modelo de macro-finanÇas para a estrutura a termo da taxa...

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i FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA MODELO DE MACRO-FINANÇAS PARA A ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE JUROS COM VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA: APLICAÇÃO AO CASO BRASILEIRO. ENRIQUE GERMANO CACICEDO CIDAD ORIENTADOR: PROF. DR. MÁRCIO POLETTI LAURINI Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM EECCOONNOOMMIIAA

“MODELO DE MACRO-FINANÇAS PARA A ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE

JUROS COM VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA: APLICAÇÃO AO CASO

BRASILEIRO”.

EENNRRIIQQUUEE GGEERRMMAANNOO CCAACCIICCEEDDOO CCIIDDAADD

ORIENTADOR: PROF. DR. MÁRCIO POLETTI LAURINI

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012.

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“MODELO DE MACRO-FINANÇAS PARA A ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE JUROS COM VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA: APLICAÇÃO AO CASO

BRASILEIRO”

ENRIQUE GERMANO CACICEDO CIDAD

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças & Controladoria.

ORIENTADOR: MÁRCIO POLETTI LAURINI

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012.

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“MODELO DE MACRO-FINANÇAS PARA A ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE JUROS COM VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA: APLICAÇÃO AO CASO

BRASILEIRO”

ENRIQUE GERMANO CACICEDO CIDAD

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças & Controladoria.

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor MÁRCIO POLETTI LAURINI (Orientador) Instituição: Ibmec-RJ _____________________________________________________

Professor RODRIGO NOVINSKI Instituição: Ibmec-RJ _____________________________________________________

Professor JOÃO FROIS CALDEIRA Instituição: UFRGS

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012.

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332 C565m

Cidad, Enrique Germano Cacicedo. Modelo de macro-finanças para a estrutura a termo da taxa de juros com volatilidade estocástica: aplicação ao caso brasileiro. / Enrique Germano Cacicedo. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2012. 46p.; 29 cm. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Finanças e controladoria. Orientador: Dr. Prof.Márcio Poletti Laurini

1. Macro-finanças. 2. Estrutura a termo da taxa de juros. 3. Volatilidade estocástica. 4. Estimação Bayesiana. I. Cidad, Enrique Germano Cacicedo. II. Dr. Prof. Márcio Poletti Laurini. III. Modelo de macro-finanças para a estrutura a termo da taxa de juros com volatilidade estocástica: aplicação ao caso brasileiro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e meu irmão, que sempre me apoiaram incondicionalmente, a todos

os professores do mestrado do Ibmec pelos conhecimentos transmitidos, em especial ao meu

professor orientador Márcio Laurini pelas excelentes aulas e pela presteza e apoio na

orientação do meu trabalho, aos meus colegas de classe pela importantíssima troca de

experiências durante esses dois anos e, por último, à Eletrobras pela oportunidade e apoio

financeiro.

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RESUMO

Neste trabalho estimamos uma extensão do Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel com

volatilidade estocástica e fatores macroeconômicos através de dados mensais do Brasil para o

período entre janeiro de 2003 e agosto de 2011. Neste modelo, os fatores latentes seguem uma

dinâmica VAR(1) em conjunto com os fatores macroeconômicos, permitindo uma interação

bidirecional entre a curva de juros e variáveis macroeconômicas, o fator de carga é variante

no tempo e as volatilidades dos fatores e da curva de juros seguem processos latentes

dinâmicos. A presença de não linearidade e sobreparametrização na especificação do modelo

nos fez optar pelo método bayesiano de estimação de Markov Chain Monte Carlo. O resultado

obtido foi um ganho no ajuste da curva de juros comparado com o modelo original de Diebold

& Li (2006).

Palavras Chave: Macro-Finanças, Estrutura a Termo da Taxa de Juros, Volatilidade

Estocástica, Estimação Bayesiana.

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ABSTRACT

We estimated an extension of the Dynamic Nelson-Siegel with stochastic volatility and

macroeconomic factors using monthly data for Brazil in the period between January 2003 and

August 2011. In our model, latent factors follow a VAR(1) dynamics along with

macroeconomic factors, allowing a bidirectional feedback between the yield curve and the

macroeconomic variables, the factor loading is time varying and the factors and yield curve

volatility follow dynamic latent processes. The presence of non-linearity and

overparametrization in the model specification lead us to choose the Monte Carlo Markov

Chain method to estimate factors and parameters. The result was a gain in fit for the yield

curve compared to the original specification of Diebold & Li (2006).

Key Words: Macro-Finance, Term Strucuture of Interest Rates, Stochastic Volatility,

Bayesian Estimation.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 LITERATURA DE MACRO-FINANÇAS .............................................................. 4

2.1 MODELOS AFIM LIVRE DE ARBITRAGEM....................................................................................... 4

2.2 MODELOS DINÂMICOS DE NELSON-SIEGEL .................................................................................. 7

2.3 MODELO DINÂMICO DE NELSON-SIEGEL COM FATORES MACROECONÔMICOS E VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA .................................................................................................................. 11

3 ESTIMAÇÃO E RESULTADOS ......................................................................... 13

3.1 DADOS UTILIZADOS ............................................................................................................................. 13

3.2 MÉTODO DE MARKOV CHAIN MONTE CARLO ............................................................................ 15

3.3 RESULTADOS OBTIDOS ....................................................................................................................... 19

4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 29

APÊNDICE A – MODELOS AFIM LIVRE DE ARBITRAGEM .................................. 33

APÊNDICE B – ALGORITMOS DE MARKOV CHAIN MONTE CARLO ................. 36

APÊNDICE C – MEDIDAS DE AJUSTE ................................................................... 38

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1 INTRODUÇÃO

A estrutura a termo da taxa de juros, ou curva de juros, é uma curva que descreve a

relação entre as taxas de juros de diferentes maturidades em um mesmo instante e as

respectivas diversas maturidades de títulos da mesma categoria de risco de crédito. As

informações contidas na estrutura a termo são relevantes para tomadas de decisão tanto de

formuladores de política econômica quanto profissionais do mercado financeiro, como

economistas e gestores de carteira. A estimação e previsão correta da curva de juros são

importantes para precificação de títulos, gestão de risco de juros e previsão sobre condições

futuras da economia.

