o jogo de xadrez modifica a escola: por que se deve

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Diálogos Acadêmicos - Revista Eletrônica da faculdade Semar/Unicastelo Publicação Quadrimestral - Volume 1 – Numero 1. Edição Outubro/Janeiro de 2010 [email protected] O JOGO DE XADREZ MODIFICA A ESCOLA: Por que se deve aprender xadrez e tê-lo como eixo integrador no currículo escolar? Lays Pedro Angélico 1 . Luciana Cristina Porfírio 2 . RESUMO O presente estudo evidencia a importância do ensino sistemático do jogo de xadrez no Ensino Básico, como eixo integrador do currículo escolar, na medida em que se constatou que sua prática no cotidiano das escolas tem influenciado comportamentos em seus praticantes, contribuindo de modo positivo para o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes. Para tanto, ele foi concebido como eixo integrador do currículo escolar e não como aparato extracurricular ou ludoterápico como freqüentemente ocorre em muitas escolas. Neste trabalho desenvolvemos e destacamos a sua importância e a maneira como ele influencia os demais campos do conhecimento. Para que possa desempenhar suas múltiplas funções, o jogo de xadrez precisa ser inserido como uma disciplina regular do currículo desde a educação infantil, o que exige, em contrapartida, a adequação das escolas nos aspectos humanos, culturais, estruturais, físicos e materiais. A escolha e a formação dos profissionais da escola terão que ser uma constante para que possam de modo coletivo e permanente, discutir novas propostas para o trabalho com o jogo nestes moldes. Palavras-Chave: Ensino; Currículo escolar; Formação do caráter; Desenvolvimento cognitivo; Atividade Intelectual; Jogo de Xadrez. THE CHESS GAME MODIFIES THE SCHOOL: Why if it must learn chess and have it as axle integrator in the pertaining to school resume? ABSTRACT The present study it evidences the importance of the systematic education of the game of chess in Basic school, as axle integrator of the pertaining to school resume, in the measure where if it evidenced that its practical insertion in the daily one of the schools, has influenced behaviors in its practitioners, contributing in positive way for the cognitive development of children and adolescents. For in such a way, it was conceived as axle integrator of the pertaining to school resume and not as extracurricular or ludoterápico apparatus, something very frequent in the schools. But we develop and we detach its importance and the way here as the game influences the too much fields of the knowledge. So that it can play its multiple functions, the necessary game of chess to be inserted as one disciplines to regulate of the resume since the infantile education, what it demands, on the other hand, the adequacy of the schools in human, cultural, structural, physical and material the aspects. The choice and the formation of the professionals of the school will have that to be a constant so that they can in collective and permanent way, to argue new proposals for the work with the game in these molds. Key-words: Education; pertaining to school Resume; Formation of the character; cognitive Development; Intellectual Activity; Game of Chess. 1 Pedagoga formada pela FNSA, professora efetiva da rede municipal de Sertãozinho na área de Educação Infantil e fundamental. Especialização em psicopedagogia pela Semar-Unicastelo. e-mail: [email protected] 2 Pedagoga, mestre em Educação Escolar pela Unesp-Araraquara. Doutoranda da FE-USP. Atua como professora do ensino fundamental e Superior. E-mail: [email protected]

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Diálogos Acadêmicos - Revista Eletrônica da faculdade Semar/Unicastelo

Publicação Quadrimestral - Volume 1 – Numero 1. Edição Outubro/Janeiro de 2010 [email protected]

O JOGO DE XADREZ MODIFICA A ESCOLA: Por que se deve

aprender xadrez e tê-lo como eixo integrador no currículo escolar?

Lays Pedro Angélico1. Luciana Cristina Porfírio 2.

RESUMO

O presente estudo evidencia a importância do ensino sistemático do jogo de xadrez no Ensino Básico, como eixo integrador do currículo escolar, na medida em que se constatou que sua prática no cotidiano das escolas tem influenciado comportamentos em seus praticantes, contribuindo de modo positivo para o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes. Para tanto, ele foi concebido como eixo integrador do currículo escolar e não como aparato extracurricular ou ludoterápico como freqüentemente ocorre em muitas escolas. Neste trabalho desenvolvemos e destacamos a sua importância e a maneira como ele influencia os demais campos do conhecimento. Para que possa desempenhar suas múltiplas funções, o jogo de xadrez precisa ser inserido como uma disciplina regular do currículo desde a educação infantil, o que exige, em contrapartida, a adequação das escolas nos aspectos humanos, culturais, estruturais, físicos e materiais. A escolha e a formação dos profissionais da escola terão que ser uma constante para que possam de modo coletivo e permanente, discutir novas propostas para o trabalho com o jogo nestes moldes. Palavras-Chave: Ensino; Currículo escolar; Formação do caráter; Desenvolvimento cognitivo; Atividade Intelectual; Jogo de Xadrez.

THE CHESS GAME MODIFIES THE SCHOOL: Why if it must learn chess and have it as axle integrator in the pertaining to school resume?

ABSTRACT

The present study it evidences the importance of the systematic education of the game of chess in Basic school, as axle integrator of the pertaining to school resume, in the measure where if it evidenced that its practical insertion in the daily one of the schools, has influenced behaviors in its practitioners, contributing in positive way for the cognitive development of children and adolescents. For in such a way, it was conceived as axle integrator of the pertaining to school resume and not as extracurricular or ludoterápico apparatus, something very frequent in the schools. But we develop and we detach its importance and the way here as the game influences the too much fields of the knowledge. So that it can play its multiple functions, the necessary game of chess to be inserted as one disciplines to regulate of the resume since the infantile education, what it demands, on the other hand, the adequacy of the schools in human, cultural, structural, physical and material the aspects. The choice and the formation of the professionals of the school will have that to be a constant so that they can in collective and permanent way, to argue new proposals for the work with the game in these molds. Key-words: Education; pertaining to school Resume; Formation of the character; cognitive Development; Intellectual Activity; Game of Chess.

