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Analista do MPU – Apoio Jurídico Direito Processual Militar Prof. Rodolfo Souza

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Analista do MPU – Apoio Jurídico

Direito Processual Militar

Prof. Rodolfo Souza

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Direito Processual Militar

Professor Rodolfo Souza

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Edital

DIREITO PROCESSUAL MILITAR: 1 Processo Penal Militar e sua aplicação. 2 Polícia judiciária militar. 3 Inquérito policial militar. 4 Ação penal militar e seu exercício. 5 Processo. 6 Juiz, auxi-liares e partes do processo. 7 Denúncia. 8 Competência da Justiça Militar da União.

BANCA: Cespe

CARGO: Analista do MPU – Apoio Jurídico – Direito

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Direito Processual Militar

DIREITO PROCESSUAL MILITAR

Título I – Processo Penal Militar e sua aplicação (Art. 1º ao 6º do CPPM).

O processo penal militar é organizado pelo Decreto-Lei 1.002, de 21.10.1969, o Código de Pro-cesso Penal Militar, que rege o procedimento criminal em tempo de paz e de guerra, salvo legis-lação especial que lhe for estritamente aplicável.

Havendo divergência entre o CPPM e convenção ou tratado de que o Brasil é signatário, preva-lecerão as normas internacionais. O sistema constitucional brasileiro exige, para efeito de exe-cutoriedade interna dos tratados internacionais, a aprovação do congresso e a promulgação do executivo sobre o conteúdo do tratado (visão dualista moderada).

Importante destacar que os tratados internacionais promulgados têm status de lei, revogando as leis anteriores incompatíveis com seu texto. Tratando-se de tratado referente a direitos hu-manos possui status de norma supralegal (entendimento atual do STF) ou de emenda consti-tucional, neste ultimo caso se forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, por três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 5º, § 3º, CF – inclu-ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

A interpretação da lei penal é atividade de identificar o alcance e significado da norma penal, podendo ser classificada quanto ao sujeito, ao modo ou ao resultado.

Quanto ao sujeito a interpretação pode ser autêntica, doutrinária ou jurisprudencial. A interpreta-ção autêntica é aquela que emana do próprio órgão encarregado da elaboração do texto legal, po-dendo ser contextual, feita no bojo do próprio texto interpretado; ou não contextual, quando feita por outra lei posterior. A interpretação doutrinária é aquela feita pelos mestres especialistas e ju-ristas, sendo encontrada em livros, teses, monografias, artigo etc. A interpretação jurisprudencial, também chamada judicial, é aquela dada pelos tribunais, mediante reiteração de seus julgamentos.

Quanto ao modo, a interpretação pode ser gramatical ou lógica. A interpretação gramatical é aquela fundada nas regras gramaticais, levando em consideração o sentido literal das palavras. A interpretação lógica (teleológica) é aquela que busca descobrir a vontade do legislador: o art. 2º do CPPM determina que a lei processual penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões e que os termos técnicos devem ser entendidos em sua acepção es-pecial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.

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Quanto ao resultado, a interpretação pode ser declaratória, restritiva e extensiva. A interpre-tação declarativa é a que dá a lei seu sentido literal. O CPPM dispõe expressamente que as interpretações extensiva e restritiva são admitidas, como forma de interpretação não literal. A extensiva é cabível quando for manifesto que a expressão da lei é mais estrita do que sua intenção e a restritiva quando é mais ampla. A interpretação não literal, entretanto, deve ser condicional, não sendo admissível quando cercear a defesa pessoal do acusado; prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza; ou desfigurar de plano os fun-damentos da acusação que deram origem ao processo.

No tocante aos casos omissos, dispõe o CPPM que serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuí-zo de índole do processo penal militar;

b) pela jurisprudência;

c) pelos usos e costumes militares;

d) pelos princípios gerais do Direito;

e) pela analogia;

A regra, em tempo de paz, é a aplicação das normas processuais militares no território nacional (art. 4º, I, CPPM – princípio da territorialidade), ressalvadas as previstas em convenções, trata-dos e regras de direito internacional. Com exceção, encontramos a aplicação das normas fora do território nacional: quando se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estran-geira; fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de ca-ráter internacional ou extraterritorial; a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou de militarmente utilizadas ou ocupados por ordem de autoridade militar competente; a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administra-ção militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional.

Em tempo de guerra: aos mesmos casos previstos para o tempo de paz; em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações; em território estrangeiro militarmente ocupado.

Segundo o CPPM, a Justiça Militar Estadual observa as normas processuais contidas em seu tex-to, exceto quanto à organização de justiça, aos recursos e à execução de sentença, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militares, importante destacar que os Tribunais de Justiça Militares seguem o CPPM no que tange aos recursos.

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Questões

1. Analise as assertivas.

I – O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas na Lei no 1.002/69, exceto em tempo de guerra.

II – Se houver divergência entre as normas do Código de Processo Penal Militar as de conven-ção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão estas últimas.

III – As normas do Código de Processo Penal Militar poderão ser aplicadas, subsidiariamente, aos processos regulados em leis especiais.

Estão corretas:

a) Todas. b) Nenhuma. c) I. d) I e II. e) II e III

R.: A resposta certa é a letra E. A afirmação I está errada, pois contraria o texto do artigo 1º, do Código de Processo Penal Militar, que dispõe que "o processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legis-lação especial que lhe for estritamente aplicável".

As demais assertivas estão corretas, nos termos dos parágrafos 1º e 2º, do artigo 1º, do referido diploma. "1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas". "2º Aplicam-se, subsidiaria-mente, as normas deste Código aos processos regulados em leis especiais".

2. A interpretação da lei de processo penal militar deve ser:

a) literal. b) sistemática. c) histórica. d) teleológica. e) analógica.

R.: A resposta certa é a letra A. Dispõe o artigo 2o, do Código de Processo Penal Militar: "A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os ter-mos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empre-gados com outra significação".

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3. Analise as afirmações e assinale a alternativa correta.

I – O Código de Processo Penal Militar admite a interpretação extensiva, restritiva e meramente declaratória.

II – Aplicar-se-á a interpretação extensiva sempre que a lei for mais ampla que a intenção do legislador.

III – Aplicar-se-á a interpretação restritiva sempre que a lei for mais estrita que a intenção do legislador.

a) Apenas a afirmação II está correta. b) Apenas as afirmações I e III estão corretas. c) Apenas as afirmações II e III estão corretas. d) Todas as afirmações estão corretas. e) Nenhuma das afirmações está correta.

R.: A resposta certa é a letra E. Todas as afirmações estão incorretas, pois estão em desacordo com o disposto no artigo 2º, § 1º, do Código de Processo Penal Militar, que prevê que "admitir-se--á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intenção".

4. Assinale a alternativa INCORRETA. Os casos omissos no Código de Processo Penal Militar serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuí-zo da índole do processo penal militar.

b) pela jurisprudência. c) pelos usos e costumes militares. d) pelos princípios gerais de Direito. e) pela interpretação analógica.

R.: A resposta certa é a letra E. A alternativa "E" está errada, de acordo com o que dispõe o arti-go 3º, do Código de Processo Penal Militar. Vejamos: "Os casos omissos neste Código serão su-pridos: a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar; b) pela jurisprudência; c) pelos usos e costumes militares; d) pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia".

Note-se que, segundo os ensinamentos de Júlio Fabbrini Mirabete, "não se confunde a inter-pretação analógica, que é a busca da vontade da norma por meio da semelhança com fórmulas usadas pelo legislador, com a analogia, que é forma de auto integração da lei com a aplicação a um fato não regulado por esta de uma norma que disciplina ocorrência semelhante" (Manual de Direito Penal. Parte geral. 21. ed., vol. I. São Paulo: Atlas, 2004, p. 51).

5. Marque a alternativa INCORRETA.

As normas do Código de Processo Penal Militar serão aplicadas em tempo de paz, sem prejuízo das convenções, tratados e regras de direito internacional: a) em todo o território nacional. b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar

de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

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c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força mili-tar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de mis-são de caráter internacional ou extraterritorial.

d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, de propriedade pú-blica, onde quer que se encontrem, desde que estejam sob comando militar ou militar-mente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente.

e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional.

R.: A resposta certa é a letra D. Prevê o artigo 4º, inciso I, do Código de Processo Penal Mili-tar: "Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as nor-mas deste Código:

I – em tempo de paz: a) em todo o território nacional; b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça es-trangeira; c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial; d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar com-petente; e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional".

6. Analise as assertivas. Não será admitida a interpretação literal, extensiva ou restritiva, quando:

I – cercear a defesa pessoal do acusado.

II – prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza.

III – desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Estão corretas:

a) Todas. b) I e II. c) II e III. d) I e III. e) Nenhuma.

R.: A resposta certa é a letra A. Todas as afirmações estão corretas, pois traduzem fielmente o texto do artigo 2º, § 2º, do Código de Processo Penal Militar, que dispõe que "não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando: a) cercear a defesa pessoal do acusado; b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza; c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo".

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Título II – Polícia judiciária militar (Art. 7º e 8º, CPPM).

A polícia judiciária é um órgão da segurança do Estado que tem como principal função apurar as infrações penais e sua autoria por meio da investigação policial, que é um procedimento ad-ministrativo com característica inquisitiva, servindo, em regra, de base à pretensão punitiva do Estado formulada pelo Ministério Público, titular da ação penal de iniciativa pública.

Ao contrário da justiça estadual e da federal, que possuem respectivamente a polícia civil e federal para investigação de seus feitos, a polícia judiciária militar é exercida pelas autoridades castrenses, conforme as suas áreas de atuação, que poderão ser delegadas a oficiais da ativa para fins especificados e por tempo limitado:

a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;

b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposi-ção legal, estejam sob sua jurisdição;

c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e uni-dades que lhes são subordinados;

d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;

e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios;

f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aero-náutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;

g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;

h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;

Não exercem polícia judiciária militar o Ministro da Defesa e o Secretário de Segurança Pública. Tratando-se de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá recair em oficial de posto superior ao indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou re-formado. Não sendo possível, a designação de oficial poderá ser feita a com a de mesmo posto, desde que mais antigo.

Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de ou-tro oficial da ativa, caberá ao ministro competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá--lo, para tomar essa providência.

Compete à polícia Judiciária militar apurar os crimes militares sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligên-cias que por eles lhe forem requisitadas; cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insani-

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dade mental do indiciado; cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido; solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das in-frações penais, que esteja a seu cargo; requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar; atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamenta-do o pedido.

Há duvidas se permanece com a Polícia Judiciária Militar a atribuição para investigação de cri-mes dolosos de militares contra a vida praticados contra civis. A associação dos Delegados do Brasil – ADEPOL ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4.164) contra o § 2º do artigo 82 do CPM, que teve medida cautelar indeferida, ação que foi não conhecida ao final. Para al-guns permanece com a polícia militar a atribuição, não desnaturando a qualidade de militar do delito, tese sufragada pelo TJM/RS, TJM/MG e TJM/SP.

Para outros, a Emenda Constitucional 45 retirou o homicídio doloso praticado contra civil do rol de crimes militares, cabendo a investigação de tais crimes à Polícia Civil. Neste sentido o enten-dimento do Superior Tribunal de Justiça, para qual, “aplicada a teoria dos poderes implícitos, emerge da competência de processar e julgar, o poder/dever de conduzir administrativamente inquéritos policiais”.

Questões

1. Não compete à polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria.

b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as infor-mações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligên-cias que por eles lhe forem requisitadas.

c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar. d) apresentar a autoridades civis acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do indi-

ciado. e) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das

infrações penais, que esteja a seu cargo.

R.: A resposta certa é a letra D. Estabelece o artigo 8º, alíneas "a", "b", "c", "d", e "f", do Código de Processo Penal Militar: "Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações ne-cessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas; c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; d) re-presentar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade men-tal do indiciado; (...) f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo".

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2. A polícia judiciária militar da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, será exercida:

a) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. b) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra. c) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. d) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea. e) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica.

R.: A resposta certa é a letra C. Dispõe o artigo 7º, alínea "a", do Código de Processo Penal Mi-litar: "A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições: a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-ca, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanen-te ou transitória, em país estrangeiro".

3. A polícia judiciária militar será exercida pelos comandantes de Exército e pelo comandante--chefe da Esquadra:

a) em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios. b) nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando. c) em relação a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição.d) nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados. e) nos órgãos e unidades dos respectivos territórios.

R.: A resposta certa é a letra B. Prevê o artigo 7º, alínea "d", do Código de Processo Penal Mi-litar: "A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições: (...) d) pelos comandantes de Exército e pelo comandan-te-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando".

4. No que tange à delegação do exercício da polícia judiciária militar, analise as assertivas e mar-que a alternativa correta.

I – Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.

II – Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas no artigo 7º, do Código de Processo Penal Militar, poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo ilimitado.

III – Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.

a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas a afirmação II está correta. c) Apenas a afirmação III está correta. d) Apenas as afirmações I e II estão corretas. e) Apenas as afirmações I e III estão corretas.

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R.: A resposta certa é a letra E. A afirmação II está incorreta, pois em desacordo com o disposto no artigo 7º, § 1º, do Código de Processo Penal Militar, que prevê que “obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado”.

As demais afirmações estão corretas nos termos dos § § 2º e 3º, do mesmo dispositivo legal. "2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado". "3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo".

Título III – Inquérito policial militar (Art. 9º ao 28, CPPM).

Conceito, finalidade, procedimento, atos iniciais, relatório, arquivamento, dispensa, prazos, entre outras peculiaridades.

Conceito e finalidade

O Inquérito Policial Militar (IPM) é o procedimento administrativo instaurado pela Polícia Ju-diciária Militar que apura a ocorrência e a autoria de ilícito penal militar, ou seja, a pratica dos crimes previstos no Código Penal Militar. Prevê o artigo 9º, do DL 1002/69 (Código de Processo Penal Militar), que "o inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja fina-lidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal".

Assim, percebe-se que a finalidade do Inquérito Policial Militar é fornecer os elementos de con-vicção necessários para o órgão acusador oferecer denúncia contra o suposto autor da infração praticada à Justiça Militar, tendo também por objetivo a produção de provas que poderão não ser repetidas durante a instrução penal, como determinados exames periciais (corpo de delito, por exemplo).

Note-se que o inquérito policial militar tem caráter inquisitivo e, portanto, não há o que se falar em contraditório, podendo o oficial encarregado proceder a investigação da maneira que en-tender mais adequada.

Procedimento

Dispõe o artigo 21, do CPPM, que "todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e ru-bricadas, pelo escrivão". Diante do dispositivo em questão, nota-se que a elaboração do inqué-rito penal militar deve seguir certas formalidades, no entanto tais são indeclináveis, sendo que a ausência de algumas delas não torna nula a investigação.

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• Instauração: O inquérito é iniciado por portaria, conforme prescreve o artigo 10, do CPPM. Via de regra, o fato supostamente delituoso chega ao conhecimento do comandante por meio da notitia criminis. Assim, o inquérito terá início de ofício, pela autoridade militar; por determinação ou delegação da autoridade militar superior; por requisição do Ministério Público; por decisão do Superior Tribunal Militar; a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente; ou quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência de infração penal militar.

• Sigilo: Para atingir sua finalidade, fundamental que as investigações não sejam divulgadas. Frisa-se, porém, que apesar de sigiloso, o inquérito não é secreto. Sendo assim, de acordo com o artigo 16, do CPPM, o oficial encarregado das investigações poderá permitir que o advogado do indiciado tome conhecimento do teor da peça inquisitiva. Ademais, entende-se ser aplicável a regra constante do Estatuto da Ordem dos Advogados que permite aos advo-gados tomar conhecimento, mesmo sem procuração, dos autos de flagrante e do inquérito.

• Indiciado: O indiciado é o suspeito da prática de um fato típico, alvo das investigações. Logo que indiciado, o suspeito será interrogado acerca da infração analisada. Importante dizer que antes da Constituição Federal/88, o indiciado permanecia incomunicável quando legalmente preso por três dias, no máximo. No entanto, de acordo com o artigo 136, § 3º, IV, da CF, "é vedada a incomunicabilidade do preso".

• Relatório e solução: Dispõe o artigo 22, do CPPM, que "o inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronun-ciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais".

O relatório deverá conter uma síntese dos fatos apurados, narrada de modo imparcial pelo ofi-cial encarregado, que não deverá emitir sua opinião sobre o mérito da questão.

Ainda de acordo com o § 1º, do artigo supracitado, "no caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a dele-gação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apu-rada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias". A solução aqui mencionada nada mais é que um relatório elaborado pela autoridade militar, que homolo-gará ou não a conclusão do relatório feito pelo oficial.

• Arquivamento: Leciona o artigo 24, do CPPM, que "a autoridade militar não poderá man-dar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inim-putabilidade do indiciado". Somente o Ministério Público, destinatário do inquérito, é que poderá avaliar em um juízo de valor acerca dos elementos de convicção.

Assim, o Ministério Público poderá requerer o arquivamento do inquérito quando o fato apura-do não constituir crime, ou quando faltar base para denúncia, ou seja, quando os elementos de convicção obtidos nas investigações não autorizarem qualquer prestação jurisdicional em razão da ausência de indícios de autoria.

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Ressalta-se ainda que, na primeira hipótese de arquivamento, se o fato for considerado cri-minoso, mas não encontrar tipificação na legislação penal militar, o órgão ministerial deverá requerer a remessa dos autos à autoridade judiciária competente.

• Devolução dos autos: Determina o artigo 26, do CPPM, que "os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial militar, a não ser: I- mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; II- por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue necessá-ria". Em qualquer das hipóteses, será determinado prazo não superior a vinte dias para a restituição dos autos.

• Prazo: O inquérito policial militar deve ser finalizado dentro de vinte dias, contados do dia em que se executar a ordem de prisão, quando o indiciado estiver preso. A prorrogação do prazo sem justificativa plausível consiste em constrangimento ilegal, sanável por meio do habeas corpus. Já se o indiciado estiver solto, o prazo para a finalização do inquérito é de quarenta dias, contados da data em que se instaurar o procedimento inquisitivo, conforme disposição do artigo 20, do CPPM.

Note-se que "este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciadas, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato" – art. 20, § 1º, do diploma em comento.

Instauração de novo inquérito policial militar

A autoridade policial poderá abrir novas investigações depois de arquivado o inquérito, desde que não esteja prescrita a ação penal e que haja novas provas sobre os fatos apurados. Sendo assim, a denúncia poderá ser oferecida a qualquer tempo, com o surgimento de novas evidências e se não observada a prescrição da ação.

Frisa-se, entretanto, que aquele que for julgado definitivamente não poderá ser indiciado novamente pelos mesmos fatos, já que a sentença é irrevogável.

Auto de Prisão em Flagrante Delito

Dispõe o artigo 243, do Código de Processo Penal Militar, que "qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito".

A legislação processual penal militar admite o estado flagrancial em 3 modalidades: flagrância própria, flagrância imprópria e flagrância presumida, prevendo tais situações no artigo 244, que dispõe que será considerado em flagrante quem está cometendo o crime (alínea "a"), quem acaba de cometê-lo (alínea "b"), quem é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o autor da ação (alínea "c"), quem é encontrado, logo após a ação, com instrumentos, objetos, papéis que façam presumir sua participação no fato criminoso (alínea "d") e, por fim, nos crimes permanentes serão assim considerados enquanto não cessar a permanência (parágrafo único).

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Dessa forma, uma vez lavrado o Auto de Prisão em Flagrante Delito, presidido pela Autoridade Policial Militar, e estando devidamente comprovada a materialidade do crime e sua autoria, o inquérito somente será composto pelo respectivo auto de prisão, devendo ser realizadas as diligências necessárias para a realização dos exames periciais, apreensão e avaliação dos produtos do crime, entre outras medidas.

