monografia - a justiça sem papel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE ARQUIVOLOGIA EDUARDO ANTÔNIO DE CARVALHO MUNIZ A JUSTIÇA SEM PAPEL O IMPACTO DA LEI ORDINÁRIA Nº 11.419/2006 NOS ARQUIVOS DA JUSTIÇA TRABALHISTA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS SÓCIO-AMBIENTAIS Salvador BA 2007

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O impacto da Lei Ordinária nº 11.419/2006 nos arquivos da Justiça Trabalhista e suas conseqüências sócio-ambientais.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE ARQUIVOLOGIA

EDUARDO ANTÔNIO DE CARVALHO MUNIZ

A JUSTIÇA SEM PAPEL

O IMPACTO DA LEI ORDINÁRIA Nº 11.419/2006 NOS ARQUIVOS DA JUSTIÇA

TRABALHISTA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS SÓCIO-AMBIENTAIS

Salvador BA

2007

EDUARDO ANTÔNIO DE CARVALHO MUNIZ

A JUSTIÇA SEM PAPEL

O IMPACTO DA LEI ORDINÁRIA Nº 11.419/2006 NOS ARQUIVOS DA JUSTIÇA

TRABALHISTA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS SÓCIO-AMBIENTAIS

Orientador: Profº. Dr. Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva

SALVADOR BA

2007

Monografia apresentada ao Instituto de Ciência da Informação da UFBA, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de bacharel em Arquivologia.

Dedico esse trabalho à minha filha Gabriela Silva Muniz, que, embora ainda no ventre de sua mãe, inspira-me a sonhos mais altos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Jesus e a Buda, que me deram força para enfrentar os poucos problemas que

que encontrei nessa jornada, desde o vestibular prestado até a finalização deste trabalho.

Aos meus pais, sempre pensando no que é melhor para mim e que esperaram por vinte e

três anos para ver esse momento se realizar.

À minha esposa, fonte absoluta de minha inspiração.

Aos meus irmãos e amigos que sempre acreditaram na finalização vitoriosa desse

processo.

Finalmente agradeço a meus professores do Instituto de Ciência da Informação e aos

servidores dessa instituição, a meus colegas de curso e especialmente ao Professor Rubens Silva,

pela sua dedicação e paciência nesse processo de finalização do curso.

"Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade." - Dalai Lama

RESUMO

MUNIZ, EDUARDO A. C. A Justiça Sem Papel: O impacto da Lei Ordinária nº 11.419/2006 nos arquivos da Justiça Trabalhista e suas conseqüências sócio-ambientais. 40 f. Monografia – Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007.

Esta monografia tem como objetivo reunir elementos para uma compreensão arquivística e social da dimensão potencialmente transformadora da lei ordinária 11.419/2006, que trata da virtualização dos processos judiciais nas esferas federal e estadual. Com tantas críticas à lentidão do sistema judicial brasileiro, é relevante um estudo dos caminhos que se apresentem como solução para este impasse. Esta monografia foi construída a partir da garimpagem do escasso material existente sobre o tema, porém, tenta formar uma visão sistemática do seu objeto de estudo, que é a informatização do Judiciário brasileiro. Embora trate fundamentalmente da substituição do suporte em papel pelo meio eletrônico para os processos judiciais, a lei 11.419/2006 é, na verdade, algo muito mais abrangente, pois servirá de norte para as profundas mudanças no Poder Judiciário. Os benefícios que trazem o texto da nova Lei, serão melhor percebidos quando da implantação efetiva das diversas inovações tecnológicas planejadas para a Justiça do Trabalho, que pressupõem necessariamente um sistema de segurança eficiente que possa dar proteção aos agentes envolvidos e aos dados circulantes, por essa razão, esta monografia compreende um espaço muito maior que a própria Lei 11.419/2006. A expectativa de observar uma atuação efetiva do profissional de arquivo no projeto e implantação do sistema de informatização do Judiciário foi frustrada, pois em nenhum momento foi identificada a sua presença neste processo, o que ressalta a necessidade de uma visibilidade maior do profissional arquivista e de sua profissão perante a sociedade e o governo. Palavras-chave: Justiça do Trabalho, Justiça sem Papel, Lei 11.419/2006, processo judicial eletrônico, segurança da informação, legislação arquivística.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percentual de utilização da internet nos estados e principais capitais do Brasil..........21

Tabela 2 - Movimentação Processual na Justiça Trabalhista no ano de 2005................................38

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 10

2 A LEI Nº. 11.419/2006............................................................................................................. 11

2.1 ASPECTOS DE SEGURANÇA NA LEI Nº. 11.419/2006............................................. 12

2.2 AS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS....................................................................... 13

2.2.1 Diário eletrônico.............................................................................................................. 13

2.2.2 Comunicação eletrônica dos atos processuais................................................................. 14

3 A SOCIEDADE BRASILEIRA E O ACESSO AO PROCESSO ELETRÔNICO........... 16

4 A LEI Nº. 11.419/2006 E A LEGISLAÇÃO ARQUIVÍSTICA BRASILEIRA................. 21

4.1 O Livro Verde.................................................................................................................. 22

4.2 O E-ARQ BRASIL........................................................................................................... 23

5 O SISTEMA DE INFORMATIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO................................ 24

5.1 ASPECTOS TECNOLÓGICOS....................................................................................... 25

5.1.1 Sistema Integrado de Gestão da Informação da justiça do trabalho............................... 26

5.1.2 Certificação digital........................................................................................................... 26

5.2 FERRAMENTAS ADMINISTRATIVAS DE SUPORTE AO SISTEMA..................... 28

5.2.1 Sistema Integrado de Gestão Administrativa................................................................... 28

5.2.2 Portal Único da Justiça Trabalhista................................................................................ 29

5.2.3 Sistema Único de Administração de Processos da Justiça do Trabalho......................... 29

5.2.4 Gabinete Virtual............................................................................................................... 30

5.2.5 Carta Precatória Eletrônica............................................................................................. 31

5.2.6 Sistema AUD..................................................................................................................... 31

5.2.7 Sistema Informatizado para as Salas de Sessão de Julgamento...................................... 32

5.2.8 Sistema e-RECURSO........................................................................................................ 32

5.2.9 Sistema Integrado de Protocolização e Fluxo de Documentos Eletrônicos.................... 33

5.2.10 Programa de Cálculo Trabalhista Rápido....................................................................... 33

5.2.11 Central de Cargas............................................................................................................ 33

5.2.12 Sistema Escritório do Advogado...................................................................................... 34

6 ASPECTOS AMBIENTAIS................................................................................................... 34

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 39

10

1 INTRODUÇÃO

O sistema judiciário brasileiro, seja na esfera federal ou nos estados, vem a cada ano

acumulando críticas de natureza as mais diversas e por todos os setores da sociedade civil.

Existe hoje um conjunto de fatores que são responsáveis pela lentidão nos processos judiciais,

e que, por não raras vezes, impede que o impetrante da ação, após anos de angústia e

sofrimento, receba seus direitos em vida, repassando assim a seus herdeiros essa expectativa

não alcançada. O principal fator dessa inoperância é a legislação trabalhista, que traz em seu

bojo a obrigatoriedade de se observar todos os atos e prazos processuais sob pena de nulidade.

A possibilidade de se impetrar diversos recursos, levando anos para se ter a conclusão final do

processo, é outro fator determinante nesse prolongamento excessivo nas causas trabalhistas e

que faz parte da nossa legislação. Marinoni (1999, p. 27-28) bem descreve a angústia dessa

espera quando afirma:

[...] a questão da celeridade do processo seja a que mais de perto signifique o sentido da verdadeira ‘efetividade do processo’, por ser o problema que mais aflige o jurisdicionado quando da decisão de recorrer à tutela jurisdicional, ou de buscar uma conciliação nem sempre realmente favorável. Com efeito, a morosidade do processo, como é intuitivo, estrangula os canais de acesso à tutela jurisdicional dos economicamente débeis.

Diferente dos dois primeiros fatores, que requerem uma vontade política maior para

que se procedam às mudanças necessárias, existe um terceiro grande empecilho à celeridade

dos processos, mas que começa a tomar um rumo satisfatório na história jurídica do país, e

que é o tema central deste trabalho. Estamos falando da limitação tecnológica e de uma rede

de sistemas que não funciona, simplesmente porque não existe, e neste contexto podemos bem

observar a opinião de Hoeschl (2001, p. 11), quando afirma que:

As técnicas que constituem a tecnologia de informação, principalmente a telemática, a internet e a inteligência virtual, oferecem a possibilidade de desenvolvimento de diversas ferramentas, processos e métodos que vão facilitar as tarefas diárias de formação e aplicação do direito.

