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Ministério Público Federal P ROCURADORIA DA R EPÚBLICA NO PARANÁ F ORÇA -TAREFA “O PERAÇÃO L AVA J ATO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA/PR. Autos nº 5003682-16.2016.404.7000 Classificação no EPROC: Sigilo nível 4 Classificação no ÚNICO: Confidencial O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelos Procuradores signatários, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, face à representação inserta no evento 1, manifestar e requerer o que segue. 1. Relatório Trata-se de representação formulada pela autoridade policial, objetivando: a) a decretação de medidas cautelares de busca e apreensão nos endereços de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA, SANTANA & ASSOCIADOS MARKETING E PROPAGANDA LTDA, ZWI SKORNICKI, ELOISA SKORNICKI, BRUNO SKORNICKI, ARMANDO RAMOS TRIPODI, OLÍVIO RODRIGUES JUNIOR, MARCELO RODRIGUES, GRACO CORRETORA DE CÂMBIO S.A, LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA e HILBERTO MASCARENHAS DA SILVA FILHO; b) a decretação da prisão preventiva de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, para garantia da ordem pública, aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, assim como de ZWI SKORNICKI, objetivando a garantia da ordem pública; c) a decretação da prisão temporária de MARCELO RODRIGUES; d) a condução coercitiva de ELOISA SKORNICKI, BRUNO SKORNICKI, ARMANDO RAMOS TRIPODI, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA e HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO, assim como a decretação de medida restritiva de liberdade aos dois últimos, proibindo-os de deixar a comarca de residência e o território nacional. e) a decretação de bloqueio de ativos mantidos em instituições financeiras por JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, MÔNICA REGINA CUNHA 1/25

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Ministério Público FederalPROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ

FORÇA-TAREFA “OPERAÇÃO LAVA JATO”

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DECURITIBA/PR.

Autos nº 5003682-16.2016.404.7000

Classificação no EPROC: Sigilo nível 4

Classificação no ÚNICO: Confidencial

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelos Procuradores signatários,no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente,perante Vossa Excelência, face à representação inserta no evento 1, manifestar erequerer o que segue.

1. Relatório

Trata-se de representação formulada pela autoridade policial,objetivando:

a) a decretação de medidas cautelares de busca e apreensão nosendereços de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, MÔNICA REGINA CUNHAMOURA, POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA, SANTANA & ASSOCIADOSMARKETING E PROPAGANDA LTDA, ZWI SKORNICKI, ELOISA SKORNICKI,BRUNO SKORNICKI, ARMANDO RAMOS TRIPODI, OLÍVIO RODRIGUES JUNIOR,MARCELO RODRIGUES, GRACO CORRETORA DE CÂMBIO S.A, LUIZ EDUARDODA ROCHA SOARES, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA e HILBERTOMASCARENHAS DA SILVA FILHO;

b) a decretação da prisão preventiva de JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, para garantia da ordempública, aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, assim como deZWI SKORNICKI, objetivando a garantia da ordem pública;

c) a decretação da prisão temporária de MARCELO RODRIGUES;d) a condução coercitiva de ELOISA SKORNICKI, BRUNO

SKORNICKI, ARMANDO RAMOS TRIPODI, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA eHILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO, assim como a decretação demedida restritiva de liberdade aos dois últimos, proibindo-os de deixar a comarca deresidência e o território nacional.

e) a decretação de bloqueio de ativos mantidos em instituiçõesfinanceiras por JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, MÔNICA REGINA CUNHA

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

MOURA, POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA, SANTANA & ASSOCIADOSMARKETING E PROPAGANDA LTDA, ZWI SKORNICKI, EAGLE DO BRASIL LTDA eSHELLBILL FINANCE S.A, além do sequestro de imóvel localizado na Rua AfonsoBraz, nº 25, apartamento 51, Indianópolis, São Paulo/SP, CEP 04.551-010, adquiridopor JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO a partir de valores espúrios resultantesda prática do delito de lavagem de capitais.

2. Fundamentação

Consoante se depreende da manifestação policial, assim como dosdemais elementos de prova já angariados no curso da Operação Lava Jato, hárobustas evidências no sentido de que os representados praticaram diversos delitoscontra a Administração Pública, tais como corrupção, lavagem de capitais eorganização criminosa.

A fim de facilitar a análise dos elementos probatórios elencados pelaautoridade policial, a manifestação será dividida em três tópicos, concernentes aosnúcleos objeto da manifestação.

2.1 Dos indícios de autoria e materialidade envolvendo orepresentado ZWI SKORNICKI e pessoas a ele relacionadas.

O investigado ZWI SKORNICKI foi apontado pelo colaboradorPEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO como representante oficial e operador financeiro doestaleiro KEPPEL FELS e da FLOATEC, sua subsidiária, responsável pelo pagamento devantagens indevidas ao então Gerente Executivo de Engenharia e ao ex-Diretor deServiços da PETROBRAS, RENATO DE SOUZA DUQUE, ao menos no interregno de2003 a 2013 (autos nº 5075916-64.2014.404.7000).

ZWI SKORNICKI é proprietário da empresa EAGLE DO BRASIL LTDA.,em conjunto com seu filho, BRUNO SKORNICKI, e sua esposa, ELOISA SKORNICKI,conforme demonstra pesquisa no sistema do Ministério da Fazenda (anexo 1). Emadição, o operador financeiro é proprietário da offshore BAY ISLAND COPORATION,sediada nas Ilhas Cayman. O ato constitutivo da empresa, assim como documentaçãodemonstrando que as ações anteriormente detidas pelo ITAU CAYMAN NOMINEESLTD. foram transferidas para ZWI SKORNICKI e ELOISA SKORNICKI, foramapreendidos na residência do investigado (autos nº 5005002-38.2015.404.7000,evento 4, AP-INQPOL4, p. 6-25, e AP-INQPOL6, p. 10-20).

Ainda, restou demonstrado que ZWI SKORNICKI é controlador dediversas outras empresas offshores. Dentre elas, encontram-se a DEEP SEA OIL COP.(autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 4, AP-INQPOL12) e WINDSORVENTURES INTERNATIONAL INC. (evento 1, REPRESENTACAO_BUSCA1, p. 20).

Ademais, conforme alegado por PEDRO BARUSCO em sede decolaboração premiada (autos nº 5075916-64.2014.404.7000), as vantagens indevidas

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destinadas à Diretoria de Serviços da PETROBRAS eram repartidas entre RENATODUQUE, PEDRO BARUSCO e, em alguns casos, o Partido dos Trabalhadores – PT,representado por JOÃO VACCARI NETO. Neste sentido, parte da propina paga aosentão funcionários da PETROBRAS por ZWI SKORNICKI foi destinada à agremiaçãopolítica em comento, representada por JOÃO VACCARI (autos nº 5075916-64.2014.404.7000, evento 9, OUT8). Em planilha elaborada pelo colaborador acercadas contratações em relação às quais houve pagamento de propina, há indicação decontratos celebrados pela KEPPEL FELS e a FLOATEC com a PETROBRAS. Nestes casos,o operador indicado como o responsável pelo repasse dos valores espúrios foijustamente ZWI SKORNICKI. Ademais, na coluna referente à divisão da propina, hámenção a “0,5 Part”, o que significa – de acordo com o que revelado pelo próprioColaborador – que metade dos valores foram pagos a JOÃO VACCARI, no interessedo Partido dos Trabalhadores. (anexo 2)

A partir da análise de documentação bancária fornecida por PEDROBARUSCO (autos nº 5075916-64.2014.404.7000) e das declarações do colaboradorEDUARDO MUSA, no Termo de Colaboração nº 8 (autos nº 5040086-03.2015.404.7000)1, foi possível identificar o depósito de USD 763.370,00 realizadopor ZWI SKORNICKI em favor do ex-Gerente Executivo de Engenharia daPETROBRAS em conta mantida no Banco PICTET&CO. As declarações de EDUARDOMUSA são corroboradas por contrato celebrado entre a EAGLE DO BRASIL e a KEPPELSHIPYARD LIMITED, em que há previsão de que os valores devidos pela prestação deserviços de representação comercial por ZWI SKORNICKI deveriam ser depositadosem conta-corrente titularizado pela LYNMAR ASSETS CORPORATION, comprovando,desta forma, que a offshore é controlada pelo investigado (autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 4, AP-INQPOL13, p. 1).

