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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS O CIBERESPAÇO E O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL: POSSÍVEL ESPAÇO DE CRIAÇÃO/EXPOSIÇÃO DEFESA DE MESTRADO Franciele Filipini dos Santos Santa Maria, RS, Brasil, 2009.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

    O CIBERESPAÇO E O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL:

    POSSÍVEL ESPAÇO DE CRIAÇÃO/EXPOSIÇÃO

    DEFESA DE MESTRADO

    Franciele Filipini dos Santos

    Santa Maria, RS, Brasil, 2009.

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  • O CIBERESPAÇO E O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL:

    POSSÍVEL ESPAÇO DE CRIAÇÃO/EXPOSIÇÃO

    por

    Franciele Filipini dos Santos

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Área de Concentração Arte Contemporânea,

    Linha de Pesquisa Arte e Tecnologia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS),

    como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Artes Visuais

    Orientador: Profª. Drª. Nara Cristina Santos

    Santa Maria, RS, Brasil

    2009

  • Universidade Federal de Santa Maria

    Centro de Artes e Letras Programa de Pós- Graduação em Artes Visuais

    A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

    aprova a Dissertação de Mestrado

    O CIBERESPAÇO E O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL:

    POSSÍVEL ESPAÇO DE CRIAÇÃO/EXPOSIÇÃO

    elaborada por

    Franciele Filipini dos Santos

    Como requisito parcial para a obtenção do grau de:

    Mestre em Artes Visuais

    Comissão Examinadora:

    _______________________________________________

    Profª. Drª. Nara Cristina Santos (UFSM) (Presidente/Orientador)

    _______________________________________________

    Prof. Dr. Milton Sogabe (UNESP)

    _______________________________________________

    Profª. Drª. Blanca Luz Brites (UFSM/UFRGS)

    _______________________________________________

    Profª. Drª. Sandra Rey (UFSM/UFRGS) (Suplente)

    Santa Maria, 27 de fevereiro de 2009.

  • Dedico a meus pais, ao Poiane, e ao Cassi, um quarteto fantástico em minha vida!!!!!

  • Agradecimentos

    A banca, que contribuiu no momento de qualificação para o desenvolvimento dessa pesquisa!!! Aos artistas entrevistados, obrigada pela disponibilidade, atenção e paciência. Seus posicionamentos foram enriquecedores para este estudo!!! A Nara, que além de uma profissional exemplar, sempre foi meu porto seguro em diversos momentos da pesquisa e de momentos decisivos em minha vida acadêmica. Obrigada por me ensinar sempre, a ser ética, a ser forte, a ser persistente e dedicada para alcançar minhas escolhas!!! Aos meus pais, por terem entendido que minha opção de vida profissional exige momentos de ausência física, mas jamais emocional, apesar do meu jeito de ser! Vocês são grandes exemplos de dignidade, de amor e de luta diária para realizar os sonhos! Vocês são tudo de bom, meus seres de asas invisíveis!!! Ao Poiane, com sua pacienciosa e amorosa maneira de ver a vida e as oportunidades como momentos especiais! Obrigada por seu apoio, amor e infindáveis gestos de carinho todos os dias!!! Ao Cassi, que sem ter noção real da sua presença em minha vida, com suas brincadeiras e carinho especial, me auxiliou muito em momentos difíceis da construção deste trabalho! Sei que você ainda será um ‘médico’ dos robôs, num futuro muito próximo!!! Ao Tio Fernando e Tia Mêdia, que são pessoas maravilhosas... de uma bondade sem igual, obrigada pela estadia!!! Também aos tios Geraldo e Ana, e a prima Beta, obrigada!! A Lau e a Greice, amigas muito especiais, que sempre me ajudaram a superar momentos difíceis, tumultuados.... vocês são maravilhosas, como pessoas e profissionais!!! Obrigada pelo carinho e pela convivência!!! Guardo vocês em um cantinho especial no meu coração!!! Agradeço a Deus, por ter colocado todos vocês em minha vida nesse momento tão importante para mim e por ter me dado forças sempre!!!

  • “(...) as máquinas não são meros aparatos físicos, mas pensamentos materializados, tal como as obras de arte e dessa maneira já carregam um indício do humano.”

    Milton Sogabe

    “Deixe que as coisas te transformem. Você precisa estar disposto a crescer. Crescimento não é algo que ocorre a você. Crescimento você produz. Você o vive. Os pré-requisitos para crescer são: esteja aberto para experimentar as coisas e disposto a ser mudado por elas. (...) O processo em si é mais importante do que os resultados. Quando os resultados dirigem o processo, nós nunca iremos além de onde já estivemos. Se o processo dirige os resultados, talvez não saibamos para onde vamos, mas estamos seguros de que queremos chegar lá. (...) O motor do crescimento é o desejo e a inocência.”

    Bruce Mau (tradução: John Norman)

  • RESUMO

    Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais

    Universidade Federal de Santa Maria

    O CIBERESPAÇO E O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL:

    POSSÍVEL ESPAÇO DE CRIAÇÃO/EXPOSIÇÃO

    Autora: Franciele Filipini dos Santos Orientador: Profª. Drª. Nara Cristina dos Santos

    Data e Local da Defesa: Santa Maria, 27 de fevereiro de 2009.

    Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um estudo teórico-reflexivo sobre o

    espaço expositivo da Bienal do Mercosul no ambiente virtual, a fim de propor uma

    outra cartografia, que considere além da possibilidade divulgação/exposição, a

    criação/exposição com a utilização das mídias e tecnologias digitais na produção

    artística contemporânea. Compreendido como um espaço em potencial, toma-se

    como referência a Bienal do Mercosul, a produção de Arte e Tecnologia exposta em

    algumas de suas seis edições já realizadas, e o ambiente virtual da 6ª Bienal,

    estabelecendo um diálogo com o Ciberespaço e a Cibercepção, questões

    conceituais aprofundadas neste estudo para a elaboração da nova cartografia. Esta

    é uma pesquisa sobre arte e utiliza a abordagem qualitativa, adequada à pesquisa

    em artes visuais, permitindo a construção de uma metodologia particular conforme

    as especificidades do estudo. Tem como instrumentos a análise documental, os

    questionários e a entrevista semi-estruturada. O panorama geral das Bienais do

    Mercosul, os respectivos ambientes virtuais disponibilizados, a produção de Arte e

    Tecnologia, aliados às instâncias conceituais - Ciberespaço e Cibercepção -

    pontuam a relevância do presente estudo, que apresenta como contribuição para o

    campo das Artes Visuais em diálogo com as mídias e tecnologias contemporâneas,

    a proposta Virtus – espaço de criação/exposição.

    Palavras-Chave: Ciberespaço; Ambiente Virtual; Bienal do Mercosul; Arte

    Contemporânea; Arte e Tecnologia.

  • ABSTRACT

    Master Degree Thesis Post-Graduation Program in Visual Arts

    Federal University of Santa Maria

    THE CYBERSPACE AND THE VIRTUAL ENVIRONMENT IN THE MERCOSUR BIENNIAL:

    POSSIBLE AREA OF CREATION/EXPOSURE

    Author: Franciele Filipini dos Santos Advisor: Prof. Dr. Nara Cristina dos Santos

    Date and Place of Defense: Santa Maria, February 27, 2009.

    The present paper is aimed at developing a reflexive theoretical study on the space

    at exhibition in the Mercosur Biennial in the virtual environment in order to propose a

    different mapping, which also considers the possibility of distribution/exhibition, the

    creation/exhibition with the use of media and digital technologies in contemporary

    artistic production. Being understood as an area of potential, taking as reference the

    Mercosur Biennial, the production of art and technology exposed in some of its past

    six editions, and the virtual environment of the 6th Biennial, establishing a dialogue

    with the Cyberspace and Ciberception, as well as the conceptual issues analyzed in

    depth in this study for the establishment of the new cartography. This is a survey of

    art and uses a qualitative approach, suitable for research in visual arts, allowing the

    construction of a particular methodology as specified in the study. The document

    analysis was accomplished through questionnaires and a semi-structured interview.

    The overview of the Mercosur Biennial, the virtual environments available, the

    production of art and technology, allied to the conceptual - Cyberspace and

    Ciberception - emphasizes the relevance of this study, which is presented as a

    contribution to the field of Visual Arts in dialogue with the media and contemporary

    technology, the proposal Virtus - space for creation/exhibition.

    Keywords: Cyberspace, Virtual Environment, the Mercosur Biennial, Contemporary

    Art, Art and Technology.

  • LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Estação Pedagógica de Waltércio Caldas ........................................... 30 FIGURA 2 – Estação Pedagógica de Waltércio Caldas ........................................... 30 FIGURA 3 – Espaço do Projeto Pedagógico - Sala para oficinas ........................... 31 FIGURA 4 – Espaço do Projeto Pedagógico - Sala para acesso à Internet ............. 31 FIGURA 5 – Espaço do Projeto Pedagógico - Espaço de Exposição ...................... 31 FIGURA 6 – Espaço do Projeto Pedagógico - Sala de Conferências ...................... 31 FIGURA 7 – Exposição “Uma Bienal para todos” ..................................................... 33 FIGURA 8 – Exposição “Uma Bienal para todos” ..................................................... 33 FIGURA 9 – Painel de retrospectiva dos 10 anos da Bienal do Mercosul ................ 33 FIGURA 10 – Painel de retrospectiva dos 10 anos da Bienal do Mercosul .............. 33 FIGURA 11 – Dados referentes à 6ª Bienal do Mercosul ......................................... 34 FIGURA 12 – Dados referentes à 6ª Bienal do Mercosul ......................................... 34 FIGURA 13 – Dados referentes à 6ª Bienal do Mercosul ......................................... 34 FIGURA 14 – Espaço in loco da obra Rara Avis ..................................................... 37 FIGURA 15 – [email protected] 2. Mercado Público + Usina do Gasômetro .............. 37 FIGURA 16 – Art – Id/Cyb-D: Identities in cyberspace ............................................. 39 FIGURA 17 – Growth model – Voyage Through a Planetary Universe .................... 39 FIGURA 18 – Dobras .............................................................................................. 40 FIGURA 19 – Con game/ juego de estafa ............................................................... 40 FIGURA 20 – Stultifera navis ................................................................................... 41 FIGURA 21 – Carmen made me so ......................................................................... 41 FIGURA 22 – Embed ............................................................................................... 42 FIGURA 23 –Cyberinstalación [email protected] ............................................. 42 FIGURA 24 – Mi deseo es tu deseo ......................................................................... 43 FIGURA 25 – Animal ................................................................................................ 43 FIGURA 26 – Espacio vacio/non local ..................................................................... 44

