o trabalho do assistente social nas instÂncias pÚblicas de controle democrÁtico
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O presente estudo tem por finalidade conhecer e esclarecer sobre o espaço sócio-ocupacional do assistente social nas instâncias públicas de controle democrático, tratando-se de uma análise bibliográfica crítica que tentará abordar a direção seguida pelos assistentes sociais no exercício profissional nesses ambientes, suas características e dificuldades, além de fazer uma conexão com a realidade demonstrando exemplos que possam ilustrar nosso estudo, contribuindo para um maior entendimento do assunto.TRANSCRIPT
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FACULDADE CATÓLICA DE UBERLÂNDIA
Cristiane Pereira RodriguesDébora Pereira InácioMarcelo Luiz PereiraMatheus Silva Lima
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS INSTÂNCIAS PÚBLICAS DE
CONTROLE DEMOCRÁTICO
UBERLÂNDIA
2010
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CRISTIANE PEREIRA RODRIGUES
DÉBORA PEREIRA INÁCIO
MARCELO LUIZ PEREIRA
MATHEUS SILVA LIMA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS INSTÂNCIAS PÚBLICAS DE
CONTROLE DEMOCRÁTICO
Trabalho apresentado ao curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia como requisito parcial para avaliação na disciplina Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social III. Orientadora: Juliana Maria Batistuta Teixeira Vale
UBERLÂNDIA
2010
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SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................ 3
2. As instâncias de controle democrático e os desafios na atual conjuntura ...... 3
3. O trabalho do assistente social nos espaços de controle democrático ............. 4
4. Algumas Considerações ....................................................................................... 6
5. Conclusão .............................................................................................................. 7
Referências ............................................................................................................... 7
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1. Introdução
O presente estudo tem por finalidade conhecer e esclarecer sobre o espaço sócio-
ocupacional do assistente social nas instâncias públicas de controle democrático,
tratando-se de uma análise bibliográfica crítica que tentará abordar a direção seguida
pelos assistentes sociais no exercício profissional nesses ambientes, suas características
e dificuldades, além de fazer uma conexão com a realidade demonstrando exemplos que
possam ilustrar nosso estudo, contribuindo para um maior entendimento do assunto.
2. As instâncias de controle democrático e os desafios na atual conjuntura
A promulgação da constituição de 1988, introduziu avanços que buscaram
corrigir os grandes problemas sociais enfrentados pela sociedade, o que não conseguiu
universalizar direitos, visto que, as classes dominantes permaneciam privatizando
espaços públicos.
Em relação à descentralização do poder federal e a participação ativa da
sociedade nas políticas públicas, foram atingidos importantes regras no sentido da
criação de uma nova aliança com o poder federal, e o município sendo autônomo da
federação, transferindo-se para o âmbito local, novas competências e recursos públicos
capazes de fortalecer o controle social com a participação da sociedade civil nas
decisões políticas gerando uma nova relação Estado-sociedade.
Nesse processo histórico, que conquista a soberania popular, através da
constituição de 1988, busca sua ampliação de democracia representativa para
participativa de base, com a participação dos conselhos e as conferências nas políticas
sociais.
Os conselhos e os prestadores de serviços públicos, privados e filantrópicos
discutem, elaboram e fiscalizam as políticas sociais, que tem sua base na
universalização dos direitos pautada por uma nova compreensão do caráter e papel do
Estado. Os conselhos possuem três níveis: nacional, estaduais e municipais.
As conferências são eventos que devem realizar reuniões periodicamente para
que sejam discutidas as políticas sociais e também propor ações a fim de sanar os
problemas existentes. Estas conferências são realizadas de forma a gerar um norte para a
implantação das políticas influenciando diretamente nas discussões dos conselhos.
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A partir de 1990, foram criados os mecanismos de controle democrático, que são
considerados como uma regressão dos direitos sociais e que passam a ter um novo
estágio de acumulação capitalista, que se torna ainda mais crítica em relação às
conquistas da constituição de 1988.
No Brasil, o foco do debate das políticas públicas é a oposição à universalização,
principalmente na despolitização e tecnificação dos interesses sociais.
Na atual conjuntura brasileira, o fortalecimento da organização popular é uma
estratégia muito importante para o questionamento da cultura política da crise imposta
pelo capital, tendo o cuidado de conhecer as principais questões que os mecanismos de
Controle Social da sociedade sobre o Estado têm e como enfrentar seus desafios.
Os conselhos são considerados pelos liberais como mecanismos de colaboração
e pela esquerda como possibilidades de mudanças sociais, no que diz respeito à
democratização das relações de poder.
Portanto com base nesses espaços de controle democrático atualmente, vimos
que são de grande importância para a democratização do espaço público e para
mudanças da cultura política brasileira, pautada no clientelismo, patrimonialismo e
populismo.
3. O trabalho do assistente social nos espaços de controle democrático
Os desafios são enormes e estão postos para efetivar a participação social e o
controle democrático nas políticas pública na atual conjuntura, que esta presente para
que os serviços sociais estejam incorporados para combater as tendências de reforço do
terceiro setor, de desresponsabilidade do Estado e da participação cidadã.
Porém a ampliação da esfera pública, o fortalecimento de instâncias
democráticas e a garantia de direitos sociais são uns dos desafios postos para os
profissionais que têm um novo projeto societário. Dentre dos documentos legais do
Serviço Social o projeto ético-político em sua bagagem ressalta a construção de uma
nova ordem social, com igualdade, justiça social, universalização do acesso as políticas
sociais, bem como garantia dos direitos civis, políticos e sociais para todos.