Em reinquirição realizada pela autoridade policial, PEDRO BARUSCOconfirmou que, através de suas contas RHEA COMERCIAL INC. e AQUARIUS PARTNER,recebeu valores de ZWI SKORNICKI, transferidos de contas titularizadas pelaoffshore LYNMAR ASSETS (autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 19, INC1).

Ademais, PEDRO BARUSCO informou que foram pagas vantagensindevidas por ZWI SKORNICKI também em contas mantidas por ele e por RENATODUQUE no Banco LOMBARD ODIER, denominadas “K” e “T” e controladas porROBERTO TREPTOW (autos nº 5075976-64.2014.404.7000, evento 9, OUT4). Ocolaborador mencionou, ainda, depósitos realizados por ZWI SKORNICKI em contaspor eles mantidas no Banco DELTA, dentre elas a BERKELEY CONSULTING INC., tendoos valores partido de contas-correntes mantidas pelo operador na mesma instituiçãofinanceira (autos nº 5075976-64.2014.404.7000, evento 9, e 5005002-38.2015.404.7000, evento 19, INQ1).

Efetivamente, o Relatório de Análise de Mídia nº 449/2015, elaboradopela autoridade policial (autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 9, INF3),constatou que o operador financeiro investigado possui ao menos duas contas no

1 O qual informou que o operador ZWI SKORNICKI depositou valores indevidos em suas contasmantidas no exterior a partir de conta titularizada pela offshore LYNMAR ASSETS CORPORATION.

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DELTA NATIONAL BANK AND TRUST CO., sendo uma em nome próprio e uma emnome da offshore DEEP SEA OIL CORP., utilizada pelo representado para celebrarcontratos de consultoria com a KEPPEL FELS (evento 1, ANEXO3). Neste sentido,Relatório Complementar de Polícia Judiciária (evento 1, ANEXO3), destinado à análisede mídias apreendidas de ZWI SKORNICKI demonstra que o representado possuíarelação próxima com PAULO ALEXANDRE LERNER, gerente de suas contas no DELTABANK, tendo convidado-o para a festa de aniversário de seu filho. Em adição, hádiversas mensagens de e-mail em que se verifica que o operador financeiro e suaesposa autorizavam o DELTA BANK a realizar diversos investimentos a partir derecursos mantidos em suas contas-correntes naquela instituição, tendo nelasrecebido, ainda, USD 2.561.153,63 da KEPPEL FELS, entre 11/2010 e 01/2012.

O Relatório de Análise de Mídia nº 449/2015 aponta, ainda, aexistência de seis contas mantidas no exterior por ZWI SKORNICKI e não declaradasàs autoridades brasileiras, quais sejam:

• conta nº 101430 – Banco ITAU SUISSE S.A – possivelmente detitularidade pessoal;

• conta nº 101429 – Banco ITAU SUISSE S.A – titularidade de BAYISLAND CORPORATION;

• conta nº 608000, ABA 066012760 – DELTA NATIONAL BANKdos Estados Unidos – titularidade de DEEP SEA OIL CORP;

• conta nº 698133, ABA 066012760 – DELTA NATIONAL BANKdos Estados Unidos – possivelmente de titularidade pessoal;.

• conta nº 566642.001 – PICTET&CO Suíça – titularidadeLYNMAR ASSETS CORPORATION;

• conta nº 503474 – DELTA BANK Suíça – possivelmente detitularidade pessoal.

O Relatório de Análise de Mídia nº 449/2015 demonstra, ainda, queZWI SKORNICKI atuou como representante comercial da KEPPEL FELS também noâmbito da SETE BRASIL, empresa da qual é a PETROBRAS sócia. Nesta seara,conforme relatou o colaborador PEDRO BARUSCO, importa destacar que foram pagasvantagens indevidas, na ordem de 1% do valor da contratação, a funcionários daSETE BRASIL e da PETROBRAS em decorrência de contratos celebrados por estaleiroscom a SETE BRASIL. Tais valores eram repartidos entre a “casa 1”, isto é, funcionáriosda PETROBRAS, notadamente RENATO DUQUE e ROBERTO GONÇALVES, a “casa 2”,funcionários da SETE BRASIL, especialmente PEDRO BARUSCO, JOÃO CARLOS DEMEDEIROS FERRAZ e EDUARDO MUSA, responsáveis por 1/3 do valor total pago, eJOÃO VACCARI, representando o PT, o qual recebia os outros 2/3 dos valores (Termode Colaboração nº 1 – autos nº 5075916-64.2014.404.7000, evento 9, OUT3).

Em declarações prestadas perante a autoridade policial, PEDROBARUSCO esclareceu que a PETROBRAS detinha cerca de 10% das ações da SETEBRASIL. Em relação à contratação das 28 sondas, informou que foi a própriaPETROBRAS que iniciou conversas com os estaleiros, realizou os projetos de

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financiamento, auxiliou na constituição de fundo garantidor, tendo, porém, decididolicitar o fornecimento das estruturas, sendo que a SETE BRASIL foi uma das empresasa participar do procedimento. De acordo com o colaborador, RENATO DUQUE teriaparticipado de referidas negociações (autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 19,INQ1).

A relação de proximidade entre o operador financeiro representado eJOÃO VACCARI restou atestada pelo Relatório Complementar de Polícia Judiciária(evento 1, ANEXO3) destinado à análise de mídia apreendida anteriormente com ZWISKORNICKI, em que se demonstra que o então tesoureiro do Partido dosTrabalhadores – PT, fora convidado para a festa de aniversário do filho de ZWISKORNICKI. Importa destacar que outros investigados foram convidados para omesmo evento, como RENATO DUQUE, PEDRO BARUSCO e EDUARDO MUSA,receptores de vantagens indevidas pagas pelo operador financeiro, conforme acimaexplanado, além de JORGE LUIZ ZELADA, HAMYLTON PADILHA, ARMANDO RAMOSTRIPODI, LUIZ EDUARDO CAMPOS BARBOSA, JÚLIO FAERMAN, RICARDO PESSOA eROGÉRIO ARAÚJO.

No que tange especificamente ao repasse de valores espúrios aRENATO DUQUE, é de se observar que a representação da autoridade policial destacao recebimento de vantagens indevidas pelo investigado, pagas por ZWI SKORNICKI,na conta-corrente titularizada pela offshore DRENOS CORP. Além disso, menciona-seanotação em aparelho digital, que demonstra que RENATO DUQUE sabia, antes doprocedimento licitatório, como as sondas licitadas para a SETE BRASIL seriamdivididas entre os estaleiros, confirmando sua ingerência na contratação (evento 1,REPRESENTAÇÃO_BUSCA1, p. 39-40).

O operador financeiro ainda propiciou o repasse de propinas aoentão Diretor de Serviços da PETROBRAS através da compra de aparelhos deginástica, conforme demonstra o Relatório de Polícia Judiciária nº 449/2015 (autos nº5005002-38.2015.404.7000, evento 9, INF3).

Em adição, há indícios de que ZWI SKORNICKI repassou vantagensindevidas a ARMANDO RAMOS TRIPODI, ex-Chefe de Gabinete do ex-Presidenteda PETROBRAS, JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI DE AZEVEDO, e atual Gerente Executivo deResponsabilidade Social da empresa. A análise do material apreendido na residênciade ZWI SKORNICKI demonstrou que o operador financeiro foi o responsável pelopagamento de, ao menos, R$ 16.000,00 pela execução de serviços de automação einstalação de diversos equipamentos na casa de ARMANDO RAMOS TRIPODI, noano de 2013.

