notícias ufpr - junho de 2009

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Corredor Cultural Projeto apresentado pela UFPR ao governo prevê R$ 35 milhões para a revitalização do Prédio Histórico, do Teatro da Reitoria e ações relacionadas à cultura pág. 18 Enem terá peso de 10% no vestibular A humanização do atendimento às crianças no HC UFPR amplia ações na área de biocombustíveis pág. 4 pág. 14 pág. 8 Vitral do Prédio Histórico: Brasão da UFPR

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Notícias da UFPR é uma publicação mensal da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná

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Page 1: Notícias UFPR - Junho de 2009

Corredor CulturalProjeto apresentado pela UFPR ao governo prevê R$ 35 milhões para a revitalização

do Prédio Histórico, do Teatro da Reitoria e ações relacionadas à cultura pág. 18

Enem terá peso de 10% no vestibular

A humanizaçãodo atendimento às crianças no HC

UFPR amplia ações na área debiocombustíveis

pág. 4

pág. 14

pág. 8

Vitral do Prédio Histórico: Brasão da UFPR

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Junho2009

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho | Vice-Reitor Rogério Mulinari | Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Kruger | Pró-Reitora de Extensão e Cultura Elenice Mara de Matos Novak | Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born | Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko | Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Lúcia Regina Assumpção Montanhini | Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Sér-

gio Scheer | Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Rita de Cássia Lopes | Chefe de Gabinete Ana Lúcia Jansen de Mello Santana. Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável Mário Messagi Júnior - Reg. Prof.: 2963 | Edição geral Letícia Hoshiguti | Editores Simone Meirelles (En-sino), Fernando César Oliveira (C&T), Mário Messagi Júnior (Gestão) e Lais Murakami (Cultura e Extensão) | Projeto Gráfico e Diagramação Iasa Monique Ribeiro

Foto da Capa Douglas Fróis | Impressão Imprensa Universitária | Revisão Edison Saldanha | Tiragem 10 mil exemplares

A universidade é o es-paço da diversidade por ex-celência. A crítica submete todas as áreas de conheci-mento a seu crivo, respei-tando a diferença metodoló-gica de cada campo. Defesas públicas de trabalhos aca-dêmicos estão assentadas sobre os pilares da crítica, por exemplo. Assim, todo conhecimento só prospera na diversidade.

No debate político, a oposição é ainda mais re-levante. A decisão da uni-versidade sobre a adesão ao Enem foi o resultado de um processo aberto, de diálogo. A votação não foi unânime (24 a 13), mas o resultado, dentro de marcos democrá-ticos, é incontestável.

O debate extrapolou as esferas da UFPR e buscou a sociedade, afetada pela decisão. Esta história está contada nas páginas des-ta edição do Notícias da UFPR, transparecendo, cla-ramente, os pontos de vista divergentes sobre o tema.

A atual gestão conduziu um debate transparente, mantendo o compromisso assumido de resgatar o diá-logo na UFPR.

Sim ao Enem, mas comresponsabilidade

Editorial

Espaço dE divErsidadE

Entre as alternativas propostas pelo MEC para a utilização do Enem no vestibular das universidades federais, a que melhor responde à pers-pectiva de aperfeiçoamento do processo de ingresso em nossa instituição e a possibilidade de manter um fórum permanente de discussão com a comunidade interna e com a sociedade é a de utilizar os resultados da prova objetiva do Enem para a construção de uma média junto com a nota do vestibular, portanto combinado com o atual processo seletivo.

Essa decisão reconhece a importância do Enem, como uma prova ca-librada, elaborada com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI) e como um bom instrumento de avaliação do ensino médio. Além disso, os con-teúdos que o Ministério pretende cobrar na prova são muito parecidos com os abordados pelo vestibular da UFPR. Por isso, é provável que o perfil do aluno que tenha bom desempenho no Enem seja o mesmo do aluno que vai bem no vestibular da UFPR.

Essa comparação será possível em 2010, quando a universidade rece-berá todas as notas do próximo exame. Desta forma haverá a possibilida-de da realização de estudos que permitam a avaliação do Enem tal como ora proposto pelo MEC.

Por fim, pesou na decisão a tradição de longos anos de amadurecimen-to do vestibular da UFPR. Em 2005, o vestibular foi totalmente remode-lado, com o objetivo de permitir uma seleção diferenciada que atendesse às especificidades de cada curso. As provas passaram a ser aplicadas em duas fases. Na primeira, o candidato faz uma prova com 80 questões em formato de múltipla escolha, assim distribuídas: Biologia, Física, Geogra-fia, História, Matemática, Química, Língua Portuguesa (incluindo Com-preensão de Textos e Literatura Brasileira) e Língua Estrangeira Moder-na. Na segunda fase, foi introduzida uma prova comum a todos os cursos – Compreensão e Produção de Textos – e uma ou duas provas específicas, definidas pelos colegiados dos cursos e escolhidas entre Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química. A partir de 2006, os cursos de Matemática, Matemática Industrial e Estatística adotaram o Processo Seletivo Estendido, que inclui a avaliação em duas disciplinas ao longo do primeiro semestre do curso. Em 2007, foram incluídas na segunda fase as provas de Filosofia e Sociologia para alguns cursos. Nesse mesmo ano, as provas dessa fase tiveram o formato alterado e passaram a ter apenas questões discursivas. Há um processo contínuo de avaliação do vestibular para torná-lo cada vez mais adequado como instrumento de seleção dos candidatos aos cursos ofertados pela instituição.

O maior mérito da proposta de vestibular unificado é o de suscitar a discussão sobre o acesso à universidade. A UFPR nunca deixou de fazer este debate, mesmo que saiba que o sistema educacional precisa ser for-talecido desde o ensino básico e que não será uma simples alteração no modelo de seleção que democratizará o acesso ao ensino superior.

Raul von der Heyden Coordenador-geral do Núcleo de Concursos da UFPR

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OpiniãO

Na edição de abril, publi-camos a matéria Pais parti-cipam pela primeira vez da recepção aos calouros, que tratava como inédita a inicia-tiva do Setor de Ciências So-ciais Aplicadas e do curso de Engenharia de Produção. Na verdade, desde 2006, o curso de Medicina também recep-ciona os pais dos calouros.

Errata

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Universidade amplia oferta de mestrados e doutorados

Há mais de uma década que o crescimento ano a ano dos cursos de mestrado e

doutorado caminhava lentamen-te, com a criação em média de dois novos programas a cada ano. Em 2009, são oito novos cursos aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do MEC, sendo quatro de mestrado e ou-tros quatro de doutorado.

O coordenador dos Progra-mas de Pós-Graduação Edilson Sérgio Silveira explica que o Programa Reuni acelerou os pro-cessos dos demais cursos. “Parte deles estava programada apenas para o ano de 2010 e outros em 2011, ou seja, a meta para os pró-ximos quatro anos estaria quase alcançada, se os novos projetos forem aprovados.”

Em abril a UFPR submeteu à Capes outras 12 propostas, solicitando a criação de quatro novos doutorados e oito mes-trados. Além desses, outros dois projetos interinstitucionais, um Mestrado em Bioenergia, oferta-do por um pool de universidades paranaenses e que teria sede na Universidade Estadual de Lon-drina e um Mestrado e um Dou-torado em Ciências Farmacêu-ticas, tendo como parceiras as

[email protected]ícia Hoshiguti

A UFPR teve neste ano um aumento significativo na pós-graduação Stricto Sensu. Com oito novos cursos de mestrado e doutorado, a instituição passou a ofertar 91 formações inseridas em 56 programas

EnsinO: nOvOs CursOs

Novos cursos

- Bioinformática- Ciência Política- Odontologia- Psicologia

- Informática- Ciências Veterinárias- Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental- Microbiologia, Parasitologia e Patologia Geral

Em fase de avaliação da CapesMestrado

Doutorado

Fotos: Izabel Liviski

BIOINFORMÁTICA Emanuel Maltempi de Souza (à esq.) no Laboratório de BioquímicaAULA no Laboratório do Mestrado em Bioinformática

universidades federais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, esta última sendo a sede. Todos dependem de aprovação da Ca-pes, que deve se pronunciar no próximo semestre.

Esforços intersetoriais Ao mesmo tempo em que a

UFPR se integra em propostas interinstitucionais, também no nível interno a cooperação de departamentos viabiliza for-mações multidisciplinares. É o caso do recém-criado Mestra-do em Bioinformática. Não é de hoje que muitos problemas biológicos são resolvidos pelas soluções computacionais, mas os especialistas nessa área são raros. As áreas de Bioquímica e Biologia Molecular lidam com grandes volumes de dados e esses estudos dependiam do esforço de pesquisadores da informática que gostassem de bioquímica ou vice-versa. São os casos dos professores Ema-nuel Maltempi de Souza, da Bio-química e Biologia Molecular e Roberto Raittz, da Informática do Setor Escola Técnica e autor da proposta do novo curso.

“O Mestrado em Bioinfor-mática será o primeiro no Sul do País”, informa Roberto Raittz,

explicando que é grande o leque de aplicações dos trabalhos da área. Um bioinformata atua em pesquisas que envolvem des-de o sequenciamento do DNA de uma bactéria, passando pela análise da semelhança ou dife-rença entre genes ou ainda na sintetização de um hormônio para crescimento vegetal. “Tal-vez seja o profissional mais pro-curado do mundo hoje”, afirma o professor Emanuel, ao lembrar que muitos dos pesquisadores que conheceu e que se especia-lizaram nessa área são disputa-díssimos, e estão atuando hoje no exterior.

Na UFPR, a turma mal ini-ciou os estudos mas os alunos já têm delineados muitos projetos

de aplicação prática como o de um programa de contagem automáti-ca de bactérias. “É o tipo de solu-ção que já existe no mercado mas que o HC não tem”, explica Ema-nuel, informando que o programa a ser desenvolvidos no curso não apenas beneficiará o hospital da própria UFPR como também será disponibilizado para todo mundo. “Os programas custam de dois a dez mil dólares”, expõe o pro-fessor, informando que o curso poderá propiciar outras soluções que até existem no mercado mas são muito caras para serem adqui-ridas. Todos os projetos do curso serão desenvolvidos dentro da filosofia de software livre, bene-ficiando a sociedade com o uso irrestrito dos aplicativos.

- Meio Ambiente e Desenvolvimento - Engenharia de Produção- Turismo - Fisiologia - Odontologia Restauradora - Ensino de Ciências - Comunicação Social- Nutrição

- Enfermagem - Sistemas Costeiros e Oceânicos - Matemática Aplicada - Filosofia

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UFPR adere comcautela ao novo Enem

O relógio marcava 12h10 quando o Conselho Univer-

sitário aprovou, no dia 20 de maio, a incorporação do Enem ao vestibular da UFPR com peso de 10% na nota final dos candidatos. A decisão foi vota-da em três fases: primeiro, o Conselho sancionou por 24 a 13 a adesão ao novo Enem. A composição da nota foi aprova-da por unanimidade.

O percentual de 10% teve apenas um voto contra e 37 a favor. A decisão encerrava pro-visoriamente uma discussão que tinha começado apenas 50 dias antes, em 31 de março, quando o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou aos reitores a proposta de unifi-cação do vestibular das univer-sidades federais.

A incorporação da nota do Enem à nota dos vestibulandos foi a escolha de outras nove universidades federais, com percentuais que variam de 20 a 50%. Algumas tomaram deci-sões mistas, como a Federal do

[email protected]ário Messagi Jr.

