oficinas de formação

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coleção Organizadores Alessandra Miranda de Souza João Paulo Pucinelli JUVENTUDE E ECONOMIA SOLIDÁRIA oficinas de formação

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Page 1: Oficinas de Formação

cole

ção

OrganizadoresAlessandra Miranda de Souza

João Paulo Pucinelli

JUVENTUDE E

ECONOMIASOLIDÁRIA

oficinas de formação

Page 2: Oficinas de Formação

coleção

Organizadores

Goiânia2012

JUVENTUDE E

ECONOMIASOLIDÁRIA

oficinas de formação

Alessandra Miranda de SouzaJoão Paulo Pucinelli

Page 3: Oficinas de Formação

Coleção CaminhosJuventude e Economia SolidáriaOficina de Formação

Equipe Editorial:Prof. Dr. Hilário Henrique DickProf. Dr. Flávio Munhoz SofiatiProfª. Drª. Miriam Fábia AlvesProfª. Ms. Carmem Lucia TeixeiraProfª. Ms. Maria Aurora NetaProf. Ms. Willian Silva BonfimProf. Ms. Rezende Bruno de Avelar

Equipe de produção: Casa da Juventude Pe. BurnierAlessandra Miranda de Souza, Erika Santos, João Paulo Pucinelli e Vanildes Gonçalves dos Santos.

Revisão: Carmem Lucia Teixeira, Lourival Rodrigues da Silva e Mariana Araguaia

Facilitadores das oficinas: Alessandra Miranda de Souza, Alessandro Araújo Barbosa, Alexandre Rangel, Bruna Junqueira, Carla Miranda, Claudia Lima, Erika Pereira dos Santos, Deusdete Oliveira, João Paulo Pucinelli, Maíra Lima Figueira, Mariana Araguaia, Paulo Aquino, Osvaldo Nogueira, Rita Kallabis e Vanildes Gonçalves dos Santos.

Fotos: Arquivos da Casa da Juventude.

Projeto Gráfico e diagramação: Wolney Fernandes e Aurisberg Leite Matutino.

Ilustrações: Wolney Fernandes.

Copidesque: Divina Maria de Queiroz.

Editora: Casa da Juventude Pe. Burnier.

Tiragem: 2.000 exemplares 1ª edição 2012Impressão: Gráfica PUC Goiás

S719j Juventude e economia solidária : oficinas de formação/SOUZA, Alessandra Miranda de; PUCINELLI, João Paulo. 1.ed. Goiânia: Casa da Juventude Pe. Burnier; PUC Goiás, 2012. (Coleção Caminhos) 80p.: il; 21 x 29,7cm Vários autores 1.Juventude – economia. 2. Juventude – economia solidária. 3. Juventude – metodologia e planejamento. 4. Juventude – acompanhamento e assessoria. CDU: 330.162:374

Lana Keren de Mendonça – Bibliotecária CRB 1/2486

Page 4: Oficinas de Formação

Apresentação....................................................................................................

A que viemos?..................................................................................................

Bloco 01

Juventude Vivenciando a Economia Solidária................................................

Tema 01 - Economia Solidária: O que é isso?.....................................

Tema 02 - Economia Solidária: o inverso do capitalismo...................

Tema 03 - Economia Solidária na construção de uma nova

sociedade.............................................................................

Bloco 02

Juventude na Economia Solidária: Caminhos na construção de um Outro

Mundo Possível................................................................................................

Tema 04 - Empreendimentos solidários juvenis.................................

Tema 05 - Economia Solidária: caminhos de sustentabilidade..........

Tema 06 - Movimentos Populares e Economia Solidária....................

Tema 07 - Políticas Públicas e Economia Solidária.............................

Bloco 03

Juventude na comercialização solidária e no consumo responsável.............

Tema 08 - Comércio Justo e Solidário.................................................

Tema 09 - Consumo Solidário como exercício de poder....................

Tema 10 - Feiras de economia solidária e espaços de

socialização.........................................................................

Bloco 04

Juventude na Sustentabilidade dos Empreendimentos Econômicos

Solidários.........................................................................................................

Tema 11 - Empreendimentos solidários juvenis.................................

Tema 12 - Caminhos para a captação de recursos..............................

Tema 13 - Como elaborar projetos econômicos solidários..................

Referências Bibliográficas................................................................................

Rede Brasileira de Institutos de Juventude.....................................................

Sumário0405

151620

24

2 930343942

474852

56

61626772

7677

Page 5: Oficinas de Formação

APRESENTAÇÃO

04

É com alegria e esperança da novidade que se faz pulsante em cada um/a

de nós, que apresentamos esta publicação, que tem na sua essência as

experiências vivenciadas nas Oficinas Juventude e Economia Solidária,

realizadas na Casa da Juventude Pe. Burnier em Goiânia.

Esta cartilha busca apresentar aos/às jovens, educadores/as, gestores/as,

entidades de apoio e movimentos de economia solidária, o que vem sendo

pensado, elaborado e dinamizado juntos aos/às jovens, na construção coletiva no

que se refere à formação de jovens na perspectiva do trabalho e economia,

apresentando a Economia Solidária como um eixo importante de atuação e de

superação da exclusão social que milhares de jovens experimentam todos os dias

em suas realidades.

Em nossas ações coletivas, temos assumido como causa de vida plena, a

Sociedade do Bem Viver, com ênfase nos direitos das juventudes, e na construção

da sociedade que queremos. Para alcançarmos tal horizonte é necessário que nos

coloquemos como agentes protagonistas na construção de um projeto popular

para o Brasil, com Desenvolvimento Solidário, Sustentável e Territorial. Nesse

conjunto de ações, a Economia Solidária é o modo mais coerente de experimentar

e viver novas relações de igualdade e justiça na concretude do Bem Viver.

Aqui temos uma mostra pequena do muito que vem sendo feito: uma

construção de muitas mãos, corpos, corações, ideias e desejos, com roteiros de

oficinas para serem dinamizadas nos espaços vitais de participação da juventude:

escolas, universidades, movimentos sociais, igrejas, associações e cooperativas.

Para que, na ciranda da vida, uma economia solidária possa ser para mais vida

para as juventudes, motivando e mobilizando para a formação dos agrupamentos

juvenis em torno da formação e fomentação de empreendimentos juvenis

solidários.

Nossos agradecimentos à Companhia de Jesus porque a missão da Casa

da Juventude Pe. Burnier-CAJU possibilita que uma comunidade de

educadores/as, jovens e voluntários/as, construam novas relações de vida e

fraternidade. À Irmã Rita Kallabis, pelo empenho e ousadia em trilhar junto com

esse povo “cajuíno”, os caminhos de vida e resistência da economia solidária.

Aos/Às jovens que apostaram nessa proposta e fizeram dessas oficinas uma

realidade em nossas vidas e na construção de “outro mundo possível”.

Esperamos que todos/as possam aproveitar das experiências, ousando na

criatividade em busca da superação de uma realidade desafiadora.

Brasília/DF, março de 2012.

Alessandra Miranda

Cáritas Brasileira

“A Economia Solidária é antes de tudo um processo

contínuo de aprendizado de como praticar ajuda mútua,

a solidariedade e igualdade de direitos”.

Paul Israel Singer

JUVENTUDE E ECONOMIA SOLIDÁRIAOficinas de Formação

Page 6: Oficinas de Formação

1 Folder: Projeto Nacional de Comercialização Solidária. Economia solidária outra economia acontece. Instituto Marista de Solidariedade, Secretaria Nacional de Economia Solidária, Ministério do Trabalho.

Começo de conversa

“Uma economia a serviço da vida tem que ser solidária”(Carlos Rodrigues Brandão, no Seminário

“A Sociedade que Queremos - CAJU, 2011)

A Casa da Juventude Pe. Burnier - CAJU tem a alegria de apresentar

mais uma proposta de formação para as juventudes e suas organizações.

Dessa vez trata-se de roteiros para discutir sobre a temática Juventude e

Economia Solidária.

A Economia Solidária é uma forma de pensar e organizar o fazer

econômico em vista de uma vida melhor para todos e todas. Envolve “um jeito

diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem

explorar ninguém, sem querer levar vantagens, sem destruir o ambiente [...] 1cada um/a pensando no bem de todos/as e no seu próprio bem” .

Uma Economia Solidária feita e vivenciada com jovens é um desafio

no sentido de construir novas práticas e valores de cooperação, autogestão,

solidariedade num tempo em que os adolescentes e jovens se encontram

abertos e instigados para contribuírem e se colocarem no mundo adulto

com perspectivas de respeito à natureza, à promoção da dignidade, justiça

e vivências grupais coletivas próprias do seu tempo geracional.

Desta maneira, a Economia Solidária é uma porta de entrada dos/as

jovens no mercado de trabalho em um tempo que a precarização e

exigências de capacitação se manifestam a todo tempo. É despertar os/as

jovens a buscar uma geração de renda justa para as necessidades básicas

pessoais, familiares e comunitárias.

Foi pensando em tudo isso que a Casa da Juventude vem há anos

conversando sobre estes aspectos, com o desejo de empoderar a juventude

a partir de uma formação para que os/as jovens sejam protagonistas da

transformação social, participando de discussões e formulações de

propostas e no pensar de economia que garanta seus direitos e na

construção de Projetos de Vida, embasados em princípios e em valores

humanos e comunitários. Essa motivação está dentro do nosso sonho de

sociedade construída pelos/as jovens na CAJU:

Uma sociedade e economia organizadas a partir de relações sociais

justas e que garantam as necessidades fundamentais da pessoa

humana, superando a economia do acúmulo.

Onde o tempo e o trabalho sejam organizados a partir de uma outra

lógica que se contraponha à produtivista do mercado.

Que o tempo e o trabalho estejam a favor de um outro modo de

reprodução das condições de vida e de seu sentido mais pleno de

realização humana.

05

A que viemos?

Page 7: Oficinas de Formação

Um modo de viver, de se relacionar e de organizar a produção e a

economia que leve em conta a dimensão da pessoa, do comunitário,

da sustentabilidade ambiental e do cuidado.

O debate e formação sobre Economia Solidária com a Juventude quer

ainda ser uma forma de colocar em prática o princípio da Horizontalidade,

sustentabilidade, colegialidade e vivência de um poder serviço na gestão

dos processos administrativos, pedagógicos e políticos, com o princípio de

administrar e mobilizar os bens e recursos a serviço da vida dos/as jovens e

do planeta; apoiar, promover e incentivar projetos, ações, experiências em

economia solidária a serviço da cultura da sustentabilidade do planeta.

01. Histórico

“É preciso redescobrir no diálogo com o outro uma sociedade solidária"

(Carlos Rodrigues Brandão)

Esta cartilha é a reflexão de um projeto que nasceu das Oficinas

Juventude e Economia Solidária, experiência que vem sendo realizada na

CAJU, desde 2010. Entre os objetivos e desejos que inspiraram as oficinas

estava o de compartilhar a experiência vivida pelos jovens na CAJU, para

outros grupos e organizações juvenis, através de algo sistematizado, que

pudesse também fomentar essa reflexão em vista de desencadear atitudes e

práticas de economia solidária entre as juventudes pelo Brasil afora.

As Oficinas Juventude e Economia Solidária são frutos de um desejo

que há tempos tem sido acalentado na CAJU. Desde as Escolas de

Cidadania realizadas de 2002 a 2005, em que uma de suas etapas era o

tema da Economia Solidária e que sempre provocava para a criação de um

espaço maior para essa reflexão e, também, para um aprofundamento nesse

jeito de compreender e fazer economia para vida.

As Escolas de Cidadania tiveram sua última edição em 2005, mas o

desejo de um projeto sobre a temática da Economia Solidária permaneceu

presente no coração e nos pensamentos da equipe. Assim, em 2009, a

equipe em sua avaliação e planejamento de projetos para 2010, atenta à

escuta da realidade das juventudes que cada dia se apresentava com

maiores vulnerabilidades no que se refere a sua sustentabilidade

(desemprego, subemprego, violências...), optou por pensar um projeto que

pudesse contribuir com os/as jovens, no sentido de pensar outras formas de

trabalho e renda, a partir de uma economia que prioriza a vida de forma

sustentável. A inspiração também veio da Campanha da Fraternidade

Ecumênica de 2010 que abordou a temática da Economia Solidária,

realizada entre diversas Igrejas Cristãs. A campanha convocou a sociedade

para uma reflexão acerca de uma outra economia, fora dos princípios

capitalistas e dentro dos princípios evangélicos e, portanto, dos direitos

humanos, uma economia para garantir a vida em abundância de forma

sustentável em todo o planeta.

Essa era a motivação que faltava à equipe da Casa da Juventude para

socializar para o universo juvenil essa proposta e vivência de uma

economia que gera vida à juventude.

06

Page 8: Oficinas de Formação

Para que esta proposta tivesse a viabilidade e efeito de mobilização, o projeto assumiu um dos princípios da Economia Solidária de que só é possível pensar e organizar uma sociedade que garanta vida com dignidade para todos os povos e o meio ambiente se a ação for feita em rede. Pensando nisso, a CAJU, ao propor o projeto de oficinas para a juventude, tendo consciência de que era preciso contar com outros grupos que pudessem colaborar nessa nova ação, buscou parceria com o Instituto Marista de Solidariedade, com a Cáritas Brasileira, com o Fórum Goiano de Economia Solidária e com a Rede de Educação Cidadã. Juntas, essas entidades têm colaborado para a realização das Oficinas de Juventude e Economia Solidária.

Acreditamos que a parceria para as Oficinas Juventude e Economia Solidária com os jovens é um aprendizado no sentido de apoiar e fortalecer as rede e cadeias produtivas como forma de acreditar e despertar nos jovens a força da mobilização de saberes, recursos e estratégias de pensar e comercializar de uma forma justa.

As Oficinas Juventude e Economia Solidária foram realizadas em 04 etapas de finais de semana, sendo cada uma delas dedicada a uma temática diferente, conforme descritas abaixo:

Etapa 1: Introdução à economia solidária e à autogestão

Etapa 2: A gestão e produção solidária

Etapa 3: Captação de recursos para empreendimentos econômicos

solidários

Etapa 4: Comercialização e produção solidária

02. Objetivo geralConvocar e aproximar a juventude para promover e qualificar para

vivenciar atividades e oficinas dentro da temática da Economia Solidária como maneira de pensar as questões econômicas de produção e comercialização solidária, baseadas no cuidado ambiental, na valorização do trabalho humano, na cooperação e democracia, visando um desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Objetivos específicos:

Proporcionar um olhar histórico sobre a Economia e os Sistemas Econômicos, percebendo suas implicações.

Conhecer a trajetória e os princípios da Economia Solidária.

Identificar as experiências de Economia Solidária que já acontecem.

Entender como criar ou se envolver em projetos que têm práticas de gestão e empreendimentos econômicos solidários, com um olhar sobre associações e cooperativas.

Identificar como acionar os recursos e fundos destinados a projetos de Economia Solidária.

Ser um espaço de construção de um novo pensar e praticar a produção, o comércio e o consumo, voltando a atenção para

o cuidado com o planeta.

Conhecer as leis e programas municipais, estaduais e federal de Economia Solidária.

Contribuir para a construção de uma Economia a serviço da vida.

07

Page 9: Oficinas de Formação

03. A quem se destina?

A jovens que tenham idade entre 16 e 29 anos

São convidados/as a participar os/as jovens de baixa renda ou envolvidos/as com comércio informal

Jovens com atuação em grupos, comunidades eclesiais

Jovens dos movimentos sociais e empreendimentos solidários

Jovens de grupos de vivência ecumênica

Jovens das associações e cooperativas

04. A metodologia que perpassa as oficinas

As Oficinas Juventude e Economia Solidária estão pautadas numa metodologia que parte dos princípios da educação popular, na produção dialógica da produção do saber e na metodologia emancipadora e participativa e emancipadora. Porque acreditamos que a construção de relações democráticas só podem se dar através do diálogo que acontece no encontro entre diferentes que se reconhecem como sujeitos, e que sentem no espaço que estão abertos para dizer sua palavra.

