monografia - mba em gestão empresarial

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i UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL JUSTIÇA PRIVADA: MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE PACIFICAÇÃO DE CONFLITOS CONTRATUAIS FÁBIO ARAÚJO DE OLIVEIRA Orientador: Prof º. Me. José Alberto Yemal

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Justiça Privada

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Page 1: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

i

UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL

JUSTIÇA PRIVADA: MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE PACIFICAÇÃO DE

CONFLITOS CONTRATUAIS

FÁBIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

Orientador: Prof º. Me. José Alberto Yemal

SANTOS / SP

2011

Page 2: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

ii

FÁBIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

JUSTIÇA PRIVADA: MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE PACIFICAÇÃO DE

CONFLITOS CONTRATUAIS.

Monografia apresentada como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título

de Pós-Graduação em MBA em Gestão

Empresarial.

Orientador: Profº. Me. José Alberto Yemal

SANTOS / SP

2011

Page 3: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

iii

M.B.A. em Gestão Empresarial

OLIVEIRA, Fábio Araújo de.

Justiça Privada: Métodos Extrajudiciais de Pacificação de Conflitos

Contratuais. / Fábio Araújo de Oliveira. – Santos / SP, 2011. 108 f.

Monografia (Trabalho de conclusão de curso) Universidade Paulista -

UNIP, 2011. MBA em Gestão Empresarial

Orientador: Profº. Ms. José Alberto Yemal

1. Contratos.

2. Resolução Privada de Litígios.

3. Administrador

Page 4: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

iv

UNIP / Campus Rangel Santos

2011

FÁBIO ARAÚJO DE OLIVEIRA RA 9105970

Tema do trabalho:

JUSTIÇA PRIVADA: MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE PACIFICAÇÃO DE

CONFLITOS CONTRATUAIS

Comissão Examinadora:

______________________________________________________________________

Examinador (1)

______________________________________________________________________

Examinador (2)

______________________________________________________________________

Examinador (3)

______________________________________________________________________

Coordenador de Curso

Observações: ___________________________________________________________

_______________________________________________________________________

DATA DA APROVAÇÃO: ____/_____/___

Epígrafe

Page 5: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

v

No fundo, estamos cada vez mais inclinados a viver segundo o

predomínio do social sobre o estatal, preferindo, sempre que possível,

resolver nossas questões por nós mesmos.

É salutar verificar que o Estado é o primeiro a reconhecer que esse é

o melhor caminho, abrindo mão de poderes antes considerado

indelegável.

Dr. Miguel Realle

Agradecimento

Page 6: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

vi

Agradeço ao Professor Me. José Alberto Yemal por me orientar e

colaborar decisivamente para a materialização desse trabalho.

ÍNDICE

Page 7: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

vii

LISTA DE SIGLAS................................................................................................... 8

RESUMO................................................................................................................... 10

ABSTRACT............................................................................................................... 11

1. APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 12

1.1. Introdução........................................................................................................... 12

1.2. Objetivos............................................................................................................. 15

1.2.1. Objetivo geral................................................................................................. 15

1.2.2. Objetivos específicos...................................................................................... 15

1.3. Justificativa......................................................................................................... 15

1.4. Problema de pesquisa......................................................................................... 16

1.5. Hipótese.............................................................................................................. 17

1.6. Metodologia........................................................................................................ 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 19

2.1. Evolução histórica da arbitragem....................................................................... 19

2.2. O Administrador e a arbitragem empresarial..................................................... 25

2.3. Convenção de arbitragem................................................................................... 30

2.4. Pessoas que podem convencionar a arbitragem empresarial.............................. 31

2.5. Cláusula compromissória e cláusula arbitral...................................................... 32

2.6. Compromisso Arbitral........................................................................................ 34

2.7. Princípios gerais do Direito, usos e costumes, regras internacionais................. 36

2.8. Árbitros: conceitos, escolha e números.............................................................. 37

2.9. Árbitros: imparcialidade e substituição.............................................................. 40

2.10 Conciliação e provas......................................................................................... 42

2.11 Árbitros: responsabilidade civil e penal............................................................ 44

2.12 O árbitro como juiz de fato e de Direito........................................................... 45

2.13 Procedimento arbitral: noções preliminares...................................................... 46

2.14 Questões preliminares....................................................................................... 47

2.15 Medidas coercitivas........................................................................................... 52

2.16 Sentença Arbitral............................................................................................... 53

2.17 Questões prejudiciais........................................................................................ 55

Page 8: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

viii

2.18 Elementos essenciais do laudo arbitral............................................................. 56

2.19 Conteúdo e eficácia do laudo arbitral................................................................. 58

2.20 Invalidação do laudo arbitral............................................................................. 59

2.21 Conceito de laudo arbitral estrangeiro.............................................................. 61

2.22 Conceitos e diferenças entre a Negociação e a Conciliação............................. 65

2.23 Uma visão panorâmica da mediação................................................................. 67

2.24 Origem e propagação da Mediação................................................................... 67

2.25 Modelos e etapas da Mediação.......................................................................... 69

3. ESTUDO DE CASO............................................................................................ 71

3.1. Pesquisa aplicada................................................................................................ 71

CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 80

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................... 82

ANEXOS................................................................................................................... 84

GLOSSÁRIO............................................................................................................ 104

Page 9: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

ix

LISTA DE SIGLAS

A.E.C. Antes da Era Comum.

B.I.D. Banco Interamericano de Desenvolvimento

Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo

C.D.C. Código de Defesa do Consumidor

C.F.A. Conselho Federal de Administração

C.L.T. Consolidação das Leis do Trabalho

C.N.J. Conselho Nacional de Justiça

CONIMA Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem

C.R.A. Conselho Regional de Administração

D.O.E. Diário Oficial do Estado

F.A.A.P. Fundação Armando Alvares Penteado

F.G.V. Fundação Getúlio Vargas

L.A. Lei de Arbitragem

M.P.E. Micro e Pequenas Empresas

O.A.B. Ordem dos Advogados do Brasil

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

S.T.J. Superior Tribunal de Justiça

S.T.F. Supremo Tribunal Federal

SUFRAMA Superintendência da Zona Franca de Manaus

UNIP Universidade Paulista

Page 10: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

x

RESUMO

OLIVEIRA, Fábio Araújo de. Justiça Privada: Métodos Extrajudiciais de Pacificação de Conflitos Contratuais. Trabalho de Monografia (Pós-Graduação). Curso: MBA em Gestão Empresarial. Universidade Paulista - UNIP, Santos, 2011.

Palavras-chaves: Juízo Arbitral, Bens Disponíveis, Administrador.

Quando um investidor decide aplicar seus recursos em um empreendimento, ele não considera apenas a infraestrutura da região, encargos trabalhistas, custos de capital, carga tributária ou os prováveis impactos ambientais. Estes também se atêm as garantias jurídicas oferecidas, ou seja, eles naturalmente esperam que os contratos firmados sejam respeitados e, em caso de possíveis controvérsias, que as mesmas sejam solucionadas o quanto antes possível. Com o instituto da Mediação, Conciliação e Arbitragem – conhecido também por Justiça Privada – a sociedade é beneficiada, pois agora ela tem à disposição um meio extrajudicial para resolver seus litígios contratuais que versem sobre bens disponíveis. A Lei Federal 9.307/96 não tem a intenção de se opor à Justiça Estatal, mas sim de auxiliá-la, ao atender uma demanda crescente por soluções jurídicas mais céleres. A lentidão da Justiça Comum é conseqüência direta do crescimento geométrico das lides. A quantidade de processos em tramitação dificulta a celeridade da Justiça. No Brasil, há atualmente 86,6 milhões de processos tramitando em todas as esferas do Poder Judiciário, de acordo com o relatório da pesquisa Justiça em Números do C.N.J. (Conselho Nacional de Justiça), e conta com apenas 16,1 mil magistrados. Enfim, para tornar o judiciário Brasileiro viável e mais atraente ao dinâmico mundo dos negócios, o poder executivo e o legislativo tem trabalhado à favor, fazendo com que o Estado abra mão de poderes antes indelegáveis, reconhecendo o predomínio do social sobre o estatal, e sempre que possível ( já que existem situações de competência exclusiva do Estado ) solucionar os nossos problemas por nós mesmos. O Juízo Arbitral atualmente é soberano, e as decisões proferidas pelas Câmaras Arbitrais tem a mesma eficácia das sentenças judiciais, com o seguinte diferencial competitivo: as mesmas não estão sujeitas a recursos a instâncias superiores, como ocorre na jurisdição estatal. A Justiça Privada é hoje um amplo campo de trabalho para os Administradores, já que estes podem atuar não somente como Gerentes das Câmaras Arbitrais, mas também poderão exercer as funções de Árbitros, Mediadores, Secretários, Assessores ou Peritos, dependendo da complexidade da causa ou da estrutura da entidade arbitral a qual estiverem vinculados.

ABSTRACT

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xi

OLIVEIRA, Fábio Araújo de. Private Justice: Extrajudicial Methods Pacification Contratual Conflicts. Working Paper ( Post Graduate ). Course: MBA in Business Management. Universidade Paulista - UNIP, Santos, 2011.

Keywords: Arbitration; goods available; administrator.

When an investor decides to invest their funds in a enterprise, he considers not only the infrastructure of the region, labor costs, capital costs, taxes or the likely environmental impacts. They care also the legal guarantees offered, in other words, they naturally expect that the contracts signed are respected, and in case of possible disputes, that they are resolved as soon as possible. With the Office of Mediation, Conciliation and Arbitration - also known as Private Justice - the society is benefited because it now has available a alternative to resolve their contractual disputes that deal with property available. The Federal Law 9.307/96 does not intend to oppose the State Court, but to assist her, to meet a growing demand for legal solutions faster. The slowness of the Courts is a direct consequence of the geometric growth of the lawsuits. The amount of lawsuits in the pipeline hinders the speed of Justice. In Brazil, there are currently 86.6 million of the proceedings in all spheres of the judiciary, according to the report of Justice in Numbers from C.N.J. (National Council of Justice) and the country has just only 16,100 judges. Anyway, to make the Brazilian judiciary viable and more attractive to the dynamic world of business, the executive power and the legislature power have worked together, making the state give up of powers never before delegated, recognizing the social predominance above the state, and whenever possible (since there are cases of exclusive jurisdiction of the State) that we can solve our problems ourselves. The Institute Arbitration is now sovereign, and the decisions rendered by the Arbitrators Boards have the same effectiveness of sentences, with the following competitive edge: they are not subject to resources to higher courts, as in the state jurisdiction. The Private Justice is now a wide field of work for administrators, since they may act not only as managers of the Boards, but may also act as arbitrators, mediators, secretaries, advisors or experts, depending on the complexity the cause or the structure of the arbitral authority which they are linked..

Page 12: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

12

1....APRESENTAÇÃO

O primeiro capítulo deste estudo está dividido em seis seções, que se inicia com a

introdução, avançando para os objetivos geral e específico a ser alcançado, a justificativa

deste trabalho, o problema, a possível hipótese e por fim, a metodologia aplicada.

1.1...Introdução

Em linguagem técnico-jurídica, a Arbitragem Empresarial é um instituto privado, que

tem por finalidade pacificar conflitos em contratos, podendo atuar tanto em âmbito nacional

quanto em âmbito internacional. A Arbitragem Empresarial consiste basicamente em um

procedimento de solução pacífica de controvérsias, onde as partes elegem voluntária e

democraticamente um ou mais juízes não togados e, lhes outorgam o poder de decidir um

determinado impasse contratual. Este instituto prima pela desformalização dos procedimentos

e solução consensual, sendo um contrapondo à jurisdição estatal, caracterizada pelo excesso

de formalidade, burocracia e pelo contencioso.

“Seu uso no mundo é muito antigo. Sua prática é muito anterior ao Estado como único

provedor da Justiça, o que ocorreu com o advento da Revolução Francesa” (CAETANO,

2006, p. 109).

A prática da Arbitragem funcionando ao lado da Justiça Comum remonta à

Antiguidade, tendo sido exaustivamente aplicada pelas civilizações antigas.

Há registros que confirmam que a Arbitragem tem suas primeiras ocorrências há mais

de 3.000 anos, sendo um dos institutos de Direito mais antigos.

Aristóteles, por volta de 300 A.E.C disse: “O árbitro visa à equidade, enquanto que o

juiz à lei; é por isso que o árbitro foi criado: para que a equidade seja aplicada”.

Um exemplo característico de tratado com cláusula compromissória foi o Tratado de

Paz de 445 A.E.C. entre Atenas e Esparta, enquanto que as demais questões entre os

particulares eram resolvidas tanto por via judicial quanto por Arbitragem.

Em Roma, apesar da mentalidade imperialista dos romanos, a Arbitragem encontrou

em meio a eles campo para o seu desenvolvimento: no começo, na resolução de conflitos

entre Estados, e depois, entre os particulares.

Durante a Idade Média, as principais causas para o desenvolvimento vigoroso da

Arbitragem, entre outras, foram:

Page 13: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

13

Ausência de leis;

Falta de garantias jurisdicionais;

Grande variedade de ordenamentos;

Fraqueza dos Estados;

Conflitos entre Estado e Igreja.

Na sociedade feudal, a Arbitragem e a Mediação encontraram ambiente propício, não

só no campo internacional, mas também nos próprios Feudos.

De acordo com Caetano (2006, p.45) “Durante o Baixo Império se desenvolvera

bastante a prática de referir controvérsias à decisão arbitral dos bispos, uso que se formara, de

há muito tempo, entre os adeptos do cristianismo“.

O papel da Igreja Católica foi importante nessa fase, favorecendo soluções pacíficas de

pleitos que envolviam desentendimentos em questões fronteiriças, de independência e

também nas questões privadas entre os comerciantes. Inclusive o Papa era o árbitro supremo

na época, e as penalidades aplicadas eram religiosas, tais como a excomunhão (vedação de a

pessoa tomar sacramentos por toda a vida) e o interdito (proibindo-se o sacramento em

determinada cidade, ou suspendendo o ofício da missa).

Também em contratos mercantis era comum conter a cláusula compromissória para

solução arbitral, e só se chegava a um Tribunal Judicial em caso de revelia de uma das partes,

ou se o árbitro não cooperasse com os procedimentos.

A partir da Revolução Industrial, a Arbitragem passou a ser utilizada de forma mais

intensa nas relações envolvendo em especial a iniciativa privada, onde se proliferou com o

advento da era da informação e consequente globalização da economia.

Atualmente, o uso da Justiça Privada nas relações internas em diversos países é

bastante variado. Em algumas nações, como os Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão,

as empresas adotam procedimentos arbitrais em suas relações contratuais com fornecedores,

clientes, trabalhadores, acionistas, governo, etc.

No Brasil o uso ainda é moderado, pois o país segue a doutrina do Direito Romano-

Germânico, e essa corrente doutrinária acaba influenciando a nossa cultura jurídica.

No Direito Romano-Germânico (codificado) se privilegia a lei escrita e inspira o

paternalismo do Estado em quaisquer questões jurídicas. A própria Constituição Federal

conceitua que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa senão em virtude

de lei. Nos países alinhados a esta doutrina, a aceitação e a disseminação da Arbitragem

depende de pleno amparo legal.

Page 14: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

14

No Direito Anglo-Saxônico (consuetudinário) se privilegia os usos e costumes, e

estimula fortemente os princípios da Equidade. Nos países que seguem esta outra corrente

doutrinária, o uso da Arbitragem é mais tradicional e muito procurada pela sociedade.

Heranças doutrinárias à parte é preciso atentar-se às correlações existentes entre a

Justiça Privada e o tão propagado “Custo Brasil”, como justificado no próximo tópico.

Este instituto não tem a pretensão de se opor à Justiça Estatal, muito pelo contrário, a

Justiça Privada vem para beneficiar a sociedade, desafogando o Poder Judiciário em face do

crescimento geométrico das ações.

Acompanhando uma tendência global de adoção de meios privados para solução de

conflitos contratuais, o governo brasileiro formalizou em 2.002 a sua adesão incondicional à

uma convenção relativa ao reconhecimento e execução de laudos arbitrais internacionais,

celebrada em New York, em 1.958.

Dessa forma, ao passar a integrar o grupo de países signatários da denominada

“Convenção de New York”, o Brasil deu um passo bastante significativo para a consolidação

do instituto da Mediação, Conciliação e Arbitragem.

Apesar da inexistência de cálculos seguros quanto as perdas que o Brasil incorre com

burocracia e ineficiência judicial, alguns dados permitem compor um mosaico que detalham

tais desperdícios:

Dados do C.N.J. dão conta que, em 2.009, havia mais de 86 milhões de processos judiciais

em tramitação, distribuídos para apenas 16.108 juízes;

O prazo médio de solução dos casos no Poder Judiciário tem sido estimado em 7 anos;

As inúmeras possibilidades de recursos junto ao Poder Judiciário, amparado pelo

dispositivo constitucional que assegura ampla e ilimitada defesa a qualquer cidadão,

permite que qualquer advogado mediano consiga manter um processo ativo por prazo

superior a 10 anos;

Em harmonia com as palavras de Rui Barbosa, quando declarou que "justiça tardia não

é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta", a Arbitragem deve sim ser utilizada como

alternativa mais viável para dirimir conflitos contratuais, encaixando-a as necessidades da

sociedade moderna.

1.2...Objetivo

Page 15: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

15

1.2.1...Objetivo Geral

Tornar conhecida para os Administradores a transferência do poder de julgamento, da

esfera estatal para a esfera privada, para solucionar infrações contratuais.

Muitos Administradores, por desconhecimento, se sujeitam à morosidade do Poder

Judiciário para resolver tais pendências, sem optar pelo uso da Arbitragem Empresarial, que

atende bem as exigências do dinâmico do mundo dos negócios.

1.2.2...Objetivo Específico

Fazer contato com alguns profissionais e explicar o conceito, a aplicação e as

vantagens que a Mediação, Conciliação e Arbitragem tem em relação ao Poder Judiciário,

desmistificando a ideia de que o Estado tem competência exclusiva para decidir sobre

quaisquer desentendimentos contratuais, fato que não condiz com a nossa realidade legal.

Alguns aspectos tornam a Justiça Privada muito atraente ao ambiente corporativo, tais

como a rapidez com que um processo é aberto e finalizado, a confidencialidade da matéria em

questão, o rigoroso sigilo quanto a identificação das partes envolvidas, e a segurança jurídica,

pois a decisão proferida é definitiva, não estando sujeita a rediscussão junto ao Poder

Judiciário, já que o laudo arbitral tem a mesma eficácia de uma sentença judicial.

Na medida em que os profissionais de Administração tomarem conhecimento dessa

ferramenta e explorar esses meios extrajudiciais ao negociarem seus contratos, certamente que

a Justiça Privada se tornará mais um campo de atuação do administrador atualizado.

1.3...Justificativa

O chamado “Custo Brasil” não abrange apenas os encargos trabalhistas, a pesada carga

tributária, a precária infraestrutura logística ou os custos do capital financeiro.

Os empreendedores, antes de elegerem seus investimentos, também levam em conta às

garantias de aderência contratual, isto é, eles naturalmente esperam que os contratos sejam

respeitados e cumpridos e, em casos de eventuais litígios, que os mesmos sejam resolvidos o

quanto antes.

A “nova” Lei da Arbitragem tem essa proposta, ela oferece solução jurídica rápida,

eficiente e objetiva, em se tratando de contratos comerciais, condominiais, educacionais,

seguros, locação e outros que versem sobre bens disponíveis.

Page 16: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

16

Este instituto não tem a pretensão de se opor a Justiça Estatal, a Arbitragem vem para

beneficiar toda a sociedade, ajudando a desafogar o Poder Judiciário, que enfrenta o

crescimento contínuo das ações a cada ano e, pari passu, aumenta o preço médio que cada

cidadão brasileiro gasta para a manutenção do Poder Judiciário, que está em R$ 197, 00 ao ano.

Por conta destes números, que nos comunicam ineficiência, desperdício de recursos e

compromete a competitividade do país, a nova Lei da Arbitragem vem gradativamente se

consagrando como uma ferramenta eficaz e indispensável para as empresas e seus negócios,

devido a suas características e vantagens em relação a Justiça Comum.

1.4...Problema de pesquisa

A morosidade do Poder Judiciário é fato incontroverso e inaceitável.

Lamentavelmente, é com preocupação que testemunhamos esse mal se agravar a cada

ano, não obstante a modernização dos meios de comunicação e o avanço da tecnologia.

Algumas possíveis causas que provocam esse cenário situam-se em planos diversos, quais sejam: a deficiente organização administrativa dos serviços judiciários, o incremento do animus litigandi do cidadão, o número insuficiente de juízes e o despreparo de muitos deles, o exercício da advocacia por profissionais mal formados e dedicados mais à chicana que ao direito e a nossa complexa legislação, dando origem a querelas, a manobras das partes, revestidas todas elas de alegada proteção de direitos constitucionais, afirma Tavolaro (2002).

Ao que parece, todo o progresso da ciência da Administração passou despercebido do

Poder Judiciário, que se mantém ainda preso a conceitos antigos e práticas medievais de

gestão, que contribuíram para os problemas estruturais mencionados acima.

À médio e longo prazo, ainda iremos sofrer muito com a ineficiência do Poder

Judiciário, e por isso, é mais que natural que busquemos formas alternativas para fugirmos

dessa triste e vexatória realidade.

Colocando em relevo a importância em se obter rapidez e segurança jurídica para as

relações contratuais no mundo dos negócios, por que essa opção estratégica de se apelar a

Arbitragem não é explorada pelos Administradores ?

Apesar da base legal da Arbitragem Empresarial, dos esforços do Conselho Federal de

Administração em propagar essa ferramenta, e das publicações alusivas ao tema, porque os

Administradores não se envolvem para consolidar a Arbitragem como alternativa à lentidão

do Poder Judiciário?

Page 17: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

17

1.5...Hipótese

Apesar da “nova” Lei de Arbitragem ser considerada um diploma moderno, a altura

das necessidades de nossa sociedade, o desconhecimento e o pouco uso da Arbitragem entre

os Administradores, pode ser fruto da ausência dessa matéria nas grades curriculares dos

cursos de graduação e técnico em Administração.

A falta de núcleos arbitrais nas dependências das principais universidades, para

exercitar a prática e disseminar conhecimento gerado, também impede um maior engajamento

dos profissionais e alunos de Administração.

1.6. Metodologia

Uma pesquisa científica é um procedimento baseado no raciocínio lógico, que

encontra solução para problemas propostos utilizando-se de métodos científicos, segundo

Andrade (2001).

Procedimentos metodológicos consiste no relato do(s) método(s) escolhido(s) para o

desenvolvimento do trabalho, que neste caso, foram utilizados dois procedimentos.

O primeiro foi a tradicional pesquisa bibliográfica, com consultas e levantamento de

fontes teóricas como: livros, jornais, revista, internet e um curso específico sobre o tema.

Esta etapa foi importante para a coleta de informações iniciais que sustentariam a

massa crítica necessária para o desenvolvimento desta monografia.

Dando continuidade, elaborei um questionário que foi aplicado via telefone, onde me

busquei informações que não estavam disponíveis nos sites das Câmaras Arbitrais, mas que

seriam importantes para a sequência lógica deste estudo.

Para enriquecer ainda mais o aprendizado, fiz uma solicitação pessoal junto aos

funcionários dos Juizados Especial Cível e Criminal da comarca de Santos, para que eu

pudesse assistir a algumas audiências. Expliquei o motivo e a minha solicitação foi aceita,

sem nenhuma objeção por parte do Meritíssimo Juiz e da Promotora. Retornei no dia seguinte

e assisti a várias audiências, o dia inteiro, e pude entender melhor o rito de uma audiência na

Justiça Pública, fato improvável na Justiça Privada, que impede a participação de pessoas

estranhas aos conflitos, que violaria o seu caráter confidencial.

