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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO ENSINO MODULARIZADO. JAIR SUAVI Itajaí, SC 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO ENSINO

MODULARIZADO.

JAIR SUAVI

Itajaí, SC 2009

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JAIR SUAVI

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO ENSINO MODULARIZADO.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Profª. Dra Lísia Regina Ferreira Michels.

Itajaí SC, 2009

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Dedicatória: À todas as pessoas que buscam superar suas dificuldades com coragem e determinação.

“Há tantos quadros na parede há tantas formas de se

ver o mesmo quadro Há tanta gente pelas ruas Há

tantas ruas e nenhuma é igual à outra Ninguém é igual

a ninguém Me encanta que tanta gente sinta (Se é que

sente) A mesma indiferença Há tantos quadros na

parede Há tantas formas de se ver o mesmo quadro Há

palavras que nunca são ditas Há muitas vozes

repetindo a mesma frase Ninguém é igual a ninguém

Me espanta que tanta gente minta (Descarada-mente)

A mesma mentira São todos iguais e tão desiguais Uns

mais iguais que os outros (...)”.

(Trecho da música “Ninguém é igual a Ninguém”

escrita por Humberto Gessinger, do grupo Engenheiros

do Havaí).

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, dedico este meu trabalho de conclusão de curso a Deus,

que guiou os meus caminhos e oportunizou a realização de mais um sonho, em

minha vida.

Em especial a minha mãe Olindina e minha filha Rafaela, que mesmo com

sua inocência me fez superar obstáculos que sem o seu sorriso e amor, jamais eu

conseguiria ter alcançado este objetivo, aos meus irmãos e a todos os meus amigos

diretamente ou indiretamente, que com carinho e confiança apoiaram-me nesta

caminhada, acreditando no meu sucesso. Nos momentos difíceis, dando-me o

suporte fundamental para a realização desta pesquisa.

À professora orientadora: Lísia Regina Ferreira Michels, pelo profissionalismo

e dedicação dispensada em mais uma etapa desta caminhada em busca de

conhecimento.

A professora Márcia A. Miranda de Oliveira e a professora Maria Helena

Vilares Cordeiro, que me acolheram na hora que eu mais precisava de apoio,

atendendo ao meu pedido em participar de minha banca.

À vocês todos, meu carinho e meu agradecimento por tudo!

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SUMARIO

RESUMO 05

1. INTRODUÇÃO 06

2. OBJETIVOS 07

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 07

3.1 Historia da educação inclusiva 07

3.2 Preconceitos, Estigmas e Estereótipos 09

3.3 A inclusão no contexto atual 11

3.4 A deficiência visual e os procedimentos pedagógicos 14

3.5 A atuação do professor no processo de inclusão 16

4. METODOLOGIA 21

4.1 Participantes da Pesquisa 21

4.2 Instrumento 21

4.3 Procedimentos para a coleta dos dados 21

4.4 Procedimentos para a análise dos dados 22

4.5 Procedimentos éticos 22

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 23

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 40

7. REFERÊNCIAS 43

8. APÊNDICE 48

8.1 APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido (professores

e coordenador)

48

8.2 APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido (pai ou mãe

e aluno)

49

8.3 APÊNDICE C - Entrevista semi-estruturada dirigida ao aluno 50

8.4 APÊNDICE D - Entrevista semi-estruturada dirigida aos professores 51

8.5 APÊNDICE E - Entrevista semi-estruturada dirigida à diretora do CEJA 52

8.6 APÊNDICE F - Entrevista semi-estruturada dirigida ao pai ou mãe 53

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Inclusão da pessoa com deficiência visual no ensino modularizado.

Orientadora: Profª Dra Lísia Regina Ferreira Michels Defesa: Novembro de 2009

RESUMO:

A inclusão de pessoas com deficiência tem sido objeto de estudos de muitos educadores nas últimas décadas.O presente estudo teve como objetivo compreender como ocorre o processo de inclusão de um aluno com deficiência no sistema de ensino modularizado em um Centro de Educação para Jovens e Adultos em Santa Catarina. Foi utilizado o estudo de caso como método para a investigação. Foram convidados a participarem deste estudo cinco atores sociais de uma escola. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semi-estruturada e analisados qualitativamente, com base na análise de conteúdo de Minayo (1994). Os resultados demonstraram que muito embora seja de conhecimento de quase todos os profissionais entrevistados, nos aspectos fundamentais para a construção da educação inclusiva e como ela se efetiva, coexiste da mesma forma ainda uma certa resistência à educação inclusiva, que se explicitou sobretudo por uma falta de conhecimento sobre a educação inclusiva, a qual adveio de fatores apontados pela pesquisa, como a falta de formação de alguns professores. Outros aspectos importantes desvelados com esta pesquisa foi a visão negativa apresentada pelo aluno com deficiência, ligado ao seu auto-reconhecimento em relação as suas capacidades, bem como a falta de participação da família neste processo de aceitação do diferente, para atingir o objetivo de construir uma escola totalmente inclusiva. Palavras-chave: ensino modularizado; deficiência visual e educação inclusiva. ÁREA DE CONHECIMENTO: 7.07.00.00-1 – Psicologia.

SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO: 7.07.08.05-3 - Ensino e Aprendizagem na Sala

de Aula.

Membros da Banca ______________________________________ Profª Dra Maria Helena Vilares Cordeiro

______________________________________ Profª MSc. Márcia A. Miranda De Oliveira

Prof Dra Lísia Regina Ferreira Michels

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1. INTRODUÇÃO

Por todo o percurso no sistema de ensino modularizado1 percorrido por mim,

e ter vivido e sentido as dificuldades e barreiras impostas a uma pessoa com

deficiência visual, percebi a necessidade de definir o tema acerca da inclusão da

pessoa com deficiência visual no referido sistema. Podem-se resumir entre as

dificuldades, a questão da valoração negativa da deficiência, a descrença na

capacidade intelectual da pessoa com deficiência e o desconhecimento de suas

potencialidades para o aprendizado.

Justifica-se a relevância do tema, considerando que a inserção de alunos com

deficiência no ensino fundamental é uma problemática bastante discutida e

pesquisada no Brasil, mas pouco efetivada de acordo com as leis já estabelecidas

pela difusão das idéias da Declaração de Salamanca (1994) e com a promulgação

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 9394, em 20 de

dezembro de 1996. O presente trabalho tem como meta principal avaliar como se dá

o processo de inclusão e de que forma têm-se desenvolvido na perspectiva dos

professores, orientador educacional, pai ou mãe e aluno do CEJA do município de

Itajaí, já que esta conta com um Serviço de Atendimento Especializado - SAED para

contribuir com a qualidade de ensino, voltando sua atenção para os alunos com

deficiência, dispondo de profissionais capacitados na área da Educação Inclusiva,

podendo ser considerados os facilitadores do processo de inclusão na escola.

Espera-se, com este trabalho, contribuir para ampliar o conhecimento acerca

da inclusão dos alunos com deficiência no sistema de ensino modularizado,

especialmente para a compreensão dos aspectos fundamentais para a construção

de uma escola inclusiva. Uma das barreiras mais difíceis de serem superadas é a

barreira atitudinal, aquela que cria, inclusive, uma deficiência secundária. Michels

(2007,p 111) em seu estudo sobre o processo de inclusão no ensino regular,

questiona: “por que nos aferramos às nossas idéias, mesmo quando sabemos que

elas não se sustentam mais?

1 Refere-se ao ensino oferecido em módulos aos jovens e adultos, reconhecido como Educação de Jovens e

Adultos.

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2. OBJETIVOS:

Objetivo Geral

• Compreender como ocorre o processo de inclusão de um aluno com

deficiência visual em um Centro de Educação para Jovens e Adultos (CEJA),

no município de Itajaí.

Objetivos específicos

• Verificar as condições de inclusão de um aluno com deficiência em uma turma

de educação de jovens e adultos.

• Identificar quais as estratégias utilizadas no desenvolvimento de atividades

para o aluno com D.V.

• Identificar as facilidades e dificuldades que os professores, e alunos com

deficiência, enfrentam no processo de inclusão educacional.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Historia da educação inclusiva

A inclusão, como movimento social, iniciou na segunda metade da década de

80, nos países desenvolvidos. No Brasil, tomou impulso na década de 90; este é um

movimento mundial, que merece ser discutido, levando em consideração a sua

construção histórica (SEZERINO, 2005).

No final do século XIX, houve poucos esforços educacionais, as instituições

passaram a ser uma espécie de prisão para a suposta proteção da sociedade. Para

Aranha, (2001, apud MENDES 2002), essa fase se caracteriza como o paradigma

da institucionalização, os quais acreditavam que a pessoa diferente seria mais bem

cuidada se fosse confinada em ambiente à parte da sociedade. Mas com a difusão

das idéias da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1997) e com a promulgação da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 9394, em 20 de dezembro

de 1996 (BRASIL, 1996), que define Educação Especial, no capítulo V, como: “a

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (da educação

especial; artigo 58). É este artigo que define educação especial em termos da lei e

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regulamenta a prática da educação inclusiva. Assim, os anos 90 são marcados, com

o advento da educação inclusiva, pelo respeito às características do indivíduo frente

ao processo pedagógico (SEZERINO, 2005).

O movimento pela sociedade inclusiva, segundo Werneck (1993), foi

explicitado pela primeira vez em 1990, pela Resolução 45/91, da Assembléia Geral

das Nações Unidas. Esta resolução defendia a sociedade para todos. Para esse

mesmo autor, o ‘embrião’ do conceito foi em 1981, ao instituir-se o Ano Internacional

das Pessoas Deficientes, da Organização das Nações Unidas (ONU). A esse ano,

seguiu-se a Década das Nações Unidas para Pessoas Portadoras de Deficiência

(1983-1992), nesta foram consolidados os princípios éticos, filosóficos e políticos

que vêm sustentando o processo de construção da cidadania das pessoas com

deficiência.

A inclusão como prática educativa é recente em nossa sociedade, as práticas

anteriores de educação, como a exclusão, a segregação institucional e a integração

de pessoas com deficiência, vêm dando espaço, gradativamente, à inclusão. Como

o objetivo da educação inclusiva é construir uma sociedade para todos, sua práticas

“repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a aceitação

das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da

diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação” (SASSAKI, 1999, p.

42).

Como vimos, é necessário o direito a educação das pessoas com deficiência,

que, segundo a Política Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação e

do Desporto (BRASIL, 1994), precisam receber educação diferenciada, recursos

pedagógicos e metodologias educacionais específicas, em virtude de sua condição

de portador de deficiência auditiva, visual, mental, múltipla ou físicas, ou ainda, altas

habilidades ou condutas típicas; é uma prática muito recente.

A educação da pessoa com deficiência deve ser compreendida em uma

dimensão bem ampla, ou seja, não só educativa, mas também sócio-cultural, com o

objetivo de desenvolver suas potencialidades, sem destacar suas dificuldades,

porém respeitando-as, aprimorando sua participação na sociedade, (SASSAKI,

1999).

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3.2 Preconceitos, Estigmas e Estereótipos

Ao se rever o passado, se encontra as raízes da representação que se fixou

culturalmente até os dias de hoje, sobre a idéia de diferenças individuais.Seguindo

esta linha do tempo, temos a dimensão do entendimento social sobre o indivíduo

com deficiência.

Sendo que, até o fim do século XVIII, as noções a respeito de deficiência

eram basicamente ligadas ao misticismo e ocultismo, não havendo base científica

para o desenvolvimento de noções realísticas (MAZOTTA, 1993)

Em relação à história dos povos antigos, os hebreus entendiam a presença da

deficiência como uma abominação, isto pela associação reducionista, da questão da

“imagem e semelhança de Deus”, marginalizando e segregando, então, os que não

estivessem dentro de um padrão social; o que seria o princípio de normalizar-se o

preconceito sobre as diferenças que surgissem. (PLATT, 1999).