1 Pedagoga formada pela FNSA, professora efetiva da rede municipal de Sertãozinho na área de Educação Infantil e fundamental. Especialização em psicopedagogia pela Semar-Unicastelo. e-mail: [email protected] 2 Pedagoga, mestre em Educação Escolar pela Unesp-Araraquara. Doutoranda da FE-USP. Atua como professora do ensino fundamental e Superior. E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

O presente artigo é parte de um trabalho de conclusão de curso defendido

em dezembro de 2008 na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Aparecida

SEMAR/Unicastelo e buscou trazer a importância do Jogo de Xadrez como eixo

integrador do currículo na educação básica. Para tanto, apresentaram-se algumas

características deste jogo desde suas origens, modos de jogar até a explicitação de

como ele influencia e auxilia na aprendizagem dos conteúdos escolares.

A tirinha usada como epígrafe nesta pesquisa traz a tona uma das primeiras

questões que envolvem o jogo de xadrez, a sua associação com o desenvolvimento

da inteligência humana. Há mais de dois séculos, o alemão Johann Wolfgang

Goethe (1749-1832) definiu o xadrez como sendo um “excelente exercício mental” e,

desde então, vários estudos têm se ocupado de investigar a relação existente entre

este jogo e o desenvolvimento da inteligência humana. Na referida pesquisa,

entrevistas realizadas com enxadristas e professores permitiram confirmar nossas

hipóteses sobre sua importância na formação do caráter e no desenvolvimento da

inteligência das pessoas.

Muito se fala sobre o jogo de xadrez e seus usos na educação, mas sua

introdução no âmbito escolar exige a criação de algumas condições ainda não

existentes em boa parte das escolas. Isso porque, muitas o têm utilizado como

aparato extracurricular ou atividades ludoterápicas nas aulas de Educação Física.

Sem desconsiderar tais práticas, pretendemos aqui apresentar a sua utilização sob

um outro prisma.

Lasker (1999) acredita que a história da invenção do xadrez e de suas

migrações através da terra, por si só, já é interessante, porque quando conhecemos

as pessoas que foram apaixonadas por esse jogo, percebemos que somos muito

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parecidos com ela, compartilhamos com elas as mesmas emoções e criamos

vínculos identitários que são um reforço positivo no caráter humano. De acordo com

esse autor, não se sabe ao certo onde o xadrez começou, mas há muitas histórias,

mitos e lendas a seu respeito, o que nos permite fazer um sem número de

digressões.

Uma das histórias mais conhecidas sobre sua origem está descrita no livro

História do Xadrez de Edward Lasker, citado anteriormente, que atribuiu a invenção

do jogo a Sissa, um brâmane3 na corte do rajá indiano Balhait. Assim, essa história

teria sido contada, pela primeira vez há mais de mil anos e dizia que certo rei pediu

a um de seus sábios que criasse um jogo capaz de mostrar o valor de qualidades

como a prudência, a diligência, a visão e o conhecimento, como forma de se opor

aos sentidos fatalistas de um outro jogo, o nard (gamão) 4, cujos resultados eram

decididos pela sorte.

Sissa então, apresentou ao rei Kaíde um tabuleiro de xadrez, não muito

diferente do que conhecemos hoje, com quatro elementos que representavam o

exército indiano, explicando-lhe que havia escolhido a guerra como modelo para o

jogo porque ela era a escola mais eficiente no ensino e aprendizado de

determinados valores, tais como: o valor da decisão, do vigor, da persistência, da

ponderação e da coragem. O rei, diante de tanta complexidade, ficou encantado

com o jogo e ordenou que fosse preservado nos templos, considerando seus

princípios como o fundamento de toda justiça e sustentando que ele era o melhor

treinamento na arte da guerra.

3 Sacerdote indiano pertencia à casta mais alta da sociedade, em sentido literal, o termo significa "aquele que realizou / tenta realizar Brahman - a divindade" e por isso, gozavam de posição muito privilegiada independentemente da riqueza que possuíam. De acordo com informações obtidas na enciclopédia wikipédia on-line, a maioria dos brâmanes ficou conhecida por praticarem um vegetarianismo rígido, apesar de, atualmente, a prática ser baseada de acordo com a região. Brâmanes agindo como padres, mas em poucas exceções, são vegetarianos.

4 Atribui-se a origem do jogo a civilização suméria, da Mesopotâmia. Já outros estudiosos afirmam que este jogo teria sua origem no “Pachisi”, um jogo indiano. De qualquer forma, sua origem é muito antiga. Suas regras obviamente, foram se modificando ao longo dos séculos. Mas nunca deixou de encantar as gerações e as civilizações que o conheceram. Uma lenda indiana afirma que teria sido o jogo inventado por um sábio de nome Caflan, e teria a seguinte simbologia: 24 flechas que simbolizariam as horas do dia; 12 flechas de cada lado do tabuleiro, representando os 12 meses do ano e os signos do zodíaco; 30 peças para os 30 dias do mês; dois dados representando o dia e a noite e 7 (soma dos valores opostos de cada face de um dado) representando os dias da semana. As informações foram extraídas do sitio: http://www.jogos.antigos.nom.br/gamao.asp (acesso em 12/12/2008).

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A partir daí, o rei teria lhe oferecido uma recompensa que ela escolheria de

livre arbítrio e Sissa teria pedido, diante da insistência do rei, a retribuição em grãos

de milho distribuídos sobre o tabuleiro de xadrez da seguinte forma: “na primeira

casa, um grão; na segunda, dois; na terceira, quatro; na quarta o dobro de quatro; e

assim por diante, até a última casa”. (Lasker, 1999, p.30).

