obrigação de dar coisa incerta. ccb art. 243. a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo...

84
Obrigação de dar Obrigação de dar coisa incerta coisa incerta

Upload: internet

Post on 17-Apr-2015

121 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Obrigação de dar Obrigação de dar coisa incertacoisa incerta

CCBCCB

Art. 243. A coisa incerta será indicada, Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela ao menos, pelo gênero e pela

quantidade.quantidade.

Coisa incertaCoisa incerta

Ao contrário da coisa certa, Ao contrário da coisa certa, individualizada, específica, há a individualizada, específica, há a obrigação de dar coisa obrigação de dar coisa incerta incerta ou ou genérica.genérica.

A obrigação tem objeto A obrigação tem objeto indeterminado e genérico indeterminado e genérico no início no início da relaçãoda relação , mas indicado, ao menos , mas indicado, ao menos pelo pelo gênerogênero e pela e pela quantidadequantidade

Falta determinarFalta determinar a qualidade a qualidade

IndicaçãoIndicação

É indispensável nas obrigações de dar É indispensável nas obrigações de dar coisa incerta a coisa incerta a indicação de gênero e indicação de gênero e quantidade,quantidade, já quejá que, sem qualquer , sem qualquer desses elementos, desses elementos, a indeterminação a indeterminação seráserá absoluta e absoluta e a avença não gerará a avença não gerará obrigação obrigação eis que oeis que o devedor não pode devedor não pode ser compelido à prestação genérica.ser compelido à prestação genérica.

Exemplos de indeterminação Exemplos de indeterminação absolutaabsoluta

““... entregar sacas de ... entregar sacas de café ...” café ...” (quantas????)(quantas????)

““...entregar dez ...entregar dez sacas ...” sacas ...”

(de quê???)(de quê???)

■■ Faltam quantidade Faltam quantidade e gêneroe gênero

Nada feitoNada feito

Essa Essa indeterminação indeterminação absoluta não absoluta não pode ser objeto pode ser objeto de prestação, e o de prestação, e o contrato, com tal contrato, com tal objeto, objeto, não será não será capaz de gerar capaz de gerar obrigaçãoobrigação

Obrigação de dar coisa incerta Obrigação de dar coisa incerta hígidahígida

““Obrigação de dar 10 bois”Obrigação de dar 10 bois”■ ■ A indeterminação é apenas A indeterminação é apenas relativa.relativa.

O objeto da O objeto da prestação é incerto prestação é incerto porém suscetível de porém suscetível de determinação determinação futurafutura..

Há determinação do Há determinação do gênerogênero (bois) e de (bois) e de quantidadequantidade (dez) (dez)

Resta individualizar Resta individualizar que bois serão que bois serão entreguesentregues

AssimAssim

A coisa incerta não é A coisa incerta não é qualquer coisaqualquer coisa, ou, ou coisa coisa completamente completamente indeterminadaindeterminada..

É coisa É coisa parcialmente parcialmente determinada, determinada, suscetível suscetível dede completa completa determinação determinação oportunamente, oportunamente, mediante mediante a escolha a escolha da qualidadeda qualidade ainda não indicadaainda não indicada

Escolha ou Escolha ou concentraçãoconcentração

Determinação da Determinação da res debitares debita

EscolhaEscolha é aquilo é aquilo que se realiza no que se realiza no ato de ato de cumprimento da cumprimento da obrigaçãoobrigação, aquele , aquele momento momento em que em que é é determinada ou determinada ou individualizadaindividualizada a a res debita.res debita.

O estado de O estado de indeterminação da indeterminação da coisa é coisa é transitóriotransitório e e cessa cessa com essa com essa escolhaescolha

Notificado o Notificado o credorcredor, a coisa , a coisa que era que era indeterminadaindeterminada torna-se certatorna-se certa

CCBCCB

Art. 245.Art. 245. Cientificado da escolha o Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.antecedente.

............ Qual era a seção antecedente?Qual era a seção antecedente?