As Oficinas Juventude e Economia Solidária apresentadas para serem vivenciadas nesta cartilha estão organizadas em 04 blocos com os temas da Introdução à Economia Solidária e a autogestão, A gestão e produção solidária, Captação de recursos para empreendimentos econômicos solidários e a Comercialização e produção solidária.

Cada bloco conta com a presença de um/a ou mais facilitadores/as que têm conhecimento acumulado sobre o assunto e que através de uma dinâmica participativa desenvolve o tema.

Faz parte da metodologia das oficinas a utilização de músicas, dramatização, instrumentos audiovisuais, visitas a cooperativas solidárias,

2realização de feira solidária , trabalhos em grupos, produção de textos e de projetos concretos de economia solidária, sistematização do aprendizado a cada etapa.

05. Elementos fundamentais para a realização das oficinas

5.1 Conhecer a realidade

É urgente pensar uma economia solidária com a juventude

Dentre os diversos problemas que afetam a vida da juventude, o desemprego é um dos mais presentes e, segundo as pesquisas é uma das questões que mais preocupam os/as jovens. Os dados apresentados pelo relatório “Trabalho Decente e Juventude no Brasil”, realizado em conjunto

3pela OIT e CONJUVE , também revelam que os/as jovens se encontram em uma relação de desigualdade no que se refere ao trabalho no Brasil com relação aos adultos. A taxa de desemprego entre os/as jovens é três vezes maior que a de adultos. Segundo o relatório o desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é de 17%, em relação aos 22 milhões de jovens economicamente ativos. Enquanto os adultos são de 5,6%.

Os diagnósticos da realidade que envolvem as questões de trabalho e renda juvenil têm demonstrado que a maioria vive em uma situação marcada

4

2 As Feiras Solidárias

são espaços que têm o intuito de organizar e tornar permanente as trocas de mercadorias, serviços e saberes para o desenvolvimento de uma comunidade local. O espaço proporciona um ambiente de cooperação entre os “prossumidores” (pessoas que são ao mesmo tempo produtores e consumidores), no lugar da acirrada competição do mercado. Para isso, utiliza-se a MOEDA SOCIAL que visa ser exclusivamente um meio de troca, que só pode ser usada durante as Feiras.3 OIT- Organização

Internacional do Trabalho.4 CONJUV- Conselho

Nacional de Juventude.

08

Page 10: Oficinas de Formação

pela pobreza, que se agrava devido ao desemprego que atinge as famílias. Essa realidade, além de deixar os/as jovens e suas famílias mais vulneráveis, os levam, muitas vezes, a aderir aos meios ilícitos de conseguir recursos para sustentação pessoal e familiar, como por exemplo: o tráfico de drogas.

Além dessa realidade, os/as jovens que se encontram em uma situação

de empobrecimento são mais atingidos/as pelo sistema capitalista

neoliberal que nas últimas décadas fez com que as relações e condições

trabalhistas fossem precarizadas, e a exigência de mão de obra qualificada

para o mercado de trabalho faz com que muitos não tenham possibilidade

de se incluir nele.

Diante disso, um movimento em busca da construção de uma outra

forma de produção e distribuição do que se produz tem ganhado força no

país, colocando na pauta das discussões a questão de novas formas de

geração de trabalho e renda, através de uma economia que não paute suas

ações somente no lucro, mas que tenha a Vida no seu centro.

É em vista de, junto com a juventude, pensar e construir novas estratégias

de geração de trabalho e renda para melhorar a qualidade de vida dos/as

jovens e o fortalecimento dos movimentos que lutam por outra economia que

a CAJU propõe esse projeto na perspectiva da Economia Solidária.

5.2 Dica para mobilização juvenil para as oficinas

As Oficinas Juventude e Economia Solidária são um chamado a todas

as pessoas e organizações que acreditam na juventude. Por isso cabe a elas

o papel de motivar e convocar os/as jovens para vivenciar esta temática. O

ato de convidar os/as jovens exige um processo de preparação e tomada de

decisão no investimento de tempo e recursos.

Esse processo de envolver e convidar os/as jovens tem que ser como

namoro, é preciso criar expectativas, desejos, carinho, atenção e presença.

O convite aos jovens tem que ser mais que um “vamos lá”. É necessário

apresentar as possibilidades que o estudo pode gerar na vida dos/as jovens

a partir do seu cotidiano. Mostrar que esta formação é caminho para

encontrar resposta para geração de renda e a inclusão social para o

desenvolvimento justo e solidário.

5.3 A juventude contribuindo para construção de um projeto de

sociedade

A intencionalidade do projeto é maior que a reflexão e o debate.

Envolve as questões da geração de alternativas e construção de posturas

frente ao mercado capitalista como única resposta às necessidades

humanas. Dentro desta perspectiva as oficinas é uma maneira de

possibilitar aos jovens novos horizontes para:

1. A construção coletiva do conhecimento que se dá a partir do

reconhecimento do saber acumulado que cada um/a traz consigo e

que em confronto com novos conhecimentos, se transforma.

2. A mudança de atitude em vista da sociedade que queremos

tendo como princípio que somos construtores/as de uma sociedade

melhor para todas as pessoas e para o planeta, em que as práticas

precisam ser revistas, como a do consumo, reconhecendo-o como

um ato não somente econômico, mas ético e político.

09

Page 11: Oficinas de Formação

3. Uma educação que promova autonomia e democracia -

reconhecendo os/as jovens como sujeitos de direitos, inclusive o

direito a uma Economia Solidária.

4. A vivência de uma mística primordial que seja capaz de

sustentar a pessoa a partir de uma esperança ativa e em relação

solidária com a vida, na sua diversidade e em todas as suas

dimensões, tendo em vista uma cultura de paz.

5.4 Princípio da Economia Solidária com a juventude

Para que essa ideia se firme é necessário ter presentes os princípios

que poderão reger uma Economia Solidária que tem a juventude como

contribuidora. Por isso terá presente:

A Economia Solidária

Tudo pela vida.

Solidariedade e fraternidade.

Cooperar e agregar as pessoas a grupos.

Gerar trabalho humano e construtor de vida.

Gerar a partilha de bens e propriedade coletiva.

Autogestão igualitária.

Cuidado com o ambiente e com a natureza.

O Comércio justo e solidário

Estabelecimento de condições de trabalho com práticas de pagamento justo aos/às produtores/as.

Acesso aos créditos e financiamentos.

Informar os/as consumidores/as sobre os objetivos com comércio justo, origem da produção e destinação.

Capacidade organizativa e técnica da produção que agregue valor aos produtos.

Redução de atravessadores e valorização do/a produtor/a.

Promover o desenvolvimento pessoal, comunitário e integral em níveis econômico, organizativo, social, político e cultural.

O Consumo solidário

Redução do consumo de itens inúteis, descartáveis, que despendem dos recursos não renováveis.

Reutilização dos bens, abandonando modismos, adquirindo produtos usados.

Reparação dos bens que se danificam, aumentando sua vida útil.

Reciclagem de tudo que seja possível, reduzindo o descartável e emissão de resíduos.

06. Organização dos temas/oficinasO material que você tem nas mãos é a sistematização dessa

experiência. A cartilha está organizada em 04 blocos, com 13 oficinas,

prontas para serem adaptadas a sua localidade e para que você e seu grupo

possam aproximar-se das reflexões que envolvem a Economia Solidária e a

Juventude e pensar juntos/as projetos de empreendedorismo baseados nos

princípios da Economia Solidária que contribuam para mudar a realidade

dos e das jovens e de suas famílias.

10

Page 12: Oficinas de Formação

Este primeiro bloco faz um movimento de olhar para Economia

Solidária a partir de seus conceitos e princípios, convidando os/as jovens

para a construção de novas relações entre as pessoas e com o meio

ambiente. Propomos um movimento de reconhecer como a Economia

Solidária é um contraponto ao capitalismo, à medida que gera novas

possibilidades de ser e estar no mundo e de construir posturas no seu

modo de ser e no projeto pessoal-comunitário de vida.

Os temas abordados neste bloco serão os seguintes: Economia

Solidária: O que é isso? Economia Solidária: o inverso do capitalismo,

Economia Solidária na construção de uma nova sociedade.

Este bloco quer discutir com a juventude a Economia Solidária, a

partir das várias demandas que partem da sua organização e consolidação,

desde a base (que são os empreendimentos solidários) até as leis e lutas

sociais. A Economia Solidária faz parte de uma proposta maior, que é a

consolidação de uma vida solidária e cuidante da vivência concreta e

cotidiana de um outro mundo possível.

Os temas abordados neste bloco serão os seguintes: Empreendimentos

solidários juvenis, Economia Solidária: caminhos de sustentabilidade,

Movimentos Populares e Economia Solidária e Políticas Públicas e

Economia Solidária.

Este bloco quer refletir com a juventude a comercialização solidária e

a prática de consumo responsável, como exercício de poder para contrapor

a economia global. Entender a dinâmica dos espaços de comercialização e

o processo para uma prática de consumo responsável.

Os temas abordados neste bloco serão os seguintes: Comércio Justo e

Solidário, o Consumo solidário como exercício de poder e Feiras de

economia solidária e espaços de comercialização.

11

Juventude vivenciando

a economia solidária

BLOCO 1

Juventude na Economia

Solidária: Caminhos na

construção de um outro

mundo possível

BLOCO 2

Juventude na

comercialização

solidária e consumo

responsável

BLOCO 3

Page 13: Oficinas de Formação

Este último bloco tem o objetivo de capacitar jovens para a elaboração

de projetos que potencializem o desenvolvimento local, além de divulgar

ferramentas disponíveis para a captação de recursos para

empreendimentos solidários.

Os temas abordados neste bloco serão os seguintes: Empreendimentos

solidários juvenis, Caminhos para a captação de recursos, Como elaborar

projetos econômicos solidários.

07. Programa das oficinas juventude e economia solidáriaPara que as Oficinas Juventude e Economia Solidária provoquem os

efeitos esperados é essencial que os/as facilitadores/as se encontrem anteriormente e façam um planejamento do caminho a ser percorrido por todo projeto e principalmente em cada oficina. O planejamento antecede as oficinas, para que seja um momento para pensarem juntos/as os temas, objetivos, motivações, passos do encontro e os instrumentos a serem utilizados.

7.1 Definições anteriores

1. Entender a ordem e o porquê dos temas das oficinas

2. Agendar as datas e local em que serão realizadas as oficinas

3. Definir a equipe que irá se envolver com o projeto

4. Divulgar e articular os destinatários das oficinas com os critérios

definidos pelos/as promotores/as... possibilitar que o grupo entenda

onde se quer chegar

5. Treinar e possibilitar que os/as facilitadores/as vivenciem de alguma

forma a proposta antes de aplicá-la.

7.2 Pontos a serem considerados

Preparação do ambiente

Que a preparação do ambiente esteja de acordo com a temática da

oficina. Em cada uma delas já vem uma dica do que deve ter e cuidar.

Neste sentido será de grande importância uma previsão do número de

participantes. Que o ambiente revele e tenha o rosto da juventude, ou seja,

com símbolos, cores, harmonia... cuidar para que não seja amplo a ponto

de causar dispersão ou pequeno demais que impeça a participação.

Materiais Necessários

Cada oficina tem uma lista de material a ser providenciado

antecipadamente. Uma olhada antes possibilita que a oficina aconteça de

forma tranquila.

Acolhida Solidária

Esse é um momento chave da oficina, pois a acolhida carinhosa e

cuidante será a melhor motivação para que os/as jovens se apropriem do

12

Juventude na

sustentabilidade

dos empreendimentos

econômicos solidários

BLOCO 4

Page 14: Oficinas de Formação

tema. Além de deixar todos/as à vontade, é o momento de fazer uma pequena

introdução do assunto e ao mesmo tempo dizer dos objetivos que se quer

alcançar. Haverá também um pequeno gesto ou ação para iniciar o debate.

Partilha dos Saberes

É o momento alto da oficina, pois é aqui que a temática será

aprofundada pelos/as participantes através de uma fala inicial dos/as

facilitadores/as, seguida de uma técnica que possibilite a compreensão do

tema acompanhada de um texto de aprofundamento. Concluindo com

músicas populares brasileiras que possibilitem a interação lúdica da reflexão.

Gerando Saberes

É quando acontece a verificação da assimilação da proposta

trabalhada a partir do retomar do caminho percorrido sempre com

perguntas chaves: Qual foi o momento mais importante da oficina? Quais

foram as informações mais importantes? O que tenho que partilhar com

meu grupo/comunidade/amigos/amigas? Concluindo com uma motivação

para socialização deste momento com amigos/as e comunidade.

Caminhos de Solidariedade

Este é o espaço final que busca motivar os/as participantes a

perceberem como cada pessoa tem importância no reconhecer, no saber e

nos gestos práticos cotidianos sobre a Economia Solidária, dentro da

perspectiva da grande ciranda de igualdade de direitos e construção

coletiva. Haverá sempre uma música que facilite a verbalização do que a

experiência tenha gerado em cada um de nós. Concluindo com abraços

coletivos.

08. Capacitação dos/as Facilitadores/as

A capacitação dos/as facilitadores/as tem como finalidade preparar o grupo

que irá acompanhar o debate nas Oficinas Juventude e Economia

Solidária. Quer, antes de tudo, preparar os/as facilitadores/as para o

conhecimento da temática, da metodologia e do acompanhamento dos/as

jovens.

Quem são os/as facilitadores/as?

São pessoas convidadas para trabalhar a temática da Economia Solidária, que tenham facilidade para lidar com grupos, com visão aberta para o jeito de ser e se comportar dos/as jovens. Os/as facilitadores/as buscam contribuir com a temática sem ter uma visão fechada conservadora a ponto de constranger os/as participantes, mas, antes de tudo, estão abertos/as a diferentes formas de pensar e se expressar. São pessoas que acreditam numa outra forma de se organizar da sociedade atual capitalista exploradora.

Objetivos da capacitação

Capacitar facilitadores/as dentro da proposta das Oficinas Juventude e Economia Solidária para serem multiplicadores/as que vão colaborar diretamente na metodologia junto aos/às jovens. Possibilitar o encontro e a troca de experiências que trazem dentro da temática da Economia Solidária e do trabalho em oficinas. Dar a conhecer a cada facilitador/a o projeto das Oficinas de Economia Solidária, com seus objetivos, temáticas e metodologia.

13

Page 15: Oficinas de Formação

1ª PARTE

A coordenação faz uma acolhida e entrosamento com o grupo e em seguida motiva o grupo para se apresentar dizendo (nome, de onde vem, que experiência tem no trabalho com jovens e porque aceitou ser facilitador/a). Para dinamizar esse momento poderá ser entregue aos participantes um cartaz em formato de mãos, onde os/as facilitadores/as podem escrever e depois socializar de forma lúdica.

2ª PARTE

Distribuir a cartilha para cada participante para que em dupla possam fazer uma leitura da parte inicial da proposta e em dupla registrarem as impressões e dúvidas para levar para o plenário.

3ª PARTE

Em plenário, cada dupla apresenta suas impressões e questionamentos. A coordenação estará atenta e preparada para responder as questões ou ter atitude de encontrar em conjunto com o grupo as respostas necessárias.

4ª PARTE

Escolher um roteiro de uma oficina e vivenciar todos os passos dela.

