newsletter 2013 68
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b o l e t i m d o c e n t r o r e g i o n a l d e i n f o r m a ç ã o d a s n a ç õ e s u n i d a s p a ra a e u r o p a o c i d e n t a l
BRUXELAS, OUTUBRO 2013, EDIÇÃO NR. 68
Dia das Nações Unidas assinalado num mundo em mudança
Pós –2015: Documento
final aprovado no Evento
Especial da Assembleia
Geral sobre os ODM
2-3
Entrevista com o Enviado
Especial do Secretário-
Geral para a Juventude -
Ahmad Alhendawi
4 –5
Conselho de Direitos
Humanos termina a sua
24ª sessão com uma
Resolução sobre a Síria
6
Portugal ratifica Protocolo
Facultativo à Convenção
das Nações Unidas sobre
Direitos das Crianças
6
É clara a ação humana na
mudança climática, revela
relatório do IPCC
8
Secretário-Geral de visita ao Escritório da ONU para Assuntos de Desarmamento 2011 ©UN PHOTO
24 de outubro é o dia de aniversário da
Organização das Nações Unidas, criada em 1945
para “preservar as gerações vindouras do flagelo
da guerra”. Hoje, 68 anos depois, a ONU é
chamada a fazer muito mais pelo mundo — ajuda
humanitária, desenvolvimento sustentável,
manutenção da paz, proteção dos direitos
humanos — e muito criticada quando não
consegue cumprir os objetivos. Neste dia, é bom
lembrarmos que as Nações Unidas são
simplesmente uma associação de 193 estados-
membros e que a organização será tão forte ou
tão fraca quanto os seus membros desejarem.
Mas no momento determinante em que vivemos,
no qual a humanidade enfrenta o colapso
ambiental do planeta todos somos chamados a
contribuir, a participar ativamente e a dizer como
queremos viver. Até porque a Carta da ONU
começa assim: “Nós, os povos das Nações
Unidas, decididos...” . JGA
Edi tor ia l
Jean -Paul Knott procura o mantra perfeito. "Todo o mundo está à espera que a ONU nos dê um slogan poderoso que todos nós possamos repetir como um mantra", diz o estilista belga. Ainda não chegámos lá. Apesar dos nossos slogans em constante mudança, a paixão do estilista belga comemorado pela ONU não diminuiu. A relação do UNRIC com Jean -Paul Knott começou há sete anos, quando em 2007 lhe pedimos que nos desse uma ideia para produzir uma pulseira com o slogan FUN para Amigo da ONU que pudéssemos dar às pessoas. O problema era, como nos aventurámos a explicar, que não tínhamos orçamento. Jean -Paul Knott sugeriu que comprássemos rolos de fita azul que nós carimbámos com as palavras “Nós os Povos”.No ano seguinte, em 2008, juntámo-nos para celebrar com entusiasmo o 60 º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos com a campanha europeia “Conheça os seus direitos”. Em 2009, para a conferência sobre mudança climática COP15, em Copenhaga, juntos fizemos um pin de algodão com o slogan “ Fechem o acordo” inscrito nele. Ficaram lindos, até o Secretário-Geral usou
um. E mesmo que não tenham fechado o acordo, a ideia continua a ser muito original e barata. Em 2010, voltámos a trabalhar juntos para assinalar o 10 º aniversário dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM ) sob o slogan: “podemos acabar com a pobreza”. Este ano, ainda procurando o mantra perfeito decidimos com a bênção de Jean -Paul Knott , celebrar o Dia das Nações Unidas usando lenços azuis (na foto) que cada um de nós poderíamos personalizar com qualquer mantra de que nós gostássemos . No seu próprio cachecol, Jean -Paul Knott começou a escrever uma e outra vez “Nós, os Povos” com o seu marcador permanente. Merci, M. Knott. Feliz 68º aniversário ONU!. Afsane Bassir-Pour Diretora do UNRIC
@ PHOTO UNRIC
Pág. 2 BRUXELAS, OUTUBRO 2013, EDIÇÃO NR. 68
D E S E NV O L V I M E N T O S U S T E N T ÁV E L O B J E T I V O S D O D E S E NV O L V I M E N T O D O M I L É N I O
68ª Sessão da Assembleia-geral da ONU
Evento Especial de 25 de Setembro sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
Documento Final
A assinalar o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza, a 17 de outubro, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que a desigualdade entre ricos e pobres aumentou e que é preciso dar voz a grupos sub-representados como indígenas, idosos e a pessoas portadoras de deficiência. No mesmo sentido, Magdalena Sepúlveda chama atenção para as mulheres que vivem na pobreza. O Secretário-Geral da ONU afirma, ainda, que o combate à pobreza tem que ser uma prioridade da agenda de desenvolvimento pós-2015. Atualmente, existem 1,2 biliões de pessoas a viver em situação de extrema pobreza. Ban Ki-moon afirmou que as Nações Unidas têm dois objetivos para erradicar a pobreza: acelerar os esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), em primeiro lugar, e definir a agenda de desenvolvimento pós-2015, num segundo plano. Ban Ki-moon relembrou que a única maneira de erradicar a pobreza irreversível é apostar no desenvolvimento sustentável. E, para isso, afirma, urge dar voz a idosos, a pessoas portadoras de deficiência, desempregados, às minorias e aos
migrantes.