Contudo, ao ordenar que o pedido fosse realizado o rei se surpreendeu, afinal

não seria possível realizar o pedido de Sissa, pois, antes mesmo de chegar na

trigésima casa, todo milho da Índia teria se esgotado, cobrindo a camada da Terra

com uma espessura de 9 (nove) polegadas. O número exato seria

18.446.744.073.709.551.615 (Dezoito Quintilhões, Quatrocentos e Quarenta e Seis

Quatrilhões, Setecentos e Quarenta e Quatro trilhões, Setenta e Três Bilhões,

Setecentos e Nove milhões, Quinhentos e Cinqüenta e Um Mil, Seiscentos e

Quinze) grãos de milho, ou 642 - 1. Desse modo, o rei ficou confuso, porque não

sabia o quê exatamente tinha que admirar a invenção do jogo ou a engenhosidade

do pedido de Sissa. (op.cit., p.30).

Lasker (1999) admite em sua obra que o jogo de xadrez possa datar do

século IV antes de Cristo5, embora a primeira menção ao xadrez feita na Literatura,

tenha sido mil anos mais tarde. Da Índia, até a Pérsia, da Arábia até a Europa, por

todo território asiático, o xadrez se estendeu através dos viajantes, embora tenha

sofrido algumas modificações em alguns pontos do Oriente. A rapidez com que o

xadrez penetrou na Europa foi realmente instigante, porque no fim do século XI, a

maior parte desse território já conhecia o jogo, embora, por muito tempo tenha

permanecido como um jogo das classes ociosas. Muitos foram às contribuições para

essa difusão do jogo no mundo.

“Era muito natural que os servos no castelo de um cavaleiro medieval aprendessem o jogo com seu senhor e que soldados mercenários adquirissem o mesmo conhecimento por ocasião das Cruzadas, que os nobres organizavam de tempos em tempos a fim de atenuar seu tédio”. (Op.cit. p. 59)

De qualquer modo, e independente de suas origens, o jogo de xadrez tem

múltiplos usos na educação escolar, entre as suas possibilidades, pode-se

acrescentar a sua apresentação aos alunos como tema transversal, enriquecendo

suas aprendizagens e permeando a prática educativa em diversas áreas ou mesmo

5 Esta teoria foi apresentada pela primeira vez por Donald M. Liddel (1937).

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inserindo-o como disciplina desde as séries iniciais. Em 20 de dezembro de 1996, a

Lei n. 9.394, conhecida estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional,

cujos artigos 26 e 27, incluem o xadrez nas escolas, na parte diversificada dos

currículos e também na parte consagrada à promoção do desporto.

O artigo 32 dispõe que o ensino fundamental terá por objetivo a formação

básica do cidadão a partir do desenvolvimento de sua capacidade de aprender,

tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, escrita e do cálculo, com

vistas a:

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,

da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a

sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em

vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de

atitudes e valores;

IV - o fortalecimento de vínculos de família, dos laços de

solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a

vida social.

Acreditamos que estes objetivos podem ser plenamente alcançados por

meio da inserção do jogo de xadrez como disciplina escolar, desde que implantada

no currículo desde as séries iniciais, começando ainda na Educação Infantil. Essa

eficácia do jogo de xadrez e a influência que tem sobre o desenvolvimento e

comportamento estudantil é algo que pode ser mensurado por pesquisas utilizadas

no campo das ciências cognitivas.

Há estudos que mostraram as etapas da formação da inteligência, a partir da

observação de grupos de crianças jogando xadrez e constatou-se que os avanços

obtidos nas diversas etapas seguiam ritmos diferentes. O xadrez, ao ser introduzido

na sala de aula, auxilia no desenvolvimento de autoconfiança, porque os alunos têm

a oportunidade de aprenderem o jogo, avançando gradativamente em suas

habilidades e melhorando suas estratégias e raciocínios. Ao se destacarem ou

perceberem que são capazes de exercer uma atividade dessa natureza, podem, de

modo paralelo, progredir em outras disciplinas escolares.

O XADREZ: O QUE É?

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Mas como é exatamente o jogo de xadrez? A resposta a essa pergunta,

pode ser encontrada na enciclopédia on-line Wikipédia 6que descreve o jogo para

aqueles que não o conhecem, nem as suas especificações. Trata-se de um jogo de

tabuleiro para dois jogadores. Um controlador das peças brancas e o outro das

peças pretas. O tabuleiro contém oito linhas e oito colunas, formando 64 (sessenta e

quatro) quadrados, sendo 32 (trinta e dois) claros e 32 (trinta e dois) escuros,

dispostos de modo alternados. Cada jogador possui 16 peças: oito peões, dois

cavalos, dois bispos, duas torres, um rei e uma dama (ou rainha, mais conhecido

pelos iniciantes), como mostra a figura 7.

Figura 1 – Posição Inicial das Peças

Cada tipo de peça possui um movimento característico. Quando uma peça

for movida para uma casa em que está localizada a peça adversária, esta última

será capturada. Assim, a peça a ser jogada move-se para casa do oponente, e a

peça do oponente é retirada do tabuleiro. O REI move-se ou captura peças em

qualquer sentido, uma casa de cada vez. Os reis nunca podem se tocar. Atenção: O

rei é a única peça que não pode ser capturada8.

A DAMA move-se ou captura em qualquer sentido, quantas casas quiserem

desde que seu caminho não esteja obstruído por alguma peça da mesma cor. A

TORRE move-se ou captura nas linhas e colunas (horizontal e vertical), seguindo

num único sentido em cada lance.