5ª PARTE

Juntos levantarem: O que achou da dinâmica proposta? Quais foram as facilidades e dificuldades para entender o caminho? Como fazer para que este momento seja bem vivenciado pelos/as jovens?

6ª PARTE

O grupo faz um breve planejamento das oficinas e de como cada um/a vai se preparar para trabalhar e se envolver no projeto. Tendo presentes os seguintes passos:

a) Quem serão os/as jovens convidados/as para participar das oficinas?b) Como será feito o convite?c) Quem se responsabiliza de organizar os convites?d) Definir e confirmar o dia, local e horários.e) Definir o grupo responsável pela preparação de cada oficina.

7ª PARTE

Combinar como será o registro das oficinas: relatórios, fotos, filmagens para a organização do arquivo.

8ª PARTE

Concluir avaliando como cada um/a se sentiu, em que a facilitação contribuiu para organizar as oficinas e o que falta ser trabalhado para a realização deste projeto.

14

Page 16: Oficinas de Formação

01obl cojuventude vivenciando a economia solidária

Este primeiro bloco provoca um

movimento de olhar para a Economia

Solidária a partir de seus conceitos e

princípios, convidando os/as jovens

para a construção de novas relações

entre as pessoas e com o meio ambiente.

Propomos um movimento de reconhecer

como a Economia Solidária é um

contraponto ao capitalismo, à medida

que gera novas possibilidades de ser e

estar no mundo e de construir posturas

no seu modo de proceder e no projeto

pessoal-comunitário de vida.

Os temas abordados neste bloco serão

os seguintes: Economia Solidária:

O que é isso? Economia Solidária:

o inverso do capitalismo e Economia

Solidária na construção de uma

nova sociedade.

Page 17: Oficinas de Formação

16

Tema 1 Economia Solidária: o que é isso?01

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes de forma atenciosa e

cuidante. Neste momento entregar uma tarjeta e uma caneta.

Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas e dizer do

objetivo da oficina.

Pedir que cada um/a escreva na tarjeta: o que entende por economia.

Perceber como se dá o conceito de economia e como

ele pode ser construído, a partir de olhares

diferenciados sobre os sistemas econômicos.

Objetivos

Tarjetas e canetas para os/as participantes; cópias do

texto sobre economia; CD com as músicas Vilarejo -

Marisa Monte e Amor de Índio - Beto Guedes,

som, letras das músicas para os/as participantes.

Quem facilita a oficina prepara o

ambiente antes da chegada dos/as participantes:

cadeiras em círculo, no centro um símbolo que

tenha ligação com a temática, em um lugar visível

escrever o objetivo da oficina.

Materiais Necessários

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Page 18: Oficinas de Formação

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Partilha dos Saberes

Distribuir pela sala, as tarjetas com os conceitos escritos pelos/as

participantes.

Motivar que os/as participantes olhem os diversos conceitos e tentem

identificar semelhanças e diferenças em cada um deles, formando blocos.

Em seguida cada grupo é convidado a conversar sobre um bloco: Em quais

aspectos concordamos com as afirmações aqui escritas? Em que ponto

discordamos? A economia que vivemos no dia a dia é assim ou deveria ser

assim?

Em seguida ler coletivamente o texto abaixo:

5Por que outra economia?

Quando falamos em ECONOMIA estamos nos referindo àquelas

atividades de produção, distribuição, comercialização e consumo de

bens e serviços. O termo economia vem do grego, formado pelas

palavras oikos (casa) e nomos (costumes ou lei). Daí o seu significado

de regras para o cuidado com a casa, com o ambiente onde se vive.

Cuidar significa entender as necessidades da casa, ou seja, das

pessoas que compõem a casa.

Apesar da origem do termo se remeter a uma dimensão da vida

privada (família, da casa), a economia é uma atividade social, ou seja,

ela se realiza na sociedade porque envolve relações que se

estabelecem entre as pessoas de uma comunidade, de uma cidade, de

um país, do mundo - o nosso planeta. Por isso, podemos

compreender a casa de forma mais ampla: o lugar onde vivemos, o

ambiente onde estamos com outras pessoas, com as instituições

(econômicas, políticas, culturais, sociais) e com os outros seres da

natureza.

Podemos compreender melhor o significado da economia como o

conjunto de atividades ou formas sociais de solução da relação entre

necessidades existentes (das pessoas, dos agrupamentos humanos ou

sociedades) e os recursos disponíveis para satisfazê-las.

Um jeito que se tornou comum para pensar a economia parte do

princípio que as necessidades são muitas ou ilimitadas enquanto os

recursos são poucos, ou limitados. Isso significa que a economia se

orienta pela escassez dos recursos. Daí surgiu a compreensão de que

ser econômico (economizar) é ser eficiente, ou seja, fazer mais ou

atender mais necessidades com menos recursos, que são escassos.

Isso até que tem um pouco de sentido. Sabemos, por exemplo, que a

natureza tem limites e que é preciso cuidar bem dela para que a

exploração econômica das riquezas naturais não inviabilize com a

vida do planeta e coloque em risco a vida das gerações presentes e

futuras.

O problema é que nem sempre os recursos disponíveis são

suficientes para atender às necessidades de todos/as, exatamente

17

5 Cartilha: Economia Solidária: Outra Economia a serviço da vida acontece, CONIC e FBES 2010.

Page 19: Oficinas de Formação

porque são concentrados por poucos. Nesse caso, dizer que os

recursos são escassos para a necessidade de muitos, apenas justifica

um modo de organizar a economia da abundância para poucos.

Vamos entender melhor: A forma adotada pelas pessoas e pelas

instituições econômicas, políticas e sociais para solucionar a relação

entre satisfação de necessidades e disponibilidades de recursos

define os SISTEMAS ECONÔMICOS. Estamos nos referindo a

sistemas de organização da produção, distribuição e consumo de

bens e serviços.

Esses sistemas econômicos fazem parte do dia a dia das pessoas, das

nações, do mundo inteiro. Para ficar mais claro, se o sistema

econômico funciona acumulando os recursos (bens, riquezas) para

satisfazer, sobretudo, as necessidades de quem já os possui, ele gera a

desigualdade entre as pessoas, entre os territórios, entre as regiões e

os países. A busca por acúmulo de riquezas gera a morte, inclusive

nas guerras que sempre são geradas por interesses econômicos, a

morte causada pela fome, pelas doenças, pela falta de conhecimentos.

Isso não é novidade porque, com algumas poucas exceções, a

sociedade na qual vivemos funciona exatamente assim.

Após a leitura do texto, continuar a conversa tentando identificar outros

elementos que o grupo percebe ou/e reforça a partir do texto.

Ouvir a música, motivando os/as participantes a relacionarem com a

reflexão.

Vilarejo - Marisa Monte

Há um vilarejo aliOnde areja um vento bomNa varanda, quem descansaVê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coraçãoLá o mundo tem razãoTerra de heróis, lares de mãe

Paraíso se mudou para lá

Por cima das casas, calFrutas em qualquer quintalPeitos fartos, filhos fortesSonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá

Neste momento quem facilita a oficina, retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Gerando Saberes

01

18

Palestina, Shangri-láVem andar e voaVem andar e voaVem andar e voa

Lá o tempo esperaLá é primaveraPortas e janelas ficam sempre abertasPra sorte entrarEm todas as mesas, pãoFlores enfeitandoOs caminhos, os vestidos, os destinosE essa cançãoTem um verdadeiro amorPara quando você for

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Page 20: Oficinas de Formação

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento convidar os/as participantes a se olharem e perceberem a

beleza de cada um/a. Quem facilita a oficina (ou outra pessoa preparada

para esse momento) fala da importância de reconhecer os saberes e

sabores que têm as pessoas. Que a economia precisa ser para as pessoas,

das pessoas, com as pessoas... numa ciranda de igualdade de direitos, na

felicidade, na paixão e na construção coletiva.

Ouvir ou cantar a música:

Amor de Índio - Beto Guedes

Tudo que move é sagrado

E remove as montanhas

Com todo o cuidado

Meu amor

Enquanto a chama arder

Todo dia te ver passar

Tudo viver a teu lado

Com arco da promessa

Do azul pintado

Pra durar

Abelha fazendo o mel

Vale o tempo que não voou

A estrela caiu do céu

O pedido que se pensou

O destino que se cumpriu

De sentir teu calor

E ser todo

Todo dia é de viver

Para ser o que for

E ser tudo

Convidar os/as participantes a verbalizarem com uma palavra, qual

atitude nova essa experiência da oficina gera em seus corpos.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com um abraço coletivo.

Caminhos de Solidariedade

01

19

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Sim, todo amor é sagrado

E o fruto do trabalho

É mais que sagrado

Meu amor

A massa que faz o pão

Vale a luz do teu suor

Lembra que o sono é sagrado

E alimenta de horizontes

O tempo acordado de viver

No inverno te proteger

No verão sair pra pescar

No outono te conhecer

Primavera poder gostar

No estio me derreter

Pra na chuva dançar e andar junto

O destino que se cumpriu

De sentir seu calor e ser tudo.

Page 21: Oficinas de Formação

Acolhida Solidária

Enquanto os/as participantes chegam, colocar uma música de acolhida.

Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas. Caso tenham

pessoas novas apresentar e acolher de forma atenciosa e cuidante. Em

seguida motivar que todos/as digam o nome e um elemento da natureza.

Depois que todos/as se apresentarem dizer do objetivo da oficina.

Tema 2 Economia Solidária: o inverso do capitalismo02

20

ObjetivosOlhar para a Economia Solidária como um contraponto

ao sistema capitalista.

Cartazes para escrever os conceitos e títulos; cópias

do texto sobre os conceitos de economia; CD com as

músicas de acolhida e Guaranis - Gildásio Mendes,

som, letras das músicas para os/as participantes.

Quem estiver facilitando a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em

círculo, no centro um símbolo que tenha ligação com

a temática, em um lugar visível escrever o objetivo

da oficina.

Materiais Necessários

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Page 22: Oficinas de Formação

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lism

oEm seguida convidar os/as participantes a fazer uma dança de roda, a partir do refrão:

“Cada vez que eu dou um passo, o mundo sai do lugar”.

Distribuir pela sala, cartazes com alguns conceitos sobre o Capitalismo e Economia Solidária. Observação: Não identificar no cartaz se o conceito é do Sistema Capitalista ou da Economia Solidária.

“as atividades econômicas são acumuladas ou apropriadas por aqueles que possuem bens, capital, recursos e conhecimentos”;

“tem por base a propriedade privada dos bens, dos recursos e, o mais importante de tudo, dos meios ou dos fatores de produção”;

“quem não possui recursos não consegue satisfazer suas necessidades básicas e continua em condições de pobreza”;

“quem não tem bens e recursos tem que vender a sua capacidade de trabalhar para gerar riquezas”;

“impera o desejo pelo lucro, a qualquer preço”...

“existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e capacidades”;

“a propriedade coletiva dos bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade sobre os possíveis ônus”;

“tipos de organização coletiva que podem agregar um conjunto grande de atividades individuais e familiares”;

“justa distribuição dos resultados alcançados”;

“melhoria das condições de vida dos participantes, nas relações que se estabelecem com o meio ambiente”...

Motivar que os/as participantes escrevam em cada um dos cartazes, se o conceito escrito caracteriza-se como Economia Solidária ou Sistema Capitalista. Cuidar para que a identificação seja resultado de uma reflexão coletiva do grupo.

Quando todos/as tiverem identificado os cartazes, continuar a conversa a partir das perguntas:

Partilha de Saberes

21

Sistema

Capitalista

Economia

Solidária

Page 23: Oficinas de Formação

6Concluir com a leitura do texto abaixo .

É possível, urgente e necessário pensar em outras possibilidades de

organizar a economia que não seja orientada pela ganância, pela sede

de lucros que vão sendo acumulados e geram desigualdade. É

possível satisfazer as necessidades com os recursos que estão

disponíveis. É possível repensar a economia, definindo o que

produzir, quando produzir, em que quantidade produzir e para quem

produzir a partir de outros valores da justiça, da igualdade, da

solidariedade.

A economia pode ser geradora de igualdades, desde que seja

orientada pela justiça social que significa a partilha justa dos bens e

recursos para satisfazer as necessidades de todos/as e não de

alguns/umas.

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento convidar os/as participantes a retomar a ciranda inicial:

“Cada vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar”.

Partilhar quais são os passos que queremos dar na construção de uma

sociedade cada vez mais solidária.

Cantar a música:

Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

02

22

A Economia Solidária é um contraponto ao Sistema Capitalista?

Como se dá esta contraposição?

6 Cartilha:

Economia Solidária: Outra Economia a serviço da vida acontece, CONIC e FBES 2010.

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Page 24: Oficinas de Formação

02

Guaranis - Gildásio Mendes

Ah! Quero ouvir as serenatas

Ver crescer as nossas matas e tocar um violão

Ah! Meu amigo vem cantar

Pois o dia vai raiar e morar nesta canção

Ah! Que saudades do poeta,

Do artista e do profeta

Que o tempo eternizou.

Ah! Como eu falei de flores,

Liberdade, beija-flores,

Que meu coração sonhou.

Ah! Ver crianças pelas praças, paz e pipa, pão de graça

Como cheiro de hortelã.

Ah! Água pura ali na fonte

E a gente a olhar os montes, sem ter medo do amanhã.

Ah! O meu lindo continente, que fez do sangue a semente,

Para ver o sol nascer.

Nossas matas tão bonitas,Verdes mares, canto a vida, quando o dia amanhecer.Ah! Quanta luta na fronteira,

Tanta dor na cordilheira, que o Condor não voou.

Ah! Dança e terra Guaranis,

De uma raça tão feliz que o homem dizimou.

Ah! Vou nos passos de um menino,

No meu coração latino a esperança tem lugar.

Ah! Quando bate a saudade,

Abre as asas liberdade, que não para de cantar.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com um beijo nas mãos.

23

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Page 25: Oficinas de Formação

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes de forma atenciosa e cuidante.

Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas e dizer do objetivo da oficina.

Fazer um exercício de olhar para as mãos e pensar como elas podem transformar o mundo.

Ouvir a música:

Tema 3Economia Solidária na construção de uma nova sociedade03

24

Objetivos

Materiais Necessários

Identificar os princípios da Economia Solidária na

construção de uma nova sociedade.

Pedaços de papel coloridos, CD com a música:

Coração Civil - Milton Nascimento, som, cópias dos

textos para os grupos, papéis grandes para cartazes;

canetas, cópias da música: Latino América - Calle 13.

Quem facilita a oficina prepara o ambiente antes

da chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo,

no centro uma bandeira do Brasil e /ou outro símbolo

que tenha ligação com a temática, em um lugar visível

escrever o objetivo da oficina.

Page 26: Oficinas de Formação

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Coração Civil - Milton Nascimento

Quero a utopia, quero tudo e mais

Quero a felicidade nos olhos de um pai

Quero a alegria muita gente feliz

Quero que a justiça reine em meu país

Quero a liberdade, quero o vinho e o pão

Quero ser amizade, quero amor, prazer

Quero nossa cidade sempre ensolarada

Os meninos e o povo no poder, eu quero ver

São José da Costa Rica, coração civil

Me inspire no meu sonho de amor Brasil

Se o poeta é o que sonha o que vai ser real

Vou sonhar coisas boas que a gente faz

E esperar pelos frutos no quintal

Sem polícia, nem milícia, nem feitiço, cadê poder?

Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter

Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida

Eu vou viver bem melhor

Doido pra ver o meu sonho teimoso, um dia se realizar

Ajudar o grupo a pensar e perceber que tipo de grupo e pessoas queremos

formar nas comunidades.

