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458 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N. o 15 — 20 de Janeiro de 2006 MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Decreto-Lei n. o 12/2006 de 20 de Janeiro A transposição da Directiva n. o 2003/41/CE, do Par- lamento Europeu e do Conselho, de 3 de Junho, relativa às actividades e à supervisão das instituições de rea- lização de planos de pensões profissionais, constitui ensejo para proceder à revisão geral do regime dos fun- dos de pensões, incrementando o nível da protecção de participantes e beneficiários, bem como procedendo ao seu aperfeiçoamento técnico tendo em conta a expe- riência de supervisão dos fundos de pensões. Assim, o presente decreto-lei revê de forma global o regime do Decreto-Lei n. o 475/99, de 9 de Novembro, alterado pelos Decretos-Leis n. os 292/2001, de 20 de Novembro, e 251/2003, de 14 de Outubro, sem privilegiar os fundos de pensões ao serviço de planos de pensões, seja do segundo pilar (planos de pensões «empresa- riais») seja do terceiro pilar (planos de pensões «indi- viduais»), da protecção social, quando aquela directiva abrange apenas os primeiros. Além do tratamento unitário dos fundos de pensões, que já data de 1985, o presente decreto-lei tem o cuidado de, na previsão de novas estruturas de governação dos fundos de pensões dirigidas a uma especial mediação entre a gestão profissional dos fundos e os destinatários (não profissionais) da respectiva actividade, contemplar, para os fundos do segundo pilar, a previsão de uma comissão de acompanhamento da realização do plano de pensões e, para os do terceiro pilar, a previsão do provedor dos participantes e beneficiários. A criação destas figuras tem em conta a experiência do direito comparado e a prática actual dos operadores portugue- ses dos mercados dos fundos de pensões e segurador. Apenas o regime dos chamados serviços transfron- teiriços de gestão de planos de pensões profissionais constitui excepção significativa a esse tratamento uni- tário, aplicando-se apenas aos fundos de pensões o ser- viço de planos de pensões do segundo pilar, em trans- posição estrita do artigo 20. o da directiva. Regula-se, ainda, a gestão transfronteiriça de planos de pensões, quer por entidades nacionais quer por enti- dades de outros Estados membros. Em ambos os casos, a gestão do plano de pensões deve cumprir as disposições sociais e laborais da legislação do Estado membro ao abrigo do qual o plano foi constituído, prevendo-se, para tal, mecanismos de informação entre as autoridades competentes dos Estados membros envolvidos. Com relevante impacte na prestação de serviços trans- fronteiriços nesta área, prevê-se igualmente, ainda em transposição da directiva, a aceitação de entidades com estabelecimento na União Europeia como entidades depositárias dos fundos de pensões. É ainda de salientar a reformulação global que a maté- ria da informação aos participantes e beneficiários regista no regime do presente decreto-lei. Assim, regis- ta-se um aprofundamento da informação a prestar, uma melhor definição dos períodos disponíveis para a divul- gação da informação e, ainda, uma maior densificação e um maior rigor na previsão da obrigação de actua- lização da informação. Relativamente às adesões indi- viduais a fundos de pensões abertos, consagra-se a pos- sibilidade de o Instituto de Seguros de Portugal vir a regular a matéria da disponibilização de informação por meio de um prospecto informativo, em alinhamento com o regime dos produtos seguradores similares, como é o caso do unit-linked. A transposição da directiva determina ainda que as regras prudenciais sobre composição dos activos, a defi- nição da política de investimento, o cálculo das res- ponsabilidades dos fundos de pensões e a nomeação dos poderes e deveres do Instituto de Seguros de Por- tugal passem a constar de decreto-lei específico. São também de salientar as seguintes alterações intro- duzidas ao regime anterior. Por um lado, a consagração, em determinados termos, da possibilidade de os fundos de pensões poderem financiar as responsabilidades de longo prazo dos associados com os benefícios de saúde concedidos aos seus trabalhadores após a data da reforma. Por outro lado, ao nível do regime dos planos de pensões, estabelece-se a possibilidade de os planos de pensões financiados por fundos preverem subsídios por morte, bem como a portabilidade dos seus bene- fícios, no caso dos planos contributivos, relativamente às contribuições próprias, e nos planos com direitos adquiridos. Ao nível do regime institucional geral dos fundos de pensões, prevê-se uma regra sobre o registo dos fundos e das entidades gestoras. Relativamente ao regime dos fundos de pensões abertos, reconhece-se a possibilidade de comercialização conjunta de fundos geridos pela mesma entidade gestora, bem como o direito à transferência da adesão, sem encargos, nos casos de alteração substancial da política de investimen- tos, de aumento de comissões e de transferência da ges- tão do fundo para outra entidade gestora. Ao nível das estruturas de governação dos fundos de pensões, instituem-se regras sobre conflitos de inte- resses e são desenvolvidos os regimes da subcontratação, da constituição das sociedades gestoras, das entidades comercializadoras, do actuário e do revisor oficial de contas. Por fim, ao nível dos mecanismos de governação dos fundos de pensões, consagra-se um capítulo relativo às matérias da estrutura organizacional, da gestão de riscos e do controlo interno das entidades gestoras de fundos de pensões, bem como disposições específicas para as matérias da divulgação dos relatórios e contas relativos aos fundos abertos e às entidades gestoras de fundos de pensões e da publicidade efectuada pelas entidades gestoras. Foram ouvidos o Instituto de Seguros de Portugal, as associações representativas do sector e as confede- rações sindicais. Assim: Nos termos da alínea a) do n. o 1 do artigo 198. o da Constituição, o Governo decreta o seguinte: TÍTULO I Disposições gerais Artigo 1. o Objecto 1 — O presente decreto-lei regula a constituição e o funcionamento dos fundos de pensões e das entidades gestoras de fundos de pensões.

