o marginal #3

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#3 - NOVEMBRO - 2015

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Novembro de 2015

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#3 - NOVEMBRO - 2015

WESLEY S. ESTÁCIO [CAPIVARA LABS]

n 01. VIRGÍNIA CAMILA OLARDHI GARCIA

n 02. DELOREAN DEPENADO WESLEY S.ESTÁCIO

n 06. MARGINÁLIA: REVUE L’ETAT SAUVAGE VOUS des PÉNIS CAMILA OLARDHI GARCIA

n 08. JOVENS LUCAS ALAMEDA

n 15. AMOR DE FEIRA NATÁLIA NOLLI SASSO

n 16. OBSCURA ANDRÉIA COSTA

n 20. QUADRINHOS EMER SIMPSON

n 23. UMA DOSE DE SCOTH NUM BAR ESCURO TOCANDO BELCHIOR JOÃO PAULO DERBLI MARCOWICZ

n 26. METAMORFOSE-SE: UM PROJETO DE BORBOLETAS GABRIELLE PAGLIUSO

n 34. SEM TÍTULO LAUREEN UND MARIE

n 40. MIXED MEDIA VALMIR KNOP JR.

n 46. A POESIAUTORAL DO POETA-MATUTO-MARGINAL SÉRIE 10 CÂNTICOS ÀS SAÚVAS CÉLIO LIMA

n 51. DIVERSOS BEATRIZ DA MATTA

n ARTE

n TEXTO

n 56. #FORACUNHA - SÃO PAULO GABRIELA ARAÚJO

n 57. COMME UN SERVITEUR QUI VEUT ÊTRE ROI BANG BANG

n 58. AS ÁGUAS MARIANA GALLI

n 64. RUAR A EXISTÊNCIA RAQUEL NASCIMENTO GOMES

n 67. POEMAS RICARDO PAIÃO OLIVEIRA

n 72. SESSÃO DE HAICASSIFICADOS ANTONIO DE AZEVEDO JÚNIOR [MANO JR]

n 73. SESSION DE COLLAGÈNE: UN VÉRITABLE DESCENTE BANG BANG

n 74. 5 A.M. ALINE RODRIGUES

n 76. AVARIA MAÍRA BORTOLETO

n 78. PL 5069/2013 MICHELLE MENDONÇA

n 80. QUADRINHOS EMER SIMPSON

n 83. UNE MÈRE DE CHANTAGE BANG BANG

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ViVi em cima de muros, atrás de portas.

abaixei, reitifiquei a sensatez e apanhei.

moedas, discretas, segredos, maléficos.

embaixo da porta tem: incrédulos.

em cima do muro tem: discretos.

em dias assim, ViVo o fim.

que cabe na música afim.

não tenho medo de fugir.

corro, desenfreadamante; insistir.

só não é mais afim a gruta sem fim.

groselha feliz!

MARGINÁLIAREVUE: L’ETAT SAUVAGE VOUS des PÉNIScamila olardhi garcia

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JOVENSlucas alameda

quais questionamentos podem reverberar tensionando relações com o cotidiano ou o íntimo? como é consumido o tempo? a (i)mobilidade do corpo no espaço é uma opção ou consequências sem escolhas?

Jovialidade induz a construção de uma imagem geralmente relacionada a energia e vivacidade. no entanto, ao ge- neralizar estamos excluindo. sendo assim, quem são? como vivem e o que fazem os indivíduos que fazem parte de um grupo e não se sentem pertencentes. com o intuito de ambientalização, o projeto “Jovens”, através de uma linguagem que mistura documentário e ficção, cria novas diagramações de mundos para cada um deles, os jovens, que não são parte de uma identidade criada para eles e criada sem sua contribuição.

através da casa, este conjunto de elementos que se re- lacionam com a vida doméstica, é possível traçar per-fis e preferências dos jovens fotografados. Isso acon-tece ao observar a pouca luz que se apresenta na sala de estar, a escolha de poucas - ou muitas - cores nos móveis, a interação com animais e plantas ocupando o mesmo ambiente. sem perceber, eles estão sendo desmem-brados através de seus espaços. os animais que tran-sitam e dividem a mesma cama, são cúmplices de uma grande solidão. os móveis coloridos é uma aplicação daquele curso online visitado todas manhãs. e assim, uma vida de intimidades é descoberta pelo expectador, cada ambiente representa uma singularidade insubsti-tuível, mas que causa uma sensação de proximidade.