No tocante à modelagem da estrutura a termo da taxa de juros, as literaturas de finanças e

macroeconomia se mostram desconexas. Na literatura de finanças, a estrutura a termo é

descrita por um conjunto de fatores dinâmicos não observáveis que explicam toda a curva

(tanto as taxas de curto prazo como as mudanças de prêmio de risco que determinam as taxas

de longo prazo), como em Litterman e Scheinkman (1994), Duffie e Kan (1996) e Diebold &

Li (2006) que, no entanto, não tem nenhuma interpretação econômica. Já em Macroeconomia

a taxa de juros é um instrumento de política monetária determinada pelo Banco Central tendo

em vista outras variáveis macroeconômicas e a taxa de juros de longo-prazo é geralmente

vista como formada pela expectativa das futuras taxas de curto-prazo (Hipótese das

Expectativas). No entanto, a literatura mostra que os modelos de estrutura a termo baseados

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em variáveis macroeconômicas têm uma performance inferior aos modelos de fatores latentes

da literatura de finanças (DEWATCHER & LYRIO, 2006).

Para Rudebusch (2010), um modelo conjunto de macroeconomia e finanças é capaz de

trazer sinergias na modelagem da estrutura a termo das taxas de juros. Dessa forma, uma

recente literatura conhecida como de macro-finanças tem formulado modelos com estruturas

de curva de juros multi-fatores que incorporam variáveis macroeconômicas e financeiras.

Rudebusch et al. (2006) sugere diversas vantagens para a aplicação de um modelo

conjunto de macro-finanças para a estrutura a termo da taxa de juros em comparação com os

modelos tradicionais de finanças e macroeconomia. A primeira vantagem seria que modelos

de macro-finanças identificam que taxa de juros e demais variáveis macroeconômicas

evoluem em conjunto ao longo do tempo, influenciando umas as outras, enquanto modelos

tradicionais de finanças relacionam a curva de juros apenas a valores correntes e passados da

taxa de juros. Além disso, esses modelos permitem que os prêmios de risco dependam das

variáveis macroeconômicas, o que está de acordo com investigações empíricas em mercados

de renda fixa1 e, também, permite que os prêmios de risco variem ao longo do tempo.

Os modelos de estrutura a termo mais comuns na literatura de Macro-Finanças são os

Afim livre de arbitragem e os Modelos Dinâmicos de Nelson-Siegel. Os Modelos Afim livre

de arbitragem têm fundamentos sólidos na teoria de finanças e possuem a vantagem de serem

tratáveis, no sentido de apresentar solução fechada. Entretanto, esses modelos mostram

resultados empíricos fracos para previsão de séries de tempo de rendimentos de títulos e

apresentam problemas para estimação que são reflexos de modelos sobre-parametrizados

(CHRISTENSEN ET AL., 2010). Os modelos dinâmicos de Nelson-Siegel são modelos

paramétricos que não trazem o rigor teórico dos modelos afim, mas possuem a vantagem de

1 Por exemplo, Cochrane e Piazzesi (2005)

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apresentar boa performance empírica na modelagem da estrutura a termo da taxa de juros,

principalmente no quesito previsão (DE POOTER, 2007).

Até o momento poucas aplicações de modelos de curva de juros para o Brasil

incorporaram variáveis macroeconômicas, sendo a maioria através de modelos afim livre de

arbitragem. Além disso, esses modelos negligenciam a presença de volatilidade variante no

tempo que pode influenciar a curva de juros para as taxas de médio e longo prazo, afetando

principalmente a sua curvatura (NIU, 2007; LITTERMAN ET AL., 1991; CHRISTIANSEN

& LUND, 2005). Modelos fatoriais de estrutura a termo que incorporam presença de

volatilidade da taxa de juros de curto-prazo geralmente mostram melhores resultados do que

aqueles que desconsideram esse aspecto (ver KALIMIPALLI & SUSMEL, 2004).

Dessa forma, esse trabalho visa abordar o problema de estimação da curva de juros para o

Brasil de uma forma interdisciplinar buscando compreender a relação entre a estrutura a termo

da taxa de juros e as variáveis macroeconômicas que a influenciam, assim como testar a

capacidade de melhora no ajuste da curva que a inserção destas variáveis e da modelagem da

volatilidade estocástica podem trazer.

A dissertação está dividida da seguinte forma: no capítulo 2 será apresentada uma revisão

da literatura de macro-finanças discutindo os modelos Afim Livre de Arbitragem e dinâmicos

de Nelson-Siegel e resultados obtidos por eles, sendo que na parte 2.2.2 introduziremos o

Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel com fatores macroeconômicos e volatilidade estocástica

que será utilizado na parte empírica; no capítulo 3 serão apresentados os dados utilizados na

aplicação do modelo e o método de estimação de escolhido, concluindo com uma análise dos

resultados obtidos e ao final, uma conclusão sumarizando a realização do trabalho.

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2 LITERATURA DE MACRO-FINANÇAS

2.1 MODELOS AFIM LIVRE DE ARBITRAGEM

Os modelos Afim livre de arbitragem presentes na literatura de Macro-Finanças utilizam a

hipótese de não-arbitragem e desenvolvem através de resultados conhecidos da teoria de

finanças uma estrutura a termo da taxa de juros aonde os preços dos títulos são uma função

exponencial afim das variáveis de estado (ver Apêndice A para mais detalhes).

Ang & Piazzesi (2003) usa uma especificação em tempo discreto dos modelos

Gaussiano-Afim da literatura de finanças com prêmio de risco variando no tempo. Enquanto

os modelos originais utilizam apenas dados de yields nominais de títulos para explicar a curva

por fatores latentes, ou seja, não observáveis, os autores acrescentam variáveis

macroeconômicas através de uma Regra de Taylor para a taxa de juros de curto prazo,

descrita por uma função afim da inflação anual e do desvio do PIB com relação ao seu

potencial.

Dessa forma, o modelo une três fatores latentes da estrutura a termo a variáveis

macroeconômicas em uma dinâmica do tipo VAR que definem conjuntamente as yields de

curto prazo dos títulos. A dinâmica nesse caso é unidirecional, onde as variáveis

macroeconômicas ajudam a determinar as yields, porém estes os fatores latentes não

influenciam a dinâmica das variáveis macroeconômicas.

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Os autores concluem que choques na variável hiato do produto têm impacto significativo

nas taxas de médio prazo e na curvatura da estrutura a termo da taxa de juros, enquanto

choques de inflação têm efeitos significativos sobre o nível da estrutura a termo da taxa de

juros. Além disso, os fatores macroeconômicos explicam até 85% da variação prevista das

taxas para longos horizontes nas partes de maturidades curtas e médias da curva, entretanto,

não têm impacto significativo na parte de longas maturidades da curva. Além disso, a

imposição de restrições de não-arbitragem melhora as previsões fora da amostra para

dinâmicas VAR comparado com os modelos da literatura de macroeconomia.

Numa abordagem diferente, Bekaert et al. (2010) incorporam a uma estrutura a termo

de taxa de juros Gaussiano-Afim fatores macroeconômicos que seguem um modelo Novo

Keynesiano. O autor utiliza cinco fatores macroeconômicos: três observáveis (inflação, hiato

do produto e taxa de juros de curto prazo) e dois não observáveis (meta de inflação2 e o

produto natural).