As vinte e quatro Regiões Trabalhistas1 espalhadas pelo país não operam de modo

uniforme no que diz respeito aos seus sistemas de informação e de movimentação processual,

1 De acordo com o artigo 111 da Constituição da República, a Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição: Primeira instância - Varas do Trabalho que julgam apenas dissídios individuais, Segunda instância - Tribunais Regionais do Trabalho (24 TRT’s) que julgam recursos ordinários contra decisões de Varas do Trabalho e a Instância extraordinária - Tribunal Superior do Trabalho (TST) com sede em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, tem por principal função uniformizar a jurisprudência trabalhista.

11

além de não possuírem meios de comunicação entre elas, e muito menos com os tribunais

estaduais ou de instâncias superiores. Desta forma, cada regional realiza suas atividades

processuais independente das demais, ocorrendo muitas vezes que alguns regionais realizam

rotinas que já não são mais praticadas em outros, pois estes já as julgam desnecessárias, ou,

como ocorre com alguma freqüência, implantam soluções simples com base no uso de

sistemas informacionais, reduzindo de modo drástico gastos desnecessários com tempo, uso

de serviços dos correios e as horas trabalhadas pelos servidores para realizarem essas e outras

rotinas. Infelizmente esses avanços pontuais não são compartilhados com os demais Tribunais

Regionais.

A partir do momento em que o Conselho Superior de Justiça do Trabalho 2 e a

Fundação Getúlio Vargas firmaram parceria para desenvolver a base fundamental do projeto

de informatização, também conhecido como Sistema Único de Administração Processual da

Justiça do Trabalho, os consultores da Fundação, em conjunto com técnicos da Justiça do

Trabalho, fizeram um mapeamento detalhado de rotinas e procedimentos de trabalho que

envolve a tramitação dos processos, desde seu recebimento até o trânsito em julgado e a partir

deste ponto foi possível desenvolver e integrar com mais segurança todos os outros sistemas

que fazem parte do processo de informatização.

2 A LEI 11.419/2006

A Lei 11.419/2006, com seus 22 artigos, representa, tal como uma carta magna, as

diretrizes que devem ser seguidas pelas demais leis ou normas, federais ou estaduais, quando

se venha a tratar da informatização do processo judicial no país. Em seu primeiro artigo fica

explícito o seu foco fundamental:

Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei. (BRASIL. Lei n.º 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2006. p. 2.)

2 O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, criado pela Emenda Constitucional n 45, de 08/12/2004, tem como função a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, atuando como órgão central do sistema.

12

Esta lei por si só não é suficiente para orientar de modo específico acerca dos diversos

projetos que fazem parte da informatização do Judiciário, mas como veremos em seguida, ela

se apresenta como norte para todas as demais instruções normativas e legais que a

acompanharão na intenção de dar suporte técnico e administrativo no desenrolar da

implantação do sistema de informatização dos processos na esfera do judiciário.

Alguns pontos adiante, trataremos da relação desta lei com as demais leis que fazem

parte da legislação arquivística brasileira, e tentaremos observar a necessária harmonia entre

elas. Da mesma forma, faremos com relação à resolução sobre o e-ARQ Brasil (CONARQ,

2007), recentemente aprovada, e que se trata de um conjunto de requisitos a serem cumpridos

por organizações produtoras ou recebedoras de documentos no âmbito de sistemas

informatizados.

2.1 Aspectos de segurança da Lei nº. 11.419/2006

Em seu artigo 2º, o texto da lei deixa claro sua preocupação com as questões de

segurança que envolvem a virtualização dos processos judiciários, e que são fonte principal

das discussões no que diz respeito à viabilidade incólume desta lei em razão dos conhecidos

riscos existentes no tráfego de conteúdos via internet. Por esta razão, o envio de petições, de

recursos e a prática de atos processuais como citações, intimações e notificações, realizados

por meio eletrônico, serão assinados eletronicamente, e terão sua validade reconhecida face

um protocolo de assinatura eletrônica, previamente credenciada pelo Poder Judiciário, de

acordo com o que for determinado pelos órgãos respectivos.

Para que este credenciamento surta os resultados esperados, no que diz respeito à

segurança, será necessário que o mesmo seja feito de forma presencial, com a adequada

identificação do interessado. Ao credenciado será atribuído um registro e o meio de acesso ao

sistema, de modo a preservar o sigilo, a identificação e a autenticidade de suas comunicações.

Mais adiante em seu artigo 12º, parágrafo 1º, mais uma vez evidencia a preocupação com as

questões de segurança do sistema, quando o texto afirma que:

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Art. 12º A conservação dos autos do processo poderá ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico.

§ 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser protegidos por meio de sistemas de segurança de acesso e armazenados em meio que garanta a preservação e integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares. (BRASIL. Lei n.º 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2006. p. 2.)

2.2 As ferramentas tecnológicas

Para tornar viável o projeto de informatização do Poder Judiciário brasileiro, o texto

da Lei nº. 11.419/2006 apresenta um conjunto de instrumentos tecnológicos que se

apresentam como facilitadores do dia-a-dia na Justiça, porém, estas ferramentas são apenas

parte de um conjunto muito maior e abrangente de soluções que foram surgindo na medida em

que as necessidades se apresentavam e a tecnologia se dispunha a atender essas necessidades.

O funcionamento harmonioso de todos esses processos é o que vai tornar factível a melhoria

do sistema judiciário como um todo. A Lei 11.419/2006 só expõe parte desse instrumental

tecnológico, os demais (Sistema Integrado de Gestão Administrativa, Portal Único da Justiça

Trabalhista, Sistema Único de Administração de Processos da Justiça do Trabalho, Gabinete

Virtual, Carta Precatória Eletrônica, Sistema AUD, Sistema Informatizado para as Salas de

Sessão de Julgamento, Sistema e-RECURSO, Sistema Integrado de Protocolização e Fluxo de

Documentos Eletrônicos, Programa de Cálculo Trabalhista Rápido, Central de Cargas e

Sistema Escritório do Advogado) serão apresentados no tópico: Ferramentas Administrativas

de Suporte ao Sistema.

2.2.1 Diário eletrônico

Em seu artigo 4º, um ponto de destaque da nova lei, é a criação do diário de justiça

eletrônico por parte dos tribunais, uma vez que essa iniciativa é estimulante ao exercício da

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cidadania e põe em prática um dos conceitos básicos da justiça que é o princípio da

publicidade.

Com o diário de justiça eletrônico, qualquer cidadão poderá ter acesso, via rede

mundial de computadores, às comunicações em geral do Poder Judiciário, seus atos judiciais e

administrativos, bem como dos órgãos a ele subordinados. O parágrafo 2º do artigo 4º deixa

claro ainda o fim próximo da impressão do Diário Oficial em suporte de papel:

Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral.

[...]

§ 2º A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal. (BRASIL. Lei n.º 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2006. p. 2.)

Ainda com relação ao diário de justiça eletrônico, os advogados ou partes do processo

poderão contar com a facilidade de receber as intimações por meio eletrônico em portal

próprio, desde que se cadastrem para tal, sendo dispensada neste caso a publicação no órgão

oficial, inclusive eletrônico. A ressalva se faz nos casos considerados urgentes, quando a

intimação eletrônica possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for

evidenciada qualquer tentativa de se burlar o sistema, nestes casos o artigo 5º em seu

parágrafo 5º, prevê que o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua

finalidade.

2.2.2 Comunicação eletrônica dos atos processuais

Um fator dos mais importantes com relação à morosidade e desperdício de papel na

justiça pode ser atribuído às cartas precatórias3, rogatórias4, de ordem5 e, de um modo geral,

3 Carta Precatória é o meio que dispõe o juiz de fazer cumprir os atos processuais (citação, penhora, apreensão, etc), fora dos limites territoriais da sua comarca, ou seja, os atos devem ser praticados em comarca diversa de onde corre o processo. 4 Carta Rogatória é a carta expedida pelo juiz quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira para cumprimento de atos processuais no território estrangeiro.

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todas as comunicações oficiais que transitam entre órgãos do Poder Judiciário, bem como

entre os deste e os dos demais Poderes. Com relação a este entrave, foi sábia a letra da lei

quando concedeu preferência à realização desses procedimentos jurídicos por via do meio

eletrônico, agilizando a circulação do processo e reduzindo o gasto de papel.

Em seu artigo 8º a referida lei abre espaço para que os órgãos do Poder Judiciário

desenvolvam seus próprios sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais, por

meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de

computadores, podendo o acesso ser feito por meio de redes internas e externas. Porém, com a

parceria entre a Fundação Getúlio Vargas e Conselho Superior da Justiça do Trabalho é

sabido que o interesse maior é em padronizar o sistema em todos os Regionais e manter a

melhor e maior intercomunicação entre os mesmos, no interesse da melhor qualidade dos

serviços prestados. Ciente de que é impossível garantir a permanência do sistema disponível e

livre de interrupções, o artigo 10º, em seu parágrafo 2º, estabelece que:

Art. 10º A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

[...]

§ 2º No caso do § 1 deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema, nesses casos o prazo judicial fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil após a solução do problema. (BRASIL. Lei n.º 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2006. p. 2.)

Outro ponto de fundamental importância, e que foi lembrado no texto da lei para que

os interessados pudessem exercer seus direitos a partir do novo contexto, determina no

parágrafo 3º do artigo 10º que o Poder Judiciário deve disponibilizar equipamentos de

digitalização e computadores com acesso à rede mundial para que as partes possam realizar a

distribuição das peças processuais. Após a digitalização das peças processuais, é necessário

que o detentor das mesmas às preserve até o momento em que seja dado o trânsito em

julgado6 da sentença.

5 Carta de Ordem é aquela pela qual o juiz determina a outro, de categoria inferior, a realização de uma diligência na circunscrição territorial deste, fixando-lhe prazo para a tarefa.

6 Situação da sentença que se tornou indiscutível, por não estar mais sujeita a recurso, originando a coisa julgada.

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Nos casos em que a quantidade de documentos apresentados para digitalização forem

em grande volume, ou se forem tecnicamente inviáveis para a digitalização em razão de

ilegibilidade, estes deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez)

dias contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, é o que preceitua o

parágrafo 5º do artigo 11º. Os referidos documentos serão devolvidos à parte após o trânsito

em julgado.

Como acontece atualmente com os processos não digitalizados, os documentos

digitalizados juntados em processo eletrônico somente estarão disponíveis para acesso por

meio da rede externa para suas respectivas partes processuais e para o Ministério Público,

respeitado o disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo de justiça.

3 A SOCIEDADE BRASILEIRA E O ACESSO AO PROCESSO ELETRÔNICO

O Projeto de Lei que trata da informatização do processo judicial encontrava-se desde

1991 aguardando ser transformado em lei. Agora, já aprovado e em fase de implantação, ele

suprimirá quase que totalmente a utilização do papel dentro do Judiciário, uma vez que as

partes envolvidas nos litígios apresentarão suas documentações em papel que serão

digitalizadas e em seguida devolvidas aos mesmos.

A consulta do inteiro teor do processo, seu andamento e circulação se farão

virtualmente, através da rede mundial de computadores, e dará às partes e aos seus advogados,

maior facilidade de acesso e andamento aos processos, sem retirar a possibilidade de

consultas nos pontos físicos de atendimento da Justiça. O crescimento, acúmulo e demora na

solução das ações judiciais trabalhistas é conseqüência natural de uma legislação nacional

ultrapassada, de um sistema judicial repleto de imperfeições e de necessidades de razões

econômicas não satisfeitas. Quanto a este novo passo, chamado virtualização, LÈVY (1999, p.

12) reflete de modo sábio:

[...] nunca antes as mudanças das técnicas, da economia e dos costumes foram tão rápidas e desestabilizantes. A virtualização consiste justamente a essência, ou a ponta fina, da mutação em curso. Enquanto tal, a virtualização não é nem boa nem

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má, nem neutra. Ela se apresenta mesmo como o movimento do “devir outro” do humano. Antes de temê-la, condená-la ou lançar-se às cegas a ela, proponho de que se faça o esforço de apreender, de pensar, de compreender em toda a sua amplitude a virtualização”.

A sociedade brasileira passa por ajustes de natureza cultural e econômica que

postergam um ambiente de estabilidade, necessário à durabilidade e confiança nas relações de

trabalho. Conseqüência desse fato é a alta rotatividade de empregados nas empresas, que

precisam, de tempos em tempos, demitir ou admitir, de acordo com aspectos

macroeconômicos que estão fora de seu perímetro de controle. Em função dessas dificuldades

é que o Sistema Judicial Trabalhista brasileiro recebeu, em todas as suas instâncias, segundo

dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), no ano de 2005, mais que dois milhões e

quatrocentos mil processos trabalhistas, não tendo neste mesmo ano a capacidade de julgar a

todos. Com isso há um acúmulo sistemático e progressivo de processos represados que

aguardam por uma solução, e como bem assevera Rocha:

[...] não se quer justiça amanhã. Quer-se justiça hoje. Logo a presteza da resposta jurisdicional pleiteada contém-se no próprio conceito do direito-garantia que a justiça representa. A liberdade não pode esperar, porque enquanto a jurisdição não é prestada, ela pode estar sendo afrontada de maneira irreversível; a vida não pode esperar, porque a agressão ao direito à vida pode fazê-la perder-se; a igualdade não pode esperar, porque a ofensa a este princípio pode garantir a discriminação e o preconceito; a segurança não espera, pois a tardia garantia que lhe seja prestada pelo Estado terá concretizado o risco por vezes com a só ameaça que torna incertos todos os direitos. (ROCHA, 1993, p.37)

As questões trabalhistas no Brasil, como na maioria dos países do mundo, são fruto do

não contentamento de quaisquer das partes envolvidas, e ocorrem com trabalhadores ou

empregadores de todas as faixas sociais, econômicas e culturais. O Brasil é uma nação que

conta, em sua maior parte, com uma população que se encontra em um grau de

desenvolvimento social e econômico considerado baixo, e esse fato dificulta a habilitação

dessa população a lhe dar com os avanços tecnológicos impostos por um desenvolvimento

que o estado não pode nem deve conter, e que, sem dúvida, abre as portas do novo, do

moderno, do encurtamento das distâncias e do melhor manejo do tempo, porém, apenas

àqueles que estiverem incluídos no mundo digital, e nesse ponto a atuação desse referido

estado é fundamental:

[...] embora não determine a tecnologia, a Sociedade pode sufocar seu desenvolvimento principalmente por intermédio do Estado. Ou então, também principalmente pela intervenção estatal, a Sociedade pode entrar num processo acelerado de modernização tecnológica capaz de mudar o destino das economias, do poder militar e do bem-estar social em poucos anos. Sem dúvida, a habilidade ou inabilidade de as Sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período histórico, traça seu

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destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das Sociedades, bem como os usos que as Sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico. (CASTELLS, 1999, p. 56)

Para esta grande maioria populacional é que se faz necessário um cuidado maior, para

que possam, da melhor maneira possível, exercer seus direitos de cidadão dentro dessa nova

sociedade informatizada. Esses direitos fazem parte do que hoje é chamada inclusão digital7.

Cabral (2004) aborda a questão da inclusão digital dizendo:

[...] iniciativas de inclusão digital são aquelas que visam oferecer à sociedade “os conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de proficiência os recursos de informática e de telecomunicações existentes e dispor de acesso físico regular a esses recursos”. A inclusão digital se assemelha, portanto, à idéia de alfabetização digital, numa equivalência com a perspectiva da alfabetização no processo de inclusão social, voltando o foco para aqueles que também se encontram no próprio contexto de exclusão social, acrescentando a temática da tecnologia digital no sentido de somar esforços para atenuar essa diferença.8

Os mais recentes dados sobre a inclusão digital no país não nos deixam acreditar que a

população, sobretudo a de baixa renda, poderá se aproveitar de modo integral desses novos

avanços tecnológicos. O acesso a conteúdos informacionais é um dos princípios básicos no

que diz respeito ao exercício pleno da cidadania, e como demonstra a Tabela 1, o brasileiro

ainda se encontra muito distante de uma realidade onde o acesso virtual a conteúdos possa se

mostrar como um caminho tranqüilo para a maioria. Esse panorama que se apresenta no país é

bem contextualizado por Cappelletti e Garth (1988, p.10) quando afirmam que:

O acesso à Justiça pode, portanto, ser encarado como requisito fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos. [...] O “acesso” não é apenas um direito social fundamental, crescentemente reconhecido; ele é, também necessariamente, o ponto central da moderna processualística. Seu estudo pressupõe um alargamento e aprofundamento dos objetivos e métodos da moderna ciência jurídica.

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia é um órgão vinculado

ao Ministério da Ciência e Tecnologia e peça chave do Governo Federal no mapeamento e

desenvolvimento do projeto de inclusão digital no país. É necessário ampliar o acesso à

informação, disseminar e popularizar o conhecimento científico e, assim, estender os seus

benefícios à sociedade de maneira mais direta. Iniciativas de inclusão digital vêm sendo

7 A inclusão digital é um processo de apropriação das novas ferramentas tecnológicas de informação e comunicação, de forma a permitir a autonomia para pessoas historicamente excluídas dos seus direitos. 8

CABRAL, A. Sociedade e tecnologia digital: entre incluir ou ser incluída. Disponível em: <http://www.ourmedianet.org/papers/ om2004/Cabral.om4.port.pdf>. Acesso em: 22 de dez. 2006.

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implantadas pelo setor privado, sobretudo por meio de Fundações ligadas às grandes

corporações, voltadas à população menos favorecida, mas ainda há um longo caminho a

percorrer, uma vez que o grau de utilização da internet pela população brasileira nos estados

da federação não supera os 20 por cento. Isso só corrobora a idéia de que poucos serão os que

passarão a ter um acesso mais facilitado à informação; não quer dizer, no entanto, que a

sociedade como um todo não se beneficiará dos avanços tecnológicos implantados na Justiça

do Trabalho, mesmo que isso venha a acontecer em um futuro mais adiante.

20

Tabela 1 - Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por situação de ocupação na semana de referência e utilização da internet, no período de referência dos últimos três meses, segundo as Unidades da Federação e as Regiões Metropolitanas – 2005

Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas

Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade (%)

Total (1)(2)

Utilização da internet no período de referência dos

últimos três meses

Ocupadas Não-ocupadas

Total (2)

Utilização da internet no período de

referência dos últimos três meses

Total (2)

Utilização da internet no período de

referência dos últimos três meses

Utilizaram (1)

Não utilizaram (1) Utilizaram Não

utilizaram Utilizaram Não utilizaram

Brasil 100,0 21,0 79,0 100,0 22,9 77,1 100,0 18,5 81,5 Rondônia 100,0 13,5 86,5 100,0 13,4 86,6 100,0 13,8 86,2 Acre 100,0 13,2 86,8 100,0 14,9 85,1 100,0 11,0 89,0 Amazonas 100,0 10,5 89,5 100,0 10,9 89,1 100,0 10,0 90,0 Roraima 100,0 13,5 86,5 100,0 15,7 84,3 100,0 10,5 89,5 Pará 100,0 10,9 89,1 100,0 11,1 88,9 100,0 10,7 89,3 Região Metropolitana de Belém 100,0 19,2 80,8 100,0 21,0 79,0 100,0 17,2 82,8 Amapá 100,0 20,0 80,0 100,0 22,0 78,0 100,0 17,8 82,2 Tocantins 100,0 14,3 85,7 100,0 14,8 85,2 100,0 13,5 86,5 Maranhão 100,0 7,7 92,3 100,0 7,2 92,8 100,0 8,5 91,5 Piauí 100,0 10,4 89,6 100,0 9,0 91,0 100,0 12,7 87,3 Ceará 100,0 12,9 87,1 100,0 12,5 87,5 100,0 13,5 86,5 Região Metropolitana de Fortaleza 100,0 21,8 78,2 100,0 22,4 77,6 100,0 21,1 78,9 Rio Grande do Norte 100,0 12,9 87,1 100,0 14,5 85,5 100,0 11,2 88,8 Paraíba 100,0 12,4 87,6 100,0 12,5 87,5 100,0 12,3 87,7 Pernambuco 100,0 13,6 86,4 100,0 14,8 85,2 100,0 12,2 87,8 Região Metropolitana de Recife 100,0 21,6 78,4 100,0 27,2 72,8 100,0 16,8 83,2 Alagoas 100,0 7,6 92,4 100,0 8,6 91,4 100,0 6,5 93,5 Sergipe 100,0 12,6 87,4 100,0 13,4 86,6 100,0 11,6 88,4 Bahia 100,0 12,9 87,1 100,0 13,6 86,4 100,0 11,9 88,1 Região Metropolitana de Salvador 100,0 26,3 73,7 100,0 29,2 70,8 100,0 23,0 77,0 Minas Gerais 100,0 18,8 81,2 100,0 20,4 79,6 100,0 16,6 83,4 Região Metropolitana de Belo Horizonte 100,0 27,9 72,1 100,0 32,7 67,3 100,0 21,6 78,3 Espírito Santo 100,0 23,7 76,3 100,0 24,0 76,0 100,0 23,2 76,8 Rio de Janeiro 100,0 26,6 73,4 100,0 31,0 69,0 100,0 22,1 77,8 Região Metropolitana do Rio de Janeiro 100,0 27,9 72,1 100,0 33,2 66,8 100,0 22,5 77,5 São Paulo 100,0 29,9 70,1 100,0 34,0 66,0 100,0 24,7 75,3 Região Metropolitana de São Paulo 100,0 33,9 66,1 100,0 38,8 61,2 100,0 27,7 72,3 Paraná 100,0 25,9 74,1 100,0 27,8 72,2 100,0 22,9 77,1 Região Metropolitana de Curitiba 100,0 34,8 65,2 100,0 38,7 61,3 100,0 29,0 71,0 Santa Catarina 100,0 29,4 70,6 100,0 30,8 69,2 100,0 26,9 73,1 Rio Grande do Sul 100,0 23,2 76,8 100,0 24,3 75,7 100,0 21,5 78,5 Região Metropolitana de Porto Alegre 100,0 30,5 69,5 100,0 35,4 64,6 100,0 23,8 76,2 Mato Grosso do Sul 100,0 22,5 77,5 100,0 22,9 77,1 100,0 22,1 77,9 Mato Grosso 100,0 18,3 81,7 100,0 20,2 79,8 100,0 15,5 84,5 Goiás 100,0 18,9 81,1 100,0 20,3 79,7 100,0 16,9 83,1 Distrito Federal 100,0 41,1 58,9 100,0 47,3 52,7 100,0 33,3 66,7

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005. (1) Inclusive as pessoas sem declaração da situação de ocupação na semana de referência. (2) Inclusive as pessoas sem declaração de utilização da internet.

21

4 A LEI 11.419/2006 E A LEGISLAÇÃO ARQUIVÍSTICA BRASILEIRA

Talvez a melhor maneira de se começar esta seção seja citando a Lei 8.159/1991:

Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documental e a de proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação. (BRASIL. Lei nº 8.159, de 08 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Seção I, v.29, n.6, p.455, jan. 1991.)

Isso porque, antes de tudo, qualquer lei que venha tratar de documentos de arquivos

deve levar em consideração o fato de que as mudanças em razão da evolução tecnológica

nunca poderão estar à frente da segurança e da preservação da informação em questão.

Em 26 de maio de 1999, o então Presidente da República do Brasil, Fernando

Henrique Cardoso, sancionou aquela que seria a primeira lei a tratar a respeito da

possibilidade das partes em utilizar sistemas de transmissão de dados para a prática dos atos

processuais. A Lei 9.800 (BRASIL, 1999) é bem restrita no que diz respeito à informatização

do Judiciário, uma vez que trata basicamente da possibilidade do uso do fac-símile para a

remessa de petição, porém, foi sem dúvida, o primeiro grande passo para o que começa a se

tornar realidade em 2007, principalmente porque abriu um precedente importante no que diz

respeito à aceitabilidade jurídica de documentação por via eletrônica. Em outro momento de

grande lucidez, o país vislumbrou a possibilidade real de universalizar o conhecimento através

de um conjunto de ações privadas e governamentais que tinham como objetivo a inclusão dos

brasileiros numa nova sociedade, que se apresentava em razão dos avanços tecnológicos e do

mundo globalizado. Estamos falando da Sociedade da Informação, uma proposta de

preparação não só do povo, mas também do governo a uma realidade nova, surgida em razão

das novas tecnologias e da globalização, e que apesar de não ser classificada como parte da

legislação arquivística brasileira, pode ser considerada como um conjunto orientador em

referência a uma realidade e que será detalhado mais à frente. Da mesma forma, o e-ARQ

BRASIL9, mesmo sendo uma resolução do CONARQ, e não propriamente uma lei, é quem

mais se aproxima do contexto técnico e estrutural do projeto de informatização do Judiciário e

por esse motivo recebe destaque nesta seção.

9 Modelo de requisitos para sistemas informatizados que objetiva orientar a implantação da gestão arquivística de documentos, fornecer especificações técnicas e funcionais, bem como metadados para orientar a aquisição e/ou desenvolvimento de sistemas informatizados.

22

4.1 O Livro Verde

Resultado do esforço de mais de uma centena de profissionais, o Livro Verde é parte

do Programa Sociedade da Informação 10 , que objetiva agir em áreas diversas e foi

apresentado no ano de 2000 ao então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O

programa buscava promover ações da seguinte forma:

Aumentar a competitividade das empresas nacionais e a expansão das pequenas

e médias empresas.

Dar apoio à implantação do comércio eletrônico, promover a oferta de novas

formas de trabalho, por meio do uso intensivo de tecnologias de informação e

comunicação.

Universalizar o acesso à internet através de modelos de acesso coletivo ou

compartilhado.

Dar apoio ao aprendizado de educação continuada e à distância baseados na

internet através de fomento a escolas.

Capacitar professores em tecnologias de informação e comunicação.

Implantar reformas curriculares visando ao uso de tecnologias de informação e

comunicação em atividades pedagógicas e educacionais, em todos os níveis da

educação formal.

Promover a geração de conteúdos e aplicações enfatizando a identidade

cultural brasileira e as matérias de relevância local e regional.

Fomentar esquemas de digitalização para a preservação artística, cultural,

histórica, e de conteúdos em ciência e tecnologia, bem como a projetos de pesquisa

e desenvolvimento para geração de tecnologias com aplicação em projetos de

relevância cultural.

Promover a informatização da administração pública e a capacitação em gestão

de tecnologias de informação e comunicação na administração pública.

Identificar tecnologias estratégicas para o desenvolvimento industrial e

econômico.

10 Programa do Governo brasileiro que tem o objetivo de integrar, coordenar e fomentar ações para a utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir para que a economia do País tenha condições de competir no mercado globalizado.

23

Implantar uma infra-estrutura básica nacional de informações, integrando as

diversas estruturas especializadas de redes – governo, setor privado e pesquisa e

desenvolvimento (P&D).

Como se pode observar, apesar de estar apresentado de modo bastante resumido, é

deveras amplo e audacioso o Programa Sociedade da Informação, no entanto, passados sete

anos, percebe-se que o mesmo não recebeu das autoridades a devida atenção, até mesmo o

sítio da Sociedade da Informação encontra-se hoje sem conteúdo informativo, e o resultado

desse descaso reflete diretamente na dificuldade de se implantar com êxito imediato e amplo

projetos como o da informatização do Poder Judiciário.

4.2 O e-ARQ Brasil

Aprovada recentemente, a Resolução nº 25 do CONARQ (CONARQ, 2007a), dispõe

sobre a adoção do modelo de requisitos para sistemas informatizados de gestão arquivística de

documentos pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR),

entre eles estão os órgãos componentes da justiça brasileira, motivo de estudo deste trabalho.

O e-ARQ Brasil11(CONARQ, 2007b) é resultado do esforço da Câmera Técnica de

Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivos12, que o elaborou entre os anos

de 2004 a 2006. O e-ARQ Brasil detalha as atividades e operações técnicas relacionadas à

gestão arquivística de documentos e tendo o Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de

Documentos (SIGAD)13 seguido todos os requisitos referentes à resolução nº 25, estará o

mesmo credibilizado às atividades de produção e manutenção de documentos arquivísticos.

Em razão de ter sido fruto de um trabalho realizado por especialistas na área da arquivologia,

torna-se indispensável a sua análise em relação à Lei 11.419/2006, para que se possa avaliar o

grau de comprometimento desta com os requisitos mínimos exigidos para o bom

funcionamento de um SIGAD.

11 O e-ARQ Brasil ainda não disponibilizou o capítulo que trata sobre metadados. 12 A Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - CTDE - foi criada pelo Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ - em 1995 (Portaria nº8, de 23/8/1995) e reestruturada em 2002 (Portaria nº60, de 7/3/2002), contando com representantes de vários setores do governo e da sociedade civil. 13 O Sistema Integrado de Gestão da Informação da Justiça do Trabalho objetiva conferir maior celeridade e qualidade à prestação jurisdicional, através de um Planejamento Estratégico de Informática, participativo e de longo prazo.

24

Da primeira edição do Congresso de Inovação e Informática do Judiciário, o CONIP

Jud, realizado nos dias 18 e 19 de setembro de 2006, em Brasília, pode-se extrair um relatório,

onde, oficialmente pela primeira vez foi possível observar a preocupação em se aplicar o

modelo do e-ARQ no processo de informatização do Judiciário.

A aprovação da resolução nº 25 posteriormente ao processo de informatização do

Judiciário brasileiro, e mais especificamente, posterior à Lei 11.419/2006, pode ser encarada

como o motivo principal da falta de integração entre o modelo atual de informatização, em

andamento, e o modelo preconizado pelo e-ARQ. O que se pode garantir, no entanto, é que o

e-ARQ possui prerrogativas técnicas e legais para dar suporte ao processo de informatização

da justiça trabalhista brasileira, pois além dele ter sido criado para orientar o desenvolvimento

de um SIGAD, ele contempla desde a elaboração de edital de licitação para a apresentação de

propostas de fornecimento de software, passando pela orientação a fornecedores e

programadores para que estes desenvolvam o sistema em conformidade com os requisitos

exigidos, até a orientação de profissionais da área de arquivos, para que a execução dos

serviços seja realizada a partir de uma abordagem arquivística.

5 O SISTEMA DE INFORMATIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

O Sistema de Informatização do Poder Judiciário pode ser pensado em forma de dois

grandes blocos: os aspectos tecnológicos e os aspectos administrativos. O lado tecnológico

desse sistema é uma teia que já vem se formando há algum tempo, por conta da necessidade

imperativa do próprio Poder Judiciário, que não tem conseguido dar solução a todos os

processos que recebe a cada ano e que se vê impelido a utilizar ferramentas tecnológicas para

conseguir, ou pelo menos tentar, um equilíbrio entre o quantitativo de processos abertos e

aqueles que são julgados. Essa grande teia, composta de sistemas facilitadores menores14,

deve existir sob o manto da segurança e da preservação incólume dos dados que serão

trabalhados nos sistemas. A tecnologia empregada para dar vida ao sistema de informatização

segue lado a lado com o universo administrativo criado para facilitar e agilizar os

14 Como exemplo desses sistemas menores podemos citar: e-JUS, AUD, e-RECURSO, dentre outros que serão tratados na sub-seção Ferramentas Administrativas.

25

procedimentos como um todo, sendo necessário o perfeito entendimento dessas partes para

que o sistema funcione de modo harmonioso.

5.1 Aspectos tecnológicos

Sete grupos distintos de pessoas, representando as mais diversas áreas dos mais diversos

órgãos da Justiça brasileira, Ministério Público, advocacia pública e privada, e defensoria

pública realizaram reuniões rotineiras durante os anos de 2005 e 2006 com o objetivo de

levantar dados e encontrar as melhores soluções para a implantação do Sistema de

informatização da Justiça brasileira. Nos dias 28, 29 e 30 de junho de 2006 os referidos

grupos e seus integrantes, denominados operadores da justiça virtual, promoveram um

encontro com o objetivo de apreciar e analisar os sistemas estudados, respeitadas as

peculiaridades de cada região e dos segmentos respectivos. Cada grupo apresentou as

funcionalidades, dificuldades, pontos relevantes, sugestões e pontos de convergência entre os

sistemas dos órgãos que acompanharam. Os operadores do processo virtual, reunidos em

Brasília de 28 a 30 de junho de 2006, manifestam a necessidade da urgente implementação e

intercomunicabilidade dos sistemas de processo eletrônico na Justiça brasileira. Ficou

demonstrado nessa reunião que os avanços tecnológicos e a experiência acumulada permitem

a adoção de sistemas úteis aos diversos segmentos da Justiça e a todos os operadores do

Direito no país, de maneira a formar uma rede virtual para o Judiciário brasileiro, como

instrumento de plena realização da cidadania.

A iniciativa de implantação dessa rede virtual foi considerada capaz de revolucionar a

prestação jurisdicional no país, e de conferir ao Judiciário mais agilidade, transparência e

facilidade de acesso, além de permitir expressiva economia de recursos materiais e humanos.

A manutenção das características e peculiaridades dos sistemas de processo eletrônico

já desenvolvidos, ou em desenvolvimento, foi julgada como necessária, e sugerida a adoção

de parâmetros básicos comuns entre os sistemas, para viabilizar sua integração, facilitar o

acesso pelos operadores de fora do Judiciário, através de uma interface externa o quanto

possível comum.

26

Toda tecnologia empregada para implantar a virtualização da Justiça brasileira não

significa nada se não estiver amparada por dois suportes fundamentais: a gestão do sistema e a

proteção do sistema, e é sobre esses dois pontos que trataremos adiante.

5.1.1 Sistema Integrado de Gestão da Informação da justiça do trabalho

O Sistema Integrado de Gestão da Informação da Justiça do Trabalho (SIGI) tem sido

a principal ferramenta neste processo de transformação tecnológica no âmbito da justiça do

trabalho. O SIGI tem como objetivo aumentar a celeridade e qualidade na prestação dos

serviços da justiça através de um planejamento estratégico de informática, participativo e de

longo prazo.

5.1.2 Certificação digital

Certificação digital é um conjunto de técnicas e processos que propiciam mais

segurança às comunicações e transações eletrônicas, permitindo também a guarda segura de

documentos. Utilizando a certificação digital, é possível, por exemplo, evitar que hackers

interceptem ou adulterem as comunicações realizadas via internet. Também é possível saber,

com certeza, quem foi o autor de uma transação ou de uma mensagem, ou, ainda, manter

dados confidenciais protegidos contra a leitura por pessoas não autorizadas. O certificado

digital funciona na prática como uma carteira de identidade virtual, onde estão contidos dados

importantes do titular, como: e-mail, CPF, nome e assinatura da autoridade certificadora

responsável pela emissão.

Embora seja baseada em conceitos matemáticos altamente sofisticados, a certificação

digital pode ser utilizada facilmente. A maioria dos sistemas de correio eletrônico e

navegadores estão preparados para orientar os usuários, de forma didática, a realizar as

principais operações com certificação digital. Sua eficácia pode ser avaliada se considerarmos

que o Sistema de Pagamentos Brasileiro, que movimenta milhões de reais a cada dia, utiliza-

27

se da certificação digital para oferecer segurança na transmissão dos arquivos entre os bancos.

A certificação digital baseia-se na existência de certificados digitais, que são os documentos

eletrônicos, assinados por uma terceira parte confiável, que associa uma entidade a uma chave

pública. Esses certificados podem ser emitidos para pessoas físicas ou jurídicas.

São várias as vantagens e, principalmente, é inegável a necessidade de se fazer uso dos

certificados digitais: com eles pode-se ter a garantia de sigilo e privacidade quando se visita

um sítio "seguro" da web, uma vez que o computador recebe o certificado contendo a chave

pública desse sítio, o que é suficiente para que, durante o tráfego de documentos, estes

estejam em modo criptográfico, ou seja, compreensível apenas ao servidor web a recuperação

do conteúdo informacional original. A garantia de sigilo e privacidade quando do uso do

sistema de correio eletrônico para a troca de mensagens através da internet pode ser feita com

o uso de certificados digitais: é possível selar a correspondência em um envelope digital

criptográfico e certificar-se de que apenas o destinatário é·capaz de compreender seu

conteúdo. Com a certificação digital as mensagens de correio eletrônico, ou qualquer

documento digital, passam a valer como documento assinado, com validade jurídica,

dispensando-se o uso de papel, e também se pode identificar, sem dúvidas, o remetente de

uma mensagem, uma vez que é viável certificar-se da identidade do emissor.

A Justiça do Trabalho se valerá desse poderoso recurso para salvaguardar a

incolumidade de todo o conteúdo que irá transitar pelas vias virtuais da internet. A Infra-

estrutura de chaves públicas brasileira (ICP-Brasil) foi criada a partir da Medida Provisória

2.200-2/2001 (BRASIL, 2001) e se trata de um conjunto de entidades prestadoras de serviços

ordenadas em conformidade com as diretrizes e normas técnicas estabelecidas por um Comitê

Gestor. Somente as transações realizadas com processo de certificação envolvendo

certificados emitidos por autoridades credenciadas na ICP-Brasil presumem-se verdadeiras

em relação aos signatários, dando validade jurídica aos documentos assinados digitalmente.

Uma das principais características da ICP-Brasil é sua estrutura hierárquica. No topo

da estrutura, encontra-se a Autoridade Certificadora Raiz e, abaixo dela, estão as diversas

entidades. O contrato de adesão é subordinado a um processo de credenciamento, no qual são

analisadas a capacidade jurídica, econômico-financeira, fiscal e técnica de cada entidade.

Também é exigida a contratação de seguro de responsabilidade civil e a realização de

auditorias prévias e anuais. Tudo isso tem o objetivo de garantir a segurança do processo,

desde a identificação dos titulares até a emissão dos certificados, trazendo, assim,

28

confiabilidade a toda estrutura e aos atos praticados em seu âmbito. Atualmente, existem

como unidades certificadoras na ICP-Brasil: Caixa Econômica Federal, CERTISIGN,

Presidência da República, Secretaria da Receita Federal, SERASA e o SERPRO.

5.2 Ferramentas administrativas de suporte ao sistema

Vários são os sistemas e ferramentas que integram o SIGI, todos eles pensados para

que funcionem da maneira mais uniforme e integrada possível.

5.2.1 Sistema Integrado de Gestão Administrativa (SIGA)

O SIGA é um sistema único para a área administrativa dos Tribunais que substituirá

cerca de 100 sistemas isolados nas áreas de material e patrimônio, almoxarifado, compras,

contratos, recursos humanos, pagamento, planejamento e execução orçamentária,

padronizando os procedimentos e otimizando o esforço de manutenção de sistemas. Para

detalhamento, elaboração de projeto básico e acompanhamento da licitação para aquisição do

software foi contratada a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Telecomunicações (CPqD). O SIGA será adquirido para toda a Justiça do Trabalho e a

padronização dos procedimentos permitirá que um Tribunal consulte outro sobre situações

específicas pelo mesmo sistema.

5.2.2 Portal único da Justiça Trabalhista

Com o propósito de reunir em um só endereço na internet todas as informações sobre

processos trabalhistas em tramitação, jurisprudência unificada, notícias de julgamentos, além

29

de ferramentas de informática de interesse das partes, como o e-DOC15 (peticionamento

eletrônico), cálculo trabalhista rápido, atualização monetária e a certidão negativa de débito

trabalhista, foi lançado em 19 de setembro de 2006 o Portal Único da Justiça do Trabalho. O

Portal da Justiça do Trabalho disponibiliza também um ambiente de colaboração, com e-

mails, agenda pessoal e corporativa, fórum e conferências. Foi criado um ambiente de gestão

do conhecimento que permite ao usuário ter acesso às publicações classificadas através de

sistema taxonômico que organiza e faz a busca dos documentos por meio de pesquisa com

ênfase na relevância e precisão da informação desejada. O Portal oferece acesso ao Tribunal

Superior do Trabalho, Conselho Superior da Justiça do Trabalho, Escola Nacional de

Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, relatórios gerais da justiça do

trabalho e a todos os regionais da Justiça do Trabalho.

5.2.3 Sistema Único de Administração de Processos da Justiça do Trabalho (SUAP)

O SUAP é a ferramenta mais importante e inovadora na modernização da Justiça do

Trabalho. É ele que permitirá a padronização, a unificação e a integração de todo o controle

de tramitação das ações trabalhistas, desde a Vara do Trabalho, onde é ajuizada a reclamação,

até o TST, última instância recursal para a quase totalidade dos processos.

A base inicial e indispensável do SUAP, chamada de “especificação funcional”, é o

ponto a partir do qual o sistema poderá ser desenvolvido adequadamente. Os consultores da

Fundação Getúlio Vargas (FGV), atuando em conjunto com técnicos da Justiça do Trabalho,

fizeram um mapeamento detalhado de todas as rotinas e procedimentos de trabalho que

envolvem a tramitação dos processos, desde seu recebimento até o trânsito em julgado. A

consultoria produziu uma proposta de padronização e automação das rotinas, atividades e

procedimentos de trabalho, onde foi previsto, ainda, a integração dos vários sistemas de

automação que vêm sendo desenvolvidos e implantados na Justiça do Trabalho, como o AUD

(automação de audiências), e-Jus (automação de sessões), e-Doc (peticionamento eletrônico),

Cálculo Unificado e a Carta Precatória Eletrônica. Os relatórios finais apresentaram o

mapeamento das várias etapas do processo e a descrição dos padrões tecnológicos necessários 15 Nome dado ao Sitema de Peticionamento Eletrônico, onde as partes entregam suas petições em papel que serão digitalizadas pelo Judiciário.

30

à automação. Depois de concluído o trabalho da consultoria, as equipes internas – técnicos da

própria Justiça do Trabalho – assumiram integralmente o projeto e neste primeiro semestre de

2007 partem para as etapas seguintes: a contratação de empresas para o desenvolvimento dos

sistemas e programas necessários e, finalmente, sua implantação definitiva.

Com o SUAP, as partes, juízes, advogados e interessados poderão acessar a qualquer

momento, de qualquer lugar, informações sobre tramitação de processos e, ainda, realizar atos

processuais (juntar documentos e petições aos autos, obter certidões etc.). Outro propósito do

SUAP, além de unificar o sistema de acompanhamento processual, possibilitando a consulta

dos processos trabalhistas em todos os regionais da Justiça do Trabalho através de um mesmo

sistema, é a implantação de uma numeração única para todos os processos trabalhistas no

Brasil.

5.2.4 Gabinete Virtual

Os magistrados muitas vezes têm a necessidade de acesso remoto a arquivos, sistemas

e outros recursos presentes na rede de computadores da Justiça do Trabalho, sem que seja

necessária a presença física do mesmo nas dependências dos tribunais. O Gabinete Virtual é

um sistema que possibilita ao magistrado acessar, de qualquer lugar, a rede do Tribunal por

meio de um computador ou notebook conectado à internet, permitindo a elaboração de

pareceres, análise e instrução de processos, aumentando dessa forma a produtividade.

O Gabinete Virtual terá mecanismos seguros de acesso, como se o juiz estivesse na

sede do Tribunal. A sua implementação ficará a cargo de cada Tribunal Regional, que deverá

realizar ajustes individualizados para garantir a segurança do sistema.

31

5.2.5 Carta precatória eletrônica

Uma carta precatória é o meio que dispõe o juiz de fazer cumprir os atos processuais

(citação, penhora, apreensão, etc.), fora dos limites territoriais da sua comarca, ou seja, os atos

devem ser praticados em comarca diversa de onde corre o processo, e é dirigida a juiz de

mesma categoria jurisdicional.

A carta precatória eletrônica é um sistema que permite a geração, envio,

processamento, devolução e o controle de cartas precatórias em meio digital dispensando

completamente o uso do papel.

5.2.6 Sistema AUD

A audiência, mais exatamente o secretário de audiência, pelas características que

envolvem o seu processo de trabalho, necessita de um sistema que permita flexibilidade e

velocidade no processamento das informações. O Sistema de Audiências da Justiça do

Trabalho (AUD) foi concebido para oferecer rapidez e confiabilidade, proporcionando

satisfação ao secretário de audiência, pela facilidade de uso e variedade de recursos; ao juiz,

pela possibilidade de automatização e personalização de documentos; e, finalmente, ao

cidadão, por propiciar mais comodidade e celeridade no atendimento.

Outra vantagem do novo AUD é a integração com os demais sistemas judiciários,

devido à compatibilidade entre as bases de dados. O AUD é um sistema onde são preenchidos

campos essenciais como: informações sobre as partes e testemunhas; contingências;

conciliação, quando for o caso; valores das custas; depoimento e perícia. O sistema dispõe

ainda de informações sobre a pauta de audiências de cada dia, publicação de atas e sentenças

na internet e um editor de texto.

32

5.2.7 Sistema Informatizado para as Salas de Sessão de Julgamento (e-JUS)

O Sistema Informatizado para as Salas de Sessão de Julgamento (e-JUS) é a

informatização das tarefas executadas nas sessões de julgamento nos Tribunais do Trabalho,

como o acompanhamento do voto e seu envio ao revisor do processo. O e-JUS substitui as

revisões feitas originalmente em papel e agiliza o andamento da sessão.

O sistema tem uma apresentação gráfica simplificada e traz a possibilidade de

utilização da assinatura digital dos acórdãos16 em sessão, o que reduz o tempo de tramitação

dos processos. O sistema já se encontra em funcionamento no Tribunal Regional do Trabalho

da 5ª Região desde junho de 2006 e tem permitido o compartilhamento de votos nas sessões

de julgamento do Tribunal.

Depois de instalada em todas as turmas do Tribunal, os benefícios têm sido vividos

também pelos gabinetes dos desembargadores. Com a implementação do programa eliminou-

se a necessidade de arquivamento. Os votos não são mais colecionados. As divergências,

observações e notas são feitas on-line e depois enviadas para os juízes.

5.2.8 Sistema e-RECURSO

O e-RECURSO é uma ferramenta tecnológica idealizada pela Presidência do TST, que

possibilita a análise, redação, e tramitação eletrônica de votos e despachos de recurso de

revista17 e agravo de instrumento, iniciativa fundamental para o processo virtual.

16 Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. 17 É o recurso contra decisão que contenha interpretação de norma legal divergente entre Tribunais ou entre o Tribunal e o TST, ou contra decisões que contrariem literalmente dispositivo de lei federal ou da Constituição.

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5.2.9 Sistema e-DOC

O Sistema Integrado de Protocolização e Fluxo de Documentos Eletrônicos, ou e-

DOC, como é conhecido no meio jurídico, é regulado pela instrução normativa nº 28, de 07 de

junho de 2005, do Tribunal Superior do Trabalho.

Como é possível perceber, mais uma vez a lei veio a reboque dos fatos, e o e-DOC já

vem funcionando nos tribunais muito antes da Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a

informatização do processo digital. O e–DOC é um serviço de uso facultativo, disponível nas

páginas web do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que

permite às partes, advogados e peritos utilizar a internet para a prática de atos processuais

dependentes de petição escrita.

5.2.10 Programa de cálculo trabalhista rápido

O sistema de cálculo rápido é muito útil na produção de dados para guiar as tentativas

de acordo durante as audiências e permite proferir sentenças. Simples, de fácil instalação e

manuseio, pode ser usado não apenas pelo magistrado, mas também por qualquer pessoa que

trabalhe com liquidação de sentenças trabalhistas. Trata-se de mais uma ferramenta eletrônica

desenvolvida pela justiça trabalhista que tem um papel fundamental na solução dos litígios

quando ainda na primeira audiência, evitando a sobrecarga do sistema com mais processos

que irão demandar mais recursos na armazenagem de dados.

5.2.11 Central de cargas

A Central de Cargas é um sistema que permite a solicitação de processos via internet,

estando aptos a fazerem o pedido dos processos que desejarem. Desta maneira, advogados,

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procuradores, peritos, calculistas, prepostos e estagiários de escritórios de advocacia podem

efetuar o pré-cadastramento de suas senhas no site do Tribunal do Trabalho. Após o pré-

cadastro os usuários devem ir pessoalmente à Central de Cargas para cadastrar a sua senha, a

partir daí então estará apto a utilizar o serviço on-line. O serviço de solicitação de cargas

possibilitará a retirada pré-programada de processos de qualquer Vara da capital, com hora

marcada e em um único ponto de entrega.

5.2.12 Escritório do advogado

O Escritório do Advogado é um portal personalizado para o advogado, nele o

advogado poderá acompanhar, inclusive pelo telefone celular, o andamento de todos os

processos em que atua na Justiça do Trabalho, além de utilizar uma agenda personalizada com

avisos sobre prazos e datas de audiências e julgamentos. Através do Escritório do Advogado

também será possível reservar processos para consulta, agilizando o trabalho nas secretarias

dos Tribunais que poderão previamente separar os autos.

6 ASPECTOS AMBIENTAIS

A produção de papel está hoje entre as atividades de maior impacto ambiental no

mundo. Ao abordar as influências ambientais que envolvem o processo de fabricação de

folhas de papel que irão formar um processo trabalhista, dificilmente poder-se-á ter a exata

dimensão e conhecimento de todas as conseqüências nefastas que envolvem essa atividade, no

entanto, é possível demonstrar algumas de suas principais conseqüências negativas ao meio

ambiente.

O eucalipto é a espécie mais usada pela indústria de papéis no Brasil, com 65% de

participação, seguida pelo pinus com 35%. Para entender a extensão dos danos causados pela

monocultura dessas espécies, se faz necessário a exposição de como é feito o plantio dessa

árvore no país, e também demonstrar de que maneira ela age sobre o meio ambiente. O

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eucalipto é originário de regiões úmidas e quentes da Austrália e é nesse tipo de ambiente

onde ela se desenvolve de maneira mais rápida, ao contrário do que acontece em países da

Europa e nos Estados Unidos, onde o clima é mais frio, e seu desenvolvimento faz-se de

modo muito mais lento. Por esta razão, e além de conhecerem os impactos de sua produção,

os países da Europa decidiram, de maneira sábia, pela terceirização desse serviço, deixando a

cargo de países como o Brasil, onde as leis ambientais são menos severas e a escassez de

emprego é maior, o ônus ambiental dessa produção industrial.

Para se produzir uma tonelada de papel faz-se necessário o uso de duas a três toneladas

de madeira, além de uma quantidade de água maior do que qualquer outra atividade industrial

necessite empregar. Some-se a isso uma grande quantidade de produtos químicos utilizados

para o embranquecimento da celulose e que acarreta em sério risco à saúde humana,

comprometendo ainda a qualidade do solo, da água e dos alimentos. Ambientalistas

denunciam que a espécie promove o ressecamento do solo, diminuindo os níveis de água nos

lençóis freáticos, além de diminuir a precipitação na sua área de influência. Outro problema

observado é que a absorção de água do solo em plantios de eucalipto é freqüentemente maior

do que em outros tipos de uso da terra, devido ao seu alto metabolismo e capacidade de

produzir um sistema de raízes muito bem desenvolvido. O solo não é a única interferência

ambiental negativa quando se trata da monocultura de eucaliptos, essa planta possui pragas

típicas de sua espécie, como as saúvas cortadeiras, que terão que se deslocar para a vegetação

mais próxima quando da época de corte dos eucaliptos, causando com isso uma interferência

no equilíbrio ambiental no ecossistema das cercanias.

O impacto social dessa monocultura sobre as terras agricultáveis provoca também a

inviabilidade, ou dificulta de modo substancial a agricultura familiar. Comunidades

tradicionais indígenas, sem-terra e pescadores estão vivenciando a impraticabilidade de seus

modos de vida em razão de um complexo agro-exportador que promove a inadequação do uso

dos recursos naturais sob o mesmo modelo de desenvolvimento hegemônico característico das

atividades econômicas que se fizeram presentes desde a descoberta do país, ou seja,

monoculturas produtoras de desertos que deixam para traz áreas destruídas em busca de novos

espaços para explorar.

Ao par de todas essas informações a respeito do processo de produção do papel, mais

especificamente dos seus efeitos maléficos, é possível ter uma melhor compreensão da

dimensão do preço que o meio ambiente tem de pagar em razão do até então modelo praticado

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na Justiça do Trabalho. Numa estimativa da quantidade de papel utilizado nos processos

trabalhistas, estimativa essa feita com base nos números oficiais de processos solucionados,

em grau de trânsito em julgado, pode-se estabelecer um quantitativo aproximado do volume

de papel utilizado, isso sem se levar em consideração as folhas de papel necessárias às

atividades do dia-dia dos Tribunais e das Secretarias de Varas, pois além dos processos

trabalhistas, os expedientes, ofícios e petições representam um volume considerável de papel

circulante, e que tem o mesmo fim que o papel utilizado nos autos dos processos trabalhistas.

Cem mil processos trabalhistas representam em média cinqüenta toneladas de papel, ou até

cento e cinqüenta toneladas de madeira, ou mesmo mil árvores da espécie eucalipto. Se os

cálculos forem feitos com base na quantidade de processos solucionados na Justiça do

Trabalho no ano de 2005, conforme a Tabela 2 a seguir se pode chegar a números

aproximados de três mil e quatrocentas toneladas de árvores, o que representa no mínimo

vinte e duas mil árvores.

Tabela 2 - Movimentação Processual na Justiça Trabalhista – Ano 2005

Instância Recebidos % Julgados %

Tribunal Superior do Trabalho 116.294 4,8 134.269 5,9

Tribunais Regionais do Trabalho 544.828 22,7 503.955 22,2

Varas do Trabalho 1.739.242 72,5 1.630.055 71,9

Total 2.400.364 100,0 2.268.279 100,0

Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

Com a implantação e o pleno funcionamento do processo virtual e as demais

tecnologias facilitadoras que farão parte do cotidiano da esfera jurídica em razão da Lei

11.419/2006 fica fácil perceber que o meio ambiente será um dos seus maiores beneficiários e

que esse processo se dará de forma permanente e irreversível.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos contrastes sociais e dos escassos investimentos em setores estratégicos,

como ciência e tecnologia, o Brasil tem demonstrado de tempos em tempos que pode

inclusive exportar tecnologias consideradas democratizantes, como foi o caso das urnas

eletrônicas, idéia brasileira já comprada por diversos outros países, países esses, em sua

grande maioria, com um grau de desenvolvimento econômico e tecnológico bem mais

avançado que o nosso. No caso da informatização da justiça, o Brasil não saiu à frente deste

processo, mas vem acompanhando lado a lado os progressos já alcançados pela Austrália,

Singapura, Reino Unido, Estados Unidos, África do Sul e por diversos países da Comunidade

Européia. Na América Latina são o Brasil e a Venezuela os países em grau mais avançado no

que diz respeito à implantação da justiça eletrônica.

Cada país com seu nível particular de desenvolvimento tecnológico, social, político e

econômico, além das suas necessidades individuais na esfera judicial, determinam o estágio

em que se encontram hoje nesse processo de informatização. O mais importante, no entanto, é

saber que o Brasil está entre aqueles que optaram por um caminho de fortalecimento da

cidadania, e que mesmo sabendo das dificuldades impostas em razão de não estar social e

culturalmente pronto a mudanças tão revolucionárias, não escolheu por esperar que melhores

ventos soprassem para que pudesse colocar em prática seu sistema de modernização do Poder

Judiciário.

É uma realidade neste momento a implantação efetiva, em diversas unidades do país,

do projeto elaborado a partir de uma parceria entre a Fundação Getúlio Vargas, uma das mais

bem conceituadas instituições do país, com rica experiência em projetos e consultoria no setor

público, e o Judiciário brasileiro. Conforme havia sido planejado pelo Conselho Nacional de

Justiça, espera-se para o ano de 2007 a implantação efetiva de todo o sistema na grande

maioria dos Regionais.

Observando a trajetória de todo este processo sob a ótica da arquivologia pode-se

afirmar que a administração, a ciência da computação e o direito tiveram destaque evidente, e

merecido, na construção de um conjunto de partes distintas que foram sendo edificadas até

que se chegasse à conclusão do projeto dentro das necessidades do Conselho Nacional de

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Justiça e do próprio Judiciário. Fácil, também, é observar que, apesar de envolver técnicas e

procedimentos arquivísticos, em nenhum momento foi possível identificar a presença de um

arquivista nesse processo de construção.

Por mais evidentes que se mostrem as necessidades de que profissionais da área de

arquivologia ocupem espaços hoje preenchidos por administradores, cientistas da computação

e bibliotecários, esse profissional continua excluído de eventos como o estudado nesta

monografia. Esse fato reforça a necessidade de se fortalecer a profissão nas unidades de

ensino por via de uma composição curricular que atenda às necessidades reais de um mercado

de trabalho em constante evolução tecnológica, além de se empreender esforços no sentido de

que a profissão tenha o reconhecimento legal e social já existente em outras profissões que

concorrem com a profissão de arquivista.

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REFERÊNCIAS

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