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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO EGLER FERNANDO MAFFEI Itajaí, Junho/2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO

EGLER FERNANDO MAFFEI

Itajaí, Junho/2008

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I

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO

EGLER FERNANDO MAFFEI

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSc. José Silvio Wolf

Itajaí, Junho/2008

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II

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter guiado meu caminho ao longo desta etapa de minha vida. Agradeço também a minha querida mãe Ângela Aparecida Fernandes, por todo carinho, apoio, educação, incentivo, orgulho que ela tem demonstrado por mim sempre. Agradeço meu grande herói, meu pai Nilo Maffei, que com toda sua sabedoria, honestidade, educação, me fez nele se espelhar e poder chegar aqui sempre de cabeça erguida. Agradeço meus irmãos, Stanley e Emile, por sempre serem grandes companheiros e amigos. Agradeço a minha querida e fiel esposa, Tessália de Souza, por me ajudar, me entender, estar sempre ao meu lado me dando motivação. Agradeço meus grandes amigos, Dalmo e Liliam Castelain, por sempre acreditarem em mim e no meu esforço. Agradeço por fim a todos outros meus familiares e amigos por sempre estarem do meu lado.

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III

DEDICATÓRIA

Dedico com todo amor este trabalho a minha querida mãe Ângela Aparecida Fernandes, ao meu grande herói, meu pai Nilo Maffei, aos meus incríveis irmãos Stanley e Emile, a minha amada e fiel esposa, Tessália de Souza, aos meus grandes amigos, Dalmo e Liliam Castelain, a todos outros meus familiares e amigos por sempre estarem do meu lado. Dedico ainda a todos meus professores que contribuíram e me fizeram construir todo meu conhecimento.

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IV

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, Junho/2008

Egler Fernando Maffei Graduando

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V

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Egler Fernando Maffei, sob o título

A Terceirização no Direito do Trabalho, foi submetida em 09/06/2008 à banca

examinadora composta pelos seguintes professores: Wanderlei Godoy Junior

(examinador), e aprovada com a nota 9,0 (Nove).

Itajaí, 09 de junho de 2008

Professor MSc. José Silvio Wolf Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc. Antonio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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VI

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCB Código Civil Brasileiro

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

FGTS Fundo de Garantia dor Tempo de Serviço

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

ISS Imposto Sobre Serviço

STF Supremo Tribunal Federal

TRT Tribunal Regional do Trabalho

TST Tribunal Superior do Trabalho

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VII

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Atividade-Fim

“Atividades-fins, ao reverso, são as atividades nucleares e definitórias da essência

da dinâmica empresarial do tomador dos serviços.”1

Atividade-Meio

“Atividades-meio são as atividades periféricas à essência da dinâmica empresarial

do tomador dos serviços, ou seja, aquelas funções e tarefas empresariais e

laborais que não se ajustam ao núcleo da dinâmica empresarial do tomador dos

serviços.”2

Empregado

“a pessoa física que presta serviços de natureza continua a empregador, sob

subordinação deste e mediante pagamento de salário.”3

Empregador

“[...] Será empregador todo ente para quem uma pessoa física prestar serviços

continuados, subordinados e assalariados. É por meio da figura do empregado

que se chegará à do empregado, independentemente da estrutura jurídica que

tiver.”4

Terceirização

“Consiste a terceirização na possibilidade de contratar terceiro para a realização

de atividades que não constituem o objeto principal da empresa.“ 5

1 DELGADO, Maurício Godinho, Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo, LTr, 1995. p.374. 2 DELGADO, Maurício Godinho, Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo, LTr, 1995. p.374. 3 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001. p. 129. 4 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005. p.617. 5 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.23.

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VIII

SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................ X

INTRODUÇÃO ................................................................................. 10

CAPITULO 1 ......................................... ........................................... 12

O CONTRATO DE TRABALHO............................. .......................... 12 1 PRECEDENTES HISTÓRICOS .................................................................12 1.2 CONCEITO DE CONTRATO DE TRABALHO ................... .......................13 1.3 SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO ................... ........................18 1.3.1 EMPREGADO............................................................................................18 1.3.2 EMPREGADOR .........................................................................................19 1.4 ELEMENTOS ESSENCIAIS ............................... .......................................21 1.4.1 AGENTE CAPAZ ....................................... ................................................22 1.4.2 OBJETO LÍCITO...................................... ..................................................23 1.5 CARACTERISTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO............ ...............23 1.5.1 PESSOA FÍSICA...................................... ..................................................25 1.5.2 CONTINUIDADE........................................................................................25 1.5.3 SUBORDINAÇÃO....................................... ...............................................26 1.5.4 ONEROSIDADE.........................................................................................27 1.5.5 PESSOALIDADE ....................................... ................................................28

CAPITULO 2 ......................................... ........................................... 30

A TERCEIRIZAÇÃO.................................... ..................................... 30 2 PRECEDENTES HISTÓRICOS .................................................................30 2.1 CONCEITO DE TERCEIRIZAÇÃO .......................... ..................................32 2.2 A TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA E ILÍCITA................... ..................................35 2.3 A TERCEIRIZAÇÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS ....................................... ...........................................................42 2.4 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO CIVIL.................. ................................44 2.5 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO COMERCIAL .............. .......................46 2.6 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO DO TRABALHO ............ ....................47

CAPITULO 3 ......................................... ........................................... 50

A TERCEIRIZAÇÃO E O CONTRATO DE TRABALHO ........... ....... 50 3.1 ASPECTOS COMUNS...............................................................................50 3.2 NATUREZA JURÍDICA DE AMBOS OS CONTRATOS............ ................52 3.3 CONSEQUENCIAS JURÍDICAS ............................ ...................................54 3.4 A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E SUBSIDIÁRIA......... ..................61 3.5 A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45 ...................... ...............................66

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IX

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ............................... 70

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ...................... .................... 72

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X

RESUMO

O presente trabalho aborda possíveis hipóteses a respeito

da relação entre o Contrato de Trabalho e a Terceirização no âmbito do Direito do

Trabalho. Nele buscou-se a conceituação e requisitos diante da norma jurídica do

referente Contrato de Trabalho, relacionando com as possibilidades da

Terceirização, abordando e elaborando um comparativo entre atividade-fim e

atividade-meio. Diante das hipóteses de Terceirização, tratou-se discorrer acerca

da Terceirização Lícita e Terceirização Ilícita, buscando identificar e enquadrar

esta modalidade em suas responsabilidade seja solidária ou subsidiária

juntamente com as conseqüências econômicas e jurídicas, arrematando com

exemplos jurisprudências.

.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto desvendar as

características e conseqüências da Terceirização no Direito do Trabalho.

O seu objetivo é estudar acerca da relação do Contrato de

Trabalho e a Terceirização no cerne do Direito Trabalhista Brasileiro.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando do Contrato

de Trabalho propriamente dito e das características criadores do vínculo

laborativo.

No Capítulo 2, tratando especialmente da Terceirização,

com enfoque mais específico no que refere-se a precedentes históricos, conceito

e relação com demais ramos do Direito.

No Capítulo 3, será tratado propriamente sobre a

Terceirização em relação ao Contrato de Trabalho, discorrendo e trazendo alguns

aspectos comuns, bem como natureza jurídica de ambos os contratos. Por fim, a

responsabilidade atribuídas nessa modalidade contratual e suas conseqüências

jurídicas.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre a Terceirização no Direito Trabalhista Brasileiro, com ênfase para as

responsabilidade e conseqüências sociais e jurídicas.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

1 – As Terceirizações adotadas atualmente pelas empresas brasileiras, estão devidamente constituídas ou apenas servem para mascarar uma relação de emprego?

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2 – A adoção da Terceirização contribui ou não para a flexibilização das normas trabalhistas?

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados

o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente

Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa

Bibliográfica.

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CAPITULO 1

O CONTRATO DE TRABALHO

1 PRECEDENTES HISTÓRICOS

O contrato de trabalho teve surgimento no direito romano,

conforme relata Francisco Ferreira Jorge Neto6:

“O Contrato de Trabalho é originário do direito romano, na qual

havia três formas básicas de locação: a locatio rei, onde uma

das partes se obrigava a conceder o uso e gozo de uma coisa,

em troca de certas retribuições (equipara-se ao contrato de

locação); a locatio operarum, onde uma das partes se obrigava

a executar determinado trabalho, sob determinada

remuneração (figura análoga à locação de serviços); e a

locatio operis faciendi, onde uma das partes se obriga a

realizar um objetivo, sob certa remuneração (se assemelhando

ao contrato de empreitada). O contrato de trabalho tem como

fonte remota a locatio operarum, sendo que, com o avanço

das relações sociais, houve a necessidade da criação de

regras para disciplinar a figura do trabalho subordinado,

levando a constituição do Direito do Trabalho.”

Orlando Gomes e Elson Gottschalk7, também destacam as

três modalidades romanas de locação de trabalho, porem, justificando-as:

“Roma foi uma sociedade cuja economia se baseava no

trabalho escravo. A atividade produtiva não se realizava por

meio de relações entre homens livres, como acontece

6 NETO, Francisco Ferreira Jorge, Manual de Direito do Trabalho . Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2003. p.208. 7 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p.113

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atualmente. O trabalhador era propriedade viva de outro

homem, sobre cujos ombros recaíam os encargos de

produção da riqueza.”

O sistema de produção adorado por Roma, gerou seqüelas

preconceituosas acerca do trabalho. A autentica relação real de domínios sobre a

relação de trabalho, é amparada juridicamente, o que levaram os romanos a

equivocar se quando disciplinaram juridicamente o trabalho escravo, já que a

casta maior achava vil e desonroso o trabalho8.

Orlando Gomes9, ainda correlaciona os preceitos históricos,

para justificar nos modelo atual:

“O Direito Civil moderno acolheu as formas romanas de

constituição da relação de trabalho, consagrando a distinção

entre a locatio operarum e a locatio operis. Entre nós a

primeira chama-se prestação de serviços e a segunda,

empreitada.”

Com isso, demos um breve esclarecimento acerca do

precedente histórico do contrato de trabalho.

1.2 CONCEITO DE CONTRATO DE TRABALHO

Neste tópico, esclareceremos sobre o conceito de Contrato

de Trabalho, também tido como Relação de Emprego.

Para compreendermos o que seja Contrato de Trabalho e/ou

Relação de Emprego, segue breve conceituação dos termos Trabalho e Emprego.

8 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p.113. 9 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p.113.

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Para Karl Marx, trabalho10 é uma manifestação da liberdade

humana, da capacidade humana de criar a própria forma de existência especifica.

Não se trata, certamente, de uma liberdade infinita porque a produção está

sempre relacionada com as condições materiais e com as necessidades já

criadas; e estas condições atuam como fatores limitativos em qualquer fase da

história.

Segundo Maria Helena Diniz11, “é o conjunto de atividades

humanas, intelectuais ou braçais que geram uma utilidade”.

Já sobre Emprego, temos as seguintes reflexões12:

“[...] a relação, estável, e mais ou menos duradoura, que existe

entre quem organiza o trabalho e quem realiza o trabalho. É

uma espécie de contrato no qual o possuidor dos meios de

produção paga pelo trabalho de outros, qual não são

possuidores do meio de produção.”

Também Emprego13 pode ser definido como a “atividade

remunerada que alguém exerce pra outrem, a quem está subordinado. Função ou

ocupação de caráter público ou privado.”

No tocante ao Contrato de Trabalho e/ou Contrato de

Emprego, relata SergioPinto Martins14:

“O termo mais correto a ser utilizado deveria ser contrato de

emprego ou relação de emprego, porque não trataremos da

relação que qualquer trabalhador, mas do pacto entre o

trabalhador e o empregado, do trabalho subordinado.”

Amauri Mascaro Nascimento15 pondera ao expressar:

10 MARX, Karl, Disponível em: <http://www.filosofiavirtual.pro.br/trabalhomarx.htm>. Acesso em: 8 fev. 2008. 11 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico . 3 ed. Saraiva, São Paulo, 1998. 12 Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/projetos/fim-dos-empregos/empregoEtrabalho.htm>. Acesso em: 9 fev. 2008. 13 Enciclopédia do Advogado. Centro de Estudos de Direito da Universidade Estáci o de Sá , 5

ed. 1995. 14 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1999. p.86

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15

“É preciso advertir que não há uniformidade na denominação

que autores dão ao vínculo jurídico que tem como partes, de

um lado, o empregado, e, de outro lado, o empregador. Nem

mesmo a nossa se definiu, nela sendo encontrada tanto a

expressão contrato individual de trabalho como relação de

emprego”.