Esse modelo é formado por uma equação de demanda agregada (IS) intertemporal

derivada da maximização de uma função de utilidade assumindo-se persistência de hábito de

consumo dos agentes, uma equação de oferta agregada (AS) que relaciona inflação ao hiato

do produto, uma regra de Política Monetária onde a autoridade monetária determina a taxa de

juros nominal via uma média ponderada de uma taxa estabelecida por uma Regra de Taylor

forward-looking e taxas de juros passadas e ainda um processo estocástico para a meta de

inflação onde a autoridade monetária leva em conta as expectativas dos agentes e as taxas de

inflação passadas para determinar a meta. A dinâmica do modelo é dada por um VAR

simples.

Neste modelo a curva IS é consistente com o núcleo de apreçamento do modelo afim

e, por construção, o prêmio de risco não varia ao longo do tempo. O autor conclui que

2 Ao contrário do Banco Central do Brasil, o Federal Reserve não anuncia metas de inflação.

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choques na metade e inflação explicam mais de 50% das variações no nível da curva de juros

em todos os horizontes de tempo, sendo que mais de 75% para horizontes de tempo mais

curtos. Já choques na política monetária explicam mais de 90% da variação na inclinação da

curva de juros para horizontes de tempo mais curtos e 60% da curvatura da curva de juros

para todos os horizontes de tempo.

Rudebusch & Wu (2008) também combina uma estrutura a termo de taxa de juros

Gaussiano-Afim com fatores macroeconômicos que seguem um modelo Novo Keynesiano.

No entanto, agora a taxa de juros nominal é determinada por uma função linear de dois fatores

latentes que representam o nível e a inclinação da curva de juros, onde esses fatores podem

ser interpretados, respectivamente, como a meta de inflação perseguida pelo Banco Central e

a resposta cíclica do Banco Central a desvios da inflação com relação à meta. Além disso, o

modelo contém outras duas equações para inflação e produto. A Dinâmica do modelo é dada

por um VAR.

Niu (2007) propõe um modelo que incorpora volatilidade estocástica a um modelo de

macro-finanças Afim livre de Arbitragem de estrutura a termo da taxa de juros. Nesse

modelo, o preço do risco, que nos modelos Afim livre de Arbitragem tradicionais é uma

função afim dos fatores, passa a ser determinado pela matriz de variância-covariância dos

choques de inovações do VAR que por sua vez segue um processo auto-regressivo de

Wishart. Através de simulações, os autores concluem que o os efeitos estocásticos dos

choques na matriz de variância-covariância de inovações do VAR tem impacto importante

sobre as yields de maturidade média e longa e que esse fator de volatilidade se aproxima do

fator de curvatura da estrutura a termo da taxa de juros.

No caso brasileiro, Shousha (2008) desenvolve um modelo afim com dois fatores

latentes e três variáveis macroeconômicas através de uma Regra de Taylor para uma

economia com regime de metas de inflação representada pelo desvio da inflação com relação

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à meta, hiato do produto e variação da taxa de câmbio nominal. O autor estuda o período de

setembro de 1999 a julho de 2005, e conclui que as variáveis macroeconômicas explicam até

53% da variação das taxas de juros, sendo que o câmbio nominal sozinho explica até 41% das

taxas. Além disso, a parte das variações das taxas atribuídas aos fatores não-observáveis de

inclinação e nível da curva de juros parecem estar relacionadas, respectivamente, com aversão

ao risco internacional e à expectativa de inflação.

Matsumara e Moreira (2005) propõe uma extensão ao modelo de Ang & Piazzesi

(2003) incluindo possibilidade de default e uma variável de spread de crédito na tentativa de

compreender os efeitos macroeconômicos sobre a estrutura a termo da taxa de juros e do

spread soberano.

Já Silveira (2005) trabalha com um modelo Gaussiano-Afim aonde a dinâmica da

economia é explicada por um modelo estrutural Novo Keynesiano para economias abertas e

pequenas. Em grandes linhas, seu modelo tem uma estrutura semelhante à de Bekaert et al.

(2010) e, ainda, o autor acrescenta uma equação de paridade descoberta da taxa de juros.

2.2 MODELOS DINÂMICOS DE NELSON-SIEGEL

O Modelo de Nelson & Siegel (1987) é um modelo paramétrico para ajuste da estrutura

a termo da taxa de juros que utiliza uma forma funcional para a curva de taxas forward

baseada em uma função de Laguerre3.

A curva de juros correspondente é dada por uma equação da forma:

(1)

3 Uma função de Laguerre é uma função polinomial multiplicada por um termo exponencial de decaimento (Nelson & Siegel, 1987).

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onde representa um parâmetro de decaimento ou fator de carga. O peso do fator pode

ser interpretado como uma componente de longo prazo, já que é constante igual a 1 para todas

as maturidades; o peso do fator pode ser interpretado como uma componente de curto

prazo que inicia em 1 e vai até 0 exponencialmente à taxa e o peso do fator pode ser

interpretado como uma componente de médio prazo que inicia em 0, sobe nas maturidades

médias até a maturidade igual a e depois decresce até 0.

O modelo apresenta diversas vantagens que o tornou popular tanto entre economistas

de Banco Centrais ao redor do mundo quanto de profissionais do mercado (DE POOTER,

2007). Ele captura uma aproximação parcimoniosa da estrutura a termo da taxa de juros, o

que é desejável, pois apresenta suavidade no ajuste e gera estimativas tratáveis e confiáveis

(DIEBOLD & RUDEBUSCH, 2011). Além disso, a sua forma funcional satisfaz algumas

restrições da teoria de finanças como a curva de desconto para a maturidade 0 é igual a um e

ela tende a 0 conforme aumenta a maturidade. Por fim, ele é capaz de reproduzir as formas da

curva tipicamente observadas pelos dados (monotonica, curvada e em S).

Diebold & Li (2006) mostra que ao se trabalhar com os três fatores de uma forma

dinâmica, ou seja, variando ao longo do tempo, eles adquirem uma interpretação consistente

com a análise de componentes principais de Litterman & Scheinkman (1991), podendo ser

interpretados como fatores latentes dinâmicos que representam o nível, a inclinação e a

curvatura da curva de juros. Esse modelo ficou conhecido na literatura como Modelo

Dinâmico de Nelson-Siegel. Os autores mostram também que o modelo se comporta bem não

somente no ajuste da curva como para previsões, principalmente para prazos superiores a um

ano.

