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UNIVERSIDADE DO VALE UNIVERSIDADE DO VALE UNIVERSIDADE DO VALE UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ – UNIVALI UNIVALI UNIVALI UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS J CENTRO DE CIÊNCIAS J CENTRO DE CIÊNCIAS J CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS - CEJURPS CEJURPS CEJURPS CEJURPS CURSO DE DIREITO CURSO DE DIREITO CURSO DE DIREITO CURSO DE DIREITO PENAS ALTERNATIVAS PENAS ALTERNATIVAS PENAS ALTERNATIVAS PENAS ALTERNATIVAS JORGE ALEXANDRE JORG JORGE ALEXANDRE JORG JORGE ALEXANDRE JORG JORGE ALEXANDRE JORGI Itajaí (SC), abril de 2006. Itajaí (SC), abril de 2006. Itajaí (SC), abril de 2006. Itajaí (SC), abril de 2006.

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UNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ –––– UNIVALI UNIVALI UNIVALI UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS ---- CEJURPS CEJURPS CEJURPS CEJURPS CURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITO

PENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVAS

JORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGIIII

Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.

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UNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ –––– UNIVALI UNIVALI UNIVALI UNIVALI CENTRO DCENTRO DCENTRO DCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAIS S S S ---- CEJURPS CEJURPS CEJURPS CEJURPS CURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITO

PENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVAS

JORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGIIII

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Direito. OOOOrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Campos

Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.

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AGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTO

A Deus, que nos momentos em que necessitei

de um guia, Ele soube iluminar meu caminho;

Aos meus pais, Maria Sálvia Jorgi e Oni Sérgio

Jorgi, que me oportunizaram a ir mais longe e

alcançar meus objetivos;

A meu irmão, que caminhará ao meu lado

em busca da justiça;

Aos avós, que com a sabedoria adquirida,

foram meus professores fora da sala de aula;

Aos amigos, que fiz ao longo desta jornada e

que sempre torceram por mim;

Aos amigos, Diego Fernando e Sá dos Santos

e Karita Reinert Pereira, em especial, pois

incentivaram e não permitiram que jamais eu

desistisse;

Ao meu colega, Wolfgang Walter Schultheis,

que me acolheu em seu lar e compartilhou

de sua sabedoria e experiência;

Ao Professor, orientador e amigo, que nos

momentos de necessidade esteve presente;

E aos demais professores, que ajudaram de

forma indireta para que este sonho torna-se

realidade.

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DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA

À minha mãe, uma pessoa forte, que com muito carinho e sabedoria me confortou e incentivou em

todos os momentos de minha vida.

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iv

TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADERESPONSABILIDADERESPONSABILIDADERESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a

Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a

Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade

acerca do mesmo.

Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.

Jorge Alexandre JorgiJorge Alexandre JorgiJorge Alexandre JorgiJorge Alexandre Jorgi Graduando

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5

PÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Jorge Alexandre

Jorgi, sob o título Penas Alternativas, foi submetida em 26/06/2006 à banca

examinadora composta pelos seguintes professores: Eduardo Erivelton

Campos (Orientador e Presidente da Banca), Débora Ferreira de Souza

(Membro da Banca) e Marcelo Petermann (Membro da Banca) e

aprovada com a nota 9.69.69.69.6 (nove ponto seis).

Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.

Eduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton Campos Orientador e Presidente da Banca

Prof. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS E SIGLASE SIGLASE SIGLASE SIGLAS

a.C. Antes de Cristo

Art. Artigo

CEJURPS Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais

CP Código Penal

CRFB/88 Constituição de República Federativa do Brasil

ed. Edição

LEP Lei de Execução Penal

nº Número

ONU Organização das Nações Unidas

p. Página

séc. Século

tir. Tiragem

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

vol. Volume

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ROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos

operacionais.

AçãoAçãoAçãoAção

“Ato de agir, modo de atuar, de objetivar a vontade”1.

OmissãoOmissãoOmissãoOmissão

“Consiste em deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem

risco pessoal”2.

DoloDoloDoloDolo

“Ocorre quando o evento criminoso corresponde à vontade do sujeito

ativo”3.

PenaPenaPenaPena

“É uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, através da ação penal, ao

autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito,

consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é evitar novos

delitos”4.

Pena Correcional

“Designada as penas impostas às pessoas como corretivos à contravenção e

delitos de menor potencial”5

1 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. – 9ª ed. ver. , atual. E ampl. – São Paulo : Editora Jurídica Brasileira, 1998. 2 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 3 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 4 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 246 5 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.

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viii

CulpaCulpaCulpaCulpa

“É a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o

desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la,

com resultado não objetivado, mas previsível, deste que o agente se

detivesse na consideração das conseqüências eventuais da sua atitude”6.

Imprudência Imprudência Imprudência Imprudência

“É uma atitude em que o agente atua com precipitação, inconsideração,

com afoiteza, sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores”7.

ImperíciaImperíciaImperíciaImperícia

“É a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de

arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou

deve saber”8.

NegligênciaNegligênciaNegligênciaNegligência

“É inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as

cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental”9.

PrisãoPrisãoPrisãoPrisão

“Medida judicial ou administrativa, de caráter punitivo, restritiva de

liberdade de locomoção”10

PrincípiosPrincípiosPrincípiosPrincípios

“Normas elementares ou requisitos primordiais instituídos como base”11

6 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 7 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 8 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 9 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 10 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 11 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.

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ix

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

RESUMORESUMORESUMORESUMO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 12121212IIIIIIII

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................01010101

Capítulo 1

1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS

1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS........................................................................................................................................................................................03...............03...............03...............03

1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Privaaaada......................................................... ......da......................................................... ......da......................................................... ......da......................................................... ............................03......................03......................03......................03

1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Diviiiina........................................................................................04 na........................................................................................04 na........................................................................................04 na........................................................................................04

1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públiiiica................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05

1.1.4 P1.1.4 P1.1.4 P1.1.4 Prrrriiiisão...........................................................................................................07são...........................................................................................................07são...........................................................................................................07são...........................................................................................................07

1.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................07

1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine................................................................................................07...................................................07...................................................07...................................................07

1.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................08

1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............................................10................................10................................10................................10

1.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................10

1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PEEEENAL.........................................12NAL.........................................12NAL.........................................12NAL.........................................12

1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalidaaaade........................................13de........................................13de........................................13de........................................13

1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Míniiiima.............................................................14ma.............................................................14ma.............................................................14ma.............................................................14

1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade.......................................................................15.........................15.........................15.........................15

1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei Peeeenal...............................................15nal...............................................15nal...............................................15nal...............................................15

1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da Peeeena....................................................16na....................................................16na....................................................16na....................................................16

1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionalidade................................................................17dade................................................................17dade................................................................17dade................................................................17

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x

Capítulo 2

2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS

2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓÓÓÓQUIO.............................................19QUIO.............................................19QUIO.............................................19QUIO.............................................19

2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica..........................................................................................20....................................................................20....................................................................20....................................................................20

2.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................20

2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética...........................................................................................22...........................................22...........................................22...........................................22

2.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................23

2.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................23

2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Italiaaaano...................................................24no...................................................24no...................................................24no...................................................24

2.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................24

2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.................................................................................29........................................................29........................................................29........................................................29

2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO ---- LEI LEI LEI LEI

9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34

Capítulo 3

3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO

3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREIIIITO.....................................................................36TO.....................................................................36TO.....................................................................36TO.....................................................................36

3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária.................................................................................36.......36.......36.......36

3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Valoooores...........................................................................38res...........................................................................38res...........................................................................38res...........................................................................38

3.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........39

3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos............................................................41.....................................41.....................................41.....................................41

3.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................42

3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITUIIIIÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44

3.3 CONVE3.3 CONVE3.3 CONVE3.3 CONVERRRRSÃO......SÃO......SÃO......SÃO..................................................................................................47............................................................................................47............................................................................................47............................................................................................47

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xi

3.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................49

CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................51515151

REFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTES S S S CITADASCITADASCITADASCITADAS ............................................................................................................................................................................................................................................................................53535353

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RESUMORESUMORESUMORESUMO

Esta monografia tende a demonstrar a importância das

penas alternativas para os crimes de menor potencial ofensivo. O presente

trabalho é composto de três capítulos, que se destacam pelos seguintes

conteúdos e objetivos específicos: O primeiro capítulo trata do resultado

da pesquisa acerca da evolução histórica das penas através do tempo,

sua evolução no Brasil e os princípios fundamentais; No segundo capítulo

abordar-se-á o estudo acerca da origem das penas alternativas, citando

o momento de seu surgimento, previsto nas regras de Tóquio; No terceiro

capítulo trata especificamente sobre as penas alternativas, também

denominadas como restritivas de direito e requisitos para sua

aplicabilidade. Portanto, a finalidade desta pesquisa é destacar as penas

alternativas, bem como seu benefício para com o apenado e a

sociedade.

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13

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objetivo geral a

análise das Penas Alternativas no Direito Penal, como objetivo específico a

definição, delimitação, exemplificação e diferenciação dos casos de

aplicabilidade das Penas Alternativas e o seu objetivo institucional é

produzir uma monografia para obtenção de grau de bacharel em Direito,

pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

O presente tema apresenta ampla discussão na

doutrina, que torna-se um fator facilitador para realização da monografia,

e, sendo assim o tema visado é de grande importância, pois tratará da

pena privativa de liberdade, especialmente no tocante à substituição da

pena privativa de liberdade pelas chamadas penas alternativas,

tecnicamente conhecidas como penas restritivas de direitos.

No presente trabalho adotar-se-á o método dedutivo,

que no entendimento de Passold12, busca os elementos legais, doutrinários

e jurisprudenciais com o prévio compromisso científico de, a organizar e

compor o material recolhido, atender à formulação geral que

previamente estabeleceu. Para o relato dos resultados da investigação,

adotou-se a metodologia proposta por Colzani13.

Para tanto, principiar–se-á, no Capítulo 1, tratando da

evolução histórica das penas através do tempo e sua evolução no Brasil,

passando em seguida a estudar acerca dos princípios fundamentais do

Direito Penal.

