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CRIAÇÃO DA AGENDA Ano Internacional da Química pág. 20 DOADOR DO FUTURO Cadastro para doação de medula óssea pág. 40

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Criação da agendaAno Internacional da Química • pág. 20

doador do futuroCadastro para doação de medula óssea • pág. 40

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Diretor do Colégio

Eldo Pena Couto

Coordenador Pedagógico do 6º Ano do Ensino Fundamental à 3ª Série

do Ensino Médio

Wyller Mello

Revisão ortográfica

Eliane Sudário

Registro fotográfico capa

Jairo Delano

Alunos capaGustavo Dehaini - 7º Ano

Ana Carolina M. Santa Rita - 9º AnoMariana Andrade Martins

2ª Série do E.M.

Arte e ProduçãoInovart Comunicação Tel.: (31)3075-9732

editoriaLEm nosso primeiro número da

Revista Sapiens, reunimos alguns trabalhos realizados por nossos alunos, principalmente daqueles que integram o Magnum Avançado, programa especial que atende alunos com um alto desempenho escolar e

que optam por participar de projetos de investigação, seguindo a metodologia científica, em diversas áreas.

Percebemos, com a experiência, que a metodologia de investigação a partir de situações problemas possibilita um grande avanço do aluno na autonomia, na criatividade e no desenvolvimento cognitivo. Não importa se o problema levantado como desafio faz parte do planejamento de uma aula, ou se o mesmo demanda o desenvolvimento de um arcabouço de experimentos ou análises, a partir do estudo do meio, para que uma solução seja encontrada. Em qualquer contexto, o aluno desenvolve várias habilidades enquanto busca a resolução do problema, como a capacidade argumentativa, a criticidade, a análise, a criatividade, dentre outras.

Em 2011, ampliamos a possibilidade de divulgação de trabalhos para além do Programa Magnum Avançado. Temos trabalhos com caráter investigativo, produzidos ao longo das etapas por alunos de uma série e outros produzidos por alunos das Equipes do Conhecimento.

É com muita satisfação que apresentamos mais um exemplar da Revista Sapiens. Sabemos que não é possível inserir todos os trabalhos desenvolvidos e que selecionar aqueles que compõem este número da revista, de alguma forma, foi uma tarefa muito difícil, uma vez que todos são merecedores de destaque. Entretanto, pretendemos socializar parte do conhecimento que foi produzido através dos artigos que vocês, a partir de agora, poderão ler.

Boa leitura a todos!

Wyller MelloCoordenador Pedagógico do 6º Ano do Ensino

Fundamental à 3ª Série do Ensino Médio

ERRATA: As matérias “Criação da Agenda” e “Doador do Futuro” estão nas páginas 12 e 29, respectivamente, e não como indicado na capa desta revista.

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ÍndiCe

Na Trilha da Estrada Real .................................................. 5

Direito à diversidade: Reflexões sobre a realidade dos portadores de necessidades especiais frente aos aparatos legais ................................................................................. 8

Criação da agenda – Ano Internacional da Química ............. 12

Análise da qualidade da água no Ribeirão Arrudas e no Rio das Velhas – Magnum Avançado – 6º ano ............................. 18

O que são patrimônios culturais? ..................................... 22

Uso de evidências na construção do conhecimento científico em evolução ..................................................... 25

Doador do futuro - Cadastro para doação de medula óssea ... 29

Philodrama: Espaço para prática filosófica .................... 33

História dos partidos políticos brasileiros ........................... 36

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na triLha da estrada reaL

alunos do 7º ano de 2010: FERREIRA, Izabella Barcelos Rios; YAMADA, Camila Akemi O.; ALMEIDA; Matarelli, Maria Karolina; RAMOS, Nádia Eliza; CASTRO, Renato Cesário; CASSETE, Lucas de Carvalho; BATISTA, Ra-fael Lage; RIGOTTO, Isabela Corrêa; QUINTANA, Paola Carlos; NUNES, Ana Luíza; BRAGA, Ana Clara Gomes.Professores orientadores: CARMO, Heloísa Helena Almeida do; DOMINGUES, Emerson de Souza; TEODORO, Maria Raquel.

resumo

Minas Gerais é um Estado reconhecido nacionalmente por suas riquezas naturais, além de ter sido palco de vários importantes acontecimentos históricos.

Expor a importância das Minas Gerais é lembrar-se da Estrada Real e de todos os acontecimentos que levaram ao seu desenvolvimento social, cultural e econômico.

O objetivo da pesquisa foi coletar informações a respeito da Estrada Real e sua interferência na formação dos principais núcleos urbanos, confrontando as heranças socioculturais e econômicas com a diversidade histórico-cultural atual.

Alunos no passeio de Maria-Fumaça. Trajeto: Tiradentes a São João Del Rey - MG.

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introduçãoA Estrada Real foi construída nos muitos anos de idas e vindas, das Minas ao litoral, desde o século

XVII. Caminhar pela Estrada Real é reviver os passos e os caminhos percorridos pelos escravos, pelo ouro e pela História, pelas vias de acesso, os pontos de parada, as cidades e vilas históricas que se formaram com o passar dos homens e do tempo.

Inicialmente, o caminho ligava a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, mas, pela necessidade de uma via de escoamento mais segura e mais rápida ao porto do Rio de Janeiro e também por imposição da Coroa, foi aberto um "caminho novo". A rota de Paraty passou a ser o "Caminho Velho", a partir do século XVIII. Com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada se estendeu até o Arraial do Tejuco (atual Diamantina), deixando Ouro Preto como o centro de convergência da Estrada Real.

Assim se formou o complexo da Estrada Real, ou seja, mais de 1.600 km de patrimônio, cercado de montanhas, natureza, cultura e arte. De fato, percorrer um trecho da Estrada Real é retomar a convicção sobre o valor da educação e da cultura, é desejar aprofundar os conhecimentos e ampliar horizontes.

oBJetiVos• Entender a necessidade de preservação da cultura e da biodiversidade;• Ensinar os alunos a interpretar os fatos que são estudados e dados como verdadeiros a partir de

hipóteses levantadas; • Compreender a importância da sustentabilidade na exploração de recursos e na produção de

bens;• Verificar a interferência do homem na natureza e suas consequências;• Pesquisar, discutir, analisar e refletir sobre as relações interpessoais e a responsabilidade de cada

um na adoção de medidas gerais para a preservação da biodiversidade natural e cultural.

metodoLogiaA metodologia utilizada no projeto “Na Trilha da Estrada Real” constou de aulas específicas e trabalho

de campo direcionados aos alunos do 7º Ano, participantes do Magnum Avançado. Foram enfocados, em diferentes aspectos, assuntos como: biodiversidade, problemas ambientais, apropriação do espaço natural, desenvolvimento urbano e econômico.

O trabalho de campo foi realizado nas cidades de Tiradentes, São João Del Rei e vilarejos. O caminhar em diferentes lugares, com reconhecimento sociocultural, possibilitou uma aprendizagem significativa.

resuLtados e disCussãoDurante o trabalho de campo, foram visitadas as cidades de Prados,

Tiradentes, São João Del Rei, Lagoa Dourada e Resende Costa. Nestas cidades, os alunos puderam verificar a estruturação do comércio, a sustentabilidade, a formação de cooperativas e condições de trabalho. Compreenderam os encargos sociais e o lucro ganho na transferência de mercadorias do artesão ao mercado.

Os alunos analisaram o ambiente, investigando dados para comprovar hipóteses levantadas em sala de aula a respeito da degradação do lugar e da ocupação do solo na formação dos vilarejos. Caracterizaram o trabalho primário e de cooperativas.

E, ainda, vivenciaram uma viagem de Maria Fumaça e compreenderam a dificuldade das viagens dos séculos passados.

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As fotos a seguir ilustram a aprendizagem significativa obtida no trabalho.

Produção artesanal: Tecelagem – Resende Costa – MG

Produção artesanal de rocambole – Lagoa Dourada – MG

Maria Fumaça – Tiradendes – MG

Os alunos foram capazes de conhecer e reorganizar conhecimentos a respeito da Estrada Real, bem como compreender a importância da sustentabilidade na exploração de recursos e na produção de bens regionais.

Também visualizaram a interferência do homem na natureza e as consequências ambientais e sociais que ocorreram.

Os alunos tiveram contato com o passado e com suas marcas no presente. Vivenciaram, analisaram, discutiram e refletiram sobre as relações interpessoais e a responsabilidade de cada um na adoção de medidas gerais para a preservação da biodiversidade natural e cultural.

"As pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano, o movimento circular das estrelas e, no entanto, elas passam por si mesmas sem se admirarem."

Santo Agostinho

referÊnCiaswww.brasilviagem.com/materia/?CodMateria=2. Acesso em 24 de fevereiro de 2010.

www.fiemg.com.br. Acesso em 2 de março de 2010.

www.estradarel.gov.br. Acesso em 2 de março de 2010.

www.etur.com.br/conteudocompleto. Acesso em 2 de março de 2010.

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alunos do 8° ano de 2010: BARROSO, Alessandra Soares; MAIA, Isa Resende; OLIVEIRA, Bruna Irrthum; PFEILSTICKER, Alice França Nery; SANTA RITA, Ana Carolina Matias.Professora orientadora: BEzERRA, Emanuela Antunes.

direito À diVersidade: refLexões soBre a reaLidade dos Portadores de neCessidades esPeCiais frente aos aParatos Legais

introduçãoA Constituição da República de 1988 (CR/1988), nossa lei máxima, é considerada uma Constituição

social e democrática. Tal título se embasa na consagração de direitos e garantias fundamentais do indivíduo. Direitos esses que são frutos de lutas sociais ao longo da história da humanidade. Assim, temos como objetivos fundamentais de nosso País: a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem de todos, sem preconceitos de raça, cor, gênero etc., conforme previsão do artigo 3º, incisos III e IV.

O principal direito fundamental por ela resguardado, sendo utilizado inclusive como fundamento da sociedade brasileira, é o direito à dignidade, defendido pelo princípio basilar da dignidade da pessoa humana. Como corolário desse princípio, e não menos importante, se apresenta o direito à igualdade. Em seu artigo 5º, a CR/1988 prevê que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].” (BRASIL, 1988)

Atingir uma igualdade material é um projeto de sociedade ainda em construção no Brasil, mas é plenamente possível estabelecer a garantia de uma igualdade formal positivada na Constituição da República de 1988, e que, por conseguinte, possui força normativa. Por meio dela, o art. 5º da Constituição estabelece que todos os cidadãos brasileiros, homens e mulheres, negros e brancos, são

resumoA diversidade é um direito, fundamentalmente resguardado pelas normas

constitucionais e infraconstitucionais. O direito ao tratamento igualitário e à dignidade da pessoa humana existe, mas é necessário que a norma ganhe efetividade no âmbito social. Para isso, o convívio e o respeito devem ser praticados.

Assim, em continuidade ao conceito de diversidade e suas múltiplas implicações, ou seja, nas relações socioculturais, econômicas e políticas, buscou-se aprofundar a discussão do reconhecimento e respeito às diferenças por meio do “Projeto Encontro com a Diversidade”, desenvolvido pela disciplina de FHC (Formação Humana e Cristã), no ano de 2010.

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iguais perante a lei. Portanto, é ilícita a distinção de qualquer natureza na aplicação da lei, que possa causar segregação. Como consequência, nosso ordenamento jurídico deve, visando à isonomia, “tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade.” Pode, num primeiro momento, parecer um conceito discriminatório, mas, ao contrário do que se pode imaginar, é respeitando e cuidando das desigualdades/ diferenças que se alcança a igualdade.

oBJetiVos Reconhecer a diversidade em suas manifestações sociais e culturais foi a proposta da disciplina

de FHC na 1ª Etapa do ano letivo de 2010. Com o objetivo de conferir continuidade à abordagem do conceito de diversidade e suas múltiplas implicações nas relações sociais, culturais, econômicas e, principalmente, na dimensão política que envolve essa questão, propôs-se aprofundar a discussão do reconhecimento e respeito às diferenças, através do “Projeto Encontro com a Diversidade”.

metodoLogiaPara entender, aceitar e respeitar as diferenças, o projeto foi desenvolvido utilizando a metodologia

de uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa de coleta de dados, que colocou os alunos do Magnum Avançado como investigadores dos aparatos constitucionais e programas de políticas públicas que tratam a diversidade como um direito. A problemática investigada buscou compreender como a sociedade se apropria dessa discussão. Refletiu sobre os dilemas e perspectivas do processo de inclusão social dos jovens portadores de necessidades especiais, a partir do princípio de constitucionalidade do conceito de diversidade, e culminou suas atividades com visita técnica orientada ao Centro de Educação Especial Sérgio de Freitas Pacheco (CEESFP), setor educativo do Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus.

