mundo_h#17

24
17 JAN.FEV.MAR.2 Ano5 Distribuição Gratuita mundo h. MOÇAMBIQUE LUGAR PARA A INFÂNCIA; S.TOMÉ APRENDER A ENSINAR; PORTUGAL NOVO PROJECTO SOLIDÁRIO; MAIS MUN- DO PARA ALÉM DA CRISE; ESTÓRIAS ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL; QUEM HELPA; PRÉMIO SAPO IMAIS AGENDA HELPO 202

Upload: helpo-ongd

Post on 22-Mar-2016

217 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

MOÇAMBIQUE LUGAR PARA A INFÂNCIA; S. TOMÉ APRENDER A ENSINAR; PORTUGAL NOVO PROJECTO SOLIDÁRIO; MAIS MUNDO PARA ALÉM DA CRISE; ESTÓRIAS ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL; QUEM HELPA PRÉMIO SAPO; IMAIS AGENDA HELPO 2012

TRANSCRIPT

Page 1: mundo_h#17

17 JAN.FEV.MAR.2 Ano5 Distribuição Gratuita

mundo h.MOÇAMBIQUE LUGAR PARA A INFÂNCIA; S.TOMÉ APRENDER A ENSINAR; PORTUGAL NOVO PROJECTO SOLIDÁRIO; MAIS MUN-DO PARA ALÉM DA CRISE; ESTÓRIAS ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL; QUEM HELPA; PRÉMIO SAPO IMAIS AGENDA HELPO 202

Page 2: mundo_h#17

2

ÍNDICE

EDITORIAL

3

MOÇAMBIQUE

4

2012, um ano com muitas certezas!

fotoreportagem: mais um “cantinho” helpo.

2

2

PORTUGAL

0

estamos juntos, pela erradicação da pobreza!

S. TOMÉ E PRÍNCIPE

8

entre o querer e o realizar.

i MAIS

22

ESTÓRIAS

5

é tempo de conservar.

agenda helpo 2012.

QUEM HELPA?

20

obrigado sapo!6

fotoreportagem:a biblioteca islâmica helpo.

1 por todos... e para todos!

conceito urbano 2011/12.

MAIS MUNDO4

direito à crise.

natalis 2011.

6

caleidoscópio.

2

presente solidário intercampus.

Page 3: mundo_h#17

3

á todos sabemos que, em Portugal, 2012 será um ano com

muitas incertezas no que diz respeito à situação económica

e social do país, um ano de crise que ainda agora começou

e já todos queremos que acabe…

Na Helpo, 2012 será diferente. Será um ano repleto de certe-

zas. Por um lado, certeza que todos nós queremos continuar a

contribuir para esta causa tão nobre como é o apadrinhamento

de crianças à distância. Por outro, certeza que iremos ter uma

equipa com uma ambição idêntica àquela demonstrada em

2011. Por fim, certeza que iremos continuar a investir em pro-

jetos que irão permitir que estas crianças continuem a ter uma

vida melhor. Uma vida com mais educação, com mais saúde,

com mais certezas, com mais Helpo!

Janeiro de 2012 marca o início do ano escolar em Moçambique

e do ano civil em São Tomé e Príncipe. É também o primeiro de

12 meses de atividade da Helpo, com inaugurações de obras

iniciadas em 2011 (que poderão ver ao longo desta edição) e

também com novos projetos em linha com a estratégia da Hel-

po: as construções de edifícios escolares vão continuar, bem

como as restruturações profundas nas estruturas devolutas, de

forma a proporcionar aos alunos uma valorização do espaço

escolar e da progressão na aprendizagem académica. A aliar

a estas actividades, faremos um investimento cada vez maior

em formação nas áreas da nutrição e segurança alimentar bem

Parede, Nuno Tavares

EDITORIAL

J

3

2012, UM ANO COM MUITAS CERTEZAS!

como na formação dos educadores das crianças que apoiamos.

Promoveremos ainda a construção de campos multidesporti-

vos, enriquecendo não apenas o universo escolar mas também

comunitário e fornecendo ferramentas que prolonguem os

anos reservados à infância e adolescência que tão pouco lugar

têm na vida da população por estas paragens, desembocando

as crianças abruptamente em gravidezes precoces, doenças

venéreas e outras problemáticas associadas à realidade local.

Por último, 2012 será o ano de uma aposta acrescida em siste-

mas de aproveitamento de águas pluviais, de forma a permitir/

aumentar o acesso à água consentindo o consumo necessário

e ajudando à manutenção da higiene básica e diversificação

alimentar através da introdução de novas culturas. Tudo isto,

acompanha a já tradicional intervenção de assistência alimen-

tar, acompanhamento médico, fornecimento de material esco-

lar, desportivo, vestuário, etc.

Com todas estas certezas, resta-nos ter a esperança de um ano

de 2012 com tanta ou mais solidariedade que o ano de 2011,

que mesmo num contexto económico desfavorável demons-

trou que uma das grandes forças da Helpo é o espírito dos seus

padrinhos e a força que continuam a incutir neste grande pro-

jeto. Um obrigado a todos e, em nome de toda a Direção da

Helpo, desejo-vos um ano de 2012 repleto de solidariedade, de

sucessos profissionais e acima de tudo de realizações pessoais.

Page 4: mundo_h#17

4

fotoreportagem:

mais um “cantinho” helpo.Pemba, Joana Ferrari

MOÇAMBIQUE

De uma sala vazia, da Biblioteca Provincial de Cabo Delga-

do, nasceu mais um projeto Helpo dedicado às crianças de

Pemba, com idades compreendidas entre os 3 e os 12 anos.

Pretendia-se um espaço que acolhesse meninos e meninas

com vontade de aprender, mas de uma forma mais lúdica,

mais prática e menos teórica.

Pintámos paredes, com a ajuda dos padrinhos Karina e Jor-

ge que nos vieram visitar e à sua afilhada e fomos vendo

a Ludoteca a nascer. Às estantes vazias foram-se acres-

centando livros, doados à Helpo, fomos levando material

escolar e de educação visual, jogos de palavras e jogos de

números, atividades que pudessem divertir e educar ao

mesmo tempo. Criámos o cantinho de leitura sem sair do

estilo local: almofadas de capulana sobre esteiras, e o efei-

to das cores deu vida à sala.

O caminho percorrido não se limitou ao apetrechamento

do espaço físico. Queríamos formar monitores para o do-

mínio de atividades educativas, que pudessem dar continui-

dade à nossa ideia de pôr em funcionamento um cantinho

de aprendizagem. Assim, o Sr. Marcelino e a Belinha (moni-

tores da Ludoteca, em formação) seguiram com entusias-

mo algumas lições: como contar uma história, como ajudar

as crianças mais pequenas a montar um puzzle (algo que

os próprios monitores desconheciam), como ensinar a jo-

gar o “loto dos números”, como brincar com material tão

básico, para nós, tão inovador e fascinante, para eles.

A inauguração realizou-se no dia 8 de dezembro, na pre-

sença dos representantes da Direção Provincial da Edu-

cação e Cultura, da Diretora da Biblioteca Provincial – a

Dona Regina, de crianças que dançaram e estrearam os jo-

gos que a Helpo disponibilizou. E que euforia que pudemos

observar nos olhos vivos daqueles meninos e meninas!

Foi mais um passo dado pela Helpo em direção à Educação

e ao Desenvolvimento. Agora, vamos esperar que muitas

crianças de escolas e escolinhas se dirijam a este espaço e

o integrem alegre e definitivamente nas suas rotinas!

Sr. Marcelino, um dos monitores da Ludoteca, a receber for-

mação enquanto se aguardavam os últimos preparativos de

decoração e apetrechamento do espaço.

No dia da inauguração, a presença do técnico superior da

Direção Provincial de Educação, e a voluntária da Helpo, Joa-

na Ferrari, encarregue do projeto.

Page 5: mundo_h#17

5

E como festa não é festa sem danças tradicionais, no espaço

exterior na biblioteca, um grupo de dançarinos da aldeia SOS

veio mostrar o que vale!