12 PASSOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o PePePePessssquisador do Direito. quisador do Direito. quisador do Direito. quisador do Direito. 9ª ed. rev. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p. 92-93. 13 COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Curitiba: Juruá, 2001.

Page 15: Monografia Penas Alternativas - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Jorge Alexandre Jorgi.pdf · Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 8 MIRABETE,

14

No Capítulo 2, tratar-se-á da origem das penas

alternativas onde não poderemos deixar de citar as regras de Tóquio, suas

razões e origens, pois estas ensejaram para criação da Lei nº 9.714/98,

onde trata da introdução das penas alternativas do direito pátrio.

No Capítulo 3, tratar-se-á acerca das penas

alternativas, ou também denominadas como restritivas de direito,

passando por suas modalidades e requisitos para sua aplicabilidade.

O presente Relatório de Pesquisa encerrar-se-á com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das

reflexões sobre as penas alternativas.

Para a presente monografia foram levantadas as

seguintes hipóteses:

1º Problema: Tem-se a possibilidade de recuperação

do apenado aplicando-se pena diferenciada da pena de reclusão?

1ª Hipótese: As penas alternativas são benéficas ao

apenado, uma vez que este não se submeterá ao recolhimento prisional;

2º Problema: O sistema prisional brasileiro tem

condições de recuperar o apenado?

2ª Hipótese: A pena alternativa é benéfica não só

para o apenado, como para sociedade, pelo fato do detentor do

benefício não recolher-se a prisão juntamente com criminosos de maior

periculosidade, evitando assim o seu corrompimento;

3º Problema: Existe problemas na conversão da

pena restritiva de liberdade em pena alternativa, pelo não cumprimento

das condições estabelecidas no benefício?

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15

3ª Hipótese: O não cumprimento dos requisitos

impostos às penas alternativas, implicará na perda do benefício e na

conversão por pena privativa de liberdade.

Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as

técnicas, do referente, da categoria, do conceito operacional e da

pesquisa bibliográfica.

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16

CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1

1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS

Neste primeiro capítulo, estudar-se-á acerca da

evolução histórica das Penas através dos tempos, suas teorias punitivas,

sua evolução no Brasil, bem como seus princípios fundamentais.

1.11.11.11.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS

Pode-se classificar as penas através dos tempos como:

vingança privada, vingança divina, vingança pública e a prisão.

1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada

A primeira forma de punição foi a vingança privada.

Neste diapasão, ensina Martins14:

Nos primórdios, a punição por um crime restringia-se à

vingança privada. Vigia a lei do mais forte, do que detinha

maior poder, que não encontrava limites para o alcance ou

forma de execução da reprimenda que entendia em

aplicar, ai incluída a morte, a escravização, o banimento,

quando não atingia toda a família do infrator.

Já para Maggio15 “cometido um crime, ocorria a

reação da vitima, dos parentes e ate do grupo social (tribo), que agiam

sem proporção à ofensa, atingindo não só o ofensor, como também todo

seu grupo”.

14 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas Alternativas.Penas Alternativas.Penas Alternativas.Penas Alternativas. 1. ed., 2. tir. Curitiba: Juruá, 1999. p. 21. 15 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. 3. ed., rev., atual. ampli., Bauru, São Paulo: Edipro, 2002. p. 30.

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17

Noronha16 afirma que:

A princípio, reação do indivíduo contra indivíduo, depois,

não só dele como de seu grupo, para, mais tarde, já o

conglomerado social colocar-se ao lado destes. É quando

então se pode falar propriamente em vingança privada,

pois, até ai, a reação era puramente pessoal, sem

intervenção ou auxilio de estranhos.

A lei de Talião veio posteriormente amenizar tal

barbarismo trazendo evidente evolução acerca das apenações, onde

dispunha que se houver dano, urge dar vida por vida, olho por olho, dente

por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida

por ferida, golpe por golpe e por conseqüência tudo aquilo que fosse

lesado seria penalizado na mesma proporção.

Segundo Noronha17, uma “conquista igualmente

importante foi a composição, preço e moeda, gado, vestes, armas etc.,

porque o ofensor comprava do ofendido ou de sua família o direito de

represália, assegurando-se a impunidade.

Neste mesmo entendimento Mirabete18 relata que

“surge a composição, sistema pelo qual o ofensor se livrava do castigo

com a compra de sua liberdade (pagamento em moeda, gado, armas

etc.)”.

Em seguida entrou em vigor o período da vingança

divina.

16 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal. vol. 1. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 20. 17 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal. p. 21 18 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 36

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18

1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina

Neste contexto, pronuncia-se Martins19:

A pena que até então era aplicada ao sabor e à vontade

do ofensor, ou de seu grupo, como pura vingança pelo mal

praticado, ou mesmo como um ato instintivo de defesa,

passa a ter como fundamento uma entidade superior, a

divindade – omnis potestas a Deo. A punição, pois, existe

para aplacar a ira divina e regenerar ou purificar a alma do

delinqüente, para que, assim, a paz na terra fosse mantida.

O Código de Manu (Séc. XI a.C.), sob o fundamento de que

a pena purificava o infrator, determinava o corte de dedos

dos ladrões, evoluindo para os pés e mãos no caso de

reincidência. O corte da língua para quem insultasse um

homem de bem; a queima do adúltero em cama ardente;

a entrega da adúltera para a cachorrada.

Neste mesmo sentido, Mirabete20 ensina que:

A fase da vingança divina deve-se à influência decisiva da

religião na vida dos povos antigos. O direito penal

impregnou-se de sentido místico desde seus primórdios, já

que se devia reprimir o crime como satisfação aos deuses

pela ofensa praticada no grupo social. O castigo, ou,

oferenda, por delegação divina era aplicado pelos

sacerdotes que infligiam penas severas, cruéis e desumanas,

visando especialmente à intimidação. Legislação típica

dessa fase é o Código de Manu, mas esses princípios foram

adotados na Babilônia, no Egito (cinco livros), na China (livro

das cinco penas), na Pérsia (avesta) e pelo povo de Israel

(pentateuco).

Posteriormente, deu-se a era da vingança pública.

19 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 22 20 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 36

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19

1.1.1.1.1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública

Na vingança pública, o Estado visava à segurança

transferindo a um grupo organizado o poder de atribuir ao criminoso a

pena devida, mantendo-se o caráter desumano e rigoroso das

apenações. Assim, o objetivo do Estado era garantir seu poder, evitando

assim, ficar enfraquecido ou até mesmo ter seus interesses contrariados21.

Assim, ensina Maggio22:

Nesta fase, com maior organização social, visando maior

estabilidade do Estado, o objetivo era a segurança do

príncipe ou soberano, através da pena ainda severa e

cruel, cuja finalidade básica era a intimidação. Ainda sob a

influência religiosa, o Estado justificava proteção ao

soberano que, na Grécia, por exemplo, governava em

nome de Zeus e do qual era interprete e mandatário.

Com o decorrer do tempo, a população passou a não

aceitar mais este método, pelo fato do caráter público e espetáculo das

apenações.

Com isso, evoluiu-se para o período humanitário, como

mostra Martins23:

Na segunda metade do séc. XVII, consolida-se a corrente

de pensamento contrária à crueldade e aos absurdos que

se cometiam em nome do direito penal absolutista. As idéias

político-filosóficas e jurídicas emergentes já não admitiam

que o direito penal pudesse utilizar-se, com tanta freqüência

e de forma tão abusiva, dos castigos corporais, dos suplícios

os mais diversos, dos trabalhos forçados e da pena de

morte.

21 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 22 22 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 31 23 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 23

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20

Este pensamento de insatisfação era generalizado, pois

atingia os mais importantes seguimentos das sociedades de então, pois

viam no tratamento penal uma situação que não servia para reparar o

erro praticado24.

1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão

As formas utilizadas para reprimir a criminalidade,

como já fora mencionado, era da pena de morte e dos suplícios, sendo

que as penas de prisão eram pouco utilizadas. Com o passar dos tempos

as penas de prisão passam a ser utilizadas, mas apenas como uma

medida preventiva, onde aprisionava-se apenas enquanto não houvesse

um julgamento definitivo25.

Por fim, com a chegada do séc. XVIII, a prisão passa a

ser pena definitiva, conforme expõe Martins26:

O séc. XVIII foi um marco, em razão da prisão ter se

consubstanciado em pena definitiva, em substituição às

demias modalidades de reprimenda. Mesmo assim, as

condições do encarceramento, o tratamento dispensado

aos presos, tudo ainda era primigênio, surgindo aos poucos,

a preocupação com suas recuperações, com a

perspectiva de reinserção à sociedade.

Não tão somente definitiva como também utilizada nos

dias de hoje.

1.21.21.21.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO

A história do direito penal brasileiro pode ser dividida

em quatro períodos: o Aborígine, o Brasil Colonial, o Império e a República.

24 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 24 25 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 26 26 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27

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21

1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine

A história do direito penal brasileiro inicia-se com o

período chamado de aborígine.

Noronha27 afirma que:

[...] entre os selvagens, o direito consuetudinário entrega o

criminoso à própria vitima ou aos parentes desta; e se

aquele que delinqüiu pertence a uma tribo ou taba

estranha, o dano ou delito deixa de ser pessoal e se

converte numa espécie de crime de Estado. Acrescenta

que não só o homicídio – por sinal que muito raro – mas

também o adultério, a perfídia, a deserção, principalmente,

da tribo (onde melhor se consolidava o direito) e o roubo

(praticado noutra taba, já que na mesma taba tudo era

comum) eram punidos.

Nos delitos de certa gravidade as penas eram

aplicadas por um juiz. Já em outros casos, onde a gravidade dos crimes

era maior, o julgamento cabia a uma assembléia, a qual era constituída

por um tribunal, que aplicavam penas de castigos corporais e provações,

até a morte28.

Esse direito consuetudinário não veio a influenciar o

descobridor que aqui chegou trazendo suas leis.

1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial

As normas adotadas por Portugal na época do

descobrimento (1500) eram as Ordenações Afonsinas. Esse ordenamento

previa a prisão como uma medida cautelar e não como uma forma de

sanção autônoma29.

27 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 54 28 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 54 29 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27

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22

As Ordenações Afonsinas duraram até 1512, sendo

substituídas pelas Ordenações Manuelinas.