Exame do Ensino Médio terá peso de 10% no vestibular, conforme aprovado pelo Conselho Universitário. Das 59 universidades federais, apenas duas não vão utilizar o Enem em sua próxima seleção de estudantes

Recôncavo Baiano, que vai ocu-par 70% das vagas apenas com o Enem e vai compor nota para os 30% restantes. No geral, o balanço foi muito positivo para o governo, mesmo com o prazo tão curto para que as institui-ções se posicionassem. Das 59 universidades, incluindo quatro que estão sendo criadas, ape-nas duas decidiram não utilizar o Enem de forma alguma. Vin-te e quatro, por outro lado, irão utilizar o Enem como fase úni-ca, para ocupar todas ou parte das vagas para alunos.

A utilização do Enem como primeira fase foi a escolha de oito universidades. Vinte e oito irão ocupar vagas remanescen-tes do vestibular pela nota do Enem. A UnB utilizará o Enem apenas em 2010, mas ainda não definiu como. A UFMS utiliza-rá como fase única em 2010. Quatorze universidades não decidiram como vão utilizar o Enem, segundo levantamento do MEC atualizado até o dia 25 de maio (veja quadro completo na página ao lado).

Argumentos do MECNo lançamento da proposta

de unificação do vestibular, o ministro da Educação Fernan-do Haddad criticou os exames vestibulares. “Hoje o vestibular desorienta mais do que orienta a organização curricular do en-sino médio”, disse. Além disso, Haddad afirmou que os proces-sos seletivos privilegiam em excesso a memorização de con-teúdos e tornam a passagem da educação básica para a superior “estressante e traumática”.

O novo modelo possibilitaria descentralizar e democratizar o acesso a todas universidades, aumentaria a mobilidade acadê-mica e reorientaria os currículos do ensino médio. Mesmo reco-nhecendo os méritos da propos-ta, o reitor Zaki Akel Sobrinho foi um dos primeiros a reivin-dicar cautela na decisão. “É ne-cessário conversar com o MEC e com a comunidade para ou-virmos as opiniões do que seria melhor para a instituição”, disse. O Enem, para servir como pro-cesso de seleção, teria que mu-

dar de características, incorpo-rando a avaliação de conteúdos. Além disso, a maior mobilidade de estudantes colocava em ris-co as políticas de regionalização do ensino superior implanta-das pelo governo federal. Além disso, as regras do vestibular da UFPR já estavam definidas previamente. O coordenador do Núcleo de Concursos, Raul von der Heyde, defendia que as mudanças não poderiam ser feitas no meio do processo. “A necessidade de melhoria exis-te, mas podemos garantir que nenhuma decisão será tomada de forma a prejudicar a prepa-ração dos pré-vestibulandos”, afirmou ele perante diretores de cursos pré-vestibulares no dia 20 de março.

Assim, a proposta de mu-dança teria que ser gradual. “Reconhecemos a importância do Enem e a validade da pro-posta do MEC, estamos dis-postos a participar, inclusive na reelaboração do exame, mas, neste momento, seria uma mu-dança muito brusca”, defendeu

EnsinO: vEstibular 2010

Fotos: Izabel Liviski

ENEM terá peso de 10% na nota final do vestibularMUDANÇAS Nova prova mudará pouco o perfil dos alunos aprovados

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Reconhece-mos a importância do Enem e a valida-de da proposta do MEC, estamos dis-postos a participar, mas neste momento seria uma mudança

muito brusca.”

“ Maria Amélia Sabbag Zainko, pró-reitora de Graduação da UFPR

a pró-reitora de Graduação Ma-ria Amélia Sabbag Zainko. A cautela também era a tônica da posição de outros conselheiros do Coun. A vice-diretora do Se-tor de Humanas Norma da Luz Ferrarini votou contra a incor-poração e defendeu a posição da plenária setorial de Huma-nas, decidida no dia 28 de abril. “A discussão é interessante e o MEC tem mérito ao propô-la, mas o prazo foi muito curto para tomar uma decisão funda-mentada. Não havia clareza de como a proposta impactaria na universidade e no ensino mé-dio”, defendeu.

FlexibilizaçãoDuas semanas depois de

apresentar a proposta de uni-ficação do vestibular, o MEC divulgou a instalação do Comi-tê de Governança, juntamente com a Andifes. Havia, até então, apenas duas formas possíveis de aderir: utilizar a nota do Enem para classificação em uma pri-meira fase ou aderir ao Sistema de Seleção Unificado (SSU).

No dia 17 de abril, o Ministé-rio flexibilizou as formas de ade-são em reunião com os reitores. Foram propostas quatro possibi-lidades para utilizar o Enem: fase única, primeira fase, composição de nota ou ocupação de vagas remanescentes. O prazo tam-bém foi sendo progressivamente dilatado. A princípio, a intenção do MEC era que todas as univer-sidades tomassem posição até o final de abril. Em 27 de abril, este prazo foi ampliado para 8 de maio. Antes que o novo prazo se expirasse, a nova data foi marca-da para 20 de maio.

Mesmo com o prazo curto, o Coun decidiu ampliar o deba-te antes de tomar uma decisão. Uma comissão nomeada no dia 4 de maio preparou estudos para fundamentar a posição do Con-selho e realizou reuniões com as entidades de classe (DCE, APU-FPR e Sinditest) com represen-tantes da comunidade e poderes públicos (Seed, CEE, Seti etc.) e com diretores de setor e diri-gentes da UFPR.

A nova matriz de habilida-

des, divulgada pelo MEC em 14 de maio, aproximava o Enem do vestibular da UFPR, um indício consistente de que o vestibular da instituição estava no rumo certo. Assim, a avaliação inicial era de que a nova prova mudaria pouco o perfil dos alunos apro-vados. Mesmo assim, a cautela indicava novos estudos. A com-paração de desempenho dos alunos do Enem apenas poderia ser feita, no entanto, a partir de 2010, com os resultados do novo exame. A UFPR só teria acesso à nota do Enem se utilizasse a prova de alguma forma. “No ano que vem, poderemos compa-rar os resultados e avaliar este novo exame”, defendeu Raul. Por outro lado, o percentual de 10% garantia que a mudança no processo de seleção, já em anda-mento, não seria drástica.

No final do processo, a de-cisão do Conselho materializou a cautela da comunidade aca-dêmica e sinalizou o desejo de participar do processo iniciado pelo MEC. Foi um sim com cautela, segundo Raul.

VESTIBULAR da UFPR: mudança gradual permite melhor avaliação

REUNIÃO do Conselho Universitário que decidiu pela adesão do Enem

Douglas Fróis

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Debates comemoram o Dia do Meio AmbienteO Setor de Ciências Agrárias promoveu dia 5 de junho, Dia

Mundial do Meio Ambiente, um Ciclo de debates sobre Produção e Pagamentos por Serviços Ambientais, apresentando experiências paranaenses. “É possível diversificar a produção de alimentos, fibras, entre outros e produzir também serviços ambientais como paisagem, água, reciclagem de carbono”, afirma Wilson Loureiro, professor organizador do ciclo de debates. Com cerca de 150 participantes, o evento foi uma parceria da UFPR com o Sistema Instituto Ambiental do Paraná (IAP) do Governo Estadual.

Jornal Comunicação lança novo site e projeto gráficoO Jornal Comunicação, laboratório dos alunos de jornalismo

da UFPR, lançou seu novo site e projeto gráfico da versão impressa. O site Comunicação On-line (www.jornalcomunicacao.ufpr.br) foi totalmente reformulado. O novo modelo contempla a convergência de mídias, e agora, é possível acessar áudios e vídeos relacionados à matéria publicada. O conteúdo também é linkado diretamente a novos suportes, como o Issuu e o Twitter. Na versão impressa, o Comunicação passou a seguir uma tendência do jornalismo mundial – o formato berliner. Com isso a diagramação ficou mais leve e espaçada, valorizando o conteúdo.

Ensino

Os cinco representantes discentes no Coun vo-taram contra a utilização

do Enem no vestibular 2010. O voto de bancada foi decidido pelo Conselho de Entidades de Base, composto pelos centros acadêmicos da universidade, por unanimidade.

Segundo Daniel Ikenaga, aluno de Pedagogia e represen-tante discente no Cepe e Coun, mudar o vestibular para o Enem não mudaria a educação básica. “Se esta mudança fosse possí-vel, os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN’s) já teriam feito isso”, explica. O Enem já é baseado nos PCN’s, que direcionam os projetos peda-gógicos das escolas de ensino fundamental e médio.

Outro problema da pro-posta, para os estudantes, é o impacto sobre o desenvol-vimento regional. “A mobili-dade foi a proposta mais es-drúxula. Há discrepâncias de formação entre os estados. Isso acabaria com as políticas de regionalização do ensino superior”, diz Ikenaga.

Estudantes votamcontra

Fórum de discussão reunirá instituições regionais

A UFPR vai encabeçar um fórum de discussão com as universida-des estaduais, Secretaria Estadual de Educação e Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia sobre as formas de ingresso no ensino superior e ensino médio. A articulação deste fórum estará sob responsabilidade da comissão criada pelo Coun para discutir a incorporação do Enem ao vestibular da UFPR.

“O trabalho da comissão não se extinguiria com a apresentação no conselho”, explica a pró-reitora de Graduação, Maria Amélia Sab-bag Zainko. A criação de um fórum permanente era uma proposta da Prograd, que foi aprovada pelo Coun a partir da discussão da unifica-ção do vestibular.

EnsinO: vEstibular 2010A

rte: Leonardo Bettinelli

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Pesquisadores da UFPR publicaram ao longo do ano passado 2.447 arti-

gos em periódicos. No mesmo período, 3.102 trabalhos foram anexados a anais. Além disso, 786 livros foram escritos. No âmbito da pós-graduação, 203 teses de doutorado e 785 dis-sertações de mestrado foram defendidas.

Esses números represen-tam parte da produção intelec-tual da universidade e são a matéria-prima principal para as análises que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) faz em seu sistema de avaliação dos programas de pós-graduação.

Implantado em 1976, o sis-tema visa o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no Brasil. Ele faz isso ao manter padrões de qualidade, reconhecer os cur-sos de mestrado e doutorado e ao colocar metas e desafios para impulsionar o Sistema Nacional de Pós-Graduação que contribui-rão para a melhoria da eficiência dos programas do país.

Fazem parte da avaliação um acompanhamento anual e uma avaliação trienal, que será reali-zada novamente no fim de 2009. Os programas poderão ter melho-ra, rebaixamento ou permanecer com o mesmo conceito. Para isso, a UFPR apresenta números como os listados acima e os envia para avaliação da Capes.

“Cada programa coleta os dados de seus docentes e faz-se um levantamento. Há também integração com o sistema Lattes do CNPq”, explica o pró-reitor

de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR Sérgio Scheer. São diver-sos indicadores avaliados pela Capes, como produção biblio-gráfica, disciplinas, corpo docen-te, proposta, linhas de pesquisa, etc. Todos os critérios são divul-gados no site da instituição, além dos resultados anteriores.

ConceituaçãoOs conceitos dados no final

da avaliação variam de três a sete, sendo que seis e sete são concedidos apenas para cursos de relevância internacional. A UFPR possui 91 programas – 53 mestrados, dois mestrados profissionais e 36 doutorados. Destes, somente Bioquímica e Direito receberam conceito seis. “Nosso curso tem conseguido diminuir os prazos de titulação, investido em núcleos de pesqui-sa, buscado a internacionalização e tentado cumprir sua função social através de mestrados in-terinstitucionais”, explica José Antônio Gediel, coordenador da Pós-Graduação do Departamen-

to de Direito da UFPR. “A partir desta nota, há mais possibilidade de recursos e aumentam, por exemplo, os números de bolsas.”

No conceito cinco estão os pro-gramas de Administração, Biologia Celular e Molecular, Entomologia, Ciências Geodésicas, Desenvol-vimento Econômico, Engenharia Mecânica, Física, História e Quí-mica. Os demais programas rece-beram conceito três ou quatro.