Os anos 80 foram marcados pela releitura da profissão que incorporaram a
temática dos movimentos sociais na formação profissional, nas pesquisas e na produção
acadêmica, e nos anos 90, o debate de Serviço Social se deslocou para espaços de
controle democrático, perante o esvaziamento dos movimentos sociais e implementação
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dos conselhos. E para que se efetivar o controle democrático era necessário que os
representantes da sociedade civil se organizassem institucionalmente e nas suas bases e
que tenham consciência dos seus direitos e a quem reclamá-los. Neste contexto o
profissional de Serviço Social para atuar era necessário ter clareza que a qualidade da
participação nesses espaços públicos não está definida a priori, porque são espaços de
disputa, vistos também como coisa pública.
Diante o trabalho dos assistentes sociais nas instâncias de controle democrático
alguns autores comprovam que os assistentes sociais desenvolvem seu trabalho em
diversas áreas e não apenas como conselheiros.
Gomes (2000) afirma que o assistente social deve ser um socializador de
informações, desvelando com competência técnico-política as questões, propostas, as
armadilhas que aparecem no conselho.
Bravo e Souza (2002) identificam algumas respostas dadas pelos assistentes
sociais relacionadas á assessoria técnica aos conselheiros representantes dos usuários e
dos trabalhadores de saúde.
E devido essa assessoria técnica são destacadas algumas ações tais como a
organização da documentação dos conselhos; a organização de plenárias; a elaboração
de cartilhas sobre o controle social e política de saúde; a pesquisa de temas e realização
de oficinas, pesquisa sobre a realidade, dentre outras.
Correa (2005) salienta que o assistente social está relacionado com o controle
social em duas dimensões sendo o primeiro visto como um profissional auxiliar ao
controle social, encarado como um meio utilizado pelo Estado para a manutenção do o
consenso e da ordem, no qual é necessário para a reprodução capitalista. E no segundo
tem um olhar voltado como uma profissão que pode contribuir para o exercício de
controle de setores populares sob as ações do Estado, para que esse atenda aos
interesses da maioria da população.
Segundo a autora os desafios para esta nova demandam profissional, se
constituem a partir de alguns requisitos: aporte teórico, compreensão histórica da
política social e dos seus aspectos legais e jurídicos, capacidade de realizar constantes
analises e conjunturas, compreensão de que esses espaços são contraditórios, capacidade
de elaborar planos, programas e projetos de forma participativa e de intervir no
orçamento, competência para capacitar conselheiros e∕ou população usuária para o
exercício do controle social; articulação com as demais políticas; consciência dos
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limites e possibilidades de participação social em espaços institucionais
(CORREIA,2005).
É preciso ser um profissional com competência, capacitação e estar sempre se
adaptando com a realidade por mais especificas que elas sejam, porque somente com
capacitação que poderá enfrentar os desafios postos mediante as problemáticas das suas
ações.
Fazendo uma análise entre o Serviço Social e Saúde, que ambas abordam a
discussão teórica e política presente no Serviço Social, apresentando alguns desafios
postos na atualidade para o fortalecimento do projeto ético político profissional:
Atendimento Direto aos Usuários;
Mobilização, Participação e Controle Social;
Investigação, Planejamento e Gestão;
Assessoria, Qualificação e Formação Profissional.
Ações Socioeducativas
4. Algumas Considerações
Vemos que o Serviço Social possui diversas ferramentas que analisam os
mecanismos do controle democrático, que teve suas formações nos anos 80, no processo
de redemocratização da sociedade, isso tudo tendo acontecido no período de crise dos
anos 90.
Porem essas ferramentas não eram propriamente ditas do Serviço Social, as suas
próprias passam a figurar a partir de 2000, até então os assistentes sociais participavam
de vários espaços de controle democrático, tais como conselhos, conferencias, fóruns,
plenários, comitês, orçamento e planejamento participativo, bem como de projetos de
extensão que articulam ensino e pesquisa das universidades.
Assim o Serviço Social se torna dividido, onde, de um lado se vê resolução de
conflitos entre partes diferentes, e do outro onde diferentes interesses sociais convergem
para o interesse de todos.
Quanto à atuação dos assistentes sociais, temos duas direções: a primeira
desenvolvida pelos profissionais como apoio técnico ou técnico-administrativo; a
segunda caracteriza as ações técnico-políticas, esse por sua vez, para que aconteça, tem
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que haver a colaboração da universidade para garantir uma relativa autonomia na
analise com relação as políticas sociais.
Desta forma aparece outra questão, que se refere quanto ao Serviço Social e a
universidade, que é a articulação ensino-pesquisa-extensão. Nos anos 80 tinham essa
experiência de extensão articuladas ao estagio, entretanto diminuíram nos anos 90,
sendo que a extensão tem sofrido transformações.
A concepção defendida é que a universidade tem que ser compromissada com a
sociedade e com as transformações para fazer valer a democracia, e não ter caráter
privado.
A partir de 1998 as entidades da categoria têm estimulado a inserção dos
assistentes sociais nos espaços democráticos. Pois verificam que os mesmos têm muito
o que fazer junto as instâncias públicas de controle democrático juntamente com os
movimentos sociais, visando fazer valer os direitos sociais e buscar a emancipação
humana.
5. Conclusão
Diante do que foi destacado durante o texto e voltado ao nosso objetivo principal do
estudo em questão, — conhecer o espaço sócio-ocupacional do assistente social nas
instâncias públicas de controle democrático — podemos concluir que os assistentes
sociais podem ter uma dupla função nas instâncias públicas de controle democrático,
uma função essencialmente política, participando como conselheiros, e uma outra que
se caracteriza como um novo espaço sócio-ocupacional, em que esse profissional
desenvolve ações de acessoria aos conselhos e a alguns de seus seguimentos, o qual se
destacou em nosso estudo.
Referências
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL – CEFESS; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL – ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. v. 1. Brasília: CEFESS/ABEPSS, 2009.