Seção ISeção IDas Obrigações de Dar Das Obrigações de Dar Coisa CertaCoisa Certa

Concentração Concentração

Também chamada Também chamada concentração do débitoconcentração do débito ou ou concentração da concentração da prestação devidaprestação devida

É o É o ato unilateralato unilateral praticado pelo praticado pelo devedordevedor, , pelo qual pelo qual se especifica a se especifica a prestação, convertendo prestação, convertendo a prestação genérica a prestação genérica em determinadaem determinada

A quem cabe a escolha?A quem cabe a escolha?

A escolha da A escolha da qualidade caberá ao qualidade caberá ao devedordevedor, , se o se o contrário não for contrário não for convencionadoconvencionado

Pode-se, no Pode-se, no contrato, contrato, convencionar que a convencionar que a escolha caberá escolha caberá ao ao comprador ou a comprador ou a um terceiro um terceiro

E se o contrato for omisso?E se o contrato for omisso?

Na omissão do contrato, a escolha Na omissão do contrato, a escolha pertencerá pertencerá ao devedorao devedor

CCBCCB

Art. 244.Art. 244. Nas coisas determinadas Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.prestar a melhor.

Critério da Critério da coisa coisa intermediáriaintermediária

Quando a escolha couber Quando a escolha couber ao devedor, ele não ao devedor, ele não poderá escolher a poderá escolher a pior pior qualidadequalidade, entretanto, , entretanto, também também não será não será obrigado a entregarobrigado a entregar a a melhor qualidade. melhor qualidade.

O legislador optou pelo O legislador optou pelo princípio da princípio da qualidade qualidade médiamédia nos casos de nos casos de escolha pelo devedor. escolha pelo devedor.

E se houver apenas duas E se houver apenas duas qualidades?qualidades?

Se existirem apenas duas qualidades, e a Se existirem apenas duas qualidades, e a escolha couber ao devedor, o critério escolha couber ao devedor, o critério

lógico seria poder escolher qualquer delas, lógico seria poder escolher qualquer delas, entretanto entretanto a lei é omissa nesse caso.a lei é omissa nesse caso.

Escolha de terceiroEscolha de terceiro

As partes podem As partes podem convencionar que um convencionar que um terceiroterceiro, alheio à , alheio à obrigação obrigação obrigacional, faça a obrigacional, faça a escolha, funcionando escolha, funcionando como um árbitro.como um árbitro.

À escolha desse À escolha desse terceiro aplicar-se-á terceiro aplicar-se-á por analogia o que por analogia o que dispõe o Art. 1.930 do dispõe o Art. 1.930 do CCBCCB

CCBCCB

Art. 1.930. O estabelecido no artigo Art. 1.930. O estabelecido no artigo antecedente será observado, antecedente será observado, quando a escolha for deixada a quando a escolha for deixada a arbítrio de terceiro; e, se este arbítrio de terceiro; e, se este não a quiser ou não a puder não a quiser ou não a puder exercer, ao juiz competirá fazê-exercer, ao juiz competirá fazê-lala, guardado o disposto na última , guardado o disposto na última parte do artigo antecedente.parte do artigo antecedente.

Escolha do credorEscolha do credor

Cabendo a escolha ao Cabendo a escolha ao credorcredor, , será ele citado para essa será ele citado para essa finalidade, pena de perder o finalidade, pena de perder o direito da escolha, que passará direito da escolha, que passará ao devedorao devedor

CCBCCB

Art. 342. Se a escolha da coisa Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.artigo antecedente.

Perda ou deterioração Perda ou deterioração antes antes da escolhada escolha

CCBCCB

Art. 246.Art. 246. Antes da escolha, não Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou poderá o devedor alegar perda ou

deterioração da coisa, deterioração da coisa, ainda que por ainda que por força maior ou caso fortuito.força maior ou caso fortuito.

Considerações acerca do Considerações acerca do caso fortuito & força maiorcaso fortuito & força maior

A lei A lei brasileira brasileira não não distingue distingue os efeitos os efeitos de ambosde ambos

CCBCCB

Art. 393. O devedor não responde Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de pelos prejuízos resultantes de caso caso fortuito ou força maiorfortuito ou força maior, se , se expressamente não se houver por expressamente não se houver por eles responsabilizado.eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior de força maior verifica-se no fato verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.possível evitar ou impedir.

