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O CAMINHO DE VOLTA PARA KAMPALA: A história do Fórum Africano de Administração Fiscal e a sua primeira década

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 1

O CAMINHO DE VOLTA PARA KAMPALA: A história do Fórum Africano de Administração Fiscal e a sua primeira década

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 8

O Fórum Africano de Administração

Fiscal (ATAF) é uma história de

sucesso africana notável e este

livro celebra as suas realizações. Lançado

em Novembro de 2009 em Kampala, o

ATAF completou a sua primeira década de

serviço e representação dos seus membros

no continente. A organização completou o

círculo completo - regressa a Kampala em

Novembro de 2019 para celebrar o seu 10º

aniversário e rever o seu percurso até agora e

preparar-se para os desafios que irá enfrentar

no futuro. Dez anos é um marco significativo e

um momento para reconhecer as realizações

do ATAF, para aprender com as experiências

da última década e para planear um futuro

produtivo e brilhante.

Em 2008, vinte e oito países Africanos

reuniram-se em Pretória para considerar

o desenvolvimento de um mecanismo

prático para promover o desenvolvimento

Africano através da mobilização de recursos

internos através de sistemas fiscais eficazes

e eficientes. Vislumbraram um fórum que

ajudaria a reforçar a administração tributária

no continente e que, o que é importante,

seria "um programa Africano reflectindo as

necessidades e estratégias Africanas".

Uma mera década mais tarde, não só

esta visão foi concretizada, como o ATAF

é agora globalmente reconhecido como a

voz de África na tributação. No espírito dos

seus fundadores, tornou-se uma instituição

verdadeiramente Africana, construída por

Africanos que trabalham em conjunto em todo

o continente, com o apoio dos parceiros de

desenvolvimento.

No seu início em 2009, na sombra

ameaçadora da maior crise financeira global

desde a década de 1930, o ATAF foi construído

com base na esperança e numa crença clara

entre os líderes Africanos de que a cooperação

continental sobre tributação era uma

necessidade para assegurar o desenvolvimento

do país.

O objectivo da criação do ATAF era

libertar a África da dependência da ajuda ao

desenvolvimento e promover a auto-suficiência

Africana. Sistemas fiscais eficientes e justos e

a cobrança de receitas são a chave para a auto-

suficiência económica e o desenvolvimento

continental.

O papel do ATAF é ajudar os seus países

membros a desenvolver as suas administrações

fiscais, melhorar os seus sistemas fiscais,

reformar as suas políticas fiscais, promover a

partilha de conhecimentos e a aprendizagem

entre pares e proporcionar uma voz Africana

clara que protege os interesses Africanos e

altera os termos do debate no ambiente fiscal

global acelerado.

Como este livro ilustra, o ATAF tem

desempenhado admiravelmente o seu papel

nos últimos 10 anos e o seu sucesso pertence

às muitas pessoas que partilharam as suas

esperanças e visão e cujo empenho e trabalho

árduo contribuíram imensamente para ajudar

o ATAF a alcançar os seus objectivos.

O ATAF reconhece o papel fundamental

desempenhado pelos nossos fundadores

que, há 10 anos, partilharam uma visão de

futuro, conduziram a iniciativa para a tornar

PREFÁCIO

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 9

real e assumiram os riscos necessários para

a sua concretização. Saudamos os nossos

países membros que apoiaram e forneceram

a energia para as actividades do ATAF e a

vontade colectiva dos líderes e funcionários

fiscais de colaborar no fortalecimento dos

sistemas fiscais Africanos.

A organização reconhece os esforços

dos membros do Conselho do ATAF, que

acompanharam o desenvolvimento da

jovem organização até à sua entrada em

funcionamento e que continuam a orientar a

organização. Estamos gratos pela dedicação

e empenho dos "correspondentes" dos

nossos países, que promovem o trabalho da

organização e servem como embaixadores do

ATAF nos nossos países membros.

Estamos gratos pelo generoso e eficaz

apoio técnico, institucional e financeiro

que recebemos dos nossos parceiros de

desenvolvimento que caminharam com o

ATAF em cada passo do caminho nos últimos

10 anos.

Muito crédito pelo sucesso do ATAF deve ser

atribuído ao Secretário Executivo e ao pessoal

do Secretariado do ATAF que trabalharam

incansavelmente para realizar o sonho de

construir uma organização Africana que

defenda os interesses do continente.

Este livro comemorativo visa levar o leitor

numa viagem que celebra as conquistas de

todos aqueles que contribuíram nos últimos

dez anos para a história do sucesso do ATAF,

uma história que mudou a administração fiscal

no continente Africano e ajudou a melhorar a

vida dos seus cidadãos.

8ª Reunião dos Correspondentes dos Países, Cidade do Cabo, Janeiro de 2019Diálogo de alto nível sobre política tributária, Victoria Falls, Julho de 2019

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 10

MembrosdoATAF

25Membros-nolançamentodoATAFem2009Botsuana,Chade,Egipto,Eritreia,Gabão,Gana,Quénia,Lesoto,Libéria,Malawi,Mauritânia,Maurícias,Marrocos,Namíbia,Níger,Nigéria,Ruanda,Senegal,SerraLeoa,ÁfricadoSul,Sudão,Gâmbia,Uganda,Zâmbia,Zimbábue.

38Membrosatéofimde2019Novosmembrosqueseintegraram:Togo,Angola

Novosmembrosqueseintegraram:Benim,BurquinaFaso,Burundi,Camarões,Comores,CostadoMarfim,EswaOni,Madagáscar,Moçambique,Tanzânia,Seicheles

36Membrosatéofimde2013 Liderança

ContribuAonsbyourmembers

Acolhimentodosprincipaiseventos

CapacitaçãoeorganizaçãodeeventosAssembleiasGerais:

(2011)Maurícias

(2012)Senegal

(2014)Tanzania

(2016)ÁfricadoSul

(2018)Botsuana

ConferênciasInternacionaissobreTributaçãoemÁfrica:

(2013)Zimbábue

(2015)Togo

(2017)Nigéria

(2019)Uganda

Realizaçãodeeventosdetreinamento:Botswana|Burundi|Egypt|EswaRni|Ghana|Kenya|Liberia|MauriRus|Malawi|Mauritania|NigeriaNamibia|Niger|Rwanda|Tanzania|TheGambia|Senegal|Seychelles|SouthAfrica|Tunisia|Togo

Uganda|Zambia|ZimbabweAtuaçãoemcomitéstécnicosdoATAF:Trocadeinformações:-

Camarões|EswaRni|Quénia|Maurícias|Marrocos|Senegal|

Togo|Uganda

Botsuana|Burundi|Gana|Quénia|Malawi|Maurícias|Ruanda|

Seicheles|ÁfricadoSul|Zâmbia|Zimbábue

Botsuana|BurquinaFaso|Gana|Quénia|Nigéria|

Marrocos|Senegal|ÁfricadoSul|Tanzania|Uganda|

Zâmbia|Zimbábue

IVA:- TributaçãoTransfronteiriça:-

DestacamentodepessoalparaoSecretariado:v  Botsuanav  Burundiv  BurquinaFasov  Costado

Marfimv  EswaRni

v  Quéniav  Lesotov  Mauritâniav  Nigériav  Ruanda

v  Senegalv  ÁfricadoSulv  Togov  Tunísiav  Zimbábuev  Zâmbia

ConselhoseleitosdoATAFPresididospor:

PaisesmembrosserviramnoConselho:

5

Angola|Botsuana|Burundi|Tchad|EswaAni|Gabão|Gana|Quénia|Libéria|Maurícias|Marrocos|

Nigéria|Ruanda|Senegal|ÁfricadoSul|Tanzânia|Togo|Uganda|Zimbábue

19

Vicepresidentes:

CONSTRUINDOUMAORGANIZAÇÃOSUSTENTÁVEL

ÁfricadoSul| Zimbábue| Nigéria

Senegal| Maurícias

CONTRIBUIÇÕES DOS NOSSOS MEMBROS

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 11

ConstruirConhecimento:PromoçãodaInvesAgação,LiderançaemIdeiaseParAlhadeCompetências

TreinamentosREFORÇARACAPACIDADEPARAIMPULSIONARAMOBILIZAÇÃODERECURSOS

REFORÇARACAPACIDADEPARAIMPULSIONARAMOBILIZAÇÃODERECURSOS

INTERVENÇÕESDESDE2015

RESULTANDOEMREVISÃODALEGISLAÇÃO

Até2019

16,000parAcipantesdospaísesmembrosparAciparamemcursosonlinede

curtaduração

100Treinamentos2009-2019

MELHORIADOSPROCESSOSDE

NEGÓCIO

AUMENTODASRECEITAS ESTABELECERUNIDADESDE

PREÇOSDETRANSFERÊNCIA&TROCADEINFORMAÇÃO

MELHORIADASCOMPETÊNCIASEMMATÉRIADE

AUDITORIA

Paísesquebeneficiamdeassistênciatécnicaem:Tributaçãotransfronteiriça:- Trocadeinformações:-

Botsuana|Egipto|EswaRni|Gana|Kenya|Lesoto|Libéria|Malawi|Namíbia|

Nigéria|ÁfricadoSul|Seicheles|Uganda|Zâmbia|Zimbábue

Angola|Camarões|Tchad|Lesoto|Malawi|EswaRni|Tanzânia|Togo|

Uganda|Zâmbia

AssistênciaTécnica

2015

2016

2017

2018

120

125

121

118

47

49

37

29

RedeAfricanadeInvesAgaçãoemTributação

ArRgosapresentados

ParRcipantes

…realizadas5conferênciasanuais

2016 2017 2018 2019

Dadosde

15Países

africanos

Dadosde

21Países

africanos

Dadosde

26Países

africanos

Dadosde

34Países

africanos+40%

+24%

+31%

plataformadedadosonlinelançadaem2017

2015 2016 2017 2018

9 14 14 14

ParRcipa

ntes

Paíse

s

FormaçãoemMétodosdeInvesAgação

ProspecAvaFiscalAfricana

EMT

2014-2018

83Agentesfiscaisde

26Paísesafricanos

ObRveramoCerRficadodo

MestradoExecuAvoemTributação

15 26 24 34

USD1.1biliãoangariadosemavaliações

USD260milhões

colectadosatéagora

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CONSTRUINDO UMA ORGANIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 13

ETAPAS DA ORGANIZAÇÃO NO CAMINHO DE VOLTA PARA KAMPALA2008Janeiro – Um grupo de presidentes das administrações

tributárias africanas participa na reunião do Fórum de

Administrações Tributárias da OCDE na Cidade do Cabo,

África do Sul. Eles discutem como os organismos fiscais

africanos podem melhorar a sua capacidade de angariar as

receitas nacionais necessárias para cumprir os Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio e concordam em realizar uma

conferência no final do ano.

Agosto – A conferência sobre Fiscalidade, Construção do Estado

e Desenvolvimento de Capacidades em África realiza-se em

Pretória, África do Sul. Um grupo coordenação de presidentes

das autoridades tributárias africanas, apoiado por uma equipa

técnica de funcionários seniores, é mandatado para iniciar o

trabalho que conduzirá ao estabelecimento do ATAF. O Grupo

de Coordenação inclui o Botsuana, os Camarões, o Gana, a

Nigéria, o Ruanda, a África do Sul e o Uganda (a que se juntará

mais tarde Marrocos).

2009Fevereiro – Membros do grupo de coordenação e da equipe

técnica realizam a sua primeira reunião na Cidade do Cabo, na

África do Sul. Outras duas reuniões são realizadas em Junho e

Participantes da conferência sobre Tributação, Construção do Estado e Desenvolvimento de Capacidades, Pretória, 2008

Secretário Executivo do ATAF, Sr. Logan Wort

2º Conselho do ATAF, Dakar, Setembro de 2012.

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agosto de 2009, na Nigéria e em Gana, respecti-

vamente, para definir os detalhes dos documen-

tos fundadores e da estrutura do fórum.

Julho – Como parte do processo de desenvolvi-

mento do ATAF, e para demonstrar a sua proposta

de valor aos potenciais membros, um seminário

sobre preços de transferência é organizado pela

Autoridade Tributária do Uganda e facilitado pela

OCDE. Vinte e oito delegados de 14 países africa-

nos participam do seminário.

Novembro – A conferência inaugural e a eleição

do primeiro Conselho de Administração do ATAF

tem lugar em Kampala, Uganda. Vinte e cinco

países africanos aderem à organização como

membros. Os delegados elegem o primeiro Con-

selho do ATAF que compreende os Presidentes

das Administrações Tributárias do Botsuana,

Gabão, Gana, Quénia, Marrocos, Nigéria, Ruanda,

Senegal, África do Sul (Presidente) e Zimbábue.

2010Abril – O Conselho do ATAF realiza a sua primeira

reunião, em Durban, África do Sul. Aprova o Plano

de Trabalho e Orçamento do ATAF 2010 e nomeia

o Sr. Logan Wort como Secretário Executivo In-

terino da organização, destacado pelo Serviço

de Receitas da África do Sul (SARS). Um Secre-

tariado Interino é também estabelecido com o

destacamento de mais 11 pessoas, nove do SARS

e uma da Nigéria e Botsuana.

Maio – O ATAF realiza um seminário de

sucesso com a participação de Parceiros

de Desenvolvimento com representantes

da Comissão Europeia, da União Europeia,

França, Noruega, Alemanha, Holanda, Suíça

e da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OCDE). Pouco

depois, a Noruega, a Holanda, a Suíça, a Irlanda

e o Reino Unido comprometem-se a contribuir

financeiramente para o ATAF através de um

fundo comum para o programa trienal do ATAF

e de um plano de trabalho anual actualizado.

Novembro – O Conselho do ATAF adopta o

texto final do projecto de Memorando do ATAF

e as respectivas regras e procedimentos na

sua reunião organizada pelo Banco Africano

de Desenvolvimento em Túnis, Tunísia. Isso

abre caminho para que os países membros

prossigam com seus respectivos processos

internos de ratificação e/ou adopção.

2011Junho – O Conselho de Administração do ATAF,

na sua reunião em Kigali, Ruanda, aprova a

criação de um gabinete de projecto no Secretar-

iado Interino, encarregado de efectuar todos os

preparativos necessários para a criação de um

Secretariado permanente do ATAF logo que a or-

ganização se torne uma entidade jurídica.

Julho – A 1ª Assembleia Geral do ATAF acontece

em Balaclava, Ilhas Maurícias, assinalando um

marco significativo no desenvolvimento do ATAF.

A Assembleia Geral é o órgão máximo de toma-

da de decisão do ATAF e atua como plataforma

para o diálogo estratégico entre os membros e

as partes interessadas. Ela prolonga o mandato

do Conselho inaugural do ATAF até a segunda As-

sembleia Geral.

2012 Setembro – O ATAF realiza a sua segunda reunião

anual da Assembleia Geral em Dakar, Senegal, e

aprova a nomeação do Sr. Logan Wort como pri-

meiro Secretário Executivo do ATAF. Apoia igual-

mente a criação de um novo cargo de Vice-Pres-

idente do Conselho de Administração do ATAF,

com a eleição do Sr. Amadou Ba, Director-Geral

da Direcção Geral dos Impostos e Domínios do

Senegal, para esse cargo.

Outubro – O ATAF é estabelecido como uma

organização internacional com estatuto jurídi-

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co pleno depois do Malawi, seguindo os passos

da Zâmbia, África do Sul, Chade e Maurícias,

oficialmente depositar o instrumento de rati-

ficação junto do Secretariado Interino em 7 de

Setembro. O ATAF torna-se uma entidade legal-

mente constituída a 8 de Outubro, ou seja, 30

dias de calendário após o depósito do quinto

instrumento.

2013Dezembro – O Memorando de Entendimento en-

tre o ATAF e a África do Sul (País Anfitrião) é assi-

nado oficialmente pelo Ministro das Finanças da

África do Sul, culminando numa cerimónia oficial

de entrega entre o Secretário Executivo do ATAF

e o Presidente do Serviço Fiscal da África do Sul

(SARS) nos escritórios do Secretariado.

2014Setembro – A 3ª Assembleia Geral, realizada em

Dar es Salaam, Tanzânia, endossa a proposta de

que a África do Sul, país anfitrião do Secretariado

do ATAF, tenha um assento permanente no Con-

selho do ATAF. Um Memorando de Cooperação é

assinado entre o SARS e o ATAF.

2015Abril – Os directores de formação e recursos

humanos de 19 administrações tributárias reú-

nem-se em Dar es Salaam, Tanzânia, e estabele-

cem um comité técnico e uma rede de recursos

humanos.

Agosto – Os consultores jurídicos das admin-

istrações tributárias membros reúnem-se em

Kampala, Uganda, para estabelecer uma rede e

um comité técnico.

Setembro – A 1ª Conferência Internacional do

ATAF sobre a Tributação em África (ICTA) real-

iza-se em Victoria Falls, no Zimbábue. A con-

ferência, que substitui a Assembleia Geral do

ATAF todos os anos alternados, centra-se nas

"Perspectivas Africanas e Desafios na Tributação

dos Recursos Naturais e da Indústria Extractiva".

Novembro – Na sequência da publicação do

Relatório do Painel de Alto Nível da União Afri-

cana sobre os Fluxos Financeiros Ilícitos de Áfri-

ca, em Fevereiro de 2015, foi constituído um

Consórcio de partes interessadas, composto por

17 organizações, numa reunião no Gana. O ATAF

é membro do consórcio e faz parte do Grupo de

Trabalho do Consórcio sobre os Fluxos Finan-

ceiros Ilícitos (FFI) de África, que é responsável

pela implementação prática das recomendações

do relatório do Painel de Alto Nível (PAN).

2016Outubro – O ATAF realiza sua 4ª Assembleia Geral

em Durban, África do Sul. O tema da conferência

é "Aproveitar o Sector Económico Africano das

Transações em Dinheiro": Contribuir para a Ex-

pansão da Base Fiscal Africana" e estimula dis-

cussões frutíferas entre os presidentes das ad-

ministrações tributárias, profissionais tributários

e parceiros de desenvolvimento do continente

sobre formas de alavancar da melhor forma a in-

explorada base tributária africana.

Novembro – Um seminário de alto nível para

os Presidentes das Autoridades Tributárias,

dos Conselhos de Administração e Directores

e Secretários Permanentes dos Ministérios das

Finanças é realizado em conjunto com o Fundo

Monetário Internacional. O seminário analisa as

questões actuais da boa governação do Consel-

ho de Administração e proporcionou uma plata-

forma para discussão e partilha das experiências

dos países, com vista a melhorar a boa gover-

nação da administração tributária nos países

africanos.

2017Julho – O primeiro Diálogo de Alto Nível sobre

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Política e Administração Tributária do ATAF, organizado pelo Uganda, centra-

se na melhor forma de estabelecer a ligação entre estes dois componentes

essenciais para uma mobilização eficaz das receitas.

2018Julho – A União Africana reconhece o trabalho do ATAF na luta contra os

fluxos financeiros ilícitos na sua declaração na sequência da reunião dos

Chefes de Estado em Nouakchott, Mauritânia. A UA reconhece agora a

organização como o principal organismo em África em matéria fiscal.

Outubro – O ATAF e o Parlamento Pan-Africano assinam um Memorando de

Entendimento em Kigali, Ruanda, para trabalhar em conjunto em questões

fiscais em benefício do continente africano, com o ATAF a assumir o

compromisso de apoiar o PAP com aconselhamento técnico.

Outubro – O ATAF realiza a sua 5ª Assembleia Geral em Gaborone, Botsuana,

sob o tema "Levar a África para além da Ajuda através da Mobilização de

Receitas Fiscais". A Assembleia culmina com a eleição de um novo Conselho

do ATAF.

2019Novembro – O ATAF celebra o seu 10º aniversário em Kampala, Uganda. Ao

reflectir sobre a última década e suas realizações, a organização também

espera enfrentar os desafios que seus membros enfrentarão no futuro para

determinar as regras tributárias em uma economia global cada vez mais

digitalizada.

Presidente do Conselho do ATAF, Sr. Tunde Fowler (esquerda) e Sr. Keneilwe Morris, antigo Presidente do Serviço Fiscal Unificado do Botsuana, 4ª Assembleia Geral do ATAF, Gaborone, Outubro de 2018.

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A HORA DE A ÁFRICA TRAÇAR UM NOVO RUMO

É em tempos de turbulência e crise que

nascem ideias que trazem uma nova

perspectiva e nova esperança, dando-

nos coragem e coragem para traçar um novo

rumo. E assim foi com o Fórum Africano de

Administrações Tributárias (ATAF).

Foi no contexto da crise financeira global de

2008 que tiveram lugar as discussões sobre a

criação de um centro fiscal em África. Os factores

impulsionadores foram o facto de as receitas das

economias desenvolvidas estarem sob pressão e,

à medida que as autoridades tributárias de todo

o mundo se mobilizaram para salvaguardar as

suas bases fiscais, lutaram contra as perdas de

receitas devido à fragilidade dos sistemas fiscais,

especialmente nos países em desenvolvimento.

Isto proporcionou o ímpeto para procurar ajudar

as autoridades tributárias em África a reforçar os

seus sistemas fiscais.

Ao mesmo tempo, os países africanos,

enfrentando uma diminuição acentuada da ajuda

pública ao desenvolvimento e do investimento

directo estrangeiro, chegaram à conclusão de

que precisavam de recorrer a fontes internas

de receitas e financiamento para as suas

necessidades de desenvolvimento.

Na sequência de uma proposta de

2007 da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OCDE) que a

África do Sul considera a possibilidade de criar

um Centro Fiscal Africano da OCDE, vários

chefes de administrações tributárias de países

africanos foram convidados, pela primeira vez, a

participar na reunião do Fórum da OCDE sobre

Administração Tributária na Cidade do Cabo,

África do Sul.

Entre outras questões, a reunião explorou

formas concretas de ajudar os organismos fiscais

africanos a desenvolver a sua capacidade de

angariar as receitas nacionais necessárias para

atingir os Objectivos de Desenvolvimento do

Milénio. A proposta de um centro fiscal africano

transformou-se numa determinação dos países

africanos presentes em trabalhar em conjunto

para criar uma organização à escala africana

dedicada a ajudar os países do continente a

mobilizar eficazmente os recursos nacionais.

Atendendo à injunção do então Ministro das

Finanças da África do Sul, Trevor Manuel "não

desperdiçar esta crise", foi acordado realizar

uma conferência no final do ano para levar

a questão mais longe. A conferência de dois

dias sobre Tributação, Construção do Estado e

Desenvolvimento de Capacidades em África foi

realizada em Agosto de 2008 em Pretória, África

do Sul. Organizada pelo Serviço Fiscal da África

do Sul (SARS), e patrocinada pelas autoridades

tributárias do Botsuana, Gana, Nigéria, Ruanda,

África do Sul e Uganda, a conferência contou com

a participação de 39 países, dos quais 28 eram

de África, e oito organizações internacionais.

Das discussões sobre os desafios enfrentados

pelas autoridades tributárias em África, a ideia de

uma organização africana dedicada ao reforço

das administrações tributárias no continente

recebeu um apoio extraordinário, e o entusiasmo,

energia e empenho em levar a ideia à prática

foram palpáveis entre os presentes.

A Sra. Allen Kagina, então Presidente da

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 18

Autoridade Tributária do Uganda, recordou as

discussões. "O Presidente do SARS, Sr. Gordhan

reuniu alguns de nós para discutir o assunto e

houve muito apoio; foi uma ideia que chegou no

momento certo. Percebemos que tínhamos um

papel mais importante a desempenhar; foi então

que assumimos a tarefa de sermos construtores

de nações e não apenas cobradores de receitas.”

O comunicado emitido no final da conferência

assinalava que um grupo de coordenação1 com-

posto pelos chefes das administrações fiscais

do Botsuana, Camarões, Gana, Nigéria, Ruanda,

África do Sul e Uganda (a que se juntaram mais

tarde Marrocos) foi mandatado para desenvolv-

er um plano de acção e preparar o lançamen-

to de um Fórum Africano de Administrações

Tributárias (ATAF). Deveria ser apoiado por uma

equipa técnica 2 de funcionários de cargos se-

niores da administração tributária.

Em termos práticos, as administrações

tributárias africanas consideraram que o ATAF seria

um ponto focal para a partilha de experiências,

o desenvolvimento da cooperação, a avaliação

comparativa dos resultados e a definição da

direcção estratégica para as administrações

tributárias africanas. O ATAF realizaria o seu próprio

trabalho de investigação sobre a tributação em

África, desenvolveria ferramentas de diagnóstico

para as entidades fiscais africanas e desenvolveria

um programa de capacitação. Este trabalho seria

apoiado por parceiros de desenvolvimento, tanto

países como instituições, que forneceriam apoio

financeiro, técnico e institucional para construir

esta nova plataforma.

O comunicado descreveu o estabelecimento

do ATAF como "uma oportunidade para África

dizer o que África quer na área fiscal; para que os

processos e instituições de baseadas em África

assumam a liderança no continente".

Desde o início, a liderança encarregada de

trazer a organização à existência esteve unida

na visão de criar uma organização pan-africana,

que encorajasse a adesão de todos os países do

continente e que procurasse representar todos os

seus interesses.

Reflectindo sobre a conceptualização do ATAF,

o membro da equipa técnica Lincoln Marais,

descreveu-o como "uma oportunidade para

conceber e desenvolver uma instituição que é

construída pelo continente para o continente. Em

parte, ela foi definida inicialmente pelo que não

deveria ser. Ficou muito claro para nós que não

deveria ser apenas um projeto da OCDE de longo

alcance".

A identidade africanista do ATAF não só

moldou a organização que também informou o

seu propósito fundamental - o de trabalhar para

fortalecer as instituições e a governação africanas

na busca da mobilização de recursos internos que,

em última análise, conduziria à auto-suficiência

e libertaria o continente do endividamento e da

dependência da ajuda.

A história do colonialismo partilhada pela

maioria dos países africanos, e os desafios

socioeconómicos semelhantes que enfrentaram no

período pós-colonial, serviram para reforçar ainda

mais a solidariedade e criar uma determinação de

se unir para um propósito comum.

Ao mesmo tempo, houve um reconhecimento

claro de que a pluralidade das culturas, sociedades,

línguas e circunstâncias económicas africanas

também deve ser tida em conta. A construção da

mudança num continente tão vasto exigiu uma

abordagem e envolvimento multilingues a nível

1 Os membros do Grupo de Direcção eram: Sr. Freddy Modise (Botsuana), Sr. Alfred Bagueka Assobo (Camarões), Sr. Daniel Ablorh-Quarcoo (Gana), Sr. Ifueko Omoigui Okauru (Nigéria), Sra. Mary Baine (Ruanda), Sr. Pravin Gordhan (África do Sul) e Sra. Allen Kagina (Uganda), Sr. Brahim Kettani (Marrocos). Sr. Oupa Magashula (África do Sul) substituiu o Sr. Gordhan em Maio de 2009. 2 Os membros da equipa técnica foram os senhores: Segolo Lekau, James Sethibe, Modeste Mopa, James Anaman, Kwame Boakye-Yiadom, Yaw Opoku, Kwame Owusu, Christian Onyegbule, Charles Lwanga Gakwaya, Logan Wort, Lincoln Marais e Moses Kajubi.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 19

Mary Baine tem uma perspectiva única sobre

ATAF. Como membro do Grupo de Direcção

e primeiro Conselho, ela esteve intimamente

envolvida no estabelecimento e lançamento

da organização. Como Comissária Geral da

Autoridade Fiscal do Ruanda, ela estava

a receber assistência técnica do ATAF e agora

como Directora de Programas de Impostos da

organização, ela está a trabalhar para assegurar que

as necessidades dos membros são satisfeitas.

Quando o estabelecimento do ATAF foi sugerido

pela primeira vez, a Sra. Baine tinha sido CG

durante dois anos, tendo já servido nas Alfândegas

e como DCG. "Ao assumir o cargo de CG, fiquei

surpreendido com o nível de responsabilidade

que o trabalho implicava, especialmente para a

política fiscal. Havia também muitos desafios

organizacionais que eram muito assustadores.

Tínhamos atravessado o genocídio que tinha

devastado os nossos recursos humanos; por um

lado, tínhamos perdido muitas pessoas qualificadas

e, por outro lado, tínhamos funcionários que eram

da velha guarda e eram cautelosos quanto ao que o

futuro traria.”

"Tivemos de criar sistemas totalmente novos

e desenvolver capacidades, mas não tínhamos

recursos para o fazer sozinhos. Ao mesmo tempo,

a necessidade de mobilizar receitas para o

desenvolvimento era esmagadora. Eu realmente

senti que tinha que cumprir porque tinha o futuro

do meu país nas minhas mãos", Sra. Baine.