  • FIGURA 27 – Web-site Valdez around the world: the acceleration of brain power .. 44 FIGURA 28 – Web-site Incorpos .............................................................................. 45 FIGURA 29 – Sections of nothing-nothing ............................................................... 45 FIGURA 30 – El partido de tenis .............................................................................. 46 FIGURA 31 – Ambiente multiusuário Silépticos Corpos ........................................... 46 FIGURA 32 – Jornada Xamântica ............................................................................ 47 FIGURA 33 – TRANS-E: my body, my blood ........................................................... 47 FIGURA 34 – 9/4 Fragmentos de Azul ..................................................................... 48 FIGURA 35 – Jacks in slow motion: experience 02 .................................................. 48 FIGURA 36 – Entremeios II ...................................................................................... 49 FIGURA 37 – Gonzalo Mezza com sua obra Instalation 8=8 e Spacio Liberado ..... 52 FIGURA 38 – Estar .................................................................................................. 52 FIGURA 39 – I’ Mito zapping zone ........................................................................... 53 FIGURA 40 – Coletivo m7 red .................................................................................. 54 FIGURA 41 – Estrutura Traceroute .......................................................................... 63 FIGURA 42 – Página inicial do site da 6ª Bienal do Mercosul .................................. 68 FIGURA 43 – Página inicial do site da 6ª Bienal do Mercosul .................................. 68 FIGURA 44 – Página inicial do site da 6ª Bienal do Mercosul .................................. 68 FIGURA 45 – Página inicial do site da 6ª Bienal do Mercosul .................................. 68 FIGURA 46 – Links “Biblioteca Virtual” e “Blog” ....................................................... 69 FIGURA 47 – Links “Biblioteca Virtual” e “Blog” ....................................................... 69 FIGURA 48 – Registro da participação no Chat com o Curador Pedagógico .......... 69 FIGURA 49 – Registro da participação no Chat com o Curador Pedagógico .......... 70

    FIGURA 50 – Mostra “Exposições Monográficas – Francisco Matto” ...................... 71 FIGURA 51 – Mostra “Exposições Monográficas – Jorge Macchi e Öyvind

    Fahlström” ................................................................................................................ 71 FIGURA 52 – Mostra “Conversas”, estrutura da exposição, curadores e núcleos ... 72

    FIGURA 53 – Mostra “Conversas” – Artistas participantes ..................................... 73 FIGURA 54 – Mostra “Conversas” – Artista participante: Pablo Chiuminatto ........... 73 FIGURA 55 – Página inicial do ambiente virtual dos artistas Christa Sommerer e

    Laurent Mignonneau ................................................................................................ 75

    FIGURA 56 – Imagens/links das obras de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau

    ................................................................................................................................. 76 FIGURA 57 – Imagens/links das obras e link para Verbarium ................................. 76

  • FIGURA 58 – Conceito trabalhado em Verbarium ................................................... 77 FIGURA 59 – Locais de exposição da obra Verbarium ............................................ 77 FIGURA 60 – Processo Interativo dos artistas/autores com Verbarium ................... 78 FIGURA 61 – Processo Interativo dos artistas/autores com Verbarium ................... 78 FIGURA 62 – Processo Interativo dos artistas/autores com Verbarium ................... 79 FIGURA 63 – Processo Interativo dos artistas/autores com Verbarium ................... 79 FIGURA 64 – Detalhe da obra Rara Avis – arara telerobótica ................................. 96 FIGURA 65 – Detalhe da obra Rara Avis – arara telerobótica ................................. 97 FIGURA 66 – Detalhe da obra Rara Avis – arara telerobótica ................................. 97 FIGURA 67 – Rara Avis – Processo interativo no espaço de exposição in loco ...... 98 FIGURA 68 – Rara Avis – Processo interativo no espaço de exposição in loco ...... 98 FIGURA 69 – Rara Avis – Processo interativo no Ciberespaço ............................... 99 FIGURA 70 – Esquema do funcionamento de Rara Avis ....................................... 101 FIGURA 71 – Processo interativo de Verbarium .................................................... 103 FIGURA 72 – Processo interativo de Verbarium .................................................... 104 FIGURA 73 – Processo interativo de Verbarium .................................................... 104 FIGURA 74 – Processo interativo de Verbarium .................................................... 105 FIGURA 75 – Flor Dente de Leão .......................................................................... 108

    FIGURA 76 – Flor Dente de Leão .......................................................................... 109

    FIGURA 77 – Flor Dente de Leão .......................................................................... 110

  • LISTA DE ANEXOS

    ANEXO A .............................................................................................................. 125 ANEXO B .............................................................................................................. 130

  • SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................. vii ABSTRACT .............................................................................................................. viii CARTOGRAFANDO O PERCURSO DE PESQUISA ............................................. 13 CAPÍTULO 1 – AS BIENAIS DO MERCOSUL E SUAS CARTOGRAFIAS ............ 19 1.1 Bienais do Mercosul e seus “Processos de Mediação”: 1997 a 2007 ........ 19 1.2 Bienais do Mercosul: criação/exposição no espaço in loco e no Ciberespaço ........................................................................................................... 34 1.3 Bienais do Mercosul: divulgação/exposição no ambiente virtual e possíveis relações com o Ciberespaço .............................................................. 54 CAPÍTULO 2 – O CIBERESPAÇO E SUAS POSSIBILIDADES ............................ 59 2.1 Considerações epistemológicas acerca do Ciberespaço ............................ 59 2.2 O Ciberespaço e o ambiente virtual como espaços de divulgação/exposição ................................................................................................................................. 67 2.3 O Ciberespaço e o ambiente virtual como sistemas de criação/exposição ... ................................................................................................................................. 74 2.4 O Ciberespaço e o ambiente virtual: algumas implicações no contexto artístico atual ......................................................................................................... 81 CAPÍTULO 3 – CIBERCEPÇÃO EM “RARA AVIS” E “VERBARIUM”: POSSÍVEL CARTOGRAFIA PARA O AMBIENTE VIRTUAL DA BIENAL DO MERCOSUL ..................................................................................................... 89 3.1 Conceito e implicações .................................................................................... 89 3.2 “Rara Avis” e “Verbarium”: relações com o Ciberespaço e a Cibercepção ... ................................................................................................................................. 96

  • 3.3 Possível cartografia para o ambiente virtual da Bienal do Mercosul ....... 107

    CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 114 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 118

  • CARTOGRAFANDO O PERCURSO DE PESQUISA

    Esta pesquisa teve como ponto de partida a necessidade de aprofundar questões

    surgidas a partir de estudos realizados em momentos anteriores, no Curso de

    Especialização Arte e Visualidade/UFSM, bem como, no Curso de Desenho e

    Plástica e Licenciatura Plena/UFSM. Esses estudos monográficos tiveram como

    objeto de pesquisa a Bienal do Mercosul, vista sob ângulos distintos, os quais serão

    brevemente expostos a seguir, com o intuito de situar as reflexões que possibilitaram

    a construção desta atual proposta, a qual enfatiza a Bienal do Mercosul a partir do

    campo da Arte e Tecnologia.

    Na Especialização, o estudo monográfico teve como objetivo constatar os

    “Processos de Mediação”1 presentes na 5ª Bienal do Mercosul, tanto no espaço da

    exposição como no ambiente virtual, analisando-os a partir do acesso disponível ao

    público em geral, visando uma reflexão crítica. Esses processos são: o trabalho

    realizado pelos mediadores no espaço da exposição; o material educativo elaborado

    pela Fundação Bienal e distribuído para professores e escolas; e o site

    disponibilizado a cada edição2, ambos realizados com a finalidade de possibilitar

    maior aproximação entre a Arte e os diferentes públicos - relação almejada por

    muitos artistas, curadores, críticos, historiadores e professores.

    No curso de Desenho e Plástica - Licenciatura Plena, a pesquisa3 desenvolveu-se a

    partir da 5ª Bienal do Mercosul, e teve como objetivo verificar o conhecimento prévio

    de um grupo de alunos do Ensino Médio em relação à Arte e a Bienal de Artes

    Visuais do Mercosul; constatar a viabilidade dos “Processos de Mediação” (site e

    “Material Educativo do Professor”) no ambiente escolar; bem como, apontar

    possíveis propostas de trabalho a serem utilizadas em sala de aula, a partir destes

    processos.

    1 Quanto aos “Processos de Mediação” é importante mencionar que esta denominação foi assim estabelecida pela autora desta dissertação, na pesquisa de especialização intitulada “Processos de Mediação” na 5ª Bienal do Mercosul: uma análise no campo da Arte e Tecnologia”, realizada sob a orientação da Profª. Drª. Nara Cristina Santos, concluída em abril de 2006. 2Os “Processos de Mediação” referentes aos ambientes virtuais das seis Bienais do Mercosul serão abordados no sub-capítulo 1.3. 3 Pesquisa intitulada “A 5ª Bienal do Mercosul como Processo de Mediação no Ensino da Arte: uma proposta metodológica para os alunos do Ensino Médio”.

  • 14

    Percebeu-se que no decorrer desses estudos muitas questões foram pensadas,

    discutidas, e resultaram em novas inquietações, que foram simultaneamente

    instigadas por leituras e discussões ocorridas desde o início de 2005, e de modo

    mais efetivo, após a inserção desta pesquisadora no Grupo de Pesquisa em Arte e

    Tecnologia/UFSM, no ano de 2006. Pode-se afirmar que a atual pesquisa surge a

    partir das experiências advindas do processo de formação acadêmica como um

    todo, despertando o interesse em estudos que abordem as possibilidades trazidas

    pela produção em Arte e Tecnologia.

