musitec brasil out 2012

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SOM DAS IGREJAS Dificuldades comuns e soluções para a sonorização de templos MONITORES Escolhendo o modelo ideal para você BROADCAST & CABLE 2012 Todos os detalhes da 21ª edição do evento CASA DO MATO Por dentro de um estúdio que é uma verdadeira fábrica de sucessos Ano XXIV - outubro/2012 nº253 - R$ 12,00 - www.musitec.com.br TÉCNICAS DE MICROFONAÇÃO Como ler especificações (Parte 2)

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Brazilian magazine on music and record production.

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  • udio msica e tecnologia | 1

    SOM DAS IGREJASDifi culdades comuns e solues para a sonorizao de templos

    MONITORESEscolhendo o modelo ideal para voc

    BROADCAST & CABLE 2012Todos os detalhes da 21 edio do evento

    CASA DO MATOPor dentro de um estdio que uma verdadeira fbrica de sucessos

    Ano XXIV - outubro/2012 n253 - R$ 12,00 - www.musitec.com.br

    TCNICAS DE

    MICROFONAO

    Como ler especifica

    es

    (Parte 2)

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  • udio msica e tecnologia | 1udio msica e tecnologia | 1

  • ISSN 1414-2821udio Msica & Tecnologia Ano XXIv N 253 / outubro de 2012Fundador: Slon do valle

    Direo geral: Lucinda DinizEdio tcnica: Miguel RattonEdio jornalstica: Marcio Teixeiraconsultoria de Pa: Carlos Pedruzzi

    COLABORARAM NESTA EDIOAlexandre Cegalla, Christ, Daniel Raizer, Enrico De Paoli, fabio Henriques, fernando Barros, fernando Moura, Lucas Ramos, Luciano Alves, Omid Brgin e Renato Muoz

    REDAOLouise Palma, Marcio Teixeirae Rodrigo [email protected]@musitec.com.br DIREO DE ARTE E DIAGRAMAO Client By - clientby.com.brfrederico Ado e Luiz Miller

    assinaturas Karla [email protected]

    Distribuio: Eric Baptista

    Publicidade Mnica [email protected]

    Impresso: Ediouro Grfi ca e Editora Ltda.

    udio Msica & Tecnologia uma publicao mensal da Editora Msica & Tecnologia Ltda,CGC 86936028/0001-50Insc. mun. 01644696Insc. est. 84907529Periodicidade Mensal

    ASSINATURASEst. Jacarepagu, 7655 Sl. 704/705Jacarepagu Rio de Janeiro RJCEP: 22753-900Tel/fax: (21) 3079-1820 (21) 3579-1821 (21) 3174-2528Banco Bradesco Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1

    Website: www.musitec.com.br

    Distribuio exclusiva para todo o Brasil pela fernando Chinaglia Distribuidora S.A.Rua Teodoro da Silva, 907 Rio de Janeiro - RJ - Cep 20563-900

    No permitida a reproduo total ouparcial das matrias publicadas nesta revista.

    AM&T no se responsabiliza pelas opinies de seus colaboradores e nem pelo contedo dos anncios veiculados.2 | udio msica e tecnologia

    Apesar da indstria musical lanar novos equipamentos todos os anos, a procura por

    modelos antigos nunca acaba. Parte deste interesse est na fama dos modelos clssicos

    e no status dado a quem possui uma raridades dessas. Mas o principal motivo que faz as

    pessoas pagarem caro por equipamentos velhos mesmo a sonoridade nica que s eles

    conseguem proporcionar.

    Isso ocorre principalmente em equipamentos analgicos, cujos circuitos usam componen-

    tes montados separadamente e cujas caractersticas podem variar de um equipamento

    para outro do mesmo modelo. muito parecido com o que acontece com instrumentos

    acsticos. Em alguns equipamentos hbridos e mesmo naqueles totalmente digitais, mas

    que utilizam muitos componentes individuais e no apenas microprocessadores, tambm

    se notam essas peculiaridades, j que o percurso dos sinais nos circuitos pode sofrer inter-

    ferncias que afetam a sonoridade.

    Em algumas gravaes antigas, que realizei com sintetizadores que no tenho mais, os

    instrumentos apresentam uma sonoridade que nunca mais consegui. O fato dos registros

    terem sido feitos em fi ta magntica contribuiu para criar distores (e rudos!) nos sons

    daqueles instrumentos. Embora a qualidade tenha sido comprometida, ao se focar a audi-

    o nos sons dos instrumentos, percebe-se que eles tm caractersticas difceis de serem

    obtidas outra vez. Difceis at de se explicar.

    A tecnologia digital evoluiu muito e j consegue recriar muitas dessas anomalias benfi -

    cas que aconteciam nos circuitos antigos. A virtualizao est chegando a um estgio de

    sofi sticao que faz com que seja cada vez mais difcil distinguir entre o que produzido

    por software e o que produzido pelo equipamento original, com a vantagem de no se

    ter aqueles rudos indesejveis que podem at ser adicionados virtualmente tambm.

    Como j afi rmei aqui em outras oportunidades, os recursos tecnolgicos existem para nos

    proporcionar uma percepo agradvel, e este tem sido o foco daqueles que desenvolvem

    instrumentos e equipamentos modernos. De maneira incansvel, eles seguem em busca

    da perfeio, da combinao entre aquela sonoridade peculiar e a alta qualidade exigida

    nos dias de hoje.

    Miguel Ratton

    Sonoridade, qualidade e perfeio

    EDITORIAL

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    notcias do FrontE os problemas continuam...Renato Muoz

    Em casaEscolhendo o monitor ideal para o seu home studioLucas Ramos

    tcnicas de MicrofonaoComo ler especifi caes (Parte 2)fbio Henriques

    Era uma vez uma casa no meio do mato...Por dentro do Casa do Mato, estdio que uma verdadeira fbrica de sucessosRodrigo Sabatinelli

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    editorial 2 primeira vista 20 msico na real 90lugar da verdade 112

    F no somAs difi culdades e solues encontradas na sonorizao das igrejas brasileirasfernando Barros

    Broadcast & cable 2012Evento apresenta novidades em microfonese consoles, entre outros produtosRodrigo Sabatinelli

    tcnicas de EstdioComo pequenas tcnicas e macetes podem salvar sua mixAlexandre Cegalla

    arte EletrnicaThe Creators Project 2012: uma experincia sonora, visual e interativaChrist

    udio e acsticaLayout de estdios: fazendo na prticaOmid Brgin

    ableton LiveRacks de instrumentos e efeitos no Live: Parte 2 - Drum RacksLucas Ramos

    Pro toolsPresets: amenize sua preguia comeando do meioDaniel Raizer

    sonarUtilizando o iPad com o Sonar (Parte 2)Luciano Alves

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    notcias de mercado 6em tempo real 22classifi cados 108

    novos produtos 12 aqurio 24ndice de anunciantes 111

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    F no somAs difi culdades e solues encontradas na sonorizao das igrejas brasileirasfernando Barros

    Broadcast & cable 2012Evento apresenta novidades em microfonese consoles, entre outros produtosRodrigo Sabatinelli

    tcnicas de EstdioComo pequenas tcnicas e macetes podem salvar sua mixAlexandre Cegalla

    arte EletrnicaThe Creators Project 2012: uma experincia sonora, visual e interativaChrist

    udio e acsticaLayout de estdios: fazendo na prticaOmid Brgin

    ableton LiveRacks de instrumentos e efeitos no Live: Parte 2 - Drum RacksLucas Ramos

    Pro toolsPresets: amenize sua preguia comeando do meioDaniel Raizer

    sonarUtilizando o iPad com o Sonar (Parte 2)Luciano Alves

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    notcias DE MERCADO

    Foi realizado no dia 19 de agosto a 13 edio do Vale Drum

    Festival, no municpio de Cachoeira Paulista, em So Pau-

    lo. Promovido pelo Instituto Musical Claudio Abreu, o projeto

    musical e educativo contou com workshows de Darcy Marolla,

    que mostrou sua habilidade tocando em sistema Play Along,

    de Diego Pereira, vencedor do Festival de Bateristas em 2008,

    e do guitarrista Alexandre Freitas, que apresentou um tema

    de seu novo CD solo. O evento contou tambm com a apre-

    sentao de seu idealizador, Cludio Abreu, que apresentou

    temas instrumentais cheios de improviso ao lado dos baixis-

    tas Cae de Melo (RJ) e Israel Nogueira (RJ), do guitarrista

    Alexandre Freitas (Lorena/SP) e do percussionista Guri (Ca-

    choeira Paulista/SP).

    Os msicos tambm fi zeram parte da comisso julgadora do

    8 Festival Juvenil de Bateristas do Vale do Paraba, que teve

    Jhow, de Lorena (SP), como vencedor. J o 18 Festival de

    Bateristas do Vale do Paraba foi vencido por Bruno Hernandes, de So Paulo. O evento tambm marcou o lanamento do Vale Bass

    Groove, com workshow dos baixistas Juninho Braga, de So Paulo, Cae de Mello e Israel Nogueira.

    Encerrando o evento, Emilio Martins e Cacau Jones realizaram um duo de bateria e percusso com tcnicas e ritmos variados.

    A 134 Conveno da Sociedade de Engenharia de udio (AES) ser realizada entre os dias 4 e 7 de maio de 2013,

    em Roma, na Itlia. O evento reunir engenheiros de udio de todo o mundo para falar sobre as ltimas novidades

    nas reas de pesquisa, desenvolvimento e aplicaes do udio.

    A conveno, que acontece pela primeira vez na capital italiana, acontecer no novo centro de conferncia Roma

    Eventi Fontana di Trevi. Localizado em um palcio neoclssico construdo por Guido Barluzzi em 1930, o local conta

    com 15 salas e comporta mais de mil pessoas. A conferncia ser presidida por Umberto Zanghieri, vice-presidente

    da AES na regio sul da Europa.

    Antes, a 133 edio do evento vai acontecer entre os dias 26 e 29 de outubro de 2012, no Moscone Center, centro de

    convenes localizado em San Francisco, Estados Unidos.

    13 vALE DRUM fESTIvAL RENE NOvOS TALENTOS DA MSICA EM SO PAULO

    134 CONvENO DA AES SER REALIZADA EM ROMA

    O idealizador Cludio Abreu durante sua apresentao

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    notcias DE MERCADO

    A Music China, uma das maiores feiras de instrumentos musicais e

    acessrios do mundo, acontece este ms, entre os dias 11 e 14 de

    outubro, em Xangai. O evento ter, nesta edio, 11 pavilhes inter-

    nacionais e espera receber mais de 52.000 visitantes de 97 pases.

    O gerente geral da Messe Frankfurt Shangai, Evan Sha, comentou os

    nmeros. Alm de contarmos com os pavilhes internacionais este

    ano, mais de 1.400 expositores de 30 pases e regies se inscreve-

    ram para o evento. Um espao recorde de exposio, com 85.000

    metros quadrados, comprova que a Music China a plataforma de

    lanamento para novos produtos e tecnologia na sia.

    Empresas da Blgica, Repblica Checa, Frana, Alemanha, Itlia, Es-

    candinvia, Espanha, Taiwan, Holanda, Reino Unido e Japo podero

    mostrar seus produtos nesses espaos especiais. A estreia do pavilho

    japons contar com 29 empresas e fabricantes de instrumentos musicais e faz parte de uma estratgia da Organizao de Comrcio Externo

    do Japo para entrar no mercado chins.

