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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO EVOLUÇÃO DAS PENAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO WILMA MARIA RIGOTTO LIMA Itajaí, Novembro de 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO

EVOLUÇÃO DAS PENAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

WILMA MARIA RIGOTTO LIMA

Itajaí, Novembro de 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS CURSO DE DIREITO

EVOLUÇÃO DAS PENAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO

BRASILEIRO

WILMA MARIA RIGOTTO LIMA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Campos

Itajaí, Novembro de 2006

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AGRADECIMENTO

Agradeço a todos os professores que sempre me

presentearam com de seu conhecimento e

sabedoria.

Agradeço ao Prof .MSc.Osrmar Dinis Facchini,

que muito me orientou em minha jornada

acadêmica e ao Prof. Esp. Eduardo Erivelton

Campos, que me auxiliou na conclusão deste

trabalho como orientador.

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DEDICATÓRIA

Para Zenaide, Eduardo e Brianne.

Minha família que sempre me apoiou me

incentivou para vencer os desafios.

“É incrível como a vida da gente dá muitas volta.

Nunca sabemos ao certo o que nos acontecerá no

dia seguinte. Sonhamos com possibilidades,

planejamos o futuro, lamentamos o passado e,

nem sempre vivemos o presente.

Passamos á vida achando que sabemos tudo e

muitas vezes não sabemos nada.

Vivemos para aprender.

Só devemos estar sempre cientes de que tudo

tem um motivo para acontecer.

Devemos aprender a nos conhecer melhor.

Que nada na vida é por acaso, tudo tem uma

finalidade.

Imagine um mundo que possamos conviver lado a

lado com a justiça social e que o coração possa

se expressar total e livremente.

Já que a vida dá chance de escolhermos o rumo”.

Madre Teresa de Calcutá

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí(SC), 14 de Novembro de 2006.

Wilma Maria Rigotto Lima Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Wilma Maria Rigotto Lima, sob o

título Sistema Penitenciário Brasileiro e a Ressocialização do Preso, foi submetida

em 14.11.06 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Prof.

MSc. Osmar Dinis Facchini, presidente da banca avaliadora, Prof. Esp. Eduardo

Erivelton Campos, orientador da monografia, e Prof. MSc. Leandro Batista

Morgado aprovada com a nota 9.5 (Nove e cinco]).

Itajaí(SC), 14 de Novembro de 2006.

Prof. MSc. Osmar Dinis Facchini Presidente da Banca

Prof. MSc. Antonio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Crime1

É a ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível.

Crime culposo2

Quando o agente, deixando de observar o cuidado necessário, realiza conduta

que produz resultado, não previsto nem querido, mas previsível, e

excepcionalmente previsto e querido, que podia, com a atenção devida ter

evitado. Em regras apresenta os elementos na conduta voluntária à violação do

dever de cuidado por imprudência, negligencia ou imperícia e resultado

involuntário nexo causal entre a conduta e o resultado, previsibilidade objetiva do

resultado por ausência de previsão a tipicidade.

Crime doloso3

Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, compreende

apenas os delitos de conduta e evento, isto é, os crimes materiais e formais, pois

só esses delitos alojam dentro do tipo de um resultado naturalístico.

Crime hediondo4

São os crimes que apresentam grau de repugnância e vicioso, pelo elavado

critério de reprobabilidade de uma conduta, trata-se de um crime inafiançável e

insuscetível de fiança.

1 GARCIA, Basileu. Instituições do direito penal. 3. ed. São Paulo: Max Limonard, 1956. p.195. v. 1. 2 MONTEIRO DE BARROS. Flávio Augusto. Direito Penal São Paulo; Saraiva, 1999. p167/168,

v.1.. 3 MONTEIRO DE BARROS, Flacvio Augusto. Direito penal, São Paulo; Saraiva, 1999. p.154, v.1. 4 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico. Rio Janeiro: DP&A, 2002. p.91.

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vii

Detenção6

Pena imposta ao réu condenado à prisão em regime semi-aberto ou aberto,

nunca se inicial no regime fechado, salvo na hipótese de crime organizado, cujo

regime inicial é sempre fechado segundo o art 10 da Lei 9034/95..

Direito Penal7

É um dos ramos da ciência jurídica que, com suas normas, objetiva controlar o

comportamento dos homens, proibindo a prática de certas condutas sociais e ou

moralmente intoleráveis ou, em alguns casos ordenando determinadas formas de

ação.

Extinção da punibilidade8

É o próprio direito de punir por parte do Estado, uma renúncia, uma abdicação,

uma derrelição do direito de punir do Estado.

Interdição de direitos9

Espécie de sanção que atinge fundo os interesses econômicos do condenado

sem acarretar os males representados pelo recolhimento á prisão por curto prazo

e que os interditos sentirão de modo muito mais agudo os efeitos da punição do

tipo restritivo ao patrimônio.

Livramento condicional10

É a concessão pelo poder jurisdicional, da liberdade antecipada ao condenado,

mediante a existência de pressupostos, e condicionada a determinadas

exigências durante o restante da pena, que deveria cumprir preso.

6 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p.231. 7 LEAL, João José. Direito penal geral. 3. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2004. p.39. 8 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p

863. v.1. 9 PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade. São Paulo: Revista dos

Tribunais,1983. p. 171-2. 10 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 291. v. 1.

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viii

Pena11

É a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, aos autos de

infração penal, como retribuição de seus ato ilícito, consistente na restrição ou

privação de um bem jurídico.

Pena corporal12

A forma mais antiga da sanção aplicada ao infrator das normas de convivência,

imposta ao grupo social, seu objetivo é o de atingir o corpo do condenado,

infringindo-lhe um castigo essencialmente físico.

Pena de Talião13

Pena antiga do direito romano pela qual se vingava o delito, infligindo ao

delinqüente o mesmo dano ou mal que praticará.

Pena Privativa de Liberdade14

Significa ficar privado da liberdade de locomoção.

Pena Restritiva de Direitos15

Sanção criminal que obriga o condenado a suportar a limitação de certos direitos

(proibição de exercer certa atividade ou profissão), ou restringe-lhe parcialmente

sua liberdade física.

Pena Multa16

É a medida de ordem legal, aplicável ao autor de uma infração penal, impondo-lhe

a obrigação de pagar determinada importância em dinheiro, em favor do Estado.

11 SOLER, Sebastian. Derecho penal argentino. Buenos Aires: Topografia Argentina, 1992.

p.400. v. II. 12 LEAL João José. Direito penal geral, 2004. p.384. 13 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico, 2002. p.231. 14 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2005. p. 248. 15 LEAL, João José. Direito penal geral, 2004. p.140. 16 LEAL, João José. Direito penal geral, 2004. p.466.

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ix

Pena Pecuniária17

Repressão ao infrator se faz através da expropriação de parte ou de todo o seu

patrimônio, em favor do Estado.

Penitenciária18

Estabelecimento oficial a que se recolhem os condenados a pena de reclusão ou

detenção, os quais no decorrer do cumprimento da sentença, ficam sujeitos a

trabalho e remunerado e, mediante medidas progressivamente aplicada, recebem

assistência para reeducação e readaptação social.

Prisão19

Para servir como recolhimento inicial dos condenados que não tenham condições

de serem tratados em liberdade.

Progressão20

A pena privativa de liberdade esta sujeita a progressões e regressões, durante a

execução, a progressão se dá com a transferência para regime menos rigoroso,

após o cumprimento de um sexto da pena no regime anterior e se o mérito do

condenado indicar a progressão.

Reclusão21

Pena imposta ao réu condenado á prisão em regime fechado, semi-aberto ou

aberto.

Reincidência22

Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar

em julgado à sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por

crime anterior. 17 LEAL, João José. Direito penal geral, 2004. p.388. 18 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico, 2002. p.232. 19 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2005. p 252. 20 MAGGIO, Vicente Paulo Rodrigues. Direito penal, 2002. p. 189. 21 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico, 2002. p.237. 22 PAULO, De Antonio. Dicionário jurídico, 2002. p.266.

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x

Regimes prisionais23

Constitui o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime fechado, com a

execução em estabelecimento de segurança máxima ou médioa; semi-aberto,

com execução em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar e regime

aberto, com a execução em casa de albergado ou estabelecimento similar.

Regressão24

Condenado é transferido para o regime mais rigoroso, quando praticar fato

definido como crime doloso ou falta grave ou sofrer condenação, por crime

anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o

regime.

Remissão25

Consiste no desconto de um dia de pena para cada três dias de trabalho.

Ressocialização26

É recuperar, reeducar, ou educar o condenado, tendo uma finalidade educativa

que é a natureza jurídica.

Sursis27

É um instituto pelo qual a execução da pena privativa de liberdade é suspensa por

certo tempo chamado de período de prova, extinguindo–se a pena no final do

prazo.

23 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2005. p. 254. 24 MAGGIO, Vicente Paulo Rodrigues. Direito penal, 2002. p. 189. 25 MAGGIO, Vicente Paulo Rodrigues. Direito penal. 2002. p. 190. 26 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 30. 27 FUHER, Cláudio Maximilianus. Resumo de direito penal. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

p.115.

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xi

Trabalho28

Através da Lei de Execução Penal, o trabalho possui uma característica de

forma obrigatória, sendo visto como um importante instrumento de recuperação

moral e social do condenado.

28 LEAL, João José. Direito penal geral, 2004. p. 402.

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................ XIV

INTRODUÇÃO.................................................................................... 1

CAPÍTULO 1..................................................................................... 10

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DAS PENAS DE PRISÃO ...................... 10

1.1 A ORIGEM DA PENA E SUA EVOLUÇÃO................................................... 10 1.1.1 VINGANÇA PRIVADA ....................................................................................... 11 1.1.2 VINGANÇA LIMITADA – TALIÃO MATERIAL........................................................ 12 1.1.3 VINGANÇA DIVINA .......................................................................................... 14 1.1.4 VINGANÇA PÚBLICA ....................................................................................... 15 1.1.5 DIREITO ROMANO .......................................................................................... 17 1.1.6 DIREITO GERMÂNICO...................................................................................... 18 1.1.7 DIREITO CANÔNICO........................................................................................ 20 1.1.8 PERÍODO HUMANITÁRIO.................................................................................. 22 1.2 PERÍODO CIENTÍFICO.................................................................................. 25 1.2.1 ESCOLA CLÁSSICA ........................................................................................ 25 1.2.2 ESCOLA POSITIVA.......................................................................................... 26 1.2.3 ESCOLA MODERNA ALEMÃ ............................................................................. 29 1.3 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS...................................................................... 30 1.3.1 SISTEMA PANÓPTICO ..................................................................................... 30 1.3.2 SISTEMA PENSILVÂNICO ................................................................................. 31 1.3.3 SISTEMA AUBURNIANO ................................................................................... 32 1.3.4 SISTEMA NORFOLK ........................................................................................ 33 1.3.5 SISTEMA IRLANDÊS ........................................................................................ 34

CAPÍTULO 2..................................................................................... 35

PENAS, REGIMES PRISIONAIS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO.......................................................................................................... 35

2.1 PENA – CONCEITO....................................................................................... 35 2.1.1 ESPÉCIES DE PENA ........................................................................................ 36 2.1.2 PENA MULTA ................................................................................................. 37 2.1.3 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ................................................................... 40 2.1.3.1 Requisitos de Ordem Objetiva .............................................................. 43 2.1.3.2 Requisitos de Ordem Subjetiva............................................................. 44 2.1.4 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA ............................................................................... 46 2.1.5 PERDA DE BENS E VALORES........................................................................... 47 2.1.6 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ...................................................... 48 2.1.7 LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA ....................................................................... 52 2.1.8 INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS ........................................................... 53 2.1.9 PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DE CARGO, FUNÇÃO OU ATIVIDADE PÚBLICA E MANDADO ELETIVO................................................................................................. 54

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xiii

2.1.10 PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO, ATIVIDADE OU OFICIO QUE DEPENDA DA HABILITAÇÃO ESPECIAL OU AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO. .......................... 55 2.1.11 SUSPENSÃO DE AUTORIZAÇÃO OU DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULOS .. 56 2.1.12 PROIBIÇÃO DE FREQÜENTAR DETERMINADOS LUGARES ................................. 57 2.1.13 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ................................................................... 58 2.1.13.1 Prisão Simples...................................................................................... 60 2.1.13.2 Detenção ............................................................................................... 60 2.1.13.3 Reclusão ............................................................................................... 63 2.2 TIPOS DE REGIME........................................................................................ 64 2.2.1 REGIME FECHADO.......................................................................................... 64 2.2.2 REGIME SEMI-ABERTO ................................................................................... 66 2.2.3 REGIME ABERTO............................................................................................ 68

CAPÍTULO 3..................................................................................... 70

TRANSIÇÃO DA PRISÃO A VIDA LIVRE PELO LIVRAMENTO CONDICIONAL E A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ...................... 70

3.1 ORIGEM DO LIVRAMENTO CONDICIONAL................................................ 70 3.1.1 REQUISITOS OBJETIVOS ................................................................................. 73 3.1.2 REQUISITOS SUBJETIVOS ............................................................................... 76 3.2 CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL......................................... 77 3.2.1 CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS............................................................................ 77 3.2.2 CONDIÇÕES FACULTATIVAS ............................................................................ 78 3.3 LIVRAMENTO CONDICIONAL A ESTRANGEIRO....................................... 78 3.4 REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL....................................... 79 3.4.1 CAUSAS OBRIGATÓRIAS................................................................................. 79 3.4.2 CAUSAS FACULTATIVAS ................................................................................. 80 3.5 EXTINÇÃO DA PENA.................................................................................... 81 3.5.1 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ........................................................................... 81 3.5.1.1 Causas Objetivas.................................................................................... 82 3.5.1.2 Causas Extintivas................................................................................... 82 3.6 A MORTE DO AGENTE ....................................................................................... 83 3.6.1 ANISTIA......................................................................................................... 84 3.6.2GRAÇA .......................................................................................................... 85 3.6.3 INDULTO........................................................................................................ 85 3.6.4 PRESCRIÇÃO ................................................................................................. 86 3.6.5 DECADÊNCIA ................................................................................................. 87 3.6.6 PEREMPÇÃO .................................................................................................. 88 3.6.7 RENÚNCIA E PERDÃO ..................................................................................... 89 3.6.8 RETRATAÇÃO ................................................................................................ 89 3.6.9CASAMENTO DO AGENTE COM A VÍTIMA ........................................................... 90 3.6.10 PERDÃO JUDICIAL........................................................................................ 91 3.7 RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO................................................................. 91 3.7.1 O TRABALHO DO PRESO ................................................................................ 91

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 96

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 99

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RESUMO

O objetivo abordado no tema neste trabalho para a

conclusão de curso, busca analisar a origem das penas no direito penal e a

importância de recuperar o condenado para que retorne ao convívio normal na

sociedade. As origens da penas desde os seus primórdios eram de forma brutais

utilizadas por severos castigos empregados aos corpos dos condenados durante

o limiar das civilizações durante a fase talional, que estendia a responsabilidade

até ao grupo em que viviam as penas tinham o sentido místico que se devia

reprimir o crime como satisfação aos deuses pela ofensa praticada no grupo

social visando especialmente à intimidação. O grande avanço na história do

direito penal deu-se através do Código de Hamurábi, no Êxodo e na Lei das XII

Tábuas, por reduzir a abrangência da ação punitiva e o rigorismo existente na

denominada fase de composição pela forma de indenização e multa. A partir do

século XVIII, foi quando o Direito Penal passou a ter maior desenvolvimento com

as principais escolas penalistas e a corrente de pensamentos que visam o estudo

do homem criminoso e dos fundamentos de orientação da criminologia. Com o

surgimento das prisões, e a necessidade de obter um ordenamento coercitivo

para as defesas sociais e a adoção do regime progressivo, somente no século

XVIII, que a pena privativa de liberdade veio substituir os outros tipos penais

utilizados até então, passando e ser o instrumento de ressocialização do

condenado. Em nosso ordenamento jurídico as penas previstas são as penas

privativas de liberdade, são as reclusões destina-se a crimes dolosos e as

detenções tanto para dolosos como culposos são as reclusões destina-se a

crimes dolosos e as detenções tanto para dolosos como culposos. A primeira é

cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A detenção é cumprida

somente nos regimes semi-aberto ou aberto, salvo posterior transferência para

regime mais rigoroso, salvo por incidente da execução, e nesta diferenciação é

que se vincula o tipo de estabelecimento destinado ao cumprimento da pena, para

que se proceda à individualização a pena após a verificação de circunstâncias de

natureza subjetiva quanto à culpabilidade, antecedentes, conduta social e

personalidade do agente e as de natureza objetiva pelos motivos, circunstâncias e

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xv

conseqüências do crime, fixada a pena cabível, em quantidade que for necessária

e suficiente para a reprovação e prevenção do delito, com a finalidade de

promover a tutela da sociedade, e para que atenham e alcancem a recuperação

moral e social do condenado, as penas restritas de direitos introduzidas ao

Código Penal, chamada de Lei de Penas Alternativas inseridas na Lei 9714/98

como a solução alternativa para a questão penais que muito raramente se aplica

quando se trata pequenos delitos e pena multa que consiste no pagamento ao

Fundo Penitenciário. Após o confinamento durante o período prisional para

reverter os valores nocivos dos condenados a sociedade traçada pelos principais

objetivos que se destina atingir pela pena irrogada, visando à finalidade de

reintegrar novamente ao meio social, que é parte exclusivamente do Estado a

competência de buscar alternativas neste sentido e a criação de programas

dedicados à recuperação do detento.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo a evolução

das penas no sistema penitenciário brasileiro bem como enfocar questões sobre

a possibilidade da ressocialização do preso.

O seu objetivo é mostrar a evolução da pena até a

atualidade, demonstrar através da história as principais fases da evolução

epistemológica do Direito Penal, a conduta punível com a sanção penal, bem

como os tipos de sistema penitenciários no quais estão inseridos os diferentes

tipos de regimes disciplinares durante a fase da execução da pena, além de

alguns dos institutos da lei penal vigente e a função ressocializadora.

Para se conhecer as idéias e o os alicerces do Direito Penal,

que fundamentavam o sistema punitivo, deve-se ter uma consciência correta da

evolução histórica do Direito Penal.

Na antiguidade, Idade Média e na época Absolutista, o

sistema repressivo penal, desconheceu totalmente a privação de liberdade

estritamente considerada como sanção, mesmo havendo o encarceramento de

condenados, esta não tinha caráter de pena, e sim de preservar os réus até seu

julgamento ou execução, onde a prisão assumiu apenas o papel de caráter de

custódia.

Já no período contemporâneo como surgimento do Estado

Democrático, o Direito Penal era concebido e praticado como um sistema de

controle capaz de reprimir, sem privilégios e distinção de classes sociais, os

autores de condutas consideradas intoleráveis, quando ofendiam bens jurídicos

fundamentais, o sistema penal transitório impulsionou as medidas punitivas até

hoje adotadas, mas não devem ser encaradas como definitiva muito menos como

solução final para a completa problemática criminal.

Para tanto principia no Capitulo 1, tratar-se-á da evolução da

pena até atingir a atualidade.

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2

O homem primitivo, os povos antigos, bem como os

medievais, reagiram diante das condutas criminosas. Assim devem-se conhecer

os seguintes períodos necessariamente, dentro do Direito Penal, além das escolas

e os sistemas penais da época, que predominou o arbítrio, as desigualdades, a

desumanidade das penas aplicadas indiscriminadamente, aliada a vigência de

regras e de leis imprecisas, lacunosas e imperfeitas, favorecendo o absolutismo

religioso e monárquico anulando os direitos do ser humano.

Primitivamente o homem tinha pouca sabedoria, limitava-se

por influências por questões sobrenaturais dadas através da magia e superstições

em que a pena era considerada de origem sagrada, conheciam o castigo e

reprimiam o mal por outro ainda de maior gravidade aquele que havia sido

praticado pelo ofensor, atingindo inclusive o seu próprio grupo.

As primeiras formas de reação penal foram na fase à

vingança limitada que a pena caracterizava sem qualquer critério de

proporcionalidade, sem qualquer noção de justiça, com isso criou-se a

necessidade de limitar a extensão da pena.

Surge a figura dos totens, as primeiras proibições de

condutas, os tabu, que fortaleceu a integração das comunidades primitivas, a base

dos princípios de ordem e da pacifica convivência no grupo impondo o temor,

castigo, a sanção da pena, portanto, tinha apenas uma função reparatória do

dano.

Na época representou-se a Lei do Talião, limitando a reação

á ofensa a um mal idêntico ao mal praticado, reduzindo a abrangência da ação

punitiva, garantindo a sobrevivência das tribos, adotado no Código de Hamurabi,

no Êxodo e na Lei das XVII Tábuas, caracterizado a vingança privada

regulamentada.

A denominada fase da Composição, o ofensor livrava-se do

castigo com a compra de sua liberdade, indenizando de acordo com as regras

consuetudinárias, a vítima ou seus familiares, foram adotados no Código de Manu,

largamente aceita pelo Direito Germânico, como fonte de origem remota das

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posteriores regras de indenização aplicadas no Direito Civil e na própria multa do

Direito Penal.

Inicialmente a vingança divina, decorreu da influência

decisiva da religião, reprimia-se o crime para satisfação dos Deuses buscava-se a

purificação da alma do criminoso através do castigo, que o Direito Penal era

interpretado e aplicado por sacerdotes.

Já na fase a vingança pública há uma maior organização

social e o objetivo é dar uma maior estabilidade ao Estado, e segurança ao

Príncipe ou Soberanos, para aplicação da pena, que era ainda exercida de formas

severas e cruéis que visavam à intimidação para conter a criminalidade.