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resuLtados e disCussãoO direito inclusivo possui o ideário democrático constitucionalmente previsto,

qual seja: a promoção do direito à diversidade, por meio da disseminação da igualdade de direitos, da igualdade de oportunidades, além da valorização do indivíduo como sujeito de direitos, considerando suas condições físicas, mentais, socioculturais e econômicas, não como critério de discriminação, mas como característica subjetiva que carece de atenção e cuidados.

A deficiência, então, ganhou foco: objetivamente, quem são as pessoas com deficiência? É possível encontrar definições legais, científicas e sociais. Assim, através da experiência do contato e da convivência é possível se chegar ao melhor conceito. Segundo o Censo 2000, o retrato da deficiência no Brasil era de 24,5 milhões de pessoas, das quais: 11,5% com deficiência mental; 0,44% de tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia; 5,32% com falta de um membro ou parte dele; 57,16% com alguma dificuldade para enxergar; 19% com alguma dificuldade para ouvir; 22,7% com alguma dificuldade de locomoção; 10,50% com grande dificuldade para enxergar; 4,27% com grande dificuldade para ouvir; 9,54% com grande dificuldade de locomoção; 0,68% com incapacidade de ouvir; 2,3% com incapacidade de locomoção; e 0,6% com incapacidade para enxergar. Ou seja, muitas pessoas que dependem da inclusão normativa e social para ver seus direitos resguardados e efetivados.

No entanto, a eficácia da igualdade como direito individual, independentemente de condições físicas e mentais, não deve ser atribuída somente à existência de leis. Afinal, as leis, por si só, não possuem força e autonomia para se fazerem válidas e cumpridas. Diz-se que uma norma é efetiva quando além de ser considerada válida e vigente, é capaz de produzir efeitos numa perspectiva social. Assim, é capaz de reger a realidade social nela descrita, ou seja, a efetividade da norma possibilita ao Direito o desempenho de sua função social.

Fotos tiradas no dia 28 de outubro de 2010 – Trabalho de campo realizado no CEESFP.

Além da dificuldade de se transpor barreiras, físicas e morais, o acesso ao mercado de trabalho e à educação é, ainda, uma batalha constante. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, em 2003, existiam no Brasil cerca de 27 milhões de portadores de necessidades especiais, o que corresponderia a cerca de 14,5% de toda a população do País. Levando-se em consideração que a deficiência não é adquirida somente ao nascer, que suas causas são diversas, esses números são bem variáveis. O Censo 2000 diz que, num universo de 26 milhões de pessoas com empregos formais ativos, 537 mil são pessoas com deficiência, o que representa 2,05% desses empregados com Carteira de Trabalho assinada.

A educação ainda não é algo acessível a todos os portadores de necessidades especiais. Dados da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo comprovam que apenas 33,5% dos deficientes paulistas chegaram ao 4º Ano do ensino fundamental e desses, só 29,2% terminaram a 8º Ano.

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Esse quadro é resultante de uma cultura que não busca a adequação. Ainda hoje, nossas políticas públicas inclusivas não são cumpridas: há pouquíssimo tempo, temos elevadores para acesso à cadeira de rodas em ônibus e nem todos possuem o equipamento. Nossas calçadas, geralmente, não possuem rampas de acesso. Prédios públicos ainda não foram adaptados e muitas outras intervenções de acessibilidade e de respeito à diversidade precisam ser feitas. No entanto, o respeito à diversidade deve ser algo intrínseco.

Um dos grandes enfrentamentos dos portadores de necessidades especiais é lidar com a falta de conhecimento e desinteresse da população dita "normal" pelas suas questões, bem como o descaso do Poder Público, em conferir efetividade ao conceito de igualdade que transcende o âmbito jurídico e se inscreve no cotidiano. A inserção social é um dos meios para se combater o não reconhecimento das diferenças e passar a respeitá-las. Daí a importância da conscientização e aceitação da diversidade. Afinal, existem tratados, previsão constitucional e normas específicas, aos quais se faz necessário dar efetividade.

Contudo, cabe frisar que deficiência é uma limitação, não uma incapacidade e que a igualdade formal, ou seja, aquela que advém da norma, não garante que todos os indivíduos tenham as mesmas oportunidades, as mesmas condições de vida, de participação e integração social. Por fim, não garante que a isonomia seja efetivamente posta em prática. Tal fato contribui para que a nossa Constituição de 1988, e todos os direitos individuais, coletivos e sociais que ela consagra, seja considerada por muitos uma norma de eficácia abstrata, já que as práticas sociais e econômicas não ocorrem de acordo com o ordenamento jurídico.

referÊnCias BRASIL, Constituição (1988). “Constituição da República Federativa do Brasil.” 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.

CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. “Processo constitucional e a efetividade dos direitos fundamentais.” In: SAMPAIO, José Adércio Leite; CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. (Org.). “Hermenêutica e Jurisdição Constitucional.” 1 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, v. 1, p. 162-215.

FELTRIN, Beatriz Cecília Dias; LIZARAU, Elizabeth Pinto. Deficiência física: desafios para o resgate da cidadania. Santa Maria: [s. ed.], 1990.

RIBAS, João Baptista Cintra. Viva a diferença! Convivendo com nossas restrições ou deficiências. São Paulo: Mod-erna, 1995.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. “Retratos da deficiência no Brasil, sumário executivo.” Acesso em: 15 nov. 2010. Disponível em: http://www.fgv.br/cps/deficiencia_br/PDF/PPD_Sumario_Executivo.pdf

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introdução

A União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC) e a UNESCO acreditam firmemente que é hora de celebrar as realizações da Química e suas contribuições para o bem-estar da humanidade.

CRIAÇÃO DA AGENDA - ano internaCionaL da QuÍmiCa

alunos da 1ª série do e.m. de 2010: MARTINS, Mariana Andrade; VARGAS, Victor Mendes; YAMADA, Priscilla Fortes de Oliveira; ALMADA, Letícia Sanders de; FARIA, Diego Palhares de; FERREIRA, Moisés Ladislau; FERNANDES, Marina Mendes Santiago; CASTRO, Izadora Ferreira de; SILVA, Pedro Henrique Fernandes da; LOPES, Izabele Lovaglio; REBOUÇAS, Thaís Fuscaldi; LOPES, Talitha Lovaglio; MAIA, Elisa Soares.

alunos da 2ª série do e.m. de 2010: CAMINHAS, Larissa Durães; FERREIRA, Carolina Diniz; BRAGA, Eric Costa; MELO, Rafael Rodrigues de; FERREIRA, Cristiano Fernandes; QUADROS, Isadora Megale; COELHO, Ana Flávia Barbosa; MORAES, Daniela Oliveira de.

Professor orientador: SILVA, Adjalma Rodrigues da.

resumoEste artigo apresenta as colaborações dos alunos da Equipe de Conhecimento de

Química de 2010 para a montagem da Agenda Magnum 2011, que homenageia o Ano Internacional da Química.

Em equipe, eles escreveram os textos principais das folhas divisórias dos meses e selecionaram – e responderam – perguntas sobre a Química do dia a dia, tornando mais prazerosa a leitura da Agenda e despertando a curiosidade sobre essa Ciência tão importante.

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Na sua Assembleia Geral, realizada em Turim, Itália, em agosto de 2007, a IUPAC aprovou, por unanimidade, a resolução a favor da proclamação de 2011 como Ano Internacional da Química (AIQ). Menos de um ano depois, o Conselho Executivo da UNESCO recomendou a adoção de tal resolução.

O Magnum, como Escola Associada da UNESCO, e tendo em vista a relevância do tema e sua importância na formação de nossos alunos, adotou o AIQ como seu Projeto Transversal em 2011, assim como tema da Agenda da escola.

Os professores de Química e os alunos da Equipe de Conhecimento foram chamados para participar da elaboração da Agenda, e o trabalho que eles desenvolveram foi uma rica oportunidade de conhecer mais sobre a Química e sua importância no mundo moderno.

oBJetiVos• Potencializar o reconhecimento da Química como ciência indispensável para a

sustentabilidade de todos os processos vitais da atualidade.• Aumentar o interesse dos jovens pela Química.• Intensificar o interesse e a mobilização dos jovens em torno das disciplinas científicas. • Comemorar o 100º aniversário do Prêmio Nobel de Madame Curie, e divulgar o papel

das mulheres no desenvolvimento da Ciência.

metodoLogiaA metodologia utilizada no Projeto se dividiu em aulas de apresentação do AIQ para os alunos

da Equipe de Conhecimento de Química da 1ª e 2º Anos do Ensino Médio, e o trabalho de pesquisa destes alunos, coletando e selecionando informações sobre a importância da Química e o trabalho dos químicos, assim como um estudo histórico do desenvolvimento dessa Ciência.

A partir daí, os alunos da Equipe, em grupos menores, sugeriram uma série de perguntas sobre a Química do dia a dia, e, após uma enquete junto aos demais alunos da 2º Ano, selecionaram aquelas que mais despertaram curiosidade. Finalmente, com a orientação do professor de Química, escreveram textos respondendo a essas perguntas.

As perguntas estão publicadas na Agenda 2011 do Colégio Magnum Cidade Nova, e as respostas foram reproduzidas aqui neste artigo e serão disponibilizadas no Portal MAGNUM - SOL, na forma de uma wiki.

resuLtados e disCussãoDurante o Projeto, os alunos apresentaram diversos textos ao professor

orientador, e após várias revisões, eles se transformaram nas páginas divisórias disponíveis na Agenda 2011 do Colégio: desde “A Química da Alegria”, na página inicial do mês de fevereiro, até “A Química do Futuro”, em Dezembro.

As respostas das questões sobre a Química do dia a dia, ainda inéditas, serviram de exemplo e aula detonadora para o Projeto Wiki do AIQ, que está sendo montado no Portal Magnum-SOL.

Neste artigo, aproveitamos para mostrar um resumo de algumas respostas das perguntas publicadas na Agenda.

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Por que a pipoca estoura? A semente do milho possui água em

seu interior – uma faixa entre 12 e 16% (um valor diferente disso impossibilita o processo). Essa água e uma resistente

casca combinados são responsáveis pelo estouro. Para preparar o alimento, costuma-se colocar os grãos banhados em óleo e aquecê-los. Isso faz com que a água presente no milho atinja temperaturas superiores a 150°C, o que permite que a pressão interna exercida pelo vapor seja capaz de romper a casca da semente e se expandir. Assim, o amido presente no interior do grão se expande em pequenas bolhas gelatinosas, que se fundem e se massificam, tornando-se a parte branca e saborosa que comemos. Parte essa, que é rica em proteínas e importantes sais minerais como o ferro e o cálcio.

Por que o céu é azul?O real causador da cor que enxergamos é um fenômeno físico devido à passagem da luz branca

do Sol pelas moléculas de oxigênio e nitrogênio presentes na atmosfera, que funcionam como um prisma, refratando a luz branca. O nome desse fenômeno é espalhamento Rayleigh. Como essas moléculas são muito pequenas, as ondas com menor comprimento de onda, como o azul e o violeta, são melhor difundidas, fazendo com que o céu tenha essa cor aparente durante grande parte do dia. Então por que o céu não é violeta, já que ela possui menor comprimento de onda que o azul? É simples: o Sol não emite radiação ultravioleta o suficiente para que vejamos o céu dessa cor.

Já durante o pôr do sol, a luz percorre um caminho muito maior pela atmosfera até nossos olhos. Dessa forma, toda a luz azul é dispersa e a luz vermelha se torna a onda mais transmitida até nós. E, para atenuar ainda mais essa coloração, perto do horizonte, concentra-se uma maior quantidade de partículas poluidoras, que são maiores e provocam a dispersão da luz em comprimentos de onda próximos, no caso, ao vermelho e o laranja.

Por que a vodca não congela?Ela congela, porém, as condições

necessárias para isso não são atingidas no congelador de sua casa.