Após os momentos solenes, experimenta-se o que o espaço

tem para oferecer: jogos, puzzles, brinquedos e muitos livros

infantis!

E porque aqui também se brinca, a zona mais informal foi

apetrechada com esteiras e almofadas para brincadeiras no

chão.

Ficha Técnica

Projeto: Ludoteca

Localidade de ação: Biblioteca Provincial de Cabo Delgado, Pemba, Cabo Delgado, Moçambique

Benificiários: crianças entre os 3 e os 2 anos

Custos do projeto: 26,69€ (para a compra de mesas, esteiras, almofadas, tintas e pincéis). O recheio da ludoteca (livros,

jogos e cadeiras) foram doados e enviados no contentor.

Inauguração: 8 de dezembro de 20

Como em todas as inaugurações, houve também lugar aos

momentos solenes reservados ao agradecimento da obra e

sensibilização aos beneficiários.

Page 6: mundo_h#17

6

fotoreportagem:

a bilbioteca islâmica helpo.Nampula, Carlos Almeida

MOÇAMBIQUE

A Helpo inaugurou mais uma Biblioteca na Província de Nampula. A parceria desta vez foi com o Centro Islâmico Abubacar

Mandjra, que fica situado no centro da cidade. A Escola Secundária do Centro Islâmico funciona desde o ano de 2002 e des-

de essa altura que havia o sonho de criar uma biblioteca, sonho esse que apenas se viria a concretizar no dia 28 de outubro

de 2011, com o apoio da Helpo.

A inauguração teve a presença do Representante da Direção Provincial da Educação e Cultura e do Responsável pelas Biblio-

tecas da Província, que mostraram muita felicidade por este sucesso alcançado. Esta biblioteca servirá cerca de 1300 alunos

distribuídos da 8ª à 12ª classe. De referir que cerca de 80% da população escolar desta escola é formada por meninas.

As campanhas para recolha de livros em Portugal, que têm contado com a incansável ajuda de muitos padrinhos e amigos

da Helpo, têm um impacto muito grande, uma vez que o acesso ao livro é um problema grave. A escassez de bibliotecas é

um dos muitos obstáculos com que se deparam as crianças e jovens que pretendem alcançar uma melhoria de vida, através

do investimento nos estudos.

O momento da inauguração oficial da Biblioteca Helpo na Escola Secundária Muçulmana de Nampula.

Page 7: mundo_h#17

À porta da biblioteca, os alunos e alunas conversam e desta-

cam a placa que identifica o novo espaço, com orgulho.

Alunas posam para a fotografia à entrada da biblioteca. Alunas aguardam o momento de entrada na nova biblioteca.

Com as estantes recheadas de livros, o Coordenador da Helpo,

Carlos Almeida, profere algumas palavras na ocasião especial.

Page 8: mundo_h#17

8

São Tomé, Sandra Marlene Barra*

entre o querer e o realizar.

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

OBJECTIVOS ou o querer…

O objectivo fundamental subjacente à rea-

lização da Formação junto das educadoras

de infância e auxiliares de acção educativa

em Monte Café em São Tomé e Príncipe

compreende o cumprimento ao exposto

nos Estatutos da Associação Helpo, nome-

adamente no seu artigo 12º.

A preparação das sessões de formação ini-

ciou-se meses antes da realização da pri-

meira sessão de trabalho com a finalidade

de conhecer as profissionais informalmen-

te para aferir sobre as suas dificuldades,

necessidades e expetativas.

A partir destes encontros e registos fo-

ram delineados os objetivos específicos

da ação de formação, projectados para 9

horas teórico-práticas e 18 horas práticas.

O trabalho desenvolvido pôde poten-

cialmente ecoar junto das crianças de 6

comunidades, pois para além da presença

das profissionais de quatro das comunida-

des apoiadas pela Helpo (São José, Monte

Café, Saudade e Bemposta) contamos com

a presença de mais duas (São Nicolau e

Novo Destino), todas elas no Distrito do

Mé-Zochi. No empenho demonstrado em

frequentar as sessões espelha-se a men-

sagem de que estes momentos formais

de aprendizagem eram irrecusáveis pela

partilha e diálogo sobre a prática pedagó-

gica que proporcionavam, os quais não

são infelizmente muito frequentes para as

educadoras e auxiliares de ação educativa

em São Tomé e Príncipe.

Um dos objetivos perseguidos nestas ses-

sões de trabalho era fazer a ponte entre as

exigências institucionais e a prática peda-

gógica diária, à qual acresce a mais impor-

tante dimensão: ter em conta as idades,

interesses e necessidades dos diferentes

grupos de crianças.

Cumprindo outro dos objetivos específicos

da formação empreendida, o trabalho das

sessões de formação centrou-se no exer-

cício da planificação das actividades peda-

gógicas, que é diária, semanal ou mensal

conforme as dinâmicas de cada centro,

mas que vincasse inequivocamente o

trabalho nas diferentes áreas de conheci-

mento da educação da primeira infância,

ou Áreas de Conteúdo da Educação Pré-

-Escolar.

*Sandra Marlene Barra é Educadora de Infância há 15 anos, Mestre em Sociologia da Infância pela Universidade do Minho em

Portugal e Doutoranda em Estudos da Criança no Instituto de Educação da mesma Universidade, usufruindo de uma Bolsa de

Doutoramento pela Fundação da Ciência e Tecnologia, no âmbito do QREN - POPH - Tipologia 4.1 - Formação Avançada. Está nes-

te momento em São Tomé e Príncipe para a recolha de dados para a sua tese de Doutoramento: A Infância na Latitude Zero – As

brincadeiras da Criança ‘Global’ Africana. Paralelemente desenvolve acções de voluntariado com algumas ONG em São Tomé e

Príncipe.

Sandra Barra num dos momentos de formação às educadoras de infância e auxiliares de ação educativa em Monte Café.

Page 9: mundo_h#17

9

se ouviu as formandas sentenciar “se as

crianças estiverem a gostar” ou “podemos

perguntar à criança”.

A potencialização das diferentes dimen-

sões humanas estão, afinal, à mão de

todos os que se lançarem neste desafio

pois não são as dificuldades de ordem

material ou financeira que o impedem.

Descobrir com o grupo de formandas toda

a potencialidade oferecida pelos materiais

naturais deste país tropical, assim como

exercitar o “faz de conta” (porque se acre-

dita que os adultos também devem fazer

de conta!) com o objetos que eram vistos

como lixo, foi, sobretudo, um prazer.

Com agrado se viram desconstruidas algu-

mas ideias das formandas sobre a relação

com a comunidade, quando a passaram

a ver como mais uma aliada para a con-

cretização de alguma tarefa ou ativida-

de: “podemos visitar a quitanda da Sra.

Augusta”, ou “o pai de um dos meninos é

carpinteiro!”

O percurso de reflexões realizado com o

grupo de formandas foi muito gratifican-

te. Desde o momento em que nos aproxi-

mamos, muitas foram as interrogações e

as dúvidas.

Dissipadas, outras terão tomado o seu lu-

gar, num movimento fluído de saber para

saber mais, que traz a mensagem subli-

me de (re)viver o dia a dia com a natural

curiosidade das crianças junto das crian-

ças, afinal o mais importante!

METODOLOGIA ou o que foi preciso para

realizar…

Na maior parte das sessões, de cariz práti-

co, foram realizados trabalhos de peque-

nos grupos de formandas, que incluíam a

reflexão, registo e apresentação das ati-

vidades em exercícios de simulação para

todo o grupo de formação.

Para a concretização destas atividades

foi necessário que preliminarmente as

formandas fossem encorajadas para a re-

colha de materiais de desperdício (copos,

garrafas, latas, jornais, etc.) e materiais na-

turais (grãos de café, cacau, milho, folha

de bananeira, etc.) que deveriam ser trazi-

dos para o espaço da formação.

O convite à reflexão sobre as aprendiza-

gens efectuadas foi também metodica-

mente perseguido em cada sessão sema-

nal, quando se dava liberdade e tempo

para falarem sobre as suas experiências

e dúvidas. Inclui-se também o incentivo à

utilização das aprendizagens, instrumen-

tos ou materiais obtidos nas sessões de

formação junto com o grupo de crianças

reais, momentos de partilha de experiên-

cias e sentimentos fundamentais na di-

nâmica de aprendizagem deste grupo de

formandas.