Desigualdade social a aumentar Apesar de os índices de pobreza terem decrescido, a distância entre países ricos e
pobres tornou-se, porém, ainda maior. Além disso, muitas jovens e mulheres continuam sem acesso à educação, à saúde e à habitação. Por outro lado, uma grande parte dos jovens, por sua vez, não tem emprego ou a formação necessária para conseguir um trabalho digno. Ban Ki-moon sublinhou ainda que os impactos da perda de biodiversidade e da mudança climática estão a afetar os pobres de
forma mais severa.
Pobreza promove “estereótipos de género” A Relatora Especial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos e Pobreza Extrema, Magdalena Sepúlveda, emitiu também uma mensagem a solicitar aos países que reconheçam o valor do trabalho não pago feito em casa, nomeadamente no que diz respeito a tarefas como cozinhar e tomar conta de crianças e de idosos. De acordo com a especialista das Nações Unidas, a distribuição desigual associada ao que designa de "estereótipos de género" nesse tipo de trabalho é um assunto importante de direitos humanos. A relatora afirmou ainda que os países têm que fazer algo para combater a grande tendência de mulheres a viverem na pobreza. No debate de alto nível da 68º sessão da Assembleia Geral da ONU que terminou em 4 de outubro, os chefes de estado pronunciaram-se sobre esta agenda
e aprovaram o documento final (que partilhamos de seguida) numa sessão especial sobre os ODM que decorreu a 25 de Setembro .
Nós, chefes de Estado e de Governo e chefes de delegação, reunimo-nos na sede das Nações Unidas em Nova Iorque no âmbito do
Evento Especial convocado pelo Presidente da Assembleia-Geral para rever o progresso atingido para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio (ODM) e para traçar um caminho a seguir. As nossas deliberações tiveram em consideração as vozes das
pessoas em todo o mundo, assim como as preocupações e as prioridades que elencaram.
Reunimo-nos com um sentido de urgência e de determinação, numa altura em que faltam menos de 850 dias para o cumprimento dos
Objetivos do Desenvolvimento do Milénio. Renovamos o nosso compromisso para com os objetivos e decidimos intensificar todos os
esforços para o seu cumprimento até 2015.
Saudamos o que já foi alcançado até agora. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio têm proporcionado uma visão comum e têm
contribuído para um progresso assinalável. Têm sido registados avanços significativos e substanciais para alcançar várias das metas.
Contudo, estamos preocupados com as desigualdades e as lacunas e com os enormes desafios que permanecem. Os ODM são
essenciais para satisfazer as necessidades essenciais das pessoas nos países em desenvolvimento; à medida que nos aproximamos
da data-limite de 2015 são necessários esforços incessantes para acelerar de forma transversal o progresso em todos os Objetivos.
Dentro dos países em desenvolvimento e entre os mesmos, aqueles que têm sido mais deixados para trás requerem a nossa mais
urgente atenção e apoio. Estamos conscientes dos desafios especiais e das necessidades dos países menos desenvolvidos; o facto de
que, apesar de alguns progressos impressionantes, a maioria dos países africanos continua atrasada no que diz respeito ao
cumprimento das metas; e os países em conflito e em pós-conflito são os que encontram maiores desafios na prossecução de qualquer
um dos objetivos até 2015.
Também reconhecemos os desafios e as necessidades especiais dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e dos Países
em Desenvolvimento sem acesso ao mar, muitos dos quais não estão a caminho de alcançar os ODM até 2015. Reconhecemos os
desafios especiais para alcançar os ODM enfrentados pelos povos que vivem sob ocupação estrangeira. Reconhecemos, ainda, os
desafios para cumprir os ODM por parte das populações que vivem em zonas afetadas por emergências humanitárias complexas e em
áreas afetadas pelo terrorismo. Também reconhecemos os desafios específicos que muitos países de desenvolvimento médio
enfrentam.
Acelerando o progresso
Reafirmamos o nosso compromisso para com o documento final do Encontro Plenário de Alto-Nível da Assembleia-Geral sobre os ODM
decorrido em 2010. O relatório anual dos ODM proporciona avaliações atualizadas sobre onde os nossos esforços são mais
necessários e vai ajudar-nos no enquadramento da nossa abordagem e das nossas prioridades.