Organizar os/as participantes em dois grupos.

Apesar da diversidade de origem e de dinâmica cultural, são pontos de

convergência no entendimento da Economia Solidária:

A valorização social do trabalho humano.

A satisfação plena das necessidades de todos/as como eixo da

criatividade tecnológica e da atividade econômica.

O reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa

economia fundada na solidariedade.

A busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza, e os

valores da cooperação e da solidariedade.

A Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização

humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e

voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um/uma e de

todos/as os/as cidadãos/ãs da Terra seguindo um caminho intergeracional

de desenvolvimento sustentável na qualidade de sua vida.

O valor central da Economia Solidária é o trabalho, o saber e a

criatividade humanos e não o capital-dinheiro e sua propriedade sob

quaisquer de suas formas.

Partilha dos Saberes Princípios Geraisda Economia

7Solidária

GRUPO 01

7 Carta de princípios da Economia Solidária, junho de 2003, III Plenária Nacional de Economia Solidária.

Page 27: Oficinas de Formação

03

A Economia Solidária representa práticas fundadas em relações de

colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o

ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em

vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em

particular.

A Economia Solidária busca a unidade entre produção e reprodução,

evitando a contradição fundamental do sistema capitalista, que

desenvolve a produtividade, mas exclui crescentes setores de

trabalhadores/as do acesso aos seus benefícios.

A Economia Solidária busca outra qualidade de vida e de consumo, e

isto requer a solidariedade entre os cidadãos do centro e os da

periferia do sistema mundial.

Para a Economia Solidária, a eficiência não pode se limitar aos

benefícios materiais de um empreendimento, mas se define também

como eficiência social, em função da qualidade de vida e da

felicidade de seus membros e, ao mesmo tempo, de todo o

ecossistema.

A Economia Solidária é um poderoso instrumento de combate à

exclusão social, pois apresenta alternativa viável para a geração de

trabalho e renda e para a satisfação direta das necessidades de todos,

provando que é possível organizar a produção e a reprodução da

sociedade de modo a eliminar as desigualdades materiais e difundir

os valores da solidariedade humana.

A Economia Solidária não está orientada para mitigar (tornar brando)

os problemas sociais gerados pela globalização neoliberal.

A Economia Solidária rejeita as velhas práticas da competição e da

maximização da lucratividade individual.

A Economia Solidária rejeita a proposta de mercantilização das

pessoas e da natureza à custa da espoliação do meio ambiente

terrestre, contaminando e esgotando os recursos naturais no Norte

em troca de zonas de reserva no Sul.

A Economia Solidária confronta-se contra a crença de que o mercado

é capaz de autorregular-se para o bem de todos/as, e que a

competição é o melhor modo de relação entre os atores/atrizes

sociais.

A Economia Solidária confronta-se contra a lógica do mercado

capitalista que induz à crença de que as necessidades humanas só

podem ser satisfeitas sob a forma de mercadorias e que elas são

oportunidades de lucro privado e de acumulação de capital.

A Economia Solidária é uma alternativa ao mundo de desemprego

crescente, em que a grande maioria dos trabalhadores não controla

26

A EconomiaSolidária não é

GRUPO 02

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Page 28: Oficinas de Formação

03

nem participa da gestão dos meios e recursos para produzir riquezas

e que um número sempre maior de trabalhadores e famílias perde o

acesso à remuneração e fica excluído do mercado capitalista.

A Economia Solidária nega a competição nos marcos do mercado

capitalista que lança trabalhador contra trabalhador, empresa contra

empresa, país contra país, numa guerra sem tréguas em que todos são

inimigos de todos e ganha quem for mais forte, mais rico e,

frequentemente, mais trapaceiro e corruptor ou corrupto.

A Economia Solidária busca reverter a lógica da espiral capitalista em

que o número dos que ganham acesso à riqueza material é cada vez

mais reduzido, enquanto aumenta rapidamente o número dos que só

conseguem compartilhar a miséria e a desesperança.

A Economia Solidária contesta tanto o conceito de riqueza como os

indicadores de sua avaliação que se reduzem ao valor produtivo e

mercantil, sem levar em conta outros valores como o ambiental,

social e cultural de uma atividade econômica.

A Economia Solidária não se confunde com o chamado Terceiro Setor

que substitui o Estado nas suas obrigações sociais e inibe a

emancipação dos trabalhadores enquanto sujeitos protagonistas de

direitos. A Economia Solidária afirma a emergência de novo/a

ator/atriz social de trabalhadores/as como sujeito histórico.

Motivar que o grupo olhe para cada um dos pontos dos textos e converse

sobre eles, tentando identificar quais pontos são essenciais no

entendimento da Economia Solidária.

Sistematizar em cartazes e trazer para Plenária.

Ampliar a discussão olhando agora para os dois cartazes.

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais

fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento quem facilita a oficina, motiva que os/as participantes

olhem novamente para as mãos e relembrem como elas podem transformar

o mundo, agora iluminados/as pela experiência da reflexão da oficina.

Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

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Page 29: Oficinas de Formação

03

Colocar novamente a música: Coração Civil - Milton Nascimento.

Entregar aos/às participantes, papéis coloridos e pedir que cada um/a

escreva nos papéis um sonho de transformação do mundo.

Juntar todos os papéis formando uma bandeira colorida em cima da

bandeira do Brasil que está no centro da sala. Os/as facilitadores/as

motivam o grupo fazendo uma relação com a bandeira do Wiphala

(bandeira dos povos andinos). Ela afirma a igualdade, com vários

quadrados que indicam várias formas de conhecimentos e a diversidade

dos povos do continente.

Juntar as mãos e se possível assistir ao vídeo: Latino América - Calle 13

http://www.youtube.com/watch?v=zX_BMWuZq_I

Alguém do grupo pode recitar alguns trechos da música:

Latino América - Calle 13

Tú no puedes comprar el vientoTú no puedes comprar el solTú no puedes comprar la lluviaTú no puedes comprar el calorTú no puedes comprar las nubesTú no puedes comprar los coloresTú no puedes comprar mi alegríaTú no puedes comprar mis dolores

Trabajo bruto, pero con orgulloAquí se comparte, lo mío es tuyoEste pueblo no se ahoga con marulloY se derrumba yo lo reconstruyotampoco pestañeo cuando te miropara que te recuerde de mi apellidoLa operación Condor invadiendo mi nidoPerdono pero nunca olvidoOye!

Motivar o grupo a trazer alimentos (pães, sucos, café... ) para serem

partilhados na próxima oficina. Dizer que a próxima oficina será sobre os

empreendimentos solidários, por este motivo procurar alimentos que

sejam frutos de trabalhos solidários e populares.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com abraços.

Vamos camimandoAquí se respira luchaVamos caminandoYo canto porque se escuchaVamos caminandoAquí estamos de pieQue viva la américa!No puedes comprar mi vida...

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Page 30: Oficinas de Formação

02obl cojuventude na economia solidária: caminhos na

construção de um outro mundo possívelEste bloco quer discutir com a

juventude a Economia Solidária, a

partir das várias demandas que partem

da sua organização e consolidação,

desde a base (que são os

empreendimentos solidários) até as leis

e lutas sociais. A Economia Solidária,

faz parte de uma proposta maior, que é

a consolidação de uma vida solidária e

cuidante, da vivência concreta e

cotidiana de um outro mundo possível.

Os temas abordados neste bloco serão

os seguintes: Empreendimentos

solidários juvenis, Economia Solidária:

caminhos de sustentabilidade,

Movimentos Populares e Economia

Solidária e Políticas Públicas e

Economia Solidária.

Page 31: Oficinas de Formação

04Tema 4Empreendimentos solidários juvenis

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes de forma atenciosa e

cuidante.

30

Perceber como a Economia Solidária se dá nos

empreendimentos econômicos solidários e como essa

prática traz novos elementos para os projetos de vida

dos/as envolvidos/as.

Cartaz, canetas, cópias do texto com o relato da visita,

CD com a música Cio da Terra - Milton Nascimento,

som, letra da música para os/as participantes, pães e

café ou sucos.

Quem facilita a oficina prepara o ambiente antes da

chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo,

no centro colocar os alimentos e outro símbolo que

tenha ligação com a temática; em um lugar visível

escrever o objetivo da oficina.

Objetivos

Materiais Necessários

Page 32: Oficinas de Formação

04

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ven

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Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas. Caso tenham

pessoas novas apresentar todos/as pedindo para dizer o nome,

comunidade, bairro ou grupo que participa. Depois que todos se

apresentarem dizer do objetivo da oficina.

Fazer uma brincadeira de roda ou uma dança circular.

Organizar os/as participantes em pequenos grupos. Motivar que, nos

grupos, eles/as façam a leitura do relato da visita dos/as jovens que

participaram do projeto Juventude e Economia Solidária, da Casa da

Juventude, ao Empreendimento Econômico Solidário: Nutri Vida, em 2010.

8Partilha da visita a Nutri Vida

Os/As jovens participantes da Oficina Juventude Economia Solidária

da Casa da Juventude, visitaram a Cooperativa de Panificação Nutri

Vida que funciona no Jardim Dom Fernando, em Goiânia/GO. A

Cooperativa é um espaço de extensão da Pontifícia Universidade

Católica de Goiás - PUC-GO. Esse empreendimento econômico

solidário é constituído por mulheres moradoras do bairro. Os/As

jovens conheceram a organização da produção, os espaços, a rotina

da cooperativa... São seis mulheres que trabalham atualmente e os

principais produtos produzidos são pães, cucas e bolachas de

variados sabores, que são enriquecidos com fibras e sementes.

A cooperativa surgiu em 2002 com o incentivo da Pastoral da Criança

que percebeu a necessidade de se fazer um pão enriquecido para

alimentar as crianças subnutridas. Os ingredientes eram inicialmente

levados de casa pelas mães que passaram a trabalhar na cooperativa.

Os pães eram vendidos na comunidade, mas houve resistência e

pouca aceitação. Hoje os alimentos são vendidos em supermercados,

na própria cooperativa, na PUC-GO e em outros espaços de

comercialização... Dona Lourdinha, uma das cooperadas, contou ao

grupo que muitas mulheres desistiram do projeto por acomodação,

por não terem a permissão de seus maridos para trabalharem, ou

ainda por falta de um retorno financeiro satisfatório. Na cooperativa

as tarefas são divididas coletivamente. Antes havia um rodízio das

funções, mas como o grupo foi reduzindo, foram sendo determinadas

tarefas fixas para cada cooperada. A cooperativa foi registrada sob um

número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), porém, hoje,

a diretoria está inativa.

As cooperadas participam de encontros de formação e eventos que

debatem a Economia Solidária na busca por alternativas aos desafios

enfrentados e integram o Fórum Goiano de Economia Solidária. Há

também um espaço de formação semanal nas reuniões de avaliação e

debates sobre o relacionamento das trabalhadoras. Segundo as

cooperadas um dos problemas enfrentados é a dificuldade que as

mulheres têm de se verem responsáveis pelo empreendimento. Isso é

Partilha dos Saberes

31

8 Experiência sistematizada pela educadora Bruna Junqueira.

Page 33: Oficinas de Formação

04

reflexo da cultura assistencialista fortemente presente. O modo

capitalista de pensar e compreender o mundo latente no cotidiano

dificulta bastante o desenvolvimento do empreendimento.

A partilha dos rendimentos divide-se por horas trabalhadas. Hoje a

padaria ainda não consegue separar o fundo de reserva. Preocupa-se

pouco com o futuro, atendendo-se apenas às necessidades imediatas.

Quanto à matéria-prima, há fornecedores parceiros que cobrem os

valores das pesquisas de preço.

Diante de tantas dificuldades as cooperadas também partilharam o

que as motivava a continuar trabalhando naquele empreendimento. E

então, todos se emocionaram com os relatos de transformação e

superação daquelas mulheres que descobriram um outro mundo, a

possibilidade de viverem melhor, a partir do contato com a Economia

Solidária e do trabalho na Cooperativa. A possibilidade de

crescimento do projeto, o trabalho coletivo, a qualidade dos produtos,

o ambiente de trabalho, a autonomia, os estudos, a luta contra a

violência doméstica, as descobertas de direitos, tudo isso motiva as

trabalhadoras.

Todos/as saíram muito sensibilizados/as e dispostos/as a contribuir de

alguma maneira. As cooperadas convidaram o grupo para auxiliá-las

inicialmente nas vendas e na divulgação do projeto. A conversa

terminou com muitas cucas, pães e bolachas que alimentaram o

grupo durante todo o final de semana da oficina, na Casa da

Juventude.

Após a leitura os/as participantes são motivados/as a conversar sobre essa

experiência: perceber os avanços e os limites da Nutri Vida.

Motivar também que os/as participantes partilhem e se conhecem outras

experiências.

Na Plenária sintetizar as ideias.

O grupo poderia pensar em uma visita a algum empreendimento

econômico solidário. (No site http://www.fbes.org.br podem encontrar um

buscador que fareja empreendimentos).

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho

percorrido e convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina

ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

Gerando Saberes

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Page 34: Oficinas de Formação

04

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento quem facilita a oficina (ou outra pessoa preparada para

esse momento) retoma a memória das mulheres que fazem da Nutri Vida

seu projeto de vida, gerando vida e oferecendo pães, cucas, bolachas, ricas

de histórias e sementes e fibras... Retomar as histórias e ancestralidades

dos alimentos que vão partilhar.

Motivar o grupo a recordar quais são as pessoas que nos restitui a vida,

que ressignificam nossas práticas, que geram resistência...

Após a partilha ouvir a música:

Cio da Terra - Milton Nascimento

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão

Partilhar os alimentos que o grupo trouxe.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com abraços e beijos solidários.

Caminhos de Solidariedade

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Page 35: Oficinas de Formação

05Tema 5Economia Solidária: caminhos de sustentabilidade

Acolhida Solidária

Enquanto os/as participantes estiverem chegando, colocar uma música de

acolhida. Caso tenha pessoas novas apresentar pedindo para dizer o nome.

Em seguida o grupo todo acolhe as pessoas que estão chegando com um

abraço coletivo. Depois dizer do objetivo da oficina.

Quem facilitar a oficina deseja as boas-vindas e retoma o objetivo.

34

ObjetivosPerceber a Economia Solidária, como um caminho que

gera possibilidades de viver em diálogo com as pessoas,

o ambiente e consigo mesmo, gerando sustentabilidades.

Cópias dos textos, CD com a música: Absurdo -

Vanessa da Mata, som, letra da música para

os/as participantes.

Quem facilita a oficina prepara o ambiente antes da

chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo,

no centro um símbolo que tenha ligação com a temática,

em um lugar visível escrever o objetivo da oficina.

Materiais Necessários

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Em seguida convidar os/as participantes a fazer um exercício de

respiração, percebendo que o universo está todo interligado, que apesar da

aparente desordem, somos uma só força que gera comunhão, todos nós,

todo o universo. Pensar nessa força que gera comunhão como o Amor

Incondicional.

Num grande cartaz escrever a palavra SUSTENTABILIDADE, pedir que

os/as participantes escrevam ou/e desenhem em torno da palavra

elementos que remetem à sustentabilidade.

Durante a construção do cartaz colocar a música:

Absurdo - Vanessa da Mata

Havia tanto pra lhe contarA naturezaMudava a forma o estado e o lugarEra absurdo

Havia tanto pra lhe mostrarEra tão beloMas olhe agora o estrago em que está

Tapetes fartos de folhas e floresO chão do mundo se varre aquiEssa ideia do natural ser sujoDo inorgânico não se faz

Destruição é reflexo do humanoSe a ambição desumana o serEssa imagem infértil do desertoNunca pensei que chegasse aqui

Autodestrutivos,Falsas vítimas nocivas?