    Considerado o evento asitico da alem Musikmesse, a Music China organizada por uma parceria entre China Music Instrument Association

    (CMIA), Intex Shanghai e Messe Frankfurt. Mais informaes podem ser obtidas em www.musikmesse-china.com

    MUSIC CHINA 2012 ACONTECE EM OUTUBRO

    O diretor geral da Turbosound, Simon Blackwood, agora faz

    parte da equipe da DiGiCo, como diretor de desenvolvimento

    de negcios. O cargo, criado recentemente, tem como objeti-

    vo a expanso da empresa.

    timo poder dar as boas-vindas ao Simon na equipe DiGiCo,

    disse o diretor James Gordon. Ele trar uma nova dimenso

    nossa base de conhecimento e ser fundamental para nos levar

    a atuar em nova reas. uma honra gerenciar uma companhia

    em que pessoas inteligentes querem trabalhar e estamos muito

    satisfeitos por Simon fazer parte disso, acrescentou.

    Simon, por sua vez, afi rmou ser um antigo f da empresa. Ad-

    miro o pioneirismo da equipe da DiGiCo na evoluo da mixa-

    gem digital profi ssional. No passado eu a considerava como uma

    concorrente forte e criativa. Agora eu me sinto privilegiado de

    fazer parte da equipe em um momento to excitante.

    SIMON BLACKWOOD NOMEADO DIRETOR DE DESENvOLvIMENTO DE NEGCIOS DA DIGICO

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  • SEMINRIO DA SSL NO RIO DE JANEIRO ATRAI GRANDE PBLICO

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    notcias DE MERCADO

    A Universidade de Nottingham, no Reino Unido, est recrutando voluntrios para participar de um estudo que ir avaliar os efeitos da msica na audio. A pes-

    quisa um projeto do Instituto Nacional para Pesquisa da Sade (NIHR, sigla em ingls) e pioneira no exame aprofundado sobre a exposio msica alta.

    Ainda que parea bvio, um levantamento recente mostrou que o pblico no tem conscincia sobre os danos que a exposio a altos volumes de msica

    podem causar aos ouvidos. At o momento, no h evidncias cientficas suficientes que confirmam ou descartam o perigo da msica para a perda

    auditiva. Os resultados deste estudo no ajudaro apenas a responder se a exposio msica prejudicial, mas o quanto isso prejudicial. Isso vai

    nos permitir comear a definir melhor os limites seguros de escuta, afirma Robert Mackinnon, doutorando que lidera o estudo.

    Os pesquisadores pretendem encontrar dois mil voluntrios, entre 30 e 65 anos, que se encaixem na gerao de antigos ouvintes. Alm disso, prefe-

    rvel que essas pessoas trabalhem em lugares silenciosos, afastando, assim, fatores alternativos da perda de audio. O teste ser feito atravs de um

    site, onde os voluntrios respondero a um questionrio que pretende coletar dados, para saber como e por quanto tempo eles tiveram sua audio

    exposta msica alta. Depois eles faro um teste que mede a capacidade para ouvir una srie de nmeros, com barulho ao fundo. Os resultados sero

    divulgados aps a devida anlise dos testes.

    No ltimo dia 28 de agosto, a Universidade Estcio de S, campus Cen-

    tro, no Rio de Janeiro, foi palco de um seminrio gratuito da Solid State

    Logic que atraiu um pblico de cerca de 70 pessoas, dentre as quais es-

    tavam muitos estudantes do curso de Produo Fonogrfica da prpria

    UNESA, que tem o produtor Mayrton Bahia como coordenador.

    Promovido em parceria pela escola ProClass, pela revenda autorizada

    Music Mall e pela Just Pro Audio, ditribuidora exclusiva da marca no

    Brasil, o encontro foi apresentado por Fadi Hayek, gerente de vendar

    nacionais da SSL, com traduo de Conrado Ruther (engenheiro de

    gravao, produtor musical e integrador de estdios). O seminrio

    discutiu o fluxo de trabalho e os fatores que afetam o ambiente de

    um estdio, e entre os slides que misturavam informao com o bom

    humor de Hayek (o chefe Peter Gabriel, dono da companhia, foi alvo

    de algumas brincadeiras) e as perguntas feitas pelo pblico, foram

    examinados diversos setups de estdios. Assim, os participantes pu-

    deram ver como o trabalho de cada um pode ser mais criativo e pro-

    dutivo, chegando a um melhor resultado final.

    Entre os tpicos abordados no evento, destaque para mixagem in-the-box versus mixagem externa e uma pergunta: a latncia zero pos-

    svel em uma workstation nativa?. Em entrevista aps o evento, Fadi Hayek destacou sentir, at hoje, certa pureza na msica brasileira, e

    afirmou que deseja que a SSL contribua para mant-la dessa forma. Vocs so apaixonados pela msica, e nosso dever permitir que atuem

    com ainda mais qualidade em seus trabalhos, observou. Rodrigo Meirelles, scio-diretor da ProClass, ressaltou a importncia do evento e

    decretou: compartilhar conhecimento nunca demais.

    UNIvERSIDADE INICIA PESqUISA SOBRE EfEITOS DA MSICA NA AUDIO

    Fadi e Conrado em ao: informao e bom

    humor deram o tom do seminrio

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    cio

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    DISAC TRAZ PARA O BRASIL NOvOS MINIfONES RCAOs minifones de ouvido so acessrios cada vez mais populares, usados por uma

    enorme quantidade de pessoas em celulares e aparelhos de MP3. As caractersti-

    cas mais importantes nesses fones so a qualidade, a facilidade de transporte e

    a durabilidade. A Disac, importadora de produtos de udio que est no mercado

    desde 1996, est trazendo agora para o Brasil dois novos minifones da RCA.

    O HP60A (foto) possui minifalantes de 9 mm, com potncia de 20 mW, que

    proporcionam uma sensibilidade de 93 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A

    impedncia de 16 ohms e o desenho arredondado na ponta auricular ajuda a

    reduzir o rudo externo. O conector banhado a ouro e dispe de um adaptador

    que possibilita ser usado com a maioria dos telefones celulares. O cabo tem

    comprimento de 1,20 m.

    J o HP57N possui minifalantes de 13 mm com potncia de 20 mW, que pro-

    porcionam sensibilidade de 98 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A impedncia

    de 16 ohms e seu conector tambm banhado a ouro, com cabo de 1 m de

    comprimento.

    www.rcaaudiovideo.com

    www.disac.com.br

    NOvO CHANNEL STRIP PRESONUS ADL 700A PreSonus anunciou o lana-

    mento do ADL 700, seu novo

    channel strip, composto de

    um pr-amplificador classe A

    valvulado, um compressor ba-

    seado em FET e um equaliza-

    dor semiparamtrico de qua-

    tro bandas. O equipamento

    possui entradas balanceadas

    (XLR) para microfone e linha,

    uma entrada no-balanceada

    (TRS) para instrumento e uma

    sada balanceada XLR.

    De acordo com a PreSonus, o novo channel strip incorpora o mesmo pr-amplificador valvulado do modelo ADL 600, projetado por Anthony DeMaria,

    com duas vlvulas 6922 e uma 12AT7 operando em +/-300V para proporcionar o mximo de headroom e um transformador duplo, para garantir

    menos rudo e maior rejeio de modo comum. Outra caracterstica dos prs da srie ADL a chave seletora de entrada, que permite escolher

    entre quatro impedncias de entrada: 1500, 900, 300 e 150 ohms. Isto possibilita criar coloraes sutis e obter variaes de tonalidade sem usar o

    equalizador. J o compressor baseado em transistor FET, que emula o som da vlvula, e o equalizador foram projetados especialmente por Robert

    Creel, especialista da PreSonus em circuitos analgicos e responsvel pelo projeto do pr-amp XMAX.

    O pr-amp dispe de alimentao phantom de 48V, inverso de polaridade e um atenuador de -20 dB pad. Possui tambm um seletor de ganho de

    at 35 dB em passos de 5 dB e um potencimetro de ajuste de +/-30 dB. H ainda um filtro passa-altas de 12 dB/oitava, com frequncia ajustvel.

    O ADL 700, que dispe de ajustes de Attack, Release, Threshold, Ratio, Makeup Gain e Bypass, tem equalizador de quatro bandas semiparamtrico,

    que combina filtros isolados e otimizados.

    www.quanta.com.br

    www.presonus.com

    novos PRODUTOS | Miguel Ratton

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    DISAC TRAZ PARA O BRASIL NOvOS MINIfONES RCA

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    novos PRODUTOS

    O Alpha-Link MX o primeiro produto

    da nova linha de conversores A-D/D-A

    da SSL que pretende proporcionar alta

    qualidade de udio em um formato mais

    acessvel para estdios de pr-produo.

    Esta nova gerao de conversores ba-

    seada nos modelos Alpha-Link SX e AX,

    que so usados em muitos estdios de

    gravao de todo o mundo nos consoles

    SSL AWS e Duality.

    A srie Alpha-Link MX consiste de duas

    diferentes unidades de rack que podem

    ser usadas individualmente ou combina-

    das para criar sistemas maiores. Cada unidade possui 64 canais digitais de entrada e sada atravs de conexes ticas MADI, que podem ser co-

    nectadas com qualquer equipamento compatvel com o padro MADI. A Alpha-Link MX 16-4 possui 16 entradas e quatro sadas analgicas, sendo

    indicada para ser usada como interface de entrada e monitorao em um estdio pessoal. J a Alpha-Link MX 4-16 possui quatro entradas e 16

    sadas analgicas, sendo uma soluo ideal para se fazer a soma analgica de 16 canais e permitindo a captura de quatro canais.

    Pode-se interligar at quatro unidades MX, encadeadas em qualquer tipo de combinao, permitindo assim confi gurar sistemas de at 80 cone-

    xes analgicas endereveis a uma conexo digital MADI de 64 canais. As unidades MX possuem seletor de nvel de referncia, o que possibilita

    adequ-las ao restante do sistema, dentro de uma faixa de +24 dB a +14 dB. As confi guraes so efetuadas pelo painel frontal.

    www.musicmall.com.br

    www.solidstatelogic.com

    SSL LANA NOvA GERAO DE CONvERSORES

    APP DA APHEX APRIMORA SOM DE DISPOSITIvOS MvEIS A Aphex, empresa que desenvolve tecnologia de udio h mais de 35 anos, lanou

    recentemente o app Audio Xciter, que permite aprimorar a qualidade sonora de

    dispositivos mveis atravs de seu processamento de sinais Xciter, uma tecnologia

    exclusiva da empresa capaz de analisar e melhorar a qualidade do sinal de udio

    em tempo real. O app foi lanado primeiramente para dispositivos com sistema ope-

    racional iOS (Apple), mas logo em seguida foi disponibilizada tambm uma verso

    para Android.

    Diante dos processos de compactao atualmente usados nos arquivos de msica,

    que reduzem a qualidade da gravao, o Audio Xciter, de acordo com a Aphex,

    capaz de restaurar todos os detalhes, nuances e espacialidade para o ouvinte, inde-

    pendentemente do estilo musical.

