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  • 7/25/2019 Informativo - IPEF Notcias - Junho/2010

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    IPEF Notcias - Maio/Junho de 2010

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    Austrlia: Viagem ao pas chega ao fime resulta em valiosa experincia

    A equipe que participou da viagem Austrlia, promovida pelo IPEF, retornou aoBrasil no ltimo dia 13 de junho, aps duassemanas de contato com as mais variadasespcies de eucalipto.

    Foi possvel constatar que a vegetaodo pas caracterizada pela diferenciaoque decorre das mudanas edafoclimticasocorridas em curta distncia, em razo doafastamento da costa e pela altitude. O lito-ral norte da Austrlia foi o primeiro pontovisitado. A regio de Cairns, no estado deQueensland, apresenta zonas climticas quese alteram em poucos quilmetros. Algunsdesses pontos apresentam condies

    semelhantes s do Nordeste brasileiro,com ndice pluviomtrico baixo. No local,entre outras espcies, h ocorrncia doEucalyptus crebra, recentemente importadopela Embrapa para introduo no Brasil, quesurpreendeu pelo bom desenvolvimentoem condies de solos rasos e zonas secas.O Corymbia intermediatambm chamou aateno pela plasticidade e qualidade damadeira, sendo semelhante a do Eucalyptuscitriodora, de uso mltiplo. Ainda na partenorte, tivemos contato com o E. camaldu-

    lensis e E. cloeziana, e pudemos confirmar aversatilidade dessas duas espcies, destacouIsrael Gomes Vieira, um dos representantesdo IPEF na visita.

    Ao norte de Queensland, o grupo passou

    ainda pelas regies de Atherton, Kuranda,

    Mareeba, Dimbulah, Ravenshoe, Herber-

    ton e Koombooloomba, tendo contato

    com espcies como Eucalyptus tereticornis,

    E. alba, E. pellita, E. reducta, E. resinifera,

    Corymbia torelliana, C. clarksoniana, etc.

    Seguindo para o sudeste de Queensland,

    a equipe chegou regio de Gympie,

    que apresenta condies semelhantes sdo Sudeste do Brasil. Entre as espcies

    observadas esto o Eucalyptus longirostrata,

    E. acmenoidese E. siderophloia.

    O destaque ficou por conta da ocorrn-cia de Eucalyptus grandis, que tanto ao sulde Queensland quanto na regio de CoffsHarbour, no estado de New South Wales, seadapta em altitudes que variam do nvel domar a at 600 m, ocorrendo tanto em zonasquentes quanto em regies que chegam aregistrar 60 geadas por ano, demonstrandoa tolerncia da espcie.

    No estado de New South Wales, ob-servou-se a ocorrncia de materiais comoEucalyptus major,E. saligna, E. pilularis, E.propinqua, E. paniculata, na regio de Coffs

    Harbour. J a regio de Grafton apresentaespcies como Eucalyptus moluccana, E.racemosa, E. henryi.

    A viagem foi finalizada ao sul da Aus-

    trl ia , nas regies de Melbourne, no

    estado de Victria, Camberra e Sydnei,

    em New South Wales, com a observao

    de espcies como Eucalyptus benthamii, E.

    globuluse E. regnans.

    Paulo Henrique Muller da Silva, quetambm representou o IPEF na viagem,considera que alm do material gentico,

    foi possvel conhecer mais sobre a ecologiado pas e entender a interao das espcies

    com o ambiente e com outras espcies do

    gnero, um conhecimento importante dentro

    da silvicultura, em especial na rea de manejo

    e melhoramento.Alm das reas naturais, foram visitadas

    algumas iniciativas de florestas plantadaspertencentes a institutos e universidades,incluindo pomares e reas de produode sementes. Essa parte do roteiro incluiureas do QDPI (Queensland Depart-ment of Primary Industries) e do CSIRO

    (Commonwealth Scientific and IndustrialResearch Organisation).

    Houve ainda um contato com o meioacadmico da Austrlia. Na Sunshine CoastUniversity, em Maroochydore, o grupoassistiu a um seminrio ministrado porDavid Lee; e na University of Melbourne,em Creswick, o Prof. Gerd Bassinger esua equipe apresentaram os trabalhos depesquisa desenvolvidos.