Resolvemos visar particularmente os ODM que registam maior atraso e aqueles em que o progresso foi interrompido: incluindo os
relacionados com pobreza e fome, acesso universal à educação primária, a mortalidade infantil, o acesso universal à saúde reprodutiva
- como a saúde materna - a sustentabilidade ambiental e o acesso à água e ao saneamento. Em cada uma destas áreas, estamos
Combate à pobreza deve ser prioridade na agenda pós-2015, afirma Ban Ki-moon
Poster da campanha do UNRIC “Podemos
acabar com a pobreza”
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O B J E T I V O S D E D E S E NV O L V I M E N T O D O M I L É N I O
determinados a levar a cabo a ação propositada e coordenada requerida. Vamos aumentar as intervenções existentes, cumprir as
promessas que fizemos; e fortalecer o nosso apoio a uma grande variedade de iniciativas de grande valor que estão em curso,
nomeadamente o apoio internacional para a implementação da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África.
Transversal a todos os nossos esforços de aceleração, vamos enfatizar a inclusão e a acessibilidade para todos e vamos colocar um
enfoque nos que são mais vulneráveis e desfavorecidos. Vamos, por exemplo, procurar aumentar a resiliência dos mais pobres no
combate à fome; melhorar o apoio a mulheres que dão à luz em áreas onde enfrentam as maiores privações; e melhorar as
oportunidades educativas e os resultados de aprendizagem às crianças mais vulneráveis.
Nos casos em que os esforços já foram lançados, e o momentum existe, vamos fazer tudo o que for possível para manter e reforçá-lo:
por exemplo, no combate ao HIV/SIDA, vamos aumentar os esforços para alcançar o objetivo de acesso universal à prevenção, ao
tratamento, à assistência e aos serviços de apoio ao HIV até 2015. Vamos manter e construir os ganhos assinaláveis na luta contra a
malária e contra a tuberculose.
Vamos dar prioridade a todas as abordagens que tenham um efeito transversal e multiplicador. Em particular, reconhecemos que a
promoção da igualdade de género e a capacitação das mulheres e das raparigas fundamenta e avança o progresso em todos os
ODMs. Vamos resolutamente promover a igualdade de género e eliminar o conjunto de barreiras à capacitação das mulheres e das
raparigas nas nossas sociedades.
Parceria Global para o Desenvolvimento
Sublinhamos o papel central de uma parceria global para o desenvolvimento fortalecida. Reconhecemos a importância da
apropriação nacional e enfatizamos que se os ODMs devem ser alcançados até 2015, os esforços nacionais precisam de ser
complementados pelo apoio internacional e por um ambiente internacional favorável. A mobilização e o uso eficaz de todos os
recursos, quer públicos, quer privados, tanto nacionais, como internacionais, vai ser fundamental.
Reafirmamos a importância de promover os direitos humanos, a boa governação, o Estado de Direito, a transparência e a
responsabilidade em todos os níveis. Peço a implementação urgente de todos os compromissos ao abrigo da parceria global para o
desenvolvimento de modo a ultrapassar as lacunas identificadas pelos relatórios do Grupo de Missão das Lacunas dos ODM.
Enfatizamos a necessidade de acelerar o progresso para cumprir a meta de 0,7% do Rendimento Nacional Bruto para a ajuda pública
ao desenvolvimento até 2015, incluindo 0.25% a 0.20% para os países menos desenvolvidos. Pedimos aos países menos
desenvolvido para cumprirem urgentemente os compromissos de ajuda pública ao desenvolvimento que fizeram, seja de forma
individual, seja coletivamente. Sublinhamos a necessidade de o setor privado se envolver em práticas comerciais responsáveis.
A Agenda de Desenvolvimento Pós-2015
Em paralelo com a intensificação dos esforços para acelerar a realização dos ODM, estamos determinados em criar uma agenda de
desenvolvimento pós-2015 forte, construída com base nos ODM, que complete o que ficou por cumprir e que responda a novos
desafios.
À medida que avançamos, reafirmamos o nosso compromisso para com a Declaração do Milénio, com o documento final do Rio+20,
com o Consenso de Monterrey, com a Declaração de Doha sobre Financiamento para o Desenvolvimento e com os resultados das
principais conferências das Nações Unidas e das cimeiras nos campos económico, social e ambiental. Vamos continuar a ser guiados
pelos valores e pelos princípios consagrados nestes textos.
Reafirmamos todos os princípios da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, incluindo, inter alia o princípio de
responsabilidades comuns mas diferenciadas, tal como definido no princípio 7 da mesma.
Estamos decididos que a agenda de desenvolvimento pós-2015 deve fortalecer o compromisso da comunidade internacional quanto
à erradicação da pobreza e ao desenvolvimento sustentável. Destacamos como imperativo central da erradicação da pobreza e
estamos comprometidos em libertar a humanidade da pobreza e da fome como uma questão de urgência. Ao reconhecer a intrínseca
interligação entre a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável, sublinhamos a necessidade de uma
abordagem coerente que integre de uma forma equilibrada as três dimensões do desenvolvimento sustentável. Esta abordagem
coerente envolve trabalhar rumo a um enquadramento único que defina os Objetivos – universais por natureza e aplicáveis a todos
os países, ao mesmo tempo que têm em consideração as circunstâncias nacionais diferenciadoras e respeitam as políticas e as
prioridades nacionais. Deve também promover a paz e a segurança, a governação democrática, o Estado de Direito, a igualdade de
género e os direitos humanos para todos. Decidimos hoje lançar um processo de negociações intergovernamentais para o início da
69ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas que vai resultar na adoção da agenda de desenvolvimento pós-2015.