PROCESSO ou como o fizemos…

Os conteúdos abordados nas sessões de

formação versaram inicialmente a organi-

zação do centro de atendimento a crian-

ças, desde a organização dos espaços, do

tempo ou rotina diária, materiais, ao rácio

adulto-criança, no âmbito da aprendiza-

gem activa e do importante ciclo de pla-

neamento, execução, registo e reflexão.

Na abordagem realizada às Áreas de Con-

teúdo da Educação Pré-Escolar incluíram-

-se a planificação e desenvolvimento de

atividades pedagógicas em exercícios de

simulação para cada uma delas: Forma-

ção Pessoal e Social, Conhecimento do

Mundo, Expressão e Comunicação nos

domínios da Linguagem Oral e Aborda-

gem à Escrita, Expressão Plástica, Dramá-

tica, Musical e Motora.

Para exemplificar o percurso diremos que,

na tentativa de demonstração da globa-

lidade e transversalidade dos conteúdos

escolares para crianças tão pequeninas,

as formandas foram desafiadas a utilizar

os instrumentos musicais construídos por

elas para o acompanhamento do contar

da história que haviam trabalhado noutra

sessão, mas agora destacando a aprendi-

zagem sobre um conceito no domínio da

Matemática.

RESULTADOS ou até onde chegámos!

Observar e escutar verdadeiramente as

crianças foi a mensagem reiterada des-

ta formação, e foi com satisfação que

Page 10: mundo_h#17

0

PORTUGAL

estamos juntos, pela erradicação da pobreza! Realizou-se no passado dia 16 de outubro a I Corrida Solidária Internacional Helpo, pela erradicação da pobreza. Esta corrida teve um

forte impacto pois foi a 1ª corrida solidária a acontecer em simultâneo em 4 cidades do Mundo: Cascais (Portugal), Nampula e Pemba

(Moçambique) e cidade de São Tomé (São Tomé e Príncipe), países onde a ONGD Helpo opera. Nos países africanos quem corre são

os beneficiários dos projetos de Desenvolvimento que implementamos enquanto atores na luta pela erradicação da pobreza (data

que se celebrou a 17 de outubro e a propósito da qual tem lugar este evento internacional). Pela 1ª vez uma corrida juntou apoiantes

e beneficiários de vários países a correr em simultâneo pela mesma causa!

Cascais foi o palco nacional de uma corrida e caminhada que

juntou 1019 pessoas solidárias a percorrer uma distância de 10 e

4km respetivamente.

A partida teve lugar junto ao Hipódromo de Cascais e o tempo foi

nosso aliado no agradável percurso Cascais – Cabo Raso – Cas-

cais. Para todos um saco Helpo com 1 T-shirt, 1 brinde, 1 iogurte,

fruta, água, muito boa disposição!

Não pudemos deixar de contar com a presença do Presidente da

Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras, para a atribui-

ção do 1º e 2º prémio feminino e o Vereador do Desporto, Dr.

João Paes de Sande e Castro, para atribuição do 3º prémio femini-

no. Para a atribuição dos prémios masculinos contámos com a

presença do nosso Presidente - Nuno Tavares, do nosso Vice-Pre-

sidente – António Perez Metelo e da nossa madrinha Sofia Aparí-

cio, que também participaram na corrida.

Este evento foi apoiado, na parte organizacional, pelo Núcleo

de Atletismo de Alcabideche e Câmara Municipal de Cascais e o

patrocínio de variadas marcas como o Jumbo de Cascais, Nestlé,

Brindouro, Águas Luso, Look Ahead, Sport Zone, Sapo, Prisfar

e Medirex Pharma. Agradecemos a todos os participantes, em

especial aos nossos padrinhos e madrinhas, e a todos os interve-

nientes que tornaram possível o sucesso desta iniciativa!

Num local em que tudo é feito com muita calma, poderá pensar-

-se que uma corrida não seja motivo de festa. Mas num local

onde há pouca oferta de eventos e quando a participação pro-

porciona um reconfortante lanche, que não é encarado com a

mesma importância em Moçambique e em Portugal, para além

da oferta de t-shirts, o sucesso estará à partida garantido.

Em Moçambique, festa só é festa se tiver música e comida. E um

evento desportivo desta natureza deve garantir que as crianças

sejam recompensadas pelo esforço. A prova de Nampula foi or-

ganizada em parceria com a Associação Provincial de Atletismo, e

na reunião prévia, antes de apresentarmos a proposta que incluía

a oferta de um lanche no final da prova, o responsável afirmou

que seria necessário garantir a oferta de um rebuçado por atleta

no final da prova, para compensar o esforço despendido. Quan-

do lhe falei que estávamos a prever a oferta de um lanche que

incluía pão, sumo e biscoitos, garantiram que iria ser um grande

sucesso junto das crianças, um evento inesquecível. É nas peque-

nas coisas que se vê a grande distância que nos separa.

Não só pelos motivos que levaram à realização desta corrida, mas

também pelo facto de os participantes terem aparecido em mas-

sa, a corrida solidária Helpo foi um grande sucesso nas duas cida-

des em que se realizou em Moçambique, Nampula e Pemba.

Enquanto em Nampula a corrida se destinou aos alunos das es-

colas da cidade, entre os 12 e os 16 anos, tendo contado com a

presença de 475 jovens distribuídos quase equitativamente entre

meninos e meninas, em Pemba a corrida foi destinada aos mais

pequeninos, entre os 4 e os 7 anos.

Houve um denominador comum, que foi o facto de ser uma

grande festa em que os aspirantes a campeões mostraram muita

vontade de dar uma boa imagem e sair vencedores. No país da

campeã olímpica Maria de Lurdes Mutola, não é fácil triunfar no

desporto em geral, e o atletismo não foge à regra: apesar de os

jovens terem muita vontade de praticar desporto, a falta de con-

dições aquém do que consideramos mínimo provocam grandes

Cascais, Sofia Nobre Nampula, Carlos Almeida

Page 11: mundo_h#17

dificuldades. Só para dar um exemplo, a maioria dos jovens que

ficaram nos dez primeiros classificados da corrida de Nampula,

que decorreu nas ruas de asfalto da cidade, fizeram os 3km do

percurso descalços.

A prova na Cidade de Pemba realizou-se no Centro das irmãs

Pastorelas, tendo como destinatários os mais pequeninos, com

diversas pequenas corridas em que as crianças deram largas à

sua alegria e à sua capacidade atlética. Curioso foi verificar que

no final algumas mamãs se deixaram contagiar pelo espírito e

também elas fizeram uma pequena corrida, algumas delas com

os filhotes às costas.

Quando a ideia da Corrida Solidária surgiu, pensámos que o ideal

seria colocar jovens de todas as idades a correr. Beneficiários e

benfeitores a correr juntos numa festa com mais de 10000km,

que atravessou o globo de norte a sul.

As pessoas que correram em Portugal sentiram-se reconfortadas

por estar a apoiar uma boa causa e os destinatários tiveram co-

nhecimento disso e sentiram-se felizes e orgulhosos. Correram e

pediram mais. Em 2011 contámos com o apoio da MCEL, a rede

de telemóveis nacional, cuja frase publicitária é “Estamos juntos”.

Este ano teremos que correr juntos novamente, porque a Corrida

Solidária tem forte efeito terapêutico: além dos benefícios cardio-

vasculares inerentes à prática da atividade física, também enche

o coração de alegria. O miocárdio agradece e os sorrisos dos par-

ticipantes provam isso mesmo.

Amanheceu na cidade de São Tomé. A Marginal já se encontrava

pintada com as indicações da corrida, os pontos de água monta-

dos e os cartazes que acompanhavam a marginal colocados. Um

grande grupo de cidadãos reuniu-se para a inscrição na corrida,

efetuada no local. Depressa chegámos às 150 inscrições, número

limite de participantes, que tiveram direito a uma t-shirt e um

boné de participação, gentilmente cedidos pela Cooperação Por-

tuguesa. Os prémios eram surpresa, sendo apenas divulgado que

seriam simbólicos.