Ademais, prevê o artigo 27, do CPPM, que "se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente, nos termos do art. 20".

Dispensa do Inquérito Policial Militar

De acordo com o artigo 28, do Código de Processo Penal Militar, o Inquérito Policial Militar po-derá ser dispensado quando:

a) o fato e a autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais, pois se a finalidade do inquérito é buscar a autoria de um fato típico, uma vez esclarecido não tem que se falar em apuração;

b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, desde que o autor tenha sido identificado;

c) nos crimes de desacato (artigo 341, do Código Penal Militar) e de desobediência a decisão judicial (artigo 349, do Código Penal Militar), por expressa disposição legal.

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Passo a passo ilustrado:

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Questões

1. Marque a alternativa incorreta.

a) O inquérito policial constitui instrução provisória, procedimento administrativo. b) O juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas colhidas em juízo. c) A prova colhida em fase de inquérito, apesar de grande valor probatório, como os exames de

corpo de delito, é insuficiente como elemento idôneo de convicção na busca da verdade real. d) Somente a confissão extrajudicial, desde que em harmonia com outros elementos probató-

rios colhidos em juízo, pode servir de alicerce à convicção do julgador quanto à responsabi-lidade criminal do conflitante.

e) A confissão do indiciado em fase inquisitorial não servirá como elemento de convicção caso haja a negativa da prática do crime em juízo, ainda que venha corroborada por outras pro-vas colhidas nos autos.

R.: A resposta certa é a letra E. A alternativa "E" traz informação contrária aos ensinamentos do professor José da Silva Loureiro Neto, conforme se constata da última parte de sua explanação acerca do valor probatório do inquérito policial militar: "O inquérito policial constitui instrução provisória, procedimento administrativo. Como reza o art. 297, em sua primeira parte, 'o juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas colhidas em juízo'; infere-se daí que a prova colhida naquela fase, apesar de grande valor probatório, como os exames de corpo de delito, é insuficiente como elemento idôneo de convicção na busca da verdade real. Somente a confissão extrajudicial, desde que em harmonia com outros elementos probatórios colhidos em juízo, pode servir de alicerce à convicção do julgador quanto à responsabilidade criminal do conflitante. Assim, se o indiciado confessar a prática do delito na fase do inquérito e depois negá-la em juízo, pouco lhe aproveita se a confissão estiver em harmonia com as provas colhidas em juízo" (Processo Penal Militar. 5a Ed., p. 14. São Paulo: Editora Atlas, 2002).

Note-se que as demais alternativas estão corretas, pois de acordo com as lições do ilustre mestre.

2. Analise as afirmações e marque a alternativa correta.

O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público:

I – quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais;

II – nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;

III – nos crimes de desacato e coação.

a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas a afirmação II está correta. c) Apenas a afirmação III está correta. d) Apenas as afirmações I e II estão corretas. e) Apenas as afirmações I e III estão corretas.

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R.: A resposta certa é a letra D. A afirmação III está errada, pois conforme o artigo 28, do CPPM (Código de Processo Penal Militar): "O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de dili-gência requisitada pelo Ministério Público: a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclare-cidos por documentos ou outras provas materiais; b) nos crimes contra a honra, quando decor-rerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado; c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar", sendo que estes artigos se referem aos crimes de desacato e desobediência a decisão judicial.

3. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado que estiver legalmente preso por no máximo:

a) um dia.b) dois dias. c) três dias. d) quatro dias. e) cinco dias.

R.: A resposta certa é a letra C. Estabelece o artigo 17, do Código de Processo Penal Militar, que "o encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que estiver legalmente preso, por três dias no máximo"

4. Analise as assertivas.

I – As testemunhas e o indiciado devem ser ouvidos durante o dia, salvo nos casos de urgência inadiável.

II – A testemunha não será inquirida por mais de duas horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo.

III – O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito.

Estão corretas:

a) I b) II c) III d) I e II e) I e III

R.: A resposta certa é a letra E. A afirmação II está errada, pois segundo o artigo 19, § 2º, 1ª parte, do CPPM, "a testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito".

As afirmações I e III estão de acordo com artigo 19, caput e § 2º, 2ª parte, do CPPM.

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5. Complete com a informação correta.

Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até ____ dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse pra-zo poderá ser prorrogado por mais ___ dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.

a) 15 e 20 b) 30 e 20c) 20 e 30 d) 30 e 15 e) 20 e 20

R.: A resposta certa é a letra B. Prevê o artigo 18, do CPPM: "Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comu-nicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solici-tação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica"

6. Assinale a alternativa incorreta. O inquérito poderá ser iniciado mediante portaria:

a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;

b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de urgência, po-derá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;

c) em virtude de requisição do Ministério Público; d) por decisão do Superior Tribunal Militar; e) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição comum, resulte indício da existência

de infração penal militar.

R.: A resposta certa é a letra E. Dispõe o artigo 10, alínea "f", do Código de Processo Penal Militar: "O inquérito é iniciado mediante portaria: (...) f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência de infração penal militar"

7. Analise as afirmações e marque a alternativa correta.

I – Inquérito policial militar é a apuração sumária de fato que, nos termos da lei, configure cri-me militar, e de sua autoria.

II – O inquérito policial militar tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua e a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.

III – São efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas no Código de Processo Penal Militar.

a) Todas as afirmações estão corretas. b) Apenas a afirmação I está correta. c) Apenas a afirmação I está correta. d) Apenas a afirmação I está correta. e) Nenhuma das afirmações está correta.

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R.: A resposta certa é a letra A. Dispõe o artigo 9º e parágrafo único, do CPPM: "O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código".

8. O inquérito policial militar, por ter caráter inquisitivo, aceita a oitiva de:

a) três testemunhas. b) cinco testemunhas. c) seis testemunhas. d) oito testemunhas. e) quantas testemunhas forem necessárias ao esclarecimento do fato.

R.: A resposta certa é a letra E. Segundo os ensinamentos de José da Silva Loureiro Neto, "o inquérito policial militar é inquisitivo, pois não existe a figura do contraditório, podendo o oficial encarregado dirigir as investigações como entender convenientemente, sem ater-se a um procedimento prévio a ser obedecido. Assim, exemplificando, poderá ouvir quantas testemunhas entender necessárias ao esclarecimento do fato" (Processo Penal Militar. 5a Ed, p. 14. São Paulo: Editora Atlas, 2000).

9. Complete a lacuna corretamente.

O inquérito deverá terminar dentro em ___ dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de ___ dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.

a) cinco e quinze b) dez e vinte c) vinte e trinta d) vinte e quarenta e) trinta e quarenta

R.: A resposta certa é a letra D. Dispõe o artigo 20, do CPPM: "O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito" (grifos nossos).

10. Analise as assertivas.

I – A autoridade militar poderá mandar arquivar autos de inquérito, caso haja conclusão da ine-xistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.

II – O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso.

III – Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.

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Estão corretas:

a) I b) II c) III d) I e II e) II e III

R.: A resposta certa é a letra E. A afirmação I está errada, pois contradiz o texto do artigo 24, do CPPM, que diz que "a autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado".

As demais afirmações estão corretas, pois de acordo com o artigo 22 e § 2º, do CPPM.

Título IV – Ação penal militar e seu exercício (Art. 29 ao 33, CPPM).

Princípio da obrigatoriedade, condições da ação, prazos para oferecimento da denúncia, inépcia da denúncia, entre outros quesitos

Princípio da obrigatoriedade

É por meio da ação penal que o Estado pede ao juiz que aplique a lei ao caso concreto. O Ministério Público é o "dominus litis", ou seja, o senhor da ação penal, pois é responsável por intentá-la. Note-se que o Ministério Público não tem disponibilidade da ação, isto é, ele é obrigado a promover a ação penal face a existência dos elementos de convicção fornecidos pelo inquérito policial.

Assim, de acordo com o princípio da obrigatoriedade não pode o Ministério Público deixar de intentar a ação, por quaisquer motivos que sejam. Nesse sentido, prevê o artigo 30, do Código de Processo Penal Militar, que "a denúncia deve ser apresentada sempre que houver:

a) prova de fato que, em tese, constitua crime;

b) indícios de autoria".

Presentes tais elementos, o Ministério Público deverá promover a ação.

Frisa-se, todavia, que o Código Penal Militar, em seu item 17, da Exposição de Motivos, pretendeu suavizar o rigor do princípio em comento prescrevendo que "entre os crimes de lesão corporal, inclui-se o de 'lesão levíssima', a qual, segundo ensino de vivência militar, pode ser desclassificada pelo juiz para infração disciplinar, poupando-se, em tal caso, o pesado encargo de um processo penal para fato de tão pequena monta".

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Condições da ação penal militar

As condições da ação são requisitos necessários para que o Juiz possa julgar o mérito de uma pretensão punitiva deduzida na acusação. São três as condições da ação penal militar: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade de parte.

O pedido será juridicamente possível quando o direito penal militar assim o permitir, ou seja, a conduta descrita na denúncia deverá enquadrar-se a um tipo penal militar. Assim, conforme disposição do artigo 78, do CPPM, "a denúncia não será recebida pelo juiz: (...) b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça Militar (...)". Desse modo, haverá impossibilidade jurídica do pedido quando o fato narrado na denúncia não constituir crime previsto no Código Penal Militar.

A segunda condição da ação é o interesse de agir, também chamado justa causa. Para que haja atuação jurisdicional é fundamental que o pedido seja idôneo, digno de ser julgado, pois do contrário inexiste interesse.

Para receber a denúncia o juiz deve estar convencido da seriedade do pedido. Sendo assim, a denúncia poderá ser rejeitada quando não contiver os elementos descritos no artigo 77, do CPPM, tais como: as razões de convicção ou presunção de delinquência.

