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O AGRONEGÓCIO E O USO INTENSIVO DOS AGROTÓXICOS1
Regiane Santos Lima2
Universidade de Pernambuco, [email protected]
RESUMO
A consolidação do agronegócio no polo Juazeiro/Petrolina tem promovido a expansão
do comércio de diversos tipos de agrotóxicos, bem como a disseminação de sementes
transgênicas, especialmente, o milho, que deixa de ser um cultivo de extrema
necessidade da agricultura camponesa, para ser um produto especificamente de valor de
troca no mercado. Desse modo, o presente artigo objetiva analisar a relação entre a
expansão do agronegócio e o uso intensivo dos agrotóxicos na agricultura brasileira,
bem como a diminuição dos alimentos no Polo Juazeiro/Petrolina desde 1960 e
ampliando nos anos de 1990. Nessa perspectiva, a produção da agricultura passa a ser
de acordo com as exigências do mercado e se volta para o plantio de uva e manga.
Palavras - chave: Agronegócio, Agrotóxicos, Saúde, Soberania alimentar.
1 INTRODUÇÃO
Com o discurso do aumento da produção agrícola e da população a partir do
século XX, incentiva-se o uso de agroquímicos para acelerar o crescimento das plantas.
Bedor (2008) elucida-se quando menciona que, nos anos de 1950, a conhecida
“Revolução Verde3” disseminava o discurso de que a fome do planeta seria erradicada,
1 Projeto em desenvolvimento - Chamada CHAMADA MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014
- CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E SOCIAIS APLICADAS. AGRICULTURA
FAMILIAR, O AGRONEGÓCIO E A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS EM PETROLINA
– PE, sob a coordenação da profa. Dra. Raimunda Aurea Dias de Sousa. 2 Acadêmica do Curso de Geografia da Universidade de Pernambuco - Campus Petrolina.
Bolsista do PIBID – CAPES/UPE. Integrante do CEA – Centro de Estudos Agrários
UPE/Petrolina; GPSNVS – Grupo de Pesquisa – Sociedade e Natureza do Vale do São
Francisco e do GPECT – Grupo de Pesquisa – Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de
Reordenamentos Territoriais. 3A Revolução Verde foi concebida como um pacote tecnológico – insumos químicos, sementes
de laboratório, irrigação, mecanização, grande extensões de terra - conjugado ao difusionismo
tecnológico, bem como a uma base ideológica de valorização do progresso. Esse processo vinha
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já que o uso da técnica faz modernizar a agricultura, elevando a produção de alimentos
para a população de baixa renda.
Para efetivação do fato mencionado, o crescimento das plantas seria pelo uso de
agrotóxicos 4 . Nesse sentido, amplia-se uma agricultura rápida, que traz o slogan
“eficiente,” “saudável” e “moderna”; porém, encobre tanto a quantidade de agrotóxicos
utilizados, quanto a subordinação da agricultura camponesa a esse modelo.
O agronegócio só consegue sua expansão por meio de fertilizantes, assim, como
esse tipo de agricultura é forte no Brasil, compreende-se o porquê de o país liderar o
consumo mundial de agrotóxicos. Portanto, é o agronegócio que, impulsionado pelas
extensas monoculturas de soja, milho, cana-de-açúcar e, no Polo Juazeiro/Petrolina,
manga e uva fez o comércio de fertilizante se ampliar.
A metodologia da pesquisa tem como princípio a garantia da leitura processual
da dinâmica dos movimentos internos inscritos na totalidade das relações sociais
mundiais, sendo estruturado em torno de quatro eixos de operacionalização: a
organização de uma pesquisa bibliográfica, a construção de um banco de dados
estatísticos vinculados à elaboração de gráficos, a realização de trabalhos de campo e,
por fim, a apresentação dos dados da pesquisa em eventos científicos. Para os referidos
eixos, foram desenvolvidas práticas de campo que se definiram em análise
quantitativa/qualitativa por meio da aplicação de questionários e do levantamento
estatístico; como também no resgate de experiências de vida e de trabalho a partir de
instrumentos qualitativos como entrevista, depoimentos e consultas de documentos.