Mas, de acordo com a dinâmica que fiz em um curso sobre Mediação e Arbitragem,

em 2006, o procedimento na Justiça Pública é bem mais formal, impessoal e menos amistoso

Page 18: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

18

em relação a Justiça Privada.

Na dinâmica, ficou esclarecido que os trabalhos na Justiça Privada são executados nas

Câmaras Arbitrais, locais onde funcionam todos os procedimentos extrajudiciais como a

Mediação, Conciliação e a Arbitragem Empresarial.

Por fim, desejo fazer entrevistas pessoais com profissionais de Administração para

aferir o grau de conhecimento que estes tem sobre a Arbitragem Empresarial.

Pretendo entregar um questionário em branco a ser preenchido, explicar eventuais

dúvidas e colher depoimentos dos mesmos, sobre o seu posicionamento em relação ao uso da

Arbitragem Empresarial como alternativa à Justiça Pública para solucionar impasses em

contratos. Também irei procurar os profissionais que tenham um bom conhecimento dessa

ferramenta jurídica, e irei investigar o motivo pelo qual os potenciais usuários da Arbitragem

Empresarial se sujeitam a morosidade do Poder Judiciário, ao invés de optar pelos meios

extrajudiciais para resolver suas pendências contratuais.

2.....REFERENCIAL TEÓRICO

2.1...Evolução histórica da arbitragem

Page 19: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

19

A palavra Arbitragem é derivada do latim arbiter, que significa juiz, louvado, jurado,

sendo especialmente empregada na linguagem jurídica para significar um procedimento

utilizado na solução de litígios. Ao longo do tempo, o comportamento humano para

solucionar desavenças foi evoluindo gradativamente: de vingança para a justiça particular,

chegando até o procedimento judicial, sendo a Arbitragem uma etapa de transição entre a

justiça particular e a estatal.

A Arbitragem nasceu da necessidade de homens simples resolverem seus problemas,

delegando a um terceiro, neutro, o poder da decisão, fosse ela favorável ou não.

O instituto jurídico da Arbitragem é uma das formas de resolução de litígios mais

antigas na história do Direito.

Foi uma das primeiras formas de dirimir controvérsias sem o recurso da força e da

violência, e muito antes que se estabelecessem leis ou que se organizassem Tribunais, o

homem já recorria à Arbitragem para superar discórdias e acertar diferenças, fato bastante

comum principalmente entre os antigos comerciantes.

A Arbitragem, em sentido amplo, caracteriza-se todas as vezes que um conflito de

interesses for solucionado através da decisão de um terceiro escolhido pelas partes, e é

característica elementar da Arbitragem a possibilidade das partes escolherem seus

“julgadores”.

A nova Lei de Arbitragem encontra suas raízes nas Sagradas Escrituras Hebraicas,

numa passagem que envolveu o sábio rei Salomão (em hebraico ,( ”Shlomon“ סלומון que

resolveu uma disputa sobre maternidade atuando como árbitro :

Trazei-me uma espada, ordenou o rei; e levaram-lhe a espada. E o rei disse: "Cortai o menino vivo em duas partes e dai metade a uma e metade à outra". Então a mulher, de quem era o filho vivo, suplicou ao rei, pois suas entranhas se comoveram por causa do filho, dizendo: "Ó meu senhor! Que lhe seja dado então o menino vivo, não matem de modo nenhum!" Mas a outra dizia: "Ele não seja nem meu nem teu, cortai-o!" Então o rei tomou a palavra e disse: "Dai à primeira mulher a criança viva, não a matem. Pois é ela a sua mãe". ( 1º REIS III, 24-27).

Ainda na Antiguidade, Hamurabi (também são usadas as transcrições Hammu-rapi

ou Khammurabi), nascido supostamente por volta de 1.810 A.E.C. e falecido em 1.750

A.E.C., foi o sexto rei da primeira dinastia babilônica, e o primeiro grande organizador que

consolidou o seu Império sobre normas regulares de Administração.

Ele conseguiu sobressair-se na história pelo notável monumento jurídico que mandou

compilar, com cerca de 282 leis. O Código de Hamurabi é o mais antigo código de leis

Page 20: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

20

escritas, e teve como finalidade maior fazer prevalecer a justiça em seu reinado.

Entre os povos antigos, as técnicas da Arbitragem e Mediação constituíam meio

comum para sanar os desentendimentos entre as pessoas. Na Grécia antiga, por exemplo, as

soluções amistosas das contendas se faziam com muita frequência por meio da Arbitragem, e

os compromissos especificavam o objeto do litígio, e os árbitros eram indicados pelas partes.

Segundo a revista eletrônica Jus Navigandi (2004) “O povo tomava conhecimento do

laudo arbitral gravado em plaquetas de mármore ou de metal e sua publicidade dava-se pela

afixação nos templos das cidades“. Na Roma antiga, as questões cíveis eram primeiramente

apresentadas diante do magistrado no Tribunal, para depois serem apresentadas perante um

árbitro particular, escolhido pelas partes para julgar o processo.

Na Idade Média, também era comum o apelo da Arbitragem como meio para resolver

os litígios entre os nobres, cavaleiros, barões, proprietários feudais e, fundamentalmente, entre

os comerciantes, palestrou Barletta ( 2006 ).

No decorrer da Idade Média, em função da desagregação do Império Romano, o

localismo jurídico entrou em cena, e os mais poderosos passaram a manipular a justiça togada

a seu bel-prazer, se tornando cada vez mais comum o uso do juízo arbitral pelos mais fracos e

mais oprimidos.

O Direito Lusitano Medieval também previa a utilização da Arbitragem, sendo que as

Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas disciplinavam este sistema de composição dos

conflitos. No Direito Português foi conservado às partes a faculdade de louvar-se em árbitros

e deu aos laudos arbitrais o mesmo peso das sentenças judiciais, entretanto foram admitidas

revisões nos laudos arbitrais proferidos.

Segundo Caetano (2006, p.51),”Distinguiam as Ordenações Filipinas, de modo

expresso, entre os juízes árbitros e os arbitradores (que quer tanto dizer, como avaliadores, ou

estimadores)”.

Os primeiros conheciam a matéria de fato e de direito, os segundos tinham por missão

fazer estimativas de valor.

Até o século XIX, na Inglaterra e Estados Unidos, a common law (em português “lei

comum”, que forma a maior parte da lei de muitos Estados ligados historicamente ao Reino

Unido ) era frontalmente oposta à Arbitragem, e essa hostilidade se baseava no entendimento

de que esta técnica particular de pacificação social conduzia à exclusão da jurisdição dos

tribunais. O reexame judicial das decisões arbitrais na Inglaterra e Estados Unidos sempre

existiram, pois se entendia que os Tribunais do rei tinham uma posição de eminência sobre os

demais tribunais, inclusive sobre os Tribunais Eclesiásticos.

Page 21: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

21

Só que, com o passar dos anos, a bibliografia inglesa sobre a matéria aumentou, de

modo que o procedimento arbitral nas colônias inglesas se difundiu amplamente.

Mas, o desenvolvimento mais importante nestes países até então foi o uso sistemático

da Arbitragem por associações profissionais, bolsas de mercadorias inglesas e bolsas de

valores americanas, que serviram de exemplo universal por outras entidades, v.g. a bolsa do

café em Santos / SP, a Bolsa de Mercadorias em São Paulo, Bahia e Pernambuco, que também

apelavam a egrégia Justiça Privada.

No Brasil, a Arbitragem é utilizada desde a época em que o país ainda era regido pelo

Tratado de Tordesilhas, na partilha das terras descobertas. As Terras brasileiras foram objeto

de disputa entre portugueses e espanhóis, que tiveram como árbitro o Papa Alexandre VI.

Em nosso país, desde os tempos da colonização portuguesa, a Arbitragem sempre foi

prevista em nossas legislações.

Partindo do período colonial, as Ordenações Filipinas vigoraram até após a

proclamação da República.

Escreveu Cachapuz (2000) que a Constituição de 1.824, em seu artigo 160,

determinava que, nas causas cíveis, as partes podiam nomear juízes árbitros, com decisões

irrecorríveis, se assim fosse convencionado.

Mais tarde, o Código Comercial Brasileiro de 1.850 estabeleceu o arbitramento

obrigatório nos artigos 294 e 348.

O Código Comercial previa a Arbitragem para as questões sociais entre os sócios,

durante a existência da sociedade, sua liquidação ou partilha, assim como todas as questões de

contrato de locação mercantil deviam ser resolvidas igualmente pela Arbitragem.

O Código Civil de 1.916, dispunha nos artigos 1.037 à 1.048 sobre o compromisso e a

solução das pendências judiciais e extrajudiciais, mediante a indicação de árbitros, juízes de

fato e de direito, não estando seu julgamento sujeito à recurso, salvo se pactuado pelas partes.

O Código Processual de 1.939 permitia a composição de pendências judiciais e

extrajudiciais, em qualquer tempo, por meio do Juízo Arbitral, qualquer que fosse o valor e

desde que se tratasse de direitos patrimoniais e sujeitos à transação permitida por lei.

A Constituição da República Federativa do Brasil (1988 ), traz em seu artigo 1º, que o

Estado brasileiro tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa

humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

“Entende Tânia L. MUNIZ que a cidadania está aqui num sentido mais amplo do que o de titular de direitos políticos (...) o reconhecimento dos indivíduos como pessoas integradas na sociedade estatal, significando que o funcionamento do Estado estará submetido à vontade popular” (CACHAPUZ 2000, p. 36).

Page 22: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

22

A democracia, como regime político, é governo do povo, pelo povo e para o povo,

admitindo então que se trata de um processo de convivência social em que o poder emana da

sociedade, deve ser exercido pela sociedade, e a sociedade deve tirar proveito de tal poder.

A participação do cidadão no poder é a base da democracia, pois o povo continua

sendo o juiz dos juízes.

A nossa Constituição tem como fim proteger ou socorrer o cidadão de eventual

excesso cometido pelo Poder Executivo ou pelo Poder Legislativo. Às autoridades não são

outorgados direitos de vedar aos cidadãos o acesso à tutela jurisdicional.

Entretanto, no âmbito da liberdade de contratar e da autonomia das vontades, podem

as pessoas renunciar a direitos de que são titulares e, assim, submeter suas desavenças à

apreciação da Justiça Privada.

Mas, vale salientar que a longa manus do Poder Judiciário não está totalmente

afastada, pois é possível recorrer à ele quando o laudo arbitral, ou decisão final, contiver

vícios de nulidade.

Publicou ALVIM ( 2008, p. 22) “ Em maior ou menor extensão, os mais modernos e

importantes ordenamentos jurídicos consagram a Arbitragem entre as modalidades de

resolução de conflitos”.

Em alguns países, as características do procedimento arbitral e as suas interações com

o instituto variam.

Na França, a Arbitragem apresenta as seguintes características:

Na cláusula compromissória, podem ser designados um ou mais árbitros;

Não pode ser o árbitro senão pessoa física, no pleno exercício de seus direitos civis;

Se a convenção não fixar prazo, a Arbitragem não dura mais que seis meses, contados do

dia da aceitação dos últimos dos árbitros;

A instância arbitral termina pela revogação, falecimento ou impedimento de um dos

árbitros ou perda do pleno exercício de seus direitos civis, pela abstenção ou pela recusa

de um dos árbitros; e pela expiração do prazo de Arbitragem;

As deliberações dos árbitros são secretas, e a sentença arbitral é proferida por maioria dos

votos;

O árbitro tem poderes de interpretar a sentença e corrigir os erros e omissões materiais;

A sentença arbitral tem, desde a sua prolação, autoridade de coisa julgada;

Page 23: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

23

Na Alemanha, são os principais procedimentos:

Só podem celebrar o compromisso ou cláusula compromissória as partes que possam

transigir quanto ao objeto litigioso;

O árbitro pode ser recusado, se existirem circunstâncias que façam surgir dúvida sobre a

sua imparcialidade e independência, ou se não preencher os requisitos estabelecidos pelas

partes;

Se um árbitro de direito ou de fato for incapaz de cumprir com as suas atribuições, ou se

por outros motivos não puder executá-las num prazo razoável, sua função termina quando

abdicar do cargo ou se as partes acordarem sobre o término da sua atividade;

As partes devem ser tratadas igualmente, tendo o direito de ser legalmente ouvidas, e os

advogados não devem ser excluídos como procuradores;

Os árbitros podem ouvir testemunhas e peritos que compareçam voluntariamente;

A sentença deve ser fundamentada, redigida com a indicação do dia da votação, do local

da Arbitragem, ser assinada pelos árbitros e notificada pelas partes;

A sentença arbitral terá, entre as partes, os mesmos efeitos que uma sentença judicial;

A sentença arbitral pode ser anulada se o requerente demonstrar que uma das partes não

estava habilitada a celebrar a convenção arbitral; o ajuste entre os litigantes não tem

validade perante as leis alemãs;

As partes podem requerer ao Tribunal Arbitral a correção de erro de cálculo, de escrita, de

impressão ou outros erros de tipo semelhante;

Na Itália, a Arbitragem apresenta as seguintes peculiaridades:

Não pode ser árbitros: menores, insolventes ou falidos;

Os árbitros devem aceitar a indicação; pronunciar o laudo no prazo estabelecido;

Os árbitros têm direito ao desembolso das despesas e a honorários;

Os árbitros podem ser recusados pelos motivos que se admitem à recusa dos juízes;

Se as partes não tiverem disposto de outro modo, o laudo deve ser proferido no prazo de

180 dias da nomeação dos árbitros, podendo, de comum acordo, prorrogar esse prazo;

Os árbitros decidem segundo a norma de Direito, salvo se as partes os autorizarem a

decidir de acordo com a Equidade;

O laudo deve ser proferido na Itália;

A ação de nulidade pode ser proposta no prazo de 90 dias da notificação do laudo;

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24

Na Espanha, a Arbitragem é objeto de uma lei especial ( Lei 36, de 05.12.1988 ),

sendo suas particularidades:

Exclui da Arbitragem questões laborais;

Podem ser objeto da Arbitragem questões litigiosas nas matérias de que as partes tenham,

por lei, a livre disposição;

Os árbitros decidem por Equidade, salvo se as partes optarem expressamente pela

Arbitragem de Direito;

Não pode atuar como árbitros quem tenha com as partes algumas das relações que tornem

possível a abstenção e recusa de um juiz;

A incompetência do árbitro pode ser conhecida de ofício, ainda que não invocada pelas

partes;

Os árbitros, a pedido das partes ou por iniciativa própria, ordenarão as provas que

estimem pertinentes e admissíveis em Direito;

O laudo será firmado pelos árbitros, podendo qualquer deles fazer constar seu parecer

discordante;

Na Argentina, o Código de Processo Civil e Comercial da Nação, disciplina em

dispositivos distintos o Juízo Arbitral e o juízo de amigáveis compositores.

Sobre a Arbitragem portenha:

Só podem ser árbitros as pessoas maiores, no pleno exercício de seus Direitos Civis;

O compromisso perderá seus efeitos, dentre outras causas, pelo transcurso do prazo

assinalado no compromisso;

Os árbitros não podem decretar medidas compulsórias, nem de execução, que devem ser

requeridas ao juiz;

Se as partes não tiverem estabelecido prazo para a prolação do laudo, será fixado pelo

juiz, atendendo-se às circunstâncias do caso, que poderá também ser prorrogado;

A lei máxima da Argentina garante às entidades realizar convênios coletivos de

trabalho, e recorrer à Conciliação e à Arbitragem.

O sistema Argentino, tal qual o Brasileiro, em caso de uma das partes se negar a

submeter-se ao Juízo Arbitral após assinar a cláusula arbitral, pode-se peticionar ao juiz para

que se supra a parte renunciante.

Nos Estados Unidos da América, a Arbitragem é regulada pelo U.S. Arbitration Act,

Page 25: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

25

de 1.925, e este diploma confere às cláusulas compromissórias caráter de irrevogabilidade,

aplicáveis a todo tipo de contrato.

Uma das entidades de maior respeitabilidade nos Estados Unidos da América no

campo da Arbitragem, é a American Arbitration Association – A.A.A., com sede em Nova

York e com ramificações em todo o País, e também no exterior.

Ainda existem outros países que também disseminam o uso de meios extrajudiciais

para a composição amigável de conflitos, tais como:

Bélgica: O modelo belga confere ao árbitro amplos poderes, tendo a sentença os mesmos

efeitos da sentença judicial e o Tribunal pode ordenar investigações, vistorias, inspeção,

comparecimento pessoal das partes e acolher o juramento a título decisório.

Portugal: A Constituição Portuguesa autoriza a instituição de Tribunais Arbitrais, com uma

forte legislação disciplinando sobre os casos e as formas em que estes Tribunais podem se

constituir.

Japão: O Japão também procurou tornar mais ágil a solução de controvérsias, de sorte que a

informalidade e a oralidade constituem a essência do procedimento nas cortes sumárias e a

comunicação às partes faz-se por qualquer meio.

2.2...O Administrador e a arbitragem empresarial

Foi a partir de uma anotação de Benjamim Franklin, um dos líderes da Revolução

Americana no século 18, que a frase “tempo é dinheiro” foi incorporada pelo capitalismo.

No atual mundo dos negócios, diante de um cenário competitivo cada vez mais

acirrado, o significado da frase tem se tornado cada vez mais atual, mais verdadeiro. Perder

tempo não se traduz apenas por em deixar de produzir dinheiro, mas colocar em risco a

sobrevivência das organizações.

É muito comum os administradores se depararem com processos judiciais, parte deles

até de fácil solução, mas, em função da demora do julgamento, se tornam caros para a

empresa.

É nesse momento que a Arbitragem Empresarial funciona como alternativa ao modelo

tradicional do Poder Judiciário, ao resolver tais pendências judiciais de maneira rápida,

economizando recursos das partes envolvidas.

Page 26: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

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O orador grego Demóstenes (384 A.E.C. – 322 A.E.C.) já definiu a prática de tal

forma que ainda continua atual. Segundo ele, “se as partes tem um conflito relativo a suas

obrigações privadas e desejam escolher um árbitro, é lícito que elas indiquem alguém de seu

agrado. Mas, a partir do momento em que escolherem um árbitro de mútuo e comum acordo,

deverão cumprir fielmente sua decisão e dela não poderão recorrer perante um tribunal. A

sentença será definitiva”.

A sociedade brasileira dispõe de um mecanismo para resolver seus conflitos, sem

burocracia, isto é, a Arbitragem Empresarial é uma alternativa inteligente para se fazer justiça.

Em conformidade com Basso apud Carmona, (2007, p. 2) “a Arbitragem, não é

demasiado lembrar, não tem o caráter formal e contencioso que permeia tradicionalmente a

jurisdição estatal”. Os meios privados de solução de controvérsias ganham espaço entre as

empresas e representam um alívio em um país no qual processos judiciais chegam a durar

décadas. Com resultados mais rápidos, a utilização desses métodos alternativos atende melhor

às exigências do mercado.

A Arbitragem é regulada e legitimada pela Lei nº 9.307/96, do ex-senador

pernambucano e ex-vice-presidente da República, Marco Maciel.

O intuito deste diploma é tornar conhecido à sociedade que alguns tipos de conflitos

levados ao judiciário podem ser solucionados de outra forma, com a mesma eficácia, só que

com um grande diferencial: é mais ágil.

Trata-se de uma promissora área de atuação para os Administradores, que podem atuar

como especialistas nas associações comerciais, como membro no grupo de excelência em

Mediação e Arbitragem do CRASP, podem prestar assessoria as MPEs ou trabalhar em algum

órgão arbitral, ou seja, o horizonte de oportunidades é bastante amplo para a categoria, desde

que estejam legalmente habilitados e capacitados para exercer tais funções.

A Lei de Arbitragem – ou simplesmente L.A. – que completará quinze anos no

próximo mês de setembro permite a multidisciplinaridade no momento da composição dos

conflitos, e os profissionais de Administração exerce um papel preponderante nesse ambiente,

já que necessariamente possuem conhecimentos sobre legislação, sociologia, antropologia,

economia, contabilidade, psicologia e finanças, ou seja, é um profissional apto tomar

conhecimento dos fatos e decidir com muita propriedade.

Os Administradores podem atuar como bons árbitros ou mediadores nas questões que

envolvam conflitos entre parcerias ou dissolução de sociedades, por exemplo, pois conhecem

profundamente as relações de causa e efeito no mundo dos negócios e fazem uso de técnicas

específicas para simplificar e solucionar as situações-problema diagnosticadas.

Page 27: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

27

Seguramente, a prática de Arbitragem pode ser considerada pelo Administrador

registrado no CRASP como uma promissora e inovadora área de atuação.

Em outras situações, em que a espécie da Arbitragem for de Direito, os

Administradores (excluem-se os Bacharéis) também poderão oferecer seus préstimos, não

mais como “julgadores”, mas como peritos, secretários ou assistentes, por força de suas

competências.

Com a chegada dos grandes investidores estrangeiros para explorar a pujança

econômica de nosso mercado consumidor, a Arbitragem Empresarial no Brasil ganhou um

forte impulso, uma vez que estes investidores estrangeiros estão habituados a incluir cláusulas

arbitrais nos contratos de compra e venda de bens e/ou serviços, locação comercial, seguros,

franquias, etc.

Respondendo à altura a uma aquecida demanda por profissionais neste novo campo de

atuação, o C.F.A., a O.A.B., a F.G.V., o SEBRAE e outras entidades, tem ministrados cursos

de capacitação de multiplicadores em Mediação e Arbitragem Empresarial em diversos

Estados da nossa Federação.

Abaixo segue uma pequena relação das áreas passíveis de aplicação do Juízo Arbitral,

listada por Caetano ( 2006 ), consoante a nossa legislação em vigor:

Comércio internacional: contratos versando sobre o fornecimento de bens e/ou

serviços;

Condomínio: interpretação de cláusulas da convenção condominial e despesa

condominial;

Consórcio: verificação de saldo devedor, restituição e/ou verificação de parcelas;

Defesa do consumidor: serviços defeituosos, vício redibitório, propaganda enganosa;

Franchising: interpretação de cláusulas, valores pactuados;

Locação comercial: renovação da locação, valor do aluguel, infração contratual;

Locação residencial: valor do aluguel, interpretação contratual, revisão da locação;

Propriedade intelectual: direitos autorais;

Sociedade comercial: dissolução de sociedade, conflitos, apuração do valor

patrimonial;

Responsabilidade civil: perdas e danos, lucros cessantes, dano comercial, dano moral;

Sociedade por ações: acordo entre acionistas, apuração do valor patrimonial;

Contratos de compra e venda arrependimento de construção, incorporação imobiliária,

etc.;

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28

Percebe-se que das situações passíveis de aplicação da Arbitragem Empresarial, em

sua grande maioria, estão dentro do campo de atuação do profissional de Administração,

consoante ao artigo 3° do Decreto que regulamenta a profissão (61.934/67), que verbis:

Art. 3º. A atividade profissional do Administrador, como profissão, liberal ou não, compreende: elaboração dos pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de organização; pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como administração e seleção de pessoal, organização, análise, métodos e programas de trabalho, orçamento, administração de material e financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que estes se desdobrem ou com os quais sejam conexos.

Estão fora do âmbito de aplicação da Arbitragem Empresarial questões sobre as quais

as partes não podem efetuar transações, enfim, não podem dispor como quiser, tais como as

referentes ao nome da pessoa, falência, tributos, delitos criminais, etc..

Ratificando, todas as questões que estão fora da livre disposição das pessoas só podem

ser resolvidas pelo Poder Judiciário, exclusivamente.

Não se pode deixar de citar que a Administração Pública pode utilizar a Arbitragem

quando o conflito de interesses diga respeito aos atos negociais que pratica. Nestas

circunstâncias, o Estado assume uma posição de igualdade com a outra parte da relação

jurídica que se forma, sendo estes atos negociais regidos pelas normas de Direito Privado.

Outra questão interessante é que diz respeito aos conflitos que envolvem relações

jurídicas de consumo.