“Para amenizar a questão de uma avaliação apenas nu-mérica, a Capes adotou outras medidas. Critérios de qualidade e quantidade devem andar jun-tos”, afirma Scheer. O Qualis é um sistema de classificação de

Manuela [email protected]

Marcello Casal Jr / ABr

periódicos. “Discute-se sobre a validade dessa avaliação para to-das as áreas, pois algumas não se baseiam tanto na publicação em periódicos, como é o caso da En-genharia”, completa o pró-reitor.

No fim de 2008, passada a me-tade do triênio, o sistema Qualis foi revisto e as publicações pas-saram a receber notas diferencia-das, se são de relevância nacional ou internacional, e os editores passaram a exigir uma revisão desses critérios. “A mudança de critérios faz parte de um processo de melhoria contínua do sistema de avaliação, em que pese ocorrer durante o período de coleta de da-dos” afirma Scheer.

CiênCia E tECnOlOgia: prOduçãO CiEntífiCa

Pesquisadores da UFPR publicaram 2,4 mil artigos científicos em 2008

Dados da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação relativos ao ano passado registram ainda 3,1 mil trabalhos anexados a anais, 786 livros escritos, 203 teses de doutorado e 785 dissertações de mestrado

Arte: Manuela Salazar e Leonardo BettinelliInformações: PRPPG

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Pioneiro no uso do álcool, paísaposta nos biocombustíveis

A produção de álcool no Brasil passou de 15,8 bilhões de litros na safra

2005-2006, para 27,7 bilhões neste ano, conforme dados preliminares do Ministério da Agricultura. Principal motivo: os carros flex, que em 2008 re-presentaram 87,5% das vendas de veículos no país.

Há 34 anos, em 1975, o go-verno brasileiro criava o Progra-ma Nacional do Álcool (Proálco-ol), com o objetivo de amenizar as sucessivas crises do setor açucareiro e reduzir a depen-dência do petróleo importado.

Estima-se que, nas últimas três décadas, o uso do etanol em substituição à gasolina te-nha promovido uma economia equivalente a mais de um bi-lhão de barris de petróleo.

O Brasil é hoje o maior produtor de etanol a partir da cana-de-açúcar. Desenvolveu uma tecnologia própria e vem aumentando a produtividade. Na década de 70, a indústria sucroalcooleira produzia 3,2 mil litros de álcool por hectare. Hoje, produz 6,6 mil litros.

Além do fato de ser uma fonte renovável — ao contrário do petróleo, cujas reservas têm perspectiva de esgotamento e podem não atender a demanda

[email protected] César Oliveira

UFPR realiza pesquisas na área, cria curso superior de Tecnologia em Biocombustíveis em Palotina e integra grupo responsável por novo mestrado no Paraná

nas próximas décadas —, o eta-nol permite importante redução de emissões de gases de efeito estufa (CO², em especial).

Mais de 45% de toda a ener-gia consumida no Brasil pro-vém de fontes renováveis. Nos países desenvolvidos, a média não chega a 15%.

“Além de ser uma fonte de energia limpa e renovável, os biocombustíveis causam me-nos corrosão de equipamentos, descentralizam a renda, redu-zem a dependência de petróleo e têm baixo custo de implan-tação e manutenção”, explica a professora Leda Maria Sara-giotto Colpini, coordenadora do recém-criado curso superior de Tecnologia em Biocombustí-veis da UFPR, em Palotina.

“No Brasil e particularmen-te no Paraná, onde há grande atividade agropecuária, o po-tencial para a produção de bio-combustíveis é grande.”

Energia x alimentosMovimentos sociais ligados

ao campo, entre eles o Movi-mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), questionam o impacto dos biocombustíveis na produção de alimentos e no meio ambiente.

“A soberania energética não

poderá ser alcançada em detri-mento da soberania alimentar”, diz trecho de carta entregue pelos movimentos ao governo federal em novembro de 2008. O documento aponta “condi-ções degradantes” de trabalho e utilização de mão-de-obra escrava nos canaviais, contami-nação do ambiente, redução da biodiversidade; e concentração fundiária, o que fragilizaria ain-da mais os programas de refor-ma agrária.

Outra crítica, mais recor-rente no exterior, insinua o ris-co de áreas da Amazônia serem transformadas em canaviais.

O governo rebate com da-

dos da Companhia Nacional de Abastecimento, segundo os quais a safra 2007-2008 de cana-de-açúcar ocupava 6,6 milhões de hectares, o equivalente a 10% da área cultivada do país. E ainda seria possível incorporar mais 100 milhões de hectares aos 62 milhões hoje ocupados pela agricultura brasileira, sem desmatar florestas virgens.

“O Brasil tem tecnologia própria, e de ponta, tanto para a produção e industrialização da cana-de-açúcar como tec-nologia para produzir e im-plantar as indústrias de açúcar, álcool e biodiesel”, afirma o professor Armando João Dalla

CiênCia E tECnOlOgia: EnErgia

Valter Campanato/ABr

MÃO-DE-OBRA Homem trabalha na colheita de cana-de-açúcar

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Costa, coordenador do Curso de Ciências Econômicas.

“Em função disso e da área disponível é possível produzir, no Brasil, tanto biocombus-tíveis como aumentar a pro-dução de alimentos, sem que uma atividade tenha implicân-cias sobre a outra.”

BiodieselA exemplo da produção do

etanol e da cana-de-açúcar, o Brasil reúne condições ide-ais para se tornar um grande produtor mundial de biodie-sel. Afinal, dispõe de extensas áreas agricultáveis e de solo e clima favoráveis ao plantio de

oleaginosas, entre elas mamo-na, dendê, girassol, babaçu, soja e algodão.

Em 2004, o Governo lançou o Programa Nacional de Produ-ção e Uso de Biodiesel. A partir do próximo mês de julho, o óleo diesel vendido no país deverá conter 4% de biodiesel.

Com a mistura, a produção de biodiesel deverá subir de 1,2 bilhão, em 2008, para 1,8 bilhão de litros neste ano.

Em 2008, por exemplo, o uso do biodiesel representou uma economia de US$ 1 bilhão nas contas externas do País. O Brasil deixou de importar 1,1 bilhão de litros de diesel.

“O Paraná, como o Brasil todo, segue sem ter consegui-do incorporar, de maneira sig-nificativa, a agricultura familiar na produção de biodiesel”, ob-serva Dalla Costa. “Seria pre-ciso uma diversificação maior no uso de matérias-primas alternativas, uma vez que as mais utilizadas até o momen-to, como a soja, são típicas de grandes propriedades.”

Novo mestradoNo último mês de abril, o

governo do Paraná autorizou a formalização de um termo de cooperação técnica entre as cinco universidades estaduais,

a UFPR, a UTFPR, o Tecpar, o Iapar e a Embrapa para criar o Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Bioenergia.

“Como não há nenhum programa similar no Estado, a implantação deste curso terá grande importância para con-gregar iniciativas locais e fo-mentar o intercâmbio técnico e científico na área de bioener-gia”, declara o professor Luiz Pereira Ramos, do Departa-mento de Química da UFPR. “Haverá um aumento significa-tivo da inserção do Estado em área considerada absolutamen-te estratégica para o desenvol-vimento sustentável do país.”

UFPR pesquisa uso de resíduos da cana para a produção de álcool

A Universidade Federal do Paraná, em parce-ria com o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba (SP) e a fabricante de enzimas industriais Novozymes Latin America, instalada em Araucária (PR), participa de uma pesquisa de desenvolvimento de etanol de segunda geração, fabricado a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. O contrato de dois anos prevê o financiamento de 1,6 milhão de euros para a pesquisa, com recursos da União Europeia.

“A universidade será responsável por duas forças-tarefa no projeto, relativas à caracteriza-ção das matérias-primas lignocelulósicas a serem empregadas no processo (bagaço e palha) e ao pré-tratamento destas matérias-primas para aumento de suas respectivas susceptibilidades à bioconversão via hidrólise enzimática”, explica o professor Luiz Perei-ra Ramos, do Departamento de Química da UFPR.

“Acredito que, em dois anos, estaremos muito próximos de oferecer condições para que a viabili-dade econômica do processo seja alcançada. Daí a termos unidades comerciais em funcionamento leva um certo tempo.”

Glossário

Biocombustíveis – São combustíveis produzidos a partir da biomassa (matéria or-gânica), isto é, de fontes renováveis, como cana-de-açúcar, milho, soja, semente de girassol, madeira e celulose. Exemplos: etanol e biodiesel.

Etanol – O etanol é um composto orgânico oxigenado (também denominado ál-cool etílico). No Brasil, é produzido pela fermentação do caldo da cana. É possível utilizar outras matérias-primas, como milho (EUA e China), beterraba (União Euro-peia), mandioca, trigo e uva. Na maioria desses casos, porém, é preciso transfor-mar o amido em açúcar antes de fermentá-los, o que eleva o custo de produção.

Biodiesel – Combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, tais como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, entre outras. Pode ser obtido por diferentes processos. O mais utilizado consiste numa reação química de óleos vegetais ou de gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador.

Etanol de segunda geração – Tecnologias que aproveitam integralmente a biomas-sa da cana-de-açúcar produzem o chamado etanol lignoccelulósico ou de segunda geração. Para tanto, existem dois processos: a hidrólise dos polissacarídeos em açúcares e a fermentação destes em etanol. O último é uma técnica bem conheci-da e dominada. O primeiro possui uma série de gargalos que impedem sua repro-dução em escala industrial.

Infográfico: portal Biodieselbr

Bruno Veiga/PetrobrasValter Campanato/ABr

SEMENTES Cultivo de mamona para produção de biodiesel no Rio Grande do Norte

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Publicidade influencia hábitos alimentares das crianças

Salgadinhos, refrigerantes, biscoitos diversos, doces e os fast-foods fazem parte da rotina de grande parte das crianças. O convite para esse “banquete” de iguarias vem diretamente da mídia, acessada diariamente pelos pequenos

Bastam 30 segundos para uma determinada marca influenciar uma criança.

A afirmação consta no docu-mentário “Criança, a alma do negócio”, material que informa sobre publicidade, consumo e infância. Entre as imagens e de-poimentos, algumas declarações surpreendem: “queria morar no shopping”. Ou ainda: “não sou muito chegado em brinquedo”, dizem as crianças entrevistadas.

O assunto é o objeto da pes-quisa de doutoramento da pro-fessora Regina Langue, do De-partamento de Nutrição. “Não há dúvida de que o foco principal das campanhas publicitárias são as crianças e 80% das compras da casa são influenciadas di-retamente por elas”, afirma a professora, que também é coor-denadora do Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição da Região Sul.

Algumas causas desse com-portamento são apontadas pela professora como a satisfação pessoal mostrada pela mídia, as compensações afetivas que o consumismo encobre e a sen-

Sônia [email protected]

sação de “inclusão” exposta nas campanhas, ou seja, comprar este ou aquele produto pode ser uma condição de existência e as-cendência como ser social.

No documentário, uma ex-periência mostra claramente a distorção causada pelos exage-ros das campanhas: uma pro-fessora mostra algumas figuras de animais silvestres para um grupo de crianças. Em seguida, mostra outras imagens conten-do legumes e frutas para o mes-mo grupo. Desinteressados, os pequenos dizem desconhecer tanto os animais quanto os legu-mes. Por outro lado, as figuras que mostram uma determinada marca de celular ou os rótulos de vários tipos de salgadinhos são destacados em unanimidade e com entusiasmo.

