monografia economia icms rev3

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS O PAPEL DO ICMS NA COMPOSIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA DO ESTADO DA BAHIA (2001-2010) ADEMÁRIO MOREIRA DA SILVA FILHO

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Page 1: Monografia Economia ICMS Rev3

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

O PAPEL DO ICMS NA COMPOSIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA DO ESTADO

DA BAHIA (2001-2010)

ADEMÁRIO MOREIRA DA SILVA FILHO

Salvador

2011

Page 2: Monografia Economia ICMS Rev3

ADEMÁRIO MOREIRA DA SILVA FILHO

O PAPEL DO ICMS NA COMPOSIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA DO ESTADO

DA BAHIA (2001-2010)

Monografia apresentada à Faculdade de Economia

da Universidade Católica do Salvador, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. M. Sc. Arismar Cerqueira Sodré.

Salvador

2011

Page 3: Monografia Economia ICMS Rev3

Filho, Ademário Moreira da Silva.

R672 O Papel do ICMS na composição da receita tributária do Estado da Bahia (2001-2010) / Ademário Moreira da Silva Filho. – A. M. S. Filho, 2011. 58p. tab. Ilust.

Monografia (Graduação em Economia) – UCSAL

Professor Orientador: M.Sc. Arismar Cerqueira Sodré

1. Tributação. 2. Arrecadação. 3. Impostos. 4. ICMS. 5. Estado. 6. Bahia. 7. Economia.

CDD.361.60

Page 4: Monografia Economia ICMS Rev3

Dedico esta monografia aos meus amados pais: Ademário e Beatriz; à minha

estimada “secretária” Ana Cláudia, pela ajuda e carinho constantes, e ao meu

grande amigo Bruno Alberto.

Page 5: Monografia Economia ICMS Rev3

Agradeço a Deus por me ter dado a perseverança necessária para concluir este trabalho;

Ao meu orientador que aceitou as minhas idas e vindas durante muitos anos e nunca desistiu de mim;

Aos meus colegas, Adailton e Baqueiro, que muito ajudaram com livros e incentivo e,

Aos funcionários da secretaria do curso de Economia da UCSAL pela ajuda inestimável.

Page 6: Monografia Economia ICMS Rev3

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado”.

Roberto Shinyashiki

Page 7: Monografia Economia ICMS Rev3

RESUMO

Na última década observou-se um aumento considerável na arrecadação tributária

baiana, assim como no restante do país. Os impostos sobre o valor agregado como,

no caso dos estados, o Imposto sobre operações relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre a prestação de Serviços de transporte interestadual e

intermunicipal e de comunicação (ICMS) constituíram-se nas principais fontes deste

tipo de receita. O presente trabalho tem como objetivo apresentar as origens

históricas deste tributo, suas principais características, os seus pressupostos

jurídicos, segmentação econômica dos contribuintes e analisar o comportamento da

arrecadação do imposto no estado da Bahia, durante o período compreendido entre

os anos de 2001 a 2010. Pretende-se também, mostrar as perspectivas de

arrecadação para o ICMS, tendo em vista a possibilidade de já ter sido atingido um

limite muito elevado para as alíquotas incidentes sobre os principais setores

econômicos tributáveis e a necessidade de reformas que ampliem a base do

imposto. A adoção de políticas que propiciem uma melhoria da arrecadação para os

estados predominantemente consumidores, como a tributação no destino e a

tributação das compras por meio eletrônico (internet), também serão importantes

para a manutenção da produtividade do ICMS.

PALAVRAS-CHAVE: Tributação. Arrecadação. Impostos. ICMS. Estado. Bahia.

Economia.

Page 8: Monografia Economia ICMS Rev3

ABSTRACT

In the last decade there has been a considerable increase in tax collections from

Bahia, as well as in the rest of the country. The taxes on the value added, such as, in

the case of the states, the Tax on transactions relating to the Movement of Goods

and on the provision of interstate and intermunicipal transportation Services and

communication (ICMS) were the main sources of this type of revenue. This work

aims to present the historical origins of this tribute, its main, Its legal conditions,

economic segmentation of the taxpayers and analyze the behavior of the inflow of

the tax in the state of Bahia, in the period between the years 2001 to 2010. It is also

intended to show the prospects of inflow to the ICMS, with a view to the possibility of

having already been reached a limit very high for the rates charged on the main

economic sectors taxable and the need for reforms that expand the tax base. The

adoption of policies that will promote an improvement of inflow for the states

predominantly consumers, such as the taxation at the destination and the taxation of

purchases by electronic means (internet), also will be important for the maintenance

of productivity of ICMS.

Key-words: Taxes. Collection. Incomes. ICMS. State. Bahia. Economy

Page 9: Monografia Economia ICMS Rev3

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - ARRECADAÇÃO REAL ICMS 37

GRÁFICO 2 - VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PIB BAIANO (2002-2005) 44

GRÁFICO 3 - PIB BAIANO x ARRECADAÇÃO DO ICMS 45

GRÁFICO 4 - ARRECADAÇÃO DO ICMS POR SEGMENTOS (2007-2008) 48

Page 10: Monografia Economia ICMS Rev3

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA NOMINAL DA BAHIA 34

TABELA 2 - ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA REAL DA BAHIA 35

TABELA 3 - PARTICIPAÇÃO DOS SEGMENTOS ECONÔMICOS NO ICMS DA BAHIA 36

TABELA 4 - VARIAÇÃO DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA TOTAL E DO ICMS DA BAHIA 38

TABELA 5 - COMPOSIÇÃO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS POR SEGMENTO 39

Page 11: Monografia Economia ICMS Rev3

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2002) 40

QUADRO 2 - PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2003-2004) 43

QUADRO 3 - PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2005-2006) 46

QUADRO 4 - PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO DO ICMS (2006-2007) 47

SUMÁRIO

Page 12: Monografia Economia ICMS Rev3

1 INTRODUÇÃO 13

2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DO ICMS 17

2.1 ORIGENS E PRINCÍPIOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 17

2.2 ORIGEM DO ICMS 19

2.2.1 Antecedentes 19

2.3 REGULAMENTAÇÃO A NÍVEL CONSTITUCIONAL 20

2.4 FATOS GERADORES 20

2.4.1 Operações Relativas à Circulação de Mercadorias 20

2.4.2 Importação de mercadorias, bens e serviços 21

2.4.3 Prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal 21

2.4.4 Prestação de Serviços de Comunicação 21

2.5 SUJEITOS PASSIVOS (CONTRIBUINTES) 22

2.5.1 Diretos 22

2.5.2 Indiretos 22

2.6 BASE DE CÁLCULO 23

2.7 ALÍQUOTA 24

2.8 NÃO CUMULATIVIDADE 26

2.9 SELETIVIDADE 27

2.10 ISENÇÃO 28

2.11 IMUNIDADE 28

3 TRIBUTO: REFORÇO A AÇAO DA “MÃO INVISÍVEL” 30

4 ARRECADAÇÃO DO ICMS NA BAHIA (2001-2010) 34

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS 34

Page 13: Monografia Economia ICMS Rev3

4.2 ANÁLISE DOS DADOS 38

4.2.1 Análise do Período 2001-2002 39

4.2.2 Análise do Período 2002-2003 40

4.2.3 Análise do Período 2003-2004 42

4.2.4 Análise do Período 2004-2005 44

4.2.5 Análise do Período 2005-2006 45

4.2.6 Análise do Período 2006-2007 46

4.2.7 Análise do Período 2007-2008 47

4.2.8 Análise do Período 2008-2009 48

4.2.9 Análise do Período 2009-2010 49

5 PERSPECTIVAS PARA A ARRECADAÇÃO DO ICMS 51

6 CONCLUSÃO 55

REFERÊNCIAS 56

Page 14: Monografia Economia ICMS Rev3

1 INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo avaliar a evolução da arrecadação tributária do

estado da Bahia entre os anos de 2001 a 2010, tendo como ênfase a análise do

Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a prestação

de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS), a

partir da mensuração do grau de importância deste tributo na formação da receita do

estado.

Sendo as receitas tributárias as principais fontes de recursos dos estados

brasileiros, e, uma vez que, o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

(ICMS) é o maior arrecadador dentre todos os tributos estaduais, torna-se

importante a análise de sua evolução.

O ICMS está disciplinado na Constituição Federal, que estabelece normas gerais

sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, a serem observadas

por todos os Estados e pelo Distrito Federal.

O estudo da composição da base de cálculo do referido tributo, as alíquotas

aplicadas, os principais sujeitos passivos do imposto, distribuídos nos diversos

seguimentos da economia baiana serão importantes para a verificação de quais

foram as principais fontes pagadoras do tributo no período estudado.

No período temporal que delimita este trabalho, a economia baiana teve forte

crescimento no setor industrial e de serviços. Segundo dados do IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística), o estado teve crescimento de seu Produto

Interno Bruto (PIB), muito acima dos registrados pelo país.

A Bahia historicamente adotou um modelo econômico voltado para a exportação.

Este modelo era alicerçado em produtos primários como o açúcar, o fumo e o cacau.

Este modelo só começou a ser modificado a partir da década de 50 do século

passado, com a instalação da Refinaria Landulfo Alves (RLAM) em Candeias e mais

tarde, nos anos 70, com a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari e do

Centro Industrial de Aratu (CIA).

Page 15: Monografia Economia ICMS Rev3

Todavia, nas últimas décadas, o estado da Bahia vendo-se incapaz de atrair

investimentos produtivos, por não dispor da mesma infraestrutura que os estados do

sul e sudeste do país iniciou a partir de 1990, uma série de programas de

desenvolvimento, como o Probahia (Programa de Promoção e Desenvolvimento), o

Bahiaplast (Programa Estadual de Desenvolvimento da Indústria de Transformação

de Plásticos na Bahia), Procomex (Programa de Incentivo ao Comércio Exterior),

Proauto (Programa Especial de Incentivo ao Setor Automotivo da Bahia) e,

finalmente em 2002, o Desenvolve (Programa de Desenvolvimento Industrial e de

Integração Econômica do Estado da Bahia) que substituiu todos os anteriormente

citados.