A última condição da ação é a legitimidade para agir. Desse modo, somente o titular do interesse é que poderá agir, intentar a ação. Se o Ministério Público requerer a atuação jurisdicional contra alguém que não pode sofrer sanção penal, haverá falta ao órgão legitimação para agir. Nesse rumo, dispõe o artigo 78, "d", do CPPM, que "a denúncia não será recebida pelo juiz: (...) d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador".

Denúncia e seus requisitos

A denúncia é a peça inaugural da ação penal pública e, de acordo com o artigo 77, do CPPM, deve conter os seguintes requisitos:

"a) a designação do juiz a que se dirigir;

b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;

c) o tempo e o lugar do crime;

d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível;

e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;

f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;

g) a classificação do crime;

h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação".

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Ao elaborar a denúncia, o representante do Ministério Público deverá ficar atento, verificando se todos os requisitos previstos no artigo 77, do CPPM, estão nela contidos, sob pena de rejei-ção por inépcia.

Note-se que se o acusado estiver preso, a denúncia deve ser oferecida em cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquele fim. Já se o acusado estiver solto a denúncia deverá ser oferecida dentro do prazo de quinze dias (artigo 79, do CPPM). "O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver preso" – § 1º do artigo supracitado.

Classificação subjetiva da ação penal militar

Via de regra, toda ação penal é pública, pois promovida pelo próprio Estado por meio do Ministério Público. De acordo com o artigo 29, do CPPM: "a ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia pelo Ministério Público Militar". Trata-se de ação penal plena ou incondicionada. Assim, quando a lei não dispuser o contrário, a ação penal será incondicionada.

A ação penal referente aos crimes de lesão corporal leve e culposa, além dos casos previstos em legislação especial ou no Código Penal, será condicionada a representação do ofendido, conforme art. 88, da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Nesses casos, o Ministério Público não poderá promover a ação penal sem a manifestação do ofendido. O direito de representação somente pode ser exercido pela vítima ou por seu representante legal, no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.

Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a propositura da ação penal militar será condicionada à requisição do Ministério Militar a quem o agente estiver subordinado, ou do Ministério da Justiça, quando o agente for civil e não houver coautor militar (art. 122, do CPM).

Instauração do processo

O processo inicia-se quando o juiz recebe a denúncia oferecida pelo Ministério Público. Assim, recebendo os autos do inquérito policial militar o Procurador poderá: oferecer a denúncia; requerer a devolução dos autos para que adotem as providências para o oferecimento da denúncia; requerer o arquivamento ao juiz; requerer a remessa dos autos ao juízo competente caso o crime não seja militar; ou requerer a decretação da extinção da punibilidade se verificada qualquer das hipóteses previstas no artigo 123, do CPM.

Pode ocorrer ainda que o juiz rejeite a denúncia por entender que não estão preenchidas as condições da ação, caso em que o Procurador poderá interpor recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 516, "d", do CPPM.

Por outro lado, se a denúncia não contiver os requisitos elencados no artigo 77, do CPPM, o juiz, antes de rejeitá-la, mandará remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de três dias, contados do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos ausentes (art. 78, § 1º, do CPPM).

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Discordância do juiz no pedido de arquivamento

Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do inquérito policial formulado pelo órgão do Ministério Público deverá remeter os autos ao Procurador-Geral Federal. Assim, "se o procurador, sem prejuízo da diligência a que se refere o art. 26, nº I, entender que os autos do inquérito ou as peças de informação não ministram os elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requererá ao auditor que os mande arquivar. Se este concordar com o pedido, determinará o arquivamento; se dele discordar, remeterá os autos ao procurador-geral. Se o procurador entender que há elementos para a ação penal, designará outro procurador, a fim de promovê-la; caso contrário, mandará arquivar o processo." (Art. 397 do CPPM)

O mesmo ocorre na Justiça Militar do Estado de São Paulo, de acordo com o artigo 28, do Código de Processo Penal – "se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender".

Por fim, cumpre dizer que intentada a ação penal, não poderá o Ministério Público dela desistir, assim como não poderá desistir do recurso que eventualmente interpuser (Art. 32 e 512 do CPPM).

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Questões

1. Analise os itens abaixo e assinale a alternativa correta:

A denúncia deve ser apresentada sempre que houver:

I – prova de fato que, em tese, constitua crime;

II – indícios de autoria;

III – antecedentes criminais comprovados nos autos por meio de certidão.

a) Apenas o item I está correto. b) Apenas o item II está correto. c) Apenas o item III está correto. d) Apenas os itens I e II estão corretos. e) Apenas os itens II e III estão corretos.

R.: A resposta certa é a letra D. De acordo com o que prevê o artigo 30, do Código de Processo Penal Militar, "a denúncia deve ser apresentada sempre que houver: a) prova de fato que, em tese, constitua crime; b) indícios de autoria'". Nota-se que não há no dispositivo legal menção sobre antecedentes criminais.

2 As condições da ação penal militar são:

a) a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e o livre consentimento. b) a possibilidade jurídica do pedido, o livre consentimento e a legitimidade de parte. c) somente a possibilidade jurídica do pedido e a legitimidade de parte. d) somente a possibilidade jurídica do pedido e o interesse de agir. e) a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade de parte.

R.: A resposta certa é a letra E. São três as condições da ação penal militar, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade de parte.

3. A efetivação do processo penal militar se dá com:

a) a notificação do acusado. b) a sentença transitada em julgado. c) a intimação do acusado. d) a citação do acusado. e) a apresentação da defesa pelo acusado.

R.: A resposta certa é a letra D. De acordo com o artigo 35, do Código de Processo Penal: "O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do acusado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não".

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5. O processo penal militar extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna:

a) irrecorrível, desde que resolva o mérito. b) recorrível, quer resolva o mérito, quer não. c) irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não. d) irrecorrível, desde que não resolva o mérito. e) recorrível, desde que resolva o mérito.

R.: A resposta certa é a letra C. De acordo com o artigo 35, do Código de Processo Penal: "O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do acusa-do e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não".

6. O direito de ação no processo penal militar é exercido:

a) pelo acusado. b) pelo representante legal da vítima. c) pela vítima. d) pelo Ministério Público Militar. e) pelo superior hierárquico do acusado.

R.: A resposta certa é a letra D. Prescreve o artigo 34, do Código de Processo Penal Militar: "O direito de ação é exercido pelo Ministério Público, como representante da lei e fiscal da sua execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz exercer o poder de jurisdição, em nome do Estado".

Título VI – Juiz, auxiliares e partes do processo (Art. 36 ao 76, CPPM).

Juiz Militar, Ministério Público Militar, acusado, seus defensores e curadores e, também, o assistente, todos destacados pelo Decreto-lei nº 1002/69 (Código de Processo Penal Militar).

Primeiramente, cumpre ressaltar, que sujeitos processuais são pessoas que possuem atribui-ções, seja no exercício de uma profissão ou em defesa de um interesse, completando a relação jurídico-processual.

Cada sujeito processual opera uma atribuição peculiar. Os sujeitos destacados neste texto se-rão o juiz, o Ministério Público, o acusado, seus defensores e curadores e, também, o assisten-te, todos no âmbito militar.

Sendo assim, incumbe destacar que o Decreto-Lei nº 1002/69, que estatui o Código de Proces-so Penal Militar é, portanto, a lei que rege o processo penal militar, sendo diversa da legislação do processo penal comum.

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A função judicial militar

O Código de Processo Penal Militar prevê, em seu artigo 36 e seguintes, a função do juiz. A atri-buição judicial na pessoa do magistrado é assegurar a regularidade do processo, bem como a execução da lei, podendo, inclusive, requisitar força militar para que possa manter a ordem no curso dos atos realizados.

O juiz possui independência funcional, devendo apenas obediência à autoridade judiciária a ele superior, conforme salienta o artigo 36, parágrafo 2º, do CPPM.

A jurisdição pode ser exercida livremente pelo magistrado, exceto nos casos previstos nos arti-gos 37 a 41, do CPPM. Tais artigos descrevem os impedimentos e suspeições do juiz para exer-cer sua função.

Os atos judiciais, quando exercidos por juiz impedido, são considerados inexistentes. As sus-peições judiciais podem ser divididas em: suspeição entre adotante e adotado; suspeição por afinidade; suspeição provocada e, por fim, os casos genéricos de suspeição. Nos casos de sus-peição provocada, não poderá ela ser reconhecida quando a parte injuriar o juiz ou de propósi-to der motivo para criá-la. Tanto os impedimentos quanto as suspeições possuem regras muito semelhantes às do processo penal comum.

Ministério Público Militar

Previsto pelos artigos 54 e seguintes, do Código de Processo Penal Militar, o Ministério Público é um órgão de acusação, assim também considerado no processo militar. O procurador-geral (membro hierarquicamente superior ao procurador de justiça) possui a função de trabalhar em ações de competência originária no Superior Tribunal Militar, diferentemente dos procuradores, que receberam a atribuição de atuar em ações perante órgãos judiciários em primeira instância.

A nomenclatura "órgão de acusação" não significa que o procurador deve somente acusar. Ao con-trário, a função do procurador é promover a justiça opinando pela acusação ou absolvição do indiví-duo. Nos dois casos, deverá o procurador fundamentar seu parecer em razões de fato e de direito.

A função peculiar do Ministério Público Militar é a fiscalização do cumprimento da lei penal mi-litar, verificando especialmente o resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como bases da organização das Forças Armadas.

Da mesma forma que o magistrado, o procurador também tem em seu favor a independên-cia funcional, bem como deve respeitar as regras de impedimento e suspeição, aplicando-se, inclusive, as modalidades de suspeição provocada, suspeição por afinidade e suspeição entre adotante e adotado, nos termos e forma que são determinadas aos juízes.

Acusados, seus defensores e curadores

São sujeitos regulados pelos artigos 69 e seguintes, do diploma em questão, e a importância de cada um deles há de se destacar no processo penal militar.

