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O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO Uma proposta da Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos

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O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTOUma proposta da Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos

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Para gerar EMPREGO e RENDA o Brasil precisa retomar investimentos.

O INVESTIMENTO de hoje é o CRESCIMENTO de amanhã.

Impostos menores e um SISTEMA TRIBUTÁRIO SIMPLES.

JUROS compatíveis com o retorno das indústrias.

CÂMBIO que garanta a competitividade dos produtos brasileiros.

É DISTO QUE O BRASIL PRECISA!

João Carlos Marchesan Presidente do Conselho de Administração

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Introdução 4

A. CENÁRIOS INTERNACIONAL E NACIONAL 5

B. INVESTIMENTO E INFRAESTRUTURA 7

B.1 O Papel da Indústria de Máquinas e Equipamentos 9

B.2 Desempenho dos Investimentos em Máquinas e Equipamentos 9

C. MEDIDAS PRIORITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO 10

C.1– Prioridade 1 - Reformas Estruturais 10

C.1.1 Reforma Tributária 10

C.1.2 Reforma Fiscal 12

C.1.3 Reforma da Previdência 12

C.1.4 Reforma Monetária e Cambial 12

C.2 – Prioridade 2 - Políticas de Desenvolvimento Industrial 13

C.2.1 Manufatura Avançada 14

C.2.2 Política de Inovação e Tecnologia 16

C.2.3 Financiamento às Vendas no Mercado Interno e às Exportações 17

C.3 – Prioridade 3 - Inserção do Brasil no Comércio Global 19

C.3.1 Acordo Comerciais 20

C.3.2 Revisão da Estrutura Tarifária 20

C.3.3 Defesa Comercial 21

C.3.4 Desenvolvimento de uma Cultura Exportadora 21

CONCLUSÃO 22

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INTRODUÇÃO

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) apresenta, neste documento, sua agenda para a retomada do desenvolvimento brasileiro como contribuição aos candidatos à Presidência da República do Brasil.

Sua elaboração foi motivada pela premente necessidade de sensibilizar os poderes da República bem como a sociedade brasileira sobre os instrumentos efetivos para alcançar e manter um crescimento sustentado, tão almejado pela nação que ainda está se recuperando de uma das piores crises da sua história.

Os grandes players tem organizado suas respectivas agendas econômicas para obter e manter um crescimento sustentado. Em particular os países emergentes tem estabelecido metas para avançar em seu processo de catch-up para vir a participar dos top ten via aumento de sua produção de manufaturas e da inserção competitiva no comércio mundial.

No Brasil a estratégia não deve ser diferente. É necessário que o país crie as condições para a ampliação do investimento produtivo e, simultaneamente, reduza senão elimine as ineficiências sistêmicas para ampliar sua produção de bens e serviços, complexos e sofisticados, pré-condição necessária para voltar a crescer e para poder ampliar nossa inserção na economia mundial.

Este documento apresenta nossas sugestões para alcançar os objetivos descritos e está organizado da seguinte forma: o Capítulo A traz um breve cenário e descreve o país que queremos. O Capítulo B mostra a importância dos investimentos produtivos e o papel estratégico da indústria de bens de capital mecânicos na economia brasileira. O Capítulo C apresenta as medidas prioritárias indispensáveis para o Brasil voltar a trilhar o caminho do desenvolvimento. A última parte apresentará as considerações finais.

Esperamos, com a divulgação deste documento, contribuir no debate das questões levantadas e na implementação das indispensáveis soluções.

ABIMAQPresidência

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Junho de 2014O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO

5

A

Maiores economias

mundiais

PIB Nominal em USD

(trilhões)

Taxa de Crescimento

do PIB

Valor exportado em

USD (bilhões)

2018 2019 2018 2019

EUA 20,25 21,11 2,4% 2,0% 2o 2.214

China 13,09 13,94 6,4% 6,1% 1o 2.835

Japão 5,00 5,11 1,2% 1,0% 4o 797

Alemanha 3,99 4,23 2,0% 1,7% 3o 1.603

Índia 2,88 3,21 7,4% 7,5% 13o 434

Reino Unido 2,81 3,01 1,3% 1,4% 5o 749

França 2,79 2,95 1,8% 1,6% 6o 721

Brasil 2,13 2,21 2,3% 2,5% 24o 224

Itália 2,10 2,20 1,3% 1,1% 9o 554

Canadá 1,79 1,85 2,2% 1,8% 11o 745

A. CENÁRIOS INTERNACIONAL E NACIONALOs últimos dados disponíveis mostram que o Brasil está na 8ª posição entre as principais economias mundiais. A forte recessão dos últimos anos e a fraca retomada da economia em 2018 poderá resultar na revisão das previsões econômicas, vide tabela1, impactando assim negativamente na posição do Brasil entre as principais economias.

Tabela 1 - As maiores economias do mundo em 2018 e 2019

Font

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ção:

DEM

E/A

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6

6

A Esta possibilidade contrasta com o Brasil que queremos. Queremos um país cada vez mais desenvolvido capaz de criar mais e mais empregos de qualidade, bons salários, de investir em saúde, saneamento básico, educação, infraestrutura e segurança de seus cidadãos.