2 O AGRONEGÓCIO E SOBERANIA ALIMENTAR
sendo gestado desde o século XIX, e, no século XX, passou a se caracterizar como uma ruptura
com historia da agricultura (PEREIRA 2012). 4Os agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados
ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou
da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como
as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e
inibidores de crescimento Segundo a Lei Federal nº7. 802 de 11/07/1989 (BRASIL, 1989)
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O conceito de soberania alimentar5 surge em 1996 pela Via Camponesa como o
direito de cada nação manter e desenvolver os seus alimentos, considerando a
diversidade cultural, produtiva e a necessidade de cada região. Assim, a soberania
alimentar é marcada pela sua complexidade, pois trata da produção, da comercialização
e do consumo dos alimentos dentro de uma cadeia produtiva que não exclui os
camponeses, que são, de fato, quem produz alimento nesse país.
A essência da soberania alimentar reside em poder decidir, naquilo que é
cultivado desde que tenham acesso à terra, à água, às sementes, e que os consumidores
tenham todas as informações sobre o que consome, podendo, assim, ter conhecimento
se o alimento é transgénico, tem agrotóxicos ou não.
Nesse sentido, essa forma de viver no campo difere completamente do
agronegócio cujas relações comerciais centram-se nos três setores da economia:
primário, secundário e terciário necessitando apropriar-se dos bens camponeses: terra,
agua e sementes, para que, associados ao uso dos agrotóxicos, os capitalistas possam
extrair renda em todas as etapas do ciclo do capital – produção, distribuição, circulação
e consumo.
A agricultura brasileira está cada vez mais dependente dos agrotóxicos e
fertilizantes químicos utilizados nas lavouras do agronegócio, e políticas agrícolas e
alimentares na perspectiva da segurança alimentar que, segundo Paulino6 é um conceito
que foi forjado pela ONU- Organização das Nações Unidas e por organismos
multilaterais nos anos 1970 no contexto da revolução verde, que vinha com a promessa
de erradicar a fome do planeta e melhorar a vida no campo, mas não se cumpriu, pelo
contrário ela provocou expropriação do campesinato, aumento dos famintos no planeta,
5Soberania alimentar é o conjunto de políticas públicas e sociais que deve ser adotado por todas
as nações, em seus povoados, municípios, regiões e países, a fim de se garantir que sejam
produzidos os alimentos necessários para a sobrevivência da população de cada local. Esse
conceito revela uma política mais ampla do que a segurança alimentar, pois parte do princípio
de que, para ser soberano e protagonista do seu próprio destino, o povo deve ter condições,
recursos e apoio necessários para produzir seus próprios alimentos. (STEDILE & CARVALHO,
2012).
6Palestra proferida em vídeo Soberania Alimentar em contraponto á Segurança Alimentar
disponível em: www.youtube.com/watch?v=q_AaA1AiKMY Acesso em: 12/06/2016.
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deterioração do solo e ecossistemas e aumenta a dependência dos agroquímicos.
Contrariando essa ideia, a Soberania Alimentar é colocada pelos movimentos
camponeses, e se dá em escala global, pois tem um apelo à diversidade, como a
produção associado ao modo de vida e dignidade local. Em 2011, houve um aumento
de 16,3% das vendas, alcançando US$ 8,5 bilhões, sendo que as lavouras de soja,
milho, algodão e cana-de-açúcar representam 80% do total das vendas do setor. Já os
Estados Unidos foram responsáveis por 17% do mercado mundial, que girou em torno
de US$ 51,2 bilhões. Outra constatação refere-se à existência de uma concentração do
mercado de agrotóxicos em determinadas categorias de produtos, os herbicidas, que
representaram 45% do total de agrotóxicos comercializados. Os fungicidas respondem
por 14% do mercado nacional, os inseticidas por 12% e as demais categorias de
agrotóxicos, por 29%.