Passada as fases da vingança penal, que serviram de

origem ao surgimento das Escolas Penais, durante os séculos XVI a XVII,

vigoraram as normas que denominou de Direito Penal Comum, formado um

complexo de sistemas diferentes de instituídos jurídicos, quais sejam; o Direito

Romano, mais conhecido e praticado em razão dos resultados alcançados para

atingir um caráter social, o Direito Germânico, que foi influenciado pelo Direito

Romano e Canônico cuja relevância acompanhou as conquistas e o prestígio da

própria Igreja Católica pelo caráter disciplinar, fazendo surgir a idéia de prisão e a

reforma do delinqüente de forma mais humana e de acordo com os interesses da

sociedade.

Destacou-se o período Humanitário de maior importância

para o Direito Penal, diante das irreparáveis injustiças que se cometia contra a

pessoa, mostrava-se necessária uma modificação e reforma de justiça penal

diante do direito repressivo.

No século XVIII, onde o homem começou a formar

consciência crítica do Direito Penal e os fundamentos do direito de punir com a

legalidade das penas, sistema penal vigente desumano, a partir daí iniciou o

desenvolvimento do Direito Penal moderno.

Iniciou o desenvolvimento do Direito Penal que vigorava até

então, extirpando o um direito punitivo arbitrário e cruel, tomado de opressão e

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violência, que buscava os mais terríveis suplícios, eis que as leis eram incertas,

imprecisas e obscuras.

Assim começou a nascer um novo pensamento filosófico e

jurídico impondo-se contra o arbítrio dos juízes ou do soberano, por manifestação

de idéias e de novos conceitos para a evolução penal através das Escolas Penais.

Através do seu surgimento foram questionados e

estabelecidos fundamentos da responsabilidade penal do criminoso, bem como o

estudo de seu comportamento, o real significado do cometimento do crime, e a

construção de uma visão investigatória da personalidade de homem criminoso.

Neste tempo a Escola Clássica inspirava no movimento de

idéias humanitárias de Beccaria, no século XIX, por seu maior defensor Carrara,

que define que o delito é um ente jurídico impedido por duas forças; a força física

e moral, que o livre arbítrio como pressuposto da responsabilidade e da aplicação

da pena, que a considerava as sanções, como tutela jurídica, de proteção aos

bens jurídicos tutelados pela norma penal.

Vislumbra que a Escola Positiva, surgiu como meio ao

predomínio do pensamento de filósofos influenciado pelas idéias de Comte, além

da teoria evolucionista, surgindo o Movimento Criminológico do Direito Penal,

inspirado nos estudos do médico Lombroso, que considerava que o crime como

manifestação da personalidade humana e produto de várias causas, estudando o

delinqüente sob ponto de vista biológico.

A última deste marco foi a Escola Moderna Alemã que

aproveitou as idéias das duas escolas e avançou estudo no âmbito do direito

penal com resultados satisfatórios na elaboração de leis de moderna

aplicabilidade e indispensáveis a aplicação das sanções, tais como a criação das

medidas de segurança, o livramento condicional e a suspensão condicional da

pena, contribuindo acertadamente para a evolução das ciências penais, negando

e existência do criminoso antropológico e pregou a reforma social como dever do

Estado no combate ao crime.

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Com o apogeu da Revolução Francesa, a pena de prisão

passou a ser a modalidade punitiva nos sistemas penitenciários com a internação

do recluso ao cumprimento da pena, assim, a pena privativa de liberdade veio

como substitutivo para as penas corporais e capitais, impulsionados pelas luzes

do Iluminismo, visando à implantação de um regime penal mais humano e que

respeitasse a dignidade humana, tornou-se necessária à construção de

estabelecimentos apropriados para esta finalidade.

A prisão passou a ser como meio assecuratório, em vários

sistemas penais se destacaram mundialmente, embora não tenham conseguido

transformações substanciais na realidade penitenciária do rigorismo aplicado

foram idéias muitas avançadas para o seu tempo.

Diante do paralelo dos sistemas penitenciários mundiais que

o condenado era submetidos ao regime celular de isolamento favorecendo a

reflexão e o arrependimento no Sistema Pensilvânico, assim combatiam os males

da promiscuidade do cárcere, além do estimular profundamente a religiosidade

através de leituras bíblicas, em todos os sistemas consideram o trabalho

obrigatório, servindo como meio de regeneração moral e reabilitador, que se

mantém em vigência até nossos dias, pois a legislação brasileira passou a adotar

o mesmo tipo empregado no Sistema Irlandês sobre a forma de regime

progressivo.

No Capitulo 2, tratar-se-á sobre as considerações das penas,

os tipos de regimes prisionais no Direito Penal Brasileiro.

A pena é o mais importante meio de ação do Direito Penal e

sempre, em todos os tempos, foi alvo de exame por parte de grandes estudiosos e

filósofos, estudando a pena significa estudar os fundamentos do direito de punir

do Estado em punir, intimidar, educar, corrigir, regenerar, readaptar, diversidade

de opiniões demonstram as finalidades possíveis do Direito Penal e razões de sua

existência.

Adota de forma progressiva a pena privativa de liberdade

consiste no recolhimento do réu em estabelecimento prisional por determinado

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tempo sob condições de regime prisional para cumprimento da pena que se

estabelece pela reclusão e detenção.

O aspecto do regime prisional na pena privativa de liberdade

pela reclusão para os crimes dolosos de natureza intencional no regime fechado ,

semi-aberto e aberto. A detenção somente para regimes prisionais no semi-aberto

e aberto.

Os tipos de regime prisionais quanto à forma de execução da

pena é destinado em estabelecimento de segurança máxima ou média,

dependendo do grau de periculosidade do condenado, submetidos ao regime

fechado, já para os submetidos ao regime prisional semi-aberto que baseia-se

principalmente no senso de autodisciplina se revelaram personalidade

merecedora da locomoção de liberdade, para cumprir a pena em colônia agrícola,

industrial ou estabelecimento similar e o regime prisional aberto para seu

cumprimento em casa de albergados separado dos demais estabelecimentos

penais quando o condenado alcança a liberdade e possa usufruí-la mediante

condições para retornar ao convívio social.

Dentre estes tipos de regimes prisionais cabe mediante o

cumprimento de um sexto da pena para que possa alcançar a progressão de

regime para o mais bando se compatível por comportamento satisfatório, exceto o

regime aberto, ou a concessão do livramento condicional sob condições a ser

seguida pelo condenado, quando cumpre parte ou metade da pena para que

possa ganhar a liberdade, com tudo devendo dar ênfase que o descumprimento

gera automaticamente a revogação do beneficio e a repressão do regime

prisional.

As penas restritivas de direito trouxe para o Brasil um grande

avanço para o Direito Penal, visto que o réu poderá cumpra a sua pena,

desfrutando paralelamente do convívio familiar, sem o afastamento do seu

trabalho e principalmente por não estar submetido à segregação, permanecendo

no meio que esteja inserido sem sofrer preconceitos.

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Aplicabilidade da pena restritiva de direito adotadas pelo

Código Penal quanto a sua classificação é variável, sendo única quando existe

uma pena e não da opção para o magistrado aplicar sobre outra forma, é conjunta

quando se aplica duas ou mais penas paralela, escolhendo entre as duas formas,

alternativa quando possui natureza diversa e como a reclusão ou a multa.

As classificações das penas restritivas de direto obrigam a

limitar a certos direitos retrinqir parcialmente a liberdade física quando determina

a prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços á

comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos, a

proibição do exercício de cargos, função ou atividade pública, o mandado eletiva,

a proibição do exercício de profissão, a suspensão de autorização ou habilitação

para dirigir veículos e a limitação de fim de semana.

Considerada como pena autônoma e substitutiva, aplicada

isoladamente em sentença que independem de cominação na parte especial em

substituição a pena privativa de liberdade quando originalmente fixada em decisão

judicial.

Abre-se um parêntese quando determina o seguimento de

pressupostos tanto de ordem objetiva e subjetiva para a sua concessão,

quantidade de pena não superior a quatro anos, independente de natureza do

crime doloso ou culposo para reclusão ou detenção, que não reincidência em

crime doloso.

No Direito Penal também instituiu a multa também

largamente conhecida como pena pecuniária desde os tempos primitivos

utilizavam como uma obrigação de pagar como reparação, era usada para

confiscar bens e aumentar o patrimônio do Império, que na atualidade consiste em

pagar ao Fundo Penitenciário do Estado, que lhe incumbe a obrigação de arcar

com o pagamento da condenação e que com ela não afasta o condenado de sua

família e profissão, e não lhe impõem a prisão, além de desonerar o Estado e o

afastamento das influencias maléficas existentes nos estabelecimentos

penitenciários.

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No capítulo 3, abordar-se-á o Livramento Condicional e a

extinção da punibilidade e a ressocialização do apenado.

Ensejo neste último tema do panorama de política criminal

que destacando o livramento condicional como instituto de liberdade antecipada

do condenado na última fase ou etapa da progressão da execução da pena

privativa de liberdade, como meio de preparação para vida livre, condicionada a

determinadas exigências de uma transição entre a segregação e a liberdade.

Muito discutido se do livramento condicional representa e

constitui um direito público subjetivo de liberdade, se classificaria como um

benefício que o Estado proporcionaria ou apenas um incidente de execução, é,

portanto uma medida de natureza restritiva de liberdade, um instituto que pretende

individualizar a execução pena no sistema progressivo, admitida pela Lei de

Execução Penal como um direito do apenado, ampliado o status libertatis

obrigando o magistrado a concedê-lo e não como sua faculdade como a doutrina

se posicionava.

Trata-se de uma liberdade provisória, antes do final da pena

quando cumprido certos requisitos legais para a sua concessão mediante

condições e serem cumprida, obsta que na falta de cumprimento quaisquer

determinações revogar tal beneficio durante o período de prova.

Assim também em última etapa da pena ocorre a extinção da

punibilidade, decorrentes da retroatividade da lei penal que não mais considera o

fato criminoso, ou pelas condições que se reconhecem as causas de

impedimentos da pretensão condenatória, e ou no ressarcimento do dano.

Portanto após o segmento todas as etapas de privação de

liberdade de locomoção do apenado mediante segregação pelo poder punitivo

estatal e para manter a sociedade livre da criminalização quando o retira do social,

a fim de reeducar e para que não retorne a delinqüir, recai sobre o instituto do

tratamento da ressocilização do apenado, o seu trabalho, a finalidade de

adaptação novamente ao convívio social de maneira mais produtiva, consciente

de ter resgatado da pena imposta seu ato delituoso.

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Preocupações constantes verificar se a aplicação da pena

conseguiu atingir a finalidade que se destina pela ressocialização e reintegração

do homem novamente ao meio social, cabendo ao Estado dever de dar esse

suporte como medida de uma política para suprir as necessidades com a carência

de educação e assistência social, para que o condenado possa alcançar o grau de

resistência e para vencer as tentações da vida livre.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra-se com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre a evolução das penas no sistema penitenciário brasileiro e a

ressocialização do preso.

Tem-se como primeiro problema a seguinte pergunta frente

ao estudo destacado a necessidade de punir um infrator e que remédio jurídico

poderia recorre-se?

No tocante ao segundo problema aos quanto ás pena que

solução apresentaria para o autor de um delito para que fosse penalizado?

E por último o terceiro problema relativo ás considerações

sobre a ressocialização do réu, se no cumprimento da pena imposta pelo Estado é

possível a sua ressocialização?

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo e o Relatório dos Resultados

expresso na presente Monografia é composto na base lógica dedutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa

Bibliográfica.

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CAPÍTULO 1

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DAS PENAS DE PRISÃO

1.1 A ORIGEM DA PENA E SUA EVOLUÇÃO

A origem da pena se perde ao longo dos tempos, nos diz a

doutrina penal, mas, dentro de um critério de razoável probabilidade em face das

informações que chegam com os relatos antropológicos onde é possível se

estabelecer as fases mais importantes de sua evolução.

Assim, advindo das mais variadas fontes é possível se

vislumbrar que as idéias e os princípios que fundamentam o sistema punitivo que

acompanha a humanidade até chegar ao sistema punitivo contemporâneo tenham

passado por períodos impregnados de misticismo, de autoritarismo, até atingir a

fase humanitária.

Desse modo, a história do Direito Penal no que concerne a

pena é contada em fases que princípia a época primitiva correspondendo à

antiguidade, posteriormente a idade média caracterizada pelo absolutismo para

atingir o iluminismo onde aparecem as escolas penais que tem por objetivo

primordial humanizar o Direito Penal para torná-lo útil à humanidade.

No entanto, nas passagens por essas épocas, nota-se, e

com forte evidência, que o Direito Penal está repleto de princípios religiosos, num

misto de superstição e fé, pois que, exercido por sacerdotes investidos nas

funções de magistrado com poderes recebidos dos céus exerciam a suprema

magistratura como nos informa Cernichiaro29 “a essa época os sacerdotes são

magistrados, as leis são ditas em nome de Deus, e o legislador invoca seu nome

29 CERNICHIARO, Luiz Vicente. Estrutura do direito penal. 2. ed. São Paulo: José Bushatsky,

1976. p.13.

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e pede sua inspiração para redigi-las, quando não mais recebe diretamente do ser

supremo”.

1.1.1 Vingança Privada

Inicia-se então esse estudo a partir da fase mais primitiva

onde a punição tem feições de meras reações instintivas contra tudo o que

pudesse representar uma ameaça à sobrevivência individual ou do grupo.

Das lições de Pierenguelli30 se extrai que

[...] para os integrantes dos primeiros agrupamentos humanos,

para que ocorresse punição considerava-se tudo aquilo que

ultrapassava seu limitadíssimo conhecimento quase sempre como

resultado de uma forma incipiente de observação, e que alterava

sua vida normal, como fruto de influência malignas, sobrenaturais,

emanadas de seres fantásticos, habitualmente antropomásticos,

dotados de poderes.

Em face dessa incipiente capacidade de entender as coisas

e os fenômenos que o cercava o homem primitivo deixava-se levar por influências

sobrenaturais que somente a concebia pela magia e pela superstição.

Temiam o raio, o trovão, a chuva, os terremotos, entre

outros acontecimentos para os quais não tinham explicação, por falta de

conhecimento e, dentro da visualização desses povos, nada mais era do que

manifestações de seres superiores exigindo punições para castigar erros

cometidos pelo grupo ou por seus indivíduos de forma isolada.

Tinham, portanto, uma idéia muito rudimentar de pena e

agiam impulsivamente e instintivamente, por força física e sem qualquer limite.

Surge assim a fase da vingança privada, onde, cometido um

crime, ocorria à reação da vítima com determinação de matar o agressor do

30 PIERENGUELLI, José Henrique. Das penas: tempos primitivos e legislações antigas.

Fascículos de ciências penais. São Paulo: Fabris, 1980. p. 4. v. 5.

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ofendido, podendo chegar ao extremo da eliminação não só do agressor, como

também do próprio grupo a que ele pertencia.

Nesta fase, não conhecia o homem a proporção para o

castigo e reprimia o mal com outro mal, muitas vezes, mais intenso e destruidor

que aquele praticado pelo agressor.

O Direito Penal informa Teles31 era “praticado pelo próprio

ofendido ou pelo que dele se apiedasse, a quem ficava o direito de voltar-se

contra o ofensor, sem nenhuma limitação” ou como nos diz Mirabette32 “cometido

o crime, ocorria a reação da vítima, dos parentes e até do grupo social (tribo) que

agiam sem proporção à ofensa, atingindo não só o ofensor, como também todo o

seu grupo”.

Surge dessa fúria incontrolada de punir e punir bem e a

qualquer custo, a necessidade de se limitar à extensão da pena, para se atingir

somente o autor imediato do delito.

Nasce com esta transformação no dizer de Lira33 “a

intervenção do poder para disciplinar a vingança e a reparação do dano” fazendo

surgir “os primeiros traços de instituições jurídicas penais”.

1.1.2 Vingança Limitada – Talião Material

A partir dessa fase criou-se a necessidade de limitar-se a

extensão da pena, para que viesse a atingir tão somente o autor imediato do

delito, com proporcionalidade relativa, o que constitui, sem dúvida, um grande

avanço sobre a abrangência da ação punitiva, garantindo a sobrevivência das

tribos e dos grupos sociais.

Com o passar dos tempos à vingança que era exercida por

particulares converte-se em direito das vítimas e de seus familiares, fase 31 TELLES, Ney Moura. Direito penal: parte geral. São Paulo: Atlas, 2004. p. 55. v. 1. 32 MIRABETTE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2004. p. 35. 33 LIRA, Roberto. Direito penal normativo. 2. ed. Rio de Janeiro: José Konfino, 1977. p. 5.

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denominada de Lei do Talião, quando surge a concepção penal baseada no talião

que significa limitar, restringir, retribuir na mesma proporção de sua gravidade as

conseqüências do crime praticado, ou seja, a reação contra o crime para atingir o

infrator da mesma forma e na mesma intensidade do mal por ele causado,

apontada como a primeira manifestação explícita de punições proporcionais.

Através deste dogma estabeleceu-se a proporcionalidade

entre ação e reação tidas como olho por olho, dente por dente, o castigo alcança

o autor do delito e a idéia de proporção entre ofensa e o castigo vão afirmando-se

cada vez mais, caracterizando a vingança privada regulamentada.

Desta forma o sistema talional, se caracteriza como uma

moderada retribuição à reparação de ordem e a paz social, anulando-se a

produção do delito e a restauração da fé no ordenamento estatal surgindo os

primeiros sinais do sistema de composição.

Por outro lado,, a retribuição do mal para o mal, surge a

segunda fase do Talião e os estudiosos a chamam de composição que consistia

no pagamento em valores econômicos pelo dano causado.

Regulava, portanto, o ressarcimento no qual o ofensor se

livrava do castigo corporal com a compra de sua liberdade. Neste caso a vítima

do delito poderia percorrer, quanto à vingança privada, por dois caminhos: o da

punição ao ofensor ou o do ressarcimento do dano sofrido. Optando por este

segundo caminho poderia exigir o valor ajustado em dinheiro, bens ou objeto de

qualquer natureza ou mediante a prestação de serviços por parte do ofensor em

procedimentos reparadores.

Extraem-se destes estudos as raízes de que a composição

empregada na época taliônica veio a servir como idéia para a implantação da

pena de multa, adotada pelas legislações penais que o sucederam até a chegada

de nossos dias.

Há ainda fortes indícios, de que a composição da época

taliônica deu origem ao que hoje se chama de reparação de dano ex-delito como

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forma de ressarcimento dos estragos causados pela ação delituosa, sem, no

entanto, se descuidar da punição do autor do fato.

Assim, conforme a doutrina penal a vingança privada chega

até os séculos II ou III a.C. quando foi substituída pela administração estatal, que

passou a exercer o direito de punir (jus puniendi), ressalvado o poder conferido ao

pater família e, que se manteve.

Nesta linha Fragoso34 nos ensina que “a essa época

reduzem-se os crimes privados e a vingança privada desaparece. O magistério

penal é exercido pelo Estado exclusivamente, salvo a disciplina doméstica do

pater família que se mantém, embora com restrições”.

Nasce assim uma nova fase do Direito Penal, de caráter

público, oriunda da extraordinária obra filosófica grega que passa a assentar suas

bases na moral e na ética.

1.1.3 Vingança Divina

Ainda nos primórdios da civilização humana, mas já em fase

mais evoluída a vingança privada perde força e hegemonia e o homem em busca

uma nova sistemática punitiva passa a atribuir ao Direito Penal caráter social,

onde, no dizer de Farias Júnior35

[...] determinados povos da antiguidade cultivavam a crença de

que a violação da boa convivência ofendia a divindade e que sua

cólera fazia recair a desgraça sobre todos, todavia, se houvesse

uma reação, uma vingança contra o ofensor, equivalente a ofensa

a divindade depunha a sua ira, voltava a ser propícia e a

dispensar de novo a sua proteção a todos.

34 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. Rio Janeiro: Forense, 1985.

p. 27-29. 35 FARIAS JÚNIOR, João. Manual de criminologia. Curitiba: Juruá, 1993. p. 23-24.

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Surgiu então a figura do juiz que, representando o povo

perante a divindade passou a exercer a justiça retributiva, como o modo de

expiação da culpa e conseqüente aplacamento da ira da divindade.

Nota-se, portanto,

[...] que já existe um poder social capaz de impor aos homens

normas de conduta e castigo. O princípio que predomina a

repressão é a satisfação da divindade, ofendida pelo crime. Puni-

se com rigor, antes com notória crueldade, pois o castigo deve

estar em relação com a grandeza do Deus ofendido.

É o Direito Penal religioso, teocrático e sacerdotal. Um dos

principais códigos é o da Índia, de Manu (Manava, Dharma,

Sastra). Tinha por escopo a purificação da alma do criminoso,

através do castigo, para que pudesse alcançar a bem-

aventurança. Dividia a sociedade em castas: brâmanes,

guerreiros, comerciantes e lavradores. Era a dos brâmanes a mais

elevada; a última, a dos Sudras que nada valiam.36

De qualquer forma, a história da pena segue seu curso, com

a influência da religião na vida dos povos antigos, a vingança privada

transformou-se em vingança divina. A pena passou a ser aplicada pelos

sacerdotes, por delegação divina, que infligiam penas severas, cruéis e

desumanas visando especialmente intimidar a população.

Superadas as fases da vingança privada e da vingança

divina surge uma nova espécie de sistema punitivo agora chamado de a vingança

pública.

1.1.4 Vingança Pública

Agora com uma maior organização social, a civilização

ocidental substitui a vingança divina pela vingança pública, embora, a vingança

divina também tenha sido uma forma de vingança pública.

36 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 21. v.1.

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Noronha37 nos diz que “nesta fase, o objetivo é a segurança

do príncipe ou soberano, através da pena, também severa, visando a

intimidação”.

Observa-se na Grécia, a princípio, o crime e a pena

inspiravam-se ainda no sentimento religioso. O Direito e o poder emanavam de

Júpiter, o criador e protetor do Universo. Dele provinha o poder dos reis e em seu

nome se procedia ao julgamento do litígio e a imposição do castigo.