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Em primeiro lugar, o indivíduo só pode ser denominado acusado se tiver contra ele uma impu-tação de infração penal em denúncia, já recebida. Este indivíduo, agora acusado, deve ter sua identificação através do nome, qualificações e qualificativos. No entanto, quando não for possível sua identificação correta, nada impede que o processo penal militar tenha andamento, desde que certa a identidade física do acusado. Se, por ventura, houver necessidade de retificar os qualifi-cativos do indivíduo, deverá ser feita por termo nos autos, tanto no curso do processo, quanto no momento da execução da sentença, sem que exista prejuízo da validade dos atos antecedentes.

Destaca-se, também, a necessidade e obrigatoriedade da nomeação de defensor. A constitui-ção deste defensor não requer a apresentação de instrumento de mandato, desde que o acu-sado o indique no momento de seu interrogatório ou em qualquer outra fase do processo, mas agora, por termo nos autos. Em não havendo a constituição de um defensor, o acusado não po-derá deixar de ser defendido, devendo, então, ser nomeado defensor dativo, ficando a critério do acusado de, a qualquer tempo, constituir outro de sua confiança.

Ainda que o acusado tenha qualificação para se auto defender, a nomeação de defensor dativo será realizada pelo juiz, a menos que o acusado expressamente abra mão de tal nomeação. O advogado nomeado não poderá abandonar o processo, exceto em caso de motivo imperioso, o qual fica a critério do magistrado. Mesmo assim, se isso vier a ocorrer, ao advogado caberão as sanções aplicadas pela Ordem dos Advogados do Brasil, que será comunicada pelo juiz da causa. Contudo, se for advogado de ofício, ou seja, advogado da Justiça Militar, as sanções serão aplica-das pelo Superior Tribunal Militar, o qual será comunicado pelo juiz através de seu presidente.

Por fim, importante descrever a figura dos curadores. A curadoria existe para a defesa dos incapa-zes. Nos termos do artigo 72, do Código de Processo Penal Militar, "o juiz dará curador ao acusado incapaz". Como se vê, a curadoria funciona de forma muito parecida com o processo penal comum.

Assistente

O assistente é a vítima da prática delituosa do acusado, porém como as ações são públicas, competem aos procuradores militares a propositura e andamento da mesma. Ocorre que, se a vítima tiver interesse, poderá se habilitar como assistente do Ministério Público Militar.

Destaca-se que na assistência, não só a vítima poderá se habilitar, mas também seu represen-tante legal e seu sucessor são legítimos para tal procedimento. Para melhor elucidar, o repre-sentante legal é o ascendente, descendente, tutor ou curador do ofendido menor de 18 anos ou incapaz, e o sucessor é o ascendente, descendente ou irmão.

É primordial notar que a aceitação do assistente no processo não é automática. É necessário um parecer do Ministério Público e uma decisão do juiz sobre a concessão ou não da admissão do assistente de acusação. A admissão só será possível enquanto não passar em julgado a sen-tença. O assistente, ao ser admitido, deverá receber a causa no ponto/estado em que se achar.

O advogado da Justiça Militar, também conhecido como advogado de ofício, poderá ser assis-tente, porém não poderá atuar no processo a favor de qualquer acusado, nem como assistente e nem como procurador.

Ao assistente é permitido propor meios de prova; requerer perguntas às testemunhas, fazen-do-o depois do procurador; apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida pelo Ministério Público; juntar documentos; arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério

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Público; participar do debate oral, porém primeiramente faz-se necessário o parecer do re-presentante do Ministério Público Militar e a aquiescência do juiz, nos termos do artigo 65, do Código de Processo Penal Militar.

Por fim, o assistente não receberá notificação no curso do processo, exceto para assistir ao julgamento e, caso venha tumultuar o processo ou infringir a disciplina judiciária, poderá ter cassada sua admissão.

Questões

1. Os atos judiciais quando exercidos por juiz impedido são considerados:

a) inexistentes. b) nulos. c) anuláveis. d) inválidos. e) revogáveis.

R.: A resposta certa é a letra A. Prescreve o artigo 37, parágrafo único, do Código de Processo Penal Militar, que "serão considerados inexistentes os atos praticados por juiz impedido, nos termos deste artigo".

2. A suspeição provocada não poderá ser alegada:

a) pelo incapaz. b) pelo menor. c) pela parte que injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. d) pela parte que estiver no polo passivo da causa. e) pela parte que estiver no polo ativo da causa.

R.: A resposta certa é a letra C. Nos casos de suspeição provocada, não poderá ela ser reco-nhecida quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. Tal ensinamento também é esclarecido pelo Código de Processo Penal Militar, em seu artigo 41.

3. No processo penal militar, o procurador-geral tem a incumbência de atuar nos processos de:

a) competência originária no Tribunal Regional Federal. b) competência originária no Supremo Tribunal Federal. c) competência originária no Superior Tribunal de Justiça. d) primeira instância. e) competência originária no Superior Tribunal Militar.

R.: A resposta certa é a letra E. Dispõe o artigo 54, do CPPM, que "o Ministério Público é o ór-gão de acusação no processo penal militar, cabendo ao procurador-geral exercê-la nas ações de competência originária no Superior Tribunal Militar e aos procuradores nas ações perante os órgãos judiciários de primeira instância".

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4. O primeiro momento da correta utilização da denominação "acusado" será quando:

a) houver contra o indivíduo uma imputação de infração penal em denúncia, ainda que não recebida.

b) houver contra o indivíduo uma imputação de infração penal em denúncia, já recebida. c) houver sentença condenatória transitada em julgado. d) houver prisão em flagrante delito. e) houver a instauração de inquérito policial.

R.: A resposta certa é a letra B. "Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de infração penal em denúncia recebida" (artigo 69, do CPPM).

5. A possibilidade de constituição de defensor, no processo penal militar, sem a apresentação de instrumento de mandato, existe:

a) no momento de seu interrogatório ou em qualquer outra fase do processo por termo nos autos.

b) em qualquer fase do processo penal militar por termo nos autos. c) na audiência destinada à oitiva das testemunhas. d) na apresentação da defesa preliminar. e) na intimação do processo penal militar.

R.: A resposta certa é a letra A. De acordo com o previsto pelo artigo 71, parágrafo primeiro, do Código de Processo Penal Militar, "a constituição de defensor independerá de instrumento de mandado, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório ou em qualquer outra fase do processo por termo nos autos". (grifo nosso)

6. No processo penal militar, as pessoas que podem se habilitar como assistentes do Ministério Público Militar são:

a) somente a vítima, seu ascendente, descendente e irmão. b) somente a vítima, seu ascendente e descendente. c) somente a vítima. d) a vítima, seu representante legal e seu sucessor. e) somente a vítima, seu ascendente e irmão.

R.: A resposta certa é a letra D. Prescreve o artigo 60, do CPPM, in verbis: "O ofendido, seu re-presentante legal e seu sucessor podem habilitar-se a intervir no processo como assistentes do Ministério Público".

7. O assistente não receberá notificação no curso do processo, exceto:

a) para assistir ao julgamento. b) para recorrer. c) para apresentar complementar a denúncia. d) para se manifestar a respeito da defesa preliminar. e) para indicar o correto endereço do acusado.

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R.: A resposta certa é a letra A. De acordo com o artigo 66, do CPPM, "o processo prosseguirá independentemente de qualquer aviso ao assistente, salvo notificação para assistir ao julga-mento".

8. O assistente poderá ter cassada a sua admissão no processo penal militar nos casos em que:

a) não se manifestar sobre a defesa preliminar. b) em sendo notificado não assistir ao julgamento. c) tumultuar o processo ou que infringir a disciplina judiciária. d) não comparecer na audiência de instrução destinada a oitiva de testemunhas. e) tumultuar o processo, infringir a disciplina judiciária e não se manifestar sobre a defesa

preliminar.

R.: A resposta certa é a letra C. Nos casos em que o assistente tumultue o processo ou infrinja a disciplina judiciária, poderá ter sua admissão cassada, nos termos do artigo 67, do Código de Processo Penal Militar.

9. A nomeação de defensor para o processo penal militar é:

a) necessária, porém discricionária. b) necessária e obrigatória. c) dispensável e facultativa. d) dispensável e discricionária. e) necessária, porém dispensável.

R.: A resposta certa é a letra B. É necessária e obrigatória a nomeação de defensor. Sobre o assunto, ainda, prescreve o artigo 71, do Código de Processo Penal Militar, que "nenhum acusa-do, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor."

10. Os sujeitos processuais no processo penal militar são:

a) o juiz, o Ministério Público, o acusado, seus defensores, curadores, o oficial de justiça. b) o juiz, o oficial de justiça, o acusado, seus defensores, curadores, o assistente. c) o juiz, o Ministério Público, o acusado, seus defensores, curadores, o assistente. d) o juiz, o Ministério Público, o oficial de justiça, defensores, curadores, o assistente. e) o juiz, o Ministério Público, o acusado, oficial de justiça, curadores, o assistente.

R.: A resposta certa é a letra C. Os sujeitos processuais no âmbito militar são: o juiz, o Ministé-rio Público, acusado, seus defensores e curadores e, também, o assistente.

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Título VII – Denúncia (Art. 77 ao 81, CPPM).

Denúncia e seus requisitos

O direito de ação é exercido pelo Ministério Público, como representante da lei e fiscal da sua execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz exercer o poder de jurisdição, em nome do Estado.

O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do acu-sado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível, que resolva o mérito ou não.

A denúncia é a peça inaugural da ação penal pública e, de acordo com o artigo 77, do CPPM, deve conter os seguintes requisitos:

a) a designação do juiz a que se dirigir;

b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;

c) o tempo e o lugar do crime;

d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível;

e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;

f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;

g) a classificação do crime;

h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação".

Ao elaborar a denúncia, o representante do Ministério Público deverá ficar atento, verificando se todos os requisitos previstos no artigo 77, do CPPM, estão nela contidos, sob pena de rejei-ção por inépcia. A denúncia será ainda rejeitada, se o fato narrado não constituir evidentemen-te crime da competência da Justiça Militar; se já estiver extinta a punibilidade; se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.