A vodca tem muito álcool, cujo ponto de congelamento é abaixo de 100 graus negativos. Misturado com a água, o ponto de congelamento fica ainda abaixo de 20 negativos, que é a temperatura média de um freezer.

de onde vem o mau cheiro dos gambás?O gambá possui glândulas odoríferas, localizadas perto do ânus, que secretam um líquido

malcheiroso, um tipo de álcool chamado butilmercaptana. Essas glândulas só entram em ação quando o gambá está irritado ou se sente ameaçado.

As mercaptanas, ou tióis, são compostos orgânicos voláteis formados por enxofre. Substâncias desta mesma classe são também responsáveis pelo cheiro do alho, das cebolas e das carnes putrefadas.

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É verdade que gás de cozinha não tem cheiro?O butano, hidrocarboneto gasoso à

temperatura ambiente (25 °C), de fórmula molecular C4H10, é utilizado como gás de

cozinha nas tubulações e botijões. Esse gás é altamente inflamável, incolor e é inodoro. Portanto, o butano não tem cheiro. Como trata-se de um material tóxico e combustível, é importante que as pessoas possam perceber quando ocorre um vazamento. Para isso, as empresas que distribuem gás adicionam uma substância de cheiro desagradável, normalmente o etanotiol, tão malcheiroso que pode ser detectado mesmo em mínimas concentrações no ar. O cheiro que sentimos é, então, dessa substância colocada no botijão, para que possamos perceber um eventual vazamento, o que ajuda a evitar possíveis acidentes.

Como a lagartixa sobe na parede?Até a década de 1960, acreditava-se que a lagartixa caminhava nas paredes por possuir

pequenas ventosas em suas patas. Porém, essa hipótese foi eliminada, pois mesmo em locais molhados ou muito lisos (o que atrapalharia a aderência das ventosas), a lagartixa conseguia caminhar. A hipótese mais aceita hoje é que existe uma força atrativa entre as moléculas da parede e as da pata do animal, força conhecida pelo nome de dipolo instantâneo-dipolo induzido ou ligação intermolecular de Van der Waals, em homenagem ao cientista que a descobriu. Tal ligação é constituída pelo deslocamento da nuvem eletrônica de uma molécula apolar, o que gera, instantaneamente, um polo positivo e um polo negativo na molécula. Isso é gerado na pata da lagartixa, que possui cerca de 500 mil pelos de queratina com terminações pontiagudas de 0,2 a 0,5 micrômetros de espessura (o que corresponde à milésima parte do diâmetro de um fio de cabelo). São tais terminações que provocam o deslocamento dos elétrons de seus átomos e dos da superfície, possibilitando a fixação do animal.

De acordo com o biólogo americano Kellar Autumn, a força realizada por todos os pelos de apenas duas patas da lagartixa é capaz de suportar o peso de uma criança de 20 quilogramas!

Chocolate dá espinhas?O assunto é controverso. O chocolate não

produz as espinhas, isso é um mito. O surgimento de espinhas está associado muitas vezes a fatores

hormonais e genéticos que podem acarretar aumento da produção de sebo. Recentes pesquisas, porém, mostraram que há relação entre comer chocolate e a piora do quadro de espinhas. Como o chocolate contém muita gordura saturada, estimula a pele a tornar-se mais oleosa e é esperado, portanto, que algumas pessoas apresentem mais lesões após o seu uso.

Por que na Bolívia há poucos incêndios?A Bolívia é um país alto, o maior pico chega a 6.542 m acima do nível do mar, e nesses locais a

pressão atmosférica é menor, ou seja, o ar na Bolívia é rarefeito, pouco denso. Nessas condições, a concentração de O2 é menor. E para haver combustão é, de forma geral, imprescindível a presença desse gás. Havendo menos oxigênio, menor risco de incêndios.

Como as ostras produzem as pérolas?A produção das pérolas é resultado do

processo de proteção das ostras. Ao ser atacada por invasores externos, que entram em contato com o manto – tecido de defesa da

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ostra – e causam uma irritação no interior do molusco, o manto, então, inicia a reação defensiva, dobrando-se sobre o invasor para deixá-lo completamente isolado. A defesa se completa com a secreção do nácar, ou madrepérola, a mesma substância que produz a concha, formada basicamente de carbonato de cálcio. Ela é depositada sobre o invasor, formando uma camada protetora. Mesmo depois de isolada a fonte do incômodo, a pérola continua crescendo, pois a ostra não para de secretar o nácar. A partir desse processo, forma-se uma pequena bolota rígida, a pérola, porém, nem na maior parte das vezes, ela é exatamente esférica. O mais comum é ela estar grudada na concha, como se fosse uma verruga. A cor das pérolas depende das condições ambientais e da saúde da ostra e as mais comuns são rosa, creme, branca, cinza e preta.

Existe suor colorido?Sim. Pode parecer estranho, mas isso é possível. A condição na qual uma pessoa excreta suor

colorido é chamada de cromidrose, porém existe também a pseudocromidrose, na qual o suor adquire uma coloração somente após o contato com alguma substância na pele. O caso mais comum de pseudocromidrose é o dos mineiros que trabalham em minas de cobre e têm o suor excretado com a cor azul, devido à mistura do mineral com o suor. O suor pode ser amarelo, verde, azul, preto e marrom, quando é consequência da oxidação de lipídios (gordura) em alguns tipos de células, a partir do acúmulo de lipofucsina. Pode ter outras cores também, como o vermelho, em caso de ingestão de um corante ou pigmento. Quando a causa é algum pigmento, a solução é evitar o contato com o mesmo. Já quando o problema vem do acúmulo de lipofucsina, não há cura, apenas um tratamento que retarda a excreção do suor.

É verdade que sorvete diet engorda mais que o comum?

Os produtos dietéticos não levam açúcar em sua composição, porém isso significa, apenas, que esses produtos são uma ótima

alternativa para pessoas que seguem uma dieta com restrição à ingestão de açúcar, como diabéticos, mas não necessariamente para aqueles que querem perder peso. Nestes produtos, o açúcar é substituído por outra substância que dá o sabor adocicado ao alimento. Apesar de não fazerem mal às pessoas diabéticas, essas substâncias possuem calorias. O sorbitol, que é uma das substâncias mais usadas em produtos dietéticos, possui por volta de 2,4 calorias por grama, ou seja, aproximadamente 60% das calorias do açúcar comum. Mesmo possuindo menos calorias, caso sejam ingeridas em excesso, essas substâncias acarretam uma alta ingestão de calorias, que pode chegar a ser até maior do que com a ingestão de produtos normais. Por exemplo, três bolas de sorvete napolitano diet possuem 160 calorias, o equivalente a um brigadeiro mais uma fatia de pudim de chocolate. Além disso, para compensar a diminuição do açúcar, muitos sorvetes diet aumentam a quantidade de gordura, aumentando o valor calórico do produto.

É verdade que o vidro é um líquido?Quando as pessoas pegam em um copo, um prato ou qualquer objeto composto de vidro,

na primeira observação chega-se à conclusão de que esse material está no estado sólido. Na verdade, quando os átomos que compõem um material não estão completamente unidos de modo a formar uma estrutura cristalina rígida, não podemos dizer que este material é um sólido.

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E é exatamente isso que ocorre com o vidro. Ele recebe a classificação de sólido amorfo, ou seja, não possui uma ordenação espacial de suas partículas, os átomos se encontram desorganizados. O vidro é obtido através do resfriamento instantâneo de líquidos superaquecidos até o ponto de rigidez, sem que haja uma cristalização do material, o que leva algumas pessoas a classificar o vidro como líquido de alta viscosidade. Acredita-se que esse fenômeno pode ser exemplificado através do processo que ocorre em vidraças de antigas igrejas e catedrais, onde a base, após muitos anos, começa a apresentar uma maior espessura, devido ao escorrimento do material, o que não ocorreria caso este se encontrasse no estado sólido.

referÊnCiashttp://www.abiquim.org.br/estudante/tododia/index.asp. Acesso em 02 de fevereiro de 2010.

http://www.chemistry2011.org/about-iyc/introduction. Acesso em 09 de março de 2010.

http://cienciahoje.uol.com.br/ano-internacional-da-quimica. Acesso em 09 de março de 2010.

http://www.colmagno.com.br/redepea/default.htm. Acesso em 09 de março de 2010.

http://qnint.sbq.org.br/qni/. Acesso em 01 de março de 2010.

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anáLise da QuaLidade da água no riBeirão arrudas e no rio das VeLhasMAGNuM AvANÇADO – 6º ANO

Alunos do 6º Ano de 2010: ARAÚJO, Alice Domingues de, MATUCK; Ana Carolina Araújo; SILVA, Ber-nardo Ribeiro da; FERREIRA, Fernanda Quintão; BRITO, Gabriela Sardinha de; DEHAINI, Gustavo; TELLES, Henrique Galvão; BARROS, Isabela Gerken de Moura; HAMACEK, Júlia Andrade; PEREIRA, Mariana; MELO, Mariana Ramos Peixoto; NUNES, Marina Jardim; PRATES, Rodrigo de Brito.Professor orientador: OLIVEIRA, Natália. M.F.

resumoA água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade relaciona-se às ações

antrópicas. O presente trabalho foi desenvolvido no Rio das Velhas, pelo fato de receber grande quantidade de esgoto de afluentes, como o Ribeirão Arrudas, e no Arrudas, por receber o esgoto da população de Belo Horizonte e consequentemente desaguar no Rio das Velhas. Os resultados obtidos, da qualidade da água, relacionam-se com os parâmetros físicos, químicos e biológicos.

introduçãoA água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade vem piorando devido ao aumento da

população, às ações antrópicas relacionadas à exploração irracional da natureza e à ausência de políticas públicas – saneamento básico – voltadas para a preservação do meio ambiente.

Segundo Merten e Minella (2002), vários óbitos da população brasileira estão relacionados aos problemas da qualidade da água. Esses autores afirmam que muitas doenças ocorrem devido à qualidade imprópria da água para o consumo humano.

O comprometimento da qualidade da água1, para fins de abastecimento doméstico, é decorrente de poluição causada por diferentes fontes, tais como:

• Poluentes domésticos: contaminantes orgânicos, nutrientes e micro-organismos, que podem ser patogênicos.

• Poluentes industriais: decorrentes das matérias-primas e dos processos industriais utilizados.

• Poluentes agrícolas: constituídos de sedimentos, nutrientes, produtos químicos utilizados na agriculturas e dejetos animais.

O trabalho desenvolvido teve como objetivo principal verificar a qualidade da água do Ribeirão Arrudas e do Rio das Velhas, em alguns aspectos biológicos, físicos e químicos.

1. O termo qualidade de água se refere à analise das características físicas, químicas e biológicas da água.Fonte: www.copasa.com.br

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O nosso trabalho foi desenvolvido no Rio das Velhas, uma vez que esse rio teve grande importância histórica para o desenvolvimento da área central de Minas Gerais no Ciclo do Ouro, e pelo fato de sofrer uma série de interferências na Região Metropolitana de Belo Horizonte, como por exemplo a grande quantidade de esgoto que recebe de afluentes, como o Ribeirão Arrudas.

oBJetiVos • Verificar a qualidade da água do Ribeirão Arrudas e do Rio das Velhas.• Analisar e comparar os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água coletada no

Arrudas, antes e após a Estação de Tratamento de Esgoto, na Foz do Arrudas, no Rio das Velhas, após a foz do Arrudas (Roças Grandes), na Foz do Rio das Velhas (Rio Sabará), e em uma nascente que deságua no Rio das Velhas.

• Analisar os parâmetros físicos da água, como temperatura, odor, turbidez e cor.• Analisar os parâmetros químicos da água, como o pH.• Analisar os parâmetros biológicos da água, como o cultivo de micro-organismos em meio

de cultura.

metodoLogiaOs alunos do Magnum Avançado inicialmente tiveram uma explicação teórica sobre a qualidade da

água e, posteriormente, foram coletar os dados através do trabalho de campo no Rio Arrudas e Rio das Velhas.

Para o trabalho de campo, os alunos foram divididos considerando-se o período em que estudam. O turno da manhã fez a coleta à tarde, e o turno da tarde fez a coleta pela manhã, totalizando seis coletas.

As coletas da manhã foram realizadas em três diferentes locais do Rio das Velhas: após a foz do Arrudas (Roças Grandes), na Foz do Rio das Velhas e em uma nascente que deságua no Rio das Velhas, próxima ao Rio Sabará.

