o viÉs da industrializaÇÃo sob a Ótica...

100
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA DA PRODUTIVIDADE Alan Pereira Amorim Pacheco Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Luís Otávio Cocito de Araújo Rio de Janeiro Abril/2016

Upload: phungdung

Post on 12-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA DA

PRODUTIVIDADE

Alan Pereira Amorim Pacheco

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Luís Otávio Cocito de Araújo

Rio de Janeiro

Abril/2016

Page 2: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

ii

O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA DA PRODUTIVIDADE

Alan Pereira Amorim Pacheco

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

__________________________________________________

Prof. Luís Otávio Cocito de Araújo, D. Sc.

__________________________________________________

Prof. Leandro Torres Di Gregório, D. Sc.

__________________________________________________

Eng. Marcelino Carvalho

Rio de Janeiro

Abril/2016

Page 3: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

iii

Pacheco, Alan Pereira Amorim

O viés da industrialização sob a ótica da

produtividade / Alan Pereira Amorim Pacheco - Rio de

Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2016.

XII, p.88: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luís Otávio Cocito de Araújo

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 86-88

1. Construção Civil 2. Industrialização 3. Lajes Steel

Deck 4. Produtividade

I. Araújo, Luís Otávio Cocito. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Civil. III. O Viés da Industrialização Sob a

Ótica da Produtividade.

Page 4: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

iv

Dedico esse trabalho

aos meus pais.

Page 5: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

v

AGRADECIMENTOS

Sou grato e agradeço a Deus pela sua existência na minha vida.

Sou grato e agradeço aos meus pais, Joaquim José Amorim Pacheco e Sandra

Pereira Amorim Pacheco, pela paciência e por todo o apoio dado para que eu

seguisse em frente.

Sou grato e agradeço ao meu irmão, Thiago Pereira Amorim Pacheco, por ser

o meu maior exemplo.

Sou grato e agradeço à minha família canina, Bandit, Mili e Nick, pelos

inúmeros momentos de descontração e felicidade compartilhados.

Sou grato e agradeço aos meus padrinhos, Vera e Luís, por terem se

comprometido a fazer a minha matrícula na UFRJ no momento em que eu não

poderia.

Sou grato e agradeço a todos os meus familiares pela confiança depositada em

mim. Estendo meu agradecimento àqueles que não estão mais entre nós, mas que

ficariam orgulhosos dessa conquista.

Sou grato e agradeço a todos os professores da Escola Politécnica, em

especial ao meu orientador, Luís Otávio Cocito de Araújo, pelas conversas e por todo

o conhecimento transmitido ao longo do curso.

Sou grato e agradeço a todas as amizades construídas na UFRJ, em especial

ao meu amigo, Leonardo Santelli Guerra, pela serenidade e pela competência.

Sou grato e agradeço aos meus ex-chefes, Eduardo Mauad e Luís Otávio

Cocito de Araújo, por terem acreditado em mim e dado a oportunidade que eu

precisava para estagiar.

Sou grato e agradeço a toda equipe envolvida no projeto piloto de

produtividade, desde os técnicos que apropriaram os dados até o diretor da empresa

que topou a idéia.

Sou grato e agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para que eu

me tornasse um ser humano melhor.

Page 6: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

O viés da industrialização sob a ótica da produtividade

Alan Pereira Amorim Pacheco

Abril/2016

Orientador: Luís Otávio Cocito de Araújo

Curso: Engenharia Civil

Um olhar atento e uma visão crítica sobre o método convencional construtivo

levam a percepção de que ele apresenta uma série de problemas, contribuindo para o

aumento do desperdício de recursos e o aparecimento de patologias nas edificações.

Esse ambiente de trabalho atrai cada vez menos profissionais interessados e portanto,

a necessidade de modernização do setor da construção civil é debatida mundialmente.

A industrialização da construção surge, então, como um caminho alternativo para que

o conceito de como se constrói atualmente seja transformado. Neste sentido, este

trabalho espera contribuir com uma discussão sobre a produtividade neste ambiente

de construção industrializada através da análise da montagem de lajes Steel Deck.

Palavras chave: industrialização, construção civil, produtividade, Steel Deck.

Page 7: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

vii

Abstract of Undergraduate Project to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

The trend of industrialization from the perspective of productivity

Alan Pereira Amorim Pacheco

April/2016

Advisor: Luís Otávio Cocito de Araújo

Course: Civil Engineering

A closer look and a critical view of the constructive conventional method lead to

the perception that it presents a number of problems, contributing to the increase in the

waste of resources and the appearance of pathologies in buildings. This work

environment attracts less and less interested professionals and therefore, the need for

modernization of the construction industry is debated worldwide. The industrialization

of construction comes up, then, as an alternative way so that the concept of how it

currently builds can be transformed. In this sense, this work hopes to contribute to a

discussion on productivity in this industrialized building environment by analyzing the

erection of Steel Deck slabs.

Keywords: industrialization, construction, productivity, Steel Deck.

Page 8: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

viii

SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................. 1

1.1. Contexto do Trabalho ......................................................................................... 1

1.2. Justificativa do Trabalho ..................................................................................... 3

1.3. Objetivo .............................................................................................................. 5

1.4. Hipótese ............................................................................................................. 6

1.5. Metodologia de Pesquisa ................................................................................... 6

1.6. Apresentação dos Capítulos ............................................................................... 7

2. A Construção Industrializada .................................................................................... 9

2.1. Considerações Iniciais ........................................................................................ 9

2.2. Conceituação ................................................................................................... 10

2.3. Mecanização do Canteiro ................................................................................. 11

2.4. Benefícios da Industrialização .......................................................................... 12

2.5. Principais Etapas do Processo Industrializado ................................................. 13

2.5.1. Planejamento ............................................................................................. 13

2.5.2. Fabricação ................................................................................................. 15

2.5.3. Transporte ................................................................................................. 15

2.5.4. Montagem .................................................................................................. 16

3. Sistema Industrializado: Lajes Steel Deck .............................................................. 18

3.1. Considerações Iniciais ...................................................................................... 18

3.2. Conceituação ................................................................................................... 19

3.3. Vantagens Construtivas ................................................................................... 21

3.4. Montagem Segura do Steel Deck ..................................................................... 22

3.4.1. Vigilância permanente................................................................................ 22

3.4.2. Içamento dos fardos .................................................................................. 23

3.4.3. Plataforma de trabalho segura ................................................................... 24

3.4.4. Distribuição das chapas ............................................................................. 25

3.4.5. Fixação das chapas ................................................................................... 25

3.4.6. Instalação dos conectores de cisalhamento ............................................... 28

3.4.7. Recomendações de segurança .................................................................. 29

3.4.8. Outras recomendações .............................................................................. 30

3.5. Considerações sobre o Capítulo ...................................................................... 31

4. A Produtividade na Construção Civil ....................................................................... 32

4.1. A Gestão da Produtividade ............................................................................... 32

4.1.1. A Gestão do Prazo ..................................................................................... 32

4.1.2. A Importância da Informação ..................................................................... 35

4.1.3. A Variabilidade da Produtividade ............................................................... 36

4.1.4. O Papel do Gestor ..................................................................................... 37

Page 9: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

ix

4.2. A Apropriação da Informação ........................................................................... 38

4.2.1. A Definição da Amostra ............................................................................. 38

4.2.2. A Figura do Apropriador ............................................................................. 38

4.2.3. A Auditoria dos Dados ............................................................................... 39

4.3. A Mensuração da Produtividade ....................................................................... 40

4.3.1. O Modelo dos Fatores ................................................................................ 40

4.3.2. O Indicador de Produtividade ..................................................................... 42

4.3.3. As Classificações do Indicador de Produtividade ....................................... 44

4.4. O Modelo de Estratificação............................................................................... 45

4.4.1. Conceituação ............................................................................................. 45

4.4.2. A Definição das IDs Principais ................................................................... 47

4.4.3. O Aprofundamento da Análise ................................................................... 48

4.4.4. O Software de Apropriação ........................................................................ 50

5. Estudo de Caso ...................................................................................................... 52

5.1. Descrição ......................................................................................................... 52

5.2. Etapas Consideradas no Cômputo do Indicador ............................................... 52

5.3. Dados Coletados .............................................................................................. 55

5.4. Indicador de Produtividade do Serviço ............................................................. 59

5.5. Estimativa de Prazo para Conclusão do Serviço .............................................. 60

5.6. Desvendando os Indicadores de Produtividade ................................................ 62

5.6.1. RUP Diária ................................................................................................. 62

5.6.2. RUP Cumulativa ........................................................................................ 68

6. Considerações Finais ............................................................................................. 83

6.1. Conclusões ...................................................................................................... 83

6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros ................................................................... 85

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 86

Page 10: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.1 - Sistema Steel Deck.................................................................................. 20

Figura 3.2 - Içamento dos fardos de Steel Deck. ........................................................ 23

Figura 3.3 - Pistola à pólvora (esq.) e Pistola de parafuso autoperfurante (dir.). ......... 26

Figura 3.4 - Ferramenta pneumática. .......................................................................... 27

Figura 4.1 - Confronto de 3 Curvas S com diferentes produtividades. ........................ 32

Figura 4.2 - Ciclo PDCA. ............................................................................................. 35

Figura 4.3 - Representação gráfica do Modelo dos Fatores. ....................................... 41

Figura 4.4 - Relação entre entradas e saídas em um processo produtivo. .................. 42

Figura 4.5 - Representação dos diferentes tipos de RUP. .......................................... 44

Figura 4.6 - Principais frações do indicador de produtividade. .................................... 45

Figura 4.7 - Exemplo de estratificação da produtividade cumulativa. .......................... 46

Figura 4.8 - Exemplo da fração de serviço referente à produtividade cumulativa

estratificada. ............................................................................................................... 46

Figura 4.9 - Exemplo de estratificação do indicador de produtividade no 2° nível de

detalhamento. ............................................................................................................. 48

Figura 4.10 - Disposição do software de apropriação no PDA. ................................... 50

Figura 5.1 - Fluxograma reduzido para a montagem de lajes Steel Deck ................... 53

Figura 5.2 - Lançamento, posicionamento e travamento do deck na base (S.MDECK)

................................................................................................................................... 54

Figura 5.3 - Interligação das laterais do deck (S.COSTURA) ...................................... 54

Figura 5.4 - Medições e cortes no deck (S.PREP) ...................................................... 54

Figura 5.5 - Montagem de acessórios e dispositivos que pertençam ao deck (S.ACES)

................................................................................................................................... 54

Figura 5.6 - RUPs da montagem de lajes Steel Deck ................................................. 61

Figura 5.7 - RUP diária dos dias levantados ............................................................... 62

Figura 5.8 - RUP diária dos dias levantados (em maior escala) .................................. 63

Figura 5.9 - Estratificação da RUP diária dos dias 1 e 6 ............................................. 63

Figura 5.10 - Estratificação de nível 2 da ID de serviço da RUP diária do dia 1 .......... 64

Figura 5.11 - Estratificação de nível 2 da ID de mobilização da RUP diária do dia 6 .. 65

Figura 5.12 - RUP diária dos dias típicos de trabalho ................................................. 66

Figura 5.13 - Estratificação de nível 1 da RUP diária dos dias típicos de trabalho ...... 66

Figura 5.14 - ID de serviço da RUP diária dos dias típicos de trabalho ....................... 67

Figura 5.15 - Estratificação de nível 2 da RUP diária dos dias típicos de trabalho ...... 68

Figura 5.16 - RUP cumulativa dos dias levantados ..................................................... 68

Figura 5.17 - Estratificação da RUP cumulativa do último dia levantado ..................... 69

Figura 5.18 - RUPs da ID de serviço ........................................................................... 70

Figura 5.19 - Estratificação de nível 2 da ID de serviço .............................................. 71

Figura 5.20 - RUPs da ID de mobilização ................................................................... 72

Figura 5.21 - Estratificação de nível 2 da ID de mobilização ....................................... 73

Figura 5.22 - Atividades mais impactantes da ID de mobilização ................................ 73

Figura 5.23 - RUPs da ID de paralisação .................................................................... 74

Figura 5.24 - Estratificação de nível 2 da ID de paralisação........................................ 75

Figura 5.25 - Atividades mais impactantes da ID de paralisação ................................ 76

Figura 5.26 - RUPs da ID de delay ............................................................................. 76

Figura 5.27 - Estratificação de nível 2 da ID de delay ................................................. 77

Figura 5.28 - Atividades mais impactantes da ID de delay .......................................... 78

Figura 5.29 - RUPs da ID de apoio ............................................................................. 78

Figura 5.30 - Estratificação de nível 2 da ID de apoio ................................................. 79

Page 11: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

xi

Figura 5.31 - Atividades mais impactantes da ID de apoio .......................................... 80

Figura 5.32 - RUPs da ID de deslocamento ................................................................ 80

Figura 5.33 - Estratificação de nível 2 da ID de deslocamento .................................... 81

Figura 5.34 - Atividades mais impactantes da ID de deslocamento ............................ 82

Page 12: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

xii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 4.1 - Descrição das causas de atrasos mais comuns ...................................... 33

Tabela 5.1 - Identificação das IDs de nível 2 .............................................................. 53

Tabela 5.2 - Exemplo dos dados coletados ................................................................ 55

Tabela 5.3 - Área montada de Steel Deck não corrigida ............................................. 56

Tabela 5.4 - Valores decimais do tempo gasto nas atividades da ID de serviço ......... 57

Tabela 5.5 - Procedimento de cálculo dos fatores de correção ................................... 57

Tabela 5.6 - Aplicação dos fatores de correção .......................................................... 58

Tabela 5.7 - Área montada de Steel Deck corrigida .................................................... 58

Tabela 5.8 - Indicadores de produtividade da montagem de Steel Deck ..................... 59

Tabela 5.9 - Informações gerais da montagem de Steel Deck .................................... 60

Tabela 6.1 - Impacto das atividades da montagem de Steel Deck no consumo dos

recursos ...................................................................................................................... 84

Page 13: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

1

1. Introdução

1.1. Contexto do Trabalho

A indústria da construção civil possui uma série de particularidades que a

diferencia das demais indústrias (automobilística, aeronáutica, farmacêutica, etc.). O

contexto criado pelo conjunto dessas particularidades aumenta o grau de

complexidade dessa indústria de características únicas e portanto, ela demanda um

tratamento diferenciado da questão da produtividade.