Quando a ideia do ATAF foi apresentada

como uma iniciativa destinada a reforçar as

administrações fiscais Africanas, para a Sra. Baine

foi um sonho tornado realidade. "Percebi que era

uma organização que nos ajudaria a preencher as

lacunas que tínhamos e a dar continuidade, e isto

alimentou o meu compromisso de a concretizar.”

Um dos aspectos mais valiosos da criação

do ATAF foi o estreito relacionamento que a Sra.

Baine desenvolveu com os membros do Grupo

Director e outros chefes das administrações

fiscais. "Eu podia usá-lo como uma plataforma

UMA MÃO AMIGA QUE ALIVIA O FARDO DOS MEMBROS.

para soar ideias e havia o conforto de que

se podia simplesmente pegar no telefone

e pedir ajuda e aconselhamento. Já não se

sentia obrigada a carregar o fardo sozinha",

explicou ela.

A Sra. Baine deixou o cargo de CG em 2011

para se juntar ao Ministério dos Negócios

Estrangeiros do Ruanda, mas manteve-

se em contacto com o trabalho do ATAF

através de colegas no RRA.

Em 2016, ingressou no Secretariado

do ATAF como responsável pela área de

fiscalidade internacional e assistência

técnica. "Fiquei surpreendida com o

progresso que tinha sido feito em apenas

alguns anos; esperava que as coisas

estivessem ao mesmo nível, mas o trabalho

que estava a ser feito era a um nível muito

mais elevado.

"Agora que estou no ATAF sei que o

nosso sonho ainda não está totalmente

realizado, mas penso que temos uma

grande razão para celebrar. Fizemos muitos

progressos nos últimos dez anos, ajudando

as administrações fiscais a desenvolverem

as suas competências e capacidades em

questões fiscais que são relevantes para

África.”

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 20

regional e continental.

O membro da equipa técnica Sr. Modeste Mopa,

actualmente Director-Geral da administração

tributária dos Camarões, disse: “Em 2008, quando

nos reunimos pela primeira vez para criar esta

associação, ficou claro que havia um vazio a

preencher, uma vez que não havia nenhuma

organização no continente para as administrações

tributárias”.

"Toda a gente tinha muita paixão por isto;

sabíamos que tínhamos desafios comuns.

Estávamos cientes de que algumas questões

iriam surgir, uma vez que, apesar de termos

um continente, haveria diferenças de língua e

cultura, e mesmo diferentes sistemas fiscais, mas

estávamos determinados a trabalhar em conjunto

para superar essas diferenças e construir uma

organização que colocasse a África em primeiro

lugar.

O rumo imediato do ATAF foi traçado com

optimismo e clareza de propósito, apesar da grande

escuridão económica. O Grupo Director começou a

trabalhar para criar os mecanismos institucionais

necessários e preparar-se para o lançamento que

terá lugar em Kampala em Novembro de 2009.

O membro do Grupo de Coordenação Sra.

Mary Baine, que era então a Presidente da

Autoridade Tributária do Ruanda, descreveu a

pura determinação, esforço e vontade de sucesso

necessários para o nascimento da organização.

"Foi uma tarefa assustadora, mas a convicção de

que a iniciativa poderia fazer uma diferença real no

desenvolvimento de África foi um potente factor

de motivação.

"Os membros do Grupo de Coordenação foram

muito claros ao afirmar que, para que esta iniciativa

seja bem-sucedida, todos nós devemos estar

totalmente comprometidos com ela e ter tempo,

por muito ocupados que sejam as nossas agendas,

para participar em todas as reuniões e dar-lhe a

atenção que ela exige. Um roteiro de todas as

tarefas a serem realizadas antes do lançamento

oficial da organização foi elaborado e tivemos que

nos ater a ele," ela explicou.

Para que a organização existisse, ela precisava de

membros e o Grupo de Coordenação desempenhou

um papel fundamental na mobilização dos países

africanos para a adesão ao ATAF. O continente

foi dividido e países específicos foram alocados

para cada membro do Grupo de Coordenação de

acordo com a região, trabalho e laços pessoais. Os

membros do Grupo de Coordenação participaram

então numa campanha de recrutamento activa.

"Pegamos o telefone para promover o ATAF,

mas ainda mais importante, os membros do Grupo

de Coordenação fizeram um esforço concertado

para participar de eventos nos países aos quais

fomos alocados e mobilizar membros. Também

promovemos activamente a organização ao lado

de outros eventos programados. O facto de termos

conseguido convencer pouco menos de metade

dos países de África quando o ATAF foi lançado foi

muito encorajador," disse a Sra. Baine.

Os membros do Grupo de Coordenação e da

equipa técnica realizaram três reuniões ao longo

de 2009, antes do lançamento da organização

em Novembro, e fizeram todo o trabalho de

preparação necessário para dar vida à organização

no lançamento oficial em Kampala.

Desde o início, um princípio central era que o

ATAF demonstrasse concretamente a proposta

de valor que oferecia aos países africanos. Para

tal, foram realizados vários eventos do ATAF

em 2009, mesmo antes do lançamento da

organização. Os funcionários das administrações

tributárias reuniram-se para os seminários na

África Ocidental, Oriental e Sul - África Central para

partilhar experiências sobre questões técnicas

fundamentais - preços de transferência, tributação

dos recursos naturais e economia informal, entre

outras - realizados em parceria com organizações

internacionais como a OCDE. Isto constituiu

um exemplo tangível dos benefícios que a nova

organização poderia trazer.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 21

Isto foi sucintamente expresso pelo Sr. Ron

van der Merwe, consultor técnico do ATAF sobre

tratados fiscais: " O ATAF demonstrou que é uma

organização com realizações. Não se trata apenas

de um grupo de discussão, mas cria a possibilidade

de uma verdadeira mudança".

Depois de um ano de actividade frenética,

o grande dia amanheceu a 19 de Novembro de

2009. O Presidente da República do Uganda,

Sua Excelência o Presidente Yoweri Museveni,

lançou formalmente o ATAF em Kampala. A sua

conferência inaugural contou com a presença de

31 administrações fiscais africanas, nove países

parceiros de desenvolvimento e 18 organizações

parceiras. A criação do ATAF, sublinhou o Presidente

Museveni, contribuiria directamente para o

desenvolvimento económico e a boa governação

no continente africano.

O Conselho de Administração do ATAF3 foi

eleito e foram aprovadas as resoluções necessárias

relativas ao Memorando de Entendimento do ATAF,

procedimentos, pessoal, orçamento e programa

de trabalho. A África do Sul, que foi eleita como

Presidente do Conselho, concordou em fornecer

a infra-estrutura de que o ATAF necessitava

até que, na devida altura, pudesse tornar-se

uma organização internacional de pleno direito,

acolhendo o pequeno Secretariado Interino,

destacando pessoal e fornecendo recursos legais,

técnicos e outros.

"Era importante que todos estivéssemos em

sintonia, para chegarmos a um acordo sobre uma

visão comum para uma plataforma consultiva.

Em seguida, tivemos que decidir sobre toda uma

gama de questões, incluindo a adesão e como

aumentá-la, a estrutura da organização, como

promover a cooperação e o compartilhamento de

conhecimento. Foi um período muito estimulante

e cheio de possibilidades e esperança", afirmou o

Sr. Magashula, o então Presidente do SARS, que

foi eleito primeiro Presidente do Conselho de

Administração do ATAF.

Após o lançamento, o foco do primeiro

Conselho de Administração do ATAF centrou-se na

construção da organização para assegurar a sua

estabilidade e sustentabilidade. Tiveram de ser

tomadas decisões sobre as quotas dos membros,

o programa de trabalho e a estrutura e pessoal do

Secretariado Interino que estava a ser acolhido

pelo SARS.

Para garantir o financiamento, o Conselho

deu um impulso aos doadores que culminou

num seminário bem-sucedido com parceiros

de desenvolvimento em Maio de 2010, no qual

participaram representantes da Comissão

Europeia, da União Europeia, da França, da

Noruega, da Alemanha, dos Países Baixos, da Suíça

e da OCDE. Pouco tempo depois, vários doadores

comprometeram-se a contribuir financeiramente

para o ATAF através de um fundo comum para

o programa trienal do ATAF e de um plano de

trabalho anual actualizado.

Para levar a mensagem de que o ATAF não era

apenas uma organização "no papel" e que estava

orientada para a entrega, foram identificados os

frutos de baixa pendência; estas foram iniciativas

práticas que o ATAF pôde realizar rapidamente

para os seus membros.

"Era importante manter o impulso que o ATAF

tinha desde o lançamento e ganhar credibilidade

entre os potenciais membros e doadores/parceiros

de desenvolvimento. A estratégia para fazer isto

foi começar por demonstrar o impacto positivo

imediatamente

através de assistência técnica, capacitação

conducente ao desenvolvimento de legislação

flexível (soft law), normas e orientações não

vinculativas focalizadas em África," explicou o

3 O Conselho de Administração era composto pelos Chefes das Administrações Fiscais do Botsuana, Gabão, Gana, Quénia, Marrocos, Nigéria, Ruanda, Senegal, África do Sul e Zimbábue.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 22

Sr. Lincoln Marais, que liderou o programa de

Capacitação no Secretariado Interino.

Liderada pelo Conselho do ATAF e pelo

Secretariado Interino liderado pelo Secretário

Executivo Interino, Sr. Logan Wort, que presidiu

a equipa técnica, a organização deu os seus

primeiros passos na longa jornada em busca dos

seus objectivos.

Um ano após o seu lançamento, em Novembro

de 2010, o Conselho do ATAF adoptou o texto

final do Memorando de Entendimento do ATAF

e as respectivas regras e procedimentos na sua

reunião de Túnis, na Tunísia. Os países membros

poderão doravante prosseguir os respectivos

processos internos de ratificação, abrindo assim

caminho à criação do ATAF como entidade

jurídica e organização internacional.

Este marco significativo foi alcançado em

Outubro de 2012, quando o Malawi se tornou

o quinto país membro a depositar o seu

instrumento de ratificação junto do Secretariado

do ATAF, reunindo assim o quórum necessário para

permitir ao ATAF funcionar como uma entidade

independente. Ao fazê-lo, o Malawi juntou-se à

Zâmbia, África do Sul, Chade e Maurícias, que

tinham ratificado o acordo anteriormente.

Nesta fase, o ATAF já tinha feito progressos

significativos como organização de trabalho.

Tinha realizado duas Assembleias Gerais dos

seus membros, nas Maurícias em Julho de 2011

e no Senegal em Setembro de 2012, nas quais os

membros confirmaram a nomeação do Sr. Logan

Wort como Secretário Executivo do ATAF, um

cargo em que ele tinha estado a exercer.

A organização também estava a fazer grandes

progressos no cumprimento dos seus planos de

trabalho anuais; estava a fornecer assistência

técnica e capacitação, já tinha desenvolvido

modelos de assistência mútua em matéria

tributária (AMATM), implementado uma análise

das necessidades regionais, e estava a iniciar o

seu trabalho de representação do continente em

questões fiscais nos fóruns internacionais.

UMA DESCRIÇÃO MAIS DETALHADA

DESTE TRABALHO É TRATADA NOS

CAPÍTULOS SEGUINTES.Agora que o ATAF completa a sua primeira

década de existência, a organização está

novamente à beira da mudança. Embora

reconhecendo e celebrando o seu excelente

desempenho e realizações, o ATAF tem de

reflectir sobre como transformar o foco da

instituição e reestruturar as suas relações para

satisfazer as necessidades evolutivas dos seus

membros num ambiente global em rápida

mudança. São necessárias novas abordagens

para reforçar os valores do ATAF e implementar

os seus objectivos, procurando traçar um novo

rumo para enfrentar novos desafios.

Primeira Assembleia Geral do ATAF, Ilhas Maurícias, Julho de 2011

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 23

Sarah Birungi Banage, a Comissária Adjunta para os Assuntos Públicos

e Corporativos de Uganda Revenue Authority (URA) foi encarregada de su-

pervisionar o lançamento do ATAF em Kampala. "Fui o organizador principal

do evento e coordenador anfitrião e trabalhei com a minha equipa sob a

orientação do então Comissário Geral Allen Kagina", disse a Sra. Banage.

Ela foi responsável pela elaboração de um conceito para lançar o novo

fórum no Uganda e dar-lhe o perfil que merecia. "O conceito foi cuidadosa-

mente estruturado de modo a ter em conta os diferentes blocos na África

no que diz respeito à representação no lançamento, em termos de línguas,

entretenimento, alimentação, etc.". Para um lançamento bem sucedido, tín-

hamos que ter representação do maior número de países da África pos-

sível", lembrou Banage.remembered.

Isto implicou um intenso esforço de comunicação com as adminis-

trações fiscais do continente. "Esta foi uma tarefa assustadora porque sig-

nificava que tínhamos de enviar continuamente e-mails e telefonemas de

acompanhamento para os diferentes blocos em África. Se bem me lembro,

até recrutámos tradutores de curto prazo para fazer chamadas de acom-

panhamento para países de língua portuguesa, francesa, árabe e amárica",

disse ela.

"A cereja em cima foi quando o presidente de Uganda concordou em

participar do evento de lançamento, embora isso significasse que agora

havia ainda mais pressão para garantir que todo o evento fosse impecável.

Havia também a sensação de fazer parte de uma ocasião histórica, em que

os comissários-gerais de África

convergiriam no Uganda para

lançar a primeira organização

deste tipo em África..”

"A nossa motivação não foi

apenas o facto de ter sido um

evento inaugural no continente

africano, mas que o futuro deste

fórum parecia muito brilhan-

te, porque as respectivas jurisdições fiscais podiam agora partilhar infor-

mações e construir conhecimento para si próprias como Africanos e não

confiar em conhecimentos externos que podem nem sempre ser apropria-

dos para o ambiente Africano", disse a Sra. Banage.

Ela acrescentou que o planeamento meticuloso e precoce, a capacidade

de ser flexível e inovadora, e as equipas que estavam dispostas a ir mais

longe foram os ingredientes chave que contribuíram para um lançamento

bem sucedido. O lançamento foi amplamente coberto pela mídia local e

internacional, que também serviu para elevar o perfil da URA e do país.

"Muitos dos participantes estavam a visitar o país pela primeira vez, por

isso estávamos determinados a mostrar o melhor de Uganda e o melhor de

África", disse Banage.

LANÇAR UMA OPORTUNIDADE DE MOSTRAR O MELHOR DA ÁFRICA

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O Secretariado Interino do ATAF, criado na

SARS no início de 2009, era chefiado pela Sra.

Varsha Singh, então gerente sênior da unidade

de Relações Internacionais. O Secretariado

Interino foi encarregado de operacionalizar o

roteiro elaborado pelo Grupo Director para a

criação do ATAF.

Isto implicou uma miríade de tarefas, todas a

realizar dentro de prazos muito apertados. Estas

incluíram o desenvolvimento dos documentos

fundadores da organização, visão e missão, o

envolvimento regular com os governos Africanos

e administrações fiscais que eram os futuros

membros e a solicitação de apoio para a nova

organização, a gestão das interacções com os

parceiros de desenvolvimento e a organização

dos eventos de capacitação que estavam a ser

realizados para promover o ATAF mesmo antes

de este ser lançado.

"Era uma curva de aprendizagem muito

íngreme. Havia desafios em todas as frentes;

os documentos tinham de ser traduzidos para

francês, português e árabe e havia problemas na

obtenção de traduções consistentes. Tivemos

de ter em conta os vários sistemas jurídicos

existentes em todo o continente no que diz

respeito ao acordo ATAF e, claro, o financiamento

e a falta de capacidade e de recursos

organizacionais para os eventos técnicos tiveram

de ser abordados. Mas não só vencemos todos

estes desafios, como aprendemos lições valiosas

que poderíamos tirar no futuro", disse Singh.

"A criação de uma organização totalmente

nova, de âmbito continental, atravessando

fronteiras linguísticas, culturais e jurídicas,

foi extremamente assustadora. Foram

realizadas discussões consideráveis com

várias partes interessadas para compreender a

dinâmica e as questões jurídicas relacionadas

ao estabelecimento de uma organização

internacional. Isso se tornou ainda mais

esmagador devido aos prazos apertados que a

equipa tinha de cumprir", lembrou a Sra. Singh.

O que foi particularmente memorável foi o

apoio incondicional recebido do executivo da

SARS e a paixão e determinação demonstradas

por todos os membros do Secretariado Interino.

"Cada indivíduo levou a cabo as suas respectivas

tarefas do ATAF, para além do seu trabalho de

rotina da SARS, com um impulso pessoal para

perseguir o 'propósito superior' de criar uma

excelente organização que irá contribuir para

melhorar a vida das pessoas no continente

Africano", acrescentou Singh.

"Pessoalmente, ser seleccionado para

liderar o Secretariado Interino foi uma honra

e um privilégio1. É com absoluto orgulho

que reconheço que eu, com a minha equipa

dedicada, fiz parte de uma iniciativa que

trabalhou para desbloquear o verdadeiro

potencial humano e económico deste grande

continente", afirmou.

UM ROTEIRO ASSUSTADOR... MAS A VIAGEM VALEU A PENA.

1 The team comprised: Lincoln Marais, Bradley Ngcobo, Emelda Behr, Johan Fourie, Lebohang Leshoro, Pumla Moguerane, Santha Naiker-Singh, Theo Ruiters, Zebeda Mamaila and Fazila Malherbe.

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 24

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 25

A visão e a missão de uma organização

estão no centro da sua identidade e

informam a sua direcção estratégica

e os seus valores. A visão do ATAF, desde a sua

criação em 2009, tem sido a de promover a

mobilização de recursos internos para fomentar a

auto-suficiência e promover o desenvolvimento

socioeconómico dos países africanos, o que

resultará na melhoria dos padrões de vida dos

cidadãos no continente africano.

Embora a visão central tenha permanecido

constante, no decurso da jornada de 10 anos

do ATAF, o que a visão engloba evoluiu, assim

como a sua declaração de missão e mandato,

à medida que a organização amadureceu e o

âmbito do trabalho do ATAF se tornou mais

focado e mais amplo.

Mas a visão e a declaração de missão

permanecem meras palavras, a menos que

tenham um significado real para a liderança, o

pessoal e os membros e sejam vividas de acordo

com os valores da organização. Os testemunhos

abaixo mostram que para o ATAF este é o caso.

Para o Secretário Executivo do ATAF, Sr.

Logan Wort, a principal inspiração por detrás da

formação do ATAF foi a oportunidade de criar

uma organização de africanos para os africanos

trabalharem na construção de uma vida melhor

para os povos do continente, galvanizando os

recursos internos dos países africanos.

Embora a África seja o segundo maior

continente do mundo, o segundo mais populoso

e rico em minerais e outros recursos naturais,

o seu desenvolvimento socioeconómico é

inferior ao do resto do mundo e os seus 1,3 mil

milhões de habitantes estão entre os mais

pobres do planeta.

"Depois da crise financeira global de

2008, tornou-se claro que a ajuda oficial ao

desenvolvimento irá diminuir e que, para que

África possa progredir e controlar o nosso próprio

desenvolvimento, os países africanos devem

procurar cada vez mais mobilizar fontes internas

de financiamento, aumentando a cobrança de

receitas através de uma tributação mais eficaz.

Um factor crítico para alcançar isto foi melhorar

UMA VISÃO PARA CONSTRUIR UM CONTINENTE MELHOR

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 26

tanto a capacidade como as capacidades das

administrações fiscais africanas e isto informou

a formação do ATAF," disse o Sr. Wort.

Desde o início, houve uma apreciação de

que existia uma ligação positiva entre sistemas

fiscais melhorados, crescimento económico

e melhor governação. Isto reflecte-se na

declaração de missão de 2009: "O ATAF esforça-

se por proporcionar uma plataforma para

melhorar o desempenho da administração fiscal

em África. Uma melhor administração fiscal

melhorará o crescimento económico, aumentará

a responsabilização do Estado perante os seus

cidadãos e mobilizará de forma mais eficaz os

recursos internos.

Para a Sra. Mary Baine, que serviu no primeiro

Conselho do ATAF como a então Presidente da

Autoridade Tributária do Ruanda, esta ligação é

fundamental para o cumprimento da missão do

ATAF e fala do mandato do ATAF para promover o

papel da tributação na boa governação Africana

e na construção do Estado.

Na sua qualidade de Directora de Programas

Fiscais do ATAF desde 2016, a Sra. Baine tem visto

como a missão se desenvolveu para incorporar

outras facetas para além da capacitação

que também contribuem para melhorar o

desempenho das administrações tributárias.

O trabalho sobre a erosão da base tributária

e a transferência de lucros trouxe à tona a

necessidade de partilhar informação e rever os

tratados fiscais. O advento da economia digital

deu origem a um debate sobre se as regras

internacionais em matéria de tributação ainda

são adequadas à finalidade ou se necessitam

de uma revisão fundamental para enfrentar

os novos desafios que surgiram em questões

como, por exemplo, onde os lucros devem ser

tributados e como devem ser partilhados.

Isso se reflete na declaração de missão de 2019:

" O ATAF serve como uma rede africana que visa

melhorar os sistemas fiscais em África através de

intercâmbios, disseminação de conhecimentos,

desenvolvimento de capacidades e contribuição

activa para a agenda fiscal regional e global. A

melhoria dos sistemas fiscais irá aumentar a

responsabilização do Estado perante os seus

cidadãos, aumentar a mobilização de recursos

internos e, assim, promover o crescimento

económico inclusivo".

O grande desafio para as administrações

fiscais africanas é que, enquanto se esforçam

para enfrentar os desafios políticos e

administrativos para satisfazer a procura

de receitas internas, a agenda fiscal global

tornou-se mais complexa devido aos novos e

diferentes desafios colocados pela ascensão

da economia digital. A resposta a estes dois

desafios estará no cerne das perspectivas do

ATAF para além de 2019.

A Directora de Investigação do ATAF, Dra. Nara

Monkam, e o Sr. Thulani Shongwe, Gestor do ATAF

para a Mobilização de Recursos, ambos com o

ATAF durante a maior parte da sua existência,

descrevem o significado desta missão alargada

para eles.

"Os dados e a informação são recursos

chave para as administrações fiscais de hoje.

A análise eficaz dos dados pode resultar em

melhores escolhas políticas e também melhorar

a conformidade e a cobrança de receitas. Muito

cedo na existência do ATAF, reconhecemos

que a organização deve servir como um centro

de conhecimento para as administrações

fiscais africanas, promovendo a investigação e

propondo soluções que são relevantes para os

países do continente," disse a Dra. Monkam.

A Direcção de Investigação está

entusiasmada com o mandato do ATAF de

produzir e disseminar conhecimentos sobre

questões fiscais para informar a formulação de

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 27

políticas e legislação, promover a transparência

e a responsabilização e melhorar a cobrança

de receitas. O objectivo é que o ATAF sirva de

centro de excelência para os dados sobre as

receitas fiscais e aduaneiras em África.

"O nosso objectivo é desenvolver um

repositório africano de alta qualidade,

com conhecimentos científicos relevantes

sobre impostos que influenciem o discurso e

proporcionem uma liderança de pensamento

em torno da tributação no continente.

Outro objectivo importante é assegurar

que proporcionamos perspectivas de África

que possam ser adicionadas ao corpo de

conhecimento científico existente, uma vez

que tradicionalmente não tem sido este o caso",

acrescentou a Dra. Monkam.

Para o Sr. Shongwe, a missão alargada ilustra

que o ATAF está pronto para os próximos

10 anos. Isso mostra que a organização

cresceu e está pronta para assumir mais

responsabilidades pelo avanço da posição de

África na arena fiscal global.

"Além disso, o mandato alargado está bem

alinhado com outros objectivos africanos, como

a Agenda 2063 da União Africana, mostrando

que os africanos estão a começar a mover-se em

conjunto e a falar a uma só voz que tem em conta

as várias culturas e povos do continente. Por

último, o mandato alargado dá-me confiança de

que os nossos membros acreditam no trabalho

que o Secretariado realiza, e sou ainda mais

encorajado a dar o meu melhor contributo para

a implementação do mandato do ATAF.

"Como jovem africano e tendo visto a

organização expandir-se, acredito que o

momento é propício para que os países

africanos aproveitem o momento e melhorem

o nível de vida dos cidadãos. Considerando

que o nosso continente tem algumas das mais

impressionantes taxas de crescimento do PIB,

o trabalho que o ATAF tem dedicado à melhoria

dos sistemas fiscais é fundamental.

"Além disso, o ATAF deu voz aos países

africanos através do debate global, tanto na OCDE

como nas Nações Unidas. Estas intervenções

mostraram a excelência africana e foi-me dada

a oportunidade de dar voz à perspectiva africana

nos mais altos fóruns internacionais.

"O sucesso do ATAF em defender as

perspectivas africanas durante os debates

do BEPS, particularmente sobre os produtos

básicos, foi um marco e o primeiro do seu género

por uma organização africana da OCDE. Ele ilustra

que o ATAF atendeu ao apelo dos membros

para expressar suas posições africanas únicas",

acrescentou o Sr. Shongwe.

Por mais que o objectivo do ATAF seja tornar-

se auto-suficiente, foi reconhecido desde o

início que os parceiros de desenvolvimento e os

doadores desempenhariam um papel crucial no

estabelecimento e construção da organização.

O desenvolvimento de parcerias sólidas entre

países africanos, parceiros de desenvolvimento

e organizações da sociedade civil tem feito parte

do mandato do ATAF desde a sua criação.

O ATAF tem tido a sorte de ter uma série

de parceiros de desenvolvimento que têm

consistentemente fornecido apoio sob a forma

de financiamento, conhecimentos técnicos,

destacamento de especialistas e de muitas

outras formas que têm contribuído para o

sucesso do ATAF.

O Diretor de Planeamento Estratégico,

Parcerias, Monitoria e Avaliação do ATAF, Sr.

Raphael Kamoto, refletiu sobre a importância

destas relações.

"O ATAF conseguiu construir relações sólidas

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 28

com todos os nossos doadores e parceiros de desenvolvimento ao longo

dos dez anos da nossa existência. Uma característica chave destas

relações tem sido a compreensão mútua e a confiança que construímos

com os nossos parceiros, o que criou o espaço para o ATAF dar prioridade

ao trabalho que melhor responde às necessidades dos nossos membros,"

disse o Sr. Kamoto.

Na busca da realização da sua visão e missão, o ATAF manteve-se fiel

aos seus valores de tratar todos os membros como iguais e com cortesia,

promovendo o respeito mútuo, agindo com integridade e esforçando-se por

representar a diversidade dos seus membros numa estrutura que promove

a inclusão.

A primeira “aula magistral” para os directores das administrações tributárias africanas e celebrações do aniversária de 10 anos do ATAF

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 29

A estabilidade e o espírito colegial da

sua liderança têm sido um ingrediente

chave na capacidade do ATAF de

executar a visão estratégica e a missão da

organização e têm sido um factor crucial para

o sucesso do ATAF.

Dos países que desempenharam um papel

fundamental na criação do ATAF, a África do

Sul, Ruanda, Nigéria, Uganda, permaneceram

intimamente envolvidos na organização e

serviram em cada um dos cinco Conselhos de

administração do ATAF eleitos na última década.

Isto proporcionou continuidade e a capacidade

de avançar à medida que o Conselho fornece

orientação estratégica e supervisiona o trabalho

do Secretariado do ATAF.

Embora a continuidade e a memória

institucional tenham sido importantes, isto tem

sido compensado pela infusão constante de

novos membros no Conselho do ATAF. Quinze4

outros países têm servido no Conselho do ATAF

até à data. A eleição de países que representam

a diversidade dos membros do ATAF tem um

impacto revigorante, promove a inclusão e

assegura que o trabalho do ATAF recebe apoio

de alto nível em todas as regiões do continente.

This was further boosted when, at the meeting

of the 2nd General Assembly, o mais alto órgão de

decisão da organização, os membros votaram

para criar o cargo de vice-presidente do Conselho

do ATAF para apoiar a presidência e partilhar a

carga de trabalho. Até à data, este cargo tem

sido ocupado pelo Sr. Amadou Ba, do Senegal, e

actualmente pelo Sr. Sudhamo Lal, das Maurícias.

Dado o papel crucial desempenhado pelo

SARS na criação do ATAF, na incubação da jovem

organização e no acolhimento do Secretariado

Interino, foi para benefício do ATAF que o

Presidente do primeiro e segundo Conselho

do ATAF foi o Presidente do SARS, Sr. Oupa

Magashula.