As coletas da tarde foram realizadas em três diferentes locais do Ribeirão Arrudas; antes e após a Estação de Tratamento de Esgoto da COPASA e na Foz do Arrudas.

Os alunos foram subdivididos em grupos, quando necessário, e estavam munidos de pipeta, luvas, máscaras descartáveis, tubo de vidro para a coleta, termômetro, fitas de PH, placas de petri com meio de cultura, ficha para preencher os dados da coleta e sacolas de lixo.

Inicialmente, quando possível, os alunos se aproximaram da margem do rio e, com o auxílio da pipeta, coletaram em média 25 ml de água, que era colocada dentro do tubo de vidro e algumas gotas em cima do meio de cultura – nutrientes necessários para o cultivo de micro-organismos – que estava dentro da placa de petri.

O termômetro era colocado por 2 minutos dentro do tubo com a água coletada, assim como a fita de pH. Os resultados analisados foram anotados. A turbidez, cor e odor também foram analisados e anotados.

As placas de petri foram mantidas em estufa, dentro do laboratório, a 38 oC para o desenvolvimento dos micro-organismos. Após 6 dias, os alunos analisaram os resultados.

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resuLtados e disCussãoOs resultados encontrados foram anotados e inseridos em uma tabela.

Local da Coleta Resultados

Rio das Velhas após a Foz do Arrudas.

pH: 7Temperatura: 23 oCOdor: Cheiro forte e desagradávelCor: begeTurbidez: areia, terra, água turva.Placa de petri: muitas colônias de micro-organismos.

Foz do Rio das Velhas.

pH: 7Temperatura: 22 oCOdor: Cheiro leve.Cor: turvo para marrom.Turbidez: muitos sedimentos.Placa de petri: poucas colônias de micro-organismos.

Nascente que deságua no Rio das Velhas com o Rio Sabará.

pH:7Temperatura: 27 oCOdor: sem cheiro.Cor: incolor.Turbidez: pouquíssimos sedimentos.Placa de petri: nenhuma colônia de micro-organismos.

Ribeirão Arrudas antes da ETE.

pH: 7Temperatura: 26 oCOdor: um pouco desagradável.Cor: pouco amarelada.Turbidez: vários sedimentos no fundo e em suspensão.Placa de petri: muitas colônias e presença de larvas .

Ribeirão Arrudas após a ETE.

pH: 7Temperatura: 26 oCOdor: inodoro.Cor: esbranquiçada.Turbidez: pouco de terra e areia.

Foz do Arrudas.

pH:7Temperatura: 25 oCOdor: inodoro.Cor: quase transparente.Turbidez: muitos sedimentos no fundo e alguns brancos suspensos.Placa de petri: poucas colônias.

Tabela 1: Parâmetros físicos, químicos e biológicos

Ao analisar os resultados, verificamos que o pH não foi uma característica determinante para comparar os resultados entre as seis coletas da água, já que em todas o valor foi o mesmo: neutro. Provavelmente, nos locais de coleta em que há poluição, exceto a nascente, há poluentes ácidos e básicos que, juntos, neutralizam o ambiente.

Em relação à temperatura dos locais coletados, ela se mantém constante ao comparar entre si as três coletas do Arrudas e as três coletas do Rio das Velhas, com exceção da coleta realizada na nascente que deságua no Rio das Velhas. A temperatura mais elevada da nascente se deve ao fato da água estar presente no subsolo que, consequentemente, é um ambiente mais quente. Houve diferença da temperatura entre as coletas do Arrudas (temperatura mais alta) e as coletas do Rio das Velhas (temperatura mais baixa), já que o periodo da coleta do Arrudas foi à tarde e do Rio das Velhas foi pela manhã. Então, a poluição não foi um fator que influenciou na temperatura da água.

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Já o odor foi uma característica que podemos relacionar com a poluição. Verifica-se que na nascente que deságua no Rio das Velhas não há cheiro e nem no Arrudas após a ETE e na sua foz, que também está após a ETE. Ou seja, com o tratamento do esgoto, há uma melhoria do odor. Provavelmente o cheiro forte e desagradável do Rio das Velhas, após a foz do Arrudas se deve à grande quantidade de esgoto visível sendo lançado neste trecho.

Como a foz do Rio das Velhas se encontra com o Rio Sabará, sem esgoto, o cheiro é muito leve. A cor também se relaciona com a poluição. Nos ambientes sem poluição ou após passar pela ETE,

a água é incolor a esbranquiçada. Nos ambientes poluídos, a água alterou de bege, amarela a marrom.Quanto à turbidez, presença de sedimentos, verifica-se que há muito, quanto maior o índice de

poluição.No desenvolvimento de micro-organismos nos meios de cultura presentes nas placas de petri,

observamos que a quantidade de colônias de bactérias aumenta quanto maior é a poluição da água coletada. Como analisado, na água da nascente não houve desenvolvimento de nenhuma colônia e na água coletada antes do tratamento do esgoto apresentou um grande número de micro-organismos.

referÊnCiasMERTEN, G. H.; MINELLA, J. P. Qualidade da água em bacias hidrográficas rurais: um desafio atual para a sobre-vivência Futura. Agroecol. e Desenvol. Rur. Sustent. Porto Alegre, v.3, n.4, out/dez 2002.

MIRANDA, C.A.S; MONTEIRO,T.C.N. Qualidade de água em sistemas de preservação e distribuição predial na cidade do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública, vol.5, nº 3, Rio de Janeiro, July/Sept. 1989.

www.ana.gov.br . Acesso em 8 de novembro de 2010.

www.copasa.com.br. Acesso em 8 de novembro de 2010.

http://www.mma.gov.br/conama. Acesso em 16 de novembro de 2010.

Alunos em trabalho de campo

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introduçãoNosso projeto visa ao reconhecimento e à valorização dos patrimônios históricos de Belo Horizonte

como documentos da nossa história e memória legada para a posteridade. Nesse sentido, apresentaremos aos alunos os diferentes tipos de patrimônios que se constituem – material e imaterial – e se dividem em patrimônios artístico, cultural e histórico, bem como a relevância econômica que é atribuída ao patrimônio quando este é reconhecido pela sua importância através do tombamento protegido pela lei.

A constituição de patrimônios históricos e artísticos é uma convenção pertinente aos Estados Modernos, que, através de seus intelectuais e a partir de princípios legais específicos, delimitam um conjunto de bens, aos quais são atribuídos diversos valores, de acordo com sua capacidade de servir ao homem como objeto de memória das manifestações culturais1, tornando possível a sua transmissão às gerações futuras. As políticas de preservação atuam no nível simbólico, tendo como objetivo reforçar a identidade coletiva, seja nacional ou regional. Segundo a socióloga Londres Fonseca, a atuação política na preservação incide: “A produção de um universo simbólico é, nesse caso, o objeto mesmo da ação política, daí a importância do papel que exercem os intelectuais na construção dos patrimônios culturais. (...) a seleção de bens 'móveis e imóveis' deve construir uma representação da nação (ou regional) que, levando em conta a pluralidade cultural, funcione como

o Que são PatrimÔnios CuLturais?

Alunos do 6° ano de 2010: ANDRADE, Gabriel Valério Berg; BARROS, Isabela Gerken de Moura; LARANJEIRA, João Vítor Fortuna; MELO, Mariana Ramos Peixoto; CAMPOS, Maria Letícia Pinheiro; GALLO, Daniel Miranda; DEHAINI, Gustavo; ARAÚJO, Alice Domingues de; LAGE, David de Oliveira Drumond, VOGAS, Izabela Peixoto; MESQUITA, Carlos Antônio; MATUCK, Ana Carolina Araújo; SILVA, Guilherme Eterovik Gonçalves de Melo; SOUZA, João Paulo Fraga Vicente de; LARA, Antônio Abreu; ALVES, Bernardo Hudson; SAMPAIO, Guido Guimarães; CASTRO, João Pedro Esteves; GRIPP, Leandro Guatmosin; MORAIS, Luísa Rezende; CORGOZINHO, Maria Carolina Bazotte; SILVA, Pedro Paulo Rocha; TELLES, Henrique Galvão; NUNES, Marina Jardim.Professores orientadores: RANGEL, Bruno; RABITSCH, Glenda.

resumoPreservar é essencial, mas no processo de valorização do patrimônio, utilizá-lo e

apresentá-lo ao outro se torna essencial. O bem considerado oficialmente patrimônio, independentemente da categoria, ganha ou já tem status de referência de identidade regional ou nacional para determinado povo. Entretanto, seu valor não pode permanecer apenas como um guardião da memória, mas é necessário que o patrimônio seja inserido de forma dinâmica no cotidiano da população que o tem como patrimônio, e também que possa, se possível, agregar valor ao turista que tem na sua pauta de viagem conhecer outras culturas.

Neste sentido, este trabalho visa apresentar ao aluno os patrimônios que constituem a identidade oficial da sua cidade, para que ele pense a respeito, e também a identidade extra-oficial construída às margens do processo. E, assim, a partir do olhar do nativo, esse patrimônio será apresentado ao turista.

1. Tradicionalmente, traduz-se pelo termo cultura tudo aquilo que resulta do esforço criador humano. Esse conceito, porém, não tem significado unívoco, registrando-se uma tendência ao seu alargamento. (Pires, pág. 82); FONSECA, pág. 22.

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propiciadora de um sentimento comum de pertencimento, como reforço de uma identidade nacional (regional).”

Assim, o projeto de estudar importantes pontos turísticos de Belo Horizonte como patrimônios que realmente são, a fim de apresentá-los aos turistas, é parte fundamental do processo de preservação do Patrimônio Cultural do Município. Através do tombamento, é concedido ao bem cultural um atributo para que nele se garanta a continuidade da memória. Mas, é a partir do estudo da utilização do bem e do reconhecimento do mesmo como patrimônio por sua comunidade, que atribui-se reconhecimento do valor cultural de um bem, que o transforma em patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de propriedade, levando-se em conta sua função social.

Neste projeto, pretendemos captar essa noção de valor que serve de base a toda reflexão sobre os processos que progressivamente constroem os patrimônios.

Para Giulio Carlo Argan, deve-se fazer uma distinção entre valor e coisa, sendo que aquela deve ser mais importante do que esta. Assim, ele escreve: “Uma vez que as obras de arte são coisas às quais está relacionado um valor, há duas maneiras de tratá-las. Pode-se ter preocupação pelas coisas: procurá-las, identificá-las, classificá-las, conservá-las, restaurá-las, exibi-las, comprá-las, vendê-las; ou, então, pode-se ter em mente o valor: pesquisar em que ele consiste, como se gera e transmite, se reconhece e usufrui.” (ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. 1992, pág 13. in Fonseca, pág. 36.)

No caso dos patrimônios materiais como obras de arte ou edificações, independentemente do seu valor histórico, artístico, etnográfico etc., é o valor regional e até nacional, fundado em um sentimento de pertencimento a uma comunidade, que confere realidade e legitima “essa comunidade imaginada”.

Assim, nosso projeto visa formar em nossos alunos os conceitos que envolvem tanto a memória quanto a tradição na construção de identidades coletivas. Nesse sentido, nossos alunos atribuirão aos patrimônios visitados um valor memorialístico do passado, a fim de proporcionar prazer aos sentidos, produzir e veicular conhecimento, objetivando produzir suas marcas no tempo e no espaço e legar essas marcas às gerações vindouras.

oBJetiVos• Permitir ao aluno o contato conceitual que constitui os patrimônios culturais.• Apresentar ao aluno os diversos tipos de patrimônio e sua relevância econômica para o

município.• Proporcionar ao aluno a análise e a interpretação do patrimônio histórico de BH.• Elaborar um documento escrito e em audiovisual, em língua estrangeira e portuguesa, para

divulgação do trabalho.

metodoLogiaA metodologia utilizada na elaboração dos trabalhos consiste em pesquisa documental, bibliográfica,

de campo e oral, seguida da análise e elaboração de textos interpretativos nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, para produzir um documento virtual e impresso que apresente esses patrimônios ao público.

Sua elaboração ocorrerá a partir do processo de identificação do bem cultural, reconhecimento como patrimônio e interpretação do mesmo. Após o cumprimento de todo o processo de reconhecimento, valorização e registro, nossa produção textual será divulgada com vistas à valorização e proteção, planejamento e pesquisa, conhecimento de potencialidades e educação patrimonial.