Ensina Martins30 que, com a aplicação das

Ordenações Manuelinas, “manteve-se quase idêntica a situação, em vista

de a prisão existir, via de regra, como forma de coerção ate a prolação

da decisão final e consequentemente condenação”.

As Ordenações Manuelinas persistiram até 1569, as

quais foram substituídas pelo Código Sebastiânico, o qual durou até 1603.

Este, por sua vez, foi substituído pelas Ordenações Filipinas31.

Assim, foram as Ordenações Filipinas o primeiro

estatuto vigente em nosso país.

Neste sentido, aponta Noronha32:

Refletiam as Ordenações Filipinas o direito penal daqueles

tempos. O fim era incutir temor pelo castigo. O “morra por

ello” se encontrava a cada passo. Aliás, a pena de morte

comportava várias modalidades. Havia a morte

simplesmente dada na forca (morte natural); a precedida

de torturas (morte natural cruelmente); a morte para

sempre, em que o corpo do condenado ficava suspenso e,

putrefazendo-se, vinha ao solo, assim ficando, até que a

ossamenta fosse recolhida pela Confraria da Misericórdia,

uma vez por ano; a morte pelo fogo, até o corpo ser feito

em pó. Cominados também eram os açoites, com ou sem

baraço e pregão, o degredo para as galés ou para a África

e outros lugares, mutilação das mãos, da língua etc.,

queimadura com tenazes ardentes, capela de chifres na

cabeça para os maridos tolerantes, polaina ou exaravia

vermelha na cabeça para os alcoviteiros, o confisco, a

infâmia, a multa etc.

30 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27 31 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 45 32 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 55

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23

As Ordenações Filipinas consagravam as

desigualdades de classes perante o crime, pois o juiz deveria aplicar a

pena de acordo com a qualidade da pessoa e com a gravidade do

caso. Os nobres eram punidos com multa, ao passo que, os peões eram

punidos com os castigos mais severos e humilhantes33.

Este ordenamento foi o que teve maior vigência,

regeu-se de 1603 a 1830.

1.2.3 Império1.2.3 Império1.2.3 Império1.2.3 Império

O período Imperial nasce com a Proclamação da

Independência, em 1822.

Porém, as Ordenações Filipinas continuaram em vigor,

até a criação do Código Criminal do Império, de 1830.

Segundo Maggio34, disciplinava o Código Criminal do

Império:

Individualização da pena; previu a existência de atenuantes

e agravantes; estabeleceu um julgamento especial para os

menores de 14 anos; deu ênfase à pena de morte como

forma de coibir a prática de crimes pelos escravos.

Nesta época, segundo Martins35, “privilegiou-se o

aprisionamento do criminoso como a forma mais usual de punição, muito

embora por vezes se visse acompanhada da obrigação de exercício de

trabalho no recinto dos presídios”.

O período do Império cessa-se com a República.

33 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 56 34 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Gera Parte Gera Parte Gera Parte Gerallll. p. 45 35 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 28

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24

1.2.4 República1.2.4 República1.2.4 República1.2.4 República

Com o fim do regime imperial deu-se a necessidade

da elaboração de um projeto de reforma da legislação penal, não só

porque sua vetustez exigia, mas também porque a abolição da

escravatura demandava modificações inadiáveis36.

Em pouco tempo, era ele apresentado e convertido

em lei pelo Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890.

Infelizmente o novo estatuto estava longe de seu

antecessor e logo se viu alvo de veementes e severas críticas. Muito

embora, o mesmo procurou suprir lacunas da legislação passada,

definindo novas espécies delituosas, tais como a abolição da pena de

morte, substituindo-as por sanções mais brandas e criando também o

regime penitenciário de caráter correcional37.

O Código Penal Republicano caiu em desuso com o

advento da Consolidação das Leis Penais de 1932, instituída pelo Decreto

nº 22.213, de 14 de dezembro de 1932, que trouxe a redação original do

Código Penal de 194038.

Ensina Noronha39, acerca do Código Penal de 1940

que:

É o Código de 1940 obra harmônica: soube valer-se das

mais modernas idéias doutrinárias e aproveitar o que de

aconselhável indicavam as legislações dos últimos anos.

Mérito seu, que deve ser ressaltado, é que, não obstante o

regime político em que veio à luz é de orientação liberal.

37 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p.59 38 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 46 39 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 62

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25

Ainda sobre o assunto, Noronha40 aduz:

Ao contrário do que alguns pensam, assisadamente elevou

as penas, em relação ao diploma anterior, lastimável sendo,

entretanto, que as mantivessem tão suaves no delito

culposo. Outro ponto não digno de encômios é o de não ter

fugido totalmente da responsabilidade objetiva. Todavia

não é este o momento de apontarmos lacunas e

deficiências que apresenta.

Pelo Decreto nº 1.490/1962, foi publicado o Anteprojeto

de Código Penal, sendo este submetido à apreciação de uma Comissão

Revisora, transformando-se em Código Penal, pelo Decreto-Lei nº

1.004/1969, porém este não chegou a entrar em vigor, já que após

sucessivos adiamentos, foi afinal revogado quase dez anos depois, no ano

de 197841.

Finalmente, após o insucesso da tentativa de reforma

do Código Penal, e por força da Lei nº 7.209/1984, eis que surge uma nova

estrutura legal atingindo a parte geral do Código Penal42.

Acerca da Lei nº 7.209/84, Noronha43 ensina:

As maiores e mais sensíveis modificações e inovações

introduzidas dizem respeito à disciplina normativa da

omissão, ao surgimento do arrependimento posterior, à

nova estrutura sobre o erro, ao excesso punível alargado

para todos os casos de exclusão de antijuridicidade, ao

concurso de pessoas, às novas formas de penas e à

extinção das penas assessorias, à abolição de grande parte

das medidas de segurança com o fim da periculosidade

presumida.

40 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 63 41 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 63 42 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 64 43 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 64

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26

Com a nova estruturação legal acerca da parte geral

do Código Penal, eis que instituiu-se o novo sistema de execução penal,

por força da Lei nº 7.210/84.

1.31.31.31.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL

Os princípios fundamentais servem de alicerce para a

garantia do cidadão perante o poder punitivo estatal, previstos na

CRFB/88.

1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade

O princípio da reserva legal ou da legalidade está

previsto no art. 5º, XXXIX, da CRFB/88, bem como no art. 1º do Código

Penal.

Neste sentido, dispõe o art. 5º, XXXIX, da CRFB/8844:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a

propriedade, nos termos seguintes:

[...]

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem

pena sem prévia cominação legal.

Dispõe também o art. 1º do CP: “Art. 1º não há crime

sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.

44 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: promulgada em 05 de outubro de 1988. 29. ed. Atual. e ampl.- São Paulo: Saraiva, 2002. p. 9.

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27

Assim, pronuncia-se Mirabete45 acerca do princípio da

legalidade:

Pelo princípio da legalidade alguém só pode ser punido se,

anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que

o considere como crime. Ainda que o fato seja imoral, anti-

social ou danoso, não haverá possibilidade de se punir o

autor, sendo irrelevante a circunstância de se entrar em

vigor, posteriormente, uma lei que o preveja como crime.

Aduz Maggio 46sobre o assunto:

[...] de acordo com o princípio da reserva legal, toda a

conduta que não esteja definida na lei penal incriminadora

é lícita. O princípio, todavia, não se aplica em relações às

normas penais não incriminadoras da parte geral do CP

que, neste caso, pode o interprete valer-se do auxílio da

analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito.

Assim, o princípio da legalidade é um dos mais

importantes, senão o mais, dentro do direito penal.

1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima

Por princípio da intervenção mínima, entende

Mirabete47 que, “o direito penal somente deve intervir nos casos de

ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes, deixando os

demais à aplicação das sanções extrapenais”.

Posiciona-se Bitencourt48 sobre o referido princípio:

O princípio da intervenção mínima, também conhecido

como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do

Estado, preconizando que a criminalização de uma

conduta só é legítima se constituir meio necessário para a

45 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 55 46 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 58 47 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57 48 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 35

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28

proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de

sanção ou outros meios de controle social revelarem-se

suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é

inadequada e não recomendável. Se para o

restabelecimento da ordem jurídica violada for suficiente

medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser

empregadas e não as penais.

Já para Luisi49:

Tem se entendido, ainda, que o direito penal deve ser a

ratio estrema, um remédio último, cuja presença só se

legitima quando os demais ramos do direito se revelam

incapazes de dar a devida tutela de bens de relevância

para a própria existência do homem e da sociedade.

Assim, o princípio da intervenção mínima vem limitar o

Estado, para que uma conduta só se legitime se constituir meio necessário

para a proteção de determinado bem jurídico.

1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade

O princípio de culpabilidade é importante para

configurar a existência de um crime.

Por princípio da culpabilidade entende Mirabete50:

[...] além da exigência de dolo ou culpa na conduta do

agente, afastada a responsabilidade objetiva, é

indispensável que a pena seja imposta ao agente por sua

própria ação (culpabilidade pelo fato) e não por eventual

defeito de caráter adquirido culpavelmente pela sua vida

pregressa (culpabilidade pela forma de vida).

49 LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais Penais. 2. ed., Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 2003. p. 40 50 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57

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29

Neste mesmo entendimento, ensina Bitencourt51:

Segundo o princípio da culpabilidade, em sua configuração

mais elementar, “não há crime sem culpabilidade”. [...] a

culpabilidade – como fundamento da pena – refere-se ao

fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao

autor de um fato típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei

penal. Para isso exige-se a presença de uma série de

requisitos – capacidade de culpabilidade, consciência da

ilicitude e exigibilidade da conduta – que constituem os

elementos positivos específicos do conceito dogmático de

culpabilidade.

1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretroatividade da lei penalatividade da lei penalatividade da lei penalatividade da lei penal

O princípio da irretroatividade esta ligado ao princípio

da legalidade e da anterioridade da lei.

Conceitua Bitencourt52:

Desde que uma lei entra em vigor até que cesse a sua

vigência rege todos os atos abrangidos pela sua

destinação. Entre estes dois limites – entrada em vigor e

cessação de sua vigência – situa-se a sua eficácia. Não

alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois dos dois

limites extremos, não retroage e nem tem ultra-atividade.

