez uso de uma metodologia pré-due diligence com a qual analisou o desempenho financeiro, a posição estratégica, o impacto social e a natureza das oportunidades de investimento das empresas. A metodologia foi concebida com a natureza do ambiente de negócios de Moçambique bem presente e, deste modo, permitiu a participação de empresas com fortes projectos sociais ainda que estas não apresentassem as suas demonstrações financeiras, bem como de pequenas empresas com projectos atractivos e/ou com fortes visões sociais. As empresas incluídas nesta publicação (resumidas na Tabela 1) provêm de uma ampla diversidade de localizações e de subsectores do agronegócio espalhados por Moçambique.

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Médias Empresas

1 AC Matama Lda 2012 Produção de milho e de feijão de soja (sementes, batatas, vegetais, como linhas mais pequenas)

Niasssa

2 Alif Quimica Industrial Lda 1999 Processamento de soja e de óleo de girassol Zambezia

3 Kuriname Ne Povo Lda 2012 Desbravamento e preparação de terra para a agricultura, responsabilidade social empresarial (RSE), consultoria, agricultura comercial e silvicultura de eucaliptos.

Manica, Tete, Nampula, Cabo Delgado

4 Phoenix Seeds 2011 Produção de sementes, serviços de extensão agrícola, produção de milho e de soja.

Manica

5 The African Food Company Lda 2010 Produção de banana.

Gaza

Pequenas Empresas

6

Agro Servicos Lda

2010

Processamento de comida (licores, compota, picantes, pickles)

Maputo, Inhambane

7

DADTCO Mandioca Mocambique Lda

2012

Processamento de mandioca Nampula, Inhambane

8

Frutimel Lda

2003

Consultoria de apicultura, produção de mel, viveiros de plantas.

Maputo, Inhambane

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Mozambican Honey Company 2011 Processamento de mel Manica

Nº Nome de Empresa Ano de Criação Sector Área de Operação

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Consolidar o desempenho dos produtos principais e aumentar as linhas de valor acrescentado, e.g. sementes, batatas, etc.

USD 1 million for capital development and USD 500 000 for working capital

Aumento de produção pela compra de mais sementes de girassol bem como pela importação de sementes de alta qualidade para fornecer a pequenos agricultores para produzir.

USD 1.5 million

Silvicultura: Eucalipto, 2.000 a 5.000 hectares.Produções agrícolas:Litchis (100 ha)Nozes de macadâmia (200 ha)Limão (400 to 500 ha)Abacate (180 ha)Agricultura Comercial: Milho (2.000 ha), soja (8.000 ha), sésamo (800 ha)

USD 5 million

Capital operacional e capital para expandir a produção e a base de processamento.

USD 500 000

1. Expansão da actual exploração agrícola e instalações de embalagem.2. Adicionar linhas de produtos de valor acrescentado e.g. farinha de banana.

1. USD 500 000 2. USD 200 000

1. Investimento de capital em instalação em Maputo (70% exportação, 30% mercado doméstico).

2. Capital operacional para a fábrica de Inhambane mais uma instalação para pessoas locais produzirem para consumo local sob boas condições de higiene.

1. USD 1.7 million

2. USD 150 000

Produzir farinha de mandioca para entrar no mercado da panificação.

Necessário investimento de capital numa unidade autónoma de processamento móvel (UAPM), numa unidade de refinamento móvel (URM) e num secador.

USD 4 million

Comercializar produção de uvas e tâmaras em Inhambane. USD 50 000

Expandir a oferta de mel de mais alta qualidade. USD 60 000 25-30 000 working capital loan 30 000 capital equipment

Projecto de Investimento Montante de Financiamento Necessário

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O Equity Finance e o seu potencial em Moçambique

O acesso limitado a financiamento é uma limitação conhecida em Moçambique. A maior parte do capital provém de empréstimos bancários mas é subutilizado devido aos elevados juros cobrados e garantias exigidas e ao desconhecimento do verdadeiro ambiente em que operam os negócios em Moçambique2. Outras fontes de financiamento (como o mercado financeiro, emissão de dívida, asset capital e desconto de facturas) não estão bem desenvolvidas, deixando várias empresas, em particular as pequenas e médias empresas (PME), com falta de capital inicial, operacional e de investimento. O sector agrícola sofre consideravelmente. A proporção de empréstimos para a agricultura em 2010 caiu de 6 para 3 por cento do total do crédito de 20153.

O private equity geralmente aporta valor ao negócio através de apoio estratégico à gestão, melhorias à produtividade, identificação de oportunidades de crescimento, promoção de sustentabilidade do negócio, etc. Em África, o investimento de private equity assume tipicamente a forma de capital de crescimento onde o valor é criado por estratégias de expansão, como a conquista de uma maior parte da cadeia de valor ou pelo aproveitamento de um aumento de canais de distribuição, os quais podem contribuir significativamente para o desenvolvimento da economia4.

O private equity é uma ferramenta de financiamento que poderá ajudar a mitigar o vazio de financiamento; consubstancia uma alternativa mais flexível ao empréstimo bancário, é adequado ao ambiente de negócios existente e está alinhado com os objectivos de desenvolvimento de Moçambique.

O investimento de equity tem-se avolumado em anos recentes, com o aumento de investimento de impacto que procura gerar também retorno social, para além de financeiro, e faz frequentemente uso de um universo mais vasto de instrumentos financeiros. A Global Impact Investing Network (GIIN) descreve Moçambique relativamente ao investimento de impacto, como uma área de pouca actividade mas de abundante potencial. Quanto à agricultura, em razão da sua natureza o capital paciente poderá ser mais adequado5.

Tendências Regionais do Private

O private equity em África foi introduzido por instituições financeiras de desenvolvimento (IFD) mas alastrou para fundos privados maioritariamente centrados na África do Sul6, no Quénia e na Nigéria7. O private equity em África tem crescido exponencialmente e está ainda em fase embrionária. Os investidores procuram por factores de crescimento fundamentais a longo prazo, em particular, uma classe média em crescimento e a abundância de recursos naturais. Em 2014, o valor global das transacções africanas concluídas foi USD 8,1 mil milhões, um aumento de 90 por cento relativamente a 2013, apesar de os investidores se terem voltado a centrar em países desenvolvidos que começaram a mostrar crescimento8.

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Em razão da combinação de indústrias emergentes e da trajectória demográfica, o private equity em África tem sido caracterizado por capital de crescimento, participações minoritárias, investimentos de pequena dimensão e períodos de permanência mais longos quando comparados aos leveraged buyouts (LBOs) de empresas a operar em mercados mais maduros9.

Mais recentemente, o private equity interessou-se pelo sector agrícola, com vários fundos a serem criados com o propósito específico de investir na agricultura e/ou no agronegócio10. Desde 2008, os fundos da África Austral acumularam USD 1,3 mil milhões e 21 países receberam investimentos no sector agrícola11.

Estes investimentos podem permitir um maior acesso a factores de produção e a mercados, baixando os seus preços, e podem servir de alicerce para o desenvolvimento de pequenos proprietários de terra e agricultores emergentes em África12. Hanlon e Smart, na sua obra Chickens and Beer: A Recipe for Agricultural Growth in Mozambique, sustentam que em Moçambique, na sequência do insucesso de muitas explorações agrícolas de grande dimensão que tinham o propósito de obter ganhos a curto-prazo, existe uma tendência para a realização de projectos de investimento a longo-prazo, trabalhando em conjunto com pequenos proprietários através de agricultura sob contrato (out-grower schemes). Neste caso, a empresa acorda a compra de certas quantidades a pequenos agricultores. Frequentemente, a empresa fornecerá alguns factores de produção a crédito e ainda apoio técnico. Apesar das dificuldades, nomeadamente, da necessidade de construir uma relação de confiança com os agricultores, estes projectos têm tido mais sucesso do que os investimentos em grandes explorações agrícolas. Moçambique tem uma experiência de sucesso com a agricultura sob contrato nos sectores do tabaco e do algodão. Contudo, Hanlon e Smart apontam a galinha e a mandioca como exemplos mais recentes de sucesso em abordagens inclusivas às cadeias de valor.

O aumento dos investimentos de private equity no agronegócio tem, deste modo, potencial para gerar importantes benefícios económicos, em termos de ligações de mercado, financiamento e capacidade de gestão, e para contribuir para o desenvolvimento social através do apoio às comunidades, assistência técnica e segurança alimentar.

O Private Equity em Moçambique

O private equity em Moçambique está na sua infância mas encontra-se em crescimento, em particular em razão do entusiasmo em torno das reservas de gás natural na bacia do Rovuma. Isto levou a que diversas firmas de private equity entrassem em Moçambique, investindo em imobiliário, transportes, infraestrutura e serviços financeiros13. Ademais, o governo tem procurado mais investimento privado, sendo prováveis as parcerias público-privadas e a privatização de empresas públicas no contexto actual de crise de dívida pública.

Sem considerar o investimento directo estrangeiro em megaprojectos, os investimentos em Moçambique têm historicamente sido realizados através do sector de desenvolvimento. Moçambique é um dos maiores beneficiários de assistência externa para o desenvolvimento na África Austral e Central. As IFD, definidas como instituições financiadas por governos e que financiam o sector privado para investimentos que promovem o desenvolvimento podem, por conseguinte, ser consideradas os primeiros investidores de impacto. Têm sido uma das principais fontes de investimento do país, investindo maioritariamente em projectos de produção e de infraestrutura14 A fatia recebida por Moçambique foi, de acordo com o GIIN, a terceira maior da África Austral, a seguir à África do Sul e à Zâmbia (95 operações, com USD 1,385 mil milhões de capital desembolsado).