O projeto será dividido em duas etapas. A primeira, comum a todos os alunos, será o estudo em sala de aula da memória que constitui as edificações de Belo Horizonte como patrimônio histórico, ou seja, o que exatamente confere a um edifício a condição de patrimônio cultural. A segunda etapa será estendida aos alunos do Magnum Avançado, que farão a visita de campo, a fim de conhecer, reconhecer e registrar os patrimônios históricos de algumas regiões de BH. Esse mesmo grupo de alunos elaborará textos em inglês, espanhol e português, para registrar a interpretação do grupo sobre as edificações tombadas, bem como a produção de um vídeo narrado pelos alunos nas três línguas acima descritas.

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resuLtado e disCussãoCom o projeto, os alunos tiveram contato com o conceito de patrimônio cultural,

bem como puderam entender a importância do patrimônio como elemento que constitui a identidade de um povo. A visita ao Complexo da Pampulha e a pesquisa histórica sobre o patrimônio geraram um sentimento de pertença nos alunos, que foi consolidado com a produção do vídeo de apresentação do Complexo da Pampulha para os visitantes da Copa de 2014.

O sentimento de pertencimento despertado nos alunos contribui para a formação de sua identidade como cidadão e como agente responsável pela preservação e divulgação do patrimônio cultural da cidade, tornando-o, assim, sujeito histórico e atuante no processo de valorização da arquitetura da cidade de Belo Horizonte. Dessa forma, estamos contribuindo para a formação da identidade cultural do nosso aluno, que respeita, se apropria e valoriza o patrimônio da cidade.

A gravação e produção do vídeo geraram nos alunos o reconhecimento do outro, no caso, o turista, como potencial agente consumidor da diversidade e riqueza patrimonial belo-horizontina. O reconhecimento do outro proporciona ao aluno o reconhecimento de si mesmo como agente que compartilha o conhecimento produzido. Ao compartilhar o conhecimento, o aluno coloca a serviço da comunidade mineira e internacional a informação que instrui o visitante, documenta e preserva o patrimônio da cidade, e forma a identidade patrimonial do aluno, que reconhece a diversidade da cultura mineira e se vê como membro ativo da sociedade responsável pelo zelo do patrimônio cultural da cidade.

A distribuição do vídeo produzido pelos alunos fará com que eles sintam, além de expectadores, sujeitos ativos na recepção e apresentação da cidade ao turista, na Copa de 2014. Dessa forma, o aluno participará ativamente desse importante evento esportivo, que será um marco na história da cidade e, com certeza, será também um marco na história dos alunos que farão parte do hall dos membros da sociedade civil que participarão do evento

referÊnCiaBARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico e Geográfico de Minas Gerais. APM. 1971.BHABHA, Homi K. O local da cultura. Ed. UFMG. BH. 1998BURKE, Peter. Variedades de História Cultural. Ed. Civilização Brasileira. SP. 2000. ______ ,Testemunha Ocular: história e imagem. Ed. EDUSC. SP, 2004.CASTRIOTA, Leonardo Barci. SOUZA, Antônio Cruz. Fórum Brasileiro do Patrimônio Cultural. Ed. UFMG. BH, 2004.COSTA, Joaquim Ribeiro. Toponímia de Minas Gerais: com estudo histórico da divisão territorial e administrativa. BDMG Cul-tural. BH, 1997.FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Ed. UFRJ. RJ, 2005.IBGE – Enciclopédia dos Municípios Mineiros. Vol. XXVI de 1958.JÚNIOR, Augusto de Lima. A Capitania de Minas Gerais. Ed. Vila Rica. MG, 1978.

PIRES, Maria Coeli Simões. Da proteção ao patrimônio cultural: o tombamento como principal instituto. Ed. Del Rey. BH, 1994.

Mineirão Igreja da Pampulha Mineirão

Alunos em trabalho de campo no complexo da Pampulha

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introduçãoHoje em dia, a necessidade de buscar novos conhecimentos relacionados à Ciência é grande. A sociedade

deseja descobrir novas informações para conhecer questões fundamentais da vida, do passado e dos fenômenos naturais.

Mas, como e o que devemos usar para descobrir esses fatos? Não pode-se simplesmente inventar uma história para convencer algumas pessoas quanto a explicações dos fenômenos naturais. Devemos basear o nosso conhecimento em evidências. Nesse contexto, o presente trabalho buscou a ideologia de Inre Lakatos, físico, matemático e filósofo, escolhido como referencial teórico. Ele acreditava que, na construção do conhecimento científico, cria-se uma explicação científica com a premissa de que ela seja verdadeira (“chamado núcleo irredutível”) e, a partir daí, a pesquisa e a experimentação devem fornecer dados que reforcem essa explicação, formando o que ele chamou de “cinturão de proteção”, ou seja, é preciso evidências que apoiem o seu pensamento.

Atualmente, os conteúdos científicos que os alunos aprendem na escola são mostrados a eles já prontos, ou seja, basicamente não se fala como aquela descoberta foi feita e através do que ela aconteceu. Isso pode causar a pouca valorização do uso das evidências.

uso de eVidÊnCias na Construção do ConheCimento CientÍfiCo em eVoLução

alunos do 8° ano de 2010: CAMPOS, Renan Landim; COSTA CAMPOS, Fernanda Gualberto; MOREIRA, Isabella França; OLIVEIRA, Bruna Irrthum; SANTA RITA, Ana Carolina Matias; SANTOS, Isadora de Lima.

Professor orientador: SCALABRINI, Felipe

resumoA curiosidade humana e sua busca por sobrevivência e maior qualidade de vida têm

estimulado a Ciência a buscar novas e melhores explicações para os fenômenos naturais. Mas, tais conhecimentos fazem sentido à medida que estão apoiados em evidências concretas. O presente trabalho buscou relacionar algumas explicações quanto à evolução dos seres vivos com as pistas que o reforçam, mostrando que há motivos para a Ciência defender uma ideia. Podemos perceber, assim, que a Ciência evolucionista, como toda a Ciência, é um conhecimento construído em fundamentos obtidos por pesquisas de diversos formatos.

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A ideia é que nada é provado simplesmente através de hipóteses, apesar delas serem importantes também.

Este trabalho objetiva relacionar a teoria evolutiva com as evidências que colaboram com ela, reafirmando o papel das evidências experimentais na construção do conhecimento.

metodoLogiaFoi realizada atividade investigativa relativa ao uso de evidências da anatomia comparada do

esqueleto dos vertebrados, para a montagem de um diagrama que expresse as possíveis relações de parentesco entre os grupos de vertebrados e os fatos históricos que poderiam ter levado à diversificação do animal ancestral do grupo, em milhares de espécies diferentes, colaborando, assim, com a teoria evolucionista. O foco do estudo foi a comparação do crânio, coluna vertebral e estruturas dos membros dos diversos grupos vertebrados.

Para isso, foram utilizados um modelo didático do esqueleto humano e artigos da literatura que mostraram e discutiram as semelhanças e diferenças entre as estruturas ósseas dos vertebrados. Foi ainda feita uma visita técnica no Museu de História Natural da PUC-Minas, onde foi possível observar e documentar as estruturas esqueléticas de diversas espécies de vertebrados extintos e viventes.

resuLtados e disCussãoAo longo do nosso projeto, procuramos estabelecer indícios de que muitas espécies

tiveram um mesmo ancestral, com consideradas semelhanças justificadas pela descendência comum, e diferenças explicadas pela variabilidade causada por mutações e entre outras explicações, pela seleção natural. Com isso, procuramos comparar, a partir do crânio, coluna vertebral e membros, na busca de indícios dessa evolução.

Crânio: Nos peixes, conseguimos identificar a ausência das fossas temporais. A mesma característica podemos encontrar nos anfíbios. Já alguns répteis e aves são diapsidas, ou seja, possuem duas fossas, e outros répteis e os mamíferos possuem somente uma fossa, por isso denominados sinapsidas. Essa comparação mostra uma ancestralidade comum entre répteis sinapsidas e mamíferos e entre répteis diapsidas e aves, e ainda, que peixes e anfíbios apareceriam na escala evolutiva antes do aparecimento das fossas temporais. Essa ideia é revelada no diagrama abaixo (Figura 1).

Os números 1 e 2 teriam possíveis momentos em que a característica ser sinapsida (1) ou ser diapsida (2) apareceria. Realmente, uma das evidências que permitem aos cientistas acreditarem na história evolutiva revelada na figura é a presença e o número de fossas temporais, pois nos revelam a possível relação de parentesco do diagrama.

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Na comparação com o esqueleto dos diversos vertebrados, observamos também a presença de uma estrutura comum a todos eles, as vértebras. Sua presença em todos esses animais é uma pista de que todos eles teriam herdado tal estrutura de um ancestral comum. Assim, no diagrama da figura 1, a coluna vertebral teria aparecido possivelmente no ponto 3, representando um possível ancestral.

Como mostra a figura 2, a coluna vertebral vai aproximadamente do pescoço ou do cóccix no caso humano. Nos humanos, o cóccix representa uma modificação da estrutura da cauda, que provavelmente herdamos de nossos ancestrais, mas que teria se retraído ao longo da evolução.

Figura 2: A. Foto da coluna vertebral de preguiça. B. Foto que destaca a coluna vertebral de dinossauro. C. Representação esquemática do esqueleto humano que mostra a coluna vertebral humana.

A B C

Com o estudo dos membros dos vertebrados, pudemos destacar semelhanças bastante significativas, mesmo entre seres com hábitos de vida bem diferentes. Os peixes apresentam estruturas de nadadeiras bem diferenciadas a todos os membros. A partir de anfíbios, iniciam-se os chamados tetrápodes, seres com quatro patas. Tais patas poderiam ser indícios de grandes diferenças entre eles, mas quando analisada sua estrutura óssea, encontra-se uma repetição dos mesmos ossos (figura 3), mesmo naqueles em que os membros passaram a ter função de natação ou voo. Nos membros anteriores, encontramos a sequência do úmero, rádio, ulna, carpo e metacarpo e falanges presentes em todos, mas não com as mesmas funções, incrivelmente parecidos com o esqueleto humano.

Figura 3: A. Foto de membro anterior de dinossauro voador. B. Foto de membro anterior de baleia. C. Foto de membro anterior de camelo.

Falanges Rádio e ulna úmero

Carpo e metacarpo

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Tais semelhanças revelam novamente o parentesco entre esses seres, mas também suas adaptações ao meio em que vivem e a sua forma de locomoção. Assim, revela-se não só a herança desses caracteres de um ancestral comum, mas, também, a ação da seleção natural nas modificações dessas estruturas ao longo da evolução.

Podemos concluir que as semelhanças entre os diversos seres vivos indicam que eles vieram de um mesmo ancestral e dele herdaram características em comum, que sofrem algumas alterações a partir da seleção natural. No final desse trabalho, ainda concluímos que os fatos científicos vêm de observações e delas surgem uma base, um núcleo irredutível, forte, do fato que será sustentado a partir do cinturão de proteção, ou seja, através de teorias, argumentos, testes, pesquisas, indícios que reforçam esse núcleo irredutível (teoria de lakatos). Assim, percebemos que as Ciências, os fatos científicos não são teorias isoladas e sim um conjunto de indícios e pesquisas que reforçam uma observação, na qual não temos 100% de certeza da sua autenticidade.

referÊnCiaCARTELLE, C. O dente adequado para cada um. Ciência Hoje, vol. 41. Rio de Janeiro, março de 2008.

CHAMBERS, R. Vestígios da criação. Ciência Hoje, vol. 44. Rio de Janeiro, julho de 2009.

DAWKINS, Richard. O maior espetáculo da Terra. Companhia das Letras. São Paulo, 2009.

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doador do futuro Cadastro Para doação de meduLa Óssea

alunos do 7º ano de 2010Professora orientadora: VIVAS, Eliane A. Diniz.

resumoO presente trabalho consistiu nas etapas de levantamento de dados, através

de pesquisa de opinião com pais e familiares de alunos do 7º Ano, participação em palestras com profissionais da Fundação Hemominas, realização do Hemotur, análise dos dados obtidos e divulgação dos resultados para a comunidade do Colégio Magnum.

introduçãoA doação de medula óssea representa a possibilidade de cura para muita gente e talvez a única

chance de vida. Porém, apesar de sua importância, o número de doadores ainda é muito pequeno se comparado à demanda. De acordo com o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), acompatibilidade de sangue para a doação é de 25% para pessoas parentes e de um para 100 mil entre pessoas não aparentados. Por isso, o trabalho de conscientização desenvolvido pelos alunos foi mais intenso para que a comunidade escolar sentisse sensibilizada para fazer o seu cadastro de doação.