Compareceram na corrida também o Senhor Presidente da Câma-

ra, a Diretora do Ensino Básico, a Ministra da Saúde, o Ministro

da Defesa e o Sr. Secretário de Estado da Juventude e Desporto.

Exatamente às 9h30m, para que ocorresse em simultâneo com

Portugal e Moçambique, o senhor Bispo de São Tomé deu o

mote para a partida, sob o olhar e curiosidade das centenas de

pessoas que assistiam.

A corrida teve cobertura da TVS e RTP África e os vencedores re-

ceberam os prémios surpresa: 3º Lugar- Entrada livre e bebidas

na discoteca Beach club Pestana, 2º lugar- um jantar no Hotel

Pestana e o 1º lugar- uma viagem a Portugal! Foi um dia em

grande e uma ótima experiência para a organização e todos os

participantes.

Os fundos recolhidos revertem para os projetos implementados pela Helpo em Portugal, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Os projetos prioritários serão a construção de campos multidesportos (futebol, basquete e voleibol) em escolas onde a ONGD Hel-

po trabalha, em Moçambique e São Tomé e Príncipe, e a constituição de um centro social para estudo acompanhado a crianças de

dois bairros carenciados, em Portugal na zona da Grande Lisboa.

Para este ano está prometido mais e contamos com a presença de todos os que nos apoiam, porque os que são apoiados está ga-

rantido que lá estarão!

São Tomé, Flora Torres

Page 12: mundo_h#17

2

PORTUGAL

1 por todos...e para todos!

a nova estranha forma de vida de hoje, os nossos padri-

nhos e madrinhas fazem esforços e contas e muitos, a

custo, contactam-nos transmitindo-nos a triste e difícil

decisão de desistirem de apoiar as crianças que têm vindo a se-

guir ao longo dos anos.

Estas circunstâncias levam-nos a empenhar-nos em novas formas

de recolher apoio, para assim garantir a manutenção dos proje-

tos que assistem as mais de 4,000 crianças apadrinhadas nos 35

centros onde trabalhamos em Moçambique e São Tomé e Prínci-

pe. As creches, escolas, crianças e famílias destas comunidades,

na maioria das circunstâncias não têm alternativa à Helpo para

procurar colmatar as profundas dificuldades que se manifestam,

a todos os níveis, nas suas vidas de todos os dias.

Caminhamos, portanto, num fio ínfimo de alinhamento de equi-

líbrios entre a tentativa de procurar não sobrecarregar os nossos

padrinhos e madrinhas, e a obrigação de continuarmos a estar

presentes e solícitos nas comunidades que apoiamos há 5 anos

e que, em larga medida, dependem desse apoio para garantirem

o acesso à água, a edifícios escolares e pré-escolares, refeições

diárias na primeira infância, roupa de época, material desportivo,

sabão, formação em cuidados básicos, nutrição e higiene, e cui-

dados médicos ou de assistência primária, etc.

Assim, numa conjuntura de difícil reajustamento das condições

de consumo e consequentemente de vida de muitas famílias

portuguesas, desenhámos o 1 por todos, um exercício simples de

otimização de recursos dos quais já dispúnhamos, que nos mos-

tra que ainda é possível ajudar quem mais precisa, sem para isso

termos que despender mais do que faríamos para colmatar as

nossas próprias necessidades.

E de que forma se concretiza esta win-win situation?

É raro o dia em que não nos chegam às mãos materiais que se

destinam ao apoio dos nossos projetos no terreno. Os volun-

tários que empregam o seu tempo nas tarefas diárias que os

bastidores da ajuda exigem, separam os vários géneros que rece-

bemos e agrupam-nos em diferentes categorias com diferentes

Cascais, Joana Lopes Clemente

N

Page 13: mundo_h#17

3

destinos. No entanto, muitos são os que não têm qualquer apli-

cabilidade nas comunidades com as quais trabalhamos: brinque-

dos a pilhas, materiais que exigem eletricidade, jogos ou livros

exclusivamente úteis à realidade portuguesa ou europeia, roupa

demasiado quente, utensílios para utilização doméstica, acessó-

rios de informática, dvd...

A partir do mês de março, e com o apoio da Câmara Municipal

de Cascais, a Helpo coloca todos esses materiais à disposição das

famílias portuguesas que se veem neste tão falado ano de 2012

com orçamentos limitados, em troca de doações no valor de 1, 2

e 3€. Todos os fundos recolhidos nesta iniciativa têm como des-

tino a manutenção dos projetos em Moçambique e São Tomé e

Príncipe.

Com este simples exercício, pretendemos ajudar quem precisa e

possibilitar que mesmo aqueles que precisam de apoio em Por-

tugal possam continuar a dar a mão a quem no terreno se vê pri-

vado dos bens mais básicos que permitem o prosseguimento de

uma vida digna e o vislumbre de um caminho de futuro. A crise

que ultrapassamos tem várias faces, assim como o mundo. No ter-

reno, esse mundo é mais duro e a nossa crise, já em 2012, faz-se

também de 3 nomes: Apinta, Elizabete e Inilda. 3 meninas com

histórias diferentes, todas com um fim abrupto, repentino, sem

nome nem causa. As 3 meninas caíram e morreram, sem aviso

nem tempo de socorro. Separadas por centenas de quilómetros,

unidas pelo apoio prestado pela mão da Helpo através dos seus

padrinhos, e nem por isso com a oportunidade de uma vida mais

longa.

Se 2012 é o ano das dificuldades, é também o ano de ultrapassá-

-las e o projeto 1 por todos será apenas uma nova ferramenta que

nos consentirá continuar a marcar presença onde é mais neces-

sária, fazendo frente às desistências inevitáveis com uma nova

forma de angariação de fundos e um grito de recusa a dar passos

atrás onde são tão necessários passos de bebé para simplesmente

sobreviver! Por todos estes motivos, 1 pessoa, 1 euro, por todas

as pessoas!

Page 14: mundo_h#17

4

direito à crise.Cascais, Ondina Giga

m Portugal os tempos são difíceis. Fala-se de sacrifícios

e vive-se com eles, provocados por uma crise finan-

ceira que muitos nem sequer entendem. Corta-se nas

despesas, poupa-se no que se pode. Espera-se e desespera-se

na esperança de um novo ano com notícias mais animadoras

que permitam vislumbrar o fim da crise. Nos países em vias de

desenvolvimento, como Moçambique e São Tomé e Príncipe,

onde a Helpo trabalha, os tempos também são difíceis. Os sa-

crifícios teimam em não deixar de fazer parte dos dias e a exis-

tência de um mundo desenvolvido em crise não ajuda.

A crise tem braços compridos e toca nestes países de várias

formas, umas mais marcantes do que outras, mas todas elas

negativas para a população. O mais preocupante efeito é

aquele que tem como base a diminuição dos apoios prove-

nientes, quer dos governos europeus, quer dos seus cidadãos.

Quase toda a África depende das doações de países terceiros

para que os deficitários sistemas de saúde e educação cum-

pram melhor os seus objetivos, na tentativa de satisfazerem as

necessidades básicas das populações.

Não que a falta desta ajuda externa coloque aqueles países

em crise. Lá, é onde não há direito à crise. A crise implica um

período mais ou menos longo, mas sempre passageiro. A crise

pressupõe um antes melhor e um pós, também ele melhor,

mesmo que radicalmente diferente do antes. Há sítios onde

não há altos nem baixos, não há tempos de crise nem tempos

MAIS MUNDO

E de “vacas gordas”. Há apenas a sucessão de dias, um após ou-

tro, difícil após difícil. Esses são os sítios onde as mulheres se

vestem com capulanas coloridas, carregando os filhos às cos-

tas por uma estrada poeirenta que contém no final dos seus

50 quilómetros de extensão o hospital para assistir a criança;

onde as casas são castanhas feitas de matope, sem água nem

luz; onde as salas de aula são debaixo do cajueiro, onde os

meninos estudam sentados no chão, também ele castanho,

que lhes pinta a roupa, mancha as pernas e suja os livros.