Ensina Câmara (2002, p. 18) “a Lei de Arbitragem não revogou o artigo 51, VII do

Código de Defesa do Consumidor, que comina de nulidade as cláusulas contratuais que

prevejam a utilização da Arbitragem”.

Deve-se interpretar o disposto no artigo supra como uma proibição à cláusula

compromissória compulsória apenas. Em contratos de consumo não se pode estabelecer que a

Arbitragem Empresarial seja utilizada como meio de solução de litígios que venham a surgir

entre as partes, porém não há impeditivo para a celebração de compromisso arbitral entre

consumidor e fornecedor.

O C.D.C. fulmina com vício de nulidade, as cláusulas contratuais das relações de

consumo que determinem o uso compulsório da Arbitragem, acrescenta Cachapuz ( 2000 ).

A Arbitragem Empresarial não deve e não pode ser usada exclusivamente por grandes

corporações, mas poder ser usada principalmente por aquelas organizações que não podem

Page 29: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

29

suportar a morosidade do processo jurisdicional, preferindo buscar a solução de seus impasses

contratuais por meio de alternativas extrajudiciais mais vantajosas.

A Arbitragem Empresarial pode ser operacionalizada por meio da Arbitragem

Institucional ou da Arbitragem Ad Hoc.

Arbitragem Institucional é uma das formas de operacionalizar a Arbitragem, é quando

em um contrato a cláusula arbitral se reporta a uma instituição (v.g.: Câmara Arbitral ) para

administrar os procedimentos, também conhecida como Arbitragem Administrada.

Esta instituição indicada na cláusula arbitral tem um regulamento interno que

determina como os procedimentos extrajudiciais devem transcorrer.

A outra forma de exercitar a Arbitragem Empresarial é a Arbitragem Ad Hoc, que

neste caso, as próprias partes fixam as regras e formas em que o procedimento extrajudicial

será conduzido, no caso específico. Nesta situação, os procedimentos não seguirão as regras

de uma instituição arbitral, mas sim, obedecerá às disposições fixadas pelas partes, ou árbitro.

Em hipótese alguma as formalidades essenciais do processo poderão ser afastadas,

mesmo com o consentimento das partes, sendo inválido convencionar que os árbitros possam

decidir sem audiências ou sem oferecer o direito de defesa às partes.

A expressão “direito patrimonial disponível” proporciona uma gama de possibilidades

aos contratantes, principalmente no que se refere àqueles que atuam na área mercantil e

internacional, alcançando todos os direitos ou bens que compõe o patrimônio das partes, os

quais se tem a possibilidade de dispor e negociar livremente, de acordo com as vontades.

A L.A. tem fundamentação nos valores da igualdade, justiça e solução pacífica de

controvérsias, tendo como pilares os seguintes princípios jurídicos:

Devido Processo Legal: Ninguém será privado da liberdade ou de bens sem um devido

processo legal, e aos acusados são assegurados o contraditório e ampla defesa;

Autonomia da Vontade: Este princípio se manifesta pela liberdade que tem o indivíduo de

extinguir o litígio surgido por ato de sua própria vontade dentro dos limites estabelecidos pela

lei, isto é, trata-se da escolha do sistema jurídico sob o qual desejam submeter suas

problemáticas relações contratuais;

Garantia Processual: As partes envolvidas podem adotar o procedimento que bem entender,

desde que respeitem os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade

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do árbitro e do seu livre convencimento. A não observância desses postulados acarretará na

nulidade da decisão;

Contraditório ou Igualdade das partes: É inconcebível um processo unilateral, agindo

somente uma parte. Assim, antes de decidir, deve o árbitro ouvir ambas as partes e dar

oportunidade de manifestação em relação às provas e documentos apresentados;

Livre Convencimento ou Persuasão Racional: Baseia-se na liberdade de apreciação das

provas existentes nos autos para decidir a causa;

Imparcialidade do Julgador: O árbitro deve dar igual tratamento às partes e decidir de

acordo com a justiça e com o contido nos autos, de maneira neutra;

Obrigatoriedade da Sentença: A decisão arbitral tem, em decorrência da L.A., a

denominação de sentença arbitral – embora o vocábulo mais usado entre os operadores do

sistema seja laudo arbitral - e tem a mesma força de uma sentença judicial.

Não há mais a necessidade de homologação desta pelo judiciário, sendo vedado às partes se

oporem ao seu cumprimento, pois o laudo arbitral é definitivo e imutável, salvo os raríssimos

casos passíveis de nulidade.

2.3...Convenção de arbitragem

A Lei Modelo da UNCITRAL, comissão das Nações Unidas para o aprimoramento

das leis sobre o Comércio Internacional, de 21.06.1985, traz a exata noção do que significa

“mediante convenção de Arbitragem”, em seu artigo 7º:

Definição e Forma da Convenção de Arbitragem

1 - “Convenção de arbitragem” é uma convenção pela qual as partes decidem submeter à arbitragem todos ou alguns dos litígios surgidos ou a surgir entre elas com respeito a uma determinada relação jurídica, contratual ou extracontratual. Uma convenção de arbitragem pode revestir a forma de uma cláusula compromissória num contrato ou a de uma convenção autônoma.

Page 31: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

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Para esta comissão, a convenção de Arbitragem é um acordo pelo qual as partes

decidem submeter à Arbitragem Empresarial litígios surgidos ou a surgir entre elas com

respeito a uma determinada relação contratual. Trata-se de uma convenção que pode revestir a

forma de uma cláusula compromissória ou um compromisso arbitral.

A Lei deste estudo rompeu com um velho preconceito existente no Direito Brasileiro

ao equiparar a cláusula compromissória ao compromisso arbitral, sendo ambos capazes de ter

como efeito a instauração da Arbitragem. Foi abandonada a ideia de que o descumprimento da

cláusula compromissória só seria capaz de gerar o direito à uma indenização por perdas e

danos.

A L.A. criou a figura genérica da convenção de Arbitragem, um ato jurídico privado

cujo resultante é a instauração da Arbitragem, em conformidade com Câmara ( 2002 ).

Há duas espécies de convenção de Arbitragem: a cláusula compromissória e o

compromisso arbitral, a primeira é prévia ao litígio, enquanto a segunda se manifesta após o

surgimento da lide.

Os Tribunais do Poder Judiciário já pacificaram que, uma vez eleito o Juízo Arbitral -

seja pela cláusula compromissória ou pelo compromisso arbitral - os juízes de Direito têm de

declinar de sua competência.

2.4...Pessoas que podem convencionar a arbitragem empresarial

O artigo primeiro da L.A. diz que as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da

Arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, levando ao

entendimento de que somente as pessoas que tenham adquirido a capacidade civil ( aptidão

que a pessoa possui para o exercício de direitos ) poderão valer-se desta forma de solução de

controvérsias.

Para Cachapuz (2000) ainda que a personalidade civil do homem comece com seu

nascimento, o mesmo somente adquire capacidade na forma da lei civil quando for maior de

21 anos de idade, ou não ser absolutamente ou relativamente incapaz, conforme os artigos 5 e

6 do Código Civil.

A emancipação fará com que cesse a menoridade em casos específicos, fazendo com

que os maiores de dezoito e menores de vinte e um anos de idade adquiram a maioridade,

tornando-se capazes, e as causas para emancipação do indivíduo podem ser: o casamento; o

exercício de emprego público; a colação de grau em curso de ensino superior; ser proprietário

de estabelecimento civil ou comercial com economia própria, etc.

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Acrescentando, além dos incapazes, o preso enquanto durar o regime prisional e o

insolvente civil não poderão se valer da Arbitragem Empresarial.

É possível a aplicação da Arbitragem no setor público, nas relações negociais entre a

União, Estados ou Municípios com entidades particulares, enquanto agentes econômicos

sejam como licitantes ou concessionárias de serviços.

Em termos da exclusão de disposição que vetava a Arbitragem nos contratos públicos aposta na Emenda Constitucional n° 45, de 8 de dezembro de 2.004, restou destacada e impera reclamada disposição da lei n° 11.079, de 30 de dezembro de 2.004, que institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública, contida no artigo 11, III, que previu, verbis: “ O emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a Arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23 de setembro de 1.996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionadas ao contrato” (CAETANO, 2006, p.126 ).

As pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Municípios e Autarquias), à

princípio estão excluídas da possibilidade jurídica de pacificar conflitos internos por meio da

Arbitragem, em face da indisponibilidade dos bens da Fazenda Pública.

2.5...Cláusula Compromissória ou Cláusula Arbitral

De acordo com o artigo 4º da Lei em análise, a cláusula compromissória é descrita

como a convenção (ou ajuste) através da qual as partes em um contrato comprometem-se a

submeter à Arbitragem Empresarial os eventuais litígios que possam vir a surgir.

Afirma Kroetz (1997) que se trata de um negócio jurídico que determina a subtração

da jurisdição estatal das controvérsias que possam originar entre os contratantes,

estabelecendo a competência da solução desse litígio para a instância arbitral.

A cláusula compromissória deve ter forma escrita, podendo constar do próprio

contrato a que se refere, ou de ato separado que a esse contrato faça menção.

“Quanto à cláusula compromissória, a Lei 9.307/96 tomou também a preocupação de

exigir forma escrita: trata-se, portanto, de uma convenção escrita, inserida no contrato ou em

documento apartado (...)” (CARMONA, 2007, p. 36).

De tal cláusula pode constar a referência às regras de alguma entidade especializada

em Arbitragem Empresarial, caso em que a sequencia dos trabalhos deverão ser instituída de

acordo com tais regras.

Os órgãos arbitrais institucionais e demais entidades especializadas, são extremamente

relevantes para o exercício pleno e da disseminação da Justiça Privada em nossa sociedade.

Page 33: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

33

Elas oferecem assistência jurídica, suporte técnico e assessoria aos usuários, desde o início

dos trabalhos até a etapa final.

Mantém em seus painéis ou cooptam profissionais dos mais variados segmentos da

atividade profissional para exercerem temporariamente a função de árbitros, mediadores,

conciliadores, peritos, etc. Esses órgãos possuem regulamento próprio e oferecem condições

administrativas e de pessoal para o desenvolvimento bem estruturado dos meios extrajudiciais

de solução amigável de discussões contratuais.

Sustenta Câmara (2002) que a cláusula compromissória é em verdade um contrato

preliminar, sendo assim, como qualquer outro contrato preliminar, gera uma obrigação de

fazer para os contratantes, a obrigação de celebrar o contrato definitivo, que no caso é o

compromisso arbitral.

Esta natureza de contrato preliminar da cláusula compromissória leva à conclusão

estatuída no artigo 8° da L.A., segundo a qual a cláusula é independente do contrato, e a

nulidade do contrato não implica na nulidade da cláusula, cabendo ao árbitro decidir sobre a

existência e validade tanto da convenção de Arbitragem quanto do contrato que contém tal

cláusula.

O que se acreditava no passado, sobre o direito a perdas e danos quando uma das

partes se nega a obedecer a uma obrigação contratual, contraria a moderna tendência

processual.

Assim é que existe nos dias de hoje um meio de se fazer valer em juízo o direito à

Arbitragem Empresarial, garantido pela existência de cláusula compromissória no contrato e

havendo recusa da parte que se sinta ameaçada a celebrar o acordo assinado.

Este direito será exercido através da utilização do procedimento previsto no artigo 7º,

que prevê a demanda de substituição de declaração de vontade.

É desta maneira que se pode ser proposta a ação de substituição de vontade, devendo o

autor requerer que o réu seja citado para comparecer a uma audiência, a fim de que se lavre

em juízo o compromisso arbitral.

Na petição inicial deverá o autor indicar o objeto da Arbitragem, instruindo ainda na

própria petição onde consta a cláusula compromissória.

Na audiência, a ausência do autor terá como consequência a extinção do processo sem

resolução do mérito, enquanto a ausência do réu implica em revelia. Nesta hipótese, o juiz

deve, após ouvir o autor, proferir a sentença, indicando árbitro único para solucionar o litígio.

Estando presentes as partes, o juiz deverá tentar a Conciliação das mesmas acerca do

litígio. Logrando êxito na Conciliação, o juiz irá homologá-la por sentença, a qual tem a

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34

eficácia de título executivo judicial. Do contrário, não sendo alcançada a Conciliação acerca

da discussão, deverá o juiz incentivar as partes a firmarem de comum acordo, o compromisso

arbitral. Se também neste estágio não houver entendimento, deverá o magistrado, após ouvir o

réu, proferir a sentença na própria audiência, ou num prazo de 10 dias.

Essa sentença, que substitui a declaração de vontade daquele que se negou a celebrar o

compromisso arbitral, produzirá os mesmos efeitos do compromisso arbitral, devendo por isso

conter o(s) nome(s) do(s) árbitro(s), escolhido(s) pelo juiz – salvo na hipótese de a cláusula

compromissória já indicar quem deva ser escolhido.

Ainda sobre a cláusula compromissória, é preciso reconhecer a distinção entre a

cláusula compromissória vazia e a cláusula compromissória cheia.

Chama-se de vazia quando a cláusula sentir falta de elementos necessários à

instituição da Arbitragem, como por exemplo, o endereço da Câmara Arbitral que será

responsável pelos trabalhos, e quando esta cláusula contiver tais elementos é classificada

como cheia, e tudo o que nela for estipulado será seriamente observada pelo juiz.

2.6...Compromisso arbitral

Trata-se de um documento em que as partes concordam submeter um eventual litígio à

Arbitragem Empresarial, por meio de uma ou mais pessoas, neutras, imparciais e aptas a

decidir o impasse.

O compromisso tem como pressuposto uma controvérsia já surgida entre as partes, ao

contrário da cláusula compromissória que é celebrada previamente, antes de surgir a lide,

esclarece Câmara ( 2002 ).

O compromisso arbitral tem cláusulas obrigatórias, que são enumeradas no artigo 10

da Lei Marco Maciel, e que não podem deixar de ser mencionado, sob pena de se ter o ato

como nulo por vício de forma.

As cláusulas facultativas são enumeradas no artigo 11°, que serão incluídas no

compromisso se as partes assim o desejarem.

O compromisso arbitral deve constar, obrigatoriamente:

A qualificação das partes;

A indicação do árbitro e sua respectiva qualificação, ou a identificação da entidade

que as partes delegam a indicação do árbitro;

A matéria que será objeto da Arbitragem, delimitando o conflito;

Page 35: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

35

O lugar onde será proferia a decisão do(s) árbitro(s).

Facultativamente, pode o compromisso conter:

O(s) local(is) onde se desenvolverá(ão) o procedimento arbitral;

A autorização para que a Arbitragem se faça por Equidade, evitando-se assim a

Arbitragem de Direito;

O prazo para apresentação da decisão do árbitro;

A indicação da Lei Nacional ou das regras corporativas que as partes desejam ver

aplicadas;

A declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários, assim como das

despesas;

A fixação dos honorários do(s) árbitro(s), conforme o artigo 11, incisos I ao VI.

Inexistindo no compromisso arbitral a fixação dos honorários, tal ato será feito em

juízo, através da propositura, pelo árbitro, de “ação de cobrança”, a qual deverá seguir o

procedimento sumário, nos termos do artigo 275, II, f do Código do Processo Civil, consoante

ao artigo 11, parágrafo único, da L.A., publicou Câmara (2.006).

Dispõe o artigo 12° acerca das causas de extinção da relação jurídica que se origina do

compromisso arbitral.

São eventos alheios à vontade das partes, como o falecimento, a escusa do(s) árbitro(s)

antes de aceitar a nomeação e tendo as partes afirmado expressamente que não seria aceito

substituto, ou qualquer outra coisa que impossibilite o(s) árbitro(s) de proferir o(s) seu(s)

voto(s).

Também é extinto o compromisso arbitral no caso de se expirar o prazo fixado pelas

partes para apresentação da decisão do(s) árbitro(s), desde que a parte interessada tenha

notificado o árbitro ou o presidente do colegiado, concedendo-lhe um prazo adicional de 10

dias para prolação e apresentação da decisão final.

“O processo judicial, ao contrário do arbitral, sabe-se quando começa, mas não quando

termina” (ALVIM, 2008, p. 102).

O texto da Lei prevê a determinação exata do objeto do compromisso também na

cláusula compromissória.

A identificação do objeto no compromisso arbitral permite ao(s) árbitro(s) verificar o

grau de precisão do seu julgamento.

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36

2.7...Princípios gerais do Direito, usos e costumes e regras internacionais

Os princípios gerais de Direito servem para resolver questões que se ressentem de

lacunas legais, e são previstos no Direito Brasileiro, no artigo 4° da Lei de Introdução ao

Código Civil, que tem a seguinte dicção: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de

acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito”.

Esses princípios gerais são normas elementares a serem observadas para toda e

qualquer ação judicial.

Conceitua Cachapuz (2000, p. 107): “O costume é historicamente a mais antiga fonte

de Direito.”

Os povos primitivos, por sua condição de povos ágrafos, não poderiam conhecer outra

fonte de objetividade que não a jurisprudência oral, mantida e conservada pela tradição. Sua

particularidade essencial está na repetição reiterada de uma dada conduta, pelos membros de

uma comunidade.

O costume, no sentido jurídico, é precisamente a regra da vida social que, por sua

observância geral, constante e uniforme, passa a ser considerada obrigatória pela opinião

comum. Assim se formou o Direito Consuetudinário – ou não escrito – que é bem anterior ao

Direito traduzido em lei pelo poder público, o chamado Direito Escrito.

O nosso Código Comercial considera os usos do comércio como Direito aplicável aos

fatos não regulados na lei comercial, conhecidos como casos omissos.

Ao lado do costume judicial, pode-se formar o costume extrajudicial.

Percebe-se essa tendência no comércio, no qual cada modalidade tem seus hábitos e

normas de conduta específica, praticada por muitas gerações, como por exemplo, a

inexistência de contratos na venda de diamantes.

2.8...Árbitros: conceitos, escolha e número

Aponta Caetano (2006), que um dos elementos característicos da Arbitragem

Empresarial é que os árbitros possuam caráter de agente particular, jamais o de agente estatal.

Mesmo que funcionários públicos venham a ser nomeados como árbitro(s), eles não perderão

a investidura privada no exercício das atividades, e a aplicação desta regra se estende para

todos os cidadãos civilmente capazes.

Segundo Câmara (2002), dentro do processo arbitral, não há dúvidas de que o árbitro é

o sujeito mais importante, o principal agente indutor.

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37

Trata-se de um estranho ao conflito, mas que as partes depositam nele sua total

confiança, sendo ele responsável por fazer justiça ao caso concreto que lhe é submetido.

“A fim de eliminar dúvidas sobre a neutralidade do árbitro, é conveniente exigir do

árbitro nomeado uma declaração por escrito com relação à sua imparcialidade e

independência.” (CACHAPUZ, 2000, p.119).

A L.A. trata dos árbitros em seis artigos, do artigo 13 ao artigo 18.

A figura do árbitro pode ser definida como toda pessoa natural civilmente capaz, eleita

por duas ou mais pessoas para solucionar um conflito surgido entre elas, proferindo sentença

para resolver pendências extrajudiciais que envolvam direitos disponíveis.

Porém, há situações em que a escolha do árbitro é feita pelo juiz, como já visto na

sentença substitutiva do compromisso arbitral, que trata o artigo 7°.

Não exige a Lei em comento que o árbitro seja bacharel em Direito ou advogado, nem

mesmo para a Arbitragem de Direito. Assim o legislador permitiu que profissionais de outras

áreas do conhecimento – sobretudo a Administração - possam ser eleitos árbitros quando

surgirem conflitos que exijam uma fundamentação teórica específica.

“Também não se exige que o árbitro seja cidadão brasileiro” (CÂMARA, 2002, p.45).

Apesar do silêncio da L.A., fica subentendido que se o árbitro for estrangeiro, ele deve

gozar de pleno domínio do Português Sul-Americano, pois terá que apresentar por escrito a

sua decisão, além de ter a sua capacidade aferida segundo a lei do país onde ele está

domiciliado.

É requisito para o árbitro, de acordo com o artigo 13, § 6°, agir com total isenção,

aplicação, independência, competência e discrição, não se esquecendo de que o processo

arbitral transcorre em absoluto segredo, sem publicidade do caso.

A legislação não é refratária à possibilidade de se nomear como árbitro uma pessoa

jurídica para gerenciar os trabalhos. Nomeada, esta pessoa jurídica põe à disposição dos

interessados um corpo de árbitros e uma série de normas para regulamentar o procedimento a

ser usado no desenvolvimento do processo arbitral.

A vantagem que advém desta nomeação é que os interessados poderão contar com

árbitros experientes, capazes de dar à desavença contratual uma decisão resultante do

conhecimento acadêmico e profissional, produzindo bons resultados na busca pela pacificação

social.

Tais entidades podem ser de qualquer natureza, não impedindo que sindicatos,

entidades de classe ou associação de moradores, formem comissões de Arbitragem, com

pessoas escolhidas que gozem de total confiança de seus membros, segundo Câmara (2002).

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38

No cotidiano, as pessoas jurídicas mais indicadas para arbitrar infrações contratuais

são as Câmaras Arbitrais, que estão espalhadas por todo o território nacional e que não tem

fins lucrativos, e são organizadas pelo CONIMA.

Tendo definido o papel do árbitro, verificaremos então a figura do arbitrador.

Escreve Kroetz (1997) que o arbitrador é um terceiro estranho à relação jurídica,

chamado pelas partes com o propósito de determinar um elemento não definido pelas partes,

v.g. o preço de um bem tangível num contrato de compra e venda.

As Bolsas de Mercadorias, que se trata de órgãos corporativos que negociam produtos

agrícolas em especial, possuem em seus quadros vários arbitradores, e estes procedem ao

arbitramento de mercadorias negociadas quanto à qualidade, sujidade, grau de umidade, etc., e

expedem laudos arbitrais que servem de base para os preços praticados nas Bolsas de

Mercadorias.

Aquele indivíduo que não se submeter ao resultado do arbitramento realizado será

penalizado com a sua expulsão dos quadros da associação e cairá em descrédito junto a seus

pares, o que comprometerá a continuidade de suas atividades.

Cabe às partes a escolha de um ou mais árbitros, onde tradicionalmente o número de

árbitros nomeados seja ímpar, embora haja sistemas que admitem número par.

Na visão de Câmara (2002), as partes podem ainda nomear suplentes para os árbitros

escolhidos, devendo os suplentes substituir os árbitros em caso de recusa ou algum outro tipo

de impedimento dos mesmos.

Diz o parágrafo 2° do artigo 13 que, caso seja escolhido um número par de árbitros,

estes poderão nomear mais um, que com eles comporá o colegiado, perfazendo-se um número

impar de membros.

“O Juízo Arbitral pode ser integrado por um único ou vários árbitros, à semelhança do

que ocorre com o Juízo Judicial, que pode ter um só juiz ou vários juízes. Na Arbitragem,

sendo vários os árbitros, devem ser nomeados em número ímpar, evitando empate na votação”

(ALVIM, 2008, p. 110).

Adota-se para a Arbitragem sistema idêntico ao adotado para os julgamentos

proferidos pelo judiciário, onde as decisões são sempre tomadas por um número ímpar de

magistrados

A preocupação manifestada no sistema com o número necessariamente ímpar de árbitros é tão grande que a parte final do § 2° do artigo 13 da Lei de Arbitragem determina que, em não havendo acordo quanto ao árbitro a ser escolhido pelos nomeados em número par pelas partes, poderá qualquer destas ir à juízo pleitear a escolha do novo árbitro por sentença, aplicando-se no que couber o disposto no

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artigo 7° da Lei, que regula o procedimento para a “ação de substituição de compromisso arbitral” (CÂMARA, 2.002, p. 50).

Entretanto, um número impar de árbitros não afasta totalmente a possibilidade de

empate. Basta pensar na hipótese em que um colegiado de três árbitros tenha três alternativas

distintas para solucionar um determinado litígio, por exemplo.