Esta relação foi particularmente importante

porque a África do Sul foi escolhida como país

anfitrião do Secretariado permanente do ATAF,

e a jovem organização contou fortemente com

o apoio da SRA nos seus primeiros dez anos,

especialmente nos primeiros dois terços da

década. Através do acordo com o país anfitrião,

a África do Sul prestou um apoio financeiro e

organizacional substancial ao ATAF, contribuindo

igualmente em termos de destacamento de

pessoal. Em reconhecimento desta imensa

contribuição, a terceira Assembleia Geral do

ATAF em 2014 votou pela atribuição à África do

Sul de um lugar permanente no Conselho de

Administração do ATAF.

O Sr. Magashula foi substituído pelo Sr.

Gershem Pasi, Presidente da Autoridade

4 Até à data, os seguintes 19 países serviram no Conselho de Administração do ATAF: 1: Angola, Botsuana, Burundi, Chade, Eswatini, Gabão, Gana, Quénia, Libéria, Maurícias, Marrocos, Nigéria, Ruanda, Senegal, África do Sul, Tanzânia, Togo, Uganda e Zimbábue.

LIDERANÇA FORTE E MEMBROS ENGAJADOS ESTABELECEM UMA BASE SÓLIDA

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 30

Tributária do Zimbabué, como Presidente do

Conselho do ATAF em 2014 e pelo seu atual

Presidente, Sr. Tunde Fowler, da Nigéria, em 2016.

O Sr. Fowler e o vice-presidente Sr. Sudhamo Lal

estão ambos a cumprir o seu segundo mandato

como líderes do Conselho de Administração do

ATAF.

O Conselho do ATAF reúne-se pelo menos duas

vezes por ano, tal como os seus três Comités que

tratam das seguintes matérias, respectivamente:

Boa Governação e Desenvolvimento

Organizacional;

Finanças e Auditoria; e

Capacitação, Investigação ez

Desenvolvimento e Assistência Técnica.

Os Comités são os fóruns de trabalho do

Conselho do ATAF e fornecem orientação e

contributos estratégicos ao Secretariado do

ATAF sobre as respectivas pastas. Eles informam

o Conselho do ATAF sobre os progressos

alcançados nas reuniões semestrais do Conselho

do ATAF.

Refletindo sobre seus dois mandatos

como presidente do Conselho do ATAF, o

Sr. Fowler disse que uma base institucional

sólida havia sido estabelecida nos últimos

10 anos, sobre a qual agora era possível

construir muitos outros andares.

As relações de trabalho francas e calorosas

entre os membros do Conselho e o Secretariado

foram fundamentais para o sucesso da

organização. "É de suma importância que as

relações sejam baseadas no respeito mútuo e na

confiança. O propósito comum e o conhecimento

de que todos nós estamos lutando pela melhoria

do nosso continente tem servido para concentrar

todas as mentes na tarefa em mãos", disse ele.

Ele elogiou o empenho demonstrado pelos

membros do ATAF e exortou-os a manter a

organização próxima e a ter um interesse activo

no trabalho que a organização faz. Há muito

a ganhar com isso, disse ele, pois ele pode

testemunhar como presidente da Administração

Tributária da Nigéria. Ele também incentivou os

membros a promoverem laços mais estreitos

entre si.

"O ATAF pertence aos seus membros, eles são

a base sobre a qual a organização é construída.

O Conselho e o Secretariado estão aqui para

servir os interesses dos membros. Embora

o nosso papel seja o de fornecer liderança e

orientação, posso dizer com segurança que

ouvimos os nossos membros e tomamos a

nossa deixa deles".

Estabilidade e continuidade também foram

fornecidas pelo Secretário Executivo do ATAF,

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 31

Sr. Logan Wort, que tem sido o fio condutor da

primeira década do ATAF. Ele não só desempenhou

um papel fundamental na criação do ATAF como

chefe da equipa técnica, como também tem sido

o pilar do Secretariado do ATAF desde o início da

organização, servindo numa posição activa até

ser nomeado Secretário Executivo do ATAF em

Setembro de 2012. Como chefe executivo, o Sr.

Wort tem liderado da frente e tem trabalhado

incansavelmente para promover a organização no

continente africano e em fóruns internacionais.

O seu carisma e as suas capacidades de

comunicação desempenharam um papel

importante na promoção do perfil do ATAF entre

todas as partes interessadas.

Ele liderou um pequeno e ágil Secretariado,

composto por uma equipa de funcionários

dedicados, altamente motivados, inovadores

e com um compromisso progressivo com a

transformação africana. Isto significa que o

Secretariado tem sido suficientemente flexível

para responder às necessidades evolutivas dos

países membros e para enfrentar os desafios da

mudança da arena fiscal internacional.

O pessoal do Secretariado reconhece

prontamente as capacidades de liderança do Sr.

Wort. "Uma das principais razões para o sucesso

do ATAF pode ser atribuída à visão do Secretário

Executivo e à sua capacidade de fortalecer

os indivíduos e desenvolver o seu potencial,

capacitando assim os directores e o pessoal.

Ele também é muito bom na construção de

relacionamentos, particularmente com nossos

membros e partes interessadas externas", disse

Sra. Leila Kituyi, Gestora de Boa Governação

Jurídica e Corporativa do ATAF.

Isto é corroborado pelo Sr. Lee Corrick, consultor

técnico do ATAF para a tributação transfronteiriça:

"A liderança tem contribuído maciçamente em

seu papel de vanguarda no desenvolvimento da

marca ATAF", disse ele.

Uma das conquistas mais importantes da

liderança do ATAF foi a confiança acumulada

entre os países membros do ATAF, que resultou

na adesão dos presidentes das administrações

tributárias membros e na vontade de cumprir suas

obrigações financeiras como membros, anfitriões

e participantes das iniciativas e eventos do ATAF.

Isto contribuiu significativamente para o sucesso

da organização.

O número de membros do ATAF aumentou

de 25 em 2009 para 38 em 2019. A organização

tem membros em todas as regiões do continente,

representando 70% dos países do continente

como membros. Sua ambição é reivindicar todos

os países de África como membros e, no futuro,

ela se empenhará ativamente para recrutar os

países não-membros, muitos dos quais estão no

norte da África.

A confiança é construída sobre o facto de que

o ATAF se envolveu activamente com os seus

membros, proporcionou benefícios tangíveis

aos seus membros e conseguiu manter a sua

independência como entidade. "Graças a esta

confiança, o ATAF tem sido capaz de criar e definir

o seu próprio espaço em questões fiscais no

continente, apesar de ser jovem e pequena e de

competir com actores mais experientes como o

FMI e o Banco Mundial", disse Maurice Ochieng,

um antigo funcionário da Autoridade Tributária do

Quénia que é assessor do GIZ.

O Conselho do ATAF e o Secretariado têm sido

muito claros - a organização existe para servir os

seus membros e não vice-versa. Como o Sr. Corrick

expressou: " O ATAF é um prestador de serviços

para melhorar os regimes fiscais em África. É

a principal fonte de apoio às administrações

tributárias porque compreende os seus membros.

Este serviço assenta e permite um impacto no

trabalho político e no envolvimento global. Os

seus membros conferem legitimidade, tal como

o seu historial, e a sua compreensão geral dos

desafios que África enfrenta, e a necessidade de

soluções africanas.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 32

O sucesso do ATAF é a história de parcerias

de sucesso baseadas no respeito mútuo

e no trabalho em prol de um objectivo

comum. Isto é especialmente verdade em relação

às fortes relações que o ATAF estabeleceu com

os seus parceiros de desenvolvimento, doadores

e sociedade civil durante os 10 anos da sua

existência.

Os tremores da crise econômica global

de 2008 trouxeram à tona a necessidade de

encontrar novas alavancas para promover

o desenvolvimento socioeconômico nas

economias em desenvolvimento do mundo.

"Felizmente, a criação do ATAF coincidiu

com um novo pensamento sobre a tributação

nas agências de desenvolvimento, que tirou o

imposto do seu nicho técnico para preocupações

mais amplas de governação, construção do

Estado e como um antídoto para a dependência

da ajuda, disse o Sr. Ben Dickinson, chefe da

Divisão de Relações Globais e Desenvolvimento

do Centro de Política e Administração Tributária

(CTPA) da OCDE.

Na OCDE, foi formado o primeiro grupo de

trabalho da agência de desenvolvimento, cuja

principal realização foi definir a importância da

tributação como uma preocupação fundamental

do desenvolvimento, para atrair a atenção dos

seniores que veriam a tributação no contexto de

um desafio de financiamento estratégico para

o desenvolvimento. Foi desenvolvido trabalho

para analisar como e por que razão foi concedido

tão pouco apoio financiado pela ajuda à

administração tributária e à política fiscal nos

países em desenvolvimento.

"Quando o ATAF foi lançado em 2009, o

pensamento das agências doadoras estava a

mudar. A necessidade de um organismo africano

para reforçar a capacidade do continente

para mobilizar recursos internos e fornecer

uma plataforma para as vozes africanas nas

discussões fiscais internacionais em rápido

movimento tornou-se convincente", disse o Sr.

Dickinson.

Quando ficou claro que o ATAF precisaria de

recursos significativos, uma rede de doadores

pronta para ajudar estava pronta, e o financia-

mento para apoiar a nova organização podia ser

mobilizado muito rapidamente. "Havia inevitáveis

problemas iniciais e, após intensas negociações,

cinco agências doadoras agiram colectivamente

e se reuniram em torno do ATAF, reunindo seus

fundos para apoiar esta nova e excitante iniciati-

va", acrescentou ele.

Esta foi uma conquista significativa e

contribuiu para tornar o ATAF uma realidade,

fornecendo o financiamento para o lançamento

da organização e os eventos técnicos iniciais e

o programa de trabalho. Este agrupamento de

fundos também deu ao ATAF a flexibilidade e

independência para determinar as suas próprias

prioridades e realizar o seu programa de trabalho

em resposta às necessidades dos seus membros.

Os doadores que contribuíram para o fundo

comum que apoiou os planos de trabalho do ATAF,

incluindo a sua assistência técnica, programas de

desenvolvimento de capacidades e actividades

de investigação, durante o período de 10 anos são:

Secretaria de Estado dos Assuntos Económicos

da Suíça (SECO), Departamento para o

Desenvolvimento Internacional (DFID), Ministério

dos Negócios Estrangeiros da Irlanda (Irish Aid),

Ministério dos Assuntos Europeus e Cooperação

Internacional dos Países Baixos, Agência

Norueguesa de Cooperação e Desenvolvimento

(NORAD), Dinamarca (Danida), Finlândia e Agência

Austríaca de Desenvolvimento.

Além disso, o ATAF beneficia do apoio de

PARCERIAS ESTABELECEM UMA PLATAFORMA PARA O PROGRESSO

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 33

doadores que contribuem com financiamento e

apoio técnico ou institucional para actividades ou

projectos específicos. Por exemplo, em linha com

o alargamento do seu foco estratégico, o ATAF

expandiu o seu trabalho para promover a ligação

entre a administração tributária e a política

fiscal numa tela mais ampla para desenvolver e

reforçar a construção do Estado no continente,

no interesse de todos os seus cidadãos. Este

trabalho é especificamente apoiado pelo Banco

Africano de Desenvolvimento, que também

apoia o trabalho de advocacia da organização e

o seu trabalho em tópicos específicos como a

educação dos contribuintes e o sector informal.

O BMZ (Ministério Federal Alemão de

Cooperação Económica e Desenvolvimento -

através do GIZ), tem como foco a prestação de

apoio técnico e institucional ao ATAF na forma de

materiais e equipamentos e o financiamento das

suas actividades de planeamento estratégico.

Juntamente com os financiadores conjuntos do

ATAF, também apoiou programas específicos,

tais como o Intercâmbio de Informações

e a Prospectiva Fiscal Africana [African Tax

Outlook], através do destacamento de técnicos

especializados e do Mestrado Executivo em

Tributação.

O ATAF também tem uma série de doadores

privados valiosos. Uma subvenção da Open So-

ciety Initiative for West Africa (OSIWA) fornece

assistência técnica e financiamento do trabalho

da African Tax Researchers Network (ATRN), en-

quanto a William and Flora Hewlett Foundation

apoia a promoção da voz e posição de África nos

debates sobre tributação internacional.

Um elemento chave nesta série bem-suce-

dida de parcerias entre o ATAF e os seus par-

ceiros de desenvolvimento é o facto de estas

relações não serem simplesmente uma relação

de financiamento.

"Desde o início que o ATAF pôde aproveitar a

experiência dos seus parceiros, como a OCDE e

o GIZ. Isto ajudou o ATAF a definir a direcção do

seu trabalho, forneceu aconselhamento técnico

e conhecimentos especializados para melhorar

as capacidades e apoiou os esforços do ATAF

para ser ouvida no palco global. Os parceiros

também construíram o trabalho de pesquisa e

assistência técnica do ATAF nos seus próprios

programas bilaterais ou multilaterais," comentou

o Sr. Richard Parry que tem um envolvimento de

longa data com o ATAF que começou quando ele

estava com a CTPA.

O ATAF também tem cultivado relações e

parcerias com organismos regionais e globais e

uma vasta gama de organizações da sociedade

civil com as quais pode trabalhar em concertação

sobre questões de interesse mútuo e relevância

para as administrações tributárias africanas.

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Comecei a trabalhar com o ATAF

em 2009, pouco antes do lança-

mento oficial em Kampala, e fui

imediatamente inspirada pelo im-

pulso e dedicação por detrás des-

ta iniciativa, tanto no Secretariado

como em todo o continente, nas

suas administrações membros.

De 2011 a 2015, estive baseada em Pretória, nos escritóri-

os do ATAF, onde coordenei o apoio do GIZ para o esta-

belecimento do ATAF como uma organização internacional

independente, com a sua própria função de investigação,

programa de capacitação e unidade de assistência técnica.

Durante este tempo, vi o ATAF crescer de um pequeno e

lotado escritório de apoio no SARS para uma organização

africana totalmente funcional e bem estabelecida que dá

valor às administrações tributárias africanas e traz uma voz

africana para o debate fiscal internacional.

Hoje, o ATAF tornou-se uma parte integrante e impor-

tante do panorama fiscal. Pessoalmente, sinto-me orgul-

hosa e honrada por ter feito parte desta iniciativa durante

um curto período de tempo, e grata por ter tido a oportuni-

dade de trabalhar com o Secretariado do ATAF e as admin-

istrações membros do ATAF. - Christiane Schuppert, Con-

selheira Sénior do GIZ

O DINAMISMO E A DEDICAÇÃO INSPIRARAM-ME

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 34

Estes incluem o Parlamento Pan-Africano,

a Comissão Económica das Nações Unidas

para África, o Painel de Alto Nível sobre Fluxos

Financeiros Ilícitos, o Consórcio sobre Fluxos

Financeiros Ilícitos, bem como a Iniciativa

Colaborativa de Reforma Orçamental em

África que trabalha com os ministérios

das finanças e do orçamento africanos

no desenvolvimento e implementação

de reformas que conduzam a sistemas

de gestão das finanças públicas mais

funcionais. Os parceiros da sociedade civil

incluem, entre outros, a Trust Africa, a Oxfam

e a Tax Justice Network Africa, que assinaram

um memorando de entendimento com o

ATAF em Julho de 2019.

A organização também promoveu

relações de cooperação com o Fórum

Mundial sobre Transparência e Intercâmbio

de Informações, o FMI e os seus Centros

de Assistência Técnica para as várias

regiões africanas (AFRITAC), a OCDE e

o Grupo do Banco Mundial e assinou

Memorandos de Entendimento com

estes dois últimos organismos, reforçando

assim a colaboração.

O Sr. Raphael Kamoto, Director de

Parcerias Estratégicas, Planeamento,

Monitoria e Avaliação da ATAF, disse que o

ATAF valorizou o apoio consistente recebido

dos parceiros de desenvolvimento.

"Muitos dos nossos parceiros de

desenvolvimento têm estado connosco

desde o início da nossa jornada, viajando

em direcção aos nossos objectivos

comuns, fornecendo aconselhamento,

assistência técnica e recursos para

executar os programas do ATAF e fazer

avançar o seu trabalho. O ATAF gere

estas relações através de conferências

consultivas de doadores e na Assembleia

Geral do ATAF ou na Conferência

Internacional sobre Tributação em África,

que se realizam todos os anos.

"As relações bem-sucedidas e es-

táveis entre o ATAF e os seus parceiros

dentro e fora do continente têm sido

uma chave para o sucesso prático do

ATAF", explicou ele.

"Graças ao seu apoio substancial,

o ATAF tornou-se a plataforma para

as administrações fiscais africanas

articularem as suas prioridades,

desenvolverem e partilharem as melhores

práticas na região e mais além, e

desenvolverem capacidades na política

e administração tributária africana",

acrescentou ele.

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Durante os primeiros dez anos da vida do

ATAF, muita coisa mudou na cooperação fiscal

global. Em 2009, não podíamos ter previsto

como a tributação se tornaria tão central

para o desenvolvimento, para a realização dos

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

e, agora, dos Objectivos de Desenvolvimento

Sustentável, e que a agenda da transparência

tributária teria transformado a paisagem fiscal

internacional. Há dez anos, quando o ATAF

entrou neste cenário, a agenda fiscal e de

desenvolvimento era embrionária e ainda não

tinha sido integrada no pensamento, programas

e orçamentos do desenvolvimento.

Desde então, tornou-se claro que as difer-

entes comunidades políticas têm de trabalhar

em conjunto na área da tributação e do desen-

volvimento. Nos países doadores da OCDE,

funcionários de agências de desenvolvimento,

administrações tributárias e ministérios das fi-

nanças começaram a colaborar e a ver um inter-

esse comum em que os países em desenvolvi-

mento pudessem participar efectivamente nas

questões fiscais globais.

Esta abordagem ajudou o ATAF a formar o

seu programa de trabalho inicial. O dinheiro era

importante, mas também eram necessários

conhecimentos técnicos especializados. O

acesso à experiência dos funcionários fiscais

dos membros da OCDE e não só ajudaria o

ATAF a desenvolver os conhecimentos e as

competências dos administradores tributários

do continente, através de cursos de formação

do ATAF e outros trabalhos de capacitação.

De igual importância, quando o projecto BEPS

estava em negociação em 2013, o ATAF estava

totalmente integrado em todas as negociações

tributárias internacionais e começou a desem-

penhar um papel fundamental na representação

das opiniões e vozes africanas sobre as normas

fiscais internacionais. Esse papel foi firmemente

estabelecido à medida que a comunidade fiscal

global se lança na complexa tarefa de abordar a

tributação da economia digitalizada em 2019.

Refletindo sobre os últimos dez anos, a OCDE

orgulha-se de ter facilitado o lançamento e o

crescimento de um dos nossos parceiros mais

próximos e de maior confiança e está pronta a

oferecer todo o apoio à medida que o ATAF se

lança nos próximos dez anos.

Ben Dickinson

Chefe da Divisão de Relações Globais e

Desenvolvimento

CTPA, OECD

A TRIBUTAÇÃO PASSOU A SER UMA PARTE CENTRAL DA AGENDA DO DESENVOLVIMENTO

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 35

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 36

A DECADA DE APOIO DOS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO DO ATAF

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O Director Geral do Senegal, Sr. Amadou Ba (à esquerda), Ministro e Presidente cessante do ATAF, Oupa Ma-gashula, dirige-se aos média, 2ª Assembleia Geral do ATAF, Setembro de 2012

Ivan Pillay, Presidente Interino do SARS e o Secretário Ex-ecutivo do ATAF, Memorando de Cooperação, 3ª Assembleia Geral do ATAF, Setembro de 2014

Membros do Grupo de Coordenação, Equipa Técnica e Secretariado Interino, Agosto de 2009Ministro das Finanças da África do Sul Sr. Trevor Manuel e Presidente do SARS, Sr. Pravin Gordhan, 2008

Sr. Segolo Lekau (esquerda e Sr. Lincoln Mara-is, membros da equipa técnica, 2010.

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Membros e pessoal do Conselho Interino do ATAF, 1ª Assembleia Geral do ATAF, Ilhas Maurícias, Julho de 2011. O Conselho do ATAF eleito na 3ª Assembleia Geral do ATAF, Dar es Salaam, Setembro de 2014

Membros do Conselho do ATAF, Pretória, Abril de 2019Sr. Donald Kaberuka, Presidente, Banco Africano de Desenvolvimento, 2008

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 39

REFORÇAR AS CAPACIDADES PARA IMPULSIONAR AMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS INTERNOS

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 40

MARCOS NA CONSTRUÇÃO DE ADMINISTRAÇÕES FISCAIS EFICAZES EM ÁFRICA2009

Julho – Como parte do processo de desenvolvi-

mento da ATAF, e para demonstrar a sua propos-

ta de valor aos potenciais membros, um work-

shop sobre preços de transferência é organizado

pela Autoridade Tributária da Uganda. Será fa-

cilitado pela OCDE. Vinte e oito delegados de 14

países africanos participam do workshop. Seg-

ue-se um workshop sobre a tributação dos min-

erais, petróleo e gás em Outubro, um mês antes

do lançamento oficial da ATAF.

2010Fevereiro - O primeiro dos três eventos de ca-

pacitação da ATAF sobre Preçosde Transferência

para o ano tem lugar no Egipto, em colaboração

com a OCDE e a Autoridade Tributária egípcia. Os

outros dois eventos têm lugar no Malawi, em Se-

tembro, e na Nigéria, em Novembro.

A ATAF realiza um total de nove eventos

técnicos no ano, abrangendo uma série de

tópicos: Negociação de tratados fiscais,

gestão de riscos e serviços aos contribuintes,

organização e gestão das administrações fiscais,

auditoria das PME e das empresas multinacionais

e intercâmbio de informações.

2011Abril – São criados três grupos de trabalho para

abordar questões de interesse específico para

as administrações fiscais africanas. Os grupos

de trabalho centram-se nos preços de trans-

ferência, na fiscalidade indirecta e na troca de

informações e nos tratados fiscais. Os grupos

de trabalho sobre "Preços de Transferência" e

"Intercâmbio de Informações e Tratados Fiscais"

realizam suas reuniões inaugurais na Secretaria

Interina em Pretória.

2012Julho – Vinte e dois países membros reúnem-se

em Pretória, África do Sul, para considerar e con-

cordar com o texto do Acordo ATAF sobre As-

sistência Mútua em Matéria Fiscal (AMATM). O

acordo prevê que as partes se ajudem mutua-

mente em relação à troca de informações fiscais,

à realização de exames conjuntos e à cobrança

de impostos. O acordo é o primeiro do género

em África e visa promover laços de cooperação,

auto-suficiência e interdependência entre os

países africanos.

Novembro – Realiza-se em Pretória, África do

Sul, a primeira Conferência dos Correspondentes

Nacionais. Os países membros, através dos seus

representantes, recebem informações sobre o

funcionamento do Secretariado da ATAF e sobre

o seu novo website e o portal dos membros, con-

cebido para melhorar as interacções em linha

entre o Secretariado e os membros.

2013Abril - A ATAF lança a Auditoria Fiscal, um pro-

grama de formação online sobre auditoria e in-

vestigação, que decorre de 15 de Abril a 15 de

Julho. É oferecido em versão francesa e inglesa

e completado com sucesso por 72 participantes

de 16 países membros.

Julho – Solicita-se à ATAF que se junte ao

recém-criado Grupo Técnico Consultivo, cria-

do para apoiar o desenvolvimento técnico e

o funcionamento em curso da Ferramenta de

Avaliação do Diagnóstico da Administração Fis-

cal (TADAT) do FMI. O grupo é composto pelas

três principais organizações internacionais de

administração fiscal (ATAF, CIAT e IOTA) e pelas

administrações fiscais dos países que integram

o Grupo Director Internacional.

Setembro – Realiza-se na Victoria Falls, Zimba-

bué, a 1ª Conferência Internacional da ATAF sobre

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 41

Fiscalidade em África (ICTA). A conferência cen-

tra-se nas Perspectivas e Desafios dos Países

Africanos na Tributação dos Recursos Naturais e

nas Indústrias Extractivas.

2014Março - A ATAF realiza uma conferência consulti-

va sobre as Novas Regras da Agenda Fiscal Glob-

al em Pretória, África do Sul. O advento do pro-

jecto do G20 e da OCDE sobre Erosão da Base

e Transferência de Lucros (BEPS) e o possível

desenvolvimento de novas regras fiscais interna-

cionais exigiram uma consulta em toda a África

sobre o seu impacto na política e administração

fiscal africana.

Junho – O Grupo de Trabalho sobre Preços de

Transferência é incorporado no Comité Técnico

de Fiscalidade Transfronteiriça que é estabeleci-

do para desenvolver uma abordagem continental

ao Plano de Acção BEPS, para influenciar os pro-

cessos de estabelecimento de padrões globais e

para considerar os factores que contribuem para

a erosão da base em África.

2015Janeiro - A convite do Centre for Tax Policy and

Development, a ATAF torna-se observadora no

Comité dos Assuntos Fiscais da OCDE, que está

no centro dos trabalhos do projecto BEPS.

Outubro – Realiza-se em Lomé, Togo, a se-

gunda Conferência Internacional da ATAF sobre

Questões Fiscais em África (ICTA). A conferência

centra-se em questões relacionadas com o cum-

primento das obrigações fiscais e a limitação

dos fluxos financeiros ilícitos. Os Prémios de In-

ovação ATAF inaugural são apresentados duran-

te a ICTA. Os vencedores da inauguração são:

O Quênia na categoria de iniciativas de clien-

tes para sua plataforma de pagamento móvel

voltada para consultas e pagamento de impos-

tos, ideal para as pequenas e microempresas.

o Uganda na categoria de iniciativas de pes-

soal para um programa de desenvolvimento de

liderança conduzido internamente.

o As Maurícias na categoria de iniciativas de

receitas para uma lotaria de retalho do IVA des-

tinada a assegurar o cumprimento através do

"policiamento" do contribuinte.

2016Abril – O Acordo Modelo da ATAF para Evitar a

Dupla Tributação (DTA) e a Prevenção da Evasão

Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendi-

mento é aprovado pelos membros na conclusão

de uma segunda reunião consultiva realizada em

Pretória, África do Sul. O modelo de acordo abor-

da as preocupações africanas em matéria de

dupla tributação e pode ser utilizado como base

para futuras negociações pelos países membros.

Junho – A ATAF organiza a Primeira Reunião Con-

sultiva das Autoridades Competentes da ATAF

em Acra, Gana.

2017Junho – A ATAF realiza discussões centradas na

articulação de estratégias de mobilização de re-

ceitas a médio prazo na Libéria, procurando au-

mentar o seu trabalho de assessoria política no

continente. Isto é seguido por discussões semel-

hantes no Uganda, em Julho.

Julho – O primeiro Diálogo de Alto Nível sobre

Política e Administração Fiscal da ATAF, organi-

zado pelo Uganda, centra-se na melhor forma

de estabelecer o nexo entre estes dois com-

ponentes críticos para uma mobilização eficaz

das receitas.

Setembro - A 3ª Conferência Internacional da

ATAF sobre Fiscalidade em África reúne-se em

Abuja, Nigéria, para discutir formas de construir

regimes fiscais internos fortes em África. É dada

especial atenção ao papel do imposto sobre o

rendimento das pessoas singulares, do imposto

sobre o rendimento das sociedades e do impos-

to sobre o valor acrescentado na mobilização de

recursos internos.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 42

Outubro – É criada um Comité Técnico do In-

tercâmbio de Informações. Os chefes dos ga-

binetes de intercâmbio de informações de seis

países membros reúnem-se em Pretória, África

do Sul, sob a orientação do Secretariado da ATAF.

Outubro - Um programa de desenvolvimento

de competências sobre fluxos financeiros ilíci-

tos (FFI) chamado Diálogo com Parlamentares

Africanos, é realizado em Nairobi, Quênia. O pro-

grama, em parceria com o Consórcio da UA, visa

capacitar os participantes para lidarem com os

fluxos financeiros ilícitos provenientes de África.

Outros membros do consórcio são a Fundação

Africana de Fortalecimento de Capacidades

(African Capacity Building Foundation, ACBF),

a Rede de Justiça Fiscal em África (TJNA) e a

Comissão Económica das Nações Unidas para a

África (UNECA).

Novembro – No decurso de 2017, a ATAF publica

quatro documentos fundamentais sobre preços

de transferência para ajudar a colmatar lacunas

na legislação fiscal nacional na luta contra os

fluxos financeiros ilícitos. Dois dos documentos

recomendam abordagens sugeridas para a elab-

oração de legislação em matéria de preços de

transferência e de dedutibilidade dos juros, re-

spectivamente. Os outros dois documentos são

a ferramenta da ATAF e do Grupo do Banco Mun-

dial para avaliação de risco e Preços de trans-

ferênciae o conjunto de ferramentas desen-

volvido pela ATAF/GIZ sobre avaliação de riscos

relativos aos preços de transferência na indústria

mineira africana.