Diante as inúmeras posições, achei por bem citar as

ponderações de Carla Teresa Martins Romar16:

“Quando falamos em relação de trabalho estamos nos

referindo a um tipo de relação jurídica que tem caráter

genérico, e que diz respeito a todas as relações caracterizadas

pela prestação de serviços, que nada mais é do que uma

obrigação de fazer consubstanciada no trabalho humano. A

relação de trabalho abrange a relação de emprego, a relação

de trabalho autônomo, a relação de trabalho temporário, etc. A

relação de emprego, portanto, tecnicamente é uma das

espécies de relação de trabalho, alias, sob o aspecto

econômico-social, é a mais importante modalidade de

pactuação de prestação de trabalho, sendo que somente ele

constitui objeto de Direito do trabalho.”

Trataremos de esclarecer o conceito do que se tem por

Contrato de Trabalho.

Para Jean-Claude Javiller17, o contrato de trabalho tem a

seguinte conceituação: “Contrato de trabalho é um acordo através do qual uma

pessoa se compromete a trabalhar sob subordinação jurídica de uma outra que a

remunera.”

15 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 151. 16 ROMAR, Carla Teresa Martins. Alteração do Contrato de Trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p.25. 17 JAVILLER, Jean-Claude, Manual de Direito do trabalho , trad. Rita Asdine Bozaciyan, p. 25.

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16

Em sua obra, Orlando Gomes18, assim formula sua

definição:

“Recolhendo-se o que há de essencial, pode-se formular a

seguinte definição: Contrato de trabalho é a convenção pela

qual um ou vários empregados,mediante certa remuneração e

em caráter não-eventual, prestam trabalho pessoal em proveito

e sob direção de empregador.”

Filho e Moraes19, assim definem:

Abandonando todas as inúmeras e possíveis definições de

contrato de trabalho propostas pelos vários autores, podemos

conceituá-lo como acordo pelo qual uma pessoa natural se

compromete a prestar serviços não eventuais a outra pessoa

natural ou jurídica, em seu proveito e sob suas ordens,

mediante salário.

Segundo Octavio Bueno Magano20, Contrato de Trabalho é

“o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física se obriga, mediante remuneração,

a prestar serviços não eventuais, a outra pessoa ou entidade, sob a direção de

qualquer das últimas.”

Para Mauricio Godinho Delgado21Contrato de Trabalho seria:

[...] identificados seus elementos componentes e o laço que

os mentem integrados, define-se o contrato de trabalho

como o negocio jurídico expresso ou tácito mediante o qual

uma pessoa natural obriga-se perante pessoa natural,

jurídica ou ente despersonificado a uma prestação pessoal,

não-eventual, subordinada e onerosa de serviços.

18 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p.121. 19 FILHO, Evaristo de Moraes e MORAES, Antonio Carlos Flores de, Introdução ao Direito do Trabalho , 8 ed. rev., atual. e ampl., São Paulo, Ltr, 2000. p.235. 20 MAGANO, Octavio Bueno. Manual de Direito do Trabalho. Vol. II, 4 ed.. São Paulo: Ltr, 1993. p.47. 21 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007. p. 243.

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17

Carmen Camino22 entende por Contrato de Trabalho:

Relação jurídica de caráter consensual, intuitu personae em

relação ao empregado, sinalagmático, comutativo, de trato

sucessível e oneroso pelo qual o empregado obriga-se a

prestar trabalho pessoal, não eventual e subordinado ao

empregador o qual, suportando os riscos do empreendimento

econômico, comanda a prestação pessoal de trabalho,

contraprestando-a através de salário.

Na expressão de Mauricio Godinho Delgado “[...] contrato de

trabalho, no sentido estrito, quer-se referir à noção técnico-jurídica de contrato de

emprego.”23, e outra de Délio Maranhão e Luiz Barbosa Carvalho24 “O contrato de

trabalho é um contrato realidade: são os fatos que definem sua existência e não o

nomem júris que lhe possa ter sido atribuído.”

É salutar destacar as modalidades do contrato de trabalho,

conforme preceitua Delgado25:

Os contratos de trabalho podem, desse modo, ser expressos

ou tácitos, conforme o tipo de expressão da manifestação de

vontade característica do pacto efetivado. Podem ser, ainda,

individuais (contato individual de trabalho) ou plúrimos,

conforme o numero de sujeitos ativos (empregados)

componentes do respectivo pólo da relação jurídica. Porem,

finalmente, podem ser por tempo indeterminado ou por tempo

determinado, conforme a previsão de sua duração temporal.

22 CAMINO, Carmen, Direito Individual do Trabalho . 4 ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p.257. 23 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 3 ed., São Paulo: LTr, 2004. p. 257. 24 MARANHÃO, Délio, CARVALHO, Luiz Inácio Barbosa, Direito do Trabalho , 17. ed. rev. e atual., Editora Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 1993. p. 47 25 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007. p. 243.

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1.3 SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO

Como em toda relação jurídica, esta nasce por sujeitos que

nela se inserem. Na relação jurídica trabalhista também encontramos os sujeitos

da relação Contrato de Trabalho, sendo a principio o Empregado e o Empregador,

quais iremos decorrer a seguir.

1.3.1 EMPREGADO

O empregado trata de ser um dos sujeitos do Contrato de

Trabalho, qual devemos entender, seu conceito e sua importância.

Orlando Gomes26 afirma:

O conceito de empregado é de suma importância no Direito do

Trabalho, porque é ele o destinatário das normas protetoras

que constituem este Direito.

Logo Orlando Gomes27 também já define empregado como

“toda pessoa física que prestar serviços de natureza não-eventual a empregador,

sob a dependência deste e mediante salário.”

Sergio Pinto Martins28 define empregado como a pessoa

física que presta serviços de natureza continua a empregador, sob subordinação

deste e mediante pagamento de salário.

26 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005. p.79. 27 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007. p. 243. 28 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001. p. 129.

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Amauri Mascaro Nascimento29 define empregado como a

pessoa física que com animo de empregado trabalha subordinadamente e de

modo não-eventual para outrem, de quem recebe salário.

Por fim, Délio Maranhão e Luiz Barbosa Carvalho30, assim

expressam sobre empregado:

“Um dos sujeitos do contrato individual de trabalho – o

empregado – há de ser, necessariamente, pessoa física. A

principal obrigação assumida pelo empregado, por força do

contrato – a de prestar trabalho -, é de natureza pessoal.”

Este referente é assim tratado e definido pelos

doutrinadores, e como é visto na relação do Direito do Trabalho.

1.3.2 EMPREGADOR

No outro pólo da relação, temos a figura do empregador,

outro sujeito do Contrato de Trabalho.

Na caracterização do empregador, assevera Orlando Gomes

e Elson Gottschalk31:

Devedor da contraprestação salarial e outras acessórias,

credor da prestação de trabalho e de sua utilidade, é ele a

figura central da empresa, no seu dinamismo econômico, social

e disciplinar.

No mesmo sentido e com fim de conceituar empregador,

preceitua Amauri Mascaro Nascimento32:

29 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005. p.590. 30 MARANHÃO, Délio, CARVALHO, Luiz Inácio Barbosa, Direito do Trabalho , 17. ed. rev. e atual., Editora Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 1993. p.62. 31 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005. p.101

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[...] Será empregador todo ente para quem uma pessoa física

prestar serviços continuados, subordinados e assalariados. É

por meio da figura do empregado que se chegará à do

empregado, independentemente da estrutura jurídica que tiver.

Já Evaristo de Moraes Filho33 em sua definição é mais

sucinto e define “[...] Empregador é a pessoa natural ou jurídica que utiliza serviços

de outrem em virtude de um contrato de trabalho [...]”

Delgado34 em seu discurso acerca do sujeito empregador,

faz uma alusão crítica ao texto celetista, o enunciado do caput celetista é,

tecnicamente, falho, sendo também falho o parágrafo primeiro do mesmo artigo, por

traduzir-se como claramente tautológico.

Seguindo o pensamento de Delgado35:

“Na verdade, empregador não é a empresa – ente que não

configura, obviamente, sujeito de direitos na ordem jurídica

brasileira. Empregador será a pessoa física, jurídica ou ente

despersonificado titular da empresa ou estabelecimento.”

Para finalizar, Delgado justifica a crítica, explicando o

sentido do termo adotado pelo texto legal .36

“A eleição do termo empresa, pela CLT, para designar a figura

do empregador apenas denuncia, mais uma vez, a forte

influencia institucionalista e da teoria da relação de trabalho

que se fez presente no contexto histórico de elaboração desse

diploma justrabalhista.”

32 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005. p.617. 33 FILHO, Evaristo de Moraes, MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao Direito do Trabalho , 8 ed. rev., atual. e ampl., São Paulo, Ltr, 2000. p.253. 34 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391. 35 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391. 36 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391.

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1.4 ELEMENTOS ESSENCIAIS

Como qualquer outro contrato, o contrato de trabalho

quando formalizado deve ser observado os requisitos essenciais para que se

torne válido, sendo estes, o agente capaz e o objeto lícito.

Maurício Godinho Delgado37 define e elenca os elementos

essenciais componentes do contrato de trabalho:

Os elementos componentes do contrato empregatício não

diferem, em geral, daqueles já identificados pela teoria civilista

clássica [...]

Os elementos jurídico-formais (elementos essenciais) do

contrato de trabalho são aqueles enunciados pelo direito civil:

capacidade das partes; licitude do objeto; forma prescrita ou

não vedada por Lei [...]

O contrato de trabalho impõe aos contratantes certos limites

na autonomia e liberdade de contratação.

Arnaldo Sussekind38 relata:

“O contrato de trabalho como já dissemos – é um contrato

regulamentado – tem o direito do trabalho como finalidade

primeira protege a saúde e a vida do trabalhador e garantir-lhe

um nível compatível com a dignidade humana. E, se este é o

seu propósito, é natural que, estando condicionada à

realização desse objeto pelo conteúdo da relação de trabalho,

tivesse a lei cuidado de fixá-los de modo imperativo. A Lei

contém um contrato mínimo de trabalho, [...] E este contrato

mínimo se impõe a vontade das partes na estipulação de cada

contrato individual.”

37 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391. 38 SUSSEKIND, Arnaldo, Instituições de Direito do Trabalho . 17.ed. São Paulo: LTr, 1997.

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1.4.1 AGENTE CAPAZ

Antes mesmo de entrarmos nas especificidade do agente

capaz para contrair contrato de trabalho, veremos o que pondera Delgado39:

Capacidade como se sabe, é a aptidão para exercer por si ou

por outrem, atos da vida civil. Capacidade trabalhista é a

aptidão reconhecida pelo direito do trabalho para o exercício da

vida laborativa.

Tendo o contrato de trabalho sua peculiaridade e por se

tratar de um Direito Social, e por tratar-se de um acordo de vontades, para

iniciação do negocio jurídico, por parte de direito privado, temos que nos ater aos

agentes contratantes deste acordo.

A Constituição Federal de 1988, traz em seu artigo 7º, inciso

XXXIII, vedação qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de

aprendiz, a partir de 14 anos.

Segundo José Augusto Rodrigues Pinto40:

[...] sendo proibido o trabalho do menor de 14 anos, na

condição de aprendiz, e sendo, em qualquer caso, pessoal a

prestação do trabalhador, conclui-se não haver lugar para a

representação.

Assim sendo, para que o contrato de trabalho seja válido

quanto ao seu agente, este deverá ser capaz, ou seja, estar em pleno gozo de

sua capacidade civil (capacidade absoluta).

39 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391. 40 PINTO, José Augusto Rodrigues, Curso de Direito Individual do Trabalho . São Paulo: LTr, 1994, pág. 168.

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1.4.2 OBJETO LÍCITO

Diante do objeto lícito do contrato de trabalho, este deverá

estar em conformidade com a Lei, ou não enquadrado naqueles atos regulados

pela Lei Penal como crime (ilícito).