Todavia seus filósofos e pensadores haveriam de influir na

concepção do crime e da pena. A idéia de culpabilidade, através do livre arbítrio

de Aristóteles, deveria apresentar-se nos campos jurídico, após firmar-se no

terreno filosófico e ético. Já com Platão nas leis, se antevê a pena como meio de

defesa social, pela intimidação – com seu rigor – aos outros, advertindo-os de não

delinqüirem.

Já para Faria Júnior38

[...] essa vingança se generalizou, com o uso de juizes e tribunais

com o objetivo de conter a criminalidade, mas por mais

aterradores que fossem os castigos e os suplícios infligidos contra

os delinqüentes, por mais ostensiva que tenha sido a pretensa

exemplaridade das execuções das penas corporais e infamantes,

nunca houve eficaz efeito inibitório ou frenador da criminalidade.

Mas, nota-se que nesta fase “o objetivo da repressão

criminal é a segurança do soberano ou monarca através da sanção penal, que

mantém a característica da crueldade e da severidade com o mesmo objetivo

intimidatório”39, isto é, de conter a criminalidade.

37 NORONHA. Edgard Magalhães. Direito penal, 2003, p. 22. 38 FARIAS JUNIOR, João. Manual de criminologia, Juruá, 1993. p.24. 39 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo:

Saraiva, 2006. v.1. p. 37.

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A lei nesta época não era branda como observa Beccaria40

[...] os países e os tempos em que se infligiam os suplícios mais

atroses sempre foram aqueles das ações mais sanguinárias e

desumanas, pois o mesmo espírito de ferocidade que guiava a

mão do legislador conduzia a do parricida e do sicário. Enfim, a

vingança penal aumenta a violência na sociedade, ou como quer a

sabedoria popular adquirida ao longo dos séculos de lei penal

severa: violência gera violência.

Ou ainda como nos ensina Badaró41

[...] pelo visto, a teoria da delegação divina expandiu o conceito de

que a pena é essencialmente vingança. Não a vingança privada,

mas a vingança pública. Não a vingança gerada pelo ódio, mas a

vingança cristã, o zelo justitiae et amore dei. E a expiação teve um

significado de experiência espiritual. Sendo a pena a dor que

redime.

Ao término desta fase ingressa-se no Direito Penal Romano,

fonte maior originária dos institutos jurídicos, elo entre o mundo antigo e o mundo

moderno.

1.1.5 Direito Romano

Considerado como a maior fonte originária de institutos

jurídicos, o Direito Romano assumiu uma importante função para a construção do

Direito Penal contemporâneo.

Bittercourt42 “afirma que Roma é tida como a síntese da

sociedade antiga representando um elo entre o mundo antigo e o moderno”.

Durante a primitiva organização jurídica da Roma

monárquica prevaleceu o Direito consuetudinário, que era rígido e formalista. A

40 BECCARIA, Cezar. Dos delitos e das penas. 13. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. p. 37. 41 BADARÓ, Ramagem. Introdução ao estudo das três escolas penais. São Paulo: Juriscredi,

1973. p.14. 42 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p.39. v.1.

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Lei das XII Tábuas (Séc. V a.C.) foi o primeiro código romano escrito, que resultou

da luta entre Patrícios e Plebeus. Essa lei inicia o período dos diplomas legais,

impondo-se a necessária limitação à vingança privada, adotando a Lei do Talião,

além de admitir a composição.

No entanto uma das principais fases do Direito Penal

Romano surge com o final da República

[...] com as leges corneliae e Juliae, que criaram uma verdadeira

tipologia de crimes, para sua época, catalogando aqueles

comportamentos que deveriam ser considerados criminosos. As

leges corneliae preocuparam-se basicamente com aqueles crimes

praticados nas relações interpessoais dos cidadãos –

patrimoniais, pessoais etc., enquanto as leges Juliae

preocuparam-se, fundamentalmente, com os crimes praticados

contra o Estado, seja pelos particulares, seja pelos próprios

administradores, destacando-se os crimes de corrupção dos

juizes, do parlamento, prevaricação, além de alguns crimes

violentos, como seqüestro, estupro etc.

No dizer de Noronha43

[...] é inegável, então, que, apesar de não haveram os Romanos

atingidos, no Direito Penal, as alturas a que se elevaram no civil,

se avantajaram a outros povos. Distinguiram, no crime, o

propósito, o ímpeto, o acaso, o erro, a culpa leve, a lata, o simples

dolo e o dolos malus. Não esqueceram também o fim de correção

da pena: poena constituitur in emendationem hominum. (Digesto,

Tít XLVIII, Paulo – XIX, 20)

Nota-se, portanto a preocupação do Direito Penal Romano

em atingir um caráter social.

1.1.6 Direito Germânico

O Direito Penal Germânico, não era composto por leis

escritas e sim pelos costumes trazidos para a Europa Central, ditados por

43 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal, 2003. p. 22.

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características de vingança privada, assumia autêntico dever de vingança de

sangue, entendida como um dever do ofendido ou dos membros de seu grupo é

praticado como elemento necessário à segurança coletiva.

Para Bittencourt44 “os povos germânicos também

conheceram a vingança de sangue, que somente em etapas mais avançadas,

com o fortalecimento do poder estatal foi sendo gradativamente substituída pela

composição voluntária, depois obrigatória”.

Outra característica do Direito Germânico no dizer de

Bittencourt45é a responsabilidade objetiva onde,

[...] há uma apreciação meramente do comportamento humano,

onde o que importa é o resultado causado, sem questionar se

resultou de dolo ou culpa ou se foi produto de caso fortuito,

consagrando-se a máxima: o fato julga o homem.

Percorrendo este mesmo caminho Mirabete46 ensina que,

[...] outra característica do Direito Bárbaro foi a ausência de

distinção entre dolo, culpa e caso fortuito, determinando-se a

punição do autor do fato sempre em relação ao dano por ele

causado e não de acordo com o aspecto subjetivo de seu ato.

Ocorre, no entanto, que após a invasão Romana o Direito

Germânico vai adquirir aparência publicista, limitando desta forma, a vingança de

sangue.

Importante salientar a visão de Teles47 ao afirmar que,

[...] antes da invasão Romana, o Direito dos Germanos era

consuetudinário, existindo já os delitos públicos – praticados

contra o interesse coletivo, punidos com a perda da paz pública, o

que permitia a qualquer pessoa matar o delinqüente – e os crimes

44 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 42. 45 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p.42. 46 MIRABETTE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2004. p. 37. 47 TELLES, Ney Moura. Direito penal, 2004. p. 57.

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privados, inclusive o homicídio, punidos com a vingança e a

composição.

Mas entre o Direito Romano, Germânico e o Direito

Moderno, estendeu-se o Direito Canônico ou Direito Penal da Igreja, com forte

influência sobre o Direito Penal atual, principalmente, no que concerne a pena,

em seu caráter expiatório e aflitivo, daí a necessidade por ele se incursionar,

embora, de forma superficial.

1.1.7 Direito Canônico

Trata-se do direito estabelecido pela Igreja Católica, cujas

normas encontram-se escritas em cânons, que equivale aos atuais artigos de lei e

destinavam-se, a princípio em regular a vida interna da Igreja, impondo regras e

disciplina á seus membros.

Neste sentido Fragoso48 sustenta que “o Direito Canônico

tem origem disciplinar, sendo sua fonte mais antiga os libri poenitensiales”.

No entanto, com o crescimento da Igreja e sua influência

sobre os governantes passou ele a ser aplicado as demais pessoas, vindo a

exercer enorme influência sobre o ordenamento jurídico penal de toda a Europa.

Assim, o Direito Canônico nada mais é do que o

ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana de caráter disciplinar,

mas é dele que surge às primeiras idéias de pena de prisão e de reforma do

delinqüente, principalmente no que se refere aos preceitos impostos aos que

violavam suas normas.

César Bittencourt49 nos diz que,

O Direito Canônico contribuiu consideravelmente para o

surgimento da prisão moderna, especialmente no que se refere as

primeiras idéias sobre a reforma do delinqüente. Precisamente do 48 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Direito penal. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p. 31. 49 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 44.

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vocábulo “penitencia”, de estreita vinculação com o Direito

Canônico, surgiram às palavras “penitenciária e penitenciárias”.

Essa influência veio completar-se com o predomínio que os

conceitos teológico-morais tiveram, até o século XVIII no Direito

Penal, já que se considerava que o crime era um pecado contra

as leis humanas e divinas.

Há ainda a se destacar no Direito Canônico duas

características apontadas por Telles50 primeiramente,

[...] porque procurou estabelecer um sistema de penas mais suave

e moderado, com a abolição da pena de morte. Suas penas eram

espiritualizadas, consistiam em penitencias e na excomunhão,

todas no sentido da retribuição do mal realizado, mas sempre

voltadas para o arrependimento do réu, chamadas por isso, penas

medicinales. Em segundo lugar, pelo fato de manter e desenvolver

princípios romanisticos sobre a responsabilidade subjetiva,

contrapondo-se ao objetivismo dos germanos, e proclamando a

igualdade de todos os homens, acentuou o aspecto subjetivo do

crime.

Neste diapasão, Mirabete51 afirma que o Direito Canônico.

[...] proclamou a igualdade entre os homens, acentuou-se o

aspecto subjetivo do crime e da responsabilidade penal e tentou-

se banir as ordálias e os duelos judiciários, promoveu-se a

mitigação das penas que passaram a ter como fim não só a

expiação, mas também a regeneração do criminoso pelo

arrependimento e purgação da culpa, o que levou, pardoxalmente,

aos excessos da Inquisição.

Dessa forma é possível vislumbrar-se a contribuição do

Direito Canônico para o aperfeiçoamento do Direito Penal tornando-o mais

humano e de acordo com os interesse e anseios sociais.

50 TELLES, Ney Moura. Direito penal, 2004. p. 57. 51 MIRABETTE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, 2005. p. 38.

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1.1.8 Período Humanitário

As correntes iluministas, no período humanitário do Direito

Penal, atingiram o seu apogeu com a Revolução Francesa, cujos principais

representantes foram Voltaire, Montesquieu e Rosseau, movimento este que

pregou a reforma das leis e da administração da justiça penal, no final do século

XVIII.

O homem começou a formar uma consciência crítica

filosófica e jurista relacionada com os fundamentos do direito de punir e com a

legalidade das penas.

Proposta essa idéia de maneira sistemática, Montesquieu

analisa a situação existente do ponto de vista da liberdade política e religiosa, em

1748, com a obra Espírito das Leis, traça um paralelo acerca do direito do Estado

Constitucional, propondo a divisão dos poderes; executivo, legislativo e judiciário,

que deverão ser colocados um ao lado do outro, em igualdade de importância e

de objetivos, para contenção eficaz dos abusos e evitar a formação de governo

absoluto.

Diante da construção da ciência criminal, Rosseau,

influenciado por Montesquieu, em 1762, publica a obra O contrato social,

sustentando a doutrina geral de um Estado constituído livremente pela vontade

dos indivíduos, em relação de igualdade, que ao viverem em sociedade cede ao

Estado o direito de punir e a faculdade de criar leis que sintetize o interesse

comum em virtude do pacto social.

Esse movimento de idéias, definido com o iluminismo, nos

diz Bittencourt52,

[...] atingiu seu apogeu na Revolução Francesa, com considerável

influencia em uma série de pessoas com um sentimento comum: a

reforma do sistema punitivo. O Iluminismo, aliás, foi uma

52 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 48.

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concepção filosófica que se caracterizou por ampliar o domínio da

razão à todas as áreas do conhecimento humano.

Assim as correntes iluministas e humanitárias lideradas por

Voltaire, Mostesquieu e Rosseau realizam uma severa crítica aos excessos

imperantes na legislação penal, propondo que o fim do estabelecimento das

penas não deve consistir em atormentar o condenado.

No seio deste movimento de idéias surge Beccaria que no

entender de doutrinador Telles apresenta suas inovadoras idéias, as quais até

hoje são recepcionadas pelo Direito Penal.

Telles53 destaca que,

[...] a partir das idéias de Beccaria, inaugura-se no Direito Penal o

que se chama de período humanitário e, não muito se passa,

surge leis aderindo aos preceitos por ele defendidos. Em 1767, na

Rússia, Catarina II promove profunda reforma legislativa. Na

Toscana, em 1786, são abolidas a tortura e a pena de morte. Na

mesma linha, na Áustria e na Prucia as idéias iluministas se

concretizam em leis humanitárias.

É neste período que surge a obra “Dos delitos e das penas”

de Cesare Beccaria que Bittencourt54 a ela se refere afirma que “não é exagero ao

afirmar que o livro de Beccaria teve importância vital na preparação e

amadurecimento do caminho da reforma penal dos últimos séculos”.

Referindo-se, ainda na mesma obra, é importante salientar a

idéia de Beccaria55quanto à origem das penas e do direito de punir ao assim se

referir:

[...] cansados de só viver no meio de temores e de encontrarem

inimigos por toda a parte, fatigados de uma liberdade e a incerteza

de conservá-la tornava inútil, sacrificam uma parte dela para gozar

do resto com mais segurança. A soma de todas essas porções de

53 TELLES, Ney Moura. Direito penal, 2004. p. 5. 54 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 33. 55 BECCARIA, Cezar. Dos delitos e das penas, 1999. p. 16-17.

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liberdade, sacrificadas assim ao bem geral, formou-se a soberania

na nação; e aquele que foi encarregado pelas leis do depósito das

liberdades e dos cuidados da administração foi proclamado o

soberano do povo.

E ainda,

Conjunto de todas essas pequenas poções de liberdade é o

fundamento do direito de punir. Todo exercício do poder que se

afastar dessa base é abuso e não justiça; é um poder de fato e

não de direito; é uma usurpação e não mais um poder legítimo. As

penas que ultrapassam a necessidade de conservar o depósito da

salvação pública são injustas por sua natureza; e tanto mais justas

serão quanto mais sagrada e inviolável for a segurança e maior a

liberdade que o soberano conservar aos seus súditos.

Para tanto, o direito deveria deslocar-se da vingança

suprema do soberano e estender-se à defesa da sociedade, abandonar seu

caráter retributivo e caracterizar-se pela intimidação, atenuação da punição,

codificação nítida dos crimes e sansões e formar um consenso a respeito da

necessidade da prevenção do delito, e o castigo como função exemplar.

Segundo Foucault56

[...] em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo

supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no

rosto ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo.

Desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal.

A punição deixou de ser uma cena de terror sobre o corpo

do condenado e a nova pena de reclusão que veio substituí-la por sua vez,

também se impôs sobre a vontade, intelecto e disposição do encarcerado, de

maneira dolorosa e institucionalizada.

Parou-se de punir o corpo para de alguma forma punir o

intelecto, ou ainda mais a alma dos delinqüentes. Esse fator foi preponderante na

chamada evolução do sistema punitivo. Assim o período humanitário influenciou

56 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 112.

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com substancialmente na reforma do Direito Penal, inserindo a idéia de que

educar vale mais do que punir.

1.2 PERÍODO CIENTÍFICO

As idéias iluministas fortaleceram-se e inspiraram a

necessidade de se tratar o Direito como uma ciência. Como conseqüência deste

fato, ainda no século XVIII ocorre o desdobramento daquelas idéias iniciais,

dando origem a discussões doutrinárias sobre vários aspectos do Direito Penal.

Estes desdobramentos deram origem as correntes de pensamentos chamadas de

“Escola de Pensamento”, quais sejam: a clássica, a positiva e a moderna alemã.

1.2.1 Escola Clássica

As idéias da escola clássica partem dos ensinamentos de

Beccaria, sendo desenvolvidas e difundidas por Rossi, Carmiguinani, Pesina,

Kant e Carrara, cujos pensamentos estão assim sintetizados por Farias Júnior57.

Rossi concentra-se na imputabilidade material, culpabilidade

moral e perturbação social que o crime acarreta; as penas provem

do mal praticado pelo delinqüente e não pelo mal que se quer

prevenir. A idéia da moral tem que prevalecer sobre a utilitária:

punir para restabelecer a ordem mesmo que não traga a emenda.

Para Carmiguinani a pena é uma necessidade política. Ela visa

prevenir o mal.

Para Pessina, o fim da pena é a eliminação do distúrbio social,

como se a pena tivesse o dom de restabelecer a ordem

perturbada pelo crime. A pena tem que ser retributiva.

Para Kant, a finalidade da pena é o restabelecimento da ordem

moral perturbada pelo crime. O castigo compensa o mal e dá

reparação à moral.

57 FARIA JUNIOR, João. Manual de criminologia, 1993. p. 27.

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Não há como cogitar-se de vantagem para a pena, pois esta razão

do direito anula qualquer outra razão.

Carrara foi o exponencial artifície desta Escola e, para ele, o

homem é submetido às leis criminais por causa de sua natureza

moral; por conseguinte ninguém pode ser socialmente

responsável por seu ato senão moralmente responsável.

A imputabilidade penal é a condição indispensável para a

imputabilidade social. O crime não é um ente de fato e sim um

ente jurídico, não é uma ação, mas uma infração. Essa infração é

fruto de uma vontade livre. Seguia os ditames de Kant quando

dizia que o abrandamento da pena é um incitamento à

delinqüência, é um escândalo político.

Nota-se das idéias clássicas que a pena tem caráter

meramente retributivo e aflitivo e não visa, por meio dela a recuperação do

delinqüente, senão, a prevenção pela intimidação da possibilidade do castigo a

ser imposto.

Assim, os classistas defenderam o livre arbítrio como um

pressuposto para se afirmar a responsabilidade penal e a aplicação da pena. Por

isso no entendimento classista o delito tratava-se de um ente jurídico impelido por

duas forças: a física e a moral. A física, do movimento do corpo e o dano

causado, já a moral, se relacionariam uma vontade livre e consciente do

criminoso.

1.2.2 Escola Positiva

A escola positiva proclamava outra concepção do Direito,

pois, enquanto para a escola clássica, o direito preexistia ao homem, para os

positivistas, ele é o resultado da vida em sociedade e sujeito as variações no

tempo e no espaço.

Diante do fracasso das reformas penais inspiradas pelos

clássicos, a Escola Positiva propõe outros postulados. Nega o livre-arbítrio e

afirma a previsibilidade do comportamento humano (determinismo) passando a

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investigar as causas do crime a partir dos criminosos. O crime é uma entidade de

fato. Um fenômeno da natureza sujeita as leis naturais (biológicas, psicológicas e

sociais) que podem ser identificadas, estudando-se o homem criminoso.

A pena (castigo) é inútil, pois a conduta criminosa é sintoma

de uma doença e como tal deve ser tratada, em nome da defesa da sociedade.

Segundo Lira58

[...] a escola positiva, também chamada Italiana, Nova, Moderna

ou Antropológica (Lombroso, Ferri, Garofalo, Fioretti), é

determinista e defensivista, encarando o crime como fenômeno

social e a pena como meio de defesa da sociedade e da

recuperação do indivíduo. Chama-se positiva, não porque aceite o

sistema filosófico mais ou menos comteano, porém, pelo método.

Inicialmente, sofreu a influencia de Darwin, Spencer e Haeckel,

com as novas concepções da natureza, do homem e da

sociedade, mormente a doutrina da evolução.

Para a escola positiva o crime é um fenômeno natural e

social e a pena meio de defesa social.

Os positivistas tratavam o direito penal nos moldes do

denominado determinismo, onde pregavam a existência do criminoso nato, que

poderia ser identificado por meio de características e formas que lhe seriam

peculiares e também o criminoso fruto da influência da sociedade.

Propondo-se a instaurar uma nova fase na evolução da

ciência, os seguidores de Lombroso tiveram em Ferri o seu mais brilhante

representante.

Segundo Badaró59

Ferri, com sua obra Sociologia Criminal contesta os pontos da

escola tradicional, nos seus três princípios apriorísticos; (o homem

está dotado de livre arbítrio ou liberdade moral: o delinqüente tem

as mesmas idéias e sentimentos que qualquer outro homem; o 58 LIRA, Roberto. Direito penal normativo, 1977. p 24-25. 59 BADARÓ, Ramagem. Introdução ao estudo das três escolas penais, 1973. p. 40.

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efeito principal da pena é o de impedir o aumento dos delitos),

contrapondo as seguintes conclusões:

[...] a psicologia positiva tem demonstrado que o livre arbítrio é

puramente uma ilusão subjetiva;

[...] a antropologia criminal prova que o delinqüente não é um

homem normal, constituindo uma classe especial que, por

anormalidades orgânicas ou adquiridas, representa, em parte, nas

sociedades modernas, as primeiras raças selvagens, nas quais as

idéias e os sentimentos morais se encontram em estado

embrionário;

[...] que a estatística demonstra como a origem, aumento

diminuição e desaparecimento dos delitos, dependem em grande

parte das razões distintas das penas estabelecidas pelos códigos

e aplicadas pelo magistrado.

Para o positivismo, o indivíduo é sempre responsável diante

da sociedade, pelo fato de viver e participar dela. Ocorrendo na ordem social o

mesmo que no mundo biológico ou físico, isto é, toda ação segue uma reação,

sendo sanção social, um caso de reação natural.

Para a escola clássica a pena tinha como objetivo a punição

do criminoso, sua correção, retribuição à sociedade pelo mal que lhe foi causado

e a segurança social. Para a escola penal positiva a função da pena,

essencialmente, consiste na cura do criminoso e na defesa da sociedade.

A punição, tão declarada pela escola penal clássica, nos

idéia da escola positiva, se acontecer, deverá ser reduzida ao mínimo.

Deve-se fazer tudo para reduzir ou eliminar se possível, todo

e qualquer sofrimento que a privação de liberdade possa ocasionar ao apenado.

