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Designação da Disciplina: NARRATIVAS COMO FONTES PARA A PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: METODOLOGIAS QUALITATIVAS DE PESQUISA, ANÁLISE CRÍTICA, FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS Domínio Específico ( X ) Domínio Conexo ( ) Natureza: Específica N o de Créditos: 08 N o de Semanas: 15 Prof.(a) Responsável: Maria Ednéia Martins Salandim Ementa: O objetivo principal desta disciplina é discutir, de um ponto de vista teórico-filosófico, as metodologias que têm as narrativas como base para investigações em Ensino de Ciências e Matemática, suas naturezas, potencialidades e limitações. Serão tratadas, em princípio, abordagens qualitativas específicas, quais sejam, os modos de trabalho com narrativas e descrições (História Oral, Fenomenologia e “Escritas de Si”); a Etnografia; os métodos historiográficos e as Cartografias Contemporâneas. Pretende-se, ainda, tomar como referencial para o trabalho em sala de aula (para estudo crítico e exemplificações) estudos já desenvolvidos (dissertações e teses) e em desenvolvimento (projetos de pesquisa) em Ensino de Ciências e Matemática, de modo a situar e avaliar criticamente a articulação entre objetos/temas, objetivos procedimentos e métodos, com ênfase na postura investigativa assumida pelo pesquisador.

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Designação da Disciplina: NARRATIVAS COMO FONTES PARA A PESQUISA

EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: METODOLOGIAS QUALITATIVAS

DE PESQUISA, ANÁLISE CRÍTICA, FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS

Domínio Específico ( X ) Domínio Conexo ( )

Natureza: Específica

No de Créditos: 08 N

o de Semanas: 15

Prof.(a) Responsável: Maria Ednéia Martins Salandim

Ementa:

O objetivo principal desta disciplina é discutir, de um ponto de vista teórico-filosófico,

as metodologias que têm as narrativas como base para investigações em Ensino de

Ciências e Matemática, suas naturezas, potencialidades e limitações. Serão tratadas, em

princípio, abordagens qualitativas específicas, quais sejam, os modos de trabalho com

narrativas e descrições (História Oral, Fenomenologia e “Escritas de Si”); a Etnografia; os

métodos historiográficos e as Cartografias Contemporâneas. Pretende-se, ainda, tomar

como referencial para o trabalho em sala de aula (para estudo crítico e exemplificações)

estudos já desenvolvidos (dissertações e teses) e em desenvolvimento (projetos de

pesquisa) em Ensino de Ciências e Matemática, de modo a situar e avaliar criticamente a

articulação entre objetos/temas, objetivos procedimentos e métodos, com ênfase na

postura investigativa assumida pelo pesquisador.

Bibliografia básica :

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D.M. de.; VEIGA NETO, A.; SOUZA FILHO, A. (Orgs). Cartografias de

Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1997.

BESSON, J-L. A ilusão das estatísticas. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.

BICUDO, M.A.V. Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Cortez, 2000.

BLOCH, M. Apologia para la historia o el oficio de historiador. México: Fondo de Cultura

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métodos. Porto: Porto Editora, 1991.

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BOLÍVAR, A. “¿De nobis ipsis silemus?”: Epistemología de la investigación biográfico-narrativa en

educación. In Revista Electrónica de Investigación Educativa, 4 (1), 2002. BONNEWITZ, P. Primeiras Lições sobre a Sociologia de Pierre Bourdieu. Petrópolis: Vozes, 2003.

CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria &

Educação. Porto Alegre. n. 2, 1990.

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS EM REVISTA, v.32, n. 2, jul./dez., 2010.

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prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

DELGADO, J. M. e GUTIERREZ, J. Métodos y técnicas cualitativas de investigación en ciencias

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Metodológicos. São Paulo, 2006.

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GARNICA, A. V. M; FERNANDES, D. M.; SILVA, H. da. Entre a amnésia e a vontade de nada

esquecer: notas sobre Regimes de Historicidade e História Oral. Bolema, Rio Claro, v. 25, n.

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GARNICA, A.V.M. A experiência do labirinto. São Paulo: Editora UNESP, 2008.

GEERTZ, C. O Saber Local. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

HALL, S. A identidade cultural da pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

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HALL, S. Quem precisa da Identidade? In Silva (org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos

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HARTOG, F. O tempo desorientado – Tempo e História: como escrever a história da França? In Anos

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HARTOG, F. Tempo e Patrimônio. Varia Historia. Belo Horizonte: UFMG, vol. 22, n. 36, pp. 261-

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LARROSA BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de

Educação, Rio de Janeiro: Autores Associados, n.19, p. 20-28, 2002.

LEJEUNE, P. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

LINCOLN. Y. S. e GUBA, E. G. Naturalistic Inquiry. London: Sage, 1985.

MOLES, A. As ciências do impreciso. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.

MONTEIRO, R. Fazendo e aprendendo pesquisa qualitativa em Educacão. Juiz de Fora: UFJF, 1998.

MOURA, C.A. R. de. Crítica da Razão na Fenomenologia. São Paulo: EDUSP, 1989.