A estimação, nesse caso, é feita em dois estágios. Primeiro lambda é calibrado de

forma a tornar a equação (1) linear e a curva de juros é ajustada para cada data por mínimos

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quadrados ordinários e em seguida estimamos um modelo dinâmico para os fatores latentes,

no caso de Diebold& Li (2006), uma especificação AR(1).

Já Diebold et al. (2006) segue uma estrutura descrita por um Modelo Dinâmico de

Nelson-Siegel que combina fatores latentes em conjunto com fatores macroeconômicos: três

fatores dinâmicos que representam o nível, a inclinação e a curvatura da curva de juros e três

variáveis macroeconômicas observáveis que representam capacidade instalada da indústria,

taxa de juros dos Federal Funds do Federal Reserve e taxa de inflação.

Nesse caso, o modelo é visto de forma mais abrangente via representação em espaço de

estados:

, (2)

, (3)

Onde em (2), conhecidas como equações de medida, representa um

vetor n x 1 que contém as diferentes taxas de juros para as n maturidades de tempo ,

representa os j fatores da curva de Nelson-Siegel e representa o peso dos fatores, mais um

vetor de erros independentes entre as maturidades e com variâncias distintas.

Ao contrário do Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel, Diebold et al. (2006) estima os

parâmetros e fatores latentes simultaneamente através de um procedimento em um estágio via

maximização da função de verossimilhança através do Filtro de Kalman.

Para fazer previsões com relação à estrutura a termo da taxa de juros é necessário

descrever a dinâmica dos fatores que, nesse caso, seguem uma especificação vetor

autoregressiva de primeira ordem. Em (3) é um vetor de parâmetros e uma matriz de

parâmetros. Os vetores de erros e são ortogonais e normalmente distribuídos. O vetor

contém j fatores tanto latentes como macroeconômicos com defasagens.

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Na aplicação realizada pelos autores, para horizontes mais curtos, os fatores

macroeconômicos pouco influenciam a variabilidade das taxas de juros, entretanto, para um

horizonte de 60 meses elas respondem por cerca de 40%.

Apesar de se mostrar flexível, simples e com bom desempenho empírico, os modelos

de Nelson-Siegel tradicionais não impõem restrições de não-arbitragem. Christensen et al.

(2010) desenvolve um modelo de estrutura a termo afim que mantém a estrutura de peso dos

fatores do modelo Nelson-Siegel. A proposta é manter as restrições teóricas impostas pelos

modelos afim combinados com a estrutura dinâmica dos modelos Nelson-Siegel que permite

uma melhor performance empírica. O autor compara empiricamente o Modelo Dinâmico de

Nelson-Siegel e o Modelo Afim de Nelson-Siegel livre de arbitragem, e ainda com o modelo

Afim-Gaussiano tradicional. Os autores mostram que a imposição de arbitragem melhora as

previsões fora da amostra quando comparado com o Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel e

que o Modelo Afim de Nelson-Siegel livre de arbitragem é superior também ao Afim-

Gaussiano tradicional em previsões fora da amostra.

Li et al. (2011) impõe restrições de não-arbitragem ao Modelo de Diebold et al.

(2006), ampliando o Modelo de Nelson-Siegel Livre de Arbitragem de Christensen et al.

(2010) ao incorporar fatores macroeconômicos, combinando a parcimônia e flexibilidade do

Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel com as condições de não-arbitragem do modelo afim e

trazendo a possibilidade de se estudar a dinâmica conjunta de variáveis macroeconômicas

com as yields dos títulos. Comparando com o modelo de Diebold et al. (2006), os autores

conseguem melhores performances para previsões 12 meses a frente. E ainda, comparando

com o Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel e o Modelo de Nelson-Siegel livre de arbitragem,

os autores mostram que ele tem melhor previsão para yields de maturidades média e longa em

todos os horizontes de tempo, o que sugere forte importância dos fatores macroeconômicos

para previsões de longo prazo das yields dos títulos.

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No caso brasileiro, Moura & Mendonça (2009) trabalham com uma extensão do

Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel onde, diferentemente do modelo original, os fatores não

seguem apenas uma dinâmica AR(1), como também são explicados por fatores que

representam o nível de atividade, política fiscal e inflação. Os autores concluem que a

incorporação de fatores macroeconômicos ao Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel resultou em

importantes ganhos de previsão em comparação com o modelo original.

2.3 MODELO DINÂMICO DE NELSON-SIEGEL COM FATORES

MACROECONÔMICOS E VOLATILIDADE ESTOCÁSTICA

Para este trabalho, utilizaremos um modelo com três fatores latentes dinâmicos e três

fatores macroeconômicos. A curva de juros segue a equação

(4)

Caldeira et al. (2010) mostra que tratar o fator de decaimento como fixo, apesar de

facilitar o procedimento de estimação do modelo, implica perda na qualidade do ajuste. Dessa

forma, diferentemente de Diebold et al. (2006) e Diebold & Li (2006), trataremos como

variante no tempo através de um processo AR(1) para o seu log, ou seja4,

(5)

onde e são parâmetros.

A dinâmica dos fatores é representada por um VAR (1)

4 O uso do log visa garantir que o parâmetro assuma sempre valores positivos.

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12

onde é o vetor de fatores que inclui três fatores latentes e três macroeconômicos, o

vetor de erros para cada fator j, sua respectiva volatilidade variante no tempo, é um

vetor de parâmetros e é uma matriz de parâmetros.

Para capturarmos o risco associado às taxas de juros e à trajetória ao longo do tempo

dos fatores da curva de juros utilizaremos um modelo log-normal para a volatilidade dos

fatores latentes e o erro de medida da equação da curva de juros, onde estas dependem apenas

da própria volatilidade passada. Ou seja, a estrutura é dada por:

(7)

(8)

onde e são parâmetros, é um vetor de parâmetros e é uma matriz de

parâmetros diagonal.

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13

3 ESTIMAÇÃO E RESULTADOS

3.1 DADOS UTILIZADOS

Para a modelagem da curva de juros utilizaremos dados dos contratos de DI Futuro da

BM&FBOVESPA. Utilizaremos três variáveis macroeconômicas como fatores para nosso

modelo de Macro-Finanças: para a inflação, usaremos a taxa de inflação do IPCA, fornecida

pelo IBGE; como medida de atividade econômica, usaremos a capacidade instalada da

indústria, fornecida pela CNI; e para a taxa de juros de curto prazo utilizaremos a taxa Selic,

fornecida pelo Banco Central. Os dados abrangem 104 observações mensais entre o período

de janeiro de 2003 a agosto de 2011 e correspondem as taxas do último dia útil do mês (taxas

de juros) ou a taxa correspondente do mês (variáveis macroeconômicas). As taxas de juros

correspondem a contratos de maturidade de 1, 2, 3, 4, 6, 9, 12, 15, 18, 24, 27, 29, 31 e 33

meses. Nos casos em que não foram observadas taxas de determinadas maturidades no último

dia útil do mês, as mesmas foram interpoladas por cubic splines.