Assim, preocupados com a falta de doadores de medula óssea nas fundações responsáveis pelo cadastro e recolhimento de amostras de sangue, firmamos uma parceria com a Fundação Hemominas, para a sensibilização de outras pessoas para a adoção desse gesto solidário.

oBJetiVo• Desenvolver nos alunos a capacidade de serem multiplicadores da ideia da “doação voluntária” e

sobretudo da solidariedade e da cidadania.

metodoLogiaFoi desenvolvida uma pesquisa de opinião, aplicada a 846 pessoas da comunidade.

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gráfiCo 1: número de pessoas entrevistadas

De acordo com a pesquisa realizada, foram entrevistadas 846 pessoas, sendo 342 homens e 504 mulheres.

gráfiCo 2: Você conhece alguém que precisou de transplante de medula?

Do total de entrevistados, 653 pessoas disseram não conhecer alguém que já precisou de transplante, e 193 afirmaram conhecer alguém que já precisou de transplante.

gráfiCo 3: Você sabe o que é medula óssea?

Do total de entrevistados, 450 disseram saber o que é medula óssea e 80 afirmaram não saber o que é medula óssea. E, ainda, 316 pessoas não responderam.

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resuLtados e disCussão

GRÁFICO 4: Motivos da não doação

Os motivos mais frequentes para a não doação de sangue apontados pela pesquisa foram: falta de informação, falta de tempo, comodismo e medo.

GRÁFICO 5: Motivos para doação

O motivo mais frequente para a doação de sangue apontado pela pesquisa foi a SOLIDARIEDADE.

Gráfico 4: você seria um doador de medula óssea?

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A maioria das pessoas declarou interessada em ser um doador de medula óssea. Após finalizar a pesquisa, foi possível concluir que 193 das pessoas entrevistadas disseram conhecer alguém que já precisou de transplante de medula óssea e 653 não conhecem nenhuma pessoa que tenha precisado, e que a falta de informação, falta de tempo, comodismo e medo são as causas mais frequentes da não doação.A partir das palestras informativas, da visita à Fundação Hemominas e da análise dos resultados obtidos por meio da pesquisa de opinião, foi possível observar a importância da doação como processo único para salvar vidas. Os alunos do 7º Ano comprovaram que a solidariedade é o principal motivo que leva as pessoas a doarem a medula óssea.No dia 11/9/2010 foi realizado o cadastro para a doação de medula óssea. A Fundação HEMOMINAS esteve presente no Colégio, atendendo a um número surpreendente de mais de 180 pessoas cadastradas. Como multiplicadores da ideia da doação voluntária e solidária, os alunos se sentiram motivados a serem DOADORES DO FUTURO e parceiros no processo de sensibilização para aqueles que já atendem aos requisitos da doação.

“Entre para esta corrente do bem: seja um doador de medula óssea.” Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais. Hemominas. Governo de Minas Gerais.

referÊnCias“Entre para esta corrente do bem: seja um doador de medula óssea.” Fundação Centro de

Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais. Hemominas. Governo de Minas Gerais.

www.hemominas.mg.gov.br. Acesso em 15 de setembro de 2010

Colaboradores do Magnum realizam doação de sangue no Projeto Doador do Futuro

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PhiLodrama: esPaço ParaPrátiCa fiLosÓfiCa

Alunos do 6º Ano de 2010Professora orientadora: GONÇALVES, Geralda H. M.

resumoEste artigo é resultado de um projeto realizado com as turmas do 6º Ano, em 2010.

Teve como objetivo de estudo a reflexão filosófica sobre as práticas sociais do cotidiano.Para a realização do trabalho, os alunos entrevistaram pessoas, assistiram a vídeos,

analisaram reportagens e situações reais, discutiram e debateram sobre as ações apresentadas.Os valores e desvalores foram contemplados na busca da compreensão acerca das diferentes

práticas sociais durante as cenas representadas.A encenação propiciou a socialização e a interação grupal – com reflexões na dimensão ética.

introduçãoQuando a Filosofia nasceu, era uma prática dialógica, e Sócrates não se importava com a idade nem

com a classe social de seus interlocutores. Alguns eram adolescentes 11, 12 ou 13 anos. A partir de Platão, a Filosofia foi considerada coisa de adultos.

Já no século XX, Matthew Lipman inicia o pensar filosófico na educação das crianças e adolescentes. Muitos filósofos, sem conhecer a proposta, mostraram-se hostis e indiferentes à nova perspectiva filosófica.

Contudo, há muitos sinais que apontam a força dessa ideia. O que a Filosofia exige muito mais do que um catálogo de habilidades é disposição. Estar disposto a pôr em questão o mundo e o próprio pensamento, dialogando com outros; a ir sempre um pouco além dos “pré-conceitos” e do que “deve” ser pensado; a considerar alternativas para o que parece ter uma única via; enfim, a pensar com a maior intensidade o que em determinada hora e lugar exige ser pensado. Não há idade para fazer Filosofia – quanto antes iniciarmos o caminho que ela propõe para o pensamento, mais força terão os seus efeitos.

Assim, a Filosofia dirigida às crianças e adolescentes busca desenvolver habilidades diversas de diálogo e investigação: escutar o outro, dar razões a seus argumentos, interpretar, analisar, relacionar e construir conceitos.

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O PHILODRAMA é uma estratégia de investigação e ação utilizada nos encontros filosóficos. É a reflexão do que é justo ou injusto; o ético e não ético. Pois em nossas vidas, é preciso saber o que desejamos para nós mesmos e os outros; é preciso saber quais os valores e ideias que nos orientam; é preciso aprender a ouvir, aprender com nossos próprios erros, aprender a aprender e a criar alternativas e horizontes para o viver. É, preciso, portanto, aprender a pensar. Segundo Matthew Lipman, a indagação coerente, crítica, cuidadosa e criativa, realizada em uma comunidade de investigação, incide sobre o exercício da democracia. Mas a investigação filosófica vai além: na compreensão do sentido de um problema filosófico e na atitude que se origina a partir do momento que começamos a pensar sobre o pensar, a nossa existência põe-se em movimento. Isso envolve uma outra relação como conhecimento, na qual a abertura ao inusitado – àquilo que ainda não era pensado e a novas possibilidades para o viver e o pensar – amplia a percepção do mundo. Nesse processo, todos aprendem a ter uma nova relação com o APRENDER.

oBJetiVos• Relacionar-se eticamente com o outro.• Pesquisar, discutir, analisar e refletir sobre as práticas sociais do cotidiano.• Interpretar o cenário social e atual numa proposta de investigação filosófica.• Conceituar ações éticas e antiéticas.• Vivenciar cenas cotidianas, dialogando com valores e desvalores sociais.• Desenvolver no educando uma postura investigativa filosófica frente ao conhecimento.

metodoLogiaEste projeto foi realizado em três etapas.Na primeira, os alunos, em rodas filosóficas, encorajados a levantar questões de violência, medo,

discriminação, amor, coragem, solidariedade e outros, no âmbito social em que vivem. Tais questões foram discutidas e analisadas segundo os valores e desvalores, o que ampliou o conhecimento sobre as diferentes práticas sociais. A reflexão filosófica foi, aos poucos, ganhando espaço na dimensão ética. O confronto de ideias acelerava os debates em questão.

Na fase seguinte, os alunos realizaram observações, entrevistas e assistiram a vídeos e reportagens que contemplavam cenas reais do cotidiano.

Seguindo a metodologia de Lipman, os alunos começaram a pensar sobre o “Pensar nestas questões”. E, neste momento, instalou-se a Comunidade de Investigação, o “pensar” em movimento, relacionado com a busca do conhecimento, ampliando a percepção de mundo dos adolescentes e abrindo campo para as novas possibilidades do aprender. O problema filosófico foi levantado e a atitude que se originou a partir das questões levantadas promoveu debates e discussões na busca da compreensão das diferentes práticas sociais.

O projeto em sua 3ª fase ganhou “vida”. Os alunos encenaram cenas cotidianas, numa perspectiva de construção e reconstrução de alguns valores, baseando-se na leitura cultural e pragmática. A dimensão ética foi apontada em todas as cenas apresentadas.

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resuLtados e disCussãoO processo interativo de dramatização (encenação), mediante a utilização de

recursos expressivos e aportes do sociodrama, possibilitou caminhos para reflexões filosóficas na busca da compreensão das diferentes práticas sociais existentes.

O philodrama teve um significado importante, porque abriu espaço para a prática filosófica, e os alunos tiveram a oportunidade de apresentar seus pensamentos, confrontar pontos de vista, analisar discursos e apontar caminhos para uma ação cidadã efetiva dentro do nosso contexto social.

A dimensão ética foi o suporte para a análise das ações humanas apresentadas. O agir ético e o agir antiético passou por análise de critérios que envolvem valores dentro de um contexto cultural/social.

Segundo o filósofo Spencer “o grande benefício da educação não é o conhecimento, mas ação.”Com este trabalho, espera-se que os alunos, a partir das reflexões filosóficas, assumam o

compromisso de serem multiplicadores de ações cidadãs efetivas dentro do contexto que estão inseridos, na busca da “vida boa” como sugere Aristóteles.

referÊnCiasLIPMAN, Matthew, “A Filosofia Vai à Escola”, Summus, 1990.

LORIERI, Marcos A., “Filosofia: fundamentos e métodos”, Cortez, 2002.

OLIVEIRA, P. R. de, “Filosofia para a Formação da Criança”, Thonson, 2004.

MICHAUD, Yves, “Filosofia para Adolescentes”, Escola Educacional, 2008.

JAPIASSU, H., “Um desafio à Filosofia”, Letras & Letras, 1997.

KOHAN, Walter, “Filosofia para Crianças”, Lamparina, 2008.

Coleções:“Filosofia na Escola e textos para Filosofar”, Editora Cortez.

“Aprendiz de Filosofia”, Escala Educacional.

sites:www.forumfilosofia.com. Acesso em 6 de abril de 2010.

www.mundodosfilosofos.com. Acesso em 6 de abril de 2010.

www.criticanarede.com. Acesso em 6 de abril de 2010.

www.discutindofilosofia.com.br. Acesso em 6 de abril de 2010.

Revista: Filosofia Especial, Ano 1 – nº 3 – Escala Educacional

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introduçãoA proposta de trabalho foi apresentada em 2010, ano eleitoral. Com o tema das eleições em destaque

na mídia nacional, a questão do sistema partidário brasileiro veio à tona, ainda mais com as recentes propostas de reformas políticas. A crise identitária dos partidos políticos no Brasil foi o motivador da proposta para sensibilizar os alunos.

oBJetiVosO objetivo do projeto é promover um ganho acadêmico aos alunos, levando os mesmos a adquirir

uma noção da construção histórica do quadro partidário brasileiro. Além do aspecto acadêmico, no plano formativo, um dos objetivos foi estimular a produção e a interpretação autônoma dos alunos envolvidos no processo.

metodoLogiaO trabalho foi feito, dando-se ampla autonomia interpretativa e produtiva aos alunos. Após uma

primeira aula com a conceituação geral e um breve histórico da formação partidária na Europa e nos Estados Unidos, os alunos foram encarregados da leitura da obra que seria a linha mestra na qual os mesmos iriam adquirir as informações e interpretações básicas sobre o tema. O professor passou a atuar apenas como um moderador na discussão dos capítulos, interpelando os alunos a cada encontro sobre a leitura indicada para aquela aula. Ao final do processo, foi requisitado o trabalho final, um pequeno artigo no qual os estudantes apresentariam as características regais, apreendidas da bibliografia básica, da evolução dos partidos políticos brasileiros. O artigo foi produzido sem qualquer intervenção do professor. Foi estimulada a busca por bibliografia alternativa, já mapeada pelo professor, disponível em artigos acadêmicos na Internet.

alunos do 9º ano de 2010: MADEIRA, Gabriela Valle de Castro; MEN-DONÇA, Paulo Felipe Filardi; PINHEIRO Larissa Giarola; LEÃO, Júlia Cân-dido; MOREIRA, Bruna Fernanda Tolentino Professor orientador: ÁVILA, Tiago Augusto Bacellar.

histÓria dos Partidos PoLÍtiCos BrasiLeiros

resumoO presente artigo apresenta uma revisão bibliográfica, ancorada principalmente na

obra “Introdução à história dos partidos políticos brasileiros”, de Rodrigo Patto Sá Motta. A produção apresenta uma breve caracterização da história partidária do Brasil República, não focada em partidos individuais, mas em características gerais do sistema partidário em cada momento da história republicana brasileira.