Estes são os sítios onde a crise que se vive na Europa provoca-

rá, não outra crise, mas sim adiamentos.

Adiará a construção da escola e as distribuições de material

escolar para um outro ano letivo, adiará a construção do poço

para matar outras sedes, adiará as distribuições alimentares

para um outro dia de fome. Não implicará diminuição da ine-

xistente qualidade de vida mas implicará sim o adiar da quali-

dade de vida, que é o mesmo que dizer que implica o adiar de

um dia a dia com direito à crise.

Um dia a dia em que abrimos a torneira e sai água, água com

a qual podemos matar a sede sem correr risco de vida, onde

podemos frequentar uma escola sentados noutro local que

não seja o chão poeirento daquela espécie de sala de aula,

onde temos luz que nos ilumina nas longas e escuras noites,

onde temos sistemas de saneamento básico que funcionam,

onde temos um sistema de saúde que nos acolhe e trata, onde

temos disponibilidade e variedade alimentar, onde, no global,

a população tem as suas necessidades básicas satisfeitas.

Em Moçambique e São Tomé e Príncipe não pode ser lançado

o contra-ataque que permita fazer face aos tempos difíceis.

Porque lá é onde vivem famílias que não podem diminuir a

fatura da água que não bebem, nem podem diminuir a fatura

da energia que não chega às lâmpadas inexistentes nas suas

casas, nem cortar na despesa do supermercado que não têm

num raio de 100km da casa, nem poupar nas despesas com o

carro que nunca irão conduzir.

É o dar proveniente dos nossos padrinhos que permite àquelas

famílias enfrentarem os tempos difíceis de outra forma, menos

difícil. O que cada um de nós consegue fazer por quem nada

tem assume facilmente outra dimensão. Criam-se futuros,

oportunidades, dá-se educação, assistência médica, alimenta-

ção. Os nossos padrinhos constituem a mudança merecida na

vida das crianças moçambicanas e santomenses. Continuam a

dar o que podem, a ganhar com isso os sorrisos e os futuros.

Os seus sacrifícios não são em vão, não mudam apenas mo-

mentos, mudam gerações. São testemunhas de como as boas

vontades se transformam em boas oportunidades. São parte

ativa na criação de um mundo mais humano para todos, para

eles e para nós.

Page 15: mundo_h#17

5

é tempo de conservar.Nampula, Elisabete Catarino

á caíram as primeiras chuvas e está

tudo incrivelmente verde. Murrupu-

la tem um solo fértil e a produção

agrícola é boa.

As culturas mais frequentes são as de

milho, tomate, mandioca e feijão –

aquelas que em anos sem tecnologia

nem fertilizantes químicos, se mostra-

ram ser as mais aptas.

As frutas também crescem sem grandes

cuidados. Basta observar à volta e veem-

-se bastantes mangueiras, papaeiras,

bananeiras e cajueiros (onde a castanha

de cajú é uma pequena parte da fruta

acoplada à chamada maçã de cajú, nutri-

cionalmente muito rica).

Então se existem tantos legumes e fru-

ta disponíveis porque é que as crian-

ças têm sinais de carências de algumas

vitaminas? A falta de conhecimentos e

competências básicas estão na base do

problema.

A sazonalidade traz a fartura e traz a pe-

núria. Quando há, consome-se, vende-se

ou estraga-se. As famílias vendem a fru-

ta e os legumes para comprar farinha,

que é a base da alimentação do moçam-

bicano.

A farinha é cozinhada com água e sal

para fazer a chamada “chima” que,

quem já comeu, sabe que tem pouco

J sabor mas sacia um estômago vazio.

Então as conclusões são simples - por

um lado a comunidade tem dificuldades

em conservar estes alimentos perecíveis

para tê-los disponíveis o ano todo e, por

outro, desconhece que o organismo, as-

sim como estar saciado de fome, precisa

de uma variedade de alimentos/nutrien-

tes que lhe permita manter todas as

suas funções básicas e a homeostase.

Durante a nossa primeira conversa com

as comunidades de Ilocone, Maunha e

Munimaca falámos em vários alimentos

ali disponíveis e sobre a sua importância

para o crescimento, a aprendizagem e a

força para o trabalho.

Na nossa segunda visita, a pedido das

comunidades, ensinámos a conservar

frutas, hortaliças e legumes com mate-

rial lá existente. Para além disso, levá-

mos alguns alimentos já secos para que

pudessem observar e provar.

Ao saberem conservar estes alimentos,

por um lado aumentam a sua disponi-

bilidade durante o resto do ano e, por

outro, diminuem o seu desperdício.

Nas sessões estiveram presentes papás,

mamãs, animadores, professores do en-

sino básico e crianças.

Entregaram-se à conversa, à degusta-

ção, à construção do secador e à prepa-

ração dos alimentos.

O fruto deste trabalho não está a ser

desperdiçado, a avaliar pelo conheci-

mento que tão bem nos foi repetido

pelas mamãs e pelos papás, pelas ferra-

mentas que foram construídas e pelos

alimentos que ficaram estendidos ao

sol, que tão prestavelmente aquece Ilo-

cone, Maunha e Munimaca, distrito de

Murrupula, Moçambique.

ESTÓRIAS

Ficha Técnica

Formadora: Elisabete Catarino,

Nutricionista

Tema das sessões: alimentação

saudável e conservação de ali-

mentos

Comunidades abrangidas: Iloco-

ne (escolinha), Maunha (escola e

escolinha) e Munimaca (escola e

escolinha)

Benificiários: pais das crianças,

professores e animadores

Dias das sessões: 25 de outubro e

6 de dezembro de 20

Duração: 2h30 cada sessão, por co-

munidade

Page 16: mundo_h#17

6

ESTÓRIAS

caleidoscópio.

Margarida, como é que os nossos padrinhos e madrinhas

olham para o processo das cartas e o que significa, para eles,

abrir a carta que lhes chega da parte dos afilhados e anima-

dores?

Margarida Assunção - Os nossos padrinhos e madrinhas gos-

tam de receber notícias dos afilhados e suas comunidades pela

voz da Helpo, contudo nada se compara à expectativa de po-

der abrir a cartinha que teve a mão daquela criança em particu-

lar. Apesar de todos os padrinhos e madrinhas serem sensíveis

a um bem comum, tem um sabor especial saber que “aquela”

carta, que não poucas vezes chega amarrotada e tingida de

terra, trás cores, formas e algumas letras (nem sempre!) que

foram feitas especialmente para si. É uma explosão de alegria,

julgo, com uma pitada de orgulho por poder fazer parte do

crescimento e desenvolvimento daquela criança singular.

Dércio, e do outro lado do mundo? Como olham as crianças e

os animadores para a elaboração das cartas? Conseguem en-

tender o seu propósito?

Dércio Abreu - Bom, as crianças mais pequenas não percebem,

mas a partir da 3ª e 4ª classe começam a entender que as car-

tas são para os padrinhos de Portugal. Não é por acaso, que às

vezes, aqui na cidade, ouço chamar “tio, tio! Eu sou da comuni-

dade de Teacane e escrevi carta ao padrinho”. Até há crianças

que sabem o nome do padrinho e da madrinha, principalmen-

te quando recebem correspondência da parte deste.

No início, os animadores não viam a importância das cartas,

mas atualmente, por causa das formações e encontros que têm

connosco, onde explicamos a necessidade e a importância das

cartas, vão entendendo que um padrinho sem comunicação

pode ficar desinteressado e daí o esforço que fazem para que

cada criança faça a sua carta e tire a fotografia.

Quando os animadores estão sensibilizados, mais comprome-

tidos ficam com a elaboração das cartas. A introdução de mi-

nutas pessoais dos animadores, também foi fundamental para

que se sentissem mais envolvidos no processo e aprendessem

a comunicar com os padrinhos.

Além da distância, o que separa o mundo de padrinhos e

afilhados? De que forma é que as diferenças patentes nesses

“dois mundos” se refletem no processo da troca de corres-

pondência?