Para tanto, o país precisa voltar a crescer de forma sustentada a taxas acima da média mundial, não só para recuperar a 7ª posição que já ocupamos num passado recente, mas em médio prazo, melhorar sua posição no ranking das maiores economias.

A história mostra que o crescimento econômico dos países até hoje só foi possível via aumento de sua produção, principalmente de bens e serviços de alto valor agregado, e via ampliação do fluxo de comércio com uma crescente inserção na economia mundial.

E, embora haja concordância com o fato de que uma economia fechada não ajuda o crescimento, há, por outro lado, fortes divergências sobre os efeitos de uma simples abertura comercial no crescimento dos países e os estudos recentes sobre o tema são inconclusivos.

O principal instrumento de desenvolvimento deve ser, portanto, o aumento da produção de bens e serviços, complexos e sofisticados como, aliás, mostra o histórico de todos os países hoje desenvolvidos e dos emergentes que estão conseguindo fazer o catch-up.

A proposta da ABIMAQ está focada exatamente na descrição das condições necessárias para a retomada do crescimento sustentado do Brasil a taxas satisfatórias e, para tanto, este documento parte da análise das atuais deficiências e avança nas sugestões de como superá-las.

A abertura comercial é um instrumento importante para complementar o desenvolvimento do país, mas para cumprir este papel e garantir a isonomia ao setor produtivo nacional é necessário eliminar as ineficiências sistêmicas que reduzem a sua competitividade.

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B

B. INVESTIMENTO E INFRAESTRUTURAHá um amplo consenso de que os investimentos de hoje são o crescimento de amanhã. No Brasil, no entanto, os investimentos encolheram muito nos últimos anos, ficando, em 2017, abaixo de 16% do PIB (figura 1), bem abaixo da taxa média mundial (24%), o que tem comprometido a estrutura produtiva brasileira, gerando perdas de produtividade e redução da taxa de crescimento e da renda.

A figura 2 traz a atual estrutura dos investimentos realizados no País. Pouco mais da metade é de obras de construção civil, um terço em máquinas e equipamentos e o restante em propriedade intelectual e demais ativos fixos. Estas máquinas e equipamentos, partes azuis do gráfico, são bens de capital de uso produtivo, a maioria dos quais representados pela ABIMAQ.

Para permitir ao país o crescimento de forma sustentada em níveis acima de 3% a.a., o atual nível de investimento precisa ser elevado rapidamente a taxas acima de 23% do PIB a.a. pois, após quatro anos seguidos de quedas, o nível atual sequer é suficiente para compensar a depreciação do parque industrial.

Há que destacar a absoluta necessidade da retomada dos investimentos em infraestrutura, em nível adequado, não somente para evitar o sucateamento da estrutura existente, mas para eliminar suas conhecidas deficiências inclusive para tornar mais eficiente a logística de distribuição de nossa produção industrial e especialmente o escoamento da safra agrícola.

O ajuste fiscal, absolutamente necessário para a solvibilidade das contas públicas, é também indispensável para recuperar a capacidade de investimento do Estado permitindo assim ao país alavancar os investimentos em infraestrutura. Para tanto será indispensável excluir os investimentos público da conta de despesas eliminando a restrição imposta pela “PEC dos Gastos”.

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2015

| El

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ação

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E/A

BIM

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34%

53%

11%2%

Construção civil

Produtos de propriedade intelectual

Máquinas e equipamentos

Outros ativos fixos

Tratores e máquinas terraplanagem

Outras máquinas e equipamentos

Produtos diversos

Equipamentos elétricos e eletrônicos

Produtos de metal

Equipamentos de transporte

Font

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GE

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| El

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BIM

AQ

BR - Brasil, AL - América Latina, WRL - Mundo, RICS - Rússia, Índia, China e África do Sul

2017 15,62016 16,1

20072006 17,22005 17,12004 17,32003 16,620022001 18,42000 18,3

20152014 19,9

2012 20,72011 20,62010 20,5

10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00

20092008 19,4

2013 20,9

Médias dos últimos 17 anos (2000-2016) BR 18,4

AL 19,5

WRL 23,6

RICS 27,7

17,8

19,1

18,0

17,9

Figura 1 – Taxa de investimento (FBCF / PIB)

Figura 2 – Estrutura dos investimentos no Brasil (FBCF) – em percentual

10%

27%

3%

7%

28%

25%

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BB.1 O Papel da Indústria de Máquinas e EquipamentosA indústria brasileira de máquinas e equipamentos é a principal responsável pela difusão tecnológica em toda a cadeia produtiva, tendo papel preponderante no aumento da produtividade nos setores agrícolas, de serviço e industrial.

O setor compreende cerca de 7.500 empresas, que pagam, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), um salário médio anual 40% acima do salário médio da economia e 30% acima ao salário médio pago na indústria de transformação para os quase 300 mil funcionários empregados diretamente, além de ser responsável por outros mais de dois milhões de empregos mantidos nos setores que são induzidos pela sua demanda.