6 Informações retiradas de dicionário on-line http://pt.wikipedia.org/wiki/Xadrez . 7 Figura 1, extraída do site www.google.com.br/imagens, acessado em 28/10/2008. 8 Mais detalhes em Xeque e Xeque-Mate.

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O BISPO move-se ou captura pelas diagonais, seguindo num único sentido

em cada lance. Cada jogador tem dois bispos: um anda pelas casas pretas e outro

pelas casas brancas. O CAVALO é o único que salta sobre as peças (pretas ou

brancas). O movimento do cavalo assemelha-se à letra "L", formada por quatro

casas.

O PEÃO move-se para a casa à sua frente, desde que não esteja ocupada.

Ao ser movido pela primeira vez, cada peão pode andar uma ou duas casas. O peão

é a única peça que captura de maneira diferente do seu movimento. A captura é

feita sempre em diagonal, uma casa apenas. O peão nunca se move nem captura

para trás.

O objetivo do jogo é dar xeque-mate ao Rei adversário, que ocorre quando o

rei adversário está em xeque9 e não exista mais nenhum movimento a ser realizado

para escapar. O rei está em xeque sempre que é atacado por uma peça adversária;

o xeque deve ser defendido através da melhor das opções:

1. Capturar a peça que dá xeque,

2. Fugir com o rei para uma casa que não esteja sendo

atacada por peça adversária,

3. Interpor uma peça própria entre o rei e a peça que dá o

xeque.

Se nenhuma das alternativas for possível, o rei estará em posição de xeque-

mate10, ou simplesmente, mate. Neste caso, a partida estará terminada, com a

vitória do enxadrista que deu o mate. Veja na figura 11 os exemplos de mate que

apresentamos:

9 Xeque: Lance no jogo do xadrez, que consiste em colocar o rei adversário em posição de ser tomado na jogada seguinte, obrigando o adversário a efetuar uma jogada a contrariar esse ataque. 10 Xeque-mate: xeque (no jogo do xadrez) em que o rei não pode ser defendido por nenhuma outra peça nem se mover para nenhuma outra casa, sem ser tomado por uma peça do adversário, o que conclui a partida a favor deste. 11 Fonte: www.xadrezregional.com.br , acessado em 28/10/2008.

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Exemplo 1 Exemplo 2

O jogo também possui alguns movimentos conhecidos como especiais, são

eles: o ROQUE12, PROMOÇÃO13 e EN PASSANT14. Os exemplos do roque seguem

nas figuras abaixo:

Roque pequeno (antes). Roque pequeno (depois)

Roque Grande (antes) Roque Grande (depois)

O jogo de xadrez não é um jogo de azar, mas sim de um jogo de regras,

táticas e estratégias, muito conhecido pela complexidade de suas jogadas e daí,

12

Roque é o único lance que envolve o movimento de duas peças ao mesmo tempo: rei e torre. O roque tem como objetivo colocar o rei em maior segurança e uma das torres em posição mais ativa. Há dois tipos de roque: o pequeno e o grande. 13 Ocorre quando um peão chega à primeira linha do adversário, devendo ser imediatamente substituído por dama, torre, bispo ou cavalo. A peça escolhida ocupara a casa em que o peão se encontrava quando foi promovido. 14 (de passagem) é um tipo especial de captura feita somente pelos peões brancos que estiverem na quinta linha ou pelos peões pretos que estiverem na quarta linha do tabuleiro.

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como mostrou a tirinha de Mauricio de Sousa, ele estar associado à inteligência.

Estima-se que o número de posições legais no xadrez é de aproximadamente 1.043,

porém o número de jogadas possíveis é incontável, uma vez que há

aproximadamente 170 Setilhões15 de maneiras de fazer os dez primeiros lances

numa partida de xadrez.

Retomando Lasker (1999) e a importância do jogo de xadrez para o

desenvolvimento da inteligência humana, destacamos a resposta de dois lideres

comerciais apaixonados pelo jogo de xadrez:

“Dois conhecidos líderes comerciais deram-me respostas quase idênticas. Disseram que era porque o xadrez limitava o elemento de sorte e acentuava a importância do planejamento. Um músico escreveu que para ele o xadrez era como a própria vida: ensinava-o a coordenar a razão com o instinto. Um matemático apreciava o elemento estético do jogo; encontrava numa série de movimentos sutis a mesma emoção que um belo teorema”. (op. cit. p.11)

Na realidade, não é preciso saber jogar xadrez para conhecer o fascínio que

ele exerce em vários aspectos. Estamos, contudo, querendo mostrar que esse jogo

tem muitas vantagens e merece ser inserido de modo sistematizado no ensino

escolar, mas cuja prática deve extrapolar os tradicionais campeonatos destinados

exclusivamente a treinar, competir, ganhar, este é um dos seus aspectos, mas

evidentemente, há outros.

AS CARACTERISTICAS DO JOGO E IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA EDUCATIVA

E comum quando ouvimos falar em jogo de xadrez vir a nossa mente, a

imagem de duas pessoas sentadas e compenetradas diante de um tabuleiro que

está sendo minuciosamente analisado pelos jogadores, em volta só o silêncio, para

que haja concentração e os adversários possam escolher a melhor jogada e dar o

xeque-mate.

É devido a essa visão que costumamos imaginar o enxadrista como um ser

de capacidade intelectual elevada. Isso será verdade? Por que os jovens deveriam

aprender a praticá-lo? Apenas por esse motivo? A resposta a esse questionamento

será dada a partir da discussão das possibilidades que esse jogo mobiliza para

promover aprendizagens significativas. 15 Extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Xadrez .