Segundo Sá60

Uma das mais significativas contribuições da escola penal

positiva, para a humanização do cumprimento da pena privativa

60 SÁ, Luís. Introdução à teoria do Estado. Lisboa: Caminho, 1986. p. 89.

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de liberdade, tenha sido o impulso dado às teorias e práticas

atinentes à classificação dos criminosos conforme a idade, o

delito, a ocasionalidade ou habitualidade da atividade delituosa.

Estas classificações incentivam a edificação de internatos ou

prisões para os homens e mulheres, a separação dos internos de conformidade

com a reincidência e primariedade, os tipos de delito ou artigos do Código Penal

infringidos, o cuidado especial com o menor infrator e com o doente mental

infrator ou não.

A dicotomia existente entre as escolas penais é,

basicamente, em relação ao posicionamento perante o fenômeno criminoso e

sobre a finalidade da pena. Entretanto, ambas, firmam e afirmam o espaço

prisional como um dos momentos disciplinares para o convívio na sociedade

moderna.

1.2.3 Escola Moderna Alemã

A finalidade principal dessa Escola foi à adoção de medidas

e providências de ordem prática no interesse da repressão e prevenção do delito,

o que conseguiu, introduzindo nas legislações diversos institutos.

No dizer de Noronha61

Considera o crime um fato jurídico, mas não esquece que também

apresenta os aspectos humano e social. Não aceita o criminoso

nato de Lombroso, nem a existência de um tipo antropológico de

delinqüente; porém considera real a influência de causas

individuais e externas – físicas e sociais – com predominância das

econômicas. A pena, para Liszt e seus seguidores, tem função

preventiva geral e especial, aquela advertindo a toda esta quando

recai sobre o delinqüente. Confere a pena, sem o desprezo de

outras providências, papel de relevo.

A Escola Alemã possibilitou um profundo avanço nos

estudos práticos do Direito Penal, e este fato resultou na elaboração de leis e 61 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal, 2003. p. 40.

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institutos indispensáveis à aplicação das sanções, como é o caso das medidas de

segurança, do livramento condicional e do sursis.

1.3 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

A partir da pena de prisão, a nova modalidade punitiva

implantada pela Revolução Francesa, tornou necessária a construção de

sistemas penitenciários que possibilitasse o internamento dos reclusos para o

cumprimento de suas penas.

Dessa forma surgem vários sistemas e em várias partes do

mundo e dentre eles pode ser citado o Panóptico, Pensilvânico, Alburniano,

Norfolk, e o Irlandês.

1.3.1 Sistema Panóptico

O sistema panóptico representa a corporificação de um

conjunto de idéias fundamentais do utilitarismo, contido nas obras de Jeremy

Bentham.

O ideal de prisão para Bentham, foi à vigilância e controle

total sobre a pessoa do preso e sua principal preocupação foi a de ordem física,

isto é, a edificação das prisões, de modo que uma única pessoa poderia controlar

a movimentação dos presos sem ser visto por eles.

Foucault62 nos diz que

Cada um, em seu lugar, está bem trancado em sua cela de onde é

visto de frente pelo vigia; mas os muros laterais impedem que

entrem em contato com seus companheiros. É visto, mas não vê;

objeto de uma informação nunca sujeito de uma comunicação. A

disposição de seu quarto em frente da torre central, lhe impõe

uma visibilidade axial; mas as divisões do anel, essas celas bem

separadas, implicam uma invisibilidade lateral. E esta é a garantia

62 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, 1987. p. 177.

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da ordem. Se os detentos são condenados, não há perigo de

complô, de tentativa de evasão coletiva, projeto de novos crimes

para o futuro, más influências recíprocas.

No ensinamento de Sá63

A arquitetura panóptica do espaço prisional projetou-se e se

construiu em função da vigilância pelo olhar. Daí sua forma radial,

favorecendo a claridade procedente da luz solar penetrante em

abundância. A luminosidade ininterrupta condiciona a visibilidade

perene. A luz e o olhar fundem-se na visão. A síntese é

decorrente e necessária: luz e olhar constantes. A luz vem de fora

e o olhar, da torre central. Luz e olhar incidem permanentemente

sobre o condenado.

Este sistema, por sua vez, funciona como uma espécie de

laboratório de poder “os seus mecanismos de observação ganham em eficácia e

em capacidade de penetração do comportamento dos homens64”.

1.3.2 Sistema Pensilvânico

Caracterizado como o mais rigoroso de todos, aplicado

inicialmente na Pensilvânia e também adotado pela Bélgica.

Para Noronha65

Consiste em o sentenciado ficar fechado na cela, sem sair, a não

ser de vez em quando para passeio em pátios cerrados. Trabalha

na própria cela, onde recebe as visitas do religioso pastor ou

sacerdote, dos diretores do estabelecimento, funcionários e

médicos. Dali também assiste aos ofícios religiosos. É um sistema

rigorosamente celular, ao qual se pode aplicar a conhecida

expressão: a cela é o túmulo do vivo.

63 SÁ, Luis. Introdução a teoria do estado, 1986. p. 99. 64 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, 1987. p.180. 65 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal, 2003. p. 236.

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Assentado no regime celular puro de isolamento absoluto e

constante e estimulado unicamente pela leitura da bíblia caracteriza-se pelo

aspecto desumano e daí o alto índice de suicídio nele registrado. Seriamente

criticado pelos adeptos da escola positiva não ultrapassou o século XIX como

ressalta Foucault66

[...] sozinho em sua cela o detento está entregue a si mesmo, no

silêncio de suas paixões pelo mundo que o cerca, ele desce à sua

consciência, interroga e sente despertar em si, o sentimento moral

que nunca perece inteiramente no coração do homem.

Submetido a esse isolamento absoluto não é o respeito pela

lei ou o receio da punição que vai reagir sobre o condenado, mas o próprio

trabalho de sua consciência, daí, a necessidade de modificações, pois, nela

constância o que se registrou foi o alto índice de suicídios fazendo surgir então

um novo sistema, o Auburniano.

1.3.3 Sistema Auburniano

A grande inovação do regime auburniano foi à introdução de

oficinas onde os internos se submetiam a uma rigorosa jornada de trabalho.

Esse sistema conforme Noronha67 permite que “o isolamento

é somente noturno, pois, durante o dia o sentenciado trabalha juntamente com os

outros”.

Em Auburn, a aprendizagem do uso do tempo transformou-

se em técnica disciplinar, embora censurado, pois impunha a proibição de visitas

e a falta de lazer e de exercícios demonstrando uma total indiferença ao estudo e

profissionalização do condenado.

66 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, 1987. p. 213. 67 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal, 2003. p. 236.

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Para Bittencourt68

[...] o modelo auburniano, da mesma forma que o filadélfico

pretende, consciente ou inconscientemente, servir de modelo ideal

à sociedade, um microcosmo de uma sociedade perfeita onde os

indivíduos se encontrem isolados em sua existência moral, mas

são reunidos sob um enquadramento hierárquico estrito, com o

fim de resultarem produtivos ao sistema.

Nota-se que este sistema adota as mesmas características

do filadélfico, porém, flexibilizado pela possibilidade do trabalho e da comunicação

com o pessoal da administração.

1.3.4 Sistema Norfolk

Na ilha de Norfolk, na Austrália, existia uma prisão da

Inglaterra, para onde foi nomeado diretor, em 1846, Alexandre Maconochie.

Eleito o trabalho como técnica disciplinar e, portanto,

recuperadora, que não era novidade, o capitão Maconochie elaborou alguns

corolários e os pôs em prática. Criou o sistema de marcas ou mark system.

Segundo Sá69

[...] em tal sistema a duração da pena não era determinada

exclusivamente pela sentença condenatória, mas dependia de boa

conduta do preso, de seu trabalho produzido e da gravidade do

delito. O condenado recebia marcas ou vales quando seu

comportamento era positivo e os perdia quando não se

comportava bem.

Das experiências realizadas na prisão de Norfolk, originou o

regime progressivo de cumprimento da pena, o instituto da liberdade condicional a

individualização e indeterminação da pena.

68 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p.163. 69 SÁ, Luís. Introdução à teoria do estado, 1986. p. 97.

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1.3.5 Sistema Irlandês

Idealizado por Walter Crofton, em 1853, na Irlanda, o regime

progressivo irlandês elaborou quatro fases a serem percorridas pelo condenado,

desde sua entrada na penitenciária até a liberdade total. São passos

progressivos, de conquista cada vez mais ampla de liberdade.

Leciona Sá70

A primeira fase de isolamento absoluto em cela incomunicável por

período variável, com única e pobre refeição tem raiz no regime

da Filadélfia.

A segunda fase, com trabalho diurno, coletivo, em silêncio, com

rigorosa vigilância, aliada ao isolamento noturno em cela

individual, têm origem no regime auburniano.

A terceira fase, inventada e acrescida por Walter Crofton, tinha as

seguintes características; preparação à vida livre, que consistia

em transferir o recluso para as prisões intermediárias como suave

regime de vigilância sem uniforme com permissão para conversar,

saídas dentro de certo raio, trabalho externo no campo,

objetivando o preparo do condenado para o retorno à vida na

sociedade.

Na quarta fase, com a possibilidade de viver em uma determinada

comunidade livre, o preso recebia o benefício da liberdade

condicional, como última etapa a ser cumprida, antes da liberdade

definitiva.

É este o sistema adotado pelo Brasil, conforme se vê da

parte geral do Código Penal, quando trata do regime de cumprimento de pena,

bem como, daquela estabelecida na Lei de Execução Penal.

No capítulo seguinte estudar-se-á as penas, os tipos de

regimes prisionais no âmbito do Direito Penal.

70 SÁ, Luís. Introdução à teoria do estado, 1986. p. 198.

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CAPÍTULO 2

PENAS, REGIMES PRISIONAIS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO

2.1 PENA – CONCEITO

No capítulo anterior, fez-se breve incursão sobre a evolução

dos sistemas punitivos adotados pela humanidade no decorrer de sua história.

Viu-se, que passou por várias fases, do rigor absoluto, sem

preocupação com possíveis limites, até chegar ao Direito Penal humanitário cujo

marco principal, foi o abandono das penais corporais e de morte para a pena de

prisão, legado que nos foi deixado pela Revolução Francesa.

Assim, com o surgimento da pena de prisão e a

conseqüente humanização do Direito Penal surgiram as mais variadas espécies

de pena e os mais variados sistemas penitenciários adotados pelas legislações

penais modernas.

No Direito Penal brasileiro esse fenômeno também se

passa, onde se verifica que, embora, em fase mais antiga unia-se apenas com a

prisão e a multa, agora, nossa legislação já incorporou outras espécies de

punição que possibilitam um tratamento menos rigoroso a aquele que transgredir

o Direito Penal vigente.

No entanto, antes de se chegar as espécies de penas e dos

regimes prisionais que delas decorrem são importantes se conhecer o que seja a

pena, neste sentido é em Capez71 que vamos buscar seu conceito quando nos diz

que,

Sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em

execução de uma sentença, ao culpado pela pratica de infração

71 CAPEZ, Fernando. Direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 632.

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penal, consiste na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja

finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinqüente, promover

sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela

intimidação dirigida á coletividade.

Antigamente afirmavam que a essencialidade da pena, como

se vê, era o caráter punitivo, no sentido da privação ou restrição de bens jurídicos

fundamentais pela reprovação por ordem do Direito Penal.

Atualmente a pena tem o caráter retributivo, não quer dizer

com isto, que sua finalidade seja apenas a de retribuir o mal pelo mal, pois, das

lições de Pimentel72 se extrai que:

[...] a tendência moderna é a de que a execução da pena deva ser

programada nos moldes a corresponder a idéia de humanizar,

além de punir, deve afastar-se a pretensão de reduzir o

cumprimento de pena a um processo transformador científica do

criminoso em não criminoso.

No mesmo sentido são os ensinamentos de Reale Junior73

quando diz “nem por isso, deve deixar de visar à educação do condenado

criando-se condições por meio dos quais possa, em liberdade, resolver os

conflitos próprios da vida social, sem recorrer ao caminho do crime”.

Conceituada, pois o que seja a pena é imprescindível para

esta pesquisa que se conheçam quais as espécies previstas em nosso

ordenamento jurídico penal.

2.1.1 Espécies de Pena

O Direito Penal brasileiro prevê três espécies; pena: privativa

de liberdade; restritiva de direitos e pena de multa.

72 PIMENTEL Manoel Pedro. Aspectos relevantes da execução penal. Anais. 1º Congresso

brasileiro de Política Criminal e Penitenciária. Brasília, 1972. v.2, 73 REALE JUNIOR, Miguel. Novos rumos do sistema criminal. Rio de Janeiro: Forense, 1983. p.

77.

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Em termos da Constituição da República Federativa do

Brasil foi excluída a pena morte (salvo em casos de guerra declarada) as demais

penas principais foram abolidas da categoria das penas acessórias.

Neste estudo inicialmente parte-se da pena mais branda

para as mais rigorosas, como também a classificação dos tipos de prisão e

regimes prisionais.

2.1.2 Pena Multa

Instituída no Direito Penal a multa também chamada de

penas pecuniárias, de origem antiguíssima desde os tempos primitivos era

executada aos infratores como uma obrigação de pagar.

Assistida a título de castigo por uma reparação na entrega

de objetos à família da vítima ou ao chefe da cidade e até ao Estado, que se

comprometiam a dar-lhe proteção e garantindo o acordo celebrado como contas

acertada

Secularmente acabou sendo relegado em segundo plano,

usada para confiscar os bens dos infratores e para aumentar o patrimônio do

Império, nesta época à pena de morte e as privativas de liberdade adquiriam a

preferência absoluta.

Com o critério adotado do dia multa e das penas restritivas

de direito, iniciou-se uma nova sistemática de cominação de penas, surgindo

como pena principal, isolada, cumulada ou alternadamente, substitutiva da

privativa de liberdade ou em conjunto com a pena restritiva de direito,

independente de cominação na parte especial.

Conceitua-se a pena de multa por Monteiro de Barros74 que

”consiste na obrigação imposta ao condenado de pagar ao Fundo Penitenciário

do Estado determinada soma em dinheiro”.

74 MONTEIRO DE BARROS, Flavio A. Direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 396. v.1.

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Atualmente a multa possui grau de importância, pois veio

substituir as penas de prisão, primeiramente ocupando o lugar da privação de

liberdade, por prazo de curta duração aos ilícitos penais que não apresentam

maiores gravidades, além da desoneração ao Estado e ao afastamento das

influências maléficas nos estabelecimentos penitenciários.

A principal vantagem é que ela não afasta o condenado de

sua profissão ou de sua família, apenas incumbe a obrigação de arcar com o

pagamento da condenação.

É o ensinamento na doutrina de Franco75

[...] a postura legislativa no sentido de alargar sempre espaços

para a pena pecuniária corresponde a uma tendência bem

definida da moderna Política Criminal, que lhe dá inquestionável

primazia como tipo de sanção punitiva, adequada em relação a

criminalidade de mínimo relevo e preferível no que tange a

criminalidade de média importância.

Caberá ao magistrado observância da quantidade a ser

fixada, pela reprovação e prevenção do crime entre mínima de 10 e máxima de

360 dias-multa.

Inicialmente não se atem a situação econômica patrimonial

do condenado, por ocasião desta afirma Bitencourt76 “nessa aferição leva-se á em

consideração não só o salário, mas toda e qualquer renda, inclusive de bens e

capitais, apurados na data do fato”.

Esta pena quebra a relação entre a gravidade do fato e a entidade

da pena. Não é, em substância, uma pena retribuitiva, em relação

a proporção, não é uma pena que atenda ao fato; ela se atém a

um elemento que está fora do fato e que é individualizável nas

condições econômicas particulares do réu.

Após a fixação da quantidade e o valor de cada dia, passa

agora analisar a situação econômica do condenado, ajustando-se aos princípios 75 FRANCO, Alberto Silva. Tema de direito penal. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 159. 76 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 681.

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de igualdade e de proporcionalidade, ao salário mínimo, variando de acordo com

as condições financeiras, não inferiores a um trigésimo do maior salário mínimo

mensal vigente ao tempo do fato.

Adotada pela legislação penal, a multa poderá ser aplicada

isoladamente, ou aplicada cumulativamente, para receber a pena de reclusão e

mais a multa.

Porém, não superior a cinco vezes a esse salário, admitindo

a possibilidade de elevar ao triplo dependendo as condições econômicas do

condenado, se ele for assalariado.

Quando se trata de autônomo, cuja renda é variável,

também variável a fixação do valor, verificando-se a situação econômica

financeira pela atividade profissional, os bens que possua o bom senso para

arbritar valor justo as possibilidades do condenado.

Tratando de condenação por prática de crime financeiro que

envolva quantias elevadas, a tendência é fixar o valor e a quantia no mínimo ou

próxima, sem qualquer preocupação com uma analise da real situação econômica

financeira do condenado, o juiz deverá utilizar a condição especial do aumento

até o triplo.

O pagamento da multa deve ser efetuado dentro de 10 dias

depois de transitada em julgada a sentença sob pena de se promover à

execução.

A legislação vigente não estabelece número de parcelas

mensais, ocorrendo desvirtuará o caráter da pena com as prestações de valores

elevados, representando ônus insuportável ao condenado tornando inviável a

execução por insolvência, permite-se á substituição da pena privativa de

liberdade, se esta não for superior a seis meses pela multa.

Ao presumir que o condenado estando em liberdade e

exerça atividade profissional remunerada, poderá se proceder ao desconto do

valor integral ou parcelado a sua folha de pagamento de no mínimo de um décimo

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de sua remuneração e máximo de 25% desta, estendendo os descontos de

proventos de aposentadorias.

A execução da pena-multa é procedimento próprio das

ações fiscais não afastando o processo executório da esfera do juízo criminal,

nem a legitimidade ativa do Ministério Público para promover a execução.

Com o advento da Lei 9099/95, Lei dos Juizados Especiais

Criminais, permitindo a transação penal, mediante aplicação antecipada aplicada

a crimes com pena máxima não superior a um ano de detenção e nas

contravenções de menor potencial ofensivo e contravenções gerais.

Admissível a suspensão condicional do processo quando o

crime for punido com a pena mínima não superior a um ano em crime de médio

potencial ofensivo.

Quando em hipóteses de aplicar pena privativa de curta

duração com a concessão do sursis, poderão ser aplicadas em quantidades não

superior a seis meses, observarão a primariedade, personalidade, circunstâncias

do crime para acolher á substituição.

Possuindo assim, caráter eminentemente pessoal e

intransferível, somente poderá ser resgatada pelo próprio condenado, tornando

suspensa sua execução se sobrevier doença mental, morte do condenado ou

extinção da punibilidade pelo cumprimento total da pena.

2.1.3 Penas Restritivas de Direitos

A partir do final do século passado, defende-se a idéia de

novas alternativas oferecessem a possibilidade de aplicar outro tipo de pena em

substituição à prisão como nos ensina de João José Leal77 “a prisão é uma

verdadeira violência e a expressão de um sistema de justiça desigual e

77 LEAL, João Jose. Direito penal. São Paulo: Atlas, 1998. p. 361.

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repressivo, de que funciona como realimentador”, consideração acerca do

pernicioso convívio como criminosos mais perigosos.

As modalidades das penas segregadoras de caráter

punitivo, substituindo á privação de liberdade por medidas que privilegiem o

caráter educativo, mais eficaz aos problemas decorrentes da criminalidade, uma

das maiores preocupações em nosso cotidiano.

Surgida na Rússia, em meados de 1926, prevista no Código

Penal Soviético, para trabalhos correcionais, sem a privação de liberdade,

cumprida no distrito do domicílio do condenado, com a vigilância do órgão

encarregado da execução da pena.

Outra época importante foi no Principado de Mônaco, em

1967, adotando como forma de “execução fracionada” da pena privativa de

liberdade que consistiam em detenções semanais.

Para o Brasil foi o grande avanço para o Direito Penal,

cumprir a pena, desfrutando do convívio familiar, do trabalho paralelamente sem

que sejam submetidos à promiscuidade da segregação, permanecendo inserido

no meio social sem sofrer maiores preconceitos.

A aplicabilidade de sua classificação é variada; única,

quando existe uma única pena e não há opção para julgador, conjunta, quando se

aplica duas ou mais penas paralela, escolhendo entre as duas formas, alternativa

quando possui natureza diversa (reclusão ou multa).

Medida aplicável a infrações leves sob a forma de

substituição prevista no art. 43 do Código Penal, como veremos; obrigando a

limitar a certos direitos e ainda restringindo parcialmente a sua liberdade física,

determinada por prestação pecuniária; perda de bens e valores; prestação de

serviços á comunidade ou a entidades púbicas; limitação de fim de semana; e a

interdição temporárias de direitos.

Adotadas pelo Código Penal classificam-se em penas

pecuniárias: a perda de bens e valores; as prestações de serviços á comunidade

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ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos; a proibição do

exercício de cargo, função ou atividade pública, e também o mandato eletivo, a

proibição do exercício de profissão: atividade ou oficio que dependam da

autorização especial: de licença ou autorização do poder público: suspensão de

autorização ou habilitação para dirigir veículos e a limitação de fim de semana,

prevista pela Lei 9714/98.

O Código Penal brasileiro de 1940 inseriu as penas

alternativas por trata-se de uma pena autônoma e substitutiva, aplicada

isoladamente em sentença, independentemente de cominação na parte especial

em substituição à pena privativa de liberdade quando originalmente fixada em

decisão judicial.

A finalidade da substituição é a defesa da sociedade e a

ressocialização do infrator, fins cada vez menos alcançados pela pena privativa

de liberdade a condenado perigoso que oferecem risco á integridade social,

porém nada impede que o legislador venha cominá-la diretamente para certos

crimes, com a pena principal.

No conceito de Capez78 sobre as alternativas penais.

Constituem toda e qualquer medida que venha a impedir a

imposição da pena privativa de liberdade, tais como reparação do

dano extintiva da punibilidade, exigência de representação do

ofendido para determinar crimes, transação penal, suspensão do

processo, composição civil, caracterizadora da renuncia ao direito

de queixa ou representação.

