o papel de recursos humanos na funcao publica - monografia

56
ii Índice LISTA DE TABELAS .....................................................................................................................v LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... vi DECLARAÇÃO ............................................................................................................................ vii DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... viii AGRADECIMENTO ...................................................................................................................... ix RESUMO .........................................................................................................................................x CAPITULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11 1.1.Introdução ............................................................................................................................ 11 1.2.Objectivos do Trabalho ....................................................................................................... 12 1.2.1 Objectivo geral.............................................................................................................. 12 1.2.2 Objectivos específicos .................................................................................................. 12 1.3.Justificativas ........................................................................................................................ 13 1.4.Problema .............................................................................................................................. 13 1.5.Hipóteses ............................................................................................................................. 14 1.6.METODOLOGIA ............................................................................................................... 14 CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 15 2.1.GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ............................................................................ 15 2.1.1.Sistema de gestão de pessoas ........................................................................................ 15 2.1.2.Gestão de pessoas ......................................................................................................... 16 2.1.3.Gestão por competências .............................................................................................. 16 2.2.SUBSISTEMAS DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS .................................................. 16 2.2.1.Mapeamento e mensuração por competências ............................................................. 17 2.2.2.Selecção por competências ........................................................................................... 17 2.2.3.Avaliação por competências ......................................................................................... 17 2.2.4.Plano de desenvolvimento por competências ............................................................... 17 2.3.SERVIÇOS MAIS USUAIS EM RECURSOS HUMANOS ............................................. 17 2.3.1.Assessment ................................................................................................................... 17 2.3.2.Headhunting .................................................................................................................. 17 2.3.3.Interim management ..................................................................................................... 18

Upload: universidade-pedagogica

Post on 23-Jan-2018

6.476 views

Category:

Recruiting & HR


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

ii

Índice

LISTA DE TABELAS .....................................................................................................................v

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... vi

DECLARAÇÃO ............................................................................................................................ vii

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... viii

AGRADECIMENTO...................................................................................................................... ix

RESUMO .........................................................................................................................................x

CAPITULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

1.1.Introdução............................................................................................................................ 11

1.2.Objectivos do Trabalho ....................................................................................................... 12

1.2.1 Objectivo geral.............................................................................................................. 12

1.2.2 Objectivos específicos .................................................................................................. 12

1.3.Justificativas ........................................................................................................................ 13

1.4.Problema.............................................................................................................................. 13

1.5.Hipóteses ............................................................................................................................. 14

1.6.METODOLOGIA ............................................................................................................... 14

CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 15

2.1.GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ............................................................................ 15

2.1.1.Sistema de gestão de pessoas........................................................................................ 15

2.1.2.Gestão de pessoas ......................................................................................................... 16

2.1.3.Gestão por competências .............................................................................................. 16

2.2.SUBSISTEMAS DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS.................................................. 16

2.2.1.Mapeamento e mensuração por competências ............................................................. 17

2.2.2.Selecção por competências ........................................................................................... 17

2.2.3.Avaliação por competências ......................................................................................... 17

2.2.4.Plano de desenvolvimento por competências ............................................................... 17

2.3.SERVIÇOS MAIS USUAIS EM RECURSOS HUMANOS ............................................. 17

2.3.1.Assessment ................................................................................................................... 17

2.3.2.Headhunting.................................................................................................................. 17

2.3.3.Interim management ..................................................................................................... 18

Page 2: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

iii

2.3.4.Outplacement ................................................................................................................ 18

2.3.5.Outsourcing................................................................................................................... 18

2.3.6.Recrutamento e selecção............................................................................................... 19

2.4.MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS DE SUCESSO ................................................. 19

2.4.1.Gestão por competências .............................................................................................. 20

2.4.2.Desenvolvimento de liderança...................................................................................... 21

2.4.3.Papel estratégico do novo líder ..................................................................................... 22

2.5.HISTÓRICO DA GESTÃO DE PESSOAS ....................................................................... 23

2.5.1.Tendências da Gestão de Pessoas ................................................................................. 24

2.5.2.Gestão de Pessoas na Área Pública .............................................................................. 27

2.5.3.Problemas da Gestão de Pessoas na Área Pública ........................................................ 28

2.5.4.Pressupostos da Gestão de Pessoas na Área Pública .................................................... 30

2.5.5.Desafios e soluções para a gestão de recursos humanos no sector público .................. 31

2.5.6.Do planeamento à gestão estratégica de recursos humanos ......................................... 33

CAPITULO III: ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 36

3.1.TELECOMUNICAÇÕES DE MOÇAMBIQUE (TDM) ................................................... 36

3.1.1.Grupo tdm ..................................................................................................................... 37

3.1.2.Principais elementos estratégicos ................................................................................. 38

3.2.Objectivos organizacionais ................................................................................................. 39

3.3.Estratégias e políticas .......................................................................................................... 40

3.4.POSTURA ESTRATÉGICA .............................................................................................. 41

3.4.1.Macroestratégias ........................................................................................................... 41

3.4.2.Macro política ............................................................................................................... 41

3.4.3.Tabela 1: Análise fofa................................................................................................... 42

3.4.4.Campanhas promocionais e informativas ..................................................................... 43

3.5.DESENVOLVIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA DA REDE ...................................... 43

3.5.1.Projectos e planos de acção .......................................................................................... 43

3.5.2.Novos planos de acção.................................................................................................. 44

3.5.3.Análise económica e financeira do exercício ............................................................... 44

3.5.4.Proveitos operacionais .................................................................................................. 45

3.5.5.Situação patrimonial e financeira ................................................................................. 45

Page 3: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

iv

3.5.6.TABELA 2: Indicadores económico-financeiros ......................................................... 46

3.5.7.Responsabilidade social ................................................................................................ 46

3.6.Construção de Cenários....................................................................................................... 47

TABELA 3: Balanço em 31 de Dezembro de 2014 ..................................................................... 47

3.6.1.Resultados e discussão.................................................................................................. 48

3.7.Considerações finais............................................................................................................ 51

CAPITULO IV: CONCLUSÕES ................................................................................................. 53

Conclusão .................................................................................................................................. 53

Bibliografia................................................................................................................................ 54

APÊNDICES ............................................................................................................................. 55

Page 4: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

v

LISTA DE TABELAS

TABELA I:……………………………………………….Análise fofa

TABELA 2:……….………………………………………Indicadores económico-financeiros

TABELA 3:……………………………………………….Balanço em 31 de Dezembro de 2014

Page 5: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

vi

LISTA DE ABREVIATURAS

RH- - Recursos Humanos

GRH - - Gestão de recursos Humanos

TDM - -Telecomunicações de Moçambique

VISABEIRA – Serviços da TDM

Nome: Sérgio Alfredo Macore / 22.02.1992

Naturalidade: Cabo Delgado – Pemba – Moçambique

Contactos: +258 826677547 ou +258 846458829

Formado em: Gestão de Empresas / Gestão Financeira

E-mail: [email protected] / [email protected]

Facebook: Helldriver Rapper Rapper, Sergio Alfredo Macore

Twitter: @HelldriverTLG

Instituição de ensino: Universidade Pedagogica Nampula – Faculdade = ESCOG.

Boa sorte para você…….

Page 6: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

vii

DECLARAÇÃO

Declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria, resulta da minha investigação e

sob orientação do meu Supervisor. Esta é a primeira vez que submeto numa instituição

Académica para obter o grau Académico de Licenciatura em Contabilidade com habilitação em

Auditoria.

Nampula, aos ______ de Outubro de 2015

Nome do Autor

______________________________________________

(______________________________)

Nome do Supervisor

_____________________________________________

(_________________________________)

Page 7: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

viii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe e meu irmão, por acreditarem na minha capacidade

profissional e me dar todo o apoio emocional para o desenvolvimento e conclusão deste curso.

Page 8: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

ix

AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar agradeço à Deus por me dar o dom de vida e a capacidade de superar todas as

dificuldades e barreiras encontradas. Aos meus pais, pela dedicação e confiança durante toda a

caminhada.

Aos meus irmãos, cunhados tios e sobrinhos e primos que de uma forma ou outra me

transmitiram força e confiança em todos os momentos. Aos meus parentes, amigos e colegas que

lutamos juntos durante todo o percurso sempre com o mesmo objectivo.

Ao meu supervisor pela sua orientação e todos os professores que contribuíram para que o meu

objectivo fosse atingido. A todos que deram o seu contributo, respondendo os questionários.

Page 9: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

x

RESUMO

Ao perceber a grande importância das pessoas nos negócios, as organizações, públicas ou

privadas, têm mostrado bastante interesse quanto à questão do capital intelectual e suas formas

de actuação na busca de resultados. Há o entendimento de que sem as pessoas, torna-se

impossível oferecer serviços de qualidade. O mundo moderno está cada vez mais exigente. No

sector público, o que se vê são reclamações dos cidadãos/usuários sobre o mau atendimento.

Dada a importância a tais situações, pressupõe-se que essa deficiência no atendimento advém,

muitas vezes, do fato de não ter, na Administração Pública, um sistema de gestão de pessoas em

que se busque, através de treinamentos e desenvolvimentos, trabalhar a gestão por competências

na busca de melhores resultados que satisfaçam aos usuários de um modo geral. Diante do

exposto, este artigo tem como objectivo discutir as formas de actuação da Administração Pública

quanto a gestão de pessoas, a importância de se ter na gestão pública um sistema que busque nas

pessoas a competência não apenas técnico-teórico, mas a capacidade delas gerarem resultados

dentro dos objectivos organizacionais. Esse artigo foi composto por Pesquisas Bibliográficas e

constatou-se, através dessas pesquisas, que realmente a deficiência para tal problemática está na

Page 10: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

xi

falta de estrutura da Administração Pública quanto ao sistema de gestão de pessoas, além de

fortes barreiras que a própria legislação coloca ao encarar a realidade do quadro de pessoal do

sistema público.

Palavras-chave: Gestão de recursos humanos. Administração Pública.

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1.Introdução

A gestão de recursos humanos tem nos princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência seu norteador para buscar soluções práticas para as

exigências e anseios da colectividade. Neste sentido, a gestão de pessoas na área pública tem um

papel estratégico, pois visa o alinhamento entre os objectivos estratégicos da organização pública

e as políticas de desenvolvimento de pessoas. A literatura sobre gestão de pessoas na área

privada é bastante ampla, no entanto aquela específica para a gestão de pessoas na área pública é

escassa, de difícil localização.

Neste sentido, este estudo buscou sistematizar a literatura encontrada sobre a gestão de pessoas

aplicada à esfera pública, no intuito de contribuir para a fundamentação teórica do sistema de

gestão de pessoas aplicado a municípios, especialmente os do estado de Santa Catarina, por meio

de um Projecto de Pesquisa-Acção para desenvolvimento de um sistema de Gestão de Pessoas.