Reconhecemos com agrado o processo mandatado no documento final do Rio+20, que se encontra agora em curso, em particular o
Grupo de Trabalho Aberto sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do comité intergovernamental de especialistas em
Financiamento de Desenvolvimento Sustentável, assim como o processo para desenvolver opções para um mecanismo de facilitação
tecnológica. Instamos que estes processos devem completar o seu trabalho de uma forma abrangente, equilibrado e de forma célere
até setembro de 2014. O relatório submetido pelo Secretário Geral antes da reunião de hoje é um útil contributo para as nossas
deliberações, o qual retira vários dados do Painel de Alto-Nível sobre Pessoas Eminentes, das consultas do Grupo de
Desenvolvimento das Nações Unidas, do Global Compact das Nações Unidas e da Rede de Soluções de Desenvolvimento
Sustentável.
Ao longo do próximo ano, a preparação para a agenda de desenvolvimento pós-2015 vai beneficiar dos eventos da Assembleia Geral
a serem convocados pelo Presidente da Assembleia Geral sob o tema “A Agenda de Desenvolvimento pós-2015 – preparando o
terreno”. Ao chegar a uma agenda de desenvolvimento pós-2015 mais inclusiva e centrada nas pessoas, olhamos com expectativa
para um processo transparente intergovernamental que inclua as contribuições de todos os parceiros, nomeadamente a sociedade
civil, as instituições científicas e de conhecimento, os parlamentos, as autoridades locais e o setor privado. Contamos com o grande
apoio do sistema das Nações Unidas em todo o nosso trabalho. Como contribuição para as negociações intergovernamentais que
deverão ser iniciadas na 69ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, pedimos ao Secretário Geral para sintetizar o conjunto
completo de contribuições que então estarão disponíveis e para apresentá-las num relatório de síntese antes do final de 2014.
A fase final do trabalho intergovernamental vai culminar numa Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, em Setembro de 2015,
para a adoção da agenda de desenvolvimento pós-2015. Solicitamos ao Presidente da Assembleia Geral que convoque
atempadamente consultas intergovernamentais de modo a alcançar um acordo relativamente às modalidades organizacionais da
Cimeira.
Pág. 4 BRUXELAS, JULHO 2013, EDIÇÃO NR. 67
J U V E N T U D E
Em Janeiro, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon,
nomeou Ahmad Alhendawi da Jordânia como seu Enviado
para a juventude, com o intuito de responder às
necessidades da maior geração de jovens que o mundo
jamais alguma vez assistiu. Em entrevista ao Centro de
Notícias da ONU, Ahmad Alhendawi explica que o seu
mandato é aproximar a ONU dos jovens e trazer as suas
vozes para a organização. Sobre o grave problema do
desemprego jovem Ahmad Alhendawi diz que “os jovens
precisam de inovar” e que “têm a responsabilidade de
arriscar”.
O senhor é o primeiro enviado para a juventude. Que acha
do seu trabalho até agora?
Ser o enviado para 1,8 biliões de jovens em todo o mundo é
uma grande responsabilidade. Onde quer que vá, encontro
sempre um grande entusiasmo, como também o talento de
diversos jovens de todo o mundo propício à mudança, à
inovação e à criatividade. Tentar levar este espírito e as
suas vozes até as Nações Unidas é, de facto, um grande
desafio, uma grande responsabilidade e, ao mesmo tempo,
uma honra. O meu objetivo é fazer um esforço para
aproximar as Nações Unidas dos jovens e ,ao mesmo
tempo, trazer as vozes dos mesmos para a ONU, de forma a
influenciar as suas políticas. Também pretendo garantir que
salientemos as suas necessidades em iniciativas e
programas da ONU.
O secretariado da ONU está cheio de diplomatas e diretores
bem qualificados. Qual é a sensação de ser a pessoa mais
nova na sala durante as reuniões? Têm sido recetivos à sua
mensagem?
A minha experiência pessoal ajudou-me bastante, porque já
tinha trabalhado anteriormente numa organização
intergovernamental – a Liga Árabe. Ter entrado naquelas
salas com o conhecimento de como as coisas funcionam a
nível intergovernamental foi uma mais-valia.
Deixe-me dizer que estou surpreendido com toda a energia
positiva e também com a recetividade de todos os
diplomatas e agências a esta mensagem, começando pelo
chefe da organização, o Secretário-Geral. O seu
compromisso e envolvimento directo ajudaram muito a
levar a agenda da juventude para a frente.
Também tive a oportunidade de conhecer imensos
embaixadores e representantes da juventude de vários
países e, neste momento, dá para perceber que eles estão
interessados em investir e em fazer mais pelos jovens.
