notícias da ufpr - outubro 2009 - nº 45

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Internacionalização www.ufpr.br | Ano 8 | Número 45 | Outubro de 2009 Opostos se atraem, aponta pesquisa da UFPR pág. 12 Entrevista: Renato Lima, coordenador do Cenacid pág. 22 Feira de Cursos e Profissões reúne 44 mil pessoas pág. 4 Terra estrangeira UFPR amplia parcerias internacionais e a mobilidade de professores, alunos e técnicos; portal reunirá serviços da área págs. 16 a 18

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Publicação mensal com notícias e reportagens do interesse da comunidade acadêmica da Universidade Federal do Paraná.

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Page 1: Notícias da UFPR - Outubro 2009 - Nº 45

Internacionalizaçãowww.ufpr.br | Ano 8 | Número 45 | Outubro de 2009

Opostos se atraem, aponta pesquisada UFPR pág. 12

Entrevista: Renato Lima, coordenador

do Cenacid pág. 22

Feira de Cursos eProfissões reúne

44 mil pessoas pág. 4

Terra estrangeiraUFPR amplia

parcerias internacionaise a mobilidade de

professores, alunose técnicos; portal

reunirá serviçosda área págs. 16 a 18

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Outubro2009

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho | Vice-Reitor Rogério Mulinari | Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Kruger | Pró-Reitora de Extensão e CulturaElenice Mara de Matos Novak | Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born | Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Lúcia Regina Assumpção Montanhini | Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis Rita de Cássia Lopes | Chefe de Gabinete Ana Lúcia Jansen de Mello Santana.

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável Mário Messagi Júnior - Reg. Prof.: 2963 | Edição geral Letícia Hoshiguti | EditoresSimone Meirelles (Ensino), Fernando César Oliveira (C&T), Mário Messagi Júnior (Gestão) e Lais Murakami (Cultura e Extensão) | Projeto Gráfico

Iasa Monique Ribeiro | Diagramação Sandoval Matheus | Foto da Capa Manuela Salazar | Arte da Capa Tiago CapdevilleImpressão Imprensa Universitária | Revisão Edison Saldanha | Tiragem 10 mil exemplares

Já se passaram sete me-ses da gestão 2008-2012, a gestão do centenário da Uni-versidade Federal do Paraná. Esse tempo foi gasto com um esforço frutífero para arrumar a casa. Depois de um período conturbado de transição, recolocar a univer-sidade nos trilhos da norma-lidade demandou um grande esforço.

Agora, a casa está arru-mada. Já há avanços sensí-veis, como a valorização dos servidores, seja com o novo acordo de trabalho firmado com o pessoal do Hospital de Clínicas, com reajuste de 8%; o pagamento do per capi-ta (ressarcimento aos servi-dores de R$ 65,00 por titular e dependentes em planos de saúde); as ações de capacita-ção e valorização do quadro técnico; a retomada das rela-ções sociais com a sociedade civil e setor produtivo; a in-tensificação da internaciona-lização da UFPR e a realiza-ção, em ritmo acelerado, de obras por toda a Universida-de. No entanto, será a partir de agora que as marcas de um novo direcionamento da UFPR serão mais visíveis.

No próximo mês, a gestão divulgará um folder com as principais metas, por área, para os próximos anos. É um compromisso e ao mesmo tempo um plano de voo. Cada cidadão desta comunidade universitária, seja professor, técnico administrativo ou aluno, poderá participar da gestão. E cobrar a realização das ações propostas.

Viemos para mudar. Pode-mos fazer isso juntos.

Zaki AkelReitor da UFPR

A Unila e a educaçãosuperior no país

Editorial

Casa arrumada

Antes de abordar a questão específica da Unila, vale fazer uma rápida aná-lise do panorama da educação superior no Brasil. Entre os anos 1995 e 2004, o número de instituições privadas de ensino superior no país cresceu de 684 para 1.789. Conforme dados do Inep, de um total de 4,2 milhões de matrículas regis-tradas em 2004, quase três milhões eram de instituições particulares.

Além desse processo de privatização, outro problema é o acesso ao ensino superior. Hoje, apenas cerca de 11% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estudam em universidades, percentual distante da meta do Plano Nacional de Educação, que previa a inclusão de pelo menos 30% deles até 2010.

Não há educação de qualidade e para todos sem investimentos públicos. O Brasil aplica atualmente cerca de 4,5% do PIB em educação, quando a Unesco recomenda ao menos 6%.

Um dos fatores que reduz o orçamento da educação é a Desvinculação de Receitas da União (DRU). Criada em 1994, ela retira anualmente 20% dos re-cursos destinados à área. Para corrigir essa situação, tramita no Congresso um projeto de emenda constitucional que prevê a redução gradual da DRU até sua extinção total, em 2011.

Desde 2003, o governo federal criou e pôs em funcionamento doze novas universidades federais, e aumentou o número de vagas nas que já existiam. No período, o número de vagas nos vestibulares das universidades federais dobrou — subiu de 113 mil para 227 mil. A expectativa é de que, em 2010, esse total ultrapasse a marca de 300 mil vagas.

Tramitam no Congresso Nacional projetos que criam outras quatro universi-dades: a Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila), que fun-cionará em Foz do Iguaçu; a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que terá sedes nos três Estados da região Sul; a Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), com sede em Redenção (CE); e a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com sede em Santarém (PA).

No Paraná, além de criar a Unila e de ampliar as vagas na UFPR e na UTFPR (antigo Cefet), o governo implantará duas sedes da UFFS, nas cidades de Laranjeiras do Sul e de Realeza.

O total de estudantes de graduação e pós-graduação da Unila deve chegar a 10 mil em cinco anos. O de professores e técnicos, a 500. Metade dos alunos e professores serão brasileiros, e os demais, dos outros países da América La-tina.

A Unila se insere no processo de integração com os países membros e as-sociados ao Mercosul. Será um centro de referência do conhecimento latino-americano que contribuirá para colocar o Paraná no centro intelectual do con-tinente.

Para se ter uma ideia do tamanho do projeto, apenas na Biblioteca Unila serão investidos US$ 22 milhões — 17 milhões do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul e outros cinco milhões do governo federal.

Para a viabilização da Unila, o apoio da Itaipu Binacional e o papel exercido pela UFPR, instituição tutora da nova universidade, têm sido fundamentais.

E são promissoras as parcerias acadêmicas, em diferentes áreas do conhe-cimento, que certamente serão firmadas por ambas as universidades nos pró-ximos anos.

Dr. Rosinha Deputado federal (PT-PR), foi relator do projeto

da Unila na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

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OpiniãO

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Outubro2009

[email protected] Alves Favorito

EnsinO: nOvOs CursOs

A UFPR deu o primeiro passo para criar um mes-trado profissionalizante

na área de gestão pública voltada para técnicos administrativos. No dia 28 de agosto, o reitor Zaki Akel Sobrinho ministrou a aula inaugural do curso de especiali-zação em Gestão Pública, oferta-da pelo Setor de Ciências Sociais Aplicadas. As aulas estão sendo ministradas através da modalida-de semipresencial.

A especialização na área em que se pretende implantar o cur-so é um pré-requisito para che-gar ao mestrado. Outras medidas neste sentido vêm sendo toma-das pela Progepe, entre elas, a criação da Unidade de Qualifica-ção, responsável pela implemen-tação de ações visando a oferta dessa pós-graduação, bem como uma variedade de cursos na área da educação formal.

Cumprido esse pré-requisito, o próximo passo é a definição das áreas de concentração do mes-

trado profissional. Em seguida, a UFPR terá que obter a aprovação do curso, junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Assim como no mestrado acadêmico, também será esse o órgão res-ponsável pela avaliação e manu-tenção do mestrado profissional”, explica Maria Rita Michalski, co-ordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Progepe.

Novas parceriasA oferta de novos cursos de

pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) também está nas metas da Progepe. Tudo vai depender das parcerias com os departamentos e setores da UFPR. Maria Rita ressalta ainda que ao disponibilizar essas forma-ções, a Progepe pretende “não apenas qualificar seus técnicos administrativos, mas também, proporcionar oportunidades de progressão na carreira e conse-quentes incentivos financeiros”.

Segundo o professor José Roberto Cavazzani, chefe da Unidade de Qualificação da Pro-gepe, “o interesse demonstrado pelos técnicos administrativos nos motiva a buscar mais e no-vas oportunidades para que es-ses servidores tenham oportu-nidades de qualificação”, afirma Cavazzani. Na primeira especia-lização, 104 candidatos disputa-ram as 45 vagas ofertadas.

Foi necessário um acordo com o Núcleo de Concursos da UFPR para a aplicação de uma prova com 20 questões objeti-vas para classificar os alunos da primeira turma.

Curso é gratuitoPara ofertar essa Especia-

lização em Gestão Pública aos técnicos administrativos a Pro-gepe conta com recursos oriun-dos de dotação orçamentária da UFPR, destinada ao Programa de Qualificação. Entre os pro-fessores que ministrarão aulas

nessa formação está o reitor Zaki Akel Sobrinho, Acyr Sele-me, Blenio Peixe, Cássio Frede-rico Camargo Rolim, Cleverson Renan da Cunha, Edelvino Raz-zolini Filho, Herbert Age, João Carlos da Cunha, Joel Souza e Silva, José Amaro dos Santos, Osmar Rocha, Pedro Steiner Neto e Sérgio Bulgacov.

A grade curricular do cur-so, que será ministrado sempre às sextas-feiras, das 18h30 às 22h30, e aos sábados das 8 às 12 horas, será, segundo Ana Toal-do, coordenadora da especializa-ção, assim constituída: Políticas e Legislação Universitária; Fun-damentos da Gestão Pública; Problemas Contemporâneos e Contexto Mundial; Aprendiza-gem, Mudança Organizacional e Administração de Conflitos; Planejamento Estratégico em IPES; Liderança, Gestão de Equipes e Administração de Estresse; Gerenciamento de Processos; Marketing Inter-no e Comunicação Relacional; Administração da Qualidade e Produtividade em Instituições Públicas; Análise de Problemas Públicos e Decisão Gerencial; Finanças Públicas: planejamen-to e orçamento no setor público; Gestão da Informação e do Co-nhecimento; e Administração de Projetos Públicos e Adminis-tração do Tempo.

Especialização para técnicos é primeiropasso para mestrado profissionalizanteAulas são ministradas na modalidade semipresencial;

Progepe já planeja outros cursos

O interesse demonstrado pelos técnicos nos motiva

a buscar mais oportunidade para esses servidores.”

“ José Roberto Cavazzani, chefe da Unidade de Qualificação.

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

[email protected] Meirelles

EnsinO: EvEntO

A Feira foitransferida para setembro, em função dasmedidas deprevenção àgripe A, masmanteve todasas atividadesprogramadas

Cerca de 44 mil pessoas passaram pelo Setor de Ciências Sociais Aplica-

das, no campus Jardim Botâni-co, durante os três dias da 7ª Feira UFPR: Cursos e Profis-sões. A estimativa de público é da Polícia Militar. Marcada ini-cialmente para agosto, a Feira foi transferida para o período de 11 a 13 de setembro, em função das medidas de preven-ção à gripe A (H1N1). Este ano, o evento incorporou ações que permitiram aos estudantes vivenciarem a formação huma-nística que a universidade pro-porciona. Foram atividades de teatro, música e arte, em pro-jetos de extensão apresentados nas suas mais variadas formas.

Também foi aberto um es-

paço para as empresas junio-res, que apresentaram suas atividades em salas específicas. Em contrapartida, os estudan-tes das empresas auxiliaram na organização da Feira e atua-ram ativamente na recepção e atendimento aos visitantes. Fizeram parte dessa equipe os estudantes das agências JR Consultoria, que fez a pesquisa dos resultados da Feira, e da Prattica, de Relações Públicas. “Com isso, valorizamos quem está dentro da Universidade”, diz Mário Messagi, chefe da Assessoria de Comunicação Social e Marketing, responsá-vel pela organização geral do evento.