    Eduardo Pinheiro Henriques, da Arce-lorMittal, enfatiza a importncia de visitastcnicas como esta terra do eucalipto: Nopassado, fomos Austrlia buscar o eucalipto

    com foco na produtividade. Nesta viagem, a

    busca foi por materiais complementares que

    pudessem incorporar qualidade aos trabalhos

    que j temos.A riqueza das paisagens includas no ro-

    teiro da viagem surpreendeu o engenheiroRildo Moreira. Eu no esperava toda essadiversidade. Pudemos visualizar a ocorrncia

    do eucalipto em diferentes climas: de chuva

    intensa a regies secas. Destaco os esforos

    dos pesquisadores que antecederam a gerao

    atual. Foi um trabalho sequencial: primeiros

    dos que introduziram o eucalipto no Brasil e

    depois dos que selecionaram e se engajaram

    em seu melhoramento.

    J no Brasil, os esforos esto sendoconcentrados no levantamento de todas asespcies observadas nas regies australia-nas, detalhando suas procedncias de modoa considerar no s a regio de ocorrncia,mas tambm as condies em que estolocalizadas. Com essa amostragem dasespcies ideais por zona, espera-se identi-ficar as necessidades para a importao dematerial gentico.

    Todo o percurso foi orientado peloaustraliano David Kleinig, pesquisadorespecializado em eucalipto. Participaram da

    experincia pesquisadores de universidades erepresentantes de empresas do setor flores-

    tal: os professores Edson Seizo Mori, MrioLuiz Teixeira de Moraes e Rinaldo Csar dePaula, da Unesp, o engenheiro Rildo Moreira,da Esalq, Eduardo Pinheiro Henriques(ArcelorMittal), Silas Zen (Bahia SpecialtyCellulose), Antonio Rosado (Cenibra), AlexPassos dos Santos e Richard Jos Respon-dovesk (Conpacel), Raul Chaves (Duratex),Fernando Bertolucci e Aurlio Aguiar (Fibria),e Mrio Cesar Gomes Ladeira e Joo Leite de

    Souza (Papeles Venezolanos C.A.).A equipe contou ainda com a presenado jornalista Paulo Cardoso, do PainelFlorestal, que est produzindo uma srie dereportagens sobre a experincia, a seremincludas em um DVD especial, intituladoAustrlia, a terra do eucalipto.

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    Estao Experimental de Itatinga recebe a equipe IPEFAcostumados a associar as Estaes

    Experimentais da Esalq apenas aos expe-rimentos dos programas cooperativos doIPEF e aos eventos de confraternizao, os

    funcionrios do Instituto puderam conhecera Estao de Itatinga por um ngulo diferen-te. No dia 14 de maio, o tradicional passeioanual que une colaboradores e estagiriosdo IPEF e do Departamento de CinciasFlorestais da Esalq foi realizado na Estao,localizada a 180 km de Piracicaba, no muni-cpio de Itatinga, regio de Botucatu.

    Todos os esforos que culminaram natransferncia do terreno do Horto Florestalde Itatinga para a USP foram relembradosna abertura da visita, numa explanaodo Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo.Eles se iniciaram em 1974, quando o Prof.Helldio do Amaral Mello, ento Chefedo Departamento de Silvicultura da Esalq,props reitoria da USP a incorporao doHorto. Na poca, o terreno era administra-do pela Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA). Oobjetivo, hoje concretizado, era preservar area e incorpor-la a programas de ensino,pesquisa e extenso universitria. Doprojeto de lei que determinava a doaodo Horto, passando pela sua publicao noDirio Oficial do Estado, em 1978, at ser

    lavrada a escritura que oficializava a doaodos 2.200 hectares, em 1988, foram maisde 10 anos. Todo o processo contou comgrande empenho por parte da Reitoriada USP, Diretoria e Prefeitura da Esalq,professores do Departamento de CinciasFlorestais e de alguns apoiadores polticos.Andria Maria Artuso Antonini, responsvelpela rea de Recursos Humanos do IPEF,falou sobre essa exposio histrica. Foiinteressante entender que, por trs do vnculo

    que a USP tem com o Horto, existem pessoas

    que lutaram por essa conquista.