Todos esses programas eram baseados em isenção e diferimento fiscal como forma

de atração de novos empreendimentos para o estado. Por meio de políticas de

incentivos fiscais, o governo da Bahia conseguiu atrair empreendimentos dos mais

variados segmentos da indústria. Dentre esses podem ser citados os setores têxtil,

de calçados, eletrônico, químico, automobilístico e o de papel e celulose.

Estas verdadeiras “guerras fiscais” travadas entre os estados brasileiros envolviam

a renúncia de enormes recursos. Somente para citar, temos o caso do Complexo

Ford Amazon, que, só foi implantado no estado da Bahia, após a definição de uma

série de benefícios e de uma acirrada disputa com o estado do Rio Grande do Sul.

No caso da Ford, acreditava-se que apesar da renúncia fiscal, a atração de diversas

empresas fornecedoras, compensaria não só a carga tributária “perdida”, como

geraria milhares de empregos indiretos, devido ao efeito multiplicador do

investimento nos mais diversos setores da economia baiana.

Para análise do tema deste trabalho monográfico faz-se necessária a utilização do

referencial teórico de economistas que explicam o papel do Estado como

fomentador do processo de crescimento e de desenvolvimento econômico, pois,

sendo os estados essencialmente improdutivos, para efetuar este nobre papel, os

tributos são a maior (às vezes a única) fonte de recursos.

Para John Maynard Keynes, a intervenção estatal na vida econômica tinha o objetivo

de conduzir a um regime de pleno emprego. Após a Crise de 1929, suas idéias

Page 16: Monografia Economia ICMS Rev3

ganharam força e seu modelo intervencionista ou regulador passou a ser adotado

pela maioria dos países capitalistas.

Ao fazer menção à definição de Paul Samuelson para os chamados bens públicos,

o economista Francisco Rezende diz que estes distinguem-se pela sua

indivisibilidade de consumo, ou seja, devem ser consumidos por todos,

independente de manifestação individual de preferências; cita como exemplos os

serviços de segurança e de justiça. Aborda, também, o desinteresse do setor

privado por estes serviços e conclui pela exigencia da intervenção do governo com o

o objetivo de satisfazer essas necessidades coletivas, utilizando a tributação para

obter compulsoriamente os recursos necessários ao financiamento de sua

“produção” de serviços.

A metodologia adotada nesta Monografia consiste em pesquisas bibliográficas

sobre o tema, revisão teórica, coleta de dados, análises de relatórios

governamentais (Balanços Gerais do Estado da Bahia) efetuados pela Secretaria da

Fazenda do Estado, bem como de órgãos de Controle Externo (Relatório e Parecer

Prévio das Contas, elaborado pelo Tribunal de Contas do estado).

Foram também analisados estudos e pesquisas desenvolvidos pelo IBGE e pela

Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI).

Além desta introdução, a presente monografia contém mais 05 (cinco) capítulos

distribuídos da seguinte forma:

No segundo capítulo são apresentados os antecedentes históricos da tributação, os

seus conceitos econômico e jurídico, a evolução dos impostos sobre a circulação de

mercadorias adotada no Brasil, até a criação do atual ICMS. Também é feita uma

analisa detalhada do ICMS, mostrando as suas características, as hipóteses de sua

incidência, a base de cálculo, o seu fato gerador e as suas alíquotas.

No terceiro capítulo são mostrados os referenciais teóricos que embasam o presente

estudo.

Page 17: Monografia Economia ICMS Rev3

No quarto capítulo são efetuadas análises da arrecadação do ICMS no estado da

Bahia nos anos de 2001 a 2010, são levantadas hipóteses que tentam explicar as

variações no quantum arrecadado e também são apresentados os segmentos

econômicos que mais contribuíram com o imposto.

O quinto capítulo se propõe a estimar as perspectivas de arrecadação do imposto no

estado da Bahia, tendo em vista o fim dos prazos de validade dos incentivos fiscais

concedidos a diversas empresas (caso não haja prorrogação dos mesmos), o nível

das alíquotas aplicadas e a melhoria do sistema de arrecadação e fiscalização.

O ICMS se apresenta como o mais importante tributo estadual e tem-se mantido ao

longo dos anos, como a principal fonte de receitas do estado da Bahia.

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2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DO ICMS

2.1 ORIGENS E PRINCÍPIOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A cobrança de tributos confunde-se com a própria origem do Estado. Adam Smith,

em sua famosa obra, A Riqueza das Nações, diz que para a concretização da justiça

fiscal, todos devem contribuir para as despesas públicas “na razão de seus

haveres”, sendo que no atendimento ou não desta máxima reside a chamada

“igualdade ou desigualdade da tributação”.

Partindo disso, fica patente a obrigação de os legisladores avaliarem antes de tudo a

capacidade contributiva dos sujeitos passivos, e, da observância ou inobservância

disso, dependerá a equidade ou falta de equidade (desigualdade) dos tributos.

Sendo assim, segundo os ensinamentos do prestigiado economista Francisco

Rezende:

A teoria da tributação repousa em dois princípios fundamentais: Neutralidade e

Equidade. O princípio da Neutralidade refere-se à não interferência sobre as

decisões de alocação de recursos tomadas com base no mecanismo de mercado. Se

essas decisões se baseiam nos preços relativos determinados pelo mercado, a

neutralidade do sistema tributário seria obtida quando a a forma de captação de

recursos pelo governo não modificasse esses preços. Qualquer mudança nos preços

relativos provocada por modificações na tributação contribuiria para tornar menos

eficientes as decisões econômicas, implicando uma redução no nível geral de bem-

estar; que poderia ser atingido com os recursos disponíveis.

A neutralidade, do ponto de vista da alocação de recursos, deveria ser

complementada pela equidade na repartição da carga tributária. Isto é, além de

neutro, o imposto ideal deveria ser justo, no sentido de garantir uma distribuição

equitativa do ônus tributário pelos indivíduos. A equidade, no caso, poderia ser

avaliada sob duas óticas principais: uma propõe que o ônus seja repartido entre os

indivíduos, de acordo com o beneficio que cada um deriva da produção

governamental de bens e serviços; a outra sugere que essa repartição seja feita com

base na capacidade individual de contribuição. A primeira alternativa é conhecida

como Principio do Beneficio, e a segunda como Principio da Capacidade de

Contribuição. (REZENDE; 2001, p.158).

Page 19: Monografia Economia ICMS Rev3

Diz ainda Rezende (2001), que a receita tributária é toda fonte de renda que deriva da arrecadação estatal de tributos e, teoricamente, tem como finalidade o custeio das despesas estatais e suas necessidades de investimento.

O Código Tributário Brasileiro, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, em seus artigos iniciais apresenta a definição jurídica de Tributo, a sua natureza e enumera as principais espécies tributárias:

“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”.

Apesar disso, já é consenso entre a maioria dos doutrinadores e no próprio STJ

(Superior Tribunal de Justiça), a teoria quimpartite, que considera como tributo os

impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e as

contribuições especiais.

Logo adiante, no 16º artigo da mesma lei, aparece a definição de imposto:

“Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.

2.2 ORIGEM DO ICMS

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2.2.1 Antecedentes

O Imposto sobre Vendas e Consignações (IVC) surgiu com a Constituição de 1934 e possuía originariamente natureza mercantil, sua incidência era cumulativa, onde cada venda tinha um fato gerador distinto, incidindo assim sobre o preço integral, em todas as fases de circulação da mesma mercadoria, desde o produtor até o consumidor final.

Mais tarde, em dezembro de 1965, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) substituiu o IVC com a aprovação da Emenda Constitucional nº 18.

Diferentemente do IVC, o ICM surgiu como um imposto não cumulativo, ou seja, sua incidência não era em “cascata” e a sua apuração era feita sobre o valor agregado, surgindo assim a sistemática de compensação de créditos e débitos.

Finalmente, surge com a Constituição Federal de 1988, o ICMS. O atual sistema tributário nacional entrou em vigor em 1º de março de 1989 e ao estabelecer o campo de incidência do imposto, nele incluiu as prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, que antes eram de competência da União.

Alem disso, houve a extinção de três impostos federais de incidência única (sobre combustíveis e lubrificantes líquidos e gasosos; energia elétrica e sobre minerais) que foram incorporados ao campo de incidência do novo ICMS, uma vez que se tratam de mercadorias suscetíveis de circulação.

2.3 REGULAMENTAÇÃO A NÍVEL CONSTITUCIONAL

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 155, II diz que compete aos Estados e ao Distrito Federal (SUJEITOS ATIVOS), instituir o ICMS, e em seus artigos 146 e 155, § 2.º inciso XII, determina a necessidade de regulamentação do ICMS (a atual regulamentação constitucional do ICMS está prevista na Lei Complementar nº 87 de 1996 -“Lei Kandir”, com alterações posteriores).

O imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação, é de competência dos Estados e do Distrito Federal, ainda que, as operações e as prestações se iniciem no exterior (art.155,II da CF./88).

2.4 FATOS GERADORES

Fato gerador é segundo a definição de Amaro (2004) a materialização da hipótese de incidência tributária no tempo e no espaço, ou, em outras palavras, a sua inserção no mundo fático.

Por outro lado, para Matheus Vianna Neto:

Page 21: Monografia Economia ICMS Rev3

A expressão hipótese de incidência, embora às vezes utilizada como sinônimo de

fato gerador, na verdade tem significado diverso. Basta ver que uma coisa é a

descrição legal de um fato, e outra é o acontecimento desse fato. (NETO, 1997, p.

374).

2.4.1 Operações Relativas à Circulação de Mercadorias

As operações relativas à circulação de mercadorias são quaisquer atos ou negócios,

independente da natureza jurídica específica de cada um deles, que implique em

movimentação das mercadorias.

Ademais, segundo Machado (2006), circulação de mercadoria é toda mudança de

propriedade de mercadorias, dentro da circulação econômica que as leva da fonte

até o consumidor.

2.4.2 Importação de mercadorias, bens e serviços

O ICMS incidirá também “sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do

exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do

imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado

no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o

estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço (art. 155, IX, a, da

CF, na redação da Emenda n. 33, de 11.12.2001).