Uma outra forma de incen-tivar a participação da comuni-

dade universitária na Feira foi a criação do concurso para cria-ção do cartaz do evento. Foram inscritos 74 trabalhos. Os ven-cedores foram Marcio de Lima Chagas e Ricardo Obladen Ma-chado Lima. Eles receberam o prêmio de R$ 2.500.

Durante a Feira, temas de interesse geral também esti-veram em conferências gerais para os visitantes. Por exem-plo: quais são e como obter as bolsas de auxílio e pesquisa voltadas a estudantes. Não fal-taram também as tradicionais palestras sobre Vestibular, Enem e atividades de orienta-ção vocacional.

Vários cursos montaram sa-las especiais, com exposições bem detalhadas e grande apelo

UFPR: Cursos e Profissõesrecebe 44 mil pessoas

Fotos: Izabel Liviski

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Outubro2009

Pesquisa revela perfil dos visitantes e índice de satisfaçãoUma pesquisa realizada pela agência JR Consultoria, do curso de Administração da UFPR, na Feira de 2008 mostrou o perfil dos visitantes e o índice de satisfação com o evento. Em resumo, as conclusões são as seguintes:• Estudantes do sexo feminino são maioria – 62% do público;• Aumentou o número de alunos de escolas públicas, mas eles ainda somam 49% contra 51% de alunos de escolas privadas;• 63% são de Curitiba e 37% de outras localidades;• 95% dos entrevistados acharam o evento bom ou ótimo;• Dos estudantes que assistiram a palestras, 81% afirmam que tiveram suas dúvidas esclarecidas;• 100% dos participantes do tour guiado o classificaram como bom ou ótimo.• 74,3% dizem que a Feira esclareceu totalmente suas dúvidas, e 17,3% dizem que esclareceu em partes. O índice somado foi 7% superior ao do ano de 2007;• O quesito acesso teve o menor índice de satisfação, apenas 1,04%. Entre as sugestões para os próximos anos estão maior espaço para os estandes e cir-culação de pessoas.

visual. Entre eles, Medicina, Geologia, Engenharia Flores-tal, Engenharia Industrial Ma-deireira, Ciências Econômicas, Enfermagem e Física. Um exemplo é o curso de Terapia Ocupacional: “Nossa sala teve, entre outras coisas, equipa-mentos de tecnologia assistiva. Estes equipamentos servem para auxiliar pessoas com li-mitações a executar atividades produtivas, do cotidiano e de lazer, como uso do computa-dor, alimentação e higiene”, diz a professora Adriana Hessel Dalagassa, que integrou a co-missão de participação na Feira do curso, ao lado da professora Marina Redekop Cassapian.

O curso de Música apresen-tou concertos no pequeno audi-

tório, no subsolo do Setor.

PalestrasCom o aumento de cur-

sos, a UFPR oferece hoje 90 graduações e pouco mais de 5.200 vagas anuais. Para que os estudantes de Ensino Mé-dio tenham possibilidade de conhecer melhor o mercado de trabalho e áreas, foram re-alizadas durante a Feira 126 palestras abordando os cursos e possibilidades profissionais. As palestras das 9h e das 14 horas foram voltadas especial-mente para dirimir as dúvidas sobre o Vestibular, especial-mente, como irá repercutir a incorporação do Enem à nota do concurso.

Guia de Profissões Todo ano, a Feira conta

com a publicação do “Guia de Profissões”, entregue gratui-tamente aos visitantes. Nele estão todos os detalhes sobre cada um dos cursos ofereci-dos na instituição, bem como sobre o mercado de trabalho, auxiliando os futuros ves-tibulandos na decisão por sua carreira profissional. A impressão do material, este ano, foi feita em parceria com o jornal Gazeta do Povo.

Visita GuiadaA iniciativa de mostrar os

campi da UFPR aconteceu durante os três dias da Feira na Visita Guiada. O passeio propiciou aos estudantes in-

FUTURO Em sentido horário, os estandes dos cursos de Tecnologia em Construção de Instrumentos Musicais (Luteria), Oceanografia, Tecnologia em Biocombustíveis,Engenharia Industrial Madeireira, Geografia e Ciências Sociais

teressados em conhecer um pouco mais da estrutura físi-ca da universidade. Em 2009, foram ao todo 640 vagas na Visita Guiada. Os ônibus sa-íam às 9h e às 14 horas, para dois roteiros diferentes, com duração média de 2h30. O in-teresse despertado é grande, inclusive por escolas de ou-tras cidades e estados. Este ano, houve agendamentos de instituições de várias ci-dades de Santa Catarina. A Visita passou por todos os campi da UFPR fazendo pa-rada em um dos laboratórios. As visitas foram organiza-das pela Agetur – Núcleo de Planejamento Turístico da UFPR, em ônibus próprios da instituição.

Fotos: Izabel Liviski

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Outubro2009

Letícia [email protected]

EnsinO: prOvar

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFPR to-

mou uma decisão difícil neste ano.

Suspendeu o Processo de Ocupação de Vagas Remanes-centes, o Provar, para o ano de 2009, designando uma comis-são que deverá apresentar até o final de setembro propostas de ocupação das vagas ocio-sas na universidade. O desafio desta comissão será propor mudanças que diminuam a evasão de alunos oriundos do Provar e permitam um cresci-mento no índice de conclusões de cursos na UFPR. Por una-nimidade a suspensão foi deci-dida pelos membros do CEPE (participaram 20 do total de 21 conselheiros) e os moti-vos que levaram à decisão são muitos. Decorridos seis anos de implantação do processo, três resoluções foram edita-das para readequar os proce-dimentos (confira no destaque as regulamentações de 1997 a 2008). Apesar do esforço des-sas regulamentações, algumas brechas permitiram vários ti-pos de desvirtuamento de ocu-pação e o próprio conceito de

vaga remanescente está sendo agora rediscutido.

DiscussãoA Pró-Reitoria de Gradua-

ção promoveu dois encontros com o Fórum de Coordenadores dos cursos de Graduação para discutir o Provar desde o início do ano letivo. De acordo com a pró-reitora Maria Amé-lia Sabbag Zainko, ouvir os coordenadores que sentem na ponta todos os reflexos do processo era tarefa obrigatória. “É necessário aperfeiçoar o processo de ocupação das vagas decorrentes de desistências, para que em 2010 a UFPR possa im-plantar um modelo mais moderno e que contem-ple toda a comunidade”, explicou. Nas discussões, surgiram muitos questio-namentos: cursos muito concorridos que disponi-bilizam poucas vagas para dezenas de concorrentes podem em tese selecionar excelentes candidatos, mas quando a oferta não segue essa lógica, pode-se selecionar um aluno

sem condições de acompanhar plenamente o desenvolvimento da turma em que é inserido; a repetência com o consequente represamento de alunos – não apenas do Provar, mas em geral – fez superlotar turmas, geran-do situações complicadas em alguns cursos; neste ano tam-bém alguns processos de jubila-

mento de ingressos pelo Provar engrossam as deficiências do sistema. Também a questão da equivalência de disciplinas já cursadas pelos estudantes nas instituições de origem tornou-se polêmica: o estudante passa no processo e ocupa a vaga de determinado ano, mas com as equivalências, acabava “dividi-

do” entre semestres ou anos diferentes. Além da questão da equivalência, o Índice de Rendimen-to Acadêmico (IRA) foi destacado como um item problema: muitos alunos que entraram na terceira etapa (que aceita ingres-sos de outras instituições mediante prova) tiveram as notas anteriores do histórico escolar manti-das. Mas paira o senão: é justo o IRA considerar notas das universidades de origem, ou melhor, se-ria atribuir-se apenas um conceito da vida acadê-mica pregressa do aluno? Notas dez podem ter o mesmo conceito em insti-tuições diferentes, mas o padrão de exigência pode variar e vem daí a preocu-

Ocupação de vagasremanescentes para2010 terá nova propostaProcesso foi suspenso neste anopara que o programa seja revisto eevite desistências e disparidades nas turmas

Regulamentação (1997 a 2008)RESOLUÇÃO Nº 37/97-CEPE: procedimentos para ocupa-ção de vagas remanescentes vigoraram no período de 1998 a 2002;

RESOLUÇÃO Nº 91/02-CEPE: normas para a ocupação de vagas remanescentes nos cursos de graduação para o ano letivo 2003; surge o nome PROVAR; vigorou apenas em 2003;

RESOLUÇÃO Nº 95/03-CEPE: normas para a ocupação das vagas remanescentes nos cursos de graduação a partir do ano letivo de 2004; vigorou de 2004 a 2006;

RESOLUÇÃO Nº 40/06-CEPE: normas para ocupação das vagas remanescentes nos cursos de graduação e de ensino profissionalizante a partir do ano letivo de 2007; regulamentou o PROVAR de 2007 e 2008.

Graduação UFPR– 2002 (antes do início do Provar)*• 4.134 vagas no vestibular;• 2.575 diplomados (62,28%).

– 2008**• 4.760 vagas no vestibular;• 2.907 diplomados (61,07%);• 202 de transferência Provar.

* Relatório parcial de atividades 2006.** Dados do relatório de atividades de 2008 e do censo 2008.

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Outubro2009

Marcello Casal Jr / ABr

pação de se conceder a nota com a chancela da UFPR.

No CEPEAo submeter os estudos no

CEPE, a Prograd apresentou da-dos objetivos, como o índice de diplomados (veja o quadro em destaque), que praticamente se manteve o mesmo: 62,28% em 2002, antes do início do Provar e 61,07% em 2008. Mais: mostrou fatos positivos (também nos destaques), e resultados inesperados, como exemplos quando da quarta etapa, em que o alu-no da UFPR podia reoptar de curso, sem que para isso fosse considerado o escore do vestibular. Isso gerou um maior fluxo de estudantes entre os cursos e reopções como a mudança do curso de Medicina para Filosofia; de Nutrição para Direito; e até de Agronomia para Geografia, quando o desejo era por Gestão da Informa-ção. Os dados apresentados mostraram ainda preocu-pação com a fase de rein-tegração de ex-alunos. É permitida para aqueles que desistiram da graduação na UFPR há menos de cinco anos. “A evasão alta na fase de reintegração demonstra

que o estudante que retorna para a instituição efetivamente não va-loriza a oportunidade de retorno”, observa o professor Robson Bol-zon, coordenador da Comissão e diretor Coordenação de Políticas de Acesso e Permanência da Pro-grad. A complementação de estu-dos, que acontece com os estu-dantes já graduados pela própria UFPR ou por outras instituições

também é problema. “É a mo-dalidade que gera mais evasão e problemas de inserção para as co-ordenações, também são poucos os diplomados até hoje”, afirma o coordenador.

Propostas da comissão Sete pessoas compõem, com

Robson Bolzon, a Comissão que tem trabalhado na nova propos-

ta de ocupação de vagas remanescentes. São eles: Cláudio Tonegutti, Rodrigo Reis, Madlaine Lima, An-gelo Menegatti (represen-tantes discentes), Marcos Marino (representante do Fórum de Coordenado-res e coordenador de En-genharia Civil) e Adriana Riechter (representante da Pró-Reitoria de Gradu-ação). A comissão realizou reuniões semanais durante os meses de agosto e se-tembro, buscando analisar as experiências de outras universidades, incorporar as solicitações apresenta-das pelos Coordenadores de Curso nas reuniões rea-lizadas com a Prograd, além de restringir determinadas ações que eram permitida desvirtuando o sistema, por exemplo, a possibilida-de de reintegração de mais

Alguns resultados• Mudança de turno: a tendência é a mudança do diurno para o noturno;

• Mudança de turno no mesmo curso: praticamente não ocorreu evasão e o índice de alunos que concluíram o curso é excelente;

• Mudança de habilitação: os dados são muito similares aos da mudança de turno, praticamente não ocorreu evasão e o índice de concluídos é excelente, com exceção do curso de Letras.