os monóculos são uma das linguagens escolhidas para a- dentrar na vida dos jovens anônimos. objetos que aclamam por uma movimentação corporal, o toque, a concentração e a vontade de ver. ao mesmo tempo que simboliza para alguns a nostalgia de fotografias antigas, da família e consequentemente, da casa.

sofrendo um processo de mesclagem com suas casas, os personagens não só transitam nelas, como fazem parte. as relações de artefato e corpo se misturam, o corpo se confunde, ele não sabe qual é sua função. sua imobili-dade sugere uma revolta que ele desconhece.

outro elemento presente no trabalho é o tédio. tédio é jogar paciência no computador, é ir para uma aula desin-teressante e sentir o olho fechando aos poucos, é mas-tigar um chiclete ate ele perder seu sabor, mas também pode ser divertido, ser uma opção, ser uma necessidade. a experiência é única, porém, há milhares de formas de experimentá- las

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Um que flerta, assovio e deslumbre, a aventura de uma fruta incerta (talvez asiática), toma nota: toque aveludado na casca, sumo farto, pregas nas polpas. o amor dá-lhe as costas. rua interditada na manhã de quarta. sem caroço ou em-baraço, a moça se balança, pacote cheio sob o braço, some no raiar de um meio dia.

pregões, muitos pregões, e a sofre-guidão de um beijo lambuzado por gordu-ras, mergulhado na lembrança de pasteis, língua solta, cordéis de mel e eucalip-to, e um grito de oferta instantânea.

o jornal colando pés dos velhos amantes, corpos rotos, notícias de an-tes.

AMOR DE FEIRAnatália nolli sasso

amor de feira, profusão dos cheiros, flores fora das estações, carne posta nas bancas, para o delírio do olfato, e as carnes das frutas ainda verdes, ladeando emergências maduras, da próxima tarde.

exalando par a par: a indiscrição, variedade, buquê com mil notas e outras mil coisas vivas, entrosadas, perfume da vida desordenada, para o desvario, e um coração famélico, outro pálido de dese-jo, outro saciado embriagado de cheiros.

Verbo solto, cabelos em coques, sacolas trançadas, mãos dadas, paixão na calçada, pisa agitada num trânsito de liquidações, últimos maços.

a cesta cheia, a dona cheia, a rua fechada, e a paixão desesperada sinaliza um sim, provar o cacho solitário da ban-ca ao lado. ânsia nas mãos, braços rápi-dos, há um lance, gesto brusco, leilão fugaz e quem dá mais, leva, a remessa desdenhada.

peixe fresco, partes descobertas, ervas secas ao sol. compradora olha, es-tuda: pescador sem anzol. enquanto a ma-nhã urge seus calores, cozendo legumes, caldeirão invisível para um ensopado imaginário, na banca central.

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OBSCURAandréia costa

a série obscura, capta o momento em que a imagem se forma dentro da câmera escura. como registro de uma imagem, capta seus ruí-dos e distorções explorando a relação exis-tente entre esses dois elementos. enquanto narrativa urbana, de um percurso realizado, ressignifica espaços através de uma linguagem fotográfica cuja distorção nos revela um outro olhar sobre a cidade.

ANDRÉIA PAULINA COSTA, 28 anos, santista e fotógrafa experimental. Trabalha como arte educadora, com foco em linguagens artísticas contemporâneas e arte urbana. Durante o ano de 2015 realizou várias oficinas nas redes do SESC-SP, onde explorou diversas questões artísticas em ateliês de livre criação para jovens e crianças. Cientista social pela UNESP e mestranda em Arquite-tura pela USP, é também integrante do Núcleo de Estudo das Espacialidades Contemporâneas (NEC- USP São Carlos). Escreve para o Coletivo Mínimo e têm realizado cura-dorias no Extinção Espaço

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QUADRINHOSemer simpson

EMER SIMPSON, O CHAPEIRO CARTUNISTA.sou de são paulo, chapeiro porque assim sou chamado.