Não há previsão na Lei 9.307/96 para um método de desempate, porém, nada impede

que as partes estabeleçam os critérios para solucionar este possível impasse no próprio

compromisso, como por exemplo, fazer prevalecer o voto do árbitro mais idoso.

Porém, quando as partes optarem pela adoção das regras de um órgão arbitral, as

regras deste órgão é que serão adotadas também no diz respeito a essa composição do

colegiado.

Embora o artigo 13, § 4° empregue a denominação “Tribunal Arbitral”, é mais usual

aplicar a denominação “Colégio Arbitral”, para se evitar desgastes desnecessários junto aos

setores mais conservadores do poder judiciário.

O árbitro, ou o presidente do colégio arbitral pode escolher um secretário com funções

análogas às do escrivão no processo jurisdicional.

“Não se há de confundir o número de árbitros com as pessoas por eles convocadas

para auxiliá-los na consecução dos trabalhos” (CACHAPUZ, 2000, p.122 ).

Esses terceiros poderão ser pessoas contratadas para secretariar a Arbitragem, prestar

alguma forma de assessoramento, realizar perícias, colher amostras, executar cálculos, etc.

O número de pessoas que vai colaborar para a realização do procedimento arbitral é

indeterminado e poderá ser par ou ímpar, dependendo da complexidade do caso concreto.

Para tanto, o(s) árbitro(s) poderá(ão) determinar às partes o adiantamento de verbas

necessárias para honrar as despesas e diligências que se fizerem necessárias, em consonância

com o artigo 13, parágrafo 7°.

2.9...Árbitros: imparcialidade e substituição

Existem algumas situações que podem restringir o papel dos indivíduos nomeados a

atuarem como árbitros.

Nos termos do artigo 14 da Lei objeto deste estudo, estão impedidos de atuar como

árbitros pessoas que tenham alguma relação com as partes ou com o litígio.

Para Câmara ( 2002 ), o árbitro está impedido de atuar quando:

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Tiver intervindo no processo arbitral como mandatário da parte;

Ter sido oficiado como perito ou atuado como testemunha;

For cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o segundo

grau do advogado de qualquer uma das partes atuantes;

For cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro

grau de qualquer uma das partes;

Ser órgão de administração de pessoa jurídica que seja parte na causa.

Por outro lado, é considerado suspeito o árbitro quando:

For amigo ou inimigo de qualquer uma das partes;

Quando alguma das partes for credora ou devedora do árbitro, de seu cônjuge ou parentes,

em linha reta ou colateral até o terceiro grau;

For provável herdeiro, donatário ou empregado de alguma das partes;

Receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo arbitral, aconselhar alguma das

partes acerca do objeto do litígio ou subministrar meios para atender às despesas da

Arbitragem;

Ser interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes;

Ser declarado suspeito por motivo de foro íntimo.

Nos dois enquadramentos acima, tanto o árbitro impedido como o suspeito têm a sua

imparcialidade substancialmente comprometida, e isso macula a lisura de sua atuação na

solução definitiva da contenda.

Ensinou Barletta ( 2006 ) que a suspeição é um vício sanável, nada impedindo que as

partes escolham um árbitro que possa enquadrar-se em alguma das hipóteses acima, tal como

se o mesmo for um amigo confiável de ambas as partes.

A lei afirma ainda que cabe ao árbitro o dever de revelar, antes da aceitação da função

para qual ele fora escolhido, qualquer fato que afete a sua imparcialidade ou a sua total

independência, repetindo a regra existente para os juízes, que são ordenados a se abster de

atuar em processos onde exista algo que o torne impedido ou suspeito.

Conforme Alvim (2008, p. 117), “a maior garantia de qualquer julgamento, em sede

judicial ou arbitral, é a independência e imparcialidade do julgador, seja ele juiz (órgão do

Estado) ou árbitro (particular escolhido pelas partes)”.

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O artigo 15 prevê que a parte que deseja arguir a recusa do árbitro escolhido por

impedimento ou suspeição, fica obrigada a apresentar a sua exceção diretamente ao árbitro ou

ao presidente do colegiado, narrando suas razões e apresentando as provas que entender

pertinentes, na primeira oportunidade que tiver para se manifestar, sob pena de preclusão.

Oferecida a exceção de impedimento ou de suspeição, esta será devidamente apreciada

pelo árbitro / colegiado, e uma vez acolhida, o referido árbitro será afastado, nomeando-se um

substituto na forma prevista no artigo 16 da Lei de Arbitragem, enfatiza Câmara ( 2002 ).

Em caso negativo, quanto a acolhida da arguição de impedimento ou suspeição, a

Arbitragem prosseguirá normalmente, podendo a decisão que rejeitou a exceção vir a ser

apreciada mais tarde, em futura demanda de nulidade da decisão proferida no processo

arbitral, reza o artigo 20, § 2º.

Para muitos estudiosos e especialistas, neste caso seria mais aconselhável que o

processo arbitral fosse suspenso e desaguado no judiciário.

Lecionou Barletta ( 2006 ) que “da nomeação do árbitro, deve ser distinguida além da

possibilidade da sua substituição, poderá haver também a sua revogação ou destituição”.

A revogação do árbitro efetua-se pela vontade comum de ambas as partes, e esta

ocorrência pode surgir a qualquer tempo durante o procedimento arbitral. Já a destituição do

árbitro ocorre a requerimento somente de uma das partes, por justa causa.

Em casos de falecimento, revogação, destituição, recusa ou impedimento do árbitro de

cumprir sua função, se caracteriza o momento adequado para a substituição do mesmo.

2.10...Conciliação e provas

A Conciliação é o acordo obtido com auxílio de um terceiro, que atua como um

conciliador ao propor o entendimento entre as partes, considerando os argumentos de uma e

de outra respectivamente, destaca Cachapuz (2000).

A Conciliação faz o autor alcançar o objetivo da propositura da ação, evitando-se o

transcorrer do processo com a produção de provas, desgaste de tempo, desembolso financeiro,

antecipando sobremaneira o objetivo da ação.

Segundo Franco apud Carmona (2007, p.121), “a boa fé, por sua vez, é imprescindível

para a necessária cooperação: sem aquela, esta se torna inviável. Para tanto, é exigida a

presença de um mínimo de ética”.

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Foi inserido no § 4 do artigo 21 da L.A. a determinação ao árbitro ou ao colegiado de,

no início do procedimento tentar a Conciliação das partes mesmo antes que se instaure a

primeira fase do procedimento arbitral, que é a apresentação dos requerimentos iniciais. A

tentativa de Conciliação é obrigatória, pois soube o legislador que a melhor forma de se

solucionar impasses é a autocomposição.

A função de administrar conflitos faz parte da estrutura curricular dos cursos de

graduação em Administração de várias universidades do país, como por exemplo, a FAAP.

“Entende-se que a capacidade de administrar conflitos é, sem dúvida, uma das mais

importantes habilidades interpessoais necessárias para um Administrador” (FRANCO apud

CARMONA, 2007, p. 119).

De acordo com Cachapuz (2000), atingindo o acordo pacificamente, seus termos serão

registrados em sentença homologatória, a qual conterá os requisitos mencionados no artigo 26

da Lei, tratando-se de decisão irrecorrível, verbis o artigo 18.

Não obtida a composição amigável em audiência preliminar, o árbitro ou o colegiado

dará seguimento ao processo, de acordo com o rito previamente estabelecido.

Seja qual for o rito arbitral definido, o(s) árbitro(s), deverá(ão):

Tomar o depoimento pessoal das partes;

Ouvir testemunhas;

Determinar ou rejeitar a realização de perícias;

Decidir a respeito de documentos e provas, visando a instrução da Arbitragem.

No Direito Brasileiro, inexistindo prazo para que a parte faça o requerimento do depoimento pessoal da parte contrária ou arrole testemunhas, haverá necessidade de o árbitro ou o tribunal arbitral, na fase oportuna, outorgar tal oportunidade para que as partes tomem providências; ficando assim patenteado nos autos o interesse da parte na produção de provas (CACHAPUZ, 2000, p. 136).

É facultado ao árbitro colher o depoimento pessoal das partes ou, sendo o caso, de seu

representante legal, reduzindo o depoimento a termo. Tal atitude poderá ser requerida pelas

próprias partes ou ser determinada de ofício, ato oficial que se realiza sem provocação das

partes.

Com o consentimento da colheita do depoimento pessoal, será designado um dia, com

local e hora para tanto, fazendo-se a devida comunicação para o comparecimento dos

convocados. Em caso de desatendimento sem justa causa da convocação para prestar

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depoimento pessoal, o árbitro levará em consideração, ao proferir a laudo arbitral, o

comportamento da parte faltosa.

Quando a natureza do fato permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição do

perito pelo árbitro, das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado, escreveu

Cachapuz (2000).

Sendo requerida a prova pericial, o árbitro irá nomear o perito, fixando de imediato o

prazo para a entrega do laudo. O perito cumprirá o ofício, no prazo estipulado na convenção

ou fixado pelo(s) árbitro(s), levando em conta a complexidade da prova pericial a ser

realizada. Acrescenta-se que o perito poderá escusar-se do encargo, alegando motivo legítimo.

Se por dolo ou culpa, o perito prestar informações inverídicas, ele responderá pelos

prejuízos que causar à parte, ficando inabilitado por 2 anos a funcionar em outras perícias e

incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.

Caberá à parte oferecer exceção de impedimento e de suspeição do perito. Se o árbitro

ou o colegiado aceitar a escusa do perito ou julgar procedente a impugnação oferecida pelas

partes, será nomeado um novo perito.

Entende a doutrina que as partes poderão indicar assistente técnico para auxiliar o

perito, não cabendo a alegação de impedimento ou suspeição deste assistente, pois ele goza de

ampla confiança das partes que o indicou.

Faculta-se nos termos do artigo 437 do Código de Processo Civil que o juiz poderá

determinar, de ofício ou a requerimento, a realização de nova perícia, quando a matéria não

parecer suficientemente esclarecida, sendo prerrogativa única de o árbitro avaliar tal

necessidade, sustenta Cachapuz (2000).

A segunda perícia destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados

apresentados na perícia anterior.

2.11...Árbitros: responsabilidade civil e penal

Entende Câmara ( 2002 ) que o artigo 17 dispõe que o árbitro, no exercício de suas

funções, fica equiparado ao funcionário público para os fins da legislação penal.

Isto significa que o árbitro pode cometer aqueles crimes típicos de funcionários

públicos, como a corrupção passiva, e, além disso, a norma referida tem outro alcance:

permitir que o árbitro seja vítima de delitos que só podem ser cometidos contra o

funcionalismo público, como a corrupção ativa ou crime contra a honra qualificado.

Page 44: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

44

Mais importante do que os aspectos penais previstos na L.A. é a questão da

responsabilidade civil do árbitro, tema em que o corpo da lei não se manifesta.

A questão da responsabilidade civil dos árbitros é delicada, tal qual a responsabilidade

civil dos juízes no exercício de suas atividades públicas.

O que ocorre é que a responsabilidade dos juízes foi regulada pela lei processual no

artigo 133 do Código de Processo Civil, enquanto a responsabilidade dos árbitros foi omitida

do Direito Objetivo Brasileiro.

Explica Câmara (2002, p.60) “Uma das formas de se tentar buscar uma solução para o

problema é procurar subsídios no Direito Comparado”.

Para isso, tomemos como referência os sistemas adotados na Itália, Espanha e na

Argentina.

A doutrina italiana reconhece três hipóteses em que surge a responsabilidade civil do

árbitro: quando o árbitro deixa de apresentar sua decisão dentro do prazo fixado; quando o

árbitro renuncia a sua função após aceitar o encargo sem um justo motivo, e quando a decisão

do árbitro for proferida com dolo.

A doutrina espanhola diz que a responsabilidade civil do árbitro nasce toda vez que,

no desempenho de suas funções, vier a causar danos ou prejuízos por ter atuado com dolo ou

culpa. Se o caso envolver um colegiado de árbitros, a responsabilidade civil será de todos,

salvo se um dos árbitros tiver feito constar seu voto vencido expressamente.

A doutrina argentina afirma que os árbitros não são obrigados a aceitar o encargo que

lhe és confiado, mas, aceitando a nomeação, eles tornam-se sujeitos as penalidades.

Ficou evidente nestas abordagens, que a legislação da Itália, Espanha e Argentina

tiveram preocupação de editar normas acerca desta questão extremamente delicada: a

responsabilidade civil dos árbitros.

O nosso legislador lamentavelmente deixou essa questão em aberto, não elaborando

uma norma sequer a respeito, tornando alvo de muitas críticas pelos usuários e profissionais

da Arbitragem, aponta Câmara (2002).

Resta então estabelecer que a regra a ser aplicada, é a do artigo 927 do “novo” Código

Civil, segundo a qual menciona: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou

imprudência violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”. A

responsabilidade civil do árbitro é responsabilidade subjetiva, exigindo-se assim, a

demonstração de sua culpa para que se tenha reconhecida também a sua responsabilidade.

Segundo as advertências de Barletta (2006), será responsável civilmente o árbitro

quando:

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45

Não apresentar a sua decisão no prazo fixado pelas partes no compromisso arbitral sem

motivo justificável para o atraso;

Após aceitar a nomeação, renunciar ao encargo sem motivo justo;

Agir de forma dolosa ou fraudulenta quando proferir sua decisão, trazendo prejuízo

indevido a qualquer uma das partes.

Não é possível estender demais a responsabilidade civil dos árbitros, sob pena de se

inviabilizar o instituto arbitral. As faltas mínimas ou leves são toleradas, não ensejando

responsabilidade, devendo-se optar pela irresponsabilidade em caso de dúvidas.

Enfim, deve-se entender civilmente responsável o árbitro quando este cometer falta

muito grave, causando dano indevido a uma das partes ou a ambas, sugere Câmara (2002).

Caberá ao judiciário determinar se houve ou não responsabilidade civil do árbitro,

devendo o juiz responsável pelo julgamento da demanda indenizatória afirmar se houve ou

não falta grave ao ponto de gerar responsabilidade.

2.12...O árbitro como juiz de fato e de Direito

Segundo a norma contida no artigo 18, o árbitro é juiz de fato e de direito, e a decisão

que for proferida por ele tem a mesma força de uma sentença judicial.

Conforme Machado apud Câmara (2002, p.66 ):

O árbitro é reputado pela Lei como juiz de fato, porque detém poder para investigar a controvérsia, e juiz de direito porquanto esteja investido do poder de qualificar juridicamente os fatos (...) com vistas ao proferimento de uma decisão que reconheça o Direito Subjetivo invocado pelas partes.

A equiparação dos árbitros aos juízes também é frequente na doutrina estrangeira,

onde são referidos como “juízes privados” ou “juízes nomeados” pelas partes.

No mesmo artigo, é feita uma abordagem sobre a decisão proferida pelo árbitro,

chamando-a de sentença arbitral, que não mais necessita de homologação e não fica sujeita a

recurso, diferente do “antigo” laudo arbitral, que se sujeitava a homologação do judiciário

para fazer valer a sua eficácia e produzir seus efeitos. Os usuários do instituto da Arbitragem

Empresarial mantiveram o uso da expressão laudo ao invés da expressão sentença, justamente

para não gerar confusões em relação às decisões oriundas do poder judiciário.

Embora a expressão seja antiga, a eficácia é nova: o laudo arbitral agora tem a mesma

autonomia de uma sentença judicial, só há uma pequena diferença: o laudo arbitral não está

sujeito a recursos.

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46

Conceitua Câmara (2002) que nada impede que as partes estabeleçam na convenção de

Arbitragem que a decisão do árbitro seja passível de recurso para outro árbitro - que

funcionaria como um árbitro revisor - ou mesmo para um colégio arbitral.

2.13...Procedimento arbitral: noções preliminares

Os artigos 19 e 20 regulam o procedimento arbitral.

Um procedimento é uma sequencia ordenada de atos, todos encadeados logicamente,

em que cada um deles é consequência do anterior e causa do posterior, de acordo com Câmara

(2002).

A Arbitragem manifesta-se como um procedimento realizado em contraditório, motivo

pelo qual se pode falar em processo arbitral, e a regra em geral é que as próprias partes

estabeleçam na convenção o procedimento a ser seguido.

Escreve Câmara (2002) que a L.A., no seu artigo 19, que trata da formação do

processo arbitral, declara que se considera instituída a Arbitragem quando aceita a nomeação

pelo árbitro, se for único, ou por todos se forem vários, evidentemente no momento que o

último aceita o encargo. Diferente de outros países, no Brasil, a aceitação é um ato voluntário,

pois o árbitro ficará sujeito à responsabilidade civil, conforme já examinado em linhas

anteriores.

Iniciado o processo arbitral, pode o árbitro ou o colegiado elaborar em conjunto com

as partes um adendo à convenção de Arbitragem, a ser firmado por todos, e que passará a

integrar a referida convenção, entendendo haver necessidade que as partes explicitem alguma

questão referida na cláusula compromissória ou no compromisso arbitral.

“Quis a Lei, com isto, tornar claro e preciso o objeto da Arbitragem, evitando-se assim

que o árbitro decida questão que não tenha sido submetida pelos litigantes” (CÂMARA, 2002,

p.74).

A L.A. determina que, caso o próprio árbitro ou o colegiado decida sobre a sua

incompetência, que as partes sejam remetidas ao Poder Judiciário, inexistindo qualquer

recurso contra tal decisão. Frisa-se que não há o encaminhamento dos autos a Justiça Pública,

mas de simples extinção do Juízo Arbitral sem julgamento do mérito. A parte interessada é

que, se assim entender, deverá provocar a jurisdição estatal, conforme o artigo 20 parágrafo

primeiro.

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47

2.14...Questões preliminares

No artigo 20°, trata o texto da possibilidade de arguição de questões relativas à

competência, suspeição ou impedimento do(s) árbitro(s), bem como da invalidade ou

ineficácia da convenção de Arbitragem.

“Do árbitro se exige as mesmas qualidades que se exigem do juiz, sobretudo a

imparcialidade e a independência” (ALVIM, 2008, p. 131)

Tais questões devem ser suscitadas na primeira oportunidade em que couber à parte se

manifestar no procedimento arbitral, sob pena de preclusão.

Quanto à invalidade ou ineficácia da convenção de Arbitragem, por exemplo, será nula

a convenção se uma das partes for absolutamente incapaz, e anulável se uma das partes for

relativamente incapaz. Ainda poderá ser nula a convenção quando faltar requisitos essenciais

previstos no artigo 10.

Vale lembrar que cabe ao próprio árbitro decidir sobre a invalidade ou ineficácia da

convenção arbitral, por mais paradoxal que seja, já que uma convenção ineficaz ou inválida

não poderia ter instruído a Arbitragem Empresarial.

Para Câmara (2002), apesar disso, deve o árbitro examinar tal questão, para que se

possa saber se o processo arbitral foi instaurado legitimamente.

No campo do processo jurisdicional, é valido citar a competência que tem o juízo para

reconhecer sua própria incompetência. Declarada a incompetência pelo juízo, são nulos todos

os atos decisórios proferidos menos um: a decisão que declarou a incompetência, uma vez que

para tal declaração o juízo era competente, princípio Kompetenz-Kompetenz, registrou

Câmara (2002).

Na Arbitragem ocorrem situações análogas à descrita acima.

Sendo inválida ou ineficaz a convenção de Arbitragem, será ilegítima a instauração do

procedimento arbitral, não sendo lícito ao árbitro decidir o conflito que lhe é submetido.

De acordo com Pitombo apud carmona (2007, p. 328 ) “ felizmente a Lei 9.307/96, a

exemplo dos países em que a Arbitragem é um instituto consolidado e desenvolvido, adotou

de forma irrestrita o princípio Kompetenz-Kompetenz, ou seja, ouve por bem atribuir aos

árbitros a apreciação de sua competência “. Nos termos do parágrafo 1 do artigo 20, sendo

reconhecido o vício, deverão as partes ser enviadas para a via jurisdicional, onde poderão

alcançar a satisfação de suas pretensões e interesses.

Não sendo acolhida qualquer das arguições suscitadas nos termos do artigo 20, deverá

o procedimento arbitral prosseguir normalmente, até o julgamento final, podendo trazer

Page 48: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

48

novamente tais matérias à discussão em caso de demanda de nulidade da decisão proferida

pelo árbitro, regulada no artigo 33.

A “nova” Lei de Arbitragem se mostra afinada com a moderna tendência do direito

processual, a deformalização.

Enfatiza Câmara (2002) que esta tendência se divide em dois planos: a deformalização

dos processos e das controvérsias.

Na deformalização dos processos têm-se a utilização da técnica processual em busca

de um processo simplificado, célere, econômico, de fácil acesso e apto a pacificar conflitos

contratuais.

Já na deformalização de controvérsias, busca-se um meio privado de solução de

conflitos. Os procedimentos, regulados pelas partes ou pelos árbitros, devem contemplar

rigorosamente os princípios do contraditório, da isonomia, da imparcialidade do árbitro e de

seu livre convencimento, sempre.

O princípio do contraditório é a garantia de que as partes tomarão conhecimento de

todos os atos e termos do processo, podendo manifestar-se sobre os mesmos.

Assegura-se com esta definição a participação efetiva dos interessados na formação do

provimento que irá solucionar o conflito, e essa participação se dará pela assunção de

posições jurídicas ativas e passivas ao longo do procedimento, podendo as partes praticar atos

de defesa de seus interesses e se sujeitar à eficácia dos atos praticados pelo adversário,

apontou Câmara (2002).

O princípio do contraditório tem como pressuposto o direito à prova, ou seja, durante

os procedimentos deve existir um momento adequado para a produção de provas para

demonstrar a veracidade das alegações.

O segundo princípio a ser observado, nos termos do artigo 21 § 2°, é o da isonomia, já

que há de se assegurar no processo arbitral a “paridade de armas”.

Segundo destaca Nery Junior apud Câmara (2002, p.83) “dar tratamento isonômico às

partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de

suas necessidades”.

Deste modo, evita-se que a parte mais forte, qualquer que seja a origem desta

supremacia, obtenha êxito pelo fato de seu poder ou influência.

Sobre o princípio do livre convencimento, ou persuasão racional, trata-se de um

preceito ligado à valoração das provas produzidas no processo arbitral.

A valoração da prova se dá livremente, devendo aquele que a avalia formar sua

convicção com base no material produzido, ponderando sobre a sua força probatória.

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49

De acordo com Alvim (2008, p.136), “o princípio do livre convencimento assegura

aos árbitros valorar a prova segundo a sua livre convicção, sem qualquer imposição legal, só

encontrando limites na vontade das partes expressa no compromisso”.

Sendo assim, na formação de sua convicção, ficará o árbitro preso às provas colhidas e

constantes nos autos, não permitindo valer-se de elementos probatórios alheios. Este princípio

da persuasão racional exige a fundamentação da decisão, pois as partes só terão certeza de que

a convicção do “julgador” foi fundamentada com base nas provas produzidas.

Sobre as provas, admitem-se num processo arbitral todos os meios de prova

moralmente legítimos, como: depoimentos pessoal das partes, prova testemunhal e prova

pericial, mencionadas no artigo 22.

É de se notar que o sistema de persuasão racional deve ser empregado mesmo nas

arbitragens de Equidade. Nestas, embora o árbitro possa decidir sem se prender aos limites da

legalidade, não se pode admitir uma decisão que considere verdadeiros fatos não provados.

A presença do advogado no processo arbitral é facultativa, e esse fato permitirá que

alguns processos arbitrais se desenvolvam sem a presença deste profissional, o que não

acontece num processo jurisdicional, já que o artigo 133 da Constituição Federal informa que

a presença do advogado é indispensável à administração da justiça.

Consoante as palavras de Barletta (2006), o receio destes profissionais de perder

mercado de trabalho é infundado, pelo fato de inexistir – como regra geral – recurso contra a

decisão.