Assim, o princípio da irretroatividade vige somente em

relação à lei mais severa.

Todavia, admite-se a aplicação retroativa da lei mais

favorável. Neste sentido, Bitencourt53 ensina que “[...] pode-se resumir a

questão no seguinte princípio: o da retroatividade da lei penal mais

benigna. A lei nova que for mais favorável ao réu sempre retroage”.

51 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 37 52 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 40 53 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 40

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30

1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena

O art. 5º da CRFB/8854, no seu inciso XLVI, prevê que “a

lei regulará a individualização da pena”.

Segundo Luisi55 :

Por individualização da pena se deve entender o processo

para, - segundo a límpida e notória frase de Nelson Hungria,

- “Retribuir o mal concreto do crime, com o mal concreto

da pena, na concreta personalidade do criminoso”.

Para Tanto, o entendimento de tal princípio se dá pelo

fato de que a punição não se estenderá além da pessoa do criminoso ou

apenado, cabendo somente a ele cumprir tal sanção.

1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade

O princípio da proporcionalidade apresenta-se como

uma das idéias fundantes da Constituição56, com função de

complementaridade em relação ao princípio da reserva legal (artigo 5o.,

II).

Afirmação esta se deve ao fato de que a ação do

Poder Público deverá estar em conforme com a lei formal, e que esta

deverá também ter como parâmetro a proporcionalidade, pois o

legislador não está livre de limites quando elabora as normas, sobretudo

quando estas tendem a reduzir a esfera de algum direito fundamental.

Uma vez que o princípio da legalidade tem como um

de seus aspectos complementares e essenciais à sua efetiva observação

o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (artigo 5o., XXXV),

54 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. p. 9. 55 LUISI, Luiz. Os PrincíOs PrincíOs PrincíOs Princípios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penais. p. 56 BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de constitconstitconstitconstituuuucionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitos fundamentaisfundamentaisfundamentaisfundamentais. Brasília, Editora e Livraria Brasília Jurídica, 1996. p. 89.

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31

mister é notar que este se aplica a qualquer ato praticado pelo poder

público que seja considerado por aquele a quem prejudica como

desproporcional ao objetivo almejado.

Acerca do princípio da proporcionalidade, aduz

Mirabete57.

De acordo com o princípio da proporcionalidade, num

aspecto defensivo, exige-se uma proporção entre o

desvalor da ação praticada pelo agente e a sanção a ser a

ele infligida, e, num aspecto prevencionista, um equilíbrio

entre a prevenção geral e a prevenção especial para o

comportamento do agente que vai ser submetido à sanção

penal.

Já Gomes58 entende que “[...] pela proporcionalidade

em sentido estrito, pondera-se a carga de restrição em função dos

resultados, de maneira a garantir-se uma equânime distribuição de ônus”.

Assim, após um breve estudo acerca da evolução

histórica das penas, e dos princípios fundamentais do direito penal, passa-

se a estudar no segundo capítulo a origem das penas alternativas.

57 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57 58 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à Prisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999/2000. p.67

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CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2

2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS

Neste segundo capítulo, analisar-se-á sobre a origem

das penas alternativas, bem como a origem e regras de Tóquio,

estudando por fim a Lei 9.714/98.

2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO

Segundo o entendimento de Cappi59, as Regras de

Tóquio, ou Regras Mínimas das Nações Unidas sobre as medidas não

privativas de liberdade, surgiram como resposta à visão arcaica que antes

vigia, oriunda da Escola Clássica, que tratava o delito como uma ofensa

ao Estado, punida de forma severa, funcionando a severidade da pena

como fator inibidor da ocorrência de novos crimes e elemento retributivo

dirigido à pessoa do delinqüente. Via-se, então, a pena de prisão como a

forma mais eficaz para o desgosto da infração cometida, sem qualquer

caráter de ressocialização do apenado.

Ensina Garcia60:

Castigar ou punir, expiar, eliminar, intimidar, educar, corrigir

ou regenerar, readaptar, proteger ou defender – eis

variados verbos que, na diversidade das opiniões, indicam

as finalidades possíveis do Direito Penal e, através destas, as

raízes da sua existência. Para precisar essas finalidades,

elaboraram-se doutrinas, reunindo maior ou menor número

de adeptos. E algumas tiveram irradiação tão ampla, que

passaram a constituir escolas, as quais intentaram delimitar-

se pela fixação de toda uma série de idéias centrais sobre

as mais graves questões da nossa matéria.

59 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 60 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. vol. 1. Tomo Garcia 1. 4ª ed., Ed. Max Limonad, 1973. p. 66.

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Para o devido entendimento à origem das penas

alternativas, que está diretamente ligada as regras de Tóquio, dever-se-á

analisar, mesmo que superficialmente, a conceituação histórico-evolutiva

do Direito Penal, especificamente no que tange às Escolas Penais que

trataram diretamente sobre as funções da pena.

2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:

Aqueles que defendiam esta escola acreditavam que

a pena possuía caráter eminentemente purificatório.

Neste sentido, ensina Aníbal Bruno61:

É a pena o mal justo com que a ordem jurídica responde à

injustiça do mal praticado pelo criminoso, (...) seja como

retribuição de caráter divino ou de caráter moral, ou de

caráter jurídico, função retributiva que não pode ser

anulada ou diminuída por nenhum outro fim atribuído à

pena.

2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva

Sobre a Escola Positiva, ensina Silva62:

Os seguidores da Escola Positiva advogavam as teorias

relativas, ou da prevenção, pois atribuíam à pena um fim

prático e imediato de prevenção geral ou especial do

crime. Viam a pena como instrumento de defesa social pelo

reajustamento ou inocuização do delinqüente.

Para Cappi63, os militantes da Escola Positiva

advogavam a tese de que o criminoso deveria ser considerado um

produto do meio social, e como tal ser tratado. Afirmavam que o

delinqüente era envolvido pelo convívio social, que condicionava e

61 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, Direito Penal, Direito Penal, Direito Penal, Tomo I, Parte GeralTomo I, Parte GeralTomo I, Parte GeralTomo I, Parte Geral. Ed. Nacional de Direito Ltda, 1956. p. 91. 62 SILVA, José Geraldo da. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Campinas: Bookseller, 1999. p. 72. 63 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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delimitava seu próprio caráter. Trata-se, portanto, a vontade humana, de

uma vontade viciada, visto que direcionada pelas condições do meio

social em que vive.

Necessário se faz enfatizar a diferença de enfoque

conceitual das duas escolas retro-analisadas

Para tanto, buscamos no ensinamento de Silva64 tais

conceitos:

Enquanto a Escola Clássica se preocupava apenas com o

crime e a pena, a Escola Positiva se preocupava com o

criminoso e as circunstâncias que o levaram à prática do

ato delituoso.

Não podemos deixar de citar, a evolução sofrida pelas

sociedades humanas, onde o aparato punitivo também acabou por

alcanar novas idéias acerca dos conceitos de crime, delinqüente,

culpabilidade, antijuridicidade e punibilidade, considerados elementos

reguladores da resposta estatal ao delito. Passou-se a instituir a defesa

social como novo elemento da pena. Não mais se via a prisão como

simples punição, retribuição pura e simples provinda do Estado frente ao

criminoso. Via-se, portanto, na prisão, além do essencial caráter de

desgosto, uma forma de proteção à sociedade65.

Houve então, uma significativa mudança no aspecto

figurativo da pena, passando da forma meramente retributiva, para a

tentativa de prevenção, ou seja, adequando-se a pena ao tipo de

delinqüente.

64 SILVA, José Geraldo da. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. p. 72. 65 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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35

2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética

Analisa-se a seguir o esquema de Edmundo Oliveira66,

que resume os principais postulados de cada corrente da Escola Eclética,

obedecendo ao critério cronológico-evolutivo dos institutos nelas

abordados:

1. Substituição do livre-arbítrio pelo critério da

voluntariedade das ações; 2. Considera o delito um

fenômeno individual e social, como os positivistas; 3.

Confere importância ao princípio da responsabilidade

moral, advindo da Escola Clássica; 4. A pena, dotada de

caráter ético e aflitivo (pensamento clássico), tem por fim a

defesa social (pensamento positivista).

2.1.4 Esco2.1.4 Esco2.1.4 Esco2.1.4 Escola Sociológica Francesala Sociológica Francesala Sociológica Francesala Sociológica Francesa

Esta Escola aferia enorme importância ao exame

psicológico do delinqüente no momento da execução do crime, bem

com a valoração da vontade delitiva.

Podemos perceber, segundo Cappi67, que a Escola

Sociológica Francesa em verdade não teve muita repercussão fora dos

limites do território francês, superada foi, rapidamente, pelo ideário

praxista da Escola Moderna Alemã.

2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã

Para esta, Cappi68 em estudo afirma que, o crime é um

fato jurídico resultante de fatores humanos e sociais; o delito não é de

origem nata, nem de origem do livre-arbítrio, mas advém de causas

diversas, umas de caráter individual, outras de caráter externo, como as

causas físicas, sociais e econômicas; a imputabilidade deriva da

66 Edmundo Oliveira, transcrito por José Geraldo da Silva, in Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. p. 74-80. 67 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 68 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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capacidade de autodeterminação normal da pessoa; a pena se funda

na culpa e se justifica pelo fim de manutenção da ordem jurídica (sentido

de pena finalística); a medida de segurança tem por base a

periculosidade do agente (no sentido de prevenção geral).

2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italiano

Referente a esta escola Cappi69 aborda da seguinte

forma:

1. cisão total entre Direito Penal e qualquer

investigação filosófico-axiológica acerca dos

elementos do Sistema Penal; 2. recusa à concepção

de livre-arbítrio (determinismo); 3. responsabilidade

moral do delinqüente; 4. o crime é um fato de

relação jurídica (subsunção típica); 5. adota o

princípio retributivo-expiatório de sanção penal;

6.faz distinção entre imputáveis e inimputáveis,

estabelecendo pena para imputáveis e medida de

segurança para inimputáveis.