    Dando sequncia ao encontro, o enge-nheiro Rildo Moreira e Moreira, realizouuma apresentao institucional da EstaoExperimental de Itatinga, com foco nos tra-balhos atuais, servios prestados, estruturatcnica e administrativa. Moreira exps queos trabalhos realizados no local atendem demanda universitria, j que incluem aslinhas de ensino, atravs da promoo deestgios; extenso, por meios de visitastcnicas, cursos e eventos, promovidosem parceria com o IPEF; alm da linhade pesquisa. Esta ltima engloba noveiniciativas principais, seis delas realizadascom a participao direta do IPEF, atravs

    dos seus programas cooperativos.Depois das apresentaes, a parte

    prtica da visita foi iniciada. Os funcionriosforam guiados pela trilha ecolgica, quesaiu do centro de visitantes, passando pelotalho de mata nativa e pela cachoeira doHorto. Paulo Srgio Beraldo, funcionriodo Setor de Atendimento da Biblioteca doIPEF, destaca as mudanas notadas desdea ltima visita Estao. Percebe-se que ainfra-estrutura foi melhorada e que o lugar

    passou por apr imoramento para receber

    visitas tcnicas. As instalaes do centro de

    visitantes e a colocao da ponte na cachoeira

    so exemplos.Valquiria Ferraz, que atua no Atendi-

    mento do Setor de Sementes e Mudas,

    tambm enfatiza as mudanas ocorridas

    no local: A estao est mais bonita no

    que se refere infra-estrutura. O passeio

    foi muito proveitoso, parabenizo a equipe

    de Itatinga pela recepo e pelo cuidado nas

    explicaes tcnicas.

    Para encerrar, foi possvel conhecer deperto a Torre de Fluxo, que est localizadanuma rea da empresa Duratex, na FazendaAmericana. O experimento, que est ligadoao programa EUCFLUX, visa monitorar

    o balano de carbono, gua, energia e nu-trientes numa rea de florestas de eucalipto.O tcnico responsvel pelas medies,der Araujo da Silva, da Floragro, explicouo funcionamento da Torre, bem como ametodologia de subida dos equipamentosconforme o crescimento da floresta.

    Aline Formaggio de Oliveira, que atuano Setor de Eventos do IPEF, afirma quea oportunidade de ver e saber mais sobre aTorre de Fluxo foi interessante. No dia a dia,

    sempre ouvimos falar, vemos fotos, mas nunca

    observamos realmente. Durante a visita,foi possvel ainda conhecer um pouco mais

    sobre as variedades de espcies presentes

    na Estao. O grau de confraternizao

    atingido em eventos como esse fantstico,complementa.

    Patrimnio naturalA Estao Experimental de Cincias

    Florestais de Itatinga possui 2.200 hecta-res, que englobam reas de preservaopermanente, de conservao e uma redeexperimental. O local um dos mais

    importantes em termos de patrimniogentico nacional de Eucalyptus saligna. Ofoco dos projetos realizados em Itatingaso as pesquisas florestais, que envolvemos alunos dos cursos de graduao e ps-graduao da Esalq.

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    Zez Zakia comenta estratgias de ao do PCSN para este anoTrs meses aps seu lanamento, em

    abril, o Programa Cooperativo de Silvicul-tura de Nativas (PCSN) j determinou linhasde pesquisa e de desenvolvimento para este

    ano, e comea a preparar suas aes. Narea de pesquisa, o foco ser a recuperaoflorestal e a silvicultura de espcies nativas,com objetivo econmico e manejo de paisa-gem. Programas de capacitao, formaoem comunicao e participao nas discus-ses de questes legais e polticas pblicasformam as linhas de desenvolvimento paraos prximos meses.

    Em breve, o PCSN ter sua primeirapublicao cientfica. A equipe est discutindoa verso preliminar de um trabalho relacio-nado homologao de viveiros florestais doponto de vista da legislao e da segurana do

    trabalho. O estudo inclui ainda os cuidadosnecessrios em termos de base gentica e

    transferncia de material gentico.Outro projeto j em andamento o

    de elaborao de inventrio e controle de

    custos para a implantao e manuteno

    de florestas nativas. A ideia adaptar

    metodologias j existentes na silvicultura

    tradicional para a silvicultura de nativas.