D. A. - A forma de perceber o impacto da correspondência é

muito diferente. O padrinho sente-se feliz ao receber a carta

do afilhado e este também, quando recebe correspondência

do padrinho.

As crianças percebem que o padrinho está disposto a ajudar,

assim como os pais, por isso estão sempre disponíveis para

que os filhos sejam apadrinhados.

A realidade das crianças é muito diferente da dos padrinhos

e muitas vezes os padrinhos não estão a par da realidade nas

comunidades moçambicanas. Por exemplo, é comum as cartas

estarem sujas porque as crianças sentam no chão e os padri-

nhos podem pensar que é descuido do animador e da criança.

Mas esta situação está a ser ultrapassada, já que a Helpo entre-

ga cimento para argamassar as salas de aulas e fazer bancos

e constrói edifícios que equipa. Temos tentado aproximar as

realidades dos padrinhos e das crianças.

Dércio Abreu com a t-shirt eu helpo, no dia da formação,

com os animadores de Nampula.

Margarida Assunção, responsável pelo departamento de apadrinhamento de crianças à distância em Portugal, e Dércio Abreu,

assistente de diretor de programa de apadrinhamento em Nampula, são dois elementos chave no que respeita à concretização

da troca de correspondência entre padrinhos e afilhados. Do lado de lá e do lado de cá, encarregam-se de todo um processo que

aparenta ser simples, mas que esconde grandes dificuldades, obstáculos e impossibilidades com as quais lidamos e procuramos

ultrapassar todos os dias.

Page 17: mundo_h#17

M. A. - Efetivamente padrinhos e afilhados estão em mundos

completamente diferentes. As suas vivências são tão díspares

que se traduzem em certezas, valores e comportamentos pro-

fundamente diferentes.

Padrinhos e madrinhas sabem que o “mundo” dos afilhados é

diferente do seu, contudo a grande maioria não sabe o quão

diferente é! Este (des)conhecimento do mundo do outro é

visível no peso que se coloca nas cartas dos afilhados, que se

espera que sejam escritas pelas crianças e com desenhos bo-

nitos.

Por exemplo: os padrinhos sabem que as crianças aprendem

em condições deficitárias, que não se alimentam da forma

adequada, que vivem longe da escola e que faz parte dos seus

deveres ajudar a família nas tarefas do dia a dia. Os padrinhos

sabem, mas não fazem o exercício de juntar estes fragmentos

de uma realidade distante numa história só – a história da vida

de muitos milhares de crianças africanas que acordam sozi-

nhas, bem cedo, caminham quilómetros e vemo-la regressar,

de balde à cabeça que servirá às tarefas da família. Bebe chá

e não come, e já cansada vai para a escola, igualmente longe,

debaixo da árvore mais grandiosa do recinto escolar. Apanha

chuva, apanha sol e não se concentra porque a barriga não

deixa. Sentada no chão, o caderno (quando há) gasto em cima

do joelho, ouve os primeiros sons em Português! Sim, porque

embora o Português seja a língua oficial de Moçambique, nas

comunidades rurais as crianças só falam o dialeto local. Com

sorte, a cada dia útil estimam-se 3 horas desta escola africana,

mas, se o professor não vier (que também vem de longe), se

morrer alguém, se se tiver que ir capinar, semear ou colher os

produtos da machamba, se houver um irmão mais novo para

tomar conta, se… Em condições como estas, é fácil compreen-

der que o ritmo de aprendizagem seja muito mais demorado e

que os afilhados não saibam desenhar ou escrever com a mes-

tria dos meninos do lado de cá do mundo.

Por vezes os padrinhos ficam tristes porque a evolução da

criança não é tão rápida como seria desejável, mas peço que

tentem imaginar-se nesta realidade, neste dia a dia todos os

dias da sua vida, sem escolha ou suspeita de que tal mundo

como o nosso exista. Em São Tomé e Príncipe, em Santa Ca-

tarina as mulheres lavam a roupa no rio. Certo dia o Diretor

da creche perguntou-me se em Portugal as mulheres faziam o

mesmo!

E quais as semelhanças e diferenças entre a forma como a

própria organização olha para este processo, e a forma como

os nossos padrinhos e madrinhas o veem?

D. A. - Nós no terreno conseguimos ver a realidade da criança

e da comunidade, na medida em que, durante o processo de

elaboração de cartas, fazemos uma supervisão e encontramos

crianças com 14, 15 e 16 anos que não sabem escrever porque

entraram tarde para a escola. Muitas vezes os padrinhos, ao

não estarem a par da realidade, estranham que a criança ainda

não saiba escrever corretamente. Por isso, é muito bom quan-

do os padrinhos vêm ao terreno e ficam a par da situação e

conseguem sensibilizar outros para a realidade das crianças.

Sabemos que os padrinhos ficam satisfeitos ao receber a

correspondência, por isso há um esforço para que todos a

recebam. Os padrinhos vêem a organização como elo de liga-

ção com os afilhados. E nós, como organização, vemo-nos e

sentimo-nos como elo de ligação também e, por isso, esforça-

mo-nos por manter esta ligação. Daí que nos vejamos com a

responsabilidade de entregar todos os bens que mandam para

os afilhados e tirar fotografias para que os padrinhos tenham

uma recordação da entrega das suas prendas.

M. A. - Do lado de cá, a principal diferença é que os padrinhos

e madrinhas concentram a sua atenção naquela criança em

especial e a organização, como não podia deixar de ser, con-

centra-se no conjunto, no todo. As cartas, como os padrinhos

as conhecem em suas casas, são resultado de um processo

muito demorado e trabalhoso – no escritório em Portugal são

apreciadas e lidas todas as cartas que nos chegam do terreno,

o que ronda as 4.000 cartas!

A organização encara este processo como um compromisso

sério e de rigor, que vai de encontro ao que os padrinhos e

madrinhas esperam da Helpo, seja da equipa como do resulta-

do que chega a casa, em forma de carta.

Dércio quais as situações mais insólitas com que os técnicos

no terreno se deparam, quando do processo de elaboração das

cartas? E quais as formas encontradas para as ultrapassar?

Page 18: mundo_h#17

8

D. A. - Geralmente são a falta de vontade da criança para es-

crever, havendo umas que chegam a fugir do animador. Estas

situações acontecem principalmente com as crianças que es-

crevem sempre carta, mas não recebem correspondência por

parte do padrinho.

Algumas afilhadas também não escrevem cartas, porque se

casaram e têm medo da reação do marido. Ainda este ano, fo-

mos ao encontro de uma menina que precisava de tirar foto e

recusava-se por causa do marido e acabou por pedir que fosse

retirada do programa, pois o marido podia não entender o sig-

nificado do apadrinhamento.

Muitas vezes temos que estimular as crianças para fazerem as

cartas, explicando a importância da carta e de ser apadrinhado

e os benefícios que têm ao receber material escolar, lanches e

o apoio para as escolas e comunidade.

Margarida, e do ponto de vista de quem, do lado de cá,

presta empenhadamente o seu apoio não apenas ao seu

afilhado(a), mas a todos quantos frequentam a mesma escola

ou escolinha que ele(a), quais as situações mais inéditas? E

quais as mais difíceis de justificar? Porquê?

M. A. - No que diz respeito à comunicação entre padrinhos/

madrinhas e afilhados, há algumas situações algo desconfor-

táveis, como por exemplo, alguns padrinhos que escrevem a

convidar as crianças a vir passar férias à sua casa ou a vir es-

tudar para Portugal. Como é que a Organização pode ousar

tratar uma criança de forma diferente? Como tirar a criança do

seu ambiente familiar, ainda que seja por um tempo determi-

nado? Por muito difícil que seja interiorizar, estes meninos vi-

vem numa palhota e dormem no chão – numa esteira – e não

é por opção, antes por falta dela. Os padrinhos devem compre-

ender que, às vezes, o desconhecimento é uma bênção!

Outras vezes, bem-intencionados, os padrinhos chocam anima-

dores e crianças com um “pede ao padrinho tudo o que qui-

seres receber!”. Estes meninos, que pouco mais têm a não ser

a roupa de trazer pelo corpo, o que poderão querer receber?