2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:

Sobre a Escola Correcionalista, ensina Noronha70:

É, pois, norma de conduta indispensável à vida humana,

tanto externa quanto interna, e daí incumbe ao Estado não

só a adaptação do criminoso à vida social como também

sua emenda íntima. Com Roeder, o direito penal começa a

olhar o homem e não apenas o ato. Não o homem

abstrato, como sujeito ativo do crime, mas o homem real,

vivo e efetivo, em sua total e exclusiva individualidade.

69 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 70 NORONHA, Magalhães. Direito Penal. Direito Penal. Direito Penal. Direito Penal. p. 33.

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No tocante à pena... se o fim é corrigir a vontade má do

delinqüente, deve ela durar o tempo necessário – nem mais,

nem menos – para se alcançar esse objetivo. Será,

conseqüentemente, indeterminada. Admitia Roeder que a

execução da pena findasse, demonstrada que estivesse sua

desnecessidade.

Portanto, a pena era vista, como uma espécie de

medida profilática, onde ao tempo em que protegia a sociedade,

oferecia tratamento e recuperação ao delinqüente.

Famosa é a frase de Concepcíon Arenal71, acerca da

possibilidade de ressocialização dos criminosos: “Não há criminosos

incorrigíveis, e, sim, incorrigidos”.

Acerca do assunto, Cappi72 avalia que, o paradoxo se

apresenta cristalino: enquanto a doutrina, a teoria, e mesmo a posição

oficial da política criminal brasileira, são unânimes em reverenciar o

trabalho como meio necessário para a eficácia da ressocialização do

criminoso, o Estado esquece de ofertar aos administradores do sistema

carcerário os mecanismos indispensáveis para a consecução real dos fins

almejados.

Indiscutível é a lição de Bobbio73:

Para quem exigir os fins e não oferecer meios eficazes

para se alcançar estes fins constitui odiosa ANTINOMIA

TELEOLÓGICA. Se a política criminal prevê a

ressocialização do delinqüente, a política

administrativa pública deve necessariamente oferecer

ao sistema carcerário os meios para se atingir o resgate

social do delinqüente.

71 BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. p. 69 72 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 73 BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. Trad. Carlos Nelson Coutinho. p. 125

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Portanto, conforme Cappi74, devemos recorrer à pena

privativa de liberdade tão somente como extrema ratio, quando a defesa

da sociedade e a impossibilidade de recuperação do criminoso por meios

alternativos à prisão exigem a exclusão do criminoso do convívio social

como medida racional e necessária. A pena é uma violência estatal,

agressão esta que deve ser sopesada em relação à real necessidade de

aplicação, ao princípio da proporcionalidade, ao balanço entre o bem

jurídico aviltado pelo criminoso e a resposta estatal sobre o próprio

criminoso, considerado como um bem jurídico em si mesmo, pessoa

humana que é.

Há, deste modo, uma busca com a criação de penas

e medidas alternativas, baseadas nas Regras de Tóquio, afim de que, haja

redução da pena privativa de liberdade, sendo em sua maioria

indispensável, contribuindo assim, para a ressocialização do delinqüente,

evitando com isto, uma possível reincidência delitiva.

Ensina Bitencourt75:

(...) as primeiras manifestações contrárias às penas privativas

de liberdade, de curta duração, surgiram com o Programa

de Marburgo de Von Liszt, em 1882, e a sua "idéia de fim no

Direito Penal", quando sustentou que "a pena justa é a pena

necessária".

Surgiu então, conforme Cappi76 a necessidade de uma

nova concepção acerca do sistema penal, que viesse a tornar mais eficaz

a entrega da prestação punitiva por parte do Estado. Diversas entidades

internacionais vêm buscando promover debates em busca do

aprimoramento das idéias do movimento de humanização do sistema

penal, iniciado na Idade Moderna com o Iluminismo de Bentham e

74 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 75 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas. p. 23 76 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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Beccaria, no sentido de tornar mais útil e humana a aplicação das penas,

confirmando a máxima que apregoa a "menor intervenção com o

máximo de resultado".

O maior problema da concepção teórica desta

escola, segundo Cappi77 é exatamente acreditar que a pena de prisão

possuía condições para a efetiva ressocialização do criminoso. Não

discutimos o caráter retributivo da pena, nem a necessidade de ofertar

maior segurança à sociedade face à figura do criminoso, nem mesmo a

indispensável diretriz ressociabilizadora que ora norteia a punição aos

delinqüentes. O que se discute, porém, é o completo estado de

abandono (material, psicológico, educacional, médico, etc.) em que são

deixados os presos, na práxis dos presídios.

Nos dizeres de Beccaria78:

O criminoso - segundo pensamos, mesmo aquele

imaginado posteriormente por Lombroso - é, antes de tudo,

um homem. Por mais decaído, perturbado, primitivo que

seja, ainda assim é um homem, e como tal deve ser tratado.

Beccaria afirma, portanto, que todo o criminoso é, antes de

tudo um ser humano.

2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO

Em pesquisa, Cappi79 ensina que, na época da

Revolução Francesa, em 02 de outubro de 1789, nascia a Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão, documento visionário e vanguardista,

eivado de ideais humanitários e fulcrado nos pilares da liberdade,

igualdade e fraternidade entre os homens. Mais de um século e meio se

77 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 78 BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas. p. 183 79 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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passou até que o imaginário utópico dos revolucionários franceses se

tornasse ação política a nível mundial.

A Organização das Nações Unidas, em respaldo ao

mesmo propósito de defesa do ideário iluminista, promulgou, em 10 de

dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

verdadeira "Constituição Ética Mundial", nos dizeres de Luiz Flávio Gomes80,

influenciada pelo sentimento de defesa dos direitos humanos que ganhou

forças ao final da II Grande Guerra Mundial, ante aos crimes contra a

dignidade humana, representados pelo holocausto e pelos genocídios

cometidos.

Seguindo o entendimento de Cappi81, em 1955, a

mesma entidade promulgava as Regras Mínimas para o Tratamento dos

Reclusos, documento de suma importância para o estabelecimento de

limites à aplicação de penas privativas de liberdade. O ilustre penalista

goiano, Dr. Licínio Barbosa, em sua obra Direito Penal e Direito de

Execução Penal (ed. Zamenhof, 1993, p. 297), enumera as normas

editadas pelas supra-referidas Regras, quais sejam: classificação do

criminoso em categorias, higiene íntima, roupas de cama, alimentação

condigna, exercícios físicos, assistência médica, biblioteca, dentre outras

normas pertinentes.

Ainda Cappi82, em 1966 veio a lume o Pacto

Internacional de Direitos Civis e Políticos, e logo após, em 22 de novembro

de 1969, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mundialmente

conhecida como Pacto de San José. O contexto social já era outro: os

países do primeiro mundo dominavam as tecnologias de ponta,

implantavam a automação na base da terceira revolução industrial

representada pela informática. Aumentava o abismo entre países ricos e

80 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão. p. 21 81 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 82 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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pobres, entre povos do hemisfério Norte e do hemisfério Sul. A dignidade

humana era ofendida, por um processo gradual de exclusão social, que

priorizava a filosofia do Ter sobre a filosofia do Ser.

No preâmbulo desta convenção, já se podia

depreender a preocupação com a universalização dos Direitos Humanos,

bem como com o respeito ao princípio da não-intervenção e da auto-

determinação dos povos.

Visando a implementação de soluções alternativas à

prisão, coube ao Instituto da Ásia e do Extremo Oriente para a Prevenção

dos Delitos e Tratamento do Delinqüente formular os primeiros estudos

relacionados com o tema.

Aderindo aos impulsos humanitários promovidos pelos

filósofos reformistas, seguiram-se diversas convenções e seminários

apreciando e defendendo a temática dos direitos do homem e do

tratamento do recluso, entre eles, a Declaração Universal dos Direitos do

Homem, que em seu artigo 5º, designou: “... ninguém será submetido à

tortura, nem a tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou

degradantes". Ressalte-se que esta disposição por si só ilustra que a pena

de prisão é plenamente ineficaz, pois submete o sentenciado às

condições ali repudiadas83.

Estes eventos, em geral, clamavam pela aplicação de

medidas não-privativas de liberdade, ensejando o respeito à dignidade

humana e o propósito de reabilitar o delinqüente.

As Nações Unidas, em realização de tais eventos,

também ocupou relevante destaque para a transformação da política

punitiva nos sistemas repressivos mundiais.

83 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS –––– LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm

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42

Preparado o projeto das Regras Mínimas, foi então

levado à apreciação durante o 8º Congresso das Nações Unidas sobre

Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, realizado em Havana,

sendo prontamente recomendada a sua adoção; em 14/12/90, pela

Resolução 45/110 da Assembléia Geral, adotou-se as Regras Mínimas das

Nações Unidas sobre as Medidas Não-privativas de Liberdade, e decidiu-

se por denominá-las Regras de Tóquio.

Muito embora as Regras de Tóquio, por tratar-se de um

documento de caráter internacional, revestem-se de certa maleabilidade

e adaptabilidade, respeitando as peculiaridades de cada país signatário,

bem como o princípio da auto-determinação dos povos, inserto nos arts.

1º e 55 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e no art. 4º, III, de

nossa Carta Magna.

No que tange ao valor jurídico das referidas Regras, o

que não contrariar a Constituição Federal e as leis penais internas,

possuem caráter de norma cogente.

Parecer contrário oferece Gomes84 quando ensina:

Que as Regras de Tóquio sendo apenas um Acordo

Internacional, e não um Tratado, oferecem apenas

parâmetros mínimos a serem seguidos, não possuindo,

destarte, força cogente.

Sobre o caráter de cogência da norma de direito

internacional, em âmbito interno, assim leciona Rezek85:

O Estado soberano, no plano internacional, não é

originalmente jurisdicionável perante corte alguma. Sua

aquiescência, e só ela, convalida a autoridade de um foro

84 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão. p. 50-2 85 REZEK, J. F.. DireitDireitDireitDireito internacional público. o internacional público. o internacional público. o internacional público. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 2

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judiciário ou arbitral, de modo que a sentença resulte

obrigatória e que seu eventual descumprimento configure

um ato ilícito.

Em nosso entender, razão assiste à doutrina de Paul

Reuter86, quando preleciona:

A igualdade soberana entre todos os Estados é um

postulado jurídico que ombreia com sua desigualdade de

fato: dificilmente se poderiam aplicar, hoje, sanções a

qualquer daqueles Estados que detêm o poder de veto no

Conselho de Segurança da ONU.