STJ manifesta seu entendimento sobre caso fortuito e força maiorSTJ manifesta seu entendimento sobre caso fortuito e força maior CompartilheCompartilhe Noticia (Fonte: Noticia (Fonte: www.stj.jus.br ) ) STJ analisa caso a caso o que é fortuito ou força maior STJ analisa caso a caso o que é fortuito ou força maior Qual é a ligação entre um buraco no meio da via pública, um assalto à mão armada dentro de um banco e um urubu sugado pela turbina do avião Qual é a ligação entre um buraco no meio da via pública, um assalto à mão armada dentro de um banco e um urubu sugado pela turbina do avião

que atrasou o vôo de centenas de pessoas? Todas essas situações geraram pedidos de indenização e foram julgados no Superior Tribunal de Justiça que atrasou o vôo de centenas de pessoas? Todas essas situações geraram pedidos de indenização e foram julgados no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base num tema muito comum no Direito: o caso fortuito ou de força maior. O (STJ) com base num tema muito comum no Direito: o caso fortuito ou de força maior. O Código Civil diz que o caso fortuito ou de força maior existe diz que o caso fortuito ou de força maior existe quando uma determinada ação gera consequências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir: quando uma determinada ação gera consequências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir:

Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efeitos/consequências inevitáveis. Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efeitos/consequências inevitáveis. Portanto pedidos de indenização devido a acidentes ou fatalidades causadas por fenômenos da natureza podem ser enquadrados na tese de caso Portanto pedidos de indenização devido a acidentes ou fatalidades causadas por fenômenos da natureza podem ser enquadrados na tese de caso

fortuito ou de força maior. fortuito ou de força maior. Exemplo: um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De repente, um raio atinge o automóvel no meio da rodovia e ele bate Exemplo: um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De repente, um raio atinge o automóvel no meio da rodovia e ele bate

em outro carro. O raio é um fato natural. Se provar que a batida aconteceu devido ao raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, o em outro carro. O raio é um fato natural. Se provar que a batida aconteceu devido ao raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, o condutor não pode ser punido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar indenização ao outro envolvido no acidente. condutor não pode ser punido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar indenização ao outro envolvido no acidente.

Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o veículo, como problemas de manutenção, por exemplo, fica caracterizada a Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o veículo, como problemas de manutenção, por exemplo, fica caracterizada a existência de caso fortuito ou força maior. existência de caso fortuito ou força maior.

Nem todas as ações julgadas no STJ são simples de analisar assim. Ao contrário, a maior parte das disputas judiciais sobre indenização envolve Nem todas as ações julgadas no STJ são simples de analisar assim. Ao contrário, a maior parte das disputas judiciais sobre indenização envolve situações bem mais complicadas. Como o processo de uma menina do Rio de Janeiro. A garota se acidentou com um bambolê no pátio da escola e situações bem mais complicadas. Como o processo de uma menina do Rio de Janeiro. A garota se acidentou com um bambolê no pátio da escola e perdeu a visão do olho direito. perdeu a visão do olho direito.

A instituição de ensino deveria ser responsabilizada pelo acidente? Os pais da menina diziam que sim e exigiram indenização por danos morais e A instituição de ensino deveria ser responsabilizada pelo acidente? Os pais da menina diziam que sim e exigiram indenização por danos morais e materiais. Por sua vez, o colégio afirmava que não podia ser responsabilizado porque tudo não passou de uma fatalidade. O fato de o bambolê se materiais. Por sua vez, o colégio afirmava que não podia ser responsabilizado porque tudo não passou de uma fatalidade. O fato de o bambolê se partir e atingir o olho da menina não podia ser previsto: a chamada tese do caso fortuito. Com essa alegação, a escola esperava ficar livre da partir e atingir o olho da menina não podia ser previsto: a chamada tese do caso fortuito. Com essa alegação, a escola esperava ficar livre da obrigação de indenizar a aluna. obrigação de indenizar a aluna.