    Os procedimentos j empregados pelas

    associadas sero controlados para que se

    chegue a estratgias de melhoria. A meta reduzir em pelo menos 30% o custo da

    recuperao e restaurao, explica Maria

    Jos Brito Zakia, coordenadora geral do

    PCSN. Esse projeto deve ser iniciado em

    agosto e contar com o apoio da Inflor Ma-

    nagement & Analytics (IMA), especializada

    nos processos de gesto e de suporte s

    decises do segmento florestal.

    As empresas associadas ao PCSN jpossuem experincias importantes noque diz respeito conservao da mata

    nativa. O programa pretende fazer umlevantamento desses esforos e associar asilvicultura nos processos. A restauraoj tem forte ligao com a ecologia e com a

    biologia, isso importante, mas a silvicultura

    tambm parte essencial. Iremos usar a

    cincia florestal aplicada ao crescimento das

    nativas, afirma Zez Zakia.A coordenadoria cientf ica do PCSN

    tem um diferencial em relao aos outrosprogramas cooperativos do IPEF: trata-sede um Conselho Consultivo, formado porpesquisadores e professores de diferentes

    instituies. O grupo j conta com osprofessores Flvio B. Gandara, da Esalq/USP, e Vera Lex Engel, da Unesp/Botucatu,alm dos pesquisadores Giselda Durigan,do Instituto Florestal de Assis, e PauloValadares, do Projeto Corredor Ecolgico

    do Vale do Paraba. O Instituto Hrus deDesenvolvimento e Conservao Ambientalnegocia sua entrada no Conselho.

    Atualmente, nove empresas florestais

    formam o quadro de associadas do PCSN:ArcelorMittal BioEnergia, Consrcio Paulis-ta de Papel e Celulose, Copener Florestal,Fibria Celulose, Klabin, Lwarcel Celulose,Suzano Papel e Celulose, V&M Florestal eVeracel Celulose.

    Comunicao eSustentabilidade

    O PCSN tem uma proposta de capaci-tao e interao bastante forte e planejaampliar a divulgao dos conhecimentosgerados em suas pesquisas, tanto para asociedade quanto para os rgos ambien-

    tais. A primeira iniciativa nessa linha umprograma de capacitao voltado paraprofissionais de comunicao e assessoresde imprensa que atuam na rea florestal.Denominado Facilitando a Comunicao,o programa formado por uma srie deeventos que trataro os temas: legislao,restaurao florestal, uso mltiplo dasflorestas e sua funo social, e espciesinvasoras. Toda a terminologia que envolvea rea florestal ser esclarecida atravs deuma linguagem acessvel. Essas pessoas tm

    sido chamadas a noticiar sobre as florestas etemos percebido na mdia e nas assessorias

    das empresas e ONGs uma srie de dificulda-

    des em relao aos conceitos ligados rea. A

    ideia ajudar nesta compreenso, esclarecea coordenadora do PCSN.

    A primeira da srie de palestras vaiabordar o Cdigo Florestal Brasileiro doponto de vista histrico e das alteraespropostas. Cabe destacar a participaoda jornalista ambiental Maria Zulmira deSouza, uma das criadoras do Reprter Ecoda TV Cultura, que falar sobre o papel da

    comunicao na sustentabilidade.Zez Zakia ressalta a importncia desses

    profissionais para a promoo do debatepblico, visto que o meio ambiente e asquestes florestais j entraram na pautado dia a dia. Nas questes que tratam de

    bens pblicos, como o meio ambiente, um

    ponto fundamental para a participao a

    informao, diz.

    Cdigo FlorestalNo incio de junho, o deputado federalAldo Rebelo (PC do B), relator da ComissoEspecial do Cdigo Florestal na Cmara,apresentou o relatrio final que propemudanas no Cdigo Florestal Brasileiro.

    Considerando que o relatrio traz avan-os importantes, Zez Zakia destaca queo texto explicita muitos conceitos tcnicosque no esto claros no Cdigo atual e que,ao atribuir tratamento diferenciado parapequenas propriedades, o projeto se apre-senta mais alinhado realidade rural e podeajudar nos trabalhos de fomento florestalenvolvendo pequenas propriedades.