Transtornos Ainda outros graves impac-

tos da comunicação mercadoló-gica dirigida aos pequenos dizem respeito à erotização precoce, alcoolismo, violência, além dos graves transtornos alimentares, explica a professora Regina. Al-

guns números levantados pelo Observatório de Políticas de Se-gurança Alimentar e Nutrição, da Universidade de Brasília, foram rastreados em quatro canais de TV, dois abertos e dois fechados. A gravação foi realizada durante 52 semanas – de agosto de 2006 a agosto de 2007, totalizando 4,1 mil horas de material coletado. No mesmo espaço de tempo, fo-ram também analisadas 18 revis-tas – três para adultos, oito para mulheres, duas para adolescen-tes e seis para crianças.

A pesquisa revela que 20% da programação das emisso-ras de televisão é ocupada pela publicidade. Desse total, 10% são sobre alimentos; nos canais fechados, 50% das campanhas são direcionadas para o público infantil; reunindo os canais aber-tos e fechados, 44% do total de propagandas de alimentos são direcionados ao público infantil; na mídia impressa, aproxima-damente 15% do total de peças publicitárias são de alimentos e cinco categorias de produtos ganham destaque em todo esse universo: guloseimas, sorvetes,

CiênCia E tECnOlOgia: nutriçãO

refrigerantes, sucos artificiais, salgadinhos de pacote, biscoitos, bolos e os fast-foods – totalizan-do 72% das propagandas de ali-mentos.

OrientaçãoOs dados alarmantes im-

põem a imediata regulamenta-ção da propaganda de alimentos não saudáveis voltados às crian-ças, como já existe em alguns países da Europa. Nesses mo-delos, as normas impõem que nenhum produto alimentício poderá oferecer brinquedos ou outros brindes. Funciona como um alerta: preservando o direito à informação, não deixar que os consumidores sejam enganados. “É necessária uma mudança de mentalidade, um comportamen-to diferenciado em que a família colabore com muito diálogo e esclarecimento”, aponta a pes-quisadora.

É necessária uma mudança de mentalidade, um comportamento

diferenciado em que a família colabore

com muito diálogo e esclarecimento.”

“ Regina Langue, professora do curso de Nutrição da UFPR

APELO A forte atração dos fast-foods

Arte: Fábio Marcolino

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Conferência opõe movimentossociais e empresas de comunicação

De um lado, movimentos buscam democratizar a mídia. De outro, proprietários dos veículos se articulam para defender seus interesses. Etapa nacional da Conferência de Comunicação ocorre em dezembro

O governo federal publicou em abril o decreto que convoca a 1ª Conferência

Nacional de Comunicação (Confe-com). Com o tema “Comunicação: meios para a construção de direi-tos e de cidadania na era digital”, a conferência terá sua etapa nacio-nal em dezembro. Antes, haverá etapas municipais e estaduais.

A convocação da conferência é resultado da mobilização de movimentos sociais que buscam democratizar a mídia no país.

“Como já se realiza em áreas iguais à da saúde, as conferên-cias de comunicação podem con-tribuir para ampliar a cidadania, a fiscalização e a qualidade da mídia no país”, analisa o profes-sor Ricardo Costa de Oliveira, do Departamento de Ciências Sociais da UFPR.

Entre os assuntos que os movimentos pretendem pautar na Confecom estão as conces-sões das emissoras de rádio e TV; a concentração de merca-do e a propriedade cruzada dos veículos; a valorização da cul-tura nacional e regional; o in-centivo às produções indepen-dentes; e a descriminalização das rádios comunitárias.

Alguns desses pontos, como a proibição do monopó-lio e o estabelecimento de um percentual mínimo de progra-mas regionais, constam do tex-

Fernando César [email protected]

to da Constituição, mas nunca foram regulamentados.

“Nosso negócio”Os interesses dos empre-

sários em relação à conferên-cia são outros. Voltam-se para questões mais técnicas, como a convergência tecnológica, tele-comunicações e banda larga.

“Precisamos estar atentos e vigilantes, pois há anos os mo-vimentos sociais aguardam por essa oportunidade”, afirmou o presidente da Associação Bra-sileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Sla-viero, em discurso no dia 19 de maio, na abertura do 25º con-gresso da entidade.

Slaviero cita como propostas “mais moderadas” dos movimen-tos “a interferência na programa-ção das emissoras” e a instalação de conselhos para analisar “as nossas outorgas”. “Precisamos defender o nosso negócio”, con-clamou, para em seguida dizer que a Confecom não deve ser “politizada”, nem tampouco “que-rer refundar o passado”.

“Os empresários estão se organizando para essa confe-rência, na lógica do mudar para deixar tudo como está”, avalia o jornalista Elson Faxina, recém-aprovado em concurso público para professor do Departamen-to de Comunicação da UFPR.

DesafiosÉ consenso entre os pesquisa-

dores da área que a comunicação, no Brasil, tem sido historicamente um “não-tema”. Um assunto que dificilmente entra na agenda dos debates da sociedade. Aí estaria o primeiro mérito da Confecom — a sua própria existência.

Mas, uma vez convocada a conferência, quais os desafios durante o seu processo de rea-lização?

“Se os movimentos sociais acharem que a comunicação é coisa de jornalistas, radialistas e empresários do setor, cometerão um lamentável equívoco”, diz Faxina. “O tema não incide so-bre questões imediatas, mas é a grande vitrine que expõe os mo-vimentos a toda a sociedade.”

CiênCia E tECnOlOgia: Mídia

Dispositivos da Constituição Federal ainda não regulamentados

Artigo 220 — Os meios de comunicação social não podem, direta ou indireta-mente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

Artigo 221 — A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: [...] estímulo à produção independente; [...] regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei.

Para Ricardo Oliveira, o Bra-sil deveria seguir o exemplo de outros países, cujas leis preser-vam a pluralidade. “Um país não pode ficar submetido ao poder de poucos grupos ou famílias que detêm o controle da comu-nicação”, observa. “Mas, hoje, mesmo grandes redes como a Globo, diante da internet, não têm mais o mesmo poder de ou-tros tempos. Os blogs sobre po-lítica, por exemplo, passam a ter mais impacto do que a TV.”

Faxina defende que as uni-versidades dediquem especial atenção à Confecom. “Preci-samos gerar conhecimentos, subsidiar as discussões, a fim de jogar luzes sobre o tema, com o objetivo de contribuir para de-mocratizar a comunicação.”

ENCONTRO preparatório em 2007, quando foi criado o movimento pró-conferência

Gervásio Baptista/ABr

Elson Faxina: “As universi-dades precisam subsidiar as discussões”

Ricardo Oliveira: “Poucos grupos controlam a comu-nicação”

Rafael Urban

Leonardo Bettinelli

PARA SABER MAIS: www.proconferencia.org.br

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Registro de patentespasso a passo

Nova Agência de Inovação da UFPR vai congregar as unidades referentes à propriedade intelectual, empreendedorismo e trans-ferência de tecnologia

Todos os anos são de-senvolvidas pesquisas inéditas na Universi-

dade Federal do Paraná. São produtos e processos que, no futuro, poderão ser usados industrial e comercialmente.

Estudados com verbas públicas nos laboratórios da instituição, eles precisam de proteção para que suas auto-rias sejam resguardadas. Em junho, será instalada a Agência de Inovação, que irá englobar o Núcleo de Propriedade Inte-lectual, o Núcleo de Empreen-dedorismo e Projetos Multi-disciplinares e o Escritório de Transferência de Tecnologia, antigo Portal de Relaciona-mentos, unidades até então responsáveis pela área.

O objetivo é facilitar e apoiar tanto a proteção quan-to a transferência de tecnolo-gia da UFPR para a comuni-dade. O diretor executivo da agência será, inicialmente, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Sérgio Scheer. “A agência já existia através de uma resolução do Conselho Universitário. Ago-ra, começa a atuar e dá mais força à inovação tecnológica e ao empreendedorismo na instituição”, diz ele.

Mas como requerer a patente de uma criação ou marca? O passo a passo é simples, mas exige conheci-mento de algumas questões específicas. A principal de-las é que o objeto da patente não pode ser divulgado em nenhum momento antes ou durante o processo de entra-

Simone [email protected]

da dos papéis, período que dura normalmente 18 meses.

O primeiro passo é procurar a Agência de Inovação, que através do então Núcleo de Propriedade Intelectual, já tem 87 processos de depósito de patentes no Ins-tituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O telefone para contato é (41) 3360.5379 e o e-mail, [email protected]. É agen-dada uma reunião, na qual o pes-quisador recebe as informações básicas para o patenteamento. É necessário que sejam atendidos os requisitos de novidade, ativida-de inventiva, suficiência descritiva e utilidade ou aplicação industrial.

A seguir, o pesquisador pre-enche o formulário Relatório Descritivo de Invenção (RDI), com o qual a própria Agência realiza buscas para verificar se a referida patente já existe em alguma parte do mundo. Se já houver, não é possível registrá-la. Se não, o pesquisador redigi-rá então o documento de paten-te. A agência, com isso, realiza os depósitos de pedido de pa-

CiênCia E tECnOlOgia: npi

O que pode ser patenteado ou registrado

A propriedade intelectual engloba três grandes áreas: proprie-dade industrial, direito autoral e direitos de proteção sui generis. A primeira se refere a bens imateriais aplicáveis na indústria, a respeito dos quais podem ser requeridas patentes de invenção e modelos de utilidade; concessão de registro de desenho industrial; e registro de marcas (produtos, serviços, certifi-cação coletiva).

Na área de direitos autorais, são passíveis de registro as mais diversas criações, desde que dotadas de originalidade. Entre elas estão programas de computador (softwa-res), conferências, obras dramáticas, coreográficas ou musicais e várias outras. Nos direitos sui generis entram cultivares, topografias de circuitos integrados e os conheci-mentos tradicionais do patrimônio genético e ambiental, por exemplo.

Produção CientíficaAo ultrapassar a Rússia e a

Holanda, o Brasil alcançou em 2008 a 13ª posição no ranking mundial de produção científica. O total de publicações passou de 19,4 mil artigos em 2007 para 30,4 mil no ano passado – uma alta de 56% na produção do país. Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e Inglaterra são os cinco primeiros da lista.

Cenacid premiado 1 O Centro de Apoio Científico

em Desastres (Cenacid) da UFPR recebeu em maio o prêmio Green Star da ONU. O prêmio home-nageia indivíduos, organizações e governos que demonstram “dedicação excepcional” à preven-ção, preparação e resposta aos impactos ambientais provocados por desastres naturais ou pela ação humana.

Cenacid premiado 2Além do centro da UFPR,

também receberam o prêmio das Nações Unidas em Bruxe-las, na Bélgica, o laboratório suíço Spiez, o pesquisador britânico Mike Cowing e os governos da Holanda e da Sué-cia. O coordenador do Cenacid é o professor Renato Eugênio de Lima, do Departamento de Geologia da UFPR.

ProgramaçãoApós ter vencido a final

nacional, um grupo de alunos da UFPR conquistou em abril a 34ª posição no ranking mundial da Maratona de Programação, em Estocolmo, na Suécia. O resultado foi o melhor entre as seis equipes brasileiras. A equipe da UFPR é formada por Bruno Ribas (Mestrado em Informática) e Eduardo Ribas (Ciência da Computação), pelo ex-aluno Raphael Ribas e pelo técnico André Guedes, professor do Departamento de Informática.

Jovem CientistaO Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) recebe até o dia 30 de junho trabalhos para a 24ª edição do Prêmio Jovem Cientista. Entre os objetivos do prêmio estão revelar talentos e incentivar estudantes e profissionais que procuram alternativas a problemas brasileiros. Mais informações no endereço www.jovemcientista.cnpq.br.