Assim sendo, é primordial a adequada defesa dos interesses em conflito, fazendo com

que a presença dos advogados se faça mais do que necessária, podendo tal presença ou

ausência ser um fator capaz de separar o êxito do fracasso no processo arbitral, de foro 1

extrajudicial.

Quanto aos administradores, eles são escolhidos frequentemente para atuarem como

árbitros ou mediadores na Arbitragem de Equidade, e outras vezes nas arbitragens de Direito,

como já acontece nas desavenças onde são necessárias a presença de peritos para prestar

consultoria aos “julgadores” que não tem o conhecimento profundo sobre gestão financeira,

apuração do valor patrimonial, fusão de empresas, rotinas no campo da Logística e Comércio

Exterior, etc.

Sobre a prestação de depoimentos, as partes e as testemunhas deverão ser comunicadas

previamente por escrito, sendo informados do local, dia e hora, mas a L.A não especifica de

que forma será feito tal contato, limitando apenas a falar em forma escrita.

1 O vocábulo foro, em boa técnica, significa território.

Page 50: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

50

As partes podem estabelecer na convenção de Arbitragem os meios de comunicação

dos atos processuais, podendo admitir-se a via postal com aviso de recebimento, comunicação

pessoal, fax ou e-mail, contou Barletta (2006).

O depoimento das partes e das testemunhas será reduzido a termo escrito, devendo ser

assinado pelo depoente e também pelo(s) árbitro(s).

Outro ponto importante, regulado no artigo 22, é a ausência da parte ou da testemunha

regularmente comunicada à audiência para a coleta do depoimento. Se a ausência for

justificada, será designada uma nova data para a produção da prova.

Mas, em caso de ausência injustificada, determina a lei que, na ausência da parte,

deverá o árbitro proferir sua decisão levando em consideração o comportamento da parte

faltosa.

“Não prevê a lei, porém, a aplicação da chamada pena de confesso à parte ausente”

(CÂMARA, 2002, p.90).

Pela sistemática da L.A., deverá o árbitro considerar que o comportamento da parte

ausente injustificadamente é um forte indicativo de que os fatos contrários a seus interesses

ocorreram realmente, e assim deverá ser considerado na decisão a ser proferida.

Quanto à prova testemunhal, afirma o mesmo artigo que o desatendimento

injustificado da testemunha à convocação, deixando de comparecer à audiência onde deveria

prestar depoimento, autoriza o árbitro a requerer à autoridade judiciária que conduza a

testemunha faltosa, devendo para isto se comprovar a existência da convenção de Arbitragem.

Se entenderem que o depoimento da testemunha é indispensável ao esclarecimento dos fatos, a seu livre convencimento, o(s) árbitro(s) deverá(ão) requerer ao poder judiciário, exibindo a convenção arbitral existente, para que essa testemunha seja conduzida até coercitivamente ao procedimento arbitral para depor ( CAETANO, 2006, p. 168 ).

Tal regra decorre do fato que o árbitro não ser investido da mesma gama de poderes

que o juiz, uma vez que seus poderes decorrem de uma convenção de caráter privado,

escreveu Câmara (2002).

A força continua sendo monopólio do Estado, assim é que não pode o árbitro conduzir

coercitivamente a testemunha ausente, pois tal condução deve ser determinada judicialmente.

Se a parte arrolou a testemunha, e se comprometeu a levá-la à audiência independentemente

da convocação, nesta hipótese de ausência da testemunha, deverá o árbitro considerar que a

parte abriu mão de sua oitiva, podendo então dispensá-la.

Page 51: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

51

A ida do árbitro ao juízo a fim de solicitar a condução coercitiva da testemunha é

semelhante à que se tem com as cartas precatórias, através dos quais os diversos juízos

colaboram entre si para uma maior efetividade da prestação jurisdicional, ou seja, o

requerimento de condução coercitiva da testemunha dirigido pelo árbitro à autoridade

judiciária tem a mesma natureza destas cartas, sendo usada como um meio de colaboração

entre a autoridade judiciária e o árbitro, sustenta Câmara (2002).

Apesar do silêncio da L.A., existe a possibilidade da testemunha ser domiciliada em

lugar distinto de onde se situa a sede da Arbitragem. Neste caso, é enviado um requerimento

pelo árbitro ao juízo do foro do domicílio da testemunha, a fim de que seja colhido o

depoimento.

Sobre a prova testemunhal, existe uma particularidade do Direito Brasileiro em

comparação aos demais. No Brasil, a testemunha deverá perante o árbitro prestar

compromisso de falar somente a verdade, sob pena de cometer o crime de falso testemunho.

No artigo 22, parágrafo 3, o texto afirma que a revelia da parte não impedirá que seja

proferida a sentença arbitral. Uma interpretação mais lógica é que a expressão revelia deveria

ser entendida como contumácia.

Entende Câmara (2002, p.95) “O termo contumácia é registrado pelos dicionários

como grande teimosia; obstinação, aferro, afinco, pertinácia, desobediência”.

Em linguagem processual, contumácia significa a inatividade da parte passiva ou de

um interveniente na prática de algum ato processual, na forma e prazo determinados.

Assim, não é possível a revelia em seu sentido literal no processo arbitral, mas é

possível a contumácia de qualquer uma das partes, ou até mesmo de ambas, por exemplo, se

qualquer uma das partes não ofereça suas alegações dentro do prazo fixado na convenção de

Arbitragem.

Para Câmara (2002), restando inativa a(s) parte(s), ocorrerá a sua contumácia, a qual

não impedirá, nos termos do artigo 22, § 3º, que seja proferida a decisão do árbitro ou do

colegiado.

No caso de contumácia bilateral, diferente do que acontece em outros países, em que

neste cenário o árbitro ficaria sem saber precisamente qual o objeto do processo, o levando a

proferir que sua decisão é impossível de resolver o conflito, no Direito Brasileiro tal hipótese

não acontece, uma vez que o compromisso arbitral contém obrigatoriamente o objeto da

controvérsia, em acordo com o artigo 10, III, explica Câmara (2002).

Na contumácia bilateral o árbitro deve prolatar sua decisão tendo como base o material

probatório porventura existente nos autos, que será valorado livremente por ele, com base no

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seu sistema de persuasão e convicção racional.

Não existindo provas, ficará mais árdua a solução do litígio, isto porque restam

inaplicáveis as regras de julgamento decorrentes da distribuição do ônus da prova. Neste

cenário é cabível a solução preconizada para o Direito Espanhol, onde se profere uma decisão

que poria termo ao processo arbitral sem resolução do mérito, por absoluta impossibilidade de

se prover adequadamente sobre a matéria de fundo, comentou Barletta (2006).

Solução diversa se daria na hipótese em que as partes, na convenção de Arbitragem,

tivessem convencionado sobre a forma de distribuição do ônus da prova.

É oportuno ressaltar a regra constante do artigo 22, § 5° da L.A., que em havendo

substituição do árbitro no curso do processo arbitral, o árbitro substituto poderá determinar a

repetição das provas já produzidas, caso não forme a sua convicção com os elementos a que

teve acesso através da documentação dos atos processuais.

2.15...Medidas coercitivas

Medidas coercitivas ocorrem quando há a execução, por parte da autoridade do

Estado, de meios relativamente violentos, voltados a terceiros no sentido de obrigar a fazer ou

deixar de fazer algo.

Importante dizer que somente o Estado poderá promovê-las, devendo ser utilizadas

exclusivamente para garantir a ordem pública, zelando para que a sociedade não seja

prejudicada nos seus direitos. Essas medidas são aplicadas na justa medida das necessidades,

sem exagero.

Aponta Cachapuz (2000) que as tutelas sumárias servem para neutralizar os efeitos do

tempo que incidem sobre os bens litigiosos e sobre as próprias partes litigantes, em razão da

duração do processo cognitivo, ou do processo de execução.

Este tema é muito delicado, o § 4° do artigo 22 da L.A. informa que “ressalvado o

disposto no § 2°, havendo necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros

poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originariamente, competente para

julgar a causa”.

O problema é a falta de império dos árbitros, cuja legitimidade não decorre do poder

do Estado, mas de ato das partes, embora essa falta de império não signifique falta de poderes.

O que o árbitro não pode é usar a força, que é monopólio do Estado, e o árbitro não é

órgão estatal. Por tal razão é que este dispositivo legal determina ao árbitro que solicite à

autoridade judiciária as medidas coercitivas que se façam necessárias.

Page 53: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

53

Outro ponto importante é a possibilidade de o árbitro antecipar a tutela jurídica.

A antecipação da tutela jurídica pode se fazer necessária, seja por surgir um estado de perigo do direito aparente (hipótese em que a tutela deve ser antecipada com fulcro no artigo 273, caput e inciso I, do C.P.C.), seja por se verificar abuso do direito de defesa de uma das partes, hipótese em que o direito da outra se torne evidente neste caso (a antecipação da tutela tem apoio no disposto no artigo 273, caput e inciso II, do C.P.C.) (CÂMARA, 2002, p.102).

Antecipar tutela significa satisfazer provisoriamente, no todo ou em parte, o direito

afirmado pelo autor, e pode ser requerida a qualquer tempo.

Deste modo, com amparo legal e com a autorização do Poder Judiciário, o árbitro pode

antecipar a tutela, permitindo a produção imediata dos efeitos que naturalmente se

produziriam apenas depois de proferida sua decisão.

Nos casos em que for cabível a antecipação, o árbitro deverá deferir uma medida

antecipatória, e em não sendo a mesma cumprida voluntariamente pelas partes, o árbitro deve

solicitar ao juízo competente o uso do “poder de polícia”.

2.16...Sentença arbitral

Rompendo uma tradição do Direito Brasileiro, preferiu a L.A. não dar a decisão

proferida no processo arbitral o nome de laudo arbitral, optando por sentença arbitral.

A denominação sentença sempre foi utilizada para designar um ato final do processo.

O árbitro, embora exerça função pública, não exerce a atividade jurisdicional, assim

não parece que seja adequada a denominação empregada na Lei de Arbitragem, por fazer

parecer que o árbitro exerça uma função estatal, o que não é, disse Bartletta (2006).

O uso desta expressão “sentença arbitral” acaba por desprestigiar o Poder Judiciário,

pois a sentença é e sempre será um ato jurisdicional, e o processo arbitral não é um processo

jurisdicional.

Doutrinou Barletta (2006) que é fácil de chegar à conclusão de que a decisão do

árbitro deve ser chamada pura e simplesmente de laudo arbitral, embora a denominação

sentença seja empregada no texto da L.A.

Assim como o juiz nas sentenças estatais, o árbitro tem sua atividade limitada, não

podendo este decidir além dos parâmetros fixados na convenção de Arbitragem, vigorando o

princípio da congruência entre o que as partes pedem e o que o “julgador” decide. Em síntese,

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54

o laudo arbitral não pode outorgar aos litigantes mais do que foi pedido, e muito menos coisa

diversa.

Conceitua Câmara (2002) que o laudo deverá ser proferido no prazo estipulado pelas

partes ou, não havendo tal estipulação, o prazo máximo para prolação da decisão é de seis

meses, à contar da instauração do processo arbitral.

A possibilidade de que no curso do processo arbitral haja a substituição do “julgador”,

a lei determina que o prazo de seis meses seja interrompido, zerando o prazo em benefício do

árbitro substituto. Este prazo máximo de seis meses fixado é adequado para que o árbitro

profira seu laudo num lapso de tempo bastante razoável.

Em comparação com a demora natural do processo jurisdicional, este prazo torna a

Arbitragem extremamente atraente, principalmente se for considerado que este poderá ainda

ser reduzido, por acordo mútuo entre as partes.

Nota-se que também existe a possibilidade consagrada no parágrafo único do artigo 23

de se prorrogar o prazo, desde que haja o natural consenso entre as partes.

O desrespeito ao prazo convencionado gera para o árbitro responsabilidade civil por

danos ocasionados por tal demora contra os envolvidos, como já visto.

Nos termos do artigo 12, inciso III, expirado o prazo para a entrega da decisão, poderá

a parte interessada notificar o árbitro, ou o presidente do colégio arbitral, concedendo um

prazo adicional de 10 dias para a prolação e apresentação da decisão. Esta notificação pode

ser judicial ou extrajudicial, podendo ser feita através dos cartórios de títulos e documentos ou

por qualquer outra forma prevista na convenção de Arbitragem. Findando este prazo de 10

dias, contados a partir da notificação, considera-se a Arbitragem extinta.

Trata-se de forma anômala de extinção do processo arbitral, uma vez que não terá

havido decisão de mérito.

Nota-se que, ainda que o árbitro uma vez notificado prolate e apresente sua decisão,

estará ele obrigado a reparar os danos sofridos pelas partes, não ficando livre da

responsabilidade civil incidente.

Em conformidade com as palavras de Alvim (2008, p. 148), “sendo o Juízo Arbitral

um misto de escrito e oral, a sentença, como ponto culminante do procedimento, deve,

necessariamente, ser expressa num documento escrito”.

Trata-se de formalidade que decorre naturalmente do princípio da documentação dos

atos processuais, além de a decisão proferida no processo arbitral tem, quando condenatória,

eficácia executiva, e todo título executivo deve ter forma escrita.

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55

2.17...Questões prejudiciais

A Lei “Marco Maciel”, em seu artigo 25, trata de questão extremamente relevante, ao

dispor que sobrevindo durante o curso dos procedimentos arbitrais discussão acerca de

direitos indisponíveis e, verificando-se que de sua existência ou não dependerá o julgamento,

é dever do árbitro ou do colegiado remeter as partes à autoridade competente do Poder

Judiciário, suspendendo assim a Arbitragem Empresarial.

Ao longo do processo arbitral podem surgir questões prévias, ou seja, questões cuja

análise tenha de se dar antes da apreciação da questão de fundo, antes da resolução do mérito

da causa, e estas questões podem vincular a decisão, sendo estas denominadas de questões

prejudiciais.

“As prejudiciais são, pois, antecedentes lógicos e necessários do julgamento do mérito

(a que se dá costumeiramente o nome de questão prejudicada), cuja solução influi

decisivamente na resolução deste, podendo ainda ser objeto de ação autônoma” (CÂMARA,

2002, p.115).

Sendo um antecedente lógico e necessário da questão prejudicada, o árbitro se vê

obrigado a apreciar a questão prejudicial, sob pena de se tornar impossível a apreciação do

mérito.

O árbitro pode tomar conhecimento das questões prejudiciais que surjam no curso do

processo arbitral, exceto aquelas que digam respeito a direitos indisponíveis. Ao surgirem

questões que digam respeito a direitos indisponíveis, deverá o processo arbitral ser suspenso e

só retornará a desenvolver-se após o trânsito em julgado do provimento jurisdicional que

declarar ou não a existência de um direito indisponível sobre o que se discutia.

Apesar do silêncio da L.A., é natural que em sendo suspenso por prejudiciabilidade

o processo arbitral, fica também suspenso o prazo para que o árbitro possa proferir a sua

decisão, advertiu Barletta (2006).

As questões prejudiciais que envolvam direitos disponíveis ficam submetidas à

cognição do árbitro, ainda que não constasse da delimitação do objeto da Arbitragem contida

no compromisso arbitral / cláusula compromissória.

2.18...Elementos essenciais do laudo arbitral

No artigo 26, são apresentados os requisitos obrigatórios da sentença arbitral, ou como

já explanado anteriormente, laudo arbitral.

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56

Os requisitos do laudo arbitral, elencados por Câmara (2002), são:

Relatório, que deverá conter os nomes completos das partes e um resumo do litígio;

A fundamentação da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de Direito;

Mencionar expressamente se os árbitros julgam por Equidade;

O dispositivo, em que serão resolvidas as questões submetidas à Arbitragem, fixando-se

prazo para cumprimento da decisão, se for o caso;

A data e o lugar em que o laudo foi proferido.

A Lei enumerou para o laudo arbitral os mesmos elementos essenciais apresentados

para a sentença judicial, somente se acrescentou o elemento posto sub IV, que é a data e o

local da prolação da decisão.

Escreveu Caetano (2006, p.171): “ A falta de um de seus requisitos acarreta na

nulidade da sentença arbitral”.

O primeiro elemento do laudo arbitral é o relatório, que pode ser definido meramente

como o resumo da discussão. Nesta primeira parte da decisão do(s) árbitro(s) deverá ser

narrado de forma sucinta todo o desenvolvimento do processo, os termos do litígio e

apresentação dos nomes completos das partes em conflito.

O segundo elemento é a fundamentação, onde serão apreciadas as questões de fato e

de Direito submetidas à Arbitragem, cabendo ao(s) árbitro(s) a apreciação crítica dos fatos e

do Direito, devendo examinar todas as questões suscitadas e apresentar os motivos pelos quais

acolhe ou rejeita cada fundamento.

A exigência de fundamentação do laudo arbitral está intimamente ligada à garantia do

contraditório, uma vez que não há processo legítimo quando as partes não sabem se as razões

por elas trazidas ao “julgador” foram ou não levadas em consideração antes da prolação da

decisão final. Determina a L.A. que, quando a Arbitragem for da espécie de Equidade, deverá

constar obrigatoriamente na fundamentação que este foi o critério adotado para decidir o

imbróglio.

O quarto elemento a ser proferido é o dispositivo, parte do laudo que tem conteúdo

decisório, e será prerrogativa do árbitro a fixação de multa diária pelo atraso no cumprimento

da obrigação, conhecida como astreinte.

Por último, devem constar no laudo arbitral a data e o lugar em que o mesmo foi

proferido, sendo este elemento mais importante do que à primeira vista aparenta, escreveu

Câmara (2002).

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57

A data da prolação da decisão se faz necessária para que se verifique se foi ou não

respeitado o prazo para a sua apresentação, e quanto ao lugar onde o laudo é proferido tem

relevância para que se saiba se a Arbitragem é nacional ou internacional.

“A sentença arbitral tem sua autenticidade reconhecida pela assinatura dos árbitros”

(CAETANO, 2006, p. 172).

No caso de laudo arbitral proferido por um órgão colegiado, pode ocorrer que algum

árbitro não queira assinar a decisão. Isso ocorrendo, caberá ao presidente do colégio arbitral

certificar tal fato, e ainda no laudo arbitral poderá constar o voto vencido do árbitro que teve

opinião diversa daquela que prevaleceu, por ter sido majoritária.

“A ausência dos elementos essenciais do laudo arbitral, nos termos do disposto no

artigo 32, III, da Lei de Arbitragem, tem como consequência a nulidade do ato decisório”

(CÂMARA, 2002, p. 121).

Outro requisito essencial, no qual a L.A. não faz referência explícita, é a clareza da

decisão proferida. Assim é que, nos termos do artigo 30, no prazo de cinco dias a contar do

recebimento da notificação ou da ciência pessoal do laudo arbitral, a parte interessada,

mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao colegiado que corrija

qualquer erro material do laudo arbitral e/ou esclareça algum ponto obscuro, dúvida ou

contradição, ou se pronuncie sobre algum ponto omitido, do qual deveria mencionar a decisão

final. Proferido o laudo, caberá ao árbitro ou ao presidente do colegiado comunicar as partes o

seu teor, que se faz por remessa as partes ( autor e réu ) das cópias da decisão.

“A Arbitragem termina ao ser proferida a sentença arbitral e enviada sua cópia para as

partes, com a prova do recebimento“ (CAETANO, 2.006, p. 173).

Esta remessa pode ser feita por via postal ou qualquer outro meio idôneo de

comunicação, mediante comprovação de recebimento, ou ainda, como é bastante comum, por

entrega pessoal às partes, mediante recibo, tudo nos termos do artigo 29.

Desta comunicação feita à parte, mediante a entrega de cópias da decisão, corre um

prazo de cinco dias para oferecimento de embargos declaratórios contra a decisão.

São três as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração contra o laudo arbitral:

erro material; esclarecimento de decisão obscura / contraditória, e quando houver na decisão

alguma omissão, ou seja, tendo o árbitro deixado de se pronunciar sobre algum ponto quando

deveria tê-lo feito.

Interpostos os embargos de declaração, cabíveis no prazo de cinco dias a contar da

ciência dada às partes do teor da decisão mediante petição dirigida ao(s) árbitro(s), devendo

ainda o embargante comunicar à parte contrária a interposição dos embargos, cabe ao(s)

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58

árbitro(s) decidir, no prazo de dez dias, aditar o laudo arbitral, se for o caso de dar provimento

à pretensão manifestada nos embargos declaratórios, comunicando a decisão às partes.

Os prazos estipulados evitam uma demora indevida na prolação da decisão, mesmo

que os danos causados por ta lentidão sejam reparados pelo árbitro moroso.

2.19...Conteúdo e eficácia do laudo arbitral

O laudo arbitral, diferindo do vocábulo que consta no conteúdo da L.A., para que haja

diferença em relação às “sentenças judiciais”, é ato que põe termo ao processo arbitral,

respondeu Barletta (2006).

O artigo 29 afirma que proferido o laudo arbitral, dá-se por finda a Arbitragem

Empresarial.

Continuou respondendo Barletta (2006) que no processo arbitral, no dia-a-dia, o laudo

não põe termo a Arbitragem, o que se verifica pela possibilidade de interposição, contra a

decisão, de embargos de declaração, no prazo de cinco dias a contar da ciência das partes

sobre o teor do laudo.

Interpostos os embargos declaratórios, prossegue o processo arbitral, que se encerrará

com a prolação de nova decisão, que será aditada ao laudo primitivo, no caso de serem

acolhidos tais embargos.

O laudo deverá necessariamente conter uma resposta capaz de compor o conflito de

interesses submetido ao processo arbitral, por esta razão é que, sob pena de nulidade, o laudo

arbitral não pode ser ultra, extra ou citra petita.

Em poucas palavras, o laudo arbitral não pode decidir sobre questão estranha ao objeto

da Arbitragem (laudo extra petita); não pode exceder os limites impostos pelas partes na

delimitação deste objeto (laudo ultra petita); e tampouco pode deixar de decidir questão

submetida à apreciação do(s) árbitro(s) (laudo citra petita).

A cominação de nulidade nestes casos provém do disposto no artigo 32, IV e V da Lei

Federal em análise, escreve Câmara (2002).

Além de decidir o conflito, deverá o laudo arbitral dispor acerca da responsabilidade

pelo pagamento das custas e despesas dos trabalhos, responsabilidade atribuída na forma

prevista no compromisso arbitral (artigo 11, inciso V), mas no silêncio deste, caberá ao(s)

árbitro(s) fixar a responsabilidade, devendo ser empregado o princípio da causalidade.

É possível ainda o laudo conter condenação de alguma das partes por litigância de má-

fé, aplicando-se neste caso o disposto nos artigos 16 à 18 do Código de Processo Civil.

Page 59: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

59

O laudo arbitral poderá ser meramente homologatório, o que se dará quando as partes,

no curso da Arbitragem, transigirem quanto ao objeto do litígio. Nesta oportunidade deverá

ser proferido um laudo declarando a transação e seus termos, o qual deverá preencher todos os

elementos essenciais de validade dos laudos.

2.20...Invalidação do laudo arbitral

Na visão de Câmara (2002), o artigo 32 comina de nulidade o laudo arbitral quando

ocorre algumas das situações citadas abaixo:

Nulidade do compromisso arbitral;

Laudo proferido por quem não podia ser árbitro;

Laudo que não contém os elementos essenciais;

Laudo extra ou ultra petita, ou seja, proferido fora dos limites da convenção de

Arbitragem;

Laudo citra petita, isto é, que não decide todo o litígio submetido à Arbitragem;

Ser proferido por prevaricação, concussão ou corrupção passiva do árbitro;

Ser proferido fora do prazo, respeitando o disposto no artigo 12, inciso III;

Ser proferido sem que houvesse respeito aos princípios gerais do processo arbitral,

enumerados no artigo 21, parágrafo 2º.