Havia tanto pra aproveitarSem poderioTantas histórias, tantos saboresCapins dourados

Havia tanto pra respirarEra tão finoNaqueles rios a gente banhava

Desmatam tudo e reclamam do tempoQue ironia conflitante serDesequilíbrio que alimenta as pragasAlterado grão, alterado pão

Sujamos rios, dependemos das águasTanto faz os meios violentosLuxúria é ética do perverso vivoMorto por dinheiro

Partilha dos Saberes

Page 37: Oficinas de Formação

05

Cores, tantas coresTais belezasForam-seVersos e estrelasTantas fadas que eu não vi

Falsos bens, progresso?Com a mãe, ingratidãoDeram o galinheiroPra raposa vigiar

Ler em voz alta tudo que os/as participantes escreveram, estabelecer um

diálogo sobre os significados dessas palavras e como estão relacionadas

com a sustentabilidade.

Alargar a reflexão com a leitura dos seguintes textos:

Respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade.

Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e

amor.

Construir sociedades democráticas que sejam justas,

participativas, sustentáveis e pacíficas.

Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as

futuras gerações.

Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da

Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e

pelos processos naturais que sustentam a vida.

Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de

proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado,

assumir uma postura de precaução.

Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que

protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos

humanos e o bem-estar comunitário.

Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a

troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e

ambiental.

Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos

os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma

equitativa e sustentável.

9 A Carta da Terra

é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.

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9Carta da TerraTexto 01

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Page 38: Oficinas de Formação

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Afirmar a igualdade e a equidade de gêneros como pré-

requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o

acesso universal à educação, assistência à saúde e às

oportunidades econômicas.

Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a

viver em ambiente natural e social capaz de assegurar a

dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual,

concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e

minorias.

Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e

proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no

exercício do governo, participação inclusiva na tomada de

decisões e acesso à justiça.

Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da

vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para

um modo de vida sustentável.

Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

“A categoria sustentabilidade é central para a cosmovisão

ecológica e, possivelmente, constitui um dos fundamentos do

novo paradigma (modelo) civilizatório que procura harmonizar

ser humano, desenvolvimento e Terra, entendida como Gaia.

Comumente a sustentabilidade vem acoplada ao

desenvolvimento. Oficialmente o conceito desenvolvimento

sustentável foi usado pela primeira vez na Assembleia Geral das

Nações Unidas em 1979. Foi assumido pelos governos e pelos

organismos multilaterais a partir de 1987 quando, depois de

quase mil dias de reuniões de especialistas convocados pela

ONU, sob a coordenação da primeira ministra da Noruega Gro

Brundland, se publicou o documento Nosso Futuro Comum. É

lá que aparece a definição tornada clássica: "sustentável é o

desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas

próprias necessidades".

Motivar que os/as participantes conversem como esses dois textos

iluminam a compreensão de sustentabilidade e quais passos precisam

ser dados para garantir um mundo mais sustentável.

Concluir escrevendo novas palavras no cartaz, que os textos provocam.

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10A história da sustentabilidadeTexto 02

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10 A história da sustentabilidade, Leonardo Boff.

Page 39: Oficinas de Formação

05

Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais

fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento convidar os/as participantes a dar as mãos e sentir a

energia que emana da outra pessoa, retomar que nós somos um todo, que

viemos da mesma fonte de energia e de vida. Pensar na sustentabilidade do

universo, da vida no planeta, das nossas relações.

Uma menina lê a motivação abaixo:

Despedir uns/umas dos/as outros/as com uma roda de beijos no rosto.

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e

Assumimos um compromisso importante conosco,

com as pessoas que estão a nossa volta, com aqueles/as

que se encontram distantes, com as próximas gerações:

Comprometermo-nos com a vida, onde e como quer

que ela se manifeste... Com a sustentabilidade da

natureza, das pessoas, das relações... com mulheres e

homens críticos, criativos e cuidantes, assumimos

consolidar um outro mundo possível.

38

Page 40: Oficinas de Formação

Objetivos

Tema 6Movimentos populares e

economia solidária

39

06

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes, entregando fitas

coloridas, onde está escrito: “nas cirandas do povo está nascendo um

mundo novo”.

Discutir a Economia Solidária, como movimento

social na luta por garantia de direitos e na construção

de “Um outro mundo possível”.

Fitas coloridas com a frase: “nas cirandas do povo está

nascendo um mundo novo”, tarjetas com o nome dos

movimentos sociais, cartaz grande onde está escrito

Movimento Popular de Economia Solidária, cópias dos

textos, CD com a música: Bandeira de Luta - Antônio

Cidadão, som, letra da música para os/as participantes.

Quem estiver facilitando a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em

círculo, no centro um símbolo que tenha ligação com a

temática, em um lugar visível escrever o objetivo

da oficina.

Materiais Necessários

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Quando todos/as estiverem reunidos/as acolher os/as participantes e

retomar a oficina anterior e o objetivo desta oficina.

Em seguida dançar a Ciranda da Lia:

Ciranda da Lia

Esta ciranda quem me deu foi LiaQue mora na ilha de Itamaracá (repete 2x)Estava na beira da praia, ouvindo asPancadas do mar (repete 2x)Ó cirandeiro, ó cirandeiro óA pedra do teu anel brilhaMais do que o sol (repete 2x)

Distribuir pela sala várias tarjetas escritas: “Movimento dos/as

Trabalhadores/as Sem Terra, Movimento das Mulheres Camponesas,

Movimento de Meninos/as de Rua, Movimento LGBT, Movimento

Indigenista, Movimento Feminista, Movimento de Cultura Popular,

Movimento Estudantil...”

Motivar que os/as participantes conversem o que esses movimentos têm

em comum; quais são suas lutas e reivindicações.

Em seguida quem facilita a oficina traz um cartaz onde está escrito:

“Movimento Popular de Economia Solidária”, pede que os/as

participantes coloquem as tarjetas sobre o cartaz e diga como esses

movimentos podem assumir (ou estão assumindo) a Economia Solidária,

nas suas lutas e enfrentamentos.

Alargar a reflexão com a motivação abaixo:

Motivar a reflexão a partir da questão: Como a gente enxerga a relação

entre os movimentos sociais? Para onde eles convergem?

Concluir com a música:

Bandeira de Luta - Antônio Cidadão

Traga a bandeira de lutaDeixa a bandeira passarEssa é a nossa condutaVamos unir pra mudar.

Partilha dos Saberes

As práticas da Economia Solidária fazem parte da luta dos movimentos

sociais, pela igualdade nas relações sociais, raciais e de gêneros. A luta pela

promoção da diversidade e igualdade nas relações é um dos principais

enfrentamentos dos atores/atrizes da Economia Solidária no Brasil. Nesse

sentido, a inclusão das temáticas sociais e populares, dos movimentos sociais

contribui para pensar e entender a Economia Solidária como um grande

movimento popular, que busca numa rede de parcerias a consolidação de um

outro mundo possível, urgente e necessário.

Page 42: Oficinas de Formação

06

41

Deixa fluir a esperança porqueNa lembrança vamos resgatarGuardada bem na memóriaA nossa história vai continuar

Bate cundum na bandeira, ôbate cundum da mudança chegou.É na roça na cidade,na sociedade sou trabalhador.

Você jovem consciente,ajude a gente a se organizar.Buscando a cidadania,e no dia a dia vamos chegar lá

Somos da história sujeitose nossos direitos não podem acabar,os sonhos de busca,de paz e justiça vão continuar

Neste momento quem estiver facilitando a oficina retoma o caminho

percorrido e convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram

mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também a

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento motivar o grupo a formar uma mandala com o nome dos

movimentos sociais, coletivamente.

Em seguida retomar a Ciranda da Lia.

Fazer a leitura do texto:

“O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que

elas venham até você” (Mário Quintana).

Despedir uns/umas dos/as outros/as com a troca das fitas que foram

entregues no início da oficina, a ideia é cada um/a colocar a fita em outra

pessoa.

Gerando Saberes

11Caminho de Solidariedade

11 Mandala é uma palavra sânscrita, que significa círculo. Mandala também possui outros significados, como círculo mágico ou concentração de energia. Universalmente a mandala é o símbolo da totalidade, da integração e da harmonia.

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Page 43: Oficinas de Formação

07Tema 7Políticas Públicas e Economia Solidária

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes, entregando cédulas de

votação.

Quando todos/as estiverem reunidos/as acolher os/as participantes e

retomar a oficina anterior e o objetivo desta oficina.

42

Objetivos

Discutir a Economia Solidária como política pública

na construção de “um outro mundo possível”.

Cédulas de votação, uma urna, músicas: Brasil -

Cazuza e Ordem e Progresso - Zé Pinto, bandeira do

Brasil; tintas e canetas, cópias do texto, som,

letras das músicas para os/as participantes.

Quem estiver facilitando a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em

círculo, no centro um símbolo que tenha ligação com

a temática, em um lugar visível escrever

o objetivo da oficina.

Materiais Necessários

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Quem facilita a oficina coloca no centro da sala uma urna e convida os/as

jovens a votarem. Deixar que os/as jovens perguntem entre si: Em quem

votar? Votar pra quê? Garantir o quê com o voto? Deixar que essas

perguntas sejam feitas pelos jovens, não intervir.

Colocar a música:

Brasil - Cazuza

Não me convidaramPra esta festa pobreQue os homens armaramPra me convencerA pagar sem verToda essa drogaQue já vem malhadaAntes de eu nascer...

Não me ofereceramNem um cigarroFiquei na portaEstacionando os carrosNão me elegeramChefe de nadaO meu cartão de créditoÉ uma navalha...Brasil!Mostra tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assim

Iniciar a conversa perguntando qual foi a impressão que os/as participantes

tiveram com a experiência de serem orientados/as a votar sem explicações

nenhuma. Isso acontece de fato? O processo eleitoral se dá dessa maneira,

ou não?

Em seguida olhar para urna de votação e descobrir em que os/as

participantes votaram. Conversar um pouco sobre as questões que

aparecem na urna.

Quem estiver facilitando a oficina dizer da importância de olharmos para a

Economia Solidária, na perspectiva de uma Política Pública de Economia

Solidária, na relação que ela tem com o voto, com o processo eleitoral.

Fazer coletivamente a leitura do texto:

12Concepção da Política Pública de Economia Solidária

A economia popular solidária no Brasil é uma estratégia surgida

no âmago de resistências e lutas sociais contra o desemprego e a

pobreza, composta por atividades econômicas cujo primado é o do

trabalho sobre o capital, de caráter associativo e autogestionário,

que produzem trabalho e riqueza e que podem promover a

Partilha dos Saberes

Brasil!

Qual é o teu negócio?

O nome do teu sócio?

Confia em mim...

Não me sortearam

A garota do Fantástico

Não me subornaram

Será que é o meu fim?

Ver TV a cores

Na taba de um índio

Programada

Pra só dizer "sim, sim"

Grande pátria

Desimportante

Em nenhum instante

Eu vou te trair

Não, não vou te trair...

12 Diretrizes para uma Política Pública de Economia Solidária no Brasil: contribuição da rede de gestores – Ângela Schwengber.

Page 45: Oficinas de Formação

07

44

inclusão e o desenvolvimento econômico, social e cultural com

maior sustentabilidade, equidade e democratização.

É um setor que tem ficado invisível para o Estado e suas políticas.

O Estado brasileiro está arquitetado para promover o

desenvolvimento capitalista e todos os seus instrumentos e

mecanismos para diagnosticar, planejar, executar e avaliar

políticas - não enxergam outras estratégias econômicas que não

funcionem nesta mesma lógica. Portanto, a economia dos setores

populares, arquitetada sobre outras bases, é vista como residual,

subordinada e, quando muito, com méritos compensatórios aos

impactos das crises do capitalismo. Desta forma, é uma economia

que tem se difundido apenas com estratégias próprias ou com

apoio de políticas públicas residuais ou inadequadas, o que lhes

dá poucas oportunidades de romper os círculos de reprodução da

pobreza ou de precária sobrevivência.

O estabelecimento de políticas públicas de fomento à Economia

Solidária torna-se parte da construção de um Estado Republicano

e Democrático, pois reconhece a existência destes novos sujeitos

sociais, novos direitos de cidadania e de novas formas de

produção, reprodução e distribuição social, além de propiciar o

acesso aos bens e recursos públicos para seu desenvolvimento, tal

qual permite a outros segmentos sociais.

O papel do Estado frente à Economia Solidária é o de dar-lhe

propulsão por meio de políticas públicas que disponham de

instrumentos e mecanismos adequados para o reconhecimento e o

fomento deste setor.

O fomento à economia popular solidária é uma política de

desenvolvimento, portanto, não deve ser relegada às políticas de

corte assistencial ou compensatório, antes pode ser alavanca

emancipatória também para beneficiários destas. Por ser política

de desenvolvimento e por voltar-se para um público-alvo que

historicamente tem ficado excluído ou que vem progressivamente

ampliando os graus de pobreza e exclusão social, esta política

demanda ações transversais que articulem instrumentos das várias

áreas (educação, saúde, trabalho, habitação, desenvolvimento

econômico, saúde e tecnologia, crédito e financiamento, entre

outras) para criar um contexto efetivamente propulsor da

emancipação e sustentabilidade.

É também fundamental, que as políticas de fomento à economia

popular solidária percebam a diversidade dos sujeitos desta

economia e da diversidade de suas demandas. Desta forma, é

necessário estruturar uma política que permita um acesso

múltiplo e escalonado aos seus instrumentos e mecanismos,

atingindo patamares cada vez mais sustentáveis de

desenvolvimento e pertencimento social. São necessárias políticas

que promovam a redistribuição de renda, bens e recursos, que

permitam acesso aos direitos sociais e que promovam o

desenvolvimento econômico.

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Finalmente, as políticas de fomento à economia popular solidária

devem reconhecer e fortalecer a organização social dos

trabalhadores e a constituição do sujeito político deste setor,

elementos fundamentais para a institucionalização dos direitos e

para o fortalecimento das esferas públicas democráticas no país.

Nessa direção, o controle social das políticas públicas é questão de

princípio e deve ser processual e permanente.

Objetivos da Política Pública

Uma política pública de fomento à economia popular solidária

deve perseguir pelo menos os seguintes objetivos:

Contribuir para a concretização dos preceitos constitucionais

que garantam aos cidadãos e cidadãs o direito a uma vida digna.

Contribuir para a erradicação da pobreza, para a inclusão

social e para a equidade de gênero e etnia.

Contribuir para a promoção e ampliação das oportunidades e

a melhoria das condições de trabalho e renda.

Reconhecer e fomentar as diferentes formas organizativas da

economia popular solidária.

Contribuir para a promoção do desenvolvimento e da

sustentabilidade socioeconômica e ambiental.

Contribuir para dar visibilidade e ampliar a legitimidade da

economia popular solidária.

Criar mecanismos legais que viabilizem o acesso da economia

popular solidária aos instrumentos de fomento.

Promover a integração e a inter-setorialidade das várias

políticas públicas que possam fomentar a economia popular

solidária nos e entre os entes federados do Estado.

Fortalecer e estimular a organização e participação social e

política dos trabalhadores da economia popular solidária.

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

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Page 47: Oficinas de Formação

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Caminhos de Solidariedade

Neste momento colocar no centro da sala a bandeira do Brasil, motivar que

os/as participantes escrevam na bandeira quais os sonhos que têm para o

Brasil.