    Um dos pontos mais polmicos dorelatrio foi a diminuio dos limites dasAPPs de 30 metros (previstos no Cdigoatual) para 15 metros, no caso de rios commenos de cinco metros de largura. Comotcnica, no fico confortvel, mas sou capaz

    de compreender, diz.A consultora ambiental sugere alguns

    pontos de aperfeioamento, como aumen-

    to da proteo nas encostas, de 45 para

    37 graus, maior detalhamento do planode zoneamento ecolgico econmico

    e diminuio do prazo de 30 anos que

    o produtor teria para recompor reas

    desmatadas. Ela ainda discorda da data de

    corte usada na proposta de desobrigar os

    produtores que desmataram APPs de re-

    cuperar essas reas, que o ano de 2008.

    Para Zez, a base deveria estar entre 1989,

    quando o desmatamento deixa de ser

    incentivado no pas, ou em 2001, ano em

    que foi aprovada a emenda constitucional

    32 que validou a Medida Provisria quemodificava o Cdigo Florestal.

    Perguntada se as possveis mudanasno Cdigo Florestal freariam, quando emvigor, o empenho das empresas em relao restaurao florestal, Zez enfatiza: Vaiser o momento de descobrir quais empresas

    realmente fazem gesto ambiental e quais s

    cumprem a lei. Mas tenho muita confiana no

    setor florestal, principalmente nas grandes

    empresas verticalizadas. Ela esclarece aindaque para estas companhias a conservao dabiodiversidade vai muito alm do cumpri-

    mento da lei, j que a maioria delas possuemcertificao florestal, onde o cumprimentolegal s uma parte mnima. No h comoser uma empresa responsvel e desconsiderar

    a biodiversidade. No vejo como o novo cdigo

    pode alterar isso, afirma.

    No h como

    ser uma empresa

    responsvel e

    desconsiderara biodiversidade

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    Estudos do PROMAB ajudam acompor livro sobre gua e silvicultura

    A re lao entre plantaesflorestais e a gua do ponto de vistahistrico, da fundamentao cient-fica, assim como da necessidade dese incorporar a conservao da guanas prticas de manejo. Todos essespontos so abordados na publicaoA Silvicultura e a gua: Cincia,Dogmas, Desafios, de autoria doprofessor aposentado Walter dePaula Lima, do Departamento deCincias Florestais, da Esalq/USP, e

    vice-diretor executivo do IPEF.A publicao foi lanada pelo

    Dilogo Florestal, em cerimnia

    no ltimo dia 17 de junho, em SoPaulo. O Dilogo rene empresasflorestais, organizaes ambienta-listas e pesquisadores. Sua atuaoabrange sete fruns regionais Fluminense, Bahia, Paran e SantaCatarina, Rio Grande do Sul, MinasGerais, Esprito Santo e So Paulo.E foi durante as reunies realizadasnestes fruns regionais que surgiua demanda pelo tema abordado no livro.Em razo disto, o assunto em questo

    inaugura a srie de publicaes Cadernosdo Dilogo.A relao entre as plantaes florestais

    e a gua vem sendo alvo de inmeras

    pesquisas no mundo todo, j que existe

    a ideia mtica de que plantaes homog-

    neas de rvores como eucalipto e pinus

    prejudicam os recursos hdricos. No

    existe absolutamente nenhuma evidncia

    cientfica que indique incompatibilidade entre

    plantaes florestais e gua, tanto do ponto

    de vista do consumo quanto da qualidade,

    elucida o Prof. Lima.

    A publicao pode ser dividida em duaspartes principais. Primeiramente, apresenta asperspectivas histricas relacionadas gua, suarelao com a floresta e os fundamentos cien-tficos j esclarecidos pelos diversos estudosneste sentido. Essa parte inclui uma exposiodo autor sobre o mito criado em torno doeucalipto, segundo o qual a espcie secaria osolo. Nesse ponto, Lima enfatiza que no so consumo de gua pelo eucalipto no diferede outras espcies florestais, mas tambm que

    existem vrias outras aes do homem quetambm tm efeitos sobre a gua.

    Em um segundo momento, o textoapresenta rica contribuio silvicultura, aodetalhar formas de se incorporar os objetivosde conservao da gua nas prticas demanejo. Neste ponto, os experimentos rea-lizados e os dados obtidos pelo Programa deMonitoramento Ambiental em Microbacias(PROMAB) nos ltimos 20 anos contribuempara enriquecer a abordagem. possvelavaliar que os resultados que estamos obtendono PROMAB so muitos coerentes com os queexistem na literatura mundial. Eles mostramclaramente que a integrao entre a conserva-o da gua e o manejo possvel, comeando,por exemplo, pela avaliao prvia das diferentescondies naturais de disponibilidade de gua,que varia regionalmente. preciso alcanar umequilbrio entre produtividade florestal e impactohidrolgico, afirma o Prof. Lima.