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ele ainda pedia o scotch com ape-nas uma pedra de gelo. o corpo não era como de outrora, mas conservava o mes-mo sorriso calculado que fez sua fama pela cidade. o rocky balboa tupiniquim. era assim que se referiam a tony, tanto pelos punhos pesados como pelo charme outsider. rita nunca deixou de ter o fogo nos olhos que até hoje enlouque-cem os homens. mas seu corpo não passou ileso pela quantidade de droga consumi-da ao longo dos anos. álcool e cigarros eram companheiros constantes para sua solidão. muita coisa havia mudado desde que transaram no banheiro da festa em que ele comemorava a vitória que segundo seu agente o levaria para o estrelato. uma época onde cocaína e mulheres atrás de quinze minutos de fama eram a trilha sonora das noites de tony.

agora por algum motivo rita queria conversar. tony não sabia do por que, fazia uns seis anos da última vez que se viram. Ela era casada e tinha filhos, enquanto ele era apenas o que sobrou do passado de um lutador junkie, uma conta bancária no vermelho e troféus enferru-jados na estante.

“ainda tem um belo par de coxas”, disse tony tomando um gole de seu scotch.

“e você ainda tem o costume de se encontrar em bares escuros cheio de bêba-dos chorando amores perdidos. aliás, seu bafo com cheiro de álcool continua o mesmo”, disse rita em tom sarcástico.

UMA DOSE DE SCOTCH NUM BAR ESCURO TOCANDO BELCHIORJoão paulo derbli marcowicz

“cada um com a sua turma. um lobo não pode se afastar da matilha.”

“quando você vai crescer? se ainda tivesse algum dinheiro continuaria dis-tribuindo pó para esses vagabundos.’’

“e o seu marido, ainda sai com trav-estis ou esta só com as empregadas”?

“tony, as coisas não são assim como você pensa. além do mais não vim aqui para isso. preciso te contar uma coi-sa.’’

“Já sei há muito tempo que continua me amando ’’, disse tony dando um breve sorriso.

“pare de brincadeira. o que eu te-nho para falar é sério.”

“então vou pedir mais uma dose baby.”

“tony, você é pai de um dos meus filhos”, disse ela abruptamente enquanto ele chamava o garçom.

um calafrio tomou conta do corpo de tony. rita foi a única mulher que ele amou de verdade. desde a primei-ra vez que a viu, com o cabelo amarrado de modo que aparecessem as estrelas ta- tuadas em seu pescoço e a saia cirurgi-camente curta para mostrar suas belas

pernas, ele se apaixonou. em cada mo-vimento ela demonstrava saber que os homens comiam em sua mão. o mundo parecia pequeno pela fúria que emanava de seus olhos e pelo tesão que escorria junto com o suor de seu corpo molhado dançan-do bêbada pela pista. eles viveram como casados por um bom tempo. tony já estava sendo considerado imbatível, nocauteou desde americanos rednecks até russos co-munistas, era muhammad ali voando pelo ringue “like a butterfly’’. Mas junto com as vitórias vieram mais cocaína e mu-lheres sedentas por sexo. as suas visitas constantes a delegacia e as noites que duravam dias foram sua derrocada. perdeu várias lutas seguidas, enquanto sua vida se tornava cada dia mais junkie. rita não aguentou e caiu fora. logo que ter-minou com ele casou e teve vários filhos.

Já tony passou a morar junto com um cachorro vira- lata que achou na rua e a trabalhar como segurança de boates decadentes. há anos que eles não se viam. de alguma forma a notícia de que tinha um filho o deixou preocupado.

“filho? porque só agora você veio com esse papo?”, disse Tony desconfiado.

“cada dia ele está mais parecido com você. tenho medo de que meu marido descubra algo.”

“porque você nunca me contou isso? quando que o tivemos?”.

“descobri que estava grávida logo depois que terminamos. eu tinha acabado de co-nhecer meu marido. Já imaginava que você se tornaria um bêbado.”

“mas estão o que você quer de mim?”.

“...”

“fale o que você quer?”.

“eu precisava falar com você. talvez possa ver ele às escondidas alguns dias”, disse Rita parecendo estar aflita.

“rita, preciso de um tempo para pen-sar sobre isso. se você puder me deixar sozinho.”

“mas tony.”