A tabela 1 mostra estatísticas descritivas selecionadas das taxas de juros utilizadas

para estimação do modelo: a média, o desvio-padrão, valor máximo, valor mínimo, todos em

%, e as autocorrelações de ordem 1 e 3 (ACF1 e ACF3), ou seja, para 1 e 3 meses.

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Maturidade Média Desvio Padrão Máximo Mínimo ACF1 ACF3

1 14,454 4,465 26,652 8,462 0,962 0,841

2 14,464 4,421 26,952 8,554 0,960 0,836

3 14,473 4,380 27,247 8,647 0,958 0,831

4 14,483 4,340 27,536 8,739 0,956 0,825

6 14,504 4,269 28,092 8,925 0,952 0,812

9 14,540 4,185 28,881 9,206 0,944 0,789

12 14,584 4,132 29,641 9,478 0,936 0,763

15 14,637 4,110 30,398 9,741 0,929 0,738

18 14,698 4,114 31,166 10,002 0,921 0,713

24 14,832 4,189 32,754 10,490 0,909 0,671

27 14,900 4,251 33,572 10,533 0,904 0,653

29 14,945 4,299 34,121 10,474 0,902 0,643

31 14,989 4,350 34,669 10,422 0,899 0,633

33 15,031 4,404 35,211 10,376 0,897 0,625 Tabela 1: Estatísticas descritivas das taxas de juros

Figura 1: Evolução das taxas de juros das 14 maturidades

A tabela 2 mostra estatísticas descritivas selecionadas das variáveis macroeconômicas.

A variável inflação apresenta um alto coeficiente de variação, enquanto a taxa de juros de

curto prazo exibe alta persistência. As variáveis inflação e capacidade instalada não

apresentam raiz unitária ao nível de significância de 10%, enquanto que não podemos rejeitar

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a hipótese nula de raiz unitária para a taxa de juros de curto prazo pelo teste ADF com 4

defasagens.

Tabela 2: Estatísticas descritivas das variáveis macroeconômicas.

Figura 2: Evolução das variáveis macroeconômicas ao longo do período analisado.

3.2 MÉTODO DE MARKOV CHAIN MONTE CARLO

Dentre os diversos métodos de estimação utilizados em Modelos de Macro-Finanças,

destacam-se aqueles baseados na maximização da função verossimilhança. Especificamente

para a classe de modelos de Nelson-Siegel, é possível construir uma representação em espaço

de estado e estimar a máxima verossimilhança a partir da decomposição do erro de previsão

Variável Média Desvio padrão Coeficiente de variação ACF1 Estatística ADF

81,19% 1,94% 2,40% 0,7860 -3,4148

13,54% 4,07% 30,06% 0,9003 -3,1409

0,48% 0,33% 68,67% 0,5942 -5,3887

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usando o filtro de Kalman como utilizado por Diebold et al. (2006) e Li et al. (2011) em seus

modelos de macro-finanças.

Apesar da popularidade, esse método apresenta certos problemas quando aplicado em

modelos de estrutura a termo, que geralmente apresentam alta dimensionalidade de

parâmetros e yields com alta persistência, como a existência de múltiplos máximos locais e de

identificação econométrica (KIM & ORPHANIDES, 2005; HAMILTON & WU, 2010). Além

disso, na presença de volatilidade estocástica e fator de decaimento variante no tempo não é

possível mais estimarmos pelo filtro de Kalman, pois não obtemos uma representação em

estado de espaço linear e Gaussiana. O modelo representado pelas equações (4) – (8) é um

sistema em espaço de estados não-lineares com três níveis e seis processos latentes.

Uma forma de contornarmos estes problemas é utilizando métodos Bayesianos para a

estimação dos parâmetros. Esses métodos, que utilizam informação a priori do processo,

permitem resolver os problemas de identificação e alta dimensionalidade do vetor de

parâmetros. Em particular, utilizaremos o método de Markov Chain Monte Carlo, que

consistem em simulações de Monte Carlo para cadeias de Markov. Ao contrário dos métodos

de máxima verossimilhança, ele não utiliza procedimentos de otimização numérica, e por isso

evita também o problema de múltiplos máximos locais.

A estatística bayesiana tem caráter de atualização de informações, ela encara as

distribuições de probabilidade de um determinado processo como incerta e sujeita a mudanças

de acordo com nova informação disponível. Considere o conjunto de parâmetros do

modelo, o conjunto de fatores latentes e y a amostra observada. Pelo teorema de Bayes

sabemos que

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onde a distribuição de probabilidade assumida sobre os parâmetros antes de

possuirmos os dados é chamada de probabilidade a priori, a distribuição de probabilidade

atualizada pelos dados é chamada de probabilidade posterior. A probabilidade

condicional é a função de verossimilhança e é a distribuição dos fatores do

modelo. Já é a distribuição marginal da amostra e não depende de , assim temos que

O objetivo é estimar a distribuição posterior dos parâmetros condicionados à amostra

observada. Seja o conjunto de fatores de volatilidade estocástica, a função de

verossimilhança do modelo é dada por

onde é a densidade condicional da amostra dados os parâmetros

e fatores latentes e macroeconômicos do modelo, assim como é a

densidade condicional dos fatores dados os parâmetros que depende dos fatores de

volatilidade

onde é a densidade condicional dos fatores de volatilidade dados os

parâmetros.

A estrutura de prioris é dada por: os parâmetros do vetor autoregressivo dos fatores

latentes e macroeconômicos seguem distribuição normal univariada com matriz de precisão

dada por distribuição wishart; os parâmetros de intercepto e persistência da estrutura de

volatilidade estocástica dos fatores e e dos parâmetros da volatilidade do erro de

medida de curva de juros e seguem distribuição normal com matriz de precisão dada

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por distribuição gama; os parâmetros de decaimento e seguem distribuição log-normal

com matriz de precisão dada por distribuição gama; os fatores latentes e macroeconômicos

seguem distribuição normal com matriz de precisão dada por distribuição gama.

Uma solução analítica para a distribuição posterior não pode ser obtida nesse caso,

uma vez que utilizamos distribuições a priori não-conjugadas5 e estruturas não lineares, sendo

necessário recorrermos a técnicas de aproximação, como métodos de Markov Chain Monte

Carlo. Esses métodos consistem em gerar amostras de cadeias de Markov, que satisfazem um

conjunto de propriedades, cuja distribuição estacionária converge para a distribuição posterior

dos parâmetros e fatores (distribuição alvo), dadas as taxas observadas.