Não estando presentes os requisitos da denúncia, o juiz antes de rejeitá-la mandará, funda-mentadamente, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de 3 (três) dias sejam preenchidos. No caso de incompetência do juiz, este a declarará em des-pacho fundamentado, determinando a remessa do processo ao juiz competente.

Se o acusado estiver preso, a denúncia deve ser oferecida em cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquele fim. Já se o acusado estiver solto a denúncia deverá ser oferecida dentro do prazo de quinze dias (artigo 79, do CPPM). "O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver preso" – § 1º do artigo supracitado.

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Não sendo oferecida no prazo, o ofendido (vítima) ou seu representante legal pode oferecer queixa, tornando-se o titular da ação. O MP pode aditar a queixa, caso entenda necessário, oferecer denúncia alternativa, participar dos atos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recursos etc. Caso o querelante se mostre negligente, o MP deve retomar a titularidade da ação.

Questões

1. Analise as alternativas e assinale a que contém os requisitos para interposição da denúncia na ação penal militar:

a) a designação do promotor a que se dirigir; o nome, idade, profissão e residência do acusa-do, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado; o tempo do crime, dentre outros.

b) a designação do juiz a que se dirigir; o nome, idade, profissão e residência do acusado; o lugar em que se encontra a vítima, dentre outros.

c) a designação do juiz a que se dirigir; o nome e a qualificação do membro do Ministério Pú-blico que interpõe a ação penal militar; o tempo e o lugar do crime, dentre outros.

d) a designação do promotor a que se dirigir; o nome do oficial de justiça; o tempo e o lugar do crime, dentre outros.

e) a designação do juiz a que se dirigir; o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado; o tempo e o lugar do crime, dentre outros.

R.: A resposta certa é a letra E. Prescreve o artigo 77, do CPPM, in verbis: "A denúncia conterá: a) a designação do juiz a que se dirigir; b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado; c) o tempo e o lugar do crime; d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível; e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; f) as razões de convicção ou presunção da delinquência; g) a classificação do crime; h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.

2. O número máximo de testemunhas que podem ser indicadas na denúncia de ação penal militar pelo Ministério Público é de;

a) três testemunhas. b) seis testemunhas. c) cinco testemunhas. d) duas testemunhas. e) oito testemunhas.

R.: A resposta certa é a letra B. De acordo com o artigo 77, alínea "h", do CPPM, o rol das testemunhas deve ser apresentado em número não superior a seis.

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3. Complete corretamente a lacuna:

Se a denúncia não cumprir os requisitos previstos no artigo 77, do Código de Processo Penal Militar, o juiz antes de rejeitá-la, mandará, em despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de ______ dias, contados da data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.

a) cinco dias b) dez dias c) três dias d) oito dias e) quinze dias

R.: A resposta certa é a letra C. Ao elaborar a denúncia, os requisitos previstos no artigo 77, do CPPM, deverão ser preenchidos, sob pena de rejeição. Contudo, de acordo com o artigo 78, parágrafo 1º, do CPPM, "o juiz antes de rejeitar a denúncia, mandará, em despacho funda-mentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de três dias, contados da data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido".

Título VIII – Foro Militar e Competência da Justiça Militar da União (Art. 82 ao 121, CPPM).

Jurisdição é o poder legal no qual são investidos certas pessoas e órgãos, aplicando o direito positivo aos casos concretos.

Competência é a delimitação da jurisdição da autoridade investida do poder de aplicar o Direito ao caso concreto.

Prevê a Constituição Federal, em seu artigo 124, que compete a Justiça Militar processar e jul-gar os crimes militares definidos em lei, remete a CF, portanto, ao disciplinamento de lei a com-petência da Justiça Militar.

Dispõe o art. 82 do CPPM que o foro militar é especial, e exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civis, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:

I – Nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou a segurança nacional:

a) Os militares em situação de atividade;

b) Os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo;

c) Os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no desempenho de funções militares;

d) Os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando incorporados ás Forças Aramadas.

O foro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger outras hipóteses das an-teriormente previstas.

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O Decreto-Lei nº 1.001, o Código Penal Militar, disciplina em seu artigo 9º, a hipóteses de cri-mes militares e consequentemente o que será julgado na Justiça Castrense. Nos termos do artigo 9º do CPM, consideram-se crimes militares, em tempo de paz

I – Os crimes tratados no CPM, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial. Não estando tipificados no Código Penal Militar serão considerados crimes comuns, como é a hipótese do abuso de autoridade cometido por militar;

II – Os crimes previstos no COM Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:

a) Por militar em situação de atividade, contra militar na mesma situação ou assemelhado. Para o STM basta que o agente e vítima sejam militares para a fixação da competência da Justiça Militar. O STF, no entanto, vem afastando a competência da Justiça Militar na hipó-tese de crime de militar contra militar, em local civil, sem qualquer vínculo com os exercí-cios das funções.

b) Por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito a administração mi-litar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

c) Por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;

d) Por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou refor-mado, ou assemelhado, ou civil;

e) Por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a adminis-tração militar, ou a ordem administrativa militar;

III – Os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado ou por civil, contra as institui-ções militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:

a) Contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;

b) Em lugar sujeito a administração militar contra militar em situação de atividade ou asse-melhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;

c) Contra militar em formatura, ou durando o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

d) Ainda que fora do lugar sujeito a administração militar, contra militar em função de natu-reza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior

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Da competência da Justiça Militar Estadual

A Justiça Militar Estadual compete julgar apenas os militares, por expressa disposição constitu-cional, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil (art. 125, § 4º CF). compete ainda a Justiça Militar estadual processar e julgar as ações judicias contra atos disciplinares militares. Os juízes de direito do juízo militar processam e julgam, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e a ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

A incompetência da Justiça Militar para o julgamento de crimes dolosos contra a vida de civis já era prevista no parágrafo único do art. 9º do Código Penal Militar desde a Lei 9.299/96, o que foi objeto de intenso debate sobre sua (in) constitucionalidade. O Supremo Tribunal Fede-ral, no julgamento do RE 260.404/MG, em 22/03/01, decidiu pela constitucionalidade pela Lei 9.299/96, o que pôs fim ao debate, ao menos da esfera estadual.

A Emenda 45/2004 trouxe ao texto constitucional a ressalva expressa da competência do júri para os crimes dolosos contra a vida de civis na esfera estadual, nada dispondo sobre a Justiça Militar Federal.

Havendo dúvida quando a real intenção do militar em matar ou não o civil, o feito deve ser en-caminhado para a Justiça Comum.

Tratando-se de crimes militares contra civis, desde que não sejam dolosos contra a vida, come-te aos juízes de direito do juízo militar o seu julgamento. Os demais crimes militares são compe-tência dos Conselhos permanentes ou especiais, sob a presidência do Juiz de Direito. Havendo conexão ou continência entre crimes de competência do Conselho e do juízo monocrático, três possibilidades surgem em razão da falta de disciplina geral. A primeira é o julgamento pelo juiz de direito, tendo em vista qua a ele, constitucionalmente, está atribuída a competência de jul-gar crimes contra civis. A segunda é o julgamento pelo Conselho, tendo em vista que o juiz de direito também participa do colegiado. A terceira é a cisão do processo, posição adotada pelo TJM/SP, mas que, por economia processual, autoriza a realização conjunta de atos instrutórios.

Compete ainda á Justiça Militar Estadual julgar as ações judiciais contra atos disciplinares milita-res, o que fica a cargo do Juiz de direito. Tal competência foi uma inovação da Emenda 45/2004, trazendo a Justiça Castrense Estadual, pela primeira vez, o julgamento de ações cíveis. Ela diz respeito a atos de reintegração, excesso de punição, ilegalidade da pena ou abuso de autorida-de do superior hierárquico. Não abrange, em regra, ações de improbidade administrativa, salvo quando decorrentes de atos disciplinares que transbordem em violação a princípio ou regras.

O § 4º do art. 125 da CF prevê ainda que cabe ao tribunal militar competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. A Constituição Federal se refere a hipótese de exclusão de militar com fundamento no trânsito em julgado da ação penal e não daquela decorrente de julgamento em procedimento administrativo disciplinar (STF – ARE 691306 RG/ – REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO; Rela-tor Min. CEZAR PELUSO Julgamento: 23/08/2012).

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Definição de competênciaa competência do foro militar será determinada:

I – De modo geral:

a) Pelo lugar da infração;

b) Pela residência ou domicílio do acusado;

c) Pela prevenção;

II – De modo especial, pela sede do lugar de serviço.

Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será determinada pela distribuição.

Não prevalecem os critérios anteriores em caso de conexão, continência e desaforamento.

Da competência pelo lugar da infração

A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração, e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

A competência firmada pela local do crime é uma tradição no direito processual brasileiro, de-corrente do reconhecimento da facilidade em obter elementos necessários para apuração do delito, uma vez que é lá que grande parte das provas será apurada.

Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar ou militarmente ocu-pado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras, serão processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares.

Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se este se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a com-petência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.

No entanto o Supremo Tribunal Militar tem deferido o pedido de desaforamento para Circuns-crições mais próximas do local do crime do que Brasília.

Se parte do crime militar for cometido no território nacional, a competência do foro militar se determina de acordo com as seguintes regras:

a) Se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia produzir o resultado;

b) Se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será cometente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou execução.

Na Circunscrição onde houver mais de uma Auditoria na mesma sede a competência é firmada pela distribuição. Inexiste no âmbito da Justiça Militar auditoria especializada por matéria. Se as sedes forem diferentes, atende-se ao lugar da infração.

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Da competência pelo lugar da residência ou domicílio do acusado

Se não for conhecido o lugar da infração, a competência será regulada pela residência ou do-micílio do acusado, salvo para o militar em situação de atividade, que será o local em que esta servindo (art. 96, CPPM). Domicílio é onde a pessoa tem residência com ânimo definitivo, en-quanto residência é a morada sem ânimo de permanência.

