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Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Centro de Ciências da Comunicação.: Habilitação Relações Públicas Seminário Avançado em Relações Públicas Poliana dos Santos Fraga O EMPREENDEDOR INTERNO Uma análise sobre o profissional empreendedor no ambiente organizacional São Leopoldo, 02 de julho de 2007.

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Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

Centro de Ciências da Comunicação.: Habilitação Relações Públicas

Seminário Avançado em Relações Públicas

Poliana dos Santos Fraga

O EMPREENDEDOR INTERNO

Uma análise sobre o profissional empreendedor no ambiente organizacional

São Leopoldo, 02 de julho de 2007.

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RESUMO

O presente estudo tem por objetivo identificar e analisar a necessidade

dos profissionais empreendedores dentro do ambiente organizacional. O

trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica onde iniciou-se a

compreensão do processo de tomada de decisões empresariais

empreendedoras. Percebeu-se que profissionais de todas as áreas devem ser

constantes empreendedores na realização de suas atividades e que as

organizações precisam incentivar o empreendedorismo. Descobriu-se ainda,

que o empreendedorismo busca a inovação a partir do aperfeiçoamento da

criatividade para a realização das tarefas.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo – Tomada de decisão – Inovação.

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O EMPREENDEDOR INTERNO

Uma análise sobre o profissional empreendedor no ambiente organizacional

A sociedade atual está se tornando cada vez mais complexa. Conseguir

um bom emprego já não é mais tarefa fácil. As empresas precisam de

profissionais que agreguem valor as suas tarefas, possibilitando a partir das

suas ações, ótimos resultados para ambas as partes. Empresa e colaboradores

desenvolvem uma relação de troca, uma parceria. Cada um é responsável pela

sua parte, mas ambos trabalham para alcançar os mesmos objetivos. Assim,

todos saem ganhando.

É por isso que se torna importante a qualificação profissional e o

desenvolvimento do empreendedorismo. Ser empreendedor é buscar novas

alternativas, novas possibilidades para o alcance de resultados eficazes. O

empreendedorismo nos coloca diante da importância de desenvolver

habilidades, fazendo “com que trabalho e prazer andem juntos” (DOLABELA,

1999, p. 29). As organizações devem desenvolver uma visão e postura

empreendedora em seus colaboradores para que todos sejam capazes de

correr riscos e inovar. Isso é essencial para que a relação de troca entre

colaboradores e organizações obtenha êxito.

Segundo Dolabela (1999, p. 36), “neste final de século, em que as

relações de trabalho estão mudando, o emprego dá lugar a novas formas de

participação”. E é justamente neste ponto que pensamos no desenvolvimento

do empreendedorismo organizacional.

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O empreendedorismo começou a ganhar destaque por volta de 1984,

quando surgiu a disciplina de “Criação de Empresas” no curso de

Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo (FEA/USP). A disciplina, com 60 horas/ aula,

analisava a viabilidade dos alunos virem a ter sua própria empresa. Acredita-se

que os profissionais não tinham onde buscar o conhecimento, de maneira

academicamente organizada, para abrir o próprio negócio antes desta

iniciativa.

A palavra empreendedor vem do verbo francês “entreprendre” que

significa “fazer algo”. O empreendedor é ativo, arrojado, inovador, otimista,

perseverante, tenta executar tarefas difíceis. É alguém que está disposto a

correr riscos para alcançar os objetivos propostos. Para Fortin (apud

DOLABELA, 1999, p. 68), “empreendedor é uma pessoa capaz de transformar

um sonho, um problema ou uma oportunidade de negócios em uma empresa

viável”.

Existem dois tipos de empreendedores: aqueles que montam seus

próprios negócios e aqueles que trabalham dentro de empresas, aliando os

objetivos próprios aos da organização em que desenvolvem as atividades. A

palavra “intrapreneur” é a origem da palavra empreendedorismo. Ela significa

justamente o que queremos analisar nesta pesquisa, o empreendedorismo

interno, aquele que acontece dentro das organizações.

Pinchot apresenta a seguinte definição da palavra intrapreneur:

Todos os sonhadores que realizam. Aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma organização. O intrapreneur pode ser o criador ou o inventor, mas é sempre o sonhador que concebe como transformar uma idéia em uma realidade lucrativa. (1989, p. IX)

Pinchot (1989, p. XII) explica ainda que “o intrapreneurismo é um

sistema revolucionário para acelerar as inovações dentro de grandes

empresas, através de um uso melhor dos seus talentos entrepreneurs”.