    A publicao no tem carter alar-mista, mas sim o objetivo de oferecerpossibilidades para contornar eventuaisconflitos e impactos biolgicos no manejode plantaes florestais, levando em conta

    os fatores hidrolgicos e resguar-dando seu objetivo principal, que a produtividade.

    Entre as concluses apresen-tadas, o Prof. Lima destaca quea atual crise da gua fruto deinmeras alteraes causadaspelo homem na paisagem e noapenas da expanso das plantaesflorestais, e que, em razo disso, asociedade tem papel importante,na medida em que a soluo nodepende apenas da cincia, mastambm de uma mudana culturalque passe a priorizar as respon-

    sabilidades individuais para com aconservao da gua.

    A publicao A Silvicultura ea gua: cincia, dogmas, desafiospossui 64 pginas ilustradas porfotografias, grficos e tabelas queembasam a argumentao. A ver-so digitalizada pode ser baixadagratui tamente no site do IPEF,pelo endereo www.ipef.br, e

    tambm na pgina do Dilogo Florestal,www.dialogoflorestal.org.br.

    Sobre o Dilogo FlorestalO grupo Dilogo Florestal foi baseado na

    iniciativa internacional The Forests Dialogue(TFD), promovida pelo Conselho EmpresarialMundial para o Desenvolvimento Sustentvele pelo World Resources Institute. O TFDconta com a adeso de grandes empresas dosetor florestal mundial, organizaes ambien-talistas, pesquisadores das cincias ambientaise representantes de movimentos sociais. Em2003, quando o grupo promoveu um encon-tro na Bahia sob o tema biodiversidade,

    surgiu entre os participantes brasileiros a ideiade implantar uma iniciativa similar no pas. Oprimeiro encontro do Dilogo Florestal paraa Mata Atlntica aconteceu em 2005, no Riode Janeiro.

    Sua atuao engloba a Mata Atlntica, osPampas e o Cerrado e rene empresas dosetor florestal e organizaes ambientalistascom vistas a promover aes conjuntas eeconomicamente viveis para a conservaodo meio ambiente.

    Viso geral da unidade IPEF MA em maio de 2010

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    Esalq recebe membros do Forest Nutrition CooperativeUm grupo de pesquisadores e asso-

    ciados da Forest Nutrition Cooperative(FNC) participaram de um evento naEsalq/USP no ltimo dia 25 de maio, como

    parte de uma viagem tcnica que visou ocontato com instituies de pesquisa eplantaes florestais do Brasil. Na ocasio,o Departamento de Cincias Florestais(LCF) e o IPEF organizaram apresen-taes e debates entre os visitantes eprofessores da Esalq.

    A Forest Nutrition Cooperative con-grega as universidades North CarolinaState University, Virginia PolytechnicInstitute and State University e Univer-sidad de Concepcin, e dirigida pelosprofessores Jose Luiz Stape, Thomas Fox eRafael Rubilar. Participaram do encontro 35pessoas, entre elas os trs pesquisadorese representantes de empresas do setorflorestal associadas FNC.

    A abertura do evento foi comandadapelos professores Walter de Paula Limae Jos Leonardo de Moraes Gonalves,com apresentaes institucionais sobre oIPEF e o LCF, respectivamente. O cursode Engenharia Florestal da Esalq foi apre-sentado aos americanos pelo professorFernando Seixas, e o de ps-graduao

    em Recursos Florestais, pelo professorMario Tomazello Filho.

    Na sequncia, seguiram-se ex-posies sobre temas ligados rea

    florestal, tais como Monitoring andmanagement of watersheds coveredwith forest plantations, pelo professorSilvio Frosini de Barros Ferraz, que falou

    sobre a questo de gerenciar baciashidrogrficas cobertas com plantaesflorestais; e Eucalyptus and Pine planta-tions in Brazil expected costs and netreturns, sobre os provveis custos elucros lquidos com o investimento nasculturas de eucalipto e pinus no Brasil,assunto debatido pelo professor LuizCarlos Estraviz Rodriguez.