    Na verso gratuita, o app pode ser usado para reproduzir udio durante apenas 15

    minutos por dia, mas existem duas opes de upgrade: o Audio Xciter Basic, que re-

    move a restrio de tempo, e o Audio Xciter Studio, que permite ao usurio ajustar

    os parmetros do DSP do Xciter conforme seu gosto. O Audio Xciter para iOS pode

    ser adquirido no iTunes, enquanto a verso para Android est disponvel na Android

    Store e na Amazon.com. De acordo com a Aphex, parte da receita das vendas ser

    revertida para a instituio sem fi ns lucrativos Respect the Music, que desenvolve

    trabalhos de apoio ao ensino de msica.

    www.audioxciterapp.com

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  • vERSO 8.4 BETA DO ABLETON LIvE TRAZ SUPORTE NATIvO PARA 64 BITS

    NOvO MIXER COMPACTO ALLEN & HEATHA Allen & Heath apresentou o ZED 60-14FX, um mixer analgico compacto ideal para ser usado

    com grupos pequenos e locais de pequeno porte. O ZED 60-14FX chega para completar a

    linha do ZED 60-10FX, lanado no comeo do ano, e adota os mesmos faders de

    60 mm, com a adio de mais quatro canais mono para linha/microfone.

    O mixer possui oito canais mono com entradas para microfone (balan-

    ceada XLR, com alimentao phantom) e linha (1/4), sendo que dois

    desses canais possuem entradas de linha com alta impedncia, que per-

    mitem receber sinais de guitarra diretamente, sem necessidade de DI

    box. De acordo com o fabricante, os circuitos dessas entradas utilizam

    pr-amps classe A com FET, projetados para recriar a sonoridade de um

    pr-amp valvulado. H ainda mais dois canais estreo, para receber sinais de

    teclados ou de aparelhos de MP3/CD. Os canais mono possuem equalizador de trs

    bandas, sendo que a de mdios permite o ajuste da frequncia de atuao.

    As sadas principais de udio, em estreo, so atravs de conectores balanceados do tipo XLR, e h tambm sadas em estreo para monitorao

    (RCA) e para fone de ouvido. O ZED 60-14FX dispe ainda de uma conexo USB, que serve para gravar diretamente no computador a mixagem

    em estreo e tambm para mixar udio estreo vindo do computador.

    Dentro do mixer, um processador digital oferece um total de 16 programas de efeitos, incluindo reverbs, delays, flanger e chorus. Cada canal de

    entrada possui duas mandadas auxiliares, ambas com sadas de udio mono e uma delas mandando o sinal para o processador interno de efeitos.

    H, ainda, conexes de inserts para as duas sadas principais.

    www.audiopremier.com.br

    www.allen-heath.com

    novos PRODUTOS

    A Ableton j disponibilizou a verso 8.4 do Live, que traz como

    destaque o suporte nativo ao processamento em 64 bits. Isto

    possibilita ao software aproveitar uma quantidade muito maior de

    memria do sistema e usar plug-ins de terceiros que operam 64 bits.

    A verso beta est disponvel para download para todos os usurios

    registrados do Live 8, do Suite 8, do Live Intro e do Live Lite 8.

    A verso 64 bits do software roda em PCs com Windows Vista/7/8

    (64 bits) e em Macs com processador Intel com OS X 10.5 ou supe-

    rior. Esta verso no tem suporte para Max for Live, vdeo ou The

    Bridge, mas a Ableton est trabalhando com seus parceiros para

    dar suporte a esses recursos.

    Os termos 32 bits e 64 bits se referem basicamente a como a me-

    mria (RAM) do computador pode ser usada pelos softwares. Na

    verso de 32 bits o Live (assim como qualquer software de 32 bits) pode usar at 4 GB de RAM, o que significa que pode no ser capaz de

    usar coletneas de samples muito grandes ou plug-ins que ocupem muita memria.

    Todos os plug-ins de 64 bits podem ser usados na verso de 64 bits do Live. J os de 32 bits no podem ser usados diretamente na nova verso,

    mas existem algumas ferramentas de outras empresas (ex: jBridge) que permitem usar plug-ins VST de 32 bits dentro de softwares de 64 bits.

    Teoricamente, a verso de 64 bits do Live pode usar um total de 16 exabytes de RAM. Isto quer dizer que voc pode trabalhar com Live Sets

    (nativos, com plug-ins de terceiros e configuraes em ReWire) muito maiores e que usam muito mais memria do que na verso de 32 bits.

    www.habro.com.br

    www.ableton.com

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  • udio msica e tecnologia | 17

    vERSO 8.4 BETA DO ABLETON LIvE TRAZ SUPORTE NATIvO PARA 64 BITS

  • 18 | udio msica e tecnologia

    novos PRODUTOS

    A Sennheiser lanou, durante a IBC, que aconteceu em Ams-

    terd entre os dias 7 e 11 de setembro de 2012, o Digital

    9000, sistema de transmisso digital sem fio capaz de trans-

    mitir udio completamente descompactado e com dinmica

    imponente. Destinado a profissionais da radiodifuso, teatros

    e eventos ao vivo, o Digital 9000 inclui o receptor EM 9046, o

    transmissor de mo SKM 9000 e os transmissores de bolso SK

    9000, alm de um conjunto completo de acessrios.

    O sistema digital sem fio equipado com dois modos de

    transmisso para atender qualquer necessidade e ambien-

    te. O modo de alta definio (HD) transmite um udio sem

    compresso, enquanto o modo Long Range (LR) foi projetado

    para ambientes de transmisso difceis, com muitas fontes de

    interferncia. Ele garante alcance mximo com um codec de

    udio digital da Sennheiser, que faz com que a qualidade de

    udio seja superior ao de um sistema FM.

    Seu receptor EM 9046, alm de possuir um grande display e

    de contar com trs modos de exibio, um mainframe que acomoda at oito receptores internamente, abrangendo a faixa de UHF

    470-798 MHz. J o transmissor de mo SKM 9000 compatvel com toda a gerao sem fio G3 e microfones da Srie 2000, incluindo

    as cpsulas Neumann KK204 e KK 205.

    Por ltimo, o transmissor de bolso SK 9000 fcil de esconder e anexar. Sua estrutura de magnsio combina robustez e baixo peso,

    e ele, que tem uma entrada para guitarras e outros instrumentos, pode ser usado com qualquer clip-on ou microfone auricular com

    um conector 3-pin Lemo. A SK 9000 est disponvel em quatro diferentes faixas de frequncia (88 MHz de largura de banda de comu-

    tao) e um interruptor de comando, para a comunicao entre as equipes e artistas ou jornalistas, est disponvel como acessrio.

    www.quanta.com.br

    www.sennheiser.com

    SENNHEISER LANA SISTEMA DE TRANSMISSO DIGITAL SEM fIO

    DYNAUDIO APRESENTA NOvA SOLUO PARA MONITORES

    Depois de comemorar seus 20 anos com o lanamento do sistema de mo-

    nitorao M3X3, a Dynaudio Professional anunciou recentemente o lana-

    mento mundial do amplificador M3VE. De acordo com informaes divul-

    gadas pela empresa, esta nova soluo combina o desenho exclusivo da

    Dynaudio Professional com a avanada amplificao da Lab-Gruppen e o

    processamento de sinal da Lake.

    M3VE a evoluo de seu antecessor, o monitor M3A de trs vias. Enquanto

    o M3X3 alimentado por dois amplificadores, esta nova verso tem seus

    alto-falantes alimentados por apenas um amplificador de quatro canais PL-

    M10000Q, da Lab.gruppen. O equipamento utiliza um crossover ativo inte-

    grado da Lake para mdios e graves, enquanto os mdio-agudos e agudos

    so alimentados a partir de um filtro passivo no ponto cross-over. Outros

    destaques so sua resposta de frequncia de 22 Hz-21 kHz e sua potncia

    de 4.700 W por monitor.

    www.visionacoustics.com.br

    www.dynaudio.com

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  • udio msica e tecnologia | 19

  • 20 | udio msica e tecnologia

    PRIMEIRA vISTA | Alexandre Cegalla

    Plug-ins que emulam amplifi cadores valvulados e mul-

    tiefeitos simulando o som de pedais vintage j so

    conhecidos no mercado de udio. Agora, uma gui-

    tarra que simula o som de outras guitarras

    clssicas ainda algo raro de se

    encontrar. Mas exatamen-

    te isso o que a Roland

    G-5 VG Stratocaster

    faz. Utilizando a

    tecnologia COSM,

    que j era conheci-

    da desde o sistema

    modelador de gui-

    tarras VG-8, a G-5

    VG foi feita a partir

    de uma parceria com

    a Fender (cujo nome est

    impresso na mo da guitarra)

    e capaz de simular o timbre

    de trs tipos de guitarras, violes com

    cordas de ao ou de nylon e at ctara.

    Tudo nas verses de 6 ou 12 cordas e em

    diferentes tipos de afi naes. A guitarra, que tem corpo em alder e brao em

    maple, possui 22 trastes, pesa 3,8 quilos e produzida em diversas cores.

    Alm das simulaes, a Roland G-5 VG, por meio dos trs captadores single-

    -coil situados perto da ponte, no meio e junto de seu brao, tambm pode

    funcionar como uma guitarra normal e com som prprio. Um quarto capta-

    dor, o GK Pickup, fi ca bem rente ponte e o responsvel por capturar o

    som a ser modelado. Mais embaixo dos captadores, alm dos botes con-

    vencionais de volume e tonalidade, esto tambm dois controles que vo se-

    lecionar o tipo de modelao desejada. Um deles, com a letra M gravada,

    o seletor de modos de modelagem e possui cinco posies: N (normal), que

    seria o modo sem nenhuma modelagem, em que o G-5 VG funciona como

    uma guitarra comum; S, que simula o som de uma Fender Stratocaster; T,

    que emula o timbre de uma Fender Telecaster; H, que faz a guitarra tocar

    como se tivesse dois captadores humbuckers, um

    perto da ponte e outro junto ao brao.

    O quinto modo A (acstico), que simula o som de vio-

    lo. Nessa posio, voc pode usar o seletor de captadores

    ao lado para escolher entre dois tipos de violes com

    cordas de ao, um com cordas de nylon, guitarra

    semiacstica de jazz e uma ctara eltrica. Alm

    disso, no modo acstico o controle de tonalidade

    funciona como um controle do reverb embutido.

    O segundo controle, com a letra T gravada, o de tu-

    ning (afi nao), e oferece seis modos: N (Normal), em que a

    guitarra toca na afi nao padro em l (E A D G B E); Drop D, em que

    o bordo afi nado um tom abaixo, em r, enquanto as outras cordas

    continuam com afi nao padro (D A D G B E); Open G, que afi na

    num acorde de sol (D G D G B D); Modal D, no qual a guitarra toca

    na afi nao D modal (D A D G A D); Baritone, que afi na a guitarra em

    si (B E A D F# B). Finalmente, temos o modo 12 String, que modela

    o som de uma guitarra ou violo de 12 cordas. Os diferentes modos

    de afi nao e simulao de 12 cordas s funcionam nos modos com

    modelagem. No modo normal, a guitarra pode ser afi nada a gosto,

    como qualquer outra. Alm de escolher diferentes tipos de instrumen-

    tos acsticos, o seletor de captadores tambm oferece uma gama de

    possibilidades de timbres, dependendo do modo selecionado.