    A presente pesquisa teve como objetivo desenvolver um estudo teórico-reflexivo

    sobre o ambiente virtual da Bienal do Mercosul como espaço de criação/exposição,

    além de divulgação/exposição - abordagem já realizada e disponibilizada nas seis

    edições ocorridas - propondo uma nova cartografia para o respectivo ambiente

    virtual. Neste sentido, estabeleceu-se um estreito diálogo com o Ciberespaço, o

    ambiente virtual da 6ª Bienal do Mercosul4 e a produção de Arte e Tecnologia

    exposta na 1ª, 2ª, 5ª e 6ª edições da Mostra em questão. Considera-se o ambiente

    virtual da Bienal do Mercosul um espaço em potencial, que pode ser enriquecido a

    partir de sua atuação e do Ciberespaço como sistema de criação/exposição. Essa

    compreensão abarca uma presença mais efetiva da produção artística de Arte e

    Tecnologia no ambiente virtual da Bienal do Mercosul, além de enfatizar a questão

    da Cibercepção (Ascott, 1994), suscitada pela produção que envolve a Arte,

    Tecnologia e Mídias Digitais.

    É relevante ressaltar que tais possibilidades do Ciberespaço e ambiente virtual estão

    relacionadas nesta pesquisa à segunda prática de produção artística com os meios

    tecnológicos citada por Anne Cauquelin, em seu livro “Arte contemporânea: uma

    introdução” (2005), no sub-capítulo “Arte Tecnológica”.

    (...) devemos distinguir duas práticas. A primeira utiliza meios de comunicação tradicionais: o correio, os envios postais (mailing) como suporte de uma atividade artística livre, cujos princípios são os da figuração. Ou ainda técnicas mistas como as que aliam nas instalações imagens de vídeo, de televisão e intervenções pictóricas. Esses dispositivos fazem atuar as novas tecnologias de maneira pontual e dentro de uma esfera definida

    4 Devido à delimitação do objeto de estudo desta pesquisa, optou-se por abordar de modo mais enfático o ambiente virtual da 6ª Bienal do Mercosul, ou seja, o ambiente virtual da última Mostra, o que possibilitou maior acompanhamento sobre as informações e conteúdos disponibilizados.

  • 15

    como artística. A segunda prática joga com as possibilidades do computador como suporte de imagens, mas, sobretudo, como instrumento de composição. (...) uma segunda realidade se constrói pouco a pouco, enquanto se constrói também uma relação nova no processo da obra, no ambiente social e na realidade virtual. (CAUQUELIN, 2005:151)

    Com base na segunda prática, foram desenvolvidas as seguintes relações com a

    pesquisa: na possibilidade do computador como suporte de imagens, ou seja, como

    ferramenta, o ambiente virtual e o Ciberespaço atuam como espaços de

    divulgação/exposição, de informações e obras em geral, tais como: gravuras,

    esculturas, pinturas, objetos-arte, desenhos, instalações, performances, e inclusive,

    as poéticas digitais. Na possibilidade do computador que propicia a construção de

    uma segunda realidade, tem-se o computador como sistema, onde o ambiente

    virtual e o Ciberespaço são considerados como sistemas de criação. Encontram-se

    nesta classificação as obras que no momento de sua produção utilizaram o

    ambiente virtual em sua concepção, e que propiciam durante o processo interativo,

    por exemplo, alterações formais, visuais e sonoras, que passam a fazer parte da

    obra.

    Desse modo, o capítulo 1 propõe um panorama dos dez anos da Bienal do

    Mercosul, ocorrida no período de 1997 a 2007, apresentando um breve histórico dos

    projetos curatoriais, bem como, dos “Processos de Mediação” constatados nessas

    edições. Processos que são abordados devido à ênfase e investimento que a

    Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul (FBAVM) se propôs, o que constitui o

    diferencial da Bienal do Mercosul em relação às demais bienais existentes no

    mundo. Sendo assim, tomando como referência uma das interpretações da segunda

    prática de Anne Cauquelin, do computador como ferramenta, relacionada ao

    ambiente virtual e o Ciberespaço como espaços de divulgação/ exposição,

    desenvolveu-se um resgate dos ambientes virtuais disponibilizados a cada edição da

    Bienal do Mercosul. Para finalizar as considerações sobre os ambientes virtuais

    dessas bienais, apresentam-se as entrevistas com o Curador-Geral da 6ª Bienal do

    Mercosul - Gabriel Pérez-Barreiro e com o Curador-Pedagógico - Luis Camnitzer. Na

    relação do ambiente virtual e do Ciberespaço como sistemas de criação, que dialoga

    com a outra possibilidade pontuada por Cauquelin na segunda prática, do

    computador como sistema, realizou-se um levantamento da produção artística

  • 16

    envolvendo as tecnologias digitais, presentes na 1ª, 2ª, 5ª e 6ª edições das Bienais

    do Mercosul.

    Com base na contextualização das Bienais do Mercosul, e de como elas utilizaram o

    Ciberespaço, no capítulo 2 foram realizadas algumas considerações

    epistemológicas a respeito do Ciberespaço, sob o ponto de vista de teóricos, tais

    como: Anne Cauquelin (2008), Lúcia Leão (2004), Pierre Lévy (1998, 2000),

    Margaret Wertheim (2001), entre outros, aliadas às entrevistas5 com os seguintes

    artistas: Diana Domingues, Gilbertto Prado, Milton Sogabe, Sandra Rey e Suzete

    Venturelli. Apresenta ainda, as possibilidades de uso do Ciberespaço, bem como

    algumas questões e implicações no contexto artístico contemporâneo. Para o

    desenvolvimento da discussão de tais implicações tomou-se como referência o

    pensamento dos seguintes autores: Anne Cauquelin (2008 e 2005), Edmond

    Couchot (2003), Claudia Giannetti (2006), Annateresa Fabris (2006), entre outros. É

    relevante pontuar que a partir deste capítulo, realizou-se um estreito entrelaçamento

    do pensamento de teóricos e artistas, devido à importância e complementação do

    trabalho destes profissionais do Sistema da Arte6. Entrelaçamento que possibilitou

    pensar o ambiente virtual da Bienal do Mercosul, quando colocado em diálogo com o

    Ciberespaço, como um espaço de exposição em potencial. Possibilidade que se

    baseia na produção artística que envolve as tecnologias digitais, bem como, nos

    conceitos inerentes às mesmas.

    Neste sentido, o capítulo 3 aprofundou a questão da percepção brevemente

    mencionada no capítulo anterior, discorrendo sobre tal conceito a partir de Roy

    Ascott7 (2002). Nesta abordagem são apresentados outros autores, tais como,

    Arlindo Machado (2001), Lúcia Santaella (2004) e Milton Sogabe (2004), entre

    outros, juntamente às entrevistas dos artistas já citados. Tal abordagem se dá por

    5 Entrevistas realizadas por e-mail, skype e pessoalmente, de acordo com a disponibilidade dos artistas, o que resultou em diferentes datas para a concretização de cada uma delas. 6 Sistema compreendido nesta pesquisa como um organismo vivo e em constante transformação, no qual, segundo Cauquelin (2005), atuam agentes diversos, tais como: artistas, colecionadores e aficionados (público não especializado), críticos, curadores, conservadores, instituições e museus. 7 O artigo de Ascott que serve como base para o desenvolvimento deste capítulo intitula-se “A arquitetura da Cibercepção”, e foi originalmente apresentado no ISEA 1994, 5º Simpósio Internacional de Arte Eletrônica, Helsinqui/Finlândia; F.A.U.S.T.1994, Forum des Arts de l’Univers Scientifique et Technique, Tolouse/França; e Cybersphere 1994, International Symposium on Cyberspace, Estocolmo/Suécia.

  • 17

    considerar peculiar as propostas poéticas de Arte e Tecnologia, desenvolvidas por

    artistas e discutidas pelos demais profissionais da área, que suscitam reflexões

    acerca de como a percepção ou Cibercepção vem sendo explorada no sistema

    artístico atual. Desse modo, optou-se por realizar a análise das obras Rara Avis de

    Eduardo Kac e Verbarium de Christa Sommerer e Laurent Mignnoneau, por

    utilizarem o Ciberespaço e a Cibercepção, questões que são exploradas e

    experienciadas no processo interativo proposto pelos artistas. Tais instâncias

    conceituais permitiram pensar uma outra cartografia expositiva para o ambiente

    virtual da Bienal do Mercosul.

    Pensa-se a Bienal do Mercosul como espaço de institucionalização da Arte

    Contemporânea, em que se insere a produção de Arte e Tecnologia, não apenas

    através dos espaços físicos de exposição, como também por meio do ambiente

    virtual da Bienal, oferecido a cada edição da Mostra. A denominação Arte e

    Tecnologia é utilizada neste estudo por dois motivos: por ser a terminologia usada

    para designar a linha de pesquisa em que a dissertação encontra-se inserida, e por

    compreendê-la conceitualmente como uma produção artística realizada em intenso

    diálogo com às tecnologias contemporâneas.

    O termo cartografia é aqui utilizado a partir do livro “Derivas: cartografias do

    Ciberespaço”, de Lúcia Leão (2004), onde são abordadas diversas possibilidades

    poéticas que utilizam o Ciberespaço e que foram desenvolvidas por diferentes

    artistas a partir de suas questões particulares. O percurso proposto no livro instigou

    a autora desta dissertação à necessidade de mapear o que foi exposto nas Bienais

    do Mercosul já realizadas, tanto no que diz respeito às produções artísticas

    envolvendo a arte e as tecnologias digitais, quanto nos seus respectivos ambientes

    virtuais, desenvolvidos a cada edição, para somente então, apresentar uma outra

    possível cartografia, mais interativa e dinâmica, denominada VIRTUS – espaço de

    criação/exposição.