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O empreendedor interno é aquele que alia os seus interesses aos da

organização, na busca de melhorias para ambos. É ainda, aquele que busca

novas alternativas para a empresa como se ela fosse sua. Age

estrategicamente para fazer as coisas acontecerem, evitando assim,

desperdícios e gastos desnecessários. Profissionais empreendedores precisam

desenvolver a capacidade de pesquisar, planejar, executar ações para os

diferentes públicos de interesse das organizações, estando sempre atentos a

todas as atividades que acontecem no espaço organizacional, desenvolvendo

suas tarefas em conjunto com diferentes áreas da empresa.

O empreendedor apresenta um perfil ousado, inovador, por isso a sua

presença é importante em todos os tipos de organizações. Ousar na realização

das tarefas é importante, mas o processo deve ser analisado antecipadamente,

evitando desgastes futuros. Além disso, o empreendedor precisa manter-se

atualizado através da realização de cursos de especialização, leituras e busca

contínua por diferentes áreas de conhecimento.

Ser um profissional empreendedor é desenvolver a capacidade de criar

oportunidades mesmo onde as chances sejam praticamente nulas. As ações

devem ser repletas de estratégias e alternativas. Assumir riscos é uma

característica presente nos profissionais empreendedores, porém, os riscos

devem ser assumidos com responsabilidade e prévio planejamento. É preciso

acreditar nas ações pensadas para que os objetivos sejam alcançados de

maneira eficiente.

A capacidade de planejar e realizar as tarefas são algumas das

características dos profissionais empreendedores. Para o alcance dos objetivos

propostos, não há necessidade que haja sentimento de superioridade. Os

profissionais precisam desenvolver todas as tarefas que estejam dentro de um

conjunto de ações que proporcionarão o alcance dos resultados esperados.

Por isso, não há tempo para que os empreendedores esperem que outras

pessoas realizem tarefas pendentes.

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É claro que há muitas organizações conhecidas como burocráticas que

não abrem espaço para que os colaboradores inovem. As organizações

burocráticas são aquelas que mantêm o poder concentrado nas mãos do

presidente, diretor ou outras pessoas que ocupam cargos superiores dentro

das empresas. Nessas organizações, há alguém que costuma apresentar as

regras, os objetivos a serem atingidos. Cabe ao restante dos colaboradores

trabalharem para atingir as metas estabelecidas por essas autoridades

organizacionais. Pinchot & Pinchot (1994, p. 04) explicam que burocracia é

“uma estrutura definida por cadeias de domínio e submissão”.

Os mesmos autores apresentam um novo conceito. Trata-se das

organizações inteligentes, aquelas que incentivam os profissionais a serem

pró-ativos, criativos, inovadores. Eles explicam (p. 21) que a organização

inteligente procura “liberar a inteligência e a capacidade de cada integrante”.

Os profissionais que atuam em organizações inteligentes devem

aprender a lidar com várias questões ao mesmo tempo, possuir facilidade de

adaptação, enfrentar e conhecer os concorrentes, ter pensamento sistêmico,

aprender com a experiência, transmitir seu conhecimento integrando o

aprendizado. Na verdade, esses profissionais serão empreendedores atuando

em organizações que possibilitem uma atuação criativa, onde possam ampliar

o crescimento pessoal, aliado ao crescimento da organização.

Pinchot (1989, p. 16) complementa dizendo que “a explosão de

informações está encorajando as empresas a abandonarem os sistemas

hierárquicos em favor de sistemas nos quais os inovadores agem em pé de

igualdade com outros que formam um sistema informal de apoio”.

O intrapreneur precisa ter liberdade para expressar suas novas idéias,

pois ele é o responsável pela invenção de novos produtos ou serviços dentro

da organização. Precisa inicialmente ser considerado pelos colegas como um

líder, ocupando assim, um espaço onde possa ousar para alcançar os objetivos

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da empresa. Esse espaço de liderança não deve ser imposto, mas sim

conquistado para que as relações pessoais sejam facilitadas dentro do

ambiente organizacional.