2.4.3 Prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal

A Lei Complementar nº 87 de 13 de setembro de 1996 dispõe que são fatos

geradores:

a) o início da prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal, por

qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias e valores, ou a utilização por

contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado, e não

esteja vinculada à operação ou prestação subseqüente (art. 2º, II e 12, V, VI e XIII);

b) o ato final do transporte iniciado no exterior, no caso de serviço prestado no

exterior, ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior (art. 2º, II e 12, VI).

Page 22: Monografia Economia ICMS Rev3

2.4.4 Prestação de Serviços de Comunicação

O ICMS incide sobre as prestações onerosas de serviços de comunicação, por

qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a

retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza.

2.5 SUJEITOS PASSIVOS (CONTRIBUINTES)

2.5.1 Diretos

A LC 87/96 (art. 4º) estabelece que seja contribuinte qualquer pessoa física, que

realize com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações

de circulação de mercadorias; e que, mesmo sem habitualidade, importe mercadoria

do exterior, ainda que as destine a consumo ou ativo permanente do

estabelecimento; seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação

se tenha iniciado no exterior; adquira em licitação mercadorias apreendidas ou

abandonadas; adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de

petróleo oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização

(parágrafo único, incisos I a IV).

Todos os participantes do fornecimento de energia elétrica podem ser qualificados

como contribuintes, como os concessionários, permissionários e autorizados de

serviço público de distribuição, os importadores, e o produtor independente.

2.5.2 Indiretos

O ICMS pode ser exigido de pessoa diversa daquela que praticou o fato gerador,

ocorrendo a transferência da obrigação de pagar o imposto, em virtude de fato

posterior, nas situações seguintes:

Page 23: Monografia Economia ICMS Rev3

a) solidariedade: é o caso em que duas ou mais pessoas sejam simultaneamente

obrigadas pelo mesmo negócio jurídico;

b) sucessão: é a hipótese em que a obrigação se transfere para outro devedor em

virtude do desaparecimento do devedor original;

c) responsabilidade: é a hipótese em que a lei tributária responsabiliza outra pessoa

pelo pagamento do tributo, quando não seja pago pelo contribuinte.

Existe ainda a substituição tributária, que é aquela que ocorre quando há imputação

de responsabilidade por obrigação tributária a terceiro que tenha vinculação indireta

com o contribuinte. Num plano pré-jurídico, o legislador afasta o verdadeiro

contribuinte (substituído) que realiza o fato imponível, prevendo a lei (desde logo) o

encargo da obrigação a outra pessoa (substituto), que fica compelido a pagar a

dívida do terceiro.

Na substituição tributária regressiva a lei comina a responsabilidade ao adquirente

de uma determinada mercadoria, por razões de comodidade, praticidade, ou devido

à circunstância do real contribuinte não manter organização adequada de seus

negócios.

Na substituição progressiva, o legislador indica uma pessoa responsável pelo

recolhimento de um determinado valor (referido como tributo), relativamente a fato

futuro e incerto, com alocação de valor (também incerto). Há definição, por

antecipação, do sujeito passivo de uma obrigação não acontecida, como é o caso de

exigir-se recolhimento de ICMS concernente a operação que provavelmente deverá

ser realizada no futuro, por outros contribuintes.

A substituição tributária tem assento na CF (art. 150, § 7º, por força da EC 3 de

17.3.93), e na LC 87/96 (art. 6º), sendo que, o contribuinte que realiza operações, ou

prestações, com retenção do imposto, tem sido obrigado a observar a disciplina

estabelecida pelo Estado de destino da mercadoria (que poderá fiscalizá-lo). O valor

do imposto a ser recolhido (retido) é a diferença entre o valor do imposto calculado,

mediante a aplicação da alíquota interna sobre determinada base de cálculo e o

valor do imposto devido pela operação própria do remetente.

Page 24: Monografia Economia ICMS Rev3

2.6 BASE DE CÁLCULO

Para Ataliba (2004, pág. 108) a base de cálculo é: “Aspecto fundamental da

estrutura de qualquer tipo tributário por conter a dimensão da obrigação pecuniária,

tendo a virtude de quantificar o objeto da imposição fiscal”.

A base de cálculo é o valor da operação mercantil; o preço dos serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, com as peculiaridades

seguintes:

O ICMS não compreenderá em sua base de cálculo o montante do IPI, quando a

operação realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado a

industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos (art.

155, XI, da CF).

O montante do ICMS integra a sua própria base de cálculo, inclusive na importação

do exterior de bem, mercadoria ou serviço, nos termos de lei complementar (art.

155, XII, i, da CF).

A LC 87/96 (art. 8º) estabelece que, na substituição tributária, a base de cálculo

será:

(I) em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor

da operação ou prestação praticada pelo contribuinte substituído;

(II) em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtidas pelo somatório

das parcelas seguintes:

a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou

pelo substituído intermediário; e

b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou

transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviços.

2.7 ALÍQUOTA

Page 25: Monografia Economia ICMS Rev3

Segundo Ataliba (2004, pág. 113), alíquota é um termo do mandamento da norma

tributária, mandamento esse que incide se e quando se consuma o fato imponível

(fato gerador), dando nascimento à obrigação tributária concreta.

A CF (art. 155, § 2º) estabelece o seguinte:

“IV – resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de

um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta dos seus membros,

estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de

exportação;

V – é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de

iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta dos seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico

que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria

absoluta e aprovada por dois terços dos seus membros.

VI – salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do

disposto no inciso XII, g, as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação

de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às

previstas para as operações interestaduais;

VII – em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a

consumidor localizado em outro Estado, adotar-se-á:

a) alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;

b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele

VIII – na hipótese da alínea a do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do

destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a

interestadual”.

Page 26: Monografia Economia ICMS Rev3

Relativamente às operações com combustíveis e lubrificantes definidos em lei

complementar, a Emenda Constitucional nº 33/01 (inserção ao § 4º, ao art. 155 da

CF) passou a dispor o seguinte:

“IV – as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e

do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte:

a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por

produto;

b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada ou ad valorem, incidindo

sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria

em uma venda em condições de livre concorrência;

c) poderão ser reduzidas ou restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art.

150, III, b”.

As alíquotas do imposto na Bahia são basicamente as seguintes:

a) operações ou prestações internas: 17% (em geral), 7%, 12%, 25% e 38%

(conforme as específicas operações e prestações previstas no Regulamento do

ICMS do estado da Bahia);

b) operações ou prestações interestaduais, destinadas a contribuintes:

Localizados nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e

Rio Grande do Sul: 12%;

Localizados em demais Estados não previstos na alínea anterior: 7%;

Operações e prestações interestaduais destinadas a não-contribuintes: 18%, 25%,

7% e 12% (conforme as específicas operações e prestações);

Serviços de transporte aéreo: 4%

Importação: 7%, 12%, 18% e 25% (conforme as específicas operações e

prestações);

Serviços prestados no exterior: 18%

Page 27: Monografia Economia ICMS Rev3

2.8 NÃO CUMULATIVIDADE

O ICMS é não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação

relativa à circulação de mercadorias, ou prestação de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal, e de comunicação, com o montante cobrado nas

anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.

Para a compensação é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do

imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de

mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso

ou consumo ou ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal, ou de comunicação.

Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços

resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram

a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento.

2.9 SELETIVIDADE

A CF estabelece que o ICMS poderá ser seletivo em função da essencialidade das

mercadorias e serviços (art. 155, § 2º, III).

A essencialidade consiste na distinção entre cargas tributárias em razão de

diferentes mercadorias e serviços, traduzidos basicamente em reduções de base de

cálculo, distinções de alíquotas, créditos outorgados, e demais incentivos fiscais.

A seletividade operacionaliza-se na instituição de diversificadas alíquotas para

distintos negócios jurídicos (18% para serviços prestados no exterior; 4% para

serviços de transportes aéreos; e 25% nos serviços de comunicação).

Embora a facultatividade constitua o elemento impulsionador da edição do ICMS

seletivo, não poderá haver, propriamente, mero critério de conveniência e

oportunidade, porque se impõe obediência a inúmeros postulados constitucionais.

Page 28: Monografia Economia ICMS Rev3

Não podem ser cometidas arbitrariedades, como é o caso de serem estabelecidas

alíquotas mais elevadas com o propósito precípuo de incrementar a arrecadação do

ICMS, concernente a mercadorias que não sejam de primeira necessidade.

2.10 ISENÇÃO

Isenção é a dispensa do tributo por força de lei; corresponde a uma norma aditiva

que modifica a norma básica, fazendo com que o tributo, em regra devido, não o

seja, devido a certas circunstancias. Pode também ser definida como sendo a

retirada por lei de parte da hipótese de incidência, ou seja, é uma exceção à regra

jurídica tributária.

2.11 IMUNIDADE

É também o obstáculo criado por uma norma constitucional, que impede a incidência

de lei ordinária de tributar sobre determinado fato.

A diferença entre isenção e imunidade reside, portanto, no fato que a última tem

status constitucional, ou seja, encontra-se em plano hierárquico superior.

Page 29: Monografia Economia ICMS Rev3
Page 30: Monografia Economia ICMS Rev3

3 TRIBUTO: REFORÇO À AÇAO DA “MÃO INVISÍVEL”

A maioria das teorias que tentam explicar a origem do Estado procura enfatizar o

aspecto da necessidade natural e histórica de os seres humanos, para viverem em

sociedade, terem um ente centralizador com o papel de tomar decisões que

promovam o bem-estar de todos os cidadãos, provenha justiça e proteja a

propriedade privada.

Em sua mais famosa obra, O Grande Leviatã, Thomas Hobbes nos fala sobre um

“Pacto Social” onde em um passado hipotético, as pessoas descobriram que só

poderiam crescer como grupo abrindo mão de sua liberdade para fazer o que

achasse melhor para si, não importando as conseqüências para os outros. Neste

“estado de natureza” 1, cada um era ao mesmo tempo rei, juiz e carrasco.

1 A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que,

embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais

vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e

outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela

reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à

força corporal o mais fraco tem força suficiente para matai o mais forte, quer por secreta maquinação,

quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo.