Ao analisar o pedido, o STJ entendeu que a escola devia indenizar a família. Afinal, o acidente aconteceu por causa de uma falha na prestação dos Ao analisar o pedido, o STJ entendeu que a escola devia indenizar a família. Afinal, o acidente aconteceu por causa de uma falha na prestação dos serviços prestados pela própria instituição de ensino. Assim como esse, outras centenas de processos envolvendo caso fortuito e indenizações serviços prestados pela própria instituição de ensino. Assim como esse, outras centenas de processos envolvendo caso fortuito e indenizações chegam ao STJ todos os dias. chegam ao STJ todos os dias.

Assalto à mão armada no interior de ônibus, trens, metrôs? Para o STJ é caso fortuito. A jurisprudência do Tribunal afirma que a empresa de Assalto à mão armada no interior de ônibus, trens, metrôs? Para o STJ é caso fortuito. A jurisprudência do Tribunal afirma que a empresa de transporte não deve ser punida por um fato inesperado e inevitável que não faz parte da atividade fim do serviço de condução de passageiros. transporte não deve ser punida por um fato inesperado e inevitável que não faz parte da atividade fim do serviço de condução de passageiros.

Entretanto em situações de assalto à mão armada dentro de agências bancárias, o STJ entende que o banco deve ser responsabilizado, já que zelar Entretanto em situações de assalto à mão armada dentro de agências bancárias, o STJ entende que o banco deve ser responsabilizado, já que zelar pela segurança dos clientes é inerente à atividade fim de uma instituição financeira. pela segurança dos clientes é inerente à atividade fim de uma instituição financeira.

E o buraco causado pela chuva numa via pública que acabou matando uma criança? Caso fortuito? Não. O STJ decidiu que houve omissão do Poder E o buraco causado pela chuva numa via pública que acabou matando uma criança? Caso fortuito? Não. O STJ decidiu que houve omissão do Poder Público, uma vez que o município não teria tomado as medidas de segurança necessárias para isolar a área afetada ou mesmo para consertar a Público, uma vez que o município não teria tomado as medidas de segurança necessárias para isolar a área afetada ou mesmo para consertar a erosão fluvial a tempo de evitar uma tragédia. erosão fluvial a tempo de evitar uma tragédia.

E onde entra o urubu? Numa ação de indenização por atraso de vôo contra uma companhia aérea. A empresa alegou caso fortuito porque um urubu E onde entra o urubu? Numa ação de indenização por atraso de vôo contra uma companhia aérea. A empresa alegou caso fortuito porque um urubu foi tragado pela turbina do avião durante o vôo. Mas o STJ considerou que acidentes entre aeronaves e urubus já se tornaram fatos corriqueiros no foi tragado pela turbina do avião durante o vôo. Mas o STJ considerou que acidentes entre aeronaves e urubus já se tornaram fatos corriqueiros no Brasil, derrubando a tese do fato imprevisível. Resultado: a companhia aérea foi obrigada a indenizar o passageiro. Brasil, derrubando a tese do fato imprevisível. Resultado: a companhia aérea foi obrigada a indenizar o passageiro.

Moral da história: Imprevistos acontecem, mas saber se o caso fortuito ou de força maior está na raiz de um acidente é uma questão para ser Moral da história: Imprevistos acontecem, mas saber se o caso fortuito ou de força maior está na raiz de um acidente é uma questão para ser analisada processo a processo, através das circunstâncias em que o incidente ocorreu. analisada processo a processo, através das circunstâncias em que o incidente ocorreu.