A competência pelo lugar da residência ou domicílio só ocorrerá se desconhecido o lugar do crime e o acusado for civil (apenas na Justiça Militar Federal). Atende ao interesse do acusado, tornado menos oneroso o comparecimento a juízo, facilitando a defesa, inclusive custo com advogado.

Da competência por prevenção

A competência será firmada pela prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido aos ou-tros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.

A competência pela prevenção pode ocorrer:

a) Quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou mais jurisdi-ções;

b) Quando incerto o limite territorial entre dias ou mais jurisdições;

c) Quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições;

d) Quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem vários os acusados e com diferentes residências.

Da competência pela sede do lugar de serviço

Para o militar em situação de atividade, o lugar da infração, quando este não puder ser determina-do, será o da unidade, navio, força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especialização.

Da competência por distribuição

Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a mesma competência, esta se fixará pela distribuição.

A distribuição realizada em virtude de ato anterior á fase judicial do processo prevenirá o juízo.

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Da conexão ou continência

Conexão é o fenômeno que determina a reunião de ações com idênticas partes, objeto ou cau-sa de pedir. A reunião e julgamento simultâneo de ações semelhantes podem ser determinados de ofício pelo juiz, ou requerido por qualquer das partes, tendo por fim evitar decisões contra-ditórias.

As espécies de conexão são:

a) Intersubjetiva, por simultaneidade (duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mes-mo tempo, por várias pessoas reunidas); por concurso (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar); ou por reciprocidade (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas, umas contra as outras);

b) Objetiva, quando as infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras (cone-xão teleológica), ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;]

c) Instrumental, quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias ele-mentares influírem na prova de outra infração.

A continência é o fenômeno que determina a reunião de ações com parte e causa de pedir iguais, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange as outras.

Haverá continência:

a) Quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;

b) Na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso;

Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:

a) Prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pela pena mias grave;

b) Prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as respecti-vas penas forem de igual gravidade;

c) Firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos.

A conexão e a continência determinarão a unidade processo, salvo:

a) No concurso entre a jurisdição militar e a comum;

b) No concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.

Na hipótese de crimes militares conexos ou continentes praticados por militares estaduais per-tencentes a corporações diversas não haverá cumulação processual, uma vez que tais militares são julgados em seus respectivos Estados.

Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na conformidade do artigo 101 do CPPM, terá a sua competência prorrogada para processar as infrações cujo conhecimento, de outro modo, não lhe competiria (prorrogação de competência).

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Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão ou continência, ainda que no pro-cesso da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará ele competente em relação ás demais infrações.

Haverá separação obrigatória dos julgamentos:

a) Se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado á revelia;

b) Se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de Juiz de Conse-lho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do julgamento.

O juiz poderá separar os processos quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e lugar diferentes; quando for excessivo o número de acusados, para não lhes prolon-gar a prisão; ou quando ocorrer qualquer outro motivo que repute relevante.

Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer desses casos, haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar, que subirá em traslado com as cópias autênticas das pe-ças necessárias, e não terá efeito suspensivo, prosseguindo-se a ação penal em todos os seus termos. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade do processo só se dará ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas.

Do desaforamento

Desaforamento é uma exceção a regra a de fixação de competência, tem natureza excepcional, sendo necessário a seu deferimento o reconhecimento de pressupostos específicos definidos em lei.

O desaforamento do processo penal militar poderá ocorrer:

a) No interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar;

b) Em benefício da segurança pessoal do acusado;

c) Pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a dificuldade de constituí-lo ou de mantê-lo retarde demasiadamente o curso do processo.

O pedido de desaforamento deverá ser feito ao Supremo Tribunal Militar:

a) Pelos comandantes da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica;

b) Pelos comandantes da Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou autoridades que lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição;

c) Pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor;

d) Mediante representação do Ministério Público ou do acusado.

O CPPM prevê que o procurador-geral deve ser sempre ouvido, se não provier de representa-ção deste (art. 109, § 2º, CPPM). Apesar de não mencionar o CPPM, em homenagem ao princí-pio do contraditório e da ampla defesa, deve ser sempre ouvida a defesa.

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Nos casos de representação efetuada pelo Conselho de Justiça, Auditor, Ministério Público ou acusado, o Supremo Tribunal Militar, antes da audiência ao procurador-geral ou a pedido deste, poderá ouvir os comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou autoridades que lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição.

Se deferir o pedido, o STM designará a Auditoria onde deva ter curso o processo.

O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar motivo superveniente.

Cessado o motivo do desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar motivo superveniente.

Cessado o motivo do desaforamento, permanece competente o Juízo que recebeu o processo, em decorrência do princípio da perpetuatio jurisdiciones.

Na Justiça Militar Estadual não há a possibilidade de desaforamento, uma vez que possuem apenas uma Circunscrição Judiciária Militar, com exceção do Estado do Rio Grande do Sul.

Dos conflitos de competência

Conflito de competência é o choque entre autoridades jurisdicionais que se supõem competen-tes ou incompetentes para funcionar num mesmo processo, em relação aos mesmo atos.

As questões atinentes a competência resolve-se pela exceção própria, bem como pelo conflito positivo ou negativo.

Haverá conflito:

a) Em razão da competência:

a.1) positivo, quando duas ou mais autoridades judiciárias entenderem, ao mesmo tempo, que lhes cabe conhecer do processo;

a.2) negativo, quando cada uma de duas ou mais autoridades judiciárias entender, ao mes-mo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo processo;

b) em razão da unidade de juízo, função ou separação de processos, quando, a esse respeito, houver controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias.

O conflito poderá ser suscitado pelo acusado, pelo órgão do Ministério Público ou pela auto-ridade judiciária. O conflito será suscitado perante o Supremo Tribunal Militar pelos auditores ou os Conselhos de Justiça, sob a forma de representação, e pelas partes interessadas, sob a de requerimento, fundamentados e acompanhados dos documentos comprobatórios. Quando negativo o conflito, poderá se suscitado nos próprios autos do processo.

Tratando-se de conflito positivo, o relator do feito poderá ordenar, desde logo, que se suspenda o andamento do processo, até a decisão final.

Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações ás autoridades em conflito, remetendo cópia da representação ou requerimento, e, marcando prazo para as infor-mações. Requisitará ainda, se necessário, os autos em original.

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Ouvido o procurador-geral, que dará parecer no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista, o tribunal decidirá o conflito na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de diligência.

Proferida a decisão, serão remetidas cópias do acórdão, para execução, ás autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem suscitado.

Questões polêmicas na Jurisprudência

Competência para julgamento de estelionato cometido por civis

A Defensoria Pública da União vem arguindo a incompetência da Justiça Militar para julgamen-to de civis acusados de estelionato em que a fraude consiste no recebimento de pensões mili-tares indevidas.

Aduz que o delito militar praticado por civil, em tempo de paz, tem caráter excepcional, somen-te sendo admitido o seu julgamento pela Justiça Militar quando atingir bens jurídicos direta-mente relacionados ás funções típicas das Forças Armadas, previstas no artigo 142, caput, da Constituição Federal.

É pacífica a jurisprudência do STM quando á competência da Justiça Militar para julgamento nestes casos.

Especificamente acerca da imputação da prática do crime de estelionato previdenciário a acusa-do civil, o Eminente Ministro Marco Aurélio, no dia 29/10/2012, deferiu a medida limiar pleiteada no HC nº 115.128/BA e entre outros fundamentos, advertiu: “Observem, mais o teor do Verbete nº 298 da Súmula do Supremo: o legislador ordinário só pode se sujeitar civis a justiça militar, em tempo de paz, nos crimes contra a segurança externa do país ou as instituições militares”.

Posteriormente, no dia 18/12/2012, o Eminente Ministro Celso de Mello, na qualidade de relator do HC nº115.912/BA, deferiu a liminar postulada para suspender o curso de ação penal militar na qual se imputa a acusada civil a prática de crime de estelionato previdenciário. Salientou que, [...] o Supremo Tribunal Federal, por sua vez, tem entendido, em casos semelhantes ao ora em análise, que não se tem por configurada a competência da Justiça Militar da União, em tempo de paz, tratando-se de réus civis, se a ação eventualmente delituosa, por eles praticada, não afetar, de modo real ou potencial, a integridade, a dignidade, o funcionamento e a respeitabilidade das instituições militares que constituem, em essência, os bens jurídicos penalmente tutelados.

No entanto a Suprema Corte vem reconhecendo a competência da Justiça Militar para julga-mento dos chamados estelionatos previdenciários.

O Ministro Marco Aurélio, no citado HC nº 115.128/BA, em que havia deferido a liminar, alterou seu posicionamento, reconhecendo a competência da Justiça Militar nos seguintes termos:

Após o implemento da limiar neste habeas, vim a evoluir no entendimento que externar, no campo precário e efêmero, ao examinar a matéria na Primeira Turma. É que, a teor do disposto no artigo 9º, inciso III, alínea “a” do Código Penal Militar, compete á Justiça Militar julgar crime praticado por civil contra o patrimônio sob a administração militar.

Este o entendimento de atual de ambas as turmas do Supremo Tribunal Federal.

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Competência para julgamento de falsificação de carteira de aquaviário

Outra questão polêmica diz respeito ao julgamento de falsificação de carteira de aquaviário, em que havia manifesta divergência entre o posicionamento do STM e do STF.

Para o STM, a competência para julgamento era da Justiça Militar, uma vez que compete a Ma-rinha do Brasil a expedição de Caderneta e inscrição e registro de aquaviário (CIR) para quem a falsificação lhe diz respeito, figurando, portanto, como crime a ser processado e julgado pela Justiça Militar da União.

A Suprema Corte, contudo, vem decidindo, reiteradamente, que a falsificação de carteira de aquaviário não caracteriza crime militar, pois o poder de polícia administrativa conferido a Ma-rinha não está direcionado à finalidade constitucional das Forças Armadas. As atividades de fis-calização e policiamento marítimo podem ser desempenhadas tanto pela administração naval, como atribuição secundária da Marinha, quanto pela Polícia Federal, também responsável pela manutenção da segurança pública. Daí porque não se justificaria o processo julgamento do cri-me em apreço pela Justiça Castrense.