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Um simples jogo ou algo mais? É dessa forma que se inicia o levantamento

realizado por Llada (2003) destacando que esse jogo é unanimemente considerado

como uma forma de aprofundamento intelectual e uma poderosa ferramenta

educativa. Para ela, habilidades ligadas ao cálculo, a concentração, memorização,

responsabilidade, tomada de decisões, são algumas delas que o jogo de xadrez na

infância favorece.

Constatamos no decorrer deste trabalho que o jogo envolve a leitura e a

incorporação de regras, métodos e fundamentos que os orientam, seja a relação do

jogador com o jogo, seja pela relação entre jogadores cujas regras, precisam ser

seguidas para que o jogo se realize. Nesse sentido é um orientador de condutas que

precisam ser compartilhadas por todos os envolvidos, o que implica intervir na

formação do individuo tanto em uma dimensão individual quanto coletiva,

permanecendo ligados tanto à cognição (conhecimento) quanto ao afeto

(sentimentos), por meio da interação promovida entre os pares de jogadores.

A dimensão pessoal envolve esse aprendizado das regras e auxilia na

solução de problemas, no desenvolvimento da autonomia, criatividade, controle

sobre as emoções, principalmente a agressividade, a importância do planejar antes

de tomar as decisões, e no caso deste jogo em especial, a decisão mais acertada,

etc. Além destas o jogo também estimula alguns valores muito caro aos seres

humanos e fundamentais para a vida de qualquer estudante, entre as quais a

disciplina, a paciência e a responsabilidade.

Os Mestres Internacionais Toledo e Loureiro (2005) 16 ao citar Charles

Partos17 em jornal on-line da Federação Paulista de Xadrez, em setembro do citado

ano, afirmam que o aprendizado do xadrez deve ser levado as escolas porque

desenvolvem as habilidades de atenção e concentração, julgamento e planejamento;

imaginação e antecipação; memória; vontade de vencer, paciência e autocontrole;

espírito de decisão e coragem; lógica matemática, raciocínio analítico e sintético;

criatividade; inteligência; organização metódica do estudo e o interesse pelas

línguas estrangeiras.

É por isto que eles também defendem sua implantação dentro das escolas

desde que de modo sistemático, interdisciplinar e integrado ao currículo escolar,

16 Disponível em: http://www.fpx.com.br/mostracol.asp?colid=75 17 Mestre internacional e professor do Departamento da Instrução Pública do Cantão do Valais (Suíça).

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inclusive como uma forma de atender os dispositivos postos na LDB/96, que o

integra ao currículo na parte diversificada como dito no inicio deste texto. Nesse

sentido, além de ser um eixo integrador do currículo escolar, consideramos o jogo

uma valiosa ferramenta para auxiliar os processos cognitivos, valorativos, éticos e

morais de nossos alunos.

Uma das queixas que mais afligem os educadores, ao menos aqueles

preocupados com o rendimento escolar dos seus alunos, é a dispersão sofrida pelos

alunos, que atualmente vivem num contexto social estimulante, carregado de

informações instantâneas (televisão, computadores, vídeos-game, propagandas de

rádio, outdoors, etc.) 18, impedem que os jovens mantenham sua concentração em

alguma coisa por muito tempo. Desse modo, quando se deparam com atividades

que exigem esforço mental, muitos encontram problemas para realizar tais tarefas. O

xadrez de uma forma lúdica seria um excelente treinamento desta capacidade de se

concentrar, auxiliando os alunos no desenvolvimento da disciplina, entendida como

atividade intelectual ou motivação interior19, e tão necessária para o investimento nos

estudos.

Os jogos de estratégias, como o xadrez, aparecem ainda como um jogo que

favorece a capacidade de aceitação das regras, desenvolvimento da memória,

agilidade no raciocínio, o gosto pelo desafio e a construção de regras pessoais, que

possibilitam desenvolver as competências necessárias para a resolução de

problemas. Ferreira (s/d. p.3) afirma que estes jogos “contribuem para o

desenvolvimento de capacidades matemáticas, aliando o raciocínio, a estratégia e a reflexão

com o desafio da competição de uma forma lúdica e os professores devem aproveitar isso

para otimizar as aprendizagens”.

Investigações sobre o efeito do jogo de xadrez em crianças revelam que os

jogadores de xadrez desenvolvem maior pensamento crítico, autoconfiança, auto-

estima, concentração, empatia e a capacidade de resolver problemas. Jogar xadrez

implica a utilização do pensamento lógico. Estudiosos como Ferreira, Jeffrey Chesin

(2003), fazem uma relação entre o raciocínio matemático e o jogar xadrez.

18

Ainda que existam muitas pessoas que defendam que esses estímulos audiovisuais sejam aliados no

desenvolvimento da inteligência, sabemos que não é bem assim, porque a maioria destes eletrônicos exige

apenas a memorização de uma série de comandos, exigindo apenas essa habilidade além da motora com as mãos,

como no caso do videogame. 19 Tal como definido por Helena Coharik Chamlian. A Disciplina: uma questão crucial na didática. Referencia

completa no final do artigo.

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“Os bons jogadores de xadrez são provavelmente bons alunos e matemática ou qualquer situação que envolva a resolução de problemas. No entanto, bons alunos de matemática não são necessariamente bons jogadores de xadrez”. (p.4)

Os autores evidenciam que estudos realizados em diversos locais do

mundo, como no Canadá, por exemplo, buscam demonstrar que a utilização do

xadrez no ensino da lógica aumenta-se de 62% para 81% a capacidade de

resolução de problemas. Na Califórnia, em 1985, os estudos de George Stephenson,

revelaram que o desempenho dos estudantes melhora sensivelmente após vinte

dias de jogos de xadrez constatando os resultados que seguem:

Rendimento Acadêmico

55%

Comportamento 62% Esforço 59% Concentração 56% Auto-estima 55%

Na Venezuela relacionam a melhoria dos scores de QI após quatro meses e

meio de estudo sistemático de xadrez. A psicóloga Edelmira Garcia la Rosa (2003) 20, responsável pelo programa de xadrez iniciado em 1980, desta a sua intervenção

na busca de melhorias do rendimento dos alunos, concluindo que “O xadrez

ensinado metodicamente constitui um sistema de estimulação intelectual capaz de

aumentar o Q.I. das crianças”, e, além disso, que “o aluno adquire através da

aprendizagem e prática enxadrística, um método de raciocínio e de organização das

relações abstratas e dos elementos simbólicos”. (p.1).