Cabe as empresas que são ou querem se tornar organizações

inteligentes, a responsabilidade de aproveitar a inteligência de cada

colaborador. A tendência do mercado aponta para isso: colaboradores

participando ativamente de ações a serem planejadas e desenvolvidas nas

organizações. Por isso, a empresa deve ser democrática, igualitária,

incentivando a liberdade de escolha. Na verdade, as organizações precisam se

tornar mais produtivas e preparadas para o futuro, ampliando a capacidade

colaborativa dos funcionários. A liberdade, que pode ser conquistada através

da responsabilidade de cada colaborador, deve levar a resultados produtivos.

Deve-se deixar de trabalhar individualmente em conjunto, para trabalhar

realmente em equipe.

As organizações precisam apostar nos colaboradores, na capacidade de

cada um e no trabalho em equipe. Precisam deixar de ter a visão de

organização burocrática onde há administração com excesso de regras. Muitas

organizações já buscam profissionais capazes de adequação aos moldes e

filosofia da empresa, mas que ao mesmo tempo apresentem autonomia na

realização das atividades. Ser pró-ativo é a cada dia, um elemento básico para

a determinação da continuidade de um profissional no ambiente organizacional.

O tempo é cada vez mais curto, e precisa ser otimizado. Pessoas que

apresentam ótimos currículos e não são capazes de pensar estrategicamente

para realizar suas ações, estão sendo afastadas do mercado de trabalho. A

questão da formação é importante sim, mas precisa ser utilizada de maneira

hábil para que empresa e colaborador possam ser beneficiados.

O desenvolvimento da visão empreendedora não está nos currículos de

alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Porém, este deveria

ser um dos conteúdos trabalhados com os estudantes para que fossem, desde

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cedo, construindo a capacidade empreendedora. Assim, o mercado de trabalho

contaria com profissionais melhor qualificados para o enfrentamento das mais

diferentes situações. Dolabela (1999) explica que o aprendizado do conteúdo

empreendedor é fundamental em todos os cursos de todas as áreas do

conhecimento. Ele complementa dizendo que não é exagero afirmar que, nas

escolas, ele é tão importante para qualquer estudante como a matemática para

os engenheiros ou a anatomia para os médicos.

Para Oliveira,

No caso de empreendedores, é bem possível que muitos tenham recebido, na infância, mensagens apontando para a crença de que teriam de lutar por tudo que quisessem conquistar na vida. Mesmo que um desses homens ou mulheres não tenha ouvido essas palavras explicitamente, parece óbvio que, em boa parte dos casos que recolhemos, os comportamentos relatados mostram que esse tipo de valor – uma ordem do tipo “vire-se!” – está fortemente presente na mente do empreendedor. (1995, p. 147)

Para Morais (2000, p. 111), “alguns nascem empreendedores, outros

têm de se esforçar, mas nem todos os que se esforçam conseguem chegar lá.

O fato é que há vários estilos de empreendedores, e existem habilidades que

podem ser aprendidas”. Portanto, ser empreendedor está ligado ao esforço que

cada um desempenha nas tarefas em que realiza ao longo da carreira

profissional. As habilidades podem e devem ser desenvolvidas, ampliadas a

cada dia, fazendo com que os profissionais estejam a cada dia mais interados

sobre diferentes áreas de conhecimento. Cabe aos empreendedores,

apresentarem um perfil ousado, ampliando a criatividade em cada ação a ser

desenvolvida, obtendo assim, destaque na realização das tarefas realizadas no

âmbito organizacional.

O empreendedor é um indivíduo que assume riscos e atua na busca de

oportunidades, em situações em que outros, teriam dificuldades de identificá-

las ou sequer visualizá-las como problemas ou ameaças. Degen (1989) explica

que nem todas as pessoas têm a mesma disposição para assumir riscos.

Muitos precisam de uma vida regrada, horários certos, salário garantido no fim

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do mês... Essas pessoas não nasceram para ser empreendedoras. O

empreendedor, por definição, precisa assumir riscos, pois eles fazem parte de

qualquer atividade, e é preciso aprender a administrá-los.

Segundo Hall (2001), os empreendedores são seres que criam idéias

inovadoras e as aplicam ao negócio. Eles descobrem uma oportunidade e

desenvolvem um método criativo para realizá-la. Assumem riscos, apostando

em suas idéias.