Uma das características mais marcantes desse comportamento único é seu

aspecto itinerante. A indústria da construção civil se locomove para produzir as

edificações. A cada nova obra, um novo canteiro é estruturado para que uma nova

fábrica surja. Ao final do processo, o bem fica pronto e a indústria sai.

Um canteiro mal dimensionado e planejado vai trazer reflexos negativos para a

obra. Esse espaço que é compartilhado, normalmente, por diversas empresas

diferentes precisa se readequar ao longo da mesma obra à medida que ela evolui.

Soma-se também a esse aspecto, toda a questão logística relacionada à viabilização

de equipamentos e recebimento de materiais.

Outra característica relevante da construção civil é que a sua indústria é

afetada pelas condições atmosféricas como nenhuma outra. Como a sua fábrica é

montada ao ar livre, o desenvolvimento do trabalho fica à mercê dos fatores climáticos.

No Brasil, a construção é freqüentemente impactada pelas chuvas, atrapalhando as

obras. Para contornar essa dificuldade, as obras precisam se programar para trabalhar

nessa situação.

Page 14: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

2

É importante também chamar atenção para o fato de que a indústria da

construção civil é uma das únicas que inicia a execução de seus serviços sem que os

aspectos inerentes à construção estejam totalmente resolvidos. Projetos sem o devido

grau de maturidade são usados e acabam por influenciar a boa condução da obra.

Embora existam diversas maneiras de se chegar a uma mesma resposta com

projetos diferentes, nem sempre é exigido o projeto cuja resposta será a mais

exeqüível possível e que demandará a menor quantidade de recursos. A

incompatibilidade, a falta de detalhamento e de construtibilidade dos projetos são

responsáveis por muitos dos problemas existentes no ambiente de construção.

Por fim, vale destacar que a construção civil empenha recurso humano em

quantidade significativa. O setor é altamente dependente dos serviços realizados pelo

esforço dessa mão de obra. Gerenciar esse recurso que tem vontade própria é uma

tarefa complexa, pois existe uma carga de questões pessoais que influenciam o seu

dia a dia e interferem na produtividade final do processo.

Portanto, toda a complexidade gerada pelo contexto atual, no qual a indústria

da construção civil está inserida, contribui para o aumento dos riscos envolvidos nas

suas operações, para um ambiente hostil aos seus trabalhadores e para o aumento do

desgaste físico no ambiente de produção.

O desafio consiste, então, em entender este panorama e enxergar as

transformações necessárias para que a construção civil se torne cada vez mais

produtiva, menos dispendiosa e mais atraente ao profissional que vai ingressar no

setor. Caso contrário, nada mudará.

Page 15: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

3

1.2. Justificativa do Trabalho

A necessidade de modernização das técnicas construtivas com o intuito de se

chegar ao processo construtivo industrializado é discutida em escala global. As

pessoas não estão mais dispostas a encarar a indústria da construção civil como ela

se coloca atualmente. Há uma dificuldade cada vez maior de se atrair mão de obra

para trabalhar nesse setor.

À medida que a população começa a buscar e ter acesso a uma melhor

educação, ela migra para empregos em outros setores. O ganho em qualificação

permite que essas pessoas galguem outros postos no mercado de trabalho. Isso

desguarnece a construção civil e leva à necessidade de processos que demandem

menos mão de obra.

Portanto, um dos caminhos para se resolver esse problema de ordem mundial

consistiria em tornar esse ambiente de trabalho mais atraente. Isso significaria mexer

em tecnologia de construção, em processos construtivos, em aumentar o grau de

mecanização, ou seja, em mudar o conceito de como se constrói hoje em dia.

A baixa atratividade, em função das atuais condições impostas (risco inerente,

ambiente insalubre, esforços demasiados demandados no ambiente da construção,

etc.), acaba sendo um fator que impulsiona a mudança. A necessidade de

atendimento de prazos também força as empresas a mexerem em seus processos e

tecnologias. Em resumo, pode-se dizer que a própria necessidade gera transformação.

O rompimento da prática tradicional e a transição para a construção

industrializada não pode ser feita do dia para noite, embora já existam bons exemplos

que identificam e espelham esse conceito. Também conhecida pelo termo construção

off-site, ela se difere do modelo convencional por ser feita fora do canteiro de obra e

ser modularizada. A moldagem sai de cena e o que impera passa a ser a montagem.

Page 16: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

4

O fato de se trabalhar com montagem permitiria que profissionais mais

preparados fossem atraídos, porque a condição de trabalho seria outra, o desgaste

físico exigido pelas operações cairia e os riscos envolvidos seriam menores. Com

menos riscos, um ambiente mais salubre e melhores condições de trabalho, as

pessoas com maior grau de qualificação seriam estimuladas a buscar oportunidades

no setor da construção civil.

Esse novo conceito de construção, portanto, é feito em um ambiente fabril

controlado, onde é possível oferecer condições dignas ao trabalhador. Todo esse

ambiente climatizado e protegido torna o trabalho propício à obtenção de maior

produtividade.

É importante trilhar esse caminho para que o mercado se torne mais atrativo,

porém, a industrialização por si só oferece desafios. As obras industrializadas que se

têm notícia, talvez não estejam com todas as suas competências assumidas e

funcionando dentro de um círculo virtuoso de produtividade.

É preciso olhar com mais afinco para os ambientes de produção que também

ocorrem na esfera industrial para que os seus problemas possam ser resolvidos.

Dessa forma, a produtividade vai poder ser potencializada nesse novo tipo de

construção.

Este trabalho espera contribuir com uma discussão que precisa ser levada para

esse ambiente de obras industrializadas. É importante chamar a atenção para que a

preocupação com a produtividade se estenda também a esses processos

industrializados.

Vale destacar que o atendimento do potencial produtivo da obra só é passível

de verificação com base em informação. A implementação de modelos e ferramentas

que permitam o seu acesso, a sua manipulação e a sua compreensão torna-se, então,

essencial para o sucesso do negócio da construção civil.

Page 17: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

5

Esse aspecto, no qual a informação é percebida como um ativo precioso para

quem atua ou pretende atuar no ramo da construção civil, vem se tornando cada vez

mais crucial. No entanto, as pessoas ainda têm certa dificuldade de enxergar,

trabalhar e até mesmo valorar esse bem.

As empresas buscam o resultado financeiro, mas nem sempre percebem que

ele pode ser majorado em função do maior aproveitamento das informações

produzidas neste negócio. Os serviços executados revelam números que aparecem e

desaparecem sem terem sido devidamente apropriados. As informações geralmente

são perdidas ao longo do processo construtivo.

É preciso entender que a obra, além dos resultados financeiros desejados,

pode ser um celeiro de ótimas informações. A captura da informação servirá para

melhorar a gestão da própria obra, assim como, se trabalhada, agrupada e

armazenada, servirá como insumo para os novos projetos que virão.

Portanto, para que a indústria da construção civil continue prosperando e

oferecendo rentabilidade para aqueles que se predispõem a investir nela, ela precisa

oferecer melhores produtividades. O produto precisa ser feito com quantidades cada

vez menores de recursos para que seja atraente do ponto de vista financeiro.

1.3. Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é discutir a questão da gestão em processos

industrializados da construção civil. Essa discussão, que será embasada por

resultados obtidos da análise da montagem de lajes Steel Deck, procurará refutar a

idéia de que a gestão perde seu valor diante desse cenário tido como ideal e reforçará

a sua importância para que o potencial de produtividade deste tipo de obra seja

plenamente alcançado.

Page 18: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

6

1.4. Hipótese

Para este trabalho, formulou-se a seguinte hipótese:

Os processos industrializados não estão isentos de problemas de gestão e

portanto, não se pode afirmar que a industrialização por si só seja suficiente para a

obtenção do potencial máximo de produtividade.

1.5. Metodologia de Pesquisa

Inicialmente, a metodologia de pesquisa deste trabalho consistiu na reunião da

bibliografia existente sobre o tema, a fim de que os principais conceitos utilizados no

estudo de caso pudessem ser compreendidos. O foco dado nesta pesquisa

bibliográfica explorou, sobretudo, os aspectos relativos á gestão.

Concluída essa primeira fase, pôde-se ir a campo em busca das informações

desejadas. Assim, os dados gerados na montagem do Steel Deck foram devidamente

apropriados durante quatorze dias de levantamento. Por fim, a análise destes dados

proporcionou base teórica para atestar a validade da hipótese inicialmente formulada.

É importante destacar que alguns temas pesquisados mostraram-se carentes

de bibliografia e por esse motivo, algumas informações presentes neste trabalho

ficaram restritas às poucas fontes existentes.

Page 19: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

7

1.6. Apresentação dos Capítulos

1° Capítulo - Introdução

Neste capítulo, foram apresentadas as características da indústria da

construção civil, seus problemas atuais, os caminhos que poderiam ser trilhados para

a solução desses problemas, a preocupação quanto à produtividade de construções

industrializadas e a importância de se obter a informação para que a gestão seja

trabalhada neste novo ambiente de trabalho.

2° Capítulo - A Construção Industrializada

Neste capítulo, foi apresentado um breve histórico sobre a industrialização na

construção civil, a caracterização e conceituação dos processos construtivos

existentes, a necessidade de mecanização das atividades desenvolvidas neste

ambiente de obra, os benefícios e etapas que estão atreladas à este tipo de

construção.

3° Capítulo - Sistema Industrializado: Lajes Steel Deck

Neste capítulo, foi apresentado um breve histórico sobre o sistema de lajes

mistas, a caracterização e conceituação da laje Steel Deck, suas vantagens

construtivas e os procedimentos que devem ser seguidos para uma montagem

adequada e segura deste tipo de laje.

4° Capítulo - A Produtividade na Construção Civil

Neste capítulo, foram apresentados todos os aspectos relativos à gestão da

produtividade, à apropriação da informação e aos modelos de mensuração da

produtividade, com destaque para o Modelo de Estratificação.

Page 20: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

8

5° Capítulo - Estudo de Caso

Neste capítulo, foi apresentado uma descrição da obra estudada, as etapas

consideradas no cômputo do indicador de produtividade, os dados coletados, o

indicador de produtividade, estimativas de prazo para conclusão e análises dos índices

revelados para a montagem de lajes Steel Deck.

6° Capítulo - Considerações Finais

Neste capítulo, foram apresentadas as principais conclusões obtidas ao longo

deste trabalho.

Page 21: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

9

2. A Construção Industrializada

2.1. Considerações Iniciais

Após o término da Segunda Guerra Mundial, os países desenvolvidos da

América do Norte, Europa e Ásia intensificaram o uso de sistemas construtivos

prontos, pré-fabricados, que garantissem maior produtividade e economia de mão de

obra (FARIA, 2008).

No Brasil, a pré-fabricação ou industrialização na construção civil teve início

com o uso do concreto armado e da estrutura metálica (aço) seguidas de chapas de

gesso acartonado com montante metálico para vedações do tipo drywall, entre outras.

Além destes, pode-se citar também o uso de banheiros prontos (ABDI, 2015).

A escolha do Brasil como país sede de eventos esportivos de grande alcance

(Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016) contribuiu para o uso em maior

intensidade de processos construtivos industrializados que visassem o cumprimento

dos prazos das obras.

Porém, Sayegh (2005) afirma que apesar das suas qualidades inerentes, a

construção com elementos pré-fabricados no país ainda é pouco explorada. A autora

cita como razões que explicam esse baixo aproveitamento da construção

industrializada: a pouca especialização da mão de obra e a falta de organização,

planejamento e logística de muitas construtoras.

Conforme Féria (2014), o método construtivo tradicional ainda está presente na

maior parte dos edifícios residenciais, com as estruturas de concreto sendo moldadas

in loco (pilares, vigas e lajes) e paredes de alvenaria de blocos cerâmico ou concreto.

Para Oliveira (2008), a popularidade inabalável da alvenaria como sistema de

fechamento mostra como a construção brasileira ainda mantêm o tradicionalismo de

outrora.

Page 22: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

10

2.2. Conceituação

A ABDI (2015) classifica os processos construtivos em quatro diferentes

categorias: tradicional, convencional, racionalizado e industrializado ou pré-fabricado.

O processo construtivo tradicional é caracterizado pelo uso de técnicas artesanais, o

convencional pelo uso de tecnologias recorrentes no mercado e o racionalizado por

melhorias gradativas dos processos construtivos convencionais.

Sabbatini (1989 apud MARQUES, 2013) define a racionalização construtiva

como sendo um processo composto por um conjunto de ações que buscam otimizar a

utilização dos recursos disponíveis em qualquer uma das fases da construção, sejam

eles materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais ou

financeiros.

Racionalizar é, portanto, ter um olhar crítico sobre o processo construtivo

convencional para orientá-lo no sentido de se buscar melhorias da qualidade e

desempenho das construções, a diminuição de patologias, ganhos de produtividade, o

aumento da segurança no ambiente de trabalho, entre outros aspectos.

A industrialização retrata o mais elevado estágio de racionalização dos

processos construtivos. A produção de seus componentes é realizada em ambiente

industrial e sua posterior montagem é feita nos canteiros de obras. Possibilita-se,

assim, melhores condições de controle e a adoção de novas tecnologias (ABDI, 2015).

Segundo Ribeiro (2002), a construção industrializada é caracterizada sobretudo

por procedimentos baseados em componentes de fábrica, ou componentes

construtivos funcionais, produzidos em série, com o objetivo de tornar o processo

construtivo mais rápido e reduzir ao máximo as operações no canteiro de obra.

Page 23: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

11

2.3. Mecanização do Canteiro

Quando obras são executadas em sistemas construtivos industrializados, há

uma maior necessidade de mecanização das atividades. O êxito nessa tarefa vai

depender da correta especificação dos equipamentos que serão utilizados. Fatores

ligados à viabilidade logística desses equipamentos, como o transporte, os acessos e

o espaço do canteiro, precisam ser analisados. Além destes, são analisados os

ganhos de produtividade e os investimentos financeiros que possam estar atrelados à

aquisição desses equipamentos (ABDI, 2015).

A mecanização do canteiro de obras pode trazer inúmeras vantagens, como: a

redução da movimentação de operários, a melhora da qualidade do produto devido à

menor variabilidade de execução e ainda possibilita a adoção de novos sistemas

construtivos na obra, pois os equipamentos podem movimentar cargas maiores. No

entanto, a sua maior vantagem ainda é a rapidez conferida à execução (CICHINELLI,

2014).

No entanto, Tamaki (2010) adverte que o maquinário necessário para o uso de

sistemas industrializados pode se constituir em uma barreira à industrialização, seja

pelo custo ou pela dificuldade de acesso ao local da construção. Fora dos grandes

centros urbanos é improvável que se encontrem, por exemplo, gruas de grande porte.