Os gregos, ainda, deram origem ao termo estigma, referindo-se a:

Sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status moral de quem os apresentava. Os sinais eram feitos com cortes ou fogo no corpo e avisavam que o portador era um escravo, um criminoso ou traidor – uma pessoa marcada, ritualmente poluída, que deveria ser evitada, especialmente em lugares públicos (GOFFMAN, 1998, p. 11).

Na Idade Média, onde predominava a Igreja Católica, o deficiente ou diferente

era considerado um indivíduo, por natureza, possuído por entidades malignas.

Na Renascença houve o questionamento sobre a segregação do deficiente,

ocorrendo alterações diante do contexto entre as relações dos ditos normais e dos

ditos deficientes, embora não houvesse manifestações para se retirar efetivamente

os deficientes da marginalização.

“Houve neste período a criação de leis, como na Inglaterra, que submetiam a população a recolher uma taxa designada de caridade para apoiar os pobres, velhos e deficientes e, na França, que recolhia dos abastados burgueses contribuições para hospitais e casas que atendiam doentes, pobres e deficientes” (CARMO, 1991, p. 25).

O termo estigma criado pelos gregos foi sendo ampliado, passando a incluir

pessoas consideradas deficientes, com base no reconhecimento que a sociedade

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estabelece, categorizando as pessoas a partir de seus atributos. Isto quer dizer que,

o indivíduo que possui alguma característica que a difere dos ditos normais, como a

cegueira, baixa visão, e outros mais que não foram apontados aqui, tende a ser

desacreditado e discriminado. Sendo assim, sua diferença torna-se estigma, por ser

percebido como impossibilitador da inclusão do sujeito em uma categoria comum,

tornando-o indesejável (BOTELHO, 1998).

Segundo Bianchetti e Freire (1998), à medida que determinados indivíduos se

afastam da grande maioria dos seres com os quais são comparados, em virtude de

seus atributos, eles passam a ser considerados como uma espécie de negação da

ordem social. Assim, são categorizados conforme sua diferença (cego, surdo, negro)

e situados à margem do contexto social.

Com isto, a pessoa estigmatizada, passa a ser visto por todos como sendo

diferente em todos os aspectos e não só na incapacidade específica que possui,

entende-se incapacidade como sendo uma lesão estrutural ou funcional adquirida

por um acidente, doença ou problemas de desenvolvimento orgânico ou social.

De acordo com Amiralian (1986), a incapacidade torna-se uma inferioridade

quando o indivíduo dela portador é percebido pelo grupo cultural e por si mesmo

como menos capaz e menos adequado. Este último ocorre quando a pessoa que

recebe os rótulos os internaliza, concordando com os demais que realmente ficou

abaixo do que deveria ser, destacando em si próprio, às vezes sem tomar conta de

seus atos, a deficiência secundária.

Ainda segundo a autora, os estereótipos que as pessoas com alguma

diferença recebem dos ditos normais, possuem uma conotação negativa, isto é, vêm

acompanhados de juízos de valores sobre a pessoa, e fazem com que eles percam

sua identidade social e pessoal, vindo a serem reconhecidos apenas pela categoria

que lhes foi atribuída.

Além dessa generalização indevida, os deficientes podem ser vistos dentro de

uma “correlação linear”, onde encontra-se a idéia do “se...então”. Por exemplo, se

não há uma pessoa com deficiência desenvolvendo tal atividade, então, esta não é

uma atividade compatível, demonstrando a deficiência secundária. (AQUINO, 1998).

Para o mesmo autor, o preconceito é um conceito que formamos aprioristicamente,

como a própria palavra indica, sendo assim, é formada anterior a nossa experiência.

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O preconceito envolve predisposições psíquicas favoráveis ou desfavoráveis em

relação a algo ou alguém, as reações diante deles. Essas reações ou atitudes têm

base nos conteúdos emocionais da pessoa, como amor, admiração, medo, raiva,

repulsa,etc.

“Os preconceitos, assim constituídos, são como filtros de nossa percepção, colorindo o olhar, modulando o ouvir, modelando o tocar (...) fazendo com que não percebamos a totalidade do que se encontra à nossa frente. Configuram uma predisposição perceptual” (Ibidem, 1998, p. 17).

Então, pode-se dizer que o preconceito é fruto de informações tendenciosas

prévias, de desconhecimento, de sentimentos não elaborados e que, se concretizam

na relação vivida com um estereótipo, sendo este último então, a concretização ou

personificação do preconceito.

Conforme Heller (1970), os preconceitos “estereótipos” são traços

característicos da vida cotidiana, envolvendo pensamento e comportamento, que

podem aparecer em forma de estereótipos já elaborados, ou que venha se confirmar

no meio em que os indivíduos se desenvolvem. Porém, isto dependerá do momento

histórico e do próprio indivíduo.

Conforme Sposati (in PINSKY, 2000) Este pensamento, levará os sujeitos a

induzir consequentemente que outros preconceitos surjam e sejam passados de

geração em geração, pois as pessoas tendem a incorporar mecanicamente

comportamentos, atitudes, referências e valores, sem pensar nos motivos que a

levaram a pensar e agir, preconceituosamente.

Com esta leitura da linha do tempo se percebe que o deficiente esteve sujeito

a vários entendimentos sociais sobre o seu “estar no mundo”, desde muito tempo e,

que esses entendimentos influenciam, ainda hoje, as relações e o modo de ver a

deficiência. Com isto causando transtornos as vezes irreversível aqueles que são

submetidos a estes conceitos morais inadequado.

3.3 A inclusão no contexto atual

A educação Inclusiva, desde a década de 90, vem sendo amplamente

discutida, e vem se transformando ao longo deste período. Na compreensão sobre a

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inclusão, sob a visão de Ferreira e Guimarães (2003), a situação do atendimento às

necessidades escolares é cunhada pelo paradigma vigente de atendimento

especializado, extremamente forte no ideário das instituições e na prática dos

professores que trabalham no ensino especial.

De acordo com Sassaki (1999), a palavra inclusão ainda não era utilizada na

década de 80. Mas, o Grupo de Integração de Deficientes usava a palavra

integração com o mesmo significado que hoje em dia associamos ao conceito de

inclusão. Segundo o mesmo autor, desde aquela época, seus membros vêm

defendendo a necessidade de não separar pessoas e, eles vêm apoiando a

mudança da sociedade tanto quanto o desenvolvimento de pessoas com deficiência.

A Educação Inclusiva é “aquela que garante a qualidade de ensino

educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e

respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades”

(BRASIL, 2004, p. 7).

Mais para que isto aconteça, tem que ser feito grandes mudanças entre as

políticas em nossas instituições, buscando a parceria entre todos, buscando

trabalhar em equipes favorecendo a colocação do aluno em uma escola de

qualidade, que supra as suas necessidades. Na visão de, Pacheco (2007, p.83)

Poucas escolas estão bem preparadas para receber todos os alunos e, portanto, é necessária uma preparação especial quando se espera que haja crianças com necessidades especiais. É vital preparar os pais, as crianças e o pessoal da escola e inspecionar as instalações da escola. Quanto mais graves forem as necessidades especiais, mais cedo será necessário começar o período preparatório. A regra básica deveria ser que uma preparação sistemática deveria ter início um ano antes de a criança começar na escola. Em alguns casos, a preparação deveria ideal mente começar ainda mais cedo, até dois anos antes.

Segundo Mantoan (2003, p.19),

Os sistemas escolares estão montados a partir de um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir os alunos em normais e deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial, os professores em especialistas nesta e naquela manifestação das diferenças.

Deverão incluir os alunos com deficiências, nas turmas do ensino regular

elevando a consciência de cada aspecto inter-relacionado da escola como uma

comunidade: seus limites, seus relacionamentos internos, com o ambiente externo,

os benefícios a seus membros e sua história.

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Com isto busca-se parceria, para suprir todos ao mesmo tempo, sem levar ao

extremo expondo as regras, causando constrangimento ao aluno portador de

necessidade especial, e demais alunos ditos normais pela sociedade. De acordo

com, Pacheco (2007, p.83)

Entre as responsabilidades do serviço de apoio estão: formar uma força-tarefa para lidar com a preparação; auxiliar os pais a escolher uma escola; notificar a escola sobre a chegada de uma criança com necessidades especiais; fornecer à escola informações sobre a criança e suas necessidades com relação às instalações, que conhecimento novo precisa ser obtido, etc.

Para o mesmo autor, a preparação dos professores e da escola, após ter

obtido informações sobre a criança e de sua família e do contexto em geral, em que

ela se encontra inserida, é hora de fazer planos em relação ao estudo, ao ensino e

as questões sociais. O propósito de tais planos é tornar mais fácil para a criança

ajustar-se à escola, ao mesmo tempo em que a escola é ajustada às necessidades

da criança.

Na visão de Ferreira e Guimarães (2003), a inclusão impõe uma mudança de

perspectiva educacional, pois não se limita apenas àquele que tem algum tipo de

deficiência, mas a qualquer aluno que manifeste dificuldades na escola, mesmo que

contribuindo para o crescimento de todos – professores, alunos e pessoal

administrativo.

Conforme, Pacheco, (2007, p.86)

Para as escolas poderem receber todos os alunos de seu bairro, é essencial que elas planejem satisfazer as necessidades especiais dos alunos e fornecer os auxílios necessários para todos. Pode ser preciso fazer algumas mudanças nas instalações da escola para adaptar-se às necessidades de um determinado aluno e fornecer novos auxílios de ensino, assim como material de estudo e equipamentos especializados para o próprio aluno.

Presumivelmente, todas as instalações destinadas a alunos com necessidades especiais podem ser usadas por outros alunos e professores e, assim, melhorar as condições de trabalho de todos.

Para o mesmo autor, o projeto e a estruturação dos prédios da escola

deveriam ser realizados tendo em mente as possíveis necessidades de todos os

alunos, tanto deficientes como não-deficientes. As autoridades escolares devem

assumir a responsabilidade financeira de atender às várias necessidades das

crianças que iniciarem na escola que apresente quaisquer tipos de atendimento

especializado de ordem física mental ou social, portanto somos todos pertencentes

à mesma sociedade.

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Para Ferreira e Guimarães (2003), a educação inclusiva constitui-se hoje,

numa proposta que permeia a igualdade de direitos e de oportunidades

educacionais para todos, acompanhando a trajetória da luta pelos direitos humanos.

Desta forma, a inclusão é uma força cultural para a renovação da escola, mas esta

precisa se tornar comunidade consciente para se obter sucesso.

Sem esse sentido de comunidade, os esforços para conseguir bons

resultados são inoperantes, a proposta da educação inclusiva é o espaço para

oportunidades educacionais confiáveis a todas as pessoas, para se desenvolverem

tanto social quanto intelectualmente, junto com as pessoas da classe comum.

Na perspectiva de Stainback & Stainback (1999), a educação inclusiva é a

prática da inclusão de todos em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as

necessidades dos alunos são satisfeitas. Educando todos os alunos juntos, as

pessoas com deficiências têm oportunidades de se preparar para a vida, os

professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão

de funcionar de acordo com o valor social da igualdade para todos.

Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, a partir do

entendimento de que é ela que precisa atender às necessidades de seus membros.

Os alunos com deficiência, quando em ambiente inclusivo, podem demonstrar um

melhor desempenho educacional, social e ocupacional. Eles aprendem como atuar e

interagir com seus pares no mundo real (FERREIRA e GUIMARÃES, 2003).

3.4 A deficiência visual e os procedimentos pedagógicos

O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição

da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após

tratamento clínico e/ ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A diminuição da

resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que compõe o grupo de

visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira).