Colocar a música:

Ordem e progresso - Zé Pinto

Esse é o nosso paísEssa é a nossa bandeiraÉ por amor a essa pátria Brasil Que a gente segue em fileira

Queremos que abrace essa terraPor ela quem sente paixãoQuem põe com carinho a sementePra alimentar a nação

Amarelos são os campos floridosAs faces agora rosadas Se o branco da paz se irradiaVitória das mãos calejadas

Queremos mais felicidadesNo céu deste olhar cor de anilNo verde esperança sem fogo Bandeira que o povo assumiu

A ordem é ninguém passar fomeProgresso é o povo felizA Reforma Agrária é a voltaDo agricultor à raiz

Os/As participantes tomam a bandeira nas mãos e alguém faz a leitura:

Hino do Fórum Social Mundial:

Caminhando nesta estrada, lado a lado, vamos lá!Construir um novo mundo, e o planeta transformar.Com humanidade, solidariedade, nós vamos vencer!Com muita coragem, esta nossa luta pode nos dizer... Outro mundo possível queremos viver!

Despedir uns/umas dos/as outros/as com beijos e abraços solidários.

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Page 48: Oficinas de Formação

03obl cojuventude na comercialização

solidária e no consumo responsávelNeste bloco vamos refletir com a

juventude a comercialização solidária

e a prática do consumo responsável

como exercício de poder para

contrapor a economia global. Entender

a dinâmica dos espaços de

comercialização e o processo para

uma prática do consumo responsável.

Os temas abordados neste bloco serão

os seguintes: Comércio Justo e

Solidário, o Consumo solidário como

exercício de poder e Feiras de

economia solidária e espaços de

socialização.

Page 49: Oficinas de Formação

Tema 8Comércio justo e solidário08

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes. Se tiver pessoas

participando pela primeira vez, motivar que todos/as digam o nome,

comunidade, grupo.

48

ObjetivosAnalisar o conceito de comércio e sua finalidade na

dinâmica da economia e de como a comercialização

solidária se dá em sua prática como potencialidade

de mudança no modelo de economia.

Tarjetas e canetas para os/as participantes, cópias do

texto, música: Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias -

Vanessa da Mata, som, letra da música para

os/as participantes.

Quem facilita a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em

círculo, no centro um símbolo que tenha ligação com a

temática, em um lugar visível escrever o objetivo

da oficina.

Materiais Necessários

Page 50: Oficinas de Formação

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Quando todos/as estiverem reunidos/as dizer do objetivo da oficina.

Pedir para que os/as participantes se organizem em duplas e formem duas

rodas, uma dentro e outra fora. Pedir para que as pessoas da roda de

dentro gire para o sentido anti-horário e diga para o/a companheiro/a da

frente o que é comércio. Fazer isto até completarem o círculo. Após este

momento pedir para que os/as participantes da roda de fora verbalizem o

que é solidariedade.

Quando todos/as terminarem, pedir para que escrevam na tarjeta o que é

comércio. O que é solidariedade.

Distribuir pela sala as tarjetas com os conceitos escritos pelos/as

participantes.

Motivar que os/as participantes partilhem seus conceitos formulados sobre

comércio e solidariedade.

Em seguida ler coletivamente o texto.

13Os princípios e objetivos do comércio justo

Fins éticos, com o respeito e a preocupação pelas pessoas e pelo

ambiente, colocando as pessoas acima do lucro.

O estabelecimento de boas condições de trabalho, e o pagamento

de um preço justo aos/às produtores/as, um preço que assegure

um rendimento digno, a proteção ambiental e a segurança

econômica.

O fornecimento de informação ao consumidor sobre os objetivos

do Comércio Justo, a origem dos produtos ou serviços, sobre os

produtores e a estrutura de preços.

A promoção de atividades de sensibilização e de campanhas,

tanto junto aos consumidores (para realçar o impacto das suas

decisões de compra), quanto junto às organizações (para provocar

mudanças nas regras e práticas do comércio internacional).

A proteção e a promoção dos direitos humanos, nomeadamente o

das mulheres, crianças e povos indígenas, bem como a igualdade

de oportunidades entre mulheres e homens.

A proteção do ambiente e a promoção de um desenvolvimento

sustentável.

O estabelecimento de relações comerciais estáveis e de longo

prazo.

A produção tão completa quanto possível dos produtos

comercializados no país de origem.

Partilha dos Saberes

13 Cartilha: Comércio Justo e Solidário. Série Trocando ideias caderno 01 / Instituto Marista de Solidariedade.

Page 51: Oficinas de Formação

50

Respeito à identidade cultural dos/as produtores/as, com a

produção e desenvolvimento de produtos próprios à tradição

cultural dos trabalhadores/as.

Ampliar as oportunidades de comercialização para produtores

vulnerabilizados, pagando um preço justo por seus produtos e

serviços.

Gerar consciência nos consumidores acerca do poder que têm de

atuar em favor de intercâmbios econômicos mais justos.

Após a leitura do texto, retomar o tema tentando identificar os aspectos do

comércio solidário, seu conceito e suas características.

Partilhar: Como traduzir esses princípios para a vida cotidiana? Como

enxergamos o consumo?

Concluir esse momento com a música:

Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias - Vanessa da Mata

Vá, Didi, vá comprar leite e açúcar

No mercadinho que é mais perto

Quer bolo de fubá

Mas não ajuda

Vá de bicicleta, de bicicleta (2x)

É simpatia contra dispersão

Rejeição, desilusão

As sete ervas dos bons caminhos

Arruda ajuda

Quem disse que faniquito não cura

Quem disse que açúcar e afeto não podem curar

A vó dizia que era perfeição

Tradição e evolução

Era o bolo que todos gostavam

Do Flamengo ao Corinthians

E a molecada espalhada voltava

Tinha o dom de agregar quem brigava

Traz amor em três dias

Ou o seu dinheiro de volta

É simpatia contra dispersão

Rejeição, desilusão

As sete ervas dos bons caminhos

Arruda ajuda

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Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho

percorrido e convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina

ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Neste momento convidar os/as participantes a se aproximarem e olhar

para os olhos do/a companheiro/a que estiver ao lado e perceber a beleza

do olhar do/a outro/a.

Convidar os/as participantes a verbalizarem com uma palavra, para o/a

companheiro/a do lado, qual atitude nova essa experiência da oficina gera

no corpo.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com um abraço. 08

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Tema 9Consumo solidário como exercício de poder09

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Acolhida Solidária

Enquanto os/as participantes estiverem chegando, colocar a música:

ObjetivosPerceber a prática do consumo solidário como exercício

de poder para a transformação da realidade econômica

global. Sendo uma ferramenta política de contraposição

à exploração de seres humanos, concentração de

riquezas e destruição do planeta (capitalismo).

Materiais NecessáriosPapel e canetas coloridas, cópias do texto consumo

solidário, som, CD com a música Comida - Titãs.

Quem facilita a oficina preparar o ambiente antes da

chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo, no

centro um arranjo de flores ou outro símbolo, em um

lugar visível escrever o objetivo da oficina.

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a gente não quer só comer,a gente quer comer e quer fazer amor.a gente não quer só comer,a gente quer prazer pra aliviar a dor.a gente não quer só dinheiro,a gente quer dinheiro e felicidade.a gente não quer só dinheiro,a gente quer inteiro e não pela metade.bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?

Comida - Titãs

Desejo... Vontade... Necessidade...

Bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?a gente não quer só comidaa gente quer comida, diversão e arte.a gente não quer só comida,a gente quer saída para qualquer parte.a gente não quer só comida,a gente quer bebida, diversão, balé.a gente não quer só comida,a gente quer a vida como a vida quer.

bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?

Quando todos/as estiverem reunidos/as acolher os/as participantes e dizer

do objetivo da oficina.

Convidar os/as participantes a escreverem no papel 30 produtos que

consideram indispensáveis no consumo do dia a dia.

Convidar os participantes a fazerem leitura coletiva dos textos a seguir:

14O que é consumo?

Associa-se ao consumo o gasto, uso, emprego ou fruição de um

bem ou serviço. Ele pode ser dividido em dois tipos: consumo

produtivo e consumo final:

O consumo produtivo: refere-se ao consumo de matérias-

primas, energia, força de trabalho etc.

O consumo final: é a consumação do produto, a fruição de

bem ou serviço. Por exemplo, o consumo de um pedaço de

bolo no café da manhã. Trata-se da etapa final ou do momento

de acabamento do processo produtivo. Em se tratando do

consumo de mercadorias é precedido pelas etapas de

produção, armazenagem, distribuição e comercialização.

É em função do consumo, tanto o final quanto o produtivo, que o

processo de produção é geralmente organizado. Nas sociedades

capitalistas, entretanto, o consumo acaba sendo induzido pelas

Partilha dos Saberes

14 Cartilha: Comércio Justo e Solidário. Série Trocando ideias caderno 01 / Instituto Marista de Solidariedade.

Page 55: Oficinas de Formação

54

empresas com vistas a girar a produção do lucro e o acúmulo de

capital. Com essa finalidade, a vida útil de muitos produtos é

encurtada para que as pessoas tenham de comprar mais vezes

produtos novos de um mesmo tipo. E igualmente, estratégias de

marketing são adotadas (entre elas propagandas) para levar as

pessoas a comprarem produtos que nem sempre são necessários ao

seu bem-viver.

O Consumo Solidário:

O consumo solidário é aquele praticado em função não apenas do

próprio bem-viver pessoal, mas também do bem-viver coletivo,

em favor dos trabalhadores que produzem, distribuem e

comercializam os bens e serviços consumidos em favor da

proteção dos ecossistemas. Trata-se do consumo em que se dá

preferência aos produtos e serviços da Economia Solidária em

relação aos produtos de empresas que exploram os/as

trabalhadores/as e degradam os ecossistemas.

O consumo solidário é igualmente praticado com vistas a

contribuir na geração e manutenção de postos de trabalho sob

estratégias de desenvolvimento sustentável, para preservar o

equilíbrio dos ecossistemas e para melhorar o padrão de consumo

dos participantes de redes colaborativas solidárias, contribuindo

assim para a construção de sociedades mais justas e sustentáveis,

combatendo-se a exclusão social e a degradação ambiental.

A adoção de preços justos, negociados com autonomia entre

produtores, comerciantes e consumidores no interior de redes

colaborativas solidárias, com base em critérios éticos e

econômicos remunerando de maneira justa o trabalho e com

preços acessíveis aos consumidores, favorece a todos.

Na prática deste consumo são privilegiadas as cadeias produtivas

curtas (isto é, em que a distância entre o local de produção e o

local de consumo é pequena) e a remontagem solidária das

cadeias produtivas, suprimindo-se os focos de concentração de

riqueza em seu interior, particularmente nos processos de

intermediação, logística e de financiamento da produção e do

consumo.

O consumo solidário como exercício do poder

O consumo é, pois, um exercício de poder pelo qual efetivamente

pode-se tanto apoiar a exploração de seres humanos, a destruição

progressiva do planeta, a concentração de riquezas e a exclusão

social quanto contrapor-se a este modo lesivo de produção,

distribuição e comercialização.

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Page 56: Oficinas de Formação

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Continuar a conversa pedindo para os participantes partilharem os itens

de consumo e conversar a partir dos textos lidos, respondendo as

seguintes perguntas: É possível praticar o consumo solidário? Como posso

promover o consumo solidário? Como posso consumir, sendo sujeito de

direitos? De forma a exercer um poder político, de decidir pelo que e

quanto consumir (consumo responsável)?

Neste momento quem facilita a oficina, retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Convidar os participantes para ouvirem novamente a música “Comida -

Titãs”.

Pedir que verbalizem em uma palavra, quais são os passos que queremos

dar na construção de uma sociedade cada vez mais consciente para a

prática do consumo solidário e responsável.

Concluir pedindo que os/as participantes tragam objetos/itens que desejam

partilhar, que tenham um significado especial, que precisam ser

compartilhados com outras pessoas ou até mesmo algo que não esteja

utilizando no momento, mas que possa interessar alguém do grupo, pela

sua história, beleza, simplicidade... Para fazerem a experiência de uma 15Feira Solidária de Troca , convidar outras pessoas da comunidade, do

bairro e amigos/as para participar da feira, trazendo os objetos/itens.

Se possível, convidar alguns empreendimentos solidários para expor seus

produtos, motivando um espaço de comercialização solidária.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com abraços e beijos.

Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

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15 Surgidas nos anos 80, essas feiras se baseiam em: substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e pela cooperação; valorizar o trabalho, são espaços de intercâmbio e troca de experiências, pautadas no comércio justo e solidário.

Page 57: Oficinas de Formação

Tema 10Feiras de economia solidária e espaços de socialização10

Objetivos

56

Acolhida Solidária

Quem estiver responsável pela feira receber os participantes dando as

boas-vindas entregando uma flor.

Quando todos/as estiverem reunidos/as acolher os/as participantes, fazer

uma breve retomada do caminho percorrido nas oficinas e dizer do

objetivo da feira.

Experimentar, na prática, uma feira solidária,

provocando relações fraternas e cuidantes,

no trato entre as relações de compra e venda e na

construção de novas possibilidades de consumo.

Cópias do texto, panos coloridos, flores, produtos de

troca dos participantes, som, música: Feira de Mangaio -

Clara Nunes.

Quem estiver responsável por organizar o espaço da

feira, usar de muita criatividade para deixar o

espaço bonito e alegre.

Materiais Necessários

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Partilha dos Saberes

Convidar os/as participantes a fazerem leitura do texto abaixo:

16Trocas solidárias e algumas experiências do Brasil

Para compreendermos bem o que é um sistema de moeda

social circulante local temos que, inicialmente, entender o que são os

Bancos comunitários (como o caso do Banco Palmas em Fortaleza/CE,

o pioneiro desta metodologia).

Banco comunitário é um serviço financeiro solidário em rede,

de natureza associativa e comunitária, voltado para a geração de

trabalho e renda na perspectiva da Economia Solidária.

São características dos bancos comunitários:

É a própria comunidade que decide criar o banco, tornando-se

gestora e proprietária do mesmo:

Atuam sempre com duas linhas de crédito: uma em reais

(prioritariamente para a produção) e outra em moeda social

circulante local (prioritariamente para o consumo).

Suas linhas de crédito estimulam a criação de uma rede local

de produção e consumo, promovendo o desenvolvimento do

território.

Apoiam os empreendimentos em suas estratégias de

comercialização, tais como feiras, lojas solidárias, centrais de

comercialização e outros.

Atuam em territórios caracterizados por alto grau de exclusão

e desigualdade social.

Não atuam em escala. Cada banco comunitário atua em

territórios com ate 40.000 habitantes.

Estão voltados para um público caracterizado pelo alto grau

de vulnerabilidade social.

Sua sustentabilidade fundamenta-se em obtenção de

subsídios justificados pela utilidade social e suas práticas.

As moedas sociais circulantes locais e os bancos comunitários

Moeda social circulante local, também chamada de circulante

local, é uma moeda, complementar ao Real (R$), moeda nacional,

16 Série: Feiras de Economia Solidária. Programa Nacional de Fomento a Feiras de Economia Solidária, Cartilha

.II

Page 59: Oficinas de Formação

58

criada pelo banco comunitário. O circulante local tem como objetivo

fazer com que o dinheiro circule na própria comunidade ou

município, ampliando o poder de comercialização local, aumentando

a riqueza circulante na comunidade, gerando trabalho e renda

localmente.

As características da moeda social circulante

O circulante local tem lastro na moeda nacional, o real (R$).

Ou seja, para cada moeda emitida existe no banco comunitário

um correspondente em real.

As moedas são produzidas com componentes de segurança

(papel moeda, marca d’água, código de barra, números serial)

para evitar falsificação.

A circulação é livre no comércio local e, geralmente, quem

compra com a moeda social recebe um desconto patrocinado

pelos comerciantes para incentivar o uso da moeda no

município ou bairro.