Quanto às faculdades do espírito (pondo de lado as artes que dependem das palavras, e

especialmente aquela capacidade para proceder de acordo com regras gerais e infalíveis a que se

chama ciência; a qual muito poucos têm, é apenas numas poucas coisas, pois não é uma faculdade

nativa, nascida conosco, e não pode ser conseguida - como a prudência - ao mesmo tempo que se

está procurando alguma outra coisa), encontro entre os homens uma igualdade ainda maior do que a

igualdade de força. Porque a prudência nada mais é do que experiência, que um tempo igual

igualmente, oferece a todos os homens, naquelas coisas a que igualmente se dedicam. O que talvez

possa tornar inaceitável essa igualdade é simplesmente a concepção vaidosa da própria sabedoria, a

qual quase todos os homens supõem possuir em maior grau do que o vulgo; quer dizer, em maior

grau do que todos menos eles próprios, e alguns outros que, ou devido à fama ou devido a

concordarem com eles, merecem sua aprovação. Pois a natureza dos homens é tal que, embora

sejam capazes de reconhecer em muitos outros maior inteligência, maior eloqüência ou maior saber,

dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles próprios; porque vêem sua própria

sabedoria bem de perto, e a dos outros homens à distância. Mas isto prova que os homens são iguais

quanto a esse ponto, e não que sejam desiguais. Pois geralmente não há sinal mais claro de uma

distribuição eqüitativa de alguma coisa do que o fato de todos estarem contentes com a parte que

lhes coube.

Page 31: Monografia Economia ICMS Rev3

Com o “Pacto”, o amplo poder de decidir os rumos da comunidade e de fazer justiça

frente a tudo e todos ficou nas mãos de um único ente. Era o fim da autotutela e o

início do poder absoluto. Surgia assim: O Estado.

É claro que todo este poder não foi repassado para o Estado sem nenhum ônus. A

este caberia o papel de proteção da vida e da liberdade dos seus nacionais contra

ataques externos e internos, o papel de dirimidor de conflitos econômicos e sociais

e principalmente o papel de garantidor dos bens e direitos individuais.

Sendo o Estado originalmente um ente improdutivo, para fazer frente a todas estas

tarefas, era imprescindível a obtenção de recursos. Caberia a todos os nacionais a

obrigação de repassar ao Estado, periodicamente, uma determinada parte de seus

bens. Nascia assim: o Tributo.

No entanto, a idéia de um “contrato social” que tenha acabado com “o direito de

todos sobre tudo” (o que causava um estado de guerra permanente), transferindo ao

Estado o poder/dever de promover o bem-estar geral, nunca foi aceita por todos.

Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos

nossos fins. Portanto se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela

ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que é principalmente sua

própria conservação, e às rezes apenas seu deleite) esforçam-se por se destruir ou subjugar um ao

outro e disto se segue que, quando um invasor nada mais tem a recear do que o poder de um único

outro homem, se alguém planta, semeia, constrói ou possui um lugar conveniente, é provavelmente

de esperar que outros venham preparados com forças conjugadas, para desapossá-lo e privá-lo, não

apenas do fruto de seu trabalho; mas também de sua vida e de sua liberdade. Por sua vez, o invasor

ficará no mesmo perigo em relação aos outros.

E contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma maneira de se garantir é

tão razoável como a antecipação; isto é, pela força ou pela astúcia, subjugar as pessoas de todos os

homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao momento em que não veja qualquer

outro poder suficientemente grande para ameaçá-lo. E isto não é mais do que sua própria

conservação exige, conforme é geralmente admitido. Também por causa de alguns que,

comprazendo-se em contemplar seu próprio poder nos atos de conquista, levam estes atos mais

longe do que sua segurança exige, se outros que, do contrário, se contentariam em manter-se

tranqüilamente dentro de modestos limites, não aumentarem seu poder por meio de invasões, eles

serão incapazes de subsistir durante muito tempo, se se limitarem apenas a uma atitude de defesa.

Conseqüentemente esse aumento do domínio sobre os homens, sendo necessário para a

conservação de cada um, deve ser por todos admitido. (HOBBES; 2011).

Page 32: Monografia Economia ICMS Rev3

Para Adam Smith (1996), a ação econômica individual de qualquer cidadão, visando

seu único e exclusivo enriquecimento, acabaria por fim, a beneficiar os demais, na

medida em que, o empreendimento singular criaria renda e talvez empregos que

alavancariam a economia como um todo, beneficiando outros cidadãos de forma

involuntária. Esta é a famosa “Mão Invisível”2.

Dentro do pensamento da escola clássica, à qual Smith pertencia, o modelo

economico ideal, pelo menos sob o ponto de vista econômico, seria o da liberdade

individual total, nos moldes do “estado de natureza” de Hobbes. Desta forma,

qualquer interferência, inclusive a do Estado impondo o pagamento de tributos sobre

a renda, consumo, ou outras fontes de riqueza quaisquer, acabariam por inibir o

crescimento econômico da sociedade.

Por isso para a escola econômica liberal, o tributo, apesar de necessário para as

funções de defesa, de saúde e educação para os mais necessitados, é uma fonte de

sangria permanente de recursos e, desta forma, obstáculo ao crescimento

econômico, pois atua como desincentivador de investimentos em atividades

produtivas.

Contudo, com o fortalecimento político e econômico dos Estados, estes passaram

de meros arrecadadores, a influentes parceiros da atividade empresarial. Em alguns

Estados, os gastos governamentais chegam a superar o PIB de diversas nações.

2 Mão invisível foi um termo introduzido por Adam Smith em "A Riqueza das nações" para

descrever como numa economia de mercado, apesar da inexistência de uma entidade coordenadora

do interesse comunal, a interação dos indivíduos parece resultar numa determinada ordem, como se

houvesse uma "mão invisível" que os orientasse. (WIKIPEDIA; 2010).

Page 33: Monografia Economia ICMS Rev3

Isto ficou evidenciado após a quebra da bolsa de valores em 19293, quando,

seguindo o receituário de John Maynard Keynes, os Estados Unidos da América

puderam superar a crise, a partir de pesados investimentos públicos que injetaram

capitais e alavancaram toda a economia americana, tirando-a da recessão.

Tudo isso não seria possível se os estados não dispusessem de recursos. A

arrecadação tributária é ainda hoje, a maior fonte de recursos, da maioria dos

Estados nacionais.

Impostos sobre o valor agregado, como o ICMS estadual, o ISS municipal e o IPI

federal são as maiores fontes de arrecadação tributária dos entes federativos

brasileiros.

No caso da Bahia, o ICMS representa mais de 95% da arrecadação tributária, e,

apesar de o recurso coletado com este tributo, não estar vinculado

constitucionalmente à aplicação em nenhuma atividade específica, é com ele que o

estado promove o ensino gratuito, o sistema de saúde e a segurança pública.

À medida que investe em obras de infra-estrutura, saúde, educação, universal e

criam diversos serviços de assistência para parcelas mais vulneráveis da população,

os Estados contribuem enormemente para o crescimento e desenvolvimento

econômico de todos, pois melhoram a capacitação e saúde dos trabalhadores

(contribuindo para o aumento da produtividade) e ao mesmo tempo desenvolve

melhores condições para a aplicação produtiva do capital.

3 A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande

depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930,

terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o

mais longo período de recessão econômica do século XX. Este período de depressão econômica

causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países,

bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo

medidor de atividade econômica, em diversos países no mundo. (WIKIPEDIA; 2010).

Page 34: Monografia Economia ICMS Rev3

Tudo isso leva a se acreditar que ação combinada do empreendedorismo individual

ao lado do uso das verbas provenientes da arrecadação tributária dos estados, de

forma economicamente eficiente4 (como um reforço à Mão Invisível de Smith) seriam

os componentes principais de uma possível fórmula de crescimento e de

desenvolvimento econômico e social.

4 O economista Gregory Mankiw, em diferentes passagens de sua análise dos princípios econômicos, distingue os conceitos de eficiência, sempre tendo em vista os de eqüidade, tendo-se em mente uma economia do bem-estar social. Assim, para o autor, a eficiência refere-se à capacidade de um contexto social obter o máximo possível do uso dos seus recursos escassos, a propriedade de alocação de um recurso em maximizar o excedente total recebido por todos os membros da sociedade, enquanto que, na mesma passagem, afirma ser a noção de eqüidade a “justa distribuição de prosperidade econômica entre os membros da sociedade”, por meio de distribuição imparcial de bem-estar entre os integrantes desta mesma sociedade. (MANKIW;2001).

Page 35: Monografia Economia ICMS Rev3

4 ARRECADAÇÃO DO ICMS NA BAHIA (2001-2010)

A economia da Bahia é composta basicamente por agropecuária, indústria,

mineração, turismo e serviços. A Bahia responde por 36% do PIB do Nordeste e

mais da metade das exportações da região. Dentre os estados brasileiros, conta

com o sexto maior PIB.

Neste capítulo serão apresentados e analisados os dados referentes à receita

tributária do estado da Bahia, durante os anos abrangidos neste estudo

monográfico.

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Analisando-se os montantes arrecadados com o ICMS no período estudado,

constata-se uma evolução nominal significativa, conforme se pode ver na tabela

abaixo.

TABELA 1 – ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA NOMINAL DA BAHIA (R$ 1.000,00)

Ano Receita Tributária Total Receitas ICMS IPVA ITCD IR/Taxas/C. Melhoria

2001 4.440.338 4.187.330 106.170 5.158 141.680

2002 5.383.114 4.950.531 117.916 8.083 306.583

2003 6.263.073 5.712.366 177.566 9.855 363.286

2004 7.259.580 6.625.528 210.602 14.931

408.518

2005 7.649.955 6.877.126 257.118 10.899

504.811

2006 8.618.823 7.691.628 295.283 12.517

619.395

2007 9.458.075 8.361.537 358.074 20.417

718.047

2008 10.886.567 9.558.038 437.445 18.147

872.937

2009 10.840.388 9.352.063 497.319 24.461

966.545

2010 12.876.988 11.794.655 549.341.