O Relatório Complementar de Polícia Judiciária II (evento 1, ANEXO5)demonstra a troca de mensagens de e-mail entre ZWI SKORNICKI e funcionários daempresa PRATTIS SOLUÇÕES EM AUTOMAÇÃO. Em uma delas, o diretor deoperações da empresa informa que gostaria de conversar com o operador financeiroacerca de solicitações feitas por ARMANDO RAMOS TRIPODI, referido como amigode ZWI SKORNICKI. Em mensagens de e-mail posteriores, consta a descrição dosserviços a serem realizados pela empresa, bem como cobranças dos pagamentos de

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três parcelas a serem pagas por ZWI SKORNICKI, os pedidos do operador financeiropara que sua esposa, ELOISA SKORNICKI, transferisse os valores devidos à PRATTISSOLUÇÕES EM AUTOMAÇÃO e as confirmações de recebimento por parte daempresa. Há, ainda, anotação no sentido de que a nota fiscal referente aos serviçospagos fora emitida em nome de ARMANDO RAMOS TRIPODI.

Ademais, em sua atuação, ZWI SKORNICKI repassou valores a JOÃOCERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, cujosindícios probatórios, por sua relevância, serão descritos e analisados no tópicosubsequente.

À época das tratativas com JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHOe MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, notadamente no mês de abril de 2013, ZWISKORNICKI realizou, ainda, transferências por supostas consultorias prestadas naexecução de contatos com a PETROBRAS e suas subsidiárias a outros agentes aindanão identificados.

Nesse sentido tem-se os pagamentos efetuados da conta da offshoreWINDSOR VENTURES INTERNATIONAL INC. à NEONEL INTERNATIONAL LTD., nomontante total de USD 1.000.000,00, a partir de 30/04/2013, e à LEAWOODASSOCIATES LTD, no valor de USD 3.850.000,000, mediante acordo celebrado em15/04/2013.

A avença celebrada entre as empresas WINDSOR VENTURESINTERNATIONAL INC e NEONEL INTERNATIONAL LTD, em 26/05/2008, previa,expressamente, a contraprestação por serviços de consultoria de engenharia,relacionados a propostas contratuais técnicas e comerciais de projetos na área deprodução de óleo e gás a partir de plataformas, oferecidas pela PETROBRASNETHERLANDS B.V. - PNBV, bem como a prestação de consultoria comercial durantea fase de construção desses projetos.

Solicitada à PETROBRAS a relação de contratos firmados entre aKEPPEL FELS, porquanto representada por ZWI SKORNICKI – e por seu filho, BRUNOSKORNICKI –, e a PETROBRAS NETHERLANDS B.V. - PNBV, constatou-se a existênciados seguintes negócios, nos quais, de acordo com o colaborador PEDRO BARUSCO,na linha do que amplamente verificado no âmbito da Operação Lava Jato, houvepagamento de vantagens indevidas ao ex-Gerente Executivo de Engenharia daEstatal, a RENATO DUQUE e ao Partido dos Trabalhadores – PT:

Ressalte-se, nesse liame, ter PEDRO BARUSCO apontado que, no

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mesmo ano em que se verificaram – a partir do segundo semestre – os repasses aJOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, bemcomo a outros agentes ainda não identificados, ou seja, em 2013, possuía pendênciana quitação de propinas devidas pela KEPPEL FELS no valor aproximado de USD14.000.000,00.

Destarte, delineados elementos de prova que sustentam amaterialidade e a autoria de delitos de lavagem de capitais, corrupção, organizaçãocriminosa e evasão de divisas pelo representado ZWI SKORNICKI e outras pessoas aele relacionadas, notadamente sua mulher e filho, ELOISA SKORNICKI e BRUNOSKORNICKI, assim como de PEDRO BARUSCO, RENATO DUQUE e ARMANDOTRIPODI, cumpre, então, a análise do conjunto probatório atinente aos demaisrepresentados.

2.2 Dos indícios de autoria e materialidade envolvendo osrepresentados JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINACUNHA MOURA

O aprofundamento das investigações concernentes ao investigadoZWI SKORNICKI evidenciou a relação por ele mantida com os representados JOÃOCERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA.

Quando do cumprimento da medida cautelar de busca e apreensãona residência de ZWI SKORNICKI, decretada em sede dos autos nº 5085114-28.2015.404.7000 e efetivada em 05/02/2015, a autoridade policial apreendeu, dentreoutros documentos, envelope encaminhado por MÔNICA SANTANA, cujo endereçocorrespondia ao logradouro de diversas empresas, dentre as quais a POLISPROPAGANDA E MARKETING LTDA., propriedade do marqueteiro JOÃO CERQUEIRADE SANTANA FILHO2 e sua esposa, MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, conformedemonstraram pesquisas realizadas pela autoridade policial na fonte aberta Google eno sistema do Cadastro Nacional de Empresas – CNE (evento 1,REPRESENTACAO_BUSCA1, p. 3-4) (autos nº 5005002-38.2015.404.7000, evento 4,AP-INQPOL20 e AP-INQPOL21). Note-se que de todas as pessoas jurídicascadastradas no endereço pesquisado, apenas a POLIS PROPAGANDA E MARKETINGLTDA. apresenta como sócia pessoa de nome “MÔNICA”, podendo-se concluir que aemitente da documentação apreendida é, em verdade, MÔNICA REGINA CUNHAMOURA.

O envelope apreendido continha carta encaminhada por MÔNICAREGINA CUNHA MOURA a ZWI e BRUNO SKORNICKI, a qual informava oencaminhamento de modelo de minuta de contrato de prestação de serviços deconsultoria, além de dados bancários para que fossem os depósitos efetuados, tanto

2Cumpre observar que, conforme reportagem publicada pela revista Época, JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO é o marqueteiro responsável pelas campanhas eleitorais do ex-Presidente LUIZ INÁ-CIO LULA DA SILVA (2006) e da atual Presidente, DILMA ROUSSEF (2010 e 2014), tendo atuado emcampanhas também em Angola, Panamá e Venezuela (evento 1, p. 10).

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em euros, quanto em dólares. Chama atenção a menção à burocracia do modeloencaminhado, bem como informação de que fora o nome da empresa contratanteriscado “por óbvio” e a inexistência de cópia eletrônica “por segurança” (autos nº5005002-38.2015.404.7000, evento 4, AP-INQPOL21, p. 1-2).

O contrato de consultoria encaminhado, datado de 04/01/2013, foracelebrado entre a empresa offshore SHELLBILL FINANCE S.A, constituída no Panamá, ea KLIENFELD SERVICES LTD., offshore utilizada pela empresa ODEBRECHT para opagamento de valores espúrios no exterior (autos nº 5005002-38.2015.404.7000,evento 4, AP-INQPOL21 e AP-INQPOL22, p. 1-4). Através do posicionamento deMÔNICA REGINA CUNHA MOURA de riscar tão somente o nome da contratanteKLIENFELD SERVICES LTD., pode-se concluir que a offshore SHELLBILL FINANCE S.A écontrolada pela investigada e seu marido, JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO.

Ainda, a cópia do contrato apreendida evidencia a assinatura deMÔNICA REGINA CUNHA MOURA quando contrastada com aquela constante dasfichas de identificação fornecidas pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia,conforme ilustrou a autoridade policial:

A leitura do instrumento contratual revela, ademais, a existência decontrato anterior celebrado entre a KLIENFELD SERVICES LTD. e a SHELLBILL FINANCES.A, datado de 11/07/2011, o que demonstra a existência de relacionamento anteriorentre JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHAMOURA e a empreiteira ODEBRECHT, destinado ao repasse de valores indevidos.