Delgado41 ensina:

[...] o direito do trabalho não destoa desse critério normativo

geral. Enquadrando-se o labor prestado em um tipo legal

criminal, rejeita a ordem justrabalhista reconhecimento jurídico

a relação socioeconômica formada, negando-lhe, desse modo,

qualquer repercussão de caráter trabalhista não será valido,

pois, contrato laborativo que tenha por objeto trabalho ilícito.

Contudo, fica claro que nas relações trabalhistas, os objetos

ilícitos não são validos, anulando assim o vínculo, porquanto esse ato fere norma

Penal de Direito.

1.5 CARACTERISTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO

Os doutrinadores estão pacíficos quanto aos elementos

caracterizadores do contrato de trabalho, não fugindo daqueles indicados nos

artigos 2º e 3º da CLT, ou seja: a) pessoa física (como empregado); b)

Continuidade; c) Subordinação; d) Onerosidade; e) Pessoalidade.

O Art. 3º da CLT42 traz: Considera-se empregado toda

pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a

dependência deste e mediante salário.

41 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho , 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.391. 42 CLT, Acadêmica , 3º ed., São Paulo: Saraiva, 2005.

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24

Diante disso e para maior entendimento, analisaremos cada

particularidade para caracterização do contrato de trabalho.

Embora a Lei determine e relaciona os elementos

caracterizadores do contrato de trabalho, não podemos esquecer dos princípios

norteadores do direito, quais são fundamentais nas resoluções das contendas.

Desta forma, Sergio Pinto Martins43, trata do principio da

primazia da realidade:

“No Direito do Trabalho os fatos são muitos mais importantes

do que documentos. Por exemplo, se um empregado é rotulado

de autônomo pelo empregador, possuindo contrato escrito de

representação comercial com o ultimo, o que deve se

observado realmente são as condições fáticas que

demonstrem a existência do contrato de trabalho. Muitas

vezes, o empregado assina documentos sem saber o que está

assinando. Em sua admissão, pode assinar todos os papeis

possíveis, desde o contrato de trabalho até seu pedido de

demissão, daí a possibilidade de serem feitas provas para

contrariar os documentos apresentados, que irão evidenciar

realmente os fatos ocorridos na relação entre as parte. São

privilegiados, portanto, os fatos, a realidade, sobre a forma ou a

estrutura empregado.”

Este principio da primazia da realidade, é um dos principais

e levado muito em conta para dirimir contendas trabalhistas, embora documentos

sejam apresentados como meio de prova. Para o Direito do trabalho, a relação

real das atividades laborativas e o modo como se dá, apresenta o contrato de

trabalho na sua pratica, é que é levado mais em consideração.

43 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.77

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1.5.1 PESSOA FÍSICA

Como o próprio texto legal já diz, o empregado sempre será

uma pessoa física, estritamente uma pessoa física.

Para melhor esclarecer, Sergio Pinto Martins44 ensina:

O primeiro requisito para ser empregado e ser pessoa física.

Não é possível o empregado ser pessoa jurídica ou animal. A

legislação trabalhista tutela a pessoa física do trabalhador. Os

serviços prestados pela pessoa jurídica são regulados pelo

Direito Civil.

Amauri Mascaro Nascimento45 salienta:

Toda pessoa física, excluindo-se, portanto, a pessoa jurídica,

porque esta jamais poderá executar o próprio trabalho,

fazendo-o por meio de pessoas físicas.

Portanto, o elo trabalhista somente irá se configurar, se nele

apresentar-se a pessoa física como um dos pólos da relação.

1.5.2 CONTINUIDADE

Para a manutenção do elo jurídico, o empregado deve

destinar o seu trabalho de modo constante a um destinatário e mantendo uma

constância no desenvolvimento da sua atividade, caracterizando assim a

continuidade46.

44 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.128. 45 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005.p.592. 46 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005.p.598.

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Com relação à não eventualidade ou continuidade, Sergio

Pinto Martins47 ministra:

“O serviço prestado pelo empregado deve ser de caráter não

eventual, e o trabalho de ser da natureza contínua, não

podendo ser episódico, ocasional. Um dos requisitos do

contrato de trabalho é a continuidade na prestação de serviços,

pois aquele pacto é um contrato de trato sucessivo, de

duração, que não se exaure numa única prestação.”

1.5.3 SUBORDINAÇÃO

A subordinação é elemento fundamental para caracterização

da relação de emprego e/ou contrato de trabalho,

Sergio Pinto Martins48 trata de um dos requisitos dizendo

“[...] costuma-se empregar também a palavra subordinação, que é mais exata.

Subordinação vem do latim sub ordine, estar sob as ordens.”

Martins49 ressalta ainda, que:

Isso quer dizer que o trabalhador empregado é dirigido por

outrem: o empregador. Se o trabalhador não é dirigido pelo

empregador, mas por ele próprio, não se pode falar em

empregado, mas em autônomo ou outro tipo de trabalhador.

Já no entendimento de Amauri Mascaro Nascimento 50:

47 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.128. 48 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.129 49 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.129. 50 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005.p.603

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27

Prefiro definir subordinação como uma situação em que se

encontra o trabalhador, decorrente da limitação contratual da

autonomia da sua vontade, para o fim de transferir ao

empregador o poder de direção sobre a atividade de

desempenhará. A subordina significa uma limitação à

autonomia do empregado, de tal modo que a execução dos

serviços deve pautar-se por certas normas que não serão por

ele traçadas.

Portanto, para caracterização deste requisito que juntamente

com demais, gerar vínculo empregatício, o individuo neste estado de

subordinação não tem liberdade para tomar suas próprias decisões, ou seja,

sujeitando-se à vontade do empregador.

1.5.4 ONEROSIDADE

Onerosidade nada mais é que contrato feito mediante contra

prestação pecuniária, ou seja, não podendo ser a título gratuito.

Neste sentido Amauri Mascaro Nascimento51 explica que a

Onerosidade é encargo bilateral próprio da relação de emprego. Onerosidade

quer dizer que só haverá contrato de trabalho desde que exista um salário,

convencionado ou pago.

Sergio Pinto Martins52 complementa:

“O empregado é uma pessoa que recebe salários pela

prestação de serviços ao empregador. É da natureza do

contrato de trabalho ser este oneroso. Não existe contrato de

trabalho gratuito.”

51 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005.p.595 52 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.128.

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Por fim, Mauricio Godinho Delgado53 coloca as palavras com

sapiência, para que interlocutores possam perfeitamente entender:

“O contato de trabalho é, desse modo, um contrato bilateral,

sinalagmático e oneroso, por envolver um conjunto

diferenciado de prestações e contraprestações recíprocas entre

as partes, economicamente mensuráveis.”

Vejamos que o contrato de trabalho tem e sempre terá essa

característica de onerosidade.

1.5.5 PESSOALIDADE

Quanto à pessoalidade, assim destaca Sergio Pinto

Martins54:

“O contrato de trabalho deve ser feito por certa pessoa,

constituindo-se assim o intuitu personae, ou seja, o empregado

não pode se fazer substituir, caracterizando desta forma o

elemento pessoalidade.”

No mesmo sentido, Amauri Mascaro Nascimento55, explica

que a prestação laborativa por parte do sujeito do contrato de trabalho, deve ser

exercida sem delegação:

A atividade deve ser direta e exercida pelo próprio trabalhador.

Fica excluída toda espécie de delegação, o que vale dizer que

não é empregado aquele que por sua iniciativa se faz substituir

no serviço, circunstancia que descaracteriza a relação de

emprego.

53 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho, 6º ed., São Paulo: LTr, 2007.p.298. 54 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho , 13 ed., ver. e ampl., atualizada até dezembro/2000, São Paulo: Atlas, 2001.p.128. 55 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho , 20 ed. rev. e atual., São Paulo, Saraiva, 2005.p.593

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29

Com essa categoria, encerram-se os elementos

caracterizadores do contrato de trabalho.

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CAPITULO 2

A TERCEIRIZAÇÃO

2 PRECEDENTES HISTÓRICOS

Para melhor entendermos o processo da terceirização nos

dias atuais, é imprescindível conhecermos os precedentes históricos do instituto.

Ensina Sergio Pinto Martins56

“Surge a terceirização a partir do momento em que há

desemprego na sociedade. É o que ocorre no nosso pais,

quando passamos por crises econômicas, em que o

empresário procura diminuir seus custos, principalmente com

mão-de-obra.”

Historicamente falando, ainda o doutrinador Sergio Pinto

Martins, traz esclarecimentos de onde surgiram as primeiras idéias de

terceirização57

“Tem-se idéia de terceirização no período da Segunda Guerra

Mundial, quando as empresas produtoras de armas estavam

sobrecarregadas com a demanda. Verificaram que poderiam

delegar serviços a terceiros, que seriam contratados para dar

suporte ao aumento da produção de armar. As multinacionais,

principalmente do ramo industrial do automobilístico na década

de cinqüenta, foram as responsáveis em trazer ao Brasil as

primeiras noções da terceirização. O serviço terceirizado era

contratado para que produzissem componentes para

fabricação dos automóveis.” 56 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.15. 57 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.16.

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31

Uma década mais tarde, nos anos sessenta, surgiu o

primeiro Decreto de regulamentação de uma prestação de serviço, como relata

Sergio Pinto Martins58

“Os Decretos-leis nº 1.212 e 1.216, de 1966, permitiram aos

bancos dispor de serviços de segurança prestados por

empresas particulares, gerando a prestação de serviços por

empresas de segurança bancária.”

Sobre os serviços temporários, podemos ressaltar sua

origem relatada por Martins59

“As empresas de trabalho temporário surgiram nos Estados

Unidos, quando o advogado Winters tinha de apresentar um

recurso de 120 laudas [...] mas sua secretária adoeceu. Um

colega apresentou Mary [...] Mary datilografou o recurso, que

foi entregue tempestivamente ao tribunal. [...] Resolveu fundar

a Man Power, que possui mais de 500 escritórios por todo o

mundo, fornecendo mão-de-obra temporária [...]”

Com o passar do tempo este forma de contratar tornou-se

cada vê mais comum, com isso foram surgindo normas de regulamentação60

“[...] Nesse contexto é que surge a primeira norma que

efetivamente tratou da terceirização – embora não com esse

nome -, a Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que regulou a

prática do trabalho temporário, já utilizado em larga escala no

mercado antes da edição daquela regra legal, porem sem

qualquer normatização [...]”

58 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.16. 59 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.16. 60 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.17.

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32

2.1 CONCEITO DE TERCEIRIZAÇÃO

Neste tópico, iremos discorrer sobre o conceito propriamente

dito de terceirização.

Primeiramente, deveremos entender a origem e o correto

nome dado a esta modalidade, trazido por Sergio Pinto Martins61

“Vários nomes são utilizados para denominar a contratação de

terceiros pela empresa para prestação de serviços ligados a

sua atividade-meio. Fala-se em terceirização, subcontratação,

terceirização, filialização, reconcentração, desverticalização,

exteriorização do emprego, localização, parceria etc. Entende-

se que terceirização é vocábulo não contido nos dicionários e

que seria um neologismo.”

Para ajudarmos a elucidar eventuais duvidas acerca deste

referente, Otavio Calvet62 ensina:

“Consiste a terceirização numa delegação de poder

empregatício a um terceiro que, especializando-se na

atividade que o tomador pretende não exercitar diretamente,

presta-lhe o serviço mediante a contratação de mão-de-obra

própria. Assim, por meio da terceirização obtém o tomador dos

serviços a possibilidade de delegar a um terceiro a condição

de empregador que normalmente deteria, já que pela regra

geral em direito do trabalho (dualidade da relação de

emprego), todo ente que pretender obter energia de trabalho

deve efetuar um pacto laboral nos moldes dos arts. 2° e 3° da

CLT, sendo qualquer outro tipo de vinculação considerada

exceção à regra clássica consolidada.

61 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.19. 62 Otavio Calvet é Juiz do Trabalho Substituto do TRT-RJ, Mestrando em Direito do Trabalho na PUCSP e Coordenador e Professor de Direito do Trabalho no Decisum Estudos Jurídicos – RJ.

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33

Já com uma definição mais aberta, Amauri Mascaro

Nascimento63

“[...] terceirizar é transferir a terceiros uma obrigação e um

direito que originalmente seriam exercitáveis no âmbito do

contrato-originário, mas que passam, pela subcontratação, a

gravitar no âmbito do contrato-derivado [...].