2018Março – A ATAF organiza o seu primeiro work-

shop de envolvimento dos media em Joanes-

burgo, África do Sul. O workshop contou com a

participação de 68 funcionários fiscais das ad-

ministrações membros e profissionais da co-

municação social, representando mais de 20

empresas de comunicação social de diferentes

partes do continente.

Maio – A ATAF desempenha um papel fundamen-

tal na criação da Rede de Organizações Fiscais

(NTO). O membro do Conselho da ATAF, Audace

Niyonzima, Comissário Geral do Bureau Burun-

dais des Recettes (Autoridade Tributária do Bu-

rundi), assina o Memorando de Entendimento do

NTO à margem da Assembleia Geral do CIAT em

Ottawa, Canadá.

Julho – A União Africana reconhece o trabalho da

ATAF na luta contra os fluxos financeiros ilícitos

na sua declaração na sequência da reunião dos

Chefes de Estado em Nouakchott, Mauritânia. A

UA reconhece agora a organização como o or-

ganismo líder em África em matéria fiscal.

2019Fevereiro - Na sequência de uma primeira nota

técnica em Dezembro de 2018, a ATAF publica

uma segunda e terceira nota técnica em respos-

ta às propostas do Quadro Inclusivo constantes

do Documento de Consulta Pública intitulado

"Enfrentar os Desafios Fiscais da Digitalização

da Economia", que poderá fazer parte de uma

solução consensual global de longo prazo para

os desafios fiscais mais amplos decorrentes

da digitalização da economia e das restantes

questões do BEPS.

Julho – O ATAF assina um Memorando de En-

tendimento com a Tax Justice Network Africa na

Conferência de Alto Nível do Diálogo sobre Políti-

ca Fiscal realizada em Victoria Falls, Zimbábue.

O Memorando de Entendimento visa reforçar

a colaboração entre as duas organizações em

matéria tributária, no interesse da promoção de

uma tributação justa e do aumento do cumpri-

mento das obrigações fiscais em África.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 43

Outubro - O ATAF assina um Memorando de Entendimento com o Grupo

do Banco Mundial com o objectivo de formalizar a cooperação para a pro-

moção de sistemas tributários justos e eficientes em África. As duas orga-

nizações concordam em partilhar conhecimentos e partilhar os seus con-

hecimentos e recursos para, em conjunto, prestarem assistência técnica e

desenvolverem capacidades em toda a África.

Novembro – O ATAF regressa a Kampala, no Uganda, quando atinge o marco

importante do seu 10º aniversário.

Isto coincide com a 4ª Conferência Internacional sobre Tributação em

África. O tema da conferência é Inovação - Digitalização e aproveitamento

da tecnologia para melhorar os sistemas tributários.

O destaque do evento são as comemorações do 10º aniversário que cul-

minam com uma gala e um jantar de premiação.

Participantes, 1º Seminário de Envolvimento dos Media e Formação, Joanesburgo 20188ª Reunião de Correspondentes dos Países, Cidade do Cabo, Janeiro de 2019

Sr. Alvin Mosioma, Director Executivo da Rede de Justiça Fiscal em África (à esquerda) e Secretário Executivo da ATAF Sr. Logan Wort assinam Memorando de Cooperação, Julho de 2019.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 44

DE WORKSHOPS DE FORMAÇÃO A PROGRAMAS NACIONAIS... A EVOLUÇÃO DE UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA DO REFORÇO DAS CAPACIDADES

O desenvolvimento da capacidade das

administrações fiscais africanas para

cobrar efectivamente os impostos

tem sido sempre a principal função da ATAF.

Mesmo antes de a ATAF ter sido formalmente

criada, já tinha realizado uma série de acções de

formação. Embora a ATAF continue empenhada

em oferecer formação de alta qualidade aos seus

membros, ao longo dos dez anos de existência

da organização, a sua abordagem evoluiu para

abranger uma gama mais vasta de iniciativas

de capacitação que, em conjunto, fornecem um

apoio mais holístico aos membros e promovem

a sustentabilidade e a especialização no seio das

administrações e no continente.

A abordagem inicial de tentar aumentar a

capacidade e a capacidade das administrações

fiscais no continente através da formação

de funcionários fiscais revelou-se demasiado

estreita. Tornou-se evidente que era necessária

uma maior concentração para aumentar a

eficácia das administrações e dos sistemas

fiscais.

A mobilização eficaz dos recursos internos

exigiu não só uma melhoria das qualificações

dos funcionários, mas também mudanças

mais sistémicas, incluindo a modernização

das administrações fiscais, com as melhorias

concomitantes na estratégia, processos,

sistemas e legislação. A ATAF também percebeu

que não podia oferecer um programa de

capacitação de "tamanho único para todos",

uma vez que as administrações fiscais membros

estavam em vários estágios de desenvolvimento

e tinham prioridades e necessidades diferentes.

Por conseguinte, a organização complementou

os workshops de capacitação e os eventos de

formação com uma série de iniciativas. No início

de 2011, a ATAF criou três grupos de trabalho

para se concentrarem nas áreas identificadas

pelos membros como prioridades-chave. Trata-

se dos preços de transferência, da fiscalidade

indirecta (IVA) e do intercâmbio de informações

e convenções fiscais. Nos anos seguintes, estes

grupos de trabalho evoluíram para o Comité

Técnico de Fiscalidade Transfronteiriça, o Comité

Técnico do IVA e o Comité Técnico de Intercâmbio

de Informações. Esses comités proporcionam

liderança de pensamento e oferecem apoio

técnico e assessoramento aos membros em

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Mathew Olusanya Gbonjubola, director do

Departamento

de Impostos

Internacionais

do Serviço

Federal de

Receitas Federais

da Nigéria, está bem colocado para discutir

o impacto dos programas de assistência

técnica do ATAF, devido às muitas facetas

das suas interacções com o ATAF.

O Sr. Gbonjubola foi membro do Comité

Técnico da Tributação Transfronteiriça

desde a sua criação em 2015 e substituiu

o Sr. James Karanja da Autoridade Fiscal

do Quénia como presidente em 2016. Ele é

membro do Grupo de Trabalho 6 do projeto

BEPS e, nesta posição, tem desempenhado

um grande papel na defesa dos interesses

dos países Africanos. Foi eleito presidente

do Grupo de Trabalho 6 em Junho de 2019, o

primeiro Africano a ocupar essa posição.

Ele delineou a assistência técnica

sobre preços de transferência que as FIRS

receberam do ATAF e o impacto que isso

teve sobre os funcionários e a administração.

A assistência técnica oferecida,

abrangendo um período de três anos, incluiu

uma revisão da legislação nacional da

Nigéria. Os resultados concretos incluíram

o desenvolvimento de uma nota prática de

auditoria dos preços de transferência, um

manual de auditoria e um instrumento de

avaliação de riscos. Os regulamentos da

Nigéria sobre preços de transferência foram

revistos para os melhorar.

"A intervenção proporcionou aos

funcionários a tão necessária exposição

técnica e reforçou a sua confiança na

realização de exames dos preços de

transferência e, em particular, na interacção

com os contribuintes e seus assessores.

A iniciativa também proporcionou uma

via para que os funcionários obtivessem

uma segunda opinião sobre as questões.

As sugestões recebidas dos facilitadores

ajudaram a encerrar os casos. Isto resultou

em receitas fiscais adicionais geradas pelas

auditorias de preços de transferência",

explicou o Sr. Gbonjubola.

A ASSISTÊNCIA REFORÇOU AS COMPETÊNCIAS, A CONFIANÇA... E AS RECEITAS NA NIGÉRIA

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 45

questões decorrentes de seus portfólios.

Em 2015, a ATAF criou uma unidade de

assistência técnica que oferece programas

nacionais personalizados. Estes programas por

país visam identificar lacunas na política fiscal

e na administração fiscal e conceber medidas

para as colmatar. Um aspecto importante desta

abordagem, em parceria com a OCDE e o Grupo

do Banco Mundial, é a tutoria e a transferência

de competências para os funcionários fiscais dos

países membros, a fim de constituir um quadro de

peritos africanos.

Um outro aspecto da assistência técnica que

a ATAF presta aos países africanos é a avaliação

da Ferramenta de Diagnóstico e Avaliação da

Administração Fiscal (TADAT), amplamente

considerada como fornecendo uma visão

geral valiosa do desempenho e eficácia das

administrações fiscais.

O Secretariado TADAT do FMI estabeleceu uma

parceria com a ATAF para a realização de avaliações

nos países africanos. A ATAF facilitou a formação

de vários avaliadores do Secretariado da ATAF e

dos países membros que estão qualificados para

participar nas avaliações TADAT.

Até à data, os funcionários da ATAF participaram

em missões da TADAT em Angola, Burundi, Maurícias,

Nigéria, Seychelles e Zimbabué. Os resultados das

avaliações TADAT também ajudam a informar a

assistência técnica oferecida aos membros.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 46

CAPACITAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

Um princípio fundamental do discurso

sobre impostos e desenvolvimento que

surgiu após a crise financeira global de

2008 foi que a mobilização de recursos internos

é a base financeira sobre a qual os países podem

construir um desenvolvimento sustentável e de

longo prazo. A necessidade de uma mobilização

eficaz dos recursos internos é imperativa

devido à diminuição das receitas provenientes

dos direitos aduaneiros sobre o comércio

transfronteiriço, às fugas de receitas através

de uma combinação destrutiva de evasão e

fraude fiscais e à introdução de novos modelos

empresariais devido à digitalização da economia

mundial.

As administrações fiscais têm um papel crucial

a desempenhar na mobilização de recursos

internos através de sistemas fiscais eficazes que

possam proporcionar um fluxo previsível e estável

de receitas para financiar o desenvolvimento

socioeconómico. Por conseguinte, é necessário

reforçar as administrações fiscais no

continente através do reforço das capacidades

institucionais e humanas. Para responder a

esta necessidade, a ATAF desenvolveu um

programa de desenvolvimento de capacidades

para as administrações fiscais africanas como

elemento central do plano de trabalho anual da

organização.

No período de 2009 a 2019, a ATAF organizou

um total de cerca de 100 programas de

desenvolvimento de capacidades para dar

resposta às necessidades de competências das

administrações fiscais dos Estados-Membros.

Houve crescimento no valor dos eventos de

capacitação e no número de participantes

desses eventos. Até à data, mais de 16 000

funcionários dos países membros participaram

nos programas de desenvolvimento das

capacidades da ATAF.

Os programas de desenvolvimento de

capacidades, compreendendo cursos online e de

curta duração, abrangeram uma vasta gama de

tópicos. Alguns dos tópicos abordados incluem

preços de transferência, tratados fiscais, auditoria

fiscal, gestão de riscos, previsão e análise de

receitas, imposto sobre o valor acrescentado,

tributação dos recursos naturais, fiscalidade e

desenvolvimento, formação em comunicação

social, formação de parlamentares em questões

fiscais e garantia de integridade.

Estes eventos são organizados numa

base voluntária pelas administrações fiscais

membros e demonstram claramente o empenho

dos membros da ATAF em desenvolver as

capacidades dos funcionários fiscais e reforçar

as capacidades das respectivas administrações

fiscais.

Uma realização chave foi o desenvolvimento e

preparação de uma massa crítica de facilitadores

dentro dos membros da ATAF que oferecem a

maioria destes cursos. Isto apoia a visão da ATAF

de alcançar continuidade e sustentabilidade

através da criação de um quadro de peritos

africanos.

Um dos principais focos do programa de

capacitação do ATAF tem sido a partilha de

boas práticas em várias áreas práticas das

administrações fiscais, com o objectivo principal

de reforçar e melhorar as qualificações dos

funcionários em todos os estados membros do

ATAF.

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Este seminário sobre garantia de

integridade foi extremamente informativo,

agradável e, acima de tudo, valioso. Reunir

campeões de integridade de toda a

África foi um grande passo para ajudar

as administrações fiscais a lidar com as

violações de integridade.

Os participantes foram inspirados a

implementar o que aprenderam. O seminário

deixou bem claro que nunca é tarde ou cedo

demais para implementar novas estratégias ou melhorar as estratégias

existentes para lidar com violações de integridade.

Integridade e corrupção são faces opostas de uma moeda. A

promoção de uma elevada integridade nas administrações fiscais não

pode ser subestimada, uma vez que os administradores fiscais têm de ser

irrepreensíveis no que diz respeito à corrupção.

O seminário abriu os olhos quando percebemos que não podemos

lidar com este vício com as mesmas estratégias que usamos há alguns

anos atrás. À medida que o mundo evolui e a tecnologia avança, a luta

contra as violações da integridade exige o acompanhamento dos tempos

com formação e a partilha de experiências e estratégias.

O conteúdo do workshop estava no ponto. Os participantes

compartilharam livremente suas experiências e como implementaram

com sucesso algumas estratégias anticorrupção. Paulette Thwala –

Diretora de Assuntos Internos, Autoridade Fiscal de Eswatini.

Para Kampatibe Vincent Konlani, a

formação que recebeu no domínio das

convenções sobre a dupla tributação,

provou ser de imenso valor. O Sr. Konani

é chefe do Serviço de Contenciosos

Tributários da Autoridade Tributária do

Togo. Participou nas acções de formação

promovidas pela ATAF em 2015 e 2016

para funcionários das administrações

tributárias dos países membros.

"Apreciei imenso os workshops. Proporcionaram formação essencial

e abordaram muitos dos desafios actuais de política fiscal que

enfrentamos no Togo. Este curso transmitiu os princípios basilares de

interpretação das convenções tributárias, negociação de convenções

bilaterais em matéria tributária e, sobretudo, resolução de litígios

relacionadas com as dificuldades decorrentes da interpretação das

convenções tributárias”, disse ele.

O Vincent também integrous o programa de mentoria promovido

pela ATAF em matéria das convenções sobre a dupla tributação. “Hoje,

presto apoio aos serviços do Ministério das Finanças nas negociações

das convenções tributárias e resolução de litígios relacionadas com

este tema”, disse Konlani.

“Espero que estas iniciativas continuem, devido aos benefícios

que apresentam para as nossas administrações tributárias e pelo

o impacto que têm nas finanças públicas dos nossos países",

acrescentou.

AJUDAR OS FUNCIONÁRIOS A MANTEREM-SE ACTUALIZADOS EM RELAÇÃO AOS TEMPOS.

OS WORKSHOPS APERFEIÇOARAM AS MINHAS CAPACIDADES DE NEGOCIAÇÃO

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 47

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 48

PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA ESPECÍFICOS E PERSONALIZADOS

A pedido de vários membros, a ATAF criou

uma unidade de assistência técnica

em 2015. A Unidade de Assistência

Técnica (UAT) visa proporcionar aos membros

um programa abrangente de assistência técnica

de dois a três anos para assegurar que os países

membros tenham regimes fiscais eficazes,

utilizando soluções feitas à medida para

enfrentar os seus desafios únicos de mobilização

de receitas.

Estes programas nacionais específicos

fornecem assistência técnica e aconselhamento

principalmente em domínios como os preços

de transferência e a troca de informações,

que constituem uma prioridade para as

administrações dos Estados-Membros. Até à

data, a ATAF implementou mais de 20 programas

nacionais em 17 países.

Os programas nacionais começam com

missões iniciais de delimitação do âmbito

para realizar uma avaliação das necessidades

e identificar as lacunas que precisam de ser

preenchidas. Tal inclui normalmente uma revisão

da legislação relevante, dos processos de avaliação

de riscos, dos procedimentos de governação e

da reestruturação da organização. Um programa

de acção é então concebido e implementado

ao longo de um período de tempo acordado. Os

conselheiros técnicos da ATAF trabalham em

estreita colaboração com os funcionários das

administrações fiscais membros para assegurar

que os conhecimentos e as competências

são transferidos durante estas intervenções.

FISCALIDADE TRANSFRONTEIRIÇA

Até à data, a ATAF realizou programas nacionais

no Botsuana, Egipto, Eswatini, Gana, Quénia,

Lesoto, Libéria, Malawi, Namíbia, Nigéria, África

do Sul, Seicheles, Uganda, Zâmbia e Zimbabué.

As intervenções fiscais transfronteiras destinam-

se a reforçar a capacidade das administrações

fiscais para lidarem com as questões suscitadas

pelas transacções transfronteiras, procedendo

a uma revisão da legislação em vigor e dos

processos administrativos e de governação, a

fim de garantir a sua solidez e adequação ao

objectivo prosseguido. Têm igualmente por

objectivo reforçar as capacidades e melhorar

as competências dos funcionários dos serviços

fiscais em matéria de transacções fiscais

transfronteiras e de auditorias dos preços

de transferência, através de seminários e de

formação à distância.

Os seminários sobre preços de transferência

abrangem um vasto leque de outras questões

relevantes, como os acordos de dupla tributação,

as questões fiscais internacionais e a tónica

em sectores empresariais fundamentais, como

o petróleo e o gás, os serviços financeiros, as

telecomunicações, a exploração mineira e o

sector da energia e

comércio electrónico. É prestada assistência

na revisão e, se necessário, na reformulação

da legislação. Os processos administrativos,

de avaliação de riscos e de governação são

igualmente revistos e reestruturados, sempre

que necessário.

Para as administrações participantes, estes

programas nacionais conduziram a isso:

Revisão das estruturas, processos e

procedimentos do negócio;

O estabelecimento de unidades de preços

de transferência;

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 49

A revisão da legislação sobre preços

de transferência e nova legislação

sobre dedutibilidade de juros e a

implementação de novas regras relativas

ao estabelecimento estável. Todas estas

medidas são concebidas para combater a

erosão da base tributável e a transferência

de lucros e reduzir as oportunidades de

evasão e fraude fiscais.

A formação de mais de 500 auditores em

auditorias de preços de transferência.

Estas intervenções tiveram um impacto

positivo na cobrança de receitas nas

administrações dos Estados-Membros. Num

país africano, os impostos adicionais avaliados

aumentaram de 1 milhão de dólares em 2015

para 20 milhões de dólares em 2016 e 581

milhões de dólares em 2017. Em 2017, um país

da África Oriental comunicou a sua primeira

cobrança de receitas de uma auditoria de

preços de transferência; recolheu quase 10

milhões de dólares.

Desde 2015, as administrações membros

arrecadaram um total de 260 milhões de dólares

adicionais em receitas devido a essas intervenções,

com um adicional de 1,1 bilhão de dólares

arrecadados em avaliações no final de 2018.

INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES

O intercâmbio de informações e a capacidade

de analisar eficazmente os dados constituem um

requisito fundamental para as administrações

fiscais de todo o mundo. O intercâmbio de

informações, automático ou não, entre entidades

nacionais e entre jurisdições a nível bilateral

ou multilateral, tornou-se uma necessidade e

foi destacado como uma das medidas para

combater a evasão e a fraude fiscais, a erosão

da base tributária e a transferência de lucros,

o branqueamento de capitais e a corrupção.

Algumas jurisdições, como os EUA como

parte dos seus requisitos FATCA, tornaram

o intercâmbio de informações obrigatório. É

também um requisito fundamental do pacote

de medidas BEPS.

Para os países em desenvolvimento, o

intercâmbio de informações é uma ferramenta

importante que pode ajudar a prevenir ataques

abusivos à base tributária ou a identificar novas

fontes de receita, especialmente no que respeita

ao comércio eletrónico e à economia digital.

Serve para aumentar o cumprimento por parte

dos contribuintes através da dissuasão.

Muitas administrações fiscais africanas

têm dificuldade em implementar processos de

intercâmbio de informações eficazes devido à

falta de capacidade, sistemas e competências.

A ATAF criou o Programa Nacional de

intercâmbio de informações em 2015 para

ajudar as administrações membros a enfrentar

estes desafios.

O programa é implementado em três fases.

Em primeiro lugar, os funcionários que irão

lidar com o intercâmbio de informações no

futuro e os auditores que irão utilizar os dados

do intercâmbio de informações para fins de

auditoria são formados. Em segundo lugar,

é efectuada uma revisão da legislação e dos

processos empresariais e, quando necessário,

estes são revistos e actualizados. Em seguida,

é elaborado um plano de acção e estabelecido

um calendário de execução. No terceiro e último

passo, as intervenções são avaliadas para

determinar o progresso feito para alcançar os

padrões internacionais desejados.

Dos nove membros da ATAF com unidades

de intercâmbio de informações especializadas,

a ATAF tem ajudado com apoio técnico no

estabelecimento de unidades especializadas nos

seguintes países membros: Uganda, Camarões,

Togo, Senegal, Maurícia, Gana, Nigéria e Senegal.

Está também em processo de assistência à

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 50

Zâmbia, Quénia, Ruanda e Eswatini no estabelecimento das suas

unidades especializadas no intercâmbio de informações.

"A assistência técnica está no centro da missão da ATAF. Desenvolveu

capacidades institucionais e humanas entre os membros, proporcionou

aos países africanos uma solução eficaz para questões comuns,

criou coerência institucional no seio da ATAF e divulgou a pegada da

organização, aumentando assim o seu impacto político", afirmou Mary

Baine, Directora de Programas Fiscais da ATAF.

"O objectivo do TAU é facilitar a formação prática, trabalhando

com os funcionários fiscais no terreno com o objectivo de resolver os

problemas existentes e, em última análise, transferir conhecimentos

para assegurar a sustentabilidade das novas iniciativas. ”

"Enquanto no passado contávamos fortemente com especialistas

de fora do continente, agora desenvolvemos um bom quadro de

especialistas africanos cujo foco está no continente e que estão de

facto a fazer um trabalho fantástico. Passámos de uma situação em

que as administrações fiscais estavam sempre em desvantagem, uma

vez que o conhecimento em casos complexos estava normalmente

com os contribuintes, para uma situação em que muitos dos nossos

funcionários fiscais são capazes de lidar com estas questões com

confiança. ”

"Ainda temos algum caminho a percorrer e o desafio para os próximos

dez anos é desenvolver uma massa crítica de peritos africanos em

áreas-chave que esteja disponível para todas as administrações fiscais

de África e que proporcione continuidade e sustentabilidade no futuro.

Temos," acrescentou Baine.

Angola tem beneficiado de uma vasta gama de apoios técnicos e iniciativas de formação promovidas pelo ATAF e valoriza a associação com a organização, disse Rita Elisângela, a técnica superior na Direcção de Planificação Estratégica e Cooperação Internacional da AGT.

As acções de formação oferecidas pelos técnicos da AGT incluem cursos em matéria da tributação internacional, auditorias fiscais

de nível básico, intermédio e avançado, e formação em matéria de liderança.

“Angola recebeu assistência técnica abrangente e formação sobre a Troca de Informação, incluindo a criação de uma unidade consagrada e este tema. Isto foi suplementado por formação no domínio do Instrumento Multilateral da OCDE, o Processo de Acordo Mútuo e a evitação da dupla tributação,” afirmou.

A missão de assistência técnica levou a que Angola procedesse à revisão do seu Acordo de Dupla Tributação. A par disto, o ATAF liderou a missão de avaliação do TADAT ao país.

Estas intervenções permitiram à AGT melhorar os seus processos em consonância com as práticas internacionais e reciclagem dos quadros com respeito a vários temas. “O que foi de utilidade especial foi a exposição dos nossos quadros a peritos altamente qualificados que partilharam os seus conhecimentos connosco. Isto deu origem à partilha de experiências, problemas e soluções, e levou-nos a cooperar com outras administrações tributárias no continente,” disse Rita.

INTERACÇÃO COM OS ESPECIALISTAS: O BOOM

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 51

PROPORCIONAR LIDERANÇA DE PENSAMENTO E INFLUENCIAR OS PADRÕES GLOBAIS

Os três comités técnicos da ATAF

desempenham um papel importante

na prestação de aconselhamento,

orientação e assistência aos membros da ATAF.

Eles também servem para articular as posições

dos países africanos em fóruns internacionais

e assegurar que as regras fiscais globais são

adequadas para os países africanos.

COMITÉ TÉCNICO DE FISCALIDADE TRANSFRONTEIRIÇA

Na Conferência Internacional de Fiscalidade

da ATAF em 2014, os membros observaram

que o foco do Projecto BEPS da OCDE/G20 em

garantir que os lucros devem ser tributados

onde a actividade económica está a ter lugar

era extremamente importante para África e

que África deve ter uma voz na definição das

novas regras para garantir que estas tenham

em conta os desafios específicos enfrentados

no continente.

O Grupo de Trabalho sobre Preços de

Transferência criado em Abril de 2011 pela ATAF

evoluiu para o Comité Técnico de Fiscalidade

Transfronteiriça (CBT) em Junho de 2014. O CBT

foi encarregado de definir a posição africana

com os membros da ATAF, comunicar a

resposta africana ao projecto BEPS e, em geral,

apresentar uma perspectiva africana sobre

questões fiscais globais.

Para este fim, os membros do CBT

representam a organização em vários

fóruns globais de definição de normas. Eles

participam ativamente no trabalho do Quadro

Inclusivo sobre BEPS. O Quadro Inclusivo foi

formado em 2016 a pedido da OCDE e do

G20 para estabelecer normas sobre questões

relacionadas à BEPS e revisar e monitorar a

implementação de todo o pacote BEPS.

Os países e jurisdições interessados podem

aderir ao Quadro Inclusivo para participar no

trabalho relacionado com a BEPS com outros

países da OCDE e do G20. Das 134 jurisdições

que aderiram ao Quadro Inclusivo em Agosto

de 2019, 24 são países africanos. A Nigéria

e o Senegal, com o apoio da ATAF, foram

eleitos membros do Grupo Director do Quadro

Inclusivo, juntamente com a África do Sul.

O Grupo Diretor supervisiona o trabalho do

Quadro Inclusivo.

Os membros do CBT participam no Comité

do Quadro Inclusivo para os Assuntos Fiscais

(o órgão de decisão fiscal da OCDE) e nos seus

órgãos subsidiários: Grupo de Trabalho 1 sobre

convenções fiscais e questões conexas, Grupo

de Trabalho 6 sobre a fiscalidade das empresas

multinacionais, Grupo de Trabalho 9 sobre

questões relacionadas com o IVA e Grupo de

Trabalho 11 sobre planeamento fiscal agressivo.

Eles têm obtido múltiplos sucessos na

definição da agenda fiscal global para ser

adequada para África. Conseguiram contribuir

para a revisão das novas orientações da

OCDE em matéria de preços de transferência

relativas às transacções financeiras e à

fixação dos preços dos produtos de base.

Os membros do CBT têm defendido o uso

de uma regra de proporção fixa para que a

dedutibilidade de juros seja reconhecida como

melhor prática, bem como o uso da regra de

proporção de grupo como opcional para os

países em desenvolvimento, que podem achar

difícil verificar as informações usadas pelos

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 52

contribuintes em relação à regra de proporção

de grupo.

Em 2016 e 2017, o CBT também influenciou

os resultados do trabalho em duas questões

altamente técnicas e complexas. Em primeiro

lugar, obteve a aceitação internacional da

utilização de abordagens diferentes da

Abordagem OCDE Aprovada (AOA) para a

atribuição de lucros a um estabelecimento

estável.

As convenções-tipo em matéria fiscal

da ATAF, da OCDE e das Nações Unidas

estabelecem que os lucros provenientes

de actividades comerciais exercidas por

uma entidade não residente podem ser

tributados pelo país onde essas actividades

são exercidas, desde que essas actividades

constituam um estabelecimento estável. O

grande desafio é determinar quanto dos lucros

da entidade não-residente deve ser atribuído

ao estabelecimento estável, uma das questões

mais complexas em matéria tributária

internacional.

Não existe uma abordagem normalizada

utilizada por todos os países, mas a maioria dos

países da OCDE aplica a AOA para a atribuição

de lucros aos estabelecimentos estáveis. As

orientações adicionais elaboradas pelo Grupo

de Trabalho 6 reflectiam este facto, mas

não reconheceram adequadamente que os

tratados fiscais de muitos países não exigem a

utilização do AOA. Após intensas negociações,

os membros da ATAF no Grupo de Trabalho 6

conseguiram que as orientações incluíssem o

uso de abordagens não-AOA.