    As polticas nacionais e estaduais de

    reflorestamento foi outro ponto destacado

    no evento, atravs do engenheiro Pieter

    Willem Prange, assim como o uso da ma-

    deira de eucalipto na indstria moveleira,

    pelo pesquisador Reinaldo Herrero Ponce.

    Jean-Paul Laclau e Yann Nouvellon, doCIRAD, por sua vez, ministraram palestra

    sobre o balano de carbono e gua do

    Projeto EUCFLUX.

    A Estao Experimental de Cincias

    Florestais da Esalq, em Itatinga, foi o

    prximo destino da comitiva, que seguiu

    realizando visitas a outras instituies e

    empresas florestais at o dia 29 de maio. A

    viagem tcnica ao Brasil teve incio no dia

    17 do mesmo ms.

    Projeto de doutorando francs realizado emparceria com a Esalq recebe prmio internacional

    O mais importante evento mundialdo setor de biomassa premiou, na ltimaedio, o doutorando Floran Pierre, da

    instituio francesa AgroParisTech, quedurante dois meses desenvolveu partede sua tese no Laboratrio de Qumica,Celulose e Energia da Esalq/USP (LQCE),

    sob a superviso do Prof. Jos OtvioBrito. Trata-se da 18 European BiomassConference and Exhibition (European

    BC&E), congresso cientfico internacionalna rea de biomassa que engloba tambmuma exposio industrial, que ocorreuentre 3 e 7 de maio, em Lyon, Frana, reu-

    nindo cerca de 1.500participantes de maisde 70 pases.

    Pierre foi premia-do pela apresentao

    visual Torrefactionof Biomass for EnergyPurpose: Grindabi-lity Behaviour, que

    mostrou os primeirosresultados de sua tesede doutorado. O temaest no contexto doProjeto tude Techno-logique du Traitement

    Thermique en Vue de la Valorisationnergtique des Rsidus Gnrs par leSecteur Forestier, realizado dentro do

    acordo de cooperao Capes/Cofecub,mantido entre Brasil e Frana. Coorde-nados pelos professores Brito (Esalq) ePatrick Perr (AgroParisTech), os projetosnessa linha visam a valorizao energticade diversos tipos de biomassa atravs doprocesso de torrefao.

    Durante o estgio na Esalq, entresetembro e novembro de 2008, Pierreefetuou anlises a fim de esclarecer as mu-danas qumicas que ocorrem na biomassacausadas pelo processo de torrefao,buscando compreender as propriedades

    mecnicas deste material. Uma daspropostas de sua tese a concepo deum equipamento que permita a medidada moagem da biomassa e o estudo damorfologia da ruptura dos materiaisatravs de uma cmera rpida.

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    IPEF Notcias - Maio/Junho de 2010

    Notcias

    Publicao do Instituto

    de Pesquisas e Estudos

    Florestais IPEF,

    em parceria com o

    Departamento de Cincias

    Florestais da Escola Superior

    de Agricultura Luiz de

    Queiroz.

    Instituto de Pesquisas eEstudos Florestais - IPEFPresidente

    Armando Jos Storni SantiagoVice-Presidente

    Germano Aguiar VieiraDiretor Executivo

    Luiz Ernesto George BarricheloVice-Diretor Executivo

    Walter de Paula Lima

    Departamento de

    Cincias FlorestaisChefe

    Jos Leonardo de Moraes Gonalves

    Vice-Chefe

    Paulo Yoshio Kageyama

    IPEF NotciasCoordenao

    Marialice Metzker PoggianiDiagramao e Projeto Grfco

    Luiz Erivelto de Oliveira JniorEstagiria de Jornalismo

    ngela Cndida Pereira da Silva

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    Tiragem:4000 exemplaresGrfca: Editora Riopedrense

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    citada a fonte.

    Neste ano em que a Engenharia Florestal, no Brasil, comemora seu Jubileu de Ouro, seriamuita pretenso comear este editorial com a expresso: Como todos sabem, sou umagrnomo-silvicultor formado pela Esalq em 1966.... Perdo, leitores... mas, j comecei...

    Naquela poca, a Engenharia Florestal no Brasil engatinhava ou dava os primeirospassos e a histria da Silvicultura Brasileira ainda estava sendo escrita pelos agrnomos-

    silvicultores e timos escritores, muitos vivos e atuantes ainda nos dias atuais. interessante fazer um flash-back quela poca e imaginar este tipo de mensagemsendo escrito e divulgado, como realmente aconteceu...