O texto da Lei de Arbitragem apregoa que o laudo pode ser nulo caso seja proferido

por quem não possa ser árbitro, como exemplo um cidadão que não seja civilmente capaz,

alfabetizado ou até mesmo que não domine o nosso idioma pátrio.

Além disso, o árbitro deve ser totalmente imparcial, e a decisão proferida por quem

não obedeça tais requisitos é perfeitamente passível de nulidade.

Outra circunstância que pode cominar em nulidade do laudo arbitral é a ausência de

algum elemento essencial, assim entendido o relatório, a fundamentação, o dispositivo, a

indicação da data e lugar da prolação ou a assinatura do(s) árbitro(s).

A seguir trata a L.A. da nulidade dos laudos proferidos ultra, extra e citra petita.

Escreveu Câmara (2002) que o laudo extra petita tal como o laudo citra petita são

inválidos por completo, já o laudo ultra petita deverá ser invalidado por completo somente se

não for possível se destacar a parte excedente daquilo que fora estabelecido como limite da

decisão, aplicando-se a consagrada regra de que o útil não é viciado pelo inútil.

Page 60: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

60

Ainda outra situação de nulidade cominada ao laudo arbitral é a de ter sido este

proferido após o decurso do prazo fixado na convenção de Arbitragem ou, no silêncio desta,

após 6 meses de instauração do processo arbitral.

Expirado o prazo para a apresentação do laudo, deve a parte interessada notificar o

árbitro para que no prazo de 10 dias, prolate e apresente sua decisão. Somente o laudo que é

prolatado após o decurso destes 10 dias é que será considerado inválido.

Por fim, é nulo o laudo arbitral quando decorre de uma Arbitragem em que não foram

respeitados os princípios gerais do processo arbitral: contraditório, isonomia, imparcialidade e

persuasão racional.

Prevê a L.A. em seu artigo 33, que a parte interessada poderá pleitear a decretação da

nulidade do laudo arbitral, e a demanda deverá ser dirigida ao juízo competente para produzir

os efeitos desejados.

Sendo procedente o pedido de declaração de nulidade do laudo arbitral, nos casos

previstos nos incisos I, II, VI, VII e VIII do artigo 32, deverá o juiz simplesmente declarar a

nulidade da decisão, enquanto nas demais hipóteses, se determinará que o árbitro profira um

novo laudo, contou Barletta (2006). Nesta ocasião, a sentença terá um elemento condenatório,

devendo o juiz – em caso de procedência do pedido – condenar o árbitro à prolação de novo

laudo, fixando prazo para tal, e devendo ainda constar na sentença a multa diária pelo atraso

no cumprimento da obrigação. Outro ponto válido de ser apreciado acerca da nulidade do

laudo arbitral é a do prazo de 90 dias, contados da ciência dada às partes de seu teor - ou de

seu aditamento, nos casos em que sejam providos os embargos de declaração interpostos -

para a demanda de reconhecimento da invalidade.

Decorridos 90 dias da data em que as partes foram cientificadas do conteúdo da

decisão arbitral ou de seu aditamento, terá a parte interessada decaído de seu direito.

Se após o transcurso deste prazo, o executado opuser embargos alegando nulidade do

laudo arbitral, deverá o juiz proferir sentença definitiva, pondo termo ao processo com

resolução de mérito, por força da decadência (artigo 269, IV do Código de Processo Civil).

Não será possível após o decurso do prazo que se reconheça em juízo a existência da

nulidade, uma vez que por força da decadência estará sanado o vício.

2.21...Conceito de laudo arbitral estrangeiro

Numa época como a atual, da crescente mundialização da cultura, da globalização

econômica e gradual extinção das fronteiras entre os diversos países, há um imenso número

Page 61: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

61

de relações jurídicas envolvendo sujeitos ligados a países diferentes, relações estas que geram

conflitos de interesses empresariais e, usualmente, estas demandas são submetidas à

Arbitragem Empresarial.

Na grande maioria das nações ao redor do mundo, quando particulares compram,

vendem, fornecem mercadorias ou prestam serviços, eles apelam ao uso da Arbitragem

Empresarial para resolver e dar fim a qualquer dos problemas que possam surgir em seus

negócios internacionais, e é por isso que a nossa “nova” Lei de Arbitragem dá atenção

especial para que os laudos arbitrais estrangeiros sejam não só reconhecidos em nosso

território, como também que sejam obedecidas pelos residentes no Brasil que escolheram uma

Arbitragem lá de fora para resolver litígios resultantes de seus negócios internacionais.

Por esta razão é que o legislador se preocupou em regular esse tipo de infração

contratual internacional, no que diz respeito ao reconhecimento e execução, pelo judiciário

brasileiro, de laudos arbitrais estrangeiros.

“Então, a sentença arbitral estrangeira é reconhecida e executada aqui no Brasil de

acordo com os Tratados Internacionais (convenções entre países que, aprovadas por nosso

Congresso Nacional, tem força de lei), ou, não havendo Tratado, será de acordo com a nossa

Lei ” (CAETANO, 2006, p.144).

Assim é que nos termos do artigo 34 da Lei em pauta verbis que “a sentença arbitral

estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil em conformidade com os Tratados

Internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na ausência, estritamente de acordo

com os termos desta Lei”.

O laudo arbitral estrangeiro é aquele proferido fora do território brasileiro, um critério

puramente geográfico, não importando a nacionalidade e o domicílio do(s) árbitro(s) ou das

partes, afirmou Barletta (2006).

No entanto, para que este laudo estrangeiro seja reconhecido, é preciso que o mesmo

passe pelo S.T.J., logicamente por intermédio dos serviços de um bom advogado.

O interessado no reconhecimento desse laudo arbitral estrangeiro pede ao S.T.J. que dê

o seu “de acordo”, isto é, que faça a homologação deste. Para

esta solicitação, o interessado tem que juntar: o original do laudo arbitral estrangeiro ou uma

cópia reconhecida como verdadeira pelo Consulado Brasileiro e traduzida oficialmente para o

nosso idioma pátrio, além do original da convenção assinada pelas partes que mostra como a

Arbitragem foi feita, ou uma cópia devidamente certificada e acompanhada de tradução

oficial.

Page 62: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

62

Este “de acordo” ou ”homologação” do laudo arbitral estrangeiro feito pelo S.T.J. só

poderá ser negado se a parte contrária, que não pediu e/ou não deseja tal homologação,

conseguir provar que:

As partes eram incapazes;

A convenção não está de acordo com a legislação do país em que ela foi expedida;

Foram desobedecidos os princípios do contraditório, impedindo uma defesa satisfatória;

A sentença foi anulada ou suspensa por um juiz de Direito do país onde ela foi escrita;

O objeto do litígio, por nossa Lei, só pode ser resolvido por um juiz de Direito;

A sentença estrangeira ofende a ordem pública no nosso país.

A Lei de Arbitragem reza que não será reconhecido como eficaz no Brasil o laudo

arbitral que tiver decisão que viole a ordem pública brasileira, cabendo ao juiz, diante do caso

concreto e de acordo com sua orientação sociopolítica e filosófica da sociedade, afirmar se o

laudo arbitral estrangeiro à viola ou não.

Segundo Pucci apud Carmona (2007, p. 350 ) o instituto da ordem pública é na

opinião geral de difícil conceituação, não obstante, pode ser entendido como o conjunto de

interesses morais, sociais e jurídicos fundamentais que o Estado decide preservar, em

determinado momento.

Assim, fica entendido que a ordem pública é o conjunto de regras impostas pelo

Estado para salvaguardar o funcionamento regular da vida em sociedade.

É também ineficaz o laudo arbitral estrangeiro extra ou ultra petita, salvo nesta última

quando for possível destacar a parte do laudo que excedeu os limites fixados pela convenção

de Arbitragem. Nesta hipótese, o juiz deverá fazer a redução necessária.

Em qualquer das hipóteses em comento, poderá o juiz negar eficácia ao laudo arbitral

estrangeiro, e em qualquer uma delas, caberá ao réu provar a causa da ineficácia do laudo

estrangeiro em nosso país.

Os artigos 34 à 40 da L.A. regulam o reconhecimento do laudo arbitral estrangeiro no

território brasileiro.

Enfatiza Câmara (2002) que, apesar da epígrafe do capítulo VI falar em execução, esta

não é regulada, sendo certo que o processo executivo que tenha por base um laudo arbitral

estrangeiro deverá seguir as mesmas regras a que se submete qualquer processo executivo no

Brasil.

Page 63: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

63

Havia um problema detectado logo no início do artigo 35, que tem a seguinte dicção:

“Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita,

unicamente, à homologação do Supremo Tribunal Federal”.

Existia um sério vício: a inconstitucionalidade.

A Lei 9.307/96 atribuiu ao S.T.F. a competência para homologar laudos arbitrais

estrangeiros, mas ocorre que tal competência não figura entre as enumeradas no artigo 102 da

Constituição da República. Ao atribuir mais uma hipótese de competência ao S.T.F., não

prevista na nossa Constituição, incorria a Lei de Arbitragem em flagrante

inconstitucionalidade. A competência do S.T.F. é fixada pelo artigo 102 em caráter taxativo,

sendo inconstitucional qualquer ampliação por norma infraconstitucional.

De acordo com as palavras de Barletta (2006), na esteira dos avanços da Arbitragem,

em 2.004 foi publicada a Resolução 22 do S.T.J. que dispõe sobre a Emenda Constitucional

45/2.004 referente à transferência do S.T.F. para o S.T.J. a competência para homologar

sentenças estrangeiras e sentenças arbitrais estrangeiras, acrescendo-se ao inciso I do artigo

105 da Constituição da República, a alínea “i”.

Como resultado dessa mudança de competência, o Ministro do Supremo, Dr. Celso de

Mello reconheceu a cessação da competência originária do S.T.F. para apreciar a ação de

homologação de sentença estrangeira, determinando a remessa dos autos ao S.T.J., em razão

da citada Emenda Constitucional 45/2.004.

Se o S.T.J. denegou o reconhecimento da eficácia de um laudo estrangeiro devido à

vícios formais, isto é, defeitos aparentes como: não citar o nome das partes ou quando o

árbitro não explicar por que decidiu de uma forma e não de outra, poderá então a parte

interessada intentar novamente demanda em que pretenda ver tal eficácia reconhecida,

bastando para isso que esteja sanado o vício existente.

Pode um juiz deixar de reconhecer a eficácia de um laudo arbitral estrangeiro se o

mesmo for suspenso por ato judicial prolatado no país sede da Arbitragem. A parte

interessada pode pleitear seu reconhecimento posteriormente, devendo demonstrar primeiro

que a decisão que suspendeu o laudo não produz mais efeitos, por ter sido anulada.

“A homologação de sentenças arbitrais estrangeiras é um tema relevante, pelos

reflexos que possui no cenário das relações econômicas internacionais, do qual o Brasil é

importante ator” (PUCCI apud CARMONA, 2007, p. 339).

O Brasil já tinha aprovado alguns tratados internacionais sobre a matéria, de alcance

regional, como:

Page 64: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

64

Convenção Interamericana sobre Arbitragem Internacional (Panamá 1.975), aprovada

mediante o Decreto de Promulgação do Poder Executivo nº 1.902;

Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial,

Trabalhista, Administrativa (Protocolo de Las Leñas), aprovado pelo Decreto nº 2.067 /

1996.

Mas a aprovação desses tratados não era suficiente.

Fazia-se necessário e, até certo ponto, era objeto de reclamação por parte da comunidade jurídica internacional, que o Brasil ratificasse a Convenção de Nova York de 1.958, sobre o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras, o que finalmente aconteceu em 23 de julho de 2.002, mediante promulgação, pelo Poder Executivo, do Decreto nº 4.311 (PUCCI apud CARMONA, 2007, p. 340).

Deste modo, o Brasil garante efetiva reciprocidade aos parceiros comerciais já

signatários desta Convenção, transmitindo uma maior confiança, que leva a diminuição da

percepção de risco de se fazer negócios com ou no Brasil.

Como resultado, em maio de 2.004, o S.T.J. deferiu a homologação da primeira

sentença arbitral estrangeira em nossa história.

Esse caso inaugural previu a obrigatoriedade da empresa brasileira Têxtil União, com

sede no Ceará, a pagar mais de US$ 900,000.00 à empresa suíça L´Aiglon, referente a

descumprimento parcial do contrato de compra e venda de algodão cru.

2.22...Conceitos e diferenças entre a Negociação e a Conciliação

A Negociação, junto com a Conciliação, Mediação e Arbitragem, são gêneros da

mesma espécie: meios e modos adequados de solução alternativa de litígios, com exclusão da

tutela do Poder Judiciário.

“Todos têm a mesma finalidade: a resolução extrajudicial do conflito, mas não se

confundem”, afirmou Barletta (2006).

A Negociação pode ser definida como o ajuste entre as partes, diretamente entre si,

para um acerto ou mesmo para a resolução de interesses controvertidos, satisfazendo-se

mutuamente.

O ato de negociar é antigo na história humana, mas como teoria e técnica de

pacificação social, o método é relativamente novo.

Page 65: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

65

Existe o profissional negociador, conhecido como expert, que é contratado por pessoas

naturais ou jurídicas para negociar em nome delas.

Quanto ao instituto da Conciliação, ele se encontra albergado em nossa legislação há

muito tempo.

O Decreto n° 737, de 25 de novembro de 1.850, já o instituía: “Art. 23. Nenhuma causa

comercial será proposta em juízo contencioso sem que previamente se tenha tentado o

meio da Conciliação, ou por ato judicial, ou por comparecimento das partes”.

A C.L.T. (Decreto-lei n° 5.452, de 1° de maio de 1.943), para a resolução dos conflitos

entre empregados e empregadores, designava as Juntas de Conciliação e Julgamento. Por

força de lei, as empresas e os sindicatos podem instituir comissões de Conciliação prévia,

em conjunto com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de

tentar conciliar os conflitos individuais de trabalho.

Na área civil, o Código de Processo Civil, em seu artigo 331, confere ao juiz o poder de

designar audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 ( trinta ) dias, para a qual serão

as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou

preposto, com poderes para transigir. No artigo 447 do mesmo Código de Processo Civil,

é dado ao juiz o poder de conciliar as partes quando o litígio versar sobre direitos

patrimoniais privados e em causas relativas à família entende Caetano (2006).

A Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1.995, que dispõe sobre os Juizados Especiais

Cíveis e Criminais, e a Lei n° 10.259, de 12 de julho de 2.001, que dispõe sobre a

instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal,

atribuem a busca da Conciliação das partes a esses órgãos da Justiça Ordinária, cujo

processo, julgamento e execução obedecem a critérios de oralidade, simplicidade,

informalidade, economia processual e celeridade. E criou os auxiliares da justiça, ou seja,

os conciliadores e os juízes leigos, recrutados os primeiros entre os bacharéis em Direito,

e os segundos entre advogados com mais de cinco anos de experiência.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, após experimentarem o uso destes

meios alternativos de solução de conflitos muito difundido pelas Câmaras Arbitrais, autorizou

Page 66: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

66

a criação de setores de Conciliação e Mediação em todas as comarcas e foros da capital e do

interior do Estado.

A Conciliação tem muito a ver com o instituto da transação de que trata o artigo 1.025

do Código Civil de 1.916, que verbis: “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o

litígio mediante concessões mútuas”.

Nem a Lei Marco Maciel desconsiderou a Conciliação, tanto é que no parágrafo 4° do

artigo 21, deu competência ao(s) árbitro(s) para que logo no início do procedimento, seja

tentada a Conciliação das partes.

Fica válida a crítica tanto ao árbitro quanto ao juiz de Direito de que ambos não têm a

vocação e nem formação para a Conciliação, são funções incompatíveis. Ou esses

profissionais bem julgam / decidem, ou bem conciliam.

Falou Barletta (2006) que é importante enfatizar que os MESC – métodos

extrajudiciais de solução de conflitos, sobretudo contratuais, não se contrapõem ao Poder

Judiciário, mas sim auxiliam a resolver a crise na Justiça Estatal, em face do assoberbado

número de ações judiciais surgidas anualmente.

2.23...Uma visão panorâmica da Mediação

“Em geral, o grande público entende por Mediação a atuação exercida por uma pessoa

que, com seu trabalho ou diligência, faz a aproximação de uma ou duas partes para a

realização de um negócio” (CAETANO, 2006, p.183).

A Mediação é também um meio alternativo, adequado, para solucionar controvérsias e

disputas entre particulares, os mediados, pela interação de um terceiro também particular, o

mediador.

Assim como na Arbitragem, é condição sine qua non que as partes queiram submeter-

se a seu processo, e contratem a pessoa do mediador, por meio de um órgão especializado.

O que difere da Arbitragem é que, na Mediação as partes interessadas não se colocam

em posições de confronto, mas em posição de colaboração.

Não há litigância na Mediação, pois o mediador usa seus conhecimentos e técnicas

apropriadas para induzir as partes a encontrarem uma solução por si próprias, por meio do

diálogo, que findará com um acordo criativo onde as duas partes ganham, não havendo a

figura de um vencedor e de um perdedor no universo da Mediação.

Page 67: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

67

Os profissionais em Administração tem um importante papel nesse meio alternativo

para resolver conflitos, já que muitos assumem a responsabilidade de se capacitarem e se

prepararem para atuar como bons mediadores, de forma neutra e imparcial.

2.24...Origem e propagação da Mediação

A Mediação - como técnica de pacificação de litígios - nasceu nos Estados Unidos, na

década de 70. Seu crescimento foi rápido, e logo foi incorporada ao sistema legal, e em alguns

Estados tornou-se obrigatória, anteriormente ao processo judicial.

Ensinou Tenório ( 2006 ) que, a Universidade de Harvard, com sede em Boston,

aproveitou o seu pioneirismo e impôs sua metodologia negocial como modelo de Mediação.

No fim da década de 70, a Mediação chegou à Inglaterra, e em 1.989 estabeleceu-se a

primeira associação civil para a solução alternativa de conflitos, conforme Caetano ( 2006 ).

Na França, o começo foi diferente.

Teve início com a figura do ombudsman atuando como intermediário entre os órgãos

governamentais e os cidadãos, partindo em seguida para o Direito Privado.

A legislação argentina estabelece a obrigatoriedade da Mediação previamente a todo

juízo, e criou o registro de mediadores perante seu Ministério da Justiça, privativo aos

advogados.

No Brasil, são expressivas as entidades e os órgãos institucionais que tratam da

Mediação. Elas dedicam-se não apenas à prática da Mediação, mas também à formação de

mediadores, embora não haja estatísticas precisas quanto ao número de mediações realizadas

no país. É difícil tal mensuração devido a natureza confidencial desses métodos extrajudiciais

para composição de litígios, mas é certo que esta prática vem crescendo muito com o passar

dos anos.

No nosso cenário político, a ex-deputada federal por São Paulo, a advogada Zulaiê

Cobra Ribeiro apresentou projeto de lei que institucionaliza e disciplina a Medição como

método de prevenção e solução consensual de conflitos na esfera civil. Este projeto de lei tem

7 artigos e obedece rigorosamente ao princípio da autonomia das partes, além de exigir

formação técnica ou experiência prática dos mediadores, adequados à natureza do conflito.

Essas exigências se fazem necessárias para evitar uma má impressão ao usuário, ao ver seu

problema sendo resolvido por alguém totalmente inapto à causa que lhe foi submetida,

gerando insegurança para as partes.

Page 68: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

68

Paralelamente à este projeto, há um outro de autoria do até então deputado federal

fluminense Antonio Carlos Biscaia, que regulamenta a profissão do mediador e de árbitro,

dando outras providências, tais como: uso exclusivo do título de mediador ou árbitro; criação

de Conselhos Federal e Estadual para o controle e exercício profissional; recebimento de

anuidades dos membros; imposição de penalidades; cobrança de multas, etc.

Contou Tenório ( 2006 ) que em sentido amplo, existe um grande leque de aplicação

da Mediação em nossa realidade, podendo ser usada na solução de conflitos entre sócios;

questões sobre seguros; relações de consumo; contratos de franquias; locação comercial ou

residencial; relações condominiais, entre outras aplicações.

A Mediação pode ser qualificada de duas formas: estatal e privada.

A primeira é estatuída e praticada por mediadores nomeados ou indicados pelo Poder

Público, já a Mediação privada é exercida por mediadores “particulares”, sob à égide de

regulamentos próprios das entidades especializadas à qual estejam vinculados, geralmente as

Câmaras de Arbitragem.

2.25...Modelos e etapas na Mediação.

Existe um modelo denominado “Circular-Narrativo de Sara Cobb”, que tem por

método a exteriorização do conflito com todas as emoções dos mediados e total neutralidade

do mediador, e após estabelecido o caos, o mediador reestabelece a ordem.

Mas o modelo mais praticado é o tradicional de Harvard, o nascedouro da Mediação,

que tem como fundamento a comunicação, e os mediados, cada um na sua vez, expressam

verbalmente o conflito ou suas razões, enquanto o outro escuta atentamente, ambos diante do

mediador, que facilita a comunicação para a busca do acordo pelos próprios mediados.

Existem ainda outros modelos de Mediação que não devem ser rechaçados, tendo em

vista que em Mediação não existe um modelo padrão para todas as naturezas de conflitos,

devido as várias áreas de aplicação. O ideal é criar um método que melhor se aplique a cada

realidade e a cada causa, ensinou Tenório (2006).

De qualquer forma, é indispensável para o mediador se pautar por princípios éticos.

Embora a ética não se aprenda ou se ensine, o mediador deve seguir algumas regras de

conduta para consigo mesmo e para com as partes envolvidas, em obediência ao código de

ética do mediador.

Page 69: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

69

Para a operacionalização da Mediação, é preciso que antes seja dado a conhecer aos

mediados o local onde serão realizados os trabalhos.

Quanto as etapas da Mediação - dentro do tradicional modelo de Havard - tudo

começa com a apresentação pessoal do mediador e a sua gratidão às partes pela escolha da

solução extrajudicial para solucionar o conflito e, em seguida, ele explica como são e como

transcorrem as etapas seguintes da Mediação com total transparência, para infundir maior

confiabilidade aos mediados.

A segunda etapa refere-se à exposição do conflito que cada um deve fazer, e o

mediador ficará atento aos porquês e tentará entendê-los, colocando-se no “sapato do outro”,

como diz um velho adágio argentino.

O mediador terá a sua atenção voltada não só ao discurso de cada um, mas também aos

sinais exteriores feitos pelos mediados como: inflexão de voz, reações, linguagem corporal,

expressão facial, etc.

Na etapa seguinte, o mediador faz um resumo da exposição de cada parte para externar

a sua compreensão, já apresentando os pontos convergentes dos relatos. Por estratégia, deve o

mediador decompor o problema, fazendo com que os mediados deixem transparecer as suas

diferenças.

Na quarta etapa, o mediador emprega todo o seu know how para, com perguntas

cirúrgicas, estimular a reflexão dos mediados sobre os pontos convergentes, divergentes ou

ocultos. O conflito será dissecado pelas partes, cabendo ao mediador, na 5ª etapa, estimular a

criatividade dos mediados, para que eles mesmos encontrem a solução.

Quando os mediados chegam ao consenso - etapa última – resta redigir os termos do

acordo, numa linguagem simples, direta e objetiva, a ser assinado por eles e por duas

testemunhas. Ao finalizar, o mediador parabeniza os mediados pelo bom senso de resolver

seus problemas sem apelar à cultura do contencioso, amplamente estimulados nos cursos de

graduação em Direito.

Se durante uma dessas etapas alguém desistir de dar o prosseguimento na Mediação,

essa posição deve ser respeitada, prevalecendo o princípio da autonomia das partes, explicou

Tenório (2006).

Independente da área de atuação ou formação do mediador, não pode ele prescindir da

interdisciplinaridade, ele deve possuir conhecimentos sólidos sobre negociação, comunicação,

psicologia, sociologia e noções de Direito, além da vocação para tal responsabilidade.