Portanto, o consumo médio de agrotóxicos vem aumentando em relação à área
plantada, pois utiliza-se muito no mesmo cultivo para que, de forma rápida, a produção
chegue ao mercado e logo seja plantado outro cultivo. Assim, agrotóxicos e
transgênicos são parceiros, pois as sementes permitem o uso dos agrotóxicos sem que as
plantas morram. Contudo a erva daninha fica resistente a um tipo de agrotóxico, por
isso exige o uso de outros cada vez mais fortes.
Além disso, um fator que faz aumentar o consumo desses produtos pelos
capitalistas é o fato de terem uma série de vantagens, como isenção de Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), redução de até 60% de imposto sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS), isenção de Programas de
Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
(PIS/Cofins), ou seja, benefícios que tornam a compra dos agrotóxicos mais barato.
A fiscalização inadequada favorece grande capitalista, pois os registros de
agrotóxicos não têm data de validade. Uma vez alcançado o registro, passa a valer
eternamente. Ou seja, fica a critério do fabricante e de inspeções da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária-ANVISA buscar reavaliações. Pois a Anvisa (2008) informa que
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Uma vez concedido o registro de determinado agrotóxico, este
possui validade ad eternum, sem previsão de qualquer prazo
para renovação ou revalidação do mesmo. Entretanto, como o
conhecimento técnico científico sobre os ingredientes ativos e
especialmente sobre o surgimento de perigos e riscos associados
ao uso, a Lei n° 7.802/89 e o Decreto n° 4.074/02 preveem a
reavaliação toxicológica. (ANVISA, 2008, p.2-3).
Em informações obtidas no site do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra- MST (2015), o prazo de registro no Brasil é indeterminado; já nos Estados
Unidos, são 15 anos, Na União Europeia, 10 anos. Isso mostra que, a cada 15 anos, nos
Estados Unidos, as empresas sejam obrigadas a atualizar os dossiês, ou seja, os estudos
de avaliação toxicológica tanto em relação ao ambiente quanto à saúde do ser humano.
No Brasil, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que tem que
financiar estudos, mobilizar recursos, que já são extremamente escassos. E, no processo
de avaliação, isso fica evidente quando expõe.
Só para comprar, veja que o Brasil tem em torno de 45 técnicos
vinculados aos três ministérios que fazem avaliação, que é
Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. São eles que fazem
avaliação de produtos. Nos Estados Unidos, são 850 pessoas
para fazer a mesma coisa. Lembrando que os Estados Unidos é
o maior mercado de agrotóxico. Veja a defasagem em termos de
infraestrutura. Nos Estados Unidos, o custo de um registro de
um novo ingrediente ativo que vai ser utilizado em alimentos
para consumo humano chega até 630 mil dólares. No Brasil, o
custo máximo é de mil dólares. Nos Estados Unidos, há uma
taxa de manutenção de registro anual e no Brasil não é cobrado
nada (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS
SEM TERRA- MST, 2015, p. 3)
No Brasil, as empresas que controlam o mercado de venda de alimentos e
agrotóxicos são a Monsanto (Estados Unidos), Syngenta (Suiça), Dupont (Estados
Unidos), Dow Chemical (Estados Unidos), Bayer (Alemanha), Novartis (Suiça), Basf
(Alemanha) e Milenia (Holanda/Israel), o que evidencia a dificuldade da pequena
produção plantar sem a utilização de agroquímico. Quando ele entra nessa lógica, passa
a depender do mercado financeiro, ficando cheios de dividas. Desse modo, se o
agronegócio cultiva o que é rentável ao mercado inclusive transformando alimento em
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comanditeis, é evidente que faltarão produtos alimentícios, que fazem parte da
necessidade imediata da população.
Esse atual quadro leva os agricultores a plantarem o que o mercado determina e
da maneira como ele determina não é para alimentação humana, gerando a escassez de
alimento no Brasil, alimento escasso, com preços elevados e de má qualidade. Pois o
que o agronegócio produz não é para alimentar a população humana, é a priori para
combustíveis e commodities, ficando explicita a relação entre agronegócio e uso
intensivo de agrotóxicos.
