cartilha sobre reforma política incentiva a participação popular

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A reforma política é objeto da cartilha produzida pelos deputados estaduais Rui Falcão e Adriano Diogo, ambos do PT. Com 30 páginas, um texto de fácil entendimento e ilustrada por quadrinhos, a cartilha traz temas centrais para ampliar e fortalecer a presença cidadã nos processos eleitorais.Entre os temas abordados estão o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, voto em lista partidária preordenada no sistema proporcional, fidelidade partidária, participação popular, reeleição, fim das coligações proporcionais, entre outros.Para que a reforma política tenha sucesso, o PT tem dado atenção especial às articulações com as centrais sindicais, movimentos sociais, organização de mulheres, juventude e de combate ao racismo. Conforme a cartilha, a reforma política “é o mais difícil dos desafios, porque quem detém o poder não gosta de partilhá-lo”

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Page 1: Cartilha sobre reforma política incentiva a participação popular

Democracia é para valer

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Cartilha Reforma Política

Democracia é para valer

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Democracia é muito mais do que o direito de votar e ser vo-tado. Os poucos anos que vão da luta pela redemocratização ao momento atual são suficientes para se perceber que o processo democrático está sujeito a uma disputa permanente entre os que querem uma democracia sem povo, fechada à vontade das ruas, e os que têm compromisso em aprofundá-la, por meio da ampliação dos canais de participação.

DemocraciaNão podemos apenas ser chamados a participar nos momentos

eleitorais. Precisamos adotar novas formas de participação, que ampliem e fortaleçam nossa presença nos processos de decisão sobre questões do interesse de todos.

Este é o momento. Com a reforma política na agenda do Con-gresso Nacional, temos a oportunidade de radicalizar a democra-cia, na direção que inauguramos com a eleição do governo Lula e do governo Dilma. Não há tempo a perder, não apenas porque há muito o que fazer pela erradicação da miséria e democratização do acesso ao bem-estar social - casa própria, emprego, saúde e educação -, mas também porque é crescente o sentimento de distância entre os eleitores e seus representantes, o que coloca em risco a crença no processo democrático, um risco que não se pode correr.

Participação

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O sistema partidário e eleitoral atual é dotado de virtudes que precisam ser preservadas, como a proporcionalidade nas eleições legislativas, o voto obrigatório e a ausência de cláusula de barrei-ra. Mas apresenta distorções que precisam ser corrigidas, como a sub-representação de mulheres e de negros; o enfraquecimento dos partidos políticos; as distorções na representação popular no plano federativo, que não atendem ao princípio de “uma pessoa, um voto”; a ausência de limitação no número de mandatos legis-lativos; a atribuição de câmara revisora em todas as questões ao Senado; o excessivo tempo de mandato e de número de sena-dores por Estado e a forma de eleição de seus suplentes. Possui vícios que precisam ser eliminados, como o financiamento privado das campanhas eleitorais, que fortalece a influência do grande ca-pital na política e favorece a corrupção.

Sistema Partidário

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Poder de Decisão

A reforma política de que o País precisa é a reforma do próprio processo de decisão, ou seja, é preciso reformar o modo como é exercido o poder de decidir. Esse é o mais difícil dos desafios, porque quem detém o poder não gosta de partilhá-lo.

Pela extensão do empreendimento, percebe-se que não há par-tido ou força política, isoladamente, que seja capaz de promover uma tal reforma. Assim como ocorreu na Constituinte, para fazer avançar a democracia é preciso contar com o apoio de outros par-tidos e de forças políticas e, principalmente, com a força dos mo-vimentos sociais.

O Diretório Nacional do PT entendeu que, dentre as muitas questões que uma reforma política em profundidade precisaria en-frentar, o partido e as suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal devem concentrar-se especialmente: l na defesa do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais;l no voto em lista partidária preordenada no sistema proporcional;l na fidelidade partidária;

l e nas medidas que promovam e facilitem a participação popular, como as leis de iniciativa popular, plebiscitos, referendos, conselhos, conferências e orçamentos participativos.

Já foi constituída uma Comissão Nacional do PT pela Reforma Política, que deverá auxiliar na articulação de todas as frentes de ação do partido, na relação com os outros partidos e forças sociais.