“...” ela saiu da mesa sem falar uma pa-lavra. Rita ainda ficou um tempo parada na porta do bar observando tony pelo vidro. ele pediu mais uma dose de scotch e cal-mamente acendeu um cigarro de filtro ver-melho. tony nunca acreditou em redenção. ele via algum estilo em sua solidão. não ia vender sua alma por um pouco de paz interior e nem chorar arrependido em troca do amor de alguém. sentado no bal-cão sujo de um bar escuro ele sabia que tudo tinha valido a pena, mesmo que um vira-lata e uma garrafa de bebida sejam

seus únicos companheiros para as noites de insônia. A notícia que teria um filho até deixou de certa forma preocupado. o marido de rita poderia dar alguma dor de cabeça para ele se descobrisse. um filho querendo amor paternal não era o seu plano de vida. não havia como amar uma criança que ele nunca tinha visto, o tempo dos dois já se fora. ele não se-ria uma boa companhia para uma criança e nem uma criança para ele. a imagem de alguém depositando esperança nele o deixava angustiado. o melhor era deixar as coisas todas do jeito que estavam. rita sempre foi o amor de sua vida, mas o amor não foi suficiente. O mundo às vezes é um peso pesado te acertando um gancho de direita e a realidade uma lona de ringue cheirando suor e sangue.

separações, promessas quebra-das e crianças infelizes são algo rotineiro. uma dose de scotch num bar escuro tocando belchior é como mertiolate numa ferida no joelho.

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26

No sentido figurado, a metamorfose é a mudança que ocorre no caráter, no estado ou na aparência de uma pessoa, é a transmutação física ou moral. neste projeto de borboletas a ideia de metamorfose é inserida no meio urbano e em cenários do cotidiano. a intervenção acontece em um lugar comum em que as pessoas passam todos os dias, mas não o percebem. busca-se a valorização do simples, o question-amento e a mudança do ponto de vista do que é considerado lixo, velho, feio e comum.

assim como o papel é transformado em borboleta por meio da dobradura, o ato de dobrar em si na arte do origami é a própria transformação da vida, a sua inspiração está nos elementos da na-tureza e nos objetos do cotidiano.

a borboleta é a mutação da crisálida em um novo ciclo, sendo considerada um símbolo de inconstância, de mudanças e de liberdade. ao ser inserida em um ambiente, permite um novo olhar para o que já existe.

utilizando como referência a teoria do caos e do efeito borbole-ta, nossas próprias vidas caóticas são moldadas pelas escolhas que fazemos e pelo que o acaso nos proporciona. se pararmos para olhar a nossa volta, veremos coisas que não podem ser previstas. coisas que são, aparentemente pequenas, mas que podem ter grande influência nos nossos dias, pensamentos e sentimentos.

Metamorfose-se: Um Projeto de Borboletas proporciona uma reflexão sobre nós mesmos: “o que eu quero transformar em mim, nas pessoas e no que existe ao nosso redor? ”

METAMORFOSE-SE: UM PROJETO DE BORBOLETASgabrielle pagliuso

GABRIELLE PAGLIUSO é formada em Artes Plásticas. Vive e trabalha em São José do Rio Preto. Apaixonada por arte urbana. Em constante transformação assim como tudo.

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laureen und marie circulam sem suspeita, quebrando as barreiras do socialmente aceito e hegemônico.é um co-letivo de artes visuais que nasceu em berlim em 2014.

duas garotas brasileiras que desenvolvem nesse mundo caótico uma cultura de comunicação transversal indo em contra ponto com os grandes conglomerados de produção de cultura e informação.

desse modo essa produção periférica, independente e in-formal não pode ser ignorada. com toques do dada, queer, politico, Surrealista, filosófico e Ácido porn as meninas do laureen und marie gostariam de propor o desenvolvi-mento de um novo movimento urbano de coletivos artísti-cos. disseminações de produções artísticas, exibições, ocupações e acesso a lugares obsoletos.

aparecendo com frequência na vida das pessoas trazendo uma mútua e continua transformação da identificação do ser enquanto indivíduo e o meio em que ele vive

SEM TÍTULOlaureen und marie

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MIXED MEDIAValmir Knop Jr.

http://valmirknopjunior.tumblr.comhttps://www.facebook.com/valmirknopjunior

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“nas margens d’1 rec!fe ant!go

nascem cr!aturas d!ferentes

p/ 1 mundo b!zarro desfrutar

pao Y mel

suor Y fel

nas mesmas margens

d’1 !puJuca !nter!orano

renascem cr!aturas d’elementos

!rreVerentes

ambas d!ferem

pelo gosto do mel

pelo che!ro do fel

de tanto suor & ceu

sao elementos

protomutantes

(noVas cr!aturas)

Velhas or!gens

/

noVas pa!sagens

q sem senhuma

colisao-sexual-sangu!nea

abusam do rotulo de

“pa!s Y f!lhos”

p/ 1 ex!stenc!al!smo

l!Vre de refug!o

cultura da margem”

(pais & filhos – c.p.b.p.jr:)

“há erros propositais

e não propositais

decifra-me que te devoro!”