Importante frisar o posicionamento constante em nosso

Código Penal:

Art. 5ºArt. 5ºArt. 5ºArt. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,

tratados e regras de direito internacional, ao crime

cometido no território nacional.

Norma cogente ou não, devem os países signatários

envidar esforços para introduzi-las no ordenamento jurídico interno. O

Brasil, de certa forma, realizou este intuito, com a edição das Leis 9.099/95

e 9.714/98. A Lei 9.099/95 instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais,

contendo em seu bojo 06 medidas alternativas. A Lei 9.714/98, por sua vez,

veio a ampliar para dez o número de penas alternativas à prisão.

As Regras de Tóquio estão organizadas na forma de

Seções. São, ao todo, 23 artigos, distribuídos em 08 diferentes Seções, é o

que preleciona Cappi87:

- Seção I – são desenvolvidas idéias gerais que formam

a base das Regras de Tóquio. Apresentam-se os princípios gerais, nos quais

86 REUTER, Paul. Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados. In REZEK, J. F.. Direito internacional Direito internacional Direito internacional Direito internacional ppppúúúúblico. blico. blico. blico. p. 2. 87 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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advoga-se a favor da promoção das medidas não-privativas de liberdade

e por uma participação maior da comunidade, além de destacar a

importância cabal da racionalização das políticas de Justiça Penal.

- Seção II – refere-se às medidas não-privativas de

liberdade que podem ser aplicadas em substituição a um procedimento

ou na fase anterior ao julgamento, de forma a evitar-se a prisão

preventiva. Apóia-se nos princípios da presunção de inocência e da

intervenção mínima, considerando a prisão como a ultima ratio, medida

extrema, só aceitável quando absolutamente necessária, face à

periculosidade do agente.

- Seção III – refere-se aos relatórios sobre a investigação

social e disposições proferidas por sentenças. Fornece uma lista não

exaustiva de medidas não-privativas de liberdade. Dentre as medidas

apresentadas, destacamos a liberdade condicional, as penalidades

pecuniárias, o confisco, a restituição à vítima, a "probation", a prestação

de serviços à comunidade, dentre outras.

- Seção IV – refere-se às medidas para reduzir a

duração das penas de prisão ou que oferecem alternativas para a

execução de sentenças que impõem pena privativa de liberdade. Trata-

se, portanto, das medidas aplicáveis na fase posterior à sentença. Dentre

elas, destacamos: libertação para fins de trabalho e educação, remição

da pena, indulto, dentre outras.

- Seção V – execução das medidas não-privativas de

liberdade. Afirma que as autoridades encarregadas da execução devem

orientar-se pelo princípio de que elas irão ajudar o delinqüente a não

voltar a cometer delitos. A finalidade da vigilância é construtiva, e não

punitiva, e seu objetivo precípuo é reduzir ao mínimo a reincidência,

ajudando o delinqüente em sua reintegração social.

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- Seção VI – refere-se aos funcionários, que devem

receber treinamento adequado para a função que irão desempenhar. A

qualidade do material humano utilizado no trato com os delinqüentes é

fator primordial no reconhecimento e tratamento dos mesmos.

- Seção VII – refere-se aos voluntários e à sociedade

em geral. Como as penas não-privativas de liberdade proporcionam ao

criminoso uma interação maior com a sociedade, o auxílio do

voluntariado, patronato, pastorais da igreja e sociedade em geral, torna-

se elemento primordial na busca da ressociabilização do delinqüente.

- Seção VIII – diz respeito à pesquisa, planejamento,

formulação e avaliação de políticas criminais. É importante o intercâmbio

de conhecimentos entre os estudiosos do direito penal dos diversos países

e diferentes sistemas punitivos existentes, de modo a definir-se as medidas

mais acertadas para o tratamento do criminoso. Quando o país não

investe em pesquisa, seus institutos jurídicos acabam por perder solidez,

pois que alheios à nova realidade e à novel demanda de leis mais

adaptadas aos conhecimentos e crenças de uma sociedade em

constante e ininterrupta evolução.

Portanto, para Cappi88 os objetivos das Regras de

Tóquio poderão ser resumidos em cinco pontos principais:

1. promover o emprego de medidas não-privativas de

liberdade, entendidas estas medidas em sentido lato, abrangente;

2. obedecer as garantias mínimas ofertadas para a

pessoa do delinqüente;

3. promover maior participação da comunidade na

administração da Justiça Penal;

88 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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4. promover maior participação da comunidade no

tratamento do delinqüente;

5. estimular o senso de responsabilidade em relação à

sociedade, para com os delinqüentes.

Assim, as Regras de Tóquio tornaram-se um importante

instrumento de cunho internacional, que estabeleceu regras mínimas

sobre as medidas de prisão, superando assim, a visão clássica que

considerava a pena de prisão o mecanismo ideal e justo para a

regeneração do delinqüente.

2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO ---- L L L LEI EI EI EI

9714/19989714/19989714/19989714/1998

As penas alternativas à prisão surgiram dos princípios

norteados pelas Regras de Tóquio, visando primeiramente, oferecer uma

nova oportunidade aos condenados, antes de sentenciá-los a prisão,

devendo esta, se destinar somente aos criminosos de alta periculosidade.

Segundo Vládia Pimenta89, essas Regras estabelecem

as diretrizes mínimas para o tratamento do delinqüente, tendo como

objetivo precípuo sua reabilitação sem que se faça necessário remetê-lo à

prisão. Consignam ainda que a prisão, além de dispendiosas aos cofres

públicos, ocasiona prejuízos ainda mais graves, pois não reabilitam o

condenado para o convívio social e afastam-no bruscamente da família,

da sociedade e do trabalho, deixando de promover a reparação do mal

causado à sociedade e estimulando as possibilidades da reincidência.

Ainda para Vládia Pimenta90, a aplicação dessas

modalidades punitivas permitem ao condenado continuar exercendo

89 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm 90 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm

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ocupação lícita e ainda não o distancia do convívio social e familiar,

proporcionando condições favoráveis para sua reabilitação.

Porém, em se tratando de introdução às penas

alternativas, não poderíamos deixar de citar a concepção teórica da

Escola Correcionalista, pois esta expressa exatamente a crença de que a

pena de prisão possua condições para a efetiva ressocialização do

criminoso.

Segundo Cappi91, não discutimos o caráter retributivo

da pena, nem a necessidade de ofertar maior segurança à sociedade

face à figura do criminoso, nem mesmo a indispensável diretriz

ressociabilizadora que ora norteia a punição aos delinqüentes. O que se

discute, porém, é o completo estado de abandono (material, psicológico,

educacional, médico, etc) em que são deixados os presos, nas instituições

carcerárias.

Aieta92 ensina:

No ano de 1998, a Comissão de Direitos Humanos da ONU

recebeu um relatório enviado pela Human Rights Watch,

apontando o Brasil entre os países que apresentam as piores

condições carcerárias do mundo.

Portanto, para Cappi93, tais evidências instigam a

sociedade brasileira a vislumbrar medidas urgentes que venham a otimizar

tal conjuntura. A aplicação de penas alternativas para delitos mais leves já

se consagrou como um bom passo em prol da reeducação das pessoas e

da melhora do sistema como um todo.

91 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 92 AIETA, Vânia Siciliano, et. All. A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito. p. 22. 93 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118

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A respeito do assunto Martins94 pronuncia-se de tal

forma:

[...] a sociedade se acha lograda ao ver que um indivíduo,

em geral de poucas posses, que provocou um dano de

montante reduzido, motivado por sua origem, onde a falta

de acesso à educação e ao trabalho é comum, é

condenado a uma pena mais gravosa que outro, com

melhor condição social e geralmente econômica,

responsável por um resultado muito mais relevante em nível

financeiro, se vê atingido por apenação inferior.

Fica evidente que há uma elitização nos critérios

discriminatórios, porém a questão não se trata em elitização, e sim na

condenação em pena menos gravosa decorrente de dano, tanto de

quantia reduzida quanto de menor potencial ofensivo, indiferentemente

da classe social.

94 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 82

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CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3

3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO

3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO

As penas privativas e restritivas de direitos retiram ou

diminuem direitos dos condenados, assim a sanção pode ser dividida em

prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à

comunidade, interdição temporária de direitos e limitação de fim de

semana, conforme previsto no art. 43 do CP95.

Art. 43Art. 43Art. 43Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária;

II - perda de bens e valores;

III - (vetado)

IV - prestação de serviços à comunidade ou à entidades

públicas;

V - interdição temporária de direitos;

VI - limitação de fim de semana.

Passaremos agora a estudar acerca do aludido acima,

identificando sua previsão legal e os entendimentos doutrinários.

3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária

A prestação pecuniária está prevista no art. 45, § 1º do

Código Penal.

95 Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro: mini / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Luiz Eduardo Alves de Siqueira. – 7. ed. – São Paulo: Saraiva, 2001. – (Legislação Brasileira)

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Segundo o entendimento de Mirabete96, é

conceituada da seguinte forma:

[...] consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus

dependentes ou a entidade pública ou privada com

destinação social, de importância fixada pelo juiz da

condenação. Por disposição expressa, não pode ser ela

inferior a um salário mínimo nem superior a 360 vezes esse

salário (art. 45, § 1º, do CP, com a nova redação). Assim, de

forma sumaria, deve o juiz fixar o quantumda reprimenda

com base apenas nos dados disponíveis no processo, uma

vez que não existe previsão legal específica de

procedimento para calcular-se o prejuízo resultante da

prática do crime.

O juiz, na sentença condenatória, fixará o valor da

prestação pecuniária, que vai de 1 a 360 salários mínimos. Esta fixação de

valor segue alguns critérios, conforme ensina Jesus97:

Haverá três posições: 1ª) o juiz, para fixar o quantum da

prestação pecuniária, entre um e trezentos e sessenta

salários mínimos, emprega o mesmo critério da aplicação

da multa comum: circunstancias judiciais do art. 59, caput,

do CP e a situação econômica do réu (art. 60, caput); 2ª)

considera-se o mesmo sistema da fixação da multa

vicariante (arts. 44, III, e 60, caput, do CP). Diferença entre

as duas orientações: reside na primeira operação, em que,

na primeira, leva-se em conta todas as circunstâncias

judiciais do art. 59, caput, do CP; na segunda, somente as

circunstâncias judiciais do art. 44, III; 3ª) considera-se o valor

do prejuízo da vítima. Nossa posição: a terceira. O critério

não pode ser o da multa, uma vez que esta possui caráter

retributivo. A prestação pecuniária é reparatória. Busca-se,

diante disso, analogicamente ao art. 45, § 3º, do CP (perda

de bens), o critério do prejuízo da vítima.