Na maioria das vezes com sucesso, atingindo os objetivos

ao qual se destinam, outras nem tanto, se não forem elaboradas por princípios

objetivos a sistematização na forma de aplicação.

Em 1948, a Inglaterra, passou aplicada a menores infratores

com idade igual ou superior a 16 anos e ao processo de ressocialização do

delinqüente.

78 CAPEZ, Fernando. Curso direito penal: parte geral. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 388.

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O sistema de limitação de fim de semana, a pena de

detenção inferior a um mês de execução, fracionada por ocasião da pena

privativa de liberdade em detenções semanais foi aplicada durante o movimento

despenalizador, em 1960 na Bélgica.

A maior potencia mundial, Estados Unidos, apesar de

possuir legislação rigorosa, presídios de segurança máxima, bem equipados,

mantêm a pena de morte ainda em vigor em alguns Estados americanos, onde os

índices de criminalidade são crescentes.

A Organização das Nações Unidas ao editar regras mínimas

para o tratamento de preso desde 1955, passou a ter grande preocupação com a

criminalidade, somente 1990, com a aprovação da Resolução 45/110 se

estabeleceu às medidas para as penas não privativas de liberdade.

Ao restringir certos direitos e de optar por medidas menos

repressivas, o Estado, passou aplicar a inflações leves em substituição à prisão, a

esses substitutivos ou alternativos penais seriam exercida sob forma de prestação

de serviços gratuitos á comunidade.

A concessão, mediante emprego de algumas imposições e

proibições como; de freqüentar determinados lugares ou de exercer certas

atividades profissionais ou públicas quando originalmente fixada em decisão

judicial.

2.1.3.1 Requisitos de Ordem Objetiva

Condicionada a determinados pressupostos tanto de ordem

objetiva e subjetiva simultaneamente a beneficiar o condenado ao direito que lhe

urge por certos requisitos, assim determinados para sua aplicação observa-se:

a) quantidade da pena aplicada não superior a quatro anos, para

reclusão ou detenção, independente de natureza do crime, doloso

ou culposo, restritiva de direito, autônomas não perdendo o caráter

substitutivo ou alternativo.

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b) natureza do crime cometido, privilegiada pela natureza culposa,

permitindo á substituição da pena privativa de liberdade,

independente da quantidade de pena aplicada.

2.1.3.2 Requisitos de Ordem Subjetiva

É necessário considerar a verificação:

a) que o réu não seja reincidente em crime doloso, com condenações

anteriores desde que tenham transitado em julgado, após o

cometimento de novo delito em julgado ou se já houver decorrido o

prazo de cinco anos quando da pratica do crime.

Em tese é inaplicável, a situação de reincidência como nos

diz Bitencourt79 “agora, com a nova redação da Lei 9714/98, somente a

reincidência em crime doloso, poderá em princípio impedir a substituição em

analise”.

b) segundo se restou preenchido quanto à reprovação e prevenção

exigida na pena pela aferição da culpabilidade, antecedentes

criminais, conduta social, personalidade do condenado e as

circunstancia do fato delituoso.

Nas lições de Mirabete80, é cabível o juiz entender,

Necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime

(art.59 do Código Penal), indicando-se assim que a substituição é

apenas uma faculdade de aplicação e não um direito subjetivos do

condenado.

O condenado reincidente a um segundo crime pós

condenação irrecorrivelmente em crime anterior, não caberá o direito á

substituição, esta é causa impeditiva, não inspira confiança para permanecer em

liberdade.

79 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 599. 80 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal, 1997. p. 330.

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Entretanto faz-se-á considerações às circunstâncias judiciais

favoráveis, quanto à culpabilidade, antecedentes, conduta social,

responsabilidade, motivos e circunstâncias para que seja possível a substituição,

e que o réu não seja reincidente em crime doloso.

Assim no primeiro momento acima, inicia-se a verificação

dos requisitos de ordem subjetiva á aplicar a pena quando das condições de

substituição da pena privativa de liberdade, observa-se:

a) condenação por crime doloso á pena restritiva de direito substituída

pela privativa de liberdade se forem inferiores a um ano.

b) condenação por crime de forma culposa a pena poderá ser

substituída em qualquer quantidade de pena, mas se a privativa de

liberdade for igual ou superior a um ano, somente poderá ser

substituída por uma pena restritiva de direito e uma pena de multa

ou duas pena restritiva de direito executadas simultaneamente.

Pressupostamente necessários tanto de ordem objetiva e

subjetiva, os quais simultaneamente configurados, a falta deles, inadmissível sua

substituição.

Entretanto quando a natureza do crime, e o cometimento

não tenham o emprego de violência ou dolosa, não impede o beneficio em caso

de homicídio culposo e lesões corporais culposas, “pois a violência que obsta a

substituição é empregada contra a pessoa” segundo Capez81.

As conversões visam garantir a efetiva execução da pena,

desde que admitam a transmutação, salvo a multa, se converte à pena de

prestação de serviços à comunidade em privativa de liberdade, assim, admite a

conversão quando não for superior a dois anos em pena restritiva de direito, se

preenchidos os pressuposto á substituição.

81 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, 2005. p. 393.

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46

O descumprimento injustificado da restrição imposta,

apresentando justificativas que o levaram a descumprir a pena alternativa, o

magistrado decidirá sobre a conversão.

Porém, sobrevindo condenação por outro crime, ocorrendo

conversão e não havendo incompatibilidade e possibilidade cumprir a pena

anterior, o magistrado deixará de aplicar a conversão.

Ao se decretada a reversão, considerar-se-á do tempo de

pena já cumprido em que permaneceu prestando serviços à comunidade podendo

ser submetido à limitação de fins de semana ou um dois seus direitos interditados.

2.1.4 Prestação Pecuniária

Conceitua as prestações pecuniárias consistem ao

pagamento de determinados valores em dinheiro ou prestação de outra natureza

em favor da vítima, estendendo aos seus dependentes, ou a entidades públicas e

privadas, com destinação de caráter social.

Preleciona Bitencourt87

[...] a excepcionalidade dessa possível destinação secundária

prende-se ao caráter indenizatório que referida sanção traz na sua

finalidade última. Por isso, primeiro, deverá reparar o dano ou

prejuízo causado á vitima ou seus dependentes, e somente na

ausência destes (vítima/dependentes) ou daqueles (dano ou

prejuízo) o produto resultante da condenação poderá destinar-se á

entidade pública ou privada com destinação social.

A finalidade é reparar o dano causado na infração penal,

para alguns doutrinadores o uso expressivo do termo empregado é “multa

reparatória”.

87 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do direito penal, 2006. p.604.

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47

São importâncias fixadas não inferiores a um salário mínimo

e nem superior a 360 salários mínimos, que dependem da aceitação por parte do

beneficiário, e sem consentimento reverte-se em prestação de outra natureza.

Já as prestações de outras naturezas referem-se à mão-de-

obra, doações de cestas básicas estendem a aplicação aos delitos de menos

potencial ofensivo, pela possibilidade de transação penal, no âmbito dos Juizados

Especiais, a Lei 9099/95.

Nos crimes que não houver prejuízo á vítima, que envolvam

a coletividade, reverterá em prol de entidades públicas ou privadas com

destinação social atribuída a função alimentar.

Deixando de efetuar o pagamento, frustrando assim, a

execução penal, que poderá ser promovida de Ministério Público, a execução do

ius persequendi in judicio com o trânsito em julgado da sentença condenatória,

sendo que o juiz da execução penal determinará o seu cumprimento.

2.1.5 Perda de Bens e Valores

Precípua a perda de bens e valores prevista no art. 45 do

Código Penal e consiste na expropriação de coisas corpóreas e incorpóreas

(casas, veículos, etc.) de propriedade do condenado, destinada ao Fundo

Penitenciário Nacional, por valores representativos da obrigação de pagar em

dinheiro ou mercadorias (apólices, bônus, cheques, etc.).

A aplicação deverá estar demonstrada na execução, o teto

máximo da pena, é uma função da prática do crime ou o prejuízo causado pelo

infrator penal, ao Fundo Penitenciário Nacional, como produto de pena multa, que

decorrem do patrimônio do condenado e não dos produtos do crime.

Esses crimes compreendem exemplificando como; a coisa

obtida por meio criminoso (jóias furtadas); adquiridas no delito por especificação

(transformada); adquiridas no delito mediante alienação (dinheiro obtido na

venda).

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48

A diferenciação pelo Código de Processo Penal as coisas

obtido pelo meio criminoso poderá ser determinadas pela busca e apreensão, já

as adquiridas por especificação é mediante alienação, determinadas pela medida

do seqüestro.

Essa modalidade de busca e apreensão e seqüestro são

medidas antecipativas do confisco, decretadas quando existirem indícios de que

bens e valores foram adquiridos em proveito do crime.

Os efeitos da perda de bens e valores revestem em favor da

União, desde a decretação do seqüestro e a busca em apreensão, somente após

o trânsito em julgado da sentença condenatória determinável a avaliação e a

venda dos bens em leilão público.

Colhe distinção sobre confisco e perda de bens e valores

Monteiro de Barros88, “[...] o confisco recai sobre os proventos criminosos

auferidos pelo condenado, ao passo que a perda de bens e valores incide sobre

bens e valores que integram o patrimônio lícito do acusado”.

Transmissível aos sucessores do condenado até o limite do

patrimônio transferido, se feita no juízo cível, assim falecendo o condenado antes

do trânsito em julgado é extinta a punibilidade, inviabilizando a execução contra

os sucessores.

2.1.6 Prestação de Serviços à Comunidade

O aspecto histórico das penas alternativas e de serviços à

comunidade foi à primeiramente surgida na Rússia em 1926, e no Brasil somente

em 1960, instituindo a pena de trabalhos correcionais sem privação da liberdade.

A mais importante pena restritiva de direito adotada no

Código Penal é a prestação de serviço à comunidade, pela inovação trazida no

sistema da Reforma Penal em 1984.

88 MONTEIRO DE BARROS, Flavio Augusto. Direito penal, 1999. p. 391.

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49

No Brasil viabilizando a aplicação e eficácia por

acompanhamento geral é distribuída aos serviços sociais, ao prestador do serviço

e a comunidade.

A doutrina de Bitencourt89 nos ensina,

[...] tem conceituado a prestação de serviços á comunidade como

o “dever de prestar determinada quantidade de horas de trabalho

não remunerado e útil para a comunidade durante o tempo livre,

em benefício de pessoas necessitadas ou para fins comunitários”.

Trata-se de uma pena altamente recomendável pelo ponto

de vista político jurídico pela utilização humanizadora, embora sua utilização seja

mínima.

Para a doutrina de Leal90

Seu objetivo é valido e pelo de altruísmo, pois coloca á disposição

da comunidade mão-de-obra gratuita, muitas vezes difícil de ser

encontrada, principalmente aos fins de semana. Além do mais,

não retira o condenado do meio em que vive, permitindo-lhe

conciliar o cumprimento desta sanção com o desempenho de sua

atividade profissional e com o convívio familiar. Trata-se, por isso,

de pena moderna, humanizadora e, do ponto de vista político-

juridico, altamente recomendável.

Os resultados quando alcançados servem para desestimular

á pratica de delitos, mesmo os de menor gravidade, evitando a prisão

desnecessariamente e principalmente objetivando a recuperação do delinqüente.

Seguramente sua importância consiste na atribuição de

prestar tarefas executadas em escolas, orfanatos, hospitais, programas estatais

ou comunitários, colocando mão de obra gratuitamente, de acordo com as

aptidões do condenado, exercidas em horários que não prejudiquem a sua

jornada de trabalho diário.

89 BITENCOURT, Cezar Roberto Tratado do direito penal, 2006. p.614. 90 LEAL, João José. Direito penal, 2004. p. 454.

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50

Inicia o cumprimento dessa sanção com o comparecimento

ao local determinado pelo juiz da execução, ao prestador de serviços sobre a

sistematização do cumprimento da imposta mediante avaliação das aptidões

profissionais a inserção na instituição credenciada ou conveniada, no local onde o

condenado prestará serviços gratuitamente no comprimento da execução da

tarefa.

O sucesso dessas tarefas é muito eficaz para sanção penal

do ponto de vista de forma educativa no processo de ressocialização, sem afastar

o condenado do convívio social e familiar.

Assim no ensina Ferreira por citação de Mirabete,91

[...] dentre esses atributos, é dotada de caráter retributivo,

intimidativo, geral e especial, é ressocializadora, moralizadora da

suspensão condicional da pena, do livramento condicional e do

próprio regime aberto, contribui para a realização de inúmeras

obras sociais, prestando relevante serviços á coletividade.não

gera desemprego, nem concorre com qualquer outro tipo de mão-

de-obra remunerada.

O trabalho exercido é na proporção de uma hora de serviço

por um dia de condenação, isto é, a tarefa realizada terá uma duração de oito

horas semanais, de modo que seja compatível com as outras obrigações laborais

do horário profissional do condenado.

Ensina-nos Monteiro de Barros92 “o trabalho é gratuito,

inexistindo, portanto, vínculo empregatício, cada dia de prisão passa a

corresponder a uma hora de trabalho”.

Para aplicação em termos do art. 46 do CP, destina-se a

aplicação á condenações superiores a seis meses de privação de liberdade, se

pena substituída for superior e um ano, é facultado ao réu cumprir em tempo

menor, mas nunca inferior à metade da pena.

91 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal, 1997. p. 333. 92 MONTEIRO DE BARROS, Flávio Augusto. Direito penal, 1999. p.393.

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51

É processada pela capacidade produtiva, socializadora e o

crescimento de auto-estima, assim enfocando o voluntariado aos serviços

comunitários.

No Brasil o advento da Lei 9099/95, a Lei dos Juizados

Especiais Criminais, objetiva solucionar de forma mais célere, as infrações de

menor potencial ofensivo que a lei comine pena máxima não superior a um ano,

que possibilidade da utilização da transação penal e a suspensão condicional do

processo.

Os delitos de tráfico ilícito de sustâncias de entorpecentes,

caracterizados como crimes hediondos inseridos a Lei 8072/90, a aplicação das

penas alternativas não é admitida pela repugnância que causa a população, pois,

pena mínima é de três anos a condenado primário, e inferior ao mínimo de quatro

anos.

Ao ser substituída por uma pena alternativa, a lei admite tal

procedimento embora não o faça, quando o delito não for cometido com violência

ou grave ameaça à pessoa.

Assim a Lei de Execução Penal reconhece a maioria das

suas normas e o caráter material, na Constituição Federativa do Brasil que proíbe

a detenção arbitraria de pena de morte para crimes comuns, prisão perpetua e

prisão por dívida, violando os princípios da personalidade e individualização da

pena e os regimes prisionais e no Código Penal é consagrada regras de

características de execução penal.

O cumprimento desta medida, quando a entidade é a

beneficiada, fiscalizadora da pena, enviando ao juízo da execução, relatório das

atividades ali trabalhadas, também o cometimento de ausência ou falta disciplinar

da pena que, é causa para conversão da pena.

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52

2.1.7 Limitação de Fim de Semana

Adotada em diversos países, os mais famosos doutrinadores

utilizam à denominação diversa para classificar como: prisão descontínua, prisão

por dias livres, prisão por tempo livre e arresto de sim de semana, no Brasil se

utiliza à expressão limitação de fim de semana.

No Brasil com a Reforma Penal de 1984, optou-se por

preservar a liberdade de locomoção, consistente na obrigação do condenado

permanecer aos sábados e domingos, durante um período de no máximo de cinco

horas diárias em casa de albergados ou estabelecimento adequado.

Possuidora de dupla finalidade destina servir de pena

educativa, no sentido que durante o seu cumprimento lhe é conveniente receber

cursos, palestras ou realizar outras atividades, pois sua principal finalidade é em

proveito do condenado.

Servem para as penas de curta duração e impedem o

recolhimento do infrator em estabelecimento penais, porém, na inexistência

desses locais destinados ao cumprimento da pena poderão ser prestadas em

presídios, estabelecimentos públicos, entidades ou comunidades credenciadas

pelas autoridades judiciárias.

O descumprimento da obrigação no estabelecimento

designado ou recusar de exercer a atividade determinada pelo juiz, gerará

automaticamente a conversão da pena.

Nos ensina Bitencourt93

[...] este deverá igualmente ser advertido de que a pena será

convertida em privativa de liberdade se deixar de comparecer ao

estabelecimento nas condições estabelecidas ou praticar falta

grave ou, de qualquer forma, descumprir injustificadamente, as

restrições impostas.

93 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do direito penal, 2006. p.611.

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53

Igualmente á prestação de serviços á comunidade, incumbe

relatórios sobre o desenvolvimento da execução bem como ausência ou falta

disciplinar, caso proceder a conversão da pena de limitação de fim de semana em

pena privativa de liberdade.

2.1.8 Interdição Temporária de Direitos

A classificação penal de interdição temporária de direitos é

proibição do exercício de cargos e função ou atividade pública e mandato eletivo,

de exercício de profissão, atividade ou oficio que dependam de habilitação

especial de licença ou autorização do poder público, e suspensão de autorização

ou de habilitação para dirigir veículos.

Trata-se de uma espécie de sanção que atinge os interesses

econômicos sem maiores confrontos ao recolhimento prisional por curto prazo,

interditos de modo mais grave dos efeitos da punição restrito ao patrimônio, além

da efetiva Justiça Penal.

Observa-se nos comentário Pimentel94

[...] com relação a interdição para o exercício do comércio prevista

no art. 197 da Lei de Falências formaram-se duas correntes

jurisprudenciais, primeira o dispositivo esta derrogado diante da

exclusão das penas acessórias do CP e segundo permanece a

possibilidade de se impor a interdição por não ter sido revogado o

art. 195 de Lei de Falências e seu prazo de duração, não mais

previsto na parte geral do CP, deve ser fixado em um ano ou

porque passou ela a ser considerada como proibição do exercício

de profissão.

O verdadeiro significado de privar com a pena, a prática de

certas atividades sociais por irresponsabilidade ou ações perigosas do agente,

como veremos nos itens elencados a seguir.

94 PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade. São Paulo: Revista dos Tribunais,

1983. p.171-2.

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54

2.1.9 Proibição do Exercício de Cargo, Função ou Atividade Pública e

Mandado Eletivo

Esta proibição abrange todas e quaisquer atividades

desenvolvida a que usufrua da condição de funcionário público, suspendendo

temporariamente o exercício profissional.

Vislumbra a violação dos direitos inerentes a cargo função

ou atividade profissional contra a Administração Pública ou violando os deveres

na qualidade de funcionário público, para fins penais.

Pelos ensinamentos da função pública nos diz Meirelles95, “É

a atribuição ou o conjunto de atribuições que a Administração confere a cada

categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores, para

a execução de serviços eventuais”.

O exercício do mandado eletivo é o exercido pelos membros

do Legislativo, (vereadores, deputados federais, estaduais e senadores) ou do

Executivo, (prefeitos, governadores, presidente da república) investidos na função

por eleição direta ou indireta nos prazos determinados pela Constituição Federal,

que dependa da nomeação, escolha ou designação do Poder Público. Não

implica certamente na proibição de ser eleito, mas de exercer se este estava

investido em virtude de ter sido eleito.

A pena cuja espécie suspende parcial os direitos políticos,

não cabe o exercício de mandato por tempo determinado, gera incapacidade

temporária para exercício do cargo, função ou atividade pública ou mandato

eletivo.

As condenações só ocorrem quando a pena aplicada for

superior a quatro anos e declarada em sentença, a interdição ao infrator penal

que viola os deveres que lhe são inerentes desde que preenchido os

pressupostos para a substituição por pena privativa de liberdade.

95 MEIRELLES, Helly Lopes. Direito administrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros,

2004. p. 397.

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55

Não se faz necessário tratamento especifico a crime contra a

Administração Pública, e sim delito do agente na atuação com o abuso de poder

ou a violação que lhe impõem a qualidade de funcionário público.

Classifica os crimes desta natureza que são os destinados

como autores de crime: o peculato culposo, prevaricação, advocacia

administrativa, abandono de função, abuso de autoridade, crimes de maus tratos,

violação de correspondência ou das comunicações, todos estes inseridos no

Código Penal.

2.1.10 Proibição do Exercício de Profissão, Atividade ou Oficio que Dependa

da Habilitação Especial ou Autorização do Poder Público.

As proibições do exercício de profissão, atividade ou ofício

são aquelas que têm caráter intelectual, já os de ofício caráter são manuais, e

dependem de certos requisitos legais para serem exercidas.

Dentre os requisitos: curso superior ou profissionalizante,

licenças de autoridades públicas, os registros que são controlados e fiscalizados

estatalmente.

Assim preleciona Bitencourt96

[...] qualquer profissional que for condenado por crime praticado

no exercício de seu mister, com infringência aos deveres que lhe

são inerente, poderá receber essa sanção desde que, é claro,

preencha os requisitos necessários e a substituição revele-se

suficiente á reprovação e prevenção do crime.

Destaca-se a figura dos profissionais de diversas áreas

como: médico, engenheiros, advogados despachantes, corretores tanto de

valores como de seguros, entre outros, etc, interdição de exame, privado em

exercer a atividade laboral, até que esteja habilitado legalmente para o exercício

profissional, controladas pelo poder público.

96 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do direito penal, 2006. p.621.

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56

A pena de interdição possui apenas caráter preventivo,

evitando a reincidência ao infringir regras no desempenho sobre as condições

profissionais por pratica de ilícito penal.

Em ocorrência o juiz da execução determinará a interdição

do exercício do direito, interditando assim o exercício profissional, atividade ou

oficio, no qual ocorreu o abuso, como diz Hungria97 “a interdição pressupõe que a

ação criminosa tenha sido realizada com abuso de poder de profissão ou

atividade, ou com infração de dever a ela inerente”.