Qualquer produtor ou comerciante cadastrado no banco

comunitário pode trocar moeda social por reais, caso necessite

fazer uma compra ou pagamento fora do município ou bairro.

A moeda social

É o instrumento que substitui a moeda oficial em grupos

humanos que atuam como produtores e consumidores em circuito

fechado eliminando, assim, o obstáculo da escassez do dinheiro. A

diferença da moeda oficial, a moeda social não tem juros, nem oferece

vantagem ao ser acumulada, portanto ela serve a produção e não

especulação. Promove a distribuição da riqueza e não sua

concentração, como ocorre na economia dominante.

Após a leitura do texto, retomar o tema tentando identificar os aspectos da

moeda solidária e suas características.

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

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O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Convidar os participantes a fazer uma roda, colocar no centro da roda

os produtos trocados.

Pedir para os participantes verbalizarem, em poucas palavras, quais os

compromissos que precisamos assumir daqui para frente?

Iniciar a dinâmica da feira, com a música:

Feira de Mangaio - Clara Nunes

Fumo de rolo arreio e cangalhaEu tenho pra vender, quem quer comprarBolo de milho broa e cocadaEu tenho pra vender, quem quer comprarPé de moleque, alecrim, canelaMoleque sai daqui me deixa trabalharE Zé saiu correndo pra feira de pássarosE foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da ruaOnde o mangaieiro ia se animarTomar uma bicada com lambu assadoE olhar pra Maria do Joá (2x)

Cabresto de cavalo e rabicholaEu tenho pra vender, quem quer comprarFarinha rapadura e graviolaEu tenho pra vender, quem quer comprarPavio de candeeiro panela de barroMenino vou me emboraTenho que voltarXaxar o meu roçadoQue nem boi de carroAlpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um Sanfoneiro no canto da ruaFazendo floreio pra gente dançarTem Zefa de purcina fazendo rendaE o ronco do fole sem parar (2x)

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Em seguida os/as participantes começam a partilhar os objetos/ itens. No

primeiro momento cada um/a apresenta o que trouxe, diz da história e

coloca para visualizá-lo.

À medida que cada pessoa se interessar por cada produto, negociar de

forma solidária, cuidante e respeitosa as trocas.

Cuidar para que se tenha distinção entre os produtos para venda e os

produtos de troca.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com abraços e beijos.

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04obl cojuventude na sustentabilidade dos

empreendimentos econômicos solidáriosEste último bloco tem o objetivo de

capacitar os/as jovens para a elaboração

de projetos que potencializem o

desenvolvimento local, além de

divulgar ferramentas disponíveis para

a captação de recursos e

empreendimentos solidários.

Os temas abordados neste bloco serão

os seguintes: Empreendimentos

Solidários Juvenis, Caminhos para a

captação de recursos, Como elaborar

projetos econômicos solidários?

Page 63: Oficinas de Formação

11Tema 11Empreendimentos solidários juvenis

Acolhida Solidária

Quem coordena a oficina, acolhe os/as participantes de forma atenciosa e

cuidante. Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas e dizer

do objetivo da oficina.

62

ObjetivosIdentificar as possibilidades de projetos econômicos

solidários juvenis que respondam às necessidades de

geração de renda e trabalho dos/as jovens.

Materiais NecessáriosCartaz com a frase: “Sonho que se sonha só, não passa

de sonho, sonho que se sonha junto é sinal de realidade”.

CD e letra da música Sonho impossível - Maria Bethânia,

som, cartolina ou outro papel para a confecção dos

cartazes e pincéis atômicos.

Quem estiver facilitando a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo,

no centro um arranjo de flores ou outro símbolo, em um

lugar visível pode estar escrito o objetivo da oficina.

Page 64: Oficinas de Formação

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Convidar o grupo a ficar de pé, em círculo, em seguida o/a facilitador/a

mostra uma bolinha (que pode ser de papel, meia, plástico...) e explica:

Essa bolinha deve ser jogada para a pessoa ao lado, desejando e falando

em voz alta um sentimento que deve ser construído na vivência das

oficinas. A bola deve passar por toda a roda no menor espaço de tempo

possível. Enquanto passa a bola, o/a facilitador/a deve contar o tempo no

relógio e repetir a brincadeira várias vezes diminuindo o tempo.

Quando não conseguir mais diminuir o tempo, o/a facilitador/a joga outra

questão: Será que existe uma outra forma ou maneira de diminuir o

tempo em que a bola passe por todos/as? Deixar o grupo dar ideias para

que sejam testadas.

Em seguida motivar os/as participantes a partilhar como se sentiram na

brincadeira.

Fazer a leitura coletiva do texto, refletindo sobre a realidade das relações

de trabalho estabelecidas na conjuntura social e econômica do país em

relação à juventude:

Jovens trabalhadores associados na produção da vida: entre o desemprego, 17a precarização do trabalho e a economia popular solidária

O “empreendedorismo” também está relacionado à precarização do

trabalho assalariado que se dá, entre outros fatores, pela chamada

flexibilização das relações entre capital e trabalho, o que leva ao aumento

crescente do trabalho temporário, sem vínculo empregatício e sem direitos

sociais. Note-se que os próprios jovens se questionam sobre as diferenças

entre empreendedorismo e economia solidária. Isto ficou evidenciado em

encontro organizado pelas organizações não governamentais: - ONG - Ação

Educativa, Fundação Friedrich Ebert e Projeto Redes e Juventudes, em

Recife, em 2006, com representantes de 20 empreendimentos produtivos de

jovens. Assim, é preciso “separar o joio do trigo” e examinar em que

condições os jovens têm sido (re)inseridos na economia. Também é preciso

estar de olho nas falsas cooperativas, as cooperfraudes e coopergatos ...

É interessante notar que existem várias experiências de trabalho associado

em que os/as jovens articulam trabalho e cultura. Entre elas, citamos os:

“Dançarinos de rua” (de Niterói),

O Joinha Filmes (de São Paulo),

O Musik Fabrik (cooperativa de jovens artesãos/ãs e

instrumentalistas, no Rio de Janeiro).

Vale destacar os trabalhos:

Núcleo Serigráfico (Bairro Alvorada, em Cuiabá).

Gerando Saberes

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Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. Autoras: Lia Tiriba e Maria Clara Bueno Fischer.

Cooperfraudes e Coopergatos são arranjos jurídicos para se esquivar das leis trabalhistas onde não se cumprem os princípios do cooperativismo. Se constituem da seguinte forma: a empresa demite os funcionários e os induz a participar de falsas cooperativas, porém mantendo uma interferência na estrutura de poder de gestão, o que elimina de imediato o princípio da autogestão, que é fundamental na concepção de uma cooperativa.

Page 65: Oficinas de Formação

Salão de Beleza (no Jardim Vitória, em Cuiabá).

Em Recife, existe a Rede de Resistência Solidária, na qual

os/as jovens associam trabalho, cultura, lazer e comunicação.

No Espírito Santo, participa do Fórum da Economia Solidária

o grupo chamado Olho da Rua, com atuação na área de

publicidade, jornal, revista, rádio comunitária, etc.

Ainda neste Estado, o Grupo de Cultura Afro KISILE, com dez

anos de caminhada, faz apresentações culturais (dança e

música) e, além disso, produz roupas, bonecas e acessórios

afros e faz tranças em eventos.

Em Salvador, temos, entre outros, o Fulo Produções

Associação de Jovens Produtores Culturais, e o Grupo

Informal de Jovens de Calabetão, que faz pinturas em

camisetas.

A familiaridade e o conhecimento que os/as jovens

desenvolvem em relação à informática têm lhes gerado um

capital cultural que também tem servido de base para gerar

formas solidárias de trabalho. É o caso da Cooperativa

Dinâmica Visual Design Multimídia, formada por 20 jovens

(18 a 27 anos), muitos deles moradores da periferia de Santo

André. Os jovens são apoiados pela Incubadora Pública de

Economia Solidária do Departamento de Geração Trabalho e

Renda da Secretaria de Desenvolvimento e Ação Regional da

Prefeitura Municipal de Santo André.

Outro exemplo é o da Cooperativa de Informática Alpha10, já

desincubada pela ITCP-USP - Incubadora Tecnológica de

Cooperativas Populares, formada por jovens do Capão

Redondo e Campo Limpo, periferia da Zona Sul de São Paulo

e que presta serviços como manutenção e assessoria em

hardware; projeto implantação, manutenção e

assessoria em Rede de computadores, software livre, Web-

design, etc.

Está sendo incubado o Microlhar, composto por jovens da

periferia da cidade de São Paulo, tendo como objetivo

contribuir para democratização dos meios de comunicação. O

grupo ministra oficinas de “Leitura crítica de imagem” no

Centro de Referência em Economia Solidária na Zona Sul.

Eles/as também realizam filmagens e já produziram

documentários. Creio que seria mais pedagógico colocar os

exemplos em tópicos para facilitar a visualização e o

entendimento de cada um, da forma como se encontra mistura

muito e não valoriza...

Após a leitura coletiva do texto, organizar grupos de três pessoas para

conversar:

Quais as diferenças entre projetos empreendedores e projetos

da economia solidária?

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Page 66: Oficinas de Formação

Que projetos solidários poderiam se concretizar a partir da

realidade da vida dos/as jovens que participam dessas

oficinas?

Motivar o grupo a registrar o resultado da conversa em um cartaz, que

depois de apresentado pode ser anexado na parede ou posto no centro da

roda.

O/A facilitador/a, agradece e valoriza os trabalhos e já motiva para que

os/as jovens possam pensar concretamente na efetivação desses sonhos de

realização dos projetos.

O/A facilitador/a retoma a frase “Sonho que se sonha só, não passa de

sonho, sonho que se sonha junto é sinal de realidade”. Pedir que o grupo

repita várias vezes a frase, dando ênfase e falando cada vez com mais

força.

Concluir com a música:

Sonho impossível - Maria Bethânia

Sonhar mais um sonho impossívelLutar quando é fácil cederVencer o inimigo invencívelNegar quando a regra é vender

Sofrer a tortura implacávelRomper a incabível prisãoVoar num limite improvávelTocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questãoVirar este mundo, cravar este chãoNão me importa saberSe é terrível demaisQuantas guerras terei que vencerPor um pouco de paz

E amanhã se este chão que eu beijeiFor meu leito e perdãoVou saber que valeuDelirar e morrer de paixão

E assim, seja lá como forVai ter fim a infinita afliçãoE o mundo vai ver uma florBrotar do impossível chão

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e

convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

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Page 67: Oficinas de Formação

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Quais foram as informações mais importantes?

O que não posso esquecer de partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser

através de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da

internet para que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

O/A facilitador/a fala sobre a importância de tornar a Economia Solidária

possível, e de colocarmos as mãos na massa e construirmos os projetos

juntos/as, na coletividade.

O/A facilitador/a motiva para que todos/as possam juntar as mãos no

centro da roda, como sinal de compromisso e resistência na construção de

uma outra economia, se comprometendo a multiplicar essa ideia e

tornando concretos os sonhos.

Despedir convidando para a próxima oficina, sobre a importância da

captação de recursos. Pedir para que cada um/a possa trazer um alimento

para um lanche comunitário.

Despedir uns/umas dos/as outros/as com beijos.

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Page 68: Oficinas de Formação

Tema 12Caminhos para a captação de recursos 12

Acolhida Solidária

Quem facilita a oficina acolhe os/as participantes de forma atenciosa e

cuidante. Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas e dizer

do objetivo da oficina.

O/A facilitador/a motiva o grupo a captar beijos: todos/as terão 60

segundos para captar o maior número de beijos possíveis. Colocar a música:

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ObjetivosDiscutir sobre a importância de recursos financeiros e humanos para a concretização dos projetos econômicos solidários.

Cartaz com o tema da oficina, setas de papel e canetas, músicas: Beija eu - Marisa Monte e Moro longe - Vanessa da Mata. Providenciar um espaço para colocar os alimentos trazidos pelo grupo.

Quem facilita a oficina prepara o ambiente antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em círculo, no centro um arranjo de flores ou outro símbolo, em um lugar visível pode estar escrito o objetivo da oficina.

Materiais Necessários

Page 69: Oficinas de Formação

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Beija Eu - Marisa Monte

Seja eu!

Seja eu!

Deixa que eu seja eu

E aceita

O que seja seu

Então deita e aceita eu...

Molha eu!

Seca eu!

Deixa que eu seja o céu

E receba

O que seja seu

Anoiteça e amanheça eu...

Beija eu!

Beija eu!

Beija eu, me beija

Deixa

O que seja ser...

Então beba e receba

Meu corpo no seu

Corpo eu, no meu corpo

Deixa!

Eu me deixo

Anoiteça e amanheça...

Cada um/a partilha quantos beijos conseguiu captar e como foi a

experiência de captar em um curto espaço de tempo e sem planejamento.

Motivar que o grupo partilhe que entendimento tem da palavra “captar”.

Quem facilita a oficina retoma a ideia que há várias possibilidades de

captação, em seguida pedir para que deem exemplos de coisas que são

captadas no dia a dia.

Neste momento retomar a captação de beijos, em seguida ler

coletivamente os dois textos abaixo:

A Economia Solidária está reinventando os créditos e financiamentos.

Antes, para receber um empréstimo, parecia até que você precisava provar

que não precisava dele. Agora começam a existir linhas de crédito

específicas para quem tem pouco ou nenhum recurso e quer começar um

empreendimento solidário. O crédito solidário funciona como uma alavanca

para produzir. Com ele, se compra matéria-prima e instrumentos de trabalho.

Partilha dos Saberes

19Entendendo um pouco mais sobre crédito solidárioTexto 01

19

.

Cartilha Economia Solidária. Outra Economia Acontece

Page 70: Oficinas de Formação

69

Quando se trata de um Consórcio Social da Juventude (linha de ação do

Ministério do Trabalho e Emprego - MTE para implementação do Programa

Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para Jovens - PNPE), a relação

com a Economia Solidária se dá quando são criadas associações e

cooperativas autogeridas. É o caso da cadeia produtiva do skate com marca

Epidemia, que existe desde 2006, como resultado do Consórcio. Os/As

jovens organizam-se em cinco núcleos, na Grande Porto Alegre, para fabricar

produtos relacionados ao skate: tênis, roupas, mochilas e o próprio skate.

Além do Ministério do Trabalho, os/as jovens têm o apoio de várias

entidades do Rio Grande do Sul: Instituto Murialdo, Fundação Pão dos

Pobres, Escola Técnica José César Mesquita/Sindicato dos Metalúrgicos POA,

Associação Reviver e Escola de Trabalhadores 8 de Março.

20Debate - Juventudes em redeTexto 02

Receber apoio de uma entidade ou instituição é um elemento

fundamental para sobrevivência dos grupos, o que muitas vezes

pode repercutir na criação de uma dependência econômica.

No Mato Grosso, a Pastoral da Juventude Rural, PJR, em parceria

com a Universidade Estadual de Mato Grosso, UNEMAT e a

Fundação Unitrabalho, está apoiando o processo de constituição

de uma cooperativa de Jovens Rurais, envolvendo cerca de 400

jovens que atuarão em oito municípios do norte do Estado,

produzindo mudas de essências nativas e medicinais. Essas

mudas serão trocadas com as famílias dos pequenos agricultores

por outros produtos da terra.

Ainda na área rural e na mesma perspectiva da Economia

Solidária, encontramos a COOPAVV - Cooperativa Popular de

Alimentos Vila Verde, que produz hortaliças (Mussurunga /

Salvador), com o apoio do BanSol Associação de Finanças

Solidárias, vinculada à Escola de Administração da Universidade

Federal da Bahia (UFBA), e tem como parceiras duas outras

instituições universitárias: a Universidade do Estado da Bahia,

(UNEB), através da Incubadora Tecnológica de Cooperativas

Populares (ITCP), e uma instituição privada, a Universidade

Salvador (Unifacs).