Em termos de investimento, sem ter em conta as IFD, Moçambique recebeu o terceiro maior número de transacções mas ficou abaixo desse lugar em termos de capital desembolsado (42 transacções e USD 52 milhões desembolsados)15. Investidores não-IFD em Moçambique tenderam a investir mais no sector agrícola (dos 15 investidores não-IFD em Moçambique, mais de 80% dos investimentos foram feitos na agricultura)16. As PME, por conseguinte, são ainda maioritariamente ignoradas por este tipo de financiamento .

No sector do agronegócio, o private equity entrou já numa diversidade de sectores, como são o dos factores de produção, da fruta e vegetais, do processamento da fruta, da produção de açúcar, de mel e da pecuária.

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Esta publicação demonstra o enorme potencial dos investimentos em agronegócio em Moçambique: quer do ponto de vista do crescimento económico quer do ponto de vista social. O sector tem crescido consideravelmente, com uma média anual de 5,3 por cento entre 2005 e 2015 e continua a ser o sector que mais contribui para o PIB (22,6 por cento, em 2015)18.

Moçambique tem excelentes condições agroclimáticas com a capacidade de produzir ao longo de todo ano, com vários grandes rios que oferecem extensos cursos de água. Existe enorme potencial, na medida em que apenas 15 por cento dos 36 milhões de hectares de terra arável está actualmente a ser explorada. Tem também grande potencial para exportação, com uma localização vantajosa para alcançar os mercados da Ásia e do Médio Oriente. O processamento agrícola, em particular, consubstancia uma enorme oportunidade, em razão de muitas cadeias de valor terem pouco valor acrescentado doméstico.

A agricultura estado limitada pelo subinvestimento, resultando na baixa produtividade e na falta de infraestrutura, o que dificulta o acesso a mercados. O sector da agricultura enfrenta problemas de falta de acesso a financiamento, em razão de a maior parte dos bancos não possuírem conhecimento especializado em financiamento da Agricultura.

O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrícola (PEDSA) referente a 2011-2019, do Governo, identifica 15 cadeias de valor estratégicas, sendo as seis primeiras prioritárias: horticultura, arroz, feijões, mandioca, galinha, carne vermelha, milho, banana, açúcar, sésamo, batata, castanha de caju, algodão, soja e trigo. Metodologia

As empresas foram analisadas com base num conjunto de parâmetros de pré-due diligence e a selecção pautou-se por uma abordagem pela qual as empresas foram filtradas de acordo com: a sua conduta ética, o seu desempenho financeiro, a sua posição competitiva, a oportunidade de investimento e o seu impacto social19. As empresas com potencial foram visadas para entrevistas. A nossa abordagem seguiu os seguintes passos:

1. As empresas foram analisadas com base na sua conduta ética; se fosse relatado que uma empresa estaria implicada em condutas éticas reprováveis esta seria eliminada nesta fase.

2. Um questionário foi de seguida preenchido por todas as empresas de modo a criar um perfil de cada empresa, determinar a sua necessidade e oportunidade de investimento, a sua posição competitiva, a sua gestão e o seu impacto social. Caso as empresas escolhessem não partilhar as suas demonstrações financeiras, algumas questões relativas ao seu desempenho financeiro eram colocadas.

3. As demonstrações financeiras foram examinadas pela análise dos rácios, de modo a determinar as empresas com bom desempenho financeiro20.

4. Se fosse determinado que a empresa tinha um bom desempenho financeiro, procedíamos de seguida à análise da sua posição competitiva e da oportunidade de investimento e, por conseguinte, decidíamos se representavam uma boa oportunidade de investimento.

5. O impacto social foi determinado separadamente, nesta análise.

6. Quando as empresas não partilharam as suas demonstrações financeiras, baseámos a nossa análise apenas no questionário, para determinar se representavam uma oportunidade de investimento interessante.

O Sector Agrícola em Moçambique

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Abaixo, seguem-se os perfis das empresas e suas oportunidades de investimento21.

AC Matama Lda A AC Matama é uma operação de agricultura em larga escala dedicada principalmente ao cultivo de soja e do milho, localizada em Lichinga, Província do Niassa, Moçambique. Criada em 2012, a AC Matama tem dois sócios: a African Century Agriculture (ACA) e a Malonda Foundation. A ACA tem experiência prévia de agricultura em Moçambique, tendo trabalhado com agricultores sob contrato no sector da soja, na Zambézia, no âmbito da operação Frango King, tendo recentemente desinvestido nesta operação22. A ACA enveredou agora pela AC Matama, a sua operação de agricultura em larga escala, no Niassa.

A Matama Farm é uma antiga exploração agrícola do Estado com 3800 hectares, 90 porcento dos quais de terra arável e maioritariamente desmatados. A AC Matama tem transformado a terra rapidamente desde 2012, estando já a usar 1200 hectares, com 100 hectares em irrigação e com 3000 toneladas de produção na temporada de 2014/15. O seu perfil de produção consiste em aproximadamente 50 por cento de milho e 50 por cento de soja em termos de hectares em cultivo, produzindo ainda feijão, batata e vegetais em quantidades menores.

O Niassa é uma das províncias mais subdesenvolvidas, pobres e remotas de Moçambique. O governo local identificou a agricultura como impulsionador económico chave, procurando o aumento da segurança alimentar, o beneficiamento da agricultura e a promoção de exportações agrícolas. A AC Matama procura responder a esta política com a venda de produção ao mercado local e através de um programa de aproximação junto de pequenos proprietários. O Governo tem apoiado plenamente as operações da AC Matama, tendo-lhe ainda concedido certificação para produção de sementes, permitindo-lhe expandir na área das sementes de soja, feijão seco, milho e batata.

Desempenho Financeiro

Tratando-se de uma operação agrícola em larga escala ainda em fase de start-up, a AC Matama tem tido um bom desempenho, com a sua margem EBITDA e a sua margem de lucro bruta a tornarem-se positivas naquele que é apenas o seu terceiro ano (13 por cento e 27 por cento, respectivamente, mostrando capacidade de cobrir aos seus custos fixos e variáveis). A margem de EBITDA e a margem de lucro bruta previstas para a empresa demonstram um crescimento continuado, que se prevê que vá atingir 23 por cento e 37 por cento, respectivamente, em 201823. O asset turnover melhorou, triplicando em valor entre 2014 e 2015 e atingindo

0,74, mas demonstra ainda capacidade para melhorar mais. A AC Matama tem também um bom desempenho em termos de rácio de liquidez reduzida (acid test) com um rácio de 2,39, demonstrando estar em posição de fazer face às suas dívidas actuais. O ano de 2015 foi um ano bom para a AC Matama, tendo-se verificado um crescimento de 200 por cento nas suas receitas e um crescimento saudável nos valores do lucro bruto e do EBITDA. Os números projectados também demonstram um crescimento contínuo e robusto.

Posição Competitiva

A AC Matama cultiva principalmente milho e soja. O milho é o produto alimentar mais importante de Moçambique e da África Austral. Por conseguinte, os mercados doméstico e regional são enormes e crescentes fontes de procura.

A soja tornou-se num produto de mercado significativo em Moçambique nos últimos anos, tendo o aumento da produção de galinha possibilitado o crescimento da produção da soja. O bagaço de soja é um factor de produção essencial à avicultura: os factores de produção representam o maior custo de produção de aves (74 por cento), do qual o bagaço de soja representa 37 por cento. A procura por produtos avícolas deverá aumentar com o crescimento da classe média e espera-se um crescimento de 13 por cento por ano durante a próxima década na produção avícola.24 O bagaço de soja pode ser um factor decisivo na substituição de galinha importada por doméstica. Permitirá aos produtores avícolas a substituição do bagaço de soja importado, aumentando assim a competitividade da indústria avícola doméstica. O Governo está ciente disso e tem encorajado activamente o crescimento da indústria de soja doméstica. Ademais, existe a possibilidade de transformar a soja em produtos de maior valor acrescentado, como são o óleo, o leite, a farinha, etc.

A AC Matama beneficia de vantagens de custos, uma vez que têm 3.800 hectares de terra numa área com bom solo e precipitação, reduzindo assim o custo de cultivo por hectare. A quinta está também idealmente localizada para fins de irrigação, com rios em ambos os lados, cada um com uma bacia hidrográfica de 50km2, um sistema de canais contruído há trinta anos no meio da quinta, que oferece distribuição de água a baixo custo e terrenos amplos e planos adequados a irrigação por meio de pivot25. Para além de duas outras grandes explorações agrícolas no país, os seus concorrentes principais são pequenos produtores que não conseguem atingir a dimensão da AC Matama em razão da grande concessão de terra que esta detém. Embora ainda em início da operação, as colheitas têm sido boas, atingindo a produção prevista de 2,5 toneladas por hectare de soja e de 5,8 toneladas por hectare de milho. O seu custo por tonelada

Oportunidades de Investimento em Médias Empresas

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é também baixo para a indústria onde se insere. O crescimento futuro deverá resultar de preços e custos estáveis, um aumento dos hectares em irrigação e das colheitas atractivas. Eles tencionam consolidar o desempenho da soja e do milho e aumentar o valor das linhas adicionais de produção de sementes, batatas, etc. A AC Matama também beneficiará da infraestrutura a ser, a breve trecho, desenvolvida na província, em particular das melhorias às ligações ferroviárias e rodoviárias a Cabo Delgado. A AC Matama é uma empresa com boas práticas e fortes estruturas de governação e tem demonstrações financeiras verificadas por auditor externo. Tem também plano de negócios e projecções financeiras.

Impacto Social

A AC Matama tem objectivos de cariz social que se traduzem em assegurar segurança alimentar à região, trabalhar com agricultores locais através de um programa de aproximação e providenciar educação a agricultores e à comunidade local. O programa de aproximação inclui presentemente 36 agricultores, com vista a atingir 50 agricultores ao largo de 50 hectares26. No futuro, este programa de estreitamento poderá ser estendido a 500 agricultores. Os pequenos agricultores beneficiaram já de um aumento de rendimento na ordem dos USD 250, por ano.27

Apesar de se tratar de um negócio largamente automatizado, a exploração agrícola emprega 180 pessoas, 95 por cento das quais da área local e de famílias de baixo rendimento. Os trabalhadores recebem salários 50 por cento acima do salário mínimo, bem como formação e educação e escola nocturna para agricultores trabalhadores da exploração agrícola e agricultores contratados de modo a aprender as melhores práticas agrónomas.

A AC Matama contribuiu para a autossuficiência alimentar da região, em resultado de cerca de 95 por cento das suas vendas serem feitas no mercado doméstico e os restantes 5 por cento sendo exportados para o Malawi.28

Oportunidade de Investimento

A AC Matama procura expandir as instalações de irrigação e armazenamento das suas operações agrícolas. Procura um misto de private equity (USD 1 milhão, como capital de desenvolvimento) e de financiamento bancário (USD 500.000, como capital operacional) e um parceiro de investimento que aporte ao negócio assistência técnica de marketing, gestão de relações com clientes e gestão de fornecimento.

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A AlifQuímica é uma grande empresa em operação desde 1999 e localizada em Quelimane, na província da Zambézia, dedicada ao processamento de óleo de girassol e de soja.

A AlifQuímica assumiu a posse da terra de uma empresa abandonada durante a guerra. Desde então, tem vindo a trabalhar com pequenos agricultores contratados presentes na terra, ajudando-os a cultivá-la e fornecendo-lhes utensílios de lavoura e sementes de feijão de soja e de girassol. Consentiu ainda que outros agricultores cultivassem a sua terra ao abrigo de um sistema contratual (out-cropping). A AlifQuímica procede de seguida à recompra das sementes dos agricultores, de modo a esmagá-las e produzir óleo de girassol em bruto e do bagaço de soja. Desempenho Financeiro

Entre 2013 e 2014, as receitas da AlifQuímica subiram aproximadamente 30 por cento, tendo, contudo, os custos variáveis subido ainda mais, na ordem dos 48 por cento. Por conseguinte, a empresa viu a sua margem de lucro bruta cair de 36 por cento para 28 por cento e a margem EBITDA cair de 15 por cento para 5 por cento no mesmo período, daqui resultando que a empresa reteve apenas 5 cêntimos por cada dólar de receita após pagamento dos seus custos fixos e varáveis.

O asset turnover da AlifQuímica em 2014 melhorou de 0,72 para 0,98, significando que 98 cêntimos foram gerados por cada dólar investido em activos. Não obstante, um rácio inferior a um é considerado medíocre e deverá, por isso, melhorar.A liquidez era elevada em 2014 e o endividamento global da empresa baixo, correspondendo a apenas 11 por ceno do total dos activos de 2014.

Posição Competitiva

A AlifQuímica pode processar 5.000 toneladas de sementes e produzir 3.800 toneladas de óleo por ano (75 por cento de girassol e 25 por cento de soja) e 6.000 toneladas de bagaço (dividido 50:50 entre o girassol e a soja). Tem também uma refinaria e pode produzir óleo bruto ou refinado.

Existe uma elevada procura por óleo de girassol e de soja em Moçambique e em mercados de exportação. A AlifQuímica já exporta para a Europa, parte que consubstancia 50 por cento das suas vendas. Devido à elevada procura e à capacidade limitada de produção, as vendas domésticas da AlifQuímica estão limitadas a PME e a compradores particulares na província da Zambézia. A AlifQuímica poderá facilmente aumentar a produção sem ter dificuldades em encontrar procura doméstica para os seus produtos.

Tratando-se de uma das poucas empresas de Moçambique que

processa sementes para produzir óleo, beneficia de vantagens de custo por ter custos mais baixos através de fornecedores domésticos e factores de produção baratos, relativamente aos seus concorrentes que têm de pagar direitos aduaneiros para importar o óleo bruto a refinar em Moçambique.Como resultado de produzir óleo de feijões de soja, a AlifQuímica também produz bagaço de soja, que é um produto essencial à produção avícola. A produção avícola tem crescido recentemente e os produtores avícolas têm procurado uma mudança para bagaço de soja doméstico. O produto secundário da AlifQuímica tem, deste modo, procura elevada. A Soja pode ainda ser transformada para produzir bens de maior valor acrescentado, como leite de soja, farinha, e comidas asiáticas à base de soja.

No presente, apesar de a AlifQuímica ter capacidade para processar 15.000 toneladas de sementes de girassol, processa apenas 5.000 toneladas devido à ausência de financiamento que impede o aumento das sementes fornecidas (para vender a pequenos agricultores). O crescimento terá de advir de uma expansão do fornecimento de sementes e, possivelmente, da capacidade.Como a AlifQuímica usa sementes orgânicas, está a considerar obter a certificação de comércio equitativo (fair trade), a qual poderá aumentar o valor do seu produto. A AlifQuímica é objecto de auditoria externa e tem um plano de negócios formalizado.

Impacto Social

A AlifQuímica tem objectivos de cariz social e ambiental, formalizados na sua estratégia empresarial. Tem um impacto significativo na economia local, através da criação de valor enquanto produtores domésticos, e pelo trabalho com 4.000 pequenos agricultores, enquanto fornecedores. Também empregam 280 pessoas da área local e 50 por cento das suas vendas são feitas a PME e particulares. Ademais, exceptuando a maquinaria, os seus factores de produção são obtidos localmente. Apoiam escolas locais e comunidades. Após a realização do projecto de investimento delineado abaixo, a AlifQuímica poderá aumentar o número de fornecedores com os quais trabalha para 8.000 pequenos agricultores, no seu terreno de 1800 hectares.

Oportunidade de Investimento

Actualmente, a AlifQuímica está a funcionar abaixo da sua plena capacidade; é possível aumentar a sua capacidade de esmagar sementes em 10.000 toneladas. Procura um investimento de USD 1,5 milhões, para expandir o seu fornecimento de sementes, quer de origem doméstica quer de sementes importadas de qualidade superior, para vender aos agricultores sob contrato. Com o investimento, a AlifQuímica poderá atingir a sua plena capacidade e produzir, pelo menos, 5.400 toneladas de óleo por ano.

Alif Química Industrial Lda

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A Kuriname Ne Povo (KPC) é uma empresa criada em 2012, em Vanduzi, na Província de Manica. Os seus serviços consistem no desbravamento e preparação da terra para a actividade agrícola, terraplanagem, consultoria na área da responsabilidade social das empresas (RSE) e agrícola, agricultura comercial e silvicultura de eucaliptos.

Desempenho Financeiro

O desempenho financeiro da KPC entre 2014 e 2015 indicia boas perspectivas futuras. A empresa viu crescer significativamente a margem de lucro bruta e a margem de EBITDA, de 49 para 69 por cento e de 22 para 46 por cento, respectivamente. As receitas da empresa subiram em 154 por cento 2015. As margens positivas demonstram que a KPC tem a capacidade de gerir quer os seus custos variáveis (CPV) quer os seus custos fixos (operacionais) de um modo eficiente. O asset turnover da empresa aumentou de 1,43, em 2014, para 1,70, em 2015, o que se traduz num ganho de 27 cêntimos a mais por cada dólar investido em activos.O desempenho geral da KPC tem sido robusto e o nível de alavancagem é relativamente baixo, sendo que em 2015 a dívida representava 34 por cento da totalidade dos activos. Com base em dois anos de análise financeira, a empresa demonstra potencial como oportunidade de investimento lucrativo.

Posição Competitiva

A estratégia de negócio da KPC é explorar os vastos recursos naturais e agrícolas que Moçambique tem para oferecer, oferecendo uma ampla diversidade de serviços agrícolas.A KPC tem levado a cabo o desbravamento e preparação de terra para a Portucel, a empresa portuguesa de silvicultura que detém duas concessões na Zambézia e em Manica com um total de 356.000 hectares, nos últimos dois anos, e tenciona continuar a expandir essa vertente do negócio. Trabalhar com uma empresa com concessões de terra de grande dimensão permitiu à KPC crescer em mais de 100 por cento por ano, em termos de lucro.A KPC tem uma vantagem competitiva na medida em que tem uma das maiores empresas (em termos de concessão de terras) como cliente e que existem altas barreiras de entrada na indústria do desbravamento de terra, impostas pelos elevados custos de capital. A flexibilidade dos seus preços, talhada para se adaptar a diferentes circunstâncias, dá-lhe uma vantagem competitiva sobre outras empresas que operam no sector.

Actualmente dependente de um cliente de grande dimensão, a Portucel, o objectivo passa agora por expandir a base de clientela no mercado de desbravamento e terraplanagem para incluir outras grandes empresas e ainda captar projectos agrícolas de larga escala para o seu portfólio. A Portucel tem um programa de expansão que garante que a KPC continuará a crescer com ela.

Impacto Social

A KPC contribui para a área local com a contratação de 700 trabalhadores sazonais de famílias de baixo rendimento. Tem ainda 56 trabalhadores permanentes, sendo 100 por cento dos seus factores de produção de origem doméstica e 50 por cento dos seus fornecedores pequenos agricultores ou PME.A sua vertente de RSE inclui programas de conservação agrícola com agricultores contratados, nutrição, higiene e desenvolvimento em comunidades desfavorecidas, acréscimo de valor à produção dos agricultores e empoderamento das mulheres.

Oportunidade de Investimento

A KPC procura um investimento de USD 5 milhões, para o desenvolvimento de três projectos:

1. Silvicultura: a KPC tem a oportunidade de implementar um programa de larga escala de entre 2.000 e 5.000 hectares de eucalipto, sendo a madeira para fornecer à indústria siderúrgica do Médio Oriente e a uma empresa de trituração de madeira na Beira.

2. Plantações (fruta e noz de macadâmia): com o aumento dos preços mundiais, em particular, dos citrinos, a KPC quer realizar investimentos a longo-prazo em explorações agrícolas, de modo a suplementar a sua liquidez mês a mês advinda do negócio de desbravamento. A KPC espera produzir: 100 hectares de litchis, 200 hectares de noz de macadâmia, entre 400 e 500 hectares de limão e 180 hectares de abacate.

3. Agricultura Comercial: em razão das secas e do aumento da população, os preços dos produtos agrícolas encontram-se em níveis recorde. O proprietário e director-geral da KPC tem 30 anos de experiência no sector agrícola e, com a vasta gama de produtos agrícolas da KPC já disponíveis, tem capacidade para implementar um projecto agrícola em larga escala, com o investidor certo. O projecto será de 2.000 hectares de milho, 8.000 hectares de feijão de soja e 800 hectares de sésamo.

Os projectos mencionados acima resultarão, conjuntamente, em emprego local e produção comunitária para entre 5.000 e 8.000 famílias.

O KPC tem a acesso grandes porções de terra em Manica e em Sofala, adequadas a todos os projectos acima mencionados, com a obtenção dos direitos de uso da terra29 prevista para os próximos dois meses. Procura um parceiro de investimento para desenvolver pelo menos um destes projectos, com capacidade também para aportar assistência técnica para as áreas de estratégia empresarial, marketing, gestão de cadeias de fornecimento e financeira.

Kurimane Ne Povo Lda

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A Phoenix Seeds é uma empresa de fornecimento de sementes que oferece também serviços de extensão agrícola30. Foi criada em 2011 e está sediada em Vanduzi, na Província de Manica. É a primeira empresa moçambicana a produzir e registar sementes com o objectivo de permitir o acesso a sementes de boa qualidade a preços comportáveis para os agricultores moçambicanos.

Os agricultores moçambicanos sofrem de baixa produtividade em razão do pouco uso de factores de produção externos, incluindo sementes de qualidade, as quais estão escassamente disponíveis e a que não têm acesso. O censo agrícola do Instituto Nacional de Estatística (INE), de 2010, mostra que apenas 10 por cento dos pequenos agricultores usavam variedades melhoradas de sementes.31 O uso de sementes melhoradas pelos agricultores é um dos mecanismos mais céleres para aumentar a produção agrícola. Variedades de sementes bem selecionadas podem aumentar a resistência a secas e doenças e podem melhorar a eficiência e qualidade dos productos processados. Aumentar a variedade de sementes de melhor qualidade tem um importante impacto social, permitindo a produção de colheitas maiores, e é um importante passo para ir além da agricultura de subsistência.

Desempenho Financeiro

Com base na análise dos relatórios financeiros da empresa, a Phoenix Seeds conseguiu margens de EBITDA positivas entre 2012 e 2015, com a excepção de 2014. A empresa também conseguiu manter uma margem de lucro bruta positiva desde 2012. Em 2015 a empresa registou uma margem de EBITDA de 2 por cento, recuperando de uma margem de EBITDA de -105 por cento, em 2014, propalada por um forte aumento das receitas.

Do ponto de vista da eficiência, a Phoenix Seeds tem tido melhorias regulares. O rácio de asset turnover duplicou de 0,28 para 0,49, em 2015. Não obstante, um rácio inferior a um é considerado medíocre e deve melhorar, uma vez que a empresa apenas teve ganhos de 48 cêntimos por cada dólar investido em activos.A empresa tem demonstrado uma liquidez significativamente excedentária, visto que os actuais activos (excluindo o inventário) consubstanciam seis vezes o valor do passivo. Em geral, a Phoenix Seeds demonstra um desempenho financeiro robusto, ligeiramente volátil mas de trajectória positiva.

Posição Competitiva

A Phoenix Seeds, com o apoio da AdDevCo e do Africa Enterprise Challenge Fund, tem vindo a ganhar relevância no sector das sementes. Um investimento de USD 70.7000 da AgDevCo permitiu-lhe aumentar a produção de 71 para 142 hectares e construir uma instalação de processamento. A AgDevCo também oferece importante apoio estratégico e operacional à equipa de gestão

e obteve financiamento adicional do Africa Enterprise Challenge Fund. Foi produzida uma semente híbrida mais tolerante à seca e mais adequada às condições climatéricas da Província de Manica32.

A Phoenix Seeds beneficia de vantagens de custo por possuir uma operação de produção e processamento de sementes integrada e acesso a preços de semente mais baixos. Têm uma base de clientela robusta, de cerca de 30 clientes, com nove grandes empresas que representam 85 por cento das vendas.

A sua estratégia empresarial foca-se no aumento da produção através de agricultura sob contrato, aumentando as vendas a pequenos agricultores, comerciantes agrícolas e ONGs, mediante o uso de agentes e a introdução de um híbrido de milho e culturas orientadas para a exportação. Tencionam ainda começar a exportar para o Zimbabué e Malawi.

A Phoenix Seeds tem boas práticas de governação, que incluem relatórios de gestão e políticas de governação. As demonstrações financeiras são externamente revistas e possui um plano de negócios e um modelo financeiro com projecções.

Impacto Social

A Phoenix Seeds tem como objectivo social garantir que os pequenos agricultores locais possam ter acesso a sementes de alta qualidade e necessárias ao aumento dos seus rendimentos pelo aumento da sua produtividade. Até agora, 33.437 agricultores beneficiaram de acesso a sementes de qualidade melhorada a preços comportáveis, tendo as colheitas aumentado em 30 por cento.33 A Phoenix Seeds também fornece assessoria técnica e, por meio de uma joint venture com a NCBA Clusa34 , os comerciantes agrícolas recebem apoio no marketing das suas sementes e no estabelecimento de locais de aprendizagem onde são ensinadas melhores técnicas de gestão de colheitas e práticas agrícolas sustentáveis. Existe ainda um acordo com dois agricultores contratados, pelo qual estes estão a produzir sementes, e isto expandirá mediante o aumento da produção. 90 por cento dos gastos da Phoenix Seeds são domésticos e quase todas as vendas são feitas a mercados locais, com cerca de 80 por cento a ir para pequenos agricultores.

Oportunidade de Investimento

A Phoenix Seeds procura um investimento mínimo de USD 500.000,00 para financiamento do seu capital operacional e para investir na expansão da produção e na base de processamento, com o objectivo último de expandir e alcançar a liderança na produção de sementes em Moçambique. Procura um parceiro de investimento para aportar assistência técnica na área do marketing de sementes.

Phoenix Seeds Lda

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A The African Food Company (TAFC) é uma produtora de banana ambientalmente sustentável e socialmente responsável em Moçambique. Foi criada em 2010 e conta com uma área de exploração de 300 hectares, na Província de Gaza. Foi criada para acompanhar a procura por agricultores biológicos de qualidade e para promover o desenvolvimento da comunidade por meio da criação de emprego, desenvolvimento de competências e pela introdução de novas tecnologias. A sua produção é essencialmente exportada para a África do Sul.

Desempenho Financeiro

Desde 2013, a TAFC tem tido margens de lucro brutas saudáveis, o que demonstra a capacidade da empresa de gerir os seus custos variáveis. A margem de lucro bruta cresceu de 30 por cento, em 2013, para 67 por cento, em 2015. O crescimento da margem deve-se inteiramente ao aumento das receitas, que decuplicaram. A margem de EBITDA da TAFC tem sido negativa desde 2013 mas tem melhorado e, dada a trajectória actual, é provável que se torne positiva a médio prazo.A empresa tem capacidade para responder ao seu passivo, com um rácio de liquidez reduzida (acid test) de 1:1. O passivo total da empresa corresponde a 74 por cento do total dos activos, o que indica uma posição de elevada alavancagem. Contudo, tendo em consideração o valor de mercado do activo da plantação, a alavancagem é mais baixa. Embora as demonstrações financeiras da empresa aparentem gerar perdas, a trajectória geral é positiva. Caso as receita continuem a aumentar, as perspectivas futuras são positivas.

Posição Competitiva

A banana é a fruta mais popular mundialmente e um dos alimentos básicos mais importantes do mundo35. Existe uma forte procura por banana de alta qualidade e conforme aos padrões, de países desenvolvidos; a Europa representa o maior crescimento da procura e existem desequilíbrios entre a oferta e a procura no Médio Oriente, no Mediterrâneo e, em menor grau, na África Austral36. Moçambique tem uma localização favorável para beneficiar quer da sua posição geográfica quer das vantagens de custos. Tem a vantagem de uma tarifa de exportação mais baixa sobre os países da América Latina (que são os maiores exportadores), bem como a vantagem de baixos custos de operacionais e de dragagem37. Moçambique oferece ainda produtividade alta e ao longo do ano inteiro.

A TAFC é o único produtor comercial certificado de bananas orgânicas de Moçambique. As suas bananas são certificadas pela BCS Öko-Garantie, uma agência alemã autorizada a certificar produtos orgânicos a nível mundial, de acordo com padrões internacionais de agricultura orgânica. A TAFC encontra-se em

processo de obter certificação da Global Good Agricultural Practices (GAP), uma organização não-governamental que certifica produtos agrícolas e fornecedores cujas práticas estejam ao nível dos seus padrões para agricultura boa e sustentável.

À sua máxima capacidade na actual exploração agrícola, visa produzir 16.000 toneladas de banana orgânica por ano.38 Em 2015, plantou 288 hectares de banana, crescendo rapidamente dos 30 hectares de 2012. Investiu na unidade de distribuição que compreende três depósitos com câmaras frias, camiões para venda por grosso ou a retalho, irrigação, e introduziram ainda melhorias na qualidade que não se encontram na maioria de África, como uma ligação por cabo usada com um tractor aéreo.

A TAFC beneficia de vantagens de custo quando comparada à sua concorrência moçambicana, visto ter acesso a canais de água que lhe permitem fazer a irrigação com recurso às águas do rio Limpopo. Relativamente aos seus concorrentes sul-africanos, beneficia de um clima mais propício à plantação de bananas, custos laborais mais baratos e melhores direitos sobre a terra.Está presentemente a concluir um projecto com financiamento subsidiado no valor de EUR 400.000, para distribuir e comercializar fruta fresca e vegetais no mercado local, em Moçambique. O projecto implica a distribuição das suas bananas, fruta produzida localmente e vegetais, fazendo uso de câmaras frias em pontos de venda localizados no Chokwe, Xai-Xai e Maxixe, e a importação de fruta e vegetais da África do Sul, fazendo uso do atrelado do veículo usado para exportar as bananas. Este projecto ajudará a expandir o acesso a mercados para vegetais e fruta produzidos localmente, contribuindo para o aumento do rendimento dos agricultores locais.

Impacto Social

O impacto social da TAFC é significativo. Actualmente emprega cerca de 4.000 pessoas da comunidade local, metade das quais são mulheres, e paga acima do salário mínimo nacional (25 por cento acima). Os trabalhadores também beneficiam de formação para aquisição de competências e transferência tecnológica centrada em práticas agrícolas orgânicas, fertilização orgânica, higiene na plantação e prevenção de pestes e doenças, bem como de técnicas de cultivo de banana, irrigação, colheita e pós-colheita. A comunidade local beneficia também do apoio da TAFC na forma de melhores cuidados médicos, acesso a educação, acesso a electricidade pela aldeia e melhor acesso a água. A TAFC também vende 10 por cento das suas bananas domesticamente, sendo estas compradas por particulares que as vendem posteriormente em Moçambique. O seu mais recente projecto de distribuição de fruta e vegetais domesticamente irá também ajudar agricultores locais a encontrar mercados para a sua produção. Oportunidade de Investimento

The African Food Company Lda

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A TAFC tem planos para acrescentar 150 hectares de terras vizinhas à sua área de exploração de banana e, ao mesmo tempo, acrescentar três linhas de embalagem (fazendo seis no total) para dar conta dos maiores volumes. A TAFC também identificou a possibilidade de reduzir o desperdício, transformando os 10 por cento da sua produção defeituosa ou de pequenas bananas em produtos de valor acrescentado, maioritariamente farinha de banana orgânica, com alta procura na Europa. Isto requer investimento adicional na secagem, moagem e nas linhas de embalagem.

No total, o investimento projectado totaliza USD 2 milhões, USD 1,5 milhões para a expansão da plantação, USD 300.000 na expansão das instalações de embalagem e USD 200.000 na produção de uma linha de valor acrescentado. Investimento no TAFC pode ser feito quer mediante um aumento do capital social ou por investimento secundário (participação minoritária/maioritária ou refinanciamento dos actuais empréstimos).

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Agro Serviços Lda A Agro Serviços é uma pequena empresa familiar que iniciou as suas operações comerciais em 2010, na Província de Maputo. Compra fruta produzida ou fruta silvestre colhida por pequenos proprietários de terra, transformando-as para fazer licores de fruta, compotas, picantes e pickles (achares) com a sua marca, Gutsamba39. Tem uma forte visão social, acreditando numa abordagem de acordo com a qual uma cadeia de valor inclusiva, em que a empresa compra a pequenos agricultores ou PME ao longo de toda a cadeia de valor, é a melhor maneira de distribuir os ganhos económicos.

Posição Competitiva

A Agro Serviços é bem gerida, divulga todas as demonstrações financeiras e tem um plano de negócios a cinco anos com projecções financeiras. A sua estratégia de negócios é produzir produtos 100 por cento naturais destinados a clientes de médio e alto rendimentos, uma classe emergente que procura produtos saudáveis.

A Agro Serviços enfatiza a sua marca e tem um forte conhecimento de promoção de marcas e de marketing, tendo uma estratégia segmentada por diferentes tipos de clientes. Em razão das limitações do conhecimento local sobre licores, atrai clientes através de um promotor que distribui amostras. Enviou também amostras a 15 países de continentes diferentes e recebeu um bom feedback.

No presente, apenas vende na Província e na Cidade de Maputo, mas já se encontra a vender em duas cadeias de supermercado e noutros locais, como lojas especializadas e bottle stores. Devido à base de custo baixa da fruta local e aos produtos de alto valor à venda por preços comparáveis a outros licores, a Agro Serviços consegue manter elevadas margens com os seus produtos.

Impacto Social

A Agro Serviços tem uma visão empresarial e uma estratégia de negócios alinhada com os seus objectivos sociais, que se traduzem no trabalho com produtores domésticos ao longo da cadeia de valor. Dada a sua pequena dimensão, trabalha com 20 pequenos agricultores40 mas prevê, após a implementação do projecto de investimento abaixo delineado, que a operação da fábrica de Inhambane acrescente, a breve trecho, 60 pequenos agricultores aos seus fornecedores e que a fábrica em Maputo acrescentará 150, perfazendo cerca de 230 globalmente. As vagas de emprego nas duas fábricas poderão chegar a 120.

Oportunidade de Investimento

A Agro Serviços precisa de um investimento para dois locais de operação nas províncias de Inhambane e Maputo.Pretendem USD 1,7 milhões para construir uma instalação de produção na Província de Maputo que irá produzir produtos da Agro Serviços (licores, compotas de frutos silvestres e molho de piripiri), 70 por cento dos quais se destinarão a exportação após a expansão delineada abaixo. Irá ainda ser operacionalizada uma outra instalação em Inhambane, com uma divisão adicional de processamento, onde uma associação local de agricultores irá processar produtos para o mercado local sob boas condições higiénicas conjuntamente com produtos da Agro Serviços (pickles de manga e de lima e marmelada de laranja).

A fábrica de Inhambane já se encontra equipada pela Agro Serviços. Contudo, a empresa continua à procura de capital para financiar as suas operações. Necessita de contrair dívida no montante de USD 150.000 para financiar o seu capital operacional.

Tem um plano de expansão a cinco anos após a injecção do investimento, pelo qual as vendas serão inicialmente feitas a grandes supermercados em Maputo, e depois se estenderão a outras províncias no segundo ano, centrando-se nas áreas dos megaprojectos como base de consumo provável (nomeadamente, os projectos de gás em Pemba e Cabo Delgado) antes de começar a exportar para a África do Sul e para outros países da SADC e ainda, possivelmente, para Portugal. Tenciona obter a certificação ISO 9001, de modo a aumentar as vendas no mercado doméstico, e as demais certificações para as suas exportações. A Agro Serviços prevê que, seguindo esta estratégia, no quinto ano produzirá 370.000 garrafas de licor (tamanho 375 ml), gerando USD 2,2 milhões em receitas anuais, as quais serão suplementadas por 1,1 milhões adicionais em receitas provenientes das compotas e picantes.

Procura um investidor de private equity que possa, adicionalmente, aportar assistência técnica na área do marketing.

Oportunidades de Investimento em Pequenas Empresas

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A DADTCO Mandioca Moçambique (DMM) é uma empresa com fins lucrativos que tem a seguinte visão empresarial: redução da pobreza por meio de trabalho, primacialmente, com pequenos agricultores. Centra-se no sector da mandioca e tem operações no Gana, em Moçambique e na Nigéria. Criada em 2012, em Moçambique, opera a partir das províncias de Nampula e Inhambane.

Posição Competitiva

A mandioca é um alimento rico em amido importante na África Austral e é o produto agrícola mais consumido de Moçambique41. A sua ampla adaptabilidade agroecológica e a sua capacidade de produzir colheitas razoáveis onde outros produtos agrícolas não logram produzir, torna-a num alimento essencial à segurança alimentar familiar e numa importante fonte de energia alimentícia42. África é a maior produtora de mandioca mas não desenvolveu ainda uma indústria de processamento de mandioca, em razão da necessidade de processar a raiz da mandioca nas 24 horas seguintes à sua colheita, sob pena de se estragar. Moçambique produz uma média de entre cinco e seis milhões de toneladas por ano, sendo o oitavo produtor mundial e o quinto africano mas com uma perda pós-colheita de 43 por cento, em razão da sua natureza altamente perecível, colheita e métodos de armazenamento ineficientes, má infraestrutura e acesso limitado a mercados.43

Os pequenos agricultores produzem 99 por cento da mandioca de Moçambique, quase exclusivamente para fins de subsistência e de processamento básico, para uso em comidas tradicionais. Menos de 1 por cento da mandioca produzida em Moçambique é usada para fins comerciais. Por outro lado, o país depende da importação de grandes quantidades de trigo, amido e etanol, muitos dos quais poderiam ser substituídos por derivados da mandioca.

O principal obstáculo à passagem do cultivo de subsistência ao cultivo orientado para a comercialização prende-se com a obtenção da raiz de mandioca. A raiz é altamente perecível e tem de ser processada dentro de um máximo de 48 horas. Os elevados custos de transporte (as raízes são 70 por cento água) e acessos rodoviários precários nas áreas rurais tornam a obtenção de mandioca junto de pequenos agricultores um desafio logístico e económico. Por conseguinte, a maior partes das instalações de processamento de mandioca em África opera a 10 por cento da sua capacidade. Deveras, ligar agricultores a mercados é o principal desafio para desbloquear o potencial da mandioca.

Impacto Social

Em resposta às dificuldades de obtenção de mandioca, a DADTCO desenvolveu uma Unidade Autónoma de Processamento Móvel (UAPM) como solução inovadora para processar raízes junto

das zonas de produção de mandioca, próxima dos produtores. O produto resultante da UAPM é o bagaço de mandioca, o qual tem uma validade longa e conteúdo de água reduzido. A DADTCO Mandioca Moçambique (DMM) tem um memorando de entendimento em vigor com a Cervejas de Moçambique (CDM) (pertencente à SAB Miller, que detém todas as fábricas de cerveja de Moçambique) para processar o bagaço de mandioca para uso pela CDM na sua cerveja Impala, à base de mandioca. A DMM gere o processamento do amido de mandioca e a cadeia de fornecimento com pequenos agricultores.

Em 2015, a DADTCO fez importantes avanços tecnológicos. Primeiro, desenvolveu a Unidade de Refinação Móvel (URM) e Unidade de Secagem Móvel (USM), as quais podem ser acrescentadas à UAPM para produzir farinha de mandioca. A farinha de mandioca é mais fácil de usar e, por conseguinte, goza de maior aceitação pela indústria alimentar e pelo sector de panificação do que o amido de mandioca. «Trazer a fábrica aos agricultores» significa tremendas poupanças e maior segurança no fornecimento. A farinha de mandioca representa menos de um quarto do volume das raízes e pode ser armazenado por mais de um ano.Outro avanço foi o desenvolvimento de um processo de tratamento enzimático que garanta a remoção completa de qualquer cianeto residual do produto, conforme exigido pela indústria alimentar. Com base nestes novos desenvolvimentos, a DADTCO tem capacidade de produzir mandioca de qualidade alimentar nas zonas de produção, o que consubstancia uma perspectiva muito atractiva para Moçambique – e para toda a África, na realidade. Uma única instalação de processamento móvel, em rotação entre três áreas para obter raízes junto de cerca de 4.500 famílias de pequenos agricultores, pode produzir até 20 toneladas de farinha de mandioca por dia, isto é, cerca de 6.000 toneladas de farinha de mandioca por ano.

Oportunidade de Investimento

Um mercado potencialmente grande para a farinha de mandioca é o sector da panificação de Moçambique. Moçambique importa cerca de 700.000 toneladas de trigo anualmente, a totalidade das quais são transformadas em farinha de trigo para o sector da panificação. Atendendo ao rácio de moagem de 75 por cento, o sector de panificação de Moçambique precisa de 525.000 toneladas anuais de farinha. As panificadoras poderão reduzir o custo do pão mediante a substituição de parte da farinha de trigo por farinha de mandioca de qualidade alimentar. 20 por cento da farinha de trigo poderá facilmente ser substituída por farinha de mandioca, o que sugere um mercado potencial de farinha de mandioca de 105.000 toneladas. A farinha de mandioca da DADTCO produz pão de muito mais qualidade quando incluída em composto de farinha do que a HQCF e, por conseguinte, gozará de maior aceitação pelo sector de panificação.

DADTCOMandioca Moçambique Lda

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A DMM acrescentará a URM e o Secador Móvel a uma UAPM já existente para criar uma instalação móvel. O conceito da instalação móvel de amido é idêntica ao da UAPM e fará rotações entre 3 locais para obter raízes de entre 4.500 e 6.000 pequenos agricultores. Contudo, ao invés de produzir fécula, produzirá farinha de mandioca. A instalação poderá processar até 80 toneladas diárias de raízes e terá uma produção anual de cerca de 7.200 toneladas de farinha de mandioca. A DADTCO identificou já excelentes áreas de produção em Inhambane e Nampula, onde tem operado desde 2011 para produzir fécula de mandioca para a CDM. A nova estratégia de negócio da DADTCO centra-se em dois mercados: (1) no mercado da cerveja já existente, com a CDM, em substituição da cevada maltada e (2) no mercado da panificação, para reduzir a importação de trigo.

A principal fonte internacional de trigo para o sector da panificação são os EUA. Em Moçambique, o actual preço de venda por grosso pago pelas panificadoras pela farinha de trigo, equivale a USD 600 por tonelada. A sua estratégia de negócios assume um preço de USD 520 por tonelada de farinha de mandioca de qualidade, que é 15 por cento mais baixo e que permitirá o crescimento da indústria da farinha de mandioca de qualidade alimentar. O business case analisou um cenário em que a empresa vende 50 por cento da sua produção a fábricas de cerveja e os outros 50 por cento a panificadoras. Neste cenário, a análise financeira mostra uma taxa interna de retorno (10 anos) de 15 por cento. Prevê-se que a necessidade de financiamento da nova farinha de mandioca da DADTCO seja de EUR 2,4 milhões, a realizar-se por meio de equity, endividamento e subsídios.

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A Frutimel é um negócio familiar de consultoria no sector da apicultura (já prestou serviços de consultoria à Agência do Zambeze, à IFC e à Portucel44 ), pequenas empresas de apicultura e tem um viveiro de plantas. O proprietário e director é um técnico de fruta e mel. Começou a operar em 2003 e está localizada principalmente na Província de Maputo, com alguma produção de mel em Inhambane.

Desempenho Financeiro

A Frutimel demonstrou um desempenho financeiro estável entre 2012 e 2014, registando crescentes e positivas margens de lucro brutas e de EBITDA. Em 2014, a empresa teve uma margem de lucro bruta de 76 por cento i.e. por cada dólar ganho em receita, 76 cêntimos foram retidos após pagamento de custos variáveis. A margem de EBITDA foi de 15 por cento i.e. 15 cêntimos de receitas foram retidos após pagamento dos custos fixos e variáveis, como demonstrado pela figura abaixo. De notar é que as receitas da empresa têm vindo a diminuir desde 2012, em cerca de 20 por cento por ano.

Embora o lucro se mantenha saudável, a sociedade tem um elevado nível de alavancagem, em 114 por cento do total de activos e quer a liquidez quer o asset turnover mantêm-se baixos na empresa, indicando haver necessidade de optimização e uma necessidade ainda maior de capital operacional.

Impacto Social

A Frutimel tem como objectivos de cariz social e ambiental garantir boas condições sociais para os trabalhadores e sustentabilidade, com a redução do impacto no ambiente, pela limitação do uso de pesticidas e químicos e pela formação de pequenos agricultores na produção sustentável do mel.

É uma pequena empresa, sendo a maior parte dos seus trabalhadores da área local e de famílias de baixo rendimento. Trabalha com cerca de 150 pequenos agricultores de Inhambane para produzir mel de alta qualidade, e também trabalhou com a Portucel e com a IFC para estabelecer enfermarias em comunidades próximas das explorações agrícolas da Portucel.

Oportunidade de Investimento

A Frutimel quer expandir para uma produção de fruta em larga escala e identificou um projecto de investimento para produção de tâmaras e uvas, na Província de Inhambane. Uvas e tâmaras não são produzidas domesticamente, são importadas. As tâmaras têm procura elevada em razão da numerosa população muçulmana de Moçambique.

Já começou a trabalhar com a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) em diferentes variedades de plantas e procura um investimento de USD 50.000 para comercializar a produção. Procura um parceiro de investimento que possa ainda aportar assistência técnica nas áreas de estratégia empresarial e operações.

Inhambane tem áreas adequadas à produção de uvas e tâmaras, as quais necessitam de níveis elevados de exposição solar e de água ao nível da raiz. Sendo que estas terras não são adequadas à horticultura, não existe conhecimento sobre o que pode ser cultivado, permanecendo a maior parte da terra vazia. Assim, existe muita terra disponível para expansão.

Frutimel Lda

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A Mozambican Honey Company (MHC) é uma empresa socialmente inclusiva criada em 2011 e que opera a partir do Chimoio, na Província de Manica. É gerida pela Eco-MICAIA Ltd, a empresa de cariz social irmã da Fundação MICAIA45. O seu objecto é ir de encontro à crescente procura, em mercados formais, por mel de boa qualidade, e ligar apicultores locais a estes mercados formais. A MHC é uma empresa de processamento de mel e cera que vende quer por grosso quer a retalho. Recebeu investimentos de USD 305.000 da AgDevCo46.

Posição Competitiva

Moçambique tem um grande potencial para produzir mel orgânico em razão das vastas áreas de floresta e bosque em que raramente são usados pesticidas. O mercado formal é dominado por produtos importados, enquanto a maioria da produção local apenas chega ao mercado informal. A MHC tem como objectivo crescer e formalizar o sector doméstico do mel através do processamento, embalamento e marketing do mel, trabalhando com pequenos produtores.A MCH é uma pequena empresa e tem tido um crescimento estável. A MHC tem como parceiro a Fundação MICAIA, oferecendo assistência técnica a pequenos produtores de mel, comprando-lhes o mel natural para processar e vender a retalhistas. Assinou recentemente um contrato com a Tropigalia, um dos maiores distribuidores de Moçambique, para lhes fornecer mel. Com este contrato, espera aumentar as receitas para 2,8 milhões de meticais, este ano.

É presentemente a única empresa de mel a operar a nível nacional. Fornece entre 70 e 80 lojas e está presente em todas as capitais de província. Tem poucos concorrentes, visto existirem apenas quatro ou cinco outros produtores de mel em Moçambique, que operam maioritariamente a uma pequena escala. A concorrência resulta principalmente de importações mais baratas, sendo esta, contudo, uma concorrência a nível de preços e não de qualidade.A sua estratégia empresarial é expandir a produção, comprando mais mel de melhor qualidade mas mantendo as suas margens baixas. A compra de mel de melhor qualidade carecerá de assistência técnica aos apicultores e implicará trabalhar com os seus parceiros para ministrar mais formação. Espera poder expandir a sua base de clientela de modo a incluir outros retalhistas de larga escala e distribuidores.

A MHC tem três projectos de marca própria que têm como alvo diferentes segmentos de mercado. Um mel de cor mais clara, embalado em frascos de vidro de alta qualidade e com rótulos modernos, que tem como mercado-alvo pessoas de rendimento médio e alto. Um mel mais escuro e de sabor mais forte, embalado em garrafas de plástico comprimíveis, para o mercado de massas. A MHC introduzirá ainda mel em saquetas de plástico de 25 gramas.

São uma empresa com boas práticas de governação, com visão e estratégia empresariais formalizadas, políticas de governação e um plano de negócios formalizado. Tem demonstrações financeiras organizadas e revistas pela gerência e tem projecções financeiras baseadas em vários cenários de crescimento.

Impacto Social

Apesar de se tratar de uma pequena empresa, a MHC tem tido um forte impacto social. É um negócio inclusivo, com o objectivo de criar oportunidades para os apicultores perceberem a cadeia de valor da sua indústria e participar como proprietários. Os apicultores têm uma participação de 8% da MHC, a qual pode aumentar como contrapartida pela adopção de boas práticas ambientais.A MHC e os seus parceiros na MICAIA forneceram já colmeias a 1.200 apicultores, assistência técnica e gestão de colmeias bem como aconselhamento sobre colheitas a 1.152 apicultores e, em 2015, comprou mel a 392 apicultores a preços consistentemente no limiar superior do mercado local47. Os objectivos ambientais são a melhoria das colmeias e a sustentabilidade, evitando a degradação.A MHC tem fortes ligações à economia doméstica. Trabalha com cerca de 450 pequenos fornecedores, que recebem 75 por cento de todos os pagamentos a fornecedores, todas as vendas são feitas no mercado doméstico e cerca de 35 por cento é vendido a PME.

Oportunidade de Investimento

A MHC está à procura de capital de risco para aceder a capital operacional (entre USD 25.000 e USD 30.000) e capital de investimento (USD 30.000) para investir em novo equipamento.

Mozambican Honey Company Lda

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Anexo

Enquadramento Pré-Due DiligenceO diagrama abaixo contém as variáveis que foram examinadas no contexto dos principais parâmetros do enquadramento.48

Análise Financeira

Na escolha de oportunidades de investimento viáveis, a Deloitte levou a cabo uma análise das demonstrações financeiras das empresas. O enquadramento implicou a análise das empresas em quatro áreas distintas de desempenho:

1. Rentabilidade – as margens de lucro das empresas. A Deloitte determinou duas medidas de rentabilidade:

a. Margem de Lucro Bruta – a percentagem de receitas retidas após a empresa Custo de Produtos Vendidos (CPV), também conhecido por custos varáveis. Uma empresa com 100 por cento de margem de lucro bruta retém todas as receitas e não tem quaisquer factores de produção variáveis no seu processo de produção. Quanto mais elevada a margem, mais rentável a empresa é.b. Margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amor-tização (EBITDA) – a percentagem de receitas após pagamento pela empresa dos custos fixos/variáveis (i.e. rendas e salários). Quanto mais elevada a margem, mais rentável a empresa é.

2. Eficiência – a capacidade das empresas de extraírem valor dos seus activos. É determinada com recurso ao rácio de asset turnover. Este rácio mostra a medida de receita gerada por cada dólar investido em activos, e.g. uma empresa com um rácio de 1,5 gera 1,5 dólares de receita por cada dólar investido. Um rácio superior é indicativo de uma empresa eficiente. Este rácio é calculado mediante a divisão da receita da empresa pela totalidade dos seus activos.

3. Liquidez – a capacidade de cada empresa de fazer face ao seu pas-sivo corrente (obrigações) com recurso ao seu activo corrente. É determinado

pelo rácio de liquidez reduzida (acid test), o qual traduz o número de vezes que o activo corrente (menos inventário) cobriria o passivo corrente se aquele fosse liquidado na data presente. Um rácio igual ou superior a um é desejáv-el, em geral.

4. Alavancagem – o endividamento geral das empresas e o apetite por dívida adicional. É determinada pelo rácio de dívida, i.e. a percentagem de activos a que corresponde a dívida. Um rácio inferior a um é desejável para garantir que o negócio se não encontra sobreendividado.A Deloitte usou os parâmetros acima para determinar a robustez financei-ra dos negócios analisados. Contudo, uma relevância maior foi atribuída à rentabilidade e ao asset turnover para determinar que empresas ofereciam as oportunidades de investimento mais atractivas. O parâmetro crucial na determinação da robustez financeira de uma empresa é a sua rentabilidade. Se a empresa tem capacidade para cobrir os seus custos variáveis, i.e. uma margem de lucro bruta positiva e ainda capacidade para cobrir os seus custos fixos, i.e. uma margem de EBITDA positiva, então a empresa provavelmente consegue assegurar a sua continuidade no futuro e traduz uma boa oportuni-dade de investimento. Adicionalmente, o asset turnover revela a capacidade da empresa de gerar receitas dos activos. Um asset turnover mais elevado é indicativo de que a empresa faz um uso eficiente dos seus activos e que um investimento adicional em activos poderá gerar receitas mais elevadas.Para além da análise dos rácios, a equipa analisou o crescimento nas receitas e custos de cada empresa individualmente, de modo a determinar tendências ferais e a estabilidade financeira. Esta análise, conjuntamente com a análise aos rácios, ajudou na determinação dos candidatos de investimento. A análise realizou-se ao longo de diversos períodos de tempo.

Posição Competitiva

A Deloitte analisou diversos aspectos do negócio da empresa para determinar a sua posição competitiva:

1. Estratégia. Verificou se a empresa tem uma estratégia de negócios,

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consegue articulá-la e se esta se encontra formalizado num documento. Ana-lisou ainda se a empresa tem estratégias funcionais (e.g. marketing, recursos humanos, cadeia de fornecimento) e se estas se encontram formalizadas num documento.

2. Vantagens Competitivas.Fazendo uso da teoria das cinco forças de Porter, a Deloitte analisou a posição competitiva da empresa.a. Concorrência se a empresa conhecia os seus principais concor-rentes e se conseguia identificá-los.b. Ameaça de novos participantes o grau de dificuldade de entrar no mercado da empresa mediante a análise das barreiras de entrada do merca-do. Analisou ainda as vantagens de custo da empresa relativamente aos seus concorrentes. c. Ameaça de substitutos o substituto mais próximo do(s) produto(s) que a empresa produz.d. Poder de compra a concentração de clientes pela análise do núme-ro de clientes da empresa, a percentagem total de vendas aos maiores clientes e se os clientes eram internacionais.e. Poder do fornecedor a concentração dos fornecedores da empresa, determinando quantos fornecedores por factor de produção essencial a em-presa tinha.

3. Constrangimentos do negócio se existiam constrangimentos e, a existir, que tipos de constrangimentos eram e como podiam afectar o desem-penho da empresa.

4. Planos de crescimento e expansão as perspectivas de crescimento da empresa e se a empresa tinha planos de expansão.

5. Certificações se a empresa tinha certificações da qualidade do pro-duto e das operações (e.g. certificados ISO), e se tinham planos para as obter no futuro próximo.

6. Mercado a posição geográfica dos clientes da empresa, se se encontravam apenas dentro de Moçambique ou se incluíam mercados de exportação e, se sim, a percentagem a que correspondiam as exportações.

7. Gestão a maturidade da capacidade de gestão da empresa. Isto incluiu compreender se eram usados relatórios de gestão na tomada de de-cisões e se as empresas tinham formalizado as posições mais importantes (e.g. CEO, Director de Operações, CFO) em pessoas diferentes. Também analisou se a empresa tinha visão e estratégia empresariais e se se encontrava formaliza-da num documento, se a empresa tinha políticas de governação que repartiam direitos e responsabilidades pelas pessoas essenciais da empresa bem como regras e processos decisórios em matérias empresariais. Por fim, se a empresa tinha uma estratégia de recursos humanos.

Impacto Social

Para analisar o impacto social da empresa, a Deloitte analisou os seguintes aspectos:

1. Objectivos sociais e ambientais se a empresa tinha objectivos so-ciais e ambientais e, se sim, quais eram e se se encontravam formalizados na estratégia empresarial. Verificou se a empresa tinha um plano de responsabili-dade social.2. Participação nacional. Diversas vertentes: se os trabalhadores

detinham participações na empresa, a posição hierárquica de cada um desses trabalhadores, incluindo o número de gerentes moçambicanos. Foi ainda considerado quantos e que percentagem de trabalhadores da empresa eram da área onde a empresa opera e quantos trabalhadores a empresa emprega de famílias de baixo rendimento.

3. Emprego o número de trabalhadores permanentes e temporários da empresa.

4. Formação se os trabalhadores receberam formação, o tipo de formação e o número de horas de formação que os trabalhadores receberam em média.

5. Ligações à economia doméstica que factores de produção foram obtidos domesticamente e a percentagem de pagamentos a fornecedores domésticos. Examinou ainda o número de PME e de pequenos produtores que forneciam a empresa e que percentagem de pagamentos a fornecedores recebiam. A Deloitte analisou também a percentagem de vendas da empresa feitas domesticamente, bem como o número e percentagem de compradores que eram particulares ou PME.

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Notas Finais

1 O ranking relativo a 2015 de operações de investimento de impacto foi o seguinte: África do Sul, Zâmbia, Moçambique, Zimbabué, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Angola, Maurícias, Botsuana, Lesoto e Suazilândia.

2 Os bancos controlam aproximadamente 95 por cento do total de activos do sector financeiro (87 por cento dos quais concentrados no cinco maiores bancos do país). (GIIN and Open Capital, 2016)

3 Informação do Banco de Moçambique.

4 AVCA, 2014, AVCA: Guide to Private Equity in Africa.

5 Capital paciente traduz investimentos reaizados com ganhos esperados a longo prazo.

6 A África do Sul atrai mais de metade da actividade de private equity.

7 Deloitte, 2016, Africa Private Equity Confidence Survey.

8 AVCA informação da Ernst and Young, 2015, Private Equity Roundup Africa (refere-se à África Austral).

9 AVCA, 2014, AVCA: Guide to Private Equity in Africa.

10 Thomas, 2012, Technical Report: Study on Private Equity in Agribusiness in Southern

Africa.

11 Credit Suisse, 2015, Private Equity and Emerging Markets Agribusiness: Building Value through Sustainability.

12 Thomas, 2012, Technical Report: Study on Private Equity in Agribusiness in Southern

Africa.

13 Exemplos são a Eaglestone Asset Management, a MDCC Holdings, a Strongeagle e a Maris Capital.

14 Os investimentos IFD compreendem todos os investimentos no sector privado por doadores (ajuda multilateral, empréstimos directos a governos, programas de desenvolvimento puros e empréstimos a particulares estão excluídos) GIIN and Open Capital, 2016, The Landscape for Impact Investing in Southern Africa.

15 GIIN and Open Capital, 2016, The Landscape for Impact Investing in Southern Africa.

16 GIIN and Open Capital, 2016, The Landscape for Impact Investing in Southern Africa.

17 As entrevistas conduzidas no âmbito deste estudo demonstram existir bastante apetite por investimentos de private equity, com muitas empresas no sector do agronegócio interessadas em ter um parceiro de investimento.

18 Informação do Instituto Nacional de Estatística.

19 Mais detalhes acerca das varáveis tidas em consideração dentro de cada componente do conjunto de parâmetros bem como sobre a metodologia da análise financeira encontram-se no Anexo.

20 No total, procedemos à uma análise financeira de 11 empresas.

21 As empresas são apresentadas por ordem alfabética.

22 Têm também um negócio de aquicultura dentro dos seus negócios de agricultura.

23 Com base nas projecções da gerência da empresa.

24 A informação provém do Ministério da Agricultura e da Segurança Alimentar, 2016, Mozambique: Investment Opportunities in Agribusiness.

26 18 por cento dos pequenos proprietários de terra são mulheres.

27 Sítio da AgDevCo: http://www.agdevco.com/our-investments/by-investment/AC-

MATAMA

28 Informação obtida no sítio da AgDevCo (http://www.agdevco.com/our-investments/by-investment/AC-MATAMA) demonstra que 2.100 toneladas foram para mercados locais, em 2015.

29 Em Moçambique, o direito de uso da terra designa-se Direito do Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT).

30 Serviços de extensão agrícola são a aplicação de pesquisa e conhecimento científicos a práticas agrícolas pela formação de agricultores.

31 SPEED Report, 2014, Brief Review of Mozambique Seed Market.

32 Hanlon & Smart, 2013, Small Farmers of Big Investors? The Choice for Mozambique.

33 Informação retirada do sítio da AgDevCo, http://www.agdevco.com/our-investments/by-investment/PHOENIX-SEEDS.

34 A Cooperative League of the USA (CLUSA) é o braço internacional da National Cooperative Business Association (NCBA), que oferece assistência para o desenvolvimento de cooperativas, internacionalmente.

35 Iniciativa sobre o Estado da Sustentabilidade, 2014, The State of Sustainability Initiatives Review 2014: Standards and the Green Economy.

36 Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, Moçambique: Investment Opportunities in Agribusiness.

37 Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, Moçambique: Investment Opportunities in Agribusiness.

38 Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, Moçambique: Investment Opportunities in Agribusiness.

39 Licores e picantes são os seus produtos mais vendidos.

40 Incluindo 4 fornecedores de embondeiro e tamarindo de Tete.

41 Deloitte, 2015, Reducing Post-Harvest Loss Through a Market-Led Approach; DADTCO sítio: http://www.dadtco.nl/.

42 FAO, Cassava: International Market Profile.

43 Deloitte, 2015, Reducing Post-Harvest Loss through a Market-Led Approach.

44 A Portucel é uma empresa portuguesa de pasta e papel que detém uma grande concessão de eucaliptos (356,000 hectares) nas províncias da Zambézia e da Manica.

45 A Fundação Micaia tem fins não-lucrativos e opera em Moçambique.

46 A MHC não quis partilhar as suas demonstrações financeiras.

47 Dados do AgDevCohttp://www.agdevco.com/our-investments/by-investment/MOZAMBIQUE-HONEY-COMPANY-MHC.

48 A selecção das empresas não é necessariamente exaustiva do conjunto total de PME com potencial no sector de agronegócio. Por conseguinte, da presente selecção não se retira que as PME não incluídas não têm potencial de crescimento.

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Santiago GoicoecheaSenior Manager, Monitor DeloitteMaputo

O Santiago liderou vários projectos de estratégia empresarial e de investimento em diversos países africanos, que incluem Moçambique, África do Sul, Tanzânia, Quénia, Zâmbia, Zimbabué, Angola e Somália.

[email protected]

Shezaad SunderjiSenior Consultant, Monitor Deloitte Nairobi

A Shezaad trabalhou em projectos de estratégia empresarial e de investimento em diversos países africanos, que incluem a África do Sul, o Quénia, Moçambique, Zâmbia, Namíbia e Ruanda.

[email protected]

Lindsey AllwrightConsultant, Monitor DeloitteMaputo

A Lindsey participou em projectos de modelação económica em vários sectores económicos de Moçambique.

[email protected]

Autores

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Líder em Estratégia e Metodologia Global de Consultoria A competência em estratégia da Monitor é conhecida mundialmente e nós somos reconhecidos como líderes intelectuais. The Monitor Group não só prestou serviços a 74 das 100 maiores empresas do mundo e ainda – de acordo com a Harvard Business Review – sete dos 16 livros sobre negócios mais influentes dos últimos 25 anos foram escritos por autores da Monitor. Michael Porter, um dos membros fundadores da Monitor, que escreveu a obra «Competitive Strategy», mudou o modo como as organizações pensam.

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““Deloitte” é a marca sob a qual dezenas de milhares de profissionais, trabalhando em firmas indepen-dentes espalhadas por todo o mundo, colaboram na prestação de serviços de auditoria, consultoria, con-sultoria financeira, gestão de risco e serviços fiscais a clientes seleccionados. Estas entidades são firmas membro da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (“DTTL”), uma sociedade privada de responsabilidade limitada do Reino Unido. Cada firma membro presta serviços numa determinada área geográfica e está sujeita às leis e regulamentos profissionais do país ou dos países onde opera. A DTTL não presta ela própria serviços a clientes.A DTTL e as firmas membro da DTTL são entidades separadas e legalmente distintas, não podendo uma obrigar as outras. A DTTL e cada firma membro é responsável pelos actos e omissões próprios não sendo responsável umas pelas outras. Cada firma membro é estruturada de modo diferenciado consoante as respectivas leis nacionais, regulamentos profissionais, costumes e outros factores, podendo exercer a sua actividade nas respectivas áreas geográficas através de subsidiárias, participadas e/ou outras entidades.

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