Científicas

tente e de exame. Durante todo esse processo, o pesquisador não terá custos com seu pedi-do. A concessão do registro leva em torno de sete anos, explica a professora Edmeire Cristina Pereira, coordenadora de Pro-priedade Intelectual da unidade.

EQUIPE que irá trabalhar na Agência de Inovação da UFPR

Izabel Liviski

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Izabel Liviski

Parcerias de pesquisa e extensão retratam cooperação com setor produtivo

gEstãO: pEsquisa

As parcerias da universidade com empresas públicas e privadas e órgãos públicos produziram 937 projetos em 2008, com a participação de centenas de pesquisadores. Cabe à Funpar gerenciar os convênios

Somam algumas centenas os pesquisadores da uni-versidade que desenvol-

vem pesquisas para atender as demandas do setor produtivo. Parcerias entre empresas bra-sileiras e internacionais com cientistas da universidade via-bilizam estudos em diversas áreas do conhecimento. Apenas em 2008, a Fundação da UFPR (Funpar) gerenciou exatos 937 projetos de pesquisa e exten-são, muitos deles com continui-dade neste ano e alguns com término em 2012.

O diretor de Projetos da Funpar Wanderley Veiga explica que a diversidade de projetos é grande: são convênios com labo-ratórios farmacêuticos, muitos deles de avaliação de eficácia de medicamentos antes do lança-mento do produto no mercado; do desenvolvimento de mode-los matemáticos para descrever os fenômenos que ocorrem em processos produtivos; ou ainda a pesquisa de polissacarídeos para a indústria do café. Isso para fi-car em três exemplos distintos que retratam a diversidade de temas pesquisados.

Recursos da ordem de R$ 152 milhões foram geridos pela Fundação nessas mais de 900 pesquisas durante o ano passado. O destaque entre to-das as atividades fica por conta da Petrobras, que contratou a UFPR para o desenvolvimen-to de 15 projetos. São estudos que abrangem não apenas pes-quisas sobre petróleo e deriva-dos, mas também de geologia e meio ambiente, como o projeto que trabalha as estimativas de

Letícia [email protected]

carbono fixado pelas florestas da mata atlântica.

São várias também as coo-perações técnico-científicas que têm foco na pesquisa da cana-de-açúcar, seja nas pesquisas que buscam por variedades me-lhoradas da cultura e sua produ-tividade ou nos estudos sobre o etanol. Há ainda estudos para o reaproveitamento do bagaço de cana, um rejeito queimado nas usinas e que, nas mãos do pes-quisador Luiz Ramos (Departa-mento de Química), pode ter um fim mais nobre: busca-se uma tecnologia para obter etanol também do próprio bagaço (leia matéria sobre Biocombustíveis nas páginas 8 e 9).

Tecnologias limpasAs tecnologias limpas são ou-

tra vertente das pesquisas. Há trabalhos que envolvem o de-senvolvimento de plastificantes não tóxicos, obtidos a partir dos óleos vegetais como alternativa ao uso de petróleo; de compósi-tos produzidos a partir dos resí-duos agrícolas e agroflorestais (um compósito conhecido é o aglomerado de resíduos de ma-deira); ou ainda as pesquisas que buscam a liberação controlada de micronutrientes no solo. São todos exemplos que despontam entre muitos outros na chamada “química verde”, cujas tecnolo-gias buscam um viés biológico em substituição dos modelos vi-gentes, concebidos em tempos em que a questão ambiental e a finitude dos recursos não eram uma grande preocupação.

CARACTERIZAÇÃO do embasamento da Bacia do Amazonas

PROJETO Produção de formas jovens de caranguejo-uçá (Ucides cordatus)...

... em larga escala para repovoamento do litoral paranaense

PROGRAMA TERRA LIMPA Destinação das embalagens vazias de agrotóxicos

Fotos: Arquivo Funpar

Esta pauta foi sugerida por integran-tes da Comunidade UFPR no Orkut.

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Escolarização Hospitalar humaniza atendimento infantil

A história do “Macaqui-nho”, em caixa alta para facilitar seu en-

tendimento por enquanto, faz parte da atividade escrita do Mateus de Oliveira Lazarin , de 6 anos. Entretido, não tira-va os olhos do exercício conti-do numa folha de papel na ten-tativa de ilustrar o versinho, como se estivesse na sala de aula da escola. Mateus é uma das crianças que esperam pela professora Maria do Carmo Lima Cherubim todas as ma-nhãs na Unidade de Cirurgia Pediátrica do HC. A atividade faz parte do programa de Es-colarização Escolar, uma par-ceria entre o Hospital de Clí-nicas e as secretarias estadual e municipal de Educação.

“É um vínculo afetivo muito forte que se cria aqui,

[email protected]ônia Loyola

MACAQUINHO FOI À FEIRANÃO SABIA O QUE COMPRARCOMPROU UMA CADEIRAPRA COMADRE SE SENTARA COMADRE SE SENTOU A CADEIRA ESBORRACHOUMACAQUINHO FICOU CHORANDOO DINHEIRO QUE GASTOU

mais intenso do que nas es-colas. Até há um caso de uma criança que tomava morfina, e, frequentando as aulas no hospital, melhorou tanto que esqueceu da dor”, lembrou Maria do Carmo.

Novidade “O internamento pro-

longado traz para as crianças uma total perda da identidade: já inicia com o confinamento num espaço totalmente im-pessoal, longe de casa, onde são desprovidas até mesmo das suas roupas e sujeitos a muitas regras”, considera a pedagoga Marleiza Zanella de Castro, coordenadora do pro-grama. “Nesse processo, a fi-gura do professor representa para os pequenos uma outra realidade, alguém que traz

gEstãO: HOspital dE ClíniCas

O principal é ter sempre em mente a questão

do outro.”“ Marleiza Zanella de Castro, coordenadora do programa

FORÇA A pequena Emily sorrindo para a vida

algo de novo lá de fora”, disse a coordenadora.

O gosto dos pequenos pa-cientes pelas atividades esco-lares ministradas no HC trouxe uma mudança na rotina da en-fermagem da pediatria. Hoje, os docentes fazem parte da equipe de saúde, tanto quanto a enfer-magem ou os médicos. Assim, muitas vezes os procedimentos médicos são realizados enquan-to as crianças estão aprenden-do, refletiu a pedagoga.

O ambiente escolar par-tilhado no hospital faz muito bem para as crianças, segundo a professora Claúdia Cristina Galego Dias, que atende os pacientes do TMO. O atendi-mento educacional oferecido pelo programa corresponde ao ensino formal, complemen-tou. No caso dos pequenos submetidos ao transplante de medula – muitos são de ou-tras localidades, esse suporte tem muita importância, uma vez que ficam internados por cerca de três meses e quando recebem alta necessitam per-manecer por aproximadamen-te quatro meses na cidade.

Inclusão “Na verdade, considera-

mos todas as crianças inter-nadas como especiais, e o

ALEGRIA Professora Maria do Carmo e Gabriele com as cartinhas dos colegas

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Estrutura

A Escolarização Escolar é um projeto guarda-chuva que abraça o Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, com sete professores disponibilizados pela prefeitura e mais três profissionais e uma pedagoga disponibilizados pela Secretaria Estadual de Educação. O programa também atende o Ensino Médio por meio do Serviço de Atendimento Hospitalar Especializado ( SAREH) e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para o trabalho, os professores devem ter um perfil diferenciado: agilidade, capacidade de improvisação e desprendimento são alguns dos requisitos necessários, esclarece a coordenadora.

Força

Implantado há dez anos, o programa proporciona uma transformação para muitos dos profissionais do hospital. Por meio de momentos e pes-soas únicas — alunos e professores — a atividade faz a diferença quando se pensa a vida. Mais do que aprender, essas crianças ensinam que todos os dias podem ser uma conquista. São pequenos grandes exemplos de for-ça e de esperança, essências que mostram uma grandeza de caráter que está acima das suas condições de fragilidade e do seu próprio sofrimento.

atendimento educacional se desenvolve com vistas à in-clusão. Portanto, todos os docentes do programa são es-pecialistas em Educação Es-pecial”, completou a coorde-nadora. Um exemplo é o caso da pequena Emily Cordeiro Kucharek, de 7 anos, portado-ra de paralisia cerebral e sub-metida à cirurgia, está hospi-talizada há cerca de um mês. Na entrada do quarto, o largo sorriso da menina acolheu a professora Maria do Carmo na visita matinal: “as crianças nos ensinam muito, é uma ex-periência de vida muito gra-tificante ver outros sorrisos como esse”, constatou Maria do Carmo emocionada.

Sorrindo também, Gabriele da Costa de Oliveira recebeu a professora. Já há 30 dias no

ATENÇÃO Mateus em horário de aula, brincando e aprendendo

hospital, a criança de 8 anos que cursa o 3º ano do Ensino Fundamental se sentiu grata quando recebeu as mensa-gens de carinho e saudades dos colegas da escola trazi-das por Maria do Carmo. Seu material escolar estava “arru-madinho” ao lado da cama, es-perando a hora da aula. Entre as muitas lições já concluídas, uma delas chamou atenção, uma redação, muito bem es-crita por ela, que conta a his-tória do “Menino Travesso”. Um personagem real, como os amigos que deixou lá fora, e que esperam ansiosos pela companheira de travessuras.

EQUIPE Professoras Maria do Carmo, Marleiza e Cláudia com o aluno Mateus

Nunca vou esquecer como se

usam as letras m e n, contou uma menina da 5ª série quando

teve alta do hospital. São histórias peque-nas, mas de grandes

signif icados.”

“ Marleiza Zanella de Castro, coordenadora do programa

Leonardo Bettinelli

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Setor Escola Técnica cresce e prioriza formação do trabalhador

O Setor Escola Técnica (ET) passa por trans-formações profundas.

Por um lado, perdeu alunos, docentes e patrimônio com a criação do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Por outro, investiu na criação dos novos cursos dentro do Reuni e é a maior responsável pelo aumen-to de vagas no vestibular da UFPR. Das 1.105 novas vagas oferecidas em 2009, 375 foram criadas em seis novos cursos do Setor ET.

Neste ano, o setor deverá contratar mais 38 docentes, dos quais 21 já estão sendo contra-tados ou com concurso aberto. Até o final do ano, serão 80 professores no total. Em três anos, o número de alunos deve-rá atingir 1.125 vagas. O espaço físico deverá mais que dobrar.

Mas as transformações não se restringem à ampliação. Existe a pretensão de ampliar sua atuação com cursos téc-nicos e cursos de formação

[email protected]ário Messagi Jr.

O Setor Escola Técnica é um dos principais responsáveis pela ampliação na oferta de vagas no vestibular da UFPR. Além disso, investe em novos proje-tos pedagógicos, voltados para a formação do trabalhador

do trabalhador, com duração mais curta. Segundo o diretor pró-tempore Sávio Moreira da Silva o objetivo não é re-solver o problema da oferta de educação formal para os tra-balhadores. “Pertencemos a uma instituição com tradição em pesquisa e isso implica em se estudar novos modelos de formação e novos campos de trabalho”, explica.

A proposta, segundo a coor-denadora pedagógica de ensino profissionalizante da Prograd, Cláudia Cunha, é caminhar para a consolidação de um campus de ensino tecnológico. “O novo Setor Escola Técnica pretende aproximação direta entre a universidade e outras esferas da sociedade”, diz. Mesmo priorizando em forma-ção profissional, esta tecnolo-gia não pode, segundo ela, ser desumanizadora. “Busca-se qualificar a vida, na perspecti-va das relações interpessoais e nas múltiplas intercepções

possíveis entre sociedade e trabalho”, defende.