Milhões de jovens estão hoje a lutar contra as
consequências de uma crise económica global. Que
conselhos dá a estes jovens homens e mulheres?
Hoje em dia, nós temos uma “geração perdida” devido a
uma grave crise de desemprego global. Temos de rever o
problema em primeiro lugar. A OIT (Organização
Internacional do Trabalho) estima que existam perto de 73
milhões de jovens desempregados e este número não inclui
os que pararam de procurar emprego.
É fácil falar de números, mas deixe-me partilhar uma
história sobre um jovem que conheci, chamado Annis, de
25 anos, que terminou recentemente um mestrado em
Administração Pública. Ele disse me que acorda todos os
dias, veste-se e que quer ir a algum lado para poder
contribuir. No entanto, todas as manhãs lembra-se que não
tem nenhum sítio para ir. Está desempregado, embora já
esteja à procura de trabalho há 2 anos.
Precisamos de inovar mais e os jovens têm de criar os seus
empregos também. Os jovens têm a responsabilidade de
arriscar. Afirmo que não há juventude sem riscos. Falhar
não é uma opção aqui. Não há nenhum fracasso quando se
começa uma pequena ou média empresa. Os jovens têm a
responsabilidade de testar novas maneiras criativas para
gerar oportunidades de emprego e existem bastantes
possibilidades para isso.
Toda a gente tem um parecer nisto. Precisamos de criar
cerca de 425 milhões de empregos nos próximos 15 anos.
Ninguém consegue fazer isso sozinho. Nem os governos,
nem o setor privado, daí haver uma necessidade de todos
contribuírem.
Algumas pessoas dizem que os empregos se encontram de
facto aí – especialmente com todas as oportunidades
oferecidas pelas tecnologias de informação. No entanto, os
jovens não estão capacitados para tirar partido delas...
Bem, eu não pretendo surpreender o nosso público, mas
sempre que abordamos a questão da discrepância entre os
sistemas educativos e o mercado de trabalho, a novidade é
Enviado do Secretário-Geral da ONU para a juventude: “Os jovens têm a responsabilidade de arriscar”
Ahmad Alhendawi ©UN PHOTO
Pág. 5 BRUXELAS, JULHO 2013, EDIÇÃO NR. 67
J U V E N T U D E
Youth Summit August 2013@ UN Photo
que esta disparidade, esteve presente e sempre estará. O
mercado vai estar sempre em constante mutação e os
sistemas educativos nem sempre conseguirão acompanhá-
lo ou manterem-se atualizados. Ambos se desenvolvem a
uma velocidade diferente.
Desenvolver competências interpessoais é extremamente
importante. Toda a gente já ouviu que “ os empregadores
contratam pelas competências e despedem pela atitude”.
Penso que imensos jovens recentemente licenciados não
têm as competências interpessoais que precisam para os
ajudar a sobreviver depois de entrarem no mercado de
trabalho. Essas competências podem ser adquiridas e é
necessário facilitar este processo de transição da educação
para o mercado de trabalho. De alguma forma, esta
disparidade vai persistir. Precisamos de colmatar esta
lacuna através da criação de sistemas de ensino que vão
para além das teorias e que realmente tornam os jovens
mais qualificados.
Digamos que sou um jovem sentado em casa e que me
quero envolver ou trabalhar com a ONU. Se aceder ao meu
telemóvel ou computador, como faço isso?
Antes de mais, nunca foi tão fácil contatar a ONU a todos os
níveis. Pelo facto de muitos jovens por todo o mundo
questionarem “o que anda a ONU a fazer pela juventude?”,
lançámos um website — no dia Internacional da Juventude
— que consiste numa plataforma da juventude online que
informa sobre todas as atividades das agências da ONU no
mesmo sítio.
Também é possível seguir-nos através do Twitter
@ahmadalhendawi, na minha conta pessoal ou seguir @UN
(ONU). Também é possível seguir o Facebook da ONU para
ter atualizações instantâneas sobre as atividades juvenis
da organização e a página do Enviado Especial para a
Juventude ou então UN Youth, a qual é gerida pelo
Departamento de Assuntos Económicos e Sociais no
Secretariado.
Uma última questão. Muitos jovens querem trabalhar nas
Nações Unidas e isso é ótimo. A organização precisa do
talento e da energia dos jovens. As Nações Unidas
representam ideais e princípios e todos os que acreditem
no que está na Carta e no mandato da organização podem
sempre trabalhar para e com a ONU através da promoção
dos seus valores e princípios. Portanto, este é um convite
para os jovens para olharem para as Nações Unidas e
tentarem alinhar o seu trabalho com a organização ao nível
nacional ou mesmo ao nível da aldeia global para um
objetivo maior: aquele que representa o mundo que
queremos.
Veja mais em: Entrevista original, Centro de Notícias da
ONU
Pág. 6 BRUXELAS, JULHO 2013, EDIÇÃO NR. 67
D I R E I T O S H U M A N O S
Hervé ladsous 2013©UN PHOTO
A 27 de Setembro, depois de concluir a sua 24ª sessão, o
Conselho de Direitos Humanos adotou cerca de 40 textos,
destacando-se uma resolução para a Síria, nomeação de
especialistas de direitos dos idosos e direitos humanos na
República Centro-Africana.