• Reintegração de ex-alunos da UFPR: os dados indicam que em geral o aluno reintegrado acaba evadindo no-vamente. Exemplos: Agronomia: 13 reintegrados, sete evadidos (54%); Estatística: 18 reintegrados, 13 evadidos (72%); Matemática: sete reintegrados, cinco evadidos (71%); Ciências Sociais: 16 reintegrados, nove evadidos (56%).

Fonte: PROVAR; NAA/Prograd; dados de 2003 a 2009.

de uma vez do mesmo aluno ao mesmo curso.

Uma reunião com o Fórum de Coordenadores que irá ocorrer, provavelmente no dia 09 de outu-bro, visa discutir a minuta de re-solução elaborada pela Comissão e que na sequencia será encami-nhada para apreciação do CEPE.

“A Universidade é dinâmica, o Provar surgiu quando não ha-via política de cotas, o perfil do estudante assim como do eva-dido, mudou, o governo federal implantou o Prouni (que facilita o acesso do aluno carente ao ensi-no superior privado)”, pondera o coordenador, ele próprio sempre um defensor de um programa que tenha efetividade na ocupa-ção de vagas na UFPR. A Unida-de do Provar, dentro da Prograd, que conta com dois servidores, respondeu a quase 700 e-mails de solicitações e informações so-bre o processo e a sua suspensão. Para Robson, a procura exempli-fica bem a importância do pro-cesso que, na base, é essencial para a universidade, mas que chegou no seu limite para uma revisão geral. Um limite que se deu principalmente porque neste ano a universidade ampliou em 30% as vagas com o programa do Reuni. UFPR mais UFPR Litoral somadas, ampliaram as vagas de 4.338 para 5.639 em 2009.

PROVAR Novo modelo deve propor mudanças que diminuam evasão

É necessário aperfeiçoar o processo de ocupação das vagas

decorrentes dedesistências, para que

em 2010 a UFPR possa implantar um modelo mais moderno e que

contemple toda acomunidade.”

“Maria Amélia Sabbag Zainko,pró-reitora de Graduação

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

Atualmente, 26 es-tudantes angolanos cursam a graduação

na UFPR, através do con-vênio em vigor desde 2004 com a Fundação Eduardo dos Santos (Fesa). A Fundação é uma organização não go-vernamental de Angola, que prevê a formação de jovens angolanos, contribuindo as-sim com o desenvolvimento do país africano. Angola é o país com o maior número de alunos estrangeiros estu-dando na UFPR.

O convênio, que deve ser renovado em 2009, prevê a formação integral desses alunos, com imersão com-pleta na cultura brasileira, hábitos e costumes. Além disso, traz à comunidade acadêmica um pouco do tem-pero da cultura dessa nação amiga. Mas a adaptação nem sempre é fácil.

Quando o primeiro grupo de angolanos chegou à UFPR, houve um difícil período de adaptação. Para Joana Maria Cangombe, aluna do quarto ano de Administração, não houve estrutura. Os alunos tiveram um problema com o Itamaraty e chegaram atra-sados para o início do se-mestre. “Fomos empurrados para sala de aula”, diz Lóide Chivinda, também aluna de Administração e presiden-te da União dos Estudantes

[email protected] Salazar

Angolanos do Paraná. Por-tanto, não participaram das tradicionais boas vindas aos calouros. “A gente se sen-tiu meio abandonada”, diz. Ela conta, porém, que sua colega que chegou recente-mente já obteve uma recep-ção muito melhor, com mais orientação.

Lóide destaca as diferen-ças entre o tratamento cedi-do à intercambistas e alunos do convênio. “Nós não so-mos hóspedes, estamos no mesmo nível do aluno bra-sileiro”, diz. “A gente vem, luta para estudar e vai em-bora”, completa.

Outra dificuldade relatada por Joana foi a tecnológica. “Em nosso país não temos tantos recursos quanto exis-tem aqui, principalmente os tecnológicos”. Foi preciso também adaptar-se às novi-dades da informática.

Aliás, adaptação é a pa-lavra-chave do processo en-frentado por alunos angola-nos da UFPR. “Curitiba não é fácil”, afirma Joana. A dife-rença da personalidade local à animada vida nas cidades angolanas é queixa comum entre os alunos. “O pesso-al de Angola é geralmente extrovertido, já toma conta da situação”, diz. E não lhe faltam adjetivos: o angolano é espontâneo, aberto, sim-ples, amigo, acolhedor.

HistóriaAngola declarou indepen-

dência de Portugal em 1975 e a partir daí viveu em guer-ra civil. Somente em 2002 foi assinado um tratado de paz efetivo e o país pode iniciar a renovação e o de-senvolvimento. A estrutura do ensino universitário do país é ainda muito precária.

A Universidade Agosti-nho Neto foi criada em 1962 e ainda é a única univer-sidade pública de Angola. Ela oferta diversos cursos mas seu número de vagas não é suficiente para aten-der todos os jovens que se interessam pela formação e a concorrência é grande. Existem ainda algumas uni-versidades privadas, mas as taxas cobradas são elevadas

EnsinO: parCEria

Hoje 26 intercambistas do paísafricano estudam na UFPR

Angola tem o maiornúmero de alunosestrangeiros

Nossos pais, no período da colonização,

não tiveram oportunidade nem

de ir à escola.”

“ Lóide Chivinda, aluna do curso de Administração.

As alunas angolanas Lóide Chivinda e Joana Maria Cangombe

Foto: Manuela Salazar

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Outubro2009

Angola, um país em festa

Em Angola, tudo é motivo de fes-ta, contam os estudantes. “O tempo todo é música alta – quase sempre o ritmo nacional quizomba – dança, conversas no quintal”, lembra Lóide, natural da província de Benguela, segunda maior do país. Na mesa, sempre há feijão com óleo de palma, funge (uma espécie de polenta), calu-lu (rama de batata), pirão, cozido de banana, batata ou peixe grelhado.

Nos fins de semana, os jovens vão para baladas, aniversários, com muita música variada. Na maioria das vezes as canções são nacionais. Ou então, como Joana, os jovens fazem estágio. Ela trabalhava numa rádio local, na produção de um programa infantil. Além disso, trabalhou com crianças de rua em uma ONG. No tempo livre, participava de um grupo de escoteiros católicos. “Em Angola, vive-se muito intensamente o escotismo”.

“Não há muita influência norte-americana entre os angolanos, ela é restrita a alguns grupos de jovens”, diz Lóide. Segundo ela, o angolano é mais influenciado pela Europa e pelo Brasil. Devido à televisão, expressões brasileiras são comuns no vocabulá-rio dos angolanos. O acesso à mídia é complicado: a TV por satélite não é comum e a internet é muito cara. Quando acontece, porém, abre aces-so para o mundo.

Estudantes criamassociação no Paraná

A União dos Estudantes Angola-nos do Paraná surgiu da necessida-de de oferecer apoio a esses alunos. A associação data de 2005, mas há resquícios de sua criação em 2000, quando os primeiros estudantes angolanos chegaram a Curitiba, de maneira independente. Ela promove eventos e auxilia não só quem estuda na UFPR, mas alunos de universida-des privadas.

“Ela tem um papel extremamen-te importante na nossa vida, pois é o único órgão que nos representa no Paraná”, diz Joana. Para ela, a União é muito importante, pois ajuda os es-tudantes com problemas acadêmicos e pessoais, além de funcionar como elo de ligação entre o governo, o con-sulado e auxiliar na participação de programas desses órgãos.

Iniciativas como a da Fesa são mais que bem-vindas: “acima de tudo os jovens querem oportunidade de formação”. Depois de formada, Lóide pretende trabalhar com o governo para retribuir o apoio dado à sua for-mação e aplicar aquilo que aprendeu “Quero também fazer um mestrado para poder dar aula”, diz.

Em nosso país não temos tantos recursos quanto existem

aqui, principalmente os tecnológicos.”

“ Joana Maria Cangombe, aluna do curso de Administração.

– giram em torno dos US$ 250.

Por isso, entre jovens angolanos o sonho de estu-dar fora do país é frequente. “Aprender e passar adiante o que se aprendeu está na cultura do angolano”, afirma Lóide.

Ela, por exemplo, traba-lhou durante três anos antes de conseguir uma bolsa de estudos e afirma que essa é uma opção de muitos jovens de seu país. Para Lóide, An-gola tem um ensino básico forte que enfraquece nos ní-veis superiores. “Depois de 30 anos em guerras, essa é a situação”, afirma. Segundo ela, as condições de estudo dos irmãos mais velhos e jovens dessa geração foram difíceis. “A qualquer mo-mento, havia um conflito ar-mado”, diz. E vai mais lon-ge: “nossos pais, no período da colonização, não tiveram oportunidade nem de ir à escola”. Hoje, a maioria dos amigos de Lóide frequenta a Universidade. Mas ela com-pleta: “Tudo depende da rea-lidade e do nível social”.

O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a nação angolana após sua indepen-dência. Foi natural, então, o processo para tornar-se

uma nação amiga e integrar projetos como este convê-nio. Lóide considera que a cultura brasileira exerce maior influência nos angola-nos que a portuguesa. “Uma das coisas que me fez es-colher o Brasil foi sua se-melhança com Angola, em alguns aspectos”, afirma. Em sua concepção, o Brasil foi colonizado, obteve in-dependência e hoje cresce à medida que resolve seus problemas.

AcordoQuando terminam o cur-

so, os alunos do convênio Fesa-UFPR recebem seus diplomas assinados na ca-pital de Angola, Luanda, pois o objetivo do programa é que retornem ao país de-pois de formados. “Angola tem necessidade de todo e qualquer quadro de profis-sionais”, diz Joana.

Quando for renovado, o convênio receberá algumas melhorias e mudanças, ao englobar parcerias em pes-quisa, incentivar a interna-cionalização dos professores e auxiliar na implantação da Nova Universidade de An-gola. Além disso, o com-promisso de apoiar os alu-nos atualmente é da Fesa e, por isso, será discutido um novo modelo de gestão acadêmica para permanên-cia desses alunos na UFPR. Haverá ainda mudanças no vestibular, que atualmen-te é desenvolvido por uma comissão de professores brasileiros e gerido pela Organizadora de Concursos Públicos e Vestibulares da Universidade Estadual de São Paulo (Vunesp), que passará a ser gerido pela própria UFPR. Outra medi-da, proposta pelo assessor

ANGOLA Os alunos Aberto Magingo, Joana Cangombe, Avelino Chico, Lóide Chivinda e Feliciano José Cangue, com oprofessor Carlos Siqueira (ao centro), coordenador da Unidade de Intercâmbio e Mobilidade Acadêmica da UFPR

Foto: arquivo pessoal

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Outubro2009 CiênCia E tECnOlOgia: invEstimEntO

Prêmio inéditoO pesquisador Carlos

Ricardo Soccol, professor titular em Biotecnologia Industrial da UFPR, recebeu no final de setembro, no Rio de Janeiro, o prêmio Scopus Brasil. Soccol é o primeiro paranaense a receber o prêmio, que desde 2006 homenageia pesquisadores latino-americanos com significativa produção científica. A edição deste ano contemplou 16 pesquisadores brasileiros.

Fibra ótica A Rede Metropolitana

de Fibra Ótica, iniciativa que reúne a Prefeitura de Curitiba e o governo estadual, foi inaugurada no começo de outubro. A rede tem 110 quilômetros de cabos de fibra ótica que interligam 14 instituições de pesquisa. O projeto teve um custo de R$ 1,5 milhão, recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. O comitê gestor é presidido pelo professor Marcos Sunyé, do Departamento de Informática da UFPR.