26.746

506.246

Fonte: Elaborada pelo autor conforme pesquisas nos relatórios anuais do Tribunal de Contas da Bahia (TCE-BA)

Para melhor compararem-se os resultados, os valores da tabela abaixo (TABELA 2)

estão atualizados a preços de 2010, tendo como base o IGP-DI (Índice Geral de

Preços – Disponibilidade Interna) da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Page 36: Monografia Economia ICMS Rev3

A referida tabela mostra além dos valores totais arrecadados, a respectiva

porcentagem de cada tributo em relação à receita ributária . O ICMS correspondeu,

em média, a mais de 90% de toda a receita tributária.

TABELA 2 – ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA REAL DA BAHIA (R$ 1.000,00)

Ano Receita Tributária Total

% Receitas ICMS

% IPVA % ITCD % IR/Taxas/C. Melhoria

%

2001

9.626.829 100

9.078.298 94,3

230.182

2,4

11.182

0,1

307.167 3,2

2002

10.282.267 100

9.455.992 92,0

225.231

2,2

15.440

0,2

585.604 5,7

2003

9.742.087 100

8.885.473 91,2

276.200

2,8

15.329

0,2

565.085 5,8

2004

10.321.710 100

9.420.212 91,3

299.435

2,9

21.229

0,2

580.834 5,6

2005

10.264.422 100

9.227.470 89,9

344.991

3,4

14.624

0,1

677.336 6,6

2006

11.368.303 100

10.145.324

89,2

389.481

3,4

16.510

0,1

816.987 7,2

2007

11.872.010 100

10.495.609

88,4

449.463

3,8

25.627

0,2

901.310 7,6

2008

11.943.536 100

10.486.021

87,8

479.916

4,0

19.908

0,2

957.690 8,0

2009

12.065.352 100

10.408.847

86,3

553.516

4,6

27.225

0,2

1.075.765 8,9

2010

12.876.989 100

11.794.655

91,6

549.341

4,3

26.746

0,2

506.245 3,9

Fonte: Elaborada pelo autor a partir da TABELA 1

Ao longo do período estudado (2001-2010) houve um incremento de 33,76% na

arrecadação tributária total. Deste total, 29,76% adveio do imposto analisado. O

ICMS foi responsável por mais de 91% do total arrecadado em todo o ano de 2010.

Os principais segmentos econômicos que contribuíram com o ICMS são os

demonstrados na tabela a seguir:

Page 37: Monografia Economia ICMS Rev3

TABELA 3 – PARTICIPAÇÃO DOS SEGMENTOS ECONÔMICOS NO ICMS DA BAHIA (%)

SEGMENTOS ECONÔMICOS

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Agricultura 0,94 0,91 1,11 1,43 1,22  1,06  1,16  1,04  0,88  0,95

Agroindústria 3,55 3,75 3,77 2,48 2,20  2,27  2,48  2,23  2,17  2,51

Comércio Atacadista

10,05

9,88 9,27 9,75 10,91

9,42  9,92  10,69

 11,47

 12,63

Comércio Varejista

13,10

12,28

12,36

12,70

13,92

15,00  15,8  17,03

 18,92

 20,83

Indústria de Bebidas

4,49 3,90 3,61 3,73 3,86  4,26  4,59  4,47  4,65  4,95

Indústria Metalúrgica

2,84 2,70 2,41 2,89 2,05  2,14  2,18  2,23  2,02  2,21

Ind. Mineração e Derivados

1,33 1,42 1,52 1,22 1,26  1,25  1,26  1,19  1,12  1,20

Indústria Química

6,04 6,77 5,85 6,18 5,38  5,56  5,68  5,38  5,11  4,98

Misto (Indústria) 1,47 1,88 2,44 2,09 1,78  1,85  1,88  1,96  1,71  1,83

Misto (Serviços) 1,29 1,09 0,95 0,96 0,92  0,94  0,99  1,03 0,87  0,93

Petróleo 29,46

29,49

32,66

32,7 31,15

 32,76

 32,56

 31,29

 24,00

 29,42

Serviços de Transportes

1,61 1,87 1,21 1,34 1,29  1,33  1,46  1,48  1,70  1,91

Serviços de Utilidade Pública

20,46

20,66

19,72

19,31

20,81

 21,51

 21,92

 23,17

 22,40

 23,21

Supermercados 3,36 3,40 3,12 3,08 3,23  3,83  4,02  4,10  4,34  4,62

Fonte: Elaborada pelo autor conforme pesquisas no site da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)

Examinando-se a TABELA 3, verifica-se que o segmento Petróleo, os Serviços de

Utilidade Pública e o Comércio (varejista e atacadista) respondem por quase 80% do

total arrecadado com o ICMS.

A receita oriunda da cobrança do ICMS sobre combustíveis, lubrificantes, energia

elétrica e telecomunicações (segmentos Petróleo e Serviços de Utilidade Pública),

Page 38: Monografia Economia ICMS Rev3

as chamadas blue chips5, que somente foram incorporados à base do ICMS em

1988, respondem por mais de 49% da carga do tributo.

Pela evolução dos montantes arrecadados, verifica-se que, em média, houve um

crescimento real no montante do ICMS, no período em estudo. Isso pode ser mais

bem visualizado no gráfico abaixo, que foi elaborado de acordo com os dados da

TABELA 1.

GRÁFICO 1- ARRECADAÇÃO REAL ICMS (R$ 1,00)

5 O termo blue chip é originário dos cassinos onde, no pôquer, as fichas azuis (literalmente blue

chips em inglês) são as mais valiosas. É empregado nos mercados de ações por analogia, para

designar ações de empresas bem estabelecidas, de grande porte, nacional e internacional, com

comprovada lucratividade, principalmente a longo prazo, e com poucas obrigações, resultando em

situação econômica e financeira positiva.

Normalmente, representam as ações das empresas mais bem cotadas na bolsa de valores.

Essas ações são chamadas de "ações de primeira linha", ou seja, as ações com mais liquidez de

mercado, porque são as mais procuradas, com muitos negócios realizados diariamente. Não há uma

lista oficial dessas ações: é um consenso de mercado. A lista de blue chips muda periodicamente,

mas há sempre aquelas que, entra ano e sai ano, continuam no topo, tais quais VALE5 e PETR4

(ações da Vale e da Petrobras, respectivamente).

Parece que o termo foi cunhado por Oliver Gingold da Dow Jones & Company em 1923 ou

1924. Reza a lenda, segundo folclore da companhia estadunidense, que o termo nasceu quando

Gingold estava diante da stock ticker da corretora que mais tarde veio a ser a Merrill Lynch. Notando

diversos negócios a US$200 por ação ou mais, virou-se para Lucien Hooper da W.E. Hutton & Co. e

disse que pretendia voltar para o escritório e escrever algum artigo sobre essas ações blue chips.

Assim nasceu o termo. (WIKIPEDIA; 2010)

No caso em questão, é feita uma analogia entre a alta rentabilidade das ações blue chips e a

importância que alguns segmentos econômicos têm no que tange à arrecadação tributária (nota do

autor).

Page 39: Monografia Economia ICMS Rev3

Fonte: Elaborada pelo autor conforme pesquisas nos relatórios anuais do Tribunal de Contas da Bahia (TCE-BA)

Quais seriam os fatores que propiciaram este aumento? O crescimento do PIB

estadual no período? Uma melhor eficácia da máquina tributária estadual?

Mudanças na base de incidência do imposto?

Tentaremos neste trabalho monográfico, verificar estas e outras hipóteses que

possam explicar o comportamento da variável em estudo.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

Observando-se as variações ocorridas no montante arrecadado com o ICMS

(TABELA 1), verifica-se que houve uma queda nos seguintes períodos: 2002-2003,

2004-2005, 2007-2008 e 2008-2009. A tabela abaixo mostra as oscilações ocorridas

entre todos os anos do período em análise.

TABELA 4 – VARIAÇÃO DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA TOTAL E DO ICMS DA BAHIA (R$

1,00)

  Ano Receita Tributária Total

Receitas ICMS

  2001 9.626.829.243 9.078.297.845

Δ%   6,8 4,2

  2002 10.282.267.387 9.455.992.099

Δ%   (5,5) (6,0)

Page 40: Monografia Economia ICMS Rev3

  2003 9.742.087.651 8.885.472.959

Δ%   5,9 6,0

  2004 10.321.710.169 9.420.211.915

Δ%   (0,6) (2,0)

  2005 10.264.422.031 9.227.470.290

Δ%   10,8 9,9

  2006 11.368.302.793 10.145.324.447

Δ%   4,4 3,5

  2007 11.872.009.890 10.495.608.742

Δ%   0,6 (0,1)

  2008 11.943.535.910 10.486.020.855

Δ%   1,0 (0,7)

  2009 12.065.352.554 10.408.846.678

Δ%   6,7 13,3

  2010 12.876.988.651 11.794.655.360

Fonte: Elaborada pelo autor conforme pesquisas nos relatórios anuais do Tribunal de Contas da Bahia (TCE-BA)

Adiante serão buscadas as causas dessas oscilações, e, para efeito de análise

serão utilizados os dados dos relatórios de Contas de Governo, elaborados pelo

Tribunal de Contas do Estado da Bahia.

4.2.1 Análise do Período 2001-2002

A arrecadação do ICMS, no exercício de 2002, foi superior em 18,22%, em termos

nominais, à do exercício de 2001 quando alcançou o montante de R$4.187.330.000.

Considerando os valores atualizados para o ano de 2010, o incremento real da

arrecadação foi de 4,2% no exercício (vide TABELA 4).