Nas suas conclusões, o Presidente do Conselho de Direitos
Humanos, Remigiuscz Henczel, reiterou que qualquer ato de
intimidação ou represália contra indivíduos ou grupos que
tenham cooperado com as Nações Unidas ou com os seus
representantes era inaceitável e deveria terminar.
O conselho adotou uma resolução sobre a situação de
contínua deterioração dos direitos humanos na Republica
Árabe Síria, exigindo que as autoridades do país cooperem
plenamente com a Comissão Internacional Independente
sobre a Síria, incluindo ceder-lhe acesso rápido e sem
restrições ao país. O Conselho condenou veementemente os
massacres na Síria, incluindo o mais recente massacre na
região de Al Ghouta.
O Conselho também decidiu nomear para um período de três
anos, um Especialista Independente na fruição de todos os
direitos humanos pelos idosos. Também foi criado um
mandato para a situação dos direitos humanos na República
Centro-Africana. Foram renovados os mandatos de
Especialistas Independentes no Sudão e Somália, tal como do
Relator Especial para os Direitos Humanos no Cambodja. Entre
outros mandatos renovados, encontram-se, por exemplo: o dos
direitos dos indígenas e do direito à água e saneamento.
O Conselho elegeu novos membros para o seu Comité
Consultivo, solicitando-lhe que elabore estudos sobre a
possibilidade de utilizar o desporto e os ideais Olímpicos para
promover e proteger os Direitos Humanos para todos; sobre o
papel das autoridades locais na promoção dos direitos
humanos; e, ainda, um relatório que se baseie numa pesquisa
que contenha recomendações sobre um mecanismo que
avalie o impacto das medidas unilaterais coercivas para o
usufruto dos direitos humanos e promover responsabilidade,
tal como na situação dos direitos das pessoas que vivem com
albinismo.
Foi pedido ao Alto Comissariado para preparar um estudo
sobre os fatores que impedem a participação política
igualitária e que sugira passos para ultrapassar desafios; que
assegure uma discussão referente à promoção e à proteção
dos direitos das pessoas indígenas na prevenção de riscos de
desastres naturais e iniciativas de preparação.
Entre outras resoluções preparadas pelo Conselho, incluíram:
unir esforços para terminar e prevenir o casamento forçado
infantil; ter um plano de ação concreta contra o racismo,
discriminação racial, xenofobia e intolerância; objeção de
consciência ao serviço militar; proteção dos direitos das
pessoas com albinismo; o impacto de transferência de armas
nos direitos humanos e a situação dos mesmos em alguns
países como o Congo e Yemen.
Conselho de Direitos Humanos conclui 24ª Sessão com
resolução sobre a Síria
No dia 24 de setembro de 2013,
Portugal ratificou o Protocolo
Facultativo à Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos da Criança
relativo à instituição de um
Procedimento de Comunicação tendo
feito o depósito do respetivo
instrumento de ratificação o Ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui
Machete, em Nova Iorque. A cerimónia
de depósito, que decorreu durante o
Treaty Event de 2013, realizou-se
inteiramente em português, tendo o
Ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros depositado o instrumento
de ratificação junto do Subsecretário
Geral das Nações Unidas para os
Assuntos Jurídicos, Dr. Miguel Serpa
Soares, que congratulou Portugal, em
nome do Secretário Geral, pela
ratificação deste instrumento.
Igualmente presente na cerimónia
esteve a Representante Especial do
Secretário Geral das Nações Unidas
para a Violência contra as Crianças,
Dra. Marta Santos Pais, que manifestou
o seu apreço pelo apoio de Portugal na
promoção e proteção dos direitos da
criança e pela prioridade que Portugal
atribuiu à ratificação deste Protocolo.
Com o depósito do instrumento de
ratificação, Portugal tornou-se o sétimo
país, e o terceiro de entre os Estados-
Membros da União Europeia, a ratificar
este Protocolo. Portugal passa agora a
ser parte de todos os Protocolos
Facultativos à Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos da Criança.
Portugal ratificou mais um instrumento de proteção dos direitos da criança
O Relatório da equipa de peritos da ONU,
tornado público no dia 13 de Setembro, que
esteve na Síria com o intuito de investigar o
alegado uso de armas químicas nos
arredores de Damasco, confirmou a
utilização de gás Sarin, o que de acordo com
o Secretário-Geral, Ban Ki-moon, não só
constitui uma grave violação do Direito
Internacional como também um crime
contra a humanidade. Após uma ameaça de
intervenção militar por parte dos EUA,
seguida de uma forte oposição russa, um
acordo proposto por estes dois países levou
a que o Conselho de Segurança aprovasse
uma resolução. Trata-se de uma resolução
que visa a destruição segura de todo o
arsenal químico da República Árabe Síria,
um acontecimento que Ban Ki-moon veio a
considerar como um momento histórico.