Experimentação pedagógicaO crescimento na oferta

de vagas é a face mais visível das transformações pleiteadas, mas a experimentação peda-gógica é o principal objetivo. O modelo curricular tradicio-nal baseado em disciplinas foi substituído pela formação por competência, necessárias a cada atividade profissional. Os conteúdos estão integrados. A busca das competências ne-cessárias para o trabalhador implica em mudanças constan-tes nos cursos. “Quando a de-manda profissional se esgota, os cursos têm que ser refor-mulados”, explica Sávio.

Por isso, o setor tem um grupo de concepção e formu-lação pedagógica muito for-te. Os professores, por outro lado, atuam em diversas áreas e não estão organizados por departamentos.

Mudança de nomeO Coun deve renomear a

unidade ainda em junho. O novo nome deve sintetizar, de manei-ra clara, a proposta pedagógica do setor. Além disso, o Conse-lho deverá aprovar o regimento interno, confirmando a inexis-tência de departamentos e a mo-bilidade de professores. Por fim, deverá ser definido o sistema de eleições de coordenadores, de di-retor e de vice-diretor do Setor.

Novos prédiosO crescimento acelerado fez

com que o espaço físico se tornas-se pequeno. Hoje, são 3.521 m², somando o bloco principal, dois anexos e o pátio coberto, compar-tilhados com o IFPR, que deverá construir uma sede própria ainda este ano. Até 2010, serão cons-truídos dois novos blocos, um de 881,7 m² e outro de 3.571 m². “Te-mos que construir para superar as dificuldades, mas não temos como fazer isso rapidamente”, explica o diretor Sávio.

gEstãO: parCErias

Izabel Liviski

EXPANSÃO Com novos blocos, Setor Escola Técnica terá 7.973 m2 de espaço físico

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Custeio e capital crescem 27%; expansões terão R$ 24,3 mi

gEstãO: OrçaMEntO

Com separação dos recursos previstos para o HC, orçamento atingeR$ 517 milhões. Emendas parlamentares chegam a R$ 15 milhões.Crise motivou contingenciamento de emendas parlamentares

O orçamento global da UFPR para 2009 é de R$ 655 milhões, 6,8% a

mais que em 2008 (R$ 613,4 mi-lhões). Os recursos de Custeio e Capital ficaram 27% maiores que em 2008, totalizando R$ 118 milhões.

Do total previsto, R$ 138 milhões estão destinados para o Hospital de Clínicas, que se tor-nou unidade orçamentária inde-pendente em 2009. Para a UFPR, o valor é de R$ 517 milhões na Lei Orçamentária Anual.

Os gastos com pessoal repre-sentam a maior parcela do orça-mento: R$ 379,5 milhões. Para o vice-reitor Rogério Mulinari este valor é significativo. “Os servidores docentes e técnico-administrativos representam o bem maior de uma universida-de”, diz.

Novos recursosA manutenção de atividades

de ensino tem R$ 84 milhões previstos, o que representa um crescimento de 69%. Nestes valores, estão incluídos os projetos de expansão do ensino su-perior, encabeçados pela universidade, incluindo o programa Reuni e a UFPR Litoral. Há ainda projetos que estão sendo implantados e nos próxi-mos anos contarão com administração própria, como o Instituto Federal (IFPR) e a Universida-de da Integração Latino Americana (Unila), com sede em Foz do Iguaçu.

São os recursos do

Mário Messagi [email protected]

Reuni que tem permitido a reali-zação de diversas obras em toda a UFPR, como a expansão do cam-pus de Palotina, com a aquisição do Seminário dos Palotinos. Em Curitiba, estão sendo construídos os prédios de Terapia Ocupacio-nal, Enfermagem e Farmacologia, no Setor de Ciências da Saúde e o anexo didático do Setor de Ciên-cias Sociais Aplicadas, entre ou-tras obras. Os recursos destinados para estas expansões atingem a cifra de R$ 24,2 milhões.

O Reuni fica com a maior par-te dos recursos do orçamento: R$ 13,6 milhões. A Unila tem exatos R$ 5 milhões e o IFPR fica com R$ 1,4 milhão. A expansão da UFPR Litoral conta com R$ 4,2 milhões.

O orçamento também inclui um expressivo aumento nos re-cursos para programa de bolsa e assistência estudantil, com R$ 8,6 milhões, 80% a mais que em 2008.

Emendas parlamentaresAs emendas parlamenta-

res em 2009 somam R$ 12,8

milhões do orçamento. Es-tes recursos, porém, estão contingenciados em função da queda de arrecadação do governo, um reflexo da cri-se mundial.

Segundo Mulinari, a crise global também se refletiu na contratação de docentes prevista no Reu-ni. “Infelizmente, a UFPR não exerceu a contratação integral dos docentes pre-vistos”, lamenta.

Os concursos ocorre-ram durante os primeiros meses deste ano. Os do-centes deveriam ter en-trado na universidade em dezembro de 2008, mas as contratações foram adiadas para o primeiro semestre de 2009, o que acarretou dificuldades em diversos cursos. Segundo Mulinari, as contratações estão pro-gramadas já para o início de julho.

(Veja o orçamento na ínte-gra em www.proplan.ufpr.br)

GEstão

Arte: Leonardo Bettinelli

RU do campus AgráriasO Restaurante Universitário

do campus Agrárias foi reinau-gurado no dia 10 de junho. O RU ficou fechado durante as férias para reforma de pisos, telhado, pintura e instalações elétricas. A capacidade do RU agora é de 750 refeições por dia, no almoço.

Câmeras de vigilânciaA Pró-Reitoria de Adminis-

tração instalou, no dia 26 de maio, 65 câmaras de vigilân-cia. São 18 câmaras externas, modelo speed domo, no Politécnico e Jardim Botânico, e 47 internas, na Reitoria, Dom Pedro I, Dom Pedro II, Prédio Central, Setor de Ciências Biológicas e Setor de Ciências da Terra.

ReuniO novo edifício do Setor de

Ciências Biológicas começou a ser construído no dia 4 de maio. O prédio vai abrigar laboratórios e salas de aula. Os recursos são provenientes do Reuni e de uma emenda parlamentar do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), além do orçamento próprio. No total, são R$2.234.047,01 disponíveis para o início da construção. A entrega está prevista para outubro de 2010.

Vagas para senioresO Subprograma de Disse-

minação de Conhecimento Técnico da Progepe (Protec IV) está ofertando 160 bolsas para técnicos administrativos aposentados e nascidos até 31 de dezembro de 1940. Os interessados devem preencher o formulário disponível no en-dereço http://www.progepe.ufpr.br/bolsasenior/inscricao.doc e entregá-lo até o dia 3 de julho na Unidade de Movi-mentação de Pessoas (Umap), no 2º andar da Progepe.O valor da bolsa é de R$ 600,00 para uma jornada de 30 horas.

Bloqueio a sitesA partir de 1º de julho, a

rede de computadores da Uni-versidade voltará a bloquear o acesso ao site Orkut e ao MSN Messenger. A medida visa limi-tar a possibilidade de invasão da rede corporativa da UFPR.

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Junho2009 EnsinO: vEstibular 2010

Projeto quer revitalizar

entorno da UFPR

com arte e cultura

Um projeto de R$ 35 mi-lhões. Um público de 100 mil pessoas. Uma

temporada que deve atingir gerações. Estes são alguns dos dados envolvidos no projeto do “Corredor de universaliza-ção da cultura: centro cultural UFPR”, entregue ao Ministé-rio da Cultura no final de abril.

O projeto prevê a transfor-mação do trecho de aproxima-damente um quilômetro entre o Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade, e o com-plexo da Reitoria, em espaços de vivência cultural gratuitos para a população. Mais que um plano de restauro e ocupação de espaços, o corredor cultu-ral “tem o mérito de ser o em-brião de uma política cultural na UFPR, pois as decisões cultu-rais não podem estar pautadas só na Proec”, diz o coordenador de cultura, professor Guilher-me Romanelli, um dos respon-sáveis pela proposta.

A idéia do corredor cultural nasceu de diferentes deman-das. A demanda da comunidade universitária, que vê no Prédio Histórico uma vocação cultu-ral; dos grupos artísticos da UFPR, que estão em espaços inadequados de trabalho; e da sociedade, em particular mora-dores do entorno de 15 mil me-tros quadrados, e turistas que gostariam de participar mais da vida cultural ofertada pela universidade. “Nós não inven-tamos a roda. A proposta tem referências no projeto campus Central, coordenado pelo pro-fessor Emanuel Appel”, expli-ca Romanelli.

[email protected] Murakami

Proposta da Proec busca universalização da cultura. Iniciativa prevê restauros, criação de curso, adequação de espaços e mais acesso à produção artística da Universidade

EixosO Corredor de universali-

zação da cultura tem grandes eixos que nortearão as ações futuras, fundamentados nos princípios de inclusão social, acessibilidade, segurança e sustentabilidade. No comple-xo da Reitoria, a maior obra é o restauro do Teatro da Reito-ria. Apesar de sua importância arquitetônica, histórica e artís-tica, em seus 50 anos de exis-tência, o teatro nunca passou por um grande restauro. Estão previstas adequações internas e externas, visando acessibili-dade, conforto e segurança.

No Prédio Histórico, grandes mudanças devem ocorrer. O pré-dio símbolo de Curitiba assumirá seu caráter cultural, mas sem deixar de lado o acadêmico. Se-guindo o Plano Diretor da UFPR, ficam na Santos Andrade o curso de Direito e os recém-criados Produção Cênica e Luteria. Es-tes dois trabalhando diretamente com os grupos artísticos. No caso da Luteria, o trabalho será dire-cionado principalmente para a Orquestra Filarmônica da UFPR com a construção e manutenção de instrumentos.

Será construído um Cine-teatro, com capacidade para 300 pessoas. Este novo espaço artís-tico terá múltiplas possibilidades de uso, inclusive com a instalação de um cineclube, com projeções comentadas de filmes em for-mato digital e resgate de supor-tes Super 8 e 16 mm. O Teatro Experimental da UFPR – Teuni – com seus 85 lugares, será res-taurado, aumentando ainda mais a agenda de apresentações.

Cultura E ExtEnsãO: COrrEdOr Cultural

Fotos: Douglas Fróis

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Junho2009

Os grupos artísticos – Coro, Grupo de MPB, Companhia de Dança, Orquestra e Companhia de Teatro – ganharão espa-ços adequados para pesquisa, prática e difusão das artes. A proposta prevê a instalação de novos estúdios e a criação de espaços multiuso – além dos ensaios, estas salas estarão preparadas para gravações e pequenas apresentações. A in-teração também será possível com a população que circula perto do prédio. Mantendo as janelas abertas durante os en-saios, a Orquestra poderá ser ouvida por quem passa pela Praça Santos Andrade.

Museus e interaçãoSerá criado o Museu da

UFPR, um espaço interativo que servirá tanto para mos-trar a história da instituição, de Curitiba e do Paraná, quanto as diversas formas de produção do conhecimento da universida-de ao longo de seus quase 100 anos. Os espaços do Museu de Arte (MusA) e do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) serão adequados para atender as ações educativas. Os três museus terão seus acervos disponíveis virtualmente, per-mitindo acesso gratuito e ilimi-tado.

Atendendo às determinações da Política Nacional de Museus, em ação conjunta com o Minis-tério da Educação, está prevista a criação do curso superior em Museologia. O curso será de natureza mutissetorial, envol-vendo docentes dos setores de Ciências Humanas, Letras e Artes, Sociais Aplicadas, Tecno-logia e Agrárias. Os laboratórios do novo curso serão os próprios museus existentes na UFPR.