    Ressalta-se ainda, que esta é uma pesquisa sobre arte, ou seja, “que envolve a

    análise das obras, reunindo a história da arte, a crítica da arte, as teorias da arte e,

    ainda, conceitos de outras áreas do saber, utilizados como conceitos instrumentais”

    (CATTANI, 2002:38); que utiliza a abordagem metodológica qualitativa, devido à

  • 18

    especificidade da área de conhecimento, que requer flexibilidade durante o processo

    de investigação, construindo uma metodologia particular conforme as necessidades

    do estudo. Faz-se necessário mencionar que na singularidade deste percurso, além

    da bibliografia impressa, a bibliografia digital (através da Internet) foi uma fonte de

    pesquisa freqüentemente utilizada, devido à facilidade de obter informações sobre

    acontecimentos recentes, trazendo referências importantes, que só têm a contribuir

    com o desenvolvimento da presente dissertação.

    Para finalizar, pontua-se que a presente dissertação é uma contribuição para a

    reflexão e estudo no campo das pesquisas sobre a arte. Contribuição que se

    apresenta nesta cartografia particular, construída para compreender de modo mais

    aprofundado a produção artística envolvendo a Arte e Tecnologia, presente

    especificamente nas Bienais do Mercosul, e que tornou possível apontar o potencial

    espaço de exposição que pode e deve ser explorado. Sendo assim, sintam-se

    convidados a percorrer os caminhos já trilhados pelas Bienais do Mercosul, bem

    como a cartografia resultante desse processo de pesquisa.

  • CAPÍTULO 1 - AS BIENAIS DO MERCOSUL E SUAS CARTOGRAFIAS

    Para nós, não deve haver norte a não ser por oposição ao nosso sul. Por isso, agora colocamos o mapa ao contrário e, então, já temos uma idéia justa da nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta da América, a partir de agora, em sua prolongação, aponta com insistência para o sul, o nosso norte. A mesma coisa faz a nossa bússola: inclina-se inevitavelmente sempre para o sul, para o nosso pólo. Os barcos, que quando vão embora daqui, descem, não sobem, como faziam antes, para irem para o norte.

    Joaquim Torres-García

    1.1 Bienais do Mercosul e seus “Processos de Mediação”: 1997 a 2007

    As bases para o lançamento da Bienal do Mercosul foram construídas na primeira

    metade da década de 90, por artistas plásticos, políticos e empresários do RS, que

    se uniram com o objetivo de promover a arte no Estado.8 Em dezembro de 1995, o

    empresário Jorge Gerdau Johannpeter9 juntamente com este grupo, estruturou a

    comissão organizadora da Bienal, com representantes do Rio Grande do Sul e

    coordenação de Maria Benites Moreno. Após algum tempo, o grupo discutiu e 8 De acordo com informações obtidas no site da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, disponível no site www.bienalmercosul.com.br/pt/bienais_anteriores. Acesso em: 08/mar/2006. 9 A Fundação foi presidida respectivamente por Ivo A. Nesralla, Renato Malcon, Elvaristo do Amaral, Justo Werlang e Mauro Knijnik, o qual se encontra em exercício.

  • 20

    propôs a criação de uma fundação de direito privado, que originou a 1ª Bienal do

    Mercosul, lançada oficialmente em 11 de junho de 1996, que desde então vem

    afirmando sua importância no âmbito nacional, bem como, internacional,

    apresentando projetos curatoriais que se diferenciam das demais bienais existentes

    pela sua preocupação em proporcionar aos visitantes os “Processos de Mediação”.

    A primeira edição da Bienal do Mercosul ocorreu de 02 de outubro a 30 de

    novembro de 1997, e teve entre outros objetivos, reescrever a História da Arte

    Latino-Americana, através da intensa troca de idéias, diálogo entre os artistas,

    críticos, historiadores de arte, professores, galeristas, colecionadores e público.

    Preocupou-se ainda, em contribuir para que uma nova História da Arte fosse

    reescrita a partir de um ponto de vista que não fosse exclusivamente euro/norte-

    americano.

    O corpo curatorial foi constituído por Frederico Morais - curador-geral, Irma

    Arestizábal - curadora da Argentina; Pedro Querejazu - curador da Bolívia; Justo

    Pastor Mellado - curador do Chile; Tício Escobar - curador do Paraguai; Angel

    Kalemberg - curador do Uruguai e Roberto Guevara - curador da Venezuela, país

    convidado desta edição.

    Participaram da 1ª Bienal do Mercosul 275 artistas, 842 obras, dispostas em três

    vertentes: Construtiva - a arte e suas estruturas; Política - a arte e seu contexto; e,

    Cartográfica - território e história. A Mostra apresentou ainda dois segmentos: um

    deles reuniu artistas jovens; e o outro, abrangeu uma seleção de obras de arte

    latino-americana, de coleções públicas e privadas do Brasil.

    Na 1ª Bienal do Mercosul foram homenageados o argentino Alejandro Xul Solar

    (1887-1963) e o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981). Realizaram-se dois

    seminários internacionais, um para discutir as utopias latino-americanas e o outro a

    visão euro/norte-americana sobre a arte latino-americana, reunindo 36 palestrantes

    de renome internacional. Nesta edição foram utilizados 11 espaços para a Mostra10,

    todos reformados para atender às exigências da museologia.

    10 O acesso a 1ª Bienal do Mercosul foi pago.

  • 21

    Nesta edição, os “Processos de Mediação” constatados são desenvolvidos tanto no

    espaço in loco quanto no ambiente virtual da bienal, e constituem-se em ações que

    contribuem para aproximar os diferentes públicos11 aos processos poético e poiético

    das obras/projetos.12 O processo poético diz respeito às características da obra com

    o corpo material ou imaterial, enquanto que a poiética engloba o processo criativo da

    obra, que envolve desde a trajetória pessoal e profissional do artista, as motivações

    conscientes ou não, referindo-se aos procedimentos anteriores e posteriores à obra

    concretizada, inclusive seu momento de instauração.

    Torna-se perceptível que o “Processo de Mediação” in loco teve como um dos

    objetivos principais aproximar o público da Arte, o que de acordo com o depoimento

    do curador-geral Frederico Morais no catálogo da 1ª Bienal, se concretizou através

    da presença dos monitores para receber o público e de informações, orientação e

    atividades criativas, organizadas pela equipe do Projeto Pedagógico13. Foram

    recebidos 291.167 visitantes e 140.350 agendamentos de visitação.14 Segundo

    Fidelis (2005), ao término desta edição foi organizada uma exposição “História da

    Primeira Bienal do Mercosul”, com a prestação de contas à comunidade, mostrando

    matérias veiculadas na imprensa, ensaios fotográficos, desenhos feitos por crianças

    participantes das oficinas oferecidas pela Bienal, entre outros documentos.

    A 2ª Bienal do Mercosul ocorreu de 05 de novembro de 1999 a 09 de janeiro de

    2000, em um período de difícil situação financeira, o que ameaçou, inclusive, a

    11 Públicos especializados - críticos, historiadores, artistas, estudantes de artes, etc; e públicos não especializados - estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Infantil, e pessoas em geral, entre outros. 12 Para Passeron o termo poiética trata da criação na instauração da obra de arte. In: REVISTA PORTO ARTE. Porto Alegre: Instituto de Artes/UFRGS, v. 8, nº 15, nov, 1997. 13 Equipe: Margarita Santi de Kremer - Coordenação Geral; Sabrina Schabbach, Vanessa longoni, Viviane Kauer Possa - Assistentes; Adriana Marques Annes, Alice Dubina Trusz, Ana Flávia Linck, Carlos Henrique Molina, Cláudio Beulk, Débora Furtado, Helena M. Costa, Joselaine Teixeira, Luciano K. Tomasi, Magali da S. Lacerda, Márcia E. Cáceres, Maria H. Gaidzinski, Marion Pegoraro, Nara J. Muruci, Nelson Paim, Rodrigo A. Rosito, Rosângela Assis, Vânia Mombach - Coordenação de Monitores; Adriana Rotband, Érika F. Caramello, Iara M. M. de Brito, Maria A. Vellinho, Maria E. de Oliviera - Divulgadoras junto às escolas de 1º e 2º graus [Hoje, respectivamente Ensino Fundamental e Ensino Médio]. 14 Segundo o site www.bienalmercosul.com.br/4bienal/site/pt/bienais_anteriores. Acesso em 08/mar/2006.

  • 22

    realização desta edição15. O projeto curatorial, a fim de estabelecer um diálogo

    pluralista, mesclando pintura, instalação, escultura, performance, vídeo e arte-

    tecnologia, propôs não eleger um tema como elemento aglutinador, pois teve como

    objetivo principal apresentar a Arte Contemporânea produzida nos países do

    Mercosul.

    A mostra teve como curador-geral Fábio Magalhães, curadora adjunta Leonor

    Amarante e os curadores dos países participantes foram: Jorge Glusberg -

    Argentina; Pedro Querejazu - Bolívia; Justo Pastor Mellado - Chile; Tício Escobar -

    Paraguai; Angel Kalemberg - Uruguai e Eduardo Serrano do país convidado, a

    Colômbia. As curadorias das Mostras especiais16 ficaram a cargo de Lisette Lagnado

    - exposição de Iberê Camargo; Diana Domingues - exposição de Arte e Tecnologia;

    Fábio Magalhães - Picasso, Cubismo e América Latina; e Sheila Leirner - exposição

    de Julio Le Parc.

    Participaram desta Bienal aproximadamente 150 artistas, a maioria com produção

    na vertente contemporânea. Pela primeira vez utilizaram-se como espaços da

    Mostra17 alguns armazéns do Cais do Porto. Os outros espaços foram: Museu de

    Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e Usina do Gasômetro. Essa Bienal18 recebeu

    294.287 visitantes e, através do trabalho de equipe do projeto pedagógico19 atendeu

    100 mil visitas escolares. Após o encerramento da bienal, foi realizada uma

    exposição itinerante com parte das obras nas cidades de Caxias do Sul, no Brasil e

    Buenos Aires, na Argentina.