(assim falou frederico espirro)

i cântico à saúva... ou... (y por falar

A POESIAUTORAL DO POETA-MATUTO-MARGINALSÉRIE 10 CÂNTICOS ÀS SAÚVAScélio lima

em sardade)

- à davi san cruz (poeta transeunte transcendente)

- e nesse cant!co

q exorc!so nossas !deolog!as

a nossa res!stenc!a pac!f!ca

perante as batalhas d!ar!as...

cantare! tambem aqu!

a tua loucura cl!mat!ca

de mudanÇas temporar!as

Y por falar em sardade

Velho brother, meu am!go

meu compadre, mano noVo

homem do poVo es tu poeta...

poeta q transcende

do ate!smo ao anarqu!smo

da marcha-reVoluÇao a rel!g!ao. . .

poeta daV! san cruz

as melhores !de!as

sol nascem em tua cabeÇa

Y !nfel!zmente elas perecem

abortadas en tre uma esqu!na

Y entre outra

de forma !nstantanea.

faÇo das palaVras do lobolo

as m!nhas

“eu te amo seu porra”

dentro de uma formarmon!al Y cet!camente

!

-c.p.b.p.jr:

(o poeta-matuto-marg!nal !!!)

ii cântico à saúva... ou... (y por falar em sardade)

- à aline de andrade (poetisa da loucura temporária)

- cantare! a t! oh l!ne...

a loucura dentro de uma orb!ta Jopl!n!ana...

cantare! a mesma loucura temporar!a

q nus un!u Y nus reun!u em algum lugar do passado...

cantare! aqu! as tuas fases

sua face sofr!dalegrem cada gestaÇao

fruto de + uma loucura !nsana...

Y por falar em sardade cantare! aqu!

tambem

todo 1 agradec!mento

V!ndo de m!nha parte a t!

por nao teres esquec!do de m!m

dentro da tua pr!me!ra

cr!a l!terar!a

(!nf!n!tamente o!)...

peÇo desculpas aqu! neste poema carta canto

pela m!nha falta de contato

pelo meu afastamento cord!al Y temporar!o...

d!go-te q sao sol c!rcustanc!as

q me fazem optar sem opÇao

me Ver preso nessa epoca/pr!sao

errada de rot!na erronea

q me serra os pedaÇos

de fragmentaÇoes

.

.

.

-c.p.b.p.jr:

(o poeta-matuto-marg!nal !!!)

pós modernos

desculpem o transtorno

dá falta de obra

de movimento

é s v a z i a

e m r e d o m a

s u p ô s t a l a b e r t u r a

das buscas apressadas

olhares através s a d o s

a t i r a f a l t a

p ó d e tem pó

é s p a s s o

é s v a z i o

é s c o n d i d a

éscontida

e n c o b r i n d o

redes c o b r i n d o

espaço

tempo

o que transpassa

o que fica fora

o que sai de dentro

oqueficadeforadentro

DIVERSOSbeatriz da matta

em poder ar

percepÇão alimentícia

como todos os lugares que passo inconscientemente

cada passo

cada toque

pupila da percepção que se estica e retrai

retração que trai

subscrevendo outras existências

fazendo da história um rascunho rasurado

tornando o mar, um asfalto marcado

marcas das mãos que não possuem tato

toco cada pedaço de percepção

estico, debato, arrebento

sinto o paladar do que me entorna

todavia ao parar e tomar o sustento

lembro de lavar as mãos

ao mesmo tempo que temo perder tudo que toquei

perco a oportunidade de sentir o gosto do que me toca

tons perdidos

das raízes puxo uma fonte que nutra, pra que cresça e movimente. as ideias moram mais acima, passam com o vento, secam com o tempo. como o tempo...e ele me devora, num ciclo perdido entre tantos outros. Entre nós fica um espaço, preenchi-do de folhas, sons e seus tons. seremos pisados até os fragmentos do que não volta e vira lem-brança. seremos mudados, virando as perspectivas

e percebendo algumas raízes nas nuvens.