O Sistema de Planejamento e Gerenciamento de Mercado – PGM, da SEFAZ

(Secretaria da Fazenda do Estado) tem por objetivo o gerenciamento e controle da

arrecadação, a partir do critério de segmentação de mercado. Com base nesse

sistema, é apresentada, na tabela a seguir, a composição da arrecadação do ICMS

por segmento no ano de 2002:

TABELA 5 – COMPOSIÇÃO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS POR SEGMENTO

Em R$ mil

SEGMENTO VALOR %Agricultura 86.050 0,91

Page 41: Monografia Economia ICMS Rev3

Agroindústria 354.599 3,75

Comércio Atacadista 934.252 9,88

Comércio Varejista 1.161.195 12,28

Indústria de Bebidas 368.783 3,90

Indústria de Mineração e Derivados 255.312 2,70

Indústria de Utilidade Pública 134.275 1,42

Indústria Metalúrgica 640.171 6,77

Indústria Química 177.773 1,88

Misto Indústria 103.070 1,09

Misto Serviços 2.788.572 29,49

Petróleo 176.827 1,87

Serviço de Transporte 1.953.608 20,66

Supermercados 321.504 3,40

TOTAL 9.455.992 100Fonte: Elaborada pelo autor conforme pesquisas no site da SEFAZ/BAAlguns fatores contribuíram para a obtenção dos resultados registrados no período

analisado, conforme demonstrado no quadro adiante apresentada, que descreve

alguns dos eventos que influenciaram o desempenho da arrecadação.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2002)

Criação do Fundo de Combate a Pobreza FECOP 2002 (+) R$ 116 milhõesPrograma FAZCULTURA/FAZ ATLETA 2002 (-) R$ 13,56 milhõesImplantação obrigatória da TEF 2002 (+) R$ 17 milhõesConcessão de benefício Bahiaplast 2002 (-) R$ 28,2 milhõesInício da produção da empresa Monsanto 2002 (+) R$ 19,7 milhõesImportação de NAFTA pela Copene 2002 (+) R$ 71,9 milhõesEfeito do Álcool Anidro na Gasolina 2002 (+) R$ 32 milhõesIncentivo aos setores de calçados e cerâmicas 2002 (-) R$ 16 milhõesImplantação da TSN 2002 (+) R$ 20,6 milhõesTOTAL R$ + 219,44 milhões

Fonte: Caderno Fórum Fiscal n º 11 (FFEB)

Dentre os eventos relacionados, fazem parte: a obrigatoriedade do uso do sistema

TEF (Transferência Eletrônica de Fundos), a importação de NAFTA pela COPENE

que posteriormente foi integrada à BRASKEM, a criação do FECOP (Fundo de

Combate à Pobreza), a entrada em produção de novas empresas com peso

representativo na arrecadação do estado e a recuperação de créditos de ICMS,

mediante adoção de Lei de Anistia de juros e multas.

Page 42: Monografia Economia ICMS Rev3

4.2.2 Análise do Período 2002-2003

Segundo o Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia (TCE-BA / 2003),

a arrecadação do ICMS, no exercício 2003, foi superior em 15,0%, em termos

nominais, à do exercício de 2002, que alcançou o montante de R$4.950.531.000,00.

No entanto, considerando a inflação do período (Índice Geral de Preços –

Disponibilidade Interna – IGP-DI/FGV), resta evidenciada uma queda de 6,0% na

arrecadação, em termos reais, no exercício 2003 (vide Tabela 4).

Ainda conforme a análise do Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia :

O modelo macroeconômico conservador adotado no Brasil, em consonância

com o Fundo Monetário Internacional, foi sustentado no tripé: superávit

primário elevado (4,25% do PIB), para reduzir o endividamento público; taxa

de câmbio flutuante com livre movimentação de capitais, para consolidar as

contas externas; e taxa básica anual de juros elevada, para atingir a meta

de inflação. Similar ao que vem sendo seguido na última década no Brasil, o

modelo adotado, além de produzir uma retração no PIB de 0,2% em 2003,

fez com que a média de crescimento nos últimos dez anos ficasse em

apenas 2,4% ao ano e a média de crescimento do PIB per capita em

apenas 1% ao ano (TCE-BA,2003, p.46).

A combinação entre um cenário internacional aquecido e um cenário interno

recessivo caracterizou o desempenho da economia baiana em 2003. O desempenho

favorável das exportações industriais e a forte demanda internacional por

commodities favoreceram a expansão da atividade econômica, que, conforme dados

divulgados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI),

resultou em um aumento de cerca de 3% do PIB da Bahia.

No entanto, este crescimento do PIB baiano não foi suficiente para garantir a

arrecadação do ICMS, mesmo porquê, o aumento das exportações, fator primordial,

Page 43: Monografia Economia ICMS Rev3

para o crescimento do PIB no período, não implica em crescimento da arrecadação

do tributo, tendo em vista que, os produtos para exportação são isentos de ICMS,

conforme se depreende do fragmento legal abaixo:

O ICMS não incidirá sobre operações que destinem mercadorias para o

exterior, nem sobre serviços prestados a destinatário no exterior,

assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto,

cobrado nas operações e prestações anteriores. (art. 155, §2º, X, “a” da CF

e art. 3, II da LC 87/96 (Lei Kandir)).

O imposto sobre exportação (IE), por sua vez, além de ser um tributo federal, não é

repassado diretamente aos estados e, inclusive, não faz parte do montante

repassado a estes, via FPE6 (Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal).

Vale ainda lembrar que este período foi marcado pela expectativa de mudanças nos

rumos da economia do país, tendo em vista a provável eleição da chapa eleitoral

trabalhista, comandada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva. Estas expectativas

também fizeram com que os setores produtivos adiassem novos projetos

econômicos.

Desta forma, deve-se concluir que a queda dos investimentos, taxa de juros elevada

e a redução do consumo das famílias, com as consequentes retrações nas

6 A Constituição Federal de 1988, de acordo com o artigo 159, I, alínea "a", determina que 21,5% da

receita arrecadada com IR (Imposto Sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza) e IPI

(Imposto Sobre Produtos Industrializados) sejam repassados pela União aos Estados e Distrito

Federal. Esse repasse é feito por meio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal -

FPE.A distribuição dos recursos do FPE deve ser proporcional ao coeficiente individual de

participação resultante do produto do fator representativo da população de cada Estado.

Os índices de repasse desse fundo são calculados pelo Tribunal de Contas da União - (LC 62/89, Art.

5º), utilizando como fatores a população e o universo da renda per capita. À medida que for

recebendo as comunicações do recolhimento dos impostos (IR e IPI) para escrituração na conta

“Receita da União", o Banco do Brasil S.A. deve providenciar para que o percentual destinado ao FPE

seja automaticamente creditado em conta dos Estados e Distrito Federal. Os créditos do FPE são

feitos a cada 10 dias: geralmente nos dias 10, 20 e 30 de cada mês, se coincidir com sábado,

domingo ou feriado, o crédito é feito no dia anterior (ROLLEMBERG; OLIIVEIRA,2009, p.)

Page 44: Monografia Economia ICMS Rev3

atividades industriais,comerciais e de serviços, foram os principais responsáveis

pela queda da arrecadação do ICMS em 2003.

4.2.3 Análise do Período 2003-2004

A arrecadação do ICMS, no exercício de 2004, foi superior em 15,98%, em termos

nominais, à do exercício de 2003 e alcançou o montante de R$5.712.366.000,00.

Considerando a inflação do período (Índice Geral de Preços – Disponibilidade

Interna – IGP-DI/FGV), resta evidenciado um aumento real na arrecadação de

aproximadamente 6,00% no exercício (vide Tabela 4).

O crescimento da arrecadação de ICMS do ano de 2004 foi alavancado pela criação

da Antecipação Parcial7, fato que motivou o incremento de aproximadamente 30%

em termos nominais na arrecadação do setor comércio em relação ao ano de 2003.

Outra contribuição importante dentro do componente comércio foi uma alteração na

legislação do atacado (Decreto nº 8.969 de 12 de fevereiro de 2004 que procedeu a

Alteração nº 52 no Regulamento do ICMS da Bahia dentre outras providências) que

proporcionou um incremento na arrecadação em torno de 33% quando comparado

com o ano de 2003.

O quadro abaixo mostra o incremento de arrecadação obtido a partir da criação

destes mecanismos.

QUADRO 2 – PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2003-2004)

Criação da Antecipação Parcial no Comércio 2004 (+) R$ 28 milhõesTransferência de Créditos Fiscais da FORD 2004 (-) R$ 70 milhõesMigração do PROBAHIA para o DESENVOLVE 2004 (-) R$ 12,5 milhõesAlteração na Legislação do Atacadista 2004 (+) R$ 27,3 milhõesIsenção de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 2004 (-) R$ 27 milhõesConcessão de Crédito Presumido à Embasa 2004 (-) R$ 18 milhões

7 A cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) através da

antecipação parcial começou a ser feita na Bahia em 2004 e é uma prática comum na maioria dos

Estados, inclusive com economia maior que a baiana, a exemplo de São Paulo e Minas Gerais. Com

a antecipação, os contribuintes pagam o ICMS no momento da aquisição da mercadoria, ou seja,

antes da venda ao consumidor final. Normalmente esse imposto é cobrado após a venda das

mercadorias pelas empresas ao consumidor (Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia; 2007).

Page 45: Monografia Economia ICMS Rev3

Transferência de créditos pela Braskem 2004 (-) R$ 36 milhõesTOTAL R$ - 108,2 milhões

Fonte: Caderno Fórum Fiscal n º 11 (FFEB)

4.2.4 Análise do Período 2004-2005

A arrecadação do ICMS, no exercício de 2005, foi superior em 3,79%, em termos

nominais, à do exercício de 2004, que alcançou o montante de R$6.625.528.000,00.

Considerando a inflação do período (Índice Geral de Preços – Disponibilidade

Interna – IGP-DI/FGV), resta evidenciado uma redução real na arrecadação de

2,00% no exercício (vide Tabela 4).

Segundo estudos elaborados pelo IBGE, existe uma forte correlação entre a

arrecadação do ICMS e o PIB do estado da Bahia. No período em analise para cada

ponto percentual que o PIB apresenta de crescimento, a arrecadação de ICMS

registra 1,61% de incremento.

O gráfico abaixo evidencia o crescimento do PIB baiano nos últimos anos. No

primeiro momento a comparação toma como base o ano de 2002.

GRÁFICO 2 – VARIAÇÃO PERCENTUAL DO PIB BAIANO (2002-2005)

Page 46: Monografia Economia ICMS Rev3

Fonte: IBGE/SEI

A evolução apresentada do ano 2002 para o ano de 2004 está, em grande parte,

vinculada à instalação na Bahia da Fabrica da Ford, fato que contribuiu

significativamente na composição do PIB Baiano e colocou o estado entre os quatro

primeiros no ranking de produção de automóveis no país.