Sergio Pinto Martins64 destaca em sua obra o seguinte

conceito para este referente:

“Consiste a terceirização na possibilidade de contratar terceiro

para a realização de atividades que não constituem o objeto

principal da empresa. Essa contratação pode envolver tanto

produção de bens com serviços, como ocorre na necessidade

de contratação de serviços de limpeza, de vigilância ou até de

serviços temporários. Envolve a terceirização uma forma de

contratação que vai agregar a atividade-fim de uma empresa,

normalmente a que preste os serviços, à atividade-meio de

outra.”

Rosa Maria de Jesus Grangeiro65 defende um conceito

moderno para definir a terceirização

“A Terceirização é um conceito moderno de produção, que se

firma na parceria consciente entre as empresas especializadas

em determinados ramos. Terceirização é o conjunto de

transferência de produção de partes que integram o todo de

um mesmo produto.”

Ainda traz o seguinte conceito mais técnico66

63 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho . 22. ed. rev. e atual. São Paulo, Saraiva, 2007. p. 623. 64 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.23. 65 GRANGEIRO, Rosa Maria de Jesus, Terceirização. Monografia apresentada no curso de Organização, Sistemas e Métodos das Faculdades Integradas Campos Salles, 2000. http://www.maurolaruccia.adm.br/trabalhos/terceiriz.htm

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34

“Consideram-se terceiros, todas aquelas pessoas físicas ou

jurídicas prestadoras de serviços, que colocam mão-de-obra à

disposição da empresa, sem vínculo empregatício.”

Octávio Bueno Magano67 argumenta:

"O verbo terceirizar usa-se modernamente para significar a

entrega a terceiro de atividades não essenciais da empresa".

No mesmo sentido Ana Carolina Burle Maciel68 destaca:

“Terceirização é a ligação existente entre uma empresa e um

terceiro, decorrente de um contrato que pode ser regulado

pelo Direito Civil, Comercial ou Administrativo visando a

realização de serviços da atividade meio da empresa

tomadora. Não se confunde com o merchandage, pois este é a

contratação de mão-de-obra para a execução de serviços que

constituem a atividade fim da empresa, não sendo permitido

em nosso ordenamento jurídico.”

Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro69

“O conceito de terceirização aplicado à Administração Pública

é o mesmo aplicado no âmbito do Direito do Trabalho, vez que

este celebra, com muita freqüência, contratos de empreitada

(de obra e de serviço) e de fornecimento, mas sempre com

fundamento no art. 37, XXI, da Constituição Federal [...]”

Sergio Pinto Martins ainda traz o importante

esclarecimento70

66 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho , 17 ed. atual., Rio de Janeiro, Forense, 2005, p.113 67 MAGANO, Octávio Bueno, Curso de Direito do Trabalho. 3º ed. São Paulo, Saraiva, 1985. p.235. 68 http://www.prt21.mpt.gov.br/estag/carolina.htm 69 PIETRO, Di Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo . 18ª ed. São Paulo: Atlas. 2005. p. 303. 70 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.24/25.

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35

“De certa forma, a terceirização não se confunde com a

subcontratação, pois nesta muitas vezes o interesse principal

é a contratação de pessoal para quando a empresa tem

maiores necessidades de produção. Na terceirização, o

contato com o terceirizado é permanente e não ocasional,

apenas para picos de produção, como na subcontratação.”

2.2 A TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA E ILÍCITA

Aqui serão abordadas as normas proibitivas ou não da

terceirização, bem como o estudo com enfoque na legalidade ou ilegalidade do

instituto. Diante das divergências com relação ao entendimento de quando ou não

poderá ser utilizada a contratação terceirizada.

Iniciando o raciocínio, alisaremos o que a Constituição

Federal protege, em seu Art. 170:

“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho

humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos

existência digna, conforme, os ditames da justiça social,

observando os seguintes princípios:

I – soberania Nacional;

II – propriedade privada;

III – função social da propriedade;

IV – livre concorrência; (...)”

Como vemos a carta Magna, estabelece princípios de livre

iniciativa, o que demonstra serem lícitos quaisquer serviços, mesmo que de

terceirização, como os que são elencados no Código Civil, locação de serviços e

empreitada.

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36

Certas atividades estão inseridas na contratação

terceirizada, mas nem sempre isso ocorre de maneira lícita, aos olhos dos

doutrinadores, visto que Sergio Pinto Martins71 relata sobre o tema:

“[...] a contratação de trabalhadores por empresa interposta é

ilegal, formando-se o vinculo diretamente com o tomador de

serviços (inciso I do Súmula 331 do TST), salvo na existência

de fraude, caso em que poderá falar que o vínculo de emprego

se forma diretamente como tomador dos serviços, aplicando-

se o art. 9º da CLT.”

Como decorrência do estudo, e já que não podemos tratar

da terceirização sem falar no Súmula 331 do TST, é importante distinguirmos a

terceirização lícita e ilícita da terceirização legal e ilegal. Para tanto Sergio Pinto

Matins72 ensina:

“[...] A terceirização legal ou ilícita é a que observa os

preceitos legais relativos aos direitos dos trabalhadores, não

pretendendo frauda-los, distanciando-se da existência da

relação de emprego. A terceirização ilegal ou ilícita é a que se

refere a locação permanente de mão-de-obra, que pode dar

ensejo a fraudes e a prejuízos aos trabalhadores.”

A Súmula nº 331 do TST apresenta nítida distinção entre

terceirização lícita e terceirização ilícita, enumera as hipóteses de admissibilidade

dessa relação jurídica de trabalho triangular e indica os efeitos jurídicos

decorrentes de cada caso, aparentemente pondo fim a um ciclo de intensos

debates jurisprudenciais sobre a temática.

Sergio Pinto Martins73 classifica hipóteses de terceirização

lícita:

71 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.138. 72 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.139. 73 Idem 17.

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“É lícita a terceirização feita para o trabalho temporário (Lei nº

6.019/74), desde que não sejam exercidos os três meses de

prestação de serviços pelo funcionário na empresa tomadora

em relação a vigilantes (Lei nº 7.102/83); de serviços de

limpeza; da empreitada [...]; da subempreitada (art. 455 da

CLT); da locação de serviços; das empresas definidas na lista

de serviços submetidos ao ISS, conforma redação da Lei

Complementar nº 56 ao Decreto-lei nº 406, pois tais empresas

pagam, inclusive, impostos; em relação ao representante

comercial autônomo (Lei nº 4.886/65); do estagiário, de modo

a lhe propiciar a complementação do estudo mediante a

interveniência, obrigatória da instituição de ensino (Lei nº

6.494/77).”

O doutrinador, ainda demonstra em forma de representação

de requisitos, a validade da terceirização.

“Para que a terceirização seja plenamente válida no âmbito

empresarial, não podem existir elementos pertinentes a

relação de emprego no trabalho do terceirizado,

principalmente o elemento subordinação. O terceirizante não

poderá ser considerado como superior hierárquico do

terceirizado, não poderá haver controle de horário e o trabalho

não poderá ser pessoal, do próprio terceirizado, mas realizado

por intermédio de outras pessoas.”74

Diante das limitações interpostas pela Súmula 331 do TST,

já vimos algumas das situações de permissibilidade da intermediação da mão-de-

obra, aquelas elencadas e regulamentas por Lei. Outro grupo é formado pelas

denominadas “atividades-meio” do tomador dos serviços, incluindo-se ai as

atividades de vigilância e as de conservação e limpeza, nos termos ditados pelo

inciso III dessa Súmula, que traduz de forma clara e concisa uma série de noções

jurídicas sobre o tema. Em primeiro lugar, enumera taxativamente as hipóteses

74 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.139.

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excetuativas de terceirização lícita: serviços de vigilância, serviços de

conservação e limpeza e serviços especializados ligados à atividade-meio do

tomador.

Sergio Pinto Martins75 explica e detalha mais os serviços

ligados a atividade-meio:

“Pode-se dizer que os serviços ligados à atividade-meio da

empresa poderão ser terceirizados, segundo o inciso III do

Súmula 331 do TST. A atividade-meio diz respeito à atividade

secundária da empresa (não se referindo a sua própria

atividade normal), como serviço de limpeza, de alimentação de

funcionários, de vigilância, etc. Entende-se que, se os serviços

referem-se à atividade-fim da empresa, não haverá

especialização, mas a delegação da prestação de serviços da

própria atividade principal da empresa.”

Para Mauricio Godinho Delgado76, Atividade-meio entende

por:

“Atividades-meio são as atividades periféricas à essência da

dinâmica empresarial do tomador dos serviços, ou seja,

aquelas funções e tarefas empresariais e laborais que não se

ajustam ao núcleo da dinâmica empresarial do tomador dos

serviços, nem compõem a essência dessa dinâmica ou

contribuem para a definição de seu pertencimento no contexto

empresarial e econômico mais amplo. Atividades-fins, ao

reverso, são as atividades nucleares e definitórias da essência

da dinâmica empresarial do tomador dos serviços.”

Ao tentar fazer-nos melhor entender o que é atividade-meio

para o Direito do Trabalho, Amauri Mascaro Nascimento77 explica exemplificando:

75 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.139 76 DELGADO, Maurício Godinho, Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo, LTr, 1995. p.374.

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“Atividades-meio são aquelas que na coincidem com os fins da

empresa contratante e atividades-fim são aquelas que

coincidem. Se um estabelecimento bancário contrata empresa

de serviços de vigilância, trata-se de contratação de

atividades-meio mas se contrata empresa de serviços de

caixas trata-se de atividade-fim.”

Além do enquadramento, exige-se, ainda, para a licitude da

terceirização, que os requisitos caracterizadores da relação de emprego –

pessoalidade e subordinação direta – não estejam presentes na prestação de

serviço oferecida pelo trabalhador ao tomador, que é a segunda noção exposta

pela Súmula. Deverá haver também, delimitação do efeito jurídico quanto ao

responsável principal pelos créditos trabalhistas. Se lícita a terceirização, o

vinculo empregatício permanece entre o trabalhador e o empregador formal.

O modelo básico da relação de emprego, bilateral, vislumbra

a existência do contrato de trabalho entre a pessoa física que presta os serviços e

aquele que é o beneficiário direto – o tomador dos serviços – desde que

presentes os requisitos: pessoalidade, continuidade, onerosidade e subordinação.

A interposição de um terceiro, que contrata o trabalhador e o insere no âmbito do

tomador, em princípio, configura fraude, eis que o empregado será admitido a

prestar serviços, assalariado e dirigido, não pelo contratante formal, mas pelo

tomador, que será, assim, seu empregador.

Concernente a terceirização ilícita, demonstra com

propriedade Sergio Pinto Martins78

“É possível fazer uma síntese de que a terceirização ilícita

implica a locação permanente de serviços, o fornecimento de

mão-de-obra mais barata, com redução de salário e

desvirtuamento da relação de emprego, e também a escolha

de parceiros inadequados, quando inidôneos financeiramente.

77 NASCIMENTOS, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho . São Paulo, LTr, 1994. p. 158. 78 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.142.

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Já na terceirização lícita, nota-se que a empresa dedica-se a

um numero menor de atividades, há menor desperdício no

processo de produção, desconcentração da mão-de-obra, o

que importa, muitas vezes, até condição vital de sobrevivência

para a empresa, com a diminuição de custos, porem inexiste

relação de emprego, visto que o elemento subordinação não

está presente.”

Também devemos considerar alguns argumentos que

ponderam este instituto da terceirização ilícita. Pretende-se, aqui, pontificar a

conseqüência jurídica da intermediação fraudulenta de mão-de-obra, que é a

caracterização do contrato de trabalho diretamente entre o prestador dos serviços

e o tomador, desde que este não seja ente da Administração Pública direta ou

indireta, ante a vedação constitucional de reconhecimento de vínculo

empregatício sem prévia aprovação em concurso público.

Embora sejam abordados vários conceitos e definições

sobre a terceirização lícita e ilícita, Sergio Pinto Martins79 alerta:

“Nem sempre, porem, será fácil distinguir a verdadeira

terceirização, a terceirização lícita ou legal, da terceirização

fraudulenta, ilícita ou ilegal, tarefa destinada ao Poder

Judiciário trabalhista, que terá de dirimir a questão.”