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uma quinta de um tempo quente e abafado se tornou ainda mais calorosa. cerca de dez mil pessoas, em sua avassaladora maioria mulheres, protestaram contra a pl5069 e pediram a saí-da de eduardo cunha, nesse dia de 29 de outubro.

quanto ao projeto de lei em questão, ele inviabiliza a utilização da pílula do dia seguinte, interferindo assim, mais uma vez, na liberdade de escolha feminina sobre seu corpo.

uma sociedade que criminaliza o aborto e tenta impedir a mulher de fazer algo, após a relação sexual, nada mais faz que coagir a classe feminina as vontades masculinas. Já que eles podem dizer não, que o homem pode se negar a ser pai e a mulher não pode se negar a ser mãe.

é crime querer mandar no próprio útero, querer mandar no próprio corpo. onde o estado entra contra o homem? onde o esta-do inviabiliza o homem de fazer escolhas sobre o próprio corpo? lugar algum. uma lei que entraria em vigor na tentativa dos fundamentalistas de nos impor suas vontades, seus fundamentos religiosos, de nos obrigar a optar por métodos desumanos de aborto, nos ver sangrar, nos tornar clandestinas. é uma questão de saúde pública e do fim da violência contra a mulher.

o protesto foi lindo de ver, tanta mulher empoderada, lutando por todas nós. chegou a arrepiar, a emocionar, enquan-to bradávamos por igualdade, pela saída de cunha, por nossas vidas.

foi um ato simbólico, esperamos que desencadeie um pro-cesso de reforma política por um estado laico, onde a Vida da mulher deve ser mais importante que os dogmas da religião de alguns.

-fim

#FORACUNHA - SÃO PAULOgabriela araúJo

COMME UN SERVITEUR QUI VEUT êTRE ROIbang bang

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58

Série fotografias: As águas: o que o rio traz a superfíciedimensões variáveis

performance orientada para a fotografia

descrição:entre as nuvens, o ferro, as arestas e o cimento do 15 andar do prédio em que moro no centro da cidade curitiba, ocupo um espaço abandonado, sem utilização pelos moradores do prédio, como um ritual levo objetos como o tecido rendando, uma psicina, velas, espelho, objetos que instauram e instalam ambiente para uma dança ritual registrada por mim mesma .

AS ÁGUASmariana galli

mariana galli, artista visual e estudante do ultimo ano do curso de licencia-tura artes Visuais na faculdade de artes do paraná, foi estagiária e mediadora no espaço cultural casa andrade muricy junto à secretaria da cultura do gover-no do paraná, fazendo parte da equipe de ações educativas, participou do grupo de estudos gesta do pólo arte na escola, período no qual desenvolveu estudos sobre mulheres artistas sua visibilidade e não-visibilidade , ao mesmo tempo em que realizou projetos paralelos sobre arte afro-brasileira.Desenvolve uma pesquisa poética em fotografia, performance, instalações e vídeoarteexpostos em eventos junto à faculdade de artes do paraná. participou com tra-balhos de fotografia selecionados e expostos pelo CUBIC- Circuito Universi-tárioda bienal internacional de curitiba 2013. selecionada em 2015 junto à 25 jo-vens artistas de curitiba para participar do circuito universitário da bienal internacionalde curitiba em 2015.contato: [email protected]

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RUAR A EXISTêNCIAraquel nascimento gomes

ensaio que toca as ruas que habitam a alma dos vi-ventes da urbis. ou, a alma da urbis fotografada em minhas andanças pela cidade de são paulo. andarilha, a lente versejou com vivências poéticas, por assim dizer, vivên-cias invisíveis.

olhos, conversas, vielas, o caminho foi tecendo ruas na estrada de minhas andanças. o invisível tornou-se mo-tivo para clicar mais uma foto. fotografar foi alçar do chão imagens das nuvens e andarilhar pelas existências que habitam a minha cidade.

raquel é editora da revista escrita pulsante. têm trabalhos na área de vídeo arte e documentário, além de atuar como jornalista cultural.

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POEMASricardo paião oliVeira

florestal

assim

pleno de térmitas na razão

já me sei todo árvore.

aguardo

o mais súpeto dos incêndios.

cubículo

con-

juntura de

pálpebras sobre pálpebras sobre

pálpebras

couraças múltiplas

da insónia

ou arremessos de fosforescência

contra o nocturno estuque

situacional.

é

como que o próprio quarto a regurgitar-me

nunca saberei

dizê-lo de outro modo

que resulte menos sísmico.

os

meus cobertores

num vértice de tudo e de nada.