Ranking mundialA UFPR subiu 149

posições no Ranking Mundial de Universidades na Web, levantamento semestral do Conselho Superior de Pesquisas Científicas do governo espanhol. Em relação a 2008, a Universidade passou da 604ª para a 352ª posição. A UFPR aparece como a 13ª melhor da América Latina e a nona do Brasil. Entre os critérios da pesquisa estão a visibilidade, a relevância e o volume das pesquisas das instituições na internet. Mais informações: www.webometrics.info

SeminárioA Funpar promove no dia

23 de outubro o 1º Seminário de Difusão Científica. O evento, que será no auditório do Sebrae e tem como tema “Comunicação, ciência e sociedade”, é organizado em parceria com o Núcleo de Pesquisas em Economia Empresarial (Nupem). Participam do encontro jornalistas científicos e representantes do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação.

Científicas

A Lei Federal 10.197, de 2001, deu a base jurí-dica para a criação do

chamado CT-Infra. Trata-se de um fundo de infraestrutu-ra para ciência e tecnologia, voltado para implantação e recuperação de pesquisas nas instituições públicas de ensi-no superior.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responsá-vel pelo programa, promove chamadas públicas anuais para avaliar projetos e decidir para onde vai o dinheiro.

Desde sua criação, diver-sas universidades brasileiras receberam verbas para mo-dernização, reforma de labo-ratórios e compra de equipa-mentos. A UFPR participou desde o primeiro edital e em todos os anos recebeu valores

significativos em investimen-tos.

No último dia 13 de junho, a universidade obteve R$ 9,6

milhões do CT-Infra, o que a colocou em quinto lugar em volume de recursos, mais que o dobro do conquistado no

Recursos do CT-Infraequipam laboratórios da UFPR

Universidade obtém R$ 9,6 milhões atravésdo programa deste ano, 139% a mais quena edição anterior

Félix [email protected]

Fotos: Leonardo Bettinelli

MELHORA Na Biologia Molecular os investimentos aumentaram a precisão das análises

Arte: Leonardo Betti

nelli

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Outubro2009

edital do ano passado.Segundo o professor Sérgio

Scheer, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, é a primeira vez que a universidade é con-templada com essa soma de di-nheiro. Nos outros anos, a libe-ração era de valores menores. A previsão foi que em agosto os contratos começassem a ser assinados e logo depois inicia-da a execução de cada um dos programas aprovados, que em geral levam de três a quatro anos para a conclusão.

Ao todo, nove subprojetos foram aprovados, dentre os quais se destacam o do Labo-ratório de Microscopia Ele-trônica e o de Computação Científica, além do Programa de Biodiversidade do Departa-mento de Bioquímica e Biolo-gia Molecular.

Exemplos de aplicaçãoSegundo o professor Ney

Matoso, do Centro de Micros-copia, a estrutura hoje dis-ponível no laboratório só foi montada graças ao CT-Infra. “São recursos grandes e não se consegue isso com proje-tos individuais, somente com investimentos institucionais”, comenta Matoso, complemen-tando também que progra-mas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) benefi-ciam somente pessoas físicas e projetos de menor porte, enquanto o CT-Infra financia grandes montantes.

No ano passado foi monta-do um laboratório de prepara-ção de amostras duras, já que antigamente era impossível analisar materiais como rochas e metais, além da aquisição de um porta-amostras com con-trole de temperatura. “Sem controlar a temperatura era impossível fazer alguns dos testes”, diz Matoso. Para este ano, o maior investimento foi a compra de um novo microscó-pio, no valor de R$ 1,5 milhão e com capacidade dez vezes maior que o atual. O Quanta 400 alcança ampliações de até 700 mil vezes, enquanto o an-

tecessor conseguia apenas 50 mil.

Outro setor que recebeu investimentos nos últimos anos foi o de Biologia Molecu-lar. Para o professor Edvaldo Trindade, um dos pesquisado-res envolvidos no projeto, os investimentos vão possibilitar a consolidação de pesquisas avançadas na área biológi-ca. “Genética, biotecnologia, epigenômica, neurobiologia e biodiversidade são algumas das áreas que podemos estu-dar”, afirma.

O chefe do Departamento de Bioquímica e Biologia Mo-lecular, Guilherme Sassaki, conta que o espectrômetro de ressonância nuclear adquirido no ano passado faz análises muito precisas de proteínas, lipídios e outros componen-tes moleculares. A precisão do equipamento permite que produtores de vinho na Euro-pa, por exemplo, verifiquem se houve ou não adulteração em sua produção, pois uma análise feita pelo espectrôme-tro pode mostrar pelo deuté-rio se a água e uva utilizadas condizem com os da região em questão.

Os recursos obtidos têm ajudado não apenas no de-senvolvimento de pesquisas mais específicas, mas também a baratear os custos. “Para o edital deste ano pedimos um biotério. Com ele não vamos precisar importar camundon-gos da suíça para os nossos estudos, o que vai reduzir o custo e agilizar as pesquisas”, afirma Sassaki.

MELHORA Na Biologia Molecular os investimentos aumentaram a precisão das análises

O LABORATóRIO de Microscopia Eletrôni-ca recebeu mais de R$ 1,5 milhão em ins-vestimentos. Na foto do topo, à direita, o Quanta 400, que foi a maior aquisição. Na imagem, ele aparece num laboratório norte-americano

Foto: Universidade de Hamilton

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Outubro2009 CiênCia E tECnOlOgia: pEsquisa

[email protected] César Oliveira

Uma pesquisa realizada na UFPR aponta que, na hora de escolher

um parceiro, os opostos se atraem.

Conforme o estudo, ho-mens e mulheres, de forma subconsciente, tendem a se sentir mais atraídos por par-ceiros cuja constituição gené-tica seja diferente da sua. O resultado confirma evidências

obtidas em estudos anteriores sobre outras espécies.

O trabalho foi apresentado este ano pela geneticista Ma-ria da Graça Bicalho em Vie-na, na Áustria, durante confe-rência da Sociedade Europeia de Genética Humana.

“Qual a estratégia da na-tureza? Tentar aproximar in-divíduos diferentes, que pos-sam gerar descendentes com

diversidade genética para o genoma como um todo e par-ticularmente para a região responsável em controlar par-te da resposta imunológica”, explica Bicalho.

Essa região do genoma é conhecida como MHC (com-plexo principal de histocom-patibilidade, na sigla em in-glês). “Pais com genes MHC diferentes podem oferecer

aos seus filhos maior chance de heterozigosidade para ge-nes dessa região e, por conse-quência, uma melhor resposta às infecções e melhor valor adaptativo.”

Os pesquisadores da UFPR compararam informações ge-néticas de 484 pessoas — 90 casais de fato e outros 152 formados ao acaso. Conclu-são: os casais reais tinham

Diferenças genéticas influenciam escolha de parceiro

Pesquisadores da UFPR constatam que, entre casais,

a diferença na região do genoma

chamada MHC é maior, o que revelaria uma

estratégia evolutiva para garantir

descendentes mais saudáveis

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

Banco de dados do LighA matéria-prima inicial da pesquisa

foi o banco de dados do Ligh (Laborató-rio de Imunogenética e Histocompatibi-lidade) da UFPR. Parte da rede do Siste-ma Único de Saúde (SUS), o Ligh traça o perfil dos doadores de medula óssea.

“Temos um banco de dados expres-sivo”, reconhece a pesquisadora.

Quando um paciente precisa de um transplante, a equipe médica busca o doador primeiro na família, através da qual há mais chances de encontrar alguém compatível. Se não houver nin-guém na família, recorre-se ao Registro Brasileiro de Doadores de Medula Ós-sea.

O laboratório está localizado no Setor de Ciências Biológicas do Centro Politécnico da UFPR, no bairro Jardim das Américas.

Sobre o MHCO MHC (do inglês “Major Histo-

compability Complex”) é uma região cromossômica que ocorre em todos os vertebrados mandibulados e que tem dezenas de genes envolvidos na imuni-dade inata e adaptativa. Os genes são ativados em resposta à presença de elementos “estranhos” ao organismo do indivíduo (proteínas, polissacaríde-os e lipossacarídeos que não são nor-malmente encontrados ali).

Esses elementos estranhos, co-nhecidos como antígenos ou imunóge-nos, são capazes de ativar uma reação de defesa do organismo.

As moléculas do MHC têm uma es-trutura única para cada indivíduo. Es-tudos mostraram que essa diversidade é capaz de influenciar a suscetibilidade e a resistência dos indivíduos contra doenças.

Cheiro bomNuma pesquisa anterior, realizada

em 2005, o mesmo grupo de pesquisa-dores da UFPR reproduziu um estudo que já havia sido feito na Suíça.

Durante uma semana, cerca de 60 rapazes e moças, alunos de diferentes cursos da universidade, usaram um co-lar com sachê de algodão, envolto num tecido fino.

Todos foram instruídos a usar produtos de limpeza neutros, sem fra-grância.

Ao final, um teste olfativo mostrou que os cheiros mais agradáveis eram dos indivíduos com maior diferença genética.

CuriosidadeAs mulheres que usam anticon-

cepcionais perdem a percepção de escolher indivíduos geneticamente di-ferentes. Ou seja, ficam com a percep-ção distorcida em função da carga de hormônio que estão utilizando.

significativamente mais dis-similaridades numa região do DNA que controla o sistema imunológico.

Diversos estudos têm apontado uma maior taxa de aborto quando o casal é MHC semelhante. A atração pelo diferente também serviria para evitar o incesto ou rela-cionamentos dentro da mes-ma família.

“Garantir a diversidade genética da descendência é uma força da natureza, que tem estratégias sutis para tentar direcionar para que seja assim”, afirma Bicalho.

Pistas olfativas e visuaisPesquisas anteriores já

atestavam que, em outras es-pécies de animais, a atração por membros do sexo oposto também está ligada a dife-renças genéticas.

Mas como as fêmeas de ratos, por exemplo, sabem que um macho de sua espé-cie tem um MHC diferente do seu? “Não sabem, mas po-dem perceber através de pis-tas olfativas codificadas pe-los próprios genes MHC ou genes ligados ao MHC que determinariam uma iden-tidade odorífera”, responde Maria Bicalho.

Esse “cheiro” seria per-cebido por receptores olfa-tórios distribuídos dentro do nariz, capazes de discriminar a identidade MHC e influen-ciar na escolha do parceiro.

Os diferentes tipos de MHC atuariam como feromô-nios, moléculas voláteis ino-doras que induzem mudanças de comportamento sexual ou social, quando percebidas por membros da mesma es-pécie.

Na maioria das espécies estudadas, as fêmeas apare-cem como as mais capazes de discriminar essa identidade, talvez por serem responsá-veis pelo maior investimento biológico no processo repro-dutivo.

No caso dos seres huma-nos, além do odor corporal, outras pistas poderiam atu-ar. Como a espécie humana é mais visual que olfativa, si-nais visuais controlados por genes da região MHC, tais como estrutura e simetria fa-cial e textura da pele, indica-riam os “bons genes” e a boa saúde do parceiro.

RepercussãoA pesquisadora Maria da

Graça Bicalho recebe solici-tações de entrevistas de to-

dos os continentes. Segundo ela, a repercussão do estudo foi inesperada.

Embora se conheça bas-tante sobre a diversidade de sequências HLA (nome que se dá ao MHC humano), di-versas questões sobre me-canismos que introduzem e mantêm essa diversidade ainda estão por ser elucida-das.

“Recebi, por exemplo, pedidos de entrevista de uma rádio de Cingapura. O tema é fascinante, as pes-soas se interessam, querem entender aspectos de algo tão próximo de todos como é o processo da reprodução.”

No futuro, pesquisas na área podem ter implica-ções médicas e ajudar, por exemplo, no diagnóstico e tratamento de insucessos reprodutivos como os abor-tamentos recorrentes.