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458 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006

MINISTÉRIO DAS FINANÇASE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Decreto-Lei n.o 12/2006de 20 de Janeiro

A transposição da Directiva n.o 2003/41/CE, do Par-lamento Europeu e do Conselho, de 3 de Junho, relativaàs actividades e à supervisão das instituições de rea-lização de planos de pensões profissionais, constituiensejo para proceder à revisão geral do regime dos fun-dos de pensões, incrementando o nível da protecçãode participantes e beneficiários, bem como procedendoao seu aperfeiçoamento técnico tendo em conta a expe-riência de supervisão dos fundos de pensões.

Assim, o presente decreto-lei revê de forma globalo regime do Decreto-Lei n.o 475/99, de 9 de Novembro,alterado pelos Decretos-Leis n.os 292/2001, de 20 deNovembro, e 251/2003, de 14 de Outubro, sem privilegiaros fundos de pensões ao serviço de planos de pensões,seja do segundo pilar (planos de pensões «empresa-riais») seja do terceiro pilar (planos de pensões «indi-viduais»), da protecção social, quando aquela directivaabrange apenas os primeiros.

Além do tratamento unitário dos fundos de pensões,que já data de 1985, o presente decreto-lei tem o cuidadode, na previsão de novas estruturas de governação dosfundos de pensões dirigidas a uma especial mediaçãoentre a gestão profissional dos fundos e os destinatários(não profissionais) da respectiva actividade, contemplar,para os fundos do segundo pilar, a previsão de umacomissão de acompanhamento da realização do planode pensões e, para os do terceiro pilar, a previsão doprovedor dos participantes e beneficiários. A criaçãodestas figuras tem em conta a experiência do direitocomparado e a prática actual dos operadores portugue-ses dos mercados dos fundos de pensões e segurador.

Apenas o regime dos chamados serviços transfron-teiriços de gestão de planos de pensões profissionaisconstitui excepção significativa a esse tratamento uni-tário, aplicando-se apenas aos fundos de pensões o ser-viço de planos de pensões do segundo pilar, em trans-posição estrita do artigo 20.o da directiva.

Regula-se, ainda, a gestão transfronteiriça de planosde pensões, quer por entidades nacionais quer por enti-dades de outros Estados membros. Em ambos os casos,a gestão do plano de pensões deve cumprir as disposiçõessociais e laborais da legislação do Estado membro aoabrigo do qual o plano foi constituído, prevendo-se, paratal, mecanismos de informação entre as autoridadescompetentes dos Estados membros envolvidos.

Com relevante impacte na prestação de serviços trans-fronteiriços nesta área, prevê-se igualmente, ainda emtransposição da directiva, a aceitação de entidades comestabelecimento na União Europeia como entidadesdepositárias dos fundos de pensões.

É ainda de salientar a reformulação global que a maté-ria da informação aos participantes e beneficiáriosregista no regime do presente decreto-lei. Assim, regis-ta-se um aprofundamento da informação a prestar, umamelhor definição dos períodos disponíveis para a divul-gação da informação e, ainda, uma maior densificaçãoe um maior rigor na previsão da obrigação de actua-lização da informação. Relativamente às adesões indi-viduais a fundos de pensões abertos, consagra-se a pos-sibilidade de o Instituto de Seguros de Portugal vir a

regular a matéria da disponibilização de informação pormeio de um prospecto informativo, em alinhamento como regime dos produtos seguradores similares, como éo caso do unit-linked.

A transposição da directiva determina ainda que asregras prudenciais sobre composição dos activos, a defi-nição da política de investimento, o cálculo das res-ponsabilidades dos fundos de pensões e a nomeaçãodos poderes e deveres do Instituto de Seguros de Por-tugal passem a constar de decreto-lei específico.

São também de salientar as seguintes alterações intro-duzidas ao regime anterior. Por um lado, a consagração,em determinados termos, da possibilidade de os fundosde pensões poderem financiar as responsabilidades delongo prazo dos associados com os benefícios de saúdeconcedidos aos seus trabalhadores após a data dareforma. Por outro lado, ao nível do regime dos planosde pensões, estabelece-se a possibilidade de os planosde pensões financiados por fundos preverem subsídiospor morte, bem como a portabilidade dos seus bene-fícios, no caso dos planos contributivos, relativamenteàs contribuições próprias, e nos planos com direitosadquiridos. Ao nível do regime institucional geral dosfundos de pensões, prevê-se uma regra sobre o registodos fundos e das entidades gestoras. Relativamente aoregime dos fundos de pensões abertos, reconhece-se apossibilidade de comercialização conjunta de fundosgeridos pela mesma entidade gestora, bem como odireito à transferência da adesão, sem encargos, noscasos de alteração substancial da política de investimen-tos, de aumento de comissões e de transferência da ges-tão do fundo para outra entidade gestora.