Existem também pessoas com visão sub-normal, cujos limites variam com outros

fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro,

sensibilidades a contrastes, etc (BRASIL, 2005).

O Instituto Benjamim Constant (BRASIL, 2005) define 3 distinções da

deficiência visual:

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CEGOS: têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão e

precisam aprender através do método Braille e de meios de comunicação que não

estejam relacionados com o uso da visão.

Portadores de VISÃO PARCIAL/BAIXA VISÃO: têm limitações da visão à

distância, mas são capazes de ver objetos e materiais quando estão a poucos

centímetros ou no máximo a meio metro de distância.

Portadores de VISÃO REDUZIDA: são considerados com visão indivíduos

que podem ter seu problema corrigido por cirurgias ou pela utilização de lentes.

Segundo o MEC/SEESP (BRASIL, 1995), o encaminhamento da pessoa com

deficiência visual para os diversos serviços da educação especial deverá sempre

levar em conta o tipo e o grau da deficiência, a idade em que o aluno ingressou no

sistema educacional, o nível ou o tipo de ensino, a disponibilidade dos recursos

educativos da comunidade em que vive, sua condição econômica, social, cultural e

inúmeras outras variáveis que interferem na prescrição do atendimento adequado.

O atendimento de pessoas com deficiência na rede do ensino regular exige

dos seus profissionais conhecimentos produzidos em diferentes áreas (psicologia,

medicina, pedagogia, arquitetura etc.) para gerar um saber interdisciplinar,

indispensável ao sucesso da inclusão.

As adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de

atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e tem como objetivo

subsidiar a ação dos professores. Constituem num conjunto de adaptação ou

modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de

avaliações, atividades, metodologias para atender as diferenças individuais dos

alunos (PALHARES; MARINS, 2002).

Essas adaptações visam promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos

alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, tendo como

referência à elaboração do projeto pedagógico e a implementação de práticas

inclusivas no sistema escolar, e essas adaptações pressupõe-se que se realize

quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com

necessidades especiais. Nessas circunstâncias, as adaptações curriculares implicam

a planificação pedagógica e a ações docentes fundamentadas em critérios que

definem como e quando aprender; que o aluno deve aprender; que formas de

organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como

e quando avaliar o aluno (PALHARES; MARINS, 2002).

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Segundo Schneider (2003) as adaptações relativas aos objetivos e conteúdos

dizem respeito: a priorização de áreas ou unidades de conteúdos que garantam

funcionalidade e que sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens

posteriores. Exemplo: habilidades de leitura e escrita, cálculos etc.; priorização de

objetivos que enfatizam as capacidades e habilidades básicas de atenção,

participação e adaptabilidade do aluno. Exemplo: desenvolvimento de habilidades

sociais, de trabalho em equipe, de persistência na tarefa etc.; à eliminação de

conteúdos menos relevantes, secundários para dar enfoque mais intensivo e

essencial no currículo.

Esta mesma autora aponta as adaptações avaliativas da seguinte maneira: à

seleção de técnicas e instrumentos utilizados para avaliar o aluno, modificando-os

de modo a considerar, na consecução, a capacidade do aluno em relação ao

proposto para os demais colegas; não abandonar os objetivos definidos para o

grupo, mas acrescentar objetivos complementares curriculares específicos que

minimizam as dificuldades concernentes à deficiência do aluno.

As adaptações curriculares não devem ser entendidas como exclusivamente

individual ou uma decisão que envolve apenas o professor e o aluno, pois se

realizam em três níveis:

“No âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar); No currículo

desenvolvido na sala de aula; No nível individual” (MEC, 1999, p.40 apud

PALHARES e MARINS, 2002).

De acordo com Marquezine (2003), para que os alunos com necessidades

especiais possam participar integralmente em um ambiente rico de oportunidades

educacionais com resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser

considerados, destacando-se entre eles: a preparação e dedicação da equipe

educacional e dos professores; o apoio adequado e recursos especializados,

quando forem necessários; as adaptações curriculares e de acesso ao currículo.

3.5 A atuação do professor no processo de inclusão.

A força tarefa desenvolvida pêlos professores vem contribuir para A Educação inclusiva, sendo que esta representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a perceber que o “pertencer” é um direito, não 1 status privilegiado que deva ser conquistado (SASSAKI, 1999).

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Ao professor da sala de aula comum é imprescindível, além da capacitação e

de apoio, que ele esteja preparado para receber o “novo aluno”, para que a inclusão

não seja somente física, mas que haja uma aprendizagem significativa para todos os

alunos. Para que se dê essa significativa aprendizagem é necessário saber o que o

professor pensa, suas expectativas, suas ansiedades em relação ao diferente. É

preciso saber, também, o que esse professor necessita e o que ele almeja,

(STAINBACK & SATAINBACK, 1999).

As crianças já nascem em um mundo estruturado pelas representações

sociais, e é com estas representações que elas se desenvolverão. Assim, uma

criança especial, que já “vem rotulada” pela sociedade, ao entrar na escola terá que

conviver com as representações que seu professor faz da sua diferença/deficiência,

sejam elas quais forem. Nesse sentido, a representação que o professor faz de seu

aluno é importante, ela definirá a forma das relações entre eles e dará sentido às

experiências a serem vivenciadas.

O direito à educação das pessoas com necessidades especiais, que são

pessoas que, segundo a Política Nacional de Educação Especial do Ministério da

Educação e do Desporto (1994), precisam receber educação diferenciada, recursos

pedagógicos e metodologias educacionais específicas, em virtude de sua condição

auditiva, visual, mental, múltipla, física, ou ainda, altas habilidades ou condutas

típicas; sendo uma prática muito recente. A educação da pessoa com necessidades

especiais deve ser compreendida em uma dimensão bem ampla, ou SEJA, não só

educativa, mas também sócio-cultural, com o objetivo de desenvolver suas

potencialidades, sem destacar suas dificuldades, porém respeitando-as,

aprimorando sua participação na sociedade.

A educação inclusiva envolve um processo de preparação do professor que

considera as diferenças e as dificuldades dos alunos na aprendizagem escolar como

fontes de conhecimento sobre como ensinar e como aperfeiçoar as condições de

trabalho nas salas de aula (Brasil, 2001). A capacitação efetiva de docentes para

atuar nessa perspectiva inclusiva, que visa o desenvolvimento do sujeito autônomo,

tem como finalidade levar esses profissionais a uma constante reflexão sobre sua

prática pedagógica, onde a avaliação e re-avaliação, bem como os

questionamentos, são permanentes, a fim de que possam rever está prática e

compartilhar experiências e novas idéias com seus colegas (STAINBACK &

STAINBACK, 1999).

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Compartilhar experiências é fundamental para a formação continuada em

educação, pois os conhecimentos teóricos somente não bastam, é necessária a

participação nas mudanças sociais, como agente de formação e não apenas

transmissor de conhecimentos, cabendo-lhe aprimorar-se pessoalmente e

profissionalmente. A formação do professor deve ser continuada, diferenciada e

vista como uma ação que vise ampliar as competências, a fim de desenvolver as

potencialidades do profissional em todas as dimensões (MANTOAN, 2001).

Os educadores devem estar dispostos às mudanças e estar constantemente

revisando seus conceitos, ideologias e valores, para atuar como elemento facilitador

no processo de conscientização da construção de sua cidadania. Esse processo de

construção deve partir da sua prática e dos conhecimentos prévios que esta prática

possibilita. Os professores devem ser “colocados em um contexto de aprendizagem

e aprender a fazer fazendo: errando, acertando, tendo problemas a resolver,

discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo, argumentando, tomando

decisões, pesquisando” (LEITE, 1999, p. 28).

Nessa perspectiva de transformação e atualização, não basta só o professor

buscar alterar suas práticas, mas a escola, o contexto onde este professor esta

inserido deve sofrer alterações.

Os professores não podem mudar sem uma transformação nas instituições

em que trabalham, nem as escolas podem fazer mudanças sem o empenho,

especial, dos professores. Deve haver uma articulação entre a escola, seus projetos

e seus professores, pois um depende do outro. O investimento que a escola faz em

seu professor, converte-se para o futuro da própria instituição. Dessa forma, na

escola o professor tornar-se-á educador/educando, nesse espaço que deve ser

criativo e de aprendizagem. O desafio do professor na escola é concebê-la como um

ambiente educativo, onde trabalhar e formar não são atividades que possam ser

separadas (MAZZOTTA, 1993).

Os professores de ensino regular ressaltam, entre outros fatores, a dura

realidade das condições de trabalho e os limites da formação profissional, o número

elevado de alunos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar

"alunos especiais" ou diferentes. A formação destes profissionais caracteriza-se pela

qualificação ou habilitação específicas, obtidas por meio de cursos de pedagogia ou

de alternativas de formação agenciadas por instituições especializadas. Nestes

cursos, estágios ou capacitação profissional, esses especialistas aprendem a lidar

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com métodos, técnicas, diagnósticos e outras questões centradas na especificidade

de uma determinada deficiência (MARQUEZINE, 2003).

Esta realidade caótica evidencia um confronto de tendências opostas entre os

adeptos da educação inclusiva e os defensores da educação especial. Por outro

lado, foram constatados uma inegável mudança de postura, de concepções e

atitudes por parte de educadores, pesquisadores, de agentes sociais, formadores de

opinião e do público em geral. Estas mudanças se traduzem na incorporação das

diferenças como atributos naturais da humanidade, no reconhecimento e na

afirmação de direitos, na abertura para inovações no campo teórico-prático e na

assimilação de valores, princípios e metas a serem alcançadas. Trata-se, portanto,

de propor ações e medidas que visem assegurar os direitos conquistados, a

melhoria da qualidade da educação, o investimento em uma ampla formação dos

educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a previsão e provisão de

recursos materiais e humanos entre outras possibilidades (SÁ, 2002).

Nesta perspectiva se potencializa um movimento de transformação da

realidade para se conseguir reverter o percurso de exclusão de crianças, jovens e

adultos com ou sem deficiência no sistema educacional.

Uma das perguntas a se responder é se os profissionais da educação foram

instrumentalizados suficientemente para promover a inclusão de pessoas com

deficiência, às classes regulares. Na atual conjuntura, as dificuldades no

atendimento de pessoas com deficiência são reflexos de uma prática social que não

fica circunscrita aos limites da escola. De modo geral, a sociedade estabelece e

marca as diferenças, o que resulta na utilização de mecanismos, discriminatórios

nos quais estão presentes processos de “coerção normalizadora e fabricação

ininterrupta de desviantes” (WANDERLEY, 1999, p. 8).

No âmbito escolar seria necessário planejar, implementar e avaliar programas

para diferentes alunos em ambientes da escola regular. É necessário um ensino

cooperativo entre professores do ensino regular e especial. O importante é que a

inclusão de cada aluno com necessidade especial seja planejada coletivamente,

envolvendo os pais e os alunos, e seja avaliada através das perspectivas de todos

envolvidos (MENDES, 2002).

A inclusão não é uma prática educativa a ser feita de qualquer jeito, mas exige

esclarecimento dos pais, professores, profissionais e a sociedade. Atualmente,

percebemos que há uma grande demanda social para que todas as crianças sejam

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incluídas no ensino regular. Mas é preciso questionar o fato da sociedade estar

preparada para receber as crianças com deficiência e tratá-las sem discriminação.

Nas escolas, a inclusão representa não somente a colocação do indivíduo

com necessidade especial em salas de ensino regular, mas uma mudança

paradigmática resultante de mudanças políticas, programas de serviço de apoio

oferecidos a esses indivíduos (NAMBA, s/d).