É condição para o êxito da reforma que se mobilizem todas as forças interessadas no aprimoramento da democracia brasileira. O PT tem contribuído para isso promovendo eventos pela reforma nos Estados e Municípios, em ação conjunta com outras forças políticas e sociais. Os diretórios estaduais, municipais, zonais e os setoriais do partido estão realizando debates e organizando, em seu âmbito, a campanha pela reforma.

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ParticipaçãoPopular

Ainda é fresca na lembrança a tentativa dos governos neoliberais (Collor e FHC) de desmantelar o Estado e as políticas sociais, em contraste com o vigor do processo democrático que então se consolidava e que se expressou na rejeição popular de tais propostas, a sua derrota nas urnas e a eleição do presidente Lula e, depois, da presidenta Dilma.

Mas as seqüelas da investida antipopular permanecem – e é preciso enfrentá-las. Durante os governos neoliberais enfraque-ceram-se os atores coletivos, rebaixou-se o espírito cívico dos ci-dadãos, desestimulou-se a participação política e se disseminou o individualismo, em prejuízo das iniciativas solidárias. Por isso, uma reforma que vise a aprimorar e fortalecer a democracia

Atenção especial tem sido dada às articulações com as cen-trais sindicais, com as entidades que participam da Coordenação dos Movimentos Sociais, com as organizações de mulheres, da ju-ventude e de combate ao racismo. O que se pretende é desenca-dear um forte movimento popular, que culmine em manifestações públicas por todo o País.

Como prioridade na reforma, o Partido dos Trabalhadores elegeu os temas seguintes:

l Financiamento público de campanha; l Seleção de candidatos em lista fechada, com

proporcionalidade entre homem e mulher;l Voto obrigatório;l Reeleição;l Fim das coligações proporcionais;l Remoção dos obstáculos à participação popular, de acordo com o estabelecido na Constituição Federal.

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participativa deve eleger como prioritária a regulamentação das formas de manifestação da soberania popular expressas na Constituição – plebiscito, referendo e iniciativa popular. Precisa também criar novas formas de participação direta.

Isso é parte essencial do programa do PT, de democratizar a vida social, por meio da ampliação do acesso ao exercício do poder, que quanto mais repartido for, mais democrático será. Democracia é muito mais do que um sistema político formal. É também a maneira como as pessoas se relacionam, se organi-zam e fazem valer a sua vontade, no interesse do bem comum.

A criação de instrumentos de democracia direta, como o ple-biscito, o referendo e a iniciativa popular de lei não devem ser compreendidos como oposição à democracia representativa, e sim como manifestações que podem aperfeiçoá-la, corrigindo os seus vícios e desvios.

É graças à luta sofrida que chegamos a ter a democracia que temos. Muitos ainda se lembram do período da ditadura militar (1964-1983), quando as reformas do sistema eleitoral e partidá-rio serviam somente para destruir as conquistas democráticas até então obtidas e afastar o povo dos processos de decisão sobre as questões que dizem respeito à sua vida em sociedade. Foi com a redemocratização do País e a promulgação da nova Constituição Federal, em 1988, que se promoveu o desmantela-mento da ditadura e se deu início à retomada dessas conquistas.

Entre essas conquistas, no âmbito da participação política es-tão o voto para as pessoas analfabetas; o voto opcional para jovens maiores de 16 anos; a autonomia dos partidos políticos para definirem a sua estrutura, a organização e o funcionamento, a nova legislação eleitoral que deu início ao processo de amplia-ção da participação das mulheres nos órgãos de representação política, mediante a adoção de cotas.

A reforma que se propõe agora vai nessa mesma direção – o aperfeiçoamento da democracia brasileira.

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Entre os defeitos que enfraquecem o sistema de representação

política está a minguada participação das mulheres, em contraste com o quase monopólio do exercício da política pelos homens. É cada vez mais generalizado o reconhecimento de que a reduzida presença das mulheres na política é um forte indício da fragilida-de da democracia. É muito grande o desequilíbrio entre a imensa contribuição das mulheres na construção da cidadania, mediante a inclusão das considerações de gênero e outras questões no co-tidiano, e o baixo percentual de sua presença nos espaços formais da política. É preciso aproveitar a oportunidade da reforma políti-ca, para corrigir esse descompasso.