Os dados bancários encaminhados por MÔNICA REGINA CUNHAMOURA revelam, em adição, que a investigada, em conjunto com JOÃO CERQUEIRADE SANTANA FILHO, controlava conta bancária titularizada pela offshore SHELLBILL

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S.A, mantida no BANQUE HERITAGE.Ademais, determinado por esse Juízo o afastamento do sigilo das

contas offshores indicadas por MÔNICA REGINA CUNHA MOURA a BRUNOSKORNICKI e ZWI SKORNICKI (autos nº 5048739-91.2015.4.04.7000), foram obtidos,por meio de cooperação jurídica internacional com os Estados Unidos, os registros detransações bancárias que bancos correspondentes efetuaram em favor da conta daoffshore SHELLBILL FINANCE S.A. A partir da documentação fornecida pelo CITIBANKNORTH AMERICA, New York, verificou-se que, dentre outras, foram realizadas 88transferências, no período de 28/11/2008 a 30/03/2015, no montante total de USD517.800,00, da conta da SHELLBILL FINANCE S.A. para contas titularizadas por SURIASANTANA e MATTHEW S. PACINELLI, filha e genro de JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO.

Restaram identificados, ainda, no interregno de 25/09/2013 a04/11/2014, nove depósitos de ZWI SKORNICKI e BRUNO SKORNICKI em favor deJOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA,mediante a utilização, respectivamente, de contas pertencentes às offshores DEEP SEAOIL CORP. e SHELLBILL FINANCE S.A., os quais totalizam USD 4.500.000,00.

Por sua vez, a análise do resultado da quebra de sigilo bancário deJOÃO CERQUEIRA DE SANTA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA –medida decretada nos autos nº 5048739-91.2015.404.7000 (evento 18, DESPADEC1) –demonstrou que os representados são primordialmente remunerados pelos serviçosprestados em campanhas do Partido dos Trabalhadores – PT, sendo que empresasdos investigados, notadamente a POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA eSANTANA E ASSOCIADOS MARKETING E PROPAGANDA LTDA, receberam, no períodoentre 29/09/2004 e 30/07/2015, R$ 193.963.510,00 por referidos serviços.

Relatório elaborado pela Receita Federal do Brasil (evento 1, ANEXO7)ainda demonstrou que JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINACUNHA MOURA declararam, no mesmo período, o recebimento deaproximadamente R$ 91.519.423,53 em dividendos provenientes de suas empresas.Apresentaram, ainda, significativa evolução patrimonial no período entre 2004 e2014: o patrimônio de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO passou de R$1.009.256,89 para R$ 59.128.076,61, enquanto o de sua esposa, que inicialmente erade R$ 56.490,88, é, agora, de R$ 19.489.914,55.

Observe-se que, embora não existam indícios de que esses valores,recebidos no Brasil e declarados às autoridades fiscais, sejam ilícitos, há fortíssimassuspeitas de que os valores recebidos pelos representados JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA no exterior, de formasubreptícia e dissimulada, sejam provenientes do esquema de corrupção e lavagemde dinheiro perpetrado no seio e em desfavor da PETROBRAS e estejam vinculados àprestação dos referidos serviços ao Partido dos Trabalhadores – PT.

Nesse liame, cumpre ressaltar que JOÃO CERQUEIRA DE SANTANAFILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA mantiveram negócios e receberamelevados valores de contas pertencentes a ZWI SKORNICKI e BRUNO SKORNICKI,

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de modo que possuíam conhecimento das atividades profissionais de representaçãode empresas junto à PETROBRAS e suas subsidiárias por eles desenvolvidas. Comoconsequência, inegável que, ao realizarem as movimentações financeiras descritas,possuíam a intenção de ocultar e dissimular a origem e a propriedade de valores –espúrios, conforme anteriormente demonstrado – em detrimento da Estatal.

Na mesma senda, restaram identificados ao menos quatro depósitos,datados de 13/04/2012 e 01/03/2013, provenientes de contas do Grupo ODEBRECHT– especificamente das offshores INNOVATION RESEARCH ENGINEERING ANDDEVELOPMENT LTD (Meinl Bank – Antigua) e, em três oportunidades, KLIENFELDSERVICES LTD (Meinl Bank – Antigua) – para aquela em nome da SHELLBILL FINANCES.A., mediante a utilização da conta correspondente no CITIBANK NORTH AMERICA,New York, no valor total de USD 3.000.000,00.

Ressalte-se, nesse liame, que essas transferências se deram comrespaldo em instrumentos contratuais firmados entre as empresas. Em um dessesdepósitos, em sua origem, revela-se, inclusive, a expressão ““AS P.CONT.SIGNEDBETW.INNOV.A.SH.F.S.A. INVESTMENT HOLDING COMPANY B/O INNOVATIONRESEARCH ENGINEERING A. DEVELOPMENT LTD.”, indicando, portanto, que atransação se embasou em um contrato firmado (“as per contract signed”) entre aINNOVATION RESEARCH ENGINEERING AND DEVELOPMENT LTD e a SHELLBILLFINANCE S.A. (“between INNOV.A.SH.F.S.A.”).

Ainda no que respeita à relação de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANAFILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA com o Grupo ODEBRECHT, em meio,ainda, ao Partido dos Trabalhadores – PT, anotou a autoridade policial oconhecimento de MARCELO BAHIA ODEBRECHT dos negócios mantidos com osrepresentados e sua natureza.

Nesse sentido, no Relatório de Análise de Polícia Judiciária nº 417, emque procedeu a Polícia Federal à análise do aparelho celular apreendido com orepresentante da ODEBRECHT quando do cumprimento dos mandados de busca eapreensão deferidos por esse Juízo em sede dos Autos nº 5024251-72.2015.4.04.7000, foram reproduzidas anotações de MARCELO ODEBRECHT, dentreas quais se encontram aquelas registradas sob os números 10048 e 4923, com osseguintes trechos:

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De acordo com a autoridade policial, o termo “Feira” constante daanotação em comento faz alusão ao investigado JOÃO CERQUEIRA DE SANTANAFILHO, conhecido como “JOÃO SANTANA”. A referência provem da nomenclatura dacidade Feira de Santana, que fica a 150 quilômetros da cidade em que orepresentado nasceu – Tucano, na Bahia – e que faz menção ao sobrenome de JOÃOCERQUEIRA DE SANTANA FILHO, pelo qual é lembrado em sua atuação.

Quanto ao conteúdo da anotação, ressalta-se, mais uma vez, arelação entre o Grupo ODEBRECHT, contas mantidas no exterior, JOÃO CERQUEIRADE SANTANA FILHO e o Partido dos Trabalhadores – PT. Bastante ilustrativa nessesentido é aquela de número 4923, em que MARCELO BAHIA ODEBRECHTaparentemente se refere à liberação de pagamentos a JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO, sobretudo por seu caráter confidencial, no mesmo contexto emque tece comentários a respeito de JOÃO VACCARI, ex-Tesoureiro do Partido dosTrabalhadores – PT, assim como a uma quantia a ser transmitida a VACCARI e, emparte, para JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO.

Conforme ressaltado pela autoridade policial, a anotação em tela édatada de 09/01/2013, de modo que foi elaborada apenas cinco dias após o contratofirmado entre as offshores SHELLBILL e KLIENFELD, datado de 04/01/2013.

Além disso, as provas colacionadas pela autoridade policial indicamque JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO praticou, também, delito contra aordem tributária nacional ao prestar declarações falsas às autoridades fazendárias, namesma ocasião em que branqueou valores recebidos em contas no exterior.

Nesse sentido, de acordo com o Sistema de Declaração sobre

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Operações Imobiliárias, JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO declarou aaquisição, em 28/05/2013, de um apartamento (Rua Afonso Braz, 25, ap 51,Indianópolis, São Paulo/SP), de MAURO EDUARDO UEMURA (CPF 037.547.678-44) eDEBORAH DE OLIVEIRA UEMURA (CPF 935.718.448-15), por R$ 3.000.000,00,integralizados em parcela única. Por sua vez, o investigado declarou em sua DIRPF de2014 que pagou o montante de R$ 4.000.000,00 pelo imóvel.