Ainda este ano a participa-ção da comunidade se dará com

a realização do primeiro Se-minário de Cultura da UFPR, envolvendo todas as categorias e diversos departamentos. A partir daí, será criado um fó-rum permanente de curadores da cultura da UFPR, com re-presentantes dos alunos e dos servidores docentes e técnicos, além da comunidade externa. “O objetivo é discutir qual é a função da universidade na pro-moção e difusão da cultura”, observa Romanelli.

Fases para transformaçãoPelos grandes valores en-

volvidos, o corredor cultural é um projeto de longo prazo que deve promover um “impacto profundo no centro da cidade”. “Além disso, com o projeto, a Universidade está assumindo seu papel de difusão de conhe-cimento, pesquisa no campo das artes e difusão na área ar-tística”, diz Romanelli.

Até sua implantação, são vários os passos para a viabili-zação do projeto. O primeiro é conceitual, com detalhamentos que serão feitos pela Prefeitura da Cidade Universitária. Em se-guida, é preciso realizar um es-tudo preliminar do projeto, que vai ditar as regras de restauro e do projeto arquitetônico.

Apenas com os estudos preliminares de engenharia, arquitetura e acústica, será ne-cessário um aporte financeiro de cerca de R$ 1 milhão. Para execução, a UFPR deverá esta-belecer parceiros, tanto gover-namentais quanto da sociedade civil. Parte dos recursos pode vir de um possível investimen-to do Ministério da Cultura. Segundo o deputado federal Ângelo Vanhoni (PT-PR), “o ministério tem interesse em colocar verba no projeto a par-tir do orçamento de 2010”.

Com o corredor cultural, vamos

humanizar o centro da cidade através da arte e da cultura.”“

Guilherme Romanelli, coordenador de Cultura da UFPR

A imagem que ilustra a capa é do vitral localizado no segundo andar do Prédio Histórico, na Praça Santos Andrade, represen-tando o brasão da UFPR. A criação do emblema foi encomendada ao Coronel Paulo Assumpção e aprovada pela Assembléia Geral da Universidade do Paraná em 21 de dezembro de 1912.

“Consiste o emblema em um símbolo, representando o mundo iluminado pelo gênio da ciência. No centro, a elipse da trajetória da terra, de grande eixo vertical. Este emblema está ladeado por dois ramos: um de carvalho, represen-tando o poder da vontade e outro de louro, representando o poder da inteligência. Na extremidade inferior da elipse, emerge a metade do globo terrestre e na superior está colocado um archote saindo da terra. Uma faixa contém o lema: Scientia et Labor. A elipse é cortada em diagonal, no sentido do plano do equador celeste. Por cima de tudo, entre as extremidades dos ramos de carvalho e de louro, está inscrito o nome: Universidade do Paraná”.

Trecho do livro Universidade do mate: história da UFPR, de Ruy Christovam Wachowicz.

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Junho2009

Grupos artísticos iniciam temporada 2009

Com produção elaborada e espetáculos gratuitos, os grupos artísticos da Coordenadoria de Cultura da UFPR cumprem seu papel de oferecer arte de qualidade para a população

Terceiro sinal. As luzes se apagam, as cortinas do palco se abrem e o

espetáculo começa. Está ini-ciando apenas para o espec-tador, pois para os grupos ar-tísticos da UFPR, cada estreia envolve meses de trabalho. Da concepção até os aplau-sos finais, é preciso pensar na temática da apresentação, textos no caso das artes cê-nicas, músicas, coreografias, iluminação, figurino, cenário, material de divulgação, além da preparação de cada artista envolvido no processo.

Os cinco grupos artísti-cos da UFPR – Orquestra Fi-larmônica, Coral, Grupo de MPB, Companhia de Teatro PalavrAção e Téssera Compa-nhia de Dança – são dirigidos por servidores e compostos por integrantes tanto da co-munidade universitária, quan-to externos. A cada ano, com a seleção de novos integran-tes, os grupos se renovam e buscam pesquisar novas lin-guagens e apresentá-las ao público de maneira criativa faz das temporadas artísticas um novo desafio.

EstreiasEm junho, iniciam-se as

estreias de três grupos. O Coro da UFPR abre o mês com o recital “Remanescên-cia – da inquietude ao silên-cio”, “um concerto extrema-mente leve, com repertório clássico romântico”, diz o ma-estro Álvaro Nadolny. “Vamos provocar a busca ao silêncio interior, trazer a pessoa do

[email protected] Murakami

seu cotidiano para o espaço meditativo de fruição sonora”, completa o maestro.

O repertório é composto por obras de compositores como Edvard Grieg, Johannes Bramhs, Franz Schubert, Ga-briel Faure e foi escolhido pe-los solistas em um trabalho de pesquisa iniciado em novem-bro de 2008. Nadolny explica que além do trabalho de pes-quisa de repertório, desenvol-vimento de roteiro e cenário feito em equipe, cada cantor realiza trabalhos de técnica vocal, interpretação, correpe-tição e ensaios. No palco, os três solistas, acompanhados pelos dois pianistas, apresen-tarão o fruto de sete meses de trabalho.

O mesmo trabalho vocal é executado pelos integrantes do Grupo de MPB e a criação do espetáculo também é feita em conjunto. A regente Doriane Rossi explica que, para chega-rem a “Senha do Sonho”, a ins-piração veio do texto “A janela mágica”, de Cecília Meireles, apresentado em fevereiro por uma das integrantes. A partir daí, começaram as pesquisas sobre músicas relacionadas ao sonho. “O sonho no sentido junguiano, o sonho no sentido figurado e até os pesadelos”, conta Doriane.

Escolhidas as músicas, começa o trabalho do diretor cênico, Alexandre Bonin, que vai “montar o quebra-cabeças do roteiro”. Os arranjos das 17 músicas foram feitos antes ou em função de cada cena. “Às vezes, a cena está tão

boa que eu mudo o arranjo”, diz Doriane.

No caso de espetáculos que exigem maior produção cênica, a preocupação com cenários e figurinos também faz parte do processo criativo. “Nós temos que adaptar, pois não há di-nheiro. Cada cantor faz o seu figurino e usamos a criativida-de”, completa.

Anos de treinoSem preocupações com

figurino e cenário, a maestri-na Denise Mohr conta que no caso da Orquestra Filarmôni-ca é preciso verificar o espaço físico, a sonoridade do local e a acústica. As linhas gerais do repertório são definidas no início de cada ano, com a es-colha de “peças do repertório tradicional para orquestra de compositores aniversariantes, como Felix Mendelssohn, que completaria 200 anos, compo-sitores brasileiros e contem-porâneos”, explica Denise.

Para o primeiro concerto da temporada, foram seleciona-dos o “Romance para cordas”, de Henrique Osvald, “Con-

certo para Viola e Orquestra”, de Harry Crown e a “5ª Sin-fonia (A Reforma)”, de Men-delssohn. A escolha também depende dos músicos e dos instrumentos. “Por sermos uma orquestra de estudantes e termos limitação de instru-mentos, não é possível ousar muito”, diz a maestrina.

A Orquestra costuma rea-lizar um concerto diferente a cada bimestre. Isso significa, em média, 16 ensaios de con-junto por espetáculo, incluin-do os ensaios de naipe (por instrumentos), individuais e com professores. “Um músi-co estuda de três a oito horas por dia, mais as aulas particu-lares e práticas. Dependendo do instrumento, o músico que entra na orquestra tem cerca de cinco anos de estudo”, ex-plica Denise.

Os espetáculos dos grupos artísticos da UFPR podem ter duração de 50 minutos a duas horas no palco. Para seus in-tegrantes, são resultados de uma caminhada de meses e anos de preparação.

Cultura E ExtEnsãO: EspEtáCulOs

Fotos: Douglas Fróis

Orquestra Filarmônica da UFPR

Para ficar por dentro da programação cultural gratuita da Universidade, acesse o blog UFPR Cultural, que traz curiosidades e novidades sobre os grupos e as atividades culturais que são rea-lizadas na instituição.

ufprcultural.blogspot.com

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oduç

ão

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Junho2009

Proext 2009O Ministério da Educação

disponibilizou R$ 19,2 milhões em recursos financeiros para programas e projetos de ex-tensão com ênfase na inclusão social. As inscrições podem ser feitas até o dia 03 de julho, mas antes é preciso submeter as propostas à Proec. O limite de recursos para programas é de até R$ 100 mil e para pro-jetos, até R$ 30 mil. O edital completo pode ser acessado no endereço http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/editalproext_2009_6.pdf .

Julio AlvarA exposição “A obra

gráfica de Julio Alvar” está no Museu de Arte da UFPR (MusA) até o dia 11 de julho. As gravuras representam imagens da região litorânea de Guaraqueçaba, feitas na década de 1970, período que Alvar foi professor e pesquisador da UFPR. O MusA fica no Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade, e o horário de visitação é das 9h às 18 horas de segunda a sexta-feira, e das 9h às 13 horas aos sábados. A entrada é franca.

Apresentação infantilO Coro Infanto-juvenil

Boca Aberta faz uma apresentação gratuita no Teatro Experimental da UFPR (Teuni) no dia 25 de junho, às 16 horas. O Boca Aberta faz parte do projeto de Musicalização Infantil da UFPR, orientado pelo Grupo de MPB. O Teuni fica no Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade.

Fibra de casa novaO projeto de extensão

Física Brincando e Aprendendo (Fibra) está com novas instalações, no espaço doantigo Restaurante Universitário do Centro Politécnico. O Fibra foi criado em 1998 com o objetivo de divulgar e motivar o aprendizado da Física para alunos do ensino médio através de demonstrações de experimentos relacionados ao dia-a-dia. As visitas podem ser agendas pelo telefone 3361-3407 ou pelo e-mail [email protected].

Culturais

Coro da UFPR

Grupo de MPB da UFPR

Coro da UFPR

Orquestra Filarmônica da UFPR

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Junho2009

Bioquímica de excelênciaa serviço da produtividade

O professor Fábio de Oli-veira Pedrosa, do Depar-tamento de Bioquímica

e Biologia Molecular da UFPR, coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fixação Biológica de Nitrogênio, o único do Brasil nesta área. Através deste, pesquisadores de diver-sas instituições brasileiras de-senvolvem trabalhos paralelos com objetivo de implementar

[email protected] Meirelles

tecnologias inovadoras para o aumento da produtividade agrí-cola, utilizando bactérias fixa-doras de nitrogênio. São cerca de 150 pesquisadores, alunos de graduação, mestrado e dou-torado sob a coordenação do professor. Pesquisador com uma carreira respeitada nacional e internacionalmente, o professor Pedrosa revela que as pesquisas do Instituto podem representar não apenas a redução de custos

para agricultura, mas também menos impactos ambien-

tais, aumento da com-petitividade e da renda do agricultor. Confira a entrevista concedida ao

Notícias da UFPR.Notícias da UFPR

– Qual a importância do Instituto Nacional

de Ciência e Tecnologia de Fixação Biológica de

Nitrogênio? O que ele desenvolve

atualmente?