    A 3ª Bienal do Mercosul aconteceu no período de 15 de outubro a 16 de dezembro

    de 2001 e deu ênfase à produção atual, da pintura às performances, apresentando 15 De acordo com informações divulgadas no Catálogo Geral da Mostra. 16 De acordo com informações retiradas do catálogo geral da 2ª Bienal do Mercosul e do catálogo “Julio Le Parc: Arte e Tecnologia”. 17 O acesso a 2ª Bienal do Mercosul também foi pago, com exceção de um dia na semana que tinha entrada franca. 18Segundo o site www.bienalmercosul.com.br/4bienal/site/pt/bienais_anteriores. Acesso em 08/mar/2006. 19 Equipe: Margarita Santi de Kremer - Coordenação Geral; Vânia Monbach - Assistente; Ângela Pohlmann, Mari Lucie Loreto, Silvana Sboone - Material Educativo; Helenara Tavares da Silva - Agendamento para as escolas; Adriana G. Dacchache, Ana F. N. da S. Linck, Clóvis V. de A. M. Costa, Helena M. Costa, Juliana S.M. de Barros, Luciano Tomasi, Mariângela Felippe, Marta L.M. Costa, Richard John, Rodrigo John, Rodrigo Rosito, Rosa M. Blanca, Rosângela P. de Assis, Sabrina Schabbach, Vinício Giacomelli - Monitores Administrativos.

  • 23

    instalações e intervenções urbanas. Essa Bienal buscou problematizar algumas

    questões, como por exemplo, a pintura enquanto expressão de resistência, e

    ressaltar as características recorrentes na produção artística da região do

    Mercosul20.

    O corpo curatorial desta Bienal permaneceu o mesmo da 2ª Bienal do Mercosul, com

    exceção do país convidado, que nesta edição teve como participante o Peru, com

    curadoria de Gustavo Buntinx. O artista homenageado desta bienal foi Rafael França

    (1963-1994), de Porto Alegre, que deixou um importante legado, exposto na Mostra

    através da exibição de vídeos e instalações, sob a curadoria de Vitória Daniela

    Bousso.

    Esta edição trouxe ainda a obra de Diego Rivera para compor a Mostra especial,

    localizada no MARGS, com o objetivo de estabelecer uma ponte entre o

    modernismo e a contemporaneidade. Também foi apresentada parte da obra gráfica

    e pictórica de Edward Munch e exposições paralelas com arte chinesa e de Tal R21.

    Esta Bienal teve cerca de 400 obras, e contou com aproximadamente 125 artistas.

    Foram realizados ainda, quatro seminários, com a participação de 37 palestrantes.

    Os espaços que sediaram a 3ª Bienal do Mercosul22 foram: o Hospital Psiquiátrico

    São Pedro, onde se realizaram as performances; o Parque Maurício Sirotsky, que

    abrigou a “Cidade dos Contêineres”, onde se instalaram as obras de Arte

    Contemporânea; e, o Santander Cultural, recém-inaugurado e que sediou a

    exposição de pintura contemporânea. Outros espaços ocupados foram a Usina do

    Gasômetro, o Memorial do RS e o MARGS.

    Nesta edição, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul instituiu uma

    coordenação Pedagógica, por reconhecer a importância da função educativa de uma

    exposição como a Bienal23. Também se propôs a qualificar os “Processos de

    Mediação” e ampliar a participação do público (atendendo a aproximadamente

    20 Segundo informações no catálogo geral da Mostra. 21 Artista israelense radicado na Dinamarca. 22 A Bienal do Mercosul tem entrada franca a partir desta edição. 23 De acordo com informações retiradas do site www.terra.com.br/bienaldomercosul/projeto.htm. Acesso em 08/mar/2006.

  • 24

    500.000 visitantes), a fim de democratizar a cultura, a partir da igualdade de

    oportunidades, multiculturalidade e descentralização cultural.

    O projeto pedagógico24 teve como metas: a recuperação do espaço público para a

    cultura e a construção do imaginário porto-alegrense; a transformação social, desde

    a cultura e intervenção nos grandes debates sociais, por meio da arte; a construção

    da cidadania; o desenvolvimento de políticas culturais para os setores artísticos e os

    profissionais da educação; e dos meios de comunicação, fomentando sua

    repercussão com a realização de seminários, cursos e encontros, entre outros

    eventos; e a projeção da cidade na região, no país e no mundo.

    O processo de formação dos monitores da 3ª Bienal foi realizado pelo Instituto de

    Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, durante seis meses, tendo

    como foco o embasamento teórico para atender os visitantes da Bienal. Foi

    viabilizado também o diálogo com as redes de ensino particular, do Estado e da

    cidade de Porto Alegre. Deu-se início a capacitação de professores, e conforme

    ocorrido em edições anteriores, foram distribuídos materiais aos docentes, tais como

    lâminas, referências bibliográficas, sugestões didáticas, além de oficinas para

    auxiliar no desenvolvimento de atividades em sala de aula. A 3ª Bienal recebeu

    603.682 visitantes e 116.834 agendamentos escolares.25

    Esta bienal também teve uma exposição itinerante após o encerramento da edição,

    onde doze artistas mostraram suas obras no Centro Cultural da Caixa Federal em

    Brasília/DF, e o fotógrafo Gal Oppido apresentou um ensaio fotográfico com o

    makking-off da 3ª Bienal.

    A 4ª Bienal do Mercosul ocorreu de 04 de outubro a 07 de dezembro de 2003 e teve

    como tema a Arqueologia Contemporânea, buscando questionar a ordem do circuito

    planetário, reforçando a especificidade da arte latino-americana, propondo outro

    24 Equipe envolvida: Margarita Santi de Kremer - Coordenação; Laura Fróes - Assistente; Ana F. Link, Laura Fróes, Rosa M. B. Cedillo, Sabrina S. Caumo - Material Educativo; Adriana Daccache, Ana F. N. da S. Link, Clóvis V. de A. M. Costa, Gerson Esteves, Jaqueline F. Beltrame, Josiane A. Borneo, Juliana Angeli, Maria H. P. Gaidzinski, Marta L. M. Costa, Sabrina S. Caumo - Monitores Administrativos. 25 De acordo com o site www.bienalmercosul.com.br/4bienal/site/pt/bienais_anteriores. Acesso em 08/mar/2006.

  • 25

    ponto de referência artística, que se deslocasse dos centros artísticos já

    estabelecidos.

    O curador geral da 4ª Bienal foi Nelson Aguilar, e curador adjunto Franklin Espath

    Pedroso. O corpo curatorial dos demais países do Mercosul foi composto por:

    Adriana Rosenberg - Argentina; Cecília Bayá - Bolívia; Francisco Brugnoli - Chile;

    Javier Rodriguez Alcalá - Paraguai; Gabriel Peluffo Linari - Uruguai. O país

    convidado desta Bienal foi o México, com a curadoria de Edgardo Ganado Kim. A

    mostra transversal teve a curadoria de Alfons Hug.

    Esta Bienal constituiu-se de 17 Mostras, entre elas, a exposição do artista

    homenageado, Saint Clair Cemin, de Cruz Alta, e contou com a participação de 84

    artistas, 588 obras, distribuídas nos seguintes espaços: Usina do Gasômetro, Cais

    do Porto (A4, A5, A6 e A7), MARGS, Memorial do RS e Santander Cultural. Dentre

    as Mostras, apresentou uma exposição transnacional com artistas de outros países,

    como a Alemanha, Cuba e EUA. O público recebido nesta bienal foi superior a 1

    milhão de visitantes, entre os quais aproximadamente 200.000 por intermédio dos

    agendamentos escolares e de diversas outras instituições. 26 Esta bienal também

    teve exposições itinerantes nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.

    O projeto da Ação Educativa27 desta Bienal propôs, através do diálogo, uma estreita

    relação entre a arte e público, a fim de dinamizar a formação cultural como um bem

    simbólico integrado à vida de qualquer cidadão. Nesta edição, a maior preocupação

    da Ação Educativa foi a de acionar processos de conhecimento e de pensamento

    em Artes Visuais, embasadas nos conceitos de mediação, ou seja, ações

    preocupadas com a qualidade de informação a ser oferecida ao público, criando

    26 De acordo com o site www.bienalmercosul.art.br. Acesso em 31/jan/2008. 27 Equipe: Gisa Picosque, Mirian C. Martins - Supervisão Geral; Fábio Coutinho - Coordenação Geral; Mônica Zielinsky - Coordenação de Formação; Laura Fróes - Coordenação Operacional; Emília Viero - Coordenação de Relacionamento; Ivone Rizzo Bins - Supervisão do Espaço Arte-Educação-Cultura; Cristina F. Rocha, Fernanda M. Hegner, Joana Scalco, Luciane P. Pereira - Agendadores; Graziela Salvatori, Laura M. Cogo, Mariana Camargo, Vivian Paulitsch - Assistentes; Ana L. Becker, Fernanda Moscarelli, Maria H. S da Cunha, Tatiana Rodrigues - Divulgadoras; Adriana Daccache, Alice Bemvenuti, Claudia Zanatta, Ilana P. Azevedo, Letícia M. Lau, Maria H. Gaidzinski, Mariângela Felippe, Michele Bohnenberger, Mônica H. Gonçalves, Nei Vargas, Tânia Bondarenco, Viviane Gueller - Supervisores de Mediadores.

  • 26

    contextos e estabelecendo vínculos, para ampliar a percepção dos visitantes em

    relação às obras28.

    O processo de formação de mediadores da 4ª Bienal ocorreu em duas etapas:

    primeiramente selecionou 200 universitários, principalmente do curso de Artes

    Visuais e de áreas afins, tais como: Arquitetura, História, Artes Cênicas, Filosofia,

    Ciências Sociais e Psicologia.29 Após o período do curso de formação, foram

    selecionados aproximadamente 170 estudantes, para atuarem como mediadores.

    Os demais universitários permaneceram vinculados a um banco de dados, sendo

    chamados conforme a necessidade da Mostra.