NOTAS DA REDAÇAO NOTAS DA REDAÇAO O tema do caso fortuito e força maior não é questão pacífica na doutrina, pois há vários conceitos para cada um deles ou para os dois quando O tema do caso fortuito e força maior não é questão pacífica na doutrina, pois há vários conceitos para cada um deles ou para os dois quando

considerados expressões sinônimas. considerados expressões sinônimas. Segundo Maria Helena Diniz, na força maior por ser um fato da natureza, pode-se conhecer o motivo ou a causa que deu origem ao acontecimento, Segundo Maria Helena Diniz, na força maior por ser um fato da natureza, pode-se conhecer o motivo ou a causa que deu origem ao acontecimento,

como um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta as vias de comunicação, impedindo a entrega da mercadoria como um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta as vias de comunicação, impedindo a entrega da mercadoria prometida ou um terremoto que ocasiona grandes prejuízos, etc. Por outro lado o caso fortuito tem origem em causa desconhecida, como um cabo prometida ou um terremoto que ocasiona grandes prejuízos, etc. Por outro lado o caso fortuito tem origem em causa desconhecida, como um cabo elétrico aéreo que sem saber o motivo se rompe e cai sobre fios telefônicos causando incêndio explosão de caldeira de usina, provocando morte. elétrico aéreo que sem saber o motivo se rompe e cai sobre fios telefônicos causando incêndio explosão de caldeira de usina, provocando morte.

Nas lições de Álvaro Villaça Azevedo caso fortuito é o acontecimento provindo da natureza sem que haja interferência da vontade humana em Nas lições de Álvaro Villaça Azevedo caso fortuito é o acontecimento provindo da natureza sem que haja interferência da vontade humana em contrapartida a força maior é a própria atuação humana manifestada em fato de terceiro ou do credor. contrapartida a força maior é a própria atuação humana manifestada em fato de terceiro ou do credor.

Ensina Agostinho Alvim que o caso fortuito consiste no impedimento relacionado com o devedor ou com a sua empresa, enquanto que a força maior Ensina Agostinho Alvim que o caso fortuito consiste no impedimento relacionado com o devedor ou com a sua empresa, enquanto que a força maior advém de acontecimento externo. advém de acontecimento externo.

Não obstante ilustres doutrinadores contribuírem com diversos conceitos Sílvio Venosa simplifica ao dizer que não há interesse público na distinção Não obstante ilustres doutrinadores contribuírem com diversos conceitos Sílvio Venosa simplifica ao dizer que não há interesse público na distinção dos conceitos, até porque o dos conceitos, até porque o Código Civil Brasileiro não fez essa distinção conforme a redação abaixo transcrita: Brasileiro não fez essa distinção conforme a redação abaixo transcrita:

Art. Art. 393. . O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. responsabilizado.

Parágrafo único. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Nos casos em comento o STJ também não se preocupou em distinguir caso fortuito de força maior, mas sim em verificar a presença deles em cada Nos casos em comento o STJ também não se preocupou em distinguir caso fortuito de força maior, mas sim em verificar a presença deles em cada

processo, e para isso levou em consideração as particularidades de cada caso, com a ressalva de que a imprevisibildade é comum a todos eles. processo, e para isso levou em consideração as particularidades de cada caso, com a ressalva de que a imprevisibildade é comum a todos eles.

Na mureta???Na mureta???

““curiosamente, é difícil para o doutrinador curiosamente, é difícil para o doutrinador apontar um exemplo indiscutível de caso fortuito apontar um exemplo indiscutível de caso fortuito e força maior, alheio às circunstâncias. As forças e força maior, alheio às circunstâncias. As forças naturais são sempre lembradas, e é ao redor naturais são sempre lembradas, e é ao redor delas que deve orbitar a maior parte dos casos de delas que deve orbitar a maior parte dos casos de aplicação das duas excludentes. O maremoto, por aplicação das duas excludentes. O maremoto, por exemplo, inesperado e inevitável, que traga o exemplo, inesperado e inevitável, que traga o veículo que transita a beira-mar, não induz veículo que transita a beira-mar, não induz responsabilidade do Estado, ou da empresa responsabilidade do Estado, ou da empresa concessionária da estrada, pois a força maior, ou concessionária da estrada, pois a força maior, ou caso fortuito, afasta o nexo causal”.caso fortuito, afasta o nexo causal”.

Felipe P. Braga Netto.Felipe P. Braga Netto.