Page 70: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

70

3.....ESTUDO DE CASO

3.1...Pesquisa Aplicada

Com o intuito de coletar dados relevantes, que seriam posteriormente analisados e

apropriadamente tabulados, fiz uso da aplicação de um questionário com 10 perguntas, e os

respondentes foram profissionais experientes de Santos e São Paulo que militam no Juízo

Arbitral. Alguns contatos foram feitos por e-mail, mas a maioria foi feito por telefone, devido

a natureza pragmática das questões.

As instituições que contribuem para a disseminação e propagação dos meios

extrajudiciais de solução de conflitos, que foram contatadas são:

Santos Arbitral (santosarbitral.com.br);

Paccillo Advogados (paccillo.adv.br );

Gentil Advogados Associados (gentiladvogados.com.br);

TACISP (tacisp.com.br );

Laudum (laudum.com.br );

Page 71: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

71

CAMARB (camarb.com.br );

ANBIMA ( anbima.com.br );

ARBITRIUM ( arbitrium.com.br);

TAEMESP ( taemesp.com.br);

MASP ( masparbitragem.com.br );

SPArbitral ( sparbitral.com.br );

Lamentavelmente, alguns não entenderam a importância deste trabalho e não foram

receptivos. Uns não retornaram os e-mails tendo o questionário como anexo, já outros não

tiveram boa vontade para responder por telefone.

Houve um fato inusitado. O escritório Paccillo Advogados só aceita falar sobre o Juízo

Arbitral mediante o pagamento de R$ 250,00, à título de honorários.

Por outro lado, os profissionais das instituições: Santos Arbitral e TAEMESP foram

bastante prestativos, responderam o questionário e contribuíram com seus comentários e

afirmações. De modo a facilitar o entendimento, nas linhas seguintes estão redigidas as

questões, e as respostas estão graficamente identificadas, seguidas de um breve comentário.

Gráfico 1 - Quando ou como o(a) Sr.(a) tomou ciência da Lei Federal 9.307/1996?

0%

10%

20%

30%

40%

50%

100%

100%

100%

100%

Series3

Quase a metade dos respondentes, em sua totalidade profissionais de Direito, tomaram

ciência do instituto arbitral na faculdade, de forma bem superficial. Fica patente a importância

das Universidades na divulgação, para seus alunos, da Arbitragem Empresarial, e isso pode

ser feito por meio de uma revisão da grade curricular dos cursos de graduação.

Page 72: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

72

Gráfico 2 - Por favor, cite qual é a principal vantagem oferecida por este "novo"

ordenamento jurídico?

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

20%

10% 10%

Series1

Para os usuários deste “novo” ordenamento jurídico, o quesito celeridade é, sem

dúvida, o principal diferencial competitivo em relação a Justiça Pública.

Gráfico 3 - O que limita a disseminação do Juízo Arbitral em nossa sociedade?

60%

10%

20%

10%

Desconhecimento

Desconfiança

Herança Cultural

Câmaras insuficientes

Page 73: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

73

Para os abnegados profissionais, o desconhecimento por parte dos profissionais de

Direito é o maior impeditivo para a disseminação do Juízo Arbitral no país.

Gráfico 4 - Quais são as Câmaras Arbitrais mais renomadas em atividade no país?

40%

30%

20%

10%

Series1

Existem diversas instituições que prestam bons serviços e que por isso são

reconhecidas no meio por seus préstimos. O fato curioso é que somente foram citadas

Instituições Arbitrais que atuam no Estado de São Paulo.

Gráfico 5 - Numa escala de 0 ( zero ) a 10 ( dez ), como o(a) Sr.(a) avalia o nível de

conhecimento e preparo intelectual dos seus colegas de profissão aqui da Baixada

Santista que militam na área.

Nota 5,00 20%

Nota 4,00 70%

Nota 6,00 10%

Avaliação: Percentuais obtidos.

Page 74: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

74

É preocupante o nível de despreparo dos profissionais, no que diz respeito a atualização e

capacitação técnica sobre a Lei Federal 9.307/96.

Gráficos 6 - Em que tipos de contratos o apelo a Arbitragem Empresarial é mais

procurado?

20% 20% 50% 10%

Locação Franquia Prestação de Serviços Trabalho

Basicamente, o apelo a Arbitragem é mais comum em contratos de prestação de

serviços. Contratos de franquia e de locação, também foram lembrados.

Gráfico 7 - O(A) Sr.(a) sabe informar se as atividades das Câmaras Arbitrais são

fiscalizadas, e por quem?

Page 75: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

75

10%

20%

10%

60%

Series1

Apesar da profundidade da pergunta, 10% dos entrevistados não souberam responder

se as atividades das Câmaras Arbitrais são fiscalizadas.

Gráfico 8 - O(A) Sr.(a) acha interessante incluir o estudo da Lei Federal 9.307/1996 na

grade curricular dos cursos de graduação em Administração, Contabilidade e Direito?

De forma unânime, todos os respondentes acham de fundamental importância a

inclusão da matéria nas grades curriculares dos cursos de graduação, habilitando os alunos

para alternativas extrajudiciais de pacificação social.

Gráfico 9 - A aplicação da Arbitragem em litígios trabalhistas é muito controvertida,

não existindo consenso entre os estudiosos. Particularmente, como o(a) Sr.(a) se

posiciona, é contra ou a favor?

Page 76: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

76

60%

40%

Series1

Mais da metade dos entrevistados se posicionaram contra. Essa divisão existe também

entre os juízes, pois alguns entendem que a matéria é competência exclusiva do Estado.

Gráfico 10 - Na sua visão, em algum momento futuro, poderemos testemunhar o

amadurecimento jurídico de nossa sociedade, de modo que a cultura do litigioso evolua

para a composição pacífica de conflitos?

A maioria é reticente, já que os principais indutores desse processo, os advogados, não

foram formados para resolver conflitos, mas sim, eternizá-los por meios de atos protelatórios.

Não: 70% Sim: 30%

Page 77: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

77

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atuais relações corporativas pautam-se por uma série de fatores, dentre os quais

predominam aqueles relacionados a preços, qualidade dos produtos, cumprimentos de prazos,

custos, bem como as garantias de aderência – leia-se cumprimento - às cláusulas contratuais.

Se tais garantias ficam exclusivamente ao amparo de assistência por parte da Justiça Pública,

as soluções de controvérsias e conflitos poderão demandar até décadas.

Nesta realidade, as partes ou os objetos do litígio poderão não mais existir quando uma

sábia decisão judicial for proferida, ou seja, por decurso de prazo ninguém poderá mais se

satisfazer da decisão.

Embora a nossa cultura jurídica seja um tanto quanto refratária aos meios paraestatais

de solução de controvérsias contratuais, o congresso nacional tem trabalhado a favor destes

meios alternativos à Justiça Pública, tanto que em 2.004 foi aprovada a Lei das P.P.Ps

( Parcerias Público-Privadas ), sendo válida para os 3 níveis de Governo: Federal, Estadual e

Municipal. A Lei das P.P.Ps contempla a adoção de procedimentos arbitrais para solucionar

litígios que tenham como base relações contratuais.

Existem projetos de lei tramitando no Congresso Nacional que visam regulamentar

tanto a Mediação como técnica negocial, quanto a profissão de árbitro e de mediador,

iniciativas estas que impulsionarão em muito o uso da Justiça Privada em contratos que

versem sobre bens disponíveis, prevista na Lei 9.307/96, sancionada pelo então presidente

Fernando Henrique Cardoso.

Com este embasamento legal adequado, diferente do que era até poucos anos atrás, um

significativo número de processos passarão a ser encaminhados aos fóruns paralelos à Justiça

Pública, ou seja, serão desaguados nas instituições de Mediação, Conciliação e Arbitragem,

servindo estas como eficientes órgãos de apoio ao judiciário, que é reconhecidamente moroso

por conta do crescimento geométrico das lides.

Outras entidades de classe profissional devem ser orientadas para uma participação

mais ativa nestas instituições, aproveitando a iniciativa do B.I.D. ao disponibilizar uma linha

de crédito especial para disseminação cultural do instituto da Arbitragem.

O B.I.D. é a principal fonte de financiamento multilateral para projetos de

desenvolvimento econômico, social e institucional, assim como programas de promoção do

comércio e integração regional na América Latina e no Caribe.

Outro instrumento propulsor da Justiça Privada seria ampliar as ações de entidades

sérias e representativas na nossa sociedade, como a BOVESPA, que exige a inclusão de

Page 78: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

78

procedimentos arbitrais nos estatutos sociais de compainhas de capital aberto admitidas no

Novo Mercado.

A exemplo do que acontece em outros países, é perfeitamente possível criar no Brasil

entidades de prestígio global (v.g.: AAA - American Arbitration Association) por meio de

protocolos de cooperação entre órgãos como a O.A.B., Federações de Comércio, SEBRAE,

Tribunais de Justiça, Conselho Federal de Administração e CONIMA, unindo de esforços

para incluir o Brasil num cenário jurídico mais competitivo, confiável e atraente, à exemplo

do que já acontece com o Chile na América Latina.

Gradualmente, as Câmaras Arbitrais começam a fazer parte da vida das pessoas em

diversos Estados brasileiros, um sinal inequívoco do amadurecimento jurídico de uma parcela

da sociedade brasileira. 

Por exemplo, o Tribunal Arbitral de São Paulo, que foi fundado em 1.999, já julgou

mais de sete mil casos. As Câmaras de Mediação e Arbitragem das cidades paulistas de São

José do Rio Preto e Ribeirão Preto já funcionam com o apoio de associações comerciais,

imobiliárias e empresas da região.

Em Campinas, o Instituto de Mediação e Arbitragem firmou um convênio com a

Prefeitura, Secretaria da Cidadania e PROCON, possibilitando a resolução rápida por meio da

Mediação para as pessoas com processos junto a este órgão. 

A Câmara de Mediação e Arbitragem do Amazonas – CAMAM, conta com o apoio de

entidades como a SUFRAMA, Federação do Comercio do Estado do Amazonas e

SEBRAE/AM. Em quase seis anos, mais de cem mil casos foram resolvidos pela justiça

Privada, deixando de sobrecarregar os fóruns locais.

Estas iniciativas devem ser respaldadas pelo desenvolvimento de um amplo programa

educacional, incluindo os métodos extrajudiciais de solução de conflitos (Mediação,

Conciliação e Arbitragem) nas grades universitárias dos cursos de Administração, cujos

profissionais encontram neste instituto mais um fértil campo de atuação, onde podem exercer

o papel de árbitros, mediadores, peritos, assistentes técnicos, gerentes, negociadores ou

secretários, dependendo da estrutura da Câmara Arbitral, ou da complexidade da lide

envolvida.

A Justiça Privada oferece indiscutíveis vantagens em relação à Justiça Pública, como:

A agilidade, pois as partes determinam o prazo para o julgamento da questão e, quando

não o fazem, a Lei 9.307/96 determina seis meses para a decisão do(s) árbitro(s). Existe

um grande número de casos que são resolvidos em apenas 30 (trinta) dias;

Page 79: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

79

O sigilo, que impede que sejam divulgados os nomes das partes ou o conteúdo do caso

propriamente dito;

A especialidade dos árbitros, sendo raro a contratação de peritos para assistir ao julgador;

Os custos reduzidos, pois os gastos processuais chegam a ser 80% mais baratos em

comparação à Justiça Ordinária.

Finalizando, é relevante responder uma pergunta feita com bastante freqüência por

interessados e potenciais usuários da Arbitragem Empresarial, que indagam se existe algum

órgão superior com poder para punir tantos as Câmaras Arbitrais que atuem de forma

irregular, quanto os profissionais irresponsáveis que denigrem a imagem do instituto arbitral.

A resposta é positiva, o Ministério Público está investido de tal autoridade, e pode

punir as Câmaras Arbitrais irregulares, assim como os supostos profissionais.

Sugere-se que em caso comprovado de fraude ou má-fé, estas sejam formalmente

denunciadas ao Ministério Público, que dará o devido andamento na investigação.

O bom uso do instituto arbitral fará com que ele gradativamente se consagre como um

mecanismo eficaz e bastante procurado para a solução de controvérsias na execução de

contratos, tornando-se uma ferramenta indispensável para o mundo empresarial, onde atuam o

pequeno, o médio e o grande empreendedor.

Uma Justiça Privada independente e imparcial à disposição da sociedade é um

movimento universal que congrega uma grande parte dos juristas atentos à questão

fundamental de compatibilizar a complexidade da vida moderna com os mecanismos

tradicionais de solução de conflitos.

O Brasil ainda tem muito a evoluir, mas mesmo assim, nós estamos entre os países que

mais fazem uso de métodos extrajudiciais para resolução de impasses contratuais sobre bens

disponíveis, e temos testemunhado que se trata de uma ferramenta jurídica moderna e eficaz

de pacificação social.

Page 80: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVIM, J. E. Carreira. Comentários às Lei de Arbitragem: Lei 9.307, de 23 de setembro de

1.996. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2.008. 213 p.

CACHAPUZ, Rosane da Rosa. Arbitragem: Alguns aspectos do processo e do procedimento

na Lei 9.307/96. São Paulo: Editora de Direito, 2.000. 262 p.

CAETANO, Luiz Antunes. Do Juízo Arbitral: Arbitragem e Mediação hoje. 2 ed. São Paulo:

Pillares, 2.006. 263 p.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. 3 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2.002. 170 p.

CARMONA, Carlos Alberto. et al. ( Org ). Arbitragem: Estudos em homenagem ao Prof.

Guido Fernando Silva Soares. São Paulo: Editora Atlas, 2.007. 473 p.

KROETZ, Tarcísio Araújo. Arbitragem: conceito e pressupostos de validade de acordo com

a Lei 9.307/96. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 1.997. 150 p.

MACIEL, Marco. Dez anos de aprovação da Lei de Arbitragem.Valor Econômico, São

Paulo, 15 mai 2.006.

Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5468 – Acesso em 06 dez. 2.010.

Disponível.em:.http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?

cod=1626&cat=Textos_Jurídicos – Acesso em 23 out. 2.010.

Disponível.em:.http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/

JUSTICA+BRASILEIRA+TEM+QUASE+90+MILHOES+DE+PROCESSOS+EM+TRAMI

TACAO_71408.shtml – Acesso em 27 dez. 2010.

Disponível.em:.http://www.tavolaroadvogados.com/doutrina/cs482.pdf.-.Acesso.em.07.abr.

2011.

Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/5468/uma-nova-visao-da-arbitragem -

Acesso em 07 abr. 2011.

Page 81: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

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Disponível.em:.http://www.saopauloarbitragem.com.br/noticias.asp?

id_noticia=26&id_tipo_noticia=3&id_secao=17 – Acesso em 07 abr. 2011.

Page 82: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

82

BIBLIOGRAFIA

ANGHER, Anne Joyce ( organizadora ).Vademecum Acadêmico de Direito. 3 ed. São

Paulo: Riddel, 2.006. 1.600 p.

DINIZ, Maria Helena. Dicionario jurídico. São Paulo: Saraiva, 1.998. 869 p.

ADMINISTRADOR PROFISSIONAL. São Paulo: Ed. CRASP, nº 297, ano 34, 2.011.

Disponível em: http://www.carmesp.com.br - Acesso em : 02 fev. 2.011.

Disponível em: http://www.cfa.org.com.br - Acesso em : 07 fev. 2.011.

Disponível em : http://www.crasp.com.br/index.asp?secao=55 – Acesso em 14 abr. 2.011.

Disponível em: http://www.dji.com.br - Acesso em : 11 nov. 2.010.

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Disponível em: http://www.iadb.org/aboutus/I/index.cfm?language=Portuguese ( BID) –

Acesso em 08 Jan. 2.011.

Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/297014/medidas-coercitivas - Acesso 10

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Disponível em: http://www.mundolegal.com.br - Acesso em 05 out. 2.010.

Disponível em: http://www.presidencia.gov.br – Acesso em 24 nov. 2.010.

Disponível.em:.http://www.serjusrj.org.br/site/index.php?

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andamento-revela-cnj&catid=48:pra-categoria&Itemid=174 – Acesso em 14 abr. 2.011.

Disponível.em:.http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?

CODIGO=16676&tip=UN – Acesso em 28 dez. 2.010.

Page 83: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

83

Disponível em: http://www.taab.com.br - Acesso em 11 jan. 2.011.

Disponível em: http://www.tricomeja.com.br - Acesso em 28 jan. 2.011.

Disponível em: http://www.wikipedia.com - Acesso em 16 set. 2.010.

Page 84: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

84

ANEXO A

MODELO DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA.

“Declaram as partes que, qualquer Controvérsia ou Demanda que surja do presente Contrato

ou que com ele se relacione deverá ser resolvida por Arbitragem conforme o regulamento de

Arbitragem do TAAB - Câmara de Alçada Arbitral Brasileira, que promoverá a solução de

eventual conflito de acordo com a lei 9.307/96 e de seu regulamento interno”.

Page 85: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

85

ANEXO B

MODELO DE COMPROMISSO ARBITRAL

Pelo presente instrumento particular de Compromisso Arbitral, de um lado (nome e

qualificação completa) e de outro (nome e qualificação completa) (item obrigatório

conforme art. 10, I, Lei 9.307/96) ao final infra-assinadas, convencionam que submeterão

ao juízo arbitral, nos termos da Lei 9.307/96, a solução definitiva de conflito decorrente

do Contrato ____________ (cópia anexa) existente entre ambos, de acordo com as

seguintes condições:

1. Nomeiam o TAESP – Arbitragem & Mediação, localizado no Largo do Arouche, 24 – 4º - São Paulo – SP, fone/fax:11-3337-0200 e na Rua Conceição, 233 – 23º. Andar – sala 2305 – Campinas/SP, fone: 19-3232-0037, como entidade responsável pela administração do procedimento arbitral e providências necessárias para a indicação (de árbitro único ou de 3 (três) árbitros – a escolha deve estar manifestada neste compromisso arbitral) bem como aceitam, na integra, os seus Regulamentos Internos que nortearão a condução do procedimento arbitral.( obrigatório conforme art.10, II )

2. O objeto da Arbitragem é a solução definitiva do conflito surgido entre as partes decorrente do contrato de __________, firmado em ___/___/___, nos seguintes termos:

a. Descrever a controvérsia ( obrigatório conforme art. 10, III )3. A Sentença Arbitral será proferida na cidade de (escolher entre São Paulo ou

Campinas), na sede do TAESP – Arbitragem & Mediação. (item obrigatório conforme art. 10, IV )

4. Os locais onde será desenvolvida a Arbitragem ficarão a critério do(s) árbitro(s) (item facultativo conforme art. 11, I ).

5. O(s) árbitro(s) julgará(ão) de acordo com a legislação brasileira (item facultativo conforme art. 11, II e IV - lei 9.307/96 – as partes poderão estabelecer que o julgamento seja por equidade ou por outra legislação que não a brasileira).

6. A sentença arbitral deverá ser apresentada no prazo de 180 (cento e oitenta dias) (item facultativo conforme art. 11, III - lei 9.307/96 – caso as partes nada mencionem a sentença deverá ser apresentada em 180 dias).

7. As partes convencionam que as custas e os honorários da Arbitragem deverão ser custeados igualmente, independente do resultado do seu julgamento. (item facultativo conforme art. 11, V - lei 9.307/96 – as partes poderão acertar outras condições).

8. Os honorários do(s) árbitro(s) serão fixados pelo TAESP conforme respectiva Tabela de Custas e Honorários.

Local e data,

Assinatura das partes

Assinatura e identificação das 2 testemunhas ( obrigatório conforme art. 9º, parágrafo 2º )

Page 86: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

86

ANEXO C

DEZ ANOS DE APROVAÇÃO DA LEI DE ARBITRAGEM

(Jornal Valor Econômico - 15/05/2006) * Por Marco Maciel

Um dos objetivos do processo de modernização, importante em termos de mudança

social mas pouco percebido pela própria sociedade, é a diminuição da tutela do Estado e o

conseqüente aumento dos poderes da cidadania. As transformações, embora pouco notadas,

são essenciais, pois tratam de criar mecanismos de proteção e garantias individuais que se

conformem - não apenas sob o ponto de vista jurídico, mas também sob os aspectos

econômicos e sociais - com o pleno exercício dos direitos humanos. Exemplos significativos

encontram-se no Código de Defesa do Consumidor, nos juizados especiais cíveis e criminais e

no Estatuto da Criança e do Adolescente. Ademais, em 2004, foi promulgada a Emenda

Constitucional nº 45, dispondo sobre a reforma do Judiciário e que ensejou, em conseqüência,

a aprovação de novas leis processuais que concorreram para o melhor funcionamento do

poder judicante. Pari passu a essas questões, estamos comemorando o décimo aniversário da

aprovação da Lei nº 9.307, que dispõe sobre a Arbitragem e cujo projeto tive a iniciativa de

apresentar ao Senado Federal em 1992. Naquela ocasião observei que o texto, caso aprovado,

significaria o aparecimento de uma instância alternativa à prestação jurisdicional por parte do

Estado.

Há no Brasil uma demanda da sociedade direcionada no sentido de tornar mais célere

a prestação jurisdicional, pois, como ressaltou Rui Barbosa, em sua sempre recordada

"Oração aos Moços", "justiça atrasada não é justiça e sim injustiça qualificada e manifesta".

Se tal representa um estorvo para as partes, não deixa de constituir, igualmente, um tormento

para os advogados e uma preocupação para os magistrados, que vivenciam o crescimento

geométrico das lides. De mais a mais, nesses tempos de mundialização em que vive o planeta,

a Lei nº 9.307 está possibilitando que muitas questões envolvendo pessoas físicas e jurídicas,

nacionais e estrangeiras, sejam resolvidas mediante apelo à Arbitragem, mormente depois de

o Brasil haver "ratificado em 2002 a Convenção de Nova York de 1958". No Brasil, há um

aumento gradativo do uso da Arbitragem nos últimos anos, mas é necessário que se continue a

apoiá-la.

 A esse propósito lembro depoimento da secretária-geral da Corte Internacional de

Arbitragem (CCI), Anne Marie Whitesell: "O Brasil avançou muito em Arbitragem desde

2002, ano em que assinou a Convenção de Nova York, que determina que o Judiciário deve

Page 87: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

87

seguir decisões tomadas pelos comitês de Arbitragem".

A Arbitragem, conquanto seja um instituto que somente agora está sendo exercitado

entre nós, não é algo novo em nosso direito positivo legislado. Basta lembrar a norma

expressa no artigo 160 da Constituição Federal de 1824, prevendo que, nas causas cíveis e

penais, civilmente intentadas, poderiam as partes nomear juízes árbitros, cujas sentenças

seriam executadas sem recursos, se assim o convencionarem ambas as partes. Frise-se, ainda,

sua previsão no Código Civil que vigorou de 1917 a 2002, mas que permaneceu como letra

morta nas práticas jurídicas brasileiras. O fato ocorreu não por falta de tradição do instituto

em nosso direito, mas porque a disciplina da matéria subordinava a Arbitragem à

homologação judicial, fazendo que as soluções pactuadas, no âmbito privado, voltassem

obrigatoriamente à esfera pública, repetindo-se, assim, o circuito das prestações jurisdicionais

típicas do Poder Judiciário. Carecia-se, portanto, de uma provisão legal que desse a esse

instituto, tão amplamente utilizado em outros países e no direito internacional público,

eficácia jurídica integral.

As vantagens que a Arbitragem oferece sobrelevam de muito os processos

jurisdicionais estatais, quer pela celeridade do rito escolhido, quer pela especialização dos

árbitros, mediante a faculdade de se escolherem os experts na referida matéria, quer pelo

sigilo, quando tal se impõe, quer pela flexibilidade dos atos procedimentais, quer pela menor

onerosidade dos custos, sobretudo se as partes se servirem das câmaras de Arbitragem

empresarial, quer pela exeqüibilidade das decisões arbitrais, como títulos executivos que são.