NÓVOA, A.; FINGER, M. O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: MS/DRHS/CFAP, 1988.

OLIVEIRA, F. D. Análise de textos didáticos: três estudos. Dissertação de Mestrado. Instituto de

Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2008.

PASSOS, E., KASTRUP, V., ESCÓSSIA, L. da. Pistas do método da cartografia: pesquisa-

intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009.

METODOLOGIA

As primeiras aulas devem servir para estabelecer alguns princípios do que tem sido

chamado “postura qualitativa de investigação”, considerando tópicos

específicos a essa discussão que devem ser retomados, pontualmente, a partir

de exemplos, no decorrer de todo o desenvolvimento da disciplina. Portanto, as

aulas iniciais serão expositivas, “guiadas” por textos previamente

disponibilizados.

As demais aulas ocorrerão na forma de seminários a serem coordenados, alguns pelo

professor, alguns pelos alunos, também a partir de textos previamente

disponibilizados.

Entende-se que os textos listados como referência bibliográfica inicial devem ser todos

estudados, mas a eles devem ser incorporados textos específicos, atendendo

aos interesses da turma e às especificidades dos projetos de pesquisa de cada

um dos alunos matriculados. Portanto, é fundamental atentar para a natureza

“inicial e básica” da listagem bibliográfica apresentada neste Plano de Disciplina.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Cada aluno será responsável por três seminários (um sobre seu projeto de pesquisa e a

respectiva metodologia – S1; outro sobre a abordagem metodológica de um

trabalho escolhido pelo aluno – S2; o terceiro sobre trabalho indicado pelo

professor – S3). A média parcial (MP) será a média aritmética das notas de cada

um desses seminários: 3

321 SSS . A média final (MF) será MF = k(MP), onde k

é a porcentagem de frequência na disciplina.

Todas as atividades serão realizadas durante o decorrer do curso, não havendo trabalho

para ser entregue após a finalização da disciplina.

Cada seminário deverá seguir um roteiro específico, negociado com os alunos, do qual

necessariamente constará: uma resenha – a ser disponibilizada previamente a

todos os alunos – sobre o tema do seminário e a abordagem; os tempos

máximo e mínimo da atividade; e um critério de avaliação.

UNIDADE: Faculdade de Ciências

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA DISCIPLINA

1. Metodologia, Pesquisa, Abordagem Qualitativa, Ensino de Ciências: temas centrais à

discussão

1.1. Paradigmas científicos

1.2. Rigor, método, procedimentos, indução/dedução, teorização, discursos “êmico” e “ético”

1.3. Hermenêutica

1.3.1. Hermenêuticas originárias, Hermenêuticas contemporâneas

1.3.1.1. A virada hermenêutica das Ciências Sociais, Hermenêutica de Profundidade

2. Narrativas e descrições

2.1. Uma primeira abordagem ao significado de “narrativa” e suas potencialidades para a

pesquisa em Ensino de Ciências

2.1.1. Práticas, Experiências, concepções

2.1.2. “Escritas de si”

2.2. Análise de Narrativas: análise narrativa de narrativas, análise paradigmática de narrativas

2.3. História Oral

2.4. Fenomenologia e Método fenomenológico

2.4.1. Aspectos fundacionais: uma abordagem inicial

2.4.2. Pesquisa Qualitativa de viés fenomenológico

2.4.3. Análise ideográfica e Análise Nomotética

3. Etnografias

3.1. Abordagem inicial sobre a natureza de uma abordagem etnográfica

3.2. Etnociências e Método etnográfico.

4. Os métodos de escrever história

4.1. História, Historiografia, Histórias “particulares” (História da Ciência, História da Educação,

História da Matemática/Física/Biologia/Química, História das Instituições, História das

Disciplinas Escolares)

4.2. O método historiográfico como abordagem qualitativa de pesquisa

4.3. Fontes e documentos, fatos e versões, verdade e plausibilidade, abordagem global e local

4.4. Escola dos Annales, História Cultural

4.4. Interlocuções da História e outros campos do saber acadêmico-científico

4.5. História Oral como metodologia em Historiografia

5. Cartografias

5.1. Abordagens contemporâneas: o método cartográfico

5.1.1. Cartografia, Cartografia Simbólica, Cartografia como metáfora, Cartografia como método

5.1.2. Alguns pressupostos e exemplos do método cartográfico em Educação e Ensino de

Ciências

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO: Educação para a Ciência

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Ensino de Ciências

DISCIPLINA: METODOLOGIAS QUALITATIVAS DE PESQUISA: ANÁLISE CRÍTICA DE FUNDAMENTOS E

PROCEDIMENTOS

CARACTERÍSTICA: Domínio Específico

Natureza: Específica

Nível de Mestrado e Doutorado

CARGA HORÁRIA: 120 horas/aula

DURAÇÃO: 15 semanas

NÚMERO DE CRÉDITOS: 08 (oito)

NÚMERO MÍNIMO DE ALUNOS: 5 (cinco)

NÚMERO MÁXIMO DE ALUNOS: 20 (vinte )