Ferreira (2003, p. 4) faz um trocadilho “o xadrez torna as crianças

inteligentes ou são as crianças inteligente que jogam xadrez?” e desse modo,

discute as possibilidades do jogo de xadrez ter contribuído para o QI dos estudantes,

afirmando que durante uma competição, só o fato de imaginar as possíveis posições

das peças, isto já traz para o cérebro humano, o desenvolvimento das capacidades

visuais e espaciais.

Experiências feitas por Joyce Brow (1981) em Nova Iorque constataram uma

melhora considerável no comportamento dos alunos – 60 % menos incidentes e

20 Disponível no sitio: www.ludus.esp.br (acesso em 28/10/2008)

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suspensões, melhoras significativas de até 50% no aproveitamento escolar. Assim, a

autora questionou-se por que o xadrez oportunizaria tais transformações? Pode-se

cogitar que deva ser pelo fato de ele favorecer uma atitude positiva do estudante em

relação ao jogo, desenvolvendo nele a capacidade de se concentrar além de lhe

garantir a aquisição de outros conhecimentos pelo desenvolvimento de habilidades

que acabam sendo incorporadas em suas atividades escolares.

De acordo com Goulart (2005) é na idade escolar que a criança necessita

agrupar-se para praticar várias atividades, sendo o jogo uma delas. Sabe-se que o

jogo é um instrumento altamente didático e muitos estudos discutem sua utilização

na educação. Porém, o xadrez, em especial, poderia ser trabalhado não só como um

suporte pedagógico, mas como uma disciplina regular e posta no currículo escolar

de base comum. Isto porque, normalmente ele é vinculado a atividades opcionais e

extracurriculares, mas, se eles proporcionam tantas competências, por que não

adequar esse jogo e torná-lo parte integrante do currículo? Como dissemos

anteriormente, desde a educação infantil, sua prática deve ser estimulada.

Mesmo que a proposta amplie a grade curricular das escolas, isto não

significa que outras disciplinas sejam prejudicadas, ao contrário, seriam beneficiadas

porque contribuiriam para melhorar o rendimento dos alunos em todas as outras.

Para Calmbach (s/d) 21, a preocupação dos professores atualmente não é só

transmitir conteúdos, mas criar condições para que a autonomia, o pensamento

crítico e a capacidade de resolver problemas, que freqüentemente aparecem em

nosso cotidiano, sejam resolvidos e, é nesse ponto que o jogo de xadrez, inserido na

grade curricular desde os anos iniciais de escolarização pode contribuir e atuar.

Trindade (2007), diz ser considerável o valor pedagógico do jogo de xadrez

para promover a educação crítica e ativa da criança e do jovem, um aspecto tão

valorizado na educação moderna, contribuindo para o desenvolvimento cooperativo

e emocional de seus praticantes quando tem seu uso pedagógico-didático bem

orientado e conduzido, principalmente por profissionais especializados para

exercerem tal função. Informações obtidas no sitio do clube de xadrez 22, e mesmo

nas entrevistas coletadas para o trabalho original, confirmam que o maior mérito

deste jogo consiste na progressão de cada aluno de acordo com seu ritmo,

21 Disponível em: www.apetx.org.br/aplicando_o_xadrez_escolar.htm (acesso em 31/07/2008). 22 Para acesso: www.clubedexadrez.com.br/portal/cxtoledo/artigo4.htm (acesso em 14/05/2008)

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respeitando individualidades e processos de aprendizagens que na realidade é uma

das teses mais cara da educação.

Piasse (2005), acredita que as escolas deveriam diversificar e ampliar suas

grades curriculares, introduzindo o jogo de xadrez, por exemplo, com vistas à

melhoria da educação e da formação dos alunos utilizando instrumentos de

aprofundamento das atividades intelectuais. Entretanto, reconhece que sua inserção

nos meios escolares requer preparo e domínio de todos os envolvidos, para que não

seja cometido o erro de fazê-lo como jogo, diversão, campeonatos, visando atrativos

financeiros e, portanto, diluindo os benefícios que sua prática, nos moldes

propostos, pode trazer.

Julião (2009) salienta que nesta busca por melhorias, o ensino de xadrez,

incorporado como disciplina regular, de modo sistemático surge como uma ótima

opção, unindo o espírito inovador das instituições educacionais e a forte imagem de

intelectualidade que esse esporte arte oferece. Para ele, a escola que adotar esta

idéia estará, com certeza, acrescentando em sua instituição um diferencial,

exercendo amplamente seu papel na sociedade e fazendo jus à sua função básica:

formar cidadãos, numa clara demonstração de responsabilidade educacional com

qualidade.