Page 11: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

12

Neste sentido, a pesquisa implicou na busca por várias referências bibliográficas, obtendo de

cada autor a informação possível sobre a gestão de pessoas na área pública, uma vez que tal

assunto possui uma literatura escassa. Estas informações são importantes, uma vez que o sector

público que carece de novos conhecimentos e experiências para gerar um sistema que contribua

significativamente para o desenvolvimento e gestão dos servidores.

Este artigo visa gerar conhecimento, não somente aos servidores, mas, sobretudo, aos gestores

que vivenciam um problema real, neste caso a baixa oferta de qualificação e gestão de servidores

públicos municipais nas TDM - Nampula.

1.2.Objectivos do Trabalho

A presente pesquisa procura alcançar os objectivos traçados, isto é, geral e os específicos de

modo que se materialize a questão acima colocada acerca da Gestão de recursos humanos na

função pública da Cidade de Nampula.

1.2.1 Objectivo geral

Analisar o papel da Gestão de recursos humanos na função pública da Cidade de

Nampula.

1.2.2 Objectivos específicos

Baseado nos esclarecimentos feitos, pode-se ainda destacar como objectivos específicos:

Relatar conceitos e definições sobre RH;

Ressaltar a importância da GRH nas organizações;

Mostrar como GRH pode contribuir para o processo decisório;

Page 12: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

13

Levantar, na opinião da instituição, se a GRH traz benefícios para a instituição.

1.3.Justificativas

A escolha do tema, deve-se da importância da gestão de recursos humanos nas instituições

públicas. Na verdade, Com o advento da automatização e das tecnologias da informação parecia

que a necessidade de ter ser humano para o trabalho chegaria ao fim.

Veio a customização e o avanço do sector de serviços exigentes em personificação. O

trabalhador ganha o mais elevado status de relevância estratégia para as organizações e o mundo

do trabalho. Exponência a produção de conhecimento relacionado a gestão de pessoas. As

empresas travam competição para ser o melhor lugar para se trabalhar, oferecem altos salários,

remuneração variável, oportunidades para auto-realização, desenvolvimento profissional e

pessoal, rede social, benefícios estendida a família, enfim qualidade de vida no trabalho.

Em outra realidade os departamentos, ou grupos como são conhecidos, de recursos humanos da

maioria das instituições públicas restringem suas actividades a folha de pagamento,

aposentadoria, licenças e concursos. Os servidores para as instituições públicas não têm

relevância estratégia. Existe negligência na gestão dos servidores; o resultado é baixa qualidade

de vida no trabalho e principalmente desperdício de recursos humanos.

1.4.Problema

A Gestão de Recursos Humanos desenvolve e administra planos de carreira nas empresas,

analisa estratégias institucionais, elabora planos tácticos e operacionais de recrutamento,

selecção, avaliação e treinamento de pessoal. É sua função administrar as potencialidades de

processos organizacionais e gerir pessoas, de forma a integrar os sectores da companhia. Cabe ao

profissional a avaliação da necessidade de novos colaboradores que garantam a viabilidade do

processo produtivo da empresa, assim como é sua função realizar o manejo do quadro de

funcionários. Para isso, o gestor em RH precisa dominar as técnicas de gestão de pessoas.

Diante disso, a pergunta chave é:

Ate que ponto a gestão de recursos humanos influencia na função pública?

Page 13: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

14

1.5.Hipóteses

H0: A gestão de recursos humanos é imprescindível porque actua no planeamento, na

organização, na integração dos sectores da empresa para que obtenham melhor proveito.

H1: É provável que, o profissional de recursos humanos tem de ser flexível, principalmente

diante das mudanças de cenário dentro e fora do ambiente organizacional.

1.6.METODOLOGIA

Esta monografia foi realizado a partir de um projecto que visava, dentre outros factores,

desenvolver Pesquisas Bibliográficas vinculadas às políticas de Recursos Humanos, em

instituições públicas, com base num cronograma que apontava a sequência de acções a serem

produzidos durante a realização deste. Desse modo, foram pesquisados autores vinculados ao

estudo da temática em pauta para, assim, criar inferências quanto aos conceitos explanados por

alguns autores sobre o que é a Gestão de Pessoas e sobre as demarcações que essa terminologia

comporta.

Os textos encontrados sobre o assunto foram fichados e, após a análise de dados teóricos

presentes nestes, foi realizado artigo científico em que foram distribuídos todos os conteúdos em

cinco secções no intuito de observar conceitos para discutir, coerentemente, as problemáticas

vinculadas à implantação de um sistema de Gestão de Pessoas em instituições públicas.

Page 14: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

15

CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA

2.1.GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Gestão de recursos humanos, gestão de pessoas ou ainda administração de recursos humanos,

conhecida pela sigla Rh. é uma associação de habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas

definidas com objectivo de administrar os comportamentos internos e potencializar o capital

humano. Tem por finalidade seleccionar, gerir e nortear os colaboradores na direcção dos

objectivos e metas da empresa.

É chamado recursos humanos o conjunto dos empregados ou dos colaboradores de uma

organização. Mas o mais frequente deve chamar-se assim à função que ocupa para adquirir,

desenvolver, usar e reter os colaboradores da organização.

O objectivo básico que persegue a função de Recursos Humanos (RH) é alinhar as políticas de

RH com a estratégia da organização.

2.1.1.Sistema de gestão de pessoas

A gestão de pessoas se divide em:

Page 15: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

16

Provisão de recursos humanos;

Aplicação de recursos humanos;

Recompensar pessoas;

Manutenção de recursos humanos;

Desenvolvimento de recursos humanos;

Monitoração de recursos humanos.

Processo de provisão consiste em abastecer a empresa com mão-de-obra qualificada. Refere-se

ao recrutamento e selecção de pessoal.

Planeamento de recursos humanos é o processo de decisão a respeito dos recursos humanos

necessários para atingir os objectivos organizacionais, dentro de determinado período de tempo.

Trata-se de antecipar qual a força de trabalho e talentos humanos necessários para a realização a

acção organizacional futura. O planeamento estratégico de RH deve ser parte integrante do

planeamento estratégico da organização e deve contribuir para o alcance dos objectivos da

organização, incentivando o alcance dos objectivos individuais de cada pessoa.

2.1.2.Gestão de pessoas

Apesar da disseminação em tempos recentes dos cursos de gestão de pessoas, tal prática ainda é

confundida com uma actividade restrita ao sector de recursos humanos. Neste âmbito, as

habilidades humanas assumem importância capital para qualquer gestor. O principal modelo de

gestão de pessoas actualmente é a Gestão por Competências.

2.1.3.Gestão por competências

A gestão por competências tem o objectivo de fornecer à área de recursos humanos e gestores

das empresas ferramentas para realizar gestão e desenvolvimento de pessoas, com clareza, foco e

critério. Essas ferramentas são alinhadas às atribuições dos cargos e funções de cada

organização.

2.2.SUBSISTEMAS DA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Page 16: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

17

2.2.1.Mapeamento e mensuração por competências

Através do mapeamento e mensuração por competências são identificados os conhecimentos,

habilidades e atitudes necessários para a execução das actividades de um cargo ou função e

mensurados os graus ideais para cada grupo de competências que uma pessoa que assuma o

cargo ou função deve ter para atingir os objectivos da empresa.

2.2.2.Selecção por competências

Por meio da selecção por competências, são realizadas entrevistas comportamentais, visando

identificar se o candidato possui o perfil ideal para a vaga de emprego. Antes devem ser

identificadas as competências necessárias para determinada actividade.

2.2.3.Avaliação por competências

Através da avaliação por competências, é verificado se o perfil comportamental e técnico dos

colaboradores de uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido pelos cargos e funções.

2.2.4.Plano de desenvolvimento por competências

Por meio do plano de desenvolvimento por competências, procura-se aperfeiçoar e potencializar

o perfil individual de cada empregado através de acções de desenvolvimento.

2.3.SERVIÇOS MAIS USUAIS EM RECURSOS HUMANOS

2.3.1.Assessment

É uma metodologia de avaliação que consiste na análise de comportamentos baseada em

múltiplos inputs, utilizando múltiplas técnicas, métodos e instrumentos de avaliação, baseados

nas competências a avaliar. Tem a participação de vários observadores.

2.3.2.Headhunting

Abordagem confidencial e directa de quadros superiores, com o objectivo de seleccionar os

profissionais que se destacam no seu sector de actividade, quer pelos seus conhecimentos

técnicos quer pela sua experiência.

Page 17: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

18

2.3.3.Interim management

É um serviço de Recursos Humanos em que se pode ter pessoas disponíveis em poucos dias, em

oposição aos processos de recrutamento para posições permanentes, sempre mais demorados até

concluir uma admissão. A temporalidade destes projectos permite que especialistas muito

experientes estejam disponíveis para projectos exigindo menores competências. O foco está

totalmente na missão a desempenhar.

A grelha de competências técnico-profissionais é uma ferramenta que, acoplada a uma base de

dados, permite ter todos os principais indicadores relativos a colaboradores ou potências

colaboradores.

2.3.4.Outplacement

O outplacement é uma forma de ajudar os indivíduos a prosseguirem a sua vida profissional e na

maior parte dos casos isto significa arranjar uma nova oportunidade profissional. A empresa

prestadora de serviços nesta área pode trabalhar num caso individual ou num grupo de pessoas.

Por exemplo, em caso de necessidade de redimensionamento de mão-de-obra por razões

estruturais ou outras, é comum as entidades mais organizadas, prepararem os trabalhadores alvo

a serem sacrificados para os desafios do mercado.

Outro exemplo regular, é o das (grandes) empresas de consultoria e/ou auditoria que não tem

interesse, fora de um quadro de pessoal estritamente restrito e especializado, em contratar

pessoal efectivo (por tempo indeterminado) para muitas categorias; assim optam após 2 a 5 anos

efectivos dos seus trabalhadores, a inseri-los no mercado de trabalho, iniciando pelos seus

clientes, o que de certo modo acaba também facilitando a empresa de consultoria nas suas

intervenções subsequentes e criando aliados.

2.3.5.Outsourcing

O acto de terceirizar um serviço não considerado central para o negócio, para que seja executado

por uma entidade externa. Tal processo que permite a uma organização não se ater a recursos

Page 18: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

19

cujo desempenho não é crítico para a organização, para se empenhar em actividades que

constituem factores críticos de sucesso.

2.3.6.Recrutamento e selecção

Tem por objectivo atrair e seleccionar os profissionais mais adequados para o desempenho de

uma determinada função. Os processos selectivos podem ser compostos por entrevistas,

dinâmicas de grupo e testes psicológicos, entre outros, ou por conjugação de vários destes,

dependendo da política ou prática da organização. Uma selecção objectiva, isenta, criteriosa e

ajustada, além de ser o espelho de uma organização, acaba contribuindo bastante para a

performance de uma empresa.

Recrutamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos

potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. O recrutamento é

feito a partir das necessidades presentes e futuras de Recursos Humanos da organização.