Matthew Gbonjubola, Presidente do CBT

que serve no Grupo de Trabalho 6, explicou: "A

maioria dos países do mundo, e particularmente

em África, não seguem a AOA. No entanto, as

orientações produzidas pela OCDE são cada

vez mais consideradas pelas empresas como

a norma a aplicar em todos os países do

mundo. Por conseguinte, é crucial que o ATAF

tenha alcançado este resultado de assegurar

que as novas orientações reflectem as

diferentes abordagens utilizadas pelos países

na atribuição dos lucros. Isto dá à orientação

uma aceitação mais ampla entre as jurisdições

fiscais em todo o mundo, incluindo em África,

pelo que é um resultado positivo tanto para a

ATAF como para os membros da OCDE. ”

Em segundo lugar, pela primeira vez na sua

história de 22 anos, um exemplo africano sobre

o método de repartição dos lucros foi incluído

nas orientações revistas da OCDE em matéria

de preços de transferência.

Quase todos os países utilizam a norma

mundial do princípio da plena concorrência

para abordar os riscos associados aos preços

de transferência e seguem, em geral, as

orientações estabelecidas nas orientações da

OCDE em matéria de preços de transferência.

As orientações prescrevem cinco métodos

para determinar o preço de plena concorrência,

um dos quais é o método de repartição dos

lucros. Em 2016, o Grupo de Trabalho 6 reviu

as orientações sobre a aplicação do método

de repartição dos lucros, a fim de clarificar e

reforçar as orientações.

A orientação revista incluiu vários exemplos

para ilustrar quando poderá ser apropriado

ou não usar o método de divisão dos lucros.

Preocupada com a falta de exemplos que

refletissem os tipos de transações observadas

nos países africanos, o CBT apresentou um

exemplo mais típico de transações em países

africanos onde a exploração de recursos

naturais dá uma contribuição única e valiosa

para as transações e cria pelo menos parte do

lucro residual que deveria ser tributado no país

africano.

"Estamos muito satisfeitos por o Grupo

de Trabalho 6 ter incluído este exemplo

nas Orientações relativas aos Preços de

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 53

Transferência. O exemplo ilustra o valor que os

recursos naturais de África trazem aos lucros

das empresas multinacionais que operam em

países africanos e ajudará as administrações

fiscais a assegurar que o montante certo dos

lucros seja incluído no rendimento tributável do

contribuinte africano", disse William Nkitseng,

delegado do Botswana no CBT.

"Este sucesso demonstra o impacto que

a ATAF está a ter em trazer a perspectiva

africana para a agenda fiscal global e garantir

que os padrões globais respondem aos

desafios específicos enfrentados em África",

acrescentou.

O CBT também apoia os membros africanos

que servem no Comité Fiscal das Nações Unidas,

que trata de questões fiscais internacionais.

Cinco dos seis peritos fiscais africanos,

incluindo o Presidente do Conselho da ATAF,

Sr. Tunde Fowler, que integram o comité de 25

membros, são de países membros da ATAF. Isto

permitiu à ATAF assegurar que as perspectivas

africanas são incorporadas na Directriz do

Procedimento de Assistência Mútua (MAP) e

contribuir para o Manual das Nações Unidas

sobre Preços de Transferência para os Países

em Desenvolvimento, fornecendo exemplos

dos desafios que os países africanos têm em

fazer transacções comparáveis, bem como

exemplos de algumas medidas e soluções

provisórias que têm sido utilizadas pelos

países membros da ATAF.

Na 17ª Sessão do Comité de Peritos das

Nações Unidas sobre Cooperação Internacional

em Matéria Fiscal, em Outubro de 2018, a ATAF

foi nomeada para integrar o Sub-comité da

Tributação do Desenvolvimento Oficial do

Comité de Peritos das Nações Unidas sobre

Cooperação Internacional em Matéria Fiscal,

à qual submeteu a sua publicação sobre a

Tributação da Ajuda Externa.

COMITÉ TÉCNICO SOBRE INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES

A ATAF criou um grupo de trabalho sobre

troca de informações e tratados fiscais em abril

de 2011. O Grupo de Trabalho tem por objectivo

ajudar os países membros a desenvolverem

capacidades na área do combate à evasão

fiscal internacional e da protecção da matéria

colectável dos seus países, aumentando e/ou

assegurando a obtenção de elevados níveis de

transparência e de intercâmbio de informações

em matéria fiscal.

O Grupo de Trabalho, que foi absorvido

pelo Comité Técnico sobre intercâmbio de

informações em 2017, desenvolveu um guia

prático para que os países membros. As

diretrizes, desenvolvidas com a ajuda do Fórum

Global sobre Transparência e Intercâmbio

de Informações e do Grupo de Trabalho da

OCDE sobre Impostos e Desenvolvimento,

têm estudos de caso detalhados e modelos

opcionais que os países membros podem usar

para solicitar informações, redigir respostas e

fornecer informações espontaneamente. As

orientações fornecem igualmente orientações

exaustivas às autoridades competentes e

aos auditores fiscais sobre a pesquisa de

informações acessíveis ao público.

COMITÉ TÉCNICO DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADo

O imposto sobre o valor acrescentado (IVA) é

amplamente adoptado em África, com 44 dos

54 países do continente a cobrar o imposto

sobre bens e serviços. É uma fonte significativa

de receitas para os países africanos, com um

rácio médio do IVA em relação ao total das

receitas fiscais de 31% (significativamente

superior à média da OCDE de 20%).

No entanto, a cobrança óptima do IVA é

dificultada pelo facto de sectores importantes

ficarem de fora do IVA líquido ou de os

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 54

mecanismos de reembolso não funcionarem da melhor forma.

Outro desafio importante que se coloca a todos os países, incluindo

os membros do ATAF, é a cobrança do IVA sobre as transacções

transfronteiriças, em especial quando os bens ou serviços são

adquiridos por consumidores privados a fornecedores estrangeiros.

Por estas razões, a ATAF reconheceu que deve participar nos

actuais debates globais sobre os desafios fiscais decorrentes

da digitalização para garantir que os resultados satisfazem as

necessidades de África. O Comité Técnico do IVA da ATAF foi

restabelecido em 2017 para servir de plataforma de conhecimento

sobre o IVA que fornece liderança e orientação sobre questões de

IVA relevantes para as administrações fiscais africanas. Os peritos

do comité também trabalham com instituições como o Fórum

Global da OCDE, onde fornecem uma voz africana sobre questões

de IVA globais em curso.

O comité é composto por peritos em IVA do Botsuana, Burundi,

Gana, Quénia, Malawi, Maurícias, Ruanda, África do Sul e Zimbabué.

As questões prioritárias em que o Comité está a trabalhar

incluem os desafios decorrentes da digitalização e do comércio

eletrónico e a forma de fazer face aos numerosos riscos de

conformidade, incluindo a fraude, nos processos de IVA, desde o

registo, apresentação, pagamento e reembolso.

O Comité Técnico do IVA apresentou a sua análise do IVA no

sector da construção à margem da 5ª Assembleia Geral da ATAF

no Botsuana, em Outubro de 2018 e desde então tem preparado

orientações sobre o tratamento do IVA neste sector.

O ATAF desempenhou um papel fulcral

ao ajudar o Burundi a identificar e definir

prioridades para a modernização da

sua administração tributária ao facilitar

o processo associado à ferramenta de

diagnóstico da administração tributária (o

Tax Administration Diagnostic Assessment

Tool (TADAT), em inglês), neste país da África

central.

A Sra. Martine Nibasumba, Directora de Planificação Estratégica e

Estudos no Office Burundais des Recettes (OBR), afirmou que, após a

conclusão da avaliação, fora desenvolvido e validado um plano de acção

para a implementação do TADAT, com objectivos de médio e longo prazo.

Informou que 12 executivos do OBR receberam formação do

Secretariado do TADAT em Abril de 2018, antes da avaliação, que foi

realizada por uma equipa consistindo de um funcionário do Secretariado

do ATAF, um funcionário da África do Sul e outro do Uganda.

“A avaliação foi muito útil, porque salientou a importância de as

administrações tributárias introduzirem a gestão de riscos nos planos

estratégicos. A necessidade de atribuir mais valor e peso à gestão de riscos

em geral e de possuir uma estratégia abrangente para a gestão dos riscos,

foram as principais lições colhidas,” adiantou Martine.

“Também nos apercebemos de que o OBR necessitava de melhorar a

qualidade das suas estatísticas em geral,” acrescentou..

A AVALIAÇÃO AJUDA O BURUNDI A TRAÇAR UMA TRAJECTÓRIA DE MODERNIZAÇÃO

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 55

FORNECER PRODUTOS, FERRAMENTAS E ORIENTAÇÃO AOS MEMBROS

A ATAF desenvolveu vários produtos e

ferramentas que os seus membros

podem utilizar para desenvolver uma

legislação mais forte e mais clara, melhorar os

processos de avaliação dos riscos e promover a

cooperação entre as administrações fiscais.

"O desenvolvimento destes instrumentos

e produtos tem por objectivo dar poder aos

membros da ATAF, facilitando-lhes a criação do

quadro legislativo e administrativo necessário

para os ajudar a enfrentar alguns dos desafios

que enfrentam e evitar fugas de receitas",

explicou Baine.

O Acordo ATAF sobre Assistência Mútua em

Matéria Fiscal prevê que as partes se ajudem

mutuamente em relação à troca de informações

fiscais, à realização de auditorias conjuntas e à

cobrança de impostos. O acordo, que foi assinado

por seis países africanos, pode tornar-se um

instrumento poderoso que os países africanos

podem utilizar para reforçar a cooperação bilateral

e multilateral entre as administrações fiscais do

continente na aplicação do cumprimento fiscal.

Outro instrumento chave é o Acordo Modelo

do ATAF para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir

a Evasão Fiscal no que diz respeito aos Impostos

sobre o Rendimento, que obteve o apoio do

Parlamento Pan-Africano.

O Acordo segue geralmente o modelo de

convenção das Nações Unidas sobre dupla

tributação entre países desenvolvidos e em

desenvolvimento e o modelo de convenção fiscal

da OCDE para evitar a dupla tributação e prevenir

a evasão fiscal em matéria de impostos sobre

o rendimento e o capital. O Modelo de Acordo

ATAF foi adaptado de modo a proporcionar aos

membros uma abordagem africana aos tratados

fiscais. Aborda as preocupações africanas sobre

a dupla tributação e pode ser usada como base

para todas as futuras negociações de tratados

pelos países membros.

A ATAF tem fornecido produtos que fornecem

orientação sobre como lidar com a erosão da base

e desafios de lucro que têm sido amplamente

utilizados pelos membros para promulgar

legislação nova ou revisada. A Abordagem

Sugerida para a Elaboração da Legislação sobre

Preços de Transferência contém um quadro

para a elaboração da legislação sobre preços

de transferência, proporcionando aos países

africanos uma estrutura e opções políticas

sugeridas para a sua legislação. Botsuana,

Libéria, Malawi, Nigéria, e Zâmbia introduziram

nova legislação ou regulamentos de preços de

transferência baseados na Abordagem Sugerida

pela ATAF para Elaborar a Legislação de Preços

de Transferência e a Eswatini, Lesoto e Ruanda

estão em processo de o fazer.

Outros produtos de preços de transferência

disponíveis para os membros incluem a

Abordagem Sugerida para Elaboração de Notas

Práticas de Preços de Transferência que a Zâmbia

usou para redigir a sua Nota Prática de Preços de

Transferência publicada em 2018 e a Abordagem

Sugerida para Elaboração de um Manual de

Auditoria de Preços de Transferência.

O pagamento de juros excessivos pela

subsidiária africana de uma empresa a outros

membros de um grupo multinacional é uma das

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 56

técnicas de transferência de lucros

mais prevalecentes e representa

um risco significativo para as bases

tributárias africanas. A Abordagem

Sugerida para a Elaboração de

Legislação de Dedutibilidade

de Juros fornece propostas de

legislação e orientações que os

países africanos podem usar para

contrariar esta prática através de

legislação que restringe os juros

que podem ser deduzidos para fins

fiscais.

Senegal, Uganda e Zâmbia

introduziram nova legislação de

limitação de juros em 2018 com

base na Abordagem Sugerida pela

ATAF para Elaboração de Legislação

de Dedutibilidade de Juros.

A Ferramenta de avaliação de

riscos em matéria de preços de

transferência foi desenvolvida pela

ATAF e pelo Grupo Banco Mundial

para ajudar as administrações

fiscais a melhorar os seus

processos de avaliação de riscos,

identificando as transacções de

maior risco que devem ser alvo

de auditoria. A ferramenta foi

testada pelo Serviço Federal da

Receita Federal da Nigéria em

2016 e descrita como "um divisor

de águas" para identificar o risco

de preços de transferência em

África. Botsuana, Quénia, Libéria,

Malawi, Nigéria, Uganda, Zâmbia

e Zimbabué estão a utilizar a

ferramenta e informam que

melhoraram consideravelmente a

sua capacidade para seleccionar

os casos mais adequados para

auditoria.

A ATAF e o Gesellschaft für

Internationale Zusammenarbeit

(GIZ) desenvolveram o Conjunto

de ferramentas sobre avaliação

de riscos relativos aos preços

de transferência na indústria

mineira africana para ajudar as

administrações fiscais africanas a

identificar as transacções de alto

risco relacionadas com as partes

que devem ser auditadas. Publicações do ATAF

Delegação alegre dos Camarões ao ser eleita para o Conselho do ATAF, 3ª Assembleia Geral, Dar es Salaam, 2014

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 57

UMA INICIATIVA INOVADORA DEU FRUTOS REAIS

Pascal Saint-Amans, Director do

Centro de Política

e Administração

Fiscal da OCDE,

reflectiu sobre as

origens do ATAF e

a parceria de uma

década que foi

construída entre as

duas organizações.

O Sr. Saint-Amans afirmou que, na sequência

da crise financeira global de 2008, as questões

fiscais internacionais tornaram-se mais

políticas, gerais e globais ao longo da última

década. "Com o surgimento do G20, os governos

colocaram as questões fiscais internacionais no

topo da agenda num esforço para combater a

evasão e a elisão fiscais", comentou.

"O ATAF foi criada em 2009 como um fórum

onde as administrações fiscais Africanas

podiam trocar e apoiar-se mutuamente, onde

podiam discutir e adoptar posições comuns,

dando-lhes um maior peso nos organismos

internacionais.”

"Desde o início que a OCDE tem apoiado

esta iniciativa inovadora para melhorar os

órgãos de receita no continente Africano na

construção de administrações mais qualificadas

e responsáveis.

O ATAF e a OCDE têm vindo a trabalhar

em conjunto em vários projectos, tais como

Inspectores Sem Fronteiras, programas de

formação sobre intercâmbio de informação e

sobre BEPS, bem como publicações conjuntas

como as Estatísticas das Receitas na África,"

disse o Sr. Saint-Amans.

O ATAF participa como observador no

Quadro Inclusivo da OCDE para a BEPS e no

Fórum Global sobre Transparência e Intercâmbio

de Informações para Fins Fiscais. É também

membro do Global Forum Africa Initiative

desde a sua criação em 2014, que ajuda os

países africanos a implementar e beneficiar

da transparência fiscal e das normas de

intercâmbio de informações na sua mobilização

de receitas internas. A OCDE participa como

observador nas reuniões relevantes do ATAF,

incluindo os seus Comités Técnicos sobre

Tributação Transfronteiriça e Intercâmbio de

Informações.

"A administração fiscal e a política fiscal

estão intimamente ligadas. Houve uma

evolução entrelaçada, com a abertura da

OCDE a África e a África a falar com uma

única voz para alimentar o trabalho na OCDE.

Durante os últimos dez anos, o ATAF e a OCDE

desenvolveram e mantiveram uma relação

estreita. O ATAF cresceu e desempenha um

papel activo nos vários grupos de trabalho do

Comité dos Assuntos Fiscais da OCDE. Hoje em

dia, existem funcionários comuns e amizades

pessoais", observou.

"Acreditamos que o ATAF desempenha

um papel importante na assistência às

administrações fiscais Africanas para melhorar

a cobrança de impostos através do reforço

da relação cidadão-Estado. Um sistema fiscal

que funcione bem é a pedra angular da relação

cidadão-Estado, baseado na responsabilização

e responsabilidade. Esta relação é um meio para

os governos acederem aos recursos essenciais

para apoiar um crescimento inclusivo e um

desenvolvimento sustentável que permita

investimentos em infra-estruturas, educação,

saúde e sistemas de protecção social.”

"O ATAF desempenha um papel vital no

estabelecimento das bases para melhorar a

qualidade de vida geral das pessoas em África,

e eu gostaria de felicitar o ATAF por 10 anos de

sucesso, e espero continuar a nossa parceria

frutífera", acrescentou o Sr. Saint-Amans.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 58

A VONTADE E A ENERGIA PARA FAZER AS COISAS ACONTECEREM

Em agosto

de 2019, ATAF

e a Tax Justice

Network Africa

(TJNA) assinaram

um memorando

de entendimento

para cimentar

os laços que as

duas organizações construíram e aprofundar

as iniciativas conjuntas e a cooperação em

questões de interesse mútuo.

Para o Director da TJNA, Alvin Mosioma, isto

marcou o culminar de uma relação que tem

vindo a ganhar força na última década.

A TJNA foi criada um ano antes do ATAF e

ainda se encontrava de pé quando surgiu a

notícia de que uma organização estava a ser

criada para representar as administrações

fiscais Africanas. Alvin recorda a sua reacção

inicial: "Estávamos um pouco cépticos...

pensámos que seria mais uma organização

que existiria no papel e que não seria muito

eficaz. Mas rapidamente ficou claro que ATAF

tinha tudo a ver com o cumprimento dos seus

objectivos e tinha a vontade e a energia para

fazer as coisas acontecerem".

O ATAF e a TJNA são ambos membros do

Consórcio IFF, que foi criado em resposta ao

relatório do Painel de Alto Nível sobre as IFFs,

e gerem um programa conjunto para formar

parlamentares em todo o continente em

matéria fiscal.

Alvin disse que as características que

distinguem a organização e o que ele mais

valoriza no ATAF é a sua vontade de se envolver,

a sua abertura a outros pontos de vista e

a sua agilidade e capacidade de responder

rapidamente aos assuntos. "Um ingrediente

chave tem sido o facto do ATAF ter conseguido

afastar-se das agendas políticas e manter a

sua independência. Isto significa que não foi

prejudicado pela burocracia e protocolo, dando-

lhe a capacidade de agir e definir a agenda fiscal

no continente," disse ele.

O papel que desempenhou e o seu historial

na última década conferiram à organização uma

legitimidade com países do continente Africano

e mais além. "Um dos papéis mais importantes

que ATAF tem agora é o facto de ter ganho

o poder de convocar reuniões e fóruns de

discussão sobre assuntos fiscais; de facto, na

minha opinião, é a única organização capaz de o

fazer no continente Africano", disse Alvin.

Isto tornar-se-á ainda mais importante

tendo em conta o facto de que o próximo

passo estratégico é que o ATAF avance para o

espaço da política fiscal. "Uma vez que muitas

das discussões que têm lugar a nível global

não são apenas técnicas, são sustentadas por

questões fundamentais da política fiscal, é

inevitável que o ATAF tenha de se alinhar com

isto. A organização já desempenha um papel

fundamental para assegurar que a voz da África

seja ouvida nas discussões técnicas sobre

impostos; está melhor colocada para actuar

como um órgão que assegura que os estados

Africanos desenvolvam uma abordagem

eficaz e coerente para as questões da política

fiscal que estão na agenda internacional",

acrescentou.

"Entendemos que há casos em que o

ATAF não é capaz de ser tão franca quanto

nós podemos ser, e haverá questões em

que divergimos; isso é inevitável. Mas temos

muitas áreas onde podemos trabalhar juntos e

cooperar", disse Alvin.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 59

É amplamente reconhecido que um dos

papéis mais importantes que o ATAF

desempenhou na última década tem sido

o de defender os interesses dos países africanos

no diálogo regional e global e servir como a voz

de África em questões fiscais no palco global.

"O trabalho que a ATAF realizou nos últimos

dez anos levou a que a organização fosse

levada a sério nos fóruns de tributação. Isso é

uma grande conquista porque a ATAF estava se

movendo para um espaço que é ocupado por

muitas instituições mais estabelecidas e bem

lubrificadas, com muito mais recursos", disse

Maurice Ochieng.

Ele acrescentou: "O que ele trouxe para a

mesa foi o que faltava - a perspectiva africana.

Permitiu que a África fizesse parte das discussões

sobre fiscalidade. Em tão pouco tempo, a ATAF

conseguiu consolidar o seu papel no continente

e globalmente como a organização que articula

os pontos de vista de África sobre impostos. Os

seus eventos são procurados; é convidado a

participar em debates importantes em fóruns

internacionais. Agora, quando se pensa em África

e nos impostos, pensa-se imediatamente na

ATAF".

Até à data, a ATAF participou em mais de 80

fóruns regionais, continentais e globais para pro-

mover as perspectivas africanas sobre questões

fiscais e representar as opiniões e interesses dos

seus membros. Na cena internacional, a orga-

nização participa nos trabalhos do Comité das

Nações Unidas para a Fiscalidade, do Comité do

Quadro Inclusivo para os Assuntos Fiscais e dos

Grupos de Trabalho, do Fórum Mundial e da Rede

de Organizações Fiscais, entre outros.

No continente africano, a ATAF construiu boas

relações com uma série de organizações que

operam na área da política fiscal e administração.

Tem procurado activamente trabalhar em

colaboração com plataformas regionais e

globais como a Comissão da União Africana, o

Parlamento Pan-Africano, o Banco Africano de

Desenvolvimento, a Comissão Econômica das

Nações Unidas para a África, o Painel de Alto

Nível sobre Fluxos Financeiros Ilícitos, a Trust

Africa e a Rede de Justiça Fiscal em África (Tax

Justice Network).

Em julho de 2018, a ATAF foi reconhecida

pela União Africana como a organização líder

em matéria fiscal no continente. Em Outubro

de 2018, a ATAF e o Parlamento Pan-Africano

formalizaram a cooperação entre as suas re-

spectivas instituições sobre a política fiscal e as

reformas da administração fiscal no continente,

assinando um acordo em Kigali, Ruanda.

Na cena mundial, a ATAF tem sido pró-activa

no envolvimento de organizações multilaterais

para promover as perspectivas africanas sobre

questões fiscais. Construiu sólidas relações

com a Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico, o Grupo Banco

Mundial, o Fundo Monetário Internacional,

o Centro Interamericano de Administrações

Fiscais, a Commonwealth Association of Tax

Administrators, o Centre de Rencontre des

SERVIR DE VOZ (E AMPLIÁ-LA) PARA ÁFRICA EM MATÉRIA FISCAL

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 60

Administrations Fiscales, o International Tax

Compact e o G20 International Tax Symposium,

entre outros. A ATAF é também membro fundador

da Rede de Organizações Fiscais.

Um elemento chave do trabalho de advocacia

da ATAF tem sido o reforço da cooperação entre

os decisores políticos e os administradores fiscais

para assegurar um melhor alinhamento entre

os imperativos gémeos do desenvolvimento

económico e da mobilização de recursos internos.

Em 2017, a ATAF realizou o primeiro Diálogo de

Alto Nível sobre Política Fiscal no Uganda para

discutir a construção de um nexo mais forte em

África entre a política fiscal e a administração

fiscal. As edições de 2018 e 2019 tiveram lugar no

Ruanda e no Zimbabué.

Outro aspecto da sensibilização dos

decisores políticos para as questões fiscais tem

sido a formação que a ATAF tem oferecido aos

parlamentares africanos sobre fluxos financeiros

ilícitos (FFI). A primeira sessão foi realizada em

outubro de 2017, seguida de sessões em 2018 e

2019. Em colaboração com a Tax Justice Network

Africa (Rede de Justiça Fiscal em África), a ATAF

formou até à data mais de 100 parlamentares

sobre os riscos dos fluxos financeiros ilícitos em

África e os desafios na abordagem desses riscos.

"A construção de administrações fiscais

eficazes estava no centro do mandato da ATAF,

mas desde o início também surgiu a questão de

como envolver os decisores políticos e outros

intervenientes no governo, políticos, etc. Uma

das maiores conquistas da ATAF tem sido a de

colocar os impostos no mapa africano para

além das autoridades fiscais e até mesmo dos

decisores políticos.”

"A ATAF tornou-se a voz legítima dos impostos

no continente na União Africana, nas Nações

Unidas e no Parlamento Pan-Africano (PAP). O PAP

é uma organização de representantes eleitos que

são responsabilizados pelo povo e o envolvimento

da ATAF aproxima-o da responsabilidade

democrática. A ATAF é reconhecida pelas

principais organizações anticorrupção sobre

fluxos financeiros ilícitos como um elemento

importante no desenvolvimento de soluções",

disse Lincoln Marais.

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Reunião técnica sobre preços de transferência, Kigali, 2012 Participantes, seminário sobre Análise e Previsão de Receitas, Joanesburgo, Novembro de 2019.

O Sr. Abdallah Ali-Nakyea proferiu um discurso sobre fluxos financeiros ilícitos, Curso de Tributação e Desenvolvimento, Nairobi, 2018Conferência Consultiva BEPS, Março de 2014

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Seminário sobre Preços de Transferência, Cairo, 2010

2ª Conferência de Envolvimento com os Média e Treinamento, Kigali, Abril de 2019

Comité Técnico do IVA, Gaborone, 2018

6ª Reunião de Correspondentes dos Países, Durban, 2017

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FORTALECIMENTO DOS CONHECIMENTOS, PROMOÇÃO DA PESQUISA E DA LIDERANÇA DE PENSAMENTOS, E PARTILHA DE PERÍCIAS

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 64

2012Fevereiro - O ATAF publica o primeiro relatório

de pesquisa. O relatório intitulado Boas práticas

de governação tributária em África identifica as

principais tendências de governação tributária

no continente. O relatório faz parte de um projec-

to de pesquisa mais amplo sobre as boas práti-

cas de governação financeira em África, publica-

do em Março de 2011. Esse estudo fora realizado

em colaboração com a Organização Africana de

Instituições Supremas de Controlo (AFROSAI) e a

Iniciativa Colaborativa para a Reforma Orçamen-

tal em África (CABRI).

Março – É concluído um estudo piloto relati-

vo aos países francófonos da África Occidental

e Central, como parte do estudo do ATAF intit-

ulado Reformas prioritárias das autoridades

tributárias em África. Mais tarde, o ATAF alarga o

estudo para cobrir mais cinco regiões africanas.

2013Janeiro – O ATAF conclui o estudo sobre as refor-

mas prioritárias das autoridades tributárias em

África. A pesquisa compreende seis estudos re-

gionais que destacam as principais problemáti-

cas, os desafios, as necessidades do momen-

to e as reformas prioritárias das autoridades

tributárias. As principais conclusões dos seis

relatórios regionais são consolidadas num único

relatório que abrange toda a África, e que pro-

porciona uma visão geral das características, dos

desafios e das prioridades de reforma comuns

dos países membros.

Agosto – Académicos e autoridades fiscais de

todo o continente africano reúnem-se em Nai-

robi, Quénia, no Fórum Académico Africano com

a finalidade de criar uma rede de conhecimentos

africana que sirva de plataforma através da qual

pesquisadores, autoridades tributárias e formu-

ladores de políticas possam explorar as necessi-

dades de pesquisa. Um grupo directivo é incum-

bido da responsabilidade de elaborar propostas

que resultarão na criação da Rede Africana de

Pesquisa em matéria Tributária (ATRN).

Setembro – O ATAF inicia o seu primeiro estudo

sobre uma das principais prioridades definidas

no relatório relativo às reformas prioritárias das

autoridades tributárias em África. O estudo, em

matéria da tributação das pequenas e médias

empresas, abrange seis países e concentra-se

nas reformas implementadas por esses países

para fazer face ao sector informal, como o im-

posto de selo adoptado no Ghana e o sistema

de gestão de contribuintes por bloco adoptado

na Tanzânia.

2014Maio – O comité directivo da ATRN reúne-se

em Pretória, África do Sul, para discutir propos-

tas relativas ao estabelecimento do organismo

de administração da ATRN e às modalidades de

operacionalização da Rede. Um conselho de ad-

ministração interino de 10 membros é nomeado,

presidido pela Dra. Nara Monkam, Directora de

Pesquisa do ATAF.

Setembro – O ATAF lança o Mestrado Executivo

em Tributação. Este mestrado destina-se a grad-

uados dos países membros anglófonos do ATAF

e é ministrado em colaboração com a Escola de

Economia e Direito em Berlim e a Universidade

de Witwatersrand na África do Sul. O primeiro

grupo de estudantes (27 graduados de 13 países

africanos) inicia o curso de 15 meses e conclui

os estudos no final de 2015. Até ao presente, 51

funcionários das autoridades tributárias em Áfri-

ca já concluíram esta pós-graduação ministrada

em inglês.