No gráfico abaixo podemos visualizar a correlação entre PIB e Arrecadação de

ICMS que foi acima referida.

GRÁFICO 3 – PIB BAIANO x ARRECADAÇÃO DO ICMS

Fonte: IBGE/SEI

No Estado da Bahia, os dados do IBGE indicam que o PIB cresceu 4,8% em 2005,

atingindo cerca de R$90 bilhões, o sexto maior do país. No entanto, o crescimento

do PIB em 2004 foi de 8,5%, havendo, portanto, uma redução de crescimento.

Admitindo-se a validade da correlação, a redução do crescimento do PIB no período

analisado, foi o principal responsável pela queda na arrecadação do ICMS

(aproximadamente 2%, conforme a TABELA 4).

4.2.5 Análise do Período 2005-2006

A arrecadação do ICMS, no exercício de 2006, foi superior à do exercício de 2005, e

alcançou o montante de R$10.145.324.000,00. Considerando a inflação do período

Page 47: Monografia Economia ICMS Rev3

(Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna – IGP-DI/FGV), resta evidenciado

um aumento real na arrecadação de 9,9% no exercício.

Alguns fatores contribuíram para que o resultado comparativo da arrecadação do

ano de 2006 fosse positivo em relação ao ano de 2005, ressaltamos dentre eles,

uma alteração na legislação mudando os percentuais de Antecipação do ICMS nos

setores de Telecomunicações e Energia Elétrica que promoveu um incremento da

ordem de R$ 52 milhões na arrecadação em relação ao ano anterior (Decreto nº

10.072 de 15 de agosto de 2006 que procedeu à Alteração nº 80 ao Regulamento do

ICMS do estado da Bahia) dentre outras providências.

A adoção de Lei de Anistia de Juros e Multas do ICMS no ano de 2006, também foi

responsável pelo bom desempenho comparativo em relação ao ano anterior. Em

virtude desta medida, a recuperação de créditos foi da ordem de R$ 270milhões

(vide tabela abaixo).

QUADRO 3 – PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO ICMS (2005-2006)

Lei de Anistia no ano de 2006 que motivou ganho de arrecadação

2006 (+) R$ 270 milhões

Aumento no percentual de Antecipação Telecomunicações e Energia

2006 (+) R$ 52 milhões

Liberação de Créditos Fiscais Acumulados por Exportação - PROCOME

2006 (+) R$ 50 milhões

TOTAL R$ + 272 milhões

Fonte: Caderno Fórum Fiscal n º 11 (FFEB)

4.2.6 Análise do Período 2006-2007

Em 2007 a receita obtida com o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicações (ICMS) totalizou R$10.495.609 mil,

representando em termos reais, 88,4% da receita total com tributos (ver TABELA 2).

A arrecadação do ICMS do estado foi fortemente influenciada pelo aquecimento da

economia do país. Alguns fatores atípicos, a exemplo dos recolhimentos de cerca de

R$ 23,5 milhões da empresa Gasene, que construiu novo gasoduto para a Petrobrás

Page 48: Monografia Economia ICMS Rev3

no estado, a entrada em operação da empresa Bahiagás, com recolhimentos da

ordem de R$ 30 milhões, são apenas alguns exemplos (veja quadro abaixo).

QUADRO 4 – PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DA ARRECADAÇÃO DO ICMS (2006-2007)

Restituição de Crédito à Coelba por pagamento a maior de ICMS

2007 (-) R$ 60 milhões

Alteração na Legislação do Petróleo 2007 (-) R$ 204 milhõesRecolhimentos atípicos da GASENE (empresa que constrói gasoduto da Petrobras)

2007 (+) R$ 23,5 milhões

Início da produção do Bahiagás 2007 (+) R$ 30 milhõesTransferências de Créditos Fiscais da FORD 2007 (-) R$ 25 milhõesPrograma Desenvolve Mineração Caraíba 2007 (-) R$ 17 milhõesTOTAL R$ - 252,5 milhões

Fonte: Caderno Fórum Fiscal n º 11 (FFEB)

Vale ressaltar que neste período, o realinhamento dos preços dos combustíveis,

derivados de petróleo, serviços de energia elétrica e de comunicações; o

crescimento das operadoras de telefonia celular e a migração de empresas que

consumiam energia no mercado paralelo para o sistema oficial de fornecimento,

também foram determinantes no resultado e evidenciam a dependência do estado

ao ICMS arrecadado nestes setores.

Por conta do crescimento da receita oriunda nesses segmentos, a arrecadação

tributária oscilou positivamente em 3,5%, em termos reais, em relação ao exercício

anterior.

4.2.7 Análise do Período 2007-2008

A arrecadação do imposto no ano de 2008 (em relação ao mesmo período do ano

de 2007) registrou incremento nominal de 14%, embora alguns segmentos tenham

registrado perdas em 2008 em relação a 2007, conforme pode ser observado no

gráfico a seguir.

Page 49: Monografia Economia ICMS Rev3

GRÁFICO 4 – ARRECADAÇÃO DO ICMS POR SEGMENTOS (2007-2008)

Fonte: Caderno Fórum Fiscal n º 11 (FFEB)

Em virtude disso, a arrecadação do ICMS no exercício de 2008 foi levemente inferior

à do exercício de 2007 (em termos reais), quando alcançou o montante de

R$10.486.021.000,00.

Isto representou uma queda de 0,1% na arrecadação do ICMS no período (conforme

pode ser observado na TABELA 2).

4.2.8 Análise do Período 2008-2009

A receita obtida com o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicações foi o destaque dentre os impostos de

competência da esfera estadual em 2009, como em todos os outros anos do período

compreendido nesta monografia, e totalizou R$10.408.847.000,00, representando

86,3% da receita tributária total.

Page 50: Monografia Economia ICMS Rev3

No entanto, esta arrecadação foi inferior à do exercício de 2008, que alcançou o

montante de R$10.486.021.000,00. Sendo assim (conforme é demonstrado na

TABELA 2) resta evidenciada uma queda real na arrecadação de 0,7% no período.

De acordo com análises efetuadas pelo TCE-BA em seu Relatório e Parecer Prévio

Contas do Estado da Bahia:

O principal responsável por esta retração foi a crise dos mercados mundiais,

iniciada no último trimestre de 2008 que teve fortes reflexos nas economias

brasileira e baiana durante o exercício de 2009.

Originada no mercado imobiliário dos Estados Unidos e, segundo alguns

analistas econômicos, com efeitos comparados aos da quebra da bolsa de

Nova York em 1929, esta crise surgiu nos mercados chamados subprime,

que eram empréstimos hipotecários concedidos a clientes com solvência

duvidosa. Estas dívidas podiam ser refinanciadas com relativa facilidade e

isso manteve o preço dos imóveis em alta durante certo tempo nos EUA.

No entanto, a queda de preços de imóveis a partir de 2006 provocou a

quebra gradual de diversas instituições de crédito.

Procurando diluir o risco, instituições financeiras americanas se juntaram em

grande número, transformando os créditos ruins em títulos negociáveis no

mercado financeiro internacional. Inexplicavelmente avaliados com alta

recomendação de agências internacionais, seus valores chegavam até a 20

vezes a do título inicial.

A partir do final de 2006, o desmonte gradual dessa complicada cadeia

financeira, que no seu rastro revelou outras formas de produtos financeiros

sem lastro, culminou na grave crise no final de 2008.

Felizmente, o Brasil tinha em sua economia muito pouco dos ingredientes

da crise e sustentava, assim como ainda hoje sustenta, boa saúde

econômica. Entretanto os efeitos de uma crise desse porte afetaram a

economia brasileira, pois os principais países importadores de nossos

produtos passaram por forte processo de retração, bem como as fontes

internacionais de financiamento foram seriamente afetadas durante o

período. (TCE-BA, 2009, p.19 a 21).

Page 51: Monografia Economia ICMS Rev3

4.2.9 Análise do Período 2009-2010

A receita obtida com o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicações (ICMS) foi o destaque dentre as decorrentes dos

impostos de competência da esfera estadual, já que totalizou R$ 11.794.655.000,00,

representando 91,6% da receita tributária total.

Esta arrecadação foi muito superior à do exercício de 2009, que alcançou o

montante de R$10.408.847.000,00. Sendo assim (conforme é demonstrado na

TABELA 2) resta evidenciada uma forte alta na arrecadação, sendo o aumento no

período, em termos reais, a 13,3%.

De acordo com análises efetuadas pelo TCE-BA em seu Relatório e Parecer Prévio

Contas do Estado da Bahia:

Os efeitos da crise financeira de 2009 ainda estiveram presentes nos

primeiros meses de 2010, contudo, de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB), a preços de

mercado acumulado no ano de 2010, cresceu 7,5% em relação a 2009,

alcançando R$ 3,67 trilhões.

Com seu melhor desempenho desde 1986, quando o índice cresceu

idênticos 7,5%, a forte alta do PIB teve como principais razões a base

retraída do ano anterior e o forte desempenho da demanda interna.

No que concerne à Economia Baiana, o PIB relativo ao exercício de 2010,

conforme a equipe de Contas Regionais da Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apresentou expansão idêntica à

nacional, isto é, de 7,5%. Esse número é reflexo dos bons resultados

obtidos nos setores da indústria, que cresceu 8,5%, da agropecuária com

8,4%, e de serviços, com taxa de crescimento de 6,9% (TCE-BA, 2010, p.17

a 19).

Page 52: Monografia Economia ICMS Rev3
Page 53: Monografia Economia ICMS Rev3

5 PERSPECTIVAS PARA A ARRECADAÇÃO DO ICMS

De acordo com estudos realizados por importantes centros de pesquisa econômica,

tais como o efetuado pelo Instituto de Economia Aplicada, intitulado: “ICMS:

Evolução Recente e Guerra Fiscal” de autoria dos economistas Marcelo Piancastelli

e Fernando Perobelli (IPEA, 1996), verifica-se uma tendência à diminuição da

arrecadação do ICMS, decorrente da opção dos estados em concentrar a

arrecadação do imposto em alguns poucos setores, que apresentam um grande

potencial de geração de receita (como as já citadas blue chips) e do esgotamento

das possibilidades de elevação de alíquotas para estes mesmos setores.