Ao nível das estruturas de governação dos fundosde pensões, instituem-se regras sobre conflitos de inte-resses e são desenvolvidos os regimes da subcontratação,da constituição das sociedades gestoras, das entidadescomercializadoras, do actuário e do revisor oficial decontas.

Por fim, ao nível dos mecanismos de governação dosfundos de pensões, consagra-se um capítulo relativo àsmatérias da estrutura organizacional, da gestão de riscose do controlo interno das entidades gestoras de fundosde pensões, bem como disposições específicas para asmatérias da divulgação dos relatórios e contas relativosaos fundos abertos e às entidades gestoras de fundosde pensões e da publicidade efectuada pelas entidadesgestoras.

Foram ouvidos o Instituto de Seguros de Portugal,as associações representativas do sector e as confede-rações sindicais.

Assim:Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da

Constituição, o Governo decreta o seguinte:

TÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.o

Objecto

1 — O presente decreto-lei regula a constituição eo funcionamento dos fundos de pensões e das entidadesgestoras de fundos de pensões.

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N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 459

2 — O presente decreto-lei transpõe para a ordemjurídica nacional a Directiva n.o 2003/41/CE, do Par-lamento Europeu e do Conselho, de 3 de Junho, relativaàs actividades e à supervisão das instituições de rea-lização de planos de pensões profissionais.

Artigo 2.o

Definições

Para os efeitos deste decreto-lei, considera-se:

a) «Plano de pensões» o programa que define ascondições em que se constitui o direito ao rece-bimento de uma pensão a título de reforma porinvalidez, por velhice ou ainda em caso de sobre-vivência ou de qualquer outra contingência equi-parável, de acordo com as disposições do pre-sente diploma;

b) «Plano de benefícios de saúde» o programa esta-belecido por uma pessoa colectiva que defineas condições em que se constitui o direito aopagamento ou reembolso de despesas de saúdeda responsabilidade da pessoa colectiva decor-rentes da alteração involuntária do estado desaúde do beneficiário do plano e havidas apósa data da reforma por velhice ou invalidez,sobrevivência, pré-reforma ou reforma ante-cipada;

c) «Fundo de pensões» o património autónomoexclusivamente afecto à realização de um oumais planos de pensões e ou planos de benefíciosde saúde;

d) «Associado» a pessoa colectiva cujos planos depensões ou de benefícios de saúde são objectode financiamento por um fundo de pensões;

e) «Participante» a pessoa singular em função decujas circunstâncias pessoais e profissionais sedefinem os direitos consignados no plano depensões ou no plano de benefícios de saúde,independentemente de contribuir ou não parao seu financiamento;

f) «Contribuinte» a pessoa singular que contribuipara o fundo ou a pessoa colectiva que efectuacontribuições em nome e a favor do parti-cipante;

g) «Beneficiário» a pessoa singular com direito aosbenefícios estabelecidos no plano de pensõesou no plano de benefícios de saúde, tenha ounão sido participante;

h) «Aderente» a pessoa singular ou colectiva queadere a um fundo de pensões aberto.

Artigo 3.o

Gestão e depósito dos fundos de pensões

Os fundos de pensões são geridos por uma ou váriasentidades gestoras, e os valores a eles adstritos são depo-sitados em um ou mais depositários, de acordo comas disposições do presente decreto-lei.

Artigo 4.o

Supervisão

1 — O exercício da actividade de gestão de fundosde pensões fica sujeito à supervisão do Instituto de Segu-

ros de Portugal, nos termos definidos no título VIII dopresente decreto-lei.

2 — No exercício das suas funções de supervisão, oInstituto de Seguros de Portugal emite as normas regu-lamentares necessárias ao regular funcionamento do sec-tor dos fundos de pensões e procede à fiscalização doseu cumprimento.

Artigo 5.o

Autonomia e regime dos fundos de pensões que financiamplanos de benefícios de saúde

1 — Os planos de benefícios de saúde só podem serfinanciados através de fundos de pensões fechados ede adesões colectivas a fundos de pensões abertos.

2 — Ao fundo de pensões que financie planos debenefícios de saúde é aplicável, com as devidas adap-tações, o fixado no presente decreto-lei para os fundosde pensões fechados e para as adesões colectivas a fun-dos de pensões abertos, bem como para os planos depensões de benefício definido ou mistos, sem prejuízodo previsto nos números seguintes.

3 — As responsabilidades inerentes aos planos debenefícios de saúde são calculadas e financiadas deforma autónoma em relação às responsabilidades dosplanos de pensões, sendo objecto de certificação actua-rial distinta.

4 — Se o património de um fundo de pensões quefinancie simultaneamente planos de pensões e planosde benefícios de saúde for gerido de forma conjunta,deve existir uma clara identificação da quota-parte dopatrimónio afecto a cada plano.

5 — Os fundos de pensões que financiem planos debenefícios de saúde podem celebrar contratos de segurocom empresas de seguros para a garantia do pagamentoou do reembolso das despesas de saúde previstas noplano.