Conforme Sassaki (1999), para haver um bom preparo na vida profissional, a

pessoa com necessidade especial terá esta preparação em sala de aula, em setores

operacionais da escola e na comunidade. Deverá haver ação conjunta com o diretor

e dos professores da escola, das autoridades educacionais, dos líderes do

movimento dos portadores de deficiência e representantes da comunidade.

A inclusão está fundada na dimensão humana e sociocultural que procura enfatizar formas de interação positivas, possibilidades, apoio às dificuldades e acolhimento das necessidades dessas pessoas, tendo como ponto de partida a escuta dos alunos, pais e comunidade escolar (BRASIL, 1994, p. 11).

Segundo Mantoan (2003), não há inclusão quando a inserção de um aluno é

condicionada à matrícula em uma escola ou classe especial. Segundo Bortoleto,

Rodrigues e Palamim (2003), a inclusão deve prever a colocação de crianças com

deficiência no sistema regular de ensino desde o início, com o compromisso de

oferecer condições de desenvolvimento acadêmico e social. A Lei de Diretrizes e

Bases (LDB), de 1996, prevê que a educação seja a mais integrada possível,

propondo a inclusão dos alunos com deficiência na rede regular de ensino.

A educação inclusiva será atingida quando todos aceitarem as diferenças e

assim conviverem de maneira natural com a diversidade, ou seja, é necessário

mudar valores, crenças e mitos para que todos possam ser vistos como humanos

pertencentes a uma mesma escola.

Não será de uma “ação individual mais sim de ações coletivas” que as escolas

e a sociedade se tornarão inclusivas, cabe a nós acreditarmos e enfim

propagarmos o conhecimento, conscientizando profissionais da educação quanto à

importância da inclusão.

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4. METODOLOGIA

A pesquisa constitui-se em um estudo de caso de natureza qualitativa, isto

porque, de acordo com Minayo “(...) a pesquisa qualitativa trabalha com um universo

de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde

a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos” (2000,

p.23), ou seja, ela se preocupa um nível de realidade que não pode ser quantificado.

Esta pesquisa foi realizada no CEJA de Itajaí.

Considerando que na cidade de Itajaí, tem somente um CEJA que oferece um

Serviço Especializado de Atendimento a pessoas com deficiência visual, auditivo e

mental e oferece o ensino modularizado, como alternativa para a efetivação do

ensino fundamental e médio a jovens e adultos, esta escola se configura em um

estudo de caso, por ser único e relevante socialmente e academicamente.

De acordo com Stake (2007) o caso é uma coisa específica, complexa e em

funcionamento. Assim sendo as pessoas e programas são considerados casos em

perspectiva.

4.1 Participantes da Pesquisa

Participaram deste estudo: os professores (sala de aula e SAEDE), um

orientador educacional, um aluno com baixa visão e uma mãe.

A seleção dos sujeitos seguiu alguns critérios importantes, como:

• Ser professor da sala de aula, outro que trabalhe no SAEDE e orientador

educacional em exercício no CEJA.

• Diretora Educacional do CEJA.

• Ser aluno com deficiência visual (cegueira ou visão parcial/baixa visão)

cursando o sistema de ensino modularizado, e pai ou mãe deste mesmo

aluno.

• Ter disponibilidade para participar da pesquisa.

4.2 Instrumento

O instrumento foi uma entrevista semi-estruturada dirigida ao aluno

(APÊNDICE C), uma entrevista semi-estruturada dirigida aos professores

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(APÊNDICE D), uma entrevista semi-estruturada dirigida à diretora do CEJA

(APÊNDICE E) e uma entrevista semi-estruturada dirigida ao pai ou mãe

(APÊNDICE F), onde os sujeitos da pesquisa puderam expor como ocorre o

processo de inclusão de alunos com deficiência no sistema de ensino modularizado.

4.3 Procedimentos para a coleta dos dados

Os sujeitos da pesquisa foram inicialmente selecionados pela relação de

professores, orientador educacional, aluno pai ou mãe que tinham disponibilidade de

horário, convidando-os, desta forma, para participar. Depois de feita a seleção

aleatoriamente, foi realizado um encontro onde foram apresentados os

procedimentos, os objetivos do trabalho e o termo de consentimento livre e

esclarecido. Os dados coletados foram gravados após o consentimento dos

participantes da pesquisa.

4.4 Procedimentos para a análise dos dados

Inicialmente os dados coletados foram transcritos a partir de registros de

informações gravadas, para que todas as informações fossem analisadas com a

melhor precisão possível, não perdendo nenhum detalhe importante para a análise

dos dados. Para a compreensão dos dados coletados, foi utilizada a técnica de

Análise de Conteúdo (Minayo, 1994).

A análise de conteúdo segundo Minayo (1994) apresenta duas funções: a

primeira seria de verificação de hipóteses, ou seja, através da análise de conteúdo

torna-se possível encontrar as respostas para as questões levantadas e também

confirmar ou não as afirmações estabelecidas previamente o trabalho de

investigação; a segunda função refere-se à descoberta do que está realmente por

trás dos conteúdos manifestos, aprofundando-se mais ao que está comunicado.

4.5 Procedimentos éticos

Foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A e

B), elaborado pelo pesquisador, de modo que respeite o sujeito participante da

pesquisa e as normas do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 e Conselho

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Federal de Psicologia – CFP 016/2000, que regem as normas éticas para pesquisas

com seres humanos.

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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para analisar os dados optou-se pela técnica de análise de conteúdo, que é

eficaz e valoriza o discurso dos participantes. A análise foi realizada através de

categorias que emergiram da fala dos participantes da pesquisa. A análise e

discussão dos dados, na pesquisa qualitativa, refere-se a estabelecer uma

compreensão dos dados obtidos, vindo a confirmar ou não os pressupostos teóricos

que embasam a pesquisa (MINAYO, 1994).

Para tanto, optou-se por realizar a análise descritiva através de categorias

que foram formuladas a partir dos dados obtidos. A categoria se refere a um assunto

que abrange pensamentos, ações e sentimentos das pessoas envolvidas na

pesquisa e que expressam a realidade vivida pelos diferentes atores sócias da

escola.

As categorias criadas após os relatos dos entrevistados foram:

1 - A percepção da inclusão da pessoa com deficiência no CEJA;

Tornando-se desta 8 sub-categorias, que revelam como se dá a inclusão do

aluno DV, no CEJA.

As oito subcategorias são:

1.1 - Dificuldades encontradas;

1.2 - Facilidades encontradas no CEJA;

1.3 - Percepção das condições de ensino oferecidas pelo CEJA;

1.4 - Percepção do apoio dos colegas de classe;

1.5 - Colaboração entre os professores;

1.6 - Pontos positivos do CEJA;

1.7 - Possibilidades de melhoria no atendimento de alunos com necessidades

especiais;

1.8 - O papel da família na Educação Inclusiva.

A análise e discussão dos dados obtidos com o embasamento teórico, foi

realizada a partir dos relatos feitos pelo agente principal, por sua mãe e diretora do

CEJA, dois professores, sendo um do ensino regular e outro do ensino especial,

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buscando mostrar dados relevantes sobre a inclusão do aluno DV, no ensino

modularizado oferecido pelo CEJA.

Descrição da análise dos dados mediante as suas Categorias:

01 - A percepção da inclusão da pessoa com deficiência no CEJA:

Esta categoria tem como objetivo assinalar o nível de inclusão do aluno DV,

por meio, da visão dos participantes da pesquisa. Na percepção da Diretora há

investimentos do Estado para promover a educação inclusiva:

“Inclusive há dois anos atrás, a gente recebeu do MEC, três notebooks, que

está disponível para os alunos cegos, acho que há uma preocupação a nível federal

e estadual em atender o portador de deficiência, seja ele cego ou surdo ou deficiente

mental”.

A Diretora destaca o investimento na capacitação efetiva de docentes para

atuarem na perspectiva inclusiva:

“a professora do ensino especial já foi em cursos pelo Estado, a gente até faz

formação continuada aqui dentro do CEJA, mas não específico para o deficiente

visual, para a formação fizemos no geral, tem um grupo fazendo libras mais dentro

da área pedagógica, para incentivar o professor a trabalhar com a inclusão, mas não

só específico para deficientes visuais. Mas o Estado está promovendo junto com a

APAE, cursos de formação”.

A capacitação efetiva de docentes para atuar nessa perspectiva inclusiva, que

visa o desenvolvimento do sujeito autônomo, tem como finalidade levar esses

profissionais a uma constante reflexão sobre sua prática pedagógica, onde a

avaliação e re-avaliação, bem como os questionamentos, são permanentes, a fim de

que possam rever esta prática e compartilhar experiências e novas idéias com seus

colegas (STAINBACK & STAINBACK, 1999).

Neste sentido Mantoan (2001) afirma que a formação do professor deve ser

continuada, diferenciada e vista como uma ação que vise ampliar as competências,

a fim de desenvolver as potencialidades do profissional em todas as dimensões.

Os educadores devem estar dispostos às mudanças e estar constantemente

revisando seus conceitos, ideologias e valores, para atuar como elemento facilitador

no processo de conscientização da construção de sua cidadania. Esse processo de

construção deve partir da sua prática e dos conhecimentos prévios que esta prática

possibilita (LEITE, 1999, p. 28). Na percepção da professora, a inclusão favorece a

interação social entre os alunos, com e sem deficiência:

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“Eu acho isso fantástico, porque aqui, o CEJA oferece o que as outras

escolas não oferecem, a inclusão mesmo, o aluno esta lá na sala com os alunos

ditos normais e não se vê o aluno dito normal olhando atravessado pra aquele aluno

com deficiência”.

Nesta perspectiva da educação inclusiva, seu objetivo é construir uma

sociedade para todos, sua prática “repousa em princípios até então considerados

incomuns, tais como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada

pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da

cooperação” (SASSAKI, 1999, p. 42).

Na percepção da professora, o CEJA, garante o acesso ao material didático

adaptado a todos os alunos, o acesso ao conteúdo curricular e disponibiliza inclusive

o intérprete de Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS:

“o atendimento na sala de aula é independente da deficiência, tanto

deficiência visual, como auditiva ou mental, estão inclusos dentro da sala com os

outros alunos e de forma igual, o mesmo assunto, o mesmo conteúdo, dependendo

do aluno se for deficiente visual tem em Braille ou ampliado no quadro para os

alunos de baixa visão, para o aluno com problema auditivo, da mesma forma tem

intérprete, e para o aluno DM, a professora explica de forma que ele entenda, se ele

não entender,ele desce para a sala do SAED a professora explica novamente o

conteúdo”.

A formação de professores deve contemplar a educação como um dos eixos

reestruturantes na formação do professor; para que este professor possa assumir

com respaldo técnico uma sala de aula que contemple a diversidade humana. Para

o professor entrevistado, do ensino regular, existe uma dificuldade para assumir

esse lugar, parece que ele se isenta desta responsabilidade, passando-a somente

para a educação especial:

“Há uma atenção do CEJA para a inclusão. É bem legal mesmo! Mas para

mim esta inserção do aluno com necessidades especiais na sala de aula do ensino

regular só é viável, para ser bem sincero, só quando tem um intérprete, um técnico

acompanhando. Esta que é a grande verdade. Portanto, vejamos eu lá na sala com

uma turma de vinte alunos e um dos colegas é cego, para eu direcionar toda a

minha atenção a ele eu deixaria de atender a todos os outros meus alunos que não

são só um são bastante, então eu entendo que se tiver uma pessoa especializada

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do lado deste aluno, ele vai ficar sendo assistido em todas as suas necessidades a

todo momento”.