Considere . Pelo teorema de Clifford-Hammersley6

podemos separar a distribuição posterior conjunta em conjuntos de distribuições

condicionais de seus parâmetros de menor dimensão.

O algoritmo de Markov Chain Monte Carlo utilizado é conhecido como algoritmo

hibrido, pois combina etapas de Gibbs e Metropolis-Hastings (ver Apêndice B para mais

detalhes) para simular das distribuições condicionais. Se a distribuição condicional é

conhecida analiticamente utiliza-se uma etapa de Gibbs e quando alguma distribuição não é

conhecida analiticamente utiliza-se uma etapa de Metropolis-Hastings. Em seguida, os

parâmetros e fatores são estimados tirando-se a média simples das realizações. No

procedimento utilizamos 60.000 iterações, sendo as 50.000 primeiras descartadas.

5 Para mais detalhes sobre as abordagens para a escolha de distribuições de probabilidade a priori ver

Lancaster (2004), Capítulo 1. 6 Para uma demonstração do Teorema de Clifford-Harmmersley ver Robert e Casella (2004), Capítulo 9.

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19

3.3 RESULTADOS OBTIDOS

Para podermos comparar os resultados obtidos por nosso modelo estimamos também o

modelo de Diebold & Li (2006) – Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel (somente yields) –

DNS yields-only. Assim como no artigo original, a estimação é feita em dois estágios,

consideramos fixo e dinâmica AR(1) para os fatores latentes. Escolhemos o valor de

que minimiza a raiz do erro quadrático médio para todas as maturidades. A

Figura 2 mostra a evolução ao longo do tempo para os fatores latentes de Nível (Level),

Inclinação (Slope) e Curvatura (Curvature). Tal evolução foi modelada por um AR(1) e, como

reportado na tabela 3, todo os coeficientes são significativos a 1%, exibem alta persistência e

as séries dos fatores latentes estimados não possuem raiz unitária a um nível de significância

de 10%.

Figura 3: Evolução temporal dos fatores latentes estimados , e do modelo DNS yields-only.

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Tabela 3: Coeficientes e estatísticas dos fatores latentes estimados do Modelo DNS yields-only.

Na Tabela 4 apresentamos estatísticas de ajustes7 dentro da amostra para o Modelo

DNS yields-only. A curva parece apresentar melhor ajuste nas maturidades de curto e longo

prazo, pois, em geral, as maturidades de 1 a 3 e de 29 a 33 meses apresentam as menores

estatísticas de erro.

Maturidade ME SD RMSE MAE MPE MAPE ACF1

1 -0,2373 2,6654 2,6632 2,1210 0,0184 0,1512 0,8332

2 0,0347 1,0245 1,0202 0,7815 0,0136 0,0568 0,8045

3 0,1933 0,7679 0,7882 0,4982 0,0078 0,0296 0,8946

4 0,2567 1,4798 1,4949 1,1456 0,0011 0,0767 0,8494

6 0,1828 2,3166 2,3126 1,8006 -0,0129 0,1266 0,8099

9 -0,1399 2,3543 2,3471 1,7770 -0,0293 0,1255 0,8097

12 -0,3810 1,6850 1,7196 1,2522 -0,0320 0,0821 0,8519

15 -0,3714 1,1914 1,2424 0,7673 -0,0188 0,0460 0,8173

18 -0,1328 1,8641 1,8599 1,4219 0,0049 0,0967 0,7904

24 0,4758 2,8358 2,8619 2,1922 0,0443 0,1464 0,8322

27 0,5080 2,0306 2,0837 1,5619 0,0399 0,1025 0,8365

29 0,3254 0,9264 0,9777 0,7000 0,0225 0,0444 0,8293

31 -0,0569 0,8948 0,8923 0,6767 -0,0082 0,0456 0,8168

33 -0,6573 2,9462 3,0048 2,2909 -0,0529 0,1509 0,8347

global 0,0000 1,9486 1,9479 1,3562 -0,0001 0,0915 0,8298

Tabela 4: Medidas de ajuste da curva de juros do Modelo DNS yields-only.

Estimamos o Modelo Dinâmico de Nelson Siegel com fatores macroeconômicos e

volatilidade estocástica – DNS macro-sv – através de um algoritmo híbrido de Markov Chain

Monte Carlo para estimação dos fatores latentes e dos parâmetros simultaneamente. Na Figura

3 podemos ver a evolução temporal dos fatores latentes e do lambda.

7 O Apêndice C mostra as definições das medidas de ajuste utilizadas.

Erro padrão Estatística t Estatística ADF

0,9190 0,0238 38,6557 -4,6404

0,9104 0,0295 30,8890 -3,3277

0,9263 0,0347 26,6642 -3,8628

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Figura 4: Evolução temporal dos fatores latentes , e que representam, respectivamente, o nível, a inclinação e a curvatura da curva de juros, e do fator de carga que representa a taxa exponencial de decaimento da curva de juros do Modelo DNS macro-sv.

A tabela 5 mostra os ajustes das curvas de juros estimadas pelo DNS macro-sv.

Maturidade ME SD RMSE MAE MPE MAPE ACF1

1 -0,487 3,155 3,177 2,247 -0,004 0,147 0,871

2 -0,059 0,742 0,741 0,562 0,004 0,040 0,794

3 0,227 1,127 1,145 0,745 0,008 0,044 0,890

4 0,390 2,145 2,170 1,475 0,010 0,093 0,866

6 0,436 2,812 2,832 1,956 0,005 0,129 0,825

9 0,120 1,923 1,918 1,416 -0,009 0,099 0,757

12 -0,256 1,051 1,077 0,793 -0,020 0,052 0,803

15 -0,450 1,919 1,962 1,228 -0,019 0,074 0,794

18 -0,409 2,778 2,795 1,888 -0,007 0,122 0,754

24 0,053 2,637 2,624 1,873 0,023 0,128 0,737

27 0,224 1,483 1,493 1,132 0,024 0,078 0,741

29 0,232 0,571 0,614 0,437 0,016 0,028 0,730

31 0,124 1,455 1,454 0,950 -0,002 0,061 0,701

33 -0,114 3,186 3,173 2,183 -0,031 0,146 0,710

global 0,002 2,120 2,119 1,349 0,000 0,089 0,789

Tabela 5: Medidas de ajuste da curva de juros do modelo DNS macro-sv.