    A Roland G-5 VG ligada toda vez que um cabo for conectado no jack

    da guitarra. Quatro baterias do tipo AA alimentam o instrumento, sendo

    inseridas em um compartimento na parte de trs. Um indicador lumino-

    so mostra o estado das baterias, sendo que, se estiver azul, esto boas

    (quanto mais apagada fi car a luz do indicador, mais fraca estaro as bate-

    rias). Junto com a guitarra vm a alavanca de trmulo, uma chave de boca

    e quatro pilhas alcalinas AA, alm da capa do instrumento.

    www.roland.com.br

    www.rolandus.com

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    ROLAND G-5 VG STRATOCASTERNova guitarra virtual simula sonoridade de modelos clssicos, alm de violes e ctara

  • udio msica e tecnologia | 21

  • Desde muito pequeno ele tinha certeza de que acabaria

    trabalhando com msica. Acho que tem muito a ver com

    a influncia do meu av sobre meu pai, claro, chegando

    a mim. Assim, o jovem Arthur Luna, filho do engenheiro William

    Luna Jr., revela de onde vem o interesse pelo udio e resume a

    deciso de seguir os passos dos dolos familiares.

    Os primeiros trabalhos do garoto foram realizados em casa, onde

    finalizava projetos de bandas de baixssimo oramento com um pe-

    queno setup. E a ida para um grande estdio no demoraria. Mas

    ele queria mais, e tempos depois j era assistente do engenheiro

    Luiz Carlos T. Reis, na Cia dos Tcnicos, em gravaes expressivas,

    como uma base de um samba enredo, realizada na casa.

    Arthur conta que William e o prprio Luiz Carlos foram alguns dos

    muitos tcnicos que contriburam para sua formao. No entanto,

    a fim de aprimorar tudo o que lhe foi ensinado, no incio deste

    ano ele deixou o Rio de Janeiro para estudar numa universidade

    especializada do exterior, a Full Sail.

    Estudar fora foi um presento da famlia. Na verdade, cheguei

    a fazer faculdade de marketing enquanto trabalhava como as-

    sistente na Cia dos Tcnicos, mas tinha certeza de que queria

    estudar udio. Ento parei a faculdade e, por indicao do meu

    pai, resolvi me inteirar a respeito da Full Sail, lembra.

    A experincia no exterior, diz o jovem, tem sido fantstica. Total-

    mente dedicado aos estudos, ele conta que os equipamentos e o

    mtodo de ensino da faculdade so muito bons. L, inclusive, teve

    a oportunidade de conhecer o tarimbado engenheiro Bruce Swedien

    (Thriller, de Michael Jackson, entre muitos outros clssicos da msi-

    ca pop), que andava pelos corredores da universidade.

    Aproveitando ao mximo tudo o que tem pintado em termos de

    conhecimento, Arthur conta que no tem ficado somente no am-

    biente universitrio. Fora da sala de aula, ele tem circulado por

    estdios de grande porte e at mesmo reencontrado grandes

    amigos. Outro dia fui ao KDS Studios acompanhar a mix do novo

    DVD da Claudia Leitte, feita por Beto Neves, e em uma pequena

    semana de frias que tive fui a Nashville visitar o Alberto Vaz, que

    fez um tour muito bacana comigo em estdios da regio, como,

    por exemplo, o Ocean Way, o RCA e o Blackbird, diz.

    Em breve, Arthur estar de volta (o programa de seu curso, Re-

    cording Engineering, tem durao de pouco mais de um ano), tra-

    zendo na bagagem histrias e experincias que, somadas quelas

    todas que adquiriu no seu estdio caseiro, sero, sem dvida

    alguma, base para o sucesso de seu trabalho.

    22 | udio msica e tecnologia

    Arthur LunA

    EM TEMPO REAL | Rodrigo Sabatinelli

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  • udio msica e tecnologia | 23

    Microfone preferido: Neumann U87, pela versatilidade e nitidez. Um padro que eu gosto bastante.

    Monitores de referncia: Yamaha NS-10

    Plataforma de gravao: Pro Tools, pelas ferramentas oferecidas e pel a sua forte utilizao no mercado

    Plug-in preferido: Echoboy, de fcil regulagem e que soa bem

    Console de mixagem: SSL 4000 G+, um dos consoles que tenho usado na Full Sail

    Processadores externos: Lexicon 480 L

    Melhor estdio no Brasil: Cia dos Tcnicos

    Melhor estdio no exterior: Blackbird Studios

    Melhor engenheiro de som brasileiro: Flavio Senna

    Melhor engenheiro internacional: Bruce Swedien

    BATE-BOLA

    udio msica e tecnologia | 23

  • Sergio Soffiatti produtor, faz mixagem e maste-

    rizao, alm de ser o nome por trs dO GritO.

    O estdio comeou de uma parceria, mas tomou

    forma de projeto solo deste profissional. Atual-

    mente o estdio est localizado na Bela Vista, So Paulo,

    mas a histria no comeou ali.

    Soffiatti deu incio sua carreira em 1989, ao lado de

    Victor Frana, no Solo Studio. Dedicado composio de

    trilhas sonoras para projetos publicitrios realizados no

    estdio, Soffiatti foi aos poucos se envolvendo com as

    gravaes, mas foi s em 1997 que ele passou a fazer

    parte da sociedade.

    J estvamos trabalhando com plataformas digitais e

    compramos um gravador de duas polegadas da Tascam,

    voltando era analgica, comenta. Em 2002, o equi-

    pamento foi levado para So Paulo, onde os scios ar-

    rendaram as instalaes do antigo estdio Tom Brasil,

    dando origem ao O gritO.

    Soffiati, que, vale citar, foi vocalista e guitarrista das ban-

    das Sr. Banana e Skuba, destaca o ano de estreia como

    uma poca excelente, com clientes e trabalhos maravi-

    lhosos. Entre as parcerias feitas, merecem meno os

    trabalhos com Alberto Agnelucci, Benjamin Taubkin e Ro-

    dolfo Stroeter, alm das bandas independentes de rock

    Aditive, Sugar Kane e Dead Fish. Em 2003, entretanto,

    Victor Frana decidiu voltar para Curitiba, por motivos

    familiares, e a sociedade foi desfeita. frente dO gritO

    sozinho, Soffiatti remontou o estdio em casa, onde ficou

    trabalhando por cinco anos.

    Em 2008, a parceria com um amigo levou Soffiatti para seu

    24 | udio msica e tecnologia

    AqURIO | Louise Palma

    O GRITOLigia Chaim

  • udio msica e tecnologia | 25

  • EqUIPAMENTO HBRIDO: ANALGICO + DIGITAL

    Atualmente, O GritO oferece os servios de

    mixagem, masterizao, produo e ps-

    -produo e trabalha de maneira hbrida,

    aliando equipamentos analgicos a digitais.

    Para o produtor, este um diferencial do es-

    tdio, que consegue agregar a facilidade e a

    definio oferecidas pelo digital particula-

    ridade sonora das mesas e perifricos ana-

    lgicos. A tendncia hoje o investimento

    em prs variados para esquentar o som que

    ser gravado e convertido para a plataforma

    digital, em que ser feita a mistura final,

    explica. Mas, pra mim, a mixagem numa

    mesa analgica, alm de esquentar essa mix final, traz

    uma sonoridade prpria msica, conclui.

    Entre os equipamentos que utiliza no estdio, Soffiatti des-

    taca a mesa Tac Scorpion, produzida na Inglaterra em 1982,

    por conta do punch e do calor que o equipamento pro-

    porciona na mixagem. Outro equipamento citado por ele

    Stereo Buss Compressor G Series customizado, utilizado no

    master da mesa, antes do conversor Rosetta A/D Apogee.

    J na masterizao, o produtor s elogios ao seu Manley

    Vari-Mu. Em minha opinio, o compressor/limiter mais

    bacana do mercado para esse uso. Tambm vale destacar o

    26 | udio msica e tecnologia

    AqURIO

    estdio, onde as instalaes do ambiente de ensaio que

    dispunha de uma tcnica de timas dimenses serviram

    de ambiente de trabalho para o produtor. Nessa poca, co-

    mecei a trabalhar com o Andr Abujamra nos discos solo

    dele, com o alagoano Wado e tambm com o californiano

    Zach Ashton, alm da minha atual banda, a Orquestra Bra-

    sileira de Msica Jamaicana. Esses talvez sejam os traba-

    lhos mais importantes, que alavancaram meu nome como

    produtor, mixador e masterizador, afirma.

    Projetado por Soffiatti, o estdio foi pensado para realizar

    mixagem e masterizao, tendo apenas uma tcnica de 3

    por 4,5 metros, com p direito de 2,7 metros. Com pes-

    quisas e consultas fui chegando a ma-

    teriais, estruturas e dispositivos que

    trouxeram o resultado esperado para

    um bom rendimento da sala, recorda.

    Para mdias-baixas e baixas frequn-

    cias, foram utilizados bass traps e l

    de vidro. J para as frequncias altas,

    foram usados tecidos e espumas. A

    sala tambm conta com uma gaiola de

    faraday, que serve de bloqueio para os

    efeitos eletromagnticos externos. O

    AC da sala filtrado, isolado e con-

    trolado, porque, na minha opinio, a

    energia um dos principais fatores

    para o bom funcionamento de equipa-

    mentos tanto analgicos quanto digi-

    tais, explica o produtor.

    A tcnica, pensada para projetos de mixagem e masterizao

    Ligia

    Chaim

    A mesa Tac Scorpion de 32 canais, produzida na Inglaterra em 1982

    Ligia

    Chaim

  • udio msica e tecnologia | 27

  • conversor Rosetta 200, da Apogee, que alm de definio,

    eleva o nvel da imagem estreo das minhas finalizaes.

    Soffiatti enfatiza que a sonoridade varia de acordo com o

    equipamento utilizado, sendo a diferena entre eles essen-

    cial para o aquecimento do mercado. Precisamos de dife-

    renas, sons bonitos, sons feios, Hi-Fi, Lo-Fi e por a vai,

    opina. No entanto, ele prefere no defender nem exaltar

    nenhum tipo de equipamento. Ainda acredito que a msica

    e sensibilidade so o principal material para um bom disco

    ou single. No participo dessa busca frentica pelo equipa-

    mento perfeito. Isso no existe. Quando algum vem falar

    comigo sobre melhores prs, microfones ou plataformas,

    vou logo desconversando, diz ele, aos risos.

    Ainda assim, Soffiatti chama a ateno para

    a fidelidade proporcionada por cada um

    deles. Por conta das perdas e ganhos de

    determinadas frequncias, que acontecem

    no equipamento analgico, o digital mais

    fiel ao som captado na gravao. Por outro

    lado, o produtor destaca que a referncia

    sonora que a maioria das pessoas possui

    ainda vem de gravaes analgicas. Prati-

    camente tudo o que crescemos ouvindo foi

    gravado em analgico. Acho mais musical,

    misteriosa e mgica essa gravao suja,

    com todas as perdas. O prprio vinil tem um

    som lindo e est declaradamente voltando.

    PARA TODOS OS OUvIDOS: O qUE IMPORTA BOA MSICA

    NO gritO no existe preferncia musi-

    cal. Soffiatti frisa que no tem precon-

    ceito quando se trata de msica e o

    importante trabalhar com bons msi-

    cos e arranjos de qualidade. Mas isso

    nem sempre possvel, ainda mais em

    tempos de Auto-Tune e Beat Detective,

    entre outros, comenta ele. O rock me

    traz muito prazer, assim como o reggae,

    o funk e o bom samba. Quero trabalhar

    sempre com boa msica!