Juntas, as empresas de máquinas e equipamentos chegaram a faturar mais de R$ 120 bilhões em 2012, dos quais US$ 11 bilhões (ou R$ 21 bilhões) foram exportados, caindo, no ano passado, para quase R$ 70 bilhões, dos quais R$ 40 bilhões se destinaram ao mercado interno e US$ 9 bilhões (ou R$ 30 bilhões) à exportação.

Relevância do setor de Máquinas e Equipamentos:Seus produtos estão presentes em praticamente todos os setores da economia e, portanto, tem um efeito multiplicador muito importante para o país. A cada R$ 1 de demanda adicional de máquinas e equipamentos no Brasil, são gerados R$ 3,3 de produção no País, ou seja, para a demanda de R$ 70 bilhões em máquinas realizada em 2017 foram gerados na economia R$ 231 bilhões de produção.

Além disso, em 2017 a indústria brasileira de bens de capital mecânicos (IBKM), foi a segunda maior exportadora entre todos os setores da indústria de transformação, representado mais de 10% do seu total. Nos últimos anos tem se revezado com o setor automotivo na disputa pelo primeiro lugar nas exportações brasileiras de manufaturados.

B.2 Desempenho dos Investimentos em Máquinas e EquipamentosApós quatro anos consecutivos de queda, o consumo de máquinas e equipamentos continua em nível extremamente baixo, comprometendo a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), o crescimento futuro do país e a competitividade de nossa indústria.

Além do mercado brasileiro encolher em decorrência da crise, houve uma contínua perda de participação da produção nacional no consumo aparente, basicamente, em decorrência do Real apreciado. O market share do equipamento nacional caiu de 60%, há dez anos, para menos de 45% em 2017, nível preocupante que põe em risco a sobrevivência do setor.

A indústria brasileira de Máquinas e Equipamentos (IBKM) é o principal responsável pela difusão tecnológica em toda a cadeia produtiva, tendo papel preponderante no aumento da produtividade nos setores agrícolas, de serviço e industrial

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C. MEDIDAS PRIORITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTOOs ambientes institucional e o de negócios brasileiros reduzem a eficiência de nossa economia por serem desfavoráveis ao empreendedorismo e à produção. De outro lado, a política macro brasileira, há mais de três décadas, e salvo pequenos intervalos, tem se mantido hostil ao investimento produtivo.

O resultado é que mesmo aquelas indústrias brasileiras que tem uma produtividade física - medida em unidade de produto por homem/hora - equivalente a suas congêneres externas acabam tendo um custo, deste produto, da ordem de 30% maior do que suas concorrentes externas.

Este diferencial de custos de produção é o chamado “Custo Brasil” e é, basicamente, a soma das ineficiências sistêmicas que são passíveis de quantificação. Entre os diversos itens que o compõe os mais importantes, pelo peso que tem no resultado são, por ordem de importância, os diferenciais existentes no preço nos insumos, nos juros pagos ao longo da cadeia produtiva e os impostos não recuperáveis embutidos no preço.Reduzir fortemente o “Custo Brasil” e manter um ambiente macroeconômico favorável ao investimento produtivo com inflação baixa, câmbio competitivo e estável e juros de mercado compatíveis com o retorno da atividade produtiva são condições necessárias para retomarmos um crescimento sustentado a taxas iguais ou maiores da média mundial e poder ampliar a inserção da indústria brasileira no comércio mundial.

Para tanto será de fundamental importância avançar na discussão e aprovação de reformas estruturais bem como implementar políticas de desenvolvimento de acordo com a seguinte agenda:

C.1– Prioridade 1 - Reformas EstruturaisC.1.1 Reforma TributáriaÉ indispensável simplificar o atual sistema tributário, reduzindo os custos administrativos, desonerando os investimentos produtivos e as exportações, tornando automática a compensação ou devolução de créditos tributários, eliminando os impostos não recuperáveis embutidos nos bens e serviços, extinguindo regimes especiais e isenções de qualquer espécie, desonerando a folha de pagamento e aumentando o prazo de

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SETORES PIB (1)

ARRECADAÇÃO (2)

RELAÇÃO % (2/1)

Serviços 60,3 40,1 67

Comércio 12,9 21,7 168

Indústria de transformação 11,9 27,2 229

Serviços industriais de utilidade públicas 2,7 6,4 237

Construção 5,4 3,0 56

Agropecuária + Extrativa 6,8 1,6 24

recolhimento de impostos e contribuições.

A indústria de máquinas e equipamentos é um setor intensivo em capital de giro e o aumento dos prazos de recolhimento de tributos diminuiria o custo do financiamento da produção, o que beneficiaria toda a economia.

Nossa proposta é a de criar um único imposto de valor agregado incidindo sobre todos os bens e serviços, sem exceções. Os impostos sobre a renda e a propriedade deverão ser revistos eliminando toda e qualquer isenção, aumentando sua progressividade para, na medida do possível, aumentar sua participação relativa no total dos tributos.

A reforma deverá manter o atual nível de arrecadação bem como a atual partição entre os diversos entes federativos.