Outubro – Executivos seniores responsáveis

pelas áreas de pesquisa e planeamento, políti-

ca tributária, estatísticas tributárias e previsão

da receita de mais de 10 países membros do

ATAF reúnem-se para desenvolver um docu-

mento-quadro de propostas para a estrutura e

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 65

o conteúdo do Perspectiva Tributária Africana

(PTA) que deverá ser a principal publicação so-

bre a tributação em África e servir de manual de

referência para as autoridades tributárias, os for-

muladores de políticas e as empresas africanas

do continente.

2015Janeiro – O ATAF, em parceria com o Centro In-

ternacional de Tributação e Desenvolvimento

(ICTD) no Reino Unido, lança um curso de cur-

ta duração em matéria de Tributação e Desen-

volvimento. Realiza-se em Fevereiro de 2016 em

Adis Abeba, na Etiópia, uma edição africana do

curso com 20 participantes, metade dos quais

trabalham em administrações fiscais. Edições

subsequentes são ministradas em institutos de

formação colaborativos como o Instituto de Ad-

ministração Tributária da Tanzânia e o Instituto

de Administração Fiscal do Quénia. Até ao pre-

sente, 123 participantes já concluíram o curso.

Julho – É lançado o programa de Mestrado Ex-

ecutivo em Tributação para países francófonos,

em colaboração com a Université Alioune Diop

de Bambey e a École Nationale d´Administra-

tion, ambas do Senegal, e a Autoridade Fiscal

das Maurícias. Os quatro parceiros celebram

um memorando de entendimento em Dakar,

no Senegal. Até ao presente, 33 funcionários de

administrações fiscais francófonas em África já

concluíram o curso.

Setembro - Um total de 159 participantes ori-

undos de 21 países participa do congresso inau-

gural da Rede Africana de Pesquisa em matéria

Tributária (ATRN) na Cidade do Cabo, África do

Sul. O congresso, o primeiro do género em África,

serve de plataforma para a liderança de pens-

amentos, o diálogo, a pesquisa e a colaboração

entre pesquisadores, autoridades tributárias

e formuladores de políticas em Africa sobre

questões que influenciam o contexto tributário

na continente e à volta do mundo. São discutidos

mais de 40 documentos académicos e de políti-

cas, bem como estudos de caso. Os congressos

subsequentes realizam-se em Seychelles (2016),

Madagáscar (2017) e Marrocos (2018).

2016Abril – É lançada a primeira edição da publi-

cação «Revenue Statistics in Africa» (Estatísticas

tributárias em África), na qual são apresenta-

das as estatísticas de oito países. A publicação,

que resultou duma joint-venture entre o ATAF, a

Comissão da União Africana e o Centro de Políti-

cas e Administração Tributária da OCDE, alinha

o formPTA das estatísticas africanas com o de

publicações semelhantes na América Latina, nas

Caraíbas, na Ásia e nas Ilhas do Pacífico. A edição

de 2017 apresenta estatísticas de 16 países afri-

canos e a edição de 2018 apresenta estatísticas

de 21 países.

Junho – Realiza-se o lançamento da primeira

edição da Perspectiva Tributária Africana (PTA)

, reconhecida como a principal fonte de dados

tributários nos países africanos. A edição inau-

gural contém dados fiscais de 15 países partic-

ipantes. Um número crescente de países africa-

nos participa das edições subsequentes desta

publicação anual.

2017Julho – A segunda edição da «Perspectiva

Tributária Africana » (PTA ) é lançada no Diálogo

de Alto Nível sobre as Políticas Tributárias decor-

rido em Kampala, Uganda. Esta edição contém

dados de 21 autoridades tributárias em África.

Setembro – Decorre o 3° Congresso Anual da

ATRN em Antananarivo, Madagáscar. O congresso

destaca a importância das tecnologias de

informação e do intercâmbio de informação

no desenvolvimento de sistemas tributários

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 66

modernos e eficazes que promovam a mobilização de recursos internos

em África.

Novembro – É lançada uma plataforma electrónica de dados para a Per-

spectiva Tributária Africana. A plataforma transnacional ajuda os países

membros a recolher um conjunto harmonizado de dados e estatísticas na-

cionais sobre a administração tributária e aduaneira. A plataforma tem por

objectivo melhorar a comparabilidade, análise, coerência, qualidade e aces-

sibilidade dos dados relativos à arrecadação de receitas nos países partic-

ipantes africanos.

2018Julho – A edição de 2018 da Perspectiva Tributária Africana é lançada

em Kigali, Ruanda, durante o Segundo Diálogo de Alto Nível do ATAF so-

bre as Políticas Tributárias. A publicação contém dados de 26 autoridades

tributárias em África.

Setembro – O 4º Congresso Anual da ATRN é realizado em Ifrane, Marrocos.

Quase 120 participantes de 27 países africanos participam do congresso,

no qual discutem a importância do contexto sociopolítico no reforço dos

sistemas tributários em África com vista a melhorar a arrecadação de

impostos.

2019Julho – O ATAF publica a Compilação de Sínteses dos Sistemas Tributári-

os em África, um resumo útil para formuladores de políticas e autoridades

tributárias sobre estudos em matéria de assuntos tributários relevantes

para África. A compilação contém os resumos dos estudos publicados na

Gershem Pasi, Presidente do Conselho do ATAF, no lançamento da Rede Africana de In-vestigação sobre Tributação, Cidade do Cabo, Setembro de 2015

Série de Documentos de Trabalho da ATRN, as melhores dissertações e pro-

jectos de transferência de conhecimentos produzidos ao abrigo do Mestra-

do Executivo em Tributação, e as melhores redacções do concurso anual

do ATAF.

Novembro – A edição de 2019 da Perspectiva Tributária Africana é publi-

cada. Contém dados tributários de 34 países africanos, mais do que o do-

bro do número de países que participaram da edição inaugural em 2016.

Pela primeira vez, quatro documentos de estudo temáticos acompanham a

publicação principal sobre as perspectivas de tributação em África1 .

1 Os documentos abordam: i) uma avaliação da eficiência do IVA; ii) uma análise aprofundada dos sistemas tributários da África Occidental; iii) um compêndio de boas práticas e histórias de sucesso da administração tributária e reformas de políticas em todo o continente; e iv) a tributação de sectores específicos. O principal objectivo da inclusão das quatro publicações temáticas é aumentar a relevância do banco de dados e doutros produtos da PTA e reforçar a estratégia de divulgação da mesma.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 67

O ATAF tem feito contribuições notáveis para o fomento da pesquisa e a promoção da produção e disseminação de conhecimentos em matéria da tributação em África no período relativamente curto da sua existência. O ATAF criou uma rede

para pesquisadores africanos vocacionados para as matérias tributárias e tem organizado um congresso anual desde 2015, o maior do género em África.

O ATAF também desempenhou um papel primordial no lançamento de duas publicações seminais, a Perspectiva Tributária Africana (PTA ) e a «Revenue Statistics in Africa», que pela primeira vez, proporcionam aos pesquisadores e formuladores de políticas dados precisos sobre os impostos, a receita e outros indicadores macroeconómicos relativos aos países participantes do continente africano.

Além disso, o ATAF comissionou e realizou vários estudos sobre um amplo leque de problemáticas tributárias de actualidade e, posteriormente, divulgou os resultados a fim de informar a política tributária e as práticas de administração tributária em África. Colaborou ainda com várias outras entidades na realização de pesquisas conjuntas sobre tópicos identificados pelas autoridades tributárias dos países membros como sendo tópico de interesse especial. As pesquisas incluíram estudos sobre a tributação de pequenas e médias empresas, a conformidade, a governação e os sistemas de TIC, entre outros. De especial interesse foi a pesquisa realizada em colaboração com a Autoridade Tributária do Ruanda e o Centro Internacional de Tributação e Desenvolvimento (ICTD)2 sobre o cumprimento da lei tributária por parte dos contribuintes e os factores que afectam o comportamento dos contribuintes no Ruanda.

O ATAF também criou um curso de pós-graduação, nomeadamente o Mestrado Executivo em Tributação (a primeira formação do género no continente africano) cujo currículo aborda explicitamente os problemas fiscais que são detectados pelas

autoridades tributárias nos países de origem dos estudantes e propõe soluções viáveis.

PROMOÇÃO DO CENTRO DE CONHECIMENTOS SOBRE A TRIBUTAÇÃO EM ÁFRICA

Sr. Maurice Ochieng do GIZ, na inauguração do programa de Mestra-do Executivo em Tributação do ATAF, Setembro de 2014

2 Foram publicados os seguintes documentos de estudo, a saber: Unlocking the potential of administrative data in Africa: tax compliance and progressivity in Rwanda; The carrot and the stick: evidence on voluntary tax compliance from a pilot field experiment in Rwanda e A Field Experiment on the Drivers of Tax Compliance and Delivery Methods in Rwanda.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 68

INÍCIO DA PESQUISA SOBRE A TRIBUTAÇÃO EM ÁFRICA

A falta de pesquisa sobre a tributação

em África e a carência de dados

credíveis e acessíveis já eram evidentes

quando o ATAF foi constituído. Ficara claro que

o vácuo teria de ser rapidamente preenchido

para que fossem desenvolvidas estratégias

relevantes que garantissem uma administração

tributária eficaz no continente africano. Para o

efeito, foi necessário recolher dados e realizar

pesquisas que pudessem constituir a base de

conhecimentos subjacente aos programas de

reforço de capacidades e à assistência técnica

oferecidos pelo ATAF.

“Havia muito poucos estudos que abordas-

sem de forma específica os problemas enfren-

tados pelas autoridades tributárias africanas.

Os estudos disponíveis eram isolados e de difícil

acesso. Ficou evidente que o ATAF devia promov-

er a pesquisa sobre a tributação em África como

parte integral do seu objectivo de desenvolver

autoridades tributárias eficazes e eficientes no

continente,” afirma a Dra. Nara Monkam, Directo-

ra de Pesquisa do ATAF.

Logo após a sua constituição, o ATAF

comissionou vários estudos como parte de

um projecto de pesquisa conjunto sobre a boa

governação financeira em África. O projecto

conjunto foi realizado em colaboração com a

Organização Africana das Instituições Supremas

de Controlo (AFROSAI) e a Iniciativa Colaborativa

de Reforma Orçamental em África (CABRI). Os

parceiros acordaram a metodologia e a estrutura

do estudo num workshop técnico em Março de

2010 e realizaram um segundo workshop técnico

em Julho de 2010 onde avaliaram e validaram os

resultados do estudo. O Relatório de Situação

sobre a Boa Governação Financeira em África

foi publicado em Março de 2011. Embora as

principais constatações do estudo estejam

contidas no relatório acima mencionado, em

Fevereiro de 2012, o ATAF publicou um estudo

completo sobre a boa governação tributária num

relatório separado intitulado Boa governação

tributária em África. Mais importante ainda, este

relatório identifica futuras áreas de pesquisa.

Entretanto, Dra. Monkam, a então directora

adjunta do Instituto Fiscal Africano e professora

catedrática da Faculdade de Economia da

Universidade de Pretória, África do Sul, ficou

muito entusiasmada quando foi convidada

pelo ATAF em 2012 para liderar um projecto

que tinha por objectivo identificar as reformas

prioritárias que as autoridades tributárias em

África deviam encetar - tema que havia sido

identificado no Relatório de Situação como

uma das áreas que requeria mais investigação.

Durante os 18 meses seguintes, vários estudos

foram realizados sobre os principais desafios,

as necessidades fundamentais e as reformas

prioritárias que os 34 países membros do ATAF

deviam encetar, sendo os últimos divididos em

seis blocos regionais3. Cada pesquisa regional

compreendeu uma primeira fase em que foi feito

um estudo documental sobre os países daquela

região e produzido um relatório preliminar. Esta

fase foi seguida por um workshop de diagnóstico

Dra. Nara Monkam, Diretora de Investigação do ATAF.

3 Os blocos regionais eram: África Oriental (Burundi, Eritreia, Quénia, Ruanda, Tanzânia, Uganda); África do Norte (Egipto, Mauritânia, Marrocos, Sudão); África Austral I (África do Sul, Botswana, Malawi, Namíbia, Zâmbia, Zimbabwe), África Austral II (Lesoto, Madagáscar, Maurícias, Moçambique, Seychelles, Swazilândia [agora Eswatini]); África Occidental e Central (Benim, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gabão, Níger e Senegal); África Occidental II (Gâmbia, Gana, Libéria, Nigéria e Serra Leoa).

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 69

em que participaram representantes das

respectivas autoridades tributárias de cada

região. “Esses workshops foram muito práticos

e participativos. Os workshops foram muito

valiosos porque convocaram funcionários das

diversas autoridades tributárias que ficaram

a conhecer melhor os sistemas tributários

dos outros países membros e passaram a

compreender os problemas enfrentados pelas

outras autoridades tributárias. Os workshops

proporcionaram aos funcionários a oportunidade

de comparar circunstâncias e contextos, tirar

ilações das experiências dos outros países,

trocar impressões sobre as melhores práticas,

e acordar as cinco reformas mais prioritárias

que devem ser implementadas no continente

africano”, afirmou a Dra. Monkam.

Os seis relatórios regionais foram consolidados

num relatório único sobre toda a África que

ofereceu uma visão geral das características,

necessidades e reformas prioritárias comuns

que devem ser implementadas a fim de

estabelecer autoridades tributárias eficazes no

continente. As conclusões do relatório serviram

para informar os programas de reforço de

capacidades promovidos pelo ATAF e outras

iniciativas afins em anos subsequentes.

CRIAÇÃO DE VÍNCULOS ENTRE OS PESQUISADORES E AS AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS

O núcleo de o que se tornaria a Rede Afri-

cana de Pesquisa em matéria Tributária

(ATRN) foi estabelecido na 2ª Assem-

bleia Geral do ATAF, realizada em Dakar, Sene-

gal, em 2012. A ideia foi discutida pela primeira

vez por três académicos, nomeadamente Dra.

Monkam, Professor Estian Calitz da Universidade

de Stellenbosch, África do Sul, e Professor Attiya

Waris, da Universidade de Nairobi, Quénia. Os três

académicos estavam convencidos de que seria

benéfico para as autoridades tributárias e para

os pesquisadores africanos criar vínculos que

facultassem a pesquisa em matéria tributária,

pelo que discutiram a ideia com o Secretário Ex-

ecutivo do ATAF.

A ideia recebeu um novo impulso em Agos-

to de 2013, quando em colaboração com a Au-

toridade Fiscal do Quénia, o ATAF organizou o

Fórum Académico Africano em Nairobi, Quénia.

Académicos e administrações fiscais de todo

o continente africano apoiaram entusiastica-

mente a criação de uma rede africana de conhe-

cimentos que possuísse uma plataforma na qual

os pesquisadores, as autoridades fiscais e os for-

muladores de políticas pudessem explorar as ne-

cessidades de pesquisa. Um grupo directivo foi

nomeado e incumbido da responsabilidade de

elaborar propostas que subsequentemente re-

sultaram na criação da Rede Africana de Pesqui-

sa em matéria Tributária (ATRN).

A Dra. Monkam ingressou no ATAF como Di-

rectora de Pesquisa em Janeiro de 2014 e uma

das suas principais funções foi estabelecer a

ATRN. Para o efeito, o comité directivo reuniu-se

em Maio de 2014 com o objectivo de considerar

as diversas propostas de configuração da rede

e subsequentemente nomeou um conselho de

administração interino constituído por 10 mem-

bros e presidido pela Dra. Monkam.

A ATRN foi constituída como um órgão distinto

que faz parte do ATAF. A ATRN é composta por um

conselho de administração interino e um comité

científico, cujo objecto é servir de plataforma para

um diálogo inspirado em África, uma pesquisa

académica independente e uma estreita colaboração

entre pesquisadores, formuladores de políticas

e administradores fiscais. Todos os institutos e

pesquisadores africanos que abordam as matérias

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 70

tributárias e que pagam as suas contribuições

anuais são membros de pleno direito da ATRN. Os

membros têm o direito de voto na assembleia geral

anual que coincide com o congresso anual da ATRN.

Actualmente existem 85 membros efectivos da

ATRN. Institutos e pesquisadores não africanos que

trabalham com questões tributárias africanas podem

aceder a ATRN na qualidade de membros associados

sem direito de voto.

O principal evento da ATRN é o congresso anual no

qual se estimula o diálogo sobre questões relevantes

e se apresentam os últimos resultados dos estudos

feitos sobre matérias tributárias. O Comité Científico

é responsável pelas avaliações cegas por pares

(nas quais se preserva a identidade do autor e dos

avaliadores) de todos os resumos e/ou documentos

de estudo submetidos pelos pesquisadores para

apresentação no congresso, a fim de garantir

apresentações de elevada qualidade.

O congresso inaugural da ATRN foi realizado na

Cidade do Cabo, África do Sul, em Setembro de

2015, subordinado ao tema Desafios tributários

contemporâneos para os países africanos. Um total

de 159 participantes oriundos de 21 países participou

da conferência que se revestiu de êxito e na qual

foram apresentados 47 estudos completos.

"Foi a primeira vez que conseguimos reunir peritos

com formação em disciplinas divergentes para

discutir os conhecimentos de última hora do domínio

tributário", afirmou o professor Waris na altura do

congresso inaugural da ATRN.

Nos anos subsequentes, o congresso anual da

ATRN decorreu em Seychelles (2016), Madagáscar

(2017) e Marrocos (2018)4. Segundo a programação,

o congresso de 2019 decorrerá em Dakar, Senegal,

de 27 a 29 de Novembro, subordinado ao tema

Digitalização: Desafios e oportunidades – Debate

sobre o contexto tributário africano.

Aproximadamente 500 participantes oriundos de

52 países já participaram dos congressos, discutindo

diversos aspectos das questões tributárias nacionais,

regionais e internacionais de relevância para o

continente. Até ao final de 2018, de um total de 302

estudos recebidos, 162 documentos académicos

sobre políticas tributárias, legislação tributária,

administração tributária, bem como tributação e

desenvolvimento no continente africano, foram

apresentados nos congressos da ATRN.

"A ATRN preencheu uma lacuna importante e

ajudou a criar vínculos entre os pesquisadores e

os funcionários das autoridades tributárias sobre

assuntos tributários", comentou Feyron Dean,

consultora fiscal do Gana.

Um subproduto importante do congresso

anual é a ATRN Working Paper Series and Policy

Briefs (Série de documentos de trabalho da ATRN

e os Resumos de Políticas). A série compreende

os artigos resultantes de pesquisa que são selec-

cionados para publicação no portal da ATRN de-

pois de passarem pela avaliação cega dos pares

que é realizada sob a égide do comité científico

da ATRN. Até ao presente, já foram publicados

no portal 90 artigos de pesquisa avaliados pelos

pares e concernidos com uma variedade de tópi-

cos ligados à tributação em África e que foram

apresentados nos congressos de 2016, 2017 e

2018.

Em 2019, o ATAF publicou a Compilação de resumos

de estudos africanos sobre a tributação cujo objecti-

vo era aumentar a conscientização sobre os estudos

da tributação em África que podiam ser acedidos por

formuladores de políticas, administrações tributárias

e outras partes interessadas. Esse livreto contém um

resumo dos estudos disponíveis e tem por intuito

oferecer soluções práticas, oportunas e acessíveis,

4 Os temas dos congressos anuais da ATRN foram: 2º - Financiamento do desenvolvimento sustentável em África: como identificar fontes de receita inexploradas e subutilizadas; 3º - Um sistema tributário moderno e eficaz para promover a mobilização de recursos internos em África: O papel da tecnologia da informação e do intercâmbio de informações tributárias; e 4º O papel do contexto sociopolítico no reforço dos sistemas tributários em África: soluções para a arrecadação de impostos.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 71

UMA FRATERNIDADE FISCAL QUE MUDOU A PAISAGEMO Professor

Fanie van Zyl tem

estado envolvido

na Rede Africana de

Investigação Fiscal

do ATAF desde a sua

criação em 2015

e é membro do

Comité Científico

da ATRN. É também

consultor do Comité Técnico do IVA do ATAF.

"Apresentei um artigo na ATRN em 2015. Foi

a primeira vez que estudiosos de toda a África

colaboraram para formar uma fraternidade

fiscal que mudou para melhor o panorama da

administração tributária, da investigação fiscal e

da política fiscal", recordou.

Ele também apresentou trabalhos nos

congressos da ATRN de 2016, 2017 e 2018 e

presidiu a painéis de políticas. "O congresso

é uma excelente oportunidade para as

autoridades tributárias colaborarem, trocarem

ideias e ouvirem os principais investigadores

em questões tributárias em África. É aqui que

as soluções dos Africanos para a África são

desenvolvidas, discutidas, moldadas e mais

tarde implementadas pelos países membros",

disse ele.

Ele sentiu que os congressos de 2017 e 2018

foram marcados por uma grande melhoria na

qualidade dos trabalhos de pesquisa e dos

palestrantes.

Van Zyl disse que o parecer dos participantes

do Congresso ajudou a melhorar seu trabalho

final em 2017, que foi publicado em uma revista

de prestígio. "O parecer dos participantes do

Congresso em 2018 também me permitiu

melhorar minha própria pesquisa e ampliar

meu pensamento para moldar melhores

recomendações.

"Para a UNISA, minha filiação e o trabalho que

faço para o ATAF elevam o prestígio da minha

classificação académica. Desde que meu trabalho

no ATAF se tornou mais proeminente, tenho

conseguido atrair um número substancial de

estudantes internacionais que se matricularam

para estudos de pós-graduação na UNISA. O

prestígio e a exposição internacional de fazer

parte da equipe do ATAF me garantiram um bom

posicionamento como pesquisador classificado

pela NRF", disse Van Zyl.

Ele disse que a principal lição que retirou da sua

participação no ATAF é que os Estados africanos

devem colaborar nas esferas económica, política,

social e fiscal para melhorar os padrões de vida

de todos os africanos.

"Juntos, através de sistemas fiscais eficazes,

a pobreza, a fome, a mudança climática e a

corrupção podem ser eliminadas em África. É

incrível ser uma pequena parte de um grande

grupo de pessoas influentes que mudam a

paisagem fiscal para o benefício de todos",

acrescentou ele.

No futuro, ele disse que desejava sucesso

ao ATAF. "O ATAF também pode querer

considerar assinar a biblioteca on-line do IBFD

e disponibilizar as instalações da biblioteca para

todos os membros do ATAF/ATRN. Este será um

imenso benefício para todos os académicos

africanos que lutam para encontrar material

de investigação. O ATAF deve expandir essa

biblioteca on-line digitalizando dados fiscais, leis,

julgamentos, políticas e outros textos africanos,

de modo a fornecer uma plataforma on-line para

a pesquisa africana em tributação", sugeriu o

professor Van Zyl.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 72

bem como boas práticas e recomendações para a

superação dos desafios enfrentados pelos sistemas

tributários em África.

O ATAF também pretende publicar uma revista

multidisciplinar sobre a tributação em África que será

preparada por um chefe de redacção e uma equipa

editorial. A revista constituirá uma plataforma impor-

tante de pesquisas multidisciplinares de alto nível em

matéria de política tributária, legislação tributária, ad-

ministração tributária, impostos e desenvolvimento

no continente africano.

Salvador Mwambwa, que tem exercido funções no

grupo directivo da ATRN, bem como no conselho de

administração interino e no comité científico, afirma

que a ATRN tem protagonizado um papel impor-

tante na promoção de vínculos e colaboração entre

pesquisadores, formuladores de políticas e outros in-

tervenientes no domínio da tributação.

“Agora já temos ao nosso dispor um fórum de

discussão e uma rede colegial que são muito valio-

sos. Estes organismos ajudam a chamar a atenção

para as questões tributárias em África e tornam a

voz africana mais audível no cenário internacional”,

acrescentou.

“O estabelecimento da Rede Africana de Pesquisa

em matéria Tributária (ATRN) proporcionou um

intercâmbio formal e estruturado entre académicos,

administradores das autoridades tributárias,

profissionais do sector tributário, a sociedade civil

e consultores e representantes do empresariado

sobre políticas fiscais e tributárias em África.

Facultou o desenvolvimento da capacidade africana

de investigação credível em matéria de políticas

tributárias, administração fiscal, legislação fiscal e

liderança ”, afirmou a Dra. Monkam.

APOIO AOS PESQUISADORES JOVENS

Com vista a reforçar as capacidades de in-

vestigação dos pesquisadores jovens de nível

intermédio que estão virados para as áreas de

tributação e desenvolvimento e a melhorar a

qualidade dos documentos de estudo apre-

sentados nas conferências da ATRN, o ATAF in-

troduziu um workshop anual de reforço de ca-

pacidades em 2016. O Research Methods and

Dissemination Workshop (Workshop sobre mét-

odos de pesquisa e disseminação) visa fortalecer

a capacidade de pesquisadores que já trabalham

na área tributária, mas cujo trabalho poderia ser

aprimorado com métodos de pesquisa mais rig-

orosos e internacionalmente aceitos.

Como parte de um processo de aprendizado

prático, os pesquisadores recebem feedback de

peritos sobre como melhorar as suas pesquisas,

como explicar melhor a importância das suas

investigações, como traduzir as constatações dos

estudos em implicações para o mundo real, e como

disseminar os resultados a grupos de formulação de

políticas mais amplos.

O primeiro workshop decorreu em 2016 em

Adis Abeba, Etiópia. O segundo workshop, com

sessões paralelas em inglês e francês, decorreu em

Maio de 2017 em Luanda, Angola. Para acomodar o

crescente número de membros lusófonos, o ATAF

velou para que o terceiro workshop que decorreu em

2018 em Dar es Salaam, Tanzânia, oferecesse uma

sessão paralela em português. Em 2019 repetiu-se a

mesma prática, pelo que os workshops em francês

e inglês decorreram em Nairobi, Quénia, enquanto o

Participantes, seminário de capacitação, ATRN Junho de 2019.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 73

workshop em português foi acolhido pela Autoridade

Tributária de Moçambique, em Maputo.

Foram formados 84 pesquisadores oriundos de 20

países, a saber: Angola, Benim, Burkina Faso, Burundi,

Camarões, Etiópia, Guiné-Bissau, Quénia, Costa

do Marfim, Lesoto, Malawi, Moçambique, Namíbia,

Nigéria, Senegal, África do Sul, Togo, Uganda, Tanzânia,

Zimbábue.

Outra iniciativa do ATAF é o concurso anual

africano de redacção em matéria da tributação,

cujo objectivo é incentivar os africanos a abordar

e discutir questões relevantes relacionadas com

os impostos e a propor soluções viáveis e ex-

equíveis aos países africanos relativamente a

como melhorar os seus sistemas fiscais a fim de

optimizar a mobilização interna de recursos. O

concurso, lançado em 2018, está aberto a todos

os pesquisadores africanos incluindo funcionári-

os das administrações fiscais, académicos e

profissionais do sector tributário que se encon-

trem na faixa etária dos 40 anos ou menos.

OPTIMIZAÇÃO DOS DADOS PARA MELHORAR A ADMINISTRAÇÃO E AS POLÍTICAS TRIBUTÁRIAS

A publicação anual da Perspectiva

Tributária Africana pelo ATAF surgiu da

necessidade de disponibilizar estatísti-

cas e análises tributárias fiáveis e comparáveis

referentes às administrações tributárias africa-

nas, para o efeito de melhorar a sua eficiência

e eficácia. A publicação principal fornece arti-

gos descritivos e analíticos valiosos, práticos e

relevantes sobre questões tributárias com vis-

ta a melhorar o trabalho das administrações

tributárias e informar a formulação e implemen-

tação de políticas tributárias no continente.

“Ficou evidente, aquando das minhas conver-

sações com as administrações fiscais à volta

do continente, que apesar de estarmos a recol-

her dados, não estamos a sistematizá-los nem

a optimizá-los. O que é importante e necessário

é consolidar esses dados e apropriarmo-nos de-

les. Tal permitirá que os países africanos tirem

verdadeiro partido dos dados colectados e se

apropriem da sua própria narrativa, ” afirmou

Monkam.

Também era importante assegurar que os

países participantes tivessem um entendimento

comum dos dados que eram necessários recol-

her e que acordassem o conjunto de indicadores

e definições a ser utilizado. Os chefes de pesqui-

sa de 15 administrações fiscais africanas reuni-

ram-se no final de 2014 em Pretória para apreciar

e acordar o quadro de publicação. Foi produzi-

do um manual de indicadores e definições para

várias categorias: taxas tributárias, bases

tributárias, estrutura tributária, desempenho da

receita, administração tributária, atendimento e

conformidade dos contribuintes.