Na corrente contraria e criticando a norma trabalhista

concernente a terceirização Eduardo Antunes Parmeggiani e José Janguiê

Bezerra Diniz80 escrevem:

"admitir-se a terceirização apenas na atividade meio seria o

mesmo que inadmiti-la, porquanto, na maioria das vezes se

torna impossível fazer essa distinção. É o que ocorre na

construção civil, nas editoras e na indústria automobilística. E,

79 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.144. 80 Revista LTr . Vol. 60, n.º 02, fevereiro de 1996. p. 209.

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41

no caso, o vínculo empregatício se forma com a empresa

fornecedora, em face da inexistência de fraude, já que sói

configurar um contrato de direito civil entre as duas empresas,

plenamente admissível no ordenamento jurídico positivo."

Wilson Ramos Filho81 também critica a diferenciação entre

atividade-fim e atividade-meio, alegando que:

“se trata de um critério demasiadamente subjetivo, podendo a

opinião ideológica do julgador influir na análise dos detalhes

do processo, detalhes estes que fariam desaparecer o caráter

humanitário do Direito do Trabalho, deixando-o condicionado

às provas que se conseguiria produzir”

Amauri Mascaro Nascimento82, assim trata a Súmula 331 do

TST:

"a regra passou a ser não mais a proibição, com exceções,

mas, ao contrário, a autorização geral, desde que preenchido

um requisito, a finalidade da atividade terceirizada, qualquer

que fosse a sua natureza, e não mais a natureza da mesma.

Dessa forma, caso se trate de exploração de atividades cujo

fim é o apoio, a instrumentalidade do processo econômico

(atividade-meio), nada impede a terceirização. De modo

contrário, se a atividade explorada coincidir com os objetivos

da empresa, a terceirização é desautorizada.”

A par de haver inserido elemento cujo conceito é bastante

controvertido – atividade-meio – a Súmula foi positiva ao exigir a ausência de

pessoalidade e subordinação para permitir a intermediação. Verificando-se a

presença desses requisitos, desnecessário é qualquer debate acerca da natureza

da atividade, se fim ou meio, caracterizando-se desde logo o liame empregatício

entre o trabalhador e o tomador dos serviços.

81 Revista Síntese Trabalhista . N.º 58, abril de 1994. p. 120 e 121. 82 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho . 1996. p. 320; Revista de Direito do Trabalho. N.º 83, setembro de 1993. p. 22.

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42

Portanto, fica fácil identificar a responsabilidade do tomador

dos serviços, qual será direta e principal, caso a intermediação seja ilícita, porque

estará configurado o contrato de trabalho entre este e o trabalhador. A questão é

de definição do verdadeiro empregador, com o que estará resolvido o problema

da responsabilidade.

2.3 A TERCEIRIZAÇÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS

TRABALHISTAS

Com o grande crescimento das relações trabalhistas

diversificadas, exemplo da terceirização, faz jus se quer a cogitação sobre

flexibilização das normas trabalhistas.

Para entendermos melhor o que seria este processo, Sergio

Pinto Martins83 ensina:

“Flexibilização do Direito do Trabalho é um conjunto de regras

que tem por objetivo instituir mecanismos tendentes a

compatibilizar as mudanças de ordem econômica, tecnológica

ou social existentes na relação entre o capital e o trabalho. Os

exemplos mais comuns seriam a flexibilização da jornada de

trabalho [...]”

Já para Pedro Vidal Neto84, este processo consiste no

seguinte trecho exposto em sua obra:

“a flexibilização não consiste em suprimir direitos já adquiridos,

mas em interpretar e aplicar as normas jurídicas conforme

suas finalidades e atentando para as peculiaridades de cada

caso concreto.” 83 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.37. 84 NETO, Pedro Vidal, Aspectos Jurídicos da Terceirização . Revista de Direito do Trabalho. São Paulo: Ed. Revists dos Tribunis, 1992, pág. 23

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43

Sergio Pinto Martins85 traz a justificativa para a flexibilização

com outro foco:

“[...] A terceirização também surge como forma de

compatibilizar a eficácia econômica com novos métodos de

gestão de mão-de-obra e também com as inovações

tecnológicas. Assim verifica-se que a contratação de terceiro

para prestar serviços à empresa também é uma forma de

flexibilização dos direitos trabalhistas.”

A flexibilização assim como qualquer outro processo

remodelador, a flexibilização também obedecerá tendências, essas trazidas por

Sergio Pinto Martins86:

“A tendência da flexibilização é decorrente do surgimento das

novas tecnologias, da informática, da robotização, que

demonstram a passagem da era industrial para a pós-

industrial, revelando uma expansão do setor terciário da

economia.”

Segundo Sergio Pinto Martins87 a flexibilização tem como

objetivo o seguinte:

“A flexibilização das normas do direito do Trabalho visa

assegurar um conjunto de regras mínimas ao trabalhador e,

em contrapartida, a sobrevivência da empresa, por meio da

modificação e ao empregador a possibilidade de adaptação de

seu negócio, mormente em épocas de crise econômica.”

85 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.39. 86 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.38. 87 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.38.

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2.4 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO CIVIL

Sergio Pinto Martins explica a relação que esse instituto, a

terceirização poderá ter com o ramo do Direito Civil88

“A terceirização pode utilizar-se de várias formas de contratos

de natureza civil. Os principais contratos civis empregados na

terceirização são a empreitada e a subempreitada, a locação

de serviços e a parceria. São contratos regulados no Código

Civil.”

Sobre o primeiro tipo de contrato, a empreitada, Sergio Pinto

Martins ensina89

“Empreitada é o contrato em que uma das partes (empreiteiro)

obriga-se a realizar trabalho a outra (dono da obra), sem

subordinação, com ou sem fornecimento de material, mediante

pagamento de remuneração global ou proporcional ao serviço

feito.”

Ainda o doutrinar lembra o dispositivo de Lei que explica a

relação90

“Contém o art. 455 da CLT hipótese de responsabilidade

subsidiária, isto é, se o subempreiteiro deixar de pagar o

empregado, este pode exigir as obrigações trabalhistas do

empreiteiro. Não se trata de responsabilidade solidária, pois

esta decorre da lei ou da vontade das partes [...]”

Já o contrato de locação de serviços tem a seguinte

finalidade:91

88 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.51 89 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.50. 90 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.52.

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45

“Locação de serviços é o contrato em que uma das partes

(locador) obriga-se a prestar uma atividade a outrem

(locatário), mediante pagamento de remuneração e sem

subordinação. Na locação de serviços (locatio operarum),

contrata-se uma atividade e não um resultado, inexistindo

subordinação entre o locador dos serviços e o locatário.

Contrata-se uma atividade profissional ou um serviço, mas

nunca um resultado.”

O contrato de parceria é assim explicado pelo doutrinador

Sergio Pinto Martins92

“Parceria rural é o tipo de sociedade, podendo ser agrícola ou

pecuária. Dá-se a parceria agrícola quando uma pessoa cede

prédio rústico a outra, para ser por esta cultivado, repartindo-

se os frutos entre as duas, na proporção que estipularem.

Ocorre a parceria pecuária quando são entregues animais a

alguém para os pastorear, tratar e criar, mediante uma cota

nos lucros produtivos.”

Ao tratar deste assunto, o doutrinador Arnaldo Sussekind, já

separa bem os ramos envolvidos na relação, explicando o mostrando em que o

Direito do Trabalho se interessa nestes contratos tidos como de natureza civil93

“Contratos regidos pela legislação civil, como os de

empreitada e o de prestação de serviços lato sensu, por si só,

não se comisturam com os contratos de trabalho nem invadem

o campo de atuação do Direito do Trabalho, apesar da

existência – sob o enfoque tipicamente trabalhista – de uma

terceira pessoa entre quem contrata a prestação de serviço e

quem a executa. Mas o Direito do Trabalho interessa o modo

pelo qual a obrigação avençada é satisfeita.” 91 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.53. 92 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.54. 93 SUSSEKIND, Arnaldo, Instituições de Direito do trabalho. 19º ed. atual. São Paulo, LTr, 2000. p.280.

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46

2.5 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO COMERCIAL

Inicialmente vemos que a relação entre esses dois ramos do

direito, também pode ser visto com a presença da terceirização.

“O processo de terceirização entre terceirizante e a

terceirizada passa por um contrato entre as partes, como

qualquer outro. [...] Pretende-se, portanto, com contratação de

terceiros, uma forma de desverticalização da empresa. Nota-

se que, na maioria das vezes,é o comerciante quem cria novas

situações empresariais, que no momento são totalmente

informais, para posteriormente, em razão da pratica dos

referidos contratos, haver necessidade de regulamentação por

parte do legislador.”94

Como o Direito não é único em um ramo de atuação, e sim

dinâmico e interdisciplinar, algumas questões são só dirimidas com a aplicação e

ajuda dos demais ramos, como ensina Sergio Pinto Martins95

“A solução dos problemas inerentes aos pactos firmados não

será resolvida apenas por regras de direito contratual ou

societário, mas, muitas vezes, pela conjunção de várias

regras.”

Sergio Pinto Martins traz o seguinte contexto sobre contratos

comerciais que envolvem terceirização.

“Dentre os contratos mercantis que poderiam ser utilizados

para efeito de terceirização, estão: Engineering, Contrato de

94 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.55. 95 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.56.

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47

Fornecimento, Concessão Mercantil, Consórcio, Assistência

Técnica.”96

Por fim, podemos nos basear na seguinte conclusão trazida

por Sergio Pinto Martins97

“Não é apenas mediante contratos de natureza civil ou

comercial que pode ser feita a terceirização. Esta poderia ser

realizada por meio da combinação de um contrato com

características civis e comerciais ao mesmo tempo. Nos

contratos comerciais, na maioria dos casos, não há

responsabilidade solidária ou subsidiária entre a terceirizante e

a terceirizada, em razão de que não pertencem ao mesmo

grupo econômico, nem a primeira é beneficiada direta da

prestação de serviços dos empregados da segunda.”

2.6 A TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO DO TRABALHO

Este tema, embora pouco regulamentado, repercute e muito

no estudo e na prática do Direito do Trabalho, como esclarece Fernando Schnell98

“Além de aumentar a especialização e a competitividade e, por

conseqüência, os lucros, as empresas enxergaram na

terceirização uma forma imediata de baixar os custos com

mão-de-obra. Assim, essa estratégia de administração de

empresas repercute de forma contundente no direito do

trabalho, visto que além de promover substancial alteração na

definição típica da relação de emprego, bilateral por natureza, 96 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. 97 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.59. 98 SCHNELL, Fernando. A terceirização e a proteção jurídica do trabalhado r. A necessidade de um critério para definição da licitude das relações triangulares. A responsabilidade solidária da tomadora e da prestadora de serviço. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 703, 8 jun. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6855>. Acesso em: 18 abr. 2008.

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pode redundar em grave precarização das condições de

trabalho em nosso país.”

Thais Gutparakis de Miranda99 reforça ainda mais a relação

“De outra parte, o fenômeno da terceirização tem se

expandido crescentemente, sem merecer, ao longo dos anos,

cuidadoso esforço de normatização pelo legislador pátrio. A

CLT faz referência ao instituto somente nas figuras de

empreitada e subempreitada, e no campo privado, há apenas

dois diplomas legais que prevêem a hipótese terceirizante,

quais sejam, a Lei 6.019/74 (Lei do Trabalho Temporário) e a

Lei nº 7.102/83, que regula a terceirização dos serviços de

vigilância.”

A realidade econômica que surgia, passou a exigir novas

formas de relação de trabalho, existindo ai a Terceirização, mais como as

mudanças sociais e econômicas nunca são acompanhadas conjuntamente e no

mesmo tempo dos surgimento das norma reguladoras desses próprias mudanças.

Para demonstrar isso Amauri Mascaro Nascimento100

“A terceirização ainda é vista pela Justiça do Trabalho de

modo restrito. É permitida a terceirização das atividades-meio

e é vedada a de atividades-fim.”

Para demonstrar a realidade deste disparato entre a

realidade das relações de terceirização e a falta de normatização, Sergio Pinto

Martins101 aborda:

“Na pratica, o que se tem verificado é que as empresas

terceirizadas continuam existindo e o serviço persiste sendo

99 MIRANDA, Thais Gutparakis de. Terceirização: o divórcio entre a ordem jurídica e os novos fatos sociais . Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1404, 6 maio 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9730>. Acesso em: 18 abr. 2008. 100 NASCIMENTOS, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho . São Paulo, LTr, 1994. p. 158. 101 MARTINS, Sergio Pinto, A terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.144.