6 — Em caso de extinção da quota-parte do fundode pensões afecta ao financiamento de planos de bene-fícios de saúde, e na impossibilidade de aquisição decontratos de seguro ou de transferência para outro fundode pensões ou adesão colectiva, a entidade gestora asse-gura a gestão do plano até à liquidação do respectivopatrimónio.

7 — Em excepção à autonomia fixada no n.o 3, a devo-lução prevista no artigo 81.o está sujeita:

a) Relativamente a um fundo de pensões fechadoou a uma adesão colectiva a um fundo de pen-sões aberto, à verificação do cumprimento dasregras desse artigo pelo fundo de pensões finan-ciador de planos de benefícios de saúde domesmo associado;

b) Relativamente a um fundo de pensões finan-ciador de planos de benefícios de saúde, à veri-ficação do cumprimento das regras desse artigopelo fundo de pensões fechado do mesmo asso-ciado ou pela adesão colectiva a um fundo depensões aberto pelo mesmo associado.

8 — O Instituto de Seguros de Portugal emite a regu-lamentação de execução do previsto no presente artigo,de forma a garantir a autonomia aí fixada e contemplaras especificidades do financiamento dos planos de bene-fícios de saúde.

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TÍTULO II

Planos de pensões

Artigo 6.o

Regras gerais

1 — Sem prejuízo do disposto no n.o 4 do artigo 8.o,as contingências que podem conferir direito ao rece-bimento de uma pensão são a pré-reforma, a reformaantecipada, a reforma por velhice, a reforma por inva-lidez e a sobrevivência, entendendo-se estes conceitosnos termos em que eles se encontrem definidos no res-pectivo plano de pensões.

2 — Quando complementares e acessórios das pres-tações referidas no número anterior, os planos de pen-sões podem prever ainda a atribuição de subsídios pormorte.

3 — Os planos de pensões podem revestir a naturezade regimes profissionais complementares desde quecumpram igualmente o disposto na legislação respectiva.

4 — Os planos de pensões podem prever, desde queo façam expressamente, a possibilidade de garantia dosencargos inerentes ao pagamento das pensões, nomea-damente os devidos a título de contribuições para asegurança social e os decorrentes de contratação colec-tiva.

Artigo 7.o

Tipos de planos

1 — Os planos de pensões podem, com base no tipode garantias estabelecidas, classificar-se em:

a) «Planos de benefício definido», quando os bene-fícios se encontram previamente definidos e ascontribuições são calculadas de forma a garantiro pagamento daqueles benefícios;

b) «Planos de contribuição definida», quando ascontribuições são previamente definidas e osbenefícios são os determinados em função domontante das contribuições entregues e dos res-pectivos rendimentos acumulados;

c) «Planos mistos», quando se conjugam as carac-terísticas dos planos de benefício definido e decontribuição definida.

2 — Os planos de pensões podem, com base na formade financiamento, classificar-se em:

a) «Planos contributivos», quando existem contri-buições dos participantes;

b) «Planos não contributivos», quando o plano éfinanciado exclusivamente pelo associado.

3 — Salvo disposição em contrário estabelecida noplano de pensões, os planos de pensões de benefíciodefinido em que as contribuições efectuadas pelos par-ticipantes tenham carácter obrigatório estabelecido porlei ou por instrumento de regulação colectiva de trabalhoseguem o regime aplicável aos planos não contributivos.

Artigo 8.o

Forma de pagamento dos benefícios

1 — No momento em que se inicia o pagamento dapensão estabelecida, pode ser concedida a sua remição

parcial, em capital, ou a sua transformação noutro tipode renda, desde que se verifiquem cumulativamente asseguintes condições:

a) Essa possibilidade esteja prevista no plano depensões;

b) Tenha sido apresentado à entidade gestora umpedido formulado por escrito pelo futuro bene-ficiário.

2 — O montante do capital de remição, bem comoo valor actual da renda proveniente da transformação,não pode ser superior a um terço do valor actual dapensão estabelecida, calculado de acordo com as basestécnicas utilizadas para a determinação do mínimo desolvência.

3 — Mediante acordo entre a entidade gestora, oassociado e o beneficiário, é ainda possível a remiçãototal da pensão, desde que o montante da prestaçãoperiódica mensal seja inferior à décima parte da retri-buição mínima mensal garantida para a generalidadedos trabalhadores em vigor à data da remição.

4 — No caso de fundos de pensões que financiamplanos contributivos, os beneficiários têm direito aoreembolso do montante determinado em função dascontribuições efectuadas pelos participantes, em qual-quer das contingências previstas no n.o 1 do artigo 6.oe, ainda, em caso de desemprego de longa duração,doença grave ou incapacidade permanente para o tra-balho, entendidos estes conceitos nos termos da legis-lação aplicável aos planos poupança-reforma/educação(PPR/E).

5 — O reembolso previsto no número anterior podeser efectuado sob a forma de renda, capital ou qualquercombinação destes, aplicando-se as condições referidasno n.o 2 apenas ao valor que não resulte das contri-buições do participante.