Por outro lado, a inserção de um efetivo significativo de pessoas ao mercado

consumidor, resultante da estabilidade econômica e da adoção de políticas de

distribuição de renda, como o bolsa-família tem ajudado a manter a arrecadação do

ICMS em relativo crescimento.

O crescimento do PIB nacional e estadual também tem contribuído na manutenção

dos níveis de arrecadação de tributos, ao proporcionar o crescimento do nível de

emprego e de renda, e, por conseguinte, elevar o consumo de mercadorias e

serviços nos quais incide o tributo analisado.

Mecanismos como a informatização da fiscalização e do controle tributário, a

substituição e antecipação tributária têm garantido e ampliado o recolhimento do

tributo ao inibir a sonegação e a evasão fiscais.

Ainda segundo o estudo acima citado:

Em tese, os estados poderiam reagir, abandonando a opção por restringir

voluntariamente o campo de aplicação do ICMS, de modo a contornar os efeitos da

crise pela ampliação da base de incidência do imposto. Ocorre que esse caminho já

está bloqueado pelo crescimento das contribuições federais e pela ampliação da lista

de serviços sujeitos à aplicação do imposto municipal sobre a prestação de serviços.

Page 54: Monografia Economia ICMS Rev3

A provável conseqüência dessa situação será o aumento do conflito entre os estados

e a decorrente dificuldade de avançar nos entendimentos sobre as mudanças no

ICMS que eliminem as distorções reinantes. Se assim for, as perspectivas não são

animadoras. O ICMS abandonará de vez qualquer semelhança com um imposto

sobre o valor adicionado e assumirá, na prática, o perfil de um imposto sobre o

faturamento, cuja aplicação combinará as várias modalidades de substituição

tributárias hoje adotadas no país. (PIANCASTELLI; PEROBELLI, 1996).

Sob esta ótica, verifica-se a necessidade futura de os estados reverem a opção

adotada após a Constituição de 1988 e de se unirem para defender uma reforma

tributária que lhes devolva a capacidade de tributar a integralidade de suas

respectivas bases econômicas (como ocorria com o antigo ICM), sob pena de

começarem a assistir a um encolhimento de sua participação no bolo tributário

nacional.

Outra possibilidade de ampliação da base de contribuição do ICMS se apresenta

com a possibilidade de tributação das compras efetuadas pela internet:

Bahia passa a cobrar ICMS sobre produtos vendidos pela internet

Desde o último dia 1º de fevereiro, o estado da Bahia cobra ICMS sobre produtos

comprados pela internet ou por telemarketing quando o produto vem de outro

estado. O imposto é de 10% sobre o valor da compra. A medida  foi anunciada no

dia 25 de janeiro e visa reter a evasão do ICMS nesse tipo de compra.

Segundo a Agecom (Assessoria Geral de Comunicação Social do Governo do

Estado da Bahia), em 2010, o estado deixou de arrecadar cerca de R$ 85 milhões por

causa dessa modalidade de compra. “Isso acontece porque, nessa modalidade de

venda, o imposto fica totalmente retido no estado de origem da mercadoria,

independentemente do local de origem do comprador”, afirma a nota.

Anteriormente à medida, o ICMS era retido no estado de origem dos produtos.

Como a maioria das empresas de comércio eletrônico estão localizadas na região

Sudeste, o comércio local é enfraquecido, na visão do diretor de Tributação da

Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, Jorge Gonzaga. A concorrência com

varejistas locais também á apontada como justificativa para a cobrança.

Por isso, o governo da Bahia inseriu as compras pela internet ou telemarketing no

grupo de antecipação tributária do ICMS. Uma maneira de cobrança é no momento

da entrega, quando o consumidor paga os 10% diretamente para a transportadora.

Outra possibilidade é através da Guia Nacional de Recolhimento (GNRE).

Page 55: Monografia Economia ICMS Rev3

“Com a nova regra ficará aqui uma parcela do imposto nas compras pela internet e

dessa forma estaremos estimulando os empresários de outros Estados a abrirem

filiais das suas empresas na Bahia, beneficiando também o comércio local”, afirma

Gonzaga.

O assunto promete gerar polêmica. O Instituto dos Auditores Fiscais da Bahia a

considera inconstitucional. Para o IAF, trata-se de uma bitributação, uma vez que o

consumidor paga o tributo para a Bahia além da tributação para o estado de origem.

A solução proposta é que os estados dialoguem em busca de um acordo para um

imposto único. (Disponível no site: www.tecmundo.com.br. Acesso em: fev. 2011).

A disputa jurídica sobre essa novíssima modalidade de cobrança, proporcionada

pela evolução tecnológica já começou, conforme se pode ver na matéria abaixo que

foi extraída da internet:

Compras pela internet: TJ autoriza cobrança de ICMS

O Tribunal de Justiça da Bahia, em duas decisões publicadas, na segunda-feira (21),

no Diário do Poder Judiciário, concedeu ao Estado da Bahia o direito de recolher

ICMS nas vendas pela internet. A primeira suspendeu os efeitos da antecipação de

tutela concedida em uma ação ordinária na qual a empresa pretendia que o Estado

não exigisse o pagamento do ICMS nas aquisições via internet, cuja mercadoria seja

oriunda do Estado de São Paulo, abstendo-se ainda de efetuar retenção de

mercadorias com o propósito de exigir o pagamento da exação questionada.

 A segunda suspendeu os efeitos da liminar concedida em mandado de segurança em

que a empresa impetrante pretendia que o Estado não requeresse o pagamento do

ICMS antecipado sobre as operações interestaduais com pessoas jurídicas não

cadastradas no CAD-ICMS da Bahia e pessoas físicas, nas aquisições por meio da

internet e-commerce ou comércio eletrônico.

 Segundo o procurador geral do Estado, Rui Moraes Cruz, as decisões do TJ são um

reconhecimento do movimento que vem acontecendo em âmbito nacional. “Outros

estados já adotaram medidas semelhantes para proteger o comércio local e a

arrecadação, pois esse tipo de compra é uma modalidade relativamente nova e não

existia qualquer ponto do Regulamento do ICMS da Bahia tratando do assunto”.

 De acordo com o secretário da Fazenda, Carlos Martins, uma das principais

preocupações dos estados é com a manutenção do comércio local, evitar a

concorrência desleal e garantir a geração de emprego e renda, assegurando que os

estados signatários das novas propostas deixem de ser prejudicados e façam cumprir

o caráter social do imposto. “

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 As decisões somente se aplicam às empresas que são parte nas ações e têm efeitos

imediatos. Isso quer dizer que a Sefaz já pode retomar a cobrança em relação a tais

contribuintes. A partir de agora, estas respectivas organizações deverão recolher o

imposto a favor do estado da Bahia, o equivalente a 10% do valor das mercadorias.

Os produtos deverão estar acompanhados da Guia Nacional de Recolhimento

(GNRE), o que evita a demora na entrega e possíveis transtornos aos destinatários.

Em situações nas quais não houver o recolhimento do ICMS mediante GNRE, a

empresa transportadora ficará como fiel depositária das mercadorias.

 Com relação às liminares e antecipações de tutela concedidas em outras ações, o

procurador chefe da PGE/Profis, Elder dos Santos Verçosa, acredita que os recursos

já interpostos pelo Estado terão o mesmo êxito, destacando que, além de resguardar

as finanças públicas e, por conseguinte, os investimentos em segurança, educação e

saúde, por exemplo, a decisão da presidente do Tribunal de Justiça, Telma Britto,

preserva também empregos e renda, na medida em que coíbe a concorrência desleal.

“De fato, se as vendas pela internet tiverem uma tributação inferior às realizadas

presencialmente, isso beneficiará os estabelecimentos "virtuais" em detrimento dos

instalados no território baiano”.

 Outra situação coibida pela decisão judicial é a dos estabelecimentos que, embora

instalados na Bahia, realizam vendas, muitas vezes de forma simulada, pela internet.

Desse modo, beneficiam as finanças do Estado remetente da mercadoria em

desfavor do destinatário. A questão já foi submetida à apreciação do Superior

Tribunal de Justiça (STJ), por meio de recurso interposto pela procuradora do

Estado, Cinthya Viana Fingergut. (Disponível em: www.diabahia.com/noticia.

Acesso em: 23/03/2011 às 09:51).

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6 CONCLUSÃO

A arrecadação tributária do Estado da Bahia registrou forte evolução no período

analisado neste estudo. Vários e importantes fatores contribuíram para isto;

podemos citar como exemplos: a adoção de medidas de modernização do controle

da arrecadação via informatização; notas fiscais eletrônicas que permitiram o

cruzamento de dados com outros estados e, por conseguinte evitaram a evasão

fiscal pela simulação de comércio interestadual, compensações indevidas, compras

inexistentes etc.

A anistia de multas e juros de débitos de ICMS também foi um importante fator no

desempenho positivo da arrecadação de ICMS ao longo dos últimos anos, ao

estimular o pagamento e regularização tributária com menos ônus para os

contribuintes.

Entretanto, os fatores fundamentais para o desempenho da arrecadação foram os

reajustes de preço, principalmente dos produtos cujos preços são administrados

pelo governo. Houve uma evolução bastante significativa motivada pelo aumento do

preço de petróleo, de nafta, dos combustíveis, da energia elétrica e das

comunicações.

No período analisado, a adoção de várias medidas para atração de empresas por

parte do estado da Bahia, na maioria das vezes, através de renúncia fiscal e a

promoção do crescimento econômico já que a atração de empresas gera riqueza

indireta, também contribuíram para a elevação da arrecadação do ICMS.

Dentro deste contexto, ressalte-se o grande crescimento do PIB do Estado da Bahia,

após a entrada em operação da Ford em 2001, que introduziu o segmento da

industria automobilística como importante gerador de receitas para o estado.

Page 58: Monografia Economia ICMS Rev3

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