2.1.11 Suspensão de Autorização ou de Habilitação para Dirigir Veículos

Refere a suspensão de autorização ou de habilitação para

dirigir veículos quando seja exclusivamente a delitos culposos de trânsito, por

negligência do condutor, imposta como pena principal, isolada ou cumulada com

outras penas.

As infrações de trânsito denominadas crimes

automobilísticos ou delitos de circulação de eventualidade dolosa contra

pedestres, a intenção é afastar os motoristas negligentes, imprudentes de dirigir

veículos que possam causar delitos culposos e garantir a segurança de

transeuntes e outros motoristas.

Causa a conversão de pena restritiva de direito em pena

privativa de liberdade se dentro do prazo estabelecido se vier a dirigir veiculo, não

afastando a reincidência, nos moldes do art. 77 do Código Nacional de Trânsito.

Assim nos relata Delmanto98

[...] o caput do referido artigo, com redação da Lei 6331/79

estabelece a obrigatoriedade de ser submetido a novos exames o

condutor condenado por acidente de trânsito que tenha

ocasionado e os §§ 1° e 2° facultam a critério da autoridade de

97 HUNGRIA, Nelson. Comentário ao código penal. Rio de Janeiro: Forense, 1955. p. 506. v. 2. 98 DELMANTO, Celso. Código penal anotado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1984. p. 82.

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57

trânsito em caso de acidente com prévia apreensão da carteira de

habilitação.

A aplicação estendeu-se a casos especiais de substituição,

interdição de direitos pela prestação de serviços á comunidade e a aplicação de

suspensão, a permissão ou habilitação para dirigir veículos automotores a que a

pena possa ser aplicada isoladamente ou cumulativamente com a pena privativa

de liberdade e multa.

2.1.12 Proibição de Freqüentar Determinados Lugares

A proibição de freqüentar determinados lugares, elecanda no

art. 47 do Código Penal, no rol das penas de interdição temporária de direitos,

visa condição obrigatória para o sursis e não como pena criminal.

Antes da vigência da Lei 9714/98, admitia-se proibir o

condenado de freqüentar determinados lugares, tolhindo a ampla liberdade de

locomoção.

Visa o ensinamento de Leal99

[...] é claro que o lugar proibido de ser freqüentado pelo

condenado deve estar relacionado com o espaço de repercussão

imediata do fato criminoso (lugar de cometimento do crime, local

de residência da vítima ou seus familiares).

Nesta categoria a sanção criminal precedente do processo

de desprisionalização do Direito Penal, recaindo sobre a responsabilidade da

aplicação como garantia necessária a fiscalização do efetivo cumprimento aos

operadores jurídicos.

Porém, a lei não descreve taxativamente o quer pode ser

considerada como o local proibido para restringir o direito de locomoção do

condenado.

99 LEAL, João José. Direito penal, 2004. p. 462.

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2.1.13 Pena Privativa de Liberdade

A pena privativa de liberdade foi o grande foco das idéias

dos reformadores do Iluminismo na crise criminal pelo aprisionamento como meio

adequado a reformar o delinqüente, sem grandes resultados otimistas sofrendo

muitas criticas e questionamentos a época.

Vejamos na visão de Bitencourt100:

[...] era indispensável que se encontrassem novas penas

compatíveis com os novos tempos, mas tão aptas a exercer suas

funções quanto as antigas, que, se na época, não foram injustas,

hoje são. Nada mais permite que se aceite o artesanal punitivo do

museu do século XVIII.

Enfrentada a decadência do século XIX, neste elenco de

penas que não satisfaz mais, a política criminal adota inovações abrangendo o

objetivo ressocializador por forma progressiva.

As leis penais possuidoras de preceitos e sanções

consistem o recolhimento do condenado em estabelecimento prisional por

determinado tempo sob condições de regime prisional para cumprimento da pena

pela privativa de liberdade adotada por reclusão, detenção e prisão simples.

O limite de pena, criada na Lei 7209/84, dita os regimes

determinados fundamentalmente por espécie, quantidade, reincidência, bem

como o tempo de cumprimento não superior a trinta anos.

Condenado a um ou vários processos, o tempo superior da

duração da execução da pena, não poderá ultrapassar o limite máximo de

cumprimento fixado na lei.

A lei penal na pratica é comum ao alcance, primeiramente

entre os efeitos da unificação de penas no concurso de crimes ou soma de penas,

100 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do direito penal, 2006. p.553.

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superior a trinta anos, ao seu final será declarada exaurida mesmo que o total de

duração seja superior ao limite legal.

Assim é encontrada na doutrina de Feu Rosa101

[...] há ocasiões, no entanto, em que o criminoso recebe penas

enormes; acumuladas de 100 a 200 anos, por serem condenados

de várias condenações se somam. Mas, a duração das penas

privativas de liberdade não pode, em caso, se superior a trinta

anos. Então nem nesses casos de inúmeros crimes numa só

ação, nem no de unificação de múltiplas sentenças em ações

diferentes, embora aparentemente exista prisão perpétua, isso na

realidade não ocorre.

A Reforma Penal brasileira de 1984 estabeleceu o

mandamento contínuo da sentença criminal do condenado, dentre as espécies

encontramos a reclusão, detenção e prisão simples.

O objetivo da privação de liberdade de toda e qualquer pena

no sistema penitenciário brasileiro que o réu seja submetido ao cumprimento da

reprimenda a um dos tipos regime prisional.

A adoção da forma progressiva de execução, a pena

superior a oito anos e reincidente cumprirá em regime fechado, o não reincidente

a pena de quatro ou igual ou não excedendo a oito poderá iniciar em regime semi-

aberto.

Outro aspecto relevante da pena privativa de liberdade é a

condenação por crime hediondo ou tráfico ilícito de entorpecentes aplicada igual

ou inferior a quatro anos de acordo com as Leis 8.072/90 e 6368/76, sempre em

regime fechado.

Destinados ao cumprimento a um dos tipos de regimes

prisional, a Lei de Execução Penal, concede ao preso o direito de permanecer em

cela individual, ocorre, porém embora essa exigência não seja cumprida devido

101 FEU ROSA, Antonio José Miguel. Direito penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.

p.426.

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60

ao índice elevado da população carcerária, as celas são de forma coletivas, onde

de mantém amontoados e em condições bastante precárias.

Apesar da privação de locomoção a Lei de Execução Penal

permite o trabalho, nas maiorias de estabelecimentos penitenciários sob forma

remunerável, alguns possuem equipamentos modernos e funcionais dando

condições ao preso não permaneça na ociosidade, o que possibilita reduzir sua

pena.

Além disso, o objetivo é dever do Estado á assistência

material e jurídica, educacional, social e a saúde, visando o retorno á convivência

em sociedade.

2.1.13.1 Prisão Simples

Conceitua prisão simples na Carta Magna em duas

hipóteses; a o alimentante que não paga sua obrigação a título de pensão

alimentícia ao alimentário, e a decorrente do depositário infiel.

A prisão simples também se aplica a Lei de Contravenção

Penal, a motoristas embriagados, delinqüente não violento, pequenas infrações,

permitindo seu cumprimento em regime aberto, porém não se aplica a

incapacidade do pátrio poder, tutela e curatela.

Assim a prisão simples não tem possibilidade de tratamento

ambulatorial, é a autoridade do delegado de policia pode arbitrar fiança, mas não

permitem a prisão preventiva e nem a prisão temporária.

2.1.13.2 Detenção

A detenção é uma pena leve somente destinado ao regime

semi-aberto ou aberto, salvo se houver necessidade de transferência para o

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61

regime mais rigoroso, por cumprimento insatisfatório durante a pena privativa de

liberdade levará ao regime fechado através da regressão.

Nota-se que a detenção uma maior facilidade para obtenção

de benefícios, o próprio delegado de polícia poderá arbitrar a fiança.

Definição por Bitencourt102

[...] a autoridade policial somente poderá conceder fiança nas

infrações punidas com detenção ou prisão simples, nunca nos

crimes punidos com reclusão, em que, quando for o caso, a fiança

deverá ser requerida pelo juiz.

Em princípio não se aplica à incapacidade do pátrio poder,

tutela ou curatela somente a prisão preventiva, não cabendo para a prisão

temporária, o apenado em cumprimento desta modalidade poderá se utilizar do

tratamento ambulatorial.

Citação também por Bitencourt103

[...] somente os crimes punidos com reclusão, praticados pelos

pais, tutores ou curadores contra os respectivos filhos, tutelados

ou curatelados geram essa incapacidade. Na hipótese de pratica

de crimes punidos com detenção, nas mesmas circunstâncias,

não gerarão os mesmos efeitos. No entanto, a incompatibilidade

fática justificará a busca através de ação própria no juízo

competente (família e sucessões ou da criança, infância e

juventude).

Se a natureza dolosa ou culposa: quando praticado sem a

intenção do agente, embora na prática, não existe hoje diferença essencial, a lei

utiliza como índices ou critérios para determinar o tipo regime de cumprimento de

pena.

Efetivamente também não há diferença entre as duas

modalidades, conforme determina o artigo 69 do Código Penal, sofrendo novas

condenações nas duas modalidades de pena, uma de reclusão e a outra

102 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 555.

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62

detenção, executam primeiramente é a pena de reclusão e posteriormente a

detenção.

Segundo ensinamento de Telles104“[...]esta diferença,

todavia, não diz respeito a natureza da pena, mas ao regime de cumprimento de

qualquer delas, conforme estabelece o § 1° do artigo 33 do Código Penal”.

Em ambos os tipos os regimes se apontam como diferença o

rigor executado, na reclusão necessariamente em estabelecimentos penal de

segurança máxima ou média, ao passo de na detenção em estabelecimento de

segurança mínima ou em colônia industrial ou similar.

Entretanto o objetivo da lei ao distinguir as espécies de

pena, que contempla delitos mais graves com reclusão e os de menor gravidade

com detenção.

Assim no diz Silva105:

[...] a classificação reclusão-detenção, acolhida na PG/40 e, sob

este ângulo, não se posicionou de acordo com as legislações

penais mais modernas, que mais a aceitam, porque as áreas de

significado dos conceitos de reclusão e de detenção estão

praticamente superpostas e não evidenciam nenhum critério

ontológico de distinção, mas as mínimas diferenças hoje

detectadas [...], minimizam a separação entre a pena reclusiva e a

pena detentiva, reforçando cada vez mais a idéia da fusão de

ambas no conceito maior de penas privativas de liberdade.

Outro diferenciador a inimputabilidades é o tratamento

ambulatorial, se a pena for cominada ao fato típico de detenção, ressalvando a

exceção quando esta decorrer da menoridade.

104 TELLES, Ney Moura. Direito penal, 2004. p. 336. 105 SILVA, Alberto Francisco. Código penal e sua interpretação jurisprudencial. 5. ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. p. 392.

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63

Entendimento que nos mostra Leal106

[...] a lei positiva é omissa, mas deve-se entender que, se o

condenado estiver cumprindo sua pena em regime aberto ou

semi-aberto, o internamento em hospital de custódia pode ser

substituído por um tratamento ambulatorial, caso este se revele

adequado e suficientemente seguro.

Então, ressalvada a menoridade, o menor não comete crime

e sim ato infracional, não cumpre pena privativa de liberdade é substituída por

medida sócio-educativa que indica a regeneração do adolescente.

A medida de orientação encontra-se previsto no Estatuto do

Adolescente e da Criança e Lei Federal 8069/99, visando rever a preocupação

com a reeducação e ressocialização do adolescente, cujo acompanhamento dá

pela advertência, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade,

liberdade assistida ou semi liberdade e internação.

2.1.13.3 Reclusão

O sistema progressivo brasileiro nos dita a grande diferença,

a penas privativas de liberdade, destina-se a reclusão para os crimes dolosos de

natureza intencional.

A pena de reclusão inicia em qualquer tipo de regime

prisionais ou seja, regime fechado, semi-aberto ou aberto, destinada aos delitos

graves, privando de sua liberdade, porém, não faz consideração ao tempo de

duração e o modo de execução. Usada ao cumprimento de pena longa, em

estabelecimento de segurança máxima, média, em colônia penal ou

estabelecimentos similares, em quaisquer tipos de regimes prisionais.

Através dela obtém maior dificuldade para benefícios,

impede que a autoridade policial conceda fiança, somente o juiz poderá fazer, por

ocasião de fiança, a norma proíbe tal beneficio, se o crime for punido com

106 LEAL, João José. Direito penal, 2004. p.410.

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64

reclusão para pena mínima cominada superior a dois anos, estabelecida no inciso

I do artigo 323 do Código de Processo Penal.

Também ao inciso II do mesmo artigo não constitui

diferenciador ao proibir a concessão de fiança se o crime é doloso, punido na

pena privativa de liberdade, quando o agente for reincidente ou vadio.

É eficaz nos crimes praticados contra o próprio filho por pais,

tutores e curadores contra filhos tutelados e curatelados, esta terá como fato

gerador a incapacidade do exercício do pátrio poder, tutela e curatela.

É uma espécie de medida de segurança possibilita de ser

decretada a prisão preventiva e temporária seguindo a Lei 7960/89.

Pensamento de Bitencourt107

Para infração penal punida com reclusão a medida de segurança

será sem detentiva; já para autor de crime punido com detenção,

a medida de segurança poderá ser convertida em tratamento

ambulatorial.

As penas privativas de liberdade, em principio são

determinados pelo Código Penal brasileiro, por três tipos de regimes aplicados a

reclusão e detenção, por regime fechado, semi-aberto e aberto, com trânsito em

julgado de sentença condenatória na execução penal que assim discorrido.

2.2 TIPOS DE REGIME

2.2.1 Regime Fechado

O regime prisional fechado quanto à forma de execução da

pena privativa de liberdade é destinado em estabelecimento de segurança

máxima ou média, superior a oito anos de reclusão.

107 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2006. p. 555.

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Em síntese das lições de Leal108

[...] trata–se de estabelecimentos penal que deve possuir

dispositivos de segurança contra fuga e onde a disciplina é

mantida mediante vigilância e fiscalização do pessoal

penitenciário.

Caracteriza pelo controle de vigilância, por tratar-se de

condenado de periculosidade extrema, avaliada criminologicamente pelo risco de

cometer novos crimes e gravidade além da ameaça á ordem e segurança.

Assim é o ensinamento de Telles109

[...] a classificação visa formar grupos de condenados e distribuí-

los nos vários estabelecimentos prisionais, nos quais serão

submetidos ao programa de individualização de tratamento, com a

formação dos grupos, separam-se aqueles considerados de mais

difícil recuperação dos mais facilmente emendáveis, juntando-se

os de mesma formação profissional, os de mesma terapia

curativa, os de origem urbana, os de origem rural, com os grupos,

o tratamento seria aplicado de forma melhor, vislumbrando-se

maior facilidade na recuperação dos condenados.

Com o advento da Lei 7209/84 o Código Penal deixou-se de

avaliar que o regime fechado pela valoração da quantidade do crime,

periculosidade do agente, passando a determinar a espécie, quantidade de pena

imposta, reincidência no decorrer da execução e mérito do condenado.

Na magnitude da Lei 8072/90 as infrações aos crimes

hediondos que integra a pena, independente de quantidade aplicada aos

infratores não reincidentes, sobre tudo os considera crimes inafiançáveis. Porém

nada impede o livramento condicional, mediante cumprimento de dois terços da

pena.

108 LEAL, João José. Direito penal, 2004. p. 399. 109 TELLES, Ney Moura. Direito penal, 2004. p. 341.

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66

Revela-nos Leal110

[...] esse dispositivo tem sido condenado como veemência pela

doutrina, por contrariar a lógica do sistema penitenciário

progressivo e os princípios da humanidade e da individualização

da pena.

Assim é um dispositivo de execução penal e não de direito

penal, não tratando alteração da pena, para que possa ser substituída, convertida,

aumentada, diminuída ou modificada, apenas indica o local de cumprimento da

pena.

Inicialmente o cumprimento de pena em regime fechado,

observará o requisito de um sexto da pena cumprida, bom comportamento

carcerário revelador da preparação da progressão para o regime semi-aberto e

posterior ao aberto ou pela concessão o livramento condicional.

Os demais aspectos além da obrigatoriedade do trabalho, e

a disciplina carcerária, reservam direitos inseridos na Lei de Execução Penal,

como alimentação, vestuários, assistencial material, á saúde, práticas de lazer e

esportes, além da educação regular profissionalizante, objetivando o retorno a

convivência social, como dever do Estado ao preso.

2.2.2 Regime Semi-Aberto

A execução nesse regime baseia-se principalmente na

autodisciplina permitindo que o sentenciado cumpra a pena em colônia agrícola,

industrial ou estabelecimento similar, caracteriza pela inexistência de grades, por

relevarem personalidade merecedora da locomoção de liberdade.

Possibilita que possa sair durante o dia para trabalhar,

freqüentar cursos e até exercer atividade autorizada, retornando a noite ao

110 LEAL, João José. Crimes hediondos a lei 8072/90 como expressão do direito penal da severidade. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2003. p. 203.

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cárcere, é uma transição para o regime aberto, valorando a reinserção social do

apenado.

O cumprimento da pena de média ou curta duração inicia

obrigatoriamente no regime semi-aberto, se reincidente de pena de detenção

igual ou inferior a quatro anos em decorrência das circunstâncias judiciais do

Código Penal.

Notadamente a maioria das cidades não dispõe em seus

estabelecimentos prisionais a colônia penal, capaz de cumprir tais determinações

inseridas no Código Penal para este tipo de regime.

É um regime sem vigilância, baseado no senso de

responsabilidade, a vigilância é discreta para evitar fuga, e o preso pode

movimentar-se com relativa liberdade.

Mediante o cumprimento de um sexto da pena, abre a

possibilidade da progressão de regime, por bom comportamento carcerário,

passando automaticamente ao subseqüente regime.

As maiorias das cidades não dispõem de estabelecimento

específico sobre este tipo de regime, o apenado continua preso, é o mesmo que

permanecerem no mesmo regime anterior, pois a progressão concedida é

somente no papel, somente é beneficiado com as saída temporárias ou pelo

trabalho externo.

Sobre saída temporária Mirabete111

[...] a saída temporária servem para estimular o preso a observar

boa conduta e, sobretudo, para fazer-lhe adquirir um sentido mais

profundo de sua própria responsabilidade, influindo

favoravelmente sobre a psicologia.

111 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal, 1997. p.283; 106.

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E sobre o trabalho externo,

[...] trabalho em obras públicas ou serviços públicos, realizados

pela administração ou empresas particulares, mas sempre num

regime de direito público, inerente ao trabalho prisional. A única

distinção entre os dois regimes, no que tange ao trabalho externo,

é a desnecessidade de vigilância direta no caso de semi-aberto.

A progressão é um beneficio, revelando conduta

incompatível ao regime, ocorrerá à transferência ao regime mais rigoroso ou a

regressão ao regime prisional, quando esta originar por falta grave, disciplina,

tentativa de fuga, gerando perda da remição se sobrevir nova condenação

quando no curso do cumprimento da pena que futuramente se somará a pena

principal.

2.2.3 Regime Aberto

O regime aberto serve para que o condenado possa

alcançar a liberdade, gozar-la mediante de algumas condições.

Seu cumprimento dá-se em Casa de Albergados, separado

dos estabelecimentos penais como presídio e penitenciárias, é prédio de

alojamento coletivo com saída e entradas livremente pelos apenados.

A precariedade do sistema penal brasileiro e a ausência de

estabelecimentos tornam-se inadmissível e contrária à norma penal, pois

normalmente o condenado acaba cumprindo o restante da pena na rua mediante

algumas imposições de nosso judiciário brasileiro.

Por ensinamento de Mirabete112

[...] diante da falta de estabelecimentos adequados ao

cumprimento da pena em regime aberto, a jurisprudência voltou a

fixar-se no sentido de que, nesta hipótese deve-se conceder a

prisão domiciliar.

112 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal, 1997. p.273.

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Conceitua-se a prisão domiciliar:

É recolher o preso provisório á própria residência nas localidades

onde não houver estabelecimento adequado ao recolhimento dos

que tem direito á prisão especial.

[...] e diante da inexistência de locais adequados para o

cumprimento da prisão albergue, os aplicadores da lei penal se

depararam com penosas alternativas; admitir o alojamento

noturno em celas superlotadas das cadeias públicas; não

conceder o regime embora o sentenciando estivesse em

condições de se adequar a ele, ou conceder a prisão domiciliar,

com o recolhimento em sua própria residência.

Exigido o cumprimento imediato da sentença, se este não for

reincidente a condenação seja igual ou inferior a quatro anos e não se faz

obrigatoriedade de pressupostos que indique que o mesmo esteja apto a tal

regime.

Ao revelar conduta incompatível com a natureza deste

regime, por péssima conduta social e personalidade perigosa, nega-se o direito

de cumprir a pena em regime aberto.

No terceiro e último capítulo abordar-se-á o livramento

condicional, a extinção da punibilidade. e a ressocialização do preso.

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CAPÍTULO 3

TRANSIÇÃO DA PRISÃO A VIDA LIVRE PELO LIVRAMENTO CONDICIONAL E A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

3.1 ORIGEM DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Neste capitulo em estudo ensejo tratar no curso do sistema

da Lei de Execução Penal, os benefícios visando a reinserção do condenado na

sociedade.

Entre os institutos de grande importância destaca-se o

livramento condicional e a extinção da punibilidade, por equilibrar as relações

entre o sentenciado e sua administração no cumprimento da pena, a uma

manutenção dos laços com a vida produtiva extra presídio.

A origem do livramento condicional alguns autores atribuem

o seu surgimento na França pelo magistrado Bonneville de Marsangy, autor do

livro As diversas instituições complementares do sistema penitenciário, mais ou

menos por volta de 1832, que recomendavam sua aplicação a jovens presos.

As primeiras experiências surgiram em Paris, muito tempo

depois foi amplamente difundido por toda Europa, com larga escala de aplicação

na Inglaterra, fiscalizado à distância, sem que o Estado o perdesse de vista.