A publicação inaugural foi lançada com êxito

em Junho de 2016 e continha dados de 15 países

membros, a saber: Burundi, Camarões, Quénia,

Lesoto, Maurícias, Ruanda, Senegal, Seychelles,

África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Gâmbia,

Togo, Uganda e Zimbábue. O número de países

participantes tem vindo a aumentar com cada

edição, pelo que a edição de 2020 apresentará

dados de 37 países5.

5Além dos participantes de 2015, a edição de 2020 incluirá dados dos seguintes países: Angola, Benim, Botsuana, Burkina Faso, Chade, Cabo Verde, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Lesoto, Libéria, Madagáscar, Malawi, Mali, Marrocos, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Seychelles, Serra Leoa e Zâmbia

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 74

O facto de o número de países participantes

ter aumentado para mais do que o dobro em

apenas quatro anos confirma o elevado valor da

Perspectiva Tributária Africana enquanto fonte

de dados sobre a tributação e outros indicadores

económicos em África. A publicação também

não se limita aos países membros do ATAF -

países terceiros do continente africano também

participam da Perspectiva Tributária Africana .

Frankie Mbuyamba, especialista do programa

de estatísticas tributárias efectivo no Secretaria-

do do ATAF, lidera a equipa que compila e elabora

a PTA . Ele afirma que é gratificante observar o

aumento do interesse nesta publicação. “Sem-

pre existem desafios quando mais países se ad-

erem ao projecto, e precisamos de estar alertos

à possibilidade de as novas adições alterarem o

quadro geral. Por isso, é importante sempre rev-

ermos as nossas conclusões e analisarmos bem

as tendências e assim por diante. Porém, quan-

to mais países se juntarem a nós, melhor, pois

quanto mais abrangentes forem os dados, mais

exacto se tornará o panorama que temos sobre

a administração tributária e a economia do con-

tinente africano. ”

Além disso, é publicado em formPTA de livre-

to um resumo conciso dos principais destaques

da publicação anual e um compêndio de boas

práticas e histórias de sucesso das autoridades

tributárias e as reformas de políticas encetadas

em todo o continente. O livreto complementa a

publicação principal. Pela primeira vez, a edição

de 2019 foi acompanhada de quatro estudos

temáticos sobre: i) a avaliação da eficiência do

IVA, ii) uma análise aprofundada dos sistemas

fiscais da África Occidental, iii) um compêndio

de boas práticas e sucessos das autoridades

tributária e as reformas de políticas encetadas

em todo o continente e iv) a tributação de sec-

tores específicos. O principal objectivo dessas

publicações anexas é fortalecer a relevância e a

estratégia de divulgação do banco de dados da

PTA e de outros produtos.

Para tornar o processo de colecta, envio e

análise de dados mais fácil e eficiente, o ATAF

estabeleceu em 2018 um portal de dados elec-

trónico. O portal agilizou e facilitou a submissão

de dados pelas administrações fiscais partici-

pantes e permitiu garantir a qualidade dos da-

dos. O portal possibilita a compilação de perfis

de países e boas práticas fiscais, bem como o

manuseamento e a comparação dos dados.

Além disso, faculta uma resposta mais rápida às

solicitações de dados. A próxima etapa consiste

em transformar o portal num portal interactivo

para que os pesquisadores possam desagregar e

misturar os dados conforme necessário. O novo

portal interactivo encontra-se nas fases finais de

ensaio e estará pronto para ser operacionalizado

em 2020.

Uma das principais vantagens do processo da

PTA são os workshops de consultoria, validação,

e reforço de capacidades oferecidos aos colecto-

res de dados, analistas e outros funcionários de

pesquisa das autoridades tributárias dos países

participantes. Os workshops desempenham um

papel crucial na promoção do aprendizado entre

pares, sendo que estimulam a troca de conheci-

mentos e competências, destacam as melhores

práticas e expõem os participantes aos sistemas

tributários e aos dados fiscais dos outros países

membros.

“Os workshops de consultoria e de reforço

de capacidades são etapas muito importantes

no processo de compilação da Perspectiva

Tributária Africana . Os workshops têm por in-

tuito garantir que os colaboradores tenham um

entendimento comum dos processos de recolha

de dados; também ajudam os funcionários a en-

tenderem exactamente que dados é que precis-

am de fornecer para que os dados dos seus re-

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 75

A Sra. Susan

Nakato, que

desempenhou um

papel fundamental

na criação da

publicação

Perspectiva

Fiscal Africana

[African Tax

Outlook], descreveu a experiência como "muito

emocionante e muito desafiante".

Economista da Autoridade Tributária do

Uganda, uma das tarefas da Sra. Nakato foi

a de levar a cabo o trabalho de relatório de

desempenho institucional para a publicação

Comparative Revenue Analysis das Autoridades

Tributárias da África Oriental, e ela pôde tirar

partido desta experiência para a nova publi-

cação do ATAF. "Estávamos a começar do zero,

pelo que encontrámos muitos desafios. Um dos

maiores foi que a maioria das administrações

tributárias tinha dados muito limitados, princi-

palmente sobre o desempenho das receitas, as

taxas de imposto e a base tributária."

"Mais de 80% dos países não podiam for-

necer estatísticas sobre a administração

tributária, especialmente na área do registo

fiscal, auditorias, pagamentos em atraso, desal-

fandegamento e execução. Isto deveu-se à falta

de processos e sistemas para recolher dados

fiscais fiáveis e à falta de definições comuns

entre os países participantes. Os dados sobre

administração fiscal e recursos humanos foram

um problema durante a primeira edição (2016) e

a segunda (2017)", explicou.

Ao fazer o trabalho de preparação para a

publicação inaugural que contou com a partic-

ipação de 15 países membros do ATAF, a falta

de dados de fontes africanas foi muito evidente

e sublinhou ainda mais a necessidade de uma

publicação como a African Tax Outlook.

Garantir que os indicadores correctos fos-

sem escolhidos e que todos os países mem-

bros tivessem um entendimento comum dos

mesmos, e fornecessem dados comparáveis

foi absolutamente fundamental. A Sra. Naka-

to disse que, sob a orientação da Director de

Investigação do ATAF, Dra. Monkam, da Sra.

Milly Nalukwago, Directora Geral (Planeamento

e Desenvolvimento de Investigação) e do Prof.

Dr. Michael Bräuninger (Economista Sénior), os

indicadores foram desenvolvidos e acordados,

e assim foi produzido um guia do ATAF. "Isto

forneceu definições comuns entre os países,

permitindo assim a comparação dos dados

recolhidos dos países participantes.

A Sra. Nakato disse que o trabalho árduo que

a equipa desenvolveu foi recompensado, espe-

cialmente quando se deparou com pessoas que

utilizaram a publicação como ponto de referên-

cia. "Me sinto orgulhosa por haver agora uma

fonte africana de estatísticas fiscais que está a

ser usada, e os indicadores que ajudei a desen-

volver ainda estão a ser usados", disse ela.

Ela acredita que o impacto da publicação vai

além da simples produção de dados e análises.

"Ao permitir a aprendizagem entre pares e boas

práticas, os países foram capacitados não só

para fornecer estas estatísticas, mas também

para usar as mesmas, tendências, comparações

nacionais ou regionais e análise comparativa

para implementar reformas nos seus países",

acrescentou.

TER UMA FONTE AFRICANA DE ESTATÍSTICAS FISCAIS DEIXA-ME ORGULHOSO

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 76

As economistas do South African Revenue Ser-

vice (SARS), as senhoras Dinah Sekhuthe, Eva

Muwanga-Zake e Winile Ngobeni ("equipa do

SARS") participaram na publicação Prospecti-

va Fiscal Africana [African Tax Outlook – ATO]

desde a sua criação em 2015. Participaram nos

seminários anuais de validação e capacitação da

ATO e partilharam as suas experiências.

A equipa do SARS indicou que a sua par-

ticipação no programa e a participação nos

seminários ajudou-as a manter-se a par dos

desenvolvimentos da administração tributária

no continente africano e ajudou-as a estabelecer

redes de investigação e a criar oportunidades de

investigação com colegas.

"O que mais gostamos nesta publicação é que,

como autoridades tributárias africanas, estamos

a escrever as nossas próprias histórias. Como

resultado, esforçamo-nos por manter a integri-

dade da publicação, assegurando que fornece-

mos dados precisos e fiáveis", disseram elas.

A equipa do SARS considera os processos da

ATO extremamente valiosos pelo facto de ser-

em capazes de fornecer medidas de controlo

de qualidade, verificando os dados do SARS que

são enviados para a compilação da publicação

da ATO todos os anos, bem como assegurando a

precisão e fiabilidade da publicação.

De um ponto de vista pessoal, a equipa do

SARS disse que o programa permitiu uma opor-

tunidade para abrir novas redes de especial-

ização e apoio na realização de projectos de

investigação. Além disso, o programa contribuiu

conjuntamente para o seu crescimento profis-

sional e o da organização através das lições

aprendidas e das melhores práticas.

"Os processos de publicação da ATO aumen-

taram a nossa consciência da nossa própria or-

ganização, através dos dados que recolhemos

fora da nossa divisão. Isso nos ajudou a identifi-

car as dependências entre as divisões e o que in-

forma os dados que são colectados pelas várias

divisões", explicaram eles.

A equipa do SARS sublinhou ainda que, nas

publicações anteriores, as definições dos indi-

cadores nem sempre eram claras, mas ao lon-

go do tempo foram modificados, o que ajudou

a melhorar a qualidade dos dados. "Outros de-

safios decorrem do facto de os representantes

dos países terem diferentes graus de conhe-

cimento técnico e, como os funcionários dos

países anglófonos, francófonos e lusófonos es-

tão representados no programa, a comunicação

nem sempre é fácil devido à barreira linguística",

acrescentaram.

No entanto, com a ajuda de colegas que falam

várias línguas e traduções, estes desafios foram

superados. "O facto de os participantes se en-

contrarem em diferentes níveis tecnicamente

dificulta, por vezes, o acompanhamento das dis-

cussões. Ao mesmo tempo, isto também oferece

uma oportunidade para aprender e adquirir

conhecimentos em novas áreas de trabalho",

concordaram.

ESTAMOS AGORA A ESCREVER AS NOSSAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 77

spectivos países estejam em conformidade com

os indicadores e as definições adoptados para

o portal. Os workshops proporcionam aos no-

vos colectores de dados uma oportunidade para

aprenderem a usar eficientemente o portal de

dados electrónico da PTA ,” explicou Mbuyamba.

Além disso, para garantir a sustentabilidade a

longo prazo dessa publicação seminal em África,

os países participantes concordaram em con-

tribuir para a redacção da publicação, utilizando

as aptidões de redacção existentes nas autori-

dades tributárias, aproveitando a aprendizagem

mútua e usando este projecto como uma opor-

tunidade para aumentar a visibilidade das suas

instituições. Por conseguinte, numa base rotati-

va, as autoridades tributárias destacam um ou

dois quadros para o Secretariado do ATAF, para

que esses possam assistir o Secretariado na re-

dacção e publicação da PTA .

O ATAF também contribuiu com informação

valiosa para a publicação Revenue Statistics

in Africa (Estatísticas fiscais em África), um

joint-venture entre o ATAF, a Comissão da União

Africana e o Centro de Política e Administração

Tributária da OCDE. A publicação concentra-se

mais nos indicadores macroeconómicos e, como

tal, complementa a PTA .

A Dra. Monkam afirmou que o ATAF participou

das reuniões conjuntas do comité técnico e velou

para que os indicadores fiscais e não fiscais que

foram escolhidos fossem os mais apropriados e

padronizados para os países africanos. O ATAF

também fundamentou as razões pelas quais os

indicadores não fiscais deviam ser incluídos. Um

dos objectivos principais era assegurar que os

países africanos pudessem beneficiar da trans-

ferência de conhecimentos e competências.

A publicação inaugural foi lançada em Abril de

2016 e continha dados de oito países africanos.

A edição de 2017 contém dados de 16 países af-

ricanos e a edição de 2018 contém dados de 21

países. A publicação alinha o formPTA dos dados

de África com os formPTA s dos dados contidos

em publicações semelhantes sobre a América

Latina, as Caraíbas, a Ásia e as Ilhas do Pacífico.

Participantes, seminário de capacitação sobre as Perspectiva Fiscal Africana, Windhoek, Abril de 2017

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 78

INICIATIVA MAGISTRAL NA ESFERA ACADÉMICA

Na sua interacção com os países mem-

bros, o ATAF constPTA u que havia ne-

cessidade de criar uma pós-graduação

em matéria da tributação que fosse especial-

mente adequada às necessidades dos quadros

fiscais e das autoridades tributárias em África.

A visão era oferecer um programa que tivesse

um forte impacto no desenvolvimento e que sus-

tentasse o objectivo de longo prazo de reforçar

as competências e capacidades técnicas dos

futuros mestres. Um elemento único e impor-

tante do curso seria o "projecto de transferência

de conhecimentos", ou seja, na tese do mestrado

cada estudante deveria identificar um proble-

ma enfrentado pela autoridade tributária do seu

país de origem e propor soluções que deveriam

ser implementadas no seu regresso a casa.

Os estudantes agiriam como “agentes de

transformação” capazes de implementar e diri-

gir processos de reforma nos diversos domínios

de finanças públicas, legislação tributária, políti-

ca tributária e administração tributária nos seus

países.

O ATAF lançou o curso de Mestrado Executi-

vo em Tributação (EMT) em Outubro de 2014

em parceria com a GIZ, a Escola de Economia e

Direito em Berlim, Alemanha, e a Universidade

de Witwatersrand em Joanesburgo. O mestra-

do para estudantes francófonos foi lançado em

Julho de 2015 e implementado em parceria com

instituições académicas senegalesas, nomea-

damente, a Ecole Nationale d'Administration e

a Université Alioune Diop de Bambey, e com a

Mauritius Revenue Authority.

Entre 2014 e 2017, 83 estudantes de 26 países

africanos concluíram o programa EMT. Além dis-

so, um total de 86 projectos de transferência de

conhecimentos foram produzidos e colocados

ao dispor das administrações tributárias.

Após a implementação bem-sucedida de

duas coortes anglófonas e francófonas, foi real-

izada uma avaliação do impacto do curso e da

relevância do programa EMT para as autoridades

tributárias africanas. A principal recomendação

que emanou da avaliação foi no sentido de se

harmonizar o programa EMT em inglês e francês,

e de se alterar a abordagem do EMT para que as-

sente num quadro de competências necessárias

ao invés de num currículo. Por conseguinte, o

modelo de actividade do EMT foi alterado.

A Dra. Monkam explicou: “A nova visão para

o EMT é estabelecer parcerias com instituições

académicas para criar “centros de excelên-

cia” alicerçados num quadro de competências

necessárias para África e o resto do mundo. Es-

ses centros de excelência serão reconhecidos

pelos países membros do ATAF como institutos

de formação preferidos para os estudantes que

quiserem fazer um EMT. ”

Graduados do Mestrado Executivo em Tributação, Joanesburgo, Abril 2017

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O Sr. Frank Kalizinje, analista de Business Intelligence e pesquisa-

dor da Autoridade Tributária do Malawi (MRA), fez parte da primeira

turma de alunos do Mestrado Executivo em Fiscalidade. Ele credita o

programa em ajudá-lo a descobrir o seu nicho na investigação fiscal.

"O EMT me permitiu adquirir um conhecimento mais profundo em

pesquisa tributária. Já publiquei muitos artigos e participei em in-

úmeras conferências de investigação. Também me deu capacidade e

confiança para ajudar a resolver problemas práticos na minha admin-

istração tributária", disse ele.

Mas nem sempre foi esse o caso. "Ao retornar ao trabalho depois do curso, a aceitação no tra-

balho foi difícil. Era frustrante ser marginalizado, embora eu estivesse entusiasmado em contribuir.

Tomei a iniciativa da pesquisa tributária e ganhei prémios de pesquisa tributária. Isso fez com que

a gerência percebesse que eu sou um activo e que eles me envolvem muito mais agora", explicou

ele.

"Apesar de ainda ser relativamente jovem, sou agora reconhecido e envolvido em muitas tarefas

estratégicas no MRA. Fui nomeado chefe de investigação do Malawi na Organização Mundial das

Alfândegas na África Oriental e Austral. Adquiri excelentes capacidades de apresentação e fui con-

vidado a apresentar nos exercícios de desenvolvimento da estratégia de MRA," disse o Sr. Kalizinje.

Ele também apresentou um artigo no Congresso inaugural da ATRN em 2015 e teve o seu artigo

publicado. Participou no Congresso da ATRN de 2018 como apresentador e relator.

Com base na sua experiência pessoal, o Sr. Kalizinje considerou que o ATAF deveria consider-

ar um mecanismo viável para incentivar as administrações tributárias membros a apoiar activa-

mente os seus investigadores na participação na investigação. "Sinto que falta o apoio por parte

das administrações tributárias. Elas têm de possuir o espaço de investigação e isto ajudará a criar

grupos de reflexão em matéria de tributação em África", afirmou.

O CURSO AJUDOU-ME A DESCOBRIR O MEU NICHO NA INVESTIGAÇÃO

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 79

"Embora os centros funcionem de forma indepen-

dente, levaremos a cabo com regularidade diversas

avaliações académicas, bem como acções de mon-

itorização e avaliação, para manter a qualidade e a

relevância do currículo oferecido", acrescentou.

“O EMT tem vindo a facultar a qualificação dos

quadros intermédios das autoridades tributárias af-

ricanas, proporcionando-lhes um programa de ensi-

no superior personalizado. Também tem incremen-

tado a investigação sobre questões relevantes para

os países membros através dos projectos de trans-

ferência de conhecimentos que são produzidos pe-

los estudantes. Um resultado importante foi a mel-

horia da troca de conhecimentos transfronteiras e a

criação de uma rede de peritos africanos em matéria

da tributação por vias do foro de mestres do EMT,”

salientou a Dra. Monkam.

O ATAF também oferece um Curso em matéria de

Tributação e Desenvolvimento concebido especial-

mente para um público amplo e leigo de profissionais

e formuladores de políticas que estejam interessados

ou a trabalhar na área de arrecadação de impostos

e mobilização de recursos públicos em África, espe-

cialmente àqueles provindos da sociedade civil e da

comunidade de doadores. Desde o seu lançamento

em 2015, 123 participantes de países membros con-

cluíram o curso e receberam acreditação.

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O Sr. Mamadou Lawan Boukar é o director do Centro de

Fiscalidade da Direcção Geral dos Impostos do Níger. Fez

parte da primeira turma do curso de Mestrado Executivo

em Tributação da Francofonia. Formou-se em 2017 e re-

flete sobre o impacto positivo que a participação no EMT

teve na sua vida pessoal e profissional.

"Como Inspetor Geral de Impostos, eu esperava aumen-

tar minhas qualificações e abrir-me a outros horizontes de

tributação. Tive a sorte de receber uma bolsa GIZ para fazer

o EMT", disse Lawan.

A participação no EMT permitiu que Lawan descobrisse seus pontos fortes e limites na

gestão das administrações tributárias. "Graças a esta formação, fui reposicionado como

Inspetor Chefe dos Impostos no Serviço Público e nomeado Chefe do Centro Fiscal para

poder contribuir para a mobilização das receitas fiscais no meu país", disse Lawan.

"Hoje, graças ao Mestrado Executivo em Fiscalidade, estamos a abordar todos os ti-

pos de questões fiscais no contexto da globalização. Nós também não hesitamos um

instante para perguntar a outros colegas EMT graduados seus pontos de vista e apelar

para as suas experiências nos vários domínios", acrescentou ele.

A parte mais difícil do curso para ele foi quando ele tinha que estar longe de sua

família. "Felizmente, pude superar essa dificuldade graças ao apoio dos outros graduados

e graças às novas tecnologias que me permitiram permanecer em contato em tempo

real com minha família através de videochamadas", lembrou. Numa nota mais pessoal,

outro benefício foi que, como doente com anemia falciforme, conseguiu obter o trata-

mento de que necessitava nas melhores condições em Dakar e nas Maurícias, graças ao

seguro de saúde. Isto resultou numa redução dos ataques causados pela doença.

NOVOS HORIZONTES SE ABRIRAM PARA MIM OS WORKSHOPS SÃO UMA EXPERIÊNCIA VALIOSA DE APRENDIZAGEM

A oportunidade de participar em

workshops para contribuir para a con-

cepção do currículo do programa de Me-

strado Executivo em Tributação (EMT, na

sigla inglesa) da ATAF foi uma experiên-

cia gratificante para o Professor Craig

West.

“Participei pela primeira vez no

workshop que decorreu em Pretória em

Novembro de 2018. Na qualidade de académico da Universidade

de Cape Town, apresentei a perspectiva da universidade. Depois

ouvi os contributos dos Chefes de Formação das autoridades

tributárias africanas no que respeita aos seus objectivos para o

programa de EMT.

"As reacções positivas aos insumos foram animadoras e levaram

a um outro workshop em Madagáscar em Fevereiro de 2019. Partic-

ipei na qualidade de palestrante em concepção de currículos e, de-

sta vez também, o debate e a discussão foram muito animadores,

mais ainda do que no primeiro workshop", disse o Professor West.

O workshop proporcionou-lhe uma melhor compreensão das

necessidades das autoridades tributárias africanas. Também

ajudou a esclarecer os equívocos em relação ao que as universi-

dades podem alcançar num programa de estudo.

O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 80

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 81

Grupo de coordenação e membro interino do conselho Sr. Savior Mwamb-wa no lançamento da ATRN, Cidade do Cabo, Setembro de 2015

Sr. Frankie Mbuyamba (esquerda) , especialista do Programa sobre Estatística Fiscal do ATAF, Junho de 2019Capítulo 3 Legendas de colagem

DEFINIÇÃO DA AGENDA DE PESQUISA PARA O FUTURO

Com os olhos postos nos próximos dez anos, a Direcção de Pesquisa

do ATAF focará a sua atenção na pesquisa aplicada, cujos resul-

tados deverão informar os processos de reforma e as agendas de

reforma tributária que os países membros e o continente irão implemen-

tar, desempenhando assim um papel crucial no cumprimento do mandPTA

geral do ATAF.

O objectivo da Direcção de Pesquisa é construir um repositório africa-

no de conhecimento científico relevante e de alta qualidade sobre a trib-

utação de modo a poder alterar e/ou influenciar o discurso, a narrativa e a

liderança de pensamento em torno da tributação no continente, e ainda

equilibrar o corpo internacional existente de conhecimento científico com

a perspectiva africana.

“A pesquisa deve ser relevante, aplicável, respaldada por dados empíricos

e orientada por políticas. Deve estar alinhada com e informar a assistência

técnica do ATAF, os programas nacionais e os pareceres e debates gerais

sobre as políticas tributárias. Os pesquisadores devem esforçar-se por for-

necer evidências que contribuam para tornar as reformas tributárias mais

propícias à melhor arrecadação de receitas, reduzindo o fardo de cum-

primento das leis tributárias que pesa nos contribuintes”, afirmou o Dra.

Monkam.

O ATAF também se esforçará por consolidar e aprimorar o seu protago-

nismo enquanto recurso-chave de dados tributários, fiscais e alfandegárias

no continente africano através do projecto Perspectiva Tributária Africana

e desenvolverá outros bancos de dados que possam ser úteis para as auto-

ridades tributárias e os pesquisadores da matéria fiscal.

Outra abordagem fundamental adoptada pela Direcção de Pesquisa

para aumentar a legitimidade e o legado da ATAF consiste em transformar

o ATAF num centro de excelência para a comparabilidade, análise, coerên-

cia, qualidade e acessibilidade de dados nacionais harmonizados sobre as

receitas das autoridades tributárias e aduaneiras em África.

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Seminário do EMT, Abril de 2017

Participantes do seminário sobre o conceito de Per-spectiva Fiscal Africana, Abril de 2015

Pioneiro da ATRN Professor Estian Calitz Parceiros e especialistas no programa de Mestrado Executivo em tributação, Abril 2017

Participantes no seminário sobre as prioridades da reforma, região da África Ocidental, Março de 2012

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Participantes, seminário de capacitação sobre as Perspec-tiva Fiscal Africana, Windhoek, Abril de 2017

Membros do grupo de coordenação da ATRN Professoras Attiya Waris e Annet Oguttu, Setembro de 2015

Graduados do Mestrado Executivo em Tributação, Joanesburgo, Abril 2017

Anaugural ATRN conference, Cape Town, Septenber 2015

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SUPLEMENTO:A ESTRADA JÁ PERCORRIDA EPLANEAR UM CAMINHO PARA O FUTURO

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 85

Um tema chave que emergiu na identi-

ficação dos factores que contribuíram

para o sucesso do ATAF na sua primeira

década foi o activismo, agilidade e capacidade

da organização para mobilizar os seus membros,

parceiros de desenvolvimento e outras partes

interessa-das. Há uma concordância de que os

principais ingredientes das realizações do ATAF

são a capacidade da organização para fazer as

coisas, a sua abordagem proactiva e capaci-

dade de resposta, e o sucesso na construção de

relações fortes.

Assim, não foi surpresa que o Secretário Exec-

utivo do ATAF, Sr. Logan Wort, quando con-fron-

tado com a assustadora tarefa de abrir novos

caminhos no estabelecimento de uma organi-

zação fiscal pan-africana, admitiu ter aproveit-

ado as lições que aprendeu ao mobilizar as co-

munidades contra o apartheid como activista

político adolescente na turbulenta déca-da de

1980.

Estes foram precisamente os atributos que ele

adquiriu quando, aos 17 anos, o Sr. Wort estava

activamente envolvido no lançamento de organi-

zações cívicas em duas comunida-des locais na

Cidade do Cabo. "Isso exigiu uma enorme quanti-

dade de organização e traba-lho com as pessoas

e nós o fizemos com sucesso. Em apenas duas

semanas, lançamos essas organizações. Elas se

transformaram em formidáveis estruturas juve-

nis, produzindo uma série de líderes que ainda

estão activos hoje", disse Wort.

"A perspectiva de estar envolvido na criação

de uma organização que poderia fazer uma

grande contribuição para a África foi muito emo-

cionante. Eu não tinha um plano de A a Z, mas

meu treinamento político me ajudou a lidar com

a tarefa", acrescentou ele.

O Sr. Wort recordou a reunião que teve com

o então presidente do SARS, Sr. Pravin Gordhan

para discutir a criação de um Centro Fiscal Afri-

cano para a OCDE. "Senti que o SARS não poderia

fazê-lo sem um mandato de outros países afri-

canos". O Sr. Gordhan também tinha credenciais

de activista e usou a sua influência como presi-

dente do Conselho da Organização Mundial das

Alfândegas para chegar às autoridades fiscais

africanas que eram membros da OMA.

Consciente do facto de que muitas institu-

ições africanas têm uma história de começar

com um alarde e desistir um pouco mais tarde, o

Sr. Wort estava determinado que o ATAF iria con-

trariar a tendência.

Nomeado para coordenar o comité técnico e

o Grupo de Direcção dos presidentes da Auto-ri-

dades Tributárias e encarregado de elaborar um

roteiro para a criação do ATAF, disse que era cla-

ro que a forma como as organizações são geral-

mente formadas teria de ser virada do avesso.

"Em vez de lançar e depois começar a trabalhar,

tivemos actividades durante quase um ano an-

tes do lançamento. Fomos motivados pela ne-

cessidade de criar valor imediatamente para que

os potenciais países membros pudessem sentir

o benefício e o impacto. Quando lan-çamos a

organização, já tínhamos treinado cerca de 300

funcionários de mais de 20 países.

Isto também teve um impacto positivo ao

concentrar as mentes no que o ATAF poderia

ofe-recer e nos potenciais benefícios para os

países africanos. "Isso fez com que os membros

cuidassem e alimentassem a organização. No

lançamento já tínhamos 25 membros. Todos es-

tavam tão assustados que este bebé pode que-

brar que não houve brigas por questões como

liderança, domínio regional e linguístico e fatores

que podem corroer a eficácia das organizações.

Como Executivo do Grupo para a divisão de

Gestão da Reputação do SARS o Sr. Wort pô-de

recorrer aos conhecimentos e competências dos

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 86

funcionários das unidades de Relações Inter-

nacionais e Comunicação da SARS, ambos os

quais lhe foram comunicados, para pôr o pro-

jecto em marcha. "Tinha experiência de pessoal

a quem recorrer. Sra. Varsha Singh e o Sr. Lincoln

Marais estavam lidando com a OMA e a OCDE e

também tinham alguma ex-posição a questões

tributárias internacionais. A Sra. Varsha também

era muito boa em ope-racionalizar as coisas".