Em relação às grandes cidades do país, o maior problema observado é o acesso,

tornando inviável a locação em ruas estreitas e o uso em terrenos de pouca

metragem.

Por fim, Cichinelli (2014) afirma que o uso da mecanização deve ser avaliado

caso a caso. Para assegurar o potencial máximo de produtividade dos equipamentos,

deve ser elaborado um projeto de canteiro, no qual constem: o plano de ataque, o

estudo de macrologística, o layout da obra em todos os momentos de execução e um

microplanejamento de cada serviço a ser executado.

Page 24: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

12

2.4. Benefícios da Industrialização

Segundo ABDI (2015), os benefícios oriundos da industrialização dos

processos construtivos englobam desde a racionalização dos recursos até melhorias

da qualidade final do produto, pois estes passam a ser fabricados em indústrias, onde

em geral, há maior controle de qualidade.

Moura e Sá (2014) resumem alguns desses benefícios:

a) Maior controle e segurança;

b) Aumento do nível de qualidade final do produto;

c) Eliminação de desperdícios;

d) Redução da quantidade de operários;

e) Modulação, uniformidade e padronização;

f) Rapidez de execução;

g) Menor geração de resíduos;

h) Ganhos de produtividade.

De acordo com Spadeto (2011), a industrialização também resulta em

benefícios no aspecto social. Quando sistemas construtivos são desenvolvidos dentro

de indústrias, a mão de obra passa a contar com melhores condições de trabalho e

por conseguinte, os riscos de acidentes são minorados.

Da mesma forma, a industrialização pode influenciar positivamente a

construção sustentável, uma vez que muitos materiais e componentes podem ser

reutilizados e reciclados. Ademais, a adoção de soluções sustentáveis podem ser

vistas como diferenciais do empreendimento devido à economia futura que elas

podem proporcionar aos usuários (SEBRAE, 2014).

Page 25: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

13

2.5. Principais Etapas do Processo Industrializado

2.5.1. Planejamento

Antes de se optar pelo uso de componentes, elementos e sistemas construtivos

industrializados é preciso que seja feita uma análise prévia sobre a sua viabilidade.

Essa análise prévia deve incluir os aspectos técnicos (aplicabilidade e integração com

os demais sistemas) e os aspectos econômicos (vantagens sobre o prazo e custos)

(ABDI, 2015).

A análise sobre a viabilidade da construção industrializada é, muita vezes, feita

de forma errônea e isso acaba dando a falsa impressão de que ela deva ser mais

custosa. Quando comparada diretamente com a construção convencional, seu valor

tende a ser maior, pois há todo um investimento atrelado para que se crie um

ambiente propício a este tipo de produção.

Porém, a conta correta para a viabilização de um empreendimento executado

nesse tipo de construção deveria ser a de verificar o quanto ele custará ao final de 50

anos de uso e assim buscar fazer a comparação que seria a mais acertada. Para que

sejam condizentes de comparação, os custos da construção convencional e da

industrializada devem ser avaliados ao longo da vida útil do bem.

Não existe uma cultura de manutenção preventiva no país, mas, sim, corretiva.

A soma dos custos gerados pela manutenção preventiva ao longos dos anos não é

levada em conta nos cálculos da viabilidade. São valores expressivos que podem até

mesmo ultrapassar o valor do investimento inicial daquele empreendimento.

Quando se pensa na adoção de processos construtivos industrializados, deve-

se considerar que existe a introdução de componentes que vão elevar a durabilidade

das obras, de sistemas construtivos que vão facilitar sua manutenção e que vão tornar

menos dispendiosos os custos ao longo dos anos. Com isso, os custos do

empreendimento são colocados para baixo.

Page 26: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

14

O potencial de desempenho oferecido por este tipo de construção é outro ponto

importante a se observar. O Brasil vivencia um grave problema em relação ao

desempenho ofertado pelas suas unidades habitacionais. Uma obra é feita para durar

50 anos, desde que, de tempos em tempos, haja uma programação para substituição

de seus componentes.

A NBR 15575 (2013) preconiza que os sistemas construtivos habitacionais

devem cumprir requisitos mínimos de desempenho relativos à segurança (segurança

contra incêndio, segurança no uso e operação e desempenho mecânico),

habitabilidade (desempenhos térmico, acústico e lumínico, estanqueidade, saúde,

higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil) e

sustentabilidade (adequação ambiental, durabilidade, manutenibilidade).

Os processos construtivos industrializados se distinguem dos demais não só

por suas vantagens técnicas de rapidez de montagem, mas também, por oferecer

maior potencial de desempenho, fruto deste ambiente industrial onde há maior rigor

nos controles de qualidade e precisão dimensional. Esse tipo de construção precisa

fornecer condições que simplifiquem a vida dos usuários, facilitando a manutenção e

barateando os custos pós obra.

De acordo com ABDI (2015), o êxito na produção de edificações que façam uso

de componentes, elementos ou sistemas industrializados vai depender diretamente da

qualidade do seu planejamento. Esse tipo de construção lida com processos mais

precisos e por isso, há uma maior necessidade de integração dos envolvidos

(fornecedores de materiais, projetistas e executores) e de interação entre as

informações geradas nas fases de projeto, execução e manutenção. Essa prática leva

a planejamentos mais bem detalhados, assim como, à eliminação de falhas e

imprevistos, uma vez que, os sistemas construtivos industrializados são mais

intolerantes a esses tipos de problemas.

Page 27: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

15

2.5.2. Fabricação

A produção dos componentes industrializados ocorre em ambiente industrial e

por esse motivo, há maior possibilidade de efetuar o controle de qualidade dos

materiais utilizados na sua fabricação, em comparação ao que ocorre no canteiro de

obra. Para que estes materiais possam proporcionar o desempenho pretendido, eles

devem ser ensaiados regularmente e verificados quanto ao atendimento aos requisitos

mínimos. Além disso, a armazenagem desses materiais no interior das fábricas é um

aspecto positivo a ser destacado, uma vez que esta pode ser prejudicada quando feita

em um canteiro de obra devido a sua natureza intrínseca aos processos convencionais

(ABDI, 2015).

2.5.3. Transporte

Pinho (2005) lista os principais procedimentos que devem ser observados para

o adequado planejamento e execução do transporte de peças industrializadas:

1. Análise da disponibilidade de meios e vias de transporte no trajeto, de modo

que a modalidade de transporte escolhida seja a mais adequada para vencer a

distância entre a fábrica e a obra.

2. Verificação das limitações dimensionais, capacidade de carga e rendimentos

dos veículos transportadores.

3. O ritmo de embarque de peças prontas deve ser definido em função da sua

disponibilidade e do espaço de armazenagem no local de montagem. Para

que sejam armazenadas de forma adequada na obra, o embarque das peças

não deve sobrecarregar o limite tolerável de espaço e deve seguir o

planejamento de montagem. Canteiros que não possuam área suficiente para

estocagem das peças devem contar com uma programação precisa de

transporte, pois nestes casos, o excesso de embarques resultaria em falta de

espaço na obra e seus atrasos provocariam a paralisação da montagem.

Page 28: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

16

4. A ordem de embarque das peças deve estar de acordo com a seqüência de

montagem e a forma como serão estocadas no canteiro. Quando a área de

armazenagem for restrita e as peças tiverem que ser empilhadas umas sobre

as outras, pode ser necessário embarcar antes um grupo de peças que serão

montadas depois, conseguindo-se assim, que as primeiras peças a serem

montadas fiquem no topo da pilha.

5. O planejamento de transporte também deve incluir a análise sobre a

disponibilidade de espaço de armazenagem das peças na própria fábrica, uma

vez que pode haver limitações nesse sentido. Nos casos em que o canteiro de

obras atingiu o seu limite de recebimento de peças e há falta de espaço na

fábrica para armazenagem dos excedentes, deve-se criar um pátio

intermediário de estocagem no trajeto que fique o mais próximo possível do

local da obra a fim de facilitar as operações de transbordo, otimizando o uso de

equipamentos e veículos de transporte.

6. O acondicionamento das peças deve ser feito de tal modo que as mais

pesadas sejam embarcadas sob as mais leves. A utilização de caibros de

madeira entre as camadas de peças facilita a passagem de cabos ou cintas

para as operações de carga e descarga.

2.5.4. Montagem

De acordo com Belley, Pinho e Pinho (2008), além da necessidade de

coordenação e planejamento desde a fase de projeto, a montagem exige também que

providências anteriores à sua realização sejam tomadas para garantir a sua rapidez de

execução. Esse planejamento de montagem deve englobar desde os aspectos

relativos à logística da operação (mobilização de pessoal e equipamentos) até os

estudos detalhados de engenharia a respeito das cargas envolvidas, do correto

posicionamento e da capacidade dos equipamentos de içamento.

Page 29: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

17

2.5.4.1. Equipamentos de içamento vertical

Segundo Pinho (2005), as gruas e os guindastes são os equipamentos de

içamento vertical mais comuns nas obras. As gruas possuem como característica

principal uma torre vertical na qual se apóia uma lança horizontal, enquanto que os

guindastes mais comuns são formados por um veículo que se desloca sobre o solo, do

qual parte uma lança que pode se projetar para cima formando vários ângulos

diferentes com a horizontal.

De acordo com ABDI (2015), durante a elaboração do plano de montagem,

deve-se identificar a necessidade de ser ter um plano içamento ou plano de rigging

que defina de maneira técnica como as operações com os equipamentos de transporte

verticais devem ser realizadas. Esse planejamento contribui com o aumento de

segurança, a diminuição dos riscos humanos e aos equipamentos e a otimização do

uso de acessórios.

2.5.4.2. Equipamentos de transporte horizontal

Na montagem, as peças devem ser descarregadas e armazenadas o mais

próximo da obra. O cenário ideal é aquele em que as peças se encontrem dentro do

raio de ação do equipamento, não sendo necessário o transporte horizontal. Quando

isto não ocorre e as peças são armazenadas longe da obra, o transporte horizontal é

inevitável e pode ser feito por caminhões ou reboques (PINHO, 2005).

Page 30: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

18

3. Sistema Industrializado: Lajes Steel Deck

3.1. Considerações Iniciais

Por volta da década de 30, engenheiros e projetistas norte-americanos

estimulados não só pela busca por avanços tecnológicos, como também por fatores

econômicos, perceberam que a integração das propriedades estruturais de uma chapa

conformada a frio (denominada comercialmente Steel Deck) com o concreto poderia

trazer inúmeras vantagens (GOMES, 2001).

De acordo com Campos (2001), o sistema de lajes mistas é o resultado da

combinação estrutural entre esses dois elementos principais: a fôrma metálica (Steel

Deck) e o concreto. O trabalho conjunto dos seus elementos, aproveitando-se assim,

as melhores características mecânicas de cada um, é o que fundamenta esse sistema.

Durante a etapa de construção, a fôrma metálica deve resistir às cargas relativas ao

peso próprio do concreto fresco, operários, equipamentos e demais sobrecargas. Após

a cura do concreto, a fôrma deve servir, total ou parcialmente, como armadura de

tração da laje.

Segundo Reis (2012), a laje mista com fôrma de aço incorporada está

consolidada em países onde as estruturas dos edifícios de andares múltiplos são

predominantemente em aço, tais como na Finlândia e Inglaterra. Isso ocorre pelo fato

dela apresentar diversos benefícios a esse tipo de estrutura, sejam eles construtivos

ou econômicos.

Este sistema estrutural foi introduzido no mercado brasileiro da construção civil

na década de 90 e vem sendo muito utilizado nos últimos anos devido às suas

vantagens (CAMPOS, 2001). Na avaliação de Lemos (2013), apesar de seus inúmeros

benefícios, a sua utilização no país restringe-se, na maioria da casos, à obras em que

o prazo é curto e cuja logística é crítica.

Page 31: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

19

3.2. Conceituação

Deliberato (2006) define o Steel Deck como sendo uma laje mista composta

por uma capa de concreto e um conjunto de chapas de aço conformadas a frio, cujo

perfil geralmente é no formato trapezoidal.

Para Nakamura (2007), o uso de lajes mistas, também conhecidas como lajes

colaborantes, como o Steel Deck, é alavancado por entre outros motivos, pela

necessidade de racionalizar os métodos construtivos e de vencer prazos enxutos de

obra. É o sistema de lajes ideal para compor estruturas metálicas e demais partidos

estruturais pré-fabricados.

A norma brasileira ABNT NBR 8800:2008, define o sistema estrutural de lajes

mistas da seguinte maneira:

[...] laje mista de aço e concreto, também chamada de laje com fôrma

de aço incorporada, é aquela em que, na fase final, o concreto atua

estruturalmente em conjunto com a fôrma de aço, funcionando como

parte ou como toda a armadura de tração da laje. Na fase inicial, ou

seja, antes de o concreto atingir 75 % da resistência à compressão

especificada, a fôrma de aço suporta isoladamente as ações

permanentes e a sobrecarga de construção.

Leal (2000) afirma que apesar do nome Steel Deck ter sido patenteado pela

empresa mineira Metform, o conceito foi incorporado informalmente ao mercado e

passou a designar diversos produtos com características semelhantes.

O Steel Deck é comercialmente disponibilizado no mercado brasileiro em três

diferentes espessuras de chapa - 0,80, 0,95 e 1,25 mm - e comprimentos que variam

em função da especificidade de cada projeto, podendo chegar a 12 m, limite máximo

de transporte por carreta (CICHINELLI, 2014).

Page 32: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

20

Embora admita ser utilizado também em construções convencionais de

concreto armado, o Steel Deck é geralmente aplicado a construções em aço. Nesses

casos, para que o sistema dispense os escoramentos e mantenha-se competitivo

frente a outras opções, o ideal é que sejam utilizados em lajes com vãos entre 2m e

4m (NAKAMURA, 2007).

De acordo com Cichinelli (2009), um aspecto importante e que não pode ser

desprezado, é que a adoção do Steel Deck como sistema estrutural deve ser previsto

ainda durante a etapa de projeto. Isso possibilita que se avalie corretamente o

comportamento conjunto do aço e do concreto.

A Figura 3.1 mostra que além da chapa de aço e do concreto, o sistema Steel

Deck costuma ser composto pelos seguintes elementos: tela de aço soldada e

conectores de cisalhamento. A tela de aço é empregada para evitar fissuras no

concreto decorrentes da variação de temperatura e da retração. Os conectores de

cisalhamento, por sua vez, garantem a solidarização entre a laje e a viga de

sustentação.