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prestado, sendo preferível que houvesse uma

regulamentação, mínima, para evitar fraudes.”

Diante disso, e retratando a atual relação entre a

terceirização e o Direito do Trabalho, fica visto que o ordinário é a contratação

direta, devendo ser rechaçada a intermediação de serviços.

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CAPITULO 3

A TERCEIRIZAÇÃO E O CONTRATO DE TRABALHO

3.1 ASPECTOS COMUNS

Sergio Pinto Martins102 traz alguns aspectos comuns entre o

contrato de trabalho e o contrato de terceirização:

“As partes no contrato da franquia e no de trabalho podem ser

uma pessoa jurídica e uma pessoa física.”

Também quanto ao prazo possível para a realização desses

dois contratos, podem ser da forma como cita Sergio Pinto Martins103

“Os pactos, como qualquer contrato, podem ser de prazo

determinado ou indeterminado.”

Ainda sobre os aspectos e particularidades de ambos os

contratos, ensina Mauricio Sanchotene Aguiar104:

“A terceirização guarda muita semelhança com o contrato de

trabalho temporário, pelo fato de ambos apresentarem

estrutura trilateral, vislumbrando-se dois vínculos formais: um

vínculo de caráter civil, através de um contrato de prestação

de serviços, entre a empresa tomadora e a empresa

prestadora ou de trabalho temporário, e outro de caráter

trabalhista entre esta e o trabalhador. Em ambos tipos de

102 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.74. 103 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.74. 104 AGUIAR, Maurício Sanchotene de. Terceirização: alguns aspectos jurídicos. Site do Curso de Direito da UFSM. Santa Maria-RS. Disponível em: http://www.ufsm.br/direito/artigos/trabalho/terceirizacao.htm, acesso em 07/04/2008.

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trabalho, a empresa cliente igualmente se beneficia da

execução do trabalho.”

Para Sergio Pinto Martins105 tanto o contrato de trabalho

quanto o de franquia, são determinados a determino sujeito, como explica:

“Um ultimo ponto em comum é o de que tanto o franchising

como o contrato de trabalho são intuitu personae, isto é,

ambos os contratos são estabelecidos em função da uma

determinada pessoa. O franqueador vai fazer a seleção dos

interessados na franquia em função de certa e especifica

pessoa e não em relação a qualquer um.”

Alem dos aspectos comuns, devemos ressaltar as

diferenças que caracterizam cada contrato, para tanto, nos ensina Sergio Pinto

Martins106

“O franqueado exerce, porem, sua atividade por conta própria

e não por conta alheia, como ocorre no contrato de trabalho.

[...] Outro elemento diferenciar entre os dois contratos é o fato

de que os franqueados assumem os riscos de suas atividades,

enquanto em relação ao empregado isso não ocorre.”

Assim como todo e qualquer contrato, a forma de ajuste

deve seguir determinações legais para que seja perfeito o ato. Diante disse Sergio

Pinto Martins107 lembra que, “o contrato de trabalho pode ser ajustado

verbalmente. O franchising [...] deve ser escrito (art. 6º da Lei nº 8.955).”

105 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.76. 106 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.76. 107 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.74.

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3.2 NATUREZA JURÍDICA DE AMBOS OS CONTRATOS

Primeiramente devemos entender o porquê do estudo da

natureza jurídica, Sergio Pinto Martins108, declara que

“analisar a natureza jurídica de um instituto é procurar

enquadra-lo na categoria a que pertence no ramo do Direito. É

verificar a essência do instituto analisado, no que ele consiste,

inserindo-o no lugar a que pertence no ordenamento jurídico.”

Segundo Amauri Mascaro Nascimento109, são duas as

teorias sobre a natureza jurídica do contrato individual de trabalho, o

contratualismo e o anticontratualismo.

Contratualismo é a teoria que, como nome indica, considera

a relação entre empregado e empregador um contrato. Seu fundador reside na

tese de que a vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode

constituir o vínculo jurídico.

A teoria anticontratualista reúne as correntes que negam a

natureza contratual do vínculo entre empregado e empregador.

Já para o doutrinador Amauri Mascaro Nascimento110

“ninguém será empregado de outrem por sua própria vontade.

Ninguém terá outrem como seu empregado senão também

quando for sua vontade. Assim, mesmo se uma pessoa

começar a trabalhar para outra sem que expressamente nada

tenha sido combinado entre ambas, isso será possível pela

vontade ou pelo interesse das duas.”

108 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho. 15º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.99. 109 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho. 19º ed. São Paulo, LTr, 2000. p.89-91. 110 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho. 19º ed. São Paulo, LTr, 2000. p.91.

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Diante da definição do contrato de trabalho, trazido pelo Art.

422 da CLT, que é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de

emprego, Sergio Pinto Martins111 ensina:

“A teoria predominante é a de que o contrato de trabalho tem

natureza contratual, em virtude de acordo de vontades, pois o

empregado só trabalhará na empresa se assim o desejar, o

mesmo ocorrendo em relação à contratação do trabalhador

por parte do empregador.”

Como já visto e sabemos que a Terceirização nada mais que

um contrato estabelecido entre empregadores, diante disso podemos concluir

também, na forma da citação de Gabriela Neves Delgado112,

“[...] a natureza jurídica da terceirização é contratual,

consistindo no acordo de vontades celebrado entre duas

empresas, de um lado a contratante, denominada tomadora, e

de outro, a contratada, denominada prestadora, pelo qual esta

prestará serviços especializados àquela, de forma continuada

e em caráter de parceria.”

Embora haja alguns entendimentos diferenciados quanto a

natureza jurídica do contrato de trabalho, é difícil encontrarmos controvérsia

quanto a natureza jurídica contratual da terceirização.

Embora existam opiniões diversas, como traz Adayl de

Carvalho Padoan113

“No Brasil, torna-se difícil identificar a natureza jurídica da

terceirização, posto que existem inúmeras concepções a

serem analisadas. Dependendo da hipótese em que a

terceirização for utilizada, verifica-se a ocorrência de

111 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.72. 112 DELGADO, Gabriela Neves. Terceirização. Paradoxo do Direito do Trabalho Contemporâneo . São Paulo: LTr, 2003, p. 42. 113 PADOAN, Adayl de Carvalho http://www.estacio.br/graduacao/direito/revista/revista4/artigo12.htm acesso em 28/05/2008

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elementos de contratos distintos, sejam eles nominados ou

inominados. È possível verificar-se, também, a ocorrência da

combinação de elementos de vários contratos distintos: de

fornecimento de bens ou serviços; de empreitada; de franquia;

de locação de serviços, no qual o importante é a atividade e

não o resultado; de concessão; de consórcio; de tecnologia,

know how, com transferência da propriedade industrial, como

inventos, fórmulas, etc. A natureza jurídica será do contrato

utilizado ou da combinação de vários deles”

De certa forma fica claro entender que a natureza jurídica de

ambos os contratos de trabalho e terceirização tem cunho contratualista.

3.3 CONSEQUENCIAS JURÍDICAS

Assim como todo e qualquer ato jurídico, sendo este perfeito

ou não, produzirá sempre um efeito ou uma conseqüência no mundo jurídico.

Para tanto a terceirização quando não bem conduzida, gera algumas

conseqüências jurídicas que iremos discorrer em seguida.

Visando as conseqüências da Terceirização, Dárcio

Guimarães Andrade114 entende que a Terceirização traz a seguinte característica:

“Diminuindo, em tese, as reclamações trabalhistas, pois os

trabalhadores são empregados da empresa terceirizada [...]

para o empregado da prestadora facilita o emprego, tendo ele

ainda a garantia da responsabilidade subsidiaria da tomadora.”

Dorothee Susanne Rudiger115, vê outro aspecto

conseqüente do processo da Terceirização:

114 ANDRADE, Dárcio Guimarães. Terceirização Atividade-fim e Atividade-meio. Suplemento Trabalhista. São Paulo. LTr, 2000. p.934

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“a fraude sobre os direitos e garantias trabalhistas, e que tal

fato sucede tendo em vista que a maior preocupação das

empresas é maximizar lucros, tendo consequentemente

redução dos custos operacionais.”

Uma das conseqüências causadas aos trabalhadores do

meio terceirizado é apresentada assim por Dorothee Susanne Rudiger 116,

“O que o processo pode causar entre os trabalhadores seria a

perda dos benefícios trabalhistas, perdas de vantagens

sociais, desajuste salarial, subemprego e o trabalho informa.”

O processo de terceirização na visão do empregador, muitas

vezes tem certa e direcionada tendência, como mostra Ciro Pereira da Silva117

“há uma certa tendência em confundir terceirização com a

contratação de mão-de-obra temporária. Esta é um processo

totalmente diferente, regulado pela Lei n.6.019/74, que permite

a criação de empresas “locadoras” de mão-de-obra para fins

específicos, como picos de produção e por período

predeterminado não superior a três meses. Já a terceirização

propriamente dita, aquela em que a prestadora toma a seu

cargo a tarefa de suportar a tomadora, em caráter

permanente, com o fornecimento de produtos ou serviços, não

mereceu até agora legislação própria”

Ulisses Otávio Elias dos Santos118 lembra bem quando se

refere sobre a legislação e as conseqüências encaradas pelo Judiciário.

“Apesar de não existir legislação específica a respeito da

terceirização, o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais

115 RUDIGER, Dorothee Susanne. Tendências do Direito do Trabalho para o Século XXI . São Paulo. LTr, 1999. p.197. 116 RUDIGER, Dorothee Susanne. Tendências do Direito do Trabalho para o Século XXI . São Paulo. LTr, 1999. p.177. 117 SILVA, Ciro Pereira da. A Terceirização Responsável . São Paulo. Lúmen Júris, 1996. p.261. 118 SANTOS, Ulisses Otávio Elias dos. Artigo: Terceirização e suas Conseqüências . Disponível em: http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&iddoutrina=2163 acesso em 13/05/2008.

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Regionais, consideram validas as terceirizações quando se

tratar de atividades-meio da empresa, ou seja, atividades

acessórias à principal.”

Ainda o doutrinador Ulisses Otávio Elias dos Santos119 alerta

para algumas precauções afim de evitar conseqüências litigantes decorrentes da

culpa in vigilando e in eligendo.

“[...] é importante a manutenção de um contrato entre

tomadora de serviço e a empresa terceirizada, bem como

instituir cláusulas que garantam a segurança do negócio, por

exemplo, uma clausula solicitando o fornecimento,

mensalmente, de documentos que provém do recolhimento

das verbas trabalhistas (FGTS, INSS, Salários e etc). Também

é coerente o registro em cartório do contrato para ter natureza

pública.”

A conseqüência jurídica acarretada pela terceirização ilegal,

é lembrada por Christianne Gurgel120 quando cita:

“O TST entende ainda que a contratação irregular por meio de

terceirização gera vínculo de emprego diretamente com a

Tomadora. Vale alertar que, diante de uma terceirização

considerada ilegal, o trabalhador pode postular na Justiça do

trabalho o reconhecimento da relação de emprego diretamente

com a Empresa tomadora, salvo se esta última tratar-se da

Administração Pública. [...] Vale ressaltar que, as empresas

tomadoras não ficam desobrigadas do pagamento dos

encargos trabalhistas ao trabalhador terceirizado, pois,

conforme entendimento ainda extraído da súmula 331 do TST

o inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do

119 SANTOS, Ulisses Otávio Elias dos. Artigo: Terceirização e suas Conseqüências . Disponível em: http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&iddoutrina=2163 acesso em 13/05/2008 120 GURGEL, Christianne. Disponível em http://www.bahiaja.com.br/colunista_texto.php?idArtigoColunista=29 acesso em 13/05/2008.

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tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive

quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias,

das fundações públicas, das empresas públicas e das

sociedades de economia mista, desde que hajam participado

da relação processual e constem também do título executivo

judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).”

Portanto para reforçar o que já foi dito, Amauri Mascaro

Nascimento121, pronuncia que em qualquer caso a responsabilidade poderá ser

subsidiária, que depende de lei, ou a solidária, admitida pela jurisprudência,

ambas atuando como defensora no sentido de proteger o trabalhador.