Conceitua o livramento condicional Falconi113

É instituto de Política Criminal de longo alcance, visando a

reinserir o cidadão delinqüente no convívio social. É através desse

instituto que será sempre possível ao condenado, após cumprir

parte da pena, antecipar sua liberdade, contanto que satisfaça

certas condições objetivas e subjetivas, que lhe impõe o Estado.

113 FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal. 3. ed. São Paulo: Icone, 2002. p.318.

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Destaca Muakad114

É caracterizado como última fase ou etapa da progressão da

execução da pena privativa de liberdade, onde o condenado é

preparado para vida livre.

[...] é chamado de egresso, devendo, no entanto, para melhor

colocação técnica, chamar-se condenado em liberdade ou meio

livre.

Para doutrinadores brasileiros o livramento condicional foi

prescrito a partir de 1890, sua regularização ocorreu muitos anos após a

incorporação da Consolidação das Leis Penais.

Previamente no Brasil advindo do Código da República para

atender somente a casos de sentenciados cujas penas superiores a seis anos,

passando posterior ao Código Penal, é que veio a regular a aplicação com maior

praticidade.

A Reforma Penal o manteve com várias modificações se

estabeleceu os requisitos de sua concessão, regulando desde o limite até a

extinção da punibilidade.

Doutrinariamente foi muito discutido se o livramento

condicional representa e constituí um direito público subjetivo de liberdade, ou um

beneficio que o Estado proporcionaria ou seria um incidente de execução. É,

portanto uma medida penal de natureza restritiva da liberdade, um instituto que

pretende individualizar a execução da pena no sistema progressivo.

Observa a linha de pensamento de Tucci115

Um incidente de execução penal cujas raízes assentam-se nos

princípios da individualização da pena e meio do qual se concede

a liberdade provisória ao condenado porque o seu comportamento

carcerário e as suas condições pessoais revelam que os fins

educativos da pena foram atingidos.

114 MUAKAD, Irene Batista. Pena privativa de liberdade. São Paulo: Atlas, 1996. p.68. 115 TUCCI, Rogério Lauria. Livramento condicional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1981. p. 294.

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Apesar de opiniões contrarias o livramento condicional trata

de incidente da execução que sempre imperou nos meios jurídicos, a lei atual o

exclui do rol dos incidentes penais, tratando como substitutivo penal.

Assim o considerado como para colocá-lo novamente ao

convívio social, devendo dar mostrar de ter condições de se reintegrar

socialmente mediante condições, quando liberado antes do restante da pena.

Em sua natureza jurídica, é a antecipação da liberdade para

quem cumpre pena privativa de liberdade, servindo como estímulo à reintegração

na sociedade.

Trata-se de direito público subjetivo subordinado a

condições específicas, durante a última etapa do cumprimento da pena

representando uma transição entre a segregação e a liberdade.

Ensina Noronha116 “assim, se fazendo estudos e

considerações quanto ao comportamento, adaptação ao trabalho, sobre a

personalidade, prognóstico acerca da possibilidade de retornar, antes do término

da pena, á vida social”.

A doutrina se posicionava como uma faculdade do juiz,

porém, admitida segundo a Lei de Execução Penal como um direito do apenado,

onde foi ampliado o “status libertatis” obrigando o magistrado a concedê-lo.

Segundo nos ensina Zaffaroni117 “como parte da execução

penal, num regime progressivo, o livramento condicional é um direito do apenado,

na medida em que este cumpra os requisitos legais para exigi-lo”.

Dentre os diversos pressupostos exigidos que sejam

semelhantes da progressão de regime, porém um é independente do outro, seja

em qualquer tipo regime prisional que o condenado esteja submetido.

116 NORONHA, E. Magalhães. Curso de direito processual. São Paulo: Saraiva, 1964. p. 607. 117 ZAFFARONI Raúl Eugenio. Manual do direito penal brasileiro. 5. ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2004. p.760.

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73

Assim nos dita Pierangeli118 “[...] o arbítrio judicial na

apreciação desses requisitos é igual àquele que tem na apreciação de qualquer

outro estabelecido pela lei para produção de qualquer efeito”.

Segundo a admissibilidade é o parecer do Conselho

Penitenciário e do Ministério Público, para exarar parecer do benefício e não se

faz necessidade de procurador legal.

Os principais fatores de aferição são os requisitos

necessários, bem como o relatório carcerário do diretor do estabelecimento penal

a respeito do caráter do condenado e apreciação do Ministério Público e do juiz

de execução se houver necessidade de informações ou juntada de documentos,

para a concessão.

Somente poderá ser efetivado pelos autos da execução e

não cabe ser concedido pelo “hábeas corpus” e nem como pedido de apressar da

decisão judicial.

Consiste na concessão da liberdade provisória antes do final

da pena, se tais considerações deixadas de serem cumpridas na vigência deste

ou violação das condições estabelecidas, ocorrerá à revogação do beneficio, por

falta de responsabilidade no cumprimento da obrigação imposta.

3.1.1 Requisitos Objetivos

É indispensável o requisito objetivo á respeito da natureza, a

quantidade da pena, é deferido somente para penas privativas de liberdade igual

ou superior a dois anos.

Surgindo necessidade de efetuar soma de várias penas,

mesmo em processos distintos, cumprida sem interrupções, seguida pela

detração penal e remição, para que possa usufruir o beneficio desse instituto.

118 PIERANGELI, José Henrique. Manual do direito penal brasileiro. 5. ed. São Paulo: Revista

dos Tribunais, 2004. p.760.

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A doutrina e jurisprudência se mostram de forma divergente

quanto à interpretação.

A corrente restritiva afirma que a unificação das penas

superior a trinta anos tem uma única finalidade, estabelecer o limite máximo do

cumprimento da pena.

Conclusões aprovadas no VII Encontro de Tribunais de

Alçada no Brasil, em São Paulo, em l986, revelam a “não aplicabilidade da

unificação de penas para fins de livramento condicional”.

Esclarece nas lições de Muakad119

Por outro lado, equiparando-se em tudo os condenados a penas

de trinta anos aos que sofreram condenações muito superiores

haveria um nivelamento grosseiro entre os delinqüentes,

incentivando a criminalidade.

Para a corrente liberal a pena unificada em trinta anos, não

só estabelece o limite máximo constitucional, como também serve de parâmetro

para a concessão de benefícios.

Já para a última corrente eclética, reconhecem os benefícios

na totalidade da pena, desde que preenchidos os requisitos legais, e não o

quantum da pena unificada.

O cumprimento parcial da pena pelo tempo mínimo faz-se

analisar dois fatores; a reincidência e a natureza do crime.

Assim, cumprido parte da pena, isto é mais de um terço e

não reincidente em crime doloso, e prazo maior de mais da metade da pena,

quando crimes anteriores ou posteriores a ambos sejam de forma culposa e tiver

bom antecedente, se expressa concedido.

119 MUAKAD, Irene Batista. Pena privativa de liberdade. São Paulo: Atlas, 1996. p.70.

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No entanto cumprido mais de dois terços da pena, por crime

hediondo, prático de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e

terrorismo, desde que não reincidente específico em crimes desta natureza.

Quanto não tiver situação de reincidência em pratica de

crime hediondo ou equiparado, nada impede a sua concessão, tornado admissível

à inclusão da prisão simples aplicada as contravenções, mas não serve para as

penas restritivas de direitos e pela multa.

Assim somente a reincidência especifica impedirá o direito

ao benefício do livramento condicional, cumprindo toda pena privativa de

liberdade é o “contrário sensu” do inciso V do art. 83 do Código Penal.

Nos ensinamentos de Monteiro120 “A menção das

reincidências “especifica” significa que o dispositivo se refere apenas aos delitos

mencionados e não ás demais infrações regidas pelas regras comuns do Código

Penal”.

No entanto é regra de direito penal a alteração substancial

da pena e a privação de liberdade não executada integralmente se não houver

revogação deste beneficio.

Como também não poderá ser aplicada a autor de crime

ocorrido antes da vigência da Lei 8072/90, mesmo que reincidente somente

aquele que cometeu crime após a vigência da lei.

Ficando configurado crime após ter transitado em julgada

sentença condenatória por crime anterior pelo mesmo diploma legal, porém, não é

necessário que o crime seja igual ao anterior, mas que ambos sejam abrangidos

pela Lei 8072/90.

Desta forma, quando o crime não estiver previsto na referida

lei acima, fazem-se beneficiado do livramento condicional desde que preenchidos

os requisitos legais exigidos.

120 MONTEIRO, Antonio Lopes. Crimes hediondos. São Paulo: Saraiva, 1981. p. 107-8.

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Em decorrência do tempo mínimo da pena privativa de

liberdade conta-se o lapso temporal em virtude da prisão provisória, administrativa

e da internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico.

Em mesmo entendimento é a consideração ao tempo de

trabalho remido para abater na pena, e aspecto relevante há não necessidade de

passar por todos os tipos de regime prisionais para a concessão do beneficio.

Quanto à reparação do dano causado á vítima, exigência a

satisfação por indenização, se não tiver reparado não poderá ser beneficiado o

condenado que não tenha demonstrado o resultado da obrigação civil resultante

de crime.

Na impossibilidade de reparar o dano, primeiro é situação

econômica do condenado, segundo será localizar o ofendido para o

ressarcimento, pela prescrição civil, perdão, novação da divida e a falta de

liquidação da execução da sentença.

3.1.2 Requisitos Subjetivos

Para o livramento condicional também se exige os requisitos

de ordem subjetiva previsto pelo art. 83 do Código Penal.

Dentre estes acrescentados à lei é o de bons antecedentes

criminais, a não reincidência em crime doloso, cumprimento mais da metade da

pena para poder pleitear o benefício.

Poderá obter o livramento condicional para prazo menor

desde que não seja criminoso habitual, que não tenha sofrido outras condenações

ou em outras ações penais.

Revelador de adaptação social o comportamento satisfatório

durante a execução, não é somente durante a segregação, como também fora da

prisão, no trabalho externo, permissão de saída temporária, etc.

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77

Leciona Mirabete121, em estudos aos fatores impeditivos,

comportamento insatisfatório, tentativa a pratica de fuga, falta disciplinar ou outras

faltas graves.

A fuga, porém não é elemento impeditivo á concessão do

beneficio durante toda a execução da pena, quando o condenado

der mostras de recuperação, ficando amplamente superada essa

falta grave por sua boa conduta enquanto esteve foragido e após

a continuação do cumprimento da pena, pode ser concedido o

livramento condicional.

Atribui o bom desempenho no trabalho, como principal fator

de ressocialização e o desempenho da aptidão para prover a própria subsistência

o trabalho lícito como prova que preenche os requisitos exigidos.

No entanto o condenado por pratica de crime doloso,

cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, ficará subordinado à

constatação de condições pessoais que o mesmo não voltará a delinqüir.

Assim estará afastada a hipótese de periculosidade e o

estado de perigo, se este não der mostra de sua capacidade de superação seu

pedido será indeferido.

3.2 CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Para a concessão o condenado deverá estar ciente das

condições obrigatórias a serem cumpridas durante o benefício, dentre as quais

destacam as obrigatórias e facultativas.

3.2.1 Condições Obrigatórias

As condições obrigatórias são impostas pelo juiz da

execução, como obter ocupação lícita, em tempo razoável, e esteja apto para o

trabalho, previsto no § 1° do art. 132 da Lei de Execução Penal. 121 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal, 1997. p. 306.

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78

Após a concessão é de estar regularmente em comunicação

com juiz sobre a sua ocupação lícita.

Não é permitido a mudar de comarca sem autorização

judicial, embora á Lei de Organização Judiciária atribua competência ao juiz da

Execução para todo o Estado, tratando de mudança de território da comarca

quando o condenado for residir fora durante a concessão do livramento.

3.2.2 Condições Facultativas

As condições facultativas ficam a cargo do juiz da execução,

sugeridas por lei, não mudar de residência sem o conhecimento da autoridade

prestadora de efetuar a proteção cautelar; o recolhimento em horário fixado a sua

residência, e não freqüentar determinados lugares.

Extrai-se de Espínola Filho122

Esta obrigação deve ser imposta como complemento de garantia,

aos que é de temer se entregue ao jogo, á pederastia, á

prostituição, sendo, também aconselhável em relação a indivíduos

de saúde precária cuja atividade profissional possa ser

prejudicada com as noites perdidas.

Na doutrina ensina que o juiz da execução poderá impor

outras condições que sejam adequadas á cada tipo situação e para cada tipo de

individuo, modificadas no curso do livramento, a sua não aceitação tornará sem

efeito e conseqüentemente deverá ser cumprida a pena imposta normalmente.

3.3 LIVRAMENTO CONDICIONAL A ESTRANGEIRO

O réu estrangeiro que preencha os requisitos legais poderá

ser apreciado o livramento condicional, mesmo que esteja com vista à expulsão

122 ESPINDOLA, Filho Eduardo. Código de processo penal brasileiro. 8. ed. Rio de Janeiro:

Freitas Bastos, 1945. p 237. v.7.

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do país, não caberá o livramento, pois a sentença penal brasileira não é

executada no estrangeiro.

O interesse social da expulsão somente dará depois de

cumprida a pena, e não há como ser beneficiado pelo livramento condicional, a

Lei 6815/80, impede a atividade profissional remunerada, condição obrigatória do

livramento condicional.

3.4 REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

3.4.1 Causas Obrigatórias

Durante o período de prova, esse instituto é revogável,

quando inobservadas as causas fixadas pelo juiz partir da data de sua liberação.

O condenado que durante vigência deste ocorrendo crime, e

não tenha passado o prazo do encerramento do beneficio e também não tenha

sido objeto de sentença irrecorrível, o juiz não poderá declarar extinta a pena,

enquanto não tiver passado em julgado a sentença do processo que ele

responde.

Tornará irrevogável quando cometido nova infração após o

período de prova, mesmo que extinta a pena por decurso de prazo, o mesmo não

tenha sido decretada nos autos de execução.

Observando o art. 84 do Código Penal, da condenação

definitiva por crime anterior á sua vigência, cometido antes ou depois do lapso

temporal que esteve preso e a pena imposta deverá somar-se ao restante da

pena anterior, podendo ser novamente concedido, sem interrupção, se feita o

somatório.

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Referencia por Zaffaroni123

Quando o apenado está sendo processado por outro delito,

cometido durante o livramento, o juiz não poderá declarar entinta

a pena do crime anterior, ainda que a mesma tenha sido

cumprida, devendo esperar pela sentença irrecorrível no outro

processo.

Outro entendimento não há causas de revogação obrigatória

quando se trata de contravenção, a lei refere-se apenas a condenação por crime,

mas faculta a condenação por crime a pena que não seja privativa de liberdade.

3.4.2 Causas Facultativas

Dentre as causas de revogação facultativa do livramento

condicional ou apenas um dela, previstas no art. 87 do Código Penal, ocorrerá

revogar o livramento, advertir-lo ou agravando as condições.

Primeiramente é o descumprimento de qualquer das

condições obrigatórias ou facultativas impostas, demonstrando não estava apto à

reintegração a sociedade, quando submetido às regras estipuladas na sentença.

Como nos diz Damásio124 “Em tais hipóteses, a revogação

do livramento se impõe, diante da impossibilidade de se cumprir condições

obrigatoriamente estabelecidas na sentença como a de obter ocupação lícita”.

A condenação irrecorrível por crime ou contravenção

aplicada a novo delito indica ausência de recuperação do apenado.

Diante esquecimento do legislador ao contemplá-la a

condenação por contravenção á pena de privativa de liberdade, causa obrigatória

ou facultativa, a omissão a aplica a pena menos grave, ou seja, restritiva de

direito ou multa e a de pena mais grave privativa de liberdade.

123 ZAFFARONI Raúl Eugenio. Manual do direito penal brasileiro, 2004. p.764. 124 DAMÁSIO E. de Jesus. Comentários ao código penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p

749. v. 2.

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Como nos mostra Dotti125

Penso que, na espécie, não há de se cogitar do primado da

reserva legal, instituído como garantia fundamental do homem no

que concerne a previsão dos delitos e das penas. A condenação á

pena privativa de liberdade revela maior peso que a sanção

pecuniária ou a restritiva de direito para autorizar a revogação do

livramento.

3.5 EXTINÇÃO DA PENA

Após o término do período de prova, pena privativa de

liberdade julgará extinta, durante o prazo que não haja causa de revogação do

beneficio do livramento condicional.

Pena cumprida é julgada extinta, encerrado o prazo do

livramento condicional, a data da extinção é último dia do prazo e não a data que

conta nos autos quando o juiz declarar, isto é, dada pelo fato de ter terminado o

prazo e não pela sentença.

O pedido da decretação da extinção da pena poderá ser

feito pelo próprio condenado como também pelo Ministério Público, pois este é o

fiscal da execução da pena.

3.5.1 Extinção da Punibilidade

A punibilidade é definida pelo crime é através da relação

jurídica punitiva com a conduta do agente, onde o Estado exerce o jus puniedi da

sanção penal ao violador da norma legal, é uma conseqüência jurídica como

pressuposto da pena ao sujeito culpável do crime.

125 DOTTI, René Ariel. Execução penal. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 322.

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3.5.1.1 Causas Objetivas

Destacam-se as causas objetivas entre os preceitos

primários e secundários da norma penal com a existência da pretensão do dever

de punir do Estado, aquelas que se situam fora do crime e do dolo do agente.

As causa que se relacionam a esse tipo penal quando de

condicional na extraterritorialidade da lei penal e a suas conseqüências de ser

punido no próprio país onde foi praticado, se autoriza a extradição, quando estas

se encontrarem fora do crime praticado e sua ocorrência não seja com dolo.

Se o fato punido ser também no país em que o crime foi

praticado, não se acha o delito cometido pelo agente, mas fora dele, pelas

circunstâncias que não depende da vontade do agente.

3.5.1.2 Causas Extintivas

As causas extintivas impedem a aplicação da sanção penal,

durante o processo ou depois da condenação, fazendo desaparecer o próprio

ilícito crime, impeditivo do jus puniendi do Estado.

É o ensinamento de Garcia126 “são acontecimentos que

surgem depois da conduta delituosa, nos quais a lei reconhece eficácia

excludente da pretensão punitiva do Estado”.

Ocorrem antes da sentença final ou após a sentença

condenatória irrecorrível, denominada pelo abolitio criminis, a lei nova é

supressiva da incriminação que encerra a condenação irrecorrível.

A primeira ocorre na sentença final, quando o agente vem a

praticar novo crime, que ele não for considerado reincidente, após o trânsito em

julgado da sentença penal, em regra cometido novo crime ocorrerá à reincidência.

126 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. 6. ed. São Paulo: Max Limonard, 1982. p.737. v. 1.

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Ainda se houver anistia antes da sentença final ou depois da

condenação irrecorrível, favorecido pelo abolitio ciminis, após o trânsito em

julgado da condenação e se vier a cometer novo crime não será considerado

reincidente.

Dentre elas se destacam as que resultam como a morte do

agente, prescrição, decadência, renúncia e perempção e ainda outras que

decorrem da vontade do Estado através do indulto, anistia, graça.

Como também pelo perdão judicial ou ainda as que resultam

da vontade do ofendido com renúncia ou o perdão e pela vontade do agente

através da retratação, ressarcimento do dano, casamento com a ofendida.

3.6 A Morte do Agente

A primeira causa extintiva da punibilidade é a morte do autor

ou partícipe do fato punível, a inexistência física do autor, faz desaparecer a

responsabilidade penal.

Assim, sendo um ato personalíssimo, a responsabilidade

penal, com a morte do agente o Estado perde o jus puniendi, pois a obrigação

não é transmitida aos seus herdeiros.

Para que seja decretada a extinção da punibilidade é

necessária à comprovação da morte pela certidão de óbito, pois neste caso não

tem validade a presunção legal.

Neste sentido ensina Noronha127 “Na realidade, existe morte

quando se apresenta a chamada Tripode de Bichat, constituída pela cessação

das funções cerebrais, da simulação e da respiração”.

127 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p.49. v.2.

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3.6.1 Anistia

Pela anistia o Estado renuncia o dever de punir o autor do

crime concedida por decreto lei por atribuição do Congresso Nacional e de

competência da iniciativa do Presidente da República, porém é exclusivamente do

Judiciário, o dever de examinar o seu alcance para conceder aplicação ao caso

concreto.

Conhecida como a lei do esquecimento jurídico, concedida

em regras a crimes políticos militares, eleitorais e delitos comuns, embora não

aplicáveis à prática de tortura, do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, do

terrorismo e dos crimes hediondos.

A anistia possui caráter de generalidade, abrangendo fatos e

não a pessoas e não se impõe nem se executa como medida de segurança.

Seu efeito opera ex tunc, apagando o crime, extinguindo a

punibilidade, se o agente vier a cometer novos crimes não será considerado

reincidente, e uma vez concedido jamais poderá ser revogado.

Como nos revela Tourinho Filho128

Para o passado, apagado o crime e extinguido todos os feitos

penais do crime e da sentença (pena pecuniária, sursis,

pressuposto da reincidência, inscrição do nome do réu no rol dos

culpados, etc.

Ela somente faz cessar os efeitos penais da sentença

condenatória com o trânsito em julgado, excluindo o crime, a obrigação de reparar

o dano no civil não desaparece.

Poderá ser concedida antes da sentença final ou depois da

condenação irrecorrível, extinguindo o tipo penal incriminador, entretanto, não

abrange os efeitos civis.

128 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 5. ed. São Paulo: Bauru, 1979. p. 530-3. v.1.

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Comentário por Fuher129 “Afasta a reincidência, e é aplicada,

em regra, a crimes políticos e na abrange os efeitos civis”.

3.6.2 Graça

A graça visa à pena principal, é parcial visando à diminuição,

comutar a pena e substituir, não poderá ser recusada, somente o Código de

Processo Penal, admite sua recusa, por não convir ao interessado, somente

poderá ser requerida pelo interessado, pelo órgão do Ministério Público e do

Conselho Penitenciário.