Figura 3.1 - Sistema Steel Deck.

Fonte: ABDI, 2015.

Page 33: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

21

3.3. Vantagens Construtivas

De acordo com Sieg (2015), o sistema de lajes mistas torna-se uma grande

opção tecnológica para o desenvolvimento da construção ao possibilitar uma

construção mais racional, com maior produtividade e velocidade.

São muitas as vantagens desse sistema de piso misto, a começar pelo fato do

Steel Deck servir como fôrma para o concreto fresco e permanecer definitivamente no

local, eliminando-se assim, os custos com a desforma. Pode, também, fazer com que

os apoios temporários (escoras) sejam abolidos ou reduzidos ao suportar as cargas

provenientes da construção (materiais,ferramentas, operários, etc.), quando usado

como plataforma de trabalho. Além disso, a leveza do Steel Deck facilita seu manejo e

posicionamento, proporcionando uma redução no tempo de instalação e, devido à sua

forma nervurada, propicia um sistema de laje mista de menor peso que os demais

sistemas de pisos, resultando em uma economia significativa no custo da fundação. A

instalação de dutos de diversos tipos e a fixação de forros, também, é facilitada com o

uso deste tipo de laje. Outra vantagem é que, o Steel Deck é aproveitado como

armadura positiva da laje após o endurecimento do concreto e, assim que é colocado

no lugar, atua como um diafragma efetivo de cisalhamento no plano horizontal

(GOMES, 2001).

Ao constatar todas as suas vantagens, Mello (1999) resume o Steel Deck como

um sistema de laje mista que gera uma grande economia na construção e reduz

expressivamente o prazo de execução, os desperdícios de materiais e o custo com

mão de obra no canteiro. Assim, há aumento em grande escala do retorno financeiro

do empreendimento, tendo esse sistema, sido adotado como tecnologia padrão dos

países industrializados.

Page 34: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

22

3.4. Montagem Segura do Steel Deck

As informações contidas nesta seção foram retiradas e traduzidas do SDI

Manual of Construction with Steel Deck (2006). Trata-se de um guia preparado de

acordo com princípios de engenharia reconhecidos e práticas construtivas aceitas para

a montagem adequada e segura do Steel Deck.

3.4.1. Vigilância permanente

A falta de conhecimento sobre os requisitos mínimos de segurança pode

resultar em ferimentos graves ou até mesmo fatais dos trabalhadores envolvidos na

montagem do Steel Deck.

Deve-se desenvolver um plano específico de montagem do Steel Deck que

descreva todas as operações e requisitos necessários à garantia de segurança nessa

atividade. Os desenhos preparados para ilustrar a seqüência e o processo de

montagem são de grande utilidade para a elaboração desse plano.

A montagem do Steel Deck, na maior parte das vezes, é feita em estruturas de

altura elevada e por isso, há sempre riscos envolvidos. É fundamental que os

envolvidos neste serviço estejam sempre alertas para que os riscos sejam

minimizados.

Todas as precauções devem ser tomadas a fim de garantir a segurança nos

trabalhos em altura. Deve haver o monitoramento constante das rotas e áreas de

acesso para evitar a presença de equipamentos, materiais ou detritos que possam

dificultar o processo de montagem. Além disso, o tráfego de pessoas pela área

transitável das chapas deve ser minimizado.

A equipe de trabalho deve utilizar sempre os equipamentos de segurança

específicos de cada tarefa. As bordas e os cantos das chapas são perigosos e

portanto, seu manuseio deve ser realizado apenas por equipes capacitadas e

conscientes dos riscos envolvidos.

Page 35: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

23

A estrutura suporte deve estar pronta no momento da montagem das chapas

de Steel Deck. O início dos procedimentos de montagem deve ser precedido de

verificação tanto da execução da estrutura suporte quanto de escoramentos

temporários, caso estejam presentes.

3.4.2. Içamento dos fardos

Durante o içamento, a movimentação dos fardos precisa ser controlada de

modo a evitar rotações e inclinações excessivas. Essa operação deve contar com

todos os equipamentos necessários à sua realização e deve ser adequadamente

conduzida para que as chapas não sofram danos.

Para que os fardos sejam conduzidos da maneira correta, estes devem ser

conectados diretamente aos cabos de içamento. É importante ressaltar que essa

movimentação não deve ser feita, em hipótese alguma, através das cintas de

amarração dos fardos.

Figura 3.2 - Içamento dos fardos de Steel Deck.

Fonte: SDI, 2006.

Page 36: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

24

Caso seja possível, é preferível que os fardos sejam empilhados ao longo das

vigas principais ao invés de concentrá-los em uma única área. Deve-se instruir os

operários encarregados da movimentação dos fardos a não perdê-los de vista até que

sejam colocados em segurança sobre a estrutura.

As extremidades dos fardos devem repousar sobre superfície uniforme. Além

disso, o seu posicionamento deve facilitar a distribuição das chapas, e se possível, a

sua orientação deve ser feita de modo que não haja necessidade de virá-las. Os

fardos devem permanecer amarrados até que ocorra a distribuição das chapas, assim,

evita-se que chapas soltas sejam arrastadas pela ação do vento.

3.4.3. Plataforma de trabalho segura

Para que se tenha uma plataforma de trabalho segura e para evitar danos às

chapas, estas deverão ser individualmente fixadas à estrutura suporte e suas bordas

deverão ser interligadas o mais rápido possível. As chapas montadas servem de

acesso temporário aos fardos e portanto, essas fixações garantem que não haverá

deslizamentos das chapas em relação à sua posição original.

Recomenda-se que a área de trabalho deva ter ao menos 4m de largura e seja

delimitada ao redor ou ao longo de cada fardo, de modo que o acesso aos fardos seja

facilitado. A plataforma de trabalho pode, então, ser estendida em qualquer direção

desejada.

Portanto, o desenvolvimento de um Plano de Montagem das chapas, onde

serão definidos de maneira clara tanto o ponto de partida quanto a orientação que a

seqüência de montagem deverá tomar, torna-se fundamental.

Page 37: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

25

3.4.4. Distribuição das chapas

À medida que a distribuição das chapas avança, haverá sempre uma lateral

longitudinal livre que deverá ser utilizada para a distribuição da chapa seguinte.

Durante o alinhamento da lateral da chapa, o operário deve se inclinar para reduzir o

seu risco de queda.

As chapas de Steel Deck devem ser instaladas de acordo com os desenhos

finais aprovados para construção. A instalação deve ser realizada por operários

qualificados e treinados. O ponto de partida deve ser selecionado cuidadosamente

para que se garanta uma adequada orientação das chapas.

É muito importante que se mantenha o correto alinhamento ao longo da

estrutura. Para que esse alinhamento seja assegurado, recomenda-se o uso de giz de

linha em intervalos regulares.

A experiência de campo tem demonstrado que a freqüência com que as

marcações de posicionamento são feitas determina a precisão no alinhamento. Este

esforço mínimo que é feito no momento da colocação das painéis elimina a

necessidade de correções no local de fixação.

Uma vez concluída a distribuição de um conjunto de chapas e, tão logo seja

possível, todos os furos e aberturas na laje devem ser cobertos, a menos que o

tamanho deles ou circunstâncias especiais impeçam. É responsabilidade do projetista

definir se eles devem ser cobertos ou não. Aberturas de grandes dimensões que não

possam ser cobertas, devem ser protegidas com cabos, cordas ou qualquer dispositivo

de alerta e proteção.

3.4.5. Fixação das chapas

Para que as chapas possam cumprir com as funções para as quais foram

designadas e para que sirvam de plataforma de trabalho, devem ser fixadas de

maneira adequada à estrutura suporte. Normalmente, a chapa é utilizada como parte

Page 38: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

26

do contraventamento principal e o método de fixação será selecionado para

proporcionar certa resistência e rigidez no plano da plataforma. O método de fixação

não deve ser substituído sem a aprovação do projetista.

Para fixar as chapas de Steel Deck à estrutura podem ser utilizados parafusos

autoperfurantes colocados por pistolas elétricas especiais. Estas pistolas estão

equipadas de modo a evitar torques excessivos. Normalmente, as ferramentas

pneumáticas operam a uma pressão pré-determinada consistente com os requisitos de

fixação. O ar é fornecido por um compressor equipado com regulador para controlar e

limitar a profundidade de fixação. Também podem ser usadas pistolas de fixação à

pólvora.

Figura 3.3 - Pistola à pólvora (esq.) e Pistola de parafuso autoperfurante (dir.).

Fonte: SDI, 2006.

Page 39: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

27

Figura 3.4 - Ferramenta pneumática.

Fonte: SDI, 2006.

O sistema Steel Deck requer interligações das laterais das chapas. As

conexões mais utilizadas são feitas por parafusos autoperfurantes, soldas ou rebites.

O instalador deve assegurar que a chapa inferior esteja firmemente ajustada contra a

chapa superior. Novamente, pistolas especiais devem ser utilizadas para evitar o

aperto excessivo.

A instalação manual de rebites para as interligações laterais entre chapas

requer a utilização de uma ferramenta especial de rebitagem. O processo requer que o

operário ajuste a posição do seu corpo de maneira que a parte superior da chapa

permaneça nivelada através da união. Como a qualidade da conexão por meio de

rebites depende da força e cuidado do operador da ferramenta, é importante que se

desenvolva um método consistente e de qualidade. Os dispositivos elétricos

automáticos raramente são utilizados neste tipo de trabalho, porém, não devem ser

descartados como método de fixação.

Page 40: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

28

Caso se deseje utilizar a soldagem para as interligações laterais, é necessário

um bom contato entre metais. Normalmente, se apresentam perfurações por queima e

o fiscal não deve se surpreender ao encontrá-las nos painéis. A soldagem deve ser

realizada por soldador qualificado e em condições de tempo adequadas. Uma

soldagem de qualidade em chapas finas requer experiência, seleção da amperagem e

dos eletrodos apropriados.

Como a maioria das obras é realizada ao ar livre, a atividade de soldagem já

conta com ventilação adequada. No entanto, ambientes fechados necessitam de

ventilação complementar. É essencial que se tenha ventilação adequada quando a

soldagem é feita em chapas galvanizadas. Todos os operários envolvidos em

operações de soldagem devem usar óculos de proteção.

A soldagem não deve ser realizada perto de nenhum tipo de material

combustível. Faíscas do processo de corte ou soldagem podem provocar incêndios.

As condições nos canteiros de obra são dinâmicas. A soldagem pode ser feita de

maneira segura em determinada área e imediatamente, com a chegada de material

combustível, essa área passa a não ser mais segura. O supervisor da obra deve evitar

que esses materiais sejam armazenados em áreas onde serão realizadas as

soldagens ou nas suas proximidades. É importante manter uma vigilância permanente

nestas áreas e nas áreas imediatamente abaixo.

3.4.6. Instalação dos conectores de cisalhamento

Normalmente, os conectores de cisalhamento, soldados na sua posição com

equipamentos especiais, são instalados depois que as chapas que formam a

plataforma de trabalho são distribuídas e portanto, é necessário que a plataforma

esteja adequadamente fixada à estrutura antes de instalá-los.

Os conectores de cisalhamento podem ser facilmente soldados através da

espessura do metal constituinte das chapas. Assim como todos os outros tipos de

Page 41: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

29

elementos de fixação, os conectores de cisalhamento devem ser instalados de acordo

com os desenhos de projeto.

3.4.7. Recomendações de segurança

Um resumo de algumas recomendações importantes para o manuseio e

instalação segura do Steel Deck:

1) Certifique-se de que os cabos de içamento estejam bem ajustados para que

os fardos se mantenham equilibrados durante o seu içamento.

2) Não fique embaixo dos fardos suspensos.

3) Mantenha sempre os fardos à vista.

4) Utilize sinais manuais apropriados para orientar o operador de guindastes.

5) Verifique os desenhos de montagem para que os fardos sejam assentados na

posição e orientação corretas, evitando-se a necessidade de virar as chapas.

6) Certifique-se de que as cintas de amarração dos fardos possam ser cortadas

de maneira segura.

7) Preste atenção, especialmente, aos fardos com painéis de pequenas

dimensões. Por serem mais curtas, seu manuseio é mais perigoso. Deve-se

verificar se as chapas estão seguras antes de serem utilizadas como

plataforma de trabalho.

8) Ao cortar as cintas de amarração dos fardos, use as duas mãos e afaste-se

bem, pois elas estão sob tensão. Recomenda-se utilizar proteção para os

olhos.

9) Verifique se os recortes e as aberturas na laje estão devidamente protegidas e

sinalizadas.

10) Use giz de linha ou similar para localizar com precisão a estrutura suporte.

11) Esteja atento às bordas afiadas das chapas.

Page 42: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

30

12) As chapas molhadas tornam-se escorregadias, por isso, tenha cuidado ao

andar sobre elas.

13) Mantenha a área de trabalho limpa.

14) Utilize óculos de proteção quando estiver perto de trabalhos de soldagem.

15) Recomenda-se a utilização de óculos de sol e proteção contra queimaduras de

sol quando a instalação de chapas galvanizadas ocorrer em dias muito

ensolarados.

3.4.8. Outras recomendações

Durante todo o processo de montagem, qualquer outro grupo de trabalho que

não seja responsável por essa atividade, deve ser mantido fora da plataforma de

trabalho e da área imediatamente abaixo. O corte das cintas de amarração exige

cuidados para evitar que elas caiam diretamente sobre os operários ou equipamentos

situados em local próximo. Antes da instalação de qualquer chapa, deve-se instruir a

equipe de trabalho sobre todos os aspectos relacionados à instalação, incluindo os

perigos e riscos.

Os resíduos das cintas de amarração dos fardos, os restos de madeira e as

sobras das chapas devem ser recolhidos e retirados da plataforma de trabalho

diariamente para evitar riscos desnecessários. Não se deve deixar ferramentas soltas

sobre a plataforma de trabalho. Os resíduos do processo de soldagem dos conectores

de cisalhamento devem ser descartados e todos os demais devem ser retirados da

plataforma antes da colocação do concreto.

Todas os envolvidos na obra devem cooperar para o armazenamento

adequado dos materiais combustíveis e para a remoção do lixo que possa causar

riscos de incêndio. Absolutamente nenhuma chapa deve permanecer solta ao final de

um dia de trabalho. Qualquer fardo usado parcialmente deve estar devidamente

amarrado para evitar que seja levado pelo vento.