96 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 269 97 JESUS, Damásio Evangelista de. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 141

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51

Salienta-se ainda que as formas de pagamento

podem ser à vista ou parceladas e que são destinatários a vítima, seus

dependentes ou entidade pública ou privada98.

3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores

Está previsto no art. 5º da CRFB/88, no seu inciso XLVI, a

“perda de bens”.

Para Maggio99, a perda de bens e valores consiste em:

[...] perda de bens (móveis e imóveis) e valores (ações,

debêntures, títulos de crédito, etc.) do condenado,

autorizado pela CRFB/88 nos termos do disposto no art. 5º,

inciso XLVI, alínea b. Em regra,a perda de bens e valores

dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional –

Funpen – , e seu valor terá como teto o montante do

prejuízo causado ou do provento obtido pela pratica do

crime, o que for maior (CP, art. 45, § 3º)

Acerca do assunto, ensina Mirabete100 que:

[...] confisco em favor do Fundo Penitenciário Nacional de

quantia que pode atingir até o valor referente ao prejuízo

causado ao provento obtido pelo agente ou por terceiro,

em conseqüência da prática do crime, prevalecendo

aquele que for maior.

Neste mesmo entendimento, ensina Martins101:

Diversamente do que preceitua o digesto penal, nesse caso

não se observara a perda dos bens e valores como efeito

da condenação, mas como sendo a condenação em si

mesma, independentemente de outra cominação.

98 JESUS, Damásio Evangelista de. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 142. 99 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192 100 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 269 101 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 134

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Ainda sobre o assunto, conclui Martins102 que:

Retirar-se do agente o benefício que auferiu com o crime,

além de privá-lo da vantagem, diminui seu patrimônio e

desestimula a reiteração. Isso é resultado da constatação

da que a atividade criminosa não ocasiona lucro, além de

enfraquecer seu poder econômico, servindo até para

desconstituir uma eventual estrutura já existente para o

cometimento dos ilícitos.

Assim, a destinação de tais bens e valores, são

preferencialmente ao lesado ou ao terceiro de boa-fé103.

3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas

O art. 5º da CRFB/88, no seu inciso XLVI, alínea d, prevê

a “prestação social alternativa”.

Está previsto no art. 46 do CP104, a prestação de

serviços à comunidade.

Art. 46Art. 46Art. 46Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a

entidades públicas é aplicável às condenações superiores a

seis meses de privação da liberdade.

§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades

públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao

condenado.

§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em

entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros

estabelecimentos congêneres, em programas comunitários

ou estatais.

§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas

conforme as aptidões do condenado, devendo ser

102 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternaPenas AlternaPenas AlternaPenas Alternativastivastivastivas. p. 135 103 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 270 104 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 75

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cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de

condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada

normal de trabalho.

§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado

ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor

tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa

de liberdade fixada.

Prestação de serviço à comunidade ou a entidades

públicas nada mais é que a realização de tarefas gratuitas em hospitais,

entidades assistenciais ou programas comunitários. Tais tarefas serão

desempenhadas conforme a aptidão do condenado, que prefere

submeter-se a essa sanção a afrontar a pena privativa de liberdade.

Aduz Bitencourt105 sobre o assunto:

A doutrina tem conceituado a prestação de serviços à

comunidade como o “dever de prestar determinada

quantidade de horas de trabalho não remunerado e útil

para a comunidade durante o tempo livre, em benefício de

pessoas necessitadas ou para fins comunitários”. Assemelha-

se a esse conceito a definição do direito brasileiro, para o

qual a prestação de serviços à comunidade consiste na

atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a

entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros

estabelecimentos congêneres, em programas comunitários

ou estatais.

Martins106, acerca do assunto, ensina que:

A mudança ocorrida na prestação de serviços à

comunidade, respeita a alguns detalhes: somente é passível

de aplicação quando a pena concretizada atingir

somatório superior a 6 (seis) meses de privação da

liberdade, observando-se a ampliação das entidades

105 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 133 106 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 142

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beneficiadas, sendo considerada a natureza do delito

cometido.

3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos

A previsão legal da interdição temporária de direitos

está elencada no art. 47 do CP.

Art. 47Art. 47Art. 47Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade

pública, bem como de mandato eletivo;

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício

que dependam de habilitação especial, de licença ou

autorização do poder público;

III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir

veículo;

IV - proibição de freqüentar determinados lugares.

A interdição temporária de direitos constitui numa

incapacidade temporária para o exercício de determinada atividade,

podendo ser proibição do exercício do cargo, função ou atividade

pública, bem como de mandato eletivo, proibição do exercício de

profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de

licença ou autorização do poder público e suspensão de autorização ou

de habilitação para dirigir veículo.

Ensina Bitencourt107 acerca do assunto:

Esta, ao contrário das outras – que são genéricas –, é

específica e aplica-se a determinados crimes. É também de

grande alcance preventivo especial: ao afastar do tráfego

motoristas negligentes e ao impedir que o sentenciado

107 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 142

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continue a exercer a atividade no desempenho da qual

mostrou-se irresponsável ou perigoso, estará impedindo que

se oportunizem as condições que poderiam, naturalmente,

levar à reincidência. Por outro lado, é a única sanção que

restringe efetivamente a capacidade jurídica do

condenado, justificando, inclusive, a sua denominação.

Aduz ainda Bitencourt108 que:

Das modalidades alternativas esta é, sem duvida nenhuma,

a que maior impacto causa na população, que recebe,

com certo gosto, a efetividade da Justiça Penal. E, ao

mesmo tempo, pela gravidade das conseqüências

financeiras que produz, é de grande potencial preventivo

geral, inibindo abusos e desrespeitos aos deveres funcionais

e profissionais, próprios de cada atividade. A interdição

temporária de direitos, especialmente as duas primeiras

modalidades (art. 47, I e II, do CP), tem, de fato, grande

reflexo econômico. Ao proibir que o sentenciado realize sua

tarefa laboral, naturalmente remunerada, reduzirá

sensivelmente os seus rendimentos.

Assim também entende Pimentel109 que, “atinge fundo

os interesses econômicos do condenado, sem acarretar os males

representados pelo recolhimento à prisão por curto prazo”.

Por sua vez, Maggio110 se mostra mais objetivo quanto

ao assunto:

Consiste na proibição do exercício de profissão ou

atividade, a suspensão de habilitação para dirigir veículos

ou a proibição de freqüentar determinados lugares.

108 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 142 109 PIMENTEL, Manoel Pedro, O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. p. 171. 110 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192

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3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana

Dispõe o art. 48 do CP111 acerca da limitação de fim

de semana.

Art. 48.Art. 48.Art. 48.Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na

obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5

(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro

estabelecimento adequado.

Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser

ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas

atividades educativas.

Segundo o entendimento de Mirabete112:

Em sua essência, foi essa pena criada para o fracionamento

da pena privativa de liberdade de curta duração, de tal

forma que a sanção fosse cumprida apenas nos fins de

semana. Em termos da lei pátria, porém, como deve ter “a

mesma duração da pena privativa de liberdade

substituída”, a limitação do fim de semana corresponderá

apenas a dois dias de cada semana do prazo estipulado

para a pena privativa de liberdade aplicada inicialmente

pelo juiz na sentença condenatória.

Conceitua Bitencourt113:

Com a finalidade de fracionar as penas privativas de

liberdade de curta duração, além das razões já expostas, a

Reforma Penal Brasileira de 1984 instituiu a limitação de fim

de semana, que consiste na obrigação de o condenado

permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas

diárias, em “casa de albergado” ou em estabelecimento

adequado, de modo a permitir que a sanção penal seja

cumprida em dias normalmente dedicados ao descanso,

111 Código Penal Brasileiro. p. 76 112 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 275 113 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 150

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sem prejudicar as atividades laborais do condenado, bem

como a sua relação sociofamiliar.

As vantagens dessa pena é a permanência do

condenado junto à sua família, ocorrendo o seu afastamento apenas nos

dias dedicados ao repouso semanal, a possibilidade de reflexão sobre o

ato cometido, a permanência do condenado em seu trabalho, não

trazendo assim dificuldades materiais para a sua família, o não contato

com condenados mais perigosos, o abrandamento da rejeição social.

Maggio114, ao citar Maximilianus Füher, mostra-se

divergente ao entendimento que trata a limitação de final de semana

como pena restritiva de direito, uma vez que entende ser esta, pena

privativa de liberdade.

A rigor, a limitação de fim de semana deveria ser

classificada como pena privativa de liberdade, e não

restritiva de direitos, pois atinge a liberdade do indivíduo em

períodos determinados, da mesma forma como a reclusão

e a detenção em regime aberto. (FÜHER, Maximilianus

Cláudio Américo e Maximiliano Roberto Ernesto. ResumoResumoResumoResumo de de de de

Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. São Paulo: Editora Malheiros, 15ª

ed., 1999, p. 102).

Caracteriza-se a limitação de final de semana como

pena restritiva de liberdade, pois o apenado tem limitada a sua liberdade

de ir e vir.

3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITUIÇÃOITUIÇÃOITUIÇÃOITUIÇÃO

Para que a substituição da pena privativa de liberdade

se dê por restritivas de direitos, há de se respeitar fatores que limitem tal

substituição, estando estes elencados no art. 44 do CP115.

114 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192 115 Código Penal Brasileiro. p. 74

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Art. 44Art. 44Art. 44Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e

substituem as privativas de liberdade, quando:

I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a

quatro anos e o crime não for cometido com violência ou

grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena

aplicada, se o crime for culposo;

II - o réu não for reincidente em crime doloso;

III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a

personalidade do condenado, bem como os motivos e as

circunstâncias indicarem que essa substituição seja

suficiente.