Com foco direcionado na terceirização, traremos aqui

algumas jurisprudências que refletem a atual e final conseqüência jurídica desta

relação.

Para tanto, Jurisprudência é a “fonte secundária do direito,

consistente em aplicar, a casos semelhantes, orientações uniformes dos

tribunais.”122

A função da jurisprudência, é trazida com propriedade por

Dorothee Susanne Rudiger 123

“A jurisprudência tem a função e virtude de indicar a

orientação que predomina sobre certo assunto controvertido,

mais ainda não alcançou o lugar de poder derrogar ou revogar

um expresso texto legal.”

Contudo, por ainda não existir legislação especifica sobre a

Terceirização, e quando litígios são levados a julgamento pelo judiciário, os

Tribunais Trabalhistas têm sido até certo ponto cautelosos condenando o tomador

de serviços.

121 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho. 16º ed. São Paulo, LTr, 2000. p.351. 122 Dicionário Jurídico. Coleção de Leis Rideel, 2001. p.172. 123 RUDIGER, Dorothee Susanne. Tendências do Direito do Trabalho para o Século XXI . São Paulo. LTr, 1999. p.285.

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Vejamos decisões da 4ª Turma do TRT da 4ª Região:

EMENTA: CONVÊNIO PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E

VENDA DE PRODUTOS EM REGIME DE FRANQUIA

FIRMADO ENTRE A ECT E ENTIDADE ASSISTENCIAL –

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR – O

inadimplemento por parte do empregador implica a

responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto

às obrigações decorrentes do contrato de trabalho. Inteligência

da Súmula nº 331 da Súmula do E. TST. (TRT 4ª R – Proc.

01573-2002-261-04-00-5 – RO – 4ª T – Rel. Juiz Ricardo Luiz

Tavares Gehling – DOERS 14.11.2003).

Vejamos decisão da 3ª Turma do TRT da 12ª Região:

EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONCESSÃO DE

SERVIÇO DE TELEFONIA – TERCEIRIZAÇÃO DO CALL

CENTER – LEGALIDADE – A Lei nº 9.742/97 autoriza a

concessionária, no ramo das telecomunicações, nela inserida

a telefonia, a terceirização das atividades inerentes,

acessórias ou complementares ao serviço objeto do contrato

de concessão, conforme art. 94, II. Assim, e verificando que o

contrato de concessão, objeto de análise, não considera os

serviços de call center – auxilio à lista, reclamações, pedidos

de novos serviços, pedidos de novas linhas, denominação

101, 102, 103, 106, 107, 0800, back office, help desk, como

atividades-fim outorgadas à concessionária, mas meras

“utilidades” ou “comodidades” relacionadas com a prestação

do serviço, não há falar em ilegalidade na sua terceirização.

(TRT 12ª R – Proc. RO-V 00080-2002-026-12-00-0 – Ac.

11632/03 – 3ª T – Rel. Juiz Gerson Paulo Taboada Conrado –

DJSC 26.01.2003).

Aqui algumas decisões da 2ª Turma do TRT da 12ª Região:

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EMENTA: EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. SERVIÇO

DE "CALL CENTER". ATIVIDADE-MEIO. TERCEIRIZAÇÃO.

POSSIBILIDADE. A atividade-fim de uma empresa de

telecomunicação é a exploração do serviço de

telecomunicação, o qual compreende a transmissão, emissão

ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou

qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos,

caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de

qualquer natureza ( § 1º do art. 60 da Lei nº 9.472/1997 ). O

serviço de "call center" não representa a exploração da

atividade-fim, nem é essencial ao implemento do objeto social

da empresa de telecomunicação. É mera utilidade oferecida

aos usuários. Trata-se de atividade-meio, que admite

terceirização, visto que sua não-disponibilização não geraria

nenhum efeito sobre o objeto social da empresa de

telecomunicação. (TRT 12ª R – Proc. 04556-2006-034-12-00-0

– Rel. Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no

TRTSC/DOE em 30-10-2007).

EMENTA: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA

TOMADORA. LICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO.

IRRELEVÂNCIA. A responsabilidade da tomadora de serviços

pelos créditos trabalhistas dos empregados da prestadora não

se detêm exclusivamente aos casos de ilicitude da

terceirização, mas sim na assunção de vantagens com a

prestação dos serviços (Súmula n. 331, IV, do TST). (TRT 12ª

R – Proc. 00026-2004-018-12-00-2 – Rel. Juíza Sandra Márcia

Wambier - Publicado no TRTSC/DOE em 16-10-2007).

Quanto à responsabilidade Subsidiária no processo de

terceirização, trago algumas decisões prolatadas qual o Relator foi o conceituado

Ex.mo Juiz Marcus Pina Mugnaini, também do TRT da 12ª Região:

EMENTA: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SOCIEDADE

DE ECONOMIA MISTA. O tomador dos serviços responde

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subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da empresa

prestadora de serviços, independentemente da legalidade da

terceirização, da regularidade do certame licitatório e do

contrato de prestação de serviços (TST, Súmula nº 331, item

IV). (TRT 12ª R – Proc. 00118-2005-002-12-00-8 – Rel. Juiz

Marcus Pina Mugnaini - Publicado no DJ/SC em 03-10-2006,

página: 42).

EMENTA: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SOCIEDADE

DE ECONOMIA MISTA. O tomador dos serviços responde,

subsidiariamente, pelas obrigações trabalhistas da empresa

prestadora de serviços, independentemente da legalidade da

terceirização, da regularidade do certame licitatório e do

contrato de prestação de serviços (TST, Súmula nº 331, item

IV). (TRT 12ª R – Proc. 03272-2005-035-12-00-2 – Rel. Juiz

Marcus Pina Mugnaini - Publicado no DJ/SC em 13-06-2006,

página: 274).

Ainda em no Tribunal da 12º Região, podemos ver algumas

das atuais decisões acerca do tema Terceirização.

EMENTA: TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE

SUBSIDIÁRIA. O tomador dos serviços é subsidiariamente

responsável por obrigações trabalhistas inadimplidas pelo

empregador, por força da incidência, na hipótese, da culpa "in

eligendo" e culpa "in vigilando", cuja previsão no Direito Civil

tem aplicação subsidiária no Direito do Trabalho, conforme

Súmula nº 331, IV, do TST. (TRT 12ª R – Proc. 01066-2007-

040-12-00-5 – Rel. Juiz Gerson P. Taboada Conrado -

Publicado no TRTSC/DOE em 24-04-2008).

EMENTA: GUARDA PORTUÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO. A

Administração Portuária tem por escopo várias atividades

finalísticas, nas quais se incluem também, a guarda portuária,

que exerce a atividade de polícia portuária. Sendo a atividade

finalística e mais, função de polícia administrativa é

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indelegável, rectius impassível de terceirização. Recurso a que

se dá provimento para, afastando a incompetência material

reconhecida pelo Juízo a quo, condenar a ré em obrigação de

não-fazer, ou seja, de não terceirizar a atividade de guarda

portuária. (TRT 12ª R – Proc. 00993-2007-050-12-00-5 – Rel.

Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no TRTSC/DOE em 18-

04-2008).

Com o estudo destas e algumas jurisprudências no sentido

de visualizar e trazer o respaldo no que concerne a responsabilidade sobre as

verbas trabalhistas, os Tribunais não deixam o trabalhador, ou seja, o pólo mais

frágil na relação desamparados.

3.4 A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E SUBSIDIÁRIA

Para entendermos quais as responsabilidades dos

envolvidos nesta triangulação contratual, primeiramente veremos em que

consistem as modalidades de responsabilidades.

Sobre a responsabilidade solidária Caio Mário da Silva

Pereira124 ensina:

“Obrigação solidária é espécie de obrigação múltipla,

configurando-se esta pela presença de mais de um indivíduo

em um ou em ambos os pólos da relação obrigacional. Ocorre,

portanto, quando concorrem vários credores e/ou devedores.”

Reforçando este conceito, Plácido e Silva125 conceitua a

responsabilidade solidária da seguinte forma:

124 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil . 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998a. p.57. 125 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico . Rio de Janeiro: Forense, 1967. 4v.

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“a consolidação em unidade de um vínculo jurídico diante da

pluralidade de sujeitos ativos ou passivos de uma obrigação, a

fim de que somente se possa cumpri por inteiro, ou in solidum”

Trazendo o conceito de responsabilidade subsidiária,

Plácido e Silva126 esclarece dizendo que o subsidiário é:

“reforçar a responsabilidade principal, desde que não seja esta

suficiente para atender os imperativos da obrigação assumida”

Traçando o direcionando do estudo da responsabilidade ao

tema da terceirização elucida oportunamente Sérgio Cavalieri Filho127

"Assim como não há sombra sem corpo físico, também não há

responsabilidade sem a correspondente obrigação. Sempre

que quisermos saber quem é o responsável teremos que

identificar aquele a quem a lei imputou a obrigação, porque

ninguém poderá ser responsabilizado por nada sem ter violado

dever jurídico preexistente."

Diante disso Mauricio Godinho Delgado128 entende e

esclarece citando de que forma a responsabilidade é atribuída ao tomador de

serviço:

“O entendimento jurisprudencial sumulado claramente percebe

a existência de responsabilidade do tomador de serviços por

todas as obrigações laborais decorrentes da terceirização.

Apreende também a nova sumula a incidência da

responsabilidade desde que verificado o inadimplemento

trabalhista por parte da contratante.”

Neste mesmo contexto, Francisco Jorge Ferreira Neto129

esclarece sobre Responsabilidade Subsidiária:

126 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico . Rio de Janeiro: Forense, 1967. 4v. 127 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil . 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. 128 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho . 3º ed. São Paulo. LTr, 2004. p.458.

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“a responsabilidade subsidiária é aplicada quando fica

evidente que a empresa prestadora é inadimplente quanto aos

títulos trabalhistas de seus empregados. É comum, pela

experiência forense, quando se tem rescisão do contrato de

prestação de serviços entre tomadora e prestadora, não

havendo o pagamento dos títulos rescisórios dos empregados

da segunda. Diante dessa situação de inadimplemento, pela

recorrente da responsabilidade civil – culpa in eligendo ou in

vigilando, a tomadora deverá ser responsabilizada.”

Clara esta modalidade e enquadramento da

responsabilidade no campo jurídico da terceirização, Regina do Valle130 traz com

propriedade o principio decorrente destas culpas in eligendo e in vigilando:

“Essa responsabilidade decorre da culpa in eligendo e in

vigilando, ou seja, se a tomadora de serviços não escolher

uma prestadora de serviços idônea, ou mesmo não fiscalizar o

correto pagamento dos empregados da prestadora de

serviços, poderá ser condenada, de forma subsidiária, em

eventual reclamação trabalhista, podendo, entretanto,

ingressar com ação regressiva em face da prestadora de

serviços, requerendo o ressarcimento dos valores

desembolsados na ação trabalhista. A responsabilização

subsidiária somente se verifica se a empresa prestadora de

serviços, como devedora principal, não possuir patrimônio

suficiente para cumprir suas obrigações.”

Sendo assim, fica fácil compreendermos que a culpa in

eligendo configura-se pela má eleição do preposto, caracterizada pela negligência

do contratante, ao delegar serviço ou negócio da sua competência, sem a

necessária investigação acerca da idoneidade e solvabilidade do contratado.

129 NETO, Francisco Jorge Ferreira. Manual de Direito do Trabalho . Rio de Janeiro. Lúmen Júris, 2003. p.413. 130 Regina do Valle, Marcela Ejnisman e Marcelo Gômara. ASPECTOS TRABALHISTAS DA TERCEIRIZAÇÃO http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/terceirizacao.htm acesso em 15/05/2008.

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64

Reforçando a importância e responsabilidade pela escolha

do prestador de serviço, Mauricio Sanchotene de Aguiar131 alerta:

“Além disso, a empresa tomadora tem a obrigação de indagar

a capacidade econômica e financeira da prestadora de

serviços, sob pena de ser responsabilizada com base nas

teorias da culpa in eligendo (em que o tomador deve

responsabilizar-se pela escolha inadequada da empresa que

irá prestar os serviços) e in vigilando (por falta de fiscalização

da idoneidade da empresa).”