    Entre os artistas que j passaram pe-

    las mos do produtor nO gritO, Sofiatti

    destaca Osvaldinho da Cuca, que contou

    com sua coproduo no lbum Em Refe-

    rncia ao Samba Paulista. Como produtor, ele tambm j

    trabalhou com Andr Abujamra e destaca o disco, Mafaro,

    gravado em 2010. um trabalho que me enche de orgu-

    lho, pois foi feito da forma que a gente imaginava ser a

    ideal. Gravamos bateria, percusso e vozes no Solo Est-

    dio, em Curitiba, e mixei no Estdio Mega, em So Paulo,

    usando uma SSL9000. Outros estdios fazem parte desse

    trabalho, inclusive O gritO, na masterizao, explica.

    Outro trabalho que Soffiatti lembra com carinho a parceria

    com o californiano Zach Ashton, com quem j fez quatro

    lbuns. Me trouxe muitas alegrias. Um desses lbuns, in-

    clusive, foi feito nos Estados Unidos, onde aprendi muito,

    28 | udio msica e tecnologia

    AqURIO

    O compressor Manley Vari est entre os equipamentos que merecem destaque nO gritO

    Ligia

    Chaim

    O produtor, e tambm msico, Sergio Soffiatti: trabalho com prazer seja no

    rock, reggae, funk ou no samba

    CIna

    ra

  • udio msica e tecnologia | 29

  • mas tambm percebi que, aqui no Brasil, no estamos to

    longe no que diz respeito a tcnicas de gravao, enfatiza.

    Com a facilidade da msica digital, que viaja atravs da

    internet, o produtor consegue trabalhar distncia. Em

    contato com pessoas de outros estados e pases, ele ex-

    pande o alcance de seus faders. Funciona muito bem esse

    processo via internet, pois mando as mixes ou masters e o

    cliente ouve em casa, na sua referncia, com tranquilidade.

    Entre os ltimos trabalhos realizados nO gritO, ele des-

    taca bandas que considera relevantes para a msica bra-

    sileira: a paulista Bico do Corvo, a paulistana Lestics e os

    catarinenses do Tratak.

    LISTA DE EQUIPAMENTOS

    Mesa

    - TAC Scorpion (England by AMEK), com 32 canais, 8 sub-

    grupos e 4 auxiliares

    Multitracks

    - Sistema Pro Tools TDM Mix Cube com 32 in/outs em inter-

    faces 888/24 e 882/20 rodando em G4 733 Silver.

    - Pro Tools TDM Mix Plus 8 in/outs com interface 888-24

    rodando em MAC G4 Dual 1 GB

    Plataformas

    - PC Intel core 2 QUAD de 2,16 GHz por processador, com

    M-Audio Firewire 410 rodando analisador de espectro,

    Nuendo 3, ProTools 7.4 M-Powered, Logic 8, vrios plug-ins

    e VST instruments

    - Macbook 2.16, com tela de 13, interface Mbox mini, ro-

    dando Pro Tools LE 8.3

    Monitorao

    - Big Knob Studio Command System Mackie

    - Par de caixas Yamaha NS-10

    - Amplificador Alesis RA-100

    - Subwoofer Ativo Yamaha de 80 watts

    - Caixas Phase Technologies Velocity Series V-12 3way (au-

    difilo)

    - Amplificador ADCOM GFA 535 II 60 watts em 8 ohms (au-

    difilo)

    - Par de caixas custom para conferncia, de pequena circun-

    ferncia com amplificao custom

    Compressores e EQS (dinmicos)

    - SSL Xlogic G-series Stereo, compressor customizado

    - Avalon VTP-747 Class A stereo, compressor e equalizador

    - Manley Stereo Variable Mu Limiter Compressor

    - 1 canal de compressor DBX 160

    - 4 canais de compressor DBX 166

    - 2 canais de compressor DBX 163

    - 2 canais de compressor Valley People

    - 4 canais de gate Valley People

    - Equalizador Paramtrico Stereo Orban

    - Equalizador Paramtrico Stereo Ashly

    Conversores e processadores digitais

    - Conversor Apogee Rosetta AD

    - Conversor Apogee Rosetta 200

    - DBX Quantum Digital Mastering Processor

    - DAT Tascan DA-30 MKII

    Efeitos outboard

    - Stereo Spring Reverb Orban

    - Space Echo RE-20 Boss

    Microfones

    - 1 Newman TLM 103

    - 2 AKG C-391 B

    - 2 Shure SM57

    - 1 Shure SM58

    - 1 Sennheiser MD 504

    - 1 Sennheiser MD 421

    - 1 Shure SM 81

    Fones

    - Fone Beyerdynamics DT 990 PRO

    - Fone Audio-Technica ATH-910 PRO

    - Amplificador de fones Behringer Power Play

    - 2 fones JTS HP-535

    Controladores

    - FaderPort PreSonus

    - M-Audio Ozone

    - Roland PC-200 MK2

    30 | udio msica e tecnologia

    AqURIO

  • udio msica e tecnologia | 31

  • 32 | udio msica e tecnologia

    prEparo E dEsprEparo no udio naCional

    NOTCIAS DO fRONT | Renato Muoz

    No quero parecer repetitivo aqui na coluna, porm

    me sinto na obrigao de continuar batendo em de-

    terminadas teclas (literalmente). Desta vez, vou vol-

    tar ao assunto da falta de preparo dos profi ssionais

    de udio no Brasil, mais precisamente aqueles que

    trabalham em empresas de sonorizao. Antes que

    algum reclame, destaco que trabalhei um bom tem-

    po em uma empresa de sonorizao no Rio de Janeiro.

    Nem todas as lembranas so boas, principalmente

    pelo excesso de trabalho e escassez de dinheiro, mas

    uma coisa certa: foi uma grande escola. Tive sorte

    de ter alguns bons companheiros e instrutores.

    No faz tanto tempo assim, porm naquela poca

    eram pouqussimos os sistemas inteligentes, com

    processamento e amplifi cao integrados. O que

    existia eram racks de amplifi cadores muito, muito

    pesados, alm de crossovers analgicos nem um

    pouco confi veis. Os consoles eram analgicos (os

    maiores eram mesas de verdade), j com VCAs, v-

    rios auxiliares, grupos, inserts, processadores de

    efeitos, e funcionavam muito bem, mas quase sem-

    pre com aquele chiado normal de fundo. As caixas

    j eram compactas, o que facilitava muito, mas nada

    era muito resistente.

    No geral, o equipamento daquela poca, por volta de

    1990 a 1995, era bom, mas insisto: o que mais valeu

    a pena foi o aprendizado. Consegui entender como boa

    parte das coisas funcionava, desde a parte tcnica at

    a parte social, e isto ajudou a formar a minha base pro-

    fi ssional. L se vo mais de 20 anos, e, em termos de

    equipamento, tudo ou quase tudo mudou para melhor

    (na viso da maioria), porm alguns detalhes continu-

    am sendo uma pedra no caminho da nossa profi sso,

    principalmente, como j naquela poca, a falta de mo

    de obra especializada para o trabalho.

    DE ONDE VEM O PROBLEMA?

    No posso acusar ningum de ser despreparado para

    exercer qualquer tipo de profi sso, principalmente

    quando a possibilidade real dessa pessoa ter se pre-

    parado, aqui no Brasil, quase nula, porm, sim,

    hoje em dia existe a possibilidade de se aprender,

    em nosso pas, udio da maneira correta. Para mim,

    o problema so todos estes anos de aprenda por

    si mesmo, ou o argumento tipicamente brasileiro

    quem ensina no sabe fazer na prtica. A falta de

    uma educao formal por tanto tempo, na minha opi-

    nio, teve como resposta a nossa situao atual de

    falta de preparo profi ssional.

    E OS PROBLEMAS CONTINUAM...

    Sound Reinforcement Handbook: livro produzido pela Yamaha foi uma das minhas primeiras fontes de informao sobre udio

  • udio msica e tecnologia | 33

    Livro Manual Prtico de Acstica, do mestre Slon do Valle: fundamental para quem quer

    trabalhar com udio

    Cem por cento dos tcnicos que eu conheo, de uma

    gerao anterior minha, e que continuam fazendo

    um timo trabalho, aprenderam na tentativa e erro.

    Muitos caram na profi sso por causa do fascnio

    pelo udio ou porque era o caminho natural das coi-

    sas, mas estou certo de que a maioria gostaria de ter

    tido um preparo melhor.

    Quando comecei a trabalhar, j cursava uma facul-

    dade. Fiz Comunicao Social, Publicidade e Jorna-

    lismo, e tenho quase certeza de que me formei nas

    duas... Porm, uma das minhas maiores frustraes

    foi, naquela poca, no ter percebido que deveria ter

    mudado para uma cadeira que pudesse me ajudar

    mais no futuro. Me lembro de ser incentivado por

    meu pai a fazer alguma coisa relacionada ao udio,

    j que estava claro que esta seria minha profi sso,

    mas logo percebi que esta no seria uma opo pela

    pura inexistncia de um curso de udio no Brasil.

    Isso certamente me frustrou, e acabou por deixar

    algumas marcas na minha carreira.

    claro que este problema no afetou somente a mim:

    certamente vrias pessoas da minha gerao sentiram

    tal difi culdade. Conheo algumas que foram estudar fora

    (a maioria para fazer cursos de gravao) e voltaram

    depois de algum tempo com uma boa bagagem, porm

    a grande maioria acabou tendo que se virar sozinha.

    ORGULHO E PRECONCEITO

    Ao mesmo tempo que tinha um certo orgulho de

    estar fazendo uma faculdade, alm de j falar um

    razovel ingls, por vrias vezes senti um certo pre-

    conceito de algumas pessoas do meio. Muitas vezes

    a empolgao e a vontade de aprender eram vistas

    como uma fraqueza profi ssional, que indicava que

    voc no era forte o sufi ciente para o servio.

    Vi acontecer comigo e com outros profi ssionais mais

    interessados. O estigma era sempre o mesmo: fulano

    passa muito tempo estudando e pouco carregando

    caixa de som, e a poltica no meio do udio, sempre

    foi se voc no carrega caixa de som, no serve

    para trabalhar com som.

    Sempre que chegava com uma revista tipo Mix Magazine

    ou EQ Magazine para comentar alguma reportagem ou

    mostrar algumas fotos, a receptividade quase nunca era

    das melhores. Sempre uma piadinha ou uma ignorada

    coletiva. Este tipo de reao no me atingia em nada,

    porm certamente mostrava que havia algo errado. Mais

    tarde, conhecendo pessoas como Leo e Franklin Garrido,

    Carlos Pedruzzi, Slon do Vale, Roberto Marques e Gui-

    lherme Reis, entre alguns outros, descobri que nem tudo

    estava perdido. Existiam, sim, pessoas com um bom co-

    nhecimento tcnico (nem sempre acadmico) dispostas a

    trabalhar, e, o mais importante, a passar conhecimento.

    Muitos destes que acabei de citar passaram a ser

    um padro e objetivo profi ssional. Lembro de assistir

    a algumas apresentaes destas pessoas e pensar:

    tenho que seguir por este caminho, tenho que adqui-

    rir um bom conhecimento tcnico e estar preparado

    para algum dia passar este conhecimento adiante.