Como exemplo das atuais distorções, na tabela 2 está retratada a atual estrutura tributária brasileira que sobrecarrega desproporcionalmente a indústria de transformação e os serviços a ele associados em relação aos demais setores da economia.

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Reduzir fortemente o “Custo Brasil” e manter um ambiente macroeconômico favorável ao investimento produtivo com inflação baixa, câmbio competitivo e estável e juros de mercado compatíveis com o retorno da atividade produtiva são condições necessárias para retomarmos um crescimento sustentado a taxas iguais ou maiores da média mundial e poder ampliar a inserção da indústria brasileira no comércio mundial

Tabela 2 – Contribuição dos setores no PIB e na Arrecadação tributária do Brasil – 2016

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12C.1.2 Reforma Fiscal O equilíbrio fiscal, indispensável para estabilizar a dívida pública, para reduzir o custo de financiamento do Estado e permitir a retomada dos investimentos públicos, não pode ser obtido com a simples imposição de um limite de gastos.

Será necessário que o novo Congresso revise a PEC 241, que estabeleceu o teto dos gastos públicos, corrigindo as despesas anuais não somente pela inflação conforme previsto, mas, também, pelo crescimento populacional e excluindo dela os investimentos públicos.

Será também necessário que o Congresso renegocie o pacto federativo a partir de um orçamento zero, rediscutindo os gastos públicos em todos os níveis da administração, sejam eles obrigatórios ou discricionários para redefinir as verbas necessárias bem como as competências e responsabilidades destes gastos.

C.1.3 Reforma da Previdência Para equilibrar o sistema da previdência é necessário evoluir para um modelo geral de aposentadorias e pensões, igual para todos os brasileiros, eliminando os privilégios das diversas corporações e ajustando a idade mínima de forma crescente e automática em função do aumento contínuo da expectativa de vida.

O financiamento do sistema deverá progressivamente migrar dos salários e da folha de pagamento para fontes como o faturamento ou a renda. Esta mudança deverá começar pela contribuição patronal, Sistema S e salário educação, que oneram as empresas brasileiras e não são cobradas nas importações.

C.1.4 Reforma Monetária e Cambial O Banco Central, tal como ocorre em todos os países, deverá substituir a Selic por uma taxa de juros de curto prazo fixada, com valor próximo da inflação projetada, acrescida do risco país. Esta taxa deverá remunerar os depósitos voluntários e compulsórios dos bancos no Banco Central. A taxa de juros de longo prazo passará a ser definida pelo mercado. Os resquícios de indexação de preços e contratos por índices ligados à inflação deverão ser eliminados.

O Banco Central deve ainda centrar os seus esforços na redução dos spreads bancários para reduzir os juros de mercado a níveis comparáveis com concorrentes internacionais. Eliminar a cunha fiscal incidente sobre todos os empréstimos e estimular maior concorrência entre os bancos limitando os ganhos com tarifas e serviços.

O câmbio deve ser mais que um instrumento de controle da inflação, deve ser relativamente estável e com taxas competitivas, evitando, sempre que possível situações especulativas que distorçam os preços relativos da economia e produzem efeitos nocivos nas contas públicas e nos resultados empresariais.

É necessário, como o próprio FMI recomenda, visando evitar as distorções dos preços relativos da economia, controlar o fluxo de capital no mercado futuro com regulamentação assim como é aplicado no mercado à vista.

O Banco Central deve ainda centrar os seus esforços na redução dos spreads bancários para reduzir os juros de mercado

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CC.2– Prioridade 2 - Politicas de Desenvolvimento IndustrialSerá necessário a implementação de um conjunto de instrumentos e políticas públicas tendo como o objetivo estimular e direcionar novos investimentos produtivos, ou seja, serão necessárias medidas indutoras ao setor privado na busca de novas oportunidades e na expansão de fronteiras tecnológicas. Seu sucesso pressupõe a existência de um ambiente macroeconômico favorável ao investimento produtivo, ou seja, com taxa de juros em nível internacional e, portanto, compatível com o retorno da atividade produtiva e com paridade cambial com baixa volatilidade que permita ao investidor e aos exportadores previsibilidade a respeito no seu negócio.

Estas políticas precisam ter objetivos permanentes e suas medidas e instrumentos horizontes de médio e longo prazo. Por outro lado, é indispensável dispor de um sistema de acompanhamento e de avaliação de desempenho das medidas adotadas, ao longo do tempo, para permitir, sempre que necessário, sua adequação aos objetivos propostos.

Em função da perda de competitividade e do consequente baixo nível dos investimentos, ao longo das últimas décadas, a indústria de transformação está reduzida a pouco mais de 11% do PIB, fazendo com que o parque industrial brasileiro esteja subdimensionado em relação às necessidades do País. Além disto, suas máquinas e equipamentos estão com idade média muito elevada, o que contribui para piorar os indicadores de produtividade do Brasil em relação a outros países, desenvolvidos ou em desenvolvimento.