A situação da exclusão das mulheres da representação políti-ca é dramática. Apenas 15 países apresentam uma participação de mulheres na Câmara dos Deputados superior a 30%. O Brasil encontra-se no grupo de 70 países com pior desempenho, inferior

a 10%. Essa situação chamou a atenção de modo especial na IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, realizada em Beijing, em 1995, que recomendou o seu firme enfrentamento com ações afir-mativas. A partir de então, 75 países passaram a adotar o sistema de cotas por sexo para mulheres em sua legislação, o que repre-senta 45% dos países que dispõem de instituições legislativas.

Se o que se pretende com a reforma política é impedir a reprodução das práticas autoritárias, machistas, paternalistas, personalistas e oligárquicas da cultura política brasileira, é preciso que a direção das mudanças conduza à ampliação da democracia, e isso somente será possível por meio do enga-jamento de mais gente, em especial os excluídos e os grupos

A participação da Mulher

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minoritários, as mulheres, os afrodescendentes, trabalhadores, lideranças populares, comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

O sistema de cotas por sexo somente será eficaz se se garantir o lugar de mulheres e de homens na ordenação da lista de candi-datos, impedindo que elas sejam colocadas ao seu final e não con-sigam eleger-se. Um exemplo notável pela sua eficácia é o da Ar-gentina, o primeiro país a adotar as cotas em lei eleitoral, em 1991. A legislação sobre a formação das listas fechadas estabelece que não se tenha mais do que dois nomes consecutivos do mesmo sexo na lista e já apresenta 30% de mulheres no Parlamento.

O Brasil é um dos poucos países em que o voto do eleitor, nas eleições proporcionais, a um candidato de sua preferência, acaba muitas vezes ajudando a eleger outro candidato de perfil político diferente, com a qual o eleitor não tem afinidade. É o que se cha-ma sistema de lista aberta. Esse sistema tem mais inconvenientes do que vantagens, quando se pensa em fortalecer a democracia.

Lista Fechada

O sistema de lista aberta incentiva a competição e o conflito den-tro do próprio partido, o que dificulta a coesão partidária e reduz a sua eficácia na ação política. Os outros candidatos da mesma chapa tornam-se os piores inimigos do candidato, ao se valerem de artifícios desleais e condenáveis, para ganhar a eleição. Esse sistema pode favorecer o personalismo, quando os partidos admi-tem para candidatos pessoas influentes, entre representantes de categorias e grupos sociais que, muitas vezes, não têm compro-misso algum com o seu próprio partido. Gera um número excessi-vo de candidatos, o que dificulta ao eleitor conhecer melhor a traje-tória política e os projetos de cada um. Por fim, no sistema de lista aberta não existe um vínculo entre o eleitor e o seu representante que facilite uma cobrança de desempenho. Os parlamentares são eleitos sem compromisso com os eleitores.

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Diferentemente do que se passa no Brasil, na maioria dos pa-íses que adotam o sistema eleitoral proporcional o eleitor vota numa lista elaborada pelo partido, em vez de nomes singulares. Na lista, os nomes dos candidatos são apresentados na ordem em que forem registrados pelo partido e, portanto, a ordem em que deverão ser eleitos.

Assim o projeto de reforma do PT defende a adoção da lista fe-chada, para que o eleitor possa votar somente na lista de candidatos do partido. Caberia ao partido escolher os candidatos mais compe-titivos e providenciar o seu registro junto ao Tribunal Eleitoral antes das eleições. A escolha dos candidatos pelos partidos pode ser fei-ta mediante a realização de eleições primárias internas, comissões executivas ou convenções partidárias. Assim, seria possível elevar o nível de qualidade das campanhas. E em vez de cada candidato dispor de seus 15 ou 20 segundos no rádio ou na televisão, para apresentar a sua plataforma, o conjunto deles se beneficiaria com uma exposição ampla do programa dos partidos, a fim de permitir aos eleitores conhecer as reais propostas em disputa.