    Esta edição foi supervisionada por oito pessoas que atendiam aos seguintes

    critérios: graduação concluída; atuação como monitores ou coordenadores em

    outras edições da Bienal; profissionais de Artes Visuais e Arte-Educação. Neste

    sentido, para complementar o trabalho da Ação Educativa, foram realizadas

    parcerias com as escolas, buscando superar a idéia de excursão, a fim de

    transformar a visita à Bienal em uma expedição, um espaço para pesquisa e estudo

    da Arte Contemporânea. O “Espaço Arte-Educação”, foi planejado como um local de

    encontro, de troca de informações, estudo e pesquisa, oferecendo biblioteca,

    videoteca, acesso à Internet e assessorias de pré e pós-visitação para o

    desenvolvimento de trabalhos.30

    A 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul ocorreu no período de 30 de setembro a 04

    de dezembro de 2005, e ocupou os seguintes espaços: MARGS, Santander Cultural,

    Usina do Gasômetro, Cais do Porto, Paço dos Açorianos, Memorial do RS e Museu

    de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

    O projeto curatorial foi organizado em quatro vetores, denominados: “Da Escultura à

    Instalação”, “Persistência da Pintura”, “Direções no Novo Espaço” e

    “Transformações do Espaço Público”. Estes foram divididos em núcleos, que

    construíam o conceito central do respectivo vetor. Deste modo, teve-se a 28 De acordo com o site www.bienalmercosul.com.br/4bienal/site/pt/acao_educativa. Acesso em 08/mar/2006. 29 Idem. 30 Idem.

  • 27

    participação de 169 artistas e as obras foram expostas considerando a identidade

    dos trabalhos, a partir das linguagens utilizadas, não obedecendo mais ao critério de

    organização de acordo com fronteiras políticas e geográficas.

    Na 5ª edição, a Ação Educativa em conjunto com o Curador-Geral Paulo Sérgio

    Duarte, considerou o professor como parceiro e colocou a disposição do mesmo, os

    Encontros de Professores durante a Bienal, os quais eram realizados nas bienais

    passadas antes da abertura da Mostra.

    A Ação Educativa realizou também a distribuição do material do professor31 e do

    material do aluno32, visando proporcionar possíveis desdobramentos em sala de

    aula. Também foram enviados folders em braile para as instituições de ensino

    especializadas, de Porto Alegre e grande Porto Alegre.

    Nesta edição, foram elementos integrantes da Ação Educativa as “Revistas da

    Bienal”, os “Diálogos Culturais” - que se constituíram numa série de encontros

    voltados para professores e alunos, bem como, atividades paralelas, como por

    exemplo, o I Simpósio Internacional de Arte Contemporânea, com o tema “Posições

    e Direções em Perspectiva”, que reuniu curadores e críticos de arte nacionais e

    internacionais.

    Quanto ao Processo de Mediação ocorrido no contêiner da Ação Educativa, apesar

    de ter acontecido em um pequeno ambiente, constituiu-se como uma relevante fonte

    de pesquisa, pois, foram disponibilizados catálogos de alguns artistas participantes,

    assim como livros, reportagens publicadas durante o período da Bienal, além do

    acesso a Internet na busca de maiores informações. Acredita-se que este espaço

    poderia ter adquirido maior relevância nesse processo cultural, tanto em termos de

    espaço físico, quanto na divulgação de sua existência e localização, pois, no início

    da Mostra este espaço se localizou no Gasômetro e após algum período mudou-se

    para o Cais do Porto.

    31 A concepção deste material coube a Ivone Bins, Laura Cogo, Mônica Hoff, Susana Rangel, Téti Waldraff, Viviane Gueller; a organização e revisão a Viviane Gueller e o Projeto Gráfico a Alex Medeiros/ TYPE Design. 32 Este material foi elaborado por Flávia B. Licht e Laura Cogo, com organização e revisão de Laura Cogo e Projeto Gráfico de Alex Medeiros/ TYPE Design.

  • 28

    De acordo com informações disponibilizadas no site33 o projeto beneficiou 153.438

    estudantes, e 2510 instituições de ensino visitaram a Bienal. Através dos cursos

    promovidos pela Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul foram capacitados

    1600 professores, enquanto que no curso de formação de mediadores foram

    selecionados 193 universitários para atuarem como mediadores na 5ª Bienal, além

    de 14 supervisores e 14 assistentes.

    A 6ª Bienal do Mercosul ocorreu no período de 01 de setembro a 18 de novembro de

    2007 e teve como metáfora “A Terceira Margem do Rio” (1962), conto de João

    Guimarães Rosa. Com base nesta referência, o curador-geral buscou ultrapassar as

    oposições binárias, esquerda-direita, local-global, formal-social, etc, apresentando

    possibilidades para uma perspectiva independente, um espaço “entre”, livre de

    dogmatismos, um outro ponto de vista a ser considerado. 34

    O corpo curatorial desta bienal estruturou-se de modo diferente das outras Bienais

    do Mercosul realizadas até o momento, foi criada a figura do curador-pedagógico,

    representada por Luis Camnitzer (nascido na Alemanha, mas naturalizado

    Uruguaio), e pela primeira vez teve-se como curador-geral um representante de

    nacionalidade não brasileira, Gabriel Pérez-Barreiro (Espanha).

    Segundo o curador-geral35, esta bienal procurou repensar três aspectos: propor um

    novo modelo curatorial/geográfico, aprofundar sua relação com o público, além de

    uma reforma estrutural na administração e gerenciamento do projeto da Bienal do

    Mercosul como um todo, pensando em sua continuidade. Deste modo, foi

    organizada uma bienal a partir do Mercosul, e não do Mercosul, contando com a

    participação de 67 artistas de 23 países e 350 obras36.

    A organização da Mostra estruturou-se com base em seis exposições, três

    monográficas e três coletivas. As monográficas foram dos seguintes artistas: do

    33 Dados disponibilizados no site www.republicadolivro.com.br/info. Acesso em 09/mar/2006. 34 Informações retiradas do catálogo “Zona Franca”, um dentre os seis catálogos publicados nesta edição. 35 Idem. 36 De acordo com informações disponibilizadas no site http://www.bienalmercosul.art.br/novo/en/index.php?option=com_noticia&task=detalhe&Itemid=5&id=687, foram expostas 334 obras de arte. Acesso em 30/jan/2008.

  • 29

    argentino Jorge Macchi (1963), ocupando o Santander Cultural; do uruguaio

    Francisco Matto (1911-1995) e do brasileiro-sueco Öyvind Fahlström (1928-1976),

    localizados no MARGS. Já as exposições coletivas distribuíram-se nos armazéns do

    Cais do Porto e denominaram-se “Conversas”, “Zona Franca” e “Três Fronteiras”.

    A Mostra “Conversas” teve como curadores Alejandro Cesarco (Uruguai) e Gabriel

    Pérez-Barreiro, e ocorreu a partir do convite de artistas de países do Mercosul a

    artistas de outros países, tendo como critérios a afinidade e o diálogo entre suas

    poéticas. “Zona Franca” é um segmento que se organiza a partir da escolha dos

    curadores Moacir dos Anjos (Brasil), Luís Enrique Perez Oramas (Venezuela), Inês

    Katzenstein (Argentina) e Pérez-Barreiro. “Três Fronteiras” teve a curadoria de Tício

    Escobar (Paraguai) e Pérez-Barreiro, e propôs à artistas internacionais trazidos para

    a região de Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, que refletissem

    sobre a articulação de relações entre os países do Mercosul. Integrando um

    programa internacional de residência, participaram os artistas A-1 53167 - Aníbal

    López (Guatemala), Daniel Bozhkov (Bulgária), Jaime Gili (Venezuela) e Minerva

    Cuevas (México).

    Quanto à ação educativa, esta bienal merece destaque, pois, segundo o presidente

    Justo Werlang, em entrevista a Aplauso nº 87, o Projeto Pedagógico37 foi pensado

    juntamente com o projeto curatorial, e não após, como aconteceu nas edições

    anteriores. O projeto baseou-se em dois princípios: o de considerar o visitante da

    bienal como indivíduo criador em potencial; e o outro, referindo-se as obras de arte

    como canais de comunicação que devem ser compreendidos ativamente. Deste

    modo, busca-se uma “terceira margem” entre as intenções presentes nas obras de

    arte e o conteúdo trazido pelo público visitante, suscitando a partir desta relação

    uma tessitura de possíveis significados.

    Quanto aos mediadores, o curso de formação começou em abril de 2007 e teve

    mais de 200 estudantes universitários, vários com experiência em bienais anteriores.

    37 Equipe: Tekne Projetos Culturais; Fábio Coutinho - Coordenação Geral; Mônica Hoff - Coordenação Executiva; Márcia Coiro - Coordenação Pedagógica; Ethiene Nachtigall - Curso de Formação de Mediadores; Mariane Rotter - Projeto Diálogos; Ana Lígia Becker - Oficinas; Ana Paula Monjeló - Assistente.

  • 30

    Diferentemente dos outros anos, o curso apresentou mudanças, tendo como foco

    não mais a história da arte, mas o desenvolvimento de técnicas de como lidar com o

    público e com seus questionamentos. Ainda no que diz respeito ao processo de

    formação, os mediadores visitaram escolas, para vivenciar o ambiente escolar e

    familiarizar-se com algumas situações que certamente ocorreriam nos momentos de

    mediação.

    Outro aspecto bastante significativo surge com a criação das “Estações

    Pedagógicas”, onde aproximadamente 20 artistas foram convidados a estabelecer

    uma relação mais estreita com o público da bienal. A proposta constituiu-se da

    seguinte maneira: os artistas escreveram breves intenções relativas às suas

    respectivas obras, e estas, se fizeram presentes junto as Estações Pedagógicas.

    Cada Estação estava localizada próxima ao local de exposição da(s) obra(s),

    convidando os visitantes a deixar depoimentos referentes à sua experiência e

    percepção a partir do seu contato com a obra. Segundo Pérez-Barreiro (2007) na

    abertura do catálogo “Zona Franca”, o objetivo das Estações visou a acabar com o

    julgamento superficial, que não transcende a questão do gosto/não-gosto.