De fato, quando se estima que a produtividade brasileira por trabalhador ocupado é pouco mais de um quarto da produtividade dos Estados Unidos ou da Alemanha temos que levar em conta que os recursos produtivos disponíveis para cada trabalhador brasileiro, além da eventual defasagem tecnológica em função de sua idade média, são cerca de um terço dos de um trabalhador dos dois países tomados em referência.

A produtividade brasileira por trabalhador ocupado é pouco mais de um quarto da produtividade dos Estados Unidos ou da Alemanha

Será necessário a implementação de um conjunto de instrumentos e políticas públicas tendo como o objetivo estimular e direcionar novos investimentos produtivos

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Para reduzir este gap será necessária a elaboração de políticas e estratégias que busquem a modernização e ampliação de nosso parque industrial ampliando sua complexidade, incluindo serviços sofisticados e adotando o novo paradigma da manufatura avançada.

Estes instrumentos devem ter como objetivo o aumento da produtividade e da competitividade da produção brasileira e, consequentemente, sua participação no PIB.

Além dos instrumentos relacionados a seguir, haverá a necessidade da criação de estruturas - rede de instituições públicas e privadas de apoio à inovação, educação de qualidade direcionada para as novas áreas do conhecimento - para apoiar e possibilitar um sistema de produção, sofisticado e complexo, necessário para sustentar o desenvolvimento brasileiro.

C.2.1 Manufatura AvançadaNenhum dos investimentos em tecnologias da Indústria 4.0, realizados pelas firmas de forma individual, alcançará seu real potencial sem a existência de investimentos em infraestrutura digital. O novo paradigma de produção se apoia na digitalização da produção de forma intensiva para tornar as fábricas mais flexíveis e

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300.000

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Estados UnidosArgentinaMéxicoCoreiaChinaBrasil

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FIGURA 3 – Estoque de capital por Pessoa ocupada – US$ PPP preço de 2011

Para reduzir este gap será necessária a elaboração de políticas e estratégias que busquem a modernização e ampliação de nosso parque industrial ampliando sua complexidade, incluindo serviços sofisticados e adotando o novo paradigma da manufatura avançada

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Ceficientes, ao permitir maior velocidade, menor custo e níveis mais elevados de qualidade para realização de uma produção dotada de um alto nível de customização em massa.

A implementação deste novo modelo de produção, requer a implementação de tecnologias sofisticadas de digitalização de processos, sensoriamento eletrônico, internet das coisas, computação em nuvem, uso de big data e algoritmos para sua análise. Nenhum destes investimentos realizados pelas firmas individuais alcançará seu real potencial sem a existência de investimentos da infraestrutura digital nacional em banda larga, rede de fibra ótica e rede móvel para que as transmissões de grandes volumes de dados ocorram em alta velocidade e num ambiente de cyber security.

Nenhum dos investimentos em tecnologias da Indústria 4.0, realizados pelas firmas de forma individual, alcançará seu real potencial sem a existência de investimentos em infraestrutura digital. Em um papel de coordenação e incentivador, requer-se a criação de um Plano Nacional de Manufatura Avançada dotado de uma visão estratégica de longo prazo por meio de um diálogo envolvendo os atores críticos do setor privado.

Entre as diretrizes deste plano, devem constar:

i. Programa de modernização do parque instalado de máquinas, promovendo ganhos de eficiência, qualidade e produtividade baseadas nas tecnologias da Indústria 4.0;

Nenhum dos investimentos em tecnologias da Indústria 4.0, realizados pelas firmas de forma individual, alcançará seu real potencial sem a existência de investimentos em infraestrutura digital

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16ii. Programa de Investimentos em Infraestrutura de Conectividade e IoT;

iii. Fortalecer atividades de inovação nas empresas industriais brasileiras com foco em tecnologias habilitadoras para Manufatura Avançada;

iv. Criar centros de competência em tecnologias disruptivas/habilitadoras com a liderança das empresas;

v. Plano nacional para a formação de capital humano focado na cesta de perícias e habilidades necessárias para a implementação e operação de unidades fabris 4.0;

vi. Adequação do marco legislativo relativo a segurança de informações;

vii. Elaborar uma agenda para a formação de RH focado em Manufaturada Avançada; e

viii. Fortalecimento dos mecanismos de proteção à propriedade intelectual.

A construção deste ecossistema colaborativo de inovação, responsável por conectar pessoas, recursos, políticas e organizações deve ser orientada de modo a que seus esforços visem a resolução de problemas e desafios efetivos presentes no ambiente econômico brasileiro.

Se bem-sucedida a implementação da Indústria 4.0 como norma no tecido industrial brasileiro significaria tanto na reindustrialização do País quanto na mudança qualitativa de seu perfil com a criação de uma relação virtuosa entre manufatura e uma rede de serviços acessória de alto valor agregado.

C.2.2 Política de Inovação e Tecnologia Faz-se necessário o reconhecimento claro de que a prática de pesquisa e desenvolvimento são atividades de alto risco capazes de produzir externalidades positivas para toda a sociedade por meio de efeitos multiplicadores sociais e econômicos e, portanto, é uma política de Estado prioritária para o Brasil.