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0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7

0 10 20 30 40

DN

S m

acr

o-s

v /

DN

S y

ield

s-o

nly

Maturidade

Root-Mean-Square Error

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7

0 10 20 30 40

DN

S m

acr

o-s

v /

DN

S y

ield

s-o

nly

Maturidade

Mean Absolute Error

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

0 10 20 30 40

DN

S m

acr

o-s

v /

DN

S y

ield

s-o

nly

Maturidade

Mean Absolute Percentage Error

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5

0 10 20 30 40

DN

S m

acr

o-s

v /

DN

S y

ield

s-o

nly

Maturidade

Mean Percentage Error

A figura 5 mostra a razão entre algumas estimativas de erro dos modelos DNS macro-

sv e DNS yields-only. Para o RMSE, o MAE e o MAPE, tivemos ganho de ajuste em metade

das maturidades, principalmente no curto e no longo prazo, enquanto para o MPE tivemos

ganho de ajuste para quase todas as maturidades.

Figura 5: Razão entre estimativas de erro dos modelos DNS macro-sv e DNS yields-only para algumas estatísticas de ajuste da curva de juros.

A tabela 6 mostra a estimativa da matriz e do vetor de parâmetros do VAR(1)

estimado e a tabela 7 o intervalo de confiança dessas estimativas.

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0,114 0,682 -0,168 -0,034 -0,112 0,145 0,111 -0,147 0,666 1,379 0,124 0,151 -0,508 -0,700 -0,102 0,255 0,188 0,924 0,131 -0,282 -0,992 0,373 0,157 0,121 0,069 0,558 -0,239 -0,509 -0,034 1,031 1,049 -0,002 0,057 -0,183 -0,570

0,007 0,003 -0,010 0,013 -0,007 0,002 0,520

Tabela 6: Parâmetros estimados da dinâmica VAR(1) dos fatores do modelo DNS macro-sv.

[0,114;0,115] [0,680;0,683] [-0,169;-0,167] [-0,036;-0,032] [-0,113;-0,111] [0,143;0,146] [0,110;0,114] [-0,149;-0,144] [0,654;0,681] [1,369;1,390] [0,106;0,138] [0,147;0,155] [-0,529;-0,492] [-0,717;-0,687] [-0,114;-0,091] [0,196;0,307] [0,151;0,290] [0,883;0,949] [0,112;0,150] [-0,356;-0,242] [-1,035;-0,940] [0,347;0,417] [0,031;0,358] [-0,025;0,316] [0,012;0,128] [0,513;0,588] [-0,456;-0,103] [-1,176;0,132]

[-0,063;0,014] [0,940;1,198] [0,932;1,203] [-0,059;0,052] [0,004;0,090] [-0,337;-0,063] [-1,166;0,005] [0,0003;0,012] [-0,039;0,034] [-0,054;0,023] [0,001;0,024] [-0,013;0,002] [-0,032;0,045] [0,368;0,687]

Tabela 7: Intervalos de confiança dos parâmetros estimados da dinâmica VAR(1) dos fatores do modelo DNS

macro-sv.

As tabelas 8, 9 e 10 mostra a estimativa dos parâmetros de persistências da

volatilidade estocástica dos fatores , do erro de medida da equação da curva de juros e

do fator de carga , assim como dos vetores , e de médias e as tabelas 11, 12 e 13

mostram os intervalos de confiança dessas estimativas.

0,0131 0,9941 0,0133 1,0083 0,0165 1,0065 0,0107 0,9959 0,0019 0,9977 0,0089 1,0065

Tabela 8: Parâmetros estimados das dinâmicas de volatilidade estocástica dos fatores do modelo DNS macro-sv.

0,0002 1,0045

Tabela 9: Parâmetros estimados do erro de medida da equação da curva de juros do modelo DNS macro-sv.

0,7008 0,8729

Tabela 10: Parâmetros estimados do fator de carga do modelo DNS macro-sv.

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[0,00718;0,02638] [0,9862; 0,9989] [0,00773;0,02469] [1,002;1,017] [0,00990;0,02967] [1,002; 1,013] [0,00666;0,01782] [0,990; 0,999]

[0,00125;0,00311] [0,9947; 0,9998] [0,00591;0,01418] [1,002; 1,013]

Tabela 11: Intervalos de confiança dos parâmetros estimados das dinâmicas de volatilidade estocástica dos fatores do modelo DNS macro-sv.

[0,00017;0,00032] [1,0010; 1.0100]

Tabela 12: Intervalos de confiança do erro de medida da equação da curva de juros do modelo DNS macro-sv.

[0,6961;0,7100] [0,8707;0,8764]

Tabela 13: Intervalos de confiança do fator de carga do modelo DNS macro-sv.

As figura 6 e 7 mostram os gráficos da evolução da volatilidade estocástica do erro de

medida da curva de juros e dos fatores, respectivamente.

Figura 6: Evolução da volatilidade estocástica do erro de medida da curva de juros do modelo DNS macro-sv.

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Figura 7: Evolução da volatilidade estocástica dos fatores da curva de juros do modelo DNS macro-sv.

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O gráfico da Figura 8 mostra a função de resposta ao impulso com intervalo de

confiança de 95%. A função de resposta ao impulso foi calculada como média das respostas

aos choques em cada uma das simulações. A coluna mostra as variáveis que receberam os

choques, enquanto a linha apresenta as variáveis que respondem aos choques.

Com respeito à dinâmica entre os fatores latentes da curva de juros, choques no nível

da curva têm resposta apenas no próprio nível da curva períodos à frente. As variáveis nível e

inclinação respondem similarmente à choques na inclinação e na curvatura: os choques na

inclinação têm forte efeito no curto prazo que é rapidamente dissipado e os choques na

curvatura têm efeito crescente no curto prazo, que decai moderadamente no médio prazo. Já

um choque na variável de inclinação tem efeito crescente sobre a variável de curvatura no

curto prazo, mas que rapidamente exibe uma trajetória de queda, enquanto que um choque na

variável de curvatura tem forte efeito sobre si mesmo no curto prazo, que decai

moderadamente.

A variável de capacidade instalada tem resposta pouco relevante de choques nos

fatores latentes da curva de juros. Já a taxa Selic responde no curto prazo a choques nos

fatores latentes, em especial a um choque na inclinação. Choques na inclinação e na curvatura

têm forte efeito sobre a inflação no curto prazo que é rapidamente dissipado, ou seja,

aumentos nesses dois fatores latentes da curva de juros podem ser interpretados como

expectativa de redução da inflação no curto prazo. Já um choque no nível da estrutura a termo

implica inflação crescente no curto prazo, que decai moderadamente no médio prazo.

Choques na variável Inflação não tem efeito relevante sobre as os fatores latentes da

estrutura a termo, assim como choques na capacidade instalada têm pequeno efeito de curto

prazo sobre os fatores latentes. Choques na taxa Selic têm forte efeito sobre o nível e a

inclinação no curto prazo que é rapidamente dissipado.