É ato pelo qual o Estado deixa de punir determinado sujeito,

atendendo a motivos ou circunstâncias de caráter pessoal, individual atingindo a

determinado criminoso, sua decretação é de competência privativa do Presidente

da República, e o juiz da execução declarará extinta a punibilidade, se for total,

parcial ou pela redução.

A graça dificilmente tem sido concedida, a Lei de Execução

Penal julgou absorvida pelo indulto individual, porém contínua prevista no Código

de Processo Penal que neste aspecto ainda não a revogou.

3.6.3 Indulto

O indulto significa perdoar, favorecer, é um ato de clemência

do Poder Público em favor do réu, sua natureza é coletiva, dentro dos requisitos

exigidos para sua concessão, serve como um ato. de sentimento humanitário.

A concessão nas últimas décadas passou a ser uma

tradição, conhecido como indulto natalino para beneficiar um grande número de

presidiários no final de cada ano, é um ato discricionário do Presidente da

República, que pode excluir do decreto crimes graves, penas severas e

reincidentes. 129 FUHER, Maximilianus Cláudio Américo. Resumo de direito penal: parte geral. 15. ed. São

Paulo: Malheiros, 1999. p.128.

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Há dois tipos de indulto; o individual e o coletivo.

O indulto individual pode ser total, destina-se a todas as

penas impostas, e o parcial com a redução da pena pela comutação.

Cabe a concessão a qualquer espécie de crime desde que

apurados pela ação privada, porém não é vedado quando se tratar de prática de

tortura, de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, do terrorismo e de crime

hediondo.

É coletivo para grupos de condenados que se adequarem ao

decreto concessivo por requisitos objetivos e subjetivos primariedade, boa

conduta, cumprimento de parte da pena, também pode ser total pela extinção da

pena e parcial quando diminuída ou substituída à pena imposta.

O condenado que estiver no gozo do sursis e do livramento

condicional, poderá obter a sua concessão, ao mesmo tempo também permite a

soma de pena de duas condenações se elas estiverem nos limites do decreto

concessivo, poderá beneficiar-se por mais de uma vez, na forma de comutação

desde que não seja proibida a sua aplicação.

Extinguem-se somente as sanções elencadas no decreto, os

demais efeitos da sentença condenatória permaneceram as penais e civis.

3.6.4 Prescrição

A definição clássica da prescrição penal consiste na perda

da pretensão punitiva do Estado pelo decurso do lapso temporal de um direito por

ter decorrido por certo tempo legal, perdendo a razão para aplicar ao fato o Direito

Penal, extinguido a punição.

Assim o dever do Estado de exercer o jus persequendi in

judito ou o jus punitionis, desaparecerá e impedindo a eficácia legal da

persecução penal, inexistindo o crime em todos os seus requisitos.

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Descrição por Maggio130

O direito que o Estado tem de punir os eventuais infratores é

abstrato, enquanto a lei penal não é violada. Quando ocorre a

efetiva violação da lei pela prática de crime ou contravenção

penal, torna-se concreto, aquele direito até então abstrato. Com a

violação, surge a possibilidade de o Estado impor sanção ao

infrator da lei penal, cuja possibilidade jurídica denomina-se

punibilidade.

A prescrição da pretensão da figura punitiva da pena, é

variável com quantidade de pena e a cominação na lei penal incriminadora de

acordo com o prazo prescricional, como é prevista no art. 109 do Código Penal.

A Constituição da República Federativa do Brasil previu as

causas suspensivas da prescrição pela suspensão do prazo prescricional, para os

membros do Congresso Nacional estendo aos deputados estaduais, pelo

indeferimento do pedido de licença e pela a ausência de liberação sobre tal

pedido.

3.6.5 Decadência

A decadência é um instituto que trata da perda do direito de

ação em fase ao decurso do tempo, é causa extintiva da punibilidade, atingindo o

direito de ação sobre o jus puniendi do Estado.

Tratando de ação penal privada inicialmente atinge o direto

de agir ou de oferecer a representação, fazendo com que o Estado perca a

pretensão punitiva.

Assim para a ação pública fica condicionada a

representação impedindo primeiramente o ofendido se manifestar-se validamente

pela vontade que o ofensor seja acionado penalmente.

130 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito penal: parte geral. 3. ed. São Paulo: Bauru,

2002. p.245.

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Neste sentido o órgão do Ministério Público, não poderá

requisitar a decadência, porém esta caberá formulação ao qualquer tempo desde

que não esteja declarada extinta a punibilidade por outras causas.

3.6.6 Perempção

A perempção é um intuito que consiste na perda do direito

de agir, diante do Estado perdendo o jus puniendi, trata-se de uma característica

exclusiva da ação de iniciativa privada.

Nesse termo exibe o art.60 do Código de Processo Penal131

I- iniciada a ação, o querelante deixar de promover o andamento

do processo durante 30 dias seguidos; II- falecendo o querelante

ou sobrevindo a sua incapacidade, não comparecer em juízo, para

prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer

pessoa a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto do art. 36.:

III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo

justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente

ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações

finais; e IV- quando a pessoa jurídica se extinguir sem deixar

sucessor.

No decorre de houver mais de um querelante, causada por

um deles, não se estende aos demais a paralisação do processo, na ocorrência

por mais de trinta dias, por devida falta de pagamento das custas pelo autor da

ação, nos atos ou diligências.

Quanto aos prazos referidos nos incisos. I e II do art. 60 do

Código Penal são contínuos e peremptórios, não é interrompível pelo decurso de

férias forenses.

Assim, mediante a presença do querelante aos atos do

processo, é exigido o seu comparecimento, independentemente da presença de

seu advogado constituído, assim na possibilidade de conciliação, prevista pelo art.

131 PINTO, Antonio Luiz de Toledo. Código de processo penal. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

p. 26.

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72 da Lei 9.099/95 e a presença do autor da ação e de seu advogado são

indispensáveis.

3.6.7 Renúncia e Perdão

A renúncia do direito de queixa pela ação penal privada é a

desistência da faculdade de promover a queixa ou a representação contra o

ofensor, que se reveste no perdão como ato da pela desistência da ação penal

privada que o ofendido ou o seu representante legal, em que optam desistir do

prosseguimento da ação nos termos no art. 107 V do Código Penal.

Trata-se de manifestação de desistência do processo

criminal dando com causa de extinção da punibilidade, expressa ou tacitamente

de forma reduzida a termo.

Só é possível o perdão após iniciada a ação penal privada

mediante oferecimento da queixa, validamente concedido até o trânsito em

julgado da sentença condenatória.

3.6.8 Retratação

A retratação consiste em desdizer-se, ou retirar o que foi

dito, confessar que errou, é um dos efeitos do arrependimento eficaz que extingue

a punibilidade, se esta atitude ocorrer antes da sentença.

É admissível em crimes contra a honra pela difamação e

calúnia por ação de iniciativa privada que o querelado antes da sentença efetua a

retratação ficando isento de pena, já pela injúria é inadmissível.

Pela doutrina de Damásio132

A expressão “antes da sentença” empregada pelo art. 143

significa antes de o juiz proferir a sentença, não se tratando de

132 DAMASIO, E de Jesus. Direito penal, 1986. p.618.

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decisão irrecorrível. é preciso que seja cabal, i. e., total,

abrangendo tudo o que foi dito pelo ofensor.

A retratação é causa de diminuição de pena, mas não

extingue a punibilidade, permite a atenuação da pena, também previstas na Lei

de Imprensa 5250/67, feito de forma espontânea, expressa e cabal, divulgada em

jornais ou periódicos, mesma emissora, igualmente ao horário e programa.

No entanto, o falso testemunho ou na falsa perícia a retração

é admissível até o primeiro procedimento da sentença.

Na orientação de Hungria133

Se o processo for por testemunho falso ou falsa perícia for

instaurada quando ainda em curso o processo, no qual foi

praticado o crime, a decisão do primeiro deve aguardar a decisão

do segundo, se é processo em que ocorreu o falso testemunho ou

falsa perícia dos dois processos, em razão da conexidade,

deverão correr juntos, e um só deve ser o julgamento.

3.6.9 Casamento do Agente com a Vítima

Encontra-se em desudo em nossa legislação a extinção da

punibilidade pelo casamento do agente com a sua vítima, nos crimes contra os

costumes, abrangidos pelo subsequens matrimonium, que dentre esses se

destacavam o estupro, atentando violento ao pudor, fraude, posse sexual

mediante fraude, corrupção de menores e rapto, foi revogado pela Lei 11.106/05,

como causa de extinção da punibilidade.

O casamento, antes da Lei 11.106/05, possibilitava a

extinção da punibilidade como causa objetiva desta extinção, sendo uma

modalidade de reparação do dano, casando a ofendida com o autor principal,

desde que fosse efetuado anterior ou posterior à sentença, estendendo-se aos

co-autores ou partícipes do delito.

133 HUNGRIA, Nelson. Comentário ao código penal. Rio de Janeiro: Forense, 1958. p. 486. v. 9.

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3.6.10 Perdão Judicial

O perdão judicial consiste na faculdade do juiz, de não

aplicar a sanção penal, deixando de aplicar a lei, em face de justificadas

circunstâncias excepcionais que reduzem a reprovabilidade da conduta de do

agente.

O perdão concedido pelo juiz é causa extintiva de

punibilidade, da pretensão executória na própria sentença, que o Estado se

compromete transitando em julgado a não impor qualquer sanção penal ao sujeito

infrator.

3.7 RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO

A ressocialização do apenado dá-se ênfase, neste sentido,

a possibilidade do apenado, após cumprir sua pena, vir a exercer atividade laboral

com forma de reintegrar-se à sociedade.

3.7.1 O Trabalho do Preso

Um dos momentos mais cruciais da execução penal, não é

somente, a condenação, o cumprimento da pena, o recolhimento ao cárcere, à

privação de liberdade, mas a própria liberdade e a ressocilização, pós

cumprimento da pena com o mundo exterior.

A reintegração do delinqüente é devolvê-lo a sociedade,

uma das maiores preocupações atualmente do sistema penitenciário brasileiro,

questiona-se o sentenciado alcançou o grau de resistência para vencer as

tentações da vida livre.

Se atingirá boas relações exteriores, o ético-efetivo com os

familiares e sobre tudo com a responsabilidade no convívio social a fim de evitar

as futuras delinqüências.

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As maiores dificuldades sociais enfrentadas pelos ex-

presidiários ao retorno social, são em relação ao trabalho, papel de grande

importância e de grande fator preponderante é o preconceito, além de não

possuírem uma qualificação especializada para o trabalho ou para exercer uma

profissão definitiva e ainda esbarram nas dificuldades do baixo nível de instruções

de escolaridade.

A Organização das Nações Unidas ao estabelecer regras

mínimas sobre o trabalho prisional prevê que não deve ser caracterizada como

função aflitiva, a assimilação livre repousa sobre a idéia que o recluso é um

trabalhador privado de sua liberdade e a sua natureza é aumentar a capacidade

para ganhar honradamente a vida depois da liberação.

O trabalho é um instituto completo, trata-se de um direito

social público, desenvolvida com a finalidade de evitar a ociosidade, além de lhe

devolver a auto-estima pessoal, e de abreviar o tempo de segregação pela

remição da pena, durante o cumprimento da pena imposta na condenação.

Nas lições de Mirabete134

Pois reeduca o delinqüente, prepara–o para sua reincorporação á

sociedade, proporciona-lhe meios para reabilitar-se diante de si

mesmo e da sociedade, disciplina sua vontade, favorece sua

família e, sobretudo abrevia a condenação condicionando esta ao

próprio esforço do penado.

E mais,

É imprescindível por uma séria de razões; do ponto de vista

disciplinar, evita os efeitos corruptores do ócio e contribui para

manter a ordem: do ponto de vista sanitário é necessário que o

homem trabalhe para conservar seu equilíbrio orgânico e psíquico:

do ponto de vista educativo o trabalho contribui para a formação

da personalidade do individuo; do ponto de vista econômico,

permite ao recluso de dispor de algum dinheiro para suas

necessidades e para subvencionar sua família; do ponto de vista

134 MIRABETE, Julio Fabbrini. Comentários a lei de execução penal, 2004. p. 92-291.

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93

da ressocialização, o homem que conhece um oficio tem mais

possibilidade de fazer vida honrada ao sai em liberdade.

O trabalho na concepção da Reforma Penal de 1984,

passou a ser um direito obrigatório, de forma remunerada, não podendo ser

inferior a três quarto do salário mínimo e assegurado todas as garantias e todos

os benefícios da previdência social, inclusive a aposentadoria.

A finalidade destina-se a condição humana, de forma

educativa e produtiva, estendendo sobre a proteção devida em caso de acidente

do trabalho, apesar de não ser regulado pela Consolidação das Leis Trabalhistas.

A exigência do trabalho pela Lei de Execução Penal não

esta disposta ao regime da Consolidação das Leis Trabalhistas decorrente do

dever por falta de pressupostos de obrigações que integram a pena privativa de

liberdade e da inexistência da condição espontânea para o trabalho, retirando o

caráter da continuidade, subordinação, pessoalidade, que concedem aos

trabalhadores livres.

E nas lições de Mirabete135

Embora o trabalho do preso não esteja sujeito ao regime da

Consolidação das Leis do Trabalho, será ele remunerado,

mediante prévia tabela, não podendo ser inferior três quartos do

salário mínimo. A destinação do produto da remuneração está

prevista na Lei de Execução Penal e deverá atender: a-a

indenização dos danos causados pelo crime, desde que

determinados judicialmente e não reparados por outros meios, b-

á assistência a família, c- a pequenas despesas pessoais, d- ao

ressarcimento ao estado das despesas realizadas com a

manutenção do condenado, em proporção a ser fixada sem

prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores (art.29,§1º).

Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte

restante para constituição do pecúlio, em caderneta de poupança,

que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.

135 MIRABETE, Julio Fabbrini. Comentário lei 7210-84. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1991. p.250.

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Inexistindo vínculo trabalhista, a Lei de Execução Penais

estabelece apenas a ocupação de forma produtiva, durante boa parte do dia,

entre o limite de oito a seis horas como jornada de trabalho como duração efetiva

para os feitos de remuneração e remição, e o devido intervalo necessário ás

refeições bem como o descanso e as recreações.

Inicialmente a destinação do salário é atender a indenização

dos danos causados pelo crime, quando determinadas por decisão judicial e

sobre o montante da indenização, assistência família e para suas despesas

pessoais, o restante se é que existe, sobre forma de pecúlio, isto é em caderneta

de poupança, para quando posto em liberdade tenha como se reajustar ao meio

social.

O trabalho artesanal é liberado, mas, além de sofrer certas

limitações legais do mercado de trabalho exercidos na montagem de objetos de

pouco valores, encontram uma série de restrições como à falta de espaço físico, e

de incentivos á comercialização.

Preocupações são constantes quanto ao trabalho externo,

fazem-se necessárias exigências do cumprimento de um sexto da pena, regime

prisional semi-aberto, boa disciplina e senso de responsabilidade durante a

execução da pena, pois a finalidade é evitar problemas de fuga.

O trabalho em regra é uma solução para evitar as inúmeras

doenças carcerárias, contribuindo com a melhoria de suas vidas, para uma

redução de criminalidade sob forma digna da garantia da cidadania daqueles que

há tanto tempo não tem mais as tais regras sociais para seguir.

Inexistente no Código Penal a preocupação do

desenvolvimento da capacidade e aptidão indispensáveis na vida livre, não se

trata apenas das atividades laborais desenvolvidas no interior na segregação,

mas também ao trabalho efetuado fora dele, como por exemplo, o serviço externo

realizado tanto na iniciativa privada como pública.

Pela Lei de Execução Penal o trabalho externo somente se

permitia para obras públicas ou serviços públicos sob administração ou empresas

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particulares em regime de direito público, atualmente a jurisprudência já abriu

inúmeros precedentes para que o preso em regime semi-aberto possa trabalhar

em empresas privadas, sendo desnecessária a vigilância direta.

No Brasil há muitas empresas que por organizações mistas,

mediam o trabalho externo de detentos, porém existe um precedente quanto ao

risco da exploração indevida do trabalhador preso.

Entretanto propostas de privatizações são levadas aos

estabelecimentos penais pela iniciativa privada, onde o Estado executaria

convênios a empresas particulares oferecendo a isenção de certos impostos ou

tributos a quem mantivesse um presídio com recurso próprio.

Caberia somente ao Estado a manutenção dos agentes e

servidores administrativos, a fiscalização e o papel julgador, da concessão da

isenção de impostos a empresa conveniada.

Basicamente a idéia da privatização é desumana,

estigmatizadora da personalidade do condenado, não estaria ressocializado,

apenas visaria o seu objeto de lucro.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais acerca do presente trabalho

objetivarão uma abordagem da evolução das penas no sistema penitenciário

brasileiro bem como a ressocialização do preso, quanto à posição, métodos

utilizados em diversas épocas do Direito Penal.

A partir desse momento serão levantados os problemas a

apresentadas as seguintes hipóteses com vistas a demonstrar a origem das

penas, os tipos de regimes prisionais e a possibilidade de ressocialização do

apenado que todas as hipóteses restaram comprovadas na pesquisa de estudo.

Como primeiro problema questiona-se a necessidade de

punir de forma justa, qual o remédio jurídico poder-se-ia recorrer?

Hipótese: A partir do momento de justificar a necessidade de

punir, tem-se a origem e a evolução das penas, porém que se faça de forma justa

e dentro do parâmetros legais, é dever do Estado de promover a segurança

pública para prevenir crimes, como forma de sensibilizar o homem a viver o seu

comportamento de acordo com as leis.

Ao enfocar aspectos sobre o surgimento da pena, as

sociedades primitivas ainda rudes tinham no crime uma agressão a um interesse

desses grupos em resposta ao mal praticado, na qual a execução da pena tinha

apenas o sentimento de fazer justiça, mesmo que esta fosse para ceifar vida do

infrator ou pelo sacrifício do seu corpo, desmedida pela vingança do sangue como

intuito de revidar a agressão sofrida pela vitima ou ao grupo no qual pertencia.

As primeiras penas durante os primórdios das civilizações

eram desproporcionais, arbitrárias e sem limites, adquiriam caráter divino, a idéia

de humanizar pena, e proclamar a igualdade de todos os homens, foi através do

aparecimento do Direito Canônico, que deu ênfase ao arrependimento e a

regeneração do individuo onde o castigo empregado servia como purificação da

alma e do pecado, cujo caráter era utilitário, revestido de fundo ético e moral,

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banindo a vingança privada que era empregada sem qualquer conteúdo de justiça

penal para a execução.

Com o passar dos tempos à humanidade criou o interesse

em limitar as brutalidades e crueldades utilizadas na Idade Média, o

desaparecendo a vingança privada sendo substituída pelo interesse estatal, que

passa a exercer o direito e o dever de punir para manter a ordem e a segurança

social.

Com a era das luzes e o advento da Revolução Francesa, o

processo civilizatório ganha repercussão pela necessidade de mudar o aspecto

do direito penal, em estabelecer reformas no sistema punitivo agora baseado no

principio de justiça, através da imposição de penas para conter as questões da

criminalidade que envolve a sociedade até a nossa atualidade.

Com estudos relevantes ao Direito Penitenciário, passou-se

obter uma preocupação maior a partir do desenvolvimento do instituto prisional,

que nascem às questões de ordem política para institucionalizar as penas como a

principal sanção penal para estabelecer a ordem pública e a prisão como principal

justificativa para retirá-lo da sociedade o infrator pela reprovação do delito

praticado.

Assim como o segundo problema que solução adotada para

que o autor de um delito fosse penalizado?

Hipótese: Tem-se como resposta à necessidade de punição

o surgimento dos tipos de penas e dos regimes prisionais, que a pena de prisão

justifique sua penalização, com a condenação do réu a um dos tipos de penas

através dos regimes prisionais a ele indicado.

Notável foi o desenvolvimento para o direito penal o Estado

passou a fortalecer as funções da pena e aplicar o direito de forma retributiva,

humanitária e ressocializadora, buscando alternativa em nosso ordenamento

jurídico para dar melhores condições em alcançar a finalidade que se objetiva

com a pena e o cumprimento dela em nossas prisões, embora não tenha a

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eficácia com a privação da liberdade, pois descumpre uma das funções da pena:

que é ressocializar.

A principal função social da execução penal postula

constituir um meio para reintegração social do apenado em promover de forma

progressiva para que passem alcançar a recuperação do condenado, no

oferecimento do trabalho, das autorizações de saídas temporárias, o trabalho

externo e os regimes abertos, oportunizando o convívio familiar e social, não

afastar os vínculos afetivos e demais atividades que concorram para o retorno do

condenado ao convívio social e o afastamento da delinqüência do crime e para

que possam vencer as tentações da vida livre.

Enfocando o terceiro problema no cumprimento da pena

imposta pelo Estado, é possível a sua ressocialização?

Hipótese: Sabe-se perfeitamente que a segregação é

incompatível com a ressocialização do apenado, as prisões nunca cumpriram o

seu papel ressocializador, somente será possível a partir do momento em que o

Estado oferecer condições para esta realize como também assim preceitua a Lei

de Execução Penal.

Logicamente busca-se através do interesse público estatal e

a pretensa ressocialização do condenado com o oferecimento de tratamento de

recuperação ao delinqüente, sustento a idéia que estudos não esgotam o tema do

trabalho, no contexto geral há de reconhecer que o sistema penitenciário é falido

e que serve apenas para manter a lógica de justiça criminal, inesgotável legitimar

por um aprimoramento do sistema prisional que se possa justificar o seu uso de

que vão para prisões para serem ressocializados, acredito que a principal idéia é

através de uma política de educação e assistência social como meio de permitir o

seu retorno em condições de viver pacificamente, sem recorrer à criminalidade.

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