Ao professor da sala de aula comum é imprescindível, além da capacitação e

de apoio, que ele esteja preparado para receber o “novo aluno”, para que a inclusão

não seja somente física, mas que haja uma aprendizagem significativa para todos os

alunos. Para que se dê essa aprendizagem significativa é necessário saber o que o

professor pensa, suas expectativas, suas ansiedades em relação ao diferente. É

preciso saber, também, o que esse professor necessita e o que ele almeja

(STAINBACK & STAINBACK, 1999).

Na percepção do professor, o serviço especializado deve funcionar como

suporte aos alunos:

“aqui no CEJA nós temos um pessoal especializado, que sempre contribui

com o professor nesta questão da inclusão. Por exemplo, para uma pessoa que tem

uma deficiência visual nós temos os módulos aqui em Braille a onde uma pessoa

auxilia, tipo um formador, um técnico, acompanha este aluno com os módulos em

braille. Assim, o aluno acompanha as aulas. O aluno também faz os exercícios em

braille, eles nos entregam as respostas dos exercícios. Para o alunos surdos, nós

temos aqui profissionais que fazem toda a interpretação da linguagem de sinais, que

é o intérprete. Percebo que os meus alunos apesar de algumas dificuldades eles

conseguem acompanhar sim”.

O aluno percebe a educação inclusiva no CEJA positivamente, destaca a

importância do papel do professor, a sua flexibilidade, o suporte técnico e o apoio

psicológico recebido, como elementos fundamentais no seu processo de ensino e

aprendizagem

“O colégio oferece todo o suporte que a gente necessita, os materiais até o

apoio psicológico. Mais tem uma coisa eles também começam bem devagar,

portanto eles não podem chegar avançando o sinal querendo que você faça tudo

aquilo que você não sabe fazer de repente [...] Eles vão aos poucos, ver que você

tem força de vontade, e aos poucos se soltando, e conseguindo ir estudando de

acordo com suas capacidades. Mais eu achei legal ter um lugar separado, tem

professores que são apropriados para isto, e também eles te deixam um pouco mais

a vontade [...] Chegando lá, eles te ajudam. Eu achei até que tem uma boa

educação, uma boa força de vontade dos professores eu achei satisfatório, e bom o

atendimento do CEJA [...] Eu achei que tem uma boa inclusão no CEJA”.

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Conforme (BUSCAGLIA, 1997, p. 89), é na interação social que o homem se

constitui e que o conhecimento é constituído na interação sujeito – objeto, e que

essas ações sobre o sujeito é socialmente mediada.

Portanto, os conceitos que foram sendo recebidos pelas pessoas de forma

passiva e as relações que se estabelecem entre as ditos normais e as pessoas

categorizadas como deficientes podem mudar. Ao interferir nesse processo de

construção social, fazendo com que a sociedade admita este ideal, pode-se

proporcionar a minimização da limitação e promover a aceitação e independência da

pessoa com necessidades especiais, ocorrendo a integração/inclusão.

A mãe do aluno com cegueira foi entrevistada e demonstra não ter

conhecimento sobre a proposta da educação inclusiva, mas que considera que se o

seu filho está bem na escola, se ele está feliz, isto é o mais importante. Inclusive ela

consegue perceber que seu filho está mudando e reconhece a importância da

interação social na aprendizagem. A entrevistada reconhece o valor do serviço

prestado pela escola, por meio das mudanças percebidas em seu filho:

“a isto é bom para ele, pois acho que ele está mais animado pois ele vai todo

dia para lá e com isto ele tem algo para fazer todo dia. E não fica só pensando

besteira, até vejo que ele está mudando, está mais feliz, pois diz que lá ele se sente

muito entendido e muito valorizado, acho isto muito bom para ele e para nós que

não soubemos como lidar com ele como deveria.[...] Olha eu acho que lá ele vai

poder aprender a ler novamente com aquelas bolinhas que eles fazem no papel, e

acho bom pois só assim ele não vai se sentir só. E lá no colégio tem mais gente

como ele e isto acho que vai ajudar a ele entender o que ele tem que fazer para

aprender a andar e escrever.E com a ajuda dos que já são cegos há mais tempo,

pois estes já sabem como lidar com isto[...]Ele diz que lá é muito bom, os

professores ajudam muito ele e os colegas também. Então acho que ele gosta de

estar lá, para mim é bom isto, fico feliz em ter este colégio para ajudar o meu filho”.

1.1- Dificuldades encontradas:

Nesta categoria analisamos a percepção dos sujeitos sobre as dificuldades

encontradas no processo da educação inclusiva.

Na percepção aluno, demonstrou que o mesmo atribui as dificuldades a si

mesmo, pela dificuldade inicial que está ligada a aceitação da deficiência. Amiralian

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(1986) destaca que a maior dificuldade para o estudo do comportamento humano

está relacionado a uma visão unilateral, que transforma a realização individual em

algo que não está relacionado a sociedade e a cultura.

De acordo com AMARAL (1994), as inter-relações se consolidam com base

nos fenômenos sócio-afetivo-intelectuais, sendo que os portadores de deficiência e

os grupos sociais em que estão inseridos, vivenciam lado a lado, as consequências

dessas interações.

Uma destas conseqüências é a necessidade que pessoas e grupos têm de se

proteger em relação a tudo que é desconhecido, para isso, as pessoas tendem a

criar conceitos e classificações, com o intuito de posicionar-se em relação ao outro.

“A maior dificuldade enfrentada por mim próprio foi me perceber capaz no

começo[...] Em primeiro lugar quando você coloca o seu pé fora de casa, e vai em

direção ao colégio, você tem que aprender a se aceitar, que realmente você está

com um problema, e que o medo seu não é o mundo lá fora, é você aceitar que está

com problema. Aí sim você consegue ir a luta, e aí você vê que vai desencadeando

a força de vontade e se percebendo que você pode mesmo ir fazendo as coisas. A

partir que você chega lá e vê que nas salas tem mais pessoas com problemas como

você ou até mais pior do que o seu, e fazem também você ficar com vergonha e

acaba fazendo também. Com isto a gente acaba ficando um tanto tímido, nos

primeiros momentos, mais depois você vai se acostumando, e começa a fazer como

os outros. Aí você acaba se convencendo que é capaz”

Nesta fala do aluno, deixa evidente que o estar dentro de um colégio

inclusivo, onde o sujeito tem a oportunidade de interagir com os demais colegas,

influenciam positivamente na formação escolar, bem como no seu reconhecimento

de sua nova identidade, reformulando a sua percepção que tem de si mesmo.

“Como no meu caso eu só tenho o problema da visão, mas minhas mãos,

minhas pernas e o resto do corpo funciona tudo. Mas muita gente é cadeirante,. é

surdo, e também tem estes mesmos problemas conjugados; aí você vê que eles

fazem melhor que eu , aí eu me sinto muito envergonhado, então com isto eu quero

dizer que eu posso faze. Então hoje, graças a Deus eu sei disto, que eu posso fazer

e me sinto muito feliz”.

Conforme SHAKESPEARE (1989), a pessoa que adquire a deficiência,

precisa ainda, reformular a percepção que tem de si mesma e do que acha ser a

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percepção que os outros têm dela, com isto as relações entre as pessoas deficientes

e a sociedade são fundamentais, e favorecem o seu alto reconhecimento pessoal.

1.2- Facilidades encontradas no CEJA:

Na percepção do aluno, ele demonstra que foi acolhido pelos professores e

amigos de sala, ainda com este discurso o aluno demonstra a importância de ser um

colégio inclusivo:

“o colégio oferece todo o suporte que a gente necessita, os materiais até o

apoio psicológico [...] com o desencadear do dia a dia do seu estudo, os professores

vão criando um tipo de amizade com você, vão te ajudando, e quando você pensar

em desistir, algo assim eles te dão uma ajuda, conselho e assim você vê por si só

que você pode vencer. E no fim você, aprendendo o que os outros aprenderam,

digamos assim, os outros deficientes também, vendo eles superando, fazendo

coisas que as pessoas que enxergam também sentem dificuldades para fazer. Ai

você vê que as vezes você é melhor até que eles. Portanto você faz de olhos

fechados o que eles sentem dificuldades em fazer com os olhos abertos. Então você

começa a se auto-avaliar e começa acreditar em você mesmo e pensar puxa as

vezes sou melhor que eles meu Deus. Assim eu posso e então surge uma força de

vontade que vai desencadeando a cada dia, até chegar a um êxito desejado”.

As relações interpessoais podem favorecer o processo inclusivo, na medida

em que se cria um ambiente para as interações sociais, que são capazes de

contribuir não só com o processo de ensino e aprendizagem, como tem um papel

fundamental na aceitação da diversidade humana.

Neste sentido, Ferreira e Guimarães (2003) assinalam que os alunos com

deficiência, quando em ambiente inclusivo, podem demonstrar um melhor

desempenho educacional, social e ocupacional. Eles aprendem como atuar e

interagir com seus pares no mundo real.

A força tarefa desenvolvida pêlos professores vem contribuir para A Educação inclusiva, sendo que esta representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a perceber que o “pertencer” é um direito, não 1 status privilegiado que deva ser conquistado (SASSAKI, 1997).

Aluno: “a facilidade de ingressar no CEJA é porque eles estão aptos a te

cercar a cada canto porque eles já sabem as barreiras que você vai ter, eles já

sabem as dúvidas que você vai ter, é claro que nós não temos as mesmas duvidas,

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mais quando eles percebem que alguém bate em algum canto em algum fator em

algum obstáculo, que não consegue passar eles estão ali para te ajudar, a te

levantar a te levar, quantas vezes eu parei os estudos durante uma semana duas

semanas, as pessoas iam até a mim e falavam vai lá, não desista, vai de novo você

vai conseguir, e realmente eu fui e hoje eu concluí o meu primeiro grau,então assim

é a força de vontade, isto só depende de você, é claro que os profissionais que

estão ao seu redor influenciam muito se não fosse eles você não chegaria a lugar

nem um”.

1.3 - Percepção das condições do ensino oferecido pelo CEJA

As adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de

atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e tem como objetivo

subsidiar a ação dos professores. Constituem num conjunto de adaptações ou

modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de

avaliações, atividades, metodologias para atender as diferenças individuais dos

alunos (PALHARES; MARINS, 2002).

Na percepção do aluno, as condições do ensino no o CEJA são favoráveis a

sua aprendizagem e a sua inclusão educacional, como pode ser analisado na fala a

seguir:

“Quando eu cheguei no CEJA eu fui apresentado a todas as formas que eu

podia estar estudando: como o braille, computação e até ser acompanhado por uma

pessoa e também auxilio de gravações como em CD, em formatos mp3, portanto eu

acho que não precisa mais nada do que isto o que basta é a informação”.

Com esta fala do aluno fica evidenciado, o CEJA oferece todo o material

didático para os alunos com deficiência poderem estudar em igualdade de

condições. Parafraseando Mantoan (2003) uma escola inclusiva que oferece um

ensino de qualidade para todos, promovendo uma sociedade inclusiva, não só

atende as necessidades pessoais do aluno mais se torna uma escola inclusiva

proporcionando um aprendizado com igualdade para todos.

Na percepção da diretora, o CEJA está adaptado para oferecer um ensino

inclusivo e um atendimento de qualidade, onde a mesma destaca, os recursos

materiais e o papel do professor neste processo, como fica evidente na fala a seguir:

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“Temos a professora do SAED do ensino especial, que dá todo este suporte

para que o aluno cego acompanhe através dos módulos em Braille, dos exercícios,

ela faz a transcrição do que o professor passa em sala de aula para o Braille para

que o aluno possa estar concluindo seus estudos [...] Inclusive há dois anos atrás, a

gente recebeu do MEC, três notebooks, que está disponível para os alunos cegos,

acho que há uma preocupação a nível federal e estadual em atender o aluno com

necessidade especial, seja ele cego ou surdo”.