6 — Sem prejuízo da possibilidade de remição da pen-são em capital, as pensões resultantes de planos de pen-sões de contribuição definida são garantidas através deum seguro celebrado em nome e por conta do bene-ficiário.

7 — As pensões referidas no número anterior podemser pagas directamente pelo fundo se os associados assu-mirem o pagamento de eventuais contribuições extraor-dinárias para garantia da manutenção do seu valor ese forem cumpridos os requisitos de ordem prudencialque para o efeito sejam estabelecidos em norma regu-lamentar do Instituto de Seguros de Portugal.

Artigo 9.o

Direitos adquiridos e portabilidade dos benefícios

1 — Considera-se que existem direitos adquiridossempre que os participantes mantenham o direito aosbenefícios consignados no plano de pensões de acordocom as regras neste definidas, independentemente damanutenção ou da cessação do vínculo existente como associado.

2 — Nos planos contributivos, relativamente às con-tribuições próprias, e nos planos com direitos adquiridos,é facultada aos participantes que cessem o vínculo como associado a possibilidade de transferirem o valor aque têm direito para outro fundo de pensões.

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Artigo 10.o

Contas individuais

No caso de fundos que financiam planos mistos oude contribuição definida, é obrigatória a existência decontas individuais para cada participante, na parte cor-respondente às contribuições definidas, salvo em situa-ções excepcionais, fundamentadas nas características doplano e aceites pelo Instituto de Seguros de Portugal.

TÍTULO III

Fundos de pensões

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 11.o

Autonomia patrimonial

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 81.o, o patri-mónio dos fundos de pensões está exclusivamente afectoao cumprimento dos planos de pensões, ao pagamentodas remunerações de gestão e de depósito que envolva,e ao pagamento dos prémios dos seguros referidos noartigo 17.o, não respondendo por quaisquer outras obri-gações, designadamente as de associados, participantes,contribuintes, entidades gestoras e depositários.

2 — Pela realização dos planos de pensões constantesdo respectivo contrato constitutivo, regulamento de ges-tão ou contrato de adesão responde única e exclusi-vamente o património do fundo ou a respectiva quo-ta-parte, cujo valor constitui o montante máximo dis-ponível, sem prejuízo da responsabilidade dos associa-dos, participantes e contribuintes pelo pagamento dascontribuições e da entidade gestora pelo rendimentomínimo eventualmente garantido.

3 — Sempre que as condições legais de reembolsose restrinjam às previstas no presente decreto-lei, o valorpatrimonial de eventuais direitos de um participantesobre um fundo de pensões está exclusivamente afectoao cumprimento das obrigações previstas no respectivoplano de pensões, não respondendo por quaisqueroutras obrigações, designadamente para com os seuscredores.

4 — Se o património de um fundo de pensões quefinancie simultaneamente distintos planos de pensõesfor gerido de forma conjunta, deve existir uma claraidentificação da quota-parte do património afecto a cadaplano.

Artigo 12.o

Regime de capitalização

1 — O património, as contribuições e os planos depensões devem estar em cada momento equilibradosde acordo com sistemas actuariais de capitalização quepermitam estabelecer uma equivalência entre, por umlado, o património e as receitas previstas para o fundode pensões e, por outro, as pensões futuras devidas aosbeneficiários e as remunerações de gestão e depósitofuturas.

2 — Não é permitido o financiamento do fundo atra-vés do método de repartição dos capitais de cobertura.

Artigo 13.o

Tipos de fundos de pensões

1 — Os fundos de pensões podem revestir a formade fundos fechados ou abertos:

a) Considera-se que um fundo de pensões éfechado quando disser respeito apenas a umassociado ou, existindo vários associados,quando existir um vínculo de natureza empre-sarial, associativo, profissional ou social entreos mesmos e seja necessário o assentimento des-tes para a inclusão de novos associados nofundo;

b) Considera-se que um fundo de pensões é abertoquando não se exigir a existência de qualquervínculo entre os diferentes aderentes ao fundo,dependendo a adesão ao fundo unicamente deaceitação pela entidade gestora.

2 — Os fundos de pensões fechados podem ser cons-tituídos por iniciativa de uma empresa ou grupos deempresas, de associações, designadamente de âmbitosócio-profissional, ou por acordo entre associaçõespatronais e sindicais.

3 — Os fundos de pensões abertos podem ser cons-tituídos por iniciativa de qualquer entidade autorizadaa gerir fundos de pensões, sendo o seu valor líquidoglobal dividido em unidades de participação, inteirasou fraccionadas, que podem ser representadas porcertificados.

4 — A adesão aos fundos de pensões abertos podeser efectuada de forma colectiva ou individual.

5 — Os fundos de pensões PPR/E, previstos noDecreto-Lei n.o 158/2002, de 2 de Julho, e os fundosde pensões que financiem planos de poupança em acções(PPA), previstos no Decreto-Lei n.o 204/95, de 5 deAgosto, são classificados como fundos de pensões aber-tos aos quais só é permitida a adesão individual.

Artigo 14.o

Comercialização conjunta de fundos de pensões abertos

1 — Nos termos a definir por norma regulamentardo Instituto de Seguros de Portugal, podem ser comer-cializados de forma conjunta dois ou mais fundos depensões abertos, geridos pela mesma entidade gestora,cada um com uma política de investimento própria ediferenciada dos restantes, de modo a facilitar aos con-tribuintes a escolha entre diversas opções de inves-timento.