Page 43: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

31

3.5. Considerações sobre o Capítulo

Este capítulo apresentou as vantagens associadas ao uso do Steel Deck, o

valor que ele agrega à produção e por conseguinte, à produtividade das obras.

Entretanto, o capítulo 5 deste trabalho virá para mostrar que esse sistema construtivo

também pode se deparar com alguns contratempos.

Os projetos podem demandar situações de distribuição das lajes, onde a

modulação das chapas não se ajusta adequadamente à estrutura. Projetos com falhas

de detalhamento fazem com que haja a necessidade de cortes nas chapas,

provocando todo um retrabalho de fabricação dos componentes na obra.

Dessa forma, esse sistema vai ter seu potencial atingido caso tenha sido

pensado para trabalhar a modulação da chapa. Quando isso não acontece, traz-se

para o processo construtivo etapas de corte que vão causar improdutividade, elevar

riscos e desperdícios.

Page 44: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

32

4. A Produtividade na Construção Civil

4.1. A Gestão da Produtividade

4.1.1. A Gestão do Prazo

Antes do início de um empreendimento, existe um planejamento que projeta o

avanço percentual ao longo do tempo. O resultado gráfico dessa etapa é uma curva de

avanço físico que pode ser denominada como Curva S planejada. Esse é um

instrumento de gestão muito utilizado pelas empresas para acompanhar a sua

evolução de construção.

Quando a obra começa, é possível a criação de uma nova curva que ilustra o

seu avanço físico real no tempo, a Curva S real. Com isso, é possível confrontar os

valores esperados pela Curva S planejada com os resultados obtidos pela Curva S

real durante a execução da obra.

Figura 4.1 - Confronto de 3 Curvas S com diferentes produtividades.

Fonte: MACHADO, 2014.

Page 45: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

33

O distanciamento da Curva S real em relação à Curva S planejada pode

sinalizar tanto o adiantamento quanto o atraso da obra. A Figura 4.1 ilustrou essas

duas situações: a Curva S Real - 1 mostra que a obra adiantou e terminou antes do

previsto, enquanto que a Curva S Real - 2 mostra que a obra atrasou e terminou

depois do previsto.

O atraso das obras no país configura-se como um problema crônico vivenciado

pelo setor da construção civil. A Tabela 4.1 resume as principais causas de atraso

elencadas nas obras da região metropolitana de São Paulo.

Tabela 4.1 - Descrição das causas de atrasos mais comuns

Fonte: Adaptado de FILIPPI e MELHADO, 2015.

De acordo com Cabrita (2008), pode-se resumir os principais efeitos causados

pelo atraso das obras como sendo:

Aumento da duração total da obra;

Aumento do custo total da obra;

Desentendimentos entre as partes envolvidas;

Reputação negativa do construtor;

Aplicação de multas.

Page 46: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

34

Para superar esse problema, é muito comum que se monte um plano de

recuperação. Nos casos onde existe a relação contratada/contratante, provavelmente,

a contratada vai propor uma alocação extra de recursos na forma de mais

colaboradores disponíveis ou em acréscimo das horas de trabalho.

Isso é o que geralmente acontece quando as partes relacionadas se deparam

com a questão do atraso. A resposta à configuração desse tipo de problema costuma

ser mais recursos, mas não é tão simples quanto parece. Essa alocação extra de

recursos que a contratada teve que desembolsar é pleiteado à contratante por meio de

aditivos contratuais.

No entanto, mesmo que haja essa alocação extra de recursos, o prazo acaba

não sendo atendido. Gasta-se mais, criam-se conflitos entre as partes e a obra

continua num ritmo aquém do desejado. Ao final, a obra termina num prazo a frente e

ainda traz prejuízos aos envolvidos.

Portanto, um dos caminhos mais viáveis para solucionar esse problema

consiste em trabalhar a produtividade. A melhoria da produtividade e por conseguinte,

a diminuição do prazo, só pode ser alcançada quando os indicadores da obra passam

a pautar as suas ações.

A gestão da produtividade aparece com a proposta de fazer com que as

empresas voltem o seu olhar para dentro do ambiente de produção. Esse olhar sob a

ótica da produtividade permite que se revele de modo competente os eventuais

problemas que aconteçam e seus respectivos impactos.

Nesse sentido, esse trabalho serve de apoio ao gestor no direcionamento para

os caminhos de melhoria que sejam necessários. A gestão da produtividade passa,

então, a ser uma ferramenta importante para subsidiar melhorias. Entretanto, a

melhoria vem da vontade dos gestores em querer tomar decisões acertadas com base

no diagnóstico feito. A gestão por si só permite o acesso a informação, mas não vai

ser a solução dos problemas.

Page 47: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

35

Assim, a ferramenta vai servir para coletar a informação, o processamento

desta vai dar a percepção sobre uma série de questões que podem ser trabalhadas,

as ações serão tomadas no sentido de solucionar os problemas encontrados e

posteriormente essa mesma operação será refeita. Cria-se, então, um ciclo virtuoso

de melhoria para derrubar a improdutividade daquele serviço que pode acontecer ao

longo de vários dias. Conforme demonstrado pela Figura 4.2, a gestão da

produtividade se repete em uma luta diária até que as melhorias desejadas sejam

obtidas.

Figura 4.2 - Ciclo PDCA.

Fonte: MACHADO, 2007.

4.1.2. A Importância da Informação

Um programa de gestão da produtividade pode ser pensado para abastecer a

obra com informações rápidas que mostrem para o gestor o comportamento da

produtividade e onde estão as perdas. Nesse caso, a informação que é levantada

diariamente na obra vai para uma base onde será processada e posteriormente

devolvida em um relatório que pode ser diário ou semanal. Todo esse esforço é

realizado a fim de que estes informes atendam ao gestor da obra.

Page 48: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

36

Com base nestes relatórios, a equipe tem condições de analisar o que está

acontecendo na obra e de tomar as providências para que os eventuais problemas

possam ser mitigados.

Além disso, toda essa informação diária acaba se acumulando e pode ser

acondicionada em uma grande base de dados. No entanto, conquistar essa massa de

dados, onde a informação precisa ser apropriada de maneira padronizada, requer

investimentos e recursos.

Assim, a partir do momento em que se consegue uma quantidade significativa

de informações, ela pode ser processada para gerar referenciais de produtividade

originados de obras reais que acabaram de acontecer. Essa informação processada

vai gerar subprodutos valiosos para todo um setor.

Torna-se de grande importância, portanto, ter um sistema dinâmico que permita

que as informações sejam abastecidas e modificadas de modo a construírem

referências que acompanhem as modificações dos cenários de produtividade ao longo

do tempo.

4.1.3. A Variabilidade da Produtividade

Dentro do universo da produtividade, existe uma variabilidade muito grande dos

valores do seu indicador. Para qualquer serviço que se for observar e levantar

informação em campo, haverá uma variação significativa da produtividade ao longo

dos dias ou até mesmo dentro de um mesmo dia.

Valores de produtividade tão discrepantes entre si para um mesmo serviço

podem sinalizar que algo não está indo bem. Este comportamento pode ser fortemente

marcado como reflexo do ambiente de caos vivenciado na gestão da obra.

Portanto, essa variação precisa ser compreendida para que o gestor tenha

condições de atuar e mitigar os problemas, melhorando assim a produtividade.

Entender a dispersão de resultados é também um dos objetivos do trabalho de gestão.

Page 49: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

37

4.1.4. O Papel do Gestor

Quando o assunto é produtividade, o desafio do gestor é trabalhar para que o

indicador dentro de um mesmo processo seja minorado. Melhorar a produtividade

pressupõe consumir menos recursos para se fazer uma mesma quantidade de serviço

e isso só é possível, quando o gestor consegue mitigar os problemas que aparecem

pelo caminho.

Para que esses problemas sejam conhecidos, as informações produzidas

diariamente na obra precisam ser apropriadas e processadas. Portanto, o conjunto

dessas informações, que muitas vezes não é tida como valor e se perde, traz

excelentes oportunidades gerenciais.

Sendo assim, quando a gestão da produtividade é trabalhada no ambiente de

produção, pode-se provocar a queda do valor do seu indicador. Como o indicador e o

prazo são diretamente proporcionais, isto possibilita também a diminuição do prazo da

obra. Questões que podem ser sanadas com a gestão da obra refletem no seu prazo.

Então, torna-se fundamental para o gestor que também está preocupado com o

prazo que pode vir a não ser atingido e que precisa intervir de maneira incisiva sobre o

que está acontecendo, ter acesso a informação que aponta quais as razões que

levaram a produtividade não ter sido tão boa quanto deveria ser.

De posse da informação, o gestor pode convocar o responsável pela área, na

qual há sinais de improdutividade, para que uma atitude seja tomada. Essa tomada de

decisão fica respaldada, portanto, por um relatório que quantifica o impacto dos

problemas que estão ocorrendo no canteiro de obra.

Os gestores precisam ter a noção exata do que está acontecendo no ambiente

de produção para que possam intervir pontualmente no problema da vez. Quando

ocorre o distanciamento do gestor em relação a esse ambiente, ele não consegue

enxergar o que ocorre ali e com isso, suas ações acabam não sendo direcionadas.

Page 50: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

38

4.2. A Apropriação da Informação

4.2.1. A Definição da Amostra

Quando se vai a campo para apurar a produtividade de um processo de

produção, o olhar recai sobre as equipes que trabalham naquela atividade. Busca-se

determinar a produtividade de uma etapa do processo de produção através da equipe

que o executa. O foco nunca está no operário em si, mas, sim, na equipe envolvida

naquele processo.

Alguns serviços feitos dentro do canteiro de obra necessitam de várias frentes

de trabalho simultâneas para a sua realização. Acompanhar todas essas equipes

tornaria o processo de apropriação da informação oneroso e por conseguinte, o

inviabilizaria.

Por isso, a boa prática recomenda que a informação seja apropriada por

amostragem. Assim, o contingente total que precisa ser levantado será representado

por uma amostra definida por uma formulação estatística. Com isso, a apropriação fica

restrita a um número menor de observações.

4.2.2. A Figura do Apropriador

Para um nível de detalhamento simples da informação, o apropriador poderia

ser alguém que trabalhe meio período ou que exerça alguma outra função dentro da

obra, haja vista que a determinação do indicador pode ser feita em uma planilha que

contenha algumas informações básicas.

Já para um nível de detalhamento alto, recomenda-se que o apropriador seja

alguém que possa ter dedicação integral. Além das informações que permitem chegar

a um valor fechado de produtividade, ele precisará diariamente tomar nota de uma

série de fatores previamente elencados que estão ligados ao contexto da obra e que

possibilitarão um aprofundamento da análise desse indicador. Para este grau de

Page 51: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

39

riqueza de detalhes, a apropriação não pode ser vista meramente como uma atividade

paralela.

Em ambos os casos, é preciso que seja feito um trabalho de conscientização

da estrutura da obra para receber esta nova figura interessada no ambiente de

produção, especialmente, quando é uma pessoa exterior à obra. Muitas vezes, por ser

um corpo estranho à equipe, ele pode ser mal visto e preterido.

Assim, há todo um esforço para explicar que o apropriador está ali para fazer

um trabalho de produtividade, proporcionando melhorias que serão divididas entre

todos. Existe, então, todo um discurso para mostrar que aquela pessoa estranha ao

ambiente de produção não está preocupada com o indivíduo.

Todo esse trabalho de inserção do apropriador não é simples. Essa pessoa

precisa estar a vontade para exercer o seu trabalho de maneira que consiga transitar

sem ser importunado ou ameaçado. Por isso, tem que ser alguém que saiba se

relacionar bem com os outros e que se insira no ambiente de maneira a passar

despercebido.

4.2.3. A Auditoria dos Dados

Alguns erros podem ser cometidos pelos técnicos durante a apropriação da

informação e portanto, é necessário que os dados coletados passem pelo crivo de

uma auditoria para assegurar o seu grau de confiabilidade. O trabalho de auditoria vai

atuar como um filtro capaz de corrigir os ruídos de comunicação existentes, permitindo

que os dados sejam devolvidos com qualidade.

O tempo despendido para perceber as inconsistências dos dados é prejudicial

à agilidade demandada por este processo de devolução da informação. A demora na

devolução da informação ainda é uma das críticas que é feita por aqueles que não tem

pleno conhecimento sobre o trabalho de produtividade.

Page 52: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

40

Por isso, o período entre a apropriação da informação e o retorno desta para a

base interessada tem que ser suficientemente curto para acompanhar o desenrolar da

obra. Quanto maior for o grau de precisão da informação que chegar para auditoria,

mais rapidamente ela poderá ser devolvida aos interessados.

4.3. A Mensuração da Produtividade

4.3.1. O Modelo dos Fatores

O Modelo dos Fatores proposto por Thomas e Yiakoumis (1987) foi

desenvolvido para quantificar o efeito de alguns fatores sobre a produtividade. Este é

um modelo que se diferencia dos demais ao avaliar a produtividade no nível da equipe

de trabalho, ao considerar o efeito da curva de aprendizagem e ao incluir diversos

outros fatores que podem ser mensurados.

Thomas e Yiakoumis (1987) sustentam a teoria do Modelo dos Fatores a partir

da premissa na qual o trabalho de uma equipe é afetado por certa quantidade de

fatores que podem acarretar distúrbios aleatórios ou sistemáticos ao seu desempenho.

O efeito cumulativo desses distúrbios gera uma curva de real produtividade, cuja forma

pode ser muito irregular, ocasionando dificuldade na sua interpretação. Entretanto, se

os distúrbios causados por esses fatores puderem ser matematicamente extraídos da

curva real, será possível obter uma curva que representará a produtividade de

referência para o serviço em questão. Ela conterá o desempenho básico do serviço

realizado, dentro de certas condições de referência, incluindo uma componente

resultante das eventuais melhorias oriundas das operações repetitivas (curva de

aprendizagem). A Figura 4.3 demonstra a idéia contida no Modelo dos Fatores.

Page 53: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

41

Figura 4.3 - Representação gráfica do Modelo dos Fatores.

Fonte: THOMAS e YIAKOUMIS, 1987.

A Figura 4.3 tem a seguinte interpretação:

Curva real: representa uma medição hipotética feita em campo;

Curvas A, B, C, D: representam curvas de produtividade obtidas por meio de

sucessivas subtrações dos efeitos induzidos pelas condições distintas da

situação de referência;

Curva de referência: representa a produtividade que seria possível de obter

caso não existisse a influência de fatores que diferem da condição de

referência

É importante destacar que a Figura 4.3 representa o cenário na qual os fatores

incidem negativamente sobre a produtividade. Porém, existe também a

possibilidade dos fatores incidirem positivamente sobre ela. Nesse caso, a curva

de produtividade real vai se situar abaixo da curva de referência.