Nessa perspectiva, é possível compreender a crise de alimentos que se abate em
todo o mundo, no Brasil, e no polo Petrolina/Juazeiro. Oliveira 2008 explica que
Trata-se, portanto, de uma crise estrutural, o capitalismo é
incapaz de garantir oferta de alimentos para toda a humanidade.
Com a crise, revela-se também, o fracasso do império da
agroquímica na agricultura com seus agrotóxicos e a falência
antecipada da transgenia com alternativa biológica da garantia
de aumento crescente da produção de alimentos.
Em Petrolina, a modernização da agricultura tem elevado a produção e a
produtividade. Contudo a escassez dos produtos necessários à alimentação tem ficado
escasso e isso tem elevado o preço dos produtos, conforme os gráficos.
GRÁFICO 01: PREÇO DAS PRINCIPAIS MARCAS DE FEIJÃO
COMERCIALIZADA NOS HIPERMERCADOS DO POLO PETROLINA/JUAZEIRO
Fonte: Centro de Estudos Agrário-CEA
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GRÁFICO 02: PREÇO DAS PRINCIPAIS MARCAS DE AÇÚCAR
COMERCIALIZADA NOS HIPERMERCADOS DO POLO PETROLINA/JUAZEIRO
Fonte: Centro de Estudos Agrário-CEA
GRÁFICO 03: PREÇO DAS PRINCIPAIS MARCAS DE MASSA DE MILHO
COMERCIALIZADA NOS HIPERMERCADOS DO POLO PETROLINA/JUAZEIRO
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Fonte: Centro de Estudos Agrário-CEA
Os três gráficos apresentados mostram, de forma clara, o preço abusivo que se
paga aos produtos alimentícios no Polo Juazeiro/Petrolina. As terras são apropriadas
para manga, uva e milho, dificultando a produção familiar.
3 O AGRONEGÓCIO E A SAÚDE DOS TRABALHADORES
Por meio do modelo estabelecido no Brasil (agronegócio) não há como garantir
a intensa produtividade sem a utilização em larga escala de agrotóxicos. O agronegócio
com o seu uso intensivo de agrotóxicos tem sido responsável por doenças e mortes no
Brasil, seja por intoxicações agudas ou crônicas. (Koifman; Koifman, 2003, apud Bedor
2008) a autora escreve que o uso descontrolado de agrotóxicos leva a uma expansão dos
riscos à saúde das populações diretamente, bem com indiretamente. A respeito disso,
Carmeiro et al. 2015 ressaltam que
Mesmo que alguns dos ingredientes ativos (Ias) possam com
base em seus efeitos agudos ser classificados como
medianamente ou pouco tóxicos, não se pode perder de vista os
efeitos crônicos que podem ocorrer meses, anos ou ate décadas
apos a exposição, manifestando-se em varias doenças como
cânceres, má-formação congênitas, distúrbios endócrinos,
neurológicos e mentais (CARMEIRO et al. 2015, p.58).
O modelo produtivo agrário no Brasil é baseado na apropriação, exploração e
expropriação dos trabalhadores. Bombardi (2011) argumenta que esse é um processo de
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subordinação da renda da terra, no Brasil, ao capital monopolista internacional, por
meio da aquisição e aplicação de agrotóxicos, sendo acompanhado por um problema
gravíssimo de saúde pública.
O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo conforme
diversas agencias internacionais. Por meio das empresas de agroquímicos o capital
estrangeiro cada vez mais adentra as fronteiras da agricultura do nosso país mediante as
monoculturas que além de ocuparem grandes quantidades de terras, utilizam de
violência no campo para produzirem seus produtos, caso já identificado nos Municípios
de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.
O mercado impõe o ritmo que deve ser seguido pelos agricultores. A facilidade e
o acesso fácil aos agrotóxicos por eles contribuem para os inúmeros casos de
intoxicações. Atualmente, no Brasil, o registro dos dados de intoxicação por agrotóxicos
é feito por dois sistemas: o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
(SINITOX) vinculado à FIOCRUZ que prestar orientação aos profissionais de saúde e o
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que é vinculado
diretamente ao Ministério da Saúde, que visa realizar notificações sobre intoxicações
por agrotóxicos, mas, mesmo assim, não se tem um registro adequado das informações
em todas as regiões; elas são descontinuas.