Também na Bahia, a Agência de Desenvolvimento Solidário

ADS/CUT apoia o Bijou Fashion (em Retirolândia), que é um

grupo que trabalha como “biojoias”, aproveitando a diversidade da

região.

A COOPERJOVENS - Cooperativa Regional de Jovens da Região

Sisaleira (em Araci), que nasceu a partir dos sindicatos de

trabalhadores rurais e hoje produz artefatos em papel reciclado.

Nesta região do sisal, também encontramos o Grupo de Produção

de Cabochard (em Valente), que se dedica à produção de sabonete,

molho de pimenta e horticultura (com apoio da APAEB).

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20 Fragmentos do texto: Debate – Juventudes em rede: jovens produzindo educação, trabalho e cultura.

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Após a leitura dos textos, retomar a conversa tentando identificar quais as

necessidades de recursos que devem ser captados para um empreendimento

solidário.

Colocar as necessidades em setas e pôr em volta do cartaz com o tema da

oficina que está no centro da roda. Enquanto canta-se “Vem, vamos embora que

esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer.

Neste momento quem facilita a oficina retoma o caminho percorrido e convida o

grupo a identificar quais aspectos da oficina ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das perguntas

anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser através de um vídeo,

um texto, um cartaz... Seria bom usar também da internet para que outras

pessoas e grupos possam ter acesso.

Escutar a música:

Moro longe - Vanessa da Mata

Você me chama como quem diz é logo aliSaindo agora eu chego só três horas láTrês conduções, olhar um sorvete e não tomarLevar um lanche e só chegar na madrugadaDesbravamento, expedição, confusãoSó um beijinho, eu sinto muitoNão vai ser bomUm copo d'água, um cafunéPra começarAlguma hora se Deus quiserEu vou chegar

Quero pão novoPouca conversaUma casa abertaUm ótimo vinhoFlores do campoBanho quentinhoUma sobremesaUm atrevimentoDedicaçãoMuito carinhoDerretimentosPra compensar

Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

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Porque eu moro longe, no fim domundoSe eu for aí, faça valer a penaPorque eu moro longe lá aondeninguém vaiSe eu for aí faça valer a pena

O/A facilitador/a fala sobre a importância da captação para ações solidárias,

sejam elas de captação de recursos financeiros e/ou de pessoas para se

juntar ao trabalho coletivo. Por isso é importante cuidar das pessoas, com

carinho, comidas gostosas e boas acolhidas.

Em seguida o/a facilitador/a convida os/as participantes a apresentarem o

alimento que trouxeram, apresentando o alimento e dizendo quem fez, de

onde vem, onde foi comprado e quais os principais ingredientes utilizados

para a produção do alimento.

Partilhar o alimento.

Concluir com beijos, abraços e cuidados.

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13Tema 13Como elaborar projetos econômicos solidários

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ObjetivosPossibilitar uma compreensão sobre a elaboração de

projetos solidários, a fim de organizar as ideias e

sistematizá-las para a concretização das mesmas.

Papéis grandes, pincéis, música Esquadros, Adriana

Calcanhoto, cópia do roteiro de elaboração de projeto

para cada participante e poesia Caminhos da Solidariedade.

Quem estiver facilitando a oficina prepara o ambiente

antes da chegada dos/as participantes: cadeiras em

círculo, no centro um arranjo de flores ou outro símbolo,

em um lugar visível pode estar escrito o objetivo da oficina.

Acolhida e entrosamento

O/A facilitador/a acolhe cada pessoa com um abraço, em seguida motiva

todos/as os/as participantes a desenharem num grande papel o próprio pé.

Em seguida, encaminha a discussão, de forma que todos/as os/as

participantes tenham oportunidade de dizer o que pensam: Todos os pés

são iguais? Estes pés caminham muito ou pouco? Por que precisam

Materiais Necessários

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caminhar? Caminham sempre com um determinado objetivo? Quanto já

caminharam para chegar onde estamos?

Após esta discussão, lembrar de pessoas que lutaram por objetivos

concretos e conseguiram alcançá-los. Terminada a discussão, o/a

facilitador/a convida a todos/as que escrevam no pé que desenharam

algum compromisso concreto que irão assumir.

Durante o exercício colocar a música:

Esquadros - Adriana Calcanhoto

Eu ando pelo mundoPrestando atenção em coresQue eu não sei o nomeCores de AlmodóvarCores de Frida KahloCores!

Passeio pelo escuroEu presto muita atençãoNo que meu irmão ouveE como uma segunda peleUm calo, uma cascaUma cápsula protetoraAi, Eu quero chegar antesPra sinalizarO estar de cada coisaFiltrar seus graus...

Eu ando pelo mundoDivertindo genteChorando ao telefoneE vendo doer a fomeNos meninos que têm fome...

Pela janela do quartoPela janela do carroPela tela, pela janelaQuem é ela? Quem é ela?Eu vejo tudo enquadradoRemoto controle...

Eu ando pelo mundoE os automóveis corremPara quê?As crianças corremPara onde?Transito entre dois ladosDe um ladoEu gosto de opostosExponho o meu modoMe mostroEu canto para quem?

Eu ando pelo mundoE meus amigos, cadê?Minha alegria, meu cansaçoMeu amor cadê você?Eu acordeiNão tem ninguém ao lado...

Page 76: Oficinas de Formação

74

Eu ando pelo mundoE meus amigos, cadê?Minha alegria, meu cansaçoMeu amor cadê você?Eu acordeiNão tem ninguém ao lado...

O/A facilitador/a apresenta em um cartaz a definição sobre o projeto. Fazer

a leitura mais de uma vez com o grupo todo: “Projetos são ferramentas de

ação que delimitam uma intervenção quanto aos objetivos, metas, formas

de atuação, prazos, responsabilidades e avaliação. Projetos sociais é uma

forma de organizar ações para transformar determinada realidade social ou 21alguma instituição ”.

O/A facilitador/a apresenta o roteiro e entrega uma cópia para cada pessoa,

em seguida organiza os/as participantes em grupos de 4 pessoas, orienta

para que depois de lido o roteiro, cada grupo elabore um projeto, fazendo

um exercício concreto.

Título do projeto?

O QUÊ?

Clarear o que se quer com o projeto.

O que, efetivamente, queremos fazer?

POR QUÊ?

Por que este projeto é necessário?

Quais problemas serão resolvidos a partir da execução deste projeto?

COMO?

Como é possível realizar as ações previstas na proposta? Quais os

recursos necessários?

QUANDO?

Quando as ações serão realizadas? Lembre-se de estabelecer o

período de cada etapa.

ONDE?

Onde as atividades previstas na proposta serão executadas?

PARA QUÊ?

Qual o objeto da proposta? Quais os objetivos das ações e atividades

relacionadas na proposta?

PARA QUEM?

Quem está envolvido/a? Quais os/as participantes? Quem será

responsável pela elaboração/ execução/ aquisição/ monitoramento/

avaliação?

QUANTO?

Quanto custará o projeto? Qual a contrapartida?

Partilha dos Saberes

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO:

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21 Miryan Schukar.

Slides -

captação de recursos para empreendimentos solidários. Abril 2005.

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Gerando Saberes

Caminhos de Solidariedade

Neste momento quem estiver facilitando a oficina retoma o caminho

percorrido e convida o grupo a identificar quais aspectos da oficina

ficaram mais fortes:

Qual foi o momento mais importante da oficina?

Quais foram as informações mais importantes?

O que vou partilhar com meu

grupo/comunidade/amigos/amigas?

Motivar o grupo a pensar numa forma de apresentar as respostas das

perguntas anteriores para a comunidade. Essa apresentação pode ser através

de um vídeo, um texto, um cartaz... Seria bom usar também da internet para

que outras pessoas e grupos possam ter acesso.

Convidar os/as participantes a verbalizarem com uma palavra, qual

atitude nova essa experiência da oficina gera em nós.

Poesia: Outra Economia.

22Outra Economia

Vem meu povo conhecer esse outro movimento

Que agrupa e faz viver mais longe do sofrimento

Muitos homens e mulheres que buscam melhoramentos

É um fogo que aquece, mas não é fogo de palha.

É uma outra economia que se espalha

Partilhando e avançando sendo mais solidária.

Vem em grupos informais e também cooperativas

Tem as associações que agora são mais vivas.

Tudo isso em ações bem juntas bem coletivas.

Elas têm um jeito novo de olhar, de produzir, de comercializar

E também de consumir, respeitando a natureza e sem ela destruir.

Essa outra economia surge para alterar.

Ela não é utopia e veio para ficar, para além de gerar trabalho um sonho

realizar.

O sonho de sermos todos mais unidos, mais iguais.

Com a sociedade vivida cada vez mais. Mudando a sociedade querendo

ser muito mais.

Não queremos inclusão nesse sistema vigente.

Queremos um espaço para viver diferente.

Dentro de uma economia que tem a cara da gente.

Concluir com um abraço coletivo.

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22 Poesia recitada na abertura da Feira Estadual de Economia Solidária da Paraíba em dezembro de 2006. Maria Ivanise Gonçalves de Lima.

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SINGER, Paul. Uma Introdução à Economia Solidária.

VERARDO, Luigi e Kirsch, Rosana (Org). Rumo à IV Plenária Nacional de

Economia Solidária. Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

AMORIM, Rizoneide e Silva, Shirlei (Org). Série Trocando Ideias. Instituto

Marista de Solidariedade.

25 anos de Economia Popular Solidária. Cáritas Brasileira.

Estar junto pode ser o segredo... Economia Solidária, será que eu sei o que é

isso? Instituto de formação e assessoria sindical rural São Sebastião.

Economia Solidária: Outra Economia Acontece. Secretaria Nacional da

Economia Solidária, Ministério do Trabalho e Emprego.

Economia Solidária: Outra economia a serviço da vida acontece. Conselho

Nacional das Igrejas Cristãs e Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

FILMES

- A história das Coisas

- Documentário: Outra Economia Acontece

- Documentário: Brasil Solidário

SITES

http://www.casadajuventude.org.br/

http://caritas.org.br

http://www.fbes.org.br/

http://sites.marista.edu.br/ims/

http://www.mte.gov.br/institucional/quem_e_quem_snes.asp

Referências Bibliográficas

Page 79: Oficinas de Formação

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Rede Brasileira de Institutos de Juventude

Casa da Juventude Pe. Burnier - CAJU11ª Avenida, 953 - Cx. Postal 944 - Setor UniversitárioCEP: 74605-060 - Goiânia/GOFone: (62) 4009-0339 - Fax: (62) 4009-0315caju@casadajuventude.org.brwww.casadajuventude.org.brSkype: carmem.caju ou secretaria.caju

Centro de Capacitação da Juventude - CCJ Rua Bispo Eugênio Demazenod, 463-A - V. AlpinaCEP: 03206-040 - São Paulo/SPFone/fax: (11) [email protected]

Centro de Juventude dos Jesuítas - AnchietanumRua Apinajés, 2033 - SumarezinhoCEP: 01258-001 - São Paulo/SPFone: (11) [email protected]

Centro Marista de Juventude - Belo HorizonteRua Aymoré, 2480, 2º andar - Bairro de LourdesCEP: 30140-072 - Belo Horizonte/MGFone: (31) [email protected] Centro Marista de Juventude - Montes ClarosRua Padre Champagnat, 81 - Roxo VerdeCEP: 39400-367 - Montes Claros/MGFone: (38) [email protected]

Instituto de Formação Juvenil do Maranhão

Instituto de Juventude Contemporânea

Centro Marista de Juventude de Natal

Centro Marista de Juventude de Palmas

Centro Vida e Juventude

Casa da Juventude Pe. Burnier

Centro Marista de Juventude Montes Claros

Instituto Pastoral de Juventude Leste II

Centro Marista de Juventude de Belo Horizonte

Anchietanum - Centro de Juventude dos Jesuítas

Centro de Capacitação da Juventude

Instituto Paulista de Juventude

Trilha Cidadã

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Centro Marista de Juventude - NatalRua José de Alencar, 809 - Cidade AltaCEP: 59025-140 - Natal/RNFones: (84) 3221-2298/ 4009-5035/ [email protected]: jamesfms2008

Centro Marista de Juventude - Palmas504 Sul AI 05, Alameda 9, Lotes 07/09CEP: 77021-668 - Palmas/TOFone: (63) 3214-5878 / [email protected]

Centro Popular de Formação da Juventude - Vida e JuventudeSDS Ed. Miguel Badya, Bl. L, nº 30, Salas 217/219CEP: 70394-901 - Brasília/DF Fone/fax: (61) 3323-1954/ 3224-4717E-mail: [email protected]

Instituto de Formação Juvenil do MaranhãoPraça Gonçalves Dias, 288 - CentroCEP: 65060-240 - São Luís/MAFone: (98) [email protected] Instituto de Juventude ContemporâneaRua Castro e Silva, 121, Ed. Oriente, Salas 400 e 401 - CentroCEP: 60030-010 - Fortaleza/CEFone: (85) [email protected]

Instituto de Pastoral de Juventude Leste 2Rua São Paulo, 818, 12º andar, Sala 1203CEP: 30170-131 - Belo Horizonte/MGFone: (31) 2515-5756 - Fax: (31) [email protected]

Instituto Paulista da JuventudeRua Antônio Cariá, 17, 1º Andar - Guaianases CEP: 08450-010 - São Paulo/SPFone: (11) 9826-8213/ 8176-5707institutopaulistadejuventude@yahoo.com.brwww.ipejota.org.br Trilha CidadãRua Rio Paraguaçu, 220 - Arroio da ManteigaCEP: 93145-580 - São Leopoldo/RSFone/fax: (51) [email protected]

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Page 81: Oficinas de Formação

Financiamento:

Page 82: Oficinas de Formação

Pensar em melhores condições de vida e em outra economia para

todos/as é um dos passos no caminho rumo à construção de “outro

mundo possível”. Uma economia que seja popular, solidária e

sustentável onde todos/as são valorizados/as, têm voz e vez na

construção de novas possibilidades do fazer econômico.

Numa sociedade capitalista neoliberal, onde a juventude e os

empobrecidos são negados de direito é urgente pensar caminhos com

os/as jovens de conquista do lugar ao "sol" de forma livre e

participativa, contribuindo na construção de uma sociedade mais justa

e solidária. A Economia Solidária se apresenta como uma das

possibilidades de futuro da nossa sociedade, para garantir a vida no

planeta.

Vivenciarmos as oficinas “Juventude e Economia Solidária”, na Casa da

Juventude – CAJU, nos proporcionou uma experiência única e

reafirmou nossa esperança de um mundo pautado na justiça e na

garantia de direitos. Uma verdadeira “feira de troca”, de

conhecimentos, de sabedorias e de esperanças num mundo melhor

para todos/as.

Nesta edição da Coleção Caminhos, convidamos os/as jovens e os/as

educadores/as a reconhecer novas formas de pensar uma sociedade

mais fraterna, onde todos/as possamos ser um/a só, sem deixar de ser

único/a. Perceber que as maiores riquezas são o reconhecimento do

humano, o cuidado com o planeta, a construção coletiva. Que melhor

patrimônio é o respeito pela pessoa que se encontra conosco e o melhor

capital são as ações que constroem um mundo digno para todos/as e

passar isso adiante.

Daniela de Matos Almeida e Pedro de Matos Almeida

Participantes da Oficina de Juventude e Economia Solidária, ano 2010.

JUVENTUDE E ECONOMIA SOLIDÁRIA

Oficinas de Formação