2 — A adesão ao conjunto de fundos previsto nonúmero anterior efectua-se mediante a celebração deum único contrato de adesão, o qual deve indicar,nomeadamente, as condições especiais de transferênciadas unidades de participação entre os fundos comer-cializados conjuntamente.

Artigo 15.o

Garantias

1 — Os planos de pensões a financiar através de fun-dos de pensões fechados ou de adesões colectivas a fun-dos de pensões abertos podem ser de benefício definido,de contribuição definida ou mistos.

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462 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006

2 — Os planos de pensões a financiar através da ade-são individual a um fundo de pensões aberto só podemser de contribuição definida.

Artigo 16.o

Transferência de riscos

Os fundos de pensões podem celebrar com empresasde seguros ou resseguradoras contratos para a garantiada cobertura dos riscos de morte e invalidez permanente,eventualmente previstos no plano de pensões, bem comocontratos de seguro de rendas vitalícias.

Artigo 17.o

Co-gestão

1 — Sem prejuízo dos direitos dos participantes ebeneficiários, os fundos de pensões fechados, que envol-vam montantes consideravelmente elevados, podem sergeridos por mais de uma entidade gestora, nos casose nas condições estabelecidas por norma regulamentardo Instituto de Seguros de Portugal.

2 — Quando um fundo de pensões fechado for geridopor mais de uma entidade gestora, o associado devenomear a que assume a responsabilidade pelas funçõesglobais de gestão administrativa, nomeadamente a fun-ção de consolidação contabilística, e de gestão actuarialdo plano de pensões.

Artigo 18.o

Registo

1 — O Instituto de Seguros de Portugal mantém emregisto a identificação e a indicação das vicissitudes ocor-ridas relativamente aos fundos de pensões e respectivasentidades gestoras, nos termos de norma regulamentar.

2 — A norma regulamentar prevista no número ante-rior, além de determinar os elementos a registar, bemcomo os respectivos termos, deve ainda prever, desig-nadamente:

a) Os termos da obrigação de envio, pelas enti-dades gestoras de fundos de pensões, dos docu-mentos que suportam os elementos a registar;

b) As formas de publicidade dos dados registados.

Artigo 19.o

Publicações obrigatórias

1 — A publicação obrigatória de actos previstos pre-vistos neste título é efectuada através de um dos seguin-tes meios:

a) Sítio na Internet do Instituto de Seguros dePortugal;

b) Meio de comunicação de grande divulgação noterritório nacional;

c) Diário da República;d) Sítio na Internet previsto no n.o 2 do artigo 70.o

do Código do Registo Comercial, na redacçãodo Decreto-Lei n.o 11/2005, de 8 de Julho.

2 — Nos casos em que a publicação se efectue atravésdos meios referidos nas alíneas b) a d) do número ante-rior, a entidade gestora envia ao Instituto de Segurosde Portugal cópia no prazo de três dias após a mesma,com vista à respectiva publicação oficiosa no sítio naInternet desse Instituto.

CAPÍTULO II

Vicissitudes

SECÇÃO I

Constituição

Artigo 20.o

Autorização

1 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal aautorização para constituição de fundos de pensões.

2 — No caso dos fundos de pensões fechados, a auto-rização é concedida a requerimento conjunto das enti-dades gestoras e dos associados fundadores, acompa-nhado do projecto de contrato constitutivo e do planotécnico-actuarial, no caso de planos de benefício defi-nido ou mistos.

3 — No caso dos fundos de pensões abertos, a auto-rização é concedida a requerimento da entidade gestora,acompanhado do projecto de regulamento de gestão.

4 — Se o Instituto de Seguros de Portugal não sepronunciar num prazo de 90 dias a contar a partir dorecebimento dos requerimentos a que se referem osnúmeros anteriores ou das respectivas alterações oudocumentos complementares, considera-se autorizada aconstituição dos fundos de pensões nos termos reque-ridos.

5 — Da decisão de indeferimento do Instituto deSeguros de Portugal cabe recurso para o Ministro dasFinanças.

Artigo 21.o

Contrato constitutivo de fundos de pensões fechados

1 — Os fundos de pensões fechados constituem-se porcontrato escrito celebrado entre as entidades gestorase os associados fundadores, o qual fica sujeito a publi-cação obrigatória.

2 — Do contrato escrito devem constar obrigatoria-mente os seguintes elementos:

a) Identificação das partes contratantes;b) Denominação do fundo de pensões;c) Denominação, capital social e sede da entidade

gestora ou entidades gestoras;d) Identificação dos associados;e) Indicação das pessoas que podem ser partici-

pantes, contribuintes e beneficiárias do fundo;f) Valor do património inicial do fundo, discri-

minando os bens que a este ficam adstritos;g) Objectivo do fundo e respectivo plano ou planos

de pensões a financiar;h) Regras de administração do fundo e represen-

tação dos associados;i) Sem prejuízo do previsto no artigo 53.o, no caso

de fundos que financiam planos contributivos,a forma de representação dos participantes ebeneficiários, a qual não pode ser delegada noassociado;

j) Condições em que se opera a transferência degestão do fundo para outra entidade gestoraou do depósito dos títulos e outros documentosdo fundo para outro depositário;

l) Direitos dos participantes quando deixem deestar abrangidos pelo fundo e destes e dos bene-ficiários quando o fundo se extinguir ou quandoqualquer dos associados se extinguir ou aban-donar o fundo, sem prejuízo do disposto noartigo 30.o;