Da análise das informações bancárias dos representados e de suasempresas, verifica-se que foram realizados dois depósitos, datados de 17/05/2013 e28/05/2013, da POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA (CNPJ 05.018.135/0001-06)para DEBORAH DE OLIVEIRA UEMURA, totalizando R$ 3.000.000,00. Na mesmaépoca, em 19/06/2013, entretanto, JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO eMÔNICA REGINA CUNHA MOURA depositaram, ainda, USD 1.000.000,00,provenientes da conta titularizada pela SHELLBILL FINANCE S.A., no Banque Heritage,em favor de MAURO EDUARDO UEMURA. Desse modo, considerando o câmbiooficial à época, o montante pago pelo imóvel perfez, em verdade, aproximadamenteR$ 5.221.000,00, configurando, assim, o cometimento de delitos.

Por fim, verifica-se a partir da representação policial a existência deoutras transações efetuadas por JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICAREGINA CUNHA MOURA com outros agentes, inclusive brasileiros, que merecematenção. Verifica-se, nessa senda, a existência de depósitos realizados em nome daoffshore SHELLBILL FINANCE S.A. em favor a) da offshore TACY VENTURES GROUP INC(do Panamá, entre 18/08/2010 e 26/08/2010, no valor total de USD 340.571,00), b) dada offshore GLASSTON INVESTORS SA (no Panamá, em 09/08/2011, no valor de USD135.000,00), c) de SILVANA LAGNADO HUCKE (em 09/08/2011, no valor de USD200.000,00), d) da offshore HIGH LEVEL FINANCIAL CORP. (do Panamá, em09/08/2011, no valor de USD 135.000,00), e) da offshore WICKDELL INTERNATIONALINCORPORATED COMPANY (do Panamá, em 17/10/2011, no valor de USD303.000,00), f) da offshore CIC CONSORTIUM OF INTERNATIONAL CONSULTANTS (em09/12/2011, no valor de USD 480.000,00), g) da offshore GLOBAL TRENDINVESTMENT LLC (de Delaware/EUA, em 03/08/2012, no valor de USD 70.000,00), h)NEW HOPE TRADING INTERNATIONAL CORP. (do Panamá, em 03/08/2012, no valorde USD 225.000,00), i) da offshore NEBADON HOLDINGS INC (das Bahamas, em03/08/2012, no valor de USD 160.000,00), j) da offshore HATLEY TRADING ASSETSCORP (em 06/08/2012, no valor de USD 545.000,00), k) da offshore KISTREY TRADINGLTD (do Canadá, em 30/04/2013, no valor de USD 581.000,00), l) de CRISTIANE,pessoa ainda não identificada (em 31/04/2014, no valor de USD 120.000,00), m) deARLINGTON MANAGEMENT CORPORATION (entre 14/01/2014 e 12/06/2015, novalor total de USD 3.352,75).

2.3 Dos indícios de autoria e materialidade envolvendo pessoasligadas ao Grupo ODEBRECHT

O aprofundamento das investigações atinentes a ZWI SKORNICKI,

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JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e a MÔNICA REGINA CUNHA MOURAapontou à existência de outros operadores que atuavam em favor dos interesses deexecutivos do Grupo ODEBRECHT, cujo relacionamento foi analisado com minúciaspela autoridade policial.

Nesse sentido, enquanto os documentos bancários fornecidos peloCITIBANK N.A., New York, comprovam que a offshore KLIENFELD SERVICES LTDpossuía conta em instituição financeira localizada em Antígua, o contrato apreendidona residência de ZWI SKORNICKI, firmado entre a KLIENFELD e a SHELLBILLdemonstra que o endereço da empresa coincide com o do ANTIGUA OVERSEASBANK e do ABI FINANCIAL GROUP (156 Redcliffe, P.O. Box 1679, Saint John's,Antigua). O ANTIGUA OVERSEAS BANK, consoante demonstra o sítio eletrônico doBanco Central do Brasil, possui representação no Brasil por meio da ANTIGUAOVERSEAS BANK REPRESENTAÇÕES E PARTICIPAÇÕES, que tem como seusadministradores e/ou representantes VINICIUS VEIGA BORIN (CPF 031.340.278-79),LUIZ AUGUSTO FRANÇA (CPF 687.456.308-44) e MARCO PEREIRA DE SOUZA BILINSKI(CPF 056.518.548-94).

A análise do fluxo migratório de VINICIUS VEIGA BORIN demonstrater ele viajado ao exterior, com bastante frequência, na companhia de OLIVIORODRIGUES JUNIOR (CPF 036.210.248-16) e de LUIZ EDUARDO DA ROCHASOARES (CPF 075.436.988-97).

LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES foi funcionário daCONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S.A., formalmente, até 31/12/2014,possivelmente detendo cargo diretivo dentro dela. Entre 28/09/2009 e 06/08/2013,LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES realizou 23 viagens para o Panamá, em umadelas, inclusive, acompanhado por OLIVIO RODRIGUES JUNIOR, e dez para oUruguai, países nos quais são mantidas diversas contas de offshores pertencentes aoGrupo ODEBRECHT. Depois disso, em 21/06/2015, ou seja, dois dias após adeflagração da 14ª fase da Operação Lava Jato, que teve a empreiteira como um dosprincipais alvos, LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES deixou o Brasil, inexistindo,nos registros de movimentos migratórios, indicação de que tenha a ele regressado.

Por sua vez, OLIVIO RODRIGUES JUNIOR é sócio, ainda, da JRGRACO ASSESSORIA E CONSULTORIA FINANCEIRA LTDA (CNPJ 08.676.187/0001-50),a qual, de acordo com as informações fiscais da CONSTRUTORA NORBERTOODEBRECHT, recebeu da empreiteira, no ano de 2007, o montante de R$1.000.000,00. Ademais, outra empresa da qual OLIVIO RODRIGUES JUNIOR foi, de2002 a 2010, diretor, a GRACO CORRETORA DE CAMBIO S/A (CNPJ 65.982.589/0001-16), recebeu, além de recursos da CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT, valoresque ultrapassam o montante de R$ 5.000.000,00 das empresas PIROQUIMICACOMERCIAL LTDA (CNPJ 00.297.704/0001-78), LABOGEN S/A QUIMICA FINA EBIOTECNOLOGIA (CNPJ 58.092.297/0001-72) e INDUSTRIA E COMERCIO DEMEDICAMENTOS LABOGEN (CNPJ 65.495.087/0001-60), controladas pelo investigadoLEONARDO MEIRELLES, no período de 15/07/2011 a 13/02/2013.

OLIVIO RODRIGUES JUNIOR realizou, ademais, viagens na

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companhia de seu irmão, MARCELO RODRIGUES (CPF 266.263.838-92). Esse, alémde compor o quadro de funcionários da GRACO CORRETORA DE CAMBIO S/A, foiresponsável por representar a KLIENFELD SERVICES LTD, pertencente, ressalte-se, aoGrupo ODEBRECHT, no contrato celebrado com a SHELLBILL, anteriormente referido.

O confronto de assinaturas, entre aquela constante do instrumentocontratual em comento, da Carteira Nacional de Habilitação, dos dados do Institutode Identificação de São Paulo e do “Instrumento Particular de Constituição daSociedade Empresária Limitada 'New Option Service Consultoria AdministrativaLtda.'”, firmado entre BRUNO DE ALMEIDA CHAVES e MARCELO RODRIGUES(05/07/2007), realizado pela autoridade policial, não permite remanescerem dúvidasde que era MARCELO RODRIGUES o signatário em nome da KLIENFELD SERVICESLTD, e, assim, do Grupo ODEBRECHT:

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No mesmo sentido, as páginas do contrato estão rubricadas com osacrônimos de MARCELO RODRIGUES, “MR”, o que corrobora que ele é um dosrepresentantes da KLIENFELD SERVICES LTD:

Ainda, LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES e OLIVIO RODRIGUESJUNIOR são sócios na empresa PAYSCOUT ASSESSORIA COMERCIAL LTDA. (CNPJ18.597.498/0001-87), que tem como outros sócios FERNANDO MIGLIACCIO DASILVA (CPF 136.429.538-59), MARCO PEREIRA DE SOUSA BILINSKI (CPF 056.518.548-94) e MERCHANT NATIONAL LTD.