Obviamente, a espécie humana transcende aos fa-tores biológicos. “Questões psicológicas, comportamen-tais, sociológicas e culturais podem até ser mais fortes e determinantes na formação dos casais”, avalia Bicalho. “Mas o mecanismo biológi-co existe e não pode ser ig-norado.”

EQUIPE Maria Bicalho, ao lado dos pesquisadores João Carlos Magalhães e Waldir Antônio da Silva, que também participaram do estudo

Foto: Manuela Salazar

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Outubro2009

Pioneiro, doutorado na área ambiental chega

a 100 teses

Interdisciplinar, Programa de Pós-Graduação em

Meio Ambiente eDesenvolvimento da

UFPR busca, desde 1993,um entendimentomais completo da

problemática ambiental

Um dos pioneiros no país pela abordagem inter-disciplinar, o Programa

de Doutorado em Desenvol-vimento e Meio Ambiente da UFPR (Made) alcançou, no fim de julho, a marca de cem teses defendidas.

O centésimo trabalho, da doutoranda Olivia Mara Savi Busch, tratou da qualidade da água na represa do Passaúna, responsável pelo abastecimen-to de cerca de 600 mil pesso-as da Região Metropolitana de Curitiba.

A tese, intitulada “Qualida-de da água e saúde humana: ris-cos potenciais face ao processo de ocupação urbana no entorno da represa do Passaúna”, com-pôs, com outras cinco, a sétima turma formada pelo Made, que teve como linha de pesquisa “Urbanização, cidade e meio ambiente”.

Iniciado em setembro de 1993, o Made tem seu caráter interdisciplinar baseado nas di-retrizes do 3º Seminário Nacio-nal sobre Universidade e Meio Ambiente, realizado em Cuiabá em 1988. À época, o programa, resultado de uma parceria da UFPR com as universidades francesas Paris VII Sorbone, Paris Lavilleti e Bordeaux II, foi incentivado pela Unesco.

“Era um momento em que se começava a falar de de-senvolvimento sustentável”, esclarece a coordenadora do Made e professora do curso de Comunicação Social da UFPR, Myrian Del Vecchio.

Hoje, o Made possui em seu quadro docente professores das mais diversas áreas, da Mate-mática à Ecologia, passando por

Engenharia Mecânica, Comu-nicação, Arquitetura, entre ou-tras. Essa variedade é o ponto central do doutorado da UFPR. As pesquisas produzidas são variadas e podem versar in-clusive sobre a linguagem do grafite de rua. “O grafite hoje está em todas as ruas, e alte-ra o meio ambiente urbano. O meio ambiente não é só floresta e rios, por exemplo. É também a cidade”, justifica Myrian, que complementa: “Buscamos um olhar mais completo sobre a rea-lidade. Mas é uma tarefa com-plexa articular muitas áreas de conhecimento”.

Dificuldades e reconhecimentoArticular diferentes áreas

do saber, no entanto, não é a única dificuldade enfrentada pelo Made, que devido ao seu caráter interdisciplinar preci-sa superar também entraves burocráticos. O programa tem problemas como por exemplo

para contratar professores. Os editais para tais admissões precisam ser abertos via de-partamento e o Made não está vinculado a nenhuma unidade departamental específica.

O curso precisa contar com o voluntarismo de alguns pro-fessores.

Mesmo dessa forma, o Made atingiu o conceito quatro da Co-ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), numa escala que pode ir no máximo até cinco, já que o programa de pós-graduação da UFPR não oferece mestrado.

O mais recente reconheci-mento do Programa de Douto-rado da UFPR veio no último dia 5 de junho, quando o profes-sor doutor do Departamento de Geografia da Universidade Es-tadual de Ponta Grossa (UEPG) e egresso do Made Nicolas Flo-riani, recebeu da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e So-

Sandoval [email protected]

ciedade (ANPPAS) o prêmio de melhor tese nacional de 2007, junto com outro trabalho, da Universidade de Campinas (Unicamp).

Ambos foram escolhidos dentre oito teses inscritas. No trabalho “Avaliação das terras pelos agricultores ecológicos de Rio Branco do Sul-PR: uma abordagem geossocioagronômi-ca da paisagem rural”, Floriani estudou as concepções de natu-reza, as práticas cotidianas e a ética dos agricultores em rela-ção ao meio ambiente. A princi-pal virtude do trabalho, segun-do Floriani, seria compreender a maneira como pequenos agri-cultores entendem suas prá-ticas de trabalho. “O crédito e as políticas públicas agrícolas estão hoje baseadas em um re-corte científico e tecnológico. É preciso pensar um outro padrão para a agricultura familiar, que se relaciona de uma forma dife-rente com isso”, defende.

NÚMERO 100 A qualidade da água da represa do Passaúna (foto 1) foi o tema da centésima tese defendida no Made. A proximidade de áreas de ocupação irregulares (foto 2), que não possuem saneamento, acaba provocando a po-luição de rios e afluentes da represa por esgoto e lixo domésticos (foto3).

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CiênCia E tECnOlOgia: pós-graduaçãO

Fotos: arquivo pessoal

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Outubro2009

[email protected]ário Messagi Jr.

A nova rede de dados da Universidade vai multiplicar por dez a

velocidade de transmissão de informações. A capacidade de um gigabit deve chegar a dez gigabits. A rede foi remapea-da, vários equipamentos foram trocados. Em breve também serão trocados os distribuido-res ópticos.

A instalação da nova rede em maio foi apressada em função do aumento atípico de ataques de vírus, spam e phishing (tentativa de captu-rar senhas através de progra-mas espiões). Segundo o Cen-tro de Computação Eletrônica (CCE), foram 30% a 40% mais ataques. A nova rede será pro-tegida também por um firewall físico (hardware), que analisa pacotes de bits e corta rotas suspeitas de transmissão de informação.

BloqueiosOs ataques de maio se so-

maram aos pedidos feitos pela Procuradoria Jurídica e algu-mas pró-reitorias para que o CCE bloqueasse alguns servi-ços on-line no campus Reito-ria. No dia 22 de maio, a Pró-Reitoria de Administração, a Pró-Reitoria de Planejamento, o Setor de Ciências Humanas, o Setor de Educação e a Rei-toria e a unidades ligadas ao Gabinete do Reitor tiveram os sites orkut, twitter e hotmail bloqueados, assim como o co-

municador instantâneo MSN.O CCE utilizou uma ferra-

menta livre chamada OpenDNS para realizar os bloqueios. O programa opera por similari-dade. Ou seja: ao ser instruído a bloquear um serviço ou con-teúdo, busca outros similares e os bloqueia também. É uti-lizado no combate à pedofilia, por exemplo, pois mantém vi-gilância contante mesmo que os conteúdos mudem de pági-na. No entanto, utilizado para bloquear serviços de comuni-cação instantânea, o programa bloqueava todas as páginas que tinham seviços de chat, como Terra, Yahoo, Gmail e chegou até mesmo a bloquear o Goo-gle. Neste momento, o CCE desligou o programa. “O pro-grama estava fora de contro-le”, explica o diretor do CCE, José Simão de Paula Pinto.

Durante o período de blo-queios, o Centro recebeu mais de 300 ligações de queixas.

Este episódio motivou uma ampla ação de redesenho da rede, que perimitirá bloqueios mais apurados, criação de re-des virtuais e aumento de velocidade de transmissão de informação. Em breve tam-bém será implantada política mais restritiva de controle de equipamentos e usuários na RedeUFPR, inclusive naque-las sem fio.

CrapwareO termo crapware surgiu

para definir os programas inúteis, que já vêm insta-lados nos equipamentos comprados com softwa-res, e que ocupam desne-cessariamente – e muitas vezes sem que o usuário saiba, memória, proces-samento e espaço em dis-co. Hoje, porém, define aquilo que é indesejado em geral, estendendo-se aos malwares, tais como programas espiões e ví-rus.

A proteção contra crapwares exige a insta-lação e manutenção de vários programas, para contornar os problemas. E, é claro, tais programas aca-bam por consumir recursos dos equipamentos, obrigando os usuários a constantemen-te adotar computadores com mais poder de processamento e memória.

Dicas de segurançaSegundo o CCE, sistemas

baseados em Linux são por natureza mais imunes. Para os usuários de Windows, os programas mais recomenda-dos estão abaixo, organizados por consumo de recursos de sistema. Ou seja, os primei-ros são os que menos conso-mem recursos; os últimos são o que mais consomem.

• Antivírus eletrônicos: Avira, Avast, AVG.

• Anti-malware: SUPE-

RAntiSpyware, SpyBot Sear-ch and Destroy.

• Para saber e controlar programas instalados: Start Up Mechanic, Process Explo-rer, System Explorer.

• Para bloquear ataques: Jetico Personal Firewall, Co-modo, Zone Alarm.

Estes programas possuem versões gratuitas, tão efeti-vas quanto as pagas. Segun-do Simão, “é importante que o usuário tenha consciência de que a internet não é se-gura”. Ele recomenda que os programas de defesa sejam atualizados com frequência, assim como o sistema opera-cional, outra grande fonte de problemas. “As informações armazenadas têm alto valor e devem ser protegidas”, fina-liza Simão.

Nova rede de dados terávelocidade de dez gigabitsA velocidade hoje é de um gigabit. Além do aumento da velocidade, a nova

rede permitirá controle mais fino de conteúdos e aumentoda segurança de dados

gEstãO: transmissãO dE dadOs

Foto: Leonardo Bettinelli

Fotos: arquivo pessoal

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Outubro2009

Reuni IA UFPR tem 29 obras

do Reuni cadastradas no Ministério da Educação. Sete já estão concluídas, 11 em pleno andamento e outras 11 em fase de projetos complementares ou em vias de abrir licitação. No total, serão investidos R$35 milhões. As principais obras em andamento são a construção do bloco administrativo da Engenharia Química, a terceira etapa do edifício de Terapia Ocupacional e a construção do edifício laboratório do curso de Farmacologia do Centro Politécnico.

Reuni II Várias obras já foram

concluídas, como o bloco didático e os laboratórios de Palotina e a reforma do telha-do do Edifício Teixeira Soares. Algumas obras em andamen-to devem ser inauguradas no primeiro semestre de 2010. São elas: o ginásio e o novo bloco didático do Setor de Educação Profissional e Tecnológica, o bloco adminis-trativo do Centro Politécnico, a 3a etapa do bloco do Setor de Ciências da Saúde, o edi-fício laboratório do Setor de Ciências Biológicas e o bloco didático anexo do Setor de Ciências Sociais Aplicadas.

Reuni IIIO MEC publicou portaria

no dia 29 de setembro, au-torizando o provimento dos cargos de professores a partir de outubro. Assim, a partir deste mês, a UFPR vai poder contratar 57 novos docentes. Outra portaria, de julho, tinha autorizado o provimento de 36 cargos de técnicos admi-nistrativos.

LicitaçõesAs licitações em curso

na UFPR hoje atingem um montante de R$65 milhões. A maior licitação é de equipamentos de informática, com limite de empenho de R$38.112.488,18.

gEstãO: univErsidadE para O mundO

GEstão

Inserção internacional cresce;número de intercambistas dobra em quatro anos

Mieko Wakabayashi faz letras e é do Japão. Andrea Maute faz en-

genharia civil e é da Alemanha. Djamila Lopes faz psicologia e é de Guine Bissau. Katty Mie-les faz filosofia e é venezuela-na. A única coisa que todas têm em comum é que são alunas intercambistas da UFPR. No total, 75 alunos estrangeiros estudam ou estudaram na uni-versidade em 2009.

O número é crescente. Em 2006 foram apenas 21. É verda-de que há quase o dobro de alu-nos da UFPR estudando fora do país. São 124 apenas em 2009; 456 em quatro anos. Mas a di-ferença vem caindo. Em 2006, 84 alunos fizeram intercâmbio, exatamente quatro vezes mais que o número de alunos que vieram estudar aqui.