Isso exige por parte do governo: i) a definição de objetivos estratégicos; ii) a ampliação de fundos públicos de capital-semente orientados para a resolução de problemas concretos; iii) a eliminação de redundâncias de estruturas e esforços nos diferentes níveis do Estado; iv) criação de infraestrutura de pesquisa com a construção de grandes laboratórios para uso comercial e v) a implementação de um sistema de avaliação independente que respeite o tempo necessário de maturação da atividade de pesquisa, mas avalie seus resultados de forma crítica.

Os principais pleitos nesta área, com respectivas soluções, são:

Se bem-sucedida a implementação da Indústria 4.0 como norma no tecido industrial brasileiro significaria tanto na reindustrialização do País quanto na mudança qualitativa de seu perfil com a criação de uma relação virtuosa entre manufatura e uma rede de serviços acessória de alto valor agregado

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Ci. Modernização Institucional É necessária uma nova estrutura institucional, mais eficiente, mantendo no Ministério da Educação (MEC) a atribuição pelo ensino fundamental e médio e transferindo a educação superior, com exceção da área de humanas, para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicação, integrando política científico-tecnológica com a política educacional superior. As Políticas de Inovação devem ser integradas com a Política Industrial.

ii. Aprimorar Os Instrumentos de Apoio à Inovação O Brasil tem diversos instrumentos de incentivo à inovação, mas o marco regulatório atual ainda não foi capaz de construir um ambiente verdadeiramente favorável ao investimento em inovação. A Lei nº 11.196/2005, popularmente conhecida como a Lei do Bem, foi um grande avanço e sua revisão não pode resultar em retrocesso. Há espaço, no entanto, para aperfeiçoá-la, basta lembrar que, em função dos diversos modelos tributários, seus incentivos alcançam menos de 10% das pessoas jurídicas.

Faz-se necessária sua revisão e assegurar que os recursos para a inovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) cheguem às empresas.

iii. Apoiar Startups de Base TecnológicaApoiar a criação de ecossistemas de inovação, para a integração de startups de base tecnológica junto às indústrias com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de um setor de serviços moderno e flexível capaz de atuar como um agente modernizador e disseminador de boas práticas e soluções eficazes.

iv. Fortalecer as Empresas de Engenharia Nacional Criação de um ambiente de apoio ao desenvolvimento de projetos de engenharia por empresas nacionais como forma de viabilizar a venda interna e a exportação de bens de capital mecânico por encomenda. A construção deste ambiente passa tanto pela existência de linhas de financiamento para a elaboração de projetos quanto pela ação do Estado brasileiro como demandante de projetos.

v. Programas de Extensão Tecnológica e de Recursos HumanosA obtenção de ganhos no curto prazo requer o apoio à melhoria da gestão empresarial e industrial, por meio de programas de extensão tecnológica, de qualificação de mão de obra de nível médio e superior, principalmente nas áreas de tecnologia, engenharia, matemática e ciência da computação.

C.2.3 Financiamento às Vendas no Mercado Interno e às Exportações O adquirente de bens de capital utiliza linhas de financiamento em praticamente todas suas compras fazendo com que o custo do financiamento se incorpore ao preço da máquina ou equipamento. É essencial, portanto, que o crédito para os investimentos seja suficiente e a juros competitivos com concorrentes internacionais, condições inexistentes atualmente. Uma medida importante para este fim seria eliminar, nos financiamentos BNDES Finame e BNDES Giro, a intermediação dos bancos comerciais, tratando estes financiamentos como operações diretas.

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18O longo ciclo médio de fabricação de máquinas e equipamentos exige elevado capital de giro, cujo custo, aos juros correntes no Brasil, acarreta um diferencial de quase 10 (dez) pontos percentuais no preço do produto a valor presente em relação aos nossos concorrentes internacionais tornando este diferencial de juros um dos principais itens do “Custo Brasil”.

Linhas de financiamento como BNDES Finame, BNDES Cartão, BNDES Automático, Finame Moderniza, Finem, Moderfrota, Pronamp, PCA, ModerInfra, BK Produção, BNDES Giro, BNDES-Exim e demais produtos destinados a financiamento de produção, vendas e exportação de bens de capital, além de contarem com funding adequado à demanda, devem ter suas atuais taxas reduzidas. Atualmente, as taxas praticadas, além de serem variáveis, são muito elevadas face à inflação projetada e a taxa de retorno das empresas. É indispensável que as taxas sejam fixas e com juro real equivalente ao oferecido pelos nossos concorrentes internacionais.

As exportações de máquinas e equipamentos mecânicos nos últimos dois anos contribuiu com cerca 10% do total vendas ao exterior dos bens manufaturados. Essa participação poderia ter sido maior se o setor tivesse acesso à linhas de financiamentos com taxas competitivas. Por isso, é fundamental contar com financiamento em condições equivalentes àquelas existentes internacionalmente.