Pois é claro que querem receber tudo – o indispensável e o su-

pérfluo também!

Então mas e os outros? O papel de todos nós é maior, é cami-

nhar lado a lado com TODOS os meninos e meninas a quem,

um dia, nos comprometemos a dar a mão. E este compromisso

é bem mais difícil do que criar pequenos príncipes e princesas;

nesta caminhada, ainda que doa, às vezes é preciso dizer não,

é preciso dar um passo atrás, antes de dar um passo em frente,

é preciso esperar que todos os nossos caminhantes estejam

preparados para dar um passo em simultâneo rumo a um dia

a dia mais digno, com escolha, com futuro – no caminho que

leva ao desenvolvimento e não à criação de privilégios pontu-

ais a uma ou outra criança.

O que sugeririam, em termos de soluções, para que pudés-

semos ultrapassar os obstáculos com que nos deparamos na

realização deste processo? Haverá soluções?

D. A. - Sim, se houver uma constante correspondência e liga-

ção entre o padrinho e o afilhado, através de cartas e visitas,

as crianças vão estar mais motivadas para escrever aos padri-

nhos porque, para o afilhado, o padrinho passa a ser alguém

que ajuda, que escreve carta e que se importa com o seu cres-

cimento e não apenas um nome.

M. A. - A Helpo faz a mediação entre padrinhos e afilhados,

num equilíbrio difícil entre o desejável e o possível, de parte a

parte. É difícil corresponder às expectativas dos nossos padri-

nhos, devido aos constrangimentos existentes da parte do ter-

reno e à falta de conhecimento que muitas vezes existe.

As necessidades do lado dos beneficiários são tão urgentes

que, somos confrontados diariamente para fazer mais e rápi-

do. No que diz respeito ao processo da correspondência, julgo

que o caminho passa pela aposta na formação dos animado-

res: como saber distinguir o padrinho da madrinha; o padrinho

António - singular, dos alunos de uma turma, plural. Explicar

aos animadores quem são os nossos padrinhos e o que preten-

dem quando abraçam este projeto, algo importante e que os

ajuda sobretudo nas temáticas que levam para as cartas.

Do lado de cá, continuar a levar mais e melhor informação aos

padrinhos, com textos, fotografias e estando disponíveis para

o esclarecimento de quaisquer dúvidas que possam surgir,

para que o conhecimento do mundo do lado de lá seja, cada

vez mais real e fidedigno.

Claro que, da parte dos padrinhos, é essencial que haja aber-

tura de espírito para compreender todos os constrangimentos

que são enfrentados, e uma relação de confiança que lhes per-

Margarida Assunção com o animador de Chinda, Faustino An-

dré (à sua esquerda) e o director da escola, Nvita Zacarias.

Page 19: mundo_h#17

9

mita comunicar-nos todas as incongruências das quais não nos

apercebemos para que, num trilho percorrido em conjunto,

possamos melhorar cada vez mais.

O que gostariam de transmitir a padrinhos e madrinhas,

crianças e animadores, a este respeito?

D. A. - Aos padrinhos, que olhassem a questão das cartas

como uma realidade diferente à do seu país. Na medida em

que, podem receber cartas de crianças com idade para escre-

ver na Europa, mas que aqui ainda não escreve. Que os padri-

nhos ficassem consciencializados, que em Moçambique, pelo

facto do atraso no desenvolvimento, é frequente por várias ra-

zões a criança mudar de residência e passar a viver com outro

familiar e noutra comunidade. É uma situação normal e não

deve criar constrangimento ao padrinho.

Os padrinhos também não devem ficar chocados ou admira-

dos quando recebem uma carta do animador a comunicar que

uma criança de 12/13 anos se casou, porque na nossa cultura

é normal que isso aconteça, principalmente nas comunidades

rurais onde trabalhamos. Mas é uma questão que, com o an-

dar do tempo, se vai ultrapassando.

É também importante que os padrinhos continuem a apoiar as

crianças, mesmo que a criança que apadrinham desista, por-

que ao ajudar beneficiam principalmente a comunidade e por-

que o impacto é muito grande.

Aos animadores que continuem a empenhar-se e a trabalhar

com muita força, no sentido de sensibilizar e de explicar à

criança a necessidade e a importância da elaboração das car-

tas. E que quando surgem dificuldades devem comunicar à

Helpo, que está sempre disponível para ajudar.

M. A. - Gostaria ainda de dizer que estamos disponíveis - para

conversar, esclarecer e procurar saber as respostas quando

não as temos de imediato, sempre que acharem necessário.

Também é esse o nosso papel.

Gostaria de pedir alguma perseverança – na demora do pro-

cesso das cartas, na evolução lenta das crianças cujos dese-

nhos teimam em não progredir. O mundo do lado de lá não

anda à mesma velocidade que do lado de cá e as ferramentas

que estão à disposição de crianças e animadores são limitadas.

Estamos a trabalhar para a mudança rumo ao desenvolvimen-

to, mas os padrinhos não podem ter falsas esperanças, é algo

que vai demorar gerações a alcançar e, infelizmente, um ama-

nhã verdadeiramente diferente muito possivelmente ainda não

está ao alcance da criança especial que acompanham neste

momento. A estes meninos estamos decididamente a dar um

dia a dia mais digno: como um teto para a escola, um cader-

no e um lápis para escrever, um agasalho, uma refeição, um

brinquedo ou o direito a um dia especial. Trabalhamos afinca-

damente para que tenham um quotidiano melhor, com mais

condições e com esperança.

Às crianças e aos animadores gostava de transmitir uma pala-

vra de esperança e alento e a certeza que a solidariedade dos

nossos padrinhos e madrinhas vai permitir que continuemos a

caminhar lado a lado, até que estejam prontos para caminhar

sozinhos.

Às crianças gostaria de transmitir a importância que a esco-

la tem, pois a educação é sem dúvida o caminho para o de-

senvolvimento. Aos animadores gostava de transmitir que

continuem a incentivar as crianças e as suas famílias para a

importância da escola e que continuem a incentivar a comuni-

dade para a importância do trabalho comunitário, que leva ao

desenvolvimento da comunidade onde se inserem.

D. A. - E ainda às crianças, que continuem a escrever as cartas

aos padrinhos, porque só assim podem receber a ajuda por

parte deles, e esta ajuda não é só dirigida a elas, mas também

às suas famílias e comunidades.

Page 20: mundo_h#17

20

QUEM HELPA?

obrigado sapo!Lisboa, Duarte Marques

á no final de 2011 tive a oportunidade de acompanhar

uma verdadeira embaixada da Helpo à 11ª Edição dos

Prémios SAPO, que distinguiram as melhores campanhas,

anunciantes e agências que investiram no mercado publicitá-

rio em Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor-

-Leste. A Helpo também esteve presente – a nossa publicida-

de é bem diferente, anunciamos e damos esperança a muitas

famílias.

Mas o que fazia a Helpo e a sua equipa no meio de um evento

destes, que decorreu num armazém quase abandonado algu-

res numa antiga fábrica junto ao Tejo, cheio de artistas, sapos

verdes e motards? Pois, é que além dos prémios habituais, e

no âmbito da responsabilidade social da SAPO, ao longo das

últimas edições o valor das inscrições tem sido entregue a

uma instituição de solidariedade. Aí entramos nós, mas nunca

pensámos que o valor pudesse ser tão alto. Fomos chamados

ao palco onde o Administrador da SAPO, Dr. Abílio Martins

nos entregou um cheque de grandes dimensões com o valor

ainda maior….12.343,40 euros! Foi um momento marcante,

ver a alegria nas caras da equipa “helpo” e o orgulho estam-

pado no rosto de quem organizava o evento.

Por feliz coincidência, as pessoas que decidem estas coisas

cruzaram-se com o trabalho da Helpo e ficaram a conhecer os

nossos desafios, o nosso papel junto de milhares de crianças

em Portugal, em Moçambique, São Tomé e Brasil e decidiram

que neste difícil ano de 2011 o “Prémio SAPO solidário” seria

entregue não à Helpo, mas ao cuidado da Helpo, pois este im-

portante apoio deverá ser investido diretamente no apoio a

comunidades com dificuldades. Fazemos questão de ouvir os

nossos amigos do “sapo verde” e decidir, em conjunto, onde e

em que projeto este significativo valor será aplicado.