1.4 - Percepção do apoio dos colegas de classe:

Nesta categoria busca-se investigar a relação do aluno com deficiência visual

e colegas na sala do ensino regular, bem como a importância desta relação para o

bem estar do mesmo, e a sua facilidade para se sentir incluso pelo os demais alunos

“ditos normais”.

Na percepção do aluno em relação a sua interação com os demais colegas de

classe, evidencia a importância dos colegas de classe, por meio do seu

companheirismo, onde estes desempenham um papel muito importante no processo

inclusivo:

“O companheirismo das pessoas quando a gente chegava em um certo

obstáculo, em um determinado estudo que realmente não conseguia me sobressair,

aí procurava acompanhamento dos amigos e eles falavam não isto é assim mesmo

eu já passei por isto, é assim que se faz, portanto é isto que ti da força, para superar

estes obstáculos que a gente encontra”.

Aluno: “para você ter uma idéia todos na sala de aula chegavam brigar para

ficar comigo, verdade porque mais eu concluía bastante os assuntos tanto quanto as

pesquisas que a gente fazia, era eu que sempre ia explicar, eles não conseguiam

explicar, realmente só você vendo para acreditar, é verdade. Na sala de aula eles

falavam, olha: na nossa turma de quatro ele sabe responder, ele vai responder, eles

falavam deixa ele falar, é incrível”.

Nesta fala, o aluno demonstra a importância da confiança que os colegas de

sala atribuíram ao mesmo, para a sua realização como um sujeito capaz. Como

pode ser analisado, a interação entre os pares mediou o conhecimento e favoreceu

a aprendizagem, pois o aluno não foi percebido pelo grupo pela via da incapacidade,

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pela lente social que exclui, mas pela via da lente que dá lugar ao sujeito eficiente,

que é capaz de se transformar e transformar o outro.

A educação inclusiva constitui-se hoje, numa proposta que permeia a

igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, acompanhando a

trajetória da luta pelos direitos humanos, desta forma, a inclusão é uma força cultural

para a renovação da escola, mas esta precisa se tornar comunidade consciente para

se ter sucesso.

Sem esse sentido de comunidade, os esforços para conseguir bons

resultados são inoperantes, a proposta da educação inclusiva é o espaço para

oportunidades educacionais confiáveis a todas as pessoas, para se desenvolverem

tanto social quanto intelectualmente, junto com as pessoas da classe comum

(FERREIRA E GUIMARÃES, 2003).

Na percepção da professora os colegas de classe, sentem dificuldades em se

relacionar com o diferente gerando uma barreira atitudinal:

“Dentro da sala de aula, quando o professor está explicando os conteúdos e o

aluno cego está lendo o braille, os alunos ditos normais param de ouvir o professor e

ficam ouvindo e observando o deficiente a ler, e ao mesmo tempo vendo a

habilidade que ele tem de ler com os dedos. Então para eles é uma coisa nova ,

mais eles não se dão o luxo de ir lá e perguntar como é que o aluno cego faz essas

leituras, eu acho que é por medo do desconhecido e não por preconceito”

A professora pontua em seu discurso, a falta de conhecimento da sociedade a

respeito das pessoas com deficiência e o medo de não saber como lidar com a

diferença.

1.5 – Colaboração entre os professores.

A colaboração entre os profissionais da educação é um dos aspectos

fundamentais para que a inclusão escolar ocorra. Conforme assinala Pacheco

(2007) quando as partes trabalham juntas e tantas tarefas precisam ser realizadas, é

preciso definir o papel de cada participante no trabalho colaborativo e fornecer a

assistência técnica necessária. Nesta perspectiva, foi possível analisar neste estudo

que há um certo nível de colaboração entre os professores, como pode ser

identificada na fala da professora especializada:

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“os professores sentem muito medo de não conseguir atender estes alunos, é

por isto que eles sempre me procuram para saber como eles vão poder suprir essas

necessidades destes alunos ditos especiais. Por exemplo, o professor fala nunca

trabalhou com aluno cego, e como poderia estar trabalhando com ele de forma que

ele possa ser atendido da melhor forma , é aí que eu entro e explico para eles, olha

você pode utilizar os materiais em braille os arquivos em mp3, e que as aulas não

sejam só explicadas no quadro, mais sim buscar uma forma de trabalho que possa

unir o deficiente com os ditos normais, para que ele tenha a possibilidade de estar

interagindo com todos e não ficar lá no canto sem saber o que está acontecendo em

determinados momentos”

Na percepção da professora especializada, existe flexibilidade por parte dos

professores para o atendimento de alunos com necessidades especiais:

“Em relação a flexibilidade do professor em estar atendendo as necessidades

dos alunos com necessidade especial, aqui no CEJA eu estou vendo esta mudança,

esta flexibilidade, porque eu já trabalhei em outras escolas como segunda

professora, e percebi um pouco de bloqueio da parte dos professores. Aqui no CEJA

eu vejo que os professores querem trabalhar com aquele aluno, porque a escola foi

aberta para a inclusão tem que trabalhar, então eles tem que se adequar ao aluno.

Então o professor tem um aluno com uma determinada deficiência, o professor tem

todo o conteúdo em módulo e no pendrive, aqui nós temos três notebooks para

trabalhar com o aluno deficiente visual, o que este professor faz, ele grava tudo no

pendrive e trás para mim, e aqui o aluno pode escutar no fone ou até mesmo

ampliar, então os professores estão se adequando ao aluno, então eles estão

buscando formas para que o aluno aprenda. Mesmo com isto o professor depois que

termina a sua aula lá em sua sala do ensino regular o professor desce aqui comigo e

me pergunta se o determinado aluno está realmente aprendendo o assunto

comentado durante a sua aula, com isto se percebe uma preocupação da parte dos

professores com o seu aluno e com a inclusão deste na sala e com sua

aprendizagem”.

Como pode ser analisado a partir do discurso da professora, existe uma

preocupação com a aprendizagem dos alunos. Neste sentido, a aprendizagem deve

ser significativa para todos os alunos, afinal, os alunos vão à escola em busca da

apropriação do conhecimento científico. Este é um dos papéis da escola inclusiva:

oferecer um ensino de qualidade e acolher a todos os alunos.

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Mesmo a escola tendo uma proposta de educação inclusiva, oferecendo o

apoio técnico aos professores da sala do ensino regular, a professora alerta para

uma dificuldade em lidar com o diferente, que o professores mais experientes,

próximos da aposentadoria enfrentam na era da inclusão:

“...em parte alguns professores têm medo porque vão trabalhar com o

diferente. O diferente assusta muito, e muito dos professores que estão hoje aqui já

estão se aposentando, e estão só pegando esta diferença agora. É muito difícil para

estes professores que estão quase se aposentando, é realmente muito difícil para

estes professores trabalhar com estes alunos com determinadas deficiências. Tem

dias da semana que eu agendo com o professor, eu comunico ao aluno que vou

agendar com o professor as aulas correspondentes a matéria que ele esteja

fazendo, depois de ter comunicado o aluno eu vou até o professor, e digo olha eu

agendei um aluno meu para sua disciplina, logo o professor fala: puxa, logo eu têm

outros professores”.

Como bem lembra Amaral (1995), “a deficiência nunca passa em brancas

nuvens”, e o sujeito com deficiência passa a ser visto pela ótica da deficiência em si,

gerando o que pode ser analisado como a deficiência secundária.

Na percepção do professor sala de ensino regular e da diretora, o suporte

oferecido pela equipe especializada é fundamental para subsidiar tecnicamente o

trabalho do professor:

Professor: “olha eu nunca tive dificuldades de estar lecionando para os alunos

deficientes, pois é bem tranqüilo, até porque aqui no CEJA temos uma equipe

especializada para dar o suporte ao professor da sala do ensino regular”.

Diretora: “a intenção do professor é sempre dar apoio, o aluno vai estar lá

ouvindo o conteúdo da disciplina com o professor e a professora do SAEDE vai estar

dando este reforço, vai estar explorando outras estratégias para estar facilitando a

interação aluno e professor”.

1.6 - Pontos positivos do CEJA:

O ensino modularizado em sua proposta de educação inclusiva foi descrito

positivamente por todos os entrevistados, que destacaram o apoio especializado

recebido, a interação entre os pares e equipe, a colaboração, bem como o suporte

técnico e materiais adequados, como pode ser identificado nas falas a seguir:

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Aluno: “Os pontos positivos do CEJA é que tem aquela sala que é reservada

exclusivamente para gente, onde a gente estuda” [...] a integração da gente nas

salas de aulas do ensino regular e não deixando a gente estudar sozinho, totalmente

sozinho mais a gente pode estar junto com todos, é muito bonito esta inclusão com

outra turma [...] o pessoal aprende muito com a gente, e as pessoas que enxergam

aprendem que a gente pode estudar com eles e contribuir no aprendizado de todos.

E isto foi muito bom, porque o colégio CEJA é o único da cidade que inclui as

pessoas deficientes diretamente na sala do ensino regular com este tipo de apoio”

Professor: “Olha no meu ver não vejo nada que seja negativo no CEJA, pois

vejo muitas qualidades no CEJA para com as pessoas com deficiência, que eu não

vejo em muito outras escolas. Têm muitas escolas por aí que eu vejo que nem tem

uma sala de recursos, nem uma equipe de profissionais para estar atendendo essas

pessoas”.

Diretora: “Eu acho muito importante que os alunos cegos utilizam bastante o

notebook para a leitura e realização dos trabalhos. Os materiais adaptados vem do

Estado e os computadores do MEC, do Fundo Nacional da Educação, mas eu tenho

observado uma preocupação bem grande em relação a isto no CEJA”.

Aluno: “E você vê que tem uma população igual a você, então foi a partir dali

que desencadeou a procura do CEJA. Cheguei até o CEJA através da associação;

então eu vi que as pessoas que se Profissionalizavam, e que para isto tudo tem que

ter um começo, então eu vi que eu teria que ir até ali no CEJA, e concluir meus

estudos. E acabei percebendo que existe uma população igual a mim e que eu não

sou único, não. Então eu pense: opa, espera aí, se eles podem eu também posso

também! Então foi a partir daí que eu cheguei lá”.

Neste caso o aluno demonstra em seu discurso a importância dos serviços

interdisciplinares entre os argentes de educação e ressalta ainda a importância que

o apoio dos amigos exercem na vida do deficiente.

A descrição positiva dos entrevistados frente ao atendimento realizado pelo

CEJA aos alunos com deficiência, vêm ao encontro em alguns aspectos ao

movimento da educação inclusiva, que vem sendo difundido desde a década de 90.

Onde este movimento foi amparado pela Declaração de Salamanca (BRASIL, 1997)

e com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º

9394, em 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), que define Educação Especial,

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no capítulo V, como: “a modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de

necessidades especiais” (da educação especial; artigo 58). Sendo este artigo que

define educação especial em termos da lei e regulamenta a prática da educação

inclusiva.

1.7 - Possibilidades de melhoria no atendimento de alunos com

deficiência:

Todos os entrevistados demonstraram conhecimentos em relação

acessibilidade para subsidiar as necessidades dos alunos com necessidade

especial,e sugeriram melhorias para a formação de uma escola inclusiva. Ressaltam

a importância da escola estar sendo assistida pelos órgãos especializados, tais

como a escola especializada, as associações, as políticas públicas, dando o suporte

para atender a toda as necessidades dos envolvidos com a educação inclusiva.