Outro fator de igual importância é a expansão do sistema de garantias públicas administrado pela Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A (ABGF). Parte significativa das vendas internacionais de máquinas e equipamentos mecânicos tem como destino países em desenvolvimento, os quais apresentam um maior nível de risco comercial devido ao seu perfil político, comercial e macroeconômico. Entendemos que a alteração no limite máximo de exportações é primordial para o setor dado que não há interesse por parte das seguradoras privadas em atuar em um mercado que se caracteriza por exportações não recorrentes para um mesmo cliente e de alto valor da operação.

Adicionalmente, faz-se necessário a maior participação do País e das empresas do setor na utilização das linhas de crédito disponíveis em organizações internacionais, como exemplo, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB/BRICS), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), entre outros. Os créditos disponíveis nesses organismos podem possibilitar o desenvolvimento de projetos que tenham a participação da indústria brasileira e, por isso, é imprescindível que se estabeleça canais de interlocução robustos que tragam realmente benefícios concretos para o Brasil.

Atualmente, as taxas praticadas, além de serem variáveis, são muito elevadas face à inflação projetada e a taxa de retorno das empresas. É indispensável que as taxas sejam fixas e com juro real equivalente ao oferecido pelos nossos concorrentes internacionais

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C.3 Prioridade 3 - Inserção do Brasil no Comércio Global Apesar de o Brasil figurar entre as 10 principais economias do mundo, a sua participação no comércio internacional é modesta, com apenas 1,16% de participação nas exportações mundiais, segundo dados da Organização Mundial de Comércio (OMC). Essa posição é justificada, além da penalização que o “Custo Brasil” impõe aos produtos nacionais, pela falta de uma política estratégica, estruturada e coordenada de inserção do Brasil no comércio global.

Entendemos que a inserção do Brasil no comércio global deve ser realizada via acordos comerciais - bilaterais, regionais ou multilateral, sempre subordinados aos interesses do País e à efetiva disponibilidade de um ambiente econômico-comercial que possibilite competirmos de igual forma com produtos de outras origens.

É ilusório acreditar que uma abertura comercial, de forma unilateral, trará ganhos ao País e à sociedade sem que se tenha uma política de enfrentamento dos entraves que reduzem a competitividade dos produtos brasileiros nos mercados nacional e internacional, além disso, se feita assim eliminará do Brasil o seu poder de “barganhar” por acesso a mercado nos produtos em que tem maior vantagem competitiva.

A maior inserção internacional do Brasil depende, além de linhas competitivas de financiamento às exportações e dos instrumentos de seguro de crédito, citados em capítulo anterior, de: maior número de

É ilusório acreditar que uma abertura comercial, de forma unilateral, trará ganhos ao País e à sociedade sem que se tenha uma política de enfrentamento dos entraves que reduzem a competitividade dos produtos brasileiros nos mercados nacional e internacional, além disso, se feita assim eliminará do Brasil o seu poder de “barganhar” por acesso a mercado nos produtos em que tem maior vantagem competitiva

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20acordos comerciais, financiamentos às exportações com taxas competitivas internacional, desoneração das exportações, revisão da estrutura tarifária, fortalecimento da defesa comercial e o estímulo da cultura exportadora do País.

C.3.1 Acordo Comerciais A busca por novos acordos comerciais deve ser realizada de modo a atender ao interesse nacional: o desenvolvimento de uma economia avançada e competitiva, geradora de produtos com alto valor agregado e empregos qualificados, ambos essenciais para a geração de bem-estar social.

A inserção do Brasil nas Cadeias Globais de Valor (CGVs) deve se dar de forma estratégica que atenda aos anseios do País e da sociedade. Essa política deve pensar em ganhos de competividade para a indústria; para que enfim o Brasil possa negociar acordos comerciais com grandes players mundiais e que tenhamos condições de competir de igual forma com outros países nos mercados interno e externo.

É necessário que a escolha dos parceiros comerciais se dê de forma estratégica. As áreas do governo que atuam nessa agenda devem estar estruturadas e qualificadas para lidar com os desafios encontrados nos processos negociadores, principalmente nos chamados acordos comerciais de novas gerações. A tendência de redução progressiva sobre tarifas no comércio internacional de bens industriais, traz maior atenção para a agenda de convergência e coerência regulatória, que revelam-se novos obstáculos ao comércio. Cada vez mais, o cumprimento de exigências regulatórias é determinante para o acesso a mercados estrangeiros, podendo tornar as operações comerciais mais onerosas, chegando ao ponto de se tornarem medidas protecionistas.

Por fim, deve-se buscar acordos com países com os quais o Brasil possua vantagens competitivas, destacando que a indústria, atualmente, apresenta menor grau de competitividade quando se compara com players relevantes como União Europeia, Japão e Coreia do Sul, mas que essas deficiências poderão ser corrigidas com uma agenda de competitividade para a indústria, a fim de evitar que esses eventuais acordos apresentem ganhos significativos apenas exclusivamente para os setores primários de nossa economia. Dado o perfil do comércio internacional do setor e a relevância dos países em desenvolvimento para a sua pauta exportadora, ressaltamos a necessidade de que as negociações não sejam exclusivamente orientadas para países desenvolvidos.