Caso fortuito e força maiorCaso fortuito e força maior

Caso fortuito e força maior são Caso fortuito e força maior são consideradas expressões sinônimas, consideradas expressões sinônimas, embora a rigor embora a rigor não o sejam. não o sejam.

A diferença assenta na A diferença assenta na irresistibilidade irresistibilidade pelo homem. pelo homem.

Ambos são imprevisíveis, mas na Ambos são imprevisíveis, mas na possibilidade de ser possibilidade de ser obstáculo obstáculo removívelremovível, há , há caso fortuitocaso fortuito, por outra , por outra forma, sendo forma, sendo irresistívelirresistível, há , há força maior. força maior.

““Fortuitus casus est, qui nullo Fortuitus casus est, qui nullo humano consilio praevideri potest”humano consilio praevideri potest”

““Caso fortuito é o que não pode prever-se por Caso fortuito é o que não pode prever-se por nenhuma providência humana “.nenhuma providência humana “.

Segundo o VenosaSegundo o Venosa

""É a situação É a situação que decorre de que decorre de fato alheio à fato alheio à vontade da vontade da parte, mas parte, mas proveniente de proveniente de fatos fatos humanoshumanos." ."

Exemplo de caso fortuitoExemplo de caso fortuito

guerraguerra

Vis maiorVis maior

Força maior é Força maior é cousa cousa inevitável inevitável que advém de que advém de força externa, força externa, aquilo a queaquilo a que não se pode não se pode resistirresistir

GaioGaio

““Vis maior est Vis maior est cui humana cui humana infirmitas infirmitas resistire non resistire non potest"potest"

Força maior é aquela Força maior é aquela a que a fraqueza a que a fraqueza humana não pode humana não pode resistirresistir

Exemplos de Exemplos de força maiorforça maior

Eventos da Eventos da natureza.natureza.

Antônio José LevenhagenAntônio José Levenhagen Cuidar: autor reconhece ambos, mas Cuidar: autor reconhece ambos, mas

não define qual é qual.não define qual é qual.

““(...) a culpa é a base da responsabilidade (...) a culpa é a base da responsabilidade advinda da inexecução total ou parcial das advinda da inexecução total ou parcial das obrigações. Tal conseqüência, entretanto, obrigações. Tal conseqüência, entretanto, poderá deixar de existir se o poderá deixar de existir se o descumprimento da obrigação ocorreu por descumprimento da obrigação ocorreu por força de força de um acontecimento de tal forma um acontecimento de tal forma poderoso e que tenha ocorrido à revelia da poderoso e que tenha ocorrido à revelia da vontade do devedor, que, por isso, lhe vontade do devedor, que, por isso, lhe exclua qualquer culpaexclua qualquer culpa. Esse acontecimento . Esse acontecimento é que, em direito, vem a ser o é que, em direito, vem a ser o caso fortuito caso fortuito ou força maiorou força maior”.”.

Por que, Por que, antes da escolhaantes da escolha, , não cabem caso fortuito e não cabem caso fortuito e

coisa maior?coisa maior?

Porque o gênero nunca Porque o gênero nunca perece*perece*

* * Genus perire non censeturGenus perire non censetur

Genus nunquam peritGenus nunquam perit O obrigado a O obrigado a

entregar entregar dez sacas dez sacas de caféde café não se não se exonera de sua exonera de sua obrigaçãoobrigação ainda que ainda que se tenham perdido se tenham perdido todas as todas as suas sacas,suas sacas, porque pode porque pode obtê-las no obtê-las no mercado ou em mercado ou em outra propriedade outra propriedade agrícolaagrícola

Gênero limitado de coisas Gênero limitado de coisas certascertas

O que é O que é gênero limitadogênero limitado??

Gênero limitadoGênero limitado é o é o circunscritocircunscrito àquelas coisas àquelas coisas certas certas que se acham em que se acham em determinado lugardeterminado lugar

ExemplosExemplos

Animais de Animais de determinada determinada fazendafazenda

Cereais de Cereais de determinado determinado depósitodepósito

ConsequênciaConsequência

O perecimento de todas as espécies O perecimento de todas as espécies que componham o que componham o genusgenus

acarretará a extinção da acarretará a extinção da obrigação.obrigação.