Page 54: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

42

4.3.2. O Indicador de Produtividade

Souza (1996) define, de maneira genérica e simplificada, o serviço de

construção como sendo um processo produtivo que transforma as entradas (recursos)

em saídas (produtos). A Figura 4.4 exemplifica essa relação entre entradas e saídas

em um processo produtivo.

Figura 4.4 - Relação entre entradas e saídas em um processo produtivo.

Fonte: ARAÚJO, 2000.

Baseando-se nesta visão de processo produtivo, Souza (1996) introduz um

índice por meio da qual a produtividade da mão-de-obra poderia ser medida. Este

índice foi denominado razão unitária de produção (RUP) e passou a relacionar os

homens-hora despendidos (entradas) à quantidade de serviço executado (saídas). A

equação 4.1 apresenta o indicador de produtividade.

𝐑𝐔𝐏 = 𝐇 × ∆𝐭

𝐐𝐒 𝐄𝐪. (𝟒.𝟏)

Onde:

H = Homens envolvidos na execução do serviço;

∆𝐭 = Período de tempo disponível para o trabalho;

QS = Quantidade de serviço executado.

Page 55: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

43

A partir da equação 4.1, pode-se chegar à seguinte conclusão sobre o

indicador de produtividade:

A RUP é inversamente proporcional à produtividade, ou seja, quanto maior for

o seu valor, pior será a produtividade (e vice-versa);

Manipulando-se matematicamente a equação 4.1, é possível extrair outra

relação importante para o estudo da produtividade no ambiente da construção civil. O

prazo passa a ser definido pela equação 4.2.

𝐏𝐫𝐚𝐳𝐨 = 𝐑𝐔𝐏 × 𝐐𝐒

𝐇 × 𝐡 𝐄𝐪. (𝟒.𝟐)

Onde:

RUP = Razão unitária de produção;

QS = Quantidade de serviço executado;

H = Homens envolvidos na execução do serviço;

h = Horas disponíveis para o trabalho.

No início deste capítulo, destacou-se que o atraso das obras é um dos

problemas enfrentados pela construção civil. A equação 4.2 confirma que o prazo

pode ser reduzido a partir do incremento de recursos. Conforme explicado na seção

4.1.1, essa costuma ser a ação tomada para reverter o atraso.

No entanto, a equação 4.2 também confirma que a produtividade pode servir

como subsídio a gestão do prazo. O prazo pode ser reduzido a partir da diminuição do

valor da RUP, ou seja, a partir da melhoria da produtividade da obra.

Page 56: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

44

4.3.3. As Classificações do Indicador de Produtividade

Segundo Souza (2001), o indicador de produtividade, quando relacionado ao

intervalo de tempo de entradas e saídas, pode ser classificado em:

RUP diária: corresponde à produtividade diária da mão de obra;

RUP cumulativa: corresponde à produtividade acumulada da mão de obra

durante o período em análise;

RUP cíclica: corresponde à produtividade quando se analisa um determinado

serviço que possui um ciclo de execução bem definido;

RUP potencial: corresponde à mediana dos valores da RUP diária menores ou

iguais à RUP cumulativa ao final do período em análise. É a referência interna

da obra.

Figura 4.5 - Representação dos diferentes tipos de RUP.

Fonte: SOUZA, 2006.

Page 57: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

45

4.4. O Modelo de Estratificação

4.4.1. Conceituação

Este modelo de gestão da produtividade surgiu da parceria entre uma das

maiores empresas de engenharia do país, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e

a Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Trata-se de uma nova abordagem que

pretende fornecer mais insumos para se trabalhar a melhoria da produtividade.

O Modelo de Estratificação propõe conciliar o indicador de produtividade com a

alocação dos recursos ao longo dos dias. A partir dessa nova visão, a jornada de

trabalho pode ser entendida como composta pelas 7 principais frações ilustradas na

Figura 4.6.

Figura 4.6 - Principais frações do indicador de produtividade.

Fonte: Autor.

Essa nova leitura do indicador de produtividade, onde se fraciona o valor

fechado que se tinha, permite que a gestão do recurso disponível ganhe outra

perspectiva. É um caminho que se soma ao Modelo dos Fatores para permitir um

melhor entendimento sobre a produtividade na construção civil.

A Figura 4.7 mostra que o valor fechado do indicador de produtividade que o

Modelo dos Fatores procurou confrontar com os fatores potencialmente

influenciadores, carrega o impacto da fração de serviço, assim como, de todas as

demais frações principais apresentadas na Figura 4.6.

Page 58: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

46

Figura 4.7 - Exemplo de estratificação da produtividade cumulativa.

Fonte: Adaptado de GALHARDO et al., 2011.

A análise baseada no Modelo dos Fatores torna-se mais realista a partir do

momento em que se consegue isolar a fração de serviço. Conforme pode ser

observado na Figura 4.8, com a fração de serviço livre das influências das demais

frações, aumentam-se as chances de se perceber uma relação capaz de explicar a

sua variação.

Figura 4.8 - Exemplo da fração de serviço referente à produtividade cumulativa estratificada.

Fonte: Adaptado de GALHARDO et al., 2011.

Page 59: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

47

4.4.2. A Definição das IDs Principais

As IDs principais, apresentadas na Figura 4.6, definem a ocupação da mão de

obra ao longo do dia de trabalho desta forma:

Apoio - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo aquela

em que o colaborador/equipe acompanhado executa atividades, dentro da sua

função, para outras equipes ou atividades que não façam parte da sua função.

Canteiro - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo aquela

em que o colaborador/equipe acompanhado segue as diretrizes de QSMRS da

empresa.

Delay - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo aquela em

que o colaborador/equipe acompanhado aguarda o término de alguma

atividade inerente ao processo.

Deslocamento - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo

aquela em que o colaborador/equipe acompanhado se desloca de um ponto a

outro, seja dentro ou fora do local de trabalho.

Mobilização - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como aquela em

que o colaborador/equipe acompanhado se prepara para a execução de

alguma atividade. De modo semelhante, ela engloba as atividades de

desmobilização.

Paralisação - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo

aquela em que o colaborador/equipe acompanhado encontra-se parado devido

a falhas decorrentes da gestão dos recursos. Inclui as necessidades humanas.

Page 60: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

48

Serviço - essa ocupação da mão de obra é caracterizada como sendo aquela

em que o colaborador/equipe acompanhado executa os trabalhos para os

quais foi designado. São situações geralmente denominadas como "mão na

ferramenta".

4.4.3. O Aprofundamento da Análise

A estratificação do indicador nas 7 categorias principais já daria informação

adicional para entender a produtividade. No entanto, ainda é possível expandir esse

indicador para outros níveis mais detalhados.

No segundo nível de detalhamento, surge boa parte das explicações e

impactos que justificam as razões de uma eventual improdutividade. A Figura 4.9

mostra que o aprofundamento da análise do indicador permite trazer informações que

seriam úteis para a gestão da obra.

Figura 4.9 - Exemplo de estratificação do indicador de produtividade no 2° nível de detalhamento.

Fonte: Autor.

Page 61: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

49

A desconstrução do indicador revela ao gestor que a produtividade do serviço

pode estar sendo construída com base em frações improdutivas presentes no dia a dia

da obra. Tudo aquilo que acontecia e não se tinha conhecimento é exposto de maneira

clara. Os problemas da obra se revelam e mais do que isso, são quantificados em

grau de impacto que provocam na produtividade e por conseguinte, no prazo da obra.

Essa informação permite que o gestor intervenha pontualmente naquilo que precisa

ser remediado.

Além disso, o aprofundamento da análise do indicador é capaz de detectar que

mesmo a fração de serviço pode ter sido improdutiva. Por exemplo, ele pode sinalizar

que o ritmo de trabalho da equipe acompanhada foi mais lento que o habitual ou então

que o conjunto de equipamentos e ferramentas utilizados pode ser a causa da

improdutividade nesta fração.

Assim como não se pode afirmar que toda a fração de serviço é produtiva,

também não se pode afirmar que todo o restante é improdutividade. A mão de obra

precisa parar para atender suas necessidades fisiológicas. Esse é um tipo de

paralisação que não pode ser suprimida. No entanto, um deslocamento

desproporcional da equipe pode chamar a atenção do gestor para a logística da obra.

Só se chega a essa leitura do indicador quando ele é quebrado neste nível de

detalhamento.

É o cruzamento dos fatores potencialmente influenciadores com os indicadores

estratificados que permite entender se a variação sinalizada pela fração do indicador é

produtividade ou improdutividade. Portanto, o aprofundamento da análise do indicador

é capaz de trazer as insuficiências gerencias da obra, as quantificar e revelar as ações

que podem ser tomadas.

Page 62: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

50

4.4.4. O Software de Apropriação

A apropriação da informação com alto nível de detalhamento demanda a

medição cronometrada dos recursos consumidos. O cronômetro precisa estar inserido

no contexto da ferramenta de produtividade. Para o grau de precisão desejado, seria

impraticável que essa informação fosse apropriada a mão. Por isso, essa proposta foi

transformada em um software dentro de um PDA.

Figura 4.10 - Disposição do software de apropriação no PDA.

Fonte: SAMPAIO e ARAÚJO, 2012.

Page 63: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

51

A Figura 4.10 pode ser interpretada como sendo os seguintes blocos de

informação:

Bloco A - O apropriador vai construir o cenário da obra ao elencar os fatores

potencialmente influenciadores;

Bloco B - O apropriador identifica a atividade que vai acompanhar;

Bloco C - Este é o espaço onde o apropriador pode tecer os comentários a

respeito da atividade acompanhada;

Bloco D - O apropriador define a equipe que vai ser acompanhada. Os

colaboradores são identificados por nome e cargo;

Bloco E - O apropriador define as subcontratadas.

No final do dia, o arquivo contido dentro do dispositivo é carregado para dentro

do sistema, onde a informação será processada. Dessa forma, torna-se possível

associar o serviço à produção para construir as réguas de produtividade que estarão

presentes nos informes.

Page 64: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

52

5. Estudo de Caso

5.1. Descrição

Este estudo de caso é o resultado de um projeto piloto de produtividade

desenvolvido em parceria com uma grande empresa de construção civil do país. O

objeto de estudo foi uma obra em estrutura metálica, situada na região portuária do

Rio de Janeiro, que fez uso de lajes Steel Deck como sistema construtivo.

5.2. Etapas Consideradas no Cômputo do Indicador

Conforme tratado no capítulo 4, o Modelo de Estratificação permite que o

indicador de produtividade seja desconstruído em níveis cada vez mais detalhados.

Neste estudo de caso, o aprofundamento da análise do indicador alcançou o segundo

nível de detalhamento.

Para o primeiro nível de detalhamento, usou-se as mesmas nomenclaturas

citadas e definidas no capítulo 4: apoio, canteiro, delay, deslocamento, mobilização,

paralisação e serviço. Essas sete divisões principais conseguem enquadrar o

colaborador ao longo de um dia de trabalho.

Diferentemente do que ocorre no primeiro nível de detalhamento, as

nomenclaturas das atividades do segundo nível são específicas de cada serviço

analisado e por isso, precisam ser redefinidas a cada novo serviço que vier a ser

objeto de estudo. Assim, antes de iniciar a apropriação dos dados em campo, foi

necessário definir quais atividades iriam ser incluídas em cada faixa estratificada. A

Tabela 5.1 lista as atividades que foram elencadas para a montagem de Steel Deck.

Page 65: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

53

Tabela 5.1 - Identificação das IDs de nível 2

A Figura 5.1 mostra um fluxograma reduzido para a montagem de lajes Steel

Deck. Neste estudo de caso, apropriou-se apenas a informação referente às etapas

marcadas em azul. As etapas em vermelho não foram passíveis de acompanhamento

e portanto, não fazem parte do índice de produtividade levantado.

Figura 5.1 - Fluxograma reduzido para a montagem de lajes Steel Deck

As atividades consideradas no cômputo da ID de serviço estão ilustradas

através das Figuras 5.2, 5.3, 5.4 e 5.5.

Page 66: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

54

Figura 5.2 - Lançamento, posicionamento e travamento do deck na base (S.MDECK)

Figura 5.3 - Interligação das laterais do deck (S.COSTURA)

Figura 5.4 - Medições e cortes no deck (S.PREP)

Figura 5.5 - Montagem de acessórios e dispositivos que pertençam ao deck (S.ACES)

Page 67: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

55

5.3. Dados Coletados

A equipe de trabalho responsável pela montagem do Steel Deck foi

acompanhada durante quatorze dias. A Tabela 5.2 traz, como exemplo, um trecho da

planilha de processamento dos dados coletados no levantamento.

Tabela 5.2 - Exemplo dos dados coletados

Page 68: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

56

É importante esclarecer o procedimento efetuado para contabilização da

quantidade de serviço realizado a cada dia. Inicialmente, estes valores foram

calculados multiplicando-se as dimensões (largura útil e comprimento) do Steel Deck e

as respectivas quantidades montadas no dia em questão. A Tabela 5.3 exibe as áreas

montadas de Steel Deck.

Tabela 5.3 - Área montada de Steel Deck não corrigida

O método de cálculo, que originou a Tabela 5.3, não considerava as

especificidades de cada dia. A conta era válida para os dias que apresentavam as

quatro atividades da ID de serviço, mas se mostrou imprópria para os demais dias.

Para que fosse feita uma comparação correta entre os dias levantados, surgiu a

necessidade de se aplicar fatores de correção que considerassem o peso de cada

uma dessas atividades.

O procedimento de correção da Tabela 5.3 iniciou pela identificação de todos

os dias nos quais houve a realização das quatro atividades consideradas no cômputo

da ID de serviço, ou seja, os dias em que a quantidade de serviço realizado poderia

ser contabilizada integralmente. A partir daí, pôde-se filtrar para cada um desses dias,

os valores decimais de tempo gasto nas atividades.

Page 69: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

57

Tabela 5.4 - Valores decimais do tempo gasto nas atividades da ID de serviço

Os dados presentes na Tabela 5.4 foram manipulados matematicamente de

modo a retratar suas respectivas porcentagens em relação ao tempo total consumido

no dia. Pôde-se, então, calcular o valor que melhor representasse o conjunto dos

percentuais de cada atividade. O somatório dos tempos medianos das etapas de

serviço, como observado na Tabela 5.5, foi superior a 100% (107%) e portanto, as

medianas tiveram de ser igualmente reduzidas. Por fim, essas porcentagens foram

transformadas em fatores de correção.