Voto Obrigatório

A Constituição Federal de 1988 manteve a tradição do voto obrigatório, iniciada com o Código Eleitoral de 1932. São várias as justificativas para a defesa do voto obrigatório. Entre essas, o PT assume que:

l O voto é um poder-dever; a maioria dos eleitores participa do processo eleitoral; o exercício do voto é fator de educação política do eleitor; o atual estágio da democracia brasileira não recomenda o voto facultativo; a tradição brasileira e latino-americana é pelo voto obrigatório; A obrigatoriedade do voto não constitui ônus para o Estado; e o constrangimento ao eleitor, se existe, é mínimo, com-parado aos benefícios que oferece ao processo político-eleitoral.

l Para muitos, o ato de votar constitui um dever, e não um mero direito. A essência desse dever está na idéia da responsabilidade que cada cidadão tem para com a coletividade, ao escolher os seus mandatários. O voto tem, primordialmente, o caráter de uma função pública.

l A participação constante do eleitor no processo eleitoral torna-o ativo na determinação do destino da coletividade a que pertence, influindo, desse modo, nas prioridades da administração pública, ao sugerir, pela direção de seu voto, aos administradores e parla-mentares, quais problemas deseja ver discutidos e resolvidos.

l A omissão do eleitor pode tornar ainda mais grave o atraso só-cio- econômico das áreas pobres do País. Também, leva o debate

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eleitoral para os lares e locais de lazer e de trabalho, envolvendo crianças e jovens, que serão os eleitores de amanhã.

l A sociedade brasileira ainda é bastante injusta na distribuição da riqueza nacional, o que se reflete no nível de participação po-lítica de amplos segmentos sociais, que desconhecem quase que inteiramente seus direitos de cidadãos. O voto constitui, nessas circunstâncias, um forte instrumento em mãos da coletividade dos excluídos para que manifestem a sua vontade política.

l Não se conhece qualquer resistência organizada à obrigatorie-dade do voto. Trata-se de uma deliberação estatal bem assimilada pelos eleitores. O fim do voto obrigatório significaria um ganho irri-sório de liberdade individual, constituindo, em contrapartida, uma perda substancial do nível de participação dos cidadãos no pro-cesso eleitoral.

A existência da reeleição, não indefinida, é saudável para a estabilidade da democracia, já que por meio dela os eleito-res têm a possibilidade de reconduzir ao cargo o governan-te que soube corresponder às suas expectativas. No caso bra-sileiro, assim como no americano, a reeleição é como se fosse uma avaliação de seu desempenho. Ou seja, caso ele não te-nha apresentado uma boa gestão, será substituído por outro.

Reeleição

Tradicionalmente, um dos argumentos contra a reeleição é que os governantes no exercício da função desfrutam de recursos de poder assegurados pelo cargo, em prejuízo dos adversários, que deles não dispõem. Na verdade, um candidato no exercício de funções executivas não desequilibra a igualdade que deve reinar entre os candidatos, porque a recandidatura não é somente fonte de vantagens, mas também ocasião de desgaste perante a opi-nião pública. Quanto ao uso condenável da máquina, é algo que ocorre independentemente de reeleição.

Em compensação, a reeleição assegura a possibilidade de continuidade da boa gestão administrativa e do planejamento, em especial das políticas públicas e programas que demandem prazos de realização para além do período de um único manda-to. É o caso da exploração do petróleo do pré-sal, por exemplo, cuja interrupção poderia ser desastrosa para o interesse nacional.

Além disso, não é saudável mudar as regras do jogo ao sabor de conveniências e acomodações de curto prazo das ambições políticas. É preciso assegurar a sua consistência e permanência, sob o risco de se desacreditá-las, em prejuízo da democracia.

Há ainda o casuísmo: a oposição quer acabar com a reeleição porque é o PT que vive seu ciclo histórico; porque o governo tem condições de se reeleger, por saber atender às expectativas dos eleitores.

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Coligação proporcional é um pacto entre partidos, que se apresentam unidos nas eleições legislativas, na expectativa de eleger conjuntamente mais candidatos, mediante a ampliação de seu tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão. A proposta de reforma política do PT prevê o fim das coligações. A sua extinção viria a sanar um vício do sistema eleitoral, que dis-torce a vontade soberana do eleitor, expressa no resultado das urnas. Elas desfiguram ideologicamente os partidos e, na prática, favorecem as chamadas legendas de aluguel. Graças a elas, as agremiações políticas de maior expressão conseguem elevar o seu número de candidatos aos cargos legislativos ao se coligar com partidos menores.

Atualmente, a cada eleição um candidato que se elege com um grande número de votos leva consigo para o Parlamento no-mes pouco votados. Gente bem votada queixa-se com razão de que ficou de fora, apesar de ter obtido mais sufrágios do que os que lá chegaram, graças tão somente ao artifício da coligação proporcional. Em março deste ano, uma comissão do Senado aprovou o fim da coligação proporcional, facilitando a sua extin-ção na reforma política pelo Congresso Nacional. Uma alternativa para os pequenos partidos, que se opõem à mudança, é acabar

Fim da Coligação Proporcional

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FinanciamentoPúblico dasCampanhas

os eleitos a empenhar grande parte de seu tempo na busca de recursos para a sua próxima campanha eleitoral, em prejuízo do tempo que devem dedicar às suas obrigações funcionais.