Obrigações de fazerObrigações de fazer

Arts. Arts. 247 a 247 a 249 249 CCBCCB

Obligatio faciendiObligatio faciendi

Abrange o Abrange o serviço serviço humano em humano em geralgeral

Qualquer forma Qualquer forma de atividade de atividade humana humana positiva, lícita, positiva, lícita, possível possível e e vantajosa ao vantajosa ao credorcredor pode pode constituir constituir objeto de objeto de obrigaçãoobrigação

Pode ser a Pode ser a prestação de prestação de um serviço, aum serviço, a execução de execução de uma tarefauma tarefa ((material ou material ou imaterialimaterial) em ) em benefício do benefício do credor credor ou de ou de terceiroterceiro

Prestações de coisas e Prestações de coisas e prestações de fatosprestações de fatos

Prestações de coisasPrestações de coisas

São as de darSão as de dar

Prestações de fatosPrestações de fatos

São as de São as de fazer ou de fazer ou de nãonão fazer fazer

As As de fatode fato podem podem consistir ...consistir ...

a) no trabalho a) no trabalho físicofísico ou ou intelectual intelectual ((serviços)serviços) determinado determinado pelo tempo, pelo tempo, gênero ou gênero ou qualidade;qualidade;

b) no trabalho b) no trabalho determinado determinado pelo pelo produtoproduto, , ou seja, pelo ou seja, pelo resultadoresultado

c) num fato c) num fato determinado determinado simplesmentsimplesmente pela e pela vantagem vantagem que traz ao que traz ao credorcredor

Diferença entre Diferença entre obrigação de obrigação de fazerfazer e obrigação de e obrigação de

dardar

Para a doutrina tradicionalPara a doutrina tradicional

Nas Nas obrigações de fazerobrigações de fazer, o credor , o credor pode, se quiser, pode, se quiser, rejeitar a prestação rejeitar a prestação por terceiropor terceiro

Nas Nas obrigações de darobrigações de dar,, admite-se o admite-se o cumprimento da obrigação cumprimento da obrigação por por outrooutro, , estranho aos interessadosestranho aos interessados

No entanto, No entanto, dar dar não deixa de ser não deixa de ser fazer alguma coisafazer alguma coisa

CCBCCB

Art. 305. O terceiro não interessado, Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.nos direitos do credor.

Parágrafo único. Se pagar antes de Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.reembolso no vencimento.

Outras possíveis distinçõesOutras possíveis distinções

Nas obrigações de Nas obrigações de dardar, , a prestação consiste na a prestação consiste na entrega de uma entrega de uma coisa, certa ou coisa, certa ou incertaincerta

Nas obrigações de Nas obrigações de fazerfazer, o objeto consiste , o objeto consiste em em ato ou serviço do ato ou serviço do devedordevedor

Duas espécies da obrigação Duas espécies da obrigação de fazerde fazer

Obrigação fungívelObrigação fungível

Quando o serviço puder ser prestado por Quando o serviço puder ser prestado por uma terceira pessoa, diferente do uma terceira pessoa, diferente do devedordevedor, a prestação será , a prestação será fungívelfungível

O devedorO devedor é facilmente substituível sem é facilmente substituível sem prejuízo para o credorprejuízo para o credor

ExemplosExemplos

Serviços do Serviços do pedreiro, do pedreiro, do eletricista, do eletricista, do mecânico, que, mecânico, que, não podendo não podendo fazer,fazer, mandam mandam um substitutoum substituto

Obrigação infungívelObrigação infungível

É aquela na qual É aquela na qual só interessa ao só interessa ao credor que o credor que o devedor faça o devedor faça o serviço, em serviço, em vista vista de suas de suas qualidades qualidades pessoais.pessoais.