Pimenta (2008) aborda esse assunto e ressalta ser do conhecimento de

todos, que o xadrez vem a enriquecer não só o nível cultural dos indivíduos, mas

também várias outras capacidades apontadas, e uma outra, não menos essencial

para o convívio social, o aprendizado na vitória e na derrota, salientando que:

“O ensino e a prática do xadrez têm relevante importância pedagógica, na medida em que tal procedimento implica, entre outros, no exercício da sociabilidade, do raciocínio analítico e sintético, da memória, da autoconfiança e da organização metódica e estratégica do estudo. O jogador de xadrez, constantemente exposto a situações em que precisa efetivamente olhar, avaliar e entender a realidade pode mais facilmente, aprender a planejar adequada e equilibradamente, a aceitar pontos de vista diversos, a discutir questionários e compreender limites e valores estabelecidos e a vivenciar a riqueza das experiências de flexibilidade e reversibilidade de pensamentos e posturas”. (op. cit. p.4)

Loureiro (2001), ao retratar o valor educativo do xadrez, discorre sobre as

habilidades especificas (imaginação, memória, visualização) e gerais (perseverança,

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capacidade de estudo, autoconhecimento, motivação, etc) geradas pela prática do

jogo. Pedagogicamente, o xadrez tem elevado conceito, fazendo parte do currículo

escolar básico e do aprimoramento complementar em dezenas de paises, entre eles:

Angola, Canadá, Cuba, Hungria, Israel, Iugoslávia, Alemanha, Tunísia, Rússia, entre

outros.

Retomando Calmbach (s/d) o xadrez escolar é uma matéria que ensina

técnicas de resolver problemas de grande complexidade, com a finalidade de

aprimorar a capacidade de raciocínio e contribuir para o aprendizado das matérias

de cunho cientifico e cultural. O xadrez estimula às crianças a solucionar problemas

e a passar maior parte do seu tempo jogando tranqüilamente, explicando que,

crianças que não ficariam por mais de quinze minutos quietas em uma sala de aula,

conseguem, de modo impressionante, permanecer durante horas envolvidas por

esse jogo:

“Desta forma o xadrez é um grande manancial estimulador de pesquisa e do conhecimento e se encaixa perfeitamente na concepção piagetiana a respeito dos jogos de exercício e simbólico. Vygotsky e os cientistas da escola russa, ao proporem a introdução do jogo nas escolas mostraram quais são as características principais que os jogos devem possuir para serem bons recursos didáticos”. (op.cit. p. 3)

Podemos dizer que a psicologia proposta por Vygotsky acerca dos jogos e

sua utilização nas escolas se encaixam perfeitamente para xadrez porque confere

significados diferentes aos objetos utilizados. O tabuleiro representa o campo de

batalha e as peças os dois exércitos que se confrontarão e ainda oferece uma

situação imaginária em que o objetivo maior é conquistar o rei adversário, trazendo

algumas ações representativas da sociedade, tais como o respeito às regras, das

peças com movimentos diferentes e dos próprios jogadores que precisam aguardar

a sua vez de jogar, mesmo que isso leve um tempo por parte do outro que está

analisando para saber qual a melhor estratégia para vencer.

Christofoletti (2005) salienta que embora o jogo de xadrez, seja praticado em

duplas, cada um dos jogadores, deverá tomar uma decisão sobre a jogada de modo

individual, o que favorece autoconfiança na tomada de decisões. Mesmo nas

competições por equipe, cada jogador tem o seu tabuleiro, e não pode ser orientado

durante a partida, cabendo somente a ele tomar as decisões e arcar com os

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resultados. Afirma ainda, que vem aumentando a participação de crianças neste

jogo, com o apoio das escolas que oferecem este tipo de atividade, e diz que

quando bons hábitos são desenvolvidos desde a infância, e assimilados facilmente.

Muitas vezes as crianças não sabem utilizar a capacidade de análise, pois

não foram devidamente estimuladas para isso, a não ser pela via da memorização

mecânica. Dessa forma quando se deparam com textos diferentes, sentem-se

inseguras e tem muita dificuldade para encontrar as respostas. A contribuição do

jogo de xadrez nessa direção caminha principalmente para a educação matemática,

mas ela também promove estímulos para os outros campos do conhecimento.

Santos (2007, p.3.), defensor do ensino de xadrez nas escolas, cita um

trecho de Wilson da Silva 23 que diz ser o jogo de xadrez merecedor de crédito

porque “ensina as crianças o mais importante na solução de um problema, que é saber

olhar e entender a realidade que se apresenta”. [...]. Em tempos de conhecimentos

efêmeros permeados por esse contingente de informações instantâneas e

sobrepostas que quase não deixam espaço para a reflexão, concordamos com esse

autor, quando ele diz que o melhor que a escola pode fazer para seus alunos é

ajudá-los a organizar melhor seu pensamento, e acreditamos que isso possa ser

feito mediante a sistematização deste jogo como disciplina nas escolas.

Para entendermos melhor a implicação deste jogo no âmbito escolar,

consideramos importante mostrar uma tabela comparativa das características do

jogo e seus efeitos na escolarização elaborada por Wilson Silva, citado por Santos

(2003).

Característica do xadrez e suas implicações educativas.

Características do xadrez Implicações nos aspectos educacionais e de formação do caráter

Fica-se concentrado e imóvel na cadeira O desenvolvimento do autocontrole psicofísico.

Fornecer um número de movimentos num determinado tempo

Avaliação da estrutura do problema e do tempo disponível

Movimento das peças após exaustiva análise de lances

Desenvolvimento da capacidade de pensar com abrangência e profundidade

23 Mestre em Educação pela UFPR e doutorando também em Educação pela UNICAMP.

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Após encontrar um lance, procurar outro melhor. Tenacidade e empenho no progresso contínuo

Partindo de uma posição a princípio igual, direcionar para uma conclusão brilhante (combinação)

Criatividade e imaginação

O resultado indica quem tinha o melhor plano Respeito à opinião do interlocutor

Dentre as várias possibilidades, escolher uma única, sem ajuda externa.