    Foi neste ponto da minha carreira profi ssional que

    decidi dar ainda mais importncia aos estudos te-

    ricos, porm, por incrvel que parea, isso ainda me

    Livro Manual Prtico de Acstica, do mestre

  • 34 | udio msica e tecnologia

    atrapalhava na prtica do dia a dia. Como sabemos,

    nem sempre fcil mudar o pensamento de um gru-

    po de pessoas, principalmente quando esto acostu-

    mados a um modelo de trabalho.

    NO LUGAR CERTO, NA HORA EXATA

    Depois de um perodo razovel trabalhando naquela

    empresa de sonorizao, ca completamente de para-

    quedas na produo uma das maiores artistas da po-

    ca, e de uma hora para outra, sem estar muito prepa-

    rado (na minha opinio), me tornei o tcnico de PA da

    tal artista. Nada poderia exemplifi car melhor para mim

    como funcionava aquele tipo de profi sso. Na verdade,

    acho que no fui nem a primeira escolha. Fui colocado

    totalmente de ltima hora para substituir algum que

    j era um substituto! Acabei fi cando por mais de cinco

    anos na posio e sa por vontade prpria.

    Me recordo perfeitamente bem do primeiro show, em

    Braslia. Tinha total conscincia de que no estava pre-

    parado para aquilo. Eu no tinha noo de como mixar

    um show ao vivo, apesar de ter um diploma universi-

    trio, falar ingls etc. Toda aquela teoria dos livros e

    revistas rapidamente se escondeu em algum canto da

    minha memria! Me faltava a prtica do dia a dia da

    estrada. Na hora fi cou claro que eu teria que aprender

    na marra o que fazer. L estava eu, caindo na tentativa

    e erro. No dava para chegar e falar no sei como

    fazer isso, algum tem que me substituir. O que tentei

    fazer rapidamente foi me adaptar situao, para po-

    der continuar trabalhando.

    No muito tempo depois, menos de um ano, j me

    sentia completamente preparado para aquela posio.

    Cada show era uma oportunidade de aprendizado, e

    uma das coisas que aprendi foi como me comunicar

    com os msicos, que vivem uma realidade profi ssional

    muito perto da nossa. Notei que a grande maioria dos

    msicos no tinha uma formao convencional, mesmo

    existindo esta possibilidade aqui no Brasil, o que no

    signifi cava falta de qualidade. Neste perodo trabalhei

    com grandes msicos, e vi que nossas profi sses pos-

    suem outros paralelos alm desse.

    OUTRO MUNDO, A MESMA EXPERINCIA

    Quase que ao mesmo tempo em que trabalhava com

    aquela artista, fui parar em um dos maiores estdios

    do Brasil, levado por um amigo msico. Estou falando

    de 1993 ou 1994, poca em que um grande estdio

    possua um gravador de 24 canais, um console analgi-

    co e alguns poucos microfones. Estes estdios sempre

    foram um mundo parte para mim. Mesmo antes de

    trabalhar com udio, sempre tive a curiosidade de ver

    onde os discos tinham sido gravados, qual o nome dos

    tcnicos que haviam trabalhado neles, e sempre tenta-

    va procurar reportagens para saber quais equipamen-

    tos tinham sido usados.

    Logo nos meus primeiros dias dentro de um estdio,

    percebi, defi nitivamente, que era mais legal trabalhar

    ali do que em uma empresa de sonorizao. Acredite:

    uma das grandes vantagens do estdio era que no

    chovia enquanto voc estava trabalhando. Alm disso,

    o contato direto com os artistas, na maioria das vezes,

    era bem interessante.

    Porm, rapidamente pude perceber uma grande seme-

    lhana com os profi ssionais que trabalhavam com so-

    Crank It Up: obra tem entrevistas com os principais tcnicos de PA e monitor que atuam no mercado e apresenta boas dicas

    NOTCIAS DO fRONT

  • udio msica e tecnologia | 35

    norizao: quase todos os tcnicos de estdio tambm

    tinham uma formao completamente informal. Estava

    de volta a tentativa e erro, e naquela poca ainda exis-

    tia uma grande separao entre tcnicos de estdio e

    de show. Os tcnicos de show eram conhecidos como

    carregadores de caixas que viraram tcnicos, enquanto

    os tcnicos de estdio eram aqueles mais sofi sticados,

    que trabalhavam no ar condicionado, que podiam errar,

    pois qualquer coisa era s gravar de novo.

    Na verdade, todos eram bem parecidos. Todo o conhe-

    cimento tcnico tinha sido aprendido de uma maneira

    ou de outra, nunca da ofi cial. Baseava-se muito na ex-

    perincia para trabalhar com sucesso. No estou dizen-

    do em momento algum que isso no funcionava; pelo

    contrrio: o resultado, na maioria das vezes, era timo.

    COMO e COMO PODERIA SER

    Tudo que estou falando aqui referente ao meu ponto

    de vista sobre a nossa formao educacional. Tenho

    certeza que muitos bons companheiros de trabalho se

    sentem muito bem em relao a isso e no vm a m-

    nima necessidade de melhorar a sua formao profi s-

    sional. certo que a grande maioria deles j passou da

    metade do tempo de sua carreira e provavelmente no

    v muita necessidade de uma formao ofi cial nesta al-

    tura do campeonato. Porm existe uma grande leva de

    novos profi ssionais que em breve ir substituir a mi-

    nha gerao e que continua sem muitas possibilidades.

    Estava conversando, h alguns dias, com um amigo

    chinelo, Felipe Gonzalez, que trabalha para a Avid. Es-

    tava lhe explicando a situao da educao em udio

    no Brasil quando fui surpreendido por uma frase dele:

    En Chile hay algunas escuelas de ingeniera de audio!

    Descobri que no s no l que acontece isso: Argenti-

    na e Mxico tambm possuem faculdades de udio, sem

    falar nas faculdades americanas e europeias que se dedi-

    cam a isso. A pergunta que ele me fez fi cou martelando

    na minha cabea: Cmo Brasil, con toda esta musicali-

    dad, no tiene una escuela de ingeniera de audio?.

    Argumentei que, aqui no pas, existem bons cursos,

    como o IAV, em So Paulo, e o IATEC, no Rio de Janeiro

    (do qual fao parte), entre outros, e que a burocracia

    para se fazer algo desta grandeza era imensa, o que

    levaria qualquer um a desistir no meio do caminho. Po-

    rm algo me incomodou mais do que no ter resposta.

    O que mais me perturbou depois daquele almoo com

    meu amigo chileno foi o seguinte: conhecendo a forma

    de pensar da maioria, ser que um curso deste nvel teria

    resultado? possvel que surgisse uma corrente de pen-

    samento do tipo se eu sei a prtica, por que vou ter que

    passar tanto tempo estudando esta besteira de teoria?.

    Continuamos no prximo ms.

    Renato Muoz formado em Comunicao Social e atua como instrutor do IATEC e tcnico de gravao e PA. Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]

    Livro do amigo e engenheiro Fbio Henriques, que contm bastante informao

    para quem deseja trabalhar em um estdio

  • 36 | udio msica e tecnologia

    EquipamEntos para um homE studio

    Como EsColhEr o monitor idEal para o sEu homE studio

    EM CASA | Lucas Ramos

    (partE 11)

    Nas ltimas edies, falamos sobre interfaces de u-

    dio, que so, sem dvida alguma, uma das peas

    fundamentais de qualquer estdio. Neste ms vamos

    comear uma srie sobre monitorao, que embora

    seja uma das reas mais importantes de um estdio,

    muitas vezes menosprezada. comum ver as pes-

    soas investindo alto em interfaces, microfones e pr-

    -amplificadores, e na hora de comprar seus monitores

    gastam o que sobrar. Especialmente nos home studios.

    Trata-se de um grande equvoco, pois tudo o que

    voc gravar, editar ou mixar passar pelos seus mo-

    nitores, e se voc no tiver uma boa referncia desse

    material, ser difcil julgar a qualidade do mesmo.

    Sem uma monitorao adequada, fica impossvel to-

    mar decises relacionadas ao posicionamento ou es-

    colha de microfones durante uma gravao ou sobre

    a equalizao e compresso em uma mixagem.

    dE quE tipo dE monitor VoC prECisa?

    A primeira coisa a ser definida na escolha de um moni-

    tor o tipo que voc realmente precisa. Infelizmente,

    no tem como fugir: o preo uma das coisas que

    mais pesa na sua deciso, pois s d pra comprar o

    que d pra pagar. Por isso, no torre toda a sua grana

    importante ter uma referncia clara e honesta do

    material com o qual voc est trabalhando, e isso

    feito atravs dos seus monitores. Porm, se estiver

    realizando uma mixagem, tambm muito importan-

    te chec-la em diferentes sistemas de monitorao.

    De preferncia, em sistemas parecidos com o que os

    ouvintes iro utilizar para ouvir esse material.

    Se estiver mixando para televiso ou para DVD, es-

    cute sua mixagem pelo sistema de som de uma TV

    e/ou em um home theater. Se for para rdio, oua

    em um carro (que onde muitos ouvintes escutam

    rdio). Se for para a internet, oua atravs de caixas

    de computador. Isso deve ser utilizado como uma

    referncia alternativa, somente para checar suas mi-

    xagens No para voc mixar dentro de um carro!

    mltiplas rEFErnCias

  • udio msica e tecnologia | 37

    Estdios modernos utilizam um sistema near-field (a), e somente os estdios de grande porte tm tambm um sistema de monitores maiores que conseguem alcanar toda a extenso de frequncias (B)

    em microfones e pr-amps se voc quer um bom par

    de monitores para o seu estdio.

    Alm do preo, o tamanho da sua sala tambm in-

    fluenciar na escolha dos seus monitores, ditando o

    tamanho destes. Se sua sala for muito pequena, no

    preciso utilizar monitores grandes demais, de potncia

    muito alta. Alm disso, a maioria dos estdios e pra-

    ticamente todos os home studios utilizam um sistema

    near-field, que utiliza monitores menores feitos para

    serem posicionados prximos ao ouvinte (em torno de

    um metro). Isso minimiza a influncia da sala, pois o

    ouvinte recebe praticamente s som direto dos moni-

    tores. Tambm diminui o tamanho dos monitores, e o

    preo tambm... O que ideal para estdios menores.

    O contrapeso que monitores menores tm respostas de

    frequncia limitadas, especialmente nos graves. Mas hoje

    em dia possvel encontrar monitores menores com boa

    resposta de frequncia nos graves, ou ento acrescentar

    um subwoofer ao seu sistema para compensar (veja pr-

    ximo box). Por isso, praticamente todos os estdios mo-

    dernos utilizam um sistema near-field, e somente aque-

    les com salas amplas e tratamento acstico adequado

    (um oramento alto tambm ajuda) tero tambm um

    sistema de monitores maiores, que conseguem alcanar

    toda a extenso de frequncias. Mas como nossa coluna

    direcionada aos home studios e estdios de menor por-

    te, vamos falar somente dos monitores near-field.

    Outra vantagem dos sistemas near-field que so

    mais fceis de transportar, permitindo que algum

    que trabalhe em estdios diferentes utilize sempre

    os mesmos monitores. Alm disso, devido proximi-

    dade dos monitores e, assim, uma menor influncia

    do ambiente, a tendncia que a referncia sonora

    seja consistente, independentemente da sala. Ento,

    se voc costuma utilizar muitos estdios diferentes,

    um par de monitores near-field so ideais, uma vez

    que podem proporcionar uma referncia familiar em

    qualquer lugar em que estiver trabalhando.

    atiVo ou passiVo?