É a obrigação É a obrigação intuitu personaeintuitu personae ou ou personalíssimapersonalíssima

DescumprimentoDescumprimento

A impossibilidade do devedor de A impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação de fazer, assim cumprir a obrigação de fazer, assim

como a como a recusa em executá-larecusa em executá-la, , acarreta o acarreta o inadimplemento da inadimplemento da

obrigaçãoobrigação

ResponsabilidadeResponsabilidade

SemSem culpa do devedor culpa do devedor

É a hipótese de É a hipótese de caso fortuitocaso fortuito ou ou força maiorforça maior

Resolve-se a Resolve-se a obrigação obrigação sem sem indenizaçãoindenização,, voltando as partes voltando as partes ao ao statu quo antestatu quo ante

ComCom culpa do devedor culpa do devedor

Havendo Havendo recusa recusa voluntáriavoluntária ou se o ou se o devedor devedor criou a criou a impossibilidade de impossibilidade de adimplir sua adimplir sua obrigação, obrigação, responderá por responderá por perdas e danosperdas e danos

Responsabilidade no Responsabilidade no inadimplemento de inadimplemento de

obrigação fungívelobrigação fungível

Como o credor está Como o credor está interessado interessado unicamente no unicamente no resultado da resultado da atividadeatividade, , sem lhe sem lhe importar se quem a importar se quem a presta é o devedor presta é o devedor ou terceiroou terceiro, poderá , poderá determinar determinar seja ela seja ela realizada por realizada por outrem, executando outrem, executando o devedor para se o devedor para se ressarcir das ressarcir das despesas, perdas e despesas, perdas e danosdanos

Responsabilidade no Responsabilidade no inadimplemento de inadimplemento de

obrigação infungívelobrigação infungível

É o caso da É o caso da obrigação obrigação personalíssima personalíssima ou ou intuitu personae.intuitu personae.

O devedor foi O devedor foi contratado em razão contratado em razão de sua de sua aptidão ou aptidão ou qualidade especialqualidade especial

Por sua natureza, a Por sua natureza, a prestação só pode prestação só pode ser executada ser executada pelo pelo próprio devedorpróprio devedor

Qualidade ou aptidão especialQualidade ou aptidão especial

Como se resolve a Como se resolve a inadimplência?inadimplência?

O não-cumprimento O não-cumprimento da obrigação da obrigação resolve-se resolve-se geralmente em geralmente em perdas e danosperdas e danos, pois , pois não se pode não se pode constranger o constranger o devedor fisicamente devedor fisicamente a executá-laa executá-la

No entanto ...No entanto ...

Execução específicaExecução específica

O credor pode ingressar em juízo O credor pode ingressar em juízo requerendo a requerendo a execução específica execução específica da obrigaçãoda obrigação

O juiz assinará prazo razoável ao O juiz assinará prazo razoável ao devedor para o cumprimento, após o devedor para o cumprimento, após o decurso do qual, ser-lhe á imposta decurso do qual, ser-lhe á imposta multa periódica (= astreinte)multa periódica (= astreinte)

AstreinteAstreinte

É a penalidade É a penalidade imposta através de imposta através de ação judicial, que ação judicial, que consiste em consiste em prestação periódicaprestação periódica (em geral, diária), (em geral, diária), que vai sendo que vai sendo acrescidaacrescida enquanto enquanto a prestação não for a prestação não for cumpridacumprida

É forma de É forma de coerçãocoerção econômica para econômica para que o devedor que o devedor cumpra a decisão cumpra a decisão imposta na imposta na sentença do juizsentença do juiz

CPCCPC Art. 461. Na ação que tenha por objeto o Art. 461. Na ação que tenha por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer ou não cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do resultado prático equivalente ao do adimplemento. .................adimplemento. .................

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito cumprimento do preceito

Quando se pode fixar Quando se pode fixar astreinte?astreinte?

O juiz poderá fixá-la nas obrigações O juiz poderá fixá-la nas obrigações de de fazer, de não fazer e de dar coisa fazer, de não fazer e de dar coisa certacerta

Não se aplica às de Não se aplica às de dar coisa incertadar coisa incerta, , de de pagar quantia em dinheiropagar quantia em dinheiro e de e de restituir dívida em dinheirorestituir dívida em dinheiro por por falta falta de provisão legalde provisão legal