    Fig. 1 e 2 - Imagens da Estação Pedagógica de Waltércio Caldas.

    Fonte: Arquivo pessoal da autora.

    O Material educativo desta bienal constituiu-se de 20 pranchas, trazendo a imagem

    da obra e a proposta de exercício construída pelo curador-pedagógico, e foi

    elaborado em duas versões, uma para os professores trabalharem em sala de aula,

    e outra versão, em tamanho maior, enviada para bibliotecas de escolas via

    secretarias da educação. Estes materiais foram distribuídos também aos professores

    de rede pública e privada, a partir de abril, quando ocorreu o I Simpósio em Arte e

  • 31

    Educação. O projeto pedagógico realizou ainda 55 encontros em 42 cidades do Rio

    Grande do Sul e 4 cidades de Santa Catarina, formando 7.570 professores e

    educadores de 348 municípios.38

    Ressalta-se ainda que, o “Espaço Educativo” da 6ª Bienal teve suas instalações

    ampliadas, ganhando maior visibilidade do que nas edições anteriores,

    apresentando espaços permanentes para a realização de oficinas, uma sala para

    acesso à Internet, biblioteca para uso dos professores, e outra para

    palestras/conferências, todas as salas localizadas no Armazém A3, do Cais do

    Porto.

    Fig. 3 e 4 - Imagens do Espaço do Projeto Pedagógico localizado no Cais do Porto. Sala para oficinas

    e acesso à Internet, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

    Fig. 5 e 6 - Imagens do Espaço do Projeto Pedagógico. Espaço de Exposição para trabalhos

    realizados durante as visitas e Sala de Conferências, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

    38 Informações retiradas do site http://www.bienalmercosul.art.br/novo/en/index.php?option=com_noticia&task=detalhe&Itemid=5&id=687Acesso em 30/jan/2008.

  • 32

    Foi organizado ainda o projeto Itinerâncias, ocorrido após o encerramento da 6ª

    Bienal. Em dezembro de 2007 a Mostra “Conversas” foi exposta em São Paulo, no

    Instituto Tomie Ohtake, e a exposição de Öyvind Fahlström foi para a Pinacoteca do

    Estado de São Paulo. De dezembro de 2007 a março de 2008, a Mostra de Jorge

    Macchi foi para o Blanton Museum of Art na Universidade do Texas, Austin/EUA,

    seguindo para o Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de

    Compostela/Espanha. A mostra Zona Franca, esteve exposta no Museu Vale do Rio

    Doce, em Vila Velha, estado do Espírito Santo.39, em abril de 2008.

    É importante mencionar que a Ação Educativa da 6ª Bienal recebeu o 2º lugar no

    Prêmio Iniciativa Cultura Viva, promovido pelo Ministério da Cultura MinC, por seus

    Projetos Pedagógicos realizados em todas as edições da Bienal do Mercosul,

    principalmente pelo projeto desenvolvido no ano de 2007. Atualmente o Espaço

    Educativo está tendo continuidade através do endereço eletrônico

    http://espacoeducativobienal6.pbwiki.com/, criado de modo informal pela

    coordenadora Maroni Klein, no início de outubro de 2007 para registrar as oficinas e

    atividades da 6ª Bienal do Mercosul. O público pode participar, entrando em contato

    via e-mail com Maroni40, acessando os links “eu na bienal” e “depoimentos”. A idéia

    é a de que o conteúdo permaneça disponível para as próximas edições.

    Assim como na 1ª Bienal do Mercosul, os resultados obtidos nesta edição foram

    apresentados ao público em forma de exposição, ocorrida no Santander Cultural, no

    período de 01 a 16 de dezembro de 2007, denominada “Uma bienal para todos -

    histórias e contribuições”. De acordo com dados da exposição foram recebidos mais

    de 500 mil visitantes, e destes, aproximadamente 160 mil estudantes vieram a bienal

    via agendamentos escolares.

    39 Informações retiradas do Relatório de Responsabilidade Social, elaborado pela FBAVM (2008). 40 E-mail: [email protected].

  • 33

    Fig. 7 e 8 - Imagens da Exposição “Uma Bienal para todos” (Prestação de contas da 6ª Bienal) -

    Santander Cultural - POA/RS. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

    Fig. 9 e 10 - Imagens do painel de retrospectiva dos 10 anos da Bienal do Mercosul, presente na

    Exposição “Uma Bienal para todos” (Prestação de contas da 6ª Bienal) - Santander Cultural - POA/RS. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

  • Fig. 11, 12 e 13 - Imagens dos dados referentes à 6ª Bienal do Mercosul, na Exposição “Uma Bienal para todos” (Prestação de contas da 6ª Bienal) - Santander Cultural - Porto Alegre/RS.

    Fonte: Arquivo pessoal da autora.

    É importante pontuar que o Processo de Mediação desenvolvido in loco é um dos

    principais destaques da Ação Educativa, que gradativamente foi se fortalecendo e se

    expandindo, ocupando um espaço bastante significativo nas últimas edições das

    Bienais do Mercosul, principalmente na 6ª edição, o que pôde ser percebido na

    abordagem realizada acima.

    1.2 Bienais do Mercosul: criação/exposição no espaço in loco e no Ciberespaço As obras aqui apresentadas foram selecionadas a partir de uma lista41 enviada via e-

    mail pela responsável do Núcleo de Documentação e Pesquisa42 da Fundação

    Bienal do Mercosul, Fernanda Ott.

    41 Esta lista foi obtida em um momento de levantamentos de dados, a partir de duas visitas à Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, nos dias 07 e 10 de nov/2006, junto ao Núcleo de Documentação e Pesquisa, que na época ainda encontrava-se em processo de implantação. 42 O NDP foi criado em outubro de 2004.

  • 35

    Segundo Ott, a lista foi estruturada da seguinte maneira:

    A lista é um relatório resultante da pesquisa feita no nosso Banco de Dados, no item artistas, temos como selecionar por palavras-chave, e com a palavra-chave Arte-Tecnologia resultou nesta lista que te passei. Não é pela denominação dos próprios artistas, mas pela classificação dada pela curadoria da mostra, que considerou estes artistas como Arte e Tecnologia43.

    Como a quantidade de obras de Arte e Tecnologia presente em algumas edições

    das Bienais do Mercosul é significativa, estabeleceu-se como critério manter neste

    sub-capítulo apenas as obras/projetos44 que se utilizam do Ciberespaço em suas

    poéticas, uma vez que, a possível cartografia do ambiente virtual da Bienal do

    Mercosul a ser apontada ao término desta pesquisa, preza pelo diálogo do ambiente

    virtual com o Ciberespaço. Convém esclarecer que as demais obras de Arte e

    Tecnologia expostas nas Bienais do Mercosul constam no anexo A, localizado na

    página 125.

    Deste modo, são realizadas breves apresentações das propostas artísticas e são

    tomadas como principais referências as informações dos catálogos das respectivas

    Bienais. Destaca-se o catálogo Julio Le Parc e Arte e Tecnologia, fonte de todos os

    dados da 2ª Bienal do Mercosul - Mostra Ciberarte: zonas de Interação.

    É relevante mencionar que a produção em questão nesta pesquisa, admite diversas

    terminologias, como por exemplo: arte computacional, arte digital, arte tecnológica,

    ciberarte, artemídia, entre outras. Segundo Machado (2007:7) a produção

    denominada artemídia refere-se:

    Stricto sensu (...) as experiências de diálogo, colaboração e intervenção crítica nos meios de comunicação de massa. Mas, por extensão, abrange também quaisquer experiências artísticas que utilizem os recursos tecnológicos recentemente desenvolvidos, sobretudo nos campos da eletrônica, da informática e da engenharia biológica.

    Essa produção desestabiliza o sistema da arte de modo geral, provocando

    modificações nas estruturas que o compõem (museus, galerias, instituições

    43 Conforme e-mail recebido dia 17/nov/2006. 44 Terminologia defendida por Nara Cristina Santos, em sua tese de doutorado intitulada “Arte (e) Tecnologia em sensível emergência com o entorno digital: projetos brasileiros”, no ano de 2004. Esta denominação é utilizada para referir-se à produção em Arte e Tecnologia, a fim de enfatizar o constante devir da obra, constituindo-se como um projeto artístico sempre em processo.

  • 36

    artísticas, acervos), assim como em seus agentes (artistas, curadores, críticos,

    historiadores e teóricos, entre outros).

    Neste sentido, menciona-se que as obras apresentadas na seqüência serão

    classificadas somente quando suas categorizações tiverem sido estabelecidas pelo

    trabalho curatorial.

    (...) as práticas cyber são tão difíceis de classificar (...) são tão diversas, coincidem tão pouco, não podendo recorrer nem aos próprios autores, nem às próprias obras, nem aos próprios suportes. (CAUQUELIN, 2008: 144)

    Novas classificações não são realizadas nesta pesquisa, por ser este processo

    bastante delicado, visto que não se pode classificar as obras pelos dispositivos

    tecnológicos utilizados, ou seja, pelos aparatos que viabilizam suas execuções.

    Conforme o posicionamento de Cauquelin (2008), o que se compreende é a

    necessidade de ter cautela ao realizar tais subdivisões na produção artística, pois, o

    que ficará para a História da Arte será sua contribuição enquanto poética que gera

    discussão e é considerada referência para se pensar o campo da arte, independente

    de classificação estabelecida.

    Pontua-se ainda que as obras de Arte e Tecnologia no geral podem ser

    disponibilizadas somente on-line, como é o caso de Verbarium, de Christa

    Sommerer e Laurent Mignonneau, ou em alguns casos, disponibilizadas parte in loco

    e parte on-line, como Rara Avis, de Eduardo Kac, ou somente no espaço in loco,

    como TRANS-E: my body, my blood, de Diana Domingues e Grupo Artecno.

    Não é objetivo do presente estudo analisar obra a obra, mas apontar todas as obras

    de Arte e Tecnologia presentes nas Bienais do Mercosul, a fim de se ter um

    panorama do que já foi produzido e ali mostrado.