Tabela 5.5 - Procedimento de cálculo dos fatores de correção

Page 70: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

58

Os fatores obtidos, na Tabela 5.5, foram aplicados aos demais dias, em função

da existência da respectiva atividade. Assim, cada um desses dias teve seu valor total

de correção calculado. Efetuando-se a multiplicação entre estes valores e os valores

mostrados na Tabela 5.3, a quantidade de serviço realizado nesses dias pôde, então,

ser corrigida.

Tabela 5.6 - Aplicação dos fatores de correção

A Tabela 5.7 resume toda a informação corrigida referente à quantidade de

serviço realizado durante os quatorze dias de montagem das lajes Steel Deck.

Tabela 5.7 - Área montada de Steel Deck corrigida

Page 71: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

59

5.4. Indicador de Produtividade do Serviço

Através dos valores totais dos recursos consumidos (homens-hora) e da

quantidade de serviço executado ao longo de todos os dias, foi possível calcular o

indicador de produtividade da montagem de Steel Deck. A Tabela 5.8 apresenta a

RUP diária e cumulativa dos dias acompanhados.

Tabela 5.8 - Indicadores de produtividade da montagem de Steel Deck

A RUP diária é calculada a partir da divisão dos recursos consumidos pela

quantidade de serviço executado no dia. A RUP cumulativa é obtida pela razão entre o

somatório dos recursos consumidos e o somatório da quantidade de serviço

executado durante cada período de tempo em análise.

Conforme pode ser observado na Tabela 5.8, a equipe de montagem no trecho

de obra acompanhado contava com 8 colaboradores. Percebe-se que há uma

variação dos valores de homem-hora da equipe ao longo dos dias. Como a equipe era

dividida em trechos, o acompanhamento das etapas do serviço não englobava todos

os colaboradores.

Page 72: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

60

5.5. Estimativa de Prazo para Conclusão do Serviço

Com base no indicador de produtividade calculado e em outras informações

(quantidade de serviço que pretende-se realizar, a jornada semanal dos

colaboradores, as horas disponíveis e o tamanho da equipe de trabalho), pôde-se

fazer uma previsão de quando esse serviço seria finalizado.

Tabela 5.9 - Informações gerais da montagem de Steel Deck

Mantidas as informações da Tabela 5.9 inalteradas, o prazo estimado para

conclusão das lajes Steel Deck seria de:

𝐏𝐑𝐀𝐙𝐎 =𝐑𝐔𝐏 × 𝐐𝐮𝐚𝐧𝐭𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐒𝐞𝐫𝐯𝐢ç𝐨

𝐄𝐪𝐮𝐢𝐩𝐞 × 𝐇𝐨𝐫𝐚𝐬 𝐝𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞𝐢𝐬=

0,30 × 52.620

8 × 8,8

𝐏𝐑𝐀𝐙𝐎 = 𝟐𝟐𝟒 𝐝𝐢𝐚𝐬 ú𝐭𝐞𝐢𝐬

O prazo determinado a partir da RUP cumulativa pode ser superior ao

demandado pelo cronograma da obra e portanto, pode haver a necessidade de se

recalcular o prazo a partir de outro índice de produtividade determinado durante o

levantamento, ou seja, a partir da RUP potencial. A RUP potencial é a produtividade

de referência obtida internamente na própria obra.

A Figura 5.6 apresenta os valores dos indicadores de produtividade da

montagem de lajes Steel Deck. Conforme explicado no capítulo 4, a RUP potencial é

obtida através da mediana dos valores da RUP diária menores ou iguais aos da RUP

cumulativa.

Page 73: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

61

.

Figura 5.6 - RUPs da montagem de lajes Steel Deck

Pode-se agora fazer uma previsão para conclusão das lajes Steel Deck

baseada na melhor perspectiva possível. O valor utilizado anteriormente para o cálculo

do prazo será substituído pelo valor da RUP potencial. Assim, o novo prazo estimado

para a sua conclusão seria de:

𝐏𝐑𝐀𝐙𝐎 =𝐑𝐔𝐏𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 × 𝐐𝐮𝐚𝐧𝐭𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐒𝐞𝐫𝐯𝐢ç𝐨

𝐄𝐪𝐮𝐢𝐩𝐞 × 𝐇𝐨𝐫𝐚𝐬𝐝𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞𝐢𝐬=

0,21 × 52.620

8 × 8,8

𝐏𝐑𝐀𝐙𝐎 = 𝟏𝟓𝟕 𝐝𝐢𝐚𝐬 ú𝐭𝐞𝐢𝐬

Portanto, o prazo inicialmente estimado para a conclusão da montagem das

lajes Steel Deck poderia ser reduzido em 67 dias, o que corresponde a um potencial

de redução de 30%. Essa é uma informação bastante útil para obra, especialmente, se

houver dificuldades para cumprir o cronograma. Os números mostram que existe uma

chance de reduzir o prazo da obra a partir do incremento da produtividade.

Page 74: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

62

5.6. Desvendando os Indicadores de Produtividade

5.6.1. RUP Diária

O primeiro passo no sentido de se entender o comportamento da montagem de

lajes Steel Deck consistiu no acompanhamento sistemático do seu indicador de

produtividade. A Figura 5.7 mostra a evolução dos valores da RUP diária ao longo dos

quatorze dias de levantamento.

Figura 5.7 - RUP diária dos dias levantados

Como mostra a Figura 5.7, os valores de RUP diária nos dias 1 e 6

extrapolaram a escala definida e por isso, este autor optou por fazer uma análise

isolada desses dias. É preciso investigar a razão pela qual os valores de RUP nestes

dias foram tão superiores aos demais. A Figura 5.8, em escala maior, ilustra melhor

essa discrepância observada anteriormente.

Page 75: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

63

Figura 5.8 - RUP diária dos dias levantados (em maior escala)

A Figura 5.9 apresenta a estratificação da RUP diária dos dias 1 e 6. Quando

se expande o indicador para esse nível mais detalhado, percebe-se que as causas

que influenciam o seu elevado valor nestes dois dias não são necessariamente as

mesmas.

Figura 5.9 - Estratificação da RUP diária dos dias 1 e 6

Page 76: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

64

O comportamento apresentado no primeiro dia do levantamento sofre forte

influência do dia anterior à apropriação dos dados. Como a maior parte do trecho já

havia sido montado e o próximo local da tarefa ainda realizava a instalação da linha de

vida, a rotina deste dia consistiu apenas na realização de arremates finais nos decks.

É o que revela a Figura 5.10.

Figura 5.10 - Estratificação de nível 2 da ID de serviço da RUP diária do dia 1

A análise do comportamento do indicador de produtividade do sexto dia revelou

que ele é composto majoritariamente por atividades não relacionadas à ID de serviço,

com destaque para aquelas ligadas à mobilização. Este dia apresentou alguns pontos

fracos referentes à logística.

A equipe acompanhada já havia feito as mobilizações necessárias para

começar o serviço, quando percebeu que alguns fardos precisariam ser removidos do

local da tarefa, pois os mesmos pertenciam à elevação, mas, não, ao trecho. Esses

fardos estavam no local à espera da construção da estrutura para serem montados.

Page 77: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

65

Por conta disso, a equipe acompanhada teve de remover esses fardos para

que o serviço pudesse ser iniciado. Perdeu-se tempo hábil e energia na realização

dessa atividade, sendo que esse tempo poderia ter sido investido efetivamente no

serviço para a qual foi designada inicialmente.

Figura 5.11 - Estratificação de nível 2 da ID de mobilização da RUP diária do dia 6

Como os dias 1 e 6 foram pontos fora da curva, distorcendo a análise gráfica,

este autor decidiu por suprimí-los das figuras subseqüentes. Com isso, consegue-se

trazer uma escala que permite uma melhor análise da informação. As Figuras 5.12,

5.13, 5.14 e 5.15 se limitam aos dias típicos de trabalho para facilitar a identificação

dos fatos recorrentes.

Page 78: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

66

Figura 5.12 - RUP diária dos dias típicos de trabalho

Analogamente ao que foi feito anteriormente, a RUP diária dos dias

apresentados na Figura 5.12 precisou ser estratificada para que se revelasse o

impacto de todas as parcelas do indicador de produtividade. A Figura 5.13 traz essas

informações.

Figura 5.13 - Estratificação de nível 1 da RUP diária dos dias típicos de trabalho

Page 79: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

67

Em busca de um valor mais condizente de RUP que refletisse melhor os

fatores que influenciam efetivamente o serviço, procedeu-se a separação da ID de

serviço em relação às demais parcelas. Os valores diários do indicador de

produtividade para esta parcela podem ser observados na Figura 5.14.

Figura 5.14 - ID de serviço da RUP diária dos dias típicos de trabalho

Esperava-se que houvesse uma variação da produtividade do serviço, como foi

demonstrado pela Figura 5.14. Essa variação pode ser explicada pelas dificuldades

que acontecem no dia a dia da obra. Conteúdos de trabalho diferentes levam a

esforços distintos.

Quando se estratifica para um nível de detalhamento maior, conforme

evidenciado pela Figura 5.15, percebe-se que algumas etapas do serviço são mais

impactantes que as demais. O olhar atento para a gestão da obra sinaliza que o

trabalho de medições e cortes do deck, no local de montagem, não parece consistente

com a proposta do processo construtivo industrializado. Isso leva à reflexão sobre a

adequação dos projetos a esse sistema.

Page 80: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

68

Figura 5.15 - Estratificação de nível 2 da RUP diária dos dias típicos de trabalho

5.6.2. RUP Cumulativa

Após ter uma visão geral sobre o que acontecia no dia a dia da montagem de

Steel Deck, prosseguiu-se com a tentativa de compreender o que o indicador de

produtividade poderia revelar ao final do período de tempo analisado. A Figura 5.16

mostra a RUP cumulativa dos dias levantados.

Figura 5.16 - RUP cumulativa dos dias levantados

Page 81: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

69

Estratificou-se a RUP cumulativa do último dia levantado para que ele

revelasse os impactos de cada uma das IDs principais sobre o seu valor total. A

composição desse indicador pode ser conferida na Figura 5.17. A ID relativa ao

canteiro não será avaliada devido ao seu valor irrisório em comparação aos demais.

Figura 5.17 - Estratificação da RUP cumulativa do último dia levantado

5.6.2.1. Serviço

A ID que representa o serviço corresponde à maior parcela do indicador de

produtividade acumulado. A Figura 5.18 ilustra o seu comportamento ao longo dos

dias de levantamento.

Page 82: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

70

Figura 5.18 - RUPs da ID de serviço

Com base nos valores mostrados na Figura 5.18, o potencial de melhoria da ID

de serviço pode ser calculado através da equação 5.1.

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝐑𝐔𝐏 𝐂𝐮𝐦𝐮𝐥𝐚𝐭𝐢𝐯𝐚 − 𝐑𝐔𝐏 𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥

𝐑𝐔𝐏 𝐂𝐮𝐦𝐮𝐥𝐚𝐭𝐢𝐯𝐚 𝐄𝐪. (𝟓.𝟏)

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟏𝟐,𝟏 − 𝟗,𝟖

𝟏𝟐,𝟏= 𝟎,𝟏𝟗 = 𝟏𝟗 %

A diferença de 19% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de serviço. Para que se possa atingir o

potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se compreenda o

impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.19 expressa esses valores.

Page 83: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

71

Figura 5.19 - Estratificação de nível 2 da ID de serviço

Percebe-se, através da Figura 5.19, que há um esforço significativo no trabalho

de medições e cortes nos decks. É um fato que surpreende, uma vez que o Steel Deck

é um sistema construtivo industrializado, feito em ambiente fabril e que teoricamente

não precisaria de grandes ajustes para a sua montagem.

Poderia se pensar em suprimir o trabalho de medições e cortes nos decks do

processo de montagem, caso essa atividade pudesse ser feita fora do local de

montagem e já viesse pronta. As demais atividades são inerentes ao processo e no

máximo, poderiam ter seus valores reduzidos.

Page 84: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

72

5.6.2.2. Mobilização

A ID de mobilização consumiu a segunda maior parcela do indicador de

produtividade acumulado. A Figura 5.20 ilustra o seu comportamento ao longo dos

dias de levantamento.

Figura 5.20 - RUPs da ID de mobilização

Com base nos valores mostrados na Figura 5.20 e na equação 5.1, o potencial

de melhoria da ID de mobilização pode ser calculado da seguinte forma:

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟓,𝟓 − 𝟑,𝟐

𝟓,𝟓= 𝟎,𝟒𝟐 = 𝟒𝟐 %

A diferença de 42% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de mobilização. Para que se possa atingir

o potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se compreenda o

impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.21 expressa esses valores.

Page 85: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

73

Figura 5.21 - Estratificação de nível 2 da ID de mobilização

Ao analisar os aspectos mais impactantes da ID de mobilização, é importante

que se saiba quais são as atividades responsáveis por pelo menos 80% das causas. A

Figura 5.22 apresenta as atividades mais impactantes para esta parcela.

Figura 5.22 - Atividades mais impactantes da ID de mobilização

Page 86: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

74

5.6.2.3. Paralisação

A ID de paralisação consumiu a terceira maior parcela do indicador de

produtividade acumulado. A Figura 5.23 ilustra o seu comportamento ao longo dos

dias de levantamento.

Figura 5.23 - RUPs da ID de paralisação

Com base nos valores mostrados na Figura 5.23 e na equação 5.1, o potencial

de melhoria da ID de paralisação pode ser calculado da seguinte forma:

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟒,𝟎 − 𝟑,𝟑

𝟒,𝟎= 𝟎,𝟏𝟖 = 𝟏𝟖 %

A diferença de 18% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de paralisação. Para que se possa atingir

o potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se compreenda o

impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.24 expressa esses valores.

Page 87: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

75

Figura 5.24 - Estratificação de nível 2 da ID de paralisação

Ao analisar os aspectos mais impactantes da ID de paralisação, é importante

que se saiba quais são as atividades responsáveis por pelo menos 80% das causas. A

Figura 5.25 apresenta as atividades mais impactantes para esta parcela.

Page 88: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

76

Figura 5.25 - Atividades mais impactantes da ID de paralisação

5.6.2.4. Delay

A ID de delay consumiu a quarta maior parcela do indicador de produtividade

acumulado. A Figura 5.26 ilustra o seu comportamento ao longo dos dias de

levantamento.