Cabe observar que, no Brasil, está ocorrendo um aumento gradativo no uso da

Arbitragem nos últimos anos. Cito, a propósito, um levantamento feito pelo Conselho

Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem (Conima), o qual revela a realização de

20 mil procedimentos de Arbitragem nas 79 câmaras arbitrais associadas no período de 1999

a 2004. É de todo necessário, entretanto, que se continue a apoiar o sistema de Arbitragem em

nosso país. E, para tal fim, é imprescindível que se desenvolva uma cultura da Arbitragem,

para que a lei seja não apenas adequadamente apreendida pela sociedade, mas também

corretamente aplicada. "

Marco Maciel é senador da República e autor da Lei de Arbitragem

Jornal Valor Econômico - 15/05/2006

Page 88: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

88

ANEXO D

12/12/2001 - 19:15 – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JULGA CONSTITUCIONAL

A LEI DE ARBITRAGEM (republicação)

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou hoje (12/12) um

recurso em processo de homologação de Sentença Estrangeira (SE 5206), considerando

constitucional a Lei de Arbitragem (Lei 9307/96). A lei permite que as partes possam escolher

um árbitro para solucionar litígios sobre direitos patrimoniais, sendo que o laudo arbitral

resultante do acordo não precisa ser mais homologado por uma autoridade judicial.

Esse é o caso piloto (leading case) sobre a matéria. Trata-se de uma ação movida a

partir de 1995. A empresa, de origem estrangeira, pretendia homologar um laudo de sentença

arbitral dada na Espanha, para que tivesse efeitos no Brasil. A princípio, o pedido havia sido

indeferido. Entretanto, em 1996, foi promulgada a Lei 9307, que dispensaria a homologação

desse laudo na justiça do país de origem. Durante o julgamento do recurso, o ministro Moreira

Alves levantou a questão da constitucionalidade da nova lei.

Apesar de todos os ministros terem votado pelo deferimento do recurso, no sentido de

homologar o laudo arbitral espanhol no Brasil, houve discordância quanto ao incidente de

inconstitucionalidade. Sepúlveda Pertence, o relator do recurso, bem como Sydney Sanches,

Néri da Silveira e Moreira Alves entenderam que a lei de Arbitragem, em alguns de seus

dispositivos, dificulta o acesso ao Judiciário, direito fundamental previsto pelo artigo quinto,

inciso XXXV, da Constituição Federal.

A corrente vencedora, por outro lado, considera um grande avanço a lei e não vê

nenhuma ofensa à Carta Magna. O ministro Carlos Velloso, em seu voto, salientou que se

trata de direitos patrimoniais e, portanto, disponíveis. Segundo ele, as partes têm a faculdade

de renunciar a seu direito de recorrer à Justiça. “O inciso XXXV representa um direito à ação,

e não um dever”. O presidente do tribunal, ministro Marco Aurélio, após o término do

julgamento, comentou a decisão dizendo esperar que seja dada confiança ao instituto da

Arbitragem e, a exemplo do que ocorreu em outros países, que essa prática “pegue no Brasil

também”. Segundo ele, presume-se uma atuação de boa-fé por parte dos árbitros, que devem

ser credenciados para tanto. A Lei de Arbitragem está em vigência desde a data de sua

publicação.

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89

ANEXO E

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.

Dispõe sobre a Arbitragem.

         O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e

eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I

Disposições Gerais

        Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da Arbitragem para dirimir

litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

        Art. 2º A Arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes.

        § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na

Arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.

        § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a Arbitragem se realize com base nos

princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

Capítulo II

Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos

        Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral

mediante convenção de Arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o

compromisso arbitral.

Page 90: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

90

        Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um

contrato comprometem-se a submeter à Arbitragem os litígios que possam vir a surgir,

relativamente a tal contrato.

        § 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no

próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.

        § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente

tomar a iniciativa de instituir a Arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua

instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou

visto especialmente para essa cláusula.

        Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão

arbitral institucional ou entidade especializada, a Arbitragem será instituída e processada de

acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em

outro documento, a forma convencionada para a instituição da Arbitragem.

        Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a Arbitragem, a parte

interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à Arbitragem, por via postal

ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento,

convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.

        Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a

firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7º

desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da

causa.

        Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da

Arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em

juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.

        § 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da Arbitragem, instruindo o pedido com o

documento que contiver a cláusula compromissória.

Page 91: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

91

        § 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a Conciliação

acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz conduzir as partes à celebração, de

comum acordo, do compromisso arbitral.

        § 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz, após

ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as

disposições da cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, § 2º, desta

Lei.

        § 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao

juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a solução do

litígio.

        § 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para a lavratura do

compromisso arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de mérito.

        § 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a

respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro único.

        § 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como compromisso arbitral.

        Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver

inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula

compromissória.

        Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as

questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de Arbitragem e do contrato

que contenha a cláusula compromissória.

        Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um

litígio à Arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.

        § 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo

ou tribunal, onde tem curso a demanda.

        § 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado

por duas testemunhas, ou por instrumento público.

Page 92: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

92

        Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:

        I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;

        II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a

identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;

        III - a matéria que será objeto da Arbitragem; e

        IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.

        Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:

        I - local, ou locais, onde se desenvolverá a Arbitragem;

        II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for

convencionado pelas partes;

        III - o prazo para apresentação da sentença arbitral;

        IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à Arbitragem,

quando assim convencionarem as partes;

        V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com

a Arbitragem; e

        VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.

        Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbitros, no

compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal

estipulação, o árbitro requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria competente para julgar,

originariamente, a causa que os fixe por sentença.

        Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral:

        I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as partes

tenham declarado, expressamente, não aceitar substituto;

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93

        II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde que

as partes declarem, expressamente, não aceitar substituto; e

        III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte

interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o

prazo de dez dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral.

Capítulo III

Dos Árbitros

        Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.

        § 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo

nomear, também, os respectivos suplentes.

        § 2º Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes estão autorizados, desde

logo, a nomear mais um árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder

Judiciário a que tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação do árbitro,

aplicável, no que couber, o procedimento previsto no art. 7º desta Lei.

        § 3º As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros,

ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.

        § 4º Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do

tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso.

        § 5º O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se julgar conveniente, um secretário,

que poderá ser um dos árbitros.

        § 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade,

independência, competência, diligência e discrição.

        § 7º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento de verbas

para despesas e diligências que julgar necessárias.

        Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as

partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os

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94

casos de impedimento ou suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos

deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil.

        § 1º As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar, antes da

aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade

e independência.

        § 2º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação.

Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando:

        a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou

        b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação.

        Art. 15. A parte interessada em argüir a recusa do árbitro apresentará, nos termos do art.

20, a respectiva exceção, diretamente ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral,

deduzindo suas razões e apresentando as provas pertinentes.

        Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbitro suspeito ou impedido, que

será substituído, na forma do art. 16 desta Lei.

        Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a aceitação,

vier a falecer, tornar-se impossibilitado para o exercício da função, ou for recusado, assumirá

seu lugar o substituto indicado no compromisso, se houver.

        § 1º Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do órgão

arbitral institucional ou entidade especializada, se as partes as tiverem invocado na convenção

de Arbitragem.

        § 2º Nada dispondo a convenção de Arbitragem e não chegando as partes a um acordo

sobre a nomeação do árbitro a ser substituído, procederá a parte interessada da forma prevista

no art. 7º desta Lei, a menos que as partes tenham declarado, expressamente, na convenção de

Arbitragem, não aceitar substituto.

        Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam

equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.

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95

        Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a

recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

Capítulo IV

Do Procedimento Arbitral

        Art. 19. Considera-se instituída a Arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se

for único, ou por todos, se forem vários.

        Parágrafo único. Instituída a Arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que

há necessidade de explicitar alguma questão disposta na convenção de Arbitragem, será

elaborado, juntamente com as partes, um adendo, firmado por todos, que passará a fazer parte

integrante da convenção de Arbitragem.

        Art. 20. A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou

impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da

convenção de Arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar,

após a instituição da Arbitragem.

        § 1º Acolhida a argüição de suspeição ou impedimento, será o árbitro substituído nos

termos do art. 16 desta Lei, reconhecida a incompetência do árbitro ou do tribunal arbitral,

bem como a nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de Arbitragem, serão as partes

remetidas ao órgão do Poder Judiciário competente para julgar a causa.

        § 2º Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a Arbitragem, sem

prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, quando

da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33 desta Lei.

        Art. 21. A Arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na

convenção de Arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional

ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao

tribunal arbitral, regular o procedimento.

        § 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal

arbitral discipliná-lo.

Page 96: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

96

        § 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório,

da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

        § 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a

faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.

        § 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a

Conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei.

        Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir

testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias,

mediante requerimento das partes ou de ofício.

        § 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora

previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu

rogo, e pelos árbitros.

        § 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar

depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento

da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas

circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade

judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de

Arbitragem.

        § 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral.

        § 4º Ressalvado o disposto no § 2º, havendo necessidade de medidas coercitivas ou

cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria,

originariamente, competente para julgar a causa.

        § 5º Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser substituído fica a critério

do substituto repetir as provas já produzidas.

Capítulo V

Da Sentença Arbitral

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97

        Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo

sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da

instituição da Arbitragem ou da substituição do árbitro.

        Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo

estipulado.

        Art. 24. A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito.

        § 1º Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se não houver

acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do tribunal arbitral.

        § 2º O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto em separado.

        Art. 25. Sobrevindo no curso da Arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis

e verificando-se que de sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal

arbitral remeterá as partes à autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo o

procedimento arbitral.

        Parágrafo único. Resolvida a questão prejudicial e juntada aos autos a sentença ou

acórdão transitados em julgado, terá normal seguimento a Arbitragem.

        Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:

        I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;

        II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito,

mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por eqüidade;

        III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e

estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e

        IV - a data e o lugar em que foi proferida.

        Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros.

Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder

ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato.

Page 98: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

98

        Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas

e despesas com a Arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for

o caso, respeitadas as disposições da convenção de Arbitragem, se houver.

        Art. 28. Se, no decurso da Arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao litígio, o

árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sentença

arbitral, que conterá os requisitos do art. 26 desta Lei.

        Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a Arbitragem, devendo o árbitro, ou

o presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às partes, por via postal ou por outro

meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, ou, ainda,

entregando-a diretamente às partes, mediante recibo.

        Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência

pessoal da sentença arbitral, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá

solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:

        I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

        II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se

pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão.

        Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias, aditando a

sentença arbitral e notificando as partes na forma do art. 29.

        Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos

da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título

executivo.

        Art. 32. É nula a sentença arbitral se:

        I - for nulo o compromisso;

        II - emanou de quem não podia ser árbitro;

        III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;

        IV - for proferida fora dos limites da convenção de Arbitragem;

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99

        V - não decidir todo o litígio submetido à Arbitragem;

        VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;

        VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e

        VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

        Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a

decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.

        § 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o

procedimento comum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo

de até noventa dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu

aditamento.

        § 2º A sentença que julgar procedente o pedido:

        I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e

VIII;

        II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais

hipóteses.

        § 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante

ação de embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil,

se houver execução judicial.

Capítulo VI

Do Reconhecimento e Execução de Sentenças

Arbitrais Estrangeiras

        Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de

conformidade com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua

ausência, estritamente de acordo com os termos desta Lei.

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100

        Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida

fora do território nacional.

        Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está

sujeita, unicamente, à homologação do Supremo Tribunal Federal.

        Art. 36. Aplica-se à homologação para reconhecimento ou execução de sentença arbitral

estrangeira, no que couber, o disposto nos arts. 483 e 484 do Código de Processo Civil.

        Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida pela parte

interessada, devendo a petição inicial conter as indicações da lei processual, conforme o art.

282 do Código de Processo Civil, e ser instruída, necessariamente, com:

        I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente certificada, autenticada pelo

consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial;

        II - o original da convenção de Arbitragem ou cópia devidamente certificada,

acompanhada de tradução oficial.

        Art. 38. Somente poderá ser negada a homologação para o reconhecimento ou execução

de sentença arbitral estrangeira,      quando o réu demonstrar que:

        I - as partes na convenção de Arbitragem eram incapazes;

        II - a convenção de Arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes a

submeteram, ou, na falta de indicação, em virtude da lei do país onde a sentença arbitral foi

proferida;

        III - não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de Arbitragem, ou

tenha sido violado o princípio do contraditório, impossibilitando a ampla defesa;

        IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de Arbitragem, e não

foi possível separar a parte excedente daquela submetida à Arbitragem;

        V - a instituição da Arbitragem não está de acordo com o compromisso arbitral ou

cláusula compromissória;

Page 101: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

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        VI - a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as partes, tenha sido

anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão judicial do país onde a sentença arbitral for

prolatada.

        Art. 39. Também será denegada a homologação para o reconhecimento ou execução da

sentença arbitral estrangeira, se o Supremo Tribunal Federal constatar que:

        I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resolvido por

Arbitragem;

        II - a decisão ofende a ordem pública nacional.

        Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a efetivação da

citação da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da convenção de Arbitragem

ou da lei processual do país onde se realizou a Arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação

postal com prova inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte brasileira tempo

hábil para o exercício do direito de defesa.

        Art. 40. A denegação da homologação para reconhecimento ou execução de sentença

arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte interessada renove o pedido, uma

vez sanados os vícios apresentados.

Capítulo VII

Disposições Finais

        Art. 41. Os arts. 267, inciso VII; 301, inciso IX; e 584, inciso III, do Código de Processo

Civil passam a ter a seguinte redação:

"Art. 267.........................................................................

VII - pela convenção de Arbitragem;"

"Art. 301.........................................................................

IX - convenção de Arbitragem;"

"Art. 584...........................................................................

Page 102: Monografia - MBA em Gestão Empresarial

102

III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de transação ou de Conciliação;"

        Art. 42. O art. 520 do Código de Processo Civil passa a ter mais um inciso, com a

seguinte redação:

"Art. 520...........................................................................

VI - julgar procedente o pedido de instituição de Arbitragem."

        Art. 43. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após a data de sua publicação.

        Art. 44. Ficam revogados os arts. 1.037 a 1.048 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916,

Código Civil Brasileiro; os arts. 101 e 1.072 a 1.102 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de

1973, Código de Processo Civil; e demais disposições em contrário.

        Brasília, 23 de setembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Nelson A. Jobim

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103

ANEXO F

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104

GLOSSÁRIO

Ad Hoc: Diz-se de pessoa ou coisa preparada para determinada missão ou circunstância.

Investido em função provisória, para um fim especial.

Arbiter: termo do latim, que significa juiz, jurado.

Animus Litigandi: intenção de litigar.

Anômala: Que não se conforma com o modelo geral; irregular, anormal, excepcional.

Apud: Citado por.

Arguição: acusação argumentada.

Bens Disponíveis: são aqueles que podem ser negociados, vendidos.

Bens Indisponíveis: são aqueles que não podem ser livremente negociados

Cognição: é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória,

raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem

Coisa Julgada: sentença imutável, não sujeita à recurso.

Cominar: impor sanção para determinada infração legal ou contratual.

Cooptar: admitir, ajuntar ou reunir.

Concussão: extorsão cometida por funcionário público no exercício de suas funções.

Controvérsia: Discussão, debate, polêmica, divergência de opiniões.

Contumácia: Desobediência deliberada a uma ordem de comparecimento a uma audiência.

Convenção de New York: Convenção realizada em 1.958, na cidade americana de New

York, celebrada com vistas à aplicar o reconhecimento e a execução de sentenças ou laudos

arbitrais estrangeiros. Com mais de 40 anos de atraso, o Brasil formalizou a sua adesão

incondicional à esta Convenção por meio do Decreto do Presidente da República n° 52/94.

Dessa forma, ao passar a integrar o grupo de países signatários da denominada Convenção de

New York, o Brasil deu um passo bastante significativo na consolidação do instituto da

Arbitragem.

Corrupção ativa: crime que consiste em oferecer a funcionário público alguma vantagem

indevida, com o intuito de induzi-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

Corrupção passiva: crime que ocorre quando um funcionário público solicita ou aceita

qualquer vantagem indevida para si ou para outrem.

Decreto-Lei - Decreto que o chefe do poder executivo expede, com força de lei, por estar

absorvendo, anormalmente, as funções próprias do legislativo, eventualmente supresso.

Demanda: Ato de demandar, ação judicial, litígio, pleito.

Desformalização: simplificar, tornar algo mais simples.

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Direito Comparado: estudo sistematizado para confronto de textos das legislações dos

países, ressaltando as analogias e diferenciações de tratamentos dos fenômenos concretos.

Direito Objetivo: complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano.

Direito Patrimonial: aquele que tem por objeto bens suscetíveis de avaliação econômica,

sendo, em regra, transmissível ou transferível.

Direito Privado: abrange o Direito Civil - que regula os direitos e deveres dos indivíduos -, o

Direito Comercial – que disciplina a atividade negocial de qualquer pessoa física ou jurídica –

e o Direito do Trabalho – que rege as relações entre empregador e empregado.

Direito Subjetivo: o direito subjetivo é o lado ativo de uma relação jurídica, cujo lado

passivo é a obrigação. Por exemplo, a regra que responsabiliza o vendedor pelos vícios

ocultos da coisa vendida é um direito no sentido objetivo. O direito de pedir rescisão da venda

pelo vicio descoberto na coisa recém-comprada é um direito subjetivo do comprador.

Dirimir: Decidir, dissolver ou resolver uma contenda, uma questão.

Dispositivo: Regra, prescrição, artigo de lei.

Donatário: aquele que aceitou uma doação.

Egrégio: Nobre, admirável, insigne, distinto e/ou famoso.

Embargo: Impedimento, proibição, obstáculo, estorvo.

Embargo de Declaração: pedido que se faz ao juiz que emitiu a sentença, para que ele

esclareça tópicos obscuros ou omissões apresentadas por esta.

Embargo do Devedor: procedimento especial para a defesa do devedor executado, ou seja, é

o conjunto de formas de defesa do Executado.

Eminência: preponderância, supremacia.

Exceção: Defesa especial, própria do autor ou réu, a qual objetiva neutralizar os efeitos da

causa.

Execução Judicial: promovida pelo credor para exigir judicialmente que o devedor

inadimplente efetue o pagamento, já que espontaneamente não o fez.

Imbróglio: Confusão.

Indelegável: Que não se pode delegar.

Jurisdição: Poder legal para interpretar e ministrar a lei.

Jurisprudência: conjunto de decisões judiciais uniformes dos Tribunais sobre uma dada

matéria.

Justiça Ordinária: o mesmo que Justiça Comum.

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106

Justiça Privada: Órgão privado destinado a julgar conflitos decorrentes das relações

contratuais que versem sobre bens disponíveis, por meio da Mediação, Conciliação e/ou

Arbitragem Empresarial.

Lacunas legais: Omissão ou falha nos textos das leis.

Lavrar: Exarar por escrito, escrever.

Longa manus -  Mão longa da lei.

Medida Cautelar: Ato intentado por uma pessoa para prevenir, conservar ou defender

direitos. Medida que tem como objetivo assegurar a eficácia futura do processo principal com

que se acha relacionada.

Medida Coercitiva: Execução, por parte de autoridade, de meios relativamente violentos,

voltados a terceiros no sentido de obrigar a fazer ou deixar de fazer. Somente o Estado poderá

promovê-las, devendo ser utilizadas exclusivamente para garantir, legitimamente, a efetivação

de seus interesses e manter a ordem pública.

Oitiva: de ouvir, audiência.

Oralidade: predominância da palavra falada. Exposição oral.

Ordenamento Jurídico: conjunto de leis de um país estabelecidas pelo poder político

competente, que se impõe e regulam a vida social do povo em determinada época, obtendo

assim o equilíbrio social.

Pari Passu : no mesmo passo, simultaneamente.

Petição inicial: Também chamada de peça de ingresso, é considerada como o ato jurídico

processual mais importante praticado pela parte autora dentro do processo, isto porque, em

regra, define os limites da contestação da lide em relação ao titular do direito perseguido. É

um ato introdutório do processo, ao qual todos os demais irão se seguir e manter estreita

correlação com o objetivo de alcançar o fim maior do processo, a tutela jurisdicional através

da sentença de mérito.

Pleito: Questão judicial, demanda, litígio.

Poder Judicante: Poder Judicante não significa o mesmo que Poder Jurisdicional. Embora

ambos traduzam a idéia de julgar conflitos de interesses, somente o Poder Jurisdicional

confere o atributo da coisa julgada. No Brasil, várias autarquias possuem poder judicante, a

exemplo do CADE, CVM e BACEN.

Prazo de decadência: prazo legal que deve ser cumprido para o exercício de um direito pelo

seu titular sob pena de extinção.

Preclusão: perda do direito de praticar um ato processual pela inércia de uma das partes

durante o respectivo prazo.

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Pretensão: é a exigência da subordinação de um interesse de outrem ao próprio.

Prevaricar: falta ao cumprimento do seu dever ou cometer abuso no cumprimento de suas

funções dentro do funcionalismo público.

Prolatar: Proferir.

Propositura: ato ou efeito de propor alguma coisa. Ato que dá início a uma ação judicial.

Provimento: Manifestação dos Tribunais Superiores ao julgarem favoravelmente recurso

interposto contra decisões de juízes de instâncias inferiores.

Substituição de vontade: é quando impera a vontade do “julgador” em detrimento a vontade

das partes.

Questão prejudicial: questão argüida em primeiro lugar, a fim de impedir ou tornar

prejudicado o julgamento do mérito. Deve ser decidida antes de qualquer outra, pois dela

depende a própria questão principal.

Refratário: intransigente.

Revelia: Rebeldia de alguém que deixa, intencionalmente, de comparecer a uma audiência na

esfera pública.

Sentença Definitiva ( ou de Mérito ): Decisão que rejeita ou acolhe um pedido, decidindo o

mérito da causa no todo ou em parte, mas é passível de recurso, por isso essa sentença não

encerra o processo.

Sine Qua Non : Sem o que não, essencial.

Título executivo:  É aquele a que a lei atribui força executiva, isto é, pode ser cobrado por

meio de processo de execução.

Título executivo judicial: Quando não há mais recursos numa ação, se inicia a fase de

cumprimento, ou seja, fazer o que manda a sentença.

Título executivo extrajudicial -  Título executivo formado fora de juízo, por livre convenção

entre as partes.

Transação: negócio jurídico bilateral pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões

mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas.

Transitar em julgado: ter a sentença se tornado caso julgado.

Tratado: Convênio celebrado entre duas ou mais nações que se obrigam a respeitar e cumprir

as cláusulas e condições nele contidas.

Tutela: Amparo, defesa, proteção.

Tutela Antecipada: É a antecipação, feita pelo juiz/árbitro, a requerimento da parte, dos

efeitos da tutela, total ou parcialmente, pretendida no pedido inicial, desde que exista prova.

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Tutela Jurisdicional: proteção conferida pelo Estado aos direitos do cidadão, por meio de

órgãos do Poder Judiciário.

Tutela Sumária: é concedida quando o juiz quer antecipar os efeitos imediatos que viriam ao

final do processo.

Uncitral: é uma Comissão das Nações Unidas formada por 60 Estados-Membros que legisla

o Comércio Internacional. Foi fundada em 1.966, após reconhecer as disparidades entre as

legislações que regiam o Comércio Mundial, que em muitas situações eram impeditivos ao

desenvolvimento deste. A Uncitral tem como missão exercer um papel mais ativo para reduzir

e simplificar os obstáculos jurídicos entre as nações e fomentar o Comércio entre elas.

Verbis: Textualmente, tal como o original.

Vício: imperfeição ou falha apresentada no objeto da relação jurídica.

Vício Redibitório: defeito oculto de um bem, que o torna impróprio para o uso a que se

destina.