Foi um momento emocionante verificar que o esforço de cen-

tenas de pessoas, numa competição em que participam os

melhores entre os melhores criativos e agências portugueses

confiou todos os lucros obtidos a uma ONGD como a Helpo.

Para todos nós, para os padrinhos e para todas as crianças e

suas famílias este reconhecimento é mais um incentivo para

continuarmos o nosso trabalho aqui e além fronteiras.

A solidariedade não tem limites, não tem fronteiras. O apoio a

quem precisa não escolhe origem nem cor, filiação ou religião.

Este foi mais um gesto que só nos deve motivar ainda mais no

esforço que todos os dias centenas de pessoas entre padri-

nhos, colaboradores e voluntários fazem para melhorar um

pouco a vida de milhares de crianças.

JAlegria e surpresa espelhadas no rosto de Joana Lopes Clemente, Duarte Marques e Cristina Rebelo da Silva (a segurar o

cheque); Teresa Antunes partilha o entusiasmo batendo palmas.

Page 21: mundo_h#17

22

na altura do Natal que as pessoas ficam mais sensíveis

para ajudar os outros. Costuma usar-se o lugar-comum,

“o Natal é quando o homem quer”, mas para os padri-

nhos e amigos da Helpo, o Natal tem a duração de 365 dias.

E para algumas empresas que nos apoiam também. Além dos

diversos pequenos apoios prestados ao longo do ano, a em-

presa de estudos de mercado GFK – Intercampus, sediada em

Maputo, apostou pelo terceiro ano consecutivo, nos presentes

solidários da Helpo para oferta de Natal. Depois dos postais

de Natal e dos banquinhos para as escolinhas de Montepuez,

este ano a GFK – Intercampus responsabilizou-se pela aquisi-

ção de secretárias para a Escola Primária Completa de Teaca-

ne, em Nampula, tendo posteriormente “entregue” a oferta

aos seus colaboradores. Como funciona o presente solidá-

rio? As secretarias foram financiadas pela GFK – Intercampus,

posteriormente os alunos de Teacane escreveram cartas de

agradecimento que foram entregues como presente solidário

aos colaboradores da empresa. Em vez das tradicionais gar-

rafas e cabazes de Natal, estas pessoas tiveram deste modo a

possibilidade de oferecer uma secretária para criar melhores

condições para estudar, tendo havido o verdadeiro espírito

natalício. Segundo o Diretor Geral da empresa, Dr. Luís Cou-

to, o feedback dado por parte das pessoas que receberam o

presente solidário foi muito positivo. Muitas pessoas querem

ajudar e por vezes nem sabem muito bem como o fazer e esta

foi uma solução simples, que atingiu os seus objetivos em ple-

no. A empresa cumpriu a sua parte de responsabilidade social,

os seus colaboradores mostraram-se satisfeitos por fazer parte

desta bela obra e pelo convite recebido para visitar o local.

Os alunos que vão estudar em condições nas 3 novas salas de

aula, inauguradas no dia 12 de setembro de 2011, vão sentir

que o Natal durará durante todo o ano letivo.

presente solidário Intercampus.Nampula, Carlos Almeida

É

Page 22: mundo_h#17

22

i MAIS

Provincial de Nampula desde

o ano de 2007.

Atualmente este Centro con-

ta com 36 crianças residen-

tes e o apoio não se esgota

na melhoria das instalações,

passa também pela assistên-

cia permanente efetuada às

crianças, traduzindo-se na

distribuição de material e

prestação de serviços.

gradecemos a todos

os que participa-

ram na campanha

da Agenda Helpo para 2012,

permitindo recolher o valor

de 6.422, 35€, até à data,

para o apoio a famílias de

acolhimento de crianças ór-

fãs em parceria com o Infan-

tário Provincial de Nampula.

A Helpo apoia o Infantário

Aagenda helpo 2012.

Este projeto visa a imple-

mentação de um projeto

de microcrédito rotativo e

geração de rendimento para

as famílias de acolhimento

a crianças órfãs do Infantá-

rio (Orfanato) Provincial de

Nampula.

Se ainda não teve oportuni-

dade, ainda vai a tempo de

fazer a sua doação a partir

de 5,00€ e contribuir para

este projeto. Basta efetuar

um donativo para o NIB

0010 0000 3483 3480 0032 8

e enviar o comprovativo

para o e-mail [email protected],

indicando a morada onde

pretende receber a agenda e

NIF para emissão do recibo.

Contamos com o seu apoio e

divulgação.

cional.

A iniciativa partiu da empre-

sa que desenvolve este pro-

jeto há 3 anos e no ano tran-

sato decidiu apoiar a Helpo,

por um período de 2 anos.

Os eventos contemplaram

as mais variadas áreas, des-

de a música, às artes, ao

desporto, entre outros, e

ntre o dia 15 de outu-

bro e 19 de novembro

a Helpo contou com o

apoio da empresa IN EVENTS

na realização de diversos

eventos, com o objetivo de

angariar fundos e bens para

os projetos implementados

pela Helpo, tanto a nível Na-

cional como a nível Interna-

E

natalis 2011.

permitiu angariar um total

de 1.295,56€. Para além da

recolha de fundos, o mais

importante foi sem dúvida a

recolha em géneros que nos

permitiu angariar material

vário, como: vestuário, ma-

terial escolar, brinquedos,

jogos didáticos, produtos

de higiene, mantas, entre

outros.

Estes fundos e bens serão

canalizados para os projetos

implementados pela Helpo

nas comunidades onde atua,

a favor da infância.

Este ano junte-se novamen-

te a este projeto e ajude a IN

EVENTS a ajudar os benificiá-

rios da Helpo.

cas é possível fazer alguém

duplamente feliz: a quem se

oferece o presente e a quem

a aquisição desses produtos

beneficia.

Convidamo-lo/a a conhecer

os nossos produtos solidá-

rios na nossa página online

www.helpo.pt, em “outras

formas de ajudar”.

Para mais informações por

favor contactar: 211537687

ou [email protected].

oi no passado mês de

dezembro que a Helpo

esteve presente, pelo

2º ano consecutivo, na maior

Feira de Natal de Lisboa – a

NATALIS – conseguindo an-

gariar o valor de 537.71€

Apesar da crise financeira

que o país atravessa, os por-

tugueses, sensíveis, aposta-

ram nos presentes solidários

como presentes ideais para

as ofertas de Natal. Através

de contribuições simbóli-

F

conceito urbano 2011/12.

Page 23: mundo_h#17

23

FICHA TÉCNICA

Entidade Proprietária e Editor

Associação Helpo

Morada e Redacção: Associação Helpo,

Rua Catarina Eufémia, Fontaínhas,

2750-318 Cascais

Director Responsável

António Perez Metelo

Directora Editorial

Joana Lopes Clemente

Nº de registo no ICS: 124771

Tiragem: 4500 exemplares

Periodicidade:

Trimestral

NIF: 507136845

Depósito Legal: 232622/05

Impressão

ORGAL,Rua do Godim, 2724300-236 Porto

Redacção Portuguesa

Sofia Nobre(secretária de redacção)Joana Lopes ClementeMargarida Assunção

Colaboradores neste número

Carlos AlmeidaDércio AbreuDuarte MarquesElisabete CatarinoFlora TorresJoana FerrariJoana Lopes ClementeNuno TavaresOndina GigaSandra Marlene BarraSofia Nobre

23

Correspondente em África

Carlos Almeida

Design

Codex - Design e Relações Públicas

Informações: Associação Helpo

Tel.: 211537687 [email protected]

www.helpo.pt

A responsabilidade dos artigos é dos

seus autores.

A redacção responsabiliza-se pelos arti-

gos sem assinatura. Para a reprodução

dos artigos da revista mundo h, integral

ou parte, contactar a redacção através

de: [email protected].

Page 24: mundo_h#17

24