Pondo fim a controvérsia foi expedida a Súmula Vinculante nº 36, consolidandando a compe-tência para julgamento de carteira de aquaviário á Justiça Federal comum.

Crimes cometidos por civis contra militares em atividade de policiamento ostensivo

Tem sido comum o uso de militares do Exército para a realização de genuína atividade de poli-ciamento, notadamente no Estado do Rio de Janeiro, a qual, de acordo com o artigo 144 da CF, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por intermédio dos órgãos policiais federal e estaduais, estes últimos, civis ou militares.

Conquanto tenha recebido ajuda do Governo Federal, por meio de militares do Exército, o Go-verno do Estado do Rio de Janeiro continuou responsável pelo fornecimento dos serviços de se-gurança pública á população da área em questão. Assim, as atividades de policiamento naquela localidade foram realizadas tanto por servidores militares do Exército quanto por servidores integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, de modo concomi-tante e integrado.

Diante do exposto, vem a Defensoria Pública da União arguindo a incompetência da Justiça Mi-litar para julgamento de civis que cometam crime contra militares, pois, a prevalecer o enten-dimento adotado pela Justiça Militar, a determinação da competência para processar e julgar tais crimes não dependeria do regramento constitucionalmente servidor envolvido em cada situação específica, o que instaura situação de significativa insegurança jurídica.

A Corte de Apelação Militar vem afastando a arguição de incompetência da Justiça Militar para o julgamento de civis que cometam crimes contra militar em atividade de policiamento ostensi-vo, ao argumento de que os militares empregados na Força de Pacificação exercem múnus tipi-camente castrense, decorrente da própria Constituição Federal, qual seja, a garantia da ordem, na esteira do previsto pelo artigo 142 da Mana Carta, sendo a Justiça Militar competente para processar e julgar o feito.

No entanto, a Segunda Turma do STF, ao julgar o HC nº 112.936/RJ na data de 05/02/13, por una-nimidade de votos, assentou que “à competência penal da Justiça Militar da União processar e

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julgar civis, em tempo de paz, por delitos supostamente cometidos por estes em ambiente estra-nho ao da Administração Militar e alegadamente praticados contra militar das Forças Armadas no contexto do processo de ocupação e pacificação das Comunidades localizadas nos morros cario-cas, pois a função de policiamento ostensivo traduz típica atividade segurança pública.”

No mesmo sentido, a Primeira Turma do STF, ao julgar o HC nº 75.154/RJ no dia 13/05/1997, proferiu a seguinte decisão:

Paciente acusado de desacato e desobediência praticados contra soldado do exército em serviço externo de policiamento de trânsito, nas proximidades do palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Atividade que não pode ser considerada função de natureza militar, para efeito de carac-terização de crime militar, como previsto no art. 9º III, d, do Código Penal Militar. Competência da Justiça Comum, para onde deverá ser encaminhado o processo criminal. Habeas corpus deferido.

Em diversas oportunidades, o STF já decidiu qua não há de se falar em crime militar no caso de conduta praticada por civil em face de militar no caso de conduta praticada por civil em face de militar que anão está no exercício de função tipicamente castrense. Bem assim, a Corte Supre-ma já proferiu diversas decisões no sentido de que a atividade de policiamento não constitui função tipicamente militar.

No entanto, ao julgar o HC 113.128/RJ a 1ª turma do STF alterou seu posicionamento, assen-tando a competência da Justiça Militar, tornando indecifrável a solução da controvérsia.

O Supremo tribunal de Justiça, em situação análoga, que dizia respeito a crime de desacato praticado por civil contra militar da Marinha do Brasil em atividade de patrulhamento naval, entendeu ser com-petente a Justiça Militar da União para julgamento do feito, com fundamento no art. 9º, III, d, do CPM.

Passo a passo ilustrado:

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Questões

1. O território nacional, para efeito da administração da Justiça Militar, em tempo de paz, divide--se em:

a) 10 jurisdições. b) 12 jurisdições. c) 10 circunscrições. d) 12 circunscrições. e) 15 jurisdições.

R.: A resposta certa é a letra D. Leciona José da Silva Loureiro Neto: "o território nacional, para efeito da administração da Justiça Militar, em tempo de paz, divide-se em 12 circunscrições e não jurisdições" (Processo Penal Militar. 5.ed., ano 2000, pág. 103).

Complete com a informação correta: O Superior Tribunal Militar compor-se-á de ___ Ministros vitalícios, nomeados pelos

2. Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal.

a) cinco b) dez c) quinze d) vinte e) vinte e cinco

R.: A resposta certa é a letra C. Dispõe o artigo 123, da CF: "O Superior Tribunal Militar compor--se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de apro-vada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis".

3. Assinale a alternativa INCORRETA. São membros da Justiça Militar:

a) o Tribunal de Justiça Militar. b) o Superior Tribunal Militar. c) a Auditoria de Correição. d) os Conselhos de Justiça. e) os Juízes-Auditores e os Juízes-Auditores substitutos.

R.: A resposta certa é a letra A. Vejamos o que prevê o artigo 1º, da Lei no 8.457/92: "São órgãos da Justiça Militar: I – O Superior Tribunal Militar; II – a Auditoria de Correição; III – os Conselhos de Justiça; IV – Os Juízes Auditores e os Juízes-Auditores Substitutos".

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4. O Conselho de Justiça é composto por:

a) dois oficiais. b) três oficiais. c) quatro oficiais. d) cinco oficiais. e) seis oficiais.

R.: A resposta certa é a letra C. Conforme leciona José da Silva Loureiro Neto: "Em cada audito-ria, como já estudamos, há um auditor, encarregado da regularidade processual com a prática de diversos atos processuais, e o Conselho de Justiça, composto de quatro oficiais, que, junta-mente com o auditor, visam à instrução e julgamento do feito" (Processo Penal Militar. 5. ed., ano 2000, pág. 105-106).

5. Os ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de:

a) dezoito anos. b) vinte e um anos. c) vinte e oito anos. d) trinta anos. e) trinta e cinco anos.

R.: A resposta certa é a letra E. Estabelece o artigo 123, parágrafo único, da CF: "Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos (...)".

6. Marque a alternativa INCORRETA.

a) compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais milita-res em situação de atividade.

b) compete à Justiça Militar processar e julgar crimes dolosos contra a vida praticados por po-liciais militares contra civil.

c) compete à Justiça Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática de crime comum simultâneo àquele.

d) compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.

e) é competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre Juiz de Direito do Estado e a Justiça Militar local.

R.: A resposta certa é a letra B. A alternativa "B" está errada, pois conforme dispõe o artigo 9º, parágrafo único, do CPM, "os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão de competência da justiça comum". As demais alternativas estão corretas, de acordo, respectivamente, com as súmulas no 6, 90 e 78, do STJ, e 555, do STF.

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7. Analise as afirmações e assinale a afirmação correta.

I – O Conselho Especial de Justiça processa e julga os acusados que não sejam oficiais.

II – O Conselho Permanente de Justiça processa e julga os oficiais.

III – Tanto o Conselho Especial como permanente poderão instalar-se ou funcionar com a maioria de seus membros, sendo obrigatória, porém, a presença do auditor.

a) apenas a afirmação I está correta. b) apenas a afirmação II está correta. c) apenas a afirmação III está correta. d) Todas as afirmações estão corretas. e) Nenhuma das afirmações está correta.

R.: A resposta certa é a letra C. As afirmações I e II estão erradas por contrariam as lições de José da Silva Loureiro Neto, que diz que "os Conselhos de Justiça têm as seguintes categorias: a) Conselho Especial de Justiça, para processar e julgar oficiais, exceto oficiais-generais, que serão processados e julgados originalmente pelo Superior Tribunal Militar (cf. art. 40, IX, a, da LOJM) (...); b) Conselho Permanente de Justiça, para processar e julgar os acusados que não sejam oficiais (...)" (Processo Penal Militar. 5. ed., ano 2000, pág. 106).

8. Analise as afirmações e marque a alternativa correta.

I – As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas.

II – O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

III – O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, não será submetido a julgamento perante o tribunal militar de caráter permanente.

a) apenas a afirmação I está correta. b) apenas a afirmação II está correta. c) apenas a afirmação III está correta. d) as afirmações I e II estão corretas. e) as afirmações I e III estão corretas.

R.: A resposta certa é a letra D. A afirmação III está errada, pois encontra-se em desacordo com o disposto no artigo 142, § 3º, inciso VII, da CF, que dispõe que "o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior".

As demais afirmações estão corretas, de acordo com os incisos I e VI, do mesmo dispositivo.

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9. A 1ª Circunscrição Judiciária Militar conta com:

a) uma Auditoria. b) duas Auditorias. c) três Auditorias. d) quatro Auditorias. e) cinco Auditorias.

R.: A resposta certa é a letra D. Dispõe o artigo 11, da Lei no 8.457/92: "A cada Circunscrição Judiciária Militar corresponde uma Auditoria, excetuadas as primeiras, segunda, terceira e décima primeira, que terão: a) a primeira: 4 (quatro) Auditorias (...)".

10. Analise as afirmações.

I – A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

II – Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

III – Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

Estão corretas:

a) Todas. b) Nenhuma. c) I e II. d) II e III. e) I e III.

R.: A resposta certa é a letra A. Todas as afirmações estão corretas, pois traduzem fielmente o texto do artigo 125, § § 3º, 4º e 5º, da Constituição Federal.

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Referências bibliográficas

NETO, José da Silva Loureiro. Processo Penal Militar. 5ª ed. São Paulo: Editora Jurídico Atlas, 2000.

Código de Processo Penal Militar – Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto--Lei/Del1002Compilado.htm. Acessado em 07 de janeiro de 2010.

Código Penal Militar – Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del-1001Compilado.htm. Acessado em 07 de janeiro de 2010.