Traçando a diferença entre a responsabilidade solidária e a

responsabilidade subsidiária, Adayl de Carvalho Padoan132 traz uma simples

explicação:

“A diferença entre a solidariedade e a subsidiariedade é que

na primeira, a responsabilidade entre as duas empresas é

igual. Na segunda, se a empresa prestadora não cumprir suas

obrigações, a outra será notificada a pagar o débito.”

Se a responsabilidade é decorrente da culpa, João Amilcar

da Silva e Souza Pavan133 reforça a tese trazendo:

"a inteligência vem calcada no aproveitamento concomitante

ou simultâneo, por parte de prestador e tomador, do resultado

da força de trabalho do empregado. Enquanto o primeiro

realiza seu objeto social, o segundo aufere os benefícios

diretos do labor - daí a vinculação obrigacional entre as

pessoas jurídicas. Finalmente, as figuras da culpa in eligendo

e in vigilando também geram os efeitos consagrados pelo

elevado precedente (CCB, art. 159)"

131 AGUIAR, Maurício Sanchotene de. Terceirização: Alguns Aspectos Jurídicos . Site do Curso de Direito da UFSM. Santa Maria-RS. Disponível em: http://www.ufsm.br/direito/artigos/trabalho/terceirizacao.htm, acesso em 07/04/2008. 132 PADOAN, Adayl de Carvalho. Disponível em: http://www.estacio.br/graduacao/direito/revista/revista4/artigo12.htm acesso em 28/05/2008 133 Processo TRT-RO nº 5210/98, Ac. 1ª Turma, Relator Juiz João Amílcar da Silva e Souza Pavan, DJU de 23/03/99

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65

A figura responsabilidade deixará de existir, quando houver

no contrato de terceirização as hipóteses trazidas por Sergio Pinto Martins134

“Tratando-se de contrato lícito entre as partes, com o

pagamento dos haveres trabalhistas dos empregados, não

poderá falar em responsabilidade solidária nem subsidiária da

empresa tomadora. Cabe, portanto, ao tomador de serviços

verificar a idoneidade econômica da terceirizada e se os

pagamentos dos trabalhadores que lhes prestam serviços por

meio da empresa contratada foram feitos corretamente, para

que não ocorram problemas. [...] Deveria, de preferência, a

terceirização ser feita com firmas especializadas e idôneas,

inclusive financeiramente, para evitar a formação do vínculo

com a tomadora dos serviços e sua responsabilidade

subsidiária pelos débitos trabalhistas.”

Da mesma forma ocorre nas seguintes situações citadas por

Sergio Pinto Martins135

“Não haverá responsabilidade solidária ou subsidiária da

franqueadora pelo inadimplemento da franqueada para com os

empregados desta, pois não pertencem ao mesmo grupo

econômico, salvo se houver fraude. Não há lei prevendo

responsabilidade trabalhista solidária ou subsidiária entre

franqueado e franqueador.”

Vimos que do processo ou relação terceirizada, o tomador

de serviço poderá ser responsabilidade pela má escolha ou má fiscalização de

seu prestador com relação aos direitos trabalhistas dos empregados, arcando

com a subsidiáriedade, conforme e com base na Súmula nº 331 do TST.

134 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.124. 135 MARTINS, Sergio Pinto, A Terceirização e o Direito do Trabalho. 4º ed. São Paulo, Atlas, 2000. p.79.

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3.5 A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45

Como sabemos após o vasto estudo acerca da terceirização,

já entendemos que a Terceirização é um negócio jurídico em que o tomador se

vale de uma empresa prestadora de mão de obra e essa disponibiliza

determinado número de empregados, para compor o quadro funcional da

empresa tomadora.

Com isso, estudaremos qual a conseqüência e a relação da

Emenda Constitucional nº 45/2004, com o processo trabalhista envolvendo

também a Terceirização.

Contudo, diante da analise processual recorrente dos litígios

envolvendo este triângulo contratual, Rodolfo Pamplona Filho136 esclarece:

“Entendo que caberá a denunciação da empresa terceirizada à

lide, desde que respeitados os requisitos de competência

estabelecidos no artigo 114 da Constituição Federal,

modificado pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Isto

porque, se a empresa terceirizada efetivamente integrar a lide,

não haverá necessidade de instauração de dois processos

distintos, para discutir a mesma matéria fática, qual seja:

responsabilidade para pagar os créditos de origem trabalhista.”

Neste sentido, ensina Sergio Pinto Martins137

"O inciso I do art. 114 da Constituição determina a

competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar

ações oriundas da relação de trabalho. Estabelece o que

abrange essas relações, que são os entes de direito público

externo e da administração pública direta e indireta da União, 136 PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GIACOMO, Fernanda Salinas di. A aplicabilidade da denunciação da lide no processo do trabalho . Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1500, 10 ago. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10268>. Acesso em: 20 maio 2008. 137 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho . 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 132-3.

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dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Inclui,

portanto, as autarquias e fundações públicas dos referidos

entes da federação.”

Frente esta Emenda Constitucional Nº 45, Wagner Drdla

Giglio 138 conclui que:

“A Emenda Constitucional 45/2004 acarretou uma

considerável ampliação da competência material da Justiça do

Trabalho, como se pode depreender da nova redação

atribuída ao artigo 114, da Constituição Federal. [...] em razão

de sua natureza especializada, a Justiça do Trabalho, por

disposição constante no antigo texto do artigo 114 da

Constituição Federal, no campo individual, analisava, em

regra, apenas litígios decorrentes da relação de emprego e,

em caráter excepcional, outras controvérsias decorrentes da

relação de trabalho.”

Se a expressão "relação de trabalho" for considerada em

seu sentido mais amplo, estaríamos diante de um caos, neste particular, ainda

escreve Wagner Drdla Giglio139:

"Convém enfim observar, em cumprimento ao princípio da

razoabilidade, que a se exagerar o alcance da ampliação da

competência, e como quase todas as relações sociais

implicam ou estão vinculadas a uma relação de trabalho, muito

pouco restaria sob a égide da Justiça Ordinária: as relações de

família, as patrimoniais não derivadas do trabalho, as de

comércio não relacionadas à prestação de serviços e as de

defesa da propriedade, para concluir que chegaríamos ao

absurdo de transformar a Justiça do Trabalho em Justiça

Comum e esta, em Justiça Especial.”

138 GIGLIO, Wagner Drdla. Nova competência da justiça do Trabalho : aplicação do processo civil ou trabalhista? Revista LTr Legislação do trabalho. Vol. 69, nº3, Março de 2005. 139 GIGLIO, Wagner Drdla. Nova competência da justiça do Trabalho : aplicação do processo civil ou trabalhista? Revista LTr Legislação do trabalho. Vol. 69, nº3, Março de 2005.

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Para Vantuil Abdala140, a ampliação da competência da

Justiça do Trabalho tem o seguinte engajamento:

“Ampliação das competências da Justiça do Trabalho

estabelecida pela Emenda Constitucional 45 nada mais é do

que o reflexo da nova realidade nas relações de trabalho e tem

com função principal possibilitar o acesso dos trabalhadores

informais à Justiça Trabalhista. A nova realidade clama

também por reformas da CLT e pela regulamentação de novas

formas de relação de trabalho como a terceirização [...]”

No tocante e especificamente com relação à Terceirização,

ainda na opinião de Vantuil Abdala141

“No caso da terceirização só existe uma súmula do Tribunal

Superior do Trabalho sobre o assunto, que já tem mais de 12

anos. Não há uma única lei sobre terceirização no país. O

setor público tem usado e abusado da terceirização para burlar

a obrigação do concurso público, o que é um foco de abuso e

de corrupção. A terceirização também tem sido bastante

usada por maus empregadores para burlar o direito dos

trabalhadores. Por isso precisamos validar todas essas

relações de trabalho para regulamentar.”

Antônio Álvares Da Silva142 aborda com muita propriedade a

questão, referenciando que:

“Se à determinação da competência da Justiça do Trabalho

não importa a natureza da solução da lide, mas sim que o

fundamento do pedido tenha sido feito em razão do contrato

de trabalho, abriu-se efetivamente a porta para o

desenvolvimento da competência da Justiça do Trabalho. [...]

O que o legislador fez foi seguir exatamente o caminho aberto

140 ABDALA, Vantuil. Revista Consultor Jurídico , 19 de março de 2006. 141 ABDALA, Vantuil. Revista Consultor Jurídico , 19 de março de 2006. 142 SILVA, Antônio Álvares da. Pequeno Tratado da Nova Competência Trabalhista . Editora LTR, São Paulo, Outubro/2005.

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pelo STF. Só que, em vez de enumerar caso a caso a

competência importada de outros ramos do direito,

generalizou, como convém a quem legisla, e fixou a

competência genérica da Justiça do Trabalho para “todas as

ações oriundas da relação de trabalho”. É de se esperar agora

que o próprio STF leve à frente seu raciocínio e não restrinja o

caminho que ele próprio foi pioneiro em abrir. Toda questão,

pública ou privada, seja de que ramo for da Ciência do Direito,

será competência da Justiça do Trabalho, desde que provenha

da relação de trabalho.”

Diante das varias correntes, vejo que em um aspecto elas

são unânimes, ao reconhecer que o atual texto do artigo 114 é confuso.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho e como foi abordado alguns

aspectos jurídicos relevantes a Terceirização, especialmente relativos a

comparação deste com o Contrato de Trabalho a luz do Direito do Trabalho, este

chega a algumas conclusões.

Inicialmente e no primeiro capitulo, foram abordados

aspectos relevantes do contrato de trabalho e o que o caracteriza.

No segundo capitulo, foi abordado a figura da Terceirização

num ponto de vista mais específico, e no terceiro capitulo a Terceirização com o

contrato de trabalho, aludindo e procurando decifrar com cautela todo o

desdobramento desta modalidade.

A terceirização não somente no mundo, mais no Brasil

também já deixou de ser uma novidade e passou a fazer parte da evolução

tecnológica e industrial.

Diante da primeira hipótese projetada para o estudo, qual

indaga: As Terceirizações adotadas atualmente nas empresas brasileiras estão

devidamente constituídas, ou apenas servem para mascarar uma relação de

emprego.

Chegamos a conclusão que, na grande maioria dos casos,

as Terceirizações estão presentes não pelo fato de ludibriar e mascarar uma

relação de emprego, tentando afastar o vinculo empregatício com o tomador do

serviço, mais sim por pura e simples necessidade imposta pelo desenvolvimento

comercial e industrial.

Naqueles casos em que há a intenção clara de mascarar a

relação de emprego, por inexistir até mesmo uma norma trabalhista especifica

cuidando desde assunto, cabe por enquanto ao Judiciário julgar e se basear nas

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sumulas e jurisprudências, exemplo a Súmula Nº 331 do TST, qual já trata da

matéria.

As Terceirizações adotadas atualmente estão ao meu

entender, constituídas em parte, visto que pouco se sabe sobre as regras e

formas lícitas desta modalidade de contrato e por inexistir legislação própria. Por

outro lado, a maioria das Terceirizações não é vetada por disposto legal, exceto

aquelas hipóteses trazidas pela Súmula Nº 331 do TST.

Com relação a esta hipótese, restou-se confirmada em

parte, faltando alguns aspectos e elementos ensejados para confirmação.

Quanto à segunda hipótese proposta: A adoção da

Terceirização contribui ou não para a flexibilização das normas trabalhistas.

Temos que refletir que, primeiramente a flexibilização das

normas trabalhistas é uma das formas criadoras da competitividade entre as

empresas, e a Terceirização faz parte constante deste processo.

Outro ponto a analisarmos é em relação as respostas dadas

pelos legisladores diante de uma nova realidade apresentada no mundo jurídico.

No entanto, a Terceirização contribui e muito para que as

normas trabalhistas sejam flexibilizadas, embora o respaldo legislativo, ou seja,

criação de normas flexibilizadoras não anda na mesma velocidade com que

andam as mudanças sociais e econômicas.

Ao final dos estudos e considerando as considerações finais,

esta hipótese foi confirmada, com base nos argumentos demostrados.

Por conseguinte a Terceirização de um modo geral, tem um

cunho promissor e diante do ensejo dos contratantes e contratos, o que menos ou

nada pode perder nesta relação é o trabalhador.

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