  • 37

    1ª BIENAL DO MERCOSUL - 02/outubro a 30/novembro/1997.

    Eduardo Kac (Brasil)

    Fig. 14 - Vista do espaço in loco da obra Rara Avis. Fonte: Eduardo Kac: telepresence, biotelematics, transgenic art. Association for Culture and Education Kibla, 2000.

    Título: Rara Avis.

    Proposta artística: Instalação de telepresença interativa, presente

    tanto no espaço in loco quanto no

    Ciberespaço. Situação que

    possibilitou a experienciação de

    diferentes processos interativos, que

    poderiam ocorrer simultaneamente,

    e exercer influências um sobre o

    outro.

    Gonzalo Mezza (Chile)

    Fig. 15 - Imagem da obra [email protected] 2. Mercado Público + Usina do Gasômetro. Fonte: CATÁLOGO da primeira Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 1997.

    Título: [email protected] 2. Mercado Público + Usina do Gasômetro.

    Proposta artística: Esta obra propôs uma discussão entre dois lugares simbólicos de

    Porto Alegre: Usina do Gasômetro e Mercado

    Público. Tal discussão ocorreu no Ciberespaço

    e no ambiente virtual em tempo real, e trabalhou

    com o armanezamento temporal, classificação e

    troca de mercadorias, problematizando a

    questão da indústria cultural e os bens culturais.

  • 38

    2ª BIENAL DO MERCOSUL - 05/novembro/1999 a 09/janeiro/2000.

    Segundo informações do catálogo da 2ª Bienal do Mercosul: Le Parc e Arte e

    Tecnologia, as obras foram agrupadas de acordo com as seguintes denominações:

    - Raízes - congrega obras interativas de artistas não pertencentes ao território geográfico do Mercosul, convidados a se fazer presentes devido à importância de

    suas poéticas.

    - Ciberporto Terminal 1 - reúne web-sites de artistas pertencentes aos países do Mercosul, que exploram a dimensão artística e estética da Internet. No espaço físico

    de exposição foram organizados terminais com computadores para que o público

    pudesse interagir. Telões no espaço externo do prédio exibiam as navegações

    realizadas.

    - Ciberporto Terminal 2 - apresenta a mesma proposta do Ciberporto Terminal 1, com a diferença de que os artistas que compõem esta Mostra são de nacionalidades

    não pertencente ao países do Mercosul.

    - Hipermídia: CD-ROMs - foi oferecido aos públicos a navegação em CD-ROMs artísticos, por meio de terminais de computadores no espaço in loco de exposição.

    - Ciberinstalações - composta de instalações interativas constituídas de dispositivos que possibilitam ao público atuar sobre o ambiente provocando o

    sistema. Os visitantes devem realizar ações, elementos-chave para o acontecimento

    do processo interativo, possível por meio de interfaces.

    - Ciberperformances - performances realizadas em horários pré-determinados e que se utilizam de dispositivos digitais.

  • 39

    - Raízes - Roy Ascott/ Josep Giribet (Inglaterra/ Espanha)

    Fig. 16 - Imagem da obra Art- Id/Cyb-D: Identities in cyberspace. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Art - Id/Cyb-D: Identities in cyberspace.

    Proposta artística: Esta obra possibilita a criação de identidades

    cibernéticas denominadas Cyb-ids,

    que resultam da interação do

    visitante com a interface pública.

    Vários artistas de diversas

    nacionalidades foram convidados a

    contribuir com o projeto. É importante

    citar que o projeto inicial Identity in

    cyberspace, foi criado on-line em

    1966 por diversos artistas.

    Yoichiro Kawaguchi (Japão)

    Fig. 17 - Imagem que compõe a obra Growth model - Voyage Through a Planetary Universe. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Growth model - Voyage Through a Planetary Universe.

    Proposta artística: Obra interativa que explora a hibridação de

    imagens que partem de referentes

    localizados em nossa realidade

    vivida (o que denominamos

    comumente de real) tais como

    animais, plantas e rochas. A partir

    destas referências são geradas

    formas de vida artificial.

  • 40

    - Ciberporto Terminal 1 - Bia Medeiros e Corpos Informáticos (Brasil)

    Fig. 18 - Imagem que compõe a obra Dobras. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Dobras.

    Proposta artística: Obra disponibilizada em terminais de

    computadores no espaço físico da

    exposição. Tal obra consistiu em uma

    tele-performance entre os membros do

    Grupo Corpos Informáticos, localizados

    em Brasília e na Filadélfia/EUA, aliados

    ao público visitante. Utilizou a

    telemática, e programas de vídeo e

    áudio-conferência especializados. Santiago Echeverry/ Bruce Benderson (Colômbia/ Estados Unidos)

    Fig. 19 - Imagem do percurso da obra Con game/ juego de estafa. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Con game/ juego de estafa.

    Proposta artística: Nesta obra, o interator visita o Times Square (NY), a fim de conhecer a região e

    se divertir. Esta região é local de encontro de

    prostitutas, travestis, viciados, cafetões. A visita

    pode ser mais ou menos prazerosa dependendo da

    escolha do interator e do “valor” em dinheiro que

    entrega a Cássio (imagem ao lado), um prostituto e

    guia do Times Square no mundo virtual. Tal poética

    é baseada em fatos reais e na pesquisa de Bruce

    Benderson. Criada em 1998.

  • 41

    Daniel Sêda (Brasil)

    Fig. 20 - Imagem que compõe a obra Stultifera navis. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Stultifera navis.

    Proposta artística: Novela com hipertexto realizada na

    Internet, constituindo-se

    como um trabalho ficcional,

    que explora a confusão no

    espaço-tempo a partir das

    tecnologias de informação à

    distância. Trata também da

    iconização da linguagem

    atual.

    Eurídice Arratia/ Santiago Echeverry (Venezuela)

    Fig. 21 - Imagem da obra Carmen made me so. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Carmen made me so.

    Proposta artística: Web-site que analisa a

    imagem de Carmen

    Miranda como metáfora

    da colonização dos

    EUA sobre a América

    Latina. O site se divide

    em três áreas:

    Natureza-Morta = Ainda

    Viva; Cartões da

    América Latina e

    Nativos.

  • 42

    Eduardo Elgueta Strange/ Christian Edgard Oyarzún (Chile)

    Fig. 22 - Imagem da obra Embed. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Embed .

    Proposta artística: De acordo com as poucas informações do

    catálogo da 2ª Bienal do

    Mercosul, a produção em geral

    deste artista trata da telepresença

    como código e a

    hipertextualidade. Em Embed o

    corpo humano é articulado com

    as questões acima expostas e é

    apresentado como o elemento

    central da obra. Gonzalo Mezza (Chile)

    Fig. 23 - Imagem da obra Cyberinstalación [email protected]. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Cyberinstalación [email protected].

    Proposta artística: Ciberinstalação que

    trabalha tanto com o

    espaço físico, o espaço

    público e o Ciberespaço,

    discutindo alterações

    que ocorrem devido aos

    avanços tecnológicos.

  • 43

    Gustavo Romano (Argentina)

    Fig. 24 - Imagem de Mi deseo es tu deseo. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Mi deseo es tu deseo.

    Proposta artística: Trata-se de dois rostos desenvolvidos

    diretamente no computador e

    posteriormente disponibilizados em

    páginas pessoais na Internet, com

    “seus” respectivos e-mails. Desse

    modo, qualquer internauta poderia

    entrar em contato com os dois

    “indivíduos” falando sobre os seus

    desejos.

    Ivan Marino (Argentina)

    Fig. 25 - Imagem da obra Animal. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Animal.

    Proposta artística: Este web-site propôs a

    análise da estrutura do

    corpo humano sob o

    ponto de vista

    simbólico. Teve como

    objetivo distorcer as

    formas até sua

    alienação, aliada a

    incoerência do

    discurso.

  • 44

    Jaime Iregui (Colômbia)

    Fig. 26 - Imagem da obra Espacio vacio/non local. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Espacio vacío/non local.

    Proposta artística: Esta obra foi desenvolvida

    juntamente com José

    Hernández (jornalista) e

    propôs a artistas

    convidados a realização de

    propostas que

    considerassem não só o

    espaço físico, mas a

    comunicação e recepção da

    obra. Jorge La Ferla (Argentina)

    Fig. 27 - Imagem do Web-site Valdez around the world: the acceleration of brain power. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Valdez around the world: the acceleration of

    brain power.

    Proposta artística: Web-site que tem como

    elemento central um

    farsante argentino, que

    constrói várias histórias

    para se atribuir valor. O

    interator deve pagar ao

    farsante para desfrutar

    dos lugares oferecidos no

    web-site.

  • 45

    Luísa Paraguai (Brasil)

    Fig. 28 - Imagem do Web-site Incorpos. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Incorpos.

    Proposta Artística: Esta obra busca imagens dos corpos que

    circulam na rede

    compartilhando experiências.

    Desse modo, solicitou-se aos

    usuários que enviassem suas

    próprias imagens, que seriam

    incorporadas ao trabalho,

    compondo novos corpos a partir

    da sobreposição e justaposição

    das páginas.

    Marcello Mercado (Argentina)

    Fig. 29 - Obra Sections of nothing-nothing. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: Sections of nothing-nothing.

    Proposta artística: Tanto no catálogo da 2ª

    Bienal do Mercosul

    quanto no ambiente

    virtual do artista, não foi

    possível encontrar

    informações específicas

    sobra as questões

    abordadas nesta obra.

  • 46

    Margarita Paksa (Argentina)

    Fig. 30 - Imagem da obra El partido de tenis. Fonte: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. II Bienal de Artes Visuais do Mercosul: Julio Le Parc e Arte e Tecnologia. Porto Alegre: FBAVM, 1999.

    Título: El partido de tênis.

    Proposta artística: Web-site que relaciona a situação esportiva - em que há um

    ganhador e um perdedor - com a nossa

    cultura, constituída de oposições. Páginas

    de textos e imagens desenvolvem a

    presente questão, e o internauta é