Figura 5.26 - RUPs da ID de delay

Page 89: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

77

Com base nos valores mostrados na Figura 5.26 e na equação 5.1, o potencial

de melhoria da ID de delay pode ser calculado da seguinte forma:

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟑,𝟐 − 𝟏,𝟗

𝟑,𝟐= 𝟎,𝟒𝟏 = 𝟒𝟏 %

A diferença de 41% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de delay. Para que se possa atingir o

potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se compreenda o

impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.27 expressa esses valores.

Figura 5.27 - Estratificação de nível 2 da ID de delay

Ao analisar os aspectos mais impactantes da ID de delay, é importante que se

saiba quais são as atividades responsáveis por pelo menos 80% das causas. A Figura

5.28 apresenta as atividades mais impactantes para esta parcela.

Page 90: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

78

Figura 5.28 - Atividades mais impactantes da ID de delay

5.6.2.5. Apoio

A ID de apoio consumiu a quinta maior parcela do indicador de produtividade

acumulado. A Figura 5.29 ilustra o seu comportamento ao longo dos dias de

levantamento.

Figura 5.29 - RUPs da ID de apoio

Page 91: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

79

Com base nos valores mostrados na Figura 5.29 e na equação 5.1, o potencial

de melhoria da ID de apoio pode ser calculado da seguinte forma:

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟐,𝟗 − 𝟏,𝟐

𝟐,𝟗= 𝟎,𝟓𝟗 = 𝟓𝟗 %

A diferença de 59% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de apoio. Para que se possa atingir o

potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se compreenda o

impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.30 expressa esses valores.

Figura 5.30 - Estratificação de nível 2 da ID de apoio

Ao analisar os aspectos mais impactantes da ID de apoio, é importante que se

saiba quais são as atividades responsáveis por pelo menos 80% das causas. A Figura

5.31 apresenta as atividades mais impactantes para esta parcela.

Page 92: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

80

Figura 5.31 - Atividades mais impactantes da ID de apoio

5.6.2.6. Deslocamento

A ID de deslocamento consumiu a sexta maior parcela do indicador de

produtividade acumulado. A Figura 5.32 ilustra o seu comportamento ao longo dos

dias de levantamento.

Figura 5.32 - RUPs da ID de deslocamento

Page 93: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

81

Com base nos valores mostrados na Figura 5.32 e na equação 5.1, o potencial

de melhoria da ID de deslocamento pode ser calculado da seguinte forma:

𝐏𝐨𝐭𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚 =𝟐,𝟔 − 𝟏,𝟖

𝟐,𝟔= 𝟎,𝟑𝟏 = 𝟑𝟏 %

A diferença de 31% entre a RUP cumulativa e a RUP potencial, mostra que há

espaço para melhorar a produtividade da ID de deslocamento. Para que se possa de

fato atingir o potencial máximo que esta parcela é capaz, é preciso que antes se

compreenda o impacto de cada uma de suas atividades. A Figura 5.33 expressa esses

valores.

Figura 5.33 - Estratificação de nível 2 da ID de deslocamento

Page 94: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

82

Ao analisar os aspectos mais impactantes da ID de deslocamento, é importante

que se saiba quais são as atividades responsáveis por pelo menos 80% das causas. A

Figura 5.34 apresenta as atividades mais impactantes para esta parcela.

Figura 5.34 - Atividades mais impactantes da ID de deslocamento

Page 95: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

83

6. Considerações Finais

6.1. Conclusões

Este trabalho foi elaborado com base em questionamentos sobre a construção

civil praticada no país, com foco no subsetor de edificações. Inicialmente, apresentou-

se os problemas enfrentados por essa indústria de características únicas. A baixa

atratividade da mão de obra no cenário atual no qual essa indústria se coloca, norteou

uma discussão de quais caminhos ela deveria trilhar para reverter este quadro.

Diante deste cenário, justificou-se a sua transformação a partir da mudança do

conceito de como se constrói atualmente. Essa nova maneira de construir precisaria

estar pautada em processos modulares conduzidos em ambientes fabris. Neste

cenário ideal de construção industrializada, onde a montagem substitui a moldagem,

seriam oferecidas condições dignas de trabalho e os profissionais seriam estimulados

a ingressar no setor da construção civil.

No entanto, quando se opta por trilhar esse novo caminho, a preocupação que

surge é que de que talvez as nossas obras não estejam preparadas para encarar esse

novo processo construtivo. Essa preocupação leva a discussão se, de fato, a questão

da produtividade neste cenário desejado tem um peso menor.

Há uma tendência de se imaginar que em processos industrializados não haja

problemas de produtividade, uma vez que existe uma redução no consumo de Hh/m²

de construção. Entretanto, não se pode afirmar com base nesta constatação que a

produtividade seja melhor, ela apenas mudou sua ordem de grandeza. Logo, os

questionamentos sobre a produtividade neste processo continuariam válidos.

Assim, a hipótese de que os processos industrializados não estão isentos de

problemas de gestão e portanto, não se pode afirmar que a industrialização por si só

Page 96: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

84

seja suficiente para a obtenção do potencial máximo de produtividade, foi o fio

condutor que orientou esse trabalho na busca das respostas desejadas.

Para confirmar a validade desta hipótese, foi feita uma investigação onde

escolheu-se um sistema construtivo que pudesse ser devidamente caracterizado como

industrializado. Nesse sentido, optou-se por analisar a etapa de montagem das lajes

Steel Deck.

Definido o objeto de estudo, pôde se ir a campo para colher as informações

que permitiriam atestar a eficiência de uma obra que faz uso desse tipo de laje.

Embora as vantagens desse sistema sejam amplamente divulgadas, o levantamento

permitiu que se percebesse a existência de algumas situações inesperadas para um

processo como esse.

A Tabela 6.1 traz um compilado das atividades mais impactantes no consumo

dos recursos durante a montagem das lajes Steel Deck. A primeira conclusão que

pode ser extraída dos dados apresentados nesta tabela é que embora as atividades

não grifadas sejam bastante impactantes, elas são inerentes ao processo. No entanto,

essa avaliação não pode ser estendida ao trabalho de medições e cortes no deck. O

levantamento possiblitou chamar a atenção para esta etapa da ID de serviço que

surpreendentemente mostrou-se bastante impactante. Por fim, percebe-se que os

impactos das demais atividades destacadas são fruto de questões internas e de

organização dentro do canteiro.

Tabela 6.1 - Impacto das atividades da montagem de Steel Deck no consumo dos recursos

Page 97: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

85

A informação da Tabela 6.1 valida a hipótese inicialmente formulada. Não é

porque se opta por substituir uma obra convencional por uma obra industrializada,

que deve-se deixar a preocupação com a gestão interna de lado. A mudança de

sistema construtivo pura e simplesmente, não livra a necessidade de se ter uma

gestão eficiente e um planejamento apurado, uma vez que a improdutividade também

pode ocorrer nesse ambiente com essa nova característica.

Fica evidenciado que existe um espaço para ser trabalhado que não tem

relação com tecnologia construtiva, com equipamentos ou com novos investimentos. É

essa informação que surge e é oferecida aos gestores, ou seja, é possível aprimorar a

gestão da obra para que os problemas sejam mitigados e a produtividade seja

melhorada.

Quando consegue-se chegar nesse tipo de informação, é possível interferir no

processo construtivo para melhorá-lo. Portanto, o olhar atento sobre a gestão dentro

do canteiro de obra nesse ambiente industrializado adquire uma importância

fundamental. Essa atitude vai permitir que a margem de melhoria que venha a ser

revelada pelos indicadores seja explorada. Com isso, os resultados de produtividade

poderão ser maximizados, justificando a sua opção frente ao sistema convencional.

6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros

Sugere-se para a realização de trabalhos futuros, o aprofundamento deste

tema com o intuito de se identificar medidas efetivas que possam contribuir para a

melhoria da produtividade das atividades mais impactantes no consumo dos recursos

durante a montagem das lajes Steel Deck.

Page 98: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

86

Referências Bibliográficas

ABDI. Manual da construção industrializada - Conceitos e Etapas. Brasília:

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, v. I: Estrutura e Vedações, 2015.

ABNT. Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de

edifícios - NBR 8800. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro.

2008.

ABNT. Edificações habitacionais - Desempenho - NBR 15575. Associação

Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro. 2013.

ABNT. Telha-fôrma de aço colaborante para laje mista de aço e concreto -

Requisitos e ensaios - NBR 16421. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio

de Janeiro. 2015.

ALVA, G. M. S. Sobre o projeto de ediíficios em estrutura mista aço-concreto.

Universidade de São Paulo. São Carlos, p. 296. 2000.

ARAÚJO, L. O. C. Método para a previsão e controle da produtividade da mão-de-

obra na execução de fôrmas, armação, concretagem e alvenaria. Escola

Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 385. 2000.

BELLEY, I. H.; PINHO, F. O.; PINHO, M. O. Edifícios de múltiplos andares em aço.

2ª. ed. São Paulo: Pini, 2008.

BRENDOLAN, G. Análise do comportamento e da resistência de um sistema de

lajes com aço incorporado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,

p. 160. 2007.

CABRITA, A. F. N. Atrasos na construção: causas, efeitos e medidas de

mitigação. Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, p. 177.

2008.

CAMPOS, P. C. Efeito da continuidade no comportamento e na resistência de

lajes mistas com fôrma de aço incorporada. Universidade Federal de Minas Gerais.

Belo Horizonte, p. 105. 2001.

CICHINELLI, G. Steel Deck. téchne, n. 147, Junho 2009.

CICHINELLI, G. Mecanização depende não só de investimento em equipamentos,

mas de projeto logístico e racionalização do canteiro. Construção mercado, n. 158,

Setembro 2014.

CICHINELLI, G. Veja os procedimentos de execução de lajes em steel deck. téchne,

n. 211, Outubro 2014.

DELIBERATO, C. Diretrizes para o projeto e execução de lajes mistas de

concreto e chapas metálicas trapeizoidais ("Steel Deck"). Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo. São Paulo, p. 135. 2006.

FARIA, R. Industrialização econômica. téchne, n. 136, Julho 2008.

Page 99: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

87

FÉRIA, L. Industrialização nos canteiros é caminho sem volta. Estadão, 13 Abril 2014.

FILIPPI, G. A.; MELHADO, S. B. Um estudo sobre as causas de atrasos de obras de

empreendimentos imobiliários na região Metropolitana de São Paulo. Ambiente

Construído, Porto Alegre, v. 15, p. 161-173, jul./set. 2015.

GALHARDO, L. S. et al. Driving Predictable Business Outcomes in a Dynamic

Global Market. CII 2011 Annual Conference Proceedings. Chicago: CII. 2011.

GOMES, L. C. Estudo do sistema de lajes mistas com fôrma de aço incorporada

empregando concreto estrutural leve. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo

Horizonte, p. 112. 2001.

LEAL, U. Lajes: Dois em um. téchne, n. 47, Julho 2000.

LEMOS, P. P. Sistema de lajes mistas Steel Deck: análise comparativa com o

sistema de lajes zero em concreto armado. Universidade Federal do Rio Grande do

Sul. Porto Alegre, p. 80. 2013.

MACHADO, L. G. Aplicação da metodologia PDCA: etapa P (Plan) com suporte

das ferramentas de qualidade. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora,

p. 48. 2007.

MARQUES, D. V. P. Racionalização do processo construtivo de vedação vertical

em alvenaria. UFRJ/ Escola Politécnica. Rio de Janeiro, p. 85. 2013.

MELLO, C. B. F. Análise do comportamento e da resistência do sistema de lajes

mistas. Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,

p. 142. 1999.

MOURA, A.; SÁ, M. D. V. V. A. Influência da racionalização e industrialização na

construção sustentável. Tecnologia & Informação - Revista Científica da Escola de

engenharias e Ciências Exatas / Universidade Potiguar, Natal, n. 1

(nov.2013/fev.2014), p. 60, 2014.

NAKAMURA, J. Fôrma colaborante. téchne, n. 129, Dezembro 2007.

OLIVEIRA, T. Industrialização e tecnologias de construção - PINI 60 anos.

Construção mercado, n. 82, Maio 2008.

PINHO, M. O. Transporte e Montagem. Rio de Janeiro: IBS / CBCA, 2005.

REIS, L. V. N. Lajes mistas com fôrma de aço incorporada: aplicações,

dimensionamento e metodologia de análise numérica. Universidade Federal de

São Carlos. São Carlos, p. 77. 2012.

RIBEIRO, M. S. A industrialização como requisito para a racionalização da

construção. UFRJ / PROARQ / FAU. Rio de Janeiro, p. 93. 2002.

SAMPAIO, E.; ARAÚJO, L. O. C. How To Measure Productivity: a real possibility.

RICS COBRA 2012 Conference Proceedings. Las Vegas: ASEE Annual Conference.

2012.

SAYEGH, S. Pré-fabricação a limpo. aU, n. 130, Janeiro 2005.

SDI. Manual of Construction with Steel Deck. [S.l.]: Steel Deck Institute, 2006.

SEBRAE. Industrialização do canteiro de obras. Boletim, 14 Fevereiro 2014.

Page 100: O VIÉS DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB A ÓTICA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016713.pdfvi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

88

SIEG, A. P. A. Estudo de um sistema de laje com fôrma de aço incorporada.

Universidade de São Paulo. São Carlos, p. 143. 2015.

SOUZA, U. E. L. Metodologia para o estudo da produtividade da mão-de-obra no

serviço de fôrmas para estruturas de concreto armado. Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 280. 1996.

SOUZA, U. E. L. Método para a previsão da produtividade da mão-de-obra e do

consumo unitário de materiais para os serviços de fôrmas, armação,

concretagem, alvenaria, revestimentos com argamassa, contrapiso,

revestimentos com gesso e revestimentos cerâmicos. Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 280. 2001.

SOUZA, U. E. L. Como aumentar a eficiência da mão-de-obra. São Paulo: PINI,

2006.

SPADETO, T. F. Industrialização na construção civil - uma contribuição à política

de utilização de estruturas pré-fabricadas em concreto. Universidade Federal do

Espírito Santo, Centro Tecnológico. Vitória, p. 193. 2011.

TAMAKI, L. Salto produtivo. téchne, n. 157, Abril 2010.

THOMAS, R.; YIAKOUMIS, I. Factor Model of Construction Productivity. Journal of

Construction Engineering and Management, Dezembro 1987. 623 a 639.