Estímulo à tomada de decisões com autonomia

Um movimento deve ser conseqüência lógica do anterior e deve apresentar o seguinte

Exercício do pensamento lógico, autoconsistência e fluidez de raciocínio.

Fonte: http://br.geocities.com/cluberibeiraoclarensedexadrez/Xadrez_escola.html

Todos estes elementos podem ser preparados durante o aprendizado e a

prática do xadrez, para que possa contribuir na melhoria do desempenho das

crianças diante dos desafios escolares. Além disso, dada à realidade de muitas

escolas, principalmente as públicas, é preciso pensar que o xadrez é uma atividade

de baixo custo, que ajuda no desenvolvimento das habilidades mentais e promove a

incorporação de atitudes de respeito.

Sendo assim, o xadrez com certeza é um jogo que modifica a escola porque

promove sua cultura, desenvolvendo inúmeras habilidades e garantindo a aquisição

de conhecimentos não só em relação ao jogo, mas também a assimilação de outros,

vinculadas às matérias escolares e o próprio caráter dos alunos. Além disso, ele

também tem a vantagem de ajudar a diminuir a agressividade individual e, por este

motivo, pode contribuir para minimizar a violência na escola, estabelecendo vínculos

entre os conhecimentos e as experiências enxadrística e a vida cotidiana, individual

e social.

Por se uma atividade que facilita aprendizagens de outros conteúdos, muitas

atividades podem ser desenvolvidas devido às relações que mantém com os demais

conteúdos. Por exemplo, ligadas ao conteúdo de história, ao se narrar as próprias

histórias em torno do xadrez, a geografia, ao se pesquisar e apresentar a leitura

cartográfica de suas migrações ao longo dos continentes, ou ainda, o próprio estudo

do tabuleiro, relaciona-se a conteúdos de matemática e geometria.

Os benefícios de sua prática iniciam-se quando a criança passa a conhecer

e a exercitar o domínio do tabuleiro, o que resulta em ganhos para sua noção

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espaço-dimensional. Em seguida são apresentadas às peças, cada qual com suas

características físicas, seus movimentos e papel no jogo, auxiliando o

desenvolvimento da memória e da concentração. O desenvolvimento do jogo, com a

integração das peças e os cálculos das jogadas exercitam o raciocínio lógico e a

imaginação.

Podemos afirmar que o xadrez ensinado metodicamente constitui um

sistema de estímulo intelectual capaz de aumentar o quociente de inteligência das

crianças, oferecendo aos participantes um método de raciocínio e de organização

das relações abstratas e dos elementos simbólicos. Essa forma sistemática passa

pela preparação das escolas envolvendo a adaptação das mesmas as estruturas

existentes. Para tanto, é preciso que o plano gestor da escola proponha de modo

coletivo essa inserção como disciplina, o que envolveria a capacitação dos

professores e coordenadores para acompanhar e planejar atividades da disciplina e

mesmo o ensino dos jogos, ministrados por profissionais especializados ou mesmo

enxadristas convidados.

Além destas adequações, também os recursos materiais, tais como a

aquisição e utilização do material didático dos professores e dos alunos,

armazenados em local adequado, bem como o próprio local onde as aulas irão

acontecer. Deve ser um espaço amplo, com quadro mural, mesas e jogos de peças,

relógios de xadrez em quantidade suficientes para atender os alunos da escola.

Para concluirmos essas breves considerações acerca das mudanças

promovidas pelo jogo de xadrez na cultura escolar e, apesar de pouco comum, em

textos desta natureza, optamos por terminar com um poema, feito por um estudante

do xadrez que traduzem, de algum modo, por que ele se torna tão significativo para

aqueles que o praticam.

O JOGO DE XADREZ

Azuir Filho24

24 Poesia de Homenagem ao Jogo de Xadrez pelo seu caráter humanizador que tira as pessoas da pequenez e mediocridade fazendo-as pensar de modo mais elevado e com mais humildade. O Jogo de Xadrez tem a ver com os Amigos, os Mestres os Sonhos, Utopias e Ideais.

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No Jogo há linda História, de razão, sentido e finalidade. É o saber, tradição e memória, a razão e toda a dignidade. Sabedoria que é importante, no amor e honra que vai ficar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. No Jogo de Xadrez esta a Vida, e a sua luta mais danada. Tem toda gente e cada lida os importantes e a peãozada. Todo tempo é emocionante, pois tudo se pode organizar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. Na vida do Rei o destino, ao morrer o jogo tá terminado. É um aviso para ter tino, e se vacilou não será perdoado. A Dama cuida do Rei governante, tem maior movimentar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. Os Cavalos são poderosos, Grandes forcas para decidir. São destaques portentosos, faz o forte mais forte se sentir. Torre a fortaleza representante, nas paralelas a controlar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. Bispos os Ministros invencíveis, Ministérios fortificados. Vão fazer coisas incríveis, sempre serão recompensados.

Nas diagonais imperantes, fortes tão grandes no avançar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. É um Jogo de Inteligência, um jogo do mais Preparado. De Beleza, Arte e Ciência, de quem pode estar bem ligado. Há um batalhar constante, com a sabedoria a se destacar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. Nas peças a representação, do que importa na Sociedade. Pois tem elite e tem povão, e como será sua continuidade. O Mérito esta no semblante, que revela a alma e o sonhar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. No Peão esta a simplicidade, a humildes dos sacrificados. Tem esperança de eternidade, em Jesus e os Crucificados. O Humilde se faz o gigante, no seu sonho de irmão igualar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar. Há mazelas pra restauração, e há História de Felicidade. Se Bem colocado um peão, vencer qualquer majestade. E o Peão neste instante, muda a Sociedade e o caminhar. O Jogo Xadrez é fascinante, reproduz a vida e todo lutar.

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