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resuLtados e disCussãoO projeto foi encerrado juntamente com o término do ano letivo. Por este motivo,

não foi possível a discussão da produção final com os alunos autores. Os objetivos foram parcialmente atingidos. O artigo demonstra que os alunos foram capazes de absorver boa parte das informações e conclusões gerais da bibliografia obrigatória do curso. Porém, em algumas formulações categóricas presentes no artigo, os autores apresentaram dificuldade de mobilizar um vocabulário historicamente mais adequado, para produzir um texto analiticamente mais sólido.

Essas passagens apresentam algumas formulações categóricas que não são típicas da análise histórica, que compreende que o universo de análise é por demais amplo, devendo ser feita uma operação de recorte sobre o objeto de análise, para evitar conclusões generalizantes que podem ser falhas fora do contexto para o qual foram produzidas.

Na questão da autonomia, os objetivos também foram parcialmente alcançados. Os alunos foram responsáveis e é perceptível no artigo a atenção à leitura da bibliografia obrigatória. A sugestão da busca por bibliografia alternativa para embasar melhor a escrita não foi aplicada. Isso fica patente pela introdução do artigo, no qual os alunos não apresentaram um histórico do tema e a abordagem conceitual, elementos que dependiam principalmente da bibliografia extra.

Levando em consideração as questões inerentes ao fechamento de um ano letivo, que mobiliza a atenção dos estudantes para outros fatores, a produção foi relevante como introdução a um tema que é muito explorado no dia a dia da sala de aula.

Os estudantes participantes adquiriram um conhecimento precioso, de maneira autônoma, que certamente facilitará o desenvolvimento de suas habilidades interpretativas nos campos da Sociologia e da História.

referÊnCias:MOTTA, Rodrigo Patto Sá. “Introdução à história dos partidos políticos brasileiros.” Belo Horizonte, Editora UFMG, 1999.

SANDER, Gustavo Vicente. “Democracia e partidos políticos.” In.: Prismas. Brasília, v. 5, p. 21-33. 2008.

MENDONÇA, José Carlos. “Partidos Políticos: da visão dos clássicos aos desafios da (pós?) modernidade.” Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Vol. 4, N. 2, janeiro de 2008.

MEZZAROBA, Orides. ”A Democracia, os partidos políticos e o Estado.” Revista do curso de Pós-graduação em Direito da USFC. V. 22, N. 43. 2001

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artigo Produzido: histÓria dos Partidos PoLÍtiCos BrasiLeiros

introduçãoO grupo do Magnum Avançado de História do 9º Ano trabalhou, durante cinco aulas conduzidas pelo

professor Tiago Ávila, a história dos partidos políticos brasileiros, desde a primeira República, quando esses partidos começaram surgir.

Com a ajuda do livro “Introdução à história dos partidos políticos brasileiros”, de Rodrigo Patto Sá Motta, o grupo aprendeu mais sobre a história política do Brasil e pôde analisar melhor as mudanças que ocorreram com os partidos durante os diferenciados momentos da história brasileira.

Primeira rePúBLiCaO período que se estendeu da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de

1930 foi quando quando se registrou a primeira aparição dos partidos políticos na história brasileira. O Brasil, naquela época, seguia uma Constituição Federalista, ou seja, que concedia muita autonomia aos

Estados e não possuía um poder centralizado. Isso refletiu, e muito, na formação dos partidos políticos brasileiros da época.

Não existiam fortes partidos nacionais. Os principais partidos eram regionais, ou seja, exclusivos de cada Estado. Como cada Estado era controlado por uma oligarquia dominante, o comando de cada partido cabia a essa oligarquia. Por isso, a política na época era restrita à elite, ou seja, aos mais ricos e importantes coronéis da época. Muitas pessoas não tinham opinião política e eram submissas à elite, por isso não se pode dizer que era uma República totalmente democrática.

Os principais partidos da época representavam os Estados mais influentes: São Paulo, representado pelo Partido Republicano Paulista (PRP), Minas Gerais, representado pelo Partido Republicano Mineiro (PRM) e Rio Grande do Sul, representado pelo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR).

Outra característica dos partidos da época é a falta de ideologia. Os partidos da primeira República não tinham ideais determinados, não defendiam um grupo de pessoas com um mesmo pensamento, mas sim os interesses das elites de cada Estado.

As disputas entre partidos na época eram disputas entre Estados e os acordos da época também se caracterizavam como acordos entre Estados.

era VargasA chamada Revolução (aos olhos de seus defensores) de 1930 deu fim à Primeira República ou República

Oligárquica ou ‘‘República Velha’’(assim chamada a partir de então). Assim, entra na história Getúlio Dorneles Vargas, que, com a ‘‘Aliança Liberal’’, rompeu com a tentativa da oligarquia paulista de continuar no poder. Essa, por sua vez, violou o acordo existente de alternância com o grupo mineiro do PRM.

Nos primeiros anos após a Revolução de 1930, estabeleceu-se um quadro rico para as experiências partidárias. A derrubada do regime anterior e a compreensão de se viver uma experiência ‘‘revolucionária’’ despertaram em muitas pessoas o interesse pela política dos cidadãos. Nesse contexto, para disputar as eleições da nova Assembleia Constituinte, em 1933, implantaram reformas no sistema eleitoral, como o voto secreto, a justiça eleitoral e o direito da mulher ao voto. Essas mudanças tiveram efeitos limitados, devido à implantação da ditadura em 1937.

Entre as experiências partidárias mais consistentes surgidas na primeira fase do governo Vargas, destacam-se, sem sombra de dúvida, a AIB (Ação Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora), esta última uma frente de esquerda sob a hegemonia do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Os dois movimentos conseguiram atrair o apoio de milhares de cidadãos pelo País afora, muitos dos quais chegaram a se filiar formalmente. Tratava-se, efetivamente, de uma grande novidade num país onde a política partidária era caracterizada por alta dose de elitismo e pouco envolvimento da população.

Embora a ANL defendesse posturas de esquerda e a AIB alinhada com o pensamento de direita, ambas convergiam na crítica ao liberalismo. No entanto, na visão dos dois grupos, o Estado forte teria objetivos distintos: para os comunistas, tratava-se de fortalecer o aparato estatal, visando combater a desigualdade social e a exploração; para os integralistas, ao contrário, o Estado deveria ser mais poderoso para poder reprimir a luta das classes, que em sua opinião ameaçava a unidade da nação.

O PCB, durante a maior parte de sua existência, foi perseguido pelas autoridades e proibido de atuar como organização legal. Da fundação, em 1922, até 1985, o partido só contou com o registro legal durante cerca de

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três anos, ou seja, viveu 60 anos como organização clandestina. A formação da ANL foi um elemento propiciador da expansão do Partido Comunista. Através da Aliança, os comunistas tiveram a oportunidade de expandir suas ideias e sua organização. A Aliança Nacional Libertadora não teve tempo para se consolidar. Após poucos meses de funcionamento, foi fechada através de decreto federal, em julho de 1935. O fechamento da ANL contribuiu para levar os comunistas a uma tentativa revolucionária armada, que ficou conhecida como Intentona Comunista, em novembro de 1935.

Quanto à AIB (Ação Integralista Brasileira), teve uma existência bem mais duradoura do que a ANL: formada no início de 1933, continuou funcionando até 1938.

Na ótica da AIB, os principais problemas brasileiros estariam ligados à degradação moral e à desestruturação da nação. Os integralistas defendiam a criação de um aparato estatal abrangente, capaz de dar solução aos principais problemas da coletividade.

As experiências partidárias em curso nos anos 30 não tiveram oportunidade de se consolidar. Em 1937, Getúlio Vargas deu um golpe de Estado e implantou uma ditadura no País, regime político batizado de ‘‘Estado Novo’’. Uma das primeiras medidas após o golpe foi a extinção dos partidos políticos, provocando assim o fim da fase de experimentação de debate iniciada com a Revolução de 1930.

Cabe uma observação importante: o Estado Novo não criou um partido político próprio. Após a extinção dos partidos no final de 1937, a AIB foi o único grupo político, tolerado pelo governo, que permitiu informalmente a continuação de seu funcionamento. No entanto, acabou ocorrendo um choque entre os integralistas e a ditadura varguista. Embora tivesse características fascistas, o novo regime não pretendia partilhar com o partido integralista seu domínio sobre o Estado.

A dinâmica política só voltou a existir com os ventos liberais da pós-Segunda Grande Guerra, que abalaram as estruturas do autoritarismo varguista.

PoPuLismoA ditadura Vargas se esgotou nos últimos anos da II Guerra Mundial, em decorrência do surgimento de

conjuntura internacional e nacional contrária aos governos autoritários”, diz Rodrigo Motta, ou seja, devido à inconsistência da política externa brasileira que defendia a democracia e criticava o autoritarismo nazifascista presente na Europa, enquanto no Brasil vivíamos uma ditadura.

No início de 1945, devido à forte pressão exercida por todos os lados, e pelo medo de ficar isolado, o governo tentou acalmar os opositores com medidas como a anistia dos presos políticos, em abril de 1945, e, em maio, convocou para o final do ano eleições para presidente e representantes de uma Assembleia Constituinte. Com isso, foi aberto espaço para as práticas democráticas e assim começaram a ser organizados grupos políticos, que visavam construir partidos para disputar as eleições. “Proibidos por quase dez anos os partidos políticos voltavam a ocupar o cenário nacional”, completa Rodrigo Motta.

O decreto-lei presidencial de maio de 1945 também estabeleceu os parâmetros para a formação dos partidos. Para um partido ser criado, era necessário cumprir três requisitos:

• Obter o apoio de, pelo menos, dez mil eleitores, distribuídos em cinco ou mais Estados.• Possuir personalidade jurídica, de acordo com o Código Civil.• Atuar em âmbito nacional.

A lei mostra que as pessoas temiam a situação da República Velha, quando as oligarquias partidárias regionais dominavam. Isso não ocorreu e foram criados, pela primeira vez, partidos efetivamente nacionais. Outro aspecto interessante é que, por serem relativamente novos, os partidos deviam ser registrados nos termos do Código Civil, da mesma forma que qualquer associação privada. Somente em 1950, o Congresso estabeleceu uma configuração moderna aos partidos, tornando-os uma entidade pública e não mais privada.

Segundo Rodrigo Motta, “no novo quadro partidário formado ao longo de 1945, Getúlio Vargas desempenhou papel de destaque, embora seu poder estivesse em declínio. Deixou sua marca sobre dois dos principais partidos (PSD e PTB)”. Já o outro principal partido, a UDN, tinha como bandeira o antigetulismo, portanto Vargas continuou sendo muito importante para todos os partidos.

Existiam três principais partidos: o PTB, a UDN e o PSD. O PTB era o Partido dos Trabalhadores, voltado para as reformas sociais. A UDN tinha um perfil mais urbano, e defendia o liberalismo econômico. Já o PSD tendia a ser mais rural, e tinha posturas mais pragmáticas e flexíveis, por isso conseguiu firmar alianças e acordos, ajudando a eleger, com o apoio do PTB, Eurico Gaspar Dutra, em 1945, Vargas novamente em 1950 e Juscelino Kubitschek em 1955.

O PCB, depois da anistia política e da redemocratização, havia crescido muito e muito rápido. Em 1945, contava com 2.000 militantes. Já em 1946, contava com mais de cem mil. Isso ocorreu em parte devido à grande

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popularidade que a União Soviética conseguiu com a Guerra. Porém, o bom momento do Partido Comunista não durou muito, já que, com a Guerra Fria, em 1946, ele foi cancelado.

Devido à inflação e à instabilidade econômica, a UDN consegue eleger Jânio Quadros em 1960, porém, por não ter ajuda no Congresso, Jânio renuncia sete meses após tomar posse e seu vice, João Goulart, assume a Presidência.