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m) Se podem ser concedidos empréstimos aos par-ticipantes e sob que forma;

n) Condições em que as entidades gestoras e osassociados se reservam o direito de modificaras cláusulas acordadas;

o) Causas de extinção do fundo, sem prejuízo dodisposto no artigo 30.o

Artigo 22.o

Contrato de gestão de fundos de pensões fechados

1 — Entre os associados e a entidade gestora ou enti-dades gestoras de um fundo de pensões fechado deveser celebrado um contrato de gestão.

2 — Do contrato de gestão devem constar obrigato-riamente os seguintes elementos:

a) Denominação do fundo de pensões;b) Denominação, capital social e sede da entidade

gestora ou entidades gestoras do fundo;c) Nome e sede dos depositários;d) Remuneração das entidades gestoras;e) Remuneração dos depositários, desde que não

se preveja o acordo prévio do associado paraa fixação daquela remuneração;

f) Política de investimento do fundo;g) Condições em que são concedidas as pensões,

se directamente pelo fundo ou se através decontratos de seguro;

h) Regulamento que estabeleça as condições emque podem ser concedidos empréstimos aos par-ticipantes, no caso de estar prevista tal con-cessão;

i) Condições em que as partes contratantes sereservam o direito de modificar o contrato degestão inicialmente celebrado;

j) Estabelecimento do rendimento mínimo garan-tido e duração desta garantia, caso a entidadegestora assuma o risco de investimento;

l) Penalidades em caso de descontinuidade da ges-tão do fundo;

m) Direitos, obrigações e funções da entidade ges-tora ou das entidades gestoras, nos termos dasnormas legais e regulamentares;

n) Mecanismo de articulação e consolidação deinformação entre as entidades gestoras, quandoaplicável;

o) Indicação do eventual estabelecimento de con-tratos de mandato da gestão de investimentos,actuarial ou administrativa;

p) Regras de designação e representação dos asso-ciados, participantes e beneficiários na comissãode acompanhamento e funções da comissão.

3 — O contrato de gestão não pode derrogar ou alte-rar disposições contidas no contrato constitutivo.

4 — Nos casos em que um fundo de pensões fechadoseja gerido por mais de uma entidade gestora, nos ter-mos do artigo 17.o, as disposições constantes das alí-neas c), d), e), f), j), l) e o) do n.o 2 podem constarde contrato a estabelecer individualmente entre o(s)associado(s) e cada entidade gestora do fundo.

5 — Deve ser remetido ao Instituto de Seguros dePortugal um exemplar do contrato de gestão e, sub-sequentemente, das suas alterações.

Artigo 23.o

Regulamento de gestão de fundos de pensões abertos

1 — Os fundos de pensões abertos consideram-seconstituídos no dia da entrega da primeira contribuição,efectuada nos termos do respectivo regulamento de ges-tão, o qual fica sujeito a publicação obrigatória.

2 — Do regulamento de gestão devem constar obri-gatoriamente os seguintes elementos:

a) Denominação do fundo de pensões;b) Denominação, capital social e sede da entidade

gestora;c) Nome e sede dos depositários;d) Definição dos conceitos necessários ao conve-

niente esclarecimento das condições contra-tuais;

e) Valor da unidade de participação na data deinício do fundo;

f) Forma de cálculo do valor da unidade departicipação;

g) Dias fixados para o cálculo do valor da unidadede participação;

h) Política de investimento do fundo;i) Remuneração máxima da entidade gestora;j) Limites máximo e mínimo das comissões de

emissão e de reembolso das unidades de par-ticipação, explicitando-se claramente a suaforma de incidência;

l) Remuneração máxima dos depositários;m) Condições em que se opera a transferência da

gestão do fundo para outra entidade gestoraou do depósito dos títulos e outros documentosdo fundo para outro depositário;

n) Estabelecimento do rendimento mínimo garan-tido e duração desta garantia, explicitando-sea forma como a política de investimento pros-segue este objectivo, caso a entidade gestoraassuma o risco de investimento;

o) Condições em que a entidade gestora se reservao direito de modificar as cláusulas do regula-mento de gestão;

p) Causas de extinção do fundo, sem prejuízo dodisposto no artigo 30.o;

q) Processo a adoptar no caso de extinção dofundo;

r) Direitos, obrigações e funções da entidade ges-tora, nos termos das normas legais e regu-lamentares;

s) Indicação do eventual estabelecimento de con-tratos de mandato da gestão de investimentos,actuarial ou administrativa;

t) Sumária caracterização funcional do provedordos participantes e beneficiários para as adesõesindividuais e referência ao respectivo regula-mento de procedimentos.

3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,o valor das unidades de participação, a composiçãodiscriminada das aplicações do fundo e o número deunidades de participação em circulação devem ser publi-cados com periodicidade mínima mensal em meio ade-quado de divulgação, nos termos estabelecidos pornorma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-tugal.