Entretanto, a equipa conjunta de
inspectores internacionais da ONU já se
encontra na Síria e já iniciou os trabalhos de
desactivamento do arsenal químico, sendo
que o desmantelamento dos complexos
industriais onde é produzido começará
muito em breve. De acordo com a ONU e
com investigadores da Organização Para a
Proibição de Armas Químicas (OPWC, na
sigla em inglês), a missão estará completa
em meados de 2014. Enquanto se alcança
algum progresso a nível político no seio das
Nações Unidas, o conflito ainda não tem
uma solução e a situação humanitária no
país continua a piorar: o número de mortes
já ultrapassa as 100 mil, enquanto a vaga
de refugiados para os países circundantes
ultrapassa os 2 milhões.
Para além do uso ilegal de armamento
químico, muitos dos sírios são mortos em
maneiras pouco convencionais, estando as
crianças entre as principais vitimam deste
tipo de ataques. “As armas utilizadas para
este tipo de violações, são maioritariamente
canhões e morteiros” afirmou, Paulo
Pinheiro, Presidente da Comissão
Internacional de Inquérito sobre a Síria.
Os ataques a hospitais e a profissionais de
saúde também tem registado algum
aumento significativo, sendo que “a
negação discriminatória do direito à saúde
enquanto manobra de guerra, tem sido dos
casos mais arrepiantes deste conflito”,
declarou a Comissão que ficou responsável
por investigar e registar todas as violações
de direitos humanos desde o inicio do
conflito em 2011.
Entre outras vítimas do conflito, destacam-
se os jornalistas e as pessoas portadoras de
deficiência que acabam por ser os
esquecidos no meio desta crise, estando tão
vulneráveis dentro do país como nos
próprios campos de refugiados.
A situação de emergência humanitária
intensifica-se e estima-se que cerca de 6,8
milhões de pessoas estejam a necessitar de
assistência neste preciso momento, das
quais metade são crianças.
Em resposta, o Conselho de Segurança da
ONU condenou recentemente o bloqueio por
parte do Governo de Bashar al-Assad à
ajuda humanitária à Síria, considerando que
"privar os civis de bens indispensáveis à
sobrevivência é uma violação da lei
humanitária internacional”.
O Conselho afirmou que era imperativo o
cessar-fogo entre todas as partes e apelou à
sua participação numa conferência de paz,
de forma a facilitar uma solução política que
facilite uma transição e que garanta as
aspirações do povo sírio. O Fundo de Ajuda e
Emergência das Nações Unidas,
disponibilizou no mês passado, uma quantia
de 50 milhões de dólares para apoiar o
trabalho das agências que estão a operar no
terreno e a prestar assistência aos milhões
de sírios deslocados. A maior contribuição
alguma vez feita, numa resposta
coordenada a um único país.
Ban Ki-moon, por sua vez reconhece os
esforços da comunidade internacional em
apoiar o povo sírio, e apoia a condenação do
Conselho de Segurança ao governo sírio por
não facilitar a entrada de ajuda humanitária
no país, apelando a um cessar-fogo imediato
de forma a permitir a assistência
humanitária vital e sublinhando que o seu
impedimento é uma grave violação do
direito internacional e dos direitos humanos. http://www.un.org/disarmament/content/slideshow/
Secretary_General_Report_of_CW_Investigation.pdf
Acordada destruição do arsenal químico
sírio, enquanto crise humanitária se agrava
Pág. 7 BRUXELAS, JULHO 2013, EDIÇÃO NR. 67
P A Z E S E G U R A N Ç A & A S S U N T O S H U M A N I T Á R I O S
O que aconteceu no Conselho de
Segurança da ONU?
Refugiados Sírios na Jordânia ©UN PHOTO
No dia 17 de outubro, a Assembleia
Geral das Nações Unidas elegeu o
Chade, Chile, Lituânia, Nigéria e Arábia
Saudita como membros não-
permanentes do Conselho de
Segurança por um período de dois
anos que se iniciará a 1 de janeiro de
2014. Os cinco países obtiveram os
dois terços de maioria necessários da
votação dos Estados Membros
presentes na Assembleia composta por
193 membros. Após a votação, a
Arábia Saudita fez uma intervenção de
protesto anunciando a intenção de
rejeitar o lugar. Os cinco países, eleitos
numa rodada de votação secreta, vão
substituir o Azerbaijão, Guatemala,
Marrocos, Paquistão e o Togo, cujos
mandatos vão terminar no final deste
ano. Os cinco membros permanentes
do Conselho de Segurança, cada um
com o poder de veto, são a China,
França, Rússia, o Reino Unidos e os
Estados Unidos. Os membros não-
permanentes atualmente em funções
— Argentina, Austrália, Luxemburgo,
República da Coreia e Ruanda — vão
permanecer no Conselho até ao final
de 2014.