Ao mesmo tempo, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA éresponsável pelas finanças estruturadas nacionais da ODEBRECHT – ENGENHARIA ECONSTRUÇÃO.

Em declarações prestadas à Polícia Federal (Autos n. 5046271-57.2015.4.04.7000, evento 15), VINICIUS VEIGA BORIN ressaiu que mantinha amizadecom os investigados LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES, OLIVIO RODRIGUESJUNIOR e FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA, bem como que buscou manter, comrepresentação do primeiro, negócios com a CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT,os quais envolviam, segundo ele, a reforma do aeroporto da ilha de Antígua e aconstrução de um porto, um aeroporto e um resort na ilha de Barbuda.

Ademais, FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA viajou em váriasoportunidades com HILBERTO MASCARENHAS ALVES SILVA FILHO, assim como,por uma vez, na companhia desse e de OLIVIO RODRIGUES JUNIOR.

HILBERTO MASCARENHAS ALVES SILVA FILHO, destaque-se,também é executivo da CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT e, conforme constados Autos n. 5036309-10.2015.4.04.7000, restou identificado como gestor de contana Suíça em nome de offshore pertencente à empreiteira, notadamente da SMITH &NASH ENGINEERING, com conta no Banco PKB, na Suíça.

Os contatos de LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES, deFERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA e de HILBERTO MASCARENHAS ALVES DASILVA FILHO foram, inclusive, encontrados no celular de MARCELO BAHIAODEBRECHT, conforme se denota do Relatório de Análise de Polícia Judiciária nº 417.

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Na relação que se estabelece entre todos esses investigados, chamamatenção as diversas viagens realizadas por VINICIUS VEIGA BORIN, LUIZ EDUARDODA ROCHA SOARES, OLIVIO RODRIGUES JUNIOR, MARCELO RODRIGUES,FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA, e/ou HILBERTO MASCARENHAS ALVES DASILVA FILHO.

Por tudo isso, verifica-se que, além de estarem conectados entre si, osrepresentados apresentam, ainda, ligação com o Grupo ODEBRECHT, sendo delefuncionários ou diretores, tendo seus serviços por ele utilizados para a remessa derecursos para o exterior e/ou, ainda, atuando em relação a empresas offshores a elepertencentes e às contas a elas relacionadas, constituindo-as e gerindo-as.

Destarte, ligam-se eles aos delitos de lavagem de capitais pelaempreiteira perpetrados, em parte já denunciados em sede dos autos nº 5036528-23.2015.4.04.7000.

3. Da prisão preventiva

Face ao exposto, diante da vasta gama de gravíssimos delitos que fo-ram, e ainda possivelmente vem sendo, praticados em prejuízo da Administração Pú-blica Federal, a exemplo de delitos de corrupção, lavagem de capitais, financeiros,fraude a licitações, etc, considerando o risco às ordens pública e econômica que elesrepresentam, faz-se imprescindível o acautelamento preventivo dos seguintes investi-gados:

a) ZWI SKORNICKI (CPF 244.929.307-87);b) JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO (CPF 059.802.245-72);c) MÔNICA REGINA CUNHA MOURA (CPF 441.627.905-15).

Considerando que tais investigados mantêm recursos não declaradosno exterior, sendo que, inclusive, ZWI SKORNICKI realizou pagamentos indevidos aJOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA apósa deflagração da Operação Lava Jato, a decretação da prisão de referidas pessoas in-sere-se como uma medida imprescindível para inviabilizar o prosseguimento de suasinúmeras práticas delitivas, garantindo a manutenção da ordem pública e econômica.

Tal segregação é fundamental para que os investigados deixem deatuar em negócios escusos às custas do incremento injustificado de obras públicasnacionais, como também para que cessem a sua possível atuação ilícita no interessede empresas e partidos políticos em negócios do mesmo jaez. Com efeito, é de seesperar que a atuação dos representados suprarreferidos não tenha se restringidoaos fatos ilícitos que até o presente momento já vieram a lume, mas tenha seestendido e continuado em outras frentes, também em detrimento da AdministraçãoPública Federal.

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Ademais, a decretação da prisão cautelar das pessoas suprarreferidastambém se mostra necessária a fim de que seja garantida a instrução criminal, dada agrande probabilidade de que, caso mantidas em liberdade, busquem junto aos de-mais integrantes de sua organização criminosa a destruição e a ocultação de provasque porventura possam resultar em seu desfavor, além de interferir no depoimentode testemunhas.

Em caso análogo de grave desvio de recursos públicos, o STJ se ma-nifestou pela manutenção da custódia cautelar fundamentando na gravidade concre-ta dos fatos:

PRISÃO PREVENTIVA. DENÚNCIA PELO CRIME DE FORMAÇÃO DEQUADRILHA E OUTROS DELITOS GRAVES DIRECIONADOS AO DESVIO DEVERBAS PÚBLICAS. DECRETO SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO.GRAVIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. NECESSIDADE DAPRISÃO CAUTELAR EVIDENCIADA. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA.1. Presentes fortes indícios de que o paciente faria parte de sólido esquemacriminoso que tinha como principal atividade a prática de ilícitosdirecionados ao desvio de verbas públicas, inclusive federais, em proveitodos agentes envolvidos e em detrimento do município lesado, desbaratadoatravés da denominada "Operação Telhado de Vidro", e constando aindaque, para que esse fim tivesse êxito, vários crimes eram cometidos pelogrupo, tais como corrupção, extorsões, advocacia administrativa, falsidadese outras inúmeras fraudes, especialmente em licitações, que acarretaramenormes prejuízos aos cofres públicos, não se mostra desfundamentado odecreto de prisão preventiva e o acórdão que o manteve, sustentados nanecessidade do resguardo da ordem pública, pois há sérios riscos dasatividades ilícitas serem retomadas com a soltura. 2. Condições pessoais,mesmo que realmente favoráveis, não teriam, a princípio, o condão de, porsi sós, ensejarem a revogação da preventiva, quando há nos autoselementos suficientes para a sua ordenação e manutenção. 3. Ordemdenegada.(STJ - HC: 111151 RJ 2008/0157121-1, Relator: Ministro JORGEMUSSI, Data de Julgamento: 21/05/2009, T5 - QUINTA TURMA, Data dePublicação: DJe 03/08/2009)

Frise-se, aliás, que se tem reconhecido a legitimidade da prisãopreventiva em razão da gravidade em concreto do delito nos seguintes precedentes:STF, HC 122.370, 1ª T., j. 19/8/2014; HC 119.457, 2ª T., j. 13/5/2014; STJ, HC 279.334, 5ªT., j. 19/8/2014.

Não se trata tão só da elevada gravidade concreta do crime, mas dasua reiteração de modo profissional, ao longo dos últimos anos, havendo, engendra anecessidade, conforme reconhecido pela jurisprudência, de que a continuidade docrime seja estancada, também para garantia da ordem pública.

A prisão também é necessária para evitar a dissipação de ativosilegalmente mantidos no exterior, bem como evitar que sejam movimentados e,dessa forma, lavados. De fato, conforme se destacou, os representados realizaram

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diversas movimentações ilícitas fora do Brasil, detendo acesso a empresas offshore eestrangeiras, por meio das quais podem continuar a cometer crimes de lavagem,ocultação e dissipação de ativos.

Sem esquecer a forte possibilidade de que os investigados secoloquem fora do alcance das autoridades brasileiras, ocultando-se no exterior, dadasua imensa capacidade econômica.