Pacheco, (2007) alerta que para que isto aconteça, tem que ser buscado

parcerias entre a comunidade, as associações e as escolas mobilizando seus

esforços junto ao governo municipal e federal, buscando a atender a todos,

buscando trabalhar em equipes favorecendo a colocação do aluno em uma escola

de qualidade, que supra as suas necessidades. Sendo que é visto que tem Poucas

escolas que estão bem preparadas para receber todos os alunos e, portanto, é

necessária uma preparação especial quando se espera que haja crianças com

necessidades especiais. É vital preparar os pais, as crianças e o pessoal da escola

inspecionar as instalações da escola para depois receber o aluno, Pacheco (2007).

Diretora: “o que eu percebo é de estar melhorando esta atenção do governo

com as escolas, quer dizer não é estar só melhorando mais sim estar cumprindo a

lei porque a lei existe, só que é muito morosa”.

Professora: “eu vejo que poderia ter um pouco mais de acessibilidade,

corrimão em toda a escola, pois aqui só tem nas escadas, temos rampas que o

deficiente possa realmente subir não aquelas que a gente vê por aí muito

empinadas, o deficiente mesmo tendo a rampa não consegue subir, tendo que pedir

ajuda para terceiros”

Professora: “acho que deveria ter mais professores qualificados nesta área

pois tem muito professores que não se especializam, não vão atrás para aprender

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como trabalhar com o deficiente, por medo do diferente ,do desconhecido, sei lá,

medo mesmo de trabalhar com aquele determinado aluno”.

Professora “aqui mesmo eu vejo isto tem professores que falam: ai coitadinho

mesmo dele. ele é cego, mais você diz que ele vai aprender alguma coisa lá comigo,

eu digo é claro que ele vai, ele é só deficiente visual, o cognitivo, a audição dele é

normal. Mas eu já compreendi, que é só falta de conhecimento, pois interesse

têm.Então é nesta parte que eu acho que deveria melhorar um pouco”

Professor: “No meu ver a infra-estrutura da escola que já é um tanto antiga, e

tem escadas para subir e não tem rampas para ir até o segundo piso. Agora no geral

eu acho que está sendo feito, é claro,com um pouco de morosidade da parte do

governo, mas isto é em todas as escolas”

Nesta fala do aluno e de sua mãe evidencia a preocupação das pessoas com

necessidades especiais, em ser orientado durante a sua formação escolar para o

mercado de trabalho:

Aluno: “a minha opinião é que eles dali mesmo do CEJA encaminhassem já

para o mercado de trabalho, buscando orientar as pessoas aos seus objetivos, e não

deixar sair dali só com o segundo grau e ficar depois lá fora sem saber o que fazer”

Mãe: “olha não parei para pensar nisto não moço, pois eu nem sei o que ele

quer fazer e nem o que ele vai poder fazer no futuro, mas espero que o colégio dê

oportunidade de ele trabalhar novamente para ele poder atender as suas

necessidades e de sua família pois acho que para ele isto é muito importante” .

Conforme Sassaki (1999), para haver um bom preparo na vida profissional, a

pessoa com necessidade especial deverá ter esta preparação em sala de aula, em

setores operacionais da escola e na comunidade. Deverá haver ação conjunta com

o diretor e dos professores da escola, das autoridades educacionais, dos líderes do

movimento dos portadores de deficiência e representantes da comunidade.

1.8 - O papel da família na Educação Inclusiva:

A família é considerada a mediadora primária, por meio da qual, as pessoas

exercem sua influência um sobre o outro e, portanto, possui grande importância na

formação de seus integrantes. Por este motivo, faz-se necessário ressaltar o

relacionamento que o agente principal da pesquisa possui com sua família, e amigos

da escola que é a segunda rede de apoio.

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Quando se busca entender as dificuldades enfrentadas, não só pelas pessoas

com deficiência, percebe-se o conflito que é instalado no seio familiar, levando ao

desespero, e não ao entendimento real do sujeito cometido por uma limitação

proveniente de qualquer tipo de deficiência, seja ela intelectual, motora, visual ou até

a mesmo a deficiência secundária que os sujeitos internalizam de acordo com sua

situação.

De acordo com Amaral, (1995), a presença de um indivíduo portador de uma

deficiência (ou qualquer outra condição especial grave e / ou permanente) implica,

portanto, invariavelmente, para sua família, além da decepção inicial, em uma série

de situações críticas, geralmente acompanhadas de sentimentos e emoções

dolorosas e conflitantes.

Sendo “a família a primeira integradora” (TULESKI et al., p.99 in

MARQUEZINE, 2003), ela desempenha papel fundamental para o desenvolvimento,

socialização e integração do indivíduo, tendo ele necessidades educacionais

especiais ou não.

A importância do papel da família não pode ser minimizada, pois é neste

campo de experiências seguro que os indivíduos deficientes primeiro aprenderão e

comprovarão continuamente que, apesar de suas graves limitações, é permitido

serem eles mesmos (BUSCAGLIA, 1997).

Mãe: “o meu filho é cego e têm muitas dificuldades para andar sozinho e

imagine estar estudando, não faço nem idéia como ele, coitado, pode estar fazendo

isto [...] Olha moço, eu vejo que a sociedade não está preparada não para atender

uma pessoa cega. Eu às vezes me sinto perdida, pois não sei o que fazer para

ajudar o meu filho. É tudo tão diferente agora, pois ele já era um homem, tomava

conta de sua vida, ele era metalúrgico, e agora é simplesmente um aposentado com

um salário mínimo, que nem dá para ele a sustentar a sua família. E para ele

arrumar um emprego, para ele poder trabalhar e ganhar o que ele ganhava, para

voltar a sustentar a sua família, eu acho que ele deve se sentir um inútil, e a gente

não sabe o que fazer, pois realmente ele agora não consegue mais fazer nada do

que ele fazia antes. Então acho que ele tem que ficar com os cegos, para ele

aprender a andar e se acostumar a lidar com esta nova vida dele”

Aluno: “É que no começo quando a gente fica deficiente visual, a gente sai

daquele fator de sobrevivência das pessoas que enxergam, que é casa- trabalho

casa e vice e versa. Então eu me sentia diferente, eu me sentia estranho, outra

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pessoa, você tem que começar tudo de novo. Então você se sente inferior a elas,

mais através do momento que você vai até elas, através da associação que eu

soube que tinha aqui em Itajaí,a associação de deficiente visuais, la você aprende a

se reabilitar, e enfrentar os problemas que você tem no dia a dia”.

Aluno: “Umas das barreiras que eu encontrei para chegar no CEJA, foi devido

a nossa deficiência, a nossa família sabe, eu pensei que eles tinham me

abandonado, mais eles estavam doentes, porque eles não sabem como lidar com

você. Então você tem que procurar pessoas que te orientem, para você entender,

que é você que tem que ajudar eles, então é claro que acontece uma coisa, eles se

afastam de você, as pessoas não sabem como lidar com você, então você acha que

está sendo excluído da sociedade e da família. Mas lá no CEJA você aprende como

orientar eles, e como eles devem Se comportar com nós; diante desta situação aí

você vê que não é tão complicado assim. Então o que me levou a sentir mais

dificuldades, foi o afastamento da minha família, mas hoje eu vejo que eles estavam

doentes e não eu”.

O aluno ressalta a importância do papel da família na educação inclusiva,

neste caso, o aluno percebe a família como dificultadora no processo. Percebe-se

que sua mãe apesar de dar-lhe apoio e atenção , vivencia uma relação de morte,

onde o luto se manifesta interagindo com sentimentos de frustração, perda e dor.

Segundo GAUDERER (1985), os pais de uma criança deficiente estão num eterno

luto pela perda do filho saudável que não veio, o que existe é uma criança substituta

que está definitivamente com sérios problemas. O mesmo acontece quando o filho

adquire a deficiência, vivencia-se o luto pelo filho saudável que agora, vive sob nova

condição.

É importante ressaltar que o luto pelo filho idealizado, pode ser elaborado,

com vistas a aceitação do filho real. Neste sentido, com o apoio da psicologia, no

sentido de acolher a família com as dificuldades instauradas a partir de uma

deficiência, e trabalhando na superação das dificuldades, dando as inúmeras

possibilidades que poderão que ser conquistadas!

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final desta pesquisa se faz necessário pontuar as percepções dos

entrevistados com o intuito de compreender como ocorre o processo de inclusão de

um aluno com deficiência no sistema de ensino modularizado em um Centro de

Educação para Jovens e Adultos (CEJA), de Santa Catarina.

Considero que os objetivos deste estudo foram alcançados, tendo-se

evidenciado que, muito embora seja de conhecimento de quase todos os

profissionais entrevistados, em que consiste a educação inclusiva e como ela se

efetiva, coexiste da mesma forma, uma certa resistência à educação inclusiva, que

se explicitou sobretudo por uma falta de conhecimento sobre a educação inclusiva, a

qual adveio de fatores apontados pela pesquisa, como a falta de formação de alguns

professores. Outros aspectos importantes desvelados com esta pesquisa foi a visão

negativa apresentada pelo aluno com deficiência, ligado ao seu auto-

reconhecimento em relação as suas capacidades, bem como a falta de participação

da família neste processo de aceitação do diferente, para atingir o objetivo de

construir uma escola totalmente inclusiva.

Tornou-se evidente que a relação entre a família e o filho com deficiência

possui um papel fundamental na vida de quem possui ou adquire uma deficiência.

Neste sentido, tanto a família, quanto o sujeito com deficiência visual passaram por

um período de muito sofrimento. Nota-se que foi através da rede social da escola e

amigos, que o sujeito estabeleceu seus primeiros conceitos e sentimentos em

relação ao novo cotidiano que iria enfrentar.

Ao sentir-se compreendido e entender que todos passam pelo processo de

aceitação o aluno com deficiência visual, se reconheceu como um ser capaz,

passando a acreditar em si, com perseverança, acreditou no seu potencial.

O indivíduo pode se sentir seguro para encarar as barreiras sociais, impostas

pela sociedade, e por si mesmo, que segundo o aluno, são as mais difíceis de serem

superadas.

Na escola em que foi realizada a pesquisa, esta possui um Serviço de Apoio

ao Estudante Deficiente (SAED); e isto pode ser considerado como altamente

positivo, mas, o que foi possível perceber é que ainda há um resquício de

segregação dentro da própria escola. Onde alguns dos professores não

conseguiram ainda assumir este projeto como parte de sua responsabilidade,

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restringindo-se apenas àquela professora especializada que atua nesta área e que

faz um grande esforço dentro de suas limitações, para subsidiar a relação aluno e

professor na sala do ensino regular.

Evidentemente que, sem dúvida, há grandes desafios e problemas superados

que vão desde a adequação da estrutura física, bem como o suporte oferecido pelo

CEJA em relação aos recursos materiais e metodológicos que subsidiaram os

avanços. Diante deste quadro, a existência de uma sala de atendimento

especializada (SAED), e de uma professora especializada para atuar representa um

grande avanço que deve ser comemorado, pois, ainda que de maneira bastante

desafiadora, estes alunos recebem um atendimento auxiliar e não se encontram

excluídos, ainda que incluídos pelo suporte especializado, mas evidentemente ainda

há muito a ser feito!

A falta de formação e preparo para trabalhar com alunos especiais, se torna

algo bastante evidenciado no relato dos professores do ensino regular, em não estar

capacitados para atender os alunos. Realmente este é um aspecto importante e, de

fato, acredita-se que a formação acadêmica não tem contemplado de maneira

suficiente este aspecto da formação do educador. Porém é preciso entender que a

formação acadêmica não se encerra na universidade, mas, ao contrário é resultado

de uma bagagem que vai se construindo ao longo da vida, mediante não somente a

teoria, mas à troca de experiências, as leituras, os cursos, a busca constante por

uma reflexão sobre o seu fazer pedagógico.

Neste sentido, a responsabilidade não cai somente no fazer da parte

administrativa do colégio e das políticas públicas, bem como das universidades, mas

de cada professor buscar subsídios e respostas diariamente para que sua atuação

seja eficaz.