A interferência do grande capital privado nas eleições é um das

principais problemas das democracias, ou o seu problema maior, tamanha a dimensão que assumiu nos últimos tempos. É também uma das principais responsáveis pelas crises políticas. O recurso ao caixa dois e os favorecimentos a candidatos ligados ao capital resultam no aumento do tráfico de influência e da corrupção na administração pública.

Muitas pessoas são alijadas das disputas eleitorais por causa dos altos custos das campanhas . As eleições precisam deixar de ser um bom negócio somente para alguns. Enquanto for um bom negócio para os meios de comunicação, para as empresas de pu-blicidade, para os políticos profissionais e para as empresas, os custos das campanhas serão crescentes, mais seletivos e mais excludentes, ponde em risco a legitimidade do processo eleitoral.

A proposta de financiamento público, defendida pelo PT há mui-

to tempo, visa a tornar transparentes os custos do sistema eleito-ral, para se afastar o risco de sua ilegitimidade e restabelecer o equilíbrio na disputa. Com o financiamento público, o único com-promisso da pessoa eleita será com o eleitor e não mais com quem contribui financeiramente para a sua campanha. Ele vai igualar as forças na competição entre partidos e entre candidatos. Qualquer que seja o seu custo, os gastos se justificarão, ao contribuir para reduzir a influência do poder econômico e assegurar uma disputa democrática.

O PT sabe que o financiamento público não é uma solução per-feita, capaz de resolver todos os problemas, mas acredita em que vai reduzir as possibilidades de fraude e facilitar a fiscalização. Há quem julgue estranha a destinação de dinheiro público para essa finalidade. Quem pensa assim ignora que os partidos políticos são

com o coeficiente eleitoral estabelecendo-se a proporcionalidade plena nas eleições. A sucessão e a substituição dessa cadeira pertenciam até então à coligação. Com a mudança, o mandato agora é do partido.

Com o fim das coligações proporcionais, depura-se o sistema político, pois elas são responsáveis por assegurar uma sobrevida às legendas de aluguel, desprovidas de conteúdo ideológico. Além disso, a extinção da coligação proporcional simplifica a lista dos beneficiários de cada voto. Sem coligações, o eleitor passa a votar em quem poderá identificar.

O noticiário de todo dia traz a público o conluio entre poder econômico e eleições. Está à vista de todos que é crescente no País a influência do poder econômico no processo eleitoral. Isso tem provocado graves distorções no modo como se devem con-duzir as atividades no Legislativo e no Executivo. Tem influencia-do negativamente a qualidade da representação política, levando

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financiados pela Justiça Eleitoral, com a participação de todos os contribuintes, no horário de propaganda política gratuita. Cada mi-nuto utilizado pelos partidos no rádio ou na televisão, que é uma concessão pública, é pago pelo contribuinte como se coubesse ao Estado pagar por sua utilização, assim como ocorre na venda pela empresa do horário comercial normal.

É previsível também que o financiamento público não vai elimi-nar o caixa dois. A sua eliminação depende do fortalecimento do Tribunal Superior Eleitoral e, especialmente, da reforma tributária e do sistema bancário.

Com o financiamento público, os partidos e candidatos serão proibidos de utilizar recursos de pessoas físicas e jurídicas pri-vadas. Caberia ao Congresso Nacional estabelecer um valor per capita, com base na lista de eleitores da Justiça Eleitoral.

O PT acredita que o novo sistema estimulará ainda mais o inte-resse da sociedade pelas eleições, pois os eleitores irão dar mais atenção à sua fiscalização.

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Gabinete do Deputado Rui FalcãoAvenida Pedro Alvares Cabral, 201

Sala T109Cep: 04097-900

Fone: (11) 3886-6776Site: www.ruifalcao.com.br

e-mail: [email protected]

Gabinete do Deputado Adriano DiogoAvenida Pedro Alvares Cabral, 201

Sala 3.108Cep: 04097-900

Fone: (11) 3886-6845Site: www.adrianodiogo.com.br

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