C.3.2 Revisão da Estrutura TarifáriaO Imposto de Importação (II) é amplamente reconhecido como um imposto de caráter regulatório e se destina, de um lado, a compensar, ainda que parcialmente, as ineficiências sistêmicas e, de outro lado, a estimular a competitividade das cadeias produtivas nacionais ao tratar de forma diferenciada as diversas famílias de produtos.

Sucessivas intervenções pontuais nas alíquotas do II ao longo do tempo têm afetado este conceito, não atendendo na atualidade seu objetivo original: proteger de forma crescente a agregação de valor. É, portanto, absolutamente necessária sua revisão e adequação às finalidades originais. Ao corrigir as distorções existentes a taxa média brasileira tenderá a se aproximar à alíquota média dos países em desenvolvimento de perfil semelhante.

É sabido que os países desenvolvidos praticam tarifas de importação mais baixas e quando analisamos a estrutura tarifária brasileira, nos deparamos com tarifas mais altas do que a média mundial. No entanto,

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Chá que se evidenciar que os países desenvolvidos se utilizam de barreiras não tarifárias para protegerem os seus mercados, além do ambiente econômico-comercial mais saudável, o que lhes conferem maior grau de competividade, e o que faz com que as tarifas de importação se tornem desnecessárias.

A revisão da estrutura tarifária deve ser pensada de forma a estimular a competitividade das cadeias produtivas nacionais percebidas estratégicas e essenciais para a geração de valor e, portanto, do bem-estar social do País, o que no caso brasileiro passa pela geração de empregos de qualidade e capacitação tecnológica para o desenvolvimento de soluções aos desafios inerentes às condições nacionais de produção.

C.3.3 Defesa ComercialFaz-se necessário a reforma do sistema de defesa comercial brasileiro com o objetivo de priorizar o combate das práticas desleais que afetam a maioria das empresas brasileiras e de amenizar o ônus criado pela implementação destas medidas. Recursos devem ser direcionados para o combate das práticas de subfaturamento, sonegação fiscal, falsificação e descumprimento de normas técnicas com o fortalecimento das equipes da Receita Federal do Brasil (RFB), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, responsáveis pelo combate a essas práticas desleais. Igualmente urgente, é a mitigação do ônus gerado pela implementação de taxas antidumping e outros instrumentos de defesa comercial sobre matérias primas, por meio da expansão do regime Drawback de modo que as exportações brasileiras não sejam afetadas, desde que concedidas por critérios de avaliação. Por fim, deve-se aprimorar a democratização do acesso ao mecanismo de Interesse Público de modo a permitir a representação de interesses difusos presentes na sociedade brasileira.

C.3.4 Desenvolvimento de uma Cultura ExportadoraEm uma economia, como a brasileira, majoritariamente composta por pequenas e médias empresas, é essencial a existência de agências congregadoras e multiplicadoras de conhecimento especializado como forma de romper o alto custo de entrada no mercado internacional por meio de treinamentos, compartilhamento de informações e oportunidades e criação de sinergia entre empresas de um mesmo ramo de atividade. O fortalecimento das agências de promoção comercial que tem como finalidade atuar estrategicamente para inserir mais empresas no mercado internacional de modo a serem capazes de oferecer apoio efetivo nas áreas de soluções nas áreas de informação, qualificação para exportação, promoção comercial, posicionamento, imagem e apoio a internacionalização das empresas. A atuação das empresas no mercado internacional deve fazer parte de sua estratégia de negócios, com objetivos de minimizar riscos, inovação constante, melhoria de sua competitividade, entre outros fatores. Essa reorientação será possível por meio de uma agenda de cultura exportadora, com uma atuação em conjunto dos setores público e privado.

A revisão da estrutura tarifária deve ser pensada de forma a estimular a competitividade das cadeias produtivas nacionais percebidas estratégicas e essenciais para a geração de valor

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CONCLUSÃOO aumento da produtividade é sinônimo de crescimento do País, face à estabilização da população economicamente ativa.

Este aumento da produtividade não virá dos serviços de menor qualidade, que perfazem quase 60% do PIB, nem da agropecuária, pois, apesar de seu excelente desempenho nas últimas duas décadas, não tem peso suficiente para puxar para cima a produtividade do país como um todo. Reforçar a participação da indústria de transformação no PIB e dos serviços sofisticados por ela demandados é essencial para aumentar a produtividade do Brasil; para tanto é indispensável ampliar fortemente os investimentos em infraestrutura e na indústria.

Para a indústria poder crescer e simultaneamente se modernizar, tendo em vista o novo paradigma da manufatura avançada é preciso um ambiente adequado.

O saneamento das contas públicas com a retomada da capacidade de investimento do Estado, somado à melhoria do ambiente de negócios decorrente da reforma tributária, de maior segurança jurídica, da forte redução dos spreads bancários, e da eliminação progressiva do “Custo Brasil” tornarão possível o crescimento sustentado do PIB, com distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.

Para uma abertura comercial é necessária uma política coordenada, no qual as assimetrias de mercado sejam combatidas, como forma de assegurar a isonomia produtiva e a competividade industrial nos mercados nacional e internacional.

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