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Com relação à dinâmica das variáveis macroeconômicas, choques na inflação têm

efeito de curto prazo apenas sobre si mesmo, que se dissipa rapidamente. Choques nas taxas

de juros têm pequeno efeito de curto prazo sobre si mesmo e um forte efeito sobre a inflação,

que decai moderadamente. Choques na capacidade da indústria têm pequenos efeitos de curto

prazo sobre todos os fatores, em especial, sobre a inflação.

Figura 8: Função de Resposta ao Impulso do VAR (1) do modelo DNS macro-sv. A coluna mostra as variáveis que receberam os choques, enquanto a linha apresenta a resposta das variáveis aos choques.

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4 CONCLUSÃO

Neste trabalho estimamos uma extensão do Modelo Dinâmico de Nelson-Siegel com

volatilidade estocástica e fatores macroeconômicos – DNS macro-sv – para dados do Brasil.

Neste modelo, os fatores latentes seguem uma dinâmica VAR(1) em conjunto com os fatores

macroeconômicos, permitindo uma interação bidirecional entre a curva de juros e variáveis

macroeconômicas, o fator de carga é variante no tempo e as volatilidades dos fatores e da

curva de juros seguem processos latentes dinâmicos. A presença de não linearidade e

sobreparametrização na especificação do modelo nos fez optar pelo método bayesiano de

estimação de Markov Chain Monte Carlo.

A incorporação de fatores macroeconômicos e a especificação de volatilidade

estocástica para os fatores e a curva de juros ao modelo DNS yields-only trouxe ganho de

ajuste à curva nas partes curta e longa. Além disso, a dinâmica VAR bidirecional do modelo

nos permitiu associar os fatores latentes da curva de juros a fatores macroeconômicos

observáveis. Em particular, choques nos fatores de inclinação e curvatura da curva de juros

implicam redução da inflação no curto prazo. Dentre as variáveis macroeconômicas, apenas a

taxa Selic têm efeito relevante sobre os fatores latentes elevando o nível e a inclinação no

curto prazo.

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APÊNDICE A – MODELOS AFIM LIVRE DE ARBITRAGEM

Nesta seção vamos apresentar o modelo de macro-finanças afim livre de arbitragem como

definido em Ang & Piazzesi (2003).

Definimos a yield nominal de curto prazo como um processo afim com respeito ao vetor

de variáveis de estado da seguinte forma:

, (9)

onde é uma constante e é um vetor de constantes.

Suponha que as variáveis de estado seguem uma dinâmica VAR(p):

, (10)

onde e são matrizes de parâmetros.

Supomos que o conjunto de preços de risco de mercado associados aos choques normais

multivariados da dinâmica de variáveis de estado segue um processo afim com respeito

ao vetor de variáveis de estado da forma:

, (11)

onde é um vetor de constantes e é uma matriz de parâmetros.

Suponha a existência de uma medida de probabilidade Q, onde todos os preços

descontados dos ativos são martingales, ou seja, suponha o preço hoje de um título de

maturidade n+1 que não paga cupom entre t e t+1 é , teremos que

(HARRISON & KREPS, 1979). Essa medida é conhecida como medida martingale

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equivalente ou medida neutra ao risco. Uma vez que exista uma medida neutra ao risco

garantimos ausência de arbitragem (PIAZZESI, 2009).

A derivada de Radon-Nikodým é a derivada da medida martingale equivalente com

relação à medida do processo gerador de dados de e através dela podemos converter uma

esperança sob uma medida de probabilidade para outra através da seguinte relação:

. Assume-se que a derivada de Radom-Nikodým segue um processo

log-normal da forma:

, (12)

Suponha que O fator estocástico de desconto tenha a forma:

, (13)

Substituindo (1) e (4) em (5), temos:

, (14)

Sob essas condições, Duffie & Kan (1996) mostra que os preços dos títulos são uma

função exponencial afim das variáveis de estado, ou seja,

, (15)

O fator estocástico de desconto nos permite precificar qualquer ativo da economia.

Seja novamente o preço hoje de um título de maturidade n+1 que não paga cupom entre

t e t+1, podemos precificar esse título através da equação básica de apreçamento:

, (16)

Podemos substituir (14) em (16) e recursivamente encontrar as seguintes equações em

diferenças9 para e :

,

8 A prova do teorema de Radon-Nikodým pode ser encontrada em Williams (1991), Capítulo 14. 9 O desenvolvimento da solução pode ser encontrado em Ang & Piazzesi (2003).

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,

com valores iniciais e .

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APÊNDICE B – ALGORITMOS DE MARKOV CHAIN MONTE CARLO

O algoritmo mais simples de Markov Chain Monte Carlo é o amostrador de Gibbs.

Este método pode ser empregado quando é possível amostrar diretamente das distribuições

condicionais que compõem a distribuição posterior desejada. Suponha que o vetor de

parâmetros esteja dividido em componentes. O algoritmo do amostrador

de Gibbs é dado pelas seguintes etapas:

1) Selecione um conjunto de valores iniciais , .

2)

• Amostre uma observação

• Amostre uma observação

• Continue o procedimento da mesma maneira para

3) Repita a segunda etapa até que a convergência seja alcançada

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Nos casos em que uma ou mais distribuições condicionais não podem ser amostradas

diretamente, o amostrador de Gibbs não pode ser utilizado, nesses casos é geralmente

aplicado o algoritmo de Metropolis-Hastings. Suponha uma distribuição posterior de

um conjunto de parâmetros da qual não é possível amostrar diretamente. Para gerarmos

amostras dessa distribuição de probabilidade é necessário especificarmos uma densidade

proposta dado o valor corrente amostrado . O algoritmo de Metropolis-

Hastings, então, amostra um valor proposto que será aceito ou rejeitado baseado numa

probabilidade de aceitação. O algoritmo é dado pelas seguintes etapas:

Define um valor inicial

Proponha uma realização da distribuição proposta , onde é o valor já

amostrado anteriormente;

Calcule a probabilidade de aceitação

Amostre de uma distribuição uniforme. Caso , aceite .

Caso contrário, .

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APÊNDICE C – MEDIDAS DE AJUSTE

Nesta seção vamos apresentar a definição das medidas de ajuste utilizadas para

comparar os desvios de valores previstos por um modelo com relação aos valores

observados .

A raiz do erro quadrático médio (root-mean-square error – RMSE) é definida como a

raiz quadrada do erro quadrático médio

O erro absoluto médio (mean absolute error – MAE) é definido como

O erro percentual médio (mean percentage error – MPE) é definido como

O erro percentual médio absoluto (mean absolute percentage error – MAPE) é

definido como