§ 1o (VETADO)

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a

substituição pode ser feita por multa ou por uma pena

restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa

de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de

direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a

substituição, desde que, em face de condenação anterior,

a medida seja socialmente recomendável e a reincidência

não se tenha operado em virtude da prática do mesmo

crime.

§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de

liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado

da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de

liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da

pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de

trinta dias de detenção ou reclusão.

§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de

liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal

decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se

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for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva

anterior.

Conforme afirma Bitencourt116 acerca do assunto:

A aplicação da pena restritiva de direitos em substituição à

pena privativa de liberdade está condicionada a

determinados pressupostos (ou requisitos) – uns objetivos,

outros subjetivos – que devem estar presentes

simultaneamente.

Ensina Maggio117 que:

De acordo com o art. 44 do CP, as penas restritivas de

direitos são substitutivas, ou seja, não se aplicam por si, de

imediato, mas apenas em substituição às penas privativas

de liberdade, nos casos enumerados em lei.

[...]

Assim, a pessoa condenada à pena privativa de liberdade,

que preencher tais requisitos poderá ter sua pena

substituída por uma restritiva de direitos.

Aduz Mirabete118 que:

Em primeiro lugar, como pressuposto objetivo, o juiz só

poderá proceder à substituição se a pena privativa de

liberdade aplicada inicialmente, pó crime doloso, não for

superior a quatro anos, com exceção da pena de

prestação de serviços à comunidade ou entidades

públicas, em que ela só é admitida quando a condenação

for superior a seis meses (art. 46, caput). Tratando-se, porém

de condenação igual ou inferior a um ano, por crime doloso

ou culposo, permite-se a substituição por pena de multa. No

caso de crime culposo, permite-se a substituição por pena

116 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 81 117 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 193 118 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 277

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restritiva de direito qualquer que seja a quantidade da pena

aplicada.

[...]

Um segundo requisito objetivo foi inserido pela nova lei, ao

proibir a substituição da pena quando se trata de crime

praticado com violência ou grave ameaça à pessoa,

qualquer que seja a quantidade da pena privativa de

liberdade imposta (art. 44, I).

Portanto, o não cumprimento dos fatores elencados

acima, restará, ao apenado, a perda do benefício, retornando assim a

uma pena privativa de liberdade, onde trata da matéria de conversão.

3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO

A conversão dispõe acerca do não cumprimento dos

requisitos previstos nas penas restritivas de direito.

Sua previsão legal está disposta no art. 44, §§ 4º e 5º,

do CP119:

Art. 44.Art. 44.Art. 44.Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e

substituem as privativas de liberdade, quando:

[...]

§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de

liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado

da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de

liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da

pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de

trinta dias de detenção ou reclusão.

§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de

liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal

119 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 74

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decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se

for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva

anterior.

Maggio120 ensina:

A conversão é um incidente da execução. A pena restritiva

de direitos converte-se em pena privativa de liberdade

quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição

imposta (CP, art. 44, § 4º, primeira parte).

Conceitua Bitencourt121 que:

A finalidade da conversão, em outras palavras, é garantir o

êxito das penas substitutivas. Na verdade, a busca de

alternativas à pena privativa de liberdade de curta

duração, na tentativa de proteger o direito individual do

infrator, evitando, dentro do possível, os efeitos criminógenos

da prisão, não autoriza que se descure ou simplesmente se

ignore a defesa social. Ao adotar-se a política de penas

alternativas à privativa de liberdade, como corolário de um

direito penal mínimo e garantista, que pretende evitar a

“dessocialização” do condenado, não se pode deixar sem

remédio a hipótese do condenado que, beneficiado pela

conversa, vier, posteriormente, demonstrar eventual

incompatibilidade com a pena substituída, com graves

prejuízos à defesa social e aos fins da pena.

Quanto à conversão, Mirabete122 aduz da seguinte

forma:

Não aquinhoado inicialmente com a substituição da pena

privativa de liberdade pela restritiva de direitos, o

sentenciado poderá obtê-la durante a execução por meio

da conversão, instituto criado pela lei de Execução Penal. A

conversão somente poderá ser efetuada, porém, quando

120 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 193 121 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 167 122 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 281

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for aplicada pena privativa de liberdade não superior a dois

anos (art. 180 da LEP).

Vale observar que, se o descumprimento da restrição

for devidamente justificado, não ocorrerá a conversão da pena restritiva

pela privativa de liberdade.

3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA

Conceitua Mirabete123:

Aponta-se como maior vantagem da pena pecuária, em

confronto com a pena privativa de liberdade, não ser

levado o criminoso à prisão por prazo de curta duração,

privando-o do convívio com a família e de suas ocupações,

mesmo porque não seria suficiente para recuperação do

sentenciado e apenas o corromperia e o aviltaria. Assinala-

se, também, que a pena de multa não acarreta despesas

ao Estado e que é útil no contra-impulso ao crime nas

hipóteses de crimes praticados por cupidez, já que ele

atinge o núcleo da motivação do ato criminoso.

Ensina Maggio124 que:

A multa penal pode ser cominada como pena única, como

pena cumulativa (ou multa), como pena alternativa (ou

multa), e também em caráter substitutivo. A pena de multa

como substitutiva da privativa de liberdade, esta prevista no

art. 60, § 2º, do CP, sendo que, a pena privativa de

liberdade aplicada, não superior a seis meses, pode ser

substituída pela multa, não sendo o réu reincidente e com

os méritos previstos no art. 44, inciso III, do CP (culpabilidade,

antecedentes, conduta social, personalidade bem como os

motivos e circunstâncias).

Quanto às modalidades de cálculo da multa ensina

Maggio125 da seguinte forma:

123 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 284 124 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 194

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O cálculo da multa se da em duas etapas, ou,

excepcionalmente, em três.

Num primeiro momento, o juiz deve determinar a

quantidade de dias-multa. O mínimo é de 10 e o máximo é

de 360 dias-multa (CP, art. 49, caput).

O segundo passo é determinar o valor de cada dia-multa

que, no mínimo, deve ser de um trigésimo do salário mínimo

e não pode ser superior a cinco vezes este salário (CP, art.

49, § 1º).

Nesses dois primeiros momentos, deve o juiz atender

principalmente à situação econômica do réu (CP, art. 60).

Deve, então, conhecer os rendimentos, os investimentos e o

patrimônio do condenado, antes de fixar o quantum da

multa.

O terceiro momento pode acontecer caso a situação

econômica do réu, de tão avantajada, torne a multa

ineficaz, embora aplicada no máximo (5 vezes o salário

mínimo, vezes 360 dias multa). Neste caso, o juiz pode

aumentar o valor da multa em ate o triplo (CP, art. 60, § 1º).

Conforme dispõe o art. 49 do CP126:

Art. 49Art. 49Art. 49Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo

penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada

em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo,

de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não

podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo

mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco)

vezes esse salário.

§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da

execução, pelos índices de correção monetária. 125 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 194 126 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 76

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65

CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS

Certamente o presente trabalho, teve como objetivo

mostrar através de doutrinas, jurisprudências colacionadas e legislações

nacionais que o delito é um fato social, que nasce no seio da

comunidade e só pode ser controlado pela ação conjunta do governo e

da sociedade, sob a forma do Estado Democrático de Direito.

A população carcerária hoje no Brasil é de

aproximadamente 250 mil indivíduos, sofrendo ainda o sistema carcerário

de um déficit superior a 63 mil vagas. Cada um destes detentos representa

para os cofres públicos o equivalente a R$ 15.000,00 por ano, dez vezes

mais do que os gastos anuais com dez estudantes da rede pública de

ensino.

De fato, o índice de reincidência supera os 80 por

cento, as condições do encarceramento são sub-humanas, cerceando

assim o desenvolvimento do caráter e a recuperação do preso.

As penas restritivas de direito, conhecidas como penas

alternativas, destina-se àquele que pouco perigo traduz para a

sociedade, seja pelo seu grau de culpabilidade, pelos seus antecedentes,

pela sua conduta social e personalidade.

A intervenção da Justiça Criminal tem por objetivo

prevenir o delito, promover a segregação punitiva do infrator, constituindo

a última reação do Estado em face da criminalidade. Por isso, é forçoso

reconhecer a importância da aplicação de penas alternativas e da

reinserção do infrator na sociedade, sem se esquecer da reparação do

dano causado à vítima.

As alternativas penais representam, um dos meios mais

eficazes de prevenir a reincidência criminal, devido ao seu caráter

educativo e socialmente útil, pois enseja que o infrator, cumprindo sua

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pena em "liberdade", seja monitorado pelo Estado e pela comunidade,

facilitando grandiosamente a sua reintegração à sociedade.

A presente monografia foi dividida em três capítulos;

no primeiro capítulo tratou-se da evolução histórica das penas através do

tempo, sua evolução no ordenamento jurídico brasileiro bem como seus

princípios fundamentais; no segundo capítulo abordou-se a razão e

origem das penas alternativas; e no terceiro e último capítulo iniciou-se um

estudo geral acerca das penas alternativas, suas modalidades e requisitos.

A pesquisa teve como base três problemas, os quais

tiveram suas hipóteses:

1º Problema: Tem-se a possibilidade de recuperação

do apenado aplicando-se pena diferenciada da pena de reclusão? Sim.

1ª Hipótese: As penas alternativas são benéficas ao

apenado, uma vez que este não se submeterá ao recolhimento prisional;

Confirmada.

2º Problema: O sistema prisional brasileiro tem

condições de recuperar o apenado? Sim.

2ª Hipótese: A pena alternativa é benéfica não só

para o apenado, como para sociedade, pelo fato do detentor do

benefício não recolher-se a prisão juntamente com criminosos de maior

periculosidade, evitando assim o seu corrompimento; Confirmada.

3º Problema: Existe problemas na conversão da

pena restritiva de liberdade em pena alternativa, pelo não cumprimento

das condições estabelecidas no benefício? Sim.

3ª Hipótese: O não cumprimento dos requisitos

impostos às penas alternativas implicará na perda do benefício e na

conversão por pena privativa de liberdade. Confirmada.

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Através da presente pesquisa, e das considerações

finais, restaram comprovadas, em sua totalidades, as hipóteses levantadas

no início desta.

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