Selecção de pessoal é a escolha dos candidatos recrutados que melhor se ajustam no cargo em

aberto. O objectivo básico da selecção de pessoal é escolher e classificar os candidatos

adequados às necessidades da organização.

Processo de aplicação consiste na análise e descrição de cargos e avaliação de desempenho

Clima Organizacional: O clima organizacional afecta a motivação, o desempenho e a satisfação

no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas cujas consequências se seguem em decorrência

de diferentes acções. As pessoas esperam certas recompensas, satisfações e frustrações na base

de suas percepções do clima organizacional. O clima organizacional é o conjunto de factores que

interferem na satisfação ou descontentamento no trabalho. É o conjunto de variáveis que busca

identificar os aspectos que precisam ser melhorados, em busca da satisfação e bem-estar dos

colaboradores.

Educação corporativa é a prática coordenada de gestão de pessoas e de gestão do conhecimento

tendo como orientação a estratégia de longo prazo de uma organização.

2.4.MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS DE SUCESSO

Page 19: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

20

Levando em consideração as mudanças que ocorrem no mercado de trabalho e nas relações

empresa/funcionário, as organizações precisam ter estratégias claras, sustentadas por uma gestão

participativa. Deve-se criar um laço estreito entre todos os níveis de relacionamento, tanto

interno como externo, do quadro funcional até os clientes e fornecedores.

O principal modelo de gestão de pessoas actualmente é a gestão por competências.

2.4.1.Gestão por competências

Competência, vem do latim competentia e significa a qualidade de quem é capaz de apreciar e

resolver certo assunto, fazer determinada coisa, capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade.

A Gestão por competências visa a instrumentalizar o departamento de recursos humanos e

gestores das empresas para realizar gestão e desenvolvimento de pessoas, com foco, critério e

clareza. As ferramentas da gestão por competências são totalmente alinhadas às atribuições dos

cargos e funções de cada organização.

Através do mapeamento e mensuração por competências são identificadas as competências

comportamentais e técnicas (CHA) necessárias para a execução das actividades de um

cargo/função e mensurado o grau ideal para cada grupo de competências para que uma pessoa

que assuma o cargo/função atinja os objectivos da empresa.

Através da selecção por competências será realizada a entrevista comportamental, visando a

identificar se o candidato possui o perfil ideal para a vaga de emprego.

Através da avaliação por competências, será identificado se o perfil comportamental e técnico

dos colaboradores de uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido pelos

cargos/funções.

Através do plano de desenvolvimento por competências será aperfeiçoado e potencializado o

perfil individual de cada colaborador através de acções de desenvolvimento.

Page 20: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

21

2.4.2.Desenvolvimento de liderança

O objectivo primário da delegação é conseguir que o trabalho seja feito por outra pessoa. Não

apenas tarefas simples como ler instruções e girar uma alavanca, mas também tomada de decisão

e mudanças que dependem de novas informações. Com delegação, seu pessoal tem a autoridade

para reagir a situações sem ter que consultá- lo a todo instante.

A arte de saber delegar é cada vez mais uma necessidade dentro de uma organização,

principalmente no que se refere à sua gestão.

Delegação é, fundamentalmente, confiar sua autoridade a outros. Isto significa que eles podem

agir e tomar iniciativas independentes; e que eles assumem responsabilidade com você na

realização das tarefas. Se algo dá errado, você também é responsável uma vez que você é o

gerente; o truque é delegar de tal modo que coisas sejam feitas mas não dêem errado.

Para habilitar uma pessoa para fazer um determinado trabalho, você deve assegurar que:

Ela sabe o que você quer;

Ela tem a autoridade para fazer isso;

Ela sabe como fazer isso.

Esses três factores dependem de:

Se comunicar claramente a natureza da tarefa;

A extensão de sua descrição;

As fontes de informações e conhecimento relevantes.

Abaixo temos um comparativo do antigo modelo de liderança e do modelo actual, mais próximo

e mais participativo com as actividades de toda a sua equipe:

Líder do passado

Ser um chefe

Controlar as pessoas

Page 21: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

22

Centralizar a autoridade

Estabelecimento de objectivos

Dirigir com regras e regulamentos

Confrontar e combater

Mudar por necessidade e crise

Ter um enfoque eu e meu departamento

Líder do futuro

Ser um coach e facilitador

Empowerment

Distribuir a liderança

Conciliar visão e estratégia

Guiar com valores compartilhados

Colaborar e unificar

Ter um enfoque mais amplo

Ter um enfoque de minha empresa

2.4.3.Papel estratégico do novo líder

Mercado estável

As empresas

Abordagem de linha de montagem a respeito da estratégia

Maximizam controlo interno e ordem

Protegem-se contra a variação auditoria e disciplina

Tem lutas de poder entre níveis e unidades

Papel do líder

Definir tácticas e definir o orçamento

Controlar o desempenho de indivíduos e atitudes

Tomar acção correctiva quando a conduta está fora do esperado

Page 22: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

23

Tomar decisões consistentes com a estratégia geral da empresa

Mercado em constante mudança

As empresas

Abordagem de contingência a respeito da estratégia

Maximizam velocidade, flexibilidade e inovação

Protegem-se contra a obsolescência e ignorância

Tem altos níveis de comunicação, colaboração e inovação entre níveis

Papel do líder

Interpretar a realidade emergente

Focalizar os recursos existentes de uma forma eficiente

Desenvolver e promover novas capacidades em resposta às mudanças

Facilitar criação, captação e disseminação de conhecimento

Todas estas habilidades expressam a importância na valorização do capital humano,

possibilitando não somente o desenvolvimento de suas potencialidades, mas também da

superação dos seus limites.

2.5.HISTÓRICO DA GESTÃO DE PESSOAS

A função recursos humanos surgiu nos Estados Unidos sob o nome de administração de pessoal,

em 1883, com a criação da Comissão do Serviço Público, tinha a finalidade de proteger o sistema

de mérito contra intromissões políticas (SANTOS, 2006, p. 97).

A expressão gestão estratégica de pessoas ou gestão estratégica de recursos humanos, surgiu na

literatura internacional na década de 1980, sob diferentes argumentações, seja a partir das críticas

ao papel funcional, burocrático, operacional e nas fraquezas percebidas na área, seja por pressões

ambientais que demonstravam a natureza estratégica de recursos humanos (DUTRA, 2009, p.

27).

Page 23: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

24

Segundo Santos (2006, p. 97) em 30 de Julho de 1938, criou-se o Departamento Administrativo

do Serviço Público (DASP), com a função de organizar as actividades de orçamento,

documentação, material e pessoal. O DASP foi reorganizado em 1967, tendo como parâmetro os

princípios norte-americanos da administração pública e o qual está subordinado ao Presidente da

República.

Em Moçambique, em meados da década de 1980, a noção de administração de pessoal começou

a ser substituída pela de administração de recursos humanos. Na gestão pública, esse tipo de

administração tem sido descrito como a função de planejar, coordenar e controlar a obtenção de

mão-de-obra necessária à organização pública (SANTOS, 2006, p. 98).

Com a globalização, percebem-se grandes mudanças em todo o planeta, tais mudanças estão em

todas as áreas, não seria diferente na questão da administração de recursos humanos, isto não só

na área privada, mas também na área pública. Na área pública começou-se a pensar mais

seriamente na questão da função do sector de recursos humanos, e este na necessidade de

valorização e capacitação do servidor, visando uma melhoria na qualidade de vida e do trabalho

dentro da organização.

2.5.1.Tendências da Gestão de Pessoas

A tendência actual é fazer com que cada pessoa deva conscientizar-se de que ela deve ser o

elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria contínua de seu

trabalho dentro da organização. Conforme Cabrera (2008, p.18):

A gestão de pessoas teve que evoluir da gestão de um vínculo simples

para a gestão de uma colecção de trocas simbólicas, teve que entender a

evolução das pessoas de trabalhadores organizacionais para trabalhadores

do conhecimento e teve que aprender a trabalhar com um novo modelo

de avaliação.

Segundo o mesmo autor (2008, p.19) “a área de gestão de pessoas não deve ser conhecida pelo

que faz, mas sim pelos resultados que entrega e que aumentam a competitividade da empresa e

pela contribuição para criar valor para os clientes, accionista e empregado.” (grifo do autor)

Page 24: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

25

A gestão de pessoas, ainda hoje actua mais no comportamento humano, precisa mudar sua forma

de actuação, precisa visar novas estratégias de organização para obter resultados mais

produtivos, além de lidar com a transformação que ocorrem com cada novo gestor.

Para Luz, Pereira, Piedade e Santana (2009, p. 03) “a função de chefe de pessoal apareceu no

início do século passado, com o objectivo de registo, controle e coerção, uma vez que o

trabalhador era considerado um recurso produtivo e seus custos precisavam ser geridos

racionalmente como os demais custos de produção”.

Os anos 80 marcaram a passagem do modelo de gestão de recursos humanos para o modelo

estratégico de gestão de pessoas. Segundo os autores acima citados:

O modelo de gestão de pessoas deve responder a factores internos e

externos à organização, uma vez que a acção dos gestores de pessoas

deve considerar os interesses dos diversos atores organizacionais (grupos

de empregados, sindicatos, accionistas, gerentes) assim como do governo

e da comunidade, sem perder de vista as pressões situacionais (2009, p.

03).

Para tanto é preciso servidores capacitados e motivados para realizar os objectivos

organizacionais e atingir os resultados esperados. O planeamento na gestão de pessoas deve

considerar o ambiente interno e externo, buscando maior actuação e inserção dos agentes

públicos, para alcançarem os objectivos da instituição e a satisfação da colectividade.

Para Marconi (2009, p. 35) “a gestão de recursos humanos deixou de se pautar por mecanismos

que privilegiavam a progressão e as melhorias salariais associadas ao tempo de serviço, logo

praticamente automáticos, e passou a se vincular a instrumentos que incentivem o desempenho”.

A gestão estratégica de pessoas na organização pública tem início com uma vasta discussão

sobre seu papel, diante das necessidades actuais da sociedade, pois são os factores económicos e

políticos do ambiente que definirão as restrições orçamentárias a serem enfrentadas, além das

competências e atribuições do quadro pessoal.

Para Gil (2001, apud DUTRA 2009, p. 21) gestão de pessoas é: “um ramo especializado da

Ciência da administração que contempla todas as acções empreendidas por uma organização,

Page 25: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

26

com objectivo de integrar o colaborador no contexto da organização e o aumento de sua

produtividade”. Tais acções dependem de todos os indivíduos que estão envolvidos com a

organização tanto nos aspectos administrativos quanto na prestação de serviços.

Conforme o mesmo autor (2009, p. 27) “a rapidez das mudanças tecnológicas, a globalização da

economia e o aceiramento da competição entre empresas e entre nações geram impactos

significativos sobre a forma de gestão das organizações, exigindo um repensar em seus

pressupostos e modelos”.