âmago

de-

monstrar

que as alturas se fodem subterrâneas

que as asas escavando vento

que as nuvens encostadas ao cérebro

d'inversos toupeiros sem corpo.

de-

monstrar as profundas

galerias do surdo olvido sideral

onde os cânticos se abortam

ternamente.

de-

monstrar

o interior do peito

o bunker do coração.

legífero

com

as mãos cheias de justiça

poderei desprezar a beleza

das flores todas

poderei questionar o quintal da minha

infância num seguimento de canteiro após canteiro

poderei exumar a lepra primeiríssima

do maior saurísquio.

com

as mãos cheias de justiça

poderei matar

as vezes que me apetecer

poderei matar até inversamente

assim ao jeito de

muito-embora-nunca.

com

as mãos cheias de justiça

poderei agarrar firme os insustentáveis

testículos de deus e [in æternum

& ultra]

ir apertando.

ricardo paião oliVeira nasceu a 23 de maio de 1983 em lisboa. tem poemas publicados na antologia templo de palavras da editorial minerva, 2015, e nas colectâneas poema me e poesia para pintar e ser feliz pela lua de Marfim, 2015, bem como nas revistas Palavra em mutação, detectives selvagens e diver-sos Afins. —ricardopaiaooliveira.blogspot.pt—

subúrbio

eu

estive em ti significa pouco mais

que tudo

significa que dormirei para sempre ao relento

do teu abraço fulcral.

tu

quererás rasurar séculos

sobre séculos esgotar melhor

a lembrança.

o

nosso nome vivia feliz era cumprimentado

por onde passasse.

madrugada

pro-

fuso horário de aguçados

ponteiros de fome

corpo ancestral a mastigar-se

corpo ancestral a digerir-se

enquanto assim.

e

as palavras

chegando sei lá de onde

chegando num devagarinho imenso.

e

aqui finalmente

reunidas.

72

72

procura-se esperança

sem recompensa

quando a morte é dança

a vida é sentença

contratam-se jovens

sem vocação para o conformismo

no currículo: tatuagem, piercing

e críticas ao capitalismo

precisa-se de gente

e não de gerente

atenção! oportunidade única

abra a janela do outro

e respire música

se você tem 18 de idade

lute contra a obrigação

aliste-se na liberdade

mulheres feministas e atitude

enviem dedo médio aos machis-tas

em forma de nudes

Vende-se a alma

cheque ou crediário

prestações de 8 horas

e uma merda de salário

promoção! imperdível!

recite uma poesia e sorria

sim, é possível!

SESSÃO DE HAICASSIFICADOSantonio de azeVedo Júnior [mano Jr]

mano Jr (antonio de azeVedo Júnior) é professor de so-ciologia e rapper, ás vezes ao mesmo tempo. diagnostica-do com inquietações constantes, abriga-se no universo de palavras e rimas.

SESSION DE COLLAGèNE: UN VÉRITABLE DESCENTEbang bang

74

74

uma e alguma coisa da manhã.peço qualquer coisa para beber.em um ouvido, ressoam notas que te trazem à memória. é sempre assim – abaixar os olhos, tamborilar os dedos e esboçar um sorriso fu-gidio de lado.eu nunca tô perdida em você quando você aparece.aliás, algo de interessante aí. você sempre me invade.sem aviso prévio. sem data prevista, sem nem um beijo ou oi. é seu cheiro no meu ar, é o vento da sua sacada em meus cabelos, é aquela parte da cidade que eu nunca passo, mas de repente, tenho que ir. você é quase invasivo. sempre expansivo. fomos por tão pouco tempo.isso sempre me intriga. afinal, por quê? hum. um gole. e deixa assim. voltemos à ilha das memórias. tão modesta. será?lembro-me das garrafas. as várias que deixamos largadas pelos chãos que ocupa-mos. vazias ou quase isso.dos cigarros abarrotados em cinzeiros provisórios. gargalhamos em tequilas, nos aprofundamos em bons e maus vinhos. ignoramos cada sinal de loucura em algumas cervejas. uma dança ao mundo dos momentos, bem prolongados por cada falta de sobriedade compartilhada. mais um gole para calar uma longa risada sorrateira. mas mal dá tempo de acalmar os dedos, vem a dor. aquela, tão sua. de nome e so-brenome.