    A floresta uma comunidade biolgica composta por plantas e animais que devem viver emharmonia e equilbrio entre si e com o meio . A floresta protege o solo, evitando a eroso,mantendo a fertilidade e regulando a quantidade e fluxo de gua das nascentes, rios e lagos.Por outro lado, a floresta influi no clima, na temperatura do ar e solo, no ritmo das chuvas,

    na intensidade e direo dos ventos. Finalmente a floresta protege a fauna desde os grandesanimais at quase invisveis microrganismos.

    Houve tempo em que as florestas cobriam muito maior rea de terras que atualmente. Suadestruio parcial ou total em algumas regies tem sido motivada por vrias razes, porm,

    na maioria das vezes tem ocorrido como conseqncia do desbravamento de reas para aproduo de alimentos. Desde a descoberta de nosso pas, graas a uma agricultura errante,a ocupao e cultivo de muitas terras tem durado pouco, sendo depois abandonada poroutras de maior fertilidade. Quando em escala reduzida essa agricultura nmade pode deixar

    de ser a causa de qualquer destruio aprecivel das florestas. Contudo, com o avano dacivilizao e com o aumento da populao, certas regies florestais se tornaram mais e maisvulnerveis destruio.

    O nosso Pas que tem seu nome ligado ao de uma rvore, pau brasil, reconhecido no mundotodo como possuindo, ainda, uma das maiores extenses territoriais de florestas. A florestaamaznica, uma floresta tropical, ocupa cerca de metade de nosso territrio. Importante nosconscientizarmos da sua importncia como patrimnio brasileiro e da humanidade. E agir de

    forma direta e constante, mesmo que seja numa ao modesta a despretenciosa do simplesplantio de uma rvore. Tudo isto para que a histria no se repita. Vejam nosso estado, oestado de So Paulo, nos ltimos cem anos, viu sua cobertura florestal reduzir se de 80 85%

    para irrisrios 3 a 5%, freqentemente ameaados pela depredao do homem, exploraoirracional e mesmo pelo fogo.

    Por outro lado, nosso pas tambm reconhecido como um dos lderes mundiais doreflorestamento que permitiu e tem permitido a evoluo do parque industrial baseado na madeirae produtos florestais, Criticado por muitos, o reflorestamento uma soluo para a reposioflorestal e nica alternativa para minimizar a presso sobre as reflorestas naturais remanescentesprincipalmente para o abastecimento de lenha e carvo nos estados mais desenvolvidos.

    Dizamos que a floresta uma comunidade em harmonia e equilbrio. Cabe indagar qualo papel do homem em tal equilbrio. O prof. Robert Molinier, renomado cientista francs,afirma que no , certamente intil insistir cobre as conseqncias desastrosas da pssimagesto, por parte da humanidade, dos recursos florestais de que dispe. A perda de umcapital basta para justificar o fracasso das empresas humanas, e a declarao da falncia,neste caso, uma prova implacvel. Para alm do esgotamento das reservas florestais,alinham se os perigos ligados eroso dos solos, ao estancamento das guas, a progressodas zonas desrticas , a desolao, a fome, a morte ... da vida.

    No entanto, a tomada de conscincia, mesmo que tardia, por parte do homem, danecessidade de poupar doravante todas as riquezas de economia natural, abre o caminho paraas esperanas e estabelece as bases de uma nova gesto, equilbrio e racionalmente repartida,de um patrimnio universal que a humanidade se v na obrigao de no desperdiar. Estanova atitude ser, sem dvida, considerada uma das mais construtivas etapas da evoluo do

    pensamento humano, a servio de uma coletividade que se quer livre e fraternal.

    Conclui, o ilustre professor: no sculo de cimento armado, do ao e dos materiais sintticos, amadeira conserva ainda um lugar de honra entre as matrias primas. Uma economia inteligente,sbia e prudente deveria permitir que os homens tirassem proveito dela indefinidamente.

    Dado e passado no dia 21 de setembro do ano da graa de mil novecentos e sessenta esete. Amm!

    Luiz Ernesto George BarricheloDiretor Executivo

    EXPEDIENTE