Este crescimento de inter-câmbio é fruto de uma política de aprofundamento das rela-ções internacionais. Apenas no primeiro semestre de 2009, o reitor Zaki Akel Sobrinho, junto com comitivas, visitou a Universidade de Pisa, na Itália, a Case Western University e a Universidade do Arizona, no Estados Unidos, e a universi-dade de Alborg, na Dinamarca.

“A política de internaciona-lização da UFPR vai ser muito fortalecida nesta gestão porque representa oportunidades de crescimento mútuo de nossos alunos e docentes na relação sinérgica com universidades

de todo o mundo”, diz Zaki.Segundo o Assessor de Re-

lações Internacionais, Carlos Siqueira, expor a instituição é fundamental. “Não se faz inter-nacionalização por e-mail. Tem que viajar, tem que conhecer o parceiro”, defende. Estas viagens serviram para conso-lidar parceiras já estabelecidas, como foi em Pisa. Algumas, porém, tinham o objetivo de abrir novas frentes. Em 2008, a UFPR fez uma pesquisa mos-trando que o corpo discente prefere os Estados Unidos, a Alemanha e a França, nesta ordem, para fazer intercâmbio. Siqueira explica que foi a partir desse dado que o investimento na ampliação das relações com os Estados Unidos aumentou.

Institucionalizare profissionalizarA UFPR tem hoje cerca de

cem acordos internacionais, mas ainda tem muito o que fa-zer na área. A meta da Assesso-ria de Relações Internacionais (ARI) é institucionalizar e pro-fissionalizar. Segundo Siqueira, é fundamental que as relações sejam entre as universidades, não entre pessoas. Por isso, um contato para um convênio internacional pode começar com os professores, mas deve ser assumido pela instituição, “independente da vontade das pessoas”, explica.

A profissionalização da ges-tão da mobilidade acadêmica

deve vir através do lançamento do portal das relações inter-nacionais (www.internacional.ufpr.br/ari). O banco de dados do portal vai permitir manu-tenção de dados cadastrais atualizados, inscrição on-line, pré-seleção, interatividade, consulta a relatórios periódicos entre outras funcionalidades.

O processo de seleção dos estudantes na atual ges-tão deverá ser compartilhado, em parceria com os setores e coordenações, através de co-missões setoriais de relações internacionais. A escolha dos intercambistas será feita atra-vés do portal, que receberá as inscrições e verificará a consis-tência dos dados do aluno (se o registro é real, se ele atende a periodização recomendada pelo colegiado do curso, se está atendido o IRA mínimo). Havendo consistência, o aluno é autorizado a prosseguir com a inscrição. Cada aluno poderá escolher três instituições des-tino. O próprio sistema enviará consulta às coordenações, que deverão analisar os planos de estudo propostos e emitir pare-cer. Por fim, caberá à comissão setorial de relações internacio-nais agendar entrevistas com os alunos pré-selecionados e proceder a análise da docu-mentação, pontuando itens do curriculum vitae.

O passo seguinte é o regis-tro dos resultados da comissão na plataforma. A partir disso, a

Atualmente, 75 alunos estrangeiros estudam na UFPR. Intercambistas em outros países são 124. Número cresce ano a ano

[email protected]ário Messagi Jr.

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Outubro2009

Inserção internacional cresce;número de intercambistas dobra em quatro anos

ARI providencia o envio da do-cumentação do aluno para a ins-tituição definida pela comissão, segundo sua posição de classi-ficação.

Pós-graduação e docentesEnquanto as ações na gra-

duação são diretas, na pós-gra-duação e na mobildiade docente elas são indiretas ou indutivas. A ARI será responsável pela busca de fontes de financiamen-to, que serão divulgadas através do portal e de e-mail às coor-denações. Caberá aos orienta-dores de mestrado e doutorado gerar vínculos com seus co-legas oriundos de instituições parceiras ou outras com poten-cial de interação. A ARI tomará providências para a efetivação da mobilidade, após a aprovação de saída pelo orientador e cole-giado do curso.

Mobilidade técnicaA mobilidade técnica será

possível quando atender inte-resses institucionais. Ou seja, devem trazer benefícios para a unidade do técnico (laborató-rios de pesquisa, pró-reitorias, bibliotecas, setores, departa-mentos e coordenações). A so-licitação poderá vir do técnico, da chefia ou induzida pela ARI. Deverá ser apresentada uma proposta que descreva clara-mente em que consistirá a mo-bilidade e os benefícios a serem alcançados.

O longo caminhoda internacionalizaçãoTrabalho iniciado em 2004

na OCDE garantiu visibilida-de internacional para a UFPR e abriu portas para convênios com universidades europeias.

A consolidação de uma par-ceria internacional pode ser um processo muito longo. Segundo

Fotos: Manuela Salazar

MUNDO Alunos do Paraguai, Argentina, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Guiné Bissau e Cabo Verde que estudam na UFPR

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Outubro2009

Djamila, que se forma em Psicologia no final deste ano, conta que no início sentia desespero sem conhecer nin-guém, mas que com o tempo isso muda. Segundo ela, não existe o curso de psicologia no Guiné Bissau e que foi uma oportunidade única. “A minha intenção é voltar para o meu país e ajudar no seu desenvolvimento, a área clínica é pouco conhecida lá”, afirma.

Walter Godefroid é paraguaio e faz Engenharia Elétrica na UFPR. Segundo ele, o curso de Engenharia Elétrica só é ofertado em poucas cidades do Paraguai e foi uma grande oportunidade ter vindo para Curitiba. “O ambiente acadêmico é muito bom e nós temos os equipamentos condizentes com o nosso currículo”, conta.

Cássio Rolim, representante da UFPR em projeto de diag-nóstico sobre o impacto que as universidades têm no desen-volvimento das regiões em que estão inseridas, da Organização para Cooperação e Desenvol-vimento Econômico (OCDE), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), “a inter-nacionalização leva muito tem-po para se concretizar.”

A UFPR participou pela primeira vez de um projeto da OCDE de 2004 a 2007. Em 2009, voltou a fazer parte do projeto. Foram mais de três anos para chegar neste grau de partici-pação no convênio OCDE. Se-

gundo Rolim, a participação em grandes organizações é um ca-minho importante de inserção em parcerias internacionais. “Participar dos grandes fóruns é um motivo de credibilidade e de visibilidade. É um grande marketing e também serve para fazer contatos”, conta Rolim.

Devido ao primeiro projeto da OCDE, a UFPR foi convidada a participar do Consortium for North American Higher Educa-tion Collaboration (Conahec). O presidente do Conahec, Fran-cisco Marmolejo, fazia parte do Comitê do OCDE. Ele convidou a UFPR para visitar pela primei-ra vez a Universidade do Arizo-

na. Então, veio o convite para participar do segundo projeto da OCDE. Por estar no OCDE II, Zaki Akel foi o único reitor do hemisfério sul a participar do seminário Higher Education at Time of Crisis, na Dinamarca. Lá, visitou a universidade de Aalborg e a Copenhagen Busi-ness School, onde a comitiva da UFPR foi recebida por estar participando do OCDE. O con-vênio com estas universidades está em andamento.

“Aalborg é uma das universi-dades mais inovativas do mun-do”, diz Rolim. Aalborg foi cria-da em função do método e tem

Ana Selena vai se formar em Agronomia pela UFPR. Ela acredita que no seu país natal, a Argentina, não teria a estru-tura que teve durante toda a sua graduação. “Aqui tem equipamentos para a turma inteira, cada aluno pode tra-balhar com um microscópio”, comenta. Ela pretende apro-veitar os mercados comuns entre Brasil e Argentina no seu futuro profissional.

A principal diferença para Mieko Wakabayashi, que veio do Japão e cursa Letras na UFPR, é que a maioria dos alunos estudam e trabalham. “No Japão, são poucos os que têm que trabalhar também”. Para ela, passar um ano no Brasil e estudar na sua área foi fundamental. “Eu pretendo ser intérprete de português e essa experiência vai me ajudar muito”, declara.

O que mais chamou a atenção de Andrea Maute, que vai cursar este semestre na UFPR, foi a interatividade entre alunos e professores. “É difícil não saber falar o português, mas nós recebe-mos ajuda tanto dos colegas quanto dos professores”.

VIAGEM O reitor Zaki Akel com o professor Manuel Scudero, diretor doCentro de Pesquisas do Pacto Global da ONU

da cátedra Unesco de Based Le-arning School. “A partir do pro-blema o estudo é estruturado: a partir de problemas, os alunos vão ser orientados sobre o que devem estudar para resolvê-los, com quais dados e com quais soluções poderão trabalhar”. O aprendizado acontece com a re-solução dos problemas.

Este longo caminho mostra que o amadurecimento de con-vênio demora e exige muito esforço. Se hoje, há um convê-nio sendo trabalhado com uma universidade de ponta como a de Aalborg, resultado de ações que começaram em 2004.

Foto: arquivo da Assessoria de Relações Internacionais

“Eu vou ficar o quanto me deixarem”, afirma Katty Mie-les, que faz Filosofia na UFPR e é da Venezuela. Além de gostar da cidade, a estudante avalia o currículo do seu curso como superior ao de seu país e considera os pro-fessores qualificados. “Aqui nós temos liberdade para estudar, podemos escolher as matérias e direcionar a nossa especialização”, declara.

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Outubro2009

[email protected]ábio Marcolino

Em junho, a Editora UFPR lançou no saguão da Reitoria as obras “Inte-

lectuais Paranaenses e as Con-cepções de Universidade (1892-1950)” (de Névio de Campos), “Os Jovens de Curitiba Espe-ranças e Desencantos” (organi-zado por Ana Luísa Fayet Sallas e Maria Tarcisa Silva Bega), “Velhos Vermelhos” (com or-ganização de Adriano Codato e Marcio Kieller), “Para Pensar outra Agricultura” (organizado por Angela Duarte Damasceno Ferreira e Alfio Brandenburg), “Desenvolvimento da Lingua-gem Oral e Escrita” (de Maria Regina Maluf e Sandra Regina Kirchner Guimarães), “O Aven-turoso Simplicissimus” (tradu-zido por Mario Luiz Frungillo) e a primeira edição do ano da “Revista da Economia” e lança-mento da edição 33 da publica-ção “Educar em Revista”.

De acordo com o diretor Gil-berto de Castro, ficar atento aos

lançamentos possibilita conhe-cer não só o que se produz de pesquisa científica na institui-ção, mas também de produção cultural. Atualmente com um catálogo de 308 obras, a Editora UFPR oferece uma “amplitude de publicações que refletem os vários universos que a Univer-sidade estuda”.

Ao contrário de uma editora comercial, o objetivo da Edito-ra UFPR é disponibilizar prin-cipalmente interlocução com a sociedade. “Temos que abrir espaço para a cultura e a diver-sidade da pesquisa científica”, diz Gilberto.