    Esta discusso longa e antiga, mas h algumas di-

    ferenas claras entre sistemas de monitorao ativos,

    com amplificadores embutidos, e sistemas passivos,

    que requerem um amplificador de potncia externo.

    Os monitores ativos atualmente so mais baratos em

    comparao ao preo dos monitores passivos soma-

    dos de um amplificador. Tambm ocupam menos es-

    pao, e por isso so mais fceis de transportar. Em

    sistemas ativos mais caros, os amplificadores internos

    so desenhados especificamente para trabalhar com

    o monitor, e alguns, inclusive, utilizam amplificadores

    prprios para cada faixa de frequncias. Nos sistemas

    mais baratos isso no necessariamente verdade, e

    muitos dos amplificadores so de qualidade inferior,

    podendo adicionar distoro e rudo (hum etc.).

    Monitores passivos geralmente tm menos rudos e

    permitem manter o amplificador de potncia distante

    dos monitores, o que minimiza bastante a quantida-

    de de rudo prximo ao ouvinte. Alm disso, poss-

  • 38 | udio msica e tecnologia

    EM CASA

    vel escolher o amplifi cador de potncia ao seu gosto,

    compondo a sonoridade da forma que te agradar. No

    entanto, isso tudo ocupa mais espao, pois o amplifi ca-

    dor em si ocupa bastante espao, mas, acima de tudo,

    custa mais caro por ser um sistema de qualidade.

    Hoje em dia, a grande maioria dos estdios, espe-

    cialmente os home studios, utilizam sistemas ativos.

    A praticidade, o baixo custo e o tamanho compacto

    dos monitores ativos os tornam ideais para esses es-

    tdios. Alm disso, a grande maioria dos monitores

    near-fi eld modernos so ativos, e por isso ns iremos

    nos concentrar nos near-fi eld e ativos, que so a es-

    colha nmero um dos home studios mundo afora.

    monitorEs Flat

    Os monitores ideais de um estdio devem reproduzir

    toda a extenso de frequncias do espectro audvel (20-

    20.000 Hz, mais ou menos), sem acentuar qualquer re-

    gio (o que chamado, na gria, de fl at). Obviamente,

    na realidade nenhum monitor perfeitamente fl at.

    Portanto, um bom par de monitores deve ser o mais

    fl at possvel, no acentuando e nem atenuando de-

    mais em nenhuma regio de frequncias. Isto impor-

    tante porque se os monitores exagerarem em uma re-

    gio especfi ca de frequncias, voc tender a diminuir

    essa mesma regio para compensar (e vice-versa).

    Quando o mesmo material for reproduzido em outro

    sistema que no tenha essa mesma defi cincia na

    resposta de frequncias , voc sentir falta dessas

    frequncias, pois as ter diminudo em excesso, j que

    as estava ouvindo em excesso nos seus monitores.

    Ou seja, se os seus monitores acentuarem alguma re-

    gio de frequncias, a tendncia a de que a mixagem

    (ou gravao) tenha uma defi cincia nessas mesmas

    regies. E se seus monitores tiverem uma defi cincia

    em alguma regio de frequncias, a tendncia que a

    sua mixagem (ou gravao) tenha um excesso nessas

    mesmas regies, pois voc, para compensar, ir refor-

    ar essas frequncias na mixagem. Mas no precisa

    desanimar, pois na verdade o mais importante voc

    praticar e conhecer a sonoridade dos seus monitores.

    Se voc sentir que os seus monitores no tm um

    resposta boa sufi ciente nos graves para o tipo de

    material que voc est trabalhando, possvel acres-

    centar um subwoofer ao seu sistema para compen-

    sar. Os subwoofers trazem o benefcio de permitirem

    utilizar monitores menores, diminuindo o espao ne-

    cessrio. Porm, apesar das frequncias baixas se-

    rem menos direcionais, muitos no gostam da sepa-

    rao dos graves e sentem uma certa desorientao

    em sistemas com subwoofers (eu sou um desses).

    uma questo de gosto e costume.

    Se voc optar por um sistema com subwoofer, o que

    tem se tornado cada vez mais popular, recomen-

    dvel utilizar um sistema com bass management,

    em que os graves so redirecionados ao subwoofer

    e os mdios e agudos aos monitores. Isso garan-

    te mais clareza no sistema, especialmente em salas

    menores.

    importante lembrar que isso s vale para sistemas

    em estreo (2.0). Sistemas em surround necessitam

    sempre de subwoofers em sua confi gurao.

    suBWooFErs

    se voc sentir que os seus monitores no tm um resposta boa o sufi ciente nos graves, possvel acrescentar um subwoofer ao seu sistema para compensar

  • udio msica e tecnologia | 39

  • 40 | udio msica e tecnologia

    Lucas Ramos tricolor de corao, engenheiro de udio, produtor musical e professor do IATEC. formado em Engenharia de udio pela SAE (School of Audio Engineering), dispe de certificaes oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer. E-mail: [email protected]

    EM CASA

    aprEnda a ouVir os sEus monitorEs

    Durante anos mundo afora, a caixa mais utilizada

    como monitor em estdios era a NS-10, da Yamaha.

    At uns dez anos atrs, em qualquer pas do mundo

    era possvel ver aquelas caixinhas pretas, com woofer

    branco, deitadas sobre o console do estdio (procure

    na internet por fotos de estdio: garanto que a maio-

    ria ter um par de NS-10 sobre a mesa). Longe de

    ser flat, na verdade a NS-10 no responde bem nos

    graves. No entanto, por ser bastante adequada para

    monitorao close-field, era possvel fazer mixagens

    boas, e depois, por serem muito utilizadas, as pessoas

    sabiam o que soava bem nas NS-10.

    Se voc nunca tivesse trabalhado com a NS-10, pro-

    vavelmente a sua mixagem teria excesso de graves,

    para compensar a resposta de frequncia dos moni-

    tores. Mas conhecendo essas caractersticas, poss-

    vel utilizar praticamente qualquer monitor dentro de

    um padro mnimo de qualidade. A moral da histria,

    ento, que preciso ouvir bastante os seus moni-

    tores, ou qualquer monitor que voc for utilizar.

    Quando vou trabalhar em estdios com os quais no

    estou acostumado, sempre levo um CD (sim, eles

    ainda existem!) que eu conheo muito bem (pois j

    o escuto h mais de 20 anos!) para ouvir atravs do

    sistema de monitorao. Se possvel, escuto o CD in-

    teiro concentrando e analisando o som que chega aos

    meus ouvidos, comparando com a sonoridade que eu

    tenho na memria. Com isso, possvel aprender

    a ouvir as diferenas e imperfeies de um moni-

    tor e acostumar o seu ouvido com as caractersticas

    de um sistema de monitorao. similar ideia de

    utilizar um CD de referncia em uma mixagem para

    comparar com a sua mixagem. necessrio, porm,

    utilizar um lbum que voc conhea bem e que tenha

    uma qualidade boa. No use MP3, pois a definio

    e resposta de frequncia j estaro comprometidos.

    Portanto, independentemente do monitor que voc

    escolher para o seu estdio, o mais importante es-

    tudar a sonoridade e aprender a ouvir os seus mo-

    nitores. Ento, no desanime, pois voc no precisa

    gastar dezenas de milhares de reais em um monitor

    para poder fazer um bom trabalho... Mas tambm

    no vai dar pra gastar s dezenas de reais.

    Na prxima edio vamos continuar falando sobre

    monitores, conhecendo mais sobre eles e aprenden-

    do a interpretar algumas especificaes.

    Ms que vem tem mais...

    At l!

    durante anos mundo afora, o monitor mais utilizado em estdios era o ns-10 da Yamaha

    e, como podemos ver, sua resposta de frequncias no flat

  • udio msica e tecnologia | 41

  • DIAGRAMAS POLARES

    Prosseguindo em nossa investigao sobre as especifi caes

    de microfones, vamos ver outro item muito importante: os

    diagramas polares, que, ao lado dos grfi cos de resposta

    em frequncia, so os mais importantes para conhecermos

    e sabermos o que esperar de determinado microfone.

    Lembrando o que j vimos aqui anteriormente, um dia-

    grama polar a representao visual da sensibilidade do

    microfone de acordo com o ngulo de incidncia da fon-

    te sonora. Em portugus claro, ele nos permite saber se

    um microfone capta bem ou mal o som vindo de alguma

    direo. O grfi co montado usando uma fonte sonora

    senoidal em uma certa frequncia e girando a mesma em

    torno do microfone, anotando o valor da intensidade de

    sada a cada ngulo (na verdade, a coisa feita de um

    jeito um pouco mais inteligente, pois se mantm a fonte

    fi xa e se gira o microfone).Podemos observar um exemplo

    real na gura 1, do Neumann U87.

    A primeira coisa que podemos notar que o comportamen-

    to do diagrama polar deste microfone (e de qualquer outro)

    depende da frequncia. Ento, para economizar espao, e

    partindo do pressuposto de que a sensibilidade do microfone

    simtrica em relao ao plano perpendicular ao diafragma

    (ou seja, a mesma esquerda e direita), cada metade

    do grfi co usada para se traar um grupo de curvas. O tipo

    de linha identifi ca cada frequncia usada no teste.

    Podemos reparar, olhando para a metade esquerda, que

    partindo de 1 kHz, onde o comportamento cardioide

    tpico, medida que nos deslocamos em direo aos

    graves o microfone se torna cada vez mais omni. Ou

    seja, quanto mais grave a fonte, maior a tendncia a um

    comportamento omnidirecional. No lado direito podemos

    ver que medida que subimos na frequncia temos um

    comportamento cada vez mais supercardioide, e com um

    aumento considervel na sensibilidade lateral.

    No caso extremo de 16 kHz, porm, o microfone se torna

    extremamente direcional frente, como se pode observar

    pela linha pontilhada. Este comportamento tanto nos gra-

    ves quanto nos agudos bastante comum, e tem a ver com

    os comprimentos de onda envolvidos e com a construo

    fsica/eltrica do microfone. interessante notar como no

    caso omni e no caso bidirecional a infl uncia da frequncia

    bem menor, principalmente nos graves.

    Na gura 2 podemos ver o diagrama do DPA 4017, um

    microfone tipo shotgun. Neste exemplo vemos as irregula-

    ridades no comportamento das curvas, que so tpicas de

    microfones com esta funo. Em nome de se privilegiar a

    direcionalidade, perde-se um pouco na uniformidade de ga-

    nho ao longo de cada curva. Mais uma vez, este comporta-

    mento comum nos shotguns, que so usados basicamente

    para captao de cinema, TV e broadcast.

    Da mesma forma que nos grfi cos de resposta em frequncia,

    estes diagramas devem ser interpretados como uma

    GRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio Henriques

    TCNICAS DE MICROFONAO

    GRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio Henriques

    COMO LER ESPECIFICAES (PARTE 2)

    42 | udio msica e tecnologia

  • FIGURA 1

    aproximao. No muito produtivo fi car no estdio tentando,

    por exemplo, posicionar uma fonte sonora exatamente a 42

    do eixo frontal para se obter exatamente 6 dB de atenuao

    com um certo microfone. Porm, os diagramas polares podem

    ser bem teis em diversas situaes. Por exemplo, podemos

    optar por usar retornos de palco posicionados em 120 e 240

    ao usar um microfone supercardioide na voz, e apenas um

    retorno a 180 se o microfone cardioide.