No Município de Petrolina, quem faz o acompanhamento e registro dessa
intoxicação é o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST Regional
que abrange 25 municípios da região, e que tem como objetivo enquanto Unidade
Especializada de Retaguarda para as ações de Saúde do Trabalhador no Sistema Único
de Saúde – SUS, prestar assistência especializada aos Trabalhadores com doenças
ocupacionais, acidente de trabalho e agravos, procedendo na investigação, no
acompanhamento de casos e levantamento de dados sobre os riscos à saúde advindos do
processo produtivo, para, assim, tomarem medidas de prevenção nos ambientes e
processos de trabalho, proteção e assistência à saúde, definindo metas e priorizando a
garantia de serviços voltados à população trabalhadora, possibilitando uma melhoria da
qualidade de vida.
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Outro grande problema que a falta de fiscalização gera é o uso de um ou mais
agrotóxicos em culturas para as quais eles não estão autorizados, provocando
consequências negativas na saúde humana e ambiental. Uma delas é o aumento da
insegurança alimentar para os consumidores que ingerem o alimento contaminado.
De acordo Bombardi (2012), nos anos de 2010 e 2011 o SINAN registrou mais
de 1500 casos de intoxicação por agrotóxicos. Mais o que chama atenção e, ao mesmo
tempo, nos revela é que há uma concentração das intoxicações na mesma região onde se
têm as maiores vendas de agrotóxicos, que são nos estados do Centro-Sul, notadamente,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Todavia, em Petrolina, o número
crescente de lojas que comercializam agrotóxicos evidencia que a saída de
agroquímicos é em virtude da expansão da fruticultura.
Além do problema da intoxicação pelo contato direto com os agrotóxicos, há,
ainda, outro que diz respeito não só aos camponeses, trabalhadores rurais e seus
familiares, mas também à população em geral, que consome alimentos envenenados
além da à agua, solo e ar.
Nota-se, portanto, a relação clara e direta entre o agronegócio, agrotóxico e a
devastação da saúde dos trabalhadores. Para os estados em que predomina o modelo do
agronegócio, a conexão concentração fundiária e agroquímicos, é inevitável.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mostra-se patente, no que foi exposto aqui, que o agronegócio e o uso intensivo
de agrotóxico no modelo estabelecido, que vem ocorrendo no país, tem sido devastador
do ponto de vista social, ambiental e sanitário.
Assim, é importante que se entenda que os camponeses, trabalhadores rurais, os
familiares desses trabalhadores e moradores de áreas próximas aos cultivos
contaminados com agrotóxicos estão sendo intoxicados cotidianamente de forma direta,
mas que a sociedade geral está sendo contaminada indireta por meio da alimentação.
Os sintomas agudos, que são notificados são uma parcela muito pequena do
problema, porque se estima que, para cada caso notificado, cerca de 50 são
subnotificados além dos casos de doenças crônicas causadas por tais exposições
ausentes de informações. Nesse sentido, afirma BOMBARDI (2011) que entendo que as
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intoxicações por agrotóxicos devam ser compreendidas como mais um elemento da já
conhecida violência no campo. Entretanto, trata-se agora de uma forma silenciosa de
violência, perpetrada pelo capital internacional oligopolista.
O caminho é a reforma agrária e a soberania alimentar; portanto um processo
amplo de reforma agrária, com a eliminação do agronegócio, pois, nesse modelo
monocultor, é impossível. Teremos que lutar para transformar a agricultura em uma
agricultura heterogênea, baseada em práticas vinculadas à autonomia camponesa.
Sendo assim, a questão dos agrotóxicos deixou, há muito tempo, de ser um tema
exclusivo ao campo; ela diz respeito à sociedade brasileira e mundial como um todo.
Portanto não devemos e não podemos nós conformar.
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