Neste aspecto também a existência de um profissional especializado, que

atua na sala de recursos, contribui significativamente no sentido de que ele se

dedica a buscar subsídios para auxiliar estes professores no trabalho que

desenvolvem em sala de aula.

Diante de tudo o que foi exposto, percebe-se que há motivos para acreditar

em avanços, especialmente porque já existe entre os professores, ainda que em

germe, a percepção da dimensão da proposta. Além disso, as iniciativas

governamentais, e da própria administração deste colégio tem sinalizado para um

maior apoio a todas as instâncias que necessitam preparar-se para o acolhimento

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destes alunos. O devido atendimento oferecido pela sala de atendimento

especializado (SAED), é um bom exemplo disso. O que parece ser crucial é a

adoção deste projeto como um projeto da escola, dos professores, dos profissionais

e de toda a comunidade escolar e não como um projeto que se coloca “de fora” para

“dentro”.

Somente quando a instituição e seus colaboradores incorporarem este

trabalho como um objetivo em comum, ela será verdadeiramente inclusiva, onde

todos os alunos, sem distinção encontrarão o seu lugar, sentir-se-ão acolhidos e

atendidos em suas necessidades.

Por fim, é através desta pesquisa que a idéia exposta de proporcionar mais

informações sobre o tema, pode começar a ser colocada em prática. Além disso,

espera-se que este estudo possa subsidiar o ponto de partida para outras

pesquisas, buscando um aprofundamento no tema pesquisado com a ampliação da

amostra, bem como estar buscando avaliar a visão dos alunos do ensino regular, a

respeito do convívio com pessoas com necessidades especiais.

Ficou evidente que existe uma visão clara e objetiva em relação a educação

enquanto criação e efetivação da cidadania. Portanto, não basta somente ensinar, é

preciso construir e concretizar este modelo. Esta transformação se dá

concretamente pela teoria, mas especialmente pela mudança de comportamento, de

motivação, de permanente reflexão entre o tradicional e o novo, entre o comodismo

da permanência e o desafio das inovações, das transformações.

A consciência desta dimensão do educar oferece a possibilidade de explorar

o grande valor da educação. Esta consciência institucional que, inevitavelmente nos

remete à efetiva ação regional, local, que não deixará de considerar, certamente,

cada ator social, como um sujeito de direitos e deveres e portanto que seja

respeitada e conquistada a cidadania.

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08. APÊNDICE

8.1 APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido (professores e

coordenador)

Nome:_____________________________________________________________.

Idade: ____anos, sexo: _______, profissão:________________________________.

Doc. de dentidade:____________________________________________________,

Endereço:___________________________________________________________.

Fui esclarecido (a) sobre a pesquisa intitulada: “Inclusão da pessoa com deficiência

no ensino modularizado”, da autoria de Jair Suavi. A presente pesquisa tem o seguinte

objetivo: compreender como ocorre o processo de inclusão de um aluno com deficiência

visual em um Centro de Educação de Jovens e Adultos. Este estudo traz benefícios a

minha prática docente, à medida que terei acesso aos resultados, e a partir deles, poderei

refletir sobre a minha prática docente, no que se refere ao tipo de atividade que propicia a

inclusão para o aluno com deficiência visual. Neste sentido, o aluno se beneficiará deste

estudo, à medida que eu tenha conhecimentos para selecionar atividades que propiciem

esta inclusão, que é uma categoria fundamental para o desenvolvimento desse sujeito.

Autorizo o pesquisador Jair Suavi a realizar entrevistas semi-estruturadas para

coleta de dados. Estou ciente que esta entrevista será gravada. Fui esclarecido(a),

também, que a qualquer momento em que eu precisar de maiores informações sobre esta

pesquisa poderei obtê-las entrando em contato com o pesquisador, pelo telefone

(47)91398557 e com a orientadora Lísia Regina Ferreira Michels, pelo telefone

(47)84144661. Por ser um estudo de caráter puramente científico, os dados coletados

serão mantidos em anonimato e utilizados somente para os propósitos deste estudo.

Sendo minha participação totalmente voluntária, estou ciente de que não terei direito a

remuneração e de que tenho liberdade para desistir de participar desta pesquisa a

qualquer momento.

Itajaí, _____ de ________________de 2007.

Assinatura (de acordo):____________________________

Jair Suavi: _________________________

Orientadora Profª. Lísia Regina Ferreira Michels_______________________________

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8.2 APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido (pai ou mãe e aluno)

Nome:_____________________________________________________________.

Idade: ____anos, sexo: _______, profissão:________________________________.

Doc. de dentidade:____________________________________________________.

Endereço:___________________________________________________________.

Fui esclarecido (a) sobre a pesquisa intitulada: “Inclusão da pessoa com

deficiência no ensino modularizado”, da autoria de Jair Suavi. A presente pesquisa tem o

seguinte objetivo: compreender como ocorre o processo de inclusão de um aluno com

deficiência visual em um Centro de Educacao de Jovens e Adultos. Este estudo traz

benefícios aos participantes à medida que, os resultados serão apresentados à

professora, coordenador e aos pais, que a partir deles, terão indicadores a respeito do

processo de inclusão, podendo realizar melhorias. Os resultados deste estudo poderão

ser publicados em artigos e/ou livros ou apresentados em congressos profissionais, mas

as informações pessoais que possam identificar os participantes serão mantidas em sigilo.

Autorizo o pesquisador Jair Suavi a realizar entrevistas semi-estruturadas para

coleta de dados. Estou ciente que esta entrevista será gravada. Fui esclarecido(a),

também, de que a qualquer momento em que precisar de maiores informações sobre esta

pesquisa poderei obtê-las entrando em contato com o pesquisador, pelo telefone

(47)91398557 e com sua orientadora Lísia Regina Ferreira Michels, pelo telefone

(47)84144661. Por ser um estudo de caráter puramente científico, os dados coletados

serão mantidos em anonimato e utilizados somente para os propósitos deste estudo.

Sendo minha participação totalmente voluntária, estou ciente de que não terei direito a

remuneração e de que tenho liberdade para desistir de participar desta pesquisa a

qualquer momento.

Itajaí, _____ de ________________de 2007

Assinatura (de acordo): ________________________________

Jair Suavi: _______________________________________ Orientadora:Profª. Lísia Regina Ferreira Michels______________________________

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8.3 APÊNDICE C - Entrevista semi-estruturada dirigida ao aluno.

1. Como você percebe a inclusão de pessoas com deficiência no CEJA?

2. Você teve dificuldades para ingressar no CEJA? Caso sim, quais?

3. Você encontra atualmente dificuldades para se manter no CEJA?

4. Quais as facilidades que você encontra no CEJA?

5. De modo geral, o que você acha das condições do ensino oferecido a você

pelo CEJA?

6. O sistema de ensino modularizado é adaptado para você? De que forma?

7. Você recebe atenção adequada por parte dos professores quando

necessário?

8. Em sala, você recebe apoio de seus colegas de classe para realização de

tarefas? O que acha disso?

9. Como você se relaciona com as demais pessoas (alunos, professores e

funcionários)?

10. Quais serviços que o CEJA oferece que você utiliza?

11. Os serviços que o CEJA oferece correspondem as suas necessidades

educacionais?

12. Quais são os pontos que você considera positivos do CEJA?

13. Quais são os pontos que você considera negativos do CEJA?

14. O que é preciso ser realizado para melhorar o atendimento aos alunos com

deficiência no ensino modularizado oferecido pelo CEJA ?

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8.4 APÊNDICE D - Entrevista semi-estruturada dirigida aos professores

1. Qual é a sua formação?

2. Quando iniciou a formação?

3. Há quanto tempo trabalha como professor?

4. Há quanto tempo trabalha no CEJA?

5. Como você percebe a inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular

em específico no CEJA?

6. Como é o relacionamento dos professores com os alunos com deficiência?

7. Como você acha que é o acesso tanto de estrutura física quanto de prática

educacional do CEJA para pessoas com deficiência?

8. Como você observa o relacionamento das pessoas com deficiência com os

outros alunos?

9. O que você acha de estar trabalhando com alunos com deficiência?

10. Você recebe apoio/orientação para atuar com pessoas com deficiência? Se

recebe, de quem?

11. Como você percebe os recursos humanos e materiais adaptados

(computadores com leitores de tela, livros ampliados, entre outros) no

trabalho com as pessoas com deficiência?

12. Quais as facilidades para atuar com alunos com deficiência?

13. Quais as dificuldades para atuar com alunos com deficiência?

14. Na sua opinião, o que pode ser feito para melhorar a educação de pessoas

com deficiência no CEJA?

15. Quais os pontos que você considera positivos do CEJA para alunos com

deficiência?

16. Quais os pontos que você considera negativos do CEJA para alunos com

deficiência?

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8.5 APÊNDICE E - Entrevista semi-estruturada dirigida à diretora do CEJA

1. Qual é a sua formação?

2. Quando iniciou a formação?

3. Há quanto tempo trabalha no CEJA?

4. Quando você assumiu a direção do CEJA?

5. Como era realizado o trabalho com os deficientes visuais naquele momento?

6. A escola implementou mudanças de lá para cá? Exemplo: conteúdo,

metodologia, estratégias, etc.

7. Houve adaptações no espaço físico da escola para facilitar o acesso do DV,

ou não foi necessário?

8. Existe formação continuada ou cursos na área da educação especial para os

profissionais que atuam junto ao DV, promovidas pelo Estado ou pelo CEJA?

9. As novas tecnologias já são utilizadas no sistema de ensino do CEJA?

10. Como você percebe os recursos humanos e materiais adaptados

(computadores com leitores de tela, livros ampliados, entre outros) no

trabalho com as pessoas com deficiência?

11. Quem produz e disponibiliza o material didático utilizado pelo DV no CEJA?

12. De que forma esse material é adaptado para o cego e o baixa visão?

13. Caso o deficiente visual não faça a leitura em braille, qual outro recurso é

oferecido à ele?

14. Podemos falar em evasão escolar para esse sistema de ensino? No caso do

DV há evasão?

15. Quais estratégias de ensino utilizadas pelo professor em sala de aula aos

alunos com DV?

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8.6 APÊNDICE F – Entrevista semi-estruturada dirigida ao pai ou mãe

1. Para você, onde se encontram as principais resistências no sentido de se

conseguir uma efetiva inclusão?

2. Uma das grandes barreiras a serem derrubadas está nos preconceitos em

relação ao tema deficiência visual. Como você vê o problema?

3. Como você percebe a inclusão de pessoas com deficiência visual no CEJA?

4. O que você observou sobre a inclusão de seu filho no ensino modularizado do

CEJA?

5. Como você imagina o futuro do seu filho?

6. Como e de quem foi à iniciativa de levá-lo ao CEJA? O que você pensa sobre

a escolarização do seu filho?

7. O que você pensa sobre a inclusão escolar da pessoa com deficiência visual?

8. Como você avalia a qualidade da escolarização do seu filho?

9. O que você pensa que poderia mudar em relação à escolarização do seu

filho?

10. Houve algum episódio em que você tive que cobrar, de algum membro da

sociedade, uma postura diferenciada em relação à socialização, aceitação e

escolarização do seu filho?

11. O que você espera do CEJA em relação à escolarização de seu filho e no que

será importante para ele no seu entendimento?

12. Para você, existe diferença do ensino regular para o ensino modularizado do

CEJA? Quais?

13. O que você considera de positivo do CEJA em relação à inclusão de seu

filho?

14. O que você considera de negativo do CEJA em relação à inclusão de seu

filho?

15. O que é que você considera necessário para um melhorar o atendimento aos alunos

com deficiência no ensino modularizado oferecido pelo CEJA?