    EQUIvALENT NOISE LEvEL (SELF-NOISE)

    a medida do rudo produzido pelo prprio microfone,

    quando no incide sobre ele nenhum som. um parme-

    tro importante, pois se a fonte a ser gravada possuir baixo

    volume, o self-noise pode comear a ser audvel. Assim,

    quanto menor o self-noise, melhor. Ele tambm serve como

    o valor mnimo usado no clculo da faixa dinmica.

    Ao se comparar dois microfones, deve-se prestar muita

    ateno ao mtodo de medida que foi usado no clculo des-

    te parmetro. Dois mtodos so os basicamente usados:

    Medida em dBA usam como referncia o mnimo da audio

    humana, usando uma curva de ponderao A, que resulta

    em uma medida de rudos que se aproxima da sensibilidade

    humana. Como esta ponderao d menos importncia aos

    graves, os valores obtidos so menores que na medida abai-

    xo. Valores abaixo de 15 dBA so considerados muito bons.

    Medida pela norma CCIR 468-3 ou equivalente como

    apresenta uma ponderao diferente da A, d resultados

    mais elevados (aproximadamente 11 dB acima). Assim, po-

    dem ser considerados muito bons os valores de 25 a 30 dB.

    Como os microfones dinmicos no possuem circuitos

    eletrnicos em seu interior (apenas componentes passi-

    vos), no faz sentido a medio deste parmetro, pois da-

    ria sempre 0. No devemos nos entusiasmar muito, pois

    a ausncia de self-noise acaba compensada pela menor

    sensibilidade, como veremos adiante.

    As vlvulas so muito mais ruidosas no funcionamento que

    os transistores, e, por isso, os microfones valvulados nor-

    malmente possuem valores de self-noise maiores. Isto pode

    ser observado na tabela da prxima pgina.

    SENSIBILIDADE

    Expressa a capacidade do microfone de converter energia

    acstica em eletricidade (presso acstica em tenso el-

    trica). Obtm-se submetendo o microfone a um certo nvel

    de presso acstica e medindo-se a tenso eltrica que ele

    entrega. Valores maiores de sensibilidade indicam que ser

    FIGURA 2

    udio msica e tecnologia | 43

  • fbio Henriques engenheiro eletrnico e de gravao e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lanados pela editora Msica & Tecnologia. responsvel pelos produtos da gravadora Cano Nova, onde atua como engenheiro de gravao e mixagem e produtor musical.

    necessria menor amplificao para se chegar ao resultado.

    Normalmente, encontramos a medida em mV/Pa (milivolts

    por Pascal, que a unidade de presso), em 1 kHz. Pode-se

    observar na tabela a seguir que, embora os microfones di-

    nmicos no possuam self-noise, possuem uma sensibilida-

    de bem mais baixa. Isso faz com que precisemos amplificar

    mais para se obter o mesmo volume, o que acaba facili-

    tando a amplificao de rudos de induo eletromagntica.

    MXIMO SPL

    um parmetro importante para avaliarmos se ser poss-

    vel usar um certo microfone em situaes de altos volumes

    de captao, como na microfonao prxima de bateria. Ele

    mede o valor de presso sonora (SPL) que produz uma certa

    Distoro Harmnica Total (THD). O valor tpico desta distor-

    o nas medidas 0,5%, que mensurvel, mas no aud-

    vel. Alguns usam a medida para 3% THD, que resulta em valo-

    res mais altos. Pode ser tambm especificado o valor mximo

    antes do clipping (peak), o que tambm vai dar resultados

    mais altos. Em resumo, quanto mais alto o valor, melhor, mas

    com a ressalva de se levar em conta o mtodo da medida.

    Da mesma forma que no self-noise, no faz muito sentido

    se falar de mximo SPL em um microfone dinmico porque

    no h componentes eletrnicos, e este mximo teorica-

    mente se daria quando a bobina chegar a bater no encapsu-

    lamento, e provavelmente coisas muito piores que distoro

    estaro acontecendo. Por exemplo, o mximo SPL terico

    de um SM58 seria de 180 dB. Se levarmos em conta que o

    de um avio a jato decolando por volta de uns 150 dB...

    FAIXA DINMICA

    chamada de faixa dinmica a diferena entre o mnimo e o

    mximo valores de nvel que um dispositivo permite. Usan-

    do os valores acima podemos calcular a faixa dinmica do

    microfone como sendo o mximo SPL menos o self-noise.

    RELAO SINAL/RUDO (S/N RATIO)

    a medida da diferena entre um valor padro (94 dB

    SPL = 1Pa) e o self-noise.

    IMPEDNCIA

    Sem nos alongarmos muito neste assunto, sobre o qual falare-

    mos detalhadamente em breve, normalmente, quanto menor

    este valor, melhor. Os valores tpicos esto na casa dos 100 a

    200 ohms. A situao desejvel que a impedncia de entra-

    da do pr-amplificador seja dez vezes maior que a impedncia

    de sada do microfone. Nos casos de prs com impedncia de

    entrada varivel, vale a pena tentar diferentes valores, pois

    cada um impe uma certa colorao ao som obtido.

    Neumann U87

    AKG C12 DPA4041 Shure SM58

    Tipo Transistor Vlvula Transistor Dinmico

    Self-noise (dBA) 13 22 7 -

    Sensibilida-de (mV/Pa,

    1kHz)28 10 90 1,85

    Mx. SPL (dB)

    117 (0,5% THD)

    128 (3% THD)

    126 (1% THD)

    -

    Faixa dinmi-ca (dB)

    105 106 119 -

    GRAvAO

    44 | udio msica e tecnologia

  • udio msica e tecnologia | 45udio msica e tecnologia | 45

  • F NO SOMF NO SOMF NO SOMas difiCuldades e solues enContradas na sonoriZao das iGreJas brasileiras

    SONORIZAO | fernando Barros

  • udio msica e tecnologia | 47

    Considerado um pas religioso, principalmente no que diz respeito f

    crist, o Brasil ainda no se tornou referncia na sonorizao de templos.

    Para que nossos leitores saibam mais sobre o tema, a AM&T entrevistou

    tcnicos especialistas na rea, e estes apontaram as defi cincias e as

    possveis sadas para os problemas, alm de apresentarem exemplos de bons proje-

    tos de sonorizao de igrejas.

    Se o Brasil ainda no tem uma tradio em sonorizao de espaos religiosos,

    possvel afi rmar que as difi culdades encontradas pelos tcnicos especializados gi-

    ram, principalmente, em torno da inadequao acstica das salas. Em sua maioria,

    os templos modernos so adaptaes de prdios que foram construdos com outras

    fi nalidades. Nestes ambientes, geralmente em forma de paraleleppedo, h sempre

    srios problemas de inteligibilidade, aponta o tcnico de udio David Fernandes, que

    desde 1995 atua em treinamento e consultoria, tendo desenvolvido projetos de udio

    para diversas igrejas.

    O tcnico Aldemir Borges, o Novinho, dono de uma empresa de sonorizao que leva o seu

    nome (ou melhor, seu apelido) e que j realizou trabalhos em diversas igrejas, acrescenta

    que nem sempre os lderes religiosos esto dispostos a investir no tratamento acstico

    destes espaos. Muitas vezes querem que a soluo seja obtida apenas com a aquisio

    de equipamentos, afi rma. Para ele, os grandes erros encontrados em projetos de templos

    so a escolha de equipamentos inadequados, posicionamento errado de caixas de som,

    promessas de solues incompatveis com os valores investidos e falta de treinamento.

    muito comum as igrejas comprarem compressores e processadores de efeito sem que

    algum saiba, de fato, como us-los, completa David.

    J o tcnico Vladimir Ganzerla, que possui vasta experincia em operao de som, j tendo

    trabalhado com nomes como Martinho da Vila e o grupo Canto Livre, e que hoje atua na em-

    presa Teleponto como especialista tcnico da Electro-Voice, afi rma: comum a falta de um

    projeto eletroacstico, e as instalaes so realizadas sem qualquer noo de acoplamento

    e alinhamento do sistema.

    Ele destaca ainda que a reverberao interna, juntamente com o coefi ciente de absoro

    usados nos materiais de acabamento, podem ser pontos negativos para um som inteli-

    gvel. H uma preocupao esttica que muitas vezes compromete a funcionalidade do

    sistema. Colunas so colocadas em lugares errados, o p direito muitas vezes baixo,

    falta revestimento na acstica... Nem as poltronas so escolhidas levando-se em conta o

    ambiente, complementa Novinho.

    O SOM NO PAS DA F

    David Fernandes avalia que h uma evoluo incipiente na qualidade da sonorizao de

    templos no pas. Algumas igrejas j entenderam a necessidade de melhorar este quesito,

    mas a maioria no. Acredito que as igrejas precisam investir na capacitao dos tcnicos

    voluntrios antes de gastar dinheiro com a aquisio de equipamentos. No adianta ter

    uma Ferrari se voc no sabe dirigir.

    Novinho aponta que j existe uma grande procura por profi ssionais do ramo durante a

    elaborao de projetos de edifi cao. Muitas igrejas j decidem, durante a concepo

    do projeto do local, o melhor sistema de som para aquele modelo de construo. Dessa

    Nov

    inho

  • forma, pode-se obter um resultado muito satisfatrio. Os lderes

    de igrejas hoje esto mais antenados ao assunto, visitam outros

    templos para ter referncia, destaca ele, acrescentando que, em

    muitos casos, tentam-se resolver problemas de sonorizao com

    a troca de equipamentos. Mas no h milagres nessa rea.

    importante ter uma boa relao com os lideres de igreja e fi rmeza

    ao apresentar um projeto, pois a igreja investir uma quantia con-

    sidervel e aguardar um resultado satisfatrio, pontua Novinho.

    Para Vladimir, os lderes das igrejas vm compreendendo a ne-

    cessidade de se ter uma boa sonorizao dentro de seu templo,

    j que por meio do som que h a disseminao da palavra

    pregada, seja por meio de palestras ou de msicas. A relao

    com os lderes tem que ser totalmente profi ssional. Apresen-

    tamos um pr-projeto e explicamos todas as necessidades e

    tambm as difi culdades. Geralmente somos bem sucedidos e

    compreendidos, diz ele.

    UMA LUZ NO FIM DO TNEL

    Para David, a soluo da sonorizao

    de templos comea na mudana da

    mentalidade dos envolvidos. muito

    difcil, d trabalho e leva tempo. Levar

    informao s lideranas de igrejas e

    aos seus tcnicos fundamental. Te-

    nho atuado nisso h vrios anos e ain-

    da no notei uma mudana favorvel.

    Mas continuo insistindo.

    Vladimir acredita que depois de uma

    sonorizao feita sem a consulta pr-

    via a um especialista, fi ca difcil resol-

    ver certos problemas. Quando nos cha-

    mam para resolver este tipo de questo,

    adequamos o equipamento j comprado

    s nossas solues. Inevitavelmente, a

    igreja ir gastar mais dinheiro para ade-

    quar o equipamento, mas na maioria das

    vezes obtm um bom resultado.

    No caso de templos antigos com valor ar-

    tstico e histrico, o tcnico afi rma que

    necessrio ter cuidado para que o equipa-

    mento no fi que aparente e no interfi ra

    na arquitetura original. Para isso, deve-

    mos utilizar sonofl etores em locais distin-

    tos