5 A.M.aline rodrigues

sim, amor. você é dor. pungente. pontual. sempre tão intensa quanto o resto. aprofundamo-nos em tantos frágeis momentos. mas nunca tanto assim. em ti sempre há esse tal mistério. que instiga meus olhos.emanam loucuras a te chamar.e você? vem.às 5 da manhã, em um dia ou outro, lá estará você. são poucos nossos resquícios. aos dias comuns, passamos despercebidos aos sentidos um do outro. mas quando o ar adquire seus tons...outro gole e agora não é mais sorriso. não te sinto com nostalgia. é com falta.a velha falta que te reclamo ao pé do ouvido quando dividimos qualquer gole de qualquer coisa e você sempre me olha e só diz 'não entendo, li'.é um furacão que se começar, não conseguirei conter. por isso preciso de cada ponto final em cada linha sobre você.último gole. o processo de olhar o fundo do copo. é o fim da minha dose e estou mais sóbria agora do que quando comecei. não será o melhor poema sobre você, sabe. mas sempre será o meu para você. sempre haverá 5 da manhã em minha vida. e quem sabe em algumas delas ainda dividiremos os mesmos desejos e angústias em estar junto não estando.

costumeiramente conhecida como geminiana, de várias alegrias e facetas. Formada em Psicologia, atualmente cursando Geografia e Ar-quitetura e urbanismo, porque estudar é um prazer. aos 29, ainda divagando em simples conversas atenta à lua. a poesia surgiu num espontâneo de êxtase, traduzindo em letras as cores de dentro. contato: [email protected]

[observação dos bastidores: em todas minhas criações assino como aline rodrigues apenas, mas meu nome completo é aline cristina co-ladello rodrigues. e sobre a falta de letras maiúsculas no poema acima, é proposital.]

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AVARIAmaíra bortoleto

maíra bortoleto, estudante do curso de bacharelado em artes Visuais com ên-fase em design pela universidade puc campinas (estou no último ano, inclu-sive) e formada em tecnóloga de programação. atualmente faço estágio numa empresa de ti exercendo a função de web developer e faço alguns trabalhos como fotógrafa que é minha maior paixão. eu não nasci (e cresci) achando que eu seria fotógrafa um dia. pra ser sincera, acho que a grande maioria, quando pré-adolescentes, tem várias idéias de profissões e eu fui uma delas a ter estas confusões, a começar por Veterinária, depois Astrônoma e por fim fotógrafa. como eu sempre amei tirar fotos fui atrás de um curso que tivesse a minha cara para descobrir a mágica da fotografia. comecei com fotos do dia-a-dia, fotos de eventos de amigos, ex-posições. a partir daí que foi surgindo convites remunerados para eventos de amigos, parentes, etc. Desde então minha paixão pela fotografia só aumenta e a cada trabalho é uma nova experiências com novos aprendizados.

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PL 5069/2013michelle mendonÇa

ato de 30.10.2015 contra a pl 5069/2013

Ensaio fotografico contra a aprovação da PL 5069/2013.

primavera de 1983 temperatura agradável. artista que entre o sistema se esgueira para não tocar imagens batidas,consumo sem critíca, todo mundo quer uma foto minha. decido que por estas imagens que vociferam em silêncio outras mil vozes caladas, e para ela há luz e possibilidades.

O MARGINAL

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ARTICULAÇÃO DIEGO MODESTO

DIREÇÃO DE ARTE CAMILA MOROTTI

REVISÃO DEUSMENDONÇA

COLABORADORES ALINE RODRIGUES + ANDRÉIA COSTA + ANTONIO DE AZEVEDO JR + BEATRIZ DA MATTA + CAMILA CRIVELENTI + CAMILA MOROTTI + CÉLIO LIMA + DIEGO MODESTO + EMER SIMPSON [CHAPEIRO] + LAUREEN UND MARIE + GABRIELA ARAUJO + GABRIELLE PAGLIUSO + J.P. MARCOWICZ + LUCAS ALA-MEDA + MAÍRA BORTOLETO + MARIANA GALLI + NATÁLIA NOLLI SASSO + RAQUEL NASCIMENTO GOMES + RICARDO PAIÃO OLIVEIRA + VALMIR KNOP JR. + WESLEY S. ESTÁCIO

PRODUÇÃO CASA ROSA EDITORA [email protected]

Une mère de chantage

BANG BANG MUAH

CONTATO:facebook.com/CASAROSAEDITORAmedium.com/@casarosaeditora [email protected]