Para entender a crise política que levaria ao golpe de 1964, podemos observar a representação dos partidos na Câmara dos Deputados, ao longo dos anos dos três principais partidos. PSD e UDN, que eram mais conservadores, vão perdendo papel na bancada para o PTB, que era mais reformista. O ápice foi quando Jango assume a Presidência, já que o mesmo tinha tendências reformistas. Além disso, a intensa luta no Congresso opôs os reformistas com os não reformistas, gerando uma grande polarização. “[...] estabeleceu-se um impasse, havendo a ameaça de uma ruptura entre o Poder Executivo e o Legislativo”, destaca Rodrigo Motta.

O desfecho da crise foi paradoxal: realizaram um golpe antidemocrático, com o pretexto de salvar a democracia.

ditadura miLitarA aliança política responsável pelo golpe militar de 1964 era formada por diversos grupos, tanto de origem

social, como ocupacional. Entre os grupos, encontramos políticos, oficiais militares, empresários e religiosos. Mas o objetivo principal era o mesmo: derrubar o governo de João Goulart e acabar com chances de se tornarem um país de esquerda. Entretanto, após o golpe, os ideais que cada um queria seguir eram diferentes.

Os novos detentores do poder se dividiam em dois ramos: os moderados, que eram fiéis aos princípios liberais, e os radicais ,que eram os defensores do autoritarismo.

Os moderados assumiram o poder nos primeiros anos, com o governo do General Castelo Branco. Este grupo tinha como objetivo fazer uma “limpeza do País”, ou seja, eliminar os líderes esquerdistas e populistas e logo após voltar ao sistema democrático. Eles cassaram mandatos dos políticos comprometidos com o regime democrático, principalmente dos comunistas. Mesmo sofrendo cassações, partidos foram mantidos e revelaram as reais intenções por parte do governo de normalizar a situação política. Com o fim da participação no governo dos moderados, entraram no poder os radicais, que buscavam uma ditadura pura.

Pelo temor de repercussões internacionais negativas, o governo de Castelo Branco deu permissão ao funcionamento dos partidos e de instituições legislativas. Contudo, a democracia não funcionou de forma comum, como o País estava acostumado. Os radicais criaram um sistema de eleição indireta para a escolha de governantes dos Estados e presidente, retirando das mãos do povo o direito de escolher seus ocupantes no Poder Executivo. Os colégios eleitorais tiveram grande importância na hora das eleições, já que elas passaram a ser feitas neles. A eleição só era feita por poucas centenas de políticos, parlamentares e delegados indicados pelos partidos.

As instituições legislativas continuaram funcionando, porém, agora eram controladas e coagidas, principalmente através de cassações que geraram redução drástica da autonomia dos parlamentares.

O sistema eleitoral foi estabelecido de forma paradoxal pelo autoritarismo. A fraude desapareceu e a Justiça Eleitoral controlou manipulações mais abusivas. Entretanto, tiveram as repressões das forças de oposição e do cancelamento de eleições diretas a cargos importantes.

Com o objetivo de destruir a aliança PSD/PTB que tinha grande força nas urnas, os radicais, também conhecidos como linha-dura, pressionaram os moderados, que acabaram cedendo e extinguiram os partidos.

Após esse fato da extinção dos partidos, o Governo tratou logo de montar um novo sistema partidário. A legislação decretava a existência de no máximo três partidos, tendo no mínimo o apoio de um terço dos parlamentares do Congresso Nacional. Todavia, na prática, existiram apenas dois partidos: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

A ARENA foi formada a partir da reunião de deputados governistas espalhados pelos antigos partidos. Já o MDB foi composto por todos os opositores, que não tiveram escolha, e, para ter um partido, tiveram que se juntar. Para o governo, era interessante a existência do MDB, que era uma oposição pouco efetiva, já que mantinha a aparência democrática.

Com o novo sistema partidário, o Governo criou partidos que a população bem ou mal se identificava, deixando neles as marcas de autoritarismo e artificialismo.

A oposição e o partido o qual o Governo defendia eram muito submissos ao Governo. O MDB era conhecido como o partido do “sim”, e a ARENA o partido do “sim, senhor”. A única diferença entre eles era que a ARENA fazia o que o Governo mandava com mais serventia e menos pudor. Dessa forma, alguns oposicionistas preferiam anular seu voto a dá-lo ao MDB.

O voto nulo era considerado um protesto contra a ilegitimidade do sistema e uma demonstração de falta de confiança na oposição oficial.

O núcleo da ARENA era formado principalmente por udenistas, que tiveram participação privilegiada no golpe militar de 1964. Já a base principal do MDB era formada pelos deputados vindos do PTB, principal organização do

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bloco reformista nos anos 1950 e 1960.Existiam diferenças entre os dois partidos da época, porém algumas vezes eram imperceptíveis pelo eleitorado.

Muitos colocavam a culpa na atuação tímida e nem sempre fiel aos compromissos da oposição do MDB. No início da ditadura, o domínio eleitoral ficou por conta da ARENA. Contudo, em 1974, o MDB conquistou

mais votos, e cresceu seu poder político. A explicação para essa mudança foi a transformação do MDB, adotando a partir de 1973, posturas mais críticas e contundentes e procurando estabelecer uma maior relação com organizações da sociedade, além do fim do otimismo pela sociedade em relação ao crescimento econômico, já que surgiram indícios do fim do milagre econômico.

O regime militar passou a planejar o retorno à democracia com o governo de Geisel, em 1974, antes mesmo da vitória do MDB. A população temia que os excessos autoritários pudessem levar a uma ditadura, pois naquela época eles não achavam que participavam de uma ditadura, ou até mesmo de um Estado Fascista.

O Governo surgiu com a estratégia de se abrir de forma lenta, gradual e segura para os militares. Os militares acreditavam que talvez não fosse preciso voltar a uma democracia, uma vez que poderia acontecer uma revolução da ARENA, porém ninguém contava com a vitória do MDB nas eleições. Além disso, a população passou a se manifestar mais, em busca da volta da democracia.

A expansão das forças oposicionistas e o novo dinamismo, conjugados com a crise econômica no final da década de 1970, levaram o governo a uma perda de prestígio rápida e crescente isolamento. Algumas medidas foram tomadas para tentar acalmar a situação, como o fim da censura prévia, a anistia política e a revogação do AI-5.

Uma vez um intelectual disse que a ditadura no Brasil não ocorreu e o que houve na verdade foi uma ditabranda, já que a ditadura do Brasil matou menos pessoas do que a do Chile e Argentina. A ditadura do Chile teve um fim parecido ao do Brasil, onde a ditadura acabou quando os militares quiseram, mas eles obtiveram privilégios que valem até hoje, por isso não podem ser punidos. Na Argentina, ocorreu diferente. No final, ninguém mandava, ninguém sabia quem estava no poder, e o pior, quando a ditadura teve mesmo fim, os arquivos da ditadura foram abertos a todos, gerando revoltas de parte da população.

Cenário atuaLA abertura do fim do regime militar foi lenta e segura. Para enfraquecer a oposição, o Governo decretou

o fim do bipartidarismo, abrindo a possibilidade da criação de vários partidos. “A intenção era dividir a frente oposicionista reunida no MDB, explorando e aguçando as conhecidas divisões internas existentes no partido. Sobretudo, esperava-se destruir o MDB, que estava se tornando uma legenda extremamente popular”, diz Rodrigo Motta.

Em 1980, começou a ser criado um novo sistema partidário, que é a base do atualmente em vigor. Cinco novos partidos substituíram os dois que estavam até então em vigor: o PDS, PMDB, PT, PDT e PTB.

O PDS foi a continuação da ARENA. Integraram o novo partido os políticos que tinham afinamento com o regime. Apenas mudaram o nome, para ver se assim conseguiam cortar vínculos com a desgastada ARENA, dando a impressão que o PDS era mais moderno.

Do MDB surgiram vários outros partidos, mas o principal herdeiro foi o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB, que visava manter unida a frente oposicionista e continuar com a luta do oposicionismo. “Pretendiam atrapalhar os planos do governo, acreditando que uma oposição unida era a melhor maneira de derrotar o regime militar e apressar o fim da transição democrática”, ressalta Rodrigo Motta.

Com a provável intenção de impedir que a oposição utilizasse a popularidade da antiga sigla, foi criada uma regra que dizia que era necessária a palavra “partido” para a criação de um. Regra que foi facilmente contornada, pois eles simplesmente adicionaram a palavra, e a letra P antes da sigla (P)MDB.

Uma parte da oposição não acreditava que somente um partido englobaria todos os ideais, por isso, foram criados outros partidos, entre eles o PT.

O PT foi um dos partidos mais originais já criados, pois as principais forças do partido vieram do universo extraparlamentar. As bases sociais do partido vieram principalmente de três setores: líderes do sindicalismo em ascensão, com destaque para Luís Inácio “Lula” da Silva, intelectuais e pequenos grupos marxistas e militantes populares ligados ao trabalho pastoral da Igreja Católica. Foi um raro exemplo de um partido criado fora do universo das elites e do Estado.

“A trajetória do PT aos poucos foi ganhando contornos de experiência de sucesso, tendo havido um contínuo crescimento eleitoral e político do partido. Postos de governo importantes (governadores e prefeitos) foram ganhos, e Lula disputou as eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998 como um dos candidatos mais votados”, explica Rodrigo Motta. O avanço foi contínuo, e, em 2002, Lula ganha as eleições, reelegendo-se em 2006 e elegendo Dilma Roussef em 2010. Lula bateu recordes de popularidade, chegando a 77,5 %, mesmo com escândalos de corrupção acontecendo em seu governo.

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Lula construiu ao longo dos anos uma imagem de popularidade superior ao prestígio do próprio partido.“A estratégia do regime militar de fracionar as forças de oposição não apresentou os resultados esperados.

O PMDB herdou o prestígio de seu antecessor”, declara Rodrigo Motta. Em 1984, impulsionados pelas Diretas Já, a Oposição vence as eleições com Tancredo Neves para presidente, este morre antes de assumir e seu vice, José Sarney, assumiu. Com isso, o Brasil voltou a ser uma democracia plena, época chamada de “Nova República”

Uma Assembleia Constituinte foi convocada em 1988. A nova Constituição acabou de vez com o processo de transição democrática, pois foram implementadas eleições livres e diretas, e em 1989, a primeira eleição presidencial via popular foi realizada.

Em 1987/88 foi formado o PSDB, que, em primeiro momento, não respondeu às expectativas iniciais dos fundadores, mas com a eleição de Fernando Henrique Cardoso à presidência, em 1994, alcançada pela estabilização monetária (“Plano Real”), o partido passou a ocupar um papel de destaque no plano político.

Ao observar as cadeiras conquistadas pelos partidos nas eleições de 1982 a 2006, podemos perceber o forte avanço do PT, que tinha 1,7 % das cadeiras em 82 e em 2006 chegou a 16,2%. O PMDB que tinha 41,8% das cadeiras em 82, em 2006 teve apenas 17,3%.

Nos últimos anos, vem acontecendo uma proliferação partidária, e vale destacar o Partido Verde, que surgiu na década de 80, mas que vem ganhando espaço, devido às tendências ambientalistas. Marina Silva, a candidata do PV, obteve em 2010 19,33% dos votos válidos para Presidente, o que possibilitou o segundo turno, entre Dilma e Serra.

ConCLusãoOs partidos políticos brasileiros mudaram muito desde que foi declarada a

Independência do País. Eles mudaram, além de seus nomes e representantes, seus ideais e objetivos.

O contexto da época e a situação em que o País se encontra afetam bastante a posição que os partidos políticos ocupam, a forma como eles atuam e o público e interesses que defendem.

No começo, quando o Brasil era uma República Federalista, os partidos representavam Estados. Depois, com a centralização do poder, os partidos passaram a ser nacionais e a representar certos grupos com mesmos ideais e pensamentos. Já na ditadura, o bipartidarismo foi necessário para manter o poder concentrado nas mãos dos militares. Hoje, o cenário é outro, e, consequentemente, a estrutura partidária e os objetivos dos mesmos são diferentes.

Com o projeto, o grupo percebeu que os partidos políticos deixaram de ser um “enfeite” na política brasileira (e não só nela) e se tornaram uma referência ao falar de política e República.

Hoje, não há como falar de História sem falar de política e não há como falar de política sem comentar os partidos que a moldaram. Por isso, concluímos que os partidos políticos brasileiros não só fizeram (e fazem) parte da história brasileira, como contribuíram ativamente para ela ser o que é hoje.

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