Cabe referir que o E. STF, nos autos do HC nº 127.186/PR, emboratenha concedido a ordem para substituir a prisão preventiva de vários empreiteirospor medidas cautelares diversas, ressalvou a possibilidade da decretação da prisãopreventiva, desde que presentes os requisitos previstos em lei, como estádevidamente demonstrado no presente caso, no qual ainda não se encontraencerrada a instrução processual.

Com efeito, depreende-se da referida decisão proferida pelo STF aseguinte linha de argumentação:

“[...[ Como consta das informações prestadas pelo magistrado de primeirograu, nesse período intermediário, de novembro passado até hoje, ainstrução criminal foi praticamente concluída, tendo sido colhida toda aprova acusatória (interceptações telefônicas, buscas e apreensões, períciase oitivas de testemunhas), restando apenas a tomada de algunsdepoimentos de testemunhas de defesa. Portanto, o panorama fático atualé inteiramente diferente. No que se refere à garantia da instrução, a prisãopreventiva exauriu sua finalidade. Não mais subsistindo risco deinterferência na produção probatória requerida pelo titular da ação penal,não mais se justifica, sob esse fundamento, a manutenção da prisão [...]“.

No presente caso, portanto, também sob o ponto de vista daconveniência para a instrução criminal, encontra-se plenamente justificada a adoçãodas excepcionais medidas cautelares de prisão ora pleiteadas, visto que ainvestigação em face dos representados ainda está em seu estágio inicial e ainstrução criminal perante este Juízo nem sequer foi iniciada.

Dessa forma, a custódia preventiva de JOÃO CERQUEIRA DESANTANA FILHO, MÔNICA REGINA CUNHA MOURA e ZWI SKORNICKI, diante daalta probabilidade de que persistam com as atividades criminosas em circunstânciassimilares, é imprescindível para a garantia: i) da ordem pública, a fim de interrompera prática delitiva habitual, mormente em relação ao pagamento de propina paraagentes públicos em decorrência de contratos fraudulentos com a AdministraçãoPública Federal; ii) da ordem econômica, para que não reste prejudicada aestabilidade econômica do setor, sobretudo em termos microeconômicos, mediante aperturbação na circulação livre de bens no mercado; e iii) da instrução criminal, paraque seja evitada a destruição e a ocultação de provas que porventura possam resultarem seu desfavor; iv) da aplicação da lei penal, em vista da potencialidade de queestes representados fujam do país, para se furtarem de ser responsabilizados

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penalmente, visto que possuem e podem movimentar indevidamente valores paratanto no exterior.

Ante o acima exposto, o Ministério Público Federal requer sejamdecretadas medida cautelares de prisão preventiva, nos termos do artigo 312 doCódigo de Processo Penal, de JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO (CPF059.802.245-72), MÔNICA REGINA CUNHA MOURA (CPF 441.627.905-15) e ZWISKORNICKI (CPF 244.929.307-87).

4. Da prisão temporária

A par da decretação das prisões preventivas acima pugnadas, faz-semedida necessária a decretação da prisão temporária de MARCELO RODRIGUES(CPF 266.263.838-92), ligado ao Grupo Empresarial ODEBRECHT, considerando-se osindícios de participação ativa no esquema criminoso ora investigado.

Diante dos fatos supramencionados, têm-se como presentes os re-quisitos autorizadores para a decretação da prisão temporária, por imprescindível àsinvestigações do inquérito policial, bem como por existirem fundadas razões – auto-ria e materialidade – da prática do delito de organização criminosa, nos termos do ar-tigo 1º, incisos I e III, alínea “l”, da Lei nº 7.960/89.

Nesse sentido, embora o crime de organização criminosa não estejaprevisto no rol do artigo 1º, inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrarque este crime somente passou a ser previsto a partir da edição da Lei nº12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela lei o crime de quadrilha oubando (atual associação criminosa), não há razão para não se considerar aí incluído odelito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécie ou tipodaquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisãotemporária, restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatórias com-plementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela, mormente tendo em vista a existência de indícios concretos de que o represen-tado era o controlador de conta-corrente titularizada pela offshore KLIENFELD SERVI-CES LTD., utilizada pelo Grupo ODEBRECHT para o repasse de valores milionários devantagens indevidas a agentes públicos da PETROBRAS.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evi-dente, assegurando, dentre outros efeitos, que o investigado seja ouvido pela autori-dade policial sem possibilidade de prévio acerto de versões com os demais represen-tados ou mediante pressão por parte das pessoas mais influentes do grupo.

Assim, havendo suficientes indícios de materialidade e autoriadelitiva, presentes os requisitos legais, absolutamente cabível a decretação de prisãotemporária de MARCELO RODRIGUES.

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5. Condução coercitiva

A par do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, revela-se no presente caso necessária, adequada e proporcional a condução coercitiva dosrepresentados para que prestem declarações perante a autoridade policial imediata-mente após o cumprimento das buscas.

Com efeito, com fulcro no art. 3º do CPP e art. 798 do Código de Pro-cesso Civil, afigura-se possível determinar a condução coercitiva de investigados en-quanto medida cautelar decorrente do poder geral de cautela dos magistrados. Seriauma medida cautelar pessoal substitutiva das prisões processuais, embora não ex-pressamente prevista no artigo 319 do Código de Processo Penal.

Cabe destacar que a condução coercitiva mostra-se mais branda queoutras medidas cautelares, como a prisão preventiva e até mesmo a prisão temporá-ria. A condução coercitiva seria corolário da aplicação do brocardo de que in eo quodplus est semper inest et minus (“quem pode o mais, pode o menos”; ou “naquilo emque está o mais sempre se inclui o menos”).

Tal providência é usualmente empregada quando da deflagração deoperações policiais, diante da necessidade de acautelar a coleta probatória durante adeflagração.

A aplicação da condução da coercitiva já foi apreciada pelo E. STF:

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CONDUÇÃO DO IN-VESTIGADO À AUTORIDADE POLICIAL PARA ESCLARECIMENTOS. POSSIBILI-DADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DOART. 6º DO CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE PRISÃO OU DE ESTADODE FLAGRÂNCIA. DESNECESSIDADE DE INVOCAÇÃO DA TEORIA OU DOUTRI-NA DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR DECRETADA POR DECISÃOJUDICIAL, APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O INTERROGATÓRIO DO INDICIADO.LEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA RESERVA DEJURISDIÇÃO. USO DE ALGEMAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADO. CONDENAÇÃO BA-SEADA EM PROVAS IDÔNEAS E SUFICIENTES. NULIDADE PROCESSUAIS NÃO VERI-FICADAS. LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIADA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENE-GADA. I – A própria Constituição Federal assegura, em seu art. 144, § 4º, às políciascivis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia judiciáriae a apuração de infrações penais. II – O art. 6º do Código de Processo Penal, porsua vez, estabelece as providências que devem ser tomadas pela autoridade policialquando tiver conhecimento da ocorrência de um delito, todas dispostas nos incisosII a VI. III – Legitimidade dos agentes policiais, sob o comando da autoridade polici-al competente (art. 4º do CPP), para tomar todas as providências necessárias à elu-cidação de um delito, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclareci-mentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais dos conduzidos. IV –Desnecessidade de invocação da chamada teoria ou doutrina dos poderes implíci-tos, construída pela Suprema Corte norte-americana e e incorporada ao nosso or-denamento jurídico, uma vez que há previsão expressa, na Constituição e no Códi-go de Processo Penal, que dá poderes à polícia civil para investigar a prática deeventuais infrações penais, bem como para exercer as funções de polícia judiciária.

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(...) (HC 107644, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, 1ª T., julgado em06/09/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 17-10-2011 PUBLIC 18-10-2011)

Conforme aresto acima transcrito, a condução coercitiva de suspeitoou investigado à Delegacia de Polícia prescinde inclusive de mandado judicial pois talprovidência se insere nos poderes de investigação da autoridade policial (poderes im-plícitos), inserindo-se dentro das atribuições constitucionalmente estabelecidas à po-lícia judiciária (CF, art. 144, §4; CPP, art. 6, incisos II a VI).