O empreendedor deve ser aquela pessoa capaz de planejar e realizar

todas as tarefas que fazem parte da realização dos seus projetos. Ele não se

sente inferior em desenvolver atividades que poderiam ser feitas por qualquer

outra pessoa. Ao contrário, sente satisfação em realizar qualquer tarefa que

fizer parte do processo para o alcance dos objetivos pessoais e da empresa.

Pinchot (1989, p. 36) complementa dizendo que “os intrapreneurs são, ao

mesmo tempo, pensadores e executores, planejadores e trabalhadores. Eles

precisam sê-lo, por que ninguém irá realizar seus sonhos para eles, nem eles o

quereriam”.

Empreendedores precisam estar constantemente se atualizando para

que possam permanecer no mercado de trabalho. O aperfeiçoamento contínuo

é um dos elementos essenciais para que os colaboradores possam apresentar

qualificação e especialização em diferentes áreas de conhecimento.

Além disso, o empreendedor precisa ser pró-ativo, ir atrás do que é

necessário. Segundo os autores Bramson & Bramson (2000), são

características de profissionais que permanecem por mais tempo nas

organizações: visão sistêmica, capacidade reflexiva, fácil adaptação,

preocupação com os resultados globais da empresa, disposição para ajudar os

outros, saber delegar, manter-se atualizado tecnologicamente, ampliar o leque

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de habilidades, entre outras. Essas são, sem dúvida, características que devem

permear o trabalho de profissionais empreendedores.

Os objetivos pessoais e empresariais de um empreendedor, estão

inteiramente ligados. Os profissionais que trabalham com aquilo que gostam,

costumam ser mais dedicados, alcançando assim, melhores resultados para si

e para a organização onde atuam.

O profissional empreendedor deve ter a capacidade de liderar pessoas e

situações dentro das empresas, sendo responsável por exprimir uma visão que

inspire, incentive e fortaleça os demais colaboradores da organização. O

empreendedor é o líder que encoraja todos os membros da empresa para

compartilhar um sonho, um ideal mutuamente benéfico. É aquele que foca as

atividades nos objetivos a serem atingidos e orienta para a ação, levando

sempre em consideração o potencial dos colaboradores.

Sendo assim, a capacidade empreendedora deve permear o trabalho

dos profissionais de diferentes áreas. O empreendedorismo deve ser cada vez

mais incentivado, para que possa haver benefícios mútuos. Além disso,

estratégia e inovação devem permear o desenvolvimento de ações promovidas

por profissionais empreendedores no ambiente organizacional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um profissional empreendedor é “moeda de ouro” em qualquer

organização. O empreendedorismo está se tornando imprescindível para que

os profissionais de diferentes áreas de atuação possam permanecer no

mercado de trabalho. Fazer tudo sempre igual já não basta mais. É preciso ir

além, inovar, abusar da criatividade para que tudo possa sempre ser pensado

de maneira diferenciada.

As organizações estão cada vez mais atentas às mudanças do mercado

e os seus profissionais precisam acompanhar isso, estando constantemente à

procura de diferenciais que possam tornar a organização mais competitiva em

relação aos concorrentes. Os profissionais empreendedores precisam estar em

constante aprendizado, ampliando o leque de conhecimentos e aguçando cada

vez mais a curiosidade que os leva a realizar novas descobertas. Inovação

deve ser o objetivo diário de todos os profissionais que buscam melhores

resultados para si e para a organização onde atuam.

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REFERÊNCIAS

BRAMSON, Robert M.; BRAMSON, Susan J. Primeiro a ser contratato, último a ser demitido. Tradução: Andréa Filatro/ Revisão técnica: Ofélia de Lanna Sette Torres. São Paulo: Makron Books, 2000.

DEGEN, Ronald. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1989.

DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.

HALL, David. Na companhia dos heróis: uma visão de empreendedores vencedores em ação. São Paulo: Makron Books, 2001.

MORAIS, Carmem. Atitudes de empreendedores. Rio de Janeiro: ABRH – Nacional, 2000.

OLIVEIRA, Marco A. Valeu! Passos na trajetória de um empreendedor. São Paulo: Nobel, 1995.

PINCHOT III, Gifford. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para tornar-se um empreendedor. São Paulo: Harbra Ltda, 1989.

PINCHOT, Gifford; PINCHOT, Elizabeth. O poder das pessoas: como usar a inteligência de todos dentro da empresa para conquista de mercado. Tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 1994.