No site da editora é possí-vel encontrar livros de diversas áreas — são assuntos que vão do karatê a traduções de clássi-cos, como o “Diário do Beagle”, de autoria de Charles Darwin. “É muito importante que uma editora dentro da Universidade disponibilize o saber científi-co para nossa língua materna”,

Conheça as obras da

Editora UFPR

O Aventuroso Simplicissimus(Outras Letras: Linguística, Literatura e Artes)

Hans Jacob Chrístoffelvon Grimmelshausen.Tradução: Mario Luiz Frungillo

Jamais traduzido para o português, este O aventuroso Simplicissimus é um daqueles grandes clássicos da literatura universal que fazia falta. Nele, Hans Ja-cob Christofell Grimmelshausen (1622-1676) nos fala de um mundo em con-vulsão. Um mundo em guerra onde os indivíduos estão sujeitos a um jogo de forças sustentado pelas diferenças entre classes do Ancien Régime. É um mundo de atrocidades, de fome, de desgraças. Ao mesmo tempo, cria um herói que, como o Quixote de Cervantes, já anuncia um indivíduo cujo valor se desenha para além daquelas distinções de classe. Simplicissimus é um herói que, sujeito aos desmandos que o desamparo impõe, luta com a esperteza, o escasso poder dos fracos, e por isso se converte num pícaro cujas proezas levam o leitor ao riso, mesmo diante de cenas de uma violência brutal. Mas não é só assim esse herói: ele também aprende. Da simplicidade mais radical, aquela que fabrica os ingênuos, os incapazes de perceber o mal, em sua tortuosa trajetória hu-mana ele descobre o mecanismo viciado dos interesses e do arbítrio, que terminará por recusar de forma igualmente radical. E é nessa mistura do picaresco com o romance de formação, gênero que funda, que este livro se converteu numa das maiores obras em prosa do ocidente e um livro vivo e intenso ainda hoje. Uma experiência de leitura de fato inesquecível que finalmente o leitor brasileiro poderá experimentar. (Fonte: editora.ufpr.br)

R$ 67,00

A partir deste mês, o Notícias da UFPR trará a cada edição um resumo das últimas obrasproduzidas dentro da Universidade

defende Gilberto, ao contar que a obra citada ajudou um aluno que não tinha domínio no inglês rebuscado de Darwin para sua pesquisa.

Para adquirir os livros da edi-tora, basta visitar o site e efetu-ar a compra on-line ou ir até as livrarias que se encontram no campus da Reitoria e no Centro Politécnico. Nas livrarias é pos-sível encontrar títulos de outras editoras universitárias também.

Descontos de até 50% po-dem ser conseguidos nos even-

tos que a editora promove, como a Feira de São João e a Feira Universitária, que neste ano aconteceu de 5 a 9 de ou-tubro.

Serviço:Livrarias UFPR: Rua Dr.

Faivre, 405, Ed. D. Pedro II – Térreo, Curitiba – Paraná. Tel.: (41) 3360-5214.

Centro Politécnico – Centro de Convivência, Curitiba – Pa-raná. Tel.: (41) 3361-3632.

www.editora.ufpr.br

Cultura E ExtEnsãO: livrOs

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

[email protected] Hoshiguti

Cultura E ExtEnsãO: FEstival dE invErnO

A retração do mercado brasileiro frente à crise financeira mundial teve

reflexos também nos festivais de cultura promovidos pelas universidades federais. Organi-zadores de festivais como o da Universidade Federal de Mina Gerais (UFMG) em Diamantina e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Ouro Preto e Mariana, ambos em Minas Gerais, assim como o da UFPR em Antonina, sentiram “na pele” os efeitos da crise, tendo que adaptar os eventos com as realidades estabelecidas pelo menor patrocínio.

“Em 2008, oferecemos 854 vagas distribuídas em 49 ofici-nas e uma grade com 107 even-tos. Em 2009, foram 500 vagas em 24 oficinas e 44 eventos. O período de realização também sofreu redução de dois dias. Fi-zemos cortes financeiros e de equipe”, informa Márcia Fonse-ca Rocha, da Diretoria de Ação Cultural da UFMG. Segundo

disse, o trabalho de captação de recursos para o 41º Festival de Inverno da UFMG foi muito ár-duo: “Nosso projeto foi aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, mas não conseguimos nenhum patrocinador que utili-zasse os benefícios dessa Lei”. Mas apesar da redução e de todo o desgaste provocado pelas cir-cunstâncias, ela afirma que se conseguiu fazer uma boa progra-mação.

Logo nas primeiras visitas aos patrocinadores usuais, também o

pró-reitor de Extensão da UFOP, Rodrigo Martoni, sentiu que a captação de recursos para o Fes-tival de Inverno de Ouro Preto e Mariana seria difícil neste ano. “Tivemos uma arrecadação de 30 a 35% menor em relação ao ano passado”, comentou, ao lem-brar que com menos recursos os curadores de áreas e as coorde-nações de rua movimentaram-se para promover um maior núme-ro de atividades de menor custo. E a surpresa foi ver um festival de igual qualidade nas oficinas e

atividades, com pró-labores mais baixos e iniciativa de pessoas que tiveram prazer em colaborar dentro da nova situação posta.

Assim também aconteceu com o Festival da UFPR em An-tonina, que foi reduzido em um dia. As questões orçamentárias obrigaram uma organização em curtíssimo espaço de tempo e com limitações de diversas or-dens. Foi igualmente um evento menor, com oferta de menos ofi-cinas, mas para surpresa de mui-tos aconteceu na sua plenitude. Se a quantidade diminuiu, a qua-lidade prevaleceu e mostrou para a cidade de Antonina e a comu-nidade participante que o maior evento de extensão da UFPR não está consolidado por acaso.

Como neste ano não houve tempo para uma divulgação mais intensa, foi menor o público que geralmente desce a Serra para conhecer o Festival. Houve me-nos gente transitando e menos agitação pelas ruas. O público participante, no entanto, se não foi o suficiente para promover grande movimento na cidade, não deixou de assistir aos va-riados espetáculos, lotando os

Festivais dasFederais sereinventam parasobreviver na criseNa UFPR, questões orçamentárias

impuseram limitações; mesmoassim Festival recebeu públicode mais de 30 mil pessoas eapresentou 36 espetáculos

Após uma semana efervescente, alunos de oficinas tomam conta das ruas de Antonina paramostrar sua produção artística.

Fotos: Manuela Salazar

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Outubro2009

diversos espaços. Com seis dias de duração, o festival apresentou 36 espetáculos para um público estimado de 31.760 pessoas.

Outro fator positivo, desta-cado pelo coordenador geral do evento Guilherme Romanelli: o público foi menor mas também a qualidade da platéia fez a dife-rença. Depois de tantos festivais, Antonina tem uma platéia seleti-va que aprecia bons espetáculos, valoriza e respeita os talentos que lhe são mostrados. Essa qualidade de público fez lotar to-dos os dias os variados espaços utilizados pelo festival, como a Igreja Matriz com os espetáculos acústicos; o Theatro Municipal com as apresentações musicais e cênicas e os shows no Palco Principal. O show de encerra-mento, com a banda Soulution Orchestra, ocorreu na noite fria e chuvosa do último sábado do fes-tival e aí quem fez o diferencial foi a qualidade da apresentação, em que ninguém quis “arredar o pé”, assistindo até a última músi-ca e ainda pedindo bis.

Guilherme Romanelli des-taca que o Festival de Inverno da UFPR em Antonina só pode ser conhecido por alguém que o vivencie. “Uma opinião sólida sobre o festival só tem quem participa dele, quem fica por uma semana, fazendo uma imersão cultural”, pondera. Depois de 18 anos ininterruptos, participar dos festivais de Antonina é para muitos, programa obrigatório nas férias de julho. Muitos jo-vens que cresceram participando das oficinas infantis retornam a Antonina como monitores e até ministrantes. “Quem conhece, sempre participa”, afirma ele.

A professora Giane Fisher, que ministrou oficina de Papel Machê no Festival é um bom exemplo da empolgação que pode “contaminar” uma pessoa que se encanta pela primeira vez com o festival. Ensinou mais do que uma técnica aos oficinan-dos, visitantes ou antoninenses: mostrou um caminho para a pro-dução de um artesanato regional que pode explorar os elementos culturais da região, como o boi de mamão ou elementos da nature-za local, como siris, caranguejos e outros elementos de Antonina. Seu entusiasmo era tal que foi convidada a expor suas ideias em sessão na Câmara Municipal de Antonina.

Entusiastas como Giane sempre agregam novos valores

ao Festival de Inverno. Já foi as-sim com projetos que envolvem até hoje a cerâmica produzida na APAE de Antonina, com técnicas que os artesãos locais aprende-ram em edições anteriores ou ainda com as práticas musicais aprimoradas pela Filarmônica Antoninense. A orquestra pode render um capítulo à parte, como parceira dos festivais. Com 33 anos de fundação, é considerada uma das melhores orquestras do Brasil. Esse bom desempenho se deve também às muitas oficinas de aprimoramento demandadas pelos próprios músicos que, nes-te ano, aperfeiçoaram a prática de Big Band e de Orquestra Sin-fônica. Deram um show no Palco Principal, que encheu de orgulho o povo antoninense.

Festival dos 20 anospromete ser grandeÉ esperada para 2010 uma

edição de um grande festival. O reitor Zaki Akel já adiantou na abertura do 19º Festival que a celebração da data “redonda” será motivo de grandes come-morações. Chegar a vinte edi-ções ininterruptas é algo raro no Brasil e a organização do 20º Festival já está em andamento. Nos próximos meses a Reitoria encaminhará os projetos pela busca de patrocinadores.

Esse apoio da Administra-ção Superior é uma boa notícia para os organizadores do Fes-tival, muitos deles à frente do evento desde a primeira edição, como Lucinha Mion, que este ano atuou como Coordenadora Executiva. Sem a experiência de técnicos como Lucinha e da equi-pe que viabiliza o festival, não ha-veria sucesso a comemorar. Até porque, pelas adversidades en-frentadas neste ano, Romanelli diz que foi um festival “heróico”. Heroísmo atribuído à equipe que trabalhou dia e noite nos dias que antecederam o festival, num es-forço conjunto comparado a um exército pronto para entrar em ação, cada um com sua função definida. A decisão de manter o evento, apesar do pouco patrocí-nio levantado inicialmente e dos patrocinadores que só acenaram positivamente a poucos dias do festival, é explicada pelo coorde-nador: “Seria um impacto muito negativo para todos os envolvi-dos, Antonina e sua comunidade, a Universidade, a região do lito-ral, e todos que apreciam a cultu-ra e o festival”.

RUAS, igreja e teatro servem de palco para as apresentações do Festival

O PÚBLICO lotou os espaços para assistir aos espetáculos

MÚSICOS da Filarmônica Antoninense aprimoram técnicas durante o Festival

O ARTESANATO da região é incentivado e valorizado nas oficinas

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Outubro2009

O professor Renato Lima anda na contramão. Em novembro de 2008, os

desastres ambientais em Santa Catarina fizeram muita gente fugir do estado. Lima fez o ca-minho inverso. Diretor do Cen-tro de Apoio Científico em De-sastres da UFPR (Cenacid), ele procura os desastres, seu cam-po de trabalho. “Nós trabalha-mos dia e noite com o intuito de diminuir o número de vítimas e os prejuízos”, afirma.

Este trabalho rendeu reco-nhecimento internacional. Em 7 de junho, O Cenacid ganhou o Prêmio Estrela Verde (Gre-en Star Award), em Bruxelas, na Bélgica. Foi instituído pela Organização das Nações Uni-das (ONU) e é uma iniciativa que objetiva reconhecer ins-tituições que trabalham para reduzir as consequências de desastres naturais e acidentes ambientais.

Formado em Geologia, o

[email protected]ário Messagi Jr.

professor foi idealizador e cria-dor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvol-vimento da UFPR (Nimad). A preocupação com o meio am-biente o levou a criar o Cenacid.

Há algumas semanas, o pro-fessor retornou a Santa Catari-na. Segundo ele, o sentimento ao voltar para o local do desas-tre é duplo. “Por um lado, me sinto realizado por ter oferecido segurança tanto para as pessoas quanto para a cidade, mas, por outro, alguns moradores ainda estão desalojados, sem saber se podem ou não voltar para casa”, diz.

Leia abaixo os principais tre-chos da entrevista concedida ao Notícias da UFPR.

Notícias da UFPR – Como surgiu a ideia de criar um centro de apoio científico a desastres?