Fábio de Oliveira Pedrosa – O Instituto é uma evolução dos grandes programas dos quais par-ticipamos desde 1991. O primei-ro grande projeto que tivemos foi financiado pela Finep/BID, em 1991. Em 1996 nós tivemos aprovado o primeiro Programa de Núcleos de Excelência, que foi até 2000. Com este projeto iniciamos nossa experiência de trabalho em rede, pois envolveu quatro grupos de pesquisa, dois em Curitiba, um em Londrina e um de Brasília. Em seguida co-ordenamos o Programa Genoma do Estado do Paraná, que foi fi-nanciado pela Secretaria de Ci-ência e Tecnologia, com recursos do Fundo Paraná, e também pelo Ministério da Ciência e Tecno-logia, que permitiu determinar a sequência completa do geno-ma de uma bactéria fixadora de nitrogênio, a Herbaspirillum se-ropedicae. Esta bactéria é capaz de produzir amônia a partir do nitrogênio da atmosfera e é en-contrada no interior de plantas de grande importância agrícola, como o trigo, arroz, cana-de-açú-car, sorgo, milho, sendo capaz de promover aumentos na produti-vidade destas culturas. Além de fixar nitrogênio esta bactéria é uma promotora de crescimento vegetal. Este foi o primeiro gran-de projeto em rede do Paraná, envolvendo todas as universida-des estaduais, a UFPR, o Iapar e a Embrapa – Soja. Ao término deste projeto, tivemos aprova-do um Instituto do Milênio, que envolveu grupos no país em oito instituições. No final do ano pas-sado, tivemos aprovado nosso

EntrEvista: fábiO dE OlivEira pEdrOsa

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fixação Biológica de Nitrogênio, coordenado pelo professor Fábio de Oliveira Pedrosa, recebe recursos da ordem de R$ 5 milhões e reúne cerca de 150 profissionais de diversas instituições de ensino e pesquisa do Paraná e do Brasil

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Junho2009

Instituto, que congrega 14 gru-pos, tanto consolidados quanto emergentes, todos trabalhando em vários subprojetos sob a nos-sa coordenação. A fixação bioló-gica de nitrogênio é um processo realizado por um grupo restrito de bactérias, de captação e redu-ção do nitrogênio da atmosfera. Elas têm a capacidade de reduzir esse nitrogênio a amônia, e essa amônia é utilizada por todos os outros organismos. É um pro-cesso de extrema importância para o ciclo de nitrogênio e para os seres vivos na Terra: mais de 60% do nitrogênio da biosfera vem desse processo de fixação do nitrogênio. Além de entender todo o processo, um dos princi-pais objetivos de nossas pesqui-sas é obter bactérias fixadoras de nitrogênio com uma maior efici-ência, e desenvolver plantas que se associem eficientemente a es-sas bactérias, tanto em associa-ção simbiótica como associativa, cuja interação resultem em um melhor desempenho na fixação do nitrogênio.

Notícias – O que representa esse trabalho economicamente para o Brasil?

Pedrosa – As bactérias fixa-doras de nitrogênio funcionam como biofertilizantes nitroge-nados. A economia que essas bactérias trazem para o sojicul-tor brasileiro ao dispensar o uso de fertilizantes nitrogenados está em torno de seis bilhões de dólares ao ano. O Brasil é o segundo maior produtor de soja e é competitivo no mercado in-ternacional devido ao uso efeti-vo da capacidade das bactérias do gênero Bradyrhizobium, em fixar do nitrogênio. Em outras culturas, um grande número de estudos tem demonstra-do que bactérias fixadoras de nitrogênio, principalmente Azospirillum brasilense, Her-baspirillum seropedicae e Glu-conacetobacter, todas objeto de estudos do nosso Instituto, promovem aumentos de pro-dutividade de até 30% no trigo, arroz, sorgo e milho e de 60% em alguns cultivares da cana-de-açúcar. A utilização desses últimos organismos na agricul-tura brasileira pode resultar em uma economia de cerca de um

bilhão de dólares anuais em fer-tilizante nitrogenado.

Notícias – E como estão as pesquisas hoje?

Pedrosa – No projeto Geno-ma, nós determinamos o geno-ma do Herbaspirillum seropedi-cae, que se associa ativamente às gramíneas já mencionadas, não causa doença, produz hormônios vegetais e fixa nitrogênio. Essa bactéria tem cerca de 4.800 ge-nes, e seu genoma, 5.400.000 pares de bases nucleotídicas. Ao ter a sequência do genoma de um organismo, você enxerga como ele funciona, quais são as suas capacidades fisiológicas e metabólicas. O que nós estamos fazendo, além de concluir alguns detalhes desse genoma, é estu-dar em profundidade genes de interesse acadêmico e biotecno-lógico. Nós já estudávamos a re-gulação da fixação de nitrogênio do Herbaspirillum desde 1985. Com o genoma você tem um mundo para estudar, quase cinco mil genes, e nós estamos fazen-do isso. Só o nosso grupo tem cerca de 60 pessoas trabalhando em fixação biológica de nitrogê-nio. Com os outros 13 grupos associados, são cerca de 150 pes-quisadores (docentes, alunos de mestrado e doutorado, iniciação científica e técnicos). Ao longo de nossa carreira na UFPR, trouxe-mos para a universidade através destes grandes projetos mais de cinco milhões de dólares em re-cursos para pesquisas que bene-ficiaram diretamente sete depar-tamentos. Temos um laboratório montado com equipamentos de última geração e os novos recur-sos do INCT permitirão atualizar e adquirir novos equipamentos.

Nós não teríamos computado-res, telefones, se não houvesse a pesquisa

básica. O investimento em ciência básica é

fundamental para se ter desenvolvimento

tecnológico.”

“ Notícias – A ação fixado-

ra de Nitrogênio também tem consequências para o meio ambiente, certo?

Pedrosa – Sim, ao substituir o fertilizante nitrogenado quí-mico, as bactérias fixadoras de nitrogênio praticamente acabam com a poluição ambiental provo-cada por estes compostos. Da-dos experimentais demonstram que menos de 50% do fertilizan-te químico aplicado nas culturas é efetivamente assimilado pelos vegetais. O restante ou é levado pela chuva, indo poluir rios, la-gos e lençóis freáticos, ou é per-dido para a atmosfera na forma de gases, óxidos de nitrogênio, capazes de promover o efei-to estufa, contribuindo para o aquecimento global.

Notícias – O senhor ainda atua na graduação?

Pedrosa – Eu estou aposen-tado há cinco anos. E não parei um minuto de trabalhar nos pro-jetos de pesquisa, orientando alu-nos de iniciação científica, mes-trado, doutorado e pós doutorado e ensino de pós graduação.

Notícias – Muitas vezes a sociedade não entende as pes-quisas de base, que não têm uma aplicação imediata, mas que no decorrer do tempo tra-zem muitos ganhos. Como o senhor vê essa questão?

Pedrosa – Me diga uma coi-sa: o que nós usamos no nosso dia-a-dia e que por trás não te-nha pesquisa básica e desenvol-vimento tecnológico? Não existe praticamente nada! Até a bana-na que nós comemos vem de uma cadeia produtiva com muita ciência e tecnologia envolvidas. Para ter a banana, você precisa

da cultivares melhorados, ma-nejo agrícola, qual é o melhor período para plantio e colheita, se deve ou não usar fertilizante. A utilização de Bradyrhizobium na cultura de soja também é fru-to de pesquisa básica realizada em grande parte no Brasil. Nós não teríamos computadores, te-lefone se não houvesse pesqui-sa básica. Então, na verdade, o investimento em ciência básica é fundamental para se ter de-senvolvimento tecnológico.

Notícias – Que conselho o senhor daria para um aluno que deseja se tornar um cientista?

Pedrosa – Desde que ele tenha curiosidade científica ne-cessária, primeiro, não desani-mar nunca. Segundo, aprender inglês seriamente, porque é a língua científica. Estudar mui-to, procurar grandes centros ou grupos que tenham condições de lhe dar uma formação. Isso depende de indivíduo para indi-víduo, têm pessoas que querem pesquisar, mas não têm base. No início o estudante deve ser o mais aberto possível, estu-dar tudo o que cair na mão, até definir o que quer realmente, porque ciência é uma vida de dedicação, de idealismo per-manente. As dificuldades são muitas. Durante a graduação, ele deve procurar núcleos de pesquisa de excelência, entrar como bolsista de iniciação cien-tífica, progredir para um mes-trado, buscar ser promovido ao doutorado dentro do mestrado, fazer um pós-doutorado no ex-terior. Viajar é importante para abrir os horizontes, todo mun-do que está nessa carreira tem que estudar no exterior.

Fotos: Leonardo Bettinelli

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Junho2009

Uma pessoa que diz

Você sabe o que é o en-canto? É ouvir um sim como resposta sem ter

perguntado nada”. A frase do filósofo Albert Camus faz parte do dia-a-dia da artista plástica Marília Diaz. Essa generosida-de latente é uma das caracte-rísticas que mais fascinam os que convivem com a artista e professora do Departamento de Artes da UFPR.

Quem conversa com Marí-lia logo percebe uma vida em constante ebulição. “Sou uma alquimista, pesquisando novos materiais. Sou também contado-ra de histórias, cozinheira, ar-tista. E uma professora em cada momento do dia”, define-se ela. Com toda essa disposição, Marí-lia acorda todos os dias às 4h30 da manhã. Leciona cinco disci-plinas, é coordenadora do curso de Artes Visuais, orienta alunos de graduação e pós-graduação, tem quatro representações do-centes, três coordenações de convênio, um projeto de exten-são e, quando consegue, traba-lha no ateliê de arte por vezes um pouco abandonado.

A carreira de artista vai fican-

[email protected] Meirelles

do um pouco de lado, mas como diz Marília, essa é uma fase. Ain-da em outubro de 2008, ela inau-gurou a exposição “Desígnio”, no Museu de Arte da UFPR. As instalações traziam sua reflexão sobre vida e morte, partindo da figura mitológica das parcas, fia-deiras do destino. “O trabalho da Marília como artista revela uma sensibilidade extrema no trato com a cerâmica. Gosto de sua obra porque é honesta, pul-sante e madura, dialogando com a arte contemporânea sem abrir mão dos saberes herdados da tradição”, define Dulce Osinski, também professora do Deartes.

Com 32 anos de magistério, Marília tem em seu currículo inúmeros projetos. Destaca al-guns deles como especialmen-te gratificantes, a exemplo da exposição da coleção Roberto Marinho, em 1995. Foram 22 mil visitantes no Museu Me-tropolitano de Arte de Curitiba, sendo sete mil crianças, num trabalho que envolveu desde a preparação de monitores até o desenvolvimento de atividades paralelas. “Formar artistas é importante, mas o mundo pre-

cisa ainda mais de professores que ensinem arte. Espero de cada formando que seja gene-roso em transmitir aos outros o que é a arte”, observa Marí-lia. Com esse pensamento, ela participa do projeto Catapulta, criado pela professora Con-suelo Schlichta, no qual ambas promovem exposições de arte juntamente com alunos de gra-duação. “Marília possui o que é fundamental a qualquer profes-sor: generosidade para compar-tilhar sua experiência e conhe-cimento”, reforça Dulce.

Foi essa qualidade que cati-vou a artista plástica e miniatu-rista Rita de Cássia Baduy Pires. “Numa feira de arte, fomos apre-sentadas. Sem que eu perguntas-se nada, ela se ofereceu para me ajudar com relação às miniaturas. Depois, quando a procurei preci-sando de orientação para minha monografia, sua recepção foi imediata. Hoje somos amigas”, conta Rita. E revela: “Marília tem uma imaginação fértil. Está sempre pronta a contar uma his-tória, uma parábola ou mesmo inventar alguma coisa para dar um colorido ao cotidiano”.

Formar artistas é

importante, mas o mundo precisa ainda mais de professores que ensinem arte. Espero de cada formando que

seja generoso em transmitir aos outros

o que é a arte.”

“ Marília Diaz

Fotos: Manuela Salazar

pErfil: Marília diaz

Durante a entrevista para este perfil, Marília mostrou seus dotes de contadora de his-tórias, citando “Uma ideia toda azul”, de Marina Colasanti, que gira em torno das escolhas que fazemos ao longo da vida. Tal qual o rei do conto, que guarda sua grande ideia trancada para retomá-la mais tarde, Marília mantém um caderno em que anota os projetos que quer um dia resgatar. É torcer para que continue a dizer sim.

sim