De acordo com a carta das Nações
Unidas, os 15 membros do Conselho
de Segurança têm a responsabilidade
primária da manutenção da paz e da
segurança internacional e todos os
Estados Membros têm de obedecer às
suas decisões.
Além disso, o Conselho tem o papel de
determinar a existência de uma
ameaça à paz ou de um ato de
agressão, apelando às partes de uma
disputa para a resolverem por meios
pacíficos e recomenda métodos de
ajustamento e termos de acordo.
Em alguns casos, pode recorrer a impor
sanções ou mesmo autorizar o uso da
força para manter ou restaurar a paz e
segurança internacional.
Já a pensar na eleição de 2015, Angola
já começou a preparar a sua
candidatura e já conta com apoios
significativos, entre os quais de
Portugal, da CPLP e da Comunidade
para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC, na sigla em inglês).
Em breve…
Dia 26 de outubro, às 10 horas, na
Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica do Porto, Por-
to - Conferência "Os Pilares do
Desenvolvimento Sustentável"
30 de outubro, 10 horas, auditório
do Edifício Novo da Assembleia da
República, Lisboa - Lançamento do
Relatório sobre a Situação da Popu-
lação Mundial de 2013:
"Maternidade na Infância - Re-
spondendo aos Desafios da
Gravidez na Adolescência”. Dias 26 e 27 de Novembro, Brux-
elas - Dias do Desenvolvimento
"Uma vida decente para todos até
2030 - Construindo um consenso
para uma nova agenda de desenvol-
vimento"
Ficha técnica
Direcção: Afsane Bassir-Pour
Edição: Júlia Galvão Alhinho
Redação: JGA, Vasco Batista e Ricardo
Oliveira http://www.unric.org/pt/
https://www.facebook.com/UnricPortugal
A M B I E N T E
Pág. 8 BRUXELAS, OUTUBRO 2013, EDIÇÃO NR. 68
Glaciar Folgefonna, na Noruega, apresenta elevados níveis de degelo. Capa do relatório do IPCC @ YAB PHOTO http://www.yannarthusbertrand2.org
A influência humana no sistema climático é clara. Uma situação que é evidente nas
principais regiões do globo, segundo a conclusão de um novo relatório do Painel
Intergovernamental sobre Alteração Climática (IPCC, na sigla em inglês), tornado
publico no dia 27 de setembro em Estocolomo.
É extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa dominante do
aquecimento global registado desde meados do século XX. A conclusão para este
crescimento, conseguida através de observações em maior e melhor número, deveu-
se a um melhorado entendimento do sistema de resposta climática assim como a
modelos climáticos melhorados.
O aquecimento no sistema climático é inequívoco e desde 1950 têm sido registadas
alteraçõs em todo o sistema climático sem precedente nas últimas décadas e
milénios. Cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente
do que qualquer década anterior desde 1850, destaca o Resumo de Policymakers do
relatório de avaliação “Mudança Climática 2013: as Bases da Ciência Física” do Grupo
de Trabalho I do IPCC aprovado na sexta-feira por membros governamentais do IPCC
em Estocolmo, na Suécia. “O nosso relatório científico mostra que a atmosfera e o
oceano têm aquecido, a quantidade de neve e de gelo tem diminuído, o nível médio
das águas do mar tem crescido e as concentrações de gases de efeito estufa têm
aumentado”, disse Qin Dahe, co-presidente do Grupo de Trabalho I do IPCC.
Thomas Stocker, o outro co-presidente do Grupo de Trabalho I disse: “As emissões
continuadas de gases de efeito estufa vão causar ainda mais aquecimento e provocar
alterações em todos os componentes do sistema climático. Limitar a alteração
climática vai exigir reduções sustentáveis e substanciais de emissões de gás de efeito
estufa”.
“A alteração da temperatura global da superfície terrestre para o fim do século XXI
deverá, em princípio, exceder em todos os cenários considerados, à excepção do pior;
e deverá possivelmente exceder em 2ºC para os dois piores cenários”, disse o co-
presidente Thomas Stocker. “As ondas de calor são bastante possíveis de ocorrer de
forma mais frequente e deverão ter uma maior duração. À medida que a Terra aquece,
esperamos ver regiões húmidas recebendo mais chuva e regiões secas recebendo
menos, embora haja exceções”, acrescentou. As projeções para a alteração climática
são baseadas num conjunto de quatro cenários das futuras concentrações de gás de
efeito estufa e aerossóis, abrangendo um vasto conjunto de cenários hipotéticos. O
relatório do Grupo de Trabalho I avaliou a alteração climática às escalas global e
regional para o início, os meados e o fim do século XXI. O IPCC foi estabelecido pelo
Programa das Nações Unidas para o Ambiente e pela Organização Meteorológica
Mundial em 1998 e trabalha sob os auspícios da ONU. O Sumário do Relatório da 5ª
Avaliação do IPCC está disponível em www.climatechange2013.org ou em
www.ipcc.ch.
É clara a influência humana no clima, aponta relatório do IPCC