ReNato Lima – Já em 1990 existia um grupo que trabalhava com desenvolvimento sustentá-vel, o Núcleo Interdisciplinar de

EntrEvista: rEnatO lima

‘Desastres sãoresultado daação humana’

Centro de ApoioCientífico emDesastres daUniversidade,dirigido peloprofessorRenato Lima, atua emresposta acatástrofesnaturaisocorridas noBrasil e nomundo

Meio Ambiente e Desenvolvi-mento (Nimad). E eu, na área de geologia, trabalhava com os im-pactos ambientais que ocorriam devido a modificação da socieda-de, que cada vez mais ocupava áreas inadequadas, perigosas, sujeitas a inundações e desliza-mentos.

Então, começamos a nos aproximar dessa área e começa-mos a perceber uma demanda da sociedade nas situações em que ocorriam pequenos acidentes. A professora Raquel Negrelle e eu fomos convidados a participar da equipe de desastres da ONU. Após termos feito alguns cursos internacionais sobre o assun-to, percebemos que tínhamos condições de oferecer conheci-mento científico para diminuir o prejuízo e o sofrimento nos desastres, então, em 2000, cria-mos o Centro de Apoio Científi-co a Desastres (Cenacid).

Notícias – Já existia a pers-pectiva de atender desastres em

Foto: Leonardo Betinelli

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Outubro2009

todo o mundo? Quantos desas-tres o Cenacid já atendeu?

Lima – Inicialmente não. O Cenacid era um centro pensado para o Estado do Paraná, po-dendo talvez trabalhar em outra parte do Brasil, mas principal-mente voltado para o estado. Mas logo no ano seguinte, nós vimos que ele era necessário em outros lugares. Em 2001, o Ministério de Relações Exterio-res fez uma solicitação para que o Cenacid fizesse uma avaliação de risco do terremoto em El Sal-vador, na América Central. Nós deslocamos uma equipe até lá e a partir daí abriu-se um leque que inicialmente nem havía-mos imaginado. Começamos a trabalhar, e a demanda vinha de vários lugares do mundo, princi-palmente na América. Tivemos que nos adaptar à nova situação. O centro não tem uma superes-trutura, são cientistas que estão dando aula ou estão trabalhando

em alguma investigação, quando ocorre um desastre e o Cenacid é acionado, nós verificamos se há a possibilidade de atender e então deslocamos uma equipe.

Eu não tenho o número exa-to, mas nós atendemos em tor-no de 60 acidentes e desastres, a maioria no Brasil, e cerca de 15 no exterior.

Notícias – A equipe que é enviada aos desastres é multi-disciplinar?

Lima – É uma equipe mul-tidisciplinar e que busca uma atuação multidisciplinar. O mí-nimo que nós enviamos são dois cientistas, porque além do custo, muitas vezes não há, no local do desastre, possibilidade de comportar mais gente, como por exemplo, o terremoto no Peru, onde nós tínhamos acerta-do uma equipe de três cientistas com as Nações Unidas, mas na

hora de viajar, o pessoal que es-tava em campo nos avisou que não havia como acomodar três pesquisadores, então nós tive-mos que deslocar uma equipe com duas pessoas, mas nunca deslocamos apenas uma pessoa. É sempre uma equipe, é sempre multidisciplinar e a abordagem é interdisciplinar.

Notícias – Além da atuação depois do desastre ter ocorrido, existe alguma ação preventiva?

Lima – O Cenacid foi imagi-nado para atuar especialmente na resposta aos desastres. Nós estudamos os processos peri-gosos, fazemos mapas de risco, que são como mapas prévios, tudo isso como consequência da aprendizagem e como uma con-tribuição para a sociedade, mas o nosso foco é a resposta.

Eu acho que é o entendimen-to equivocado de algumas auto-ridades, tanto no Brasil quanto em outros países, que imaginam

que a defesa civil deve estar fo-cada na prevenção. O governo e a sociedade devem estar foca-dos na prevenção, mas a defesa civil na resposta, porque se todo mundo estiver focado na pre-venção, quando acontecer um acidente quem vai estar prepa-rado para atender ao desastre? Nós trabalhamos com parte da prevenção e redução dos prejuí-zos que esses acidentes trazem, mas com o objetivo de melhor responder aos desastres.

Notícias – Ganhar o prêmio facilitou o trabalho com a pes-quisa? Facilitou, por exemplo, a captação de recurso para firmar parcerias?

Lima – Nós acabamos de re-ceber o prêmio, ainda estamos na fase de comemoração. Mas, sem dúvida nenhuma, abriu um conjunto enorme de novas por-tas, tanto para o Cenacid quanto

para a Universidade, que hoje é reconhecida como uma institui-ção que contribui para as respos-tas da sociedade do mundo intei-ro. Nós não nos damos conta de que podemos ajudar a melhorar o mundo, mas se trabalharmos em questões que têm importân-cia para a sociedade, acabamos contribuindo para a mudança do mundo. Hoje, eu vejo com satisfação que temos possibili-dade de interferir nas coisas que acontecem no planeta, não so-mos alienados das grandes de-cisões do mundo, temos opinião para dar, capacitação a oferecer, experiências importantes para intercambiar com entidades in-ternacionais.

Nós recebemos 15 propostas de cooperação desde que fomos premiados e faz apenas um mês. Todo mundo quer ser parceiro do Cenacid. Recebemos propostas da Holanda, dos EUA, da Coreia, da Colômbia, do Peru, da Nica-

rágua, não estamos conseguindo dar conta das oportunidades que estão sendo apresentadas.

As Nações Unidas convi-daram o Cenacid para sediar o próximo curso de resposta am-biental a grandes desastres. O primeiro curso aberto vai ser oferecido aqui, na Universidade Federal do Paraná. O Cenacid e a UFPR estão na documentação oficial da ONU. Para a Universi-dade isso é um salto.

Notícias – Você tem medo que o Cenacid seja cada vez mais necessário?

Lima – Eu não tenho medo, mas tenho essa expectativa. Infelizmente o número de de-sastres aumentou. De um lado porque fazemos o discurso do desenvolvimento sustentável, mas praticamos o desenvolvi-mento não sustentável, do outro lado o aumento da população

global gera novas situações de perigo e estamos aí nos defron-tando com as mudanças climá-ticas, porque se efetivamente essas mudanças chegarem com a violência que alguns estimam, o tipo de desastre que afeta cada região irá mudar. Uma região que sempre foi afetada pela seca, pode ser afetada por furacões. Como vemos hoje, alguns fenô-menos que não ocorriam há al-guns anos já estão acontecendo. Mas ainda não temos o histórico científico suficiente para dizer que isso que está acontecendo escapa da normalidade e já são consequências das mudanças de clima causadas pelo homem.

Notícias – Até que ponto a ciência deve se propor a res-ponder problemas urgentes da sociedade e como que ela pode fazer isso preservando, ao mes-mo tempo, a pesquisa teórica?

Lima – Eu acho que as duas versões existem e uma sustenta

a outra. Se nos dedicássemos ex-clusivamente a produzir ciência básica, sem estarmos preocupa-dos com a utilidade dessa ciência pela sociedade, duas coisas acon-teceriam: nós iríamos perder o apoio da sociedade, já que não haveria um retorno, e também deixaríamos de ter clientes alu-nos, porque os alunos vêm para a universidade com a expecta-tiva de conseguir um emprego, de fazer uma carreira. Eu acho que o desafio da Universidade está em trabalhar nessas duas linhas de forma a inovar e dispo-nibilizar o conhecimento novo que ela produz para o benefício da sociedade, especialmente em um país como o Brasil, com uma população pobre, que necessita de melhoria da condição de vida, é importante que a universidade esteja próxima da população.

(Colaborou Dalane Santos.)

“Hoje eu vejo com satisfação que temos possibilidade de interferir nas coisas que acontecem no planeta, temos opinião para dar, capacitação a oferecer,

experiências importantes para intercambiar com entidades internacionais.”

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Outubro2009Outubro2009

[email protected] Meirelles

Movida pelas paixões e ideais, Maria Dativa Salles Gonçalves é

daquelas pessoas que se emo-cionam facilmente. Pedagoga e defensora ferrenha do en-sino público, foi indicada este ano ao Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, promovido pela Câmara Federal, que premia personalidades relevantes no setor. Mas com o que ela se emociona mesmo é a medalha que ganhou como Aluna Des-taque da Universidade Federal de Minas Gerais, uma premia-ção para profissionais que cur-saram a instituição e que fa-zem a diferença em suas áreas. Entre lágrimas, conta: “fui in-dicada pelo departamento em que estudei e meu nome está gravado no totem em frente à Universidade. Sabe o que é isso? É o reconhecimento por uma vida de trabalho”, comple-ta a mineira de Itajubá.

Para o professor Odilon Carlos Nunes, do Departa-

mento de Planejamento e Ad-ministração Escolar da UFPR, a indicação de Maria Dativa ao prêmio Darcy Ribeiro foi exemplar. “Ela é o nome mais expressivo da educação no Paraná nas últimas décadas. Além das diversas atividades que exerceu na criação do Fó-rum Paranaense em Defesa da Escola Pública e no Conselho Estadual de Educação, é um exemplo de intelectual crítica e engajada”, resume o profes-sor.

História e escolhaIdealista, Maria Dativa diz

que é fruto de sua história e suas escolhas. A Escola Nor-mal, por exemplo, está na base de suas crenças. “Estudei na melhor escola pública da época em Belo Horizonte, o Instituto de Educação de Minas Gerais”. Aos 16, 17 anos, militava na Juventude Universitária Cató-lica. “Sou um produto legítimo da década de 60”, define. Por

isso mesmo, não fugiu de pres-tar contas ao governo militar. Não chegou a ser presa, mas respondeu a dois inquéritos. Em 1968, casou-se e veio para Curitiba, onde passou a atuar como professora, primeiro na universidade católica, depois, em 1970, na Federal, de onde só se ausentou para fazer mes-trado e doutorado em São Pau-lo.

Foi no Paraná que a pro-fessora construiu uma rede sólida de amizades. Desse rol faz parte a professora Acácia Zeneida Kuenzer, a quem cha-ma carinhosamente de “aluna-mestra”. Num círculo de vida acadêmica, Acácia foi aluna de Maria Dativa na graduação em Pedagogia e depois, orientado-ra do doutorado da sua antiga professora. Foi uma amizade que começou logo que se co-nheceram. “Lembro como se fosse hoje, quando fui pela primeira vez almoçar em seu apartamento. Estudante mo-rando em pensionato, aquele convívio foi para mim o sen-tir-se em casa... Sinto ainda o cheirinho de feijão com couve bem fininha, como só mineiro dá conta de fazer!”, relembra Acácia.

Como Conselheira e de-pois presidente do Conselho Estadual de Educação no Pa-raná, Maria Dativa colocou em prática os princípios que sempre pautaram suas ações. Ao aposentar-se da UFPR, em 2006, continuou viajando pelo Paraná e pelo Brasil fazendo

palestras voltadas à formação de professores.

Na vida privada, Maria Dativa só tem a comemorar. O marido, José Gonçalves Neto, também ex-professor da UFPR, é seu companheiro há 41 anos. Os três filhos já lhe deram quatro netos. Entre pães-de-queijo feitos à moda mineira, ela revela os planos para o futuro: continuar com uma vida intelectual ativa, trocando conhecimento com outros profissionais. “Minhas opções não me permitem ne-gar a participação em qualquer evento que venha a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino público”, diz.

Cheia de entusiasmo, mos-tra também o livro que acabou de resenhar para a revista da Fundação Carlos Chagas, “His-tória das ideias pedagógicas no Brasil”, de Demerval Saviani. “Fui convidada para a resenha pelo próprio autor”, revela, sorrindo. Com a mesma en-trega, Maria Dativa faz de cada atividade uma oportunidade para refletir e questionar. Essa convivência se traduz em bons momentos, cada um deles uma peça do mosaico de uma vida feliz.

A intelectualem defesa daescola pública

Minhas opções não me permitem negara participação em

qualquer evento que venha a contribuir

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pErFil: maria dativa

Fotos: Manuela Salazar