Desde o início, houve uma cultura de respeito

e ênfase no profissionalismo e nos resultados de

alta qualidade, conquistando o respeito de to-

das as partes interessadas. Os documentos de

reunião, branding, eventos de formação e com-

promissos transmitiam o sentido de uma orga-

nização que estabelece padrões elevados e sig-

nificavam negócios. Isto contribuiu mui-to para

incutir uma crença no ATAF e sublinhou a men-

sagem de que se tratava de uma organização

séria.

Fortuito também foi o facto de em 2009 te-

rem ocorrido mudanças ao nível executivo no

SARS. Isto deu ao Sr. Wort o espaço para dedi-

car mais tempo ao ATAF. Nos meses que se se-

guiram, o trabalho intensificou-se. Além de con-

tinuar com os eventos de formação, o tra-balho

necessário para o estabelecimento do ATAF, tal

como a elaboração da constituição e a determi-

nação dos critérios de adesão, foi realizado.

Trabalhando com um consultor patrocina-

do pela OCDE e pela GIZ, a Sra. Singh liderou o

trabalho de desvendar uma estratégia de finan-

ciamento e o Sr. Marais foi encarregado de asse-

gurar os fundos dos doadores. Com a ajuda do

SARS e da OCDE, foi obtido financia-mento de

cinco doadores que, numa saída da prática nor-

mal, concordaram em juntar os seus fundos. Es-

tes fundos e a contribuição do SARS forneceram

os recursos necessários para estabelecer o ATAF

e planear o seu lançamento.

"Devo reconhecer o apoio excepcional dado a

mim e ao ATAF nesses primeiros anos pelo pres-

idente do SARS, Sr. Oupa Magashula. O SARS

ajudou-nos com recursos, incluindo membros

do pessoal. Eu também pude contar com a ajuda

dos meus colegas do SARS, que estavam muito

dispostos a ajudar onde quer que pudessem",

disse o Sr. Wort.

Em 2010, a SARS concordou em destacar o Sr.

Wort para o ATAF a tempo inteiro como Secretário

Executivo Interino em exercício. Além disso, o

SARS também destacou vários funcionários para

o Secretariado Interino do ATAF. "A coisa interes-

sante sobre a equipa é que ela era composta por

funcionários com competências principalmente

administrativas e outras. Dificilmente alguém, in-

cluindo eu, tinha qualquer conhecimento sobre

tributação, o que era um constrangimento e to-

dos nós tínhamos de aprender rapidamente.

Desde o início, houve um conjunto de princípios

fundamentais que foram importantes para o es-

tabelecimento do ATAF e que orientaram a orga-

nização à medida que esta se foi desen-volven-

do, explicou o Sr. Wort. "O primeiro foi que o ATAF

iria afirmar fortemente a sua iden-tidade como

entidade africana independente; procurámos in-

culcar uma crença na nossa própria capacidade

de fazer coisas por nós próprios entre os mem-

bros. Queríamos afastar-nos da mentalidade

de que, para que tudo seja bom, tem de vir do

estrangeiro".

O segundo era o princípio da inclusividade;

o ATAF estava aberto a todos os países de Áfri-

ca, independentemente de factores regionais,

linguísticos ou políticos, ou de pertença a out-

ras entidades. E todos os membros, grandes e

pequenos, estavam em pé de igualdade. A ter-

ceira era que o ATAF existia para servir os seus

membros; os seus interesses eram primordiais.

Tanto o Conselho como o Secretariado do ATAF

existiam para dar valor e pro-mover o interesse

dos membros.

Durante este período inicial, o Sr. Wort estava

consciente da necessidade de afirmar a iden-ti-

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 87

dade pan-africana do ATAF e a sua independên-

cia, especialmente porque o ATAF ainda não

tinha alcançado o seu estatuto de entidade legal

independente e ainda dependia forte-mente da

África do Sul.

"O Secretariado estava baseado na Áfri-

ca do Sul e o nosso pessoal foi principalmente

des-tacado do SARS. Como não éramos uma

entidade legal, não podíamos ter uma conta

ban-cária ou recrutar pessoal de outros países

africanos. Tivemos um membro do pessoal do

Botsuana e da Nigéria como 'em comissão de

serviço virtuais'; mas trabalhavam para o Secre-

tariado do ATAF. Mesmo quando o pessoal via-

jou, fizemo-lo utilizando os nossos do-cumentos

sul-africanos, o que mitigou em certa medida a

imagem pan-africana que está-vamos a tentar

construir".

Para contrariar isto, foi feito um esforço con-

sciente para chegar aos outros países da Áfri-

ca, incluindo os países francófonos, muitos dos

quais já eram membros do CREDAF e do CA-TA.

Como membro do Conselho do ATAF, o Direc-

tor-Geral da Autoridade Tributária do Se-negal,

Sr. Amadou Ba, participou num evento paralelo

organizado pelo ATAF no Quarto Fórum de Alto

Nível sobre a Eficácia da Ajuda em Busan, na

Coreia. Posteriormente, ele se ofereceu para se-

diar a 2a Assembleia Geral do ATAF no Senegal

em 2012. Este evento, no qual o Sr. Wort foi no-

meado Secretário Executivo do ATAF, provou ser

um catalisador para a adesão dos países francó-

fonos ao ATAF.

Ao ser criado como entidade jurídica em

Outubro de 2012, o Secretariado do ATAF foi

con-frontado com o desafio de criar a sua

própria estrutura organizacional e infra-estrutu-

ra ad-ministrativa e financeira. Também foi ca-

paz de recrutar pessoal e nomear executivos que

pudessem apoiar o Secretário Executivo. O Con-

selho foi muito solidário durante este perío-do e

serviu no painel de entrevistas para recrutar os

directores dos departamentos.

Um grande desafio, no entanto, foi que o Sec-

retariado do ATAF foi incapaz de preencher per-

manentemente as posições sobre a sua estrutu-

ra organizacional, porque quando os pro-cessos

de aprovação foram finalizados, o mandato de

dois anos do Conselho tinha expirado e o pro-

cesso tinha de começar tudo de novo com o

novo Conselho.

Inacreditavelmente, isto significava que nos

primeiros sete anos da sua existência, excepto

para o Secretário Executivo e os suplentes, todo

o pessoal do Secretariado estava empre-gado

com contratos temporários e de curto prazo. A

questão só foi resolvida em 2017 quando, sob

a presidência do Zimbábue, o Conselho conce-

beu e aprovou a estrutura orga-nizacional final

do ATAF, preparando assim o caminho para a no-

meação de pessoal para cargos permanentes.

O facto de a organização ter funcionado efica-

zmente durante dois terços da sua existência,

apesar destes desafios, sublinha a dedicação e o

empenho do pessoal.

Reflectindo sobre alguns dos outros desafios

que a jovem organização enfrentava, o Sr. Wort

chamou a atenção para uma certa cautela ini-

cial por parte de organizações já estabe-lecidas

como o CREDAF, o CATA e a VADA. Isso, no entan-

to, foi superado quando eles viram o valor do tra-

balho que o ATAF estava fazendo e a vantagem

de forjar parcerias.

O talento do Sr. Wort para construir relações

foi chamado a forjar parcerias com os par-

cei-ros de desenvolvimento do ATAF, e com or-

ganizações globais estabelecidas como o FMI e o

Banco Mundial, que também tinham assistência

técnica e programas de formação no con-tinen-

te. "Tivemos a sorte de que os nossos parceiros

de desenvolvimento tinham anos de experiência

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 88

no terreno e tinham valiosos conhecimentos e

experiências para partilhar. O ATAF deve agrade-

cer especialmente ao nosso primeiro grupo de

doadores pela sua paci-ência, orientação, com-

preensão e generosidade.

As capacidades de negociação do Sr. Wort

também vieram à tona quando os doadores do

ATAF exigiram o desenvolvimento de um quadro

lógico em concertação com o plano de trabalho

do ATAF. Explicou o Sr. Wort: "O plano de trabalho

para os primeiros anos foi im-pulsionado pela

oferta. Nós decidimos sobre o treinamento para

os membros. Isto foi para ilustrar que nós, como

organização africana de tributação, podíamos

oferecer e os membros não precisam apenas de

recorrer à ajuda de organizações como o Banco

Mundial e o FMI. Foi uma decisão política e es-

tratégica suprir, e sobre a oferta, até que criámos

a procura".

Posteriormente, para determinar se a for-

mação oferecida era relevante, em 2012 o ATAF

realizou um estudo de um ano sobre as priori-

dades de reforma dos seus membros. Os seis

relatórios regionais resultantes e o relatório con-

solidado para toda a África serviram de base

para a elaboração do plano de trabalho da orga-

nização para 2013.

"Quando os doadores precisaram de um

quadro lógico para acompanhar o plano de tra-

ba-lho, apercebi-me de que os requisitos admin-

istrativos e de prestação de contas absorveriam

cerca de um terço do nosso tempo e recursos.

Um secretariado bebé como o nosso não po-

dia pagar isto. Recuámos e convencemos os

doadores de que os requisitos administrati-vos

iriam matar a organização. Eles então aceitaram

relatórios mais simplificados".

A capacidade de resposta do ATAF e a sua agil-

idade na resposta às novas exigências que surgi-

ram foram também uma marca do seu sucesso.

Desenvolvimentos mais amplos na arena fiscal

global viram a organização afastar-se da for-

mação para um foco mais amplo na mobilização

de recursos internos e desenvolvimento e en-

volver-se cada vez mais nas dis-cussões globais

sobre impostos, assumindo o manto de voz da

África sobre impostos.

"O papel desempenhado pela Força Tarefa da

OCDE para a Tributação e Desenvolvimento, e

particularmente a assistência dada por Jeffery

Owens e a sua equipa no reforço do papel do

ATAF no debate global, devem ser reconhecidos.

A sua insistência em trazer os países africanos,

com o ATAF a assumir a liderança, ajudou-nos a

ter uma presença na cena inter-nacional".

A contribuição do ATAF para o trabalho do

Painel de Alto Nível da União Africana contra os

Fluxos Financeiros Ilícitos, e a sua subsequente

participação na campanha "Parar o San-gramen-

to" do Consórcio contra as FFIs e seu grupo de

trabalho, também aumentou a visibi-lidade da

organização e ampliou ainda mais o seu foco.

Este foco mais amplo também tornou cla-

ro que o ATAF precisava de fornecer assistência

técnica aos seus membros em questões como

a troca de informações, que trouxe consigo req-

uisitos tais como o estabelecimento de autori-

dades competentes, tratados fiscais apro-pria-

dos e sistemas de TIC. Isto levou a organização

a elaborar o seu primeiro modelo de acordo, o

Acordo do ATAF sobre Assistência Mútua em

Matéria Fiscal e mais tarde o Mode-lo de Acordo

de Dupla Tributação do ATAF.

"Com o crescente escrutínio global do com-

portamento das empresas multinacionais, a

tóni-ca foi colocada nas práticas de erosão da

base, tais como os preços de transferência, e fo-

mos obrigados a prestar mais assistência técni-

ca. Em seguida, enviamos nossos especia-listas

aos países membros para estabelecer preços de

transferência, (Troca de Informações - TI) e uni-

dades de autoridades competentes.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 89

Ao prestar a assistência técnica, tor-

nou-se claro para o ATAF que a adminis-

tração tributária era a implementação a

jusante da política e legislação fiscais. Para

uma mobilização eficaz dos recursos inter-

nos, deve também ser prestada atenção

a montante, tanto à política fiscal como à

legislação.

O ATAF, enquanto organização tributária,

passou claramente, especialmente desde

2015, do seu mandato de se concentrar

em questões de administração tributária

para uma organi-zação que presta apoio e

desenvolve estratégias sobre as questões

mais amplas dos sis-temas fiscais, in-

cluindo legislação e políticas, abordando

questões como a dependência de África de

rendimentos de fonte única, como petróleo

e minerais, a combinação adequada entre

impostos indirectos e impostos directos, a

concessão de incentivos e uma legislação

fraca. A razão pela qual o ATAF teve de se

deslocar para este espaço é porque não

existe outra plataforma no continente af-

ricano onde estas questões políticas sejam

discutidas.

"Nos próximos 10 anos, o nosso trabalho

deve analisar esta questão, mas não à cus-

ta da optimização da eficácia e eficiência

das administrações tributárias africanas.

Mesmo no que diz respeito à administração

tributária, começámos a alargar o nosso

foco para incluir ele-mentos tais como o

desenvolvimento dos recursos humanos,

gestão e liderança".

Ironicamente, para um ser político, o

Sr. Wort não acredita que o ATAF deva as-

sumir o pa-pel de principal plataforma

pan-africana para decisões políticas sobre

questões fiscais que essencialmente se en-

quadram no âmbito dos governos.

"Penso que esta plataforma interconti-

nental deve estar localizada na União Afri-

cana. Seria melhor para o ATAF permanecer

como um órgão independente servindo

como um secreta-riado ou apoio técnico,

fornecendo um papel consultivo e consul-

tivo a essa plataforma. Isto permitir-nos-á

manter a nossa agilidade e capacidade de

tomar decisões rapidamente. O trabalho do

ATAF pode contribuir para esta plataforma,

que deverá ser liderada pela União Africana".

Secretário Executivo do ATAF Sr. Logan Wort

Olhando para trás nos últimos dez anos, o Sr. Wort disse

que tem sido uma honra servir e liderar o ATAF. Ele ficou mui-

to grato pelo apoio que recebeu dos membros e do Conselho

do ATAF durante todo o seu mandato. "Tive também a sorte

de ter trabalhado com equipas vencedoras no Secretariado

e de ter podido contar com o apoio de parceiros muito em-

pe-nhados. Mais importante ainda, abrimos o nosso próprio

caminho africano para a mobiliza-ção de recursos internos

dentro do mundo globalizado da tributação.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 90

VISÃO DO ROTEIRO ATÉ O LANÇAMENTO DO ATAF

CRONOGRAMA E PRODUTOSO processo que será seguido para alcançar os objectivos do ATAF é descrito abaixo. Cada uma das atividades tem uma lógica que define a sequência com

que serão executadas. Isto está apresentado no diagrama abaixo.

CONFERÊNCIA AFRICANA

SOBRE TRIBUTAÇÃO

ÁFRICA DO SUL,

28-29 AUG 08

1ª REUNIÃO TÉCNICA

DO ATAF

GHANA, 27- 28 OCT 08

EVENTO TÉCNICO ATAF & 1ª REUNIÃO DE GRUPO COORDENADOR

CIDADE DO CABO

7-8 FEV. 09

REUNIÃO DO GRUPO CONSULTIVO DA OCDE

M A R R O C O S , 30-31 MAR. 09

CONFERÊNCIA DE ITD EM ÁFRICA

SOBRE PMES &

2ª REUNIÃO TÉCNICA DO ATAF

RUANDA, ABRIL 09

EVENTO TÉCNICO

3ª & REUNIÃO TÉCNICA DO ATAF

FIM DE JUNHO DE 09

EVENTO TÉCNICO DO ATAF &

2ª REUNIÃO DO GRUPO ATAF

AGOSTO

EVENTO TÉCNICO DO ATAF

SETEMBRO 09

CONFERÊNCIA INAUGURAL DO ATAF & 3ª REUNIÃO DE GRUPO COORDENADOR DO

A T A F

OCT/NOV 09

P r o d u t o s

Questões consideradas: º papel da tributação na

construção do Estado º impacto positivo da tribu-

tação na boa governação e no desenvolvimento

º ambiente de mudança da tributação em África

º apoio dos doadores à reforma tributária

º nova abordagem para desenvolver e apoiar sig-nificativamente as capaci-dades das ATs africanas

º Mandato

P r o d u t o s

º Consideração de ele-mentos para o estabe-lecimento do ATAF:

» Termos de Referência » Elementos do Acordo

do ATAFTimeframes » Programa de Trabalho

º Propostas para vári-os eventos regionais

P r o d u t o s

º ATAF: » Constituição » Legislação » Resoluções » Roteiro & » Plano de acção

º Apresentação das propos-tas da Reunião Técnica do ATAF para consideração do grupo de coordenação.

P r o d u t o s

º Exposição aos pro-dutos da OCDE e ao programa de desenvolvi-mento internacional

º Discussões entre o ATAF e a OCDE sobre eventos regionais de DC espe-cíficos de África, por exemplo, a Convenção Fiscal Modelo de África.

º Delegação Técni-ca do ATAF (1 ou 2 membros) para apre-sentar o processo.

P r o d u t o s

º Partilhar experiências sobre a tributação do sector das PME em dif-erentes países africanos

º Explorar o caminho a se-guir na tributação do sec-tor das PMEs e considerar quaisquer riscos futuros

º Estabelecer bases para a partilha de conhe-cimentos em África e maximizar os ganhos da AT no sector das PMEs

º 2ª Reunião Técnica do ATAF para aprofun-dar a reflexão sobre a criação do ATAF

P r o d u t o s

º Evento técnico do ATAF (com OCDE/AfDB/GTZ/IMF) sobre, ex. LTUs / LBCs; Preços de Transferência; Au-ditoria de EMNs.

º 3ª Reunião Técnica do ATAF para final-izar as questões do estabeleci-mento do ATAF

P r o d u t o s

º Evento Técnico/ Conferênciado ATAF, ex. Mercados Financeiros

º Apresentação das propostas da Reunião Técnica do ATAF para consideração / endosso do Grupo de Coordenação.

º Discussão e preparação para a Conferência de Lança-mento do ATAF (Out/Nov.)

P r o d u t o s

º Seminário Internacional sobre a mobilização de recursos internos na África Oriental.

P r o d u t o s

º Conferência de Lança-mento do ATAF

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 91

CONFERÊNCIA AFRICANA

SOBRE TRIBUTAÇÃO

ÁFRICA DO SUL,

28-29 AUG 08

1ª REUNIÃO TÉCNICA

DO ATAF

GHANA, 27- 28 OCT 08

EVENTO TÉCNICO ATAF & 1ª REUNIÃO DE GRUPO COORDENADOR

CIDADE DO CABO

7-8 FEV. 09

REUNIÃO DO GRUPO CONSULTIVO DA OCDE

M A R R O C O S , 30-31 MAR. 09

CONFERÊNCIA DE ITD EM ÁFRICA

SOBRE PMES &

2ª REUNIÃO TÉCNICA DO ATAF

RUANDA, ABRIL 09

EVENTO TÉCNICO

3ª & REUNIÃO TÉCNICA DO ATAF

FIM DE JUNHO DE 09

EVENTO TÉCNICO DO ATAF &

2ª REUNIÃO DO GRUPO ATAF

AGOSTO

EVENTO TÉCNICO DO ATAF

SETEMBRO 09

CONFERÊNCIA INAUGURAL DO ATAF & 3ª REUNIÃO DE GRUPO COORDENADOR DO

A T A F

OCT/NOV 09

P r o d u t o s

Questões consideradas: º papel da tributação na

construção do Estado º impacto positivo da tribu-

tação na boa governação e no desenvolvimento

º ambiente de mudança da tributação em África

º apoio dos doadores à reforma tributária

º nova abordagem para desenvolver e apoiar sig-nificativamente as capaci-dades das ATs africanas

º Mandato

P r o d u t o s

º Consideração de ele-mentos para o estabe-lecimento do ATAF:

» Termos de Referência » Elementos do Acordo

do ATAFTimeframes » Programa de Trabalho

º Propostas para vári-os eventos regionais

P r o d u t o s

º ATAF: » Constituição » Legislação » Resoluções » Roteiro & » Plano de acção

º Apresentação das propos-tas da Reunião Técnica do ATAF para consideração do grupo de coordenação.

P r o d u t o s

º Exposição aos pro-dutos da OCDE e ao programa de desenvolvi-mento internacional

º Discussões entre o ATAF e a OCDE sobre eventos regionais de DC espe-cíficos de África, por exemplo, a Convenção Fiscal Modelo de África.

º Delegação Técni-ca do ATAF (1 ou 2 membros) para apre-sentar o processo.

P r o d u t o s

º Partilhar experiências sobre a tributação do sector das PME em dif-erentes países africanos

º Explorar o caminho a se-guir na tributação do sec-tor das PMEs e considerar quaisquer riscos futuros

º Estabelecer bases para a partilha de conhe-cimentos em África e maximizar os ganhos da AT no sector das PMEs

º 2ª Reunião Técnica do ATAF para aprofun-dar a reflexão sobre a criação do ATAF

P r o d u t o s

º Evento técnico do ATAF (com OCDE/AfDB/GTZ/IMF) sobre, ex. LTUs / LBCs; Preços de Transferência; Au-ditoria de EMNs.

º 3ª Reunião Técnica do ATAF para final-izar as questões do estabeleci-mento do ATAF

P r o d u t o s

º Evento Técnico/ Conferênciado ATAF, ex. Mercados Financeiros

º Apresentação das propostas da Reunião Técnica do ATAF para consideração / endosso do Grupo de Coordenação.

º Discussão e preparação para a Conferência de Lança-mento do ATAF (Out/Nov.)

P r o d u t o s

º Seminário Internacional sobre a mobilização de recursos internos na África Oriental.

P r o d u t o s

º Conferência de Lança-mento do ATAF

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 92

FÓRUM DE ADMINISTRAÇÃO DE IMPOS-TO AFRICANO (ATAF):CONFERÊNCIA INAUGURALCOMUNICADO OFICIAL DE KAMPALA

Nós, os Chefes e funcionários seniores das 31 Administrações de

Imposto africano, nos reunimos em Kampala, Uganda de 18 à 20

de Novembro de 2009. Lá, 25 Administrações de Imposto africano

assinaram um Acordo, estabelecendo formalmente o Fórum de Adminis-

tração de Imposto africano. Nós embarcamos nesta viagem com os rep-

resentantes dos 9 países parceiros de desenvolvimento e 18 organizações

parceiras de desenvolvimento. Isto marca um marco miliário crucial na re-

alização do nosso sonho de criar uma plataforma para promover e facilitar

cooperação mútua entre administrações de imposto na África, e entre a

África e o resto do mundo.

O Fórum foi lançado oficialmente pelo Presidente da República de Ugan-

da, Sua Excelência Presidente Yoweri Museveni, e foi dado ímpeto adicion-

al pelo apoio do Ministro ugandense de Finanças, a Meritíssima Sra. Syda

Bumba, e o Ministro Estatal ugandense de Finanças (Investimentos), Sr. As-

ton Kajara e o Ministra Estatal ugandense de Finanças (Micro Finança), Sra.

Ruth Nankabirwa.

Nossas experiências compartilhadas durante os três dias ,mais uma vez

demonstrou que a administração de imposto eficiente e efetivo é funda-

mental para construir estados capazes. O estabelecimento do ATAF con-

tribuirá diretamente ao desenvolvimento econômico e boa governação no

continente africano.

ATAF é liderado por africano, administrado por africanos e apoiado prin-

cipalmente pelas perícias, recursos e contribuições financeiras dos seus

Membros. Como uma iniciativa africana, trabalhará para alcançar a elevada

independência financeira para países africanos.

Para fazer o ATAF uma entidade que funciona, nós elegemos a África do

Sul como o Presidente do Conselho do ATAF; e Botsuana, Gabão, Gana,

Quênia, Nigéria, Ruanda, Senegal e Zimbábue como membros do Conselho.

Os países Norte africanos de Mauritânia, Marrocos e Sudão recomendaram

que Marrocos junte-se ao Conselho como seu representante. O Conselho

irá submeter esta recomendação para o Presidente oficial eleitoral da PWC

para endosso e informará os membros da região Norte Africana do resulta-

do. Também, unanimemente nós concordamos que a África do Sul será o

anfitrião da Secretaria do ATAF.

No intuito de permitir o Conselho do ATAF a cumprir suas funções, nós

passamos resoluções necessárias relativo ao Acordo do ATAF, procedimen-

tos, arranjos transitivos, alocação de pessoal e o orçamento e programa de

trabalho para 2010.

Como um resultado do nosso diálogo com os parceiros de desenvolvi-

mento, nós reconhecemos a significância do seu apoio enquanto eles nos

acompanham na estrada para transformar nossa visão do ATAF em uma

realidade. Em respeito a isto, nossa proposta para cooperação estabelece

uma relação forte e nós reconhecemos o seu apoio através da assistência

financeira e o compartilhamento das perícias técnicas.

O estabelecimento do ATAF é apenas o início. Enquanto nosso programa

de trabalho já esta em marcha, a jornada em exercício dos nossos objetivos

serão uma longa jornada, que nós, juntos com nossos parceiros de desen-

volvimento, ativamente promoveremos melhorias em administração de

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 93

imposto por compartilhar experiências, análises comparativas e análise in-

terpares sobre melhores práticas. Juntos, nós desenvolveremos nosso ban-

co de dados de sistemas de imposto africano e metodologias, entregare-

mos eventos de desenvolvimento de capacidade em política internacional

e doméstica e assuntos de administração. Para facilitar nosso programa

de trabalho ao longo prazo, nós determinamos estabelecer um Centro de

Imposto africano.

Acima de tudo, nossa missão é para mobilizar recursos domésticos mais

efetivamente e aumentar a responsabilidade de nossos estados para nos-

sos cidadãos. Nós determinamos que a próxima reunião do Conselho de

ATAF será realizada em Março de 2010, onde a data para a primeira Assem-

bléia Geral será decidida.

Nós nos orgulhamos das realizações do ATAF até agora, particularmente

a fundação já desenvolvida em que esta conferência está construída, bem

como os eventos técnicos entregue com a assistência dos membros de

desenvolvimento.

Nós gostaríamos de expressar nossa profunda gratidão para a perspicá-

cia e liderança do Grupo de direção do ATAF, pelo o compromisso dos mem-

bros da Equipe de Trabalho Técnico e as habilidades e esforços da Secretar-

ia Interina baseada no Serviço da Receita Sul africana por ter nos trazido

até este ponto. Nós somos muitos gratos pelo compromisso e entusiasmo

demostrado por todos os delegados na conferência.

Finalmente, nós gostaríamos expressar nossa gratidão ao Comissário

Geral da Autoridade de Receita ugandense, seus funcionários e ao Governo

ugandense por sua graciosa hospitalidade, excelente organização e duro

trabalho assegurando o sucesso desta conferência.

Kampala, Uganda

20 de Novembro de 2009

Apêndice

ATAF ESTADOS MEMBROS:

Botsuana, Chade, Egito, Eritrea, Gabão, Gâmbia, Gana, Quênia, Lesoto, Libéria,

Malauí, Mauritânia, Maurício, Marrocos, Namíbia, Níger, Nigéria, Ruanda, Sen-

egal, Sierra Leoa, África do Sul, Sudão, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.

ADMINISTRAÇÕES DE IMPOSTO AFRICANO PARTICIPANTES:

Benin, Camarões, Congo (República Democrática), Moçambique, Suazilân-

dia e Tanzânia

PAÍSES PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO PARTICIPANTES:

França, Alemanha, Irlanda, Japão, Países Baixos, Noruega, Suécia, Suíça e o

Reino Unido.

ORGANIZAÇÕES DE PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO:

ADB, ATI, CERDI, CMI / ISS, DFID, EU – RT VAT, GTZ, FMI, ID, IRISH AID, JICA,

KFW, NORAD, OECD, SADC, SAICA, SDC e USAID.

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O caminho de volta para Kampala | 2009 - 2019 100

Para onde vai nos levar o caminho de

Kampala nos próximos 10 anos? Como

será o ATAF em 2029? O esboçado

abaixo é um cenário potencial, se bem

que ambicioso:

Todos os países Africanos são

membros do ATAF porque reconhecem

os benefícios de pertencer a uma

organização que está habilmente ao

serviço do continente. O Secretariado

do ATAF tem escritórios em todas as

seis sub-regiões do continente, assistidos

por uma equipa esquelética que gere uma

rede de peritos locais no continente para

prestar aconselhamento sobre política e

legislação fiscais e assistência técnica na

administração fiscal.

O ATAF possui, em nome dos seus

membros, uma infra-estrutura TIC de

administração fiscal e capacidade

estatística que está disponível para

todos os membros e gere um instituto de

formação continental ou seis institutos de

formação sub-regionais, complementados

por uma universidade fiscal.

Os países membros alinharam a sua

política fiscal, legislação e administração

fiscal num sistema fiscal coerente que

mobiliza eficazmente os recursos internos,

resultando num aumento do rácio médio

imposto/PIB dos países Africanos para

mais de 30%.

DE LÁ E DE VOLTA.. E O CAMINHO A SEGUIR

An ATAF Publication

Editorial: Fazila Malherbe