Assim, a condução não se confunde com qualquer forma de prisãocautelar, mas é consequência do poder-dever policial de determinar o compareci-mento de pessoas à delegacia para a tomada de depoimentos.

Não obstante, na medida em que não há óbice à condução coercitivade investigados com a prévia anuência do Poder Judiciário, requer o MinistérioPúblico Federal a expedição de mandados de condução coercitiva de ELOISASKORNICKI (CPF nº 529.488.707-04), BRUNO SKORNICKI (CPF nº 092.060.137-50),ARMANDO RAMOS TRIPODI (CPF nº 124.265.205-15), FERNANDO MIGLIACCIODA SILVA (CPF nº 136.429.538-59) e HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVAFILHO (CPF nº 105.062.765-20) para que todos possam ser imediatamente ouvidosno dia do cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

6. Da aplicação de medidas restritivas de liberdade

Face aos indícios acima expostos, a fim de garantir a instrução dapresente investigação, o Ministério Público Federal, nos termos no artigo 319, incisoIV, do Código de Processo Penal, pugna pela aplicação de medida cautelarconsubstanciada na proibição de ausentar-se da comarca a ELOISA SKORNICKI (CPFnº 529.488.707-04), BRUNO SKORNICKI (CPF nº 092.060.137-50), ARMANDORAMOS TRIPODI (CPF nº 124.265.205-15), FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA (CPFnº 136.429.538-59) e HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO (CPF nº105.062.765-20).

A medida se faz necessária tanto para que se evite a possibilidade defuga dos representados do território nacional, quanto para que estejam à disposiçãodos órgãos de persecução penal pelo tempo necessário para o desenvolvimentoadequado das investigações.

7. Buscas residenciais e nas sedes das empresas

Face ao exposto, considerando os fundados indícios de práticasdelituosas desenvolvidas pelos ora investigados, requer o Ministério Público Federal,nos termos do artigo 240, §1º, alíneas “b”, “c”, “e”, “f” e “h”, do Código de Processo

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Penal, a expedição de mandados de busca e apreensão criminal com a finalidade deapreender quaisquer documentos, mídias e outras provas encontradas relacionadasaos crimes de corrupção passiva e ativa, fraude em licitações, contra o SistemaFinanceiro Nacional, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e/ou documental eorganização criminosa, notadamente, mas não limitado a:

a) registros e livros contábeis, formais ou informais, recibos, agendas,ordens de pagamento e quaisquer outros documentos relacionadosaos ilícitos narrados nesta manifestação, notadamente aqueles quedigam respeito à manutenção e movimentação de contas bancáriasno Brasil e no exterior, em nome próprio ou de terceiros;

b) HD´s, laptops, pen drives, arquivos eletrônicos de qualquer es-pécie, agendas manuscritas ou eletrônicas, dos investigados ou desuas empresas, quando houver suspeita que contenham materialprobatório relevante, como o acima especificado;

c) valores em espécie, em moeda estrangeira ou em reais, de valorigual ou superior a R$ 50.000,00, e desde que não seja apresentadaprova documental cabal de sua origem lícita, além de objetos de luxode grande valor, tais como: joias, relógios, quadros de grande valor,automóveis, etc.;

em face dos seguintes investigados, pessoas físicas:

i. JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO (CPF nº 059.802.245-72);ii. MÔNICA REGINA CUNHA MOURA (CPF nº 441.627.905-15);iii. ZWI SKORNICKI (CPF nº 244.929.307-87);iv. ELOISA SKORNICKI (CPF nº 529.488.707-04);v. BRUNO SKORNICKI (CPF nº 092.060.137-50);vi. ARMANDO RAMOS TRIPODI (CPF nº 124.265.205-15);vii. OLÍVIO RODRIGUES JUNIOR (CPF nº 075.436.988-97);viii. MARC ELO RODRIGUES (CPF nº 266.263.838-92);ix. LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES (CPF nº 036.210.248-16);x. FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA (CPF nº 136.429.538-59);xi. HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO (CPF nº105.062.765-20).

e em face dos seguintes investigados, pessoas jurídicas:

i. Sede da empresa POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA(CNPJ nº 05.018.135/0001-06);ii. Sede da empresa SANTANA & ASSOCIADOS MARKETING EPROPAGANDA LTDA (CNPJ nº 05.060.706/0001-62);iii. Sede da GRACO CORRETORA DE CÂMBIO S.A (CNPJ nº65.982.589/0001-16).

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Pugna-se pelo acompanhamento dos fiscais da Receita Federal doBrasil indicados por este órgão quando do cumprimento das medidas de busca eapreensão, sendo necessária a apreensão dos documentos por eles indicados comorelevantes.

O Ministério Público Federal requer, ainda, que esse Juízo autorizeque a autoridade policial realize as buscas e apreensões em quaisquer unidades domesmo edifício que sejam identificadas como de utilização das empresas/pessoasacima listadas e que possam ser de interesse da investigação e, no caso de imóveisde rua, em salas e imóveis adjacentes ou localizados no mesmo terreno quandoutilizados pela mesma pessoa ou empresa.

8. Da confirmação dos endereços pela Polícia Federal

O Ministério Público Federal também requer que, após a apreciaçãodos pedidos ora formulados, abra-se vista dos autos à Polícia Federal para que, deforma sigilosa, antes do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, sejamefetuadas as diligências policiais cabíveis para o levantamento dos endereços daspessoas físicas e jurídicas supramencionadas.

9. Do bloqueio de ativos financeiros

Postula o MPF, ainda, seja determinado o bloqueio cautelar dequaisquer ativos mantidos em instituições financeiras por:

i. JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO (CPF nº 059.802.245-72);ii. MÔNICA REGINA CUNHA MOURA (CPF nº 441.627.905-15);iii. ZWI SKORNICKI (CPF nº 244.929.307-87);iv. POLIS PROPAGANDA E MARKETING LTDA (CNPJ nº05.018.135/0001-06);v. SANTANA & ASSOCIADOS MARKETING E PROPAGANDA LTDA(CNPJ nº 05.060.706/0001-62);vi. EAGLE DO BRASIL LTDA (CNPJ nº 01.283.812/0001-54);vii. SHELLBILL FINANCE S.A;

Considerando que são operadores financeiros que movimentaram elavaram em seu nome, e no nome das grandes empreiteiras cujos interesses repre-sentam, dezenas de milhões de reais em detrimento da PETROBRAS, no Brasil e noexterior, e que são responsáveis solidários pelos danos causados, requer-se que obloqueio de ativos não tenha limite, sem prejuízo de posterior análise de situaçõesindividuais.

Pede-se, por fim, que o bloqueio de ativos seja executadoconcomitantemente às medidas de busca e apreensão, caso deferidas.

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10. Sequestro de bem imóvel

Finalmente, requer-se, com fulcro no artigo 4º da Lei nº 9613/98 eartigo 125 e seguintes do Código de Processo Penal, o sequestro de bem imóvellocalizado na Rua Afonso Braz, nº 25, apartamento 51, Indianópolis, São Paulo/SP,CEP 04.511-010, adquirido por JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, uma vezque se trata de produto de crime de lavagem de capitais.

A fim de se preservar o sucesso das demais medidas investigatóriasora pugnadas, requer-se seja a medida efetivada concomitantemente às medidas debusca e apreensão, caso deferidas.

Curitiba, 04 de fevereiro de 2016.

Deltan Martinazzo Dallagnol

Procurador República

Orlando Martello

Procurador Regional da República

Januário Paludo

Procurador Regional da República

Carlos Fernando dos Santos Lima

Procurador Regional da República

Roberson Henrique Pozzobon

Procurador da República

Diogo Castor de Mattos

Procurador da República

Paulo Roberto Galvão de Carvalho

Procurador da República

Athayde Ribeiro Costa

Procurador da República

Laura Gonçalves Tessler

Procuradora da República

Julio Carlos Motta Noronha

Procurador da República(FSD/BAC)

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