4 — O valor das unidades de participação dos fundosde pensões abertos é divulgado diariamente nos locaise meios de comercialização das mesmas, excepto nocaso de fundos que apenas admitam adesões colectivas,em que é divulgado com periodicidade mínima mensal.

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SECÇÃO II

Alterações

Artigo 24.o

Alterações e transferência de gestão

1 — As alterações dos contratos constitutivos e dosregulamentos de gestão, bem como a transferência degestão de fundos de pensões entre entidades gestoras,dependem de autorização do Instituto de Seguros dePortugal e ficam sujeitas a publicação obrigatória.

2 — As alterações não podem reduzir as pensões quese encontrem em pagamento nem os direitos adquiridosà data da alteração, se existirem.

3 — Sempre que as alterações a introduzir no contratoconstitutivo tenham incidência sobre o montante dasresponsabilidades, o respectivo pedido de autorizaçãodeve incluir, além do projecto do novo texto, o respectivoplano técnico-actuarial, tendo em conta o disposto noartigo 75.o

4 — As alterações ao regulamento de gestão de queresulte um aumento das comissões, uma alteração subs-tancial à política de investimento ou a transferência dagestão do fundo para outra entidade gestora devem sernotificadas individualmente aos aderentes, sendo-lhesconferida a possibilidade de transferirem, sem encargos,as suas unidades de participação para outro fundo depensões.

5 — O disposto no n.o 4 do artigo 20.o é aplicável,com as necessárias adaptações, à autorização para alte-ração de contratos constitutivos, de regulamentos degestão, ou para transferência de gestão de fundos depensões.

SECÇÃO III

Adesão a fundos de pensões abertos

Artigo 25.o

Adesão colectiva a fundos de pensões abertos

1 — A adesão colectiva a um fundo de pensões abertoefectua-se através da subscrição inicial de unidades departicipação pelos associados que pretendam aderir aeste.

2 — Numa única adesão colectiva podem coexistirvários associados, desde que exista um vínculo de natu-reza empresarial, associativo, profissional ou social entreos mesmos e seja necessário o consentimento destespara a inclusão de novos associados na adesão colectiva.

3 — Sempre que um plano de pensões seja financiadoatravés de mais de uma adesão colectiva, deve sernomeada pelo associado a entidade gestora a quemincumbem as funções globais de gestão administrativae actuarial do plano de pensões, nos termos fixadospor norma regulamentar do Instituto de Seguros dePortugal.

4 — No momento da aquisição das primeiras unida-des de participação, deve ser celebrado um contratode adesão ao fundo de pensões entre cada associado,ou grupo de associados, e a entidade gestora, do qualconste obrigatoriamente:

a) Denominação do fundo de pensões;b) Identificação do(s) associado(s);c) Indicação das pessoas que podem ser partici-

pantes, contribuintes e beneficiárias do fundo;d) Plano ou planos de pensões a financiar;

e) Indicação, se for caso disso, de que o planode pensões é financiado por mais de uma adesãocolectiva, identificando-se a entidade gestoraresponsável pelas funções globais de gestãoadministrativa e actuarial;

f) Condições em que são concedidas as pensões,se directamente pelo fundo ou se através decontratos de seguro;

g) Direitos dos participantes quando deixem deestar abrangidos pelo fundo;

h) Direitos dos participantes e dos beneficiários,quando a respectiva adesão colectiva ao fundose extinguir ou qualquer associado ou qualquerdos associados se extinguir ou abandonar ofundo, sem prejuízo do disposto no artigo 30.o;

i) Número de unidades de participação adqui-ridas;

j) Condições em que as partes contratantes sereservam o direito de modificar o contrato deadesão;

l) Condições de transferência da quota-parte deum associado para outro fundo de pensões,especificando eventuais penalizações que lhesejam aplicáveis;

m) Quantificação das remunerações ou comissõesque serão cobradas;

n) Regras de designação e representação dos asso-ciados, dos participantes e dos beneficiários nacomissão de acompanhamento e funções dacomissão;

o) Sem prejuízo do previsto no artigo 53.o, no casode adesões que financiam planos contributivos,forma de representação dos participantes ebeneficiários, a qual não pode ser delegada noassociado;

p) Em anexo cópia do regulamento de gestão.

5 — É dispensada a inclusão dos elementos mencio-nados nas alíneas c), d), f), g), h), j) e l) do númeroanterior desde que estes constem do regulamento degestão.

6 — Os associados devem expressar o seu acordoescrito relativamente ao regulamento de gestão dofundo.

7 — É vedada a concessão de empréstimos aos par-ticipantes com base nas unidades de participação detidas.

8 — Os contratos de adesão colectiva, bem como asrespectivas alterações, e os contratos de extinção decor-rentes de transferências de adesões colectivas entre fun-dos de pensões devem ser enviados ao Instituto de Segu-ros de Portugal, devendo ser igualmente enviados osplanos técnico-actuariais no caso de as adesões finan-ciarem planos de benefício definido ou mistos.

Artigo 26.o

Adesão individual a fundos de pensões abertos

1 — A adesão individual a um fundo de pensõesaberto efectