opcoes de financiamento

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MANUAL DE FORMAÇÃO OPÇÕES DE FINANCIAMENTO

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MANUAL DE FORMAO

OPES DE FINANCIAMENTO

OBJECTIVOS GERAIS

E

DESCRIO

DO

CURSO

OBJECTIVOS GERAIS

-

Desenvolver a capacidade de novos perfis profissionais com vista adaptao e adequao inovao, modernizao e exigncia empresarial atravs da Formao Profissional Contnua.

-

Fomentar a competitividade empresarial, proporcionando s PMEs um desenvolvimento sustentado, na ptica da inovao, modernizao e adaptao das empresas ao contexto macro-econmico, atravs de um plano empresarial de desenvolvimento dos seus recursos humanos.

-

Desenvolver a capacidade de aquisio e uso de conhecimentos, tendo em conta as exigncias do mundo actual e dos formandos nesse mundo.

Em sntese, espera-se dos empresrios a consciencializao do esforo necessrio a qualquer processo formativo, a capacidade de transformar esse esforo em resultados prticos para si prprios e para as empresas, e a vontade de executar um programa de mudana nas empresas.

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Contedos Programticos

Introduo 1. Financiamentos de curto prazo: 1.1. A gesto dos prazos de recebimento e pagamento 1.2. Os financiamentos bancrios de curto prazo 1.3. O Factoring 1.4. O Crdito ao consumo e as S.F.A.C. 1.5. O papel comercial 1.6. As vantagens e desvantagens do endividamento a curto prazo Formas de financiamento de Mdio e Longo Prazo: 2.1. O Autofinanciamento 2.2. Financiamentos por capitais prprios 2.3. Capital de Risco 2.4. Os emprstimos de scios / Suprimentos 2.5. Os financiamentos bancrios de MLP 2.6. Os emprstimos obrigacionistas 2.7. O Leasing 3. Novas tecnologias de informao e comunicao nas opes de financiamento de empresas 4. Bibliografia

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IntroduoA escolha da estrutura de financiamento da empresas - entendida como o peso relativo dos diferentes tipos de capital, prprio ou alheio, no financiamento dos seus activos - uma das decises mais importantes dos administradores financeiros. A proporo entre os capitais prprios e as dvidas influencia fortemente o grau de risco financeiro atribudo a empresa pelos agentes econmicos que com ela se relacionam: bancos, fornecedores, clientes, etc. Por outro lado, o custo do capital utilizado na avaliao das decises de investimento depende tambm das fontes de financiamento utilizadas e do custo de cada uma delas. Saliente-se, ainda, que a estrutura de financiamento determina, em boa parte, a forma como os excedentes financeiros se repartem pelos scios e credores. Uma das regras de ouro da gesto financeira postula que o grau de exigibilidade dos financiamentos deve ser compatvel com a maturidade dos activos que financiam. Quer isto dizer que, em regra, os activos de mdio e longo prazo devero ser financiados com capitais permanentes, e os activos circulantes com capitais de curto prazo. A razo de ser de tal regra evidente: se a empresa financiar activos de longo prazo com capitais exigveis a curto prazo, existe um desfasamento entre o prazo de reembolso destes capitais e a capacidade de gerao de fundos (cash flows) dos activos, o que pode criar graves problemas de tesouraria, mesmo em empresas economicamente viveis . Esta regra merece, no entanto, trs comentrios. Em primeiro lugar, de salientar que a anlise do equilbrio financeiro do balano - o qual contm, como se sabe, as aplicaes de fundos no activo e as origens de fundos no capital prprio e no passivo - no deve ser efectuada elemento a elemento. A avaliao deste equilbrio entre origens e aplicaes efectuada em termos agregados. Assim, por exemplo, uma empresa que apresente um elevado montante de capital prprio e excedentes de tesouraria podero financiar a aquisio de um bem de equipamento com capitais de curto prazo, sem que dai advenham graves consequncias no tocante a liquidez. Em segundo lugar, a correspondncia entre activos fixos/capitais permanentes e activos de curto1

prazo/passivos de curto prazo no deve ser entendida de forma simplista. Aspectos tais como o sector de actividade, o grau de exigibilidade dos passivos circulantes e o prazo de realizao dos activos, a maior ou menor facilidade na obteno de financiamentos em condies de aperto momentneo de tesouraria, a atitude dos scios perante as necessidades de capital da empresa, etc., so factores a ponderar no contexto de decises que afectam a estrutura de financiamento. Finalmente deve salientar-se que a prpria composio do activo fixo um factor essencial que afecta o tipo de financiamento. Com efeito, as empresas cujo activo preponderantemente constitudo por elementos intangveis - despesas de investigao e desenvolvimento, marcas, patentes - tem muito maior dificuldade em apresentar garantias reais aos financiadores, relativamente aquelas cujo activo fixo maioritariamente1

Note-se que esta regra deve ser entendida como um princpio geral e no como de aplicao automtica a todas as decises de financiamento. A existncia de um fundo de maneio nulo ou negativo no prenuncia inevitavelmente dificuldades de tesouraria. Tudo depende dos graus de rea1izao e de exigibilidade dos activos e passivos circulantes.

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composto por bens tais como edifcios, terrenos ou equipamentos. Assim, nas primeiras, o peso do capital prprio - inicial ou resultante de reteno de lucros - tende a ser mais elevado, dada a dificuldade na obteno de crditos de mdio e longo prazo.

A fiscalidade e a estrutura de capital

comum afirmar-se que a fiscalidade um factor de incentivo ao endividamento das sociedades. Esta afirmao baseia-se no tratamento preferencial dado aos juros (remunerao do capital alheio) no apuramento do lucro tributvel das sociedades. Com efeito, os juros so deduzidos aos proveitos no clculo daquele lucro, enquanto que os dividendos (remunerao do capital prprio) no beneficiam dessa deduo. Esta anlise merece, no entanto, algum aprofundamento. E certo que, na maioria dos sistemas fiscais, os juros, contrariamente aos dividendos, so deduzidos aos proveitos no apuramento do lucro tributvel, o que lhes confere uma vantagem fiscal em sede do imposto sobre o rendimento das sociedades. Mas um tratamento mais completo desta questo deve ponderar alguns aspectos adicionais. De entre eles, refira-se, em primeiro lugar, o que respeita a tributao que, em sede do imposto de rendimento pessoal dos scios e credores, incide sobre os dividendos e juros. Se ambos so englobados na matria colectvel do imposto e tributados a taxas progressivas ou se ambos so fiscalmente onerados por idnticas taxas - proporcionais -, a vantagem do financiamento por capitais alheios mantm-se, no se considerando outros factores que afectem a tributao dos scios e credores. No entanto, se a tributao no imposto pessoal destes rendimentos for diferente, a vantagem do endividamento pode esbater-se. Em Portugal, os juros e os dividendos de aces podem ser tributados por taxas liberatrias - 20% sobre os juros e 25% sobre os dividendos - ou podem ser englobados no rendimento tributvel do respectivo titular 2. No caso de opo por taxas liberatrias, a vantagem do recurso ao crdito ate se acentua; no caso de opo pelo englobamento, concedido ao scio um crdito de imposto que se traduz na deduo a sua colecta de IRS de 60% do IRC correspondente aos lucros que lhe so distribudos. Esta medida, que visa atenuar a dupla tributao sofrida pelos lucros distribudos - em primeiro lugar na sociedade e, em seguida, no imposto pessoal do scio- faculta aos scios a possibilidade de sofrer uma menor carga fiscal sobre os dividendos3.

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De notar que nas sociedades por quotas os lucros distribudos no beneficiam da tributao por taxa liberatria.3

Esta opo traduz-se sempre em economia de imposto relativamente a taxa liberatria, mesmo para um scio que receba dividendos taxa marginal mais elevada do IRS. 0 crdito de imposto resulta numa deduo colecta de aprox. 31% dos lucros distribudos, sendo o mesmo montante previamente adicionado matria colectvel. Assim, se um scio tributado em IRS taxa marginal de 40% recebe 1000 de dividendos o imposto a pagar sobre esses dividendos ser:

a) opo pela taxa liberatria: 250 b) opo pelo engbobamento: (1000 + 310)0.4 = 524 310 = 2145

A possibilidade de atenuar ou eliminar a dupla tributao dos lucros distribudos, se bem que reduza a desvantagem fiscal do financiamento por capital prprio no a faz desaparecer, admitindo a tributao dos lucros distribudos a taxa legal do IRC (34%). Uma outra forma de minimizar a tributao dos lucros em sede do imposto pessoal dos scios, e este o segundo aspecto relevante que mencionamos, consiste na reteno dos lucros e sua acumulao como reservas. Esta acumulao, e o consequente aumento da situao liquida da sociedade, reflectir-se-, em principio, na subida do valor das aces. 0 scio pode ento vend-las e realizar mais-valias. As mais-valias realizadas na venda de aces, deduzidas das menos-valias, so tributadas a taxa liberatria de 10% podendo o contribuinte optar pelo englobamento. No entanto, se as aces vendidas tiverem sido detidas por um perodo superior a 12 meses, so isentas de tributao. Por ltimo, refira-se que a legislao pode consagrar determinados benefcios fiscais. Certas dedues a colecta do imposto sobre as sociedades podem tomar a taxa de tributao efectiva sobre os lucros retidos ou distribudos inferior a taxa legal ou ate nula. Se tal acontecer, e possvel a ocorrncia de situaes nas quais se verifica a inexistncia de tributao dos rendimentos dos capitais prprios, pelo que estes seriam fiscalmente preferveis ao endividamento como forma de financiamento das sociedades. Os efeitos da fiscalidade sobre a estrutura de capital das sociedades no devem pois ser apenas avaliados pela comparao da carga fiscal suportada pelos juros e dividendos; devendo incluir-se na anlise todos os aspectos relacionados com a tributao dos lucros, dividendos, juros e mais-valias, no esquecendo os respectivos benefcios fiscais.

A necessidade de flexibilidade financeira

O recurso corrente a capitais alheios muitas vezes evitado pelas empresas com o argumento da necessidade de flexibilidade financeira. Em traos gerais, esta condicionante das decises financeiras traduz-se no facto de os administradores procurarem manter uma reserva de crdito para fazer face a situaes futuras que impliquem o recurso a capitais externos. Assim, suponha-se que uma dada empresa apresenta, num dado momento, uma estrutura da financiamento na qual o peso das dividas inferior ao que seria recomendvel do ponto de vista da optimizao fiscal do nvel de endividamento. Porm, se a administrao planeia, no prazo de um ou dois anos, realizar um projecto de investimento de grande dimenso para o qual tero ento de recorrer fortemente a financiamento alheio, a empresa poder no aumentar imediatamente a sua dependncia do endividamento.

Efeito Alavancagem

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Uma empresa tem, como vimos, duas formas de financiar a sua actividade: recorrendo a capitais prprios ou a capitais alheios. Tipicamente, os capitais prprios so aqueles que no tem qualquer contrapartida fixa de remunerao, ou seja: trata-se de capital que pode ou no ser remunerado de acordo com a rendibilidade gerada pela empresa. Os capitais alheios, por seu lado, so aqueles que tm partida uma remunerao mnima fixada (que pode ser uma taxa fixa ou varivel, de acordo com uma taxa de referncia de mercado) e que em regra possuem um esquema de reembolso previamente definido. Normalmente, quando se pensa em iniciar um projecto empresarial fazem-se contas aos capitais prprios disponveis para o investimento inicial. No entanto, necessrio ter em conta que o recurso a capitais alheios permite a "alavancagem" dos capitais prprios, isto , aumenta o seu risco e tambm o seu retorno potencial. Um aspecto primordial no financiamento de qualquer empresa consiste na determinao da sua estrutura de capitais Para a escolha do mix de financiamento (isto , da percentagem de capitais prprios e de capitais alheios/emprstimos) no existe uma frmula universal, mas sim opes diferentes de acordo com: Ciclo de vida: Em regra, uma empresa na sua fase de lanamento financiada quase na totalidade por capitais prprios (alguns podero ter a caracterstica de capitais de risco), pois a empresa est numa fase em que dificilmente poder garantir com segurana o pagamento dos juros e o reembolso dos capitais alheios. medida que vai avanando para a maturidade, a empresa poder ento recorrer a um maior nvel de capitais alheios, pois j gerar um nvel de cash-flow suficiente para garantir com segurana o pagamento dos custos de financiamento e o seu reembolso. Percentagem de custos fixos na estrutura de custos: normal que uma empresa com muitos custos fixos tenha uma taxa de juro superior a uma empresa com custos predominantemente variveis, pois a primeira ter sempre que pagar em primeiro lugar os seus custos regulares (renda, pessoal, etc.) e s depois pagar os encargos financeiros. Risco do negcio: Tambm intuitivo que uma empresa que actue em sectores de maior risco (como a Internet ou a biotecnologia) tenha custos de financiamento superiores a uma empresa que actue nos sectores mais tradicionais e menos arriscados da economia (como o retalho alimentar ou a electricidade). Percentagens de capital alheio: A empresa ter de ter em conta qual a taxa de juro que consegue para diferentes percentagens de capital alheio. Se normalmente no difcil conseguir emprstimos bancrios se estes representarem 20% ou 30% dos investimentos totais (sendo o restante capitais prprios), tal no acontece se a situao for a inversa. Neste ltimo caso, quem emprestar o dinheiro exigir uma taxa de juro muito superior por forma a ser compensado pelo maior risco que estar a correr. Associado estrutura de capitais temos o Efeito de alavancagem que indica a variao percentual dos resultados lquidos resultante de uma variao percentual nos resultados operacionais. Pode propiciar um aumento da rendibilidade dos capitais prprios da empresa e, simultaneamente, provocar um aumento no grau de risco financeiro da empresa.

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A ideia da alavancagem que a rentabilidade dos capitais prprios investidos em determinado projecto aumenta muito medida que a percentagem de capitais alheios utilizados maior, desde que o nvel de capitais alheios no seja to elevado que ponha em risco a viabilidade do projecto. O efeito de alavancagem ter de estar sempre presente nas decises de investimento, pois poder ser decisivo nas taxas de rentabilidade atingidas pelos capitais prprios. Veja-se este exemplo simples para um projecto de 1000 Euros de investimento:

PROJECTO (1) Investimento total (2) Rentabilidade esperada (3) Percentagem de capitais alheios (4) Montante de capitais alheios (1) X (3) (5) Taxa de juro suportada (6) Taxa de imposto (7) Taxa de juro aps imposto (5) x [1-(6)] (8) Retorno do investimento (1) x (2) (9) Custo de financiamento (4) x (7) (10) Retorno dos capitais prprios (8) - (9) (11) Montante de capitais prprios (1) - (4) (12) Rentabilidade dos capitais prprios (10)/(11)

A 1000 10% 0% 0 0% 35% 0% 100 0 100 1000 10,0%

B 1000 10% 20% 200 6% 35% 4% 100 7,8 92,2 800 11,5%

C 1000 10% 40% 400 9% 35% 6% 100 23,4 76,6 600 12,8%

D 1000 10% 60% 600 14% 35% 9% 100 54,6 45,4 400 11,4%

E 1000 10% 80% 800 18% 35% 12% 100 93,6 6,4 200 3,2%

Repare-se no exemplo que vale a pena ter uma maior percentagem de capitais alheios at 40%, mesmo com a taxa de juro mais alta, e que ter uma percentagem superior a 40% j no recomendvel, pois o aumento da taxa de juro diminui a rentabilidade dos capitais prprios. A este efeito no alheio o facto dos encargos financeiros serem dedutveis fiscalmente, isto , uma taxa de juro de 6% transforma-se numa taxa real de 4%. A alavancagem s acontece quando a rentabilidade dos investimentos superior ao custo real do passivo. Em suma, a empresa dever escolher o mix de financiamento que maximize a rentabilidade dos capitais prprios investidos no projecto.

Em seguida, so evidenciadas as formas mais comuns de capitais prprios e alheios utilizados no financiamento das empresas.

1. Financiamentos de curto prazoA poltica de curto prazo da empresa deve inserir-se na estratgia e objectivos de mdio e longo prazos.

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As polticas de curto prazo devem ser bastante dinmicas e contemplar perodos trimestrais, mensais ou at mesmo semanais, sem perder a perspectiva da estratgia global de mdio e longo prazos da empresa. Existem diversas fontes alternativas de financiamento de curto prazo, isto , financiamentos com um prazo de exigibilidade at um ano. Os mais relevantes so os seguintes:

1.1. A gesto dos prazos de recebimento e pagamentoO financiamento via fornecedores de todos o mais comum e usual. Raras so hoje as empresas que efectuam todas as suas compras a pronto. O crdito fornecedor reside no perodo de tempo em que o fornecedor permite que seja efectuada a liquidao da sua factura, podendo a empresa afectar esses montantes a uma aplicao financeira alternativa. No crdito fornecedor no usual a aplicao de juros aos montantes em dvida, mas sim compensar os pagamentos a pronto atravs de descontos. A concesso de crditos por parte de fornecedores permite que uma empresa efectue pagamentos diferidos, aumentando a sua capacidade financeira. Quer dizer, trata-se de um financiamento obtido pela empresa correspondente ao espao de tempo que medeia entre a entrega do bem ou a prestao do servio e o momento do seu pagamento. Regra geral, o prazo de pagamento no costuma ser superior a um ano. O crdito de fornecedores, pela sua caracterstica de curto prazo e pelo implcito prazo mdio de pagamentos, torna-se num instrumento fundamental da gesto da tesouraria.

Acesso ao produto: Prs: No tem custo; -Simplicidade: a forma mais simples de financiamento de uma empresa. Flexibilidade de prazos e condies: trata-se de um crdito mais flexvel que Negociao directa com o fornecedor

o crdito bancrio.

Contras: um financiamento de curto prazo; Limitao sua utilizao: o recurso abusivo pode criar um mau relacionamento com o fornecedor.

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1.2. Os financiamentos bancrios de curto prazoO Crdito bancrio uma operao pela qual uma instituio bancria coloca disposio de um cliente determinado montante e este se compromete a reembolsar a instituio na data fixada antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados. O crdito bancrio poder tomar a forma de crdito directo, caso em que a instituio bancria coloca fundos disposio de empresas e particulares (exemplos: desconto de letras, de livranas e abertura de crdito atravs de conta corrente ou de emprstimo). Quanto ao crdito bancrio indirecto, a instituio bancria desembolsa fundos caso o beneficirio do crdito no assuma os compromissos (exemplos: garantias bancrias, avais ou aceites bancrios). Apesar do aparecimento crescente de outras fontes de financiamento, o crdito bancrio continua a ser o mais utilizado pelas empresas, sobretudo pelas PME.

Emprstimos de curto prazo: O objectivo financiar operaes de curto prazo (a 90, 120 ou 180 dias), por exemplo, para resolver dificuldades de liquidez momentneas. Como contrapartida, as empresas no fim do prazo convencionado com a instituio bancria tero de restituir o valor do emprstimo acompanhado de juros postecipados. Desconto de Ttulos (letra, livrana, promissria, extracto de factura,warrant): Consiste no financiamento concedido pelo banco, com base num ttulo de crdito, de um determinado montante, que a empresa ir receber dos seus clientes ou de outro tipo, caso da livrana. um adiantamento feito pelo banco ao portador de um ttulo de crdito antes do seu vencimento. Pelo desconto cobrado um "prmio de desconto" que resulta da aplicao de uma determinada taxa. O desconto de ttulos continua a ser uma forma de financiamento privilegiada pelas empresas. Esta forma de crdito susceptvel de ser negociada sob a forma de pfafonds peridicos podendo ser renovveis. H ainda a possibilidade de, no vencimento, se proceder reforma dos ttulos, funcionando como um prolongamento do crdito quando o cliente no pretende liquidar por inteiro o respectivo valor.

Acesso ao produto: O cliente apresenta ao banco uma proposta que permite decidir se faz ou no o desconto proposto. Quando a proposta aceite, o banco fica de posse do ttulo at ao seu vencimento, adiantando o valor empresa

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deduzindo uma quantia que inclui o juro, as despesas bancrias e os impostos do Estado. Na data de vencimento, o banco faz a cobrana em numerrio ou debita a conta do emissor do ttulo (sacado). Quando no consegue cobrar prtica usual do banco debitar a conta do cliente que apresentou o ttulo a desconto (cedente)

Prs:

Permite antecipar a realizao de fundos; Pode dispensar cauo Procedimentos j bastante difundidos e de fcil concretizao, sendo nalguns casos a nica forma de acesso ao crdito.

Contras: No garante a boa cobrana do ttulo; Custos relativamente elevados.

Emprstimos em conta corrente (ou conta corrente caucionada): Tratam-se de contas correntes em que a instituio bancria coloca disposio da empresa um limite de crdito contratado. Geralmente estas contas so vlidas por 180 dias, podendo no entanto ser renovadas ciclicamente. Implicam o pagamento de juros por parte da empresa contraente.

A abertura deste crdito acompanhada habitualmente da prestao de uma garantia, que pode assumir a forma de uma livrana de cauo, de montante igual ao limite da conta corrente, com aval dos scios, accionistas, gerentes ou administradores.

Na prtica, muito raramente se negoceiam contas correntes com durao superior a um ano, sendo mais normais os prazos at 6 meses renovveis.

Regra geral, a taxa de juro indexada e definida no 10 dia de cada perodo de contagem de juros. O clculo dos juros feito numa base diria e o pagamento efectuado de acordo com a periodicidade estabelecida entre as partes (geralmente mensal ou trimestral).

Acesso ao produto:

O banco e o cliente, alm de negociarem e estabelecerem em contrato a taxa de juro e o limite mximo de crdito, acordam no montante mnimo e num mltiplo para as tranches, na durao e

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periodicidade de pagamento dos juros e quanto s garantias, entre outras eventuais condies de interesse mtuo. Prs: Disponibilizao imediata dos montantes negociados Constitui uma forma de financiamento particularmente adaptada asa necessidades de capital circulante das PME. Contras:

Existe uma comisso de imobilizao, correspondente a uma percentagem sobre o montante por utilizar, a pagar nos perodos de contagem de juros. E um crdito limitado que, pela simplicidade da sua utilizao, pode ser desvirtuado tornando-se numa fonte de financiamento permanente sem ter as caractersticas de mdio e longo prazos.

Descoberto bancrio (overdraft): Tem por objectivo ultrapassar dificuldades de tesouraria momentneas e implica a aceitao por parte da instituio bancria (geralmente s concedida aos melhores clientes). Este tipo de crdito mais caro do que o crdito normal pois taxa de juro das operaes activas acrescentam-se normalmente dois pontos percentuais.

Este produto assemelha-se ao crdito em conta-corrente, diferindo no tipo de garantias e na forma como concretizado.

Para cauo pode ser pedida uma livrana em branco subscrita pelo cliente, no selada e, portanto, com o montante e data de vencimento por preencher.

Regra geral, os juros so pagos mensalmente e calculados com base numa taxa de referncia sobre o valor dos saques a descoberto.

Acesso ao produto: O banco determina um limite mximo, varivel consoante o cliente, acordando-se o prazo, a taxa de juro e a periodicidade de pagamento dos juros. A prorrogao negocivel pontualmente.

Prs: Disponibilizao imediata dos montantes negociados

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Constitui uma forma de financiamento particularmente adaptada asa necessidades de capital circulante das PME.

Contras: Acesso restrito: uma facilidade que, normalmente, apenas se concede bons clientes de risco reduzido. , em regra, mais caro que a conta corrente caucionada.

Crdito por assinatura: Consiste no cumprimento de uma obrigao pela instituio bancria, condicionado ao no cumprimento de outra obrigao assumida pela empresa. Quer isto dizer que se a empresa no assumir a sua responsabilidade a instituio bancria procede ao pagamento da respectiva obrigao (exemplos: aval bancrio e a fiana ou garantia bancria). No entanto, a instituio bancria cobra geralmente uma comisso de garantia (por um perodo de 3 meses).

Crdito documentrio: Sob ordem de uma empresa (o ordenador), uma instituio bancria responsabiliza-se por colocar determinado montante disposio do vendedor (o beneficirio), normalmente por intermdio de outra instituio bancria (o correspondente). Assim, o vendedor tem a vantagem de garantir o recebimento atempado do montante da venda. Este tipo de financiamento , geralmente, utilizado em operaes de exportao/importao.

1.3. O FactoringIntroduzido nos anos sessenta em Portugal, o factoring tem vindo a assumir uma relevncia maior e a ser cada vez mais utilizado nas empresas portuguesas, uma vez que os benefcios oferecidos so inmeros e sobrepem-se largamente s reduzidas desvantagens que apresenta. So vrias as definies que se podem dar da actividade de factoring, sobretudo porque este servio ou produto financeiro existe em vrias modalidades diferentes. De uma forma simplificada pode-se dizer que uma operao financeira pela qual uma empresa - a empresa aderente - vende a outra empresa - a empresa de factoring ou factor - uma srie de crditos de curto prazo dos seus clientes, relativos venda de produtos ou servios dessa mesma empresa. Num caso, a empresa aderente recebe imediatamente um valor acordado e a empresa de factoring fica com o direito de receber essas dvidas, por parte do cliente da empresa aderente. A actividade de factoring pode tambm ser considerada como a entrega, por parte de uma empresa que vende produtos ou servios, das operaes de cobrana das suas facturas de curto prazo empresa de factoring, especializada em cobranas. Uma viso mais abrangente apresenta a empresa de factoring como uma entidade que apoia, de facto, a empresa fornecedora que tem crditos de curto prazo a receber, efectuando a sua gesto de crditos e a sua cobrana mas tambm dando apoio administrativo empresa, adiantando-lhe o dinheiro e at partilhando com ela, total ou parcialmente, o risco de insolvncia ou mesmo de falncia da empresa devedora.

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Resumidamente, o factoring consiste num sistema aperfeioado de cobranas de vendas a prazo. Trata-se de uma actividade que assegura o seu financiamento corrente atravs da tomada de crditos sobre terceiros, substituindo assim o crdito de tesouraria. Atravs da cesso financeira, o intermedirio financeiro (a factor) adquire os crditos a curto prazo que os fornecedores (os aderentes) concedem aos seus clientes (os devedores) e que advm da venda de produtos ou da prestao de servios. O factoring poder ainda incluir tarefas complementares, tais como estudos do risco de crdito ou apoio jurdico, comercial e contabilstico boa gesto dos crditos transaccionado. Numa viso simplista, a componente de antecipao de fundos frequentemente confundida com a aco quase nica do factoring. No entanto, a interveno do factor no se resume a esse servio. Alm de apoiar o aderente na seleco de crditos a conceder aos seus clientes, o factor poder tambm garantir a 100% os riscos dos crditos comerciais dentro dos limites aprovados para cada um dos devedores. Uma outra componente a gesto das contas dos clientes dado que o factor assegura as operaes que se seguem facturao, fornecendo ao aderente os instrumentos adequados a uma gesto rigorosa e eficaz da sua tesouraria. Assim, as relaes com os devedores, a vigilncia sobre as cobranas, a contabilizao, os avisos aos devedores, as insistncias no caso de atrasos nos pagamentos e at um eventual tratamento jurdico de um crdito no pago so exemplos dos servios prestados ao aderente e que lhe permitiro reduzir os custos administrativos.

Custos e vantagens do factoring importante referir alguns aspectos dos contratos de factoring tpicos. A sociedade de factoring, pelos servios de antecipao e/ou de gesto das cobranas, vai cobrar uma comisso que ser, aproximadamente de 0,5% para operaes com recurso (ou seja, nas quais a factor no assume o risco) e de 1% para operaes sem recurso (ou seja, nas quais a factor assume o risco). Alm disso, a factor ir igualmente cobrar juros que incidem sobre os adiantamentos efectuados. Finalmente, diga-se que sobre comisso e juros incide o imposto de selo. Podem ser referidas vrias vantagens de uma empresa, nomeadamente uma PME, recorrer a este servio:

Antecipao do pagamento: O aderente pode solicitar o adiantamento sobre o valor das facturas

cedidas quando e no montante que desejar, eliminando assim a incerteza nos recebimentos. Limitando o desfasamento entre o Prazo Mdio de Recebimentos (PMR) e o Prazo Mdio de Pagamentos e obteno de fundo de maneio para uma empresa em crescimento;

Forma de financiamento de curto prazo rpida: O factoring permite grandes poupanas de

tempo. Isso um factor positivo para a tesouraria das empresas, na medida em que transforma vendas a prazo em vendas a dinheiro (pronto pagamento). Resolvendo problemas de tesouraria;

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Simplificao administrativa com ganhos de eficincia: A cobrana e gesto dos crditos

cedidos, bem como respectivas despesas de cobrana so da responsabilidade do factor e efectuadas por pessoal especializado para o efeito, proporcionando assim economias e uma maior comodidade para a empresa aderente; Libertando recursos humanos visto no haver necessidade de manter um departamento de cobranas;

Simplificao ao nvel contabilstico: A empresa aderente substitui as suas diversas contas de

clientes por uma nica conta corrente que a do factor. Contudo, no perde informao relativa ao comportamento dos seus clientes (cobranas realizadas, crditos em atraso, saldo de cada cliente, etc.);

Diminuio do risco de crdito a clientes: A factor assume o risco de no pagamento no caso

de falncia ou insolvncia dos devedores, at aos limites definidos no contrato, disponibilizando os fundos em qualquer altura;

O factoring no , no entanto, um instrumento isento de riscos. Eis as suas principais desvantagens:

Acarreta custos que devem ser ponderados: Segundo a legislao, a comisso mxima pelo servio de cobrana sem adiantamento de 3% sob o valor da factura Risco da utilizao limitada: A aderente corre o perigo de se concentrar excessivamente nos crditos de curto prazo. Este risco especial importante quando os crditos de curto prazo tm um valor mnimo de expresso face aos crditos totais e so unicamente decorrentes da venda de produtos ou da prestao de servios; Outros custos associados: Por exemplo, os adiantamentos realizados em moeda estrangeira no cobrem os riscos de cmbio.

Os intervenientes

Pela prpria lgica e dinmica da operao, so trs os intervenientes em cada operao de factoring.

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A factor: a empresa de factoring, ou sociedade de factoring, a quem so cedidos os crditos a

curto prazo devidos pelos clientes e decorrentes da actividade comercial normal da empresa aderente

A empresa aderente: a empresa que vendeu produtos ou servios a um cliente, no decorrer da

sua actividade normal e que cede, mediante um valor acordado, sociedade de factoring, os crditos de curto prazo decorrentes dessas vendas.

O devedor: a empresa cliente que adquiriu empresa aderente produtos e servios, a crdito, e

que lhe ficou assim a dever um valor estipulado. Esquematicamente, o processo decorre em quatro fases distintas:

1 fase: A empresa aderente, ou fornecedora, vende empresa devedora, ou cliente, bens ou

servios a crdito, emitindo uma factura;

2 fase: A empresa aderente cede o seu crdito de curto prazo sociedade de factoring; 3 fase: A empresa de factoring, ou factor, efectua o adiantamento dos valores que a empresa

aderente tem a receber, actualizados e descontados de uma taxa previamente acordada;

4 fase: A empresa devedora, ou cliente, efectua o pagamento do montante devido, na altura

acordada, sociedade de factoring e no empresa fornecedora.

Tipos de factoringUm contrato de factoring inclui sempre a vertente do servio de cobrana mas pode incluir igualmente, ou no, outros servios como a gesto dos crditos tomados, a cobertura dos riscos de insolvncia ou falncia do devedor e o financiamento empresa aderente. Assim, podem-se definir seis modalidades principais de factoring. A saber:

Factoring completo: Corresponde a um acordo assinado entre a sociedade de factoring e a

empresa cliente (aderente) no qual a primeira compromete-se a fornecer um servio de cobrana sobre os clientes da empresa aderente, a cobrir o risco de crdito e a antecipar fundos. A empresa de factoring, alm disso, compromete-se a classificar os devedores da empresa aderente, gerir os crditos, fazer todos os esforos necessrios para efectuar a cobrana, que pode ser feita na data ou antecipada) e pag-los ao aderente. A factor cobre o risco inerente aos crditos das dvidas adquiridas. Note-se, no entanto, que a empresa de factoring pode recusar alguns devedores que lhe so propostos pela empresa aderente.

Bulk factoring: Este acordo de factoring, tambm chamado Invoice discout, puramente

financeiro. A sociedade de factoring limita-se a antecipar os fundos cobrando posteriormente os crditos, consubstanciados nas dvidas dos clientes que se vencem a prazo. Assim, o bulk factoring semelhanmte a um desconto de facturas.

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Maturity factoring: Neste tipo de acordo, pouco praticado, existe uma data de pagamento efectiva

na qual a sociedade de factoring se compromete a efectuar o pagamento, assente em crditos da empresa aderente sobre os seus clientes, independentemente de haver ou no cobrana. Neste caso no existe antecipao de fundos mas uma prestao de servios da factor que consiste na gesto das contas dos clientes da empresa. Est implcito a cobertura do risco de crdito.

Factoring confidencial: Este tipo de factoring, comum na Europa mas com pouca expresso em

Portugal, consiste numa antecipao de fundos por parte da sociedade de factoring mas sem que o devedor da empresa aderente, o seu cliente, se aperceba que a factor est envolvida no processo. Isto implica que a empresa ter que, em nome da factor, efectuar a cobrana do montante devido na data prevista. Aqui pode existir, ou no, um seguro de crdito associado.

Factoring com recurso: Neste tipo de acordo entre a sociedade de factoring e a empresa

aderente, a primeira no assume o risco de crdito sobre os devedores. A factor simplesmente fornece um servio de cobrana e de antecipao de fundos mas a empresa aderente que responsvel pelos crditos. Se o cliente no pagar na data prevista, a factor tem um direito de regresso sobre o aderente.

Factoring sem recurso: Num acordo deste tipo, a sociedade de factoring assume o risco de

insolvncia ou de falncia dos devedores. Se estes no pagarem o que devem, a factor no pode exigir esse montante empresa aderente. Normalmente, o risco assumido na totalidade pela sociedade de factoring mas so possveis situaes onde o risco partilhado entre os dois intervenientes.

Como se elabora um contrato de factoring

1 Etapa: Proposta de adeso: Uma empresa que pretenda solicitar os servios de uma

sociedade de factoring deve mostrar a esta ltima que tem uma boa capacidade econmica e financeira. Para isso, dever formular uma proposta de adeso a submeter factor contendo o histrico da empresa e os elementos contabilsticos dos ltimos anos. Num segundo momento, dever apresentar igualmente a sua carteira de clientes indicando as condies de pagamento e o limite de crdito de cada um. A factor ter assim os elementos para tomar a deciso de assumir ou no o risco de crdito.

2 Etapa: Entrevista: Nesta fase, a empresa que pretende solicitar os servios de uma sociedade

de factoring vai receber a visita desta ltima, normalmente nas suas instalaes. no seguimento desta visita que a factor vai elaborar um relatrio para avaliar o risco global do negcio e o risco particular de cada cliente. importante, nesta altura, receber bem a sociedade de factoring facultando-lhe informaes e demonstrando a seriedade da empresa. tambm importante saber que a potencial fornecedora de servios de factoring ir recolher outras informaes por parte de outras entidades que recolhem e tratam informaes empresariais.

3 Etapa: Estudo dos elementos: Nesta etapa do processo, onde no intervm a empresa

potencial cliente, ou aderente, a factor vai elaborar um relatrio sobre a empresa cliente no qual vai analisar vrios factores decisivos.

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4 Etapa: Negociao: em posse de todas estas informaes que se desenrola a negociao

entre a empresa aderente e a sociedade de factoring. Esta fase essencial j que ser aqui que se vo decidir todas as modalidades do servio de factoring a ser fornecido, em funo, por um lado, das necessidades da empresa aderente e, por outro, do que a factor est disposta a oferecer e a que preo (comisso). Aqui sero discutidas vrias variveis do contrato, a saber:

o o o o

factoring com ou sem recurso; factoring com ou sem antecipao; a taxa de juro e a comisso de factoring. Em relao a esta ltima importante saber que ela vai depender de vrios factores, tais como:

o nmero de facturas e seu valor mdio; o volume de negcios da empresa; o risco estimado dos devedores; a incorporao ou no da cobertura do risco de crdito. 5 Etapa: Formalizao do contrato: Uma vez finalizada a negociao procede-se assinatura

do contrato entre a empresa aderente e a sociedade de factoring. Neste contrato ficaro definidos, alm dos aspectos descritos anteriormente como o tipo, a taxa de juro e a comisso:

a durao do contrato; a lista dos clientes aprovados; a percentagem adiantvel sobre os crditos cedidos; a data de entrega da factor empresa aderente dos valores cobrados na data; a periodicidade de envio de remessa dos crditos; outros aspectos.

A factor dever enviar para a empresa aderente, alm do contrato assinado e em duplicado, um documento com as instrues sobre todos os procedimentos a seguir. Seguidamente, a sociedade de factoring dever enviar aos devedores uma carta de notificao em papel timbrado da empresa

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aderente. Tambm a no esquecer a ficha de assinaturas, documento da empresa aderente que identifica os responsveis da empresa e quem tem autorizao para assinar os vrios documentos.

O processo de factoring

1 Etapa: Aprovao de novos devedores: Uma vez que o processo est a decorrer normalmente, a empresa aderente poder pedir informao sociedade de factoring sobre novos clientes potenciais. A factor dispe, normalmente, de uma base de dados pormenorizada sobre o risco de variadas empresas e poder aconselhar a aderente a aceitar ou no o cliente. Seno, ser necessrio recolher a informao junto de outras entidades, um trabalho que a factor efectua. Um estudo deste tipo poder demorar cerca de uma semana a fazer. Uma vez passado esta fase, a empresa aderente preencher uma proposta de adeso de novo devedor, um documento fornecido pela factor.

2 Etapa: Envio da cesso de crditos: No decorrer do relacionamento normal entre a aderente e a factor, a primeira envia regularmente as cpias das facturas agrupadas num documento. a factor que vai proceder anlise dos crditos.

3 Etapa: Adiantamento das facturas: O pedido, por parte da empresa aderente, de adiantamento das facturas sociedade de factoring pode ser feito de vrias formas: carta, fax, etc. O montante ser o que foi inscrito no contrato mas convm no esquecer que ser sempre retirado o montante que corresponde proviso financeira, igualmente combinado aquando da assinatura do contrato.

4 Etapa: Procedimento da cobrana: Para efectuar as cobranas, a sociedade de factoring designa um controlador de crdito, que ser responsvel pela gesto das vrias contas. Ele ter a seu cargo os contactos com a empresa aderente e centralizar o processo. Por isso, a empresa aderente deve inform-lo de qualquer anomalia que suceda com qualquer remessa ou factura.

5 Etapa: Indemnizao: a empresa de factoring que inicia e acompanha todos os processos legais e judiciais em relao aos devedores faltosos. No entanto, a empresa aderente poder ter que suportar parte dos custos, se assim tiver ficado estipulado no contrato.

1.4. O Crdito ao consumo e as S.F.A.C.

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Tem-se registado nos ltimos anos um significativo desenvolvimento do fenmeno do crdito ao consumo, a que correspondem um crescimento notrio da oferta e a adopo de novas formas de crdito. No raro, certas modalidades de crdito ao consumo tm associadas, de modo mais ou menos explcito, condies abusivas, pelo que se mostrou necessrio instituir regras mnimas de funcionamento, de modo a assegurar o cumprimento do objectivo constitucional e legalmente fixado de proteco dos direitos dos consumidores. Desde logo importa garantir uma informao completa e verdadeira, susceptvel de contribuir para uma correcta formao da vontade de contratar. Para o efeito, afigurou-se imprescindvel regular as condies em que se realiza a publicitao do crdito, sendo igualmente necessrio estabelecer mecanismos que permitam ao consumidor conhecer o verdadeiro custo total do crdito que lhe oferecido. Foi com estes objectivos que a nvel comunitrio foram aprovadas as Directivas n.os 87/102/CEE, de 22 de Dezembro de 1986, e 90/88/CEE, de 22 de Fevereiro de 1990, transpostas para o direito interno pelo Decreto-Lei n 359/91, de 21 de Setembro, as quais, procurando harmonizar a legislao vigente nos diferentes Estados-membros, contribuem para a eliminao de fenmenos indesejveis de distoro da concorrncia no espao comunitrio. Decorre dos mencionados diplomas comunitrios a adopo da taxa anual de encargos efectiva global, com base na qual ser calculado o referido custo do crdito, tendo em ateno os encargos a suportar e o crdito a conceder, no contexto de uma mesma operao, em momentos diversos, permitindo-se, deste modo, uma anlise comparativa de ofertas afins em todo o espao comunitrio. A uniformizao, no quadro da Comunidade Europeia, do mtodo de clculo desta taxa obrigou a que figurassem num anexo ao diploma, a ttulo meramente indicativo, alguns exemplos da sua aplicao, reputados indispensveis para a correcta utilizao da mesma por parte dos destinatrios do diploma ora publicado. Aquele diploma definiu igualmente os requisitos do contrato de crdito, que constituem um conjunto de garantias adicionais para o consumidor.

As Sociedades Financeiras para Aquisies a Crdito (SFAC) so instituies de crdito cuja figura jurdica foi criada em 1989. Tal como as restantes instituies de crdito do sistema financeiro portugus, as SFAC tm a sua actividade enquadrada por normas legais especficas (D.L. 206/95 de 14 de Agosto e D.L. 298/92 de 31 de Dezembro) e so supervisionadas pelo Banco de Portugal. A vocao da SFAC consiste no financiamento de aquisies a crdito de bens ou servios, podendo o financiamento ser concedido quer ao fornecedor, quer ao adquirente. Estas sociedades tm,

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pois, a natureza de intermedirios financeiros, na medida em que realizam uma intermediao entre compradores e vendedores, com o objectivo fundamental de facilitar o acesso aquisio de bens e servios. As SFAC podem realizar tambm o desconto de ttulos de crdito ou outras operaes envolvendo ttulos desta natureza, prestar garantias, antecipar fundos relativos a crditos que lhes sejam cedidos, emitir cartes de crdito, prestar servios directamente relacionados com estas operaes e realizar as operaes cambiais necessrias ao exerccio da sua actividade. As SFAC prestam ainda todo um conjunto de servios relacionados com os tipos de financiamento realizados, como, por exemplo, a gesto de crditos. O sistema financeiro portugus foi profundamente remodelado pelo Regime Geral das Instituies de Crdito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto-Lei n. 298/92, de 31 de Dezembro. O prprio Regime Geral remeteu a regulamentao de diversas instituies para diplomas avulsos, estando nessas condies as sociedades financeiras para aquisies a crdito (SFAC). As SFAC surgiram no espao financeiro portugus h relativamente pouco tempo, tendo recebido a sua primeira regulamentao legal atravs do Decreto-Lei n. 49/89, de 22 de Fevereiro. Funcionalmente, elas permitem financiar a aquisio a crdito de bens e servios, actuando como operadores financeiros vocacionados tanto para activar sectores muito delimitados como para dinamizar reas extensas de bens e servios. Apesar da data recente em que surgiram, j mostraram a sua utilidade econmica e social. O Regime Geral das Instituies de Crdito e Sociedades Financeiras inclui as SFAC entre as instituies de crdito, regulando o regime da sua constituio, as regras sobre a sua administrao e fiscalizao, bem como a superviso a que esto sujeitas por parte do Banco de Portugal. Todas estas normas se tornam, pois, dispensveis no diploma relativo s SFAC. A reforma levada a cabo pelo Decreto-Lei n. 206/95 de 14 de Agosto procede ainda a algumas adaptaes recomendadas pela experincia colhida na vigncia do Decreto-Lei n. 49/89, de 22 de Fevereiro, com vista a tornar mais clara e segura a sua actividade. As Sociedades financeiras para a aquisio de crdito (S.F.A.C) so Instituies parabancrias que exercem actividades de financiamento de aquisio a crdito de bens e servios (concedem crdito directo ao fornecedor, descontos, prestam garantias ou antecipam fundos sobre crditos, por exemplo), bem como, prestam servios directamente relacionados com as formas de financiamento referidas, tais como gesto de crditos.

Operaes permitidas s SFAC:

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a) Financiar a aquisio ou o fornecimento de bens ou servios determinados, atravs da concesso de crdito directo ao adquirente ou ao fornecedor respectivos ou atravs de prestao de garantias; b) Descontar ttulos de crdito ou negoci-los sob qualquer forma, no mbito das operaes referidas na alnea anterior; c) Antecipar fundos sobre crditos de que sejam cessionrias, relativos aquisio de bens ou servios que elas prprias possam financiar directamente; d) Emitir cartes de crdito destinados aquisio, por elas financivel, de bens ou servios; e) Prestar servios directamente relacionados com as operaes referidas nas alneas anteriores; f) Realizar as operaes cambiais necessrias ao exerccio da sua actividade.

Operaes especificamente vedadas s SFAC:Fica vedado s SFAC o financiamento de: a) Aquisio, construo, recuperao, beneficiao ou ampliao de imveis; b) Aquisio de valores mobilirios.

Indicadores de ActividadeDurante o primeiro trimestre de 2005, as SFAC concederam em crdito um total de 1,2 mil milhes de Euros, o que representa um aumento de 3,3% relativamente ao ltimo trimestre de 2004 e 9,7% quando comparado com o perodo homlogo do mesmo ano. Nos primeiros trs meses de 2005 foram celebrados 148.693 contratos de Crdito Clssico, mais 10,1% em relao ao trimestre anterior e 25,7% em relao ao mesmo trimestre de 2004. O crescimento dos montantes de crdito ao consumo concedidos no primeiro trimestre deveu-se subida de 23% do Crdito a Fornecedores face ao trimestre anterior, uma vez que, quer o Crdito Clssico (49,9% do total do crdito) quer o Crdito Revolving (19,5% do total do crdito) evoluram negativamente no primeiro trimestre de 2005, com os valores de -2,8% e -4,9%, respectivamente. Em termos homlogos, registaramse evolues positivas do Crdito Clssico (9,2%) e Crdito Revolving (15,9%). De notar o comportamento distinto do crdito a particulares (+11,7%) e a empresas (-6,9%) face ao primeiro trimestre de 2004. J em relao ao nmero de contratos de crdito, os celebrados com particulares, que correspondem a 96% do total dos contratos de Crdito Clssico, so os responsveis pela subida do nmero de contratos. Em comparao com o trimestre anterior, nos primeiros meses de 2005 foram celebrados mais 10,9% de

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contratos com particulares, face ao perodo de Setembro a Dezembro de 2004, e mais 25,7% do que no trimestre homlogo. Esta situao contrasta com os contratos celebrados com empresas que, nas mesmas comparaes, sofreram redues, registando, no trimestre anterior e no trimestre homlogo, menos 7,5% e 10,8% de contratos, respectivamente. Apesar de, no primeiro trimestre de 2005, se ter verificado uma subida significativa do nmero de contratos celebrados, os montantes concedidos por contrato desceram em relao ao ano passado. O valor mdio de cada contrato de Crdito Clssico foi de cerca de 4.000 Euros (no primeiro trimestre de 2005), salientandose que, em 2004, este valor foi sempre superior a 4.500 Euros. No que diz respeito ao destino dos valores concedidos no Crdito Clssico, a grande maioria (73,8%) foi para a compra de meios de transporte, seguidos de artigos para o lar (17,3%). Apesar de o crdito destinado compra de meios de transporte ter sido inferior quando comparado com o ltimo trimestre de 2004, se tivermos em conta o perodo homlogo os valores foram superiores. Em relao ao ltimo trimestre, o Crdito Lar teve uma subida de 0,9% e em relao ao mesmo perodo de 2004 subiu 23,7%. No primeiro trimestre de 2005, o Crdito Pessoal subiu 6,9%, face ao mesmo trimestre de 2004.

Alguns exemplos de SFAC:

BPN CRDITO - Instituio Financeira de Crdito, S.A. - www.bpn.pt COFIDIS - www.cofidis.pt CRDIBANCO CREDIBOM - Instituio Financeira de Crdito, S.A. - www.credibom.pt CREDIFLASH (BES) - www.crediflash.pt DAIMLER CHRYSLER SERVICES PORTUGAL Instituio Financeira de Crdito, S.A. FIDIS RETAIL - Instituio Financeira de Crdito, S.A. FINANCEIRA EL CORTE INGLS EFC, SA FINICRDITO - Instituio Financeira de Crdito, S.A. - www.finicredito.pt PASTOR SERFIN - www.pastorserfin.pt SANTANDER CONSUMER HISPAMER

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1.5. O papel comercial

O regime jurdico dos valores representativos de dvida de curto prazo, vulgarmente denominados papel comercial, foi fixado no Decreto-Lei n. 181/92, de 22 de Agosto, tendo sido ulteriormente alterado pelos Decretos-Leis n.os 231/94, de 14 de Setembro, 343/98, de 6 de Novembro, e 26/2000, de 3 de Maro. luz do desenvolvimento dos mercados de capitais e monetrios, tornou-se aconselhvel a reviso do regime jurdico do papel comercial, no sentido de criar condies de funcionamento do respectivo mercado mais eficientes e mais prximas das da realidade europeia, e com o particular objectivo de contribuir para o reforo da dinamizao do mercado de capitais em Portugal. O Decreto-Lei 69/2004, de 25 de Maro veio substituir integralmente o regime jurdico anteriormente em vigor, ocupando-se, apenas, da disciplina relativa a valores mobilirios com prazo inferior a um ano, para os quais se mantm a dispensa de registo comercial e a possibilidade de serem emitidos de forma contnua ou por sries. Fora do mbito de aplicao deste decreto-lei ficara, os valores mobilirios de prazo igual ou superior a um ano aos quais aplicvel o regime do Cdigo dos Valores Mobilirios. Das alteraes introduzidas, por aquele diploma, merece especial destaque a no exigibilidade de rating ou de prestao de garantia quando se trate de emitentes com capitais prprios ou patrimnio lquido no inferiores a 5 milhes de euros ou sempre que o valor nominal unitrio da emisso seja igual ou superior a (euro) 50000. Por outro lado, acompanhando alteraes introduzidas no Cdigo dos Valores Mobilirios, transferida para a Comisso do Mercado de Valores Mobilirios a competncia regulamentar e fiscalizadora. Mantm-se, para a emisso e oferta subscrio pblica e particular, um sistema simplificado de informao ao mercado, prevendo-se a possibilidade de registo em qualquer dos sistemas centralizados de valores mobilirios. O Papel comercial so ttulos de dvida emitidos por sociedades comerciais ou civis sob a forma comercial, cooperativas, empresas pblicas e as demais pessoas colectivas de direito pblico ou privado, a curto prazo, sendo os prazos mais habituais 1, 3 e 6 meses, constituindo uma alternativa aos tradicionais ttulos de renda fixa, em termos de aplicao de fundos. Os ttulos so emitidos s taxas resultantes das propostas aceites em cada colocao. A colocao pode ser directa em funo do rating da empresa, ou por leilo, mas sempre junto de instituies financeiras.

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Requisitos de emisso1 - Para a emisso de papel comercial, devem as entidades emitentes preencher um dos seguintes requisitos: a) Evidenciar no ltimo balano aprovado e sujeito a certificao legal de contas ou a auditoria efectuada por revisor oficial de contas, consoante o caso, capitais prprios ou patrimnio lquido no inferior a 5 milhes de euros ou o seu contravalor em euros, caso esses capitais ou patrimnio sejam expressos em moeda diferente do euro; ou b) Apresentar notao de risco da emisso do programa de emisso a que se refere o n. 1 do artigo 7. ou notao de risco de curto prazo do emitente, atribuda por sociedade de notao de risco registada na Comisso do Mercado de Valores Mobilirios; ou c) Obter, a favor dos detentores, garantia autnoma primeira interpelao que assegure o cumprimento das obrigaes de pagamento decorrentes da emisso ou do programa a que se refere o n. 1 do artigo 7. 2 - A exigncia dos requisitos a que se refere o nmero anterior no se aplica ao papel comercial cujo valor nominal unitrio seja igual ou superior a (euro) 50000 ou o seu contravalor em euros, caso seja expresso em moeda diferente do euro.

Vantagens instrumento verstil que flexibiliza os prazos; taxas de juro inferiores s estabelecidas para as formas mais convencionais de financiamento; no sujeio a imposto de selo; diversificao das fontes de financiamento; incluso possvel de resgate antecipado flexibiliza a gesto de tesouraria; instrumento acessvel s pequenas e mdias empresas.

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2. Formas de financiamento de Mdio e Longo Prazo

A deciso de uma abertura do capital a terceiros reveste-se de uma grande relevncia e envolve diversas consideraes de carcter profissional e mesmo pessoais. Antes de tomar essa importante deciso, necessrio ponderar se a empresa (bem como os seus rgos de gesto), estar preparada para assumir este desafio, que mudar a rotina do seu dia-a-dia. De um modo geral, uma empresa que necessite financiamento a longo prazo, e que simultaneamente deseje manter a sua independncia, ir considerar quatro hipteses: Crdito bancrio, eventualmente na forma de um emprstimo de longo prazo Recurso ao capital dos accionistas existentes (possivelmente combinado com crdito bancrio de longo prazo) Capital de risco, em que as sociedades de capital de risco assumem uma opo na entrada no capital da empresa, do qual sairo mais tarde atravs de uma subscrio pblica ou privada Uma oferta pblica / privada de venda, na qual a empresa angariar o capital necessrio atravs de uma disperso no mercado de capitais Cada uma destas opes tem as suas vantagens e desvantagens, que dependem de um conjunto de factores intrnsecos a cada empresa. Uma oferta pblica / privada de venda apesar de poder ter um custo de financiamento mais baixo uma soluo que obriga partilha de controlo da empresa com terceiros. Por outro lado, o recurso a capital alheio (sob a forma de emprstimos obrigacionistas ou crdito bancrio) pode ser arriscado em alturas de subidas das taxas de juro.

2.1. O Autofinanciamento

a parte mais relevante do financiamento sustentado da empresa e aquela que permite assegurar o desenvolvimento. Corresponde ao somatrio do lucro retido na empresa mais amortizaes e provises. O autofinanciamento constitudo pelos meios financeiros obtidos e retidos na empresa que devero permitir o reembolso de dvidas de mdio e longo prazo, assegurar a manuteno da actividade produtiva da empresa (amortizaes, provises e reservas de investimento) e garantir o seu crescimento (resultados lquidos retidos para pagamento de dvidas).

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Vantagens e desvantagens

O autofinanciamento alm de ser uma fonte de financiamento indispensvel possibilita diversas vantagens, entre as quais se destacam:

Evita o recurso a capitais alheios onerosos, bem como, o recurso a incrementos de capital por parte dos seus scios ou accionistas de modo a poupar o esforo financeiro dos mesmos. A contribuio para a melhoria da estrutura financeira atravs da reteno dos lucros do exerccio, e consequente aumento dos capitais prprios. Este efeito tambm pode ser conseguido pela reduo do imobilizado lquido e aumento das respectivas amortizaes;

O reforo da imagem da empresa resultante da sua segurana em caso de crise. A poltica de autofinanciamento facilita a expanso da actividade da empresa, pois permite uma maior flexibilidade na tomada de decises de investimento.

No entanto, existem alguns inconvenientes que convm enumerar, tais como: Nveis elevados de autofinanciamento conseguidos atravs da reteno de lucros, penalizando interesses dos scios ou accionistas, so propensos a dificultar futuros aumentos de capital social;

Valores de autofinanciamento elevados atravs do aumento das amortizaes podero significar investimentos excessivos e desnecessrios em capital fixo; Nveis reduzidos de autofinanciamento podero significar receios de investimento, com a consequente obsolescncia dos equipamentos produtivos, assim como, perda de oportunidades de investimento para a empresa.

Meios libertosOs Meios libertos so constitudos pelos: - resultados gerados na empresa; - custos suportados no exerccio, mas que no originaro pagamentos (amortizaes e provises).

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Os Meios Libertos permitem avaliar a capacidade da empresa em: - Assegurar a manuteno do capital; - Remunerar os capitais investidos na empresa quer prprios (dividendos) quer alheios (custos financeiros); - Garantir as comparticipaes a entregar ao Estado; - Assegurar a amortizao do capital alheio; - Assegurar o crescimento da empresa

Meios Libertos Brutos Explorao (MLBE) o dinheiro que sobra aps a empresa pagar os custos de explorao.

MLBE = RE + Amortizaes + Provises

Meios Libertos Brutos Totais ( MLBT)Serve para pagar juros, impostos, dividendos, reembolsar o capital alheio e poder ainda servir de autofinanciamento.

MLBT = RAJI + Amortizaes + Provises

Meios Libertos Lquidos ( MLL) D-nos a capacidade da empresa em gerar dinheiro para pagar dividendos, reembolsar capital alheio e permitir o autofinanciamento.MLL = RL + Amortizaes + Provises

Meios Libertos Lquidas Retidos (MLLR)

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Este ltimo conceito geralmente conhecido como autofinanciamento. Permite o aumento das aplicaes de fundos sem recurso a capitais alheios e sem causar presses na tesouraria, sendo por essa razo um meio privilegiado de financiamento.

MLLR = RLR + Amortizaes + Provises MLLR = RL - Dividendos + Amortizaes + Provises

2.2. Financiamentos por capitais prprios

Para que um potencial investidor esteja disposto a participar num aumento de capital social de uma empresa ter de ter um atractivo, tal como, a expectativa de obter mais valias - dividendos -superiores s obtidas em investimentos em activos de menor risco. Atravs de operaes diversas de reforo da estrutura do capital prprio, as empresas podero aumentar os meios financeiros sua disposio. Nesta forma de financiamento incluem-se o: - Aumento do capital social englobando as entradas em dinheiro ou em espcie; a incorporao de reservas; a criao de reservas de reavaliao; a emisso de ttulos de participao; a diminuio da distribuio de resultados; a converso de dvidas em capital e, ainda, a actualizao dos valores dos activos; - Prestaes suplementares de capital representando entradas em dinheiro dos scios. Estas s podero ser efectuadas por expressa disposio nos estatutos e pelo montante neles fixado. Podero posteriormente ser incorporadas no capital havendo no entanto, lugar sua restituio no momento em que os scios o deliberarem, caso a situao lquida no fique inferior soma do capital e da reserva legal.

As prestaes suplementares de capitalAs prestaes suplementares de capital representam financiamentos4 dos scios nas sociedades por quotas e apenas podem ser efectuadas por expressa disposio dos estatutos e pelo montante global neles fixado;4

Exclui-se legalmente a possibilidade de os scios converterem crditos ou realizarem as prestaes suplementares em outros valores

fungveis que no dinheiro.

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observe-se que o pacto social dever, igualmente, referir os scios que ficam obrigados a efectuar as referidas prestaes e o critrio de repartio entre eles, sob pena de todos eles ficarem vinculados sua realizao na proporo das respectivas quotas - vide Cdigo das Sociedades Comerciais. Do ponto de vista financeiro, as prestaes suplementares de capital revelam as seguintes caractersticas: No originam quaisquer custos explcitos (vencimento de juros), mas naturalmente originam custos implcitos idnticos aos dos capitais prprios.

Considerando os condicionalismos legais para a sua restituio aos scios (prvia liberao das quotas e o facto de a situao lquida no poder ficar inferior ao somatrio do capital social e da reserva legal), as prestaes suplementares so correctamente consideradas como um componente dos capitais prprios.

Finalmente e como consequncia do aspecto imediatamente antes referido, as prestaes suplementares podem contribuir para a reduo do risco financeiro estrutural da empresa.

2.3. Capital de RiscoO capital de risco um instrumento financeiro que consiste na participao temporria e minoritria de uma Sociedade de Capital de Risco (SCR) ou de um investidor individual (business angel) no capital social de uma empresa. Trata-se de uma entidade que toma parte nos riscos do negcio, disponibilizando fundos e tornando-se scia ou accionista da empresa financiada. preciso no confundir capital de risco com endividamento. Num emprstimo, os financiadores tm direito a juros e reembolso do capital quer o negcio tenha xito ou no. No capital de risco, os investidores ficam sujeitos performance financeira do negcio. Para muitos empreendedores, o recurso ao capital de risco a primeira experincia com um investidor externo que partilha a gesto da empresa. De resto, a relao empreendedor/SCR um tema que tem sido muito debatido. Para uns, a participao na gesto deve ser reduzida, para outros essa participao deve ser incrementada atravs de um maior apoio gesto. Esta pode ser uma das explicaes para o facto de as empresas ainda recorrerem em primeiro lugar ao crdito. Ora, isto implica a existncia de ideias pr-concebidas acerca desta parceria. Assim, o capital de risco no :

Um incentivo a empresas em dificuldades. Ou seja, o capital de risco no a "tbua de salvao" para os problemas decorrentes da m gesto do negcio, entre outros factores;

Um subsdio a fundo perdido. A ideia de que o capital de risco uma espcie de subsdio atribudo sem necessidade de remunerao no correcta. O que se estabelece uma parceira entre empresa e SCR que vai muito para alm do financiamento;

Uma forma de apoio financeiro. O seu objectivo no "injectar" capital na empresa, mas sim, aproveit-lo para delinear uma estratgia de revitalizao que passa por todos os sectores envolvidos.

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VantagensO objectivo do capital de risco a valorizao do negcio. Da que esta relao entre investidor e empresa deva ser encarada como uma parceria na qual as partes tm objectivos comuns. A entrada de um capitalista de risco pode ser fonte de vrias vantagens para a empresa, tais como:

Aconselhamento gesto; Sugestes para o desenvolvimento do negcio; Implementao de sistemas de informao Estabelecimento de canais de contacto nacionais e internacionais para estabelecimento de parcerias, joint-ventures ou transferncia de tecnologia.

Possibilidade de elaborar a estratgia futura da empresa sem afectar a gesto corrente.

Conceitos-base

O Capital de Risco um recurso disponvel a um empreendedor que pretenda redireccionar o negcio ou implementar uma nova estratgia de desenvolvimento. No fundo, um importante instrumento de financiamento para PME, pois ajuda sua modernizao e reestruturao, com benefcios ao nvel da competitividade e rendibilidade. No Capital de Risco existem trs tipos de investidores:

Venture Capitalists, essencialmente sociedades cujo objectivo participar no capital de outras empresas para obter mais-valias com a posterior alienao da participao adquirida;

Business Angels, investidores que actuam por conta prpria. O seu capital proporciona baixas taxas de financiamento nomeadamente a projectos de seed capital e start-ups;

Corporate venturing, investidores (normalmente empresas), que realizam investimentos em empresas que encaixem nas suas estratgias, e que acabam mais tarde por pertencer aos respectivos conglomerados. Note-se que este caso um pouco diferente dos anteriores j que a participao no adquirida para uma posterior alienao, com mais-valias, mas uma aquisio estratgica.

Alm destes existem ainda entidades como a Firsttuesday, que promovem o contacto entre investidores e empreendedores, e que podem ser tambm uma alternativa. Trata-se de uma rede de 49 cidades em 29 pases que junta os principais intervenientes no sector tecnolgico: os empreendedores e os financiadores.

Formas de actuao

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A par das Sociedades de Capital de Risco, existem tambm os Fundos de Capital de Risco (FCR) e os Fundos de Reestruturao e Internacionalizao Empresarial (FRIE), geridos por empresas de capital de risco.

Sociedades de Capital de Risco: Tm como principal objecto o apoio e promoo ao investimento e inovao tecnolgica em projectos ou empresas atravs da participao temporria no respectivo capital social. As SCR podem ainda prestar assistncia na gesto das sociedades participadas assim como realizar estudos de viabilidade de empresas, projectos de investimento, condies e modalidades do respectivo financiamento.

Fundos de capital de risco: Trata-se de uma modalidade de fundos de investimento mobilirio cuja principal caracterstica o de que o seu patrimnio dever ser preferencialmente composto por quotas de capital e aces e obrigaes no admitidas cotao na Bolsa. O patrimnio dos FCR destina-se a ser investido na aquisio de participaes no capital de sociedades no cotadas em Bolsa.

Fundos de Reestruturao e Internacionalizao Empresarial: O seu principal objectivo as empresas que pretendem desenvolver um processo interactivo de reestruturao ou internacionalizao. So fundos de investimento mobilirio abertos. O seu patrimnio destina-se a ser investido na aquisio de participaes no capital de sociedades que pertenam a sectores declarados em reestruturao por resoluo do Conselho de Ministros, contribuam para o reforo da competitividade da economia nacional e da eficcia empresarial e estejam envolvidas na concretizao de investimentos directos no exterior.

Plano de negcios

A proposta de negcio necessita de ser promovida junto do potencial financiador e parceiro. A elaborao de um plano de negcios fundamental para:

Apresentar o projecto, Dar credibilidade e visibilidade s pessoas que o propem, Demonstrar a sua rendibilidade.

O plano fornece imediatamente uma primeira aproximao da qualidade da gesto, factor essencial para atrair a confiana do capitalista de risco. Por isso, deve ser preparado pela gesto da empresa embora a possibilidade de participao de consultores externos seja uma hiptese a ponderar. Essencialmente, o plano deve:

Cobrir reas como a gesto econmica e financeira, uma vez que estas sero o enfoque fundamental de uma futura parceria;

Prever os riscos inerentes ao negcio, para diminuir ao mnimo a margem de insucesso;

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Possuir uma estratgia de implementao delineada para poder ser rapidamente posto em prtica e que proporcionam um crescimento rentvel;

Descrever cuidadosamente o enquadramento da indstria, ou seja, definir o mercado em que a empresa opera, perspectivas, desenvolvimento, enquadramentos da empresa, principais competidores, quota de mercado e posicionamento.

Assim, os elementos essenciais que no podem nunca faltar num plano de negcios so: Caractersticas do produto ou servio a lanar, Necessidade do mercado que os produtos ou servios vm preencher, Posicionamento do produto no mercado nacional e possibilidades de internacionalizao, Vantagens competitivas, Linhas mestras que levaro rendibilidade do projecto, Equipa de gesto, Documentos financeiros previsionais e indicadores.

Apresentar o plano de negcios a potenciais SCRO plano de negcios deve ser apresentado a algumas SCR previamente seleccionadas e que se aproximem das caractersticas da empresa proponente. As SCR so representadas pela APCRI - Associao Portuguesa de Capital de Risco, pelo que esta poder ser uma entidade a consultar. A proposta cuidadosamente analisada e estudada. Toda a equipa que elaborou o plano deve estar preparada para o apresentar. A prioridade agora contactar a SCR, entregar cpias do plano e aguardar. Trata-se de uma deciso importante, em que a SCR vai analisar trs pontos-chave:

Potencial de crescimento; Vantagens competitivas; Remunerao financeira em funo do risco.

Partindo do princpio de que h um parecer positivo, o proponente deve preparar-se para apresentar o seu plano de negcios. Aqui, aplicam-se todas as tcnicas para fazer apresentaes pblicas, junto das SCR ou de investidores individuais, os business angels. Alguns pontos so essenciais:

No fazer uma exposio demasiado longa,

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Ter um conhecimento perfeito do negcio, Dar uma imagem de confiana mas no de arrogncia, Responder a todas as perguntas. Se a apresentao correr bem, a discusso das condies da operao dever centrar-se no estabelecimento do valor do negcio.

Viabilidade econmicaO prximo passo, que ser o penltimo antes da negociao final, vai estabelecer o valor da participao. aqui que a SCR estuda a viabilidade econmica, comercial e financeira do negcio. Nesta altura, so correntes as auditorias contabilsticas e os pareceres tcnicos quando se trata de propostas para produtos ou processos inovadores. Ambos tm como objectivo a constituio de uma "segunda leitura" que pretende confirmar as informaes do Plano e preparar a "base" do acordo sujeita ltima fase deste processo. Assim, os potenciais investidores vo recorrer a uma srie de especialistas e consultores para avaliar os mais variados elementos da proposta: Aspectos legais (contencioso, garantias, caues, autorizaes, licenas, patentes, etc.) Aspectos financeiros (fundos necessrios, endividamento, fundo de maneio, necessidades de tesouraria, etc.). Aspectos ligados produo (equipamentos, sub-contratos, logstica, etc.) Aspectos ligados propriedade (repartio do capital, estatutos, privilgios, etc.) Aspectos de gesto (condies de mercado, marketing, fora de vendas, gama de produtos, etc.) Etc. Refira-se que aqui so possveis vrias formas de actuao do financiador. Frequentemente no se trata somente de vender uma participao no capital da empresa a criar, mas de estabelecer uma relao. Vale a pena indicar dois instrumentos:

Acordos para-sociais: acordos negociados que estabelecem claramente os direitos e deveres das duas partes, os financiadores (SCR ou business angel) e os empreendedores. Estabelecem-se as condies caso a caso, que tm que ver com:

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Termos de entrada, permanncia e sada da SCR, onde se definem os timings para a colaborao conjunta de empresa e SCR. Distribuio de lucros. preciso no esquecer que uma SCR participa efectivamente nos ganhos e perdas da empresa. Este um ponto fundamental que deve ser cuidadosamente analisado. Apoio financeiro e tcnico. H casos de empresas que requerem o apoio mais experiente de uma SCR na gesto financeira e tcnica. Os moldes em que essa colaborao feita devem estar perfeitamente definidos. Eleio e composio dos corpos sociais. Como foi referido anteriormente, muitas empresas decidem incluir as SCR nos seus corpos sociais. Este um ponto fundamental, uma vez que atravs dele que a parceria se vai efectivar. Definio da estratgia empresarial a adoptar. A empresa pode ter delineado uma estratgia no condizente com o recurso ao capital de risco. Logo, toda a estratgia deve ser definida em parceria, o que tambm uma consequncia das alneas anteriores. Aces preferenciais: so aces que do aos seus titulares preferncia na distribuio de dividendos.

Negociao finalCom todos os elementos em mo, chega a fase da negociao propriamente dita. Se todas as etapas anteriores se tiverem passado bem, ou seja os elementos tcnicos tiverem sido elaborados de forma profissional e com boa-f de ambos os lados, esta fase pode ser rpida e relativamente consensual. Em face de tudo o que foi analisado, possvel chegar a um acordo que satisfaa todas as partes envolvidas. preciso no esquecer que se trata do estabelecimento de uma parceria e, assim, uma relao de confiana essencial. Na fase da negociao final importante ser aberto, cooperativo e flexvel, nomeadamente quanto s condies de participao.

2.4. Os emprstimos de scios / SuprimentosOs suprimentos so emprstimos efectuados pelos scios e tm como objectivo complementar insuficincias, estruturais ou relativamente duradouras, dos capitais prprios e devero permanecer na

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empresa, expressa ou consentidamente, por um prazo superior a um ano - vide Cdigo das Sociedades Comerciais; observe-se que a legislao em vigor tambm considera como suprimentos os crditos de terceiros sobre a sociedade, desde que a sua titularidade seja adquirida (entre vivos) por um dos scios e tambm, expressa ou consentidamente, o prazo de reembolso seja superior a um ano. Os suprimentos, ao contrrio das prestaes suplementares de capital, podem ser realizados em dinheiro e outros valores; tambm observamos que a expresso suprimentos muito contestada para os emprstimos efectuados pelos scios das sociedades annimas, embora, na prtica, seja vulgarmente aceite. Apesar de os suprimentos no poderem ser legalmente compensados por outros crditos sobre a sociedade e de s deverem ser reembolsados (em casos de dissoluo ou falncia) aps o integral pagamento das dvidas para com terceiros muitas empresas mantm o capital social em nveis manifestamente reduzidos e procuram, atravs da sua constituio superar insuficincias intrnsecas dos capitais prprios; radicando esta actuao em factores de natureza mental - e nem sempre honestos...- e fiscal, limitamo-nos a recordar que o capital social deve ser correctamente dimensionado e a estrutura financeira da empresa adequadamente salvaguardada. Por vezes acontece que os suprimentos so consolidados, i.e., os scios comprometem-se contratualmente, perante a prpria sociedade ou terceiros, a no exigir o seu reembolso durante um perodo de tempo razoavelmente alargado, o que, alis, frequente quando a empresa contrai emprstimos a prazo junto de instituies financeiras, e estas considerem indispensvel - muitas vezes para evitar as despesas adicionais resultantes de aumentos do capital social. ..-a manuteno temporria e controlada dos suprimentos. Os suprimentos constituem, portanto, uma forma especial, flexvel e relativamente fcil (versus aumento do capital social ou realizao de prestaes suplementares) de financiamento da empresa5, mas devem ser sempre adequadamente integrados no conjunto das suas fontes de financiamento, especialmente atravs da ponderao dos seguintes parmetros: Afectao condicionada da estrutura (risco financeiro da empresa). Possibilidade da actuao favorvel do efeito financeiro de alavanca ( os juros dos suprimentos so, geral e relativamente, mais reduzidos e constituem custos fiscalmente aceites, ao contrrio dos dividendos). Necessidade de um correcto planeamento do seu reembolso, tendo em ateno o autofinanciamento disponvel e as polticas financeiras da empresa.

2.5. Os financiamentos bancrios de MLP5

Observe-se que, apesar das caractersticas referidas, os suprimentos -mesmo que consolidados - so sempre um componente especial do exigvel, mas nunca dos capitais prprios.

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Os emprstimos a mdio e longo prazos so utilizados fundamentalmente no financiamento do investimento, contrariamente ao crdito de curto prazo que deve ser utilizado no financiamento da actividade corrente da empresa. Os Emprstimos Bancrios so normalmente concedidos mediante a celebrao de um contrato escrito de mtuo entre a empresa e o banco. Na concesso deste tipo de financiamento define-se contratualmente o montante total do emprstimo e o plano detalhado, com datas e montantes de utilizao do emprstimo e do reembolso das prestaes em dvida (amortizaes do capital e respectivos juros). Trata-se do mapa de servio da dvida. Este tipo de emprstimo envolve quase sempre a constituio a favor do banco de garantias reais, por exemplo, hipoteca de bens imveis.

2.6. Os emprstimos obrigacionistasObrigao (Bond) Ttulo de crdito representativo de capitais emprestados a uma empresa ou ao Estado que d direito a um juro fixado previamente, a pagar em pocas fixas (cupo) e que reembolsvel pela entidade emissora, segundo um plano previamente fixado.

Os obrigacionistas no so proprietrios, mas sim, credores da entidade emitente. Uma obrigao confere ao seu titular - o obrigacionista - um direito de crdito remunerado sobre a entidade emitente. O emprstimo obrigacionista , ento, um contrato pelo qual a entidade emitente se compromete a pagar aos obrigacionistas um certo valor peridico - o juro - e a reembolsar o capital emprestado, nos termos estipulados na data de emisso. A amortizao do capital pode ser realizada de uma s vez no ltimo perodo de pagamento de juros, de forma escalonada, em datas pr-definidas ou ainda ser antecipada. um instrumento muito til em momentos em que as taxas de juro esto baixas e em que a tendncia do mercado accionista de descida. No entanto, caso o cupo da obrigao seja varivel, pode-se tornar uma opo mais arriscada em alturas de subidas de taxa de juro.

Os emprstimos por obrigaes constituem uma fonte de financiamento, a mdio ou longo prazos, relativamente usual nas sociedades de razovel dimenso (annimas ou por quotas) e reconhecida imagem de solidez financeira, podendo atingir montantes relativamente elevados e reembolsveis de acordo com um plano previamente estabelecido - vide Cdigo das Sociedades Comerciais.

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O montante dos emprstimos obrigacionistas6 no pode, em princpio, exceder o valor do capital social efectivamente realizado, nos termos do ltimo balano aprovado, e o seu reembolso, normalmente realizado gradualmente, pode ser antecipado, desde que a sociedade emissora garanta ab initio o eventual exerccio desse direito; fazemos notar que a antecipao do reembolso das obrigaes particularmente aliciante para a empresa, em conjunturas caracterizadas por tendncias para a reduo das taxas de juro. A colocao das obrigaes nos mercados primrios de capitais geralmente realizada por intermdio de instituies bancrias, mas nada impede que seja a prpria sociedade a faz-lo; alis, observamos que os emprstimos obrigacionistas podem ser garantidos por hipotecas de terrenos e edifcios, consignao de rendimentos ou aval de uma outra entidade de reconhecida capacidade financeira (Estado, bancos, etc.). Em perodos inflacionistas ou em conjunturas relativamente indefinidas dos pontos de vista poltico, econmico ou financeiro, a subscrio de emprstimos obrigacionistas pode representar um certo risco para os investidores; assim, tm surgido nos mercados internacionais de capitais novas modalidades de emprstimos por obrigaes, como, por exemplo, as obrigaes inde- xadas, obrigaes participativas, as obrigaes convertveis em aces, as obrigaes dos emprstimos com janelas e as obrigaes grupadas.

Quais as diferenas entre obrigaes e aces?As obrigaes distinguem-se das aces por atriburem aos seus titulares a simples qualidade de credor. No sendo proprietrios, os obrigacionistas no tm qualquer envolvimento na conduo dos assuntos da entidade emitente. Alm disso, enquanto as aces apenas podem ser emitidas por sociedades annimas, as obrigaes podem ser emitidas pela generalidade das pessoas colectivas (sociedades annimas ou de quotas, Estado, autarquias, etc.). A segunda diferena fundamental consiste no facto de as obrigaes serem valores de rendimento fixo. De facto, logo na data de emisso, so definidas a taxa de juro a praticar ao longo da vida do emprstimo - ou o modo de a calcular, caso o emprstimo seja a taxa varivel - bem como o calendrio do seu pagamento e da amortizao do emprstimo. Alm disso, existe ainda outro factor que minora o risco em relao s aces: enquanto credores gerais, os obrigacionistas so ressarcidos com prioridade em relao aos accionistas, em caso de insolvncia da sociedade emitente.

Quais as diferenas entre obrigaes e crdito bancrio?As duas diferenas fundamentais entre emprstimo bancrio e emprstimo obrigacionista esto relacionadas com:

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De acordo com o Cdigo das Sociedades Comerciais, este limite reporta-se adio do valor nominal de todas as obrigaes emitidas pela sociedade que no tenham sido amortizadas na data da deliberao de emisso de novas obrigaes.

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(i) (ii)

o universo dos credores e (ii) a transmissibilidade dos direitos.

Relativamente ao primeiro aspecto, a cada emprstimo obrigacionista podem estar associados muitos credores. Pelo contrrio, num emprstimo bancrio apenas existe, em princpio, um credor associado ao contrato. No que toca transmissibilidade, as obrigaes so valores mobilirios e, como tal, podem ser transaccionados em bolsa.

O preo das obrigaesTal como nas aces, existem diversos conceitos ligados ao valor das obrigaes. Assim, as obrigaes tm um valor nominal, que consiste no valor inscrito no ttulo e que serve de base para o clculo dos juros peridicos. Outro conceito importante o de preo de emisso, que se refere ao montante que o subscritor tem que pagar para adquirir a obrigao. Se o preo de emisso for superior ao valor nominal, diz-se que a obrigao foi emitida acima do par; se o preo de emisso for inferior ao valor nominal, ento temos uma emisso abaixo do par; por fim, se o preo de emisso e o valor nominal forem iguais, dizse que a emisso foi realizada ao par. Da mesma forma, temos o valor de reembolso (o montante recebido pelo titular aquando da amortizao do emprstimo), que tambm pode ser realizado acima, abaixo ou ao par. Por fim, temos a cotao, isto , o valor de mercado das obrigaes resultante das transaces em bolsa. A emisso de um emprstimo por obrigaes (Ao) envolve geralmente as seguintes despesas e fluxos financeiros durante a sua vida (N) : .As despesas iniciais de emisso (DE) e um prmio de reembolso (PR), que so amortizveis durante a vida do emprstimo.

Os juros anuais (Jk) sobre o montante total do capital em dvida, no termo do perodo anterior. Os reembolsos anuais do capital (Rk). As despesas anuais de reembolso (Dk), que so custos dos respectivos exerccios, fiscalmente aceites.

Os pagamentos anuais no corrigidos dos efeitos da fiscalidade: (Jk+ Rk + Dk)

Os custos anuais resultantes dos juros e das despesas de emisso corrigidos dos efeitos fiscais (custos corrigidos): (Jk + Dk).(l -t)

t a taxa anual do imposto sobre o rendimento

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Os benefcios resultantes da aceitao fiscal das amortizaes anuais das despesas iniciais de emisso e do prmio de reembolso (ACk): ACk=(PR+DE).t / N

E por fim, os pagamentos anuais efectivos, i.e., corrigidos dos efeitos fiscais {[(Rk - ACk)] + [(Jk + DK).(1-t)]}

O custo actual de um emprstimo por obrigaes (i), antes da actuao dos efeitos fiscais, determinado resolvendo-se a seguinte expresso em ordem a r:

( Ao DE )

( Jk + Rk + Dk ) =0 (1 + r )k K =1n

O custo actual de um emprstimo por obrigaes (r'), depois da actuao dos efeitos fiscais, decorre da resoluo da seguinte expresso em ordem a r' :

( Ao DE )

( Rk ACk ) + ( Jk + Dk ).(1 t ) =0 (1 + r )k K =1n

Quem pode intervir num emprstimo obrigacionista?Os intervenientes num emprstimo obrigacionista so os emitentes e os subscritores. Os primeiros so aqueles que emitem as obrigaes, tornando-se devedores, ficando com a responsabilidade de pagar o juro e reembolsar o capital. Podem emitir obrigaes os governos, os municpios e as empresas. Os subscritores so os compradores das obrigaes e, como tal, credores da sociedade. Estes tanto podem ser particulares como institucionais (fundos de investimento, fundos de penses, bancos, seguradoras, etc.).

Condies de emissoNa data de emisso so definidos diversos aspectos que tm que constar da ficha tcnica do emprstimo, dos quais se destacam: o valor nominal da emisso e o nmero de obrigaes, o preo de emisso, a taxa de juro (valor ou mtodo de clculo), o modo de pagamento dos juros, o prazo (maturidade) e condies de reembolso e a admisso cotao.

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Tipos de obrigaesA classificao fundamental das obrigaes reside na modalidade de taxa de juro. Em termos genricos, existem obrigaes de taxa fixa e obrigaes de taxa varivel.

Obrigaes de taxa fixa Conforme o nome indica, so obrigaes cuja taxa de cupo definida na altura da emisso, permanecendo inalterada ao longo da sua vida til, e sendo todos os cash flows conhecidos partida. Nestas circunstncias, se a taxa de juro de mercado sobe, a cotao da obrigao desce, em virtude da reduo do diferencial entre a remunerao da obrigao e do mercado. O comprador da obrigao em mercado secundrio passa a ser remunerado de acordo com as novas condies desse mercado (recebe o mesmo juro, pagando menos). Em suma, num contexto de subida das taxas de mercado, o risco corre, em cada momento, por conta do titular da obrigao, enquanto num contexto de descida das taxas de mercado, esse risco corre por conta da entidade emitente.

Obrigaes de taxa varivel Tratam-se de obrigaes cuja taxa de juro varia ao longo da vida til do emprstimo, por via da indexao a um parmetro definido na data de emisso e representativo do mercado. o indexante. A taxa de juro calcula-se por adio ou multiplicao do indexante a um diferencial (spread), que deve reflectir as expectativas quanto evoluo das taxas de juro e risco do emitente. Os cash flows variam, ento, de acordo com as taxas de juro de mercado. So por isso emitidas com o objectivo de minimizar o risco decorrente das oscilaes das taxas de mercado. Neste tipo de obrigaes, o ajustamento da remunerao do obrigacionista faz-se por via de alteraes inerentes prpria alterao das taxas de mercado e no atravs da flutuao das cotaes.

Outras modalidades de obrigaes Existem modalidades de obrigaes cujo regime de pagamento dos juros de cupo se distingue do formato clssico implcito nas duas anteriores. Desde logo, temos as obrigaes de cupo zero, que no pagam juros durante toda a vida do emprstimo, considerando-se que o juro est implcito no diferencial (prdefinido) entre o preo de emisso e o valor do reembolso.

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Existem tambm as obrigaes de capitalizao automtica, em que os juros no so pagos periodicamente, mas sim capitalizados at ao momento do reembolso, sendo liquidados juntamente com o capital em dvida. J as obrigaes participantes, conferem aos titulares uma remunerao hbrida. Para alm do direito de receberem um juro peridico, podem receber uma remunerao adicional, indexada aos lucros da empresa. Desta forma, o obrigacionista "participa" nos resultados da empresa. Por fim, temos as obrigaes perptuas, que nunca so amortizadas (no existe reembolso), mas que garantem ao titular o recebimento de um juro para sempre.

Obrigaes convertveis vs obrigaes com warrantsPodem existir clusulas nos emprstimos obrigacionistas que permitem aos subscritores acederem, em condies privilegiadas, a valores a emitir no futuro. o caso das obrigaes convertveis e das obrigaes com warrants. o caso das obrigaes convertveis, que conferem ao titular o direito de, durante um determinado perodo, as converterem em aces, mediante um rcio de converso pr-definido. Exercido o direito, a obrigao original desaparece, passando o seu titular a ser accionista. As obrigaes com warrants conferem aos detentores o direito de comprar um certo nmero de aces ordinrias a emitir pela sociedade emitente num perodo e a um preo pr-definidos.

Tipos de indexantesUm bom indexante deve reflectir as condies vigentes no mercado em cada momento. Os indexantes mais utilizados so:

Lisbor: para os prazos de 1, 3, 6 e 12 meses, a mdia aritmtica das taxas interbancrias do escudo oferecidas por oito instituies financeiras, depois de retiradas as duas mais altas e as duas mais baixas. Divulgada pela Reuters s 11:00 horas;

Euribor: mdia ponderada das taxas interbancrias dos pases da zona euro; TBA: Taxa Base Anual, que a mdia ponderada das taxas mdias dos ltimos 12 leiles de colocao de Bilhetes do Tesouro;

TD3: mdia ponderada das taxas brutas dos depsitos a prazo superiores a 180 dias e inferiores a uma ano, praticadas pelas trs maiores instituies de crdito com maior saldo neste tipo de depsitos;

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APB: divulgada pela Associao Portuguesa de Bancos, corresponde mdia simples das taxas de juro activas (isto , sobre crditos concedidos) fornecidas por oito instituies bancrias, para cada prazo considerado;

TRO: Taxa de referncia para as obrigaes.

Avaliao de obrigaes

Qual o rendimento das obrigaes?

O valor de uma obrigao depende do rendimento (esperado) do seu titular e do nvel de risco associado entidade emitente. A avaliao de obrigaes assenta num anlise risco-retorno. Para se poder avaliar uma obrigao, necessrio conhecer todos os cas