Nota à Sociedade

O Ministério Público do Trabalho em Goiás, o Ministério Público Federal em Goiás, a Defensoria Pública da União em Goiás, o Ministério Público do Estado de Goiás e a Defensoria Pública do Estado de Goiás, à luz das últimas notícias e no exercício constitucional de defesa dos direitos sociais e da ordem jurídica, vêm a público reforçar a importância da manutenção das medidas de prevenção, recomendadas pela comunidade científica de saúde, para conter o avanço do novo Coronavírus (COVID-19) em Goiás, que consistem em ações restritivas de isolamento social, no contexto da prevenção e do combate a sua disseminação. Recomendamos: FIQUEM EM CASA!

A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe o isolamento domiciliar como principal meio de diminuir a curva ascendente de contágio do Coronavírus. Essa medida teve sua eficácia testada e aprovada em diversos países.

Além disso, com o isolamento ganha-se um precioso tempo para a preparação de estruturas de atendimento da população no combate à pandemia, com a ampliação do número de leitos de UTI, respiradores e máscaras, medidas que resultam em um tratamento de maior eficácia.

As medidas impostas pela Lei Federal nº 13.979/2020 e, também, pelos Decretos Federal nº 10.282/2020 e Decreto Estadual nº 9.633, de 13 de março de 2020, e suas alterações, são embasadas em argumentos científicos e seguem prática reconhecida por outros países no enfrentamento da doença.

Como já é de conhecimento de todos, o isolamento social, recomendado como forma de não disseminar o vírus, também ajuda a evitar o colapso do sistema de saúde. Essa a razão para que as autoridades públicas orientam a população para só deixarem suas casas nos casos de real necessidade; evitar frequentar supermercados, feiras livres e farmácias; evitar qualquer tipo de reunião ou aglomeração de pessoas. Também advertem que todos devem reforçar as medidas de higiene, pois a transmissão

da doença ocorre, principalmente, pelo contato entre pessoas, por meio de secreções ou superfícies contaminadas . 1

Se essas medidas não forem seguidas fielmente pela população, é inevitável que as já assustadoras cifras, apontando para 5.717 infectados e 201 óbitos (conforme números do Ministério da Saúde) continuem a crescer exponencialmente no Brasil. É o que indicam as projeções de diversos estudos científicos nacionais e internacionais. No mundo, por outro lado, já são mais de 823 mil infectados e mais de 40 mil mortos, segundo dados da Organização das Nações Unidas 2

Ademais, paralelo ao tratamento destinado aos infectados pelo Coronavírus, há a demanda regular emergencial de casos outros. Logo, os leitos de UTI destinam-se não somente ao combate à pandemia, mas também às diversas moléstias que já assolam tanto a rede pública quanto à rede privada de saúde.

Dessa forma, as decisões tomadas pelo Governo do Estado de Goiás, embasadas em evidências científicas sólidas e alicerçadas no regramento jurídico-constitucional em vigor, serão sempre objeto de atuação estratégica, sinérgica, preventiva e resolutiva

Reforçamos que o diálogo franco, respeitoso e independente - baseado na confiança recíproca - estabelecido entre as Instituições acima citadas, desde o início dessa crise, tem permitido que todas as ações tenham respaldo técnico necessário à sua efetividade, e evidenciam que todas as iniciativas voltadas à preservação da vida ignoram, absolutamente, qualquer direcionamento político ou ideológico.

Por outro lado, reconhecem a preocupação daqueles que tiveram o sustento prejudicado pela quarentena. O prejuízo deve ser combatido com intervenção estatal capaz de suprir as necessidades dos cidadãos - seja com pacotes de estímulo econômico, seja com ampliação de políticas de renda mínima – mas jamais com a ilusão, no momento, de que é possível o retorno normal das atividades econômicas, sociais e escolares, sem o grave risco de contarmos milhões de mortos em curto lapso de tempo.

É claro que a preservação da economia também é de fundamental importância nesse momento. Todavia, a preservação da vida e da economia devem caminhar conjuntamente, de modo que as medidas de retomada gradativa das atividades econômicas estejam ajustadas ao estágio da contenção da doença e após a devida estruturação do sistema de saúde, no

https://coronavirus.saude.gov.br/ - Acessado em 01/04/2020, segundo o Ministério da 1

Saúde, os números estão consolidados com as informações que foram repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde ao Ministério da Saúde até as 15h desta terça-feira (31/03/2020).

https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 - Acessado em 2

01/04/2020.

momento em que as evidências científicas demonstrarem um nível de segurança que permita o convívio social em regras mais brandas.

Por isso, o Poder Público, em todas as suas esferas, precisa estar atento às providências necessárias para salvaguardar as atividades econômicas, bem como os empregos por elas gerados, ao tempo em que também deve atuar para garantir à população seus direitos fundamentais e sociais, como a saúde e a alimentação, sobretudo das camadas mais vulneráveis, as quais, afastadas do mercado formal e da cadeia de consumo, são de fato as que mais sofrem as consequências desta pandemia.

Segu i remos , po r tanto , v i g i l an te s , acompanhando o desenvolvimento dos fatos e defendendo, intransigentemente, os direitos fundamentais da sociedade, o Estado de Direito e o Regime Democrático de Direito.

______________________________________ Tiago Ranieri de Oliveira

Procurador-Chefe Ministério Público do Trabalho em Goiás

________________________________________ Léa Batista de Oliveira Moreira Lima

Procuradora-Chefe em Exercício Ministério Público Federal em Goiás

_____________________________________________ Mariane Guimarães de Mello Oliveira

Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão - PRDC Ministério Público Federal em Goiás

___________________________________ Fernanda Theodoro Benfica

Defensora Pública-Chefe em Goiás Defensoria Pública da União em Goiás

___________________________________ Defensor Público-Chefe Substituto Carlos de Almeida Sales Macedo

Defensoria Pública da União em Goiás

_____________________________________ Aylton Flávio Vechi

Procurador Geral de Justiça Ministério Público do Estado de Goiás

______________________________________ Karina D'Abruzzo

Coordenadora do CAO – SAÚDE Promotora de Justiça

________________________________________ Domilson Rabelo da Silva Júnior

Defensor Público-Geral do Estado

Defensoria Pública do Estado de Goiás

________________________________________ Tiago Ordones Rêgo Bicalho

Defensor Público Defensoria Pública do Estado de Goiás

__________________________________________ Michelle Bittta Alencar de Sousa

Defensora Pública Defensoria Pública do Estado de Goiás

___________________________________ Ana Carolina Leal de Oliveira

Defensora Pública Defensoria Pública do Estado de Goiás