Para Martins (apud CHIAVENATO, 1999, p. 4) é de grande importância que o administrador

seja um gestor de grande visão, capaz de buscar novas alternativas e acompanhar as mudanças,

pois as pessoas dependem das organizações para sua subsistência e realização pessoal, já as

organizações jamais existiriam se não fossem as pessoas.

Ao se referir ao Recurso Humano - RH, Dutra (2009, p. 40) afirma que “a gestão estratégica do

RH pode ser compreendida como a definição de políticas e directrizes em relação aos recursos

humanos para aumentar a habilidade dos servidores – e, por consequência, do próprio órgão

público – para realizar seu trabalho de modo a alcançar seus objectivos”.

Sabe-se da importância de uma administração eficiente, com planejamento em todas as suas

áreas, na gestão de pessoas não é diferente, precisa ser elaborada com seriedade, pois é ela

responsável em analisar as qualidades e habilidades de cada servidor, para encaminhá-lo ao

sector onde melhor desenvolva suas atribuições gerando um atendimento de excelência a

população. Segundo Dutra (2009, p. 40) a gestão estratégica do RH na organização pública tem

início com uma vasta discussão sobre seu papel, diante das necessidades atuais da sociedade,

pois são os factores económicos e políticos do ambiente que definirão as restrições orçamentárias

a serem enfrentadas, além das competências e atribuições do quadro pessoal.

Para Santos (2009 apud CHIAVENATO, 2000, p.30):

A gestão de pessoas representa a maneira como as organizações

procuram lidar com as pessoas que trabalham em conjunto em plena era

da informação. Não como recursos organizacionais que precisam ser

passivamente administrados, mas como seres inteligentes e proactivos,

Page 26: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

27

capazes de responsabilidade e de iniciativa e dotados de habilidades e de

conhecimentos que ajudam a administrar os demais recursos

organizacionais inerentes e sem vida própria.

Quando se fala em gestão de pessoas acaba-se comparando as formas de gerir no serviço público

com aquela do serviço privado. O procedimento de administrar pessoas em um órgão público ou

privado é praticamente o mesmo, o que muda é a função social, a cultura organizacional, a

legislação específica do ramo de actividade, as normas internas, as regras e as tradições.

2.5.2.Gestão de Pessoas na Área Pública

Para Martins (apud TACHIZAWA et al, 2001, p.19) gestão de pessoas pode ser entendida como

“ um processo de gestão descentralizada apoiada nos gestores responsáveis, cada qual em sua

área, pelas actividades-fim e actividades-meio das organizações”. A gestão de recursos humanos

de ser aperfeiçoada a partir dos cidadãos, porque é da perspectiva da realização dos propósitos

das organizações públicas que a gestão de pessoas deve ser olhada.

Conforme a mesma autora (apud Chiavenato, 1999, p. 4) afirma que:

O contexto de Gestão de Pessoas é formado por pessoas e organizações.

Boa parte da vida das pessoas é passada dentro das organizações que, por

sua vez, dependem das pessoas para atingirem seus objectivos. Se por um

lado, as pessoas dependem das organizações para sua subsistência e

sucesso pessoal, as empresas jamais existiriam se não fossem as pessoas,

que lhes dão vida, dinâmica, impulso, criatividade e racionalidade.

Quando esse conjunto de esforços está direccionado a pessoas, temos o conceito de Gestão de

Pessoas, que segundo Claro (apud DUTRA, 2006) é: “um conjunto de políticas e práticas que

permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam

realizá-las ao longo do tempo.”

Segundo Santos (2009, p. 19) “a ideia de gerir pessoas parece estar inteiramente ligada à de

administrar pessoas, mas não é bem assim. A administração de recursos humanos prevê o ser

humano como um recurso na administração e cuida de sua instrumentalização: selecção,

contratação, treinamento, demissão etc.”

Page 27: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

28

Continua a mesma autora (2009, p. 19) “já a gestão de pessoas, denota o carácter subjectivo do

indivíduo dentro da organização, não o mostra apenas como parte do processo, mas como

pessoa: um ser complexo, mutável, criativo e fantástico.

Sabe-se que o planeamento é de vital importância para o sucesso da organização, principalmente

quando esta for pública. Então, segundo Bergue (2007, p. 97), o planeamento estratégico de

recursos humanos deve ser parte integrante do Planeamento Estratégico da Organização,

devendo nele constar: a) valores institucionais relativos à gestão de Pessoas; b) cenários actuais e

futuro de actuação do órgão ou ente público; c) directrizes gerais das políticas de

dimensionamento das necessidades de pessoas, treinamento e desenvolvimento de pessoas,

remuneração e incentivos, actuação e integração social.

Percebe-se que as administrações públicas, não valorizam e a devida importância à área de

recursos humanos, tratando-a apenas como um sector que admite e demite pessoas, esquecendo

que o mesmo deve buscar a qualificação dos servidores, além de servir como elo entre a

administração e os servidores. Sabe-se que dentro dos órgãos públicos havia um grande

apadrinhamento de pessoas da família, sem contar na falta de capacitação de tais pessoas, a

Constituição de 88 iniciou um processo de mudança neste quadro, procurou buscar da

Administração Pública maior transparência, profissionalismo e menos injustiças, além do

concurso público que oferece aos cidadãos oportunidade igual no ingresso ao serviço público.

2.5.3.Problemas da Gestão de Pessoas na Área Pública

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreram grandes mudanças no sector

público. Tais mudanças buscavam tornar as contratações mais transparentes, profissionais,

diminuindo o índice de nepotismo e de perseguições políticas.

Nesta ocasião, foi apresentada a toda administração pública o concurso público e a estabilidade

no emprego foi introduzida na administração directa, isto é as contratações dentro da área

pública passaram a ser realizadas por meio de processo transparente, aberto para todos e com

critérios técnicos.

Referente a essas mudanças, Lemos (2010, p. 02) firma que “se por um lado estes objectivos

foram atingidos, por outro lado criou-se um mastodonte, um excesso de servidores em muitas

Page 28: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

29

áreas e baixa rotatividade da força de trabalho”. Segundo o mesmo autor é improdutiva a troca

frequente de funcionários, seja pelos custos trabalhistas, seja pelo tempo e recurso investido na

integração e aprendizado do contratado, no entanto também é ruim não poder trocar nenhum

funcionário quando precisa.

Percebe-se que a administração de recursos humanos necessita implantar um sistema de

incentivos para o profissional, pois é evidente a falta de uma política de formação, capacitação

permanente e de remuneração coerente com o exercício da função pública. Ao se referir aos

recursos humanos Mattos (1982, p. 13) afirma que:

Desenvolver recursos humanos não significa uma acção periódica de

aprimorar o desempenho do exercício de certa função, mas um processo

individual, grupal e organizacional permanente de autocrítica, descoberta

e actualização do potencial de criatividade e realização humana em seus

diversos níveis de manifestação.

Para Dutra (2009, p. 29) “a actuação da área de Gestão de Pessoas, numa concepção estratégica

tem como premissa básica, a geração de comprometimento, que demanda tempo, estratégias

adequadas e constante avaliação, com a adopção de medidas correctivas”.

Sabe-se que existem dificuldades na Gestão de Pessoas devido à falta de acção ou enganos que

podem trazer deficiências ou dificuldades na geração de novas estratégias de comprometimento.

Certas habilidades e atitudes somente serão avaliadas após um maior contacto, possibilitando

assim o reconhecimento das potencialidades, qualificações e demais aspectos ligados ao

comportamento dos candidatos.

O quadro de pessoal das organizações públicas deve ser composto de indivíduos que possuam os

conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a prestação dos serviços públicos. Os

profissionais de Recursos Humanos exercem papel fundamental dentro da organização, devendo

utilizar meios adequados para a locação das pessoas, bem como na identificação de capacitação,

reciclagem e treinamento dos servidores.

Para a ENAP (2007, p. 32) os profissionais de recursos humanos são responsáveis em oferecer o

suporte necessário para a Gestão de Pessoas, estabelecendo critérios a respeito de questões como:

Page 29: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

30

“planeamento da força de trabalho; implementação de acções de desenvolvimento profissional;

criação de carreiras e estruturas remuneratórias; avaliação de desempenho; gestão por

competências, entre outros”.

É do senso comum que entre as políticas de recursos humanos a de maior importância para

consolidar a eficiência na organização é a de capacitação de pessoal. Segundo Pires (2005, p. 23)

“o desenvolvimento de metodologias, técnicas e mecanismos adequados à implantação do

modelo de gestão por competências em organizações públicas, observadas suas especificidades

culturais e atribuições particulares, surge como principal desafio para a implantação do modelo”.

O quadro de servidores deve ser composto por funcionários que possuam conhecimentos técnicos

sobre matérias específicas, além de um conjunto de habilidades e atitudes compatíveis com as

atribuições que exercerá. Com base nisso Pires (2005, p. 23) ressalta: “tendo em vista as

peculiaridades dos processos selectivos das organizações públicas, conduzidos com o objectivo

de elevar seus níveis de efectividade, é mister definir metodologias que permitam a elaboração de

estratégias de recrutamento eficazes”.

É preciso que as organizações busquem além da selecção por meio de provas e comprovação de

títulos, outras formas de avaliação, buscando identificar as competências interpessoais,

estratégicas e gerências de cada candidato. Essa nova maneira de avaliar objectiva contar com

servidores aptos a desempenhar suas funções, além da motivação em suas carreiras.

2.5.4.Pressupostos da Gestão de Pessoas na Área Pública

O objectivo de um sistema de gestão de pessoas é auxiliar as organizações a desenvolverem

competências diferenciadas e conquistar consistentemente um desempenho melhor, conquistar o

crescimento e desenvolvimento da organização e das pessoas que nela trabalham.

Parafraseando Ribeiro (2007, p. 12) um modelo de gestão de pessoas bem estruturado requer

objectivos bem definidos, domínio das técnicas, metodologias actualizadas constantemente,

clareza e objectividade na busca dos resultados finais, além da percepção dos impactos causados

pela actuação das pessoas.

Page 30: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

31

Quando se contrata é necessário ter regras determinadas para liderar, visando alcançar os

objectivos e os resultados planejados. Portanto políticas bem planejadas auxiliam os funcionários

na tomada de decisão e compreensão de suas atribuições.

Segundo Dutra (2009, p. 36) a área de gestão de pessoas deve ter clareza nas acções visando

alcançar o planejado, capacidade de mudança constante e conhecimento, isso tudo propiciando

economia para a organização.

As experiências da reforma das políticas e gestão de recursos humanos no Brasil mostram que os

governos encontram-se em fases diferentes em relação ao tema. Este processo de mudanças

ocorre em etapas, começa pelo ajuste, depois pela implementação de políticas mais consistentes

e por último a integração destas políticas aos objectivos estratégicos da organização. Santos

(2009, p. 34, apud Demo 2005, p. 4), relata em seus estudos que:

A implantação de políticas de gestão de pessoas que preconizam o desenvolvimento e a

valorização das pessoas nas organizações deve trazer corolários como: produção de produtos e

serviços inovadores de alta qualidade, bem como atendimento mais flexível e atencioso porque,

teoricamente, um colaborador que se sente atendido, satisfeito e valorizado tende a realizar suas

funções com maior afinco.

Esses profissionais devem desenvolver práticas para gerar maior competência, além de investir

em práticas para aumentar o comprometimento, a participação e o envolvimento dos

colaboradores, e monitorar se as políticas e práticas organizacionais ajudam ou bloqueiam o

crescimento do colaborador.

2.5.5.Desafios e soluções para a gestão de recursos humanos no sector público

O advento da globalização e diversos outros fenómenos que vieram, nos últimos anos,

transformando o mundo e o Brasil fizeram com que uma nova mentalidade fosse produzida não

só no sector privado, como, também, no sector público.

De acordo com Coutinho (2000)1, torna-se cada vez mais necessário que as organizações

públicas brasileiras incorporem valores, atitudes e crenças semelhantes às novas práticas

empresariais, pautadas em transparência, confiança e apoio entre o Estado e a sociedade. Diante

disso, é possível dizer que a busca por qualidade e por resultados cada vez melhores termina

Page 31: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

32

impondo, à administração pública, uma série de desafios, principalmente no que tange à gestão

dos seus recursos humanos.

A gestão de recursos humanos no serviço público tem como objectivo adequar os ideais da

administração pública gerências à realidade dos servidores públicos. Nos dias actuais, a obtenção

e manutenção de um quadro de servidores bem formados, capacitados e motivados se

transformaram em finalidade primordial a ser perseguida pelos órgãos que, por sua vez, são

cobrados em relação a sua eficiência por uma sociedade cada vez mais consciente sobre o papel

do Estado contemporâneo.

Além disso, actualmente, a administração pública vem sofrendo uma maior cobrança para

utilização de ferramentas já empregadas no sector privado. Ao fazer uma comparação entre a

gestão pública e a privada, é possível dizer que as organizações públicas têm como diferença a

submissão a leis específicas e a determinações políticas que as privadas não têm. Ainda, a

transparência para a administração pública é outro factor que a difere do ramo privado, uma vez

que ela é obrigada a divulgar tudo que faz (principalmente no que tange a questões de pessoal e

de compras, ou seja, questões de concursos e licitações).

No que se refere especificamente à administração de recursos humanos do sector público, é

possível dizer que essa apresenta peculiaridades que as organizações privadas não apresentam, as

quais, na maioria das vezes, são provenientes da própria natureza dos seus órgãos. Exemplos

delas são os instrumentos utilizados para recrutamento, selecção e contratação; as políticas de

remuneração; os métodos de avaliação de desempenho; dentre outros.

Especificamente no que se refere ao recrutamento, a título de comparação, é possível dizer que,

enquanto nas organizações privadas o recrutamento é dirigido para determinado segmento da

população (o que privilegia as diferenças entre as classes), na administração pública esse

recrutamento sofre forte influência do princípio da isonomia, o que permite que quaisquer

indivíduos possam pleitear igualmente os cargos públicos.

Ao observar o cenário actual Moçambicano, é possível dizer que o número de cargos públicos

vem crescendo muito, o que é um ponto positivo já que proporciona maior estruturação da

máquina pública. Mas, por outro lado, esse crescimento gera desafios para a administração,

afinal, como se sabe, existe grande cobrança por parte da sociedade no que tange aos serviços

Page 32: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

33

públicos oferecidos pelo Estado, e, consequentemente, o serviço prestado pelos funcionários

públicos.

Dentre tais desafios, impostos à gestão pública de recursos humanos, encontram-se a adequação

do quadro de servidores ao tamanho da máquina estatal, a conciliação entre gastos com pessoal e

o orçamento estipulado para cada esfera de governo, a desburocratização das rotinas de trabalho,

a administração do crescimento do número de cargos públicos.

Como soluções para esses desafios, é possível citar, dentre outros, a implantação de planos de

carreira específicos que sejam compatíveis com as necessidades do Estado e daqueles que para

ele trabalham; o estabelecimento de políticas voltadas para a captação, desenvolvimento e

treinamento de servidores; a criação de um plano salarial adequado ao orçamento estatal e, ao

mesmo tempo, capaz de estimular o desempenho dos servidores públicos.

De acordo com Bresser-Pereira (1998)2, o enfrentamento dos citados desafios impostos à gestão

pública de pessoal demandará um sistema que seja suficientemente dinâmico para acomodar as

permanentes mudanças sociais e, ao mesmo tempo, que seja capaz de aprofundar novas

perspectivas nos valores e sentimentos permanentes que envolvem o interesse público. Além

disso, será necessária a implantação, na administração pública, de acções gerências capazes de

ensejar uma gestão de recursos humanos diferente daquela observada na antiga administração

burocrática.

Dessa forma, acredita-se que, ao implantar essas e outras políticas de gestão administrativa e de

pessoal, muitos dos desafios impostos à administração pública serão ultrapassados e, como

consequência, serão capazes de proporcionar eficiência da gestão pública e satisfação dos

cidadãos Moçambicanos.

2.5.6.Do planeamento à gestão estratégica de recursos humanos

A complexidade do mundo moderno, caracterizado por instabilidade e incertezas, obriga as

empresas a se posicionarem com um mínimo de antecipação para enfrentarem esse ambiente de

mudanças, o que torna vital o exercício gerências de planeamento do empreendimento.

Page 33: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

34

Tal fato ocorre também nos órgãos públicos. Sistematicamente, as empresas estão adoptando

procedimentos de identificação de mudanças prospectivas e de tendências de mercados, previsão

de necessidades de recursos e criação de novas maneiras de operar, tendo em vista os objectivos

empresariais ou governamentais. Essa maneira de agir, que usualmente é denominada de

"planeamento estratégico", vem sendo amplamente utilizada no mundo empresarial. Contudo, a

literatura mostra que não há consenso, entre as organizações, em relação à definição de

estratégia, dada à complexidade contida na expressão, cabendo a ele inúmeras definições,

abordando diferentes aspectos.

Segundo Porter (1986), estratégia pode ser definida como a criação e o implemento de acções

ofensivas e defensivas que uma empresa empreende em seu sector de actuação, para enfrentar,

com sucesso, a concorrência de outras empresas, visando garantir sua competitividade e, assim,

obter maior retorno sobre seus investimentos. Portanto, o planeamento estratégico é uma das

ferramentas da administração para lidar satisfatoriamente com processos dinâmicos de mudança

e transformações que, por sua vez, impõem mudanças nas organizações.

Ele passou a ser utilizado a partir dos anos 1970, desenvolvido sob um processo deliberado do

pensamento estratégico,2 no qual a técnica mais clássica era a análise de Swot.

O planeamento estratégico pretende conhecer o ambiente interno para concentrar e direccionar as

forças internas a uma organização, de maneira a que todos os seus funcionários trabalhem na

mesma direcção. Ademais, procura analisar o ambiente externo à organização e adaptá-la a ele,

para que seja capaz de antever o futuro e agir proactivamente, precavendo-se para reagir e

enfrentar os desafios que forem surgindo.

O objectivo é que a organização domine e conduza o processo de transformação e

desenvolvimento, evitando ser envolvida e prejudicada por factores externos, sobre os quais não

tenha ingerência e controle. Isso não significa que o futuro possa ser previamente moldado, mas

que a análise das mudanças e das possibilidades de adaptação aumenta a capacidade da

organização para melhor lidar com eventuais crises que poderão surgir.

Para melhor compreender o planeamento estratégico, é importante não considerá-lo apenas um

método ou uma técnica, mas um enfoque e uma perspectiva para lidar com situações complexas

Page 34: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

35

e processos de transformações acentuados e dinâmicos. Trata-se, então, de uma concepção que

pressupõe um pensamento estratégico e que se desdobra na realização de acções concretas. É

importante frisar que o planeamento estratégico representa um processo contínuo, permanente e

cíclico.

Na década de 1980, ganhou importância a escola da administração estratégica, que trouxe como

novidade a demonstração de que a implementação das estratégias é tão importante quanto a sua

formulação, destacando o lado prescritivo do pensamento estratégico. Ansoff, um dos principais

pensadores dessa escola, defendia a estratégia como um conjunto de regras de decisão para

orientar o comportamento de uma organização.

Na década de 1990, assistiu-se à valorização da gestão estratégica, mediante um enfoque mais

sistémico do processo de planeamento e das funções estratégicas, visando estabelecer a

integração de todos os sectores da empresa, com a finalidade de melhor alocar os recursos para

atingir os objectivos organizacionais. Um processo sistemático e constante de tomada de

decisões, cujos efeitos deverão ocorrer em futuros períodos de tempo, composto de acções

interdependentes e inter-relacionadas que visam ao alcance de objectivos estabelecidos.

Para efeito deste artigo, planeamento estratégico está sendo compreendido como a acção (ou

conjunto de acções) realizada para que se defina a estratégia organizacional e gestão

estratégica como o processo de acção gerências, contínuo e sistemático, que visa assegurar à

organização senso de direcção e continuidade em longo prazo, assim como flexibilidade e

agilidade quotidianas.

Page 35: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

36

CAPITULO III: ESTUDO DE CASO

3.1.TELECOMUNICAÇÕES DE MOÇAMBIQUE (TDM)

A TDM é uma empresa que se dedica à instalação e exploração da rede nacional de

telecomunicações, assim como a venda serviços inerentes às telecomunicações. A TDM foi

criada em 1981, como Empresa Estatal, a partir da separação dos serviços postais dos serviços de

telecomunicações dos antigos CTT – Correios, Telégrafos e Telefones.

Desde a sua criação a empresa passou por algumas transformações, para se adequar à dinâmica

dos contextos da evolução do mercado e do sector das telecomunicações. Com efeito, através do

decreto n.º 23/1992 de 10 de Setembro, a empresa foi transformada em Empresa Pública, TDM

EP, e pela Lei 47/2002 de 26 de Dezembro, passou a ser uma empresa de direito privado,

ostentando o actual estatuto de Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, TDM, SARL,

com 80% do capital social detido pelo Estado e 20% reservado a venda aos colaboradores.

Page 36: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

37

Segundo dados de 2009, a carteira serviços da TDM é fundamentalmente constituída por um

total de 17 serviços, divididos em três categorias pela sua natureza. Em primeiro lugar existem os

Serviços de Comunicação de voz que representam 58,9% serviços da empresa; em seguida os

Serviços de dados e Internet com 35,3% e por último os Serviços de transmissão de imagem com

os restantes 5,8%.

De referir que nos serviços de dados e internet faz parte o serviço TDM banda larga suportado

pela tecnologia ADSL, que é o centro do estudo de caso desenvolvido. Para além das acções que

a empresa detém junto a Mcel, a TDM detém participações em outras empresas, que formam o

Grupo TDM, designadamente TELEVISA, TELEDATA, TVCabo, Listas Telefónicas de

Moçambique – LTM e TELESERVE.

3.1.1.Grupo tdm

A empresa detém participações sociais em cinco empresas com as quais intervém no mercado na

prestação de diversos serviços de telecomunicações. A empresa e através do grupo, alarga assim

a prestação de serviços para as áreas de telefonia móvel, televisão por cabo, soluções

empresariais e serviços de directoria.

As empresas que constituem o Grupo TDM são:

Listas Telefónicas de Moçambique: vocacionada à produção/distribuição de

listas telefónicas. A TDM possui uma participação de 50% do capital social desta

empresa.

Teledata: tem como objecto a transmissão de dados e internet. A TDM é

detentora de 100% do capital social desta subsidiária.

Page 37: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

38

TV Cabo: tem como vocação a provisão de televisão por cabo, multimédia e

internet. Esta subsidiária é resultado duma parceria entre a TDM e o Grupo

Visabeira, sendo que ambas as partes detêm cada uma 50% do capital social.

mCel, Moçambique Celular: vocacionada às comunicações móveis (mormente

na vertente de voz e Internet móvel). A TDM detém 74% do capital social desta

empresa de telefonia móvel, sendo os restantes 26% detidos pelo IGEPE

(Instituto de Gestão de Participações do Estado), em representação do Estado.

Televisa: tem como objecto o planeamento e instalação de redes de acesso e

transmissão. Esta subsidiária é detida em partes iguais pela TDM (50%) e o

Grupo Visabeira (50%).

3.1.2.Principais elementos estratégicos

Com vista a condução excelente dos seus negócios, a TDM estabeleceu como seus principais

elementos estratégicos:

3.1.2.1.Visão

Ser líder nacional na oferta de soluções integradas de comunicações e intervir no mercado

regional.

3.1.2.2.Missão

A TDM (Telecomunicações de Moçambique) definiu como missão "oferecer soluções integradas

de comunicações que respondam às necessidades das organizações e das pessoas, e que

impulsionem o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique".

Page 38: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

39

O principal desafio que a TDM tem actualmente é o aumento da cobertura territorial. Em 2013, a

empresa começou a estudar um plano estratégico de actuação, num horizonte de curto e médio

prazo, recorrendo a um serviço de consultoria em ERM (Enterprise Risk Management).

2.1.2.3.Slogan corporativo

“Pôr as pessoas a comunicar e desenvolver Moçambique”

2.1.2.4.Valores

Serviço ao Cliente: representa a vontade incondicional de prestar apoio aos nossos

clientes para que eles sintam, de facto, que estão em primeiro lugar e que são a razão da

nossa existência;

Inovação: buscar novas soluções que agreguem valor aos processos de negócio da

empresa, tendo em conta a satisfação das necessidades dos nossos clientes ;

Profissionalismo: cumprir com zelo os nossos deveres, buscando constantemente a

excelência;

Integridade: sermos honestos, coerentes e abstermo-nos de interesses pessoais em todos

os nossos actos, salvaguardando os princípios de ética empresarial em prol do benefício

dos nossos clientes e da empresa em si, e assim promover uma imagem institucional de

referência;

Responsabilidade Social: garantir a qualidade de vida dos trabalhadores e promover a

prática de solidariedade como trabalhador e como empresa

De acordo com todos os elementos estratégicos acima expostos, pode-se afirmar que o foco

principal da empresa reside no cliente, visto ser este a razão de existência da empresa. Por isso, a

preocupação da empresa em oferecer a todos seus clientes soluções integradas de comunicação e

que impulsionem o desenvolvimento do país.

3.2.Objectivos organizacionais

Os objectivos da empresa envolvem os seguintes itens:

Prestar serviços com qualidade, transparência e eficácia a todos os clientes;

Estabelecer vínculos profissionais e responsáveis aos tomadores dos serviços;

Page 39: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

40

Qualificar continua e gradativamente o material humano para garantir a qualidade dos

serviços;

Criar mecanismos para adequação do escritório de contabilidade a qualidade total dos

serviços prestados;

Aproximar os clientes através de visitas, cursos, treinamentos, palestras e outros meios, e

demonstrar aos clientes a importância dos serviços contábeis na gestão das empresas

No âmbito da etapa de planeamento estratégico a TDM definiu os seus Objectivos Funcionais

como sendo os seguintes:

Optimizar a utilização dos recursos financeiros subordinados à execução do serviço

público

Promover a sustentabilidade do Telecomunicações de Moçambique

Promover e garantir a qualidade dos meios de Telecomunicação

3.3.Estratégias e políticas

A aposta nas tecnologias inovadoras esteve sempre presente nas estratégias desenvolvidas pela

empresa para condução dos seus negócios, quer para aprimorar os serviços oferecidos, como

para acompanhar a dinâmica do desenvolvimento tecnológico que é “arma” fundamental para

sobrevivência no sector onde a TDM está inserida.

O marco fundamental, no que concerne ao desenvolvimento tecnológico da TDM, registou-se na

década 90 com o início da digitalização da rede de telecomunicações. Actualmente a TDM

possui 100% e 98% das redes de comutação e de transmissão digitalizadas.

Assim sendo, o enfoque da empresa actualmente incide, segundo o director de marketing da

empresa, sobre:

1. Serviço telefónico fixo sem fio suportado pela tecnologia CDMA1;

2. Internet de Banda Larga baseada na tecnologia ADSL2 e

Page 40: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

41

3. Serviços de dados (circuitos alugados e criação de redes).

3.4.POSTURA ESTRATÉGICA

3.4.1.Macroestratégias

A empresa para fortalecer a sua marca e os seus serviços, usa a estratégia de posicionamento. A

melhor forma de perceber o posicionamento de mercado da empresa TDM, parte por entender a

missão e a visão da empresa. Pela larga experiência da empresa neste sector de

telecomunicações, e a expansiva cobertura da empresa a nível nacional, confere-a inúmeras

vantagens diante dos concorrentes.

A aposta da TDM em tecnologias de ponta, visando diversificar e modernizar os serviços

oferecidos, tem um impacto directo no posicionamento estratégico da empresa no mercado. A

escolha destas tecnologias inovativas, em particular a internet de banda larga baseada no ADSL,

visam para a empresa construir uma imagem de diferenciação perante os seus clientes e

potenciais clientes, o que demonstra maior preocupação da empresa com questões valorizadas

pelos clientes.

3.4.2.Macro política

Na TDM as actividades se complementam umas às outras de forma que geram efectivamente

valor económico. Suas vantagens competitivas derivam além da inovação tecnológica, também

da forma como as actividades se compatibilizam e se reforçam mutuamente.

As vantagens competitivas que se podem identificar na empresa TDM, podem-se distinguir das

que derivam especificamente da opção tecnológica (ADSL) e aquelas que derivam de aspectos

organizacionais. Numa altura em que cresce a procura por serviços de transmissão de dados e

internet, principalmente do mercado corporativo (com particular destaque para as PME´s), a

tecnologia ADSL permite à TDM um enorme diferencial competitivo, por ter sido a primeira e

única empresa que fornece o serviço de internet de banda larga com elevados níveis de

desempenho no mercado e com alcance nacional, ganhando vantagem competitiva em termos de

oportunidade e localização.

Page 41: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

42

3.4.3.Tabela 1: Análise fofa

Forças

Maior cobertura geográfica dos

serviços básicos de telecomunicação;

Cobertura da Rede Nacional de

Transmissão em fibra óptica;

Prioridade em soluções tecnológicas

que possibilitem a diversificação de

serviços;

Tarifas mais baratas do mercado nas

chamadas telefónicas nacionais e para o

estrangeiro;

Oferta de internet de banda larga mais

rápida do mercado, com cobertura

nacional.

Fraquezas

Pouca disponibilidade das lojas e

agências da TDM para atendimento ao

cliente;

Aposta insuficiente em campanhas

publicitárias e promocionais dos

serviços da empresa;

Excessivo tempo médio de espera na

instalação dos serviços ao cliente.

Oportunidades

Crescimento do sector de comunicações

e a demanda pela fibra óptica;

Crescimento do número de usuários de

internet e a demanda por maiores

velocidades;

Apetência do mercado nacional por

novas tecnologias de comunicação e

informação;

Integração de Moçambique na rede

internacional submarina de fibra óptica

(Durban à Djibout com uma amarração

em Maputo);

Ameaças

Privilégio do serviço de telefonia móvel

para necessidades de comunicação de

voz;

Introdução na telefonia móvel de

serviço de vídeo telefonia (transmissão

de voz e imagem em tempo real)

Liberalização total do sector de

telecomunicações em Moçambique;

Expansão geográfica das operadoras de

telefonia móvel para zonas rurais;

Aumento de número de provedores de

internet sem fio (wireless) no país;

Page 42: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

43

3.4.4.Campanhas promocionais e informativas

Para o incremento das vendas registadas é de realçar também o contributo directo prestado pelas

campanhas promocionais levadas a cabo pela empresa ao longo do ano de 2009. Das referidas

campanhas importa pontificar:

Campanha promocional do cartão virtual Blá–Blá, nos meses de Janeiro e Fevereiro;

Campanha promocional do serviço TDM Banda-Larga (ADSL), nos meses de Março,

Junho, Agosto e Dezembro;

Campanha promocional do serviço Telefónico Pós-Pago para clientes com idade igual ou

superior a 60 anos, no decurso do mês de Março de 2015;

Campanha promocional do serviço Telefónico Pós-Pago, ocorrida em Junho, Outubro e

Dezembro de 2015.

3.5.DESENVOLVIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA DA REDE

3.5.1.Projectos e planos de acção

No que respeita aos investimentos, as acções estão centradas na estratégia já definida no Plano

Estratégico para o triénio e referentes ao desenvolvimento da infra-estrutura, nomeadamente:

Desenvolver a espinha dorsal da Rede Nacional de Transmissão, (Backbone);

Aumentar a cobertura geográfica dos serviços básicos de telecomunicações;

Evoluir gradualmente para redes NGN (Redes da Nova Geração);

Melhorar a integração regional e internacional;

Melhorar a securização da rede e a gestão operacional integrada da rede.

Tendo em conta os objectivos definidos, bem como o resultado das actividades que já vêm sendo

desenvolvidas e reportadas em anos anteriores, ao longo do ano de 2014 foram concluídos e

colocados em exploração os seguintes projectos:

Page 43: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

44

Projecto que estende a espinha dorsal da rede nacional de transmissão em fibra óptica de

Cuamba a Lichinga, Nampula a Pemba e de Chimoio a Tete.

A extensão da fibra óptica para a fronteira de Machipanda, a partir de Chimoio, e Zóbuè,

a partir de Tete.

Ampliação da capacidade de transmissão de 622 Mbps para 2,5 Gbps no troço Beira -

Quelimane, aumentando assim a disponibilidade de transmissão na Zona Norte do País;

Foi feita a transição da rede CDMA para 800Mhz em zonas de maior concentração. Este

projecto consistiu na substituição das BTs 450Mhz por BTs 800Mhz, num total de 14, na

cidade e província de Maputo. Ainda no âmbito deste projecto foi iniciada a transição

para 800Mhz na Zona Centro e Norte, abrangendo as províncias de Sofala, Tete,

Zambézia e Nampula. Este projecto visa aumentar a cobertura e providenciar serviços de

internet com melhor qualidade.

3.5.2.Novos planos de acção

Uma das apostas da empresa é promover a migração da sua rede actual para uma rede de nova

geração. Ao longo do ano de 2015 foi contratada uma consultoria para fazer o estudo da

estratégia para esta migração. Como resultado foram lançados dois concursos, um para a nova

central de trânsito internacional em IP, e outro para a nova plataforma da Rede Inteligente, para o

suporte aos serviços do pré-pago.

Foi assinado um contrato para a expansão da Rede de Acesso ao longo do Backbone (14 locais),

que vai abranger algumas sedes de distritos e localidades, através da solução CDMA EV-DO

800Mhz com serviços de voz, dados e Internet.

Os locais a serem servidos são: Metoro, Chiure, Namapa, Nacarôa, Massangulo, Mandimba,

Vandúzi, Catandica, Guru, Changara, Zóbuè, Doa e Mutarara, nas províncias de Cabo Delgado,

Niassa, Tete e Manica, respectivamente.

3.5.3.Análise económica e financeira do exercício

A empresa apresenta resultados operacionais positivos pelo terceiro ano consecutivo. Estes

resultados estão directamente ligados ao conjunto de medidas estruturais adoptadas a partir do

ano de 2012, que tinham como objectivo melhorar a performance financeira da empresa.

Page 44: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

45

Não obstante o desempenho positivo da empresa, o que é reflectido pelo montante dos resultados

operacionais alcançados, os quais são próximos dos alcançados no ano anterior, os resultados

líquidos do exercício de 2013 foram fortemente afectados pela depreciação da moeda nacional, o

metical, face ao dólar e euro, principais moedas do passivo da empresa.

Os resultados financeiros foram negativos em 188 milhões de MT como resultado do descrito em

relação à depreciação da moeda nacional, pois o impacto das diferenças cambiais foi negativo

em cerca de 285 milhões de MT, valor muito superior ao líquido em receitas financeiras, em

cerca de 97 milhões de meticais.

3.5.4.Proveitos operacionais

A empresa registou um crescimento de receitas superior ao ano anterior, na ordem de 9% (2%

em 2014). Este aumento está muito ligado ao desenvolvimento e crescimento do negócio de

circuitos alugados, bem como no aumento de outros proveitos operacionais (serviço das listas

telefónicas e aluguer de espaços). É de sublinhar ainda que se registou um aumento de receitas

de 9%, apesar de a empresa ter diminuído o seu tarifário, em particular nos circuitos alugados e

nos serviços de Internet.

Nas várias rubricas de receitas, com excepção do serviço fixo, todas as rubricas apresentam taxas

de crescimento positivas. No serviço fixo, chamamos atenção ao crescimento do serviço de

Internet ADSL, cujas receitas atingiram cerca de 216 milhões de MT (161 milhões de MT em

2014).

De notar que o forte crescimento na área de aluguer de circuitos, 22% (10% em 2014), está

ligado ao crescimento real do parque instalado nesta área, fixado em 3.780 (2.943 em 2014).

Na estrutura de receitas da empresa mantém-se a preponderância do serviço de telefonia fixa,

com um peso de 36% (39% em 2014), seguido das rubricas de circuitos alugados e repartição

com outras administrações, com os pesos de 34% (30% em 2008), e 21% (22%, em 2014),

respectivamente.

3.5.5.Situação patrimonial e financeira

O total do activo da empresa teve um crescimento de cerca de 9% (8% em 2014), contra um

crescimento do passivo na ordem de 24% (12% em 2014). A dívida remunerada teve um

Page 45: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

46

crescimento de cerca de 18% (13% em 2014) face a utilização de empréstimos para o

financiamento da Rede Nacional de Transmissão, bem como o impacto da depreciação do MT

face ao dólar e euro, principais moedas da dívida da empresa. Como resultado, a dívida líquida

teve um crescimento de 22% (12% em 2014).

3.5.6.TABELA 2: Indicadores económico-financeiros

Nos indicadores apresentados nota-se uma deterioração geral dos rácios, algo que se projecta ser

temporário e resultado do crescimento intensivo da empresa nos últimos anos. Este crescimento

obriga a níveis de endividamento que afectam os rácios, no entanto, vai permitir à empresa

encarar o futuro com melhores perspectivas de crescimento.

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS U:103MT

2014 2015

RESULTADOS OPERACIONAIS 180.252 174.433

Resultados Financeiros -39.135 -188.264

Resultados Extraordinários -2.326 58.023

RESULTADOS ANTES DOS IMPOSTOS 138.791 44.192

Resultado Líquido do Exercício… 138.791 44.192

3.5.7.Responsabilidade social

No decorrer do exercício passado, a empresa iniciou uma reflexão sobre a sua Responsabilidade

Social e que culminou com a aprovação de ideias claras que irão orientar a empresa nesta área.

Essas ideias estão já contidas em documento que se espera venha a merecer a aprovação do

Conselho de Administração no presente ano.

Assim, nos factores que determinam a escolha dos apoios a desenvolver, relevamos os seguintes:

o enquadramento das acções na Política definida, a componente financeira e a sustentabilidade

Page 46: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

47

dos projectos escolhidos. Em paralelo, a empresa decidiu continuar a desenvolver acções de

Responsabilidade Social nas áreas onde já tem vindo a apoiar, como a Cultura, Educação, Saúde

e Desporto.

3.6.Construção de Cenários

A construção de cenários tem o objectivo de analisar as condições em que a empresa poderá

desenvolver suas actividades, caso seus serviços não atinjam o montante estimado 50 como

ideal, pois apesar de as projecções terem sido feitas com base em dados colectados a fim de que

fossem as mais reais possíveis, podem ocorrer variações.

TABELA 3: Balanço em 31 de Dezembro de 2014

Notas 2015 2014

Activo corrente

Meios circulantes materiais 30 43.304.599 38.799.558

Clientes 31 792.086.752 733.568.602

Devedores 32 1.148.159.070 1.454.086.663

Caixa e Bancos 33 404.451.496 401.637.073

Acréscimo de proveitos e custos diferidos 34 267.430.858 219.745.438

2.655.432.775 2.847.837.334

Passivo corrente

Empréstimos bancários 35 658.516.818 457.626.063

Fornecedores 36 1.189.466.891 642.478.016

Credores 37 502.499.892 620.125.651

Provisões para riscos e encargos 21 32.990.642 32.783.279

Acréscimo de custos e proveitos diferidos 38 227.992.641 156.194.272

2.611.466.884 1.909.207.281

Page 47: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

48

43.965.891 938.630.053

Activo corrente liquid

Meios imobilizados 7 5.707.017.079 4.823.438.323

Imobilizações líquidas 5.750.982.970 5.762.068.376

Passivo de médio e longo prazo

Provisões para riscos e encargos 21 219.631.661 232.323.918

Empréstimos bancários 35 1.554.986.547 1.422.461.439

Acréscimo de custos e proveitos diferidos 38 587.058.312 455.671.214

2.361.676.520 2.110.456.571

Fundos próprios

Capital social 23 2.800.000.000 2.800.000.000

Reservas 22 517.877.049 510.937.506

Reserva de investimento 22 e 32 - 88.338.580

Fundo social dos trabalhadores 22 - 16.041.667

Resultados transitados

22 27.237.248 97.503.187

Resultado líquido do exercício 44.192.153 138.790.865

3.389.306.450 3.651.611.805

5.750.982.970 5.762.068.376

3.6.1.Resultados e discussão

Do estudo realizado emergiram questões e procedimentos que sinalizam pontos frágeis na gestão

do trabalho, tais como: proporção elevada de profissionais não servidores; baixa definição, em

termos de quantidade e de qualificação, do quadro de pessoal necessário para o cumprimento da

missão institucional; carência de estudos em relação ao futuro da TDM e que possibilitariam

maior clareza e segurança para a tomada de decisões; ênfase no modelo de avaliação de

desempenho com foco no incremento da remuneração pela via da gratificação, em detrimento da

vinculação com o cumprimento de actividades finalísticas da instituição; ausência de um código

Page 48: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

49

de ética do servidor da TDM e diversidade de formas de contratação de pessoal e de concessão

de salários e de benefícios.

Entretanto, apesar das dificuldades existentes, é possível observar que a instituição vem

desenvolvendo esforços significativos para fortalecer a área de recursos humanos, mediante a

criação e a implementação de instrumentos de gestão participativa, tais como a Mesa de

Negociação, a Câmara Técnica de Gestão do Trabalho, a Comissão Interna do Plano de

Carreiras, envolvendo gestores e trabalhadores da instituição no processo de construção de

referenciais e de indicadores para transformar a situação da força de trabalho da TDM.

Às medidas empreendidas no plano institucional, somam-se as acções realizadas pela

Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc) que, na defesa dos direitos e

garantias dos seus associados, organiza movimentos políticos e sindicais, além de integrar

instâncias colectivas institucionais de decisão.

Os debates, discussões e proposições, ocorridas no interior da instituição nos últimos anos,

resultaram em um conjunto de directrizes orientadoras das acções a serem desenvolvidas,

expressas no Plano Quadrienal da Fiocruz 2005/2008, no item "Política da Fiocruz para a área da

gestão do trabalho", entre as quais:

Aumentar o quadro de servidores pela via do concurso público e regular as outras formas

de incorporação de profissionais, buscando assegurar a todos os trabalhadores, os

mecanismos de protecção social garantidos em lei;

Valorizar o trabalhador que actua na instituição, independente do tipo de vínculo, zelando

por sua qualidade de vida;

Considerar mecanismos de remuneração adicional alternativos ao adicional de titulação,

para permitir que outras áreas, distintas das actividades de ensino e pesquisa, detenham

condição equivalente de acréscimo remuneratório.

Com respeito às propostas de acção, merecem ser realçadas:

Implantar um programa de desenvolvimento e gestão do trabalho que considere a

diversidade de áreas de actuação da TDM, as exigências da carreira em uma instituição

Page 49: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

50

pública de ciência e tecnologia aplicadas à saúde e que inclua um projecto de educação

permanente e outro de acompanhamento e avaliação individual, compatível com

indicadores de produtividade;

Estabelecer padrões e indicadores que orientem as indicações para os cargos

comissionados e funções gratificadas, a partir de critérios como competência técnica para

o exercício da função, experiência, dedicação, compromisso institucional, observando as

peculiaridades de cada unidade que compõe a entidade;

Ampliar as acções de capacitação dos servidores, elevando o grau de titulação em todos

os níveis de escolaridade, de acordo com as necessidades e demandas da instituição.

Conhecer as práticas da gestão de recursos humanos de uma instituição significa entender os

mecanismos operacionais, administrativos e normativos relacionados às questões e às

características do ambiente organizacional que interferem na sua implementação. Logo, é preciso

considerar a diversidade de situações e graus de complexidade própria de cada instituição,

incluindo o perfil profissional (formação) e tipos de vínculos dos trabalhadores que nela actuam.

As transformações que ocorrem no sistema capitalista e que influenciam na dinâmica e na

configuração da sociedade ocidental, provocando marcantes mudanças nas relações e nos

processos de trabalho, motivam a substituição do paradigma de "departamento de administração

de pessoal" pela denominada "gestão estratégica de recursos humanos".

No caso específico da TDM, a questão dos recursos humanos é uma preocupação e uma

iniciativa institucional relativamente recente, que vem se desenvolvendo de maneira lenta,

procurando superar o padrão instituído e o estigma historicamente arraigado de "departamento de

administração de pessoal", nem sempre com sucesso, seja devido à baixa compreensão, por parte

do conjunto dos trabalhadores, da importância e da necessidade da decisão de que a instituição

possua uma área de recursos humanos forte, influente, direccionada para as demandas actuais e

futuras das actividades da instituição, seja por resistências internas, conjunturais, que dificultam

os avanços.

Page 50: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

51

O estudo realizado, e que sustenta este artigo, mostra que hoje a questão dos recursos humanos

na TDM ainda é tratada de maneira bastante tradicional, com a limitada visão do ultrapassado

"departamento de administração de pessoal".

Assim, em relação aos esforços e incentivos de carácter institucional (como a criação do

programa de capacitação profissional para o desenvolvimento ins-titucional),observa-se, na

TDM, que a maioria das questões relacionadas a recursos humanos permanece com o carácter

trabalhista e operacional.

Percebe-se um divórcio entre o discurso idealizado, em que se classificam os recursos humanos

como estratégicos e a prática organizacional, que ainda é eminentemente operacional, baseada

em actividades tradicionais do antigo "departamento de administração de pessoal", de cunho

mecanicista, taylorista e burocrático, não tratados como activo estratégico organizacional. Ou

seja: ainda está em gestão uma cultura institucional que prioriza o planeamento estratégico de

recursos humanos, assumido como uma das formas de inovar a gestão.

Fazer parte do Plano Plurianual do sector Saúde do governo nacional constituiu um avanço para

a Fiocruz, considerando o alinhamento do seu planeamento estratégico com as directrizes

políticas globais do governo federal.

3.7.Considerações finais

Diante de um contexto caracterizado por grandes transformações, vem ganhando adeptos um

movimento no sentido de tornar imperiosa a formulação e a implantação de um modelo de

formação e de gestão da força de trabalho baseado no enfoque das competências profissionais,

figurando como alternativa mais viável para alinhar a política de recursos humanos às directrizes

e estratégias institucionais. É importante que sejam criados instrumentos de planeamento que

dêem subsídios à relação entre as pessoas e a instituição, os quais, simultaneamente, devem

favorecer a integração da gestão de recursos humanos com as estratégias organizacionais.

Os resultados obtidos do estudo possibilitaram observar a ausência de indicadores de recursos

humanos, não permitindo avaliações objectivas de desempenho em relação a acções, metas e

resultados previamente fixados para aferir, também, o desempenho institucional. Ainda no

Page 51: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

52

tocante a esse tema, foi possível verificar a relação existente entre a gestão por competência e a

gestão de desempenho, por ele expressar a competência de pessoas, de equipas e de

organizações. Assim, é indicada a aplicação concomitante dessas duas ferramentas, visando

direccionar esforços em torno de objectivos e metas organizacionais, mormente pelo fato de que

a gestão por competências e a gestão de desempenho complementam-se num contexto mais

amplo de gestão organizacional.

Quanto ao aspecto concurso, os realizados pela TDM (1996, 1998, 2002 e 2006) ainda não

ofereceram número de vagas suficiente para a consecução de sua missão institucional nem,

tampouco, para substituir a totalidade da força de trabalho em situação precária.

É preciso ressaltar que, para concretizar uma gestão de recursos humanos coerente com a

modernização institucional exigida pelos requerimentos de excelência e qualidade dos serviços

prestados ao cidadão, torna-se crucial instituir um sistema de incentivos (o que pode ser

assegurado em plano de cargos e carreiras), atrelado a um processo de avaliação anual das

actividades cumpridas bem como do potencial que cada profissional apresenta, podendo,

inclusive, ser utilizadas técnicas empregadas no mercado de trabalho privado. Técnicas de

promoção que valorizem a experiência profissional também podem ser aplicadas, como forma de

reconhecer e de manter profissionais na instituição, em especial aqueles que, apesar de não

possuírem titulação, são respeitados pelo notório saber em determinada área de conhecimento.

Ainda considerando o caso específico da TDM, alguns problemas relativos à questão dos

recursos humanos que emergiram do estudo merecem destaque e aprofundamento, entre eles:

existência de um movimento interno reactivo a uma "cultura estratégica", facilitadora para a

resolução de problemas identificados na gestão de recursos humanos; carência de directrizes

claras e transparentes para a área de recursos humanos; insuficiência de profissionais de recursos

humanos devidamente qualificados; abordagem tradicional (e não estratégica) da temática de

recursos humanos nas instâncias deliberativas da instituição, o que pode sugerir visão distorcida

dos gestores quanto à apreciação e análise de temas da área; legislação exorbitante quanto às

exigências inerentes aos processos administrativos e procedimentos operacionais de recursos

humanos; e contratações não revestidas de planeamento associado a directrizes institucionais.

Page 52: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

53

Cabe ainda dizer que o diferencial que marcou o estudo não reside numa pretensa novidade ou

no delineamento de práticas de recursos humanos nunca imaginadas ou inteiramente ausentes no

quotidiano das instituições públicas. O diferencial está na compreensão e na articulação das

práticas de recursos humanos à luz da gestão estratégica de recursos humanos em saúde e da

gestão por competências. Ademais, foi esse o referencial teórico determinante das características

metodológicas do estudo.

Por fim, espera-se que os resultados alcançados com este artigo possam ser uma contribuição

valiosa para auxiliar a TDM e o serviço público no campo da gestão de recursos humanos.

Particularmente, ante sua posição no Sistema Único de Saúde e no Sistema Moçambicano de

C&T em Saúde, espera-se que, mediante maior qualificação e comprometimento de seus

recursos humanos, o que decorre de uma melhor gestão, a TDM possa ampliar seus espaços de

actuação, colaborando mais incisivamente para a saúde da população Moçambicana.

CAPITULO IV: CONCLUSÕES

Conclusão

Após realizar esta Monografia, que se pretende em conclusão, é possível inferir o quanto ainda

se pode discutir acerca da realidade de órgãos administrativos que devem encontrar métodos

eficazes para modificar o trabalho de alguns funcionários que, por se sentirem assegurados pela

efectivação, terminam por demonstrar comodismo e despreocupação mediante às funções a

serem executadas.

Diante dessa problemática, foram feitas indagações e foram encontradas possíveis causas, bem

como soluções, para o problema. Ao desenvolver pesquisas sobre Gestão de Pessoas foi possível,

ainda, analisar alguns conceitos que podem ser observados na aplicabilidade de certas

instituições públicas, o que ocasionaria melhor desempenho na realização de serviços pertinentes

a cada ambiente.

Page 53: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

54

Sendo assim, observou-se que não adianta apenas desenvolver estudos teóricos que discutam

essa realidade, mas que através deles se possam criar métodos avaliativos a fim de modificar a

realidade de alguns órgãos públicos deficientes em organicidade, dentre outros problemas não

menos importantes. Se os conceitos aqui discutidos fossem aplicados à prática, muitas

modificações poderiam ser concretizadas.

O que não pode deixar de ser considerado, no entanto, é o fato de que os conceitos expostos ao

longo desse artigo foram sobremaneira importantes para evidenciar que algumas entidades

públicas devem observar com mais sobriedade para os serviços que pode realizar através da

implantação da Gestão de Pessoas, o que não pode acontecer de uma hora para outra, mas pode

acontecer, principalmente, a partir de reflexões sobre o modo como qualquer serviço é realizado,

afinal o objectivo de toda entidade pública, directa ou indirectamente, é propiciar à sociedade

melhores condições existenciais e, para isso ocorrer, deve-se observar com criticidade as acções

efectivadas no quotidiano administrativo de modo a conscientizar a importância que o

profissional representa para o espaço em que actua.

Bibliografia

FUNDIBEQ. Modelo iberoamericano de excelência en la gestión. Fundação Iberoamericana para

a Gestão da Qualidade. 2005. Disponível em: <www.fundibeq.org/DePortada/AModelo.html>.

Acesso em: 24 Outubro. 2015.

LEFÈVRE, Fernando; LEFÈVRE, Ana Maria, C. Discurso do sujeito colectivo: um novo

enfoque em pesquisa qualitativa. 2. ed. Caxias do Sul/RS: Educs, 2005.

LOBATO, D. M. et al. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

MELLO, M. L. B. C. Gestão estratégica de recursos humanos em uma instituição pública de

ciência e tecnologia: o caso TDM. 2007. Dissertação (Mestrado) - Escola Nacional de Saúde

Pública Sergio Arouca, TDM. Disponível em: <

Page 54: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

55

http://bvssp.cict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/2/4/1042-mellomlbcm.pdf>. Acesso em: 15 set.

2015.

PAIVA, Vanilda. Qualificação, crise do trabalho assalariado e exclusão social. In: GENTILI, P.;

FRIGOTTO, G. (Orgs.). A cidadania negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho.

Buenos Aires: Glacso, 2000.

PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência.

Rio de Janeiro: Campus, 1986.

RAMOS, M. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? São Paulo: Cortez, 2001.

RODRÍGUEZ, A. P. O. Capacitação de recursos humanos: o convénio TDM e sua adequação às

actividades finalísticas da instituição. 2004. Dissertação (Mestrado) - Escola Nacional de Saúde

Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro, 2004.

APÊNDICES

1.Qual a responsabilidade da área de gestão de pessoas na TDM?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

2. Quais os objectivos da gestão de pessoas na TDM?

Page 55: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

56

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

3.Diferentes visões da função de RH na TDM?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

4.Fale sobre a evolução da gestão de pessoas em Moçambique.

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

5.Como a gestão de pessoas pode ser eficaz e eficiente na TDM?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

6.Quais são os principais factores que interferem nas relações de trabalho e no desempenho de

indivíduos e de grupos nas organizações?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

7.Por que as pessoas vêm sendo apontadas como factor estratégico para as organizações?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

8.Quais as representações gráficas mais utilizadas na TDM?

Page 56: O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia

57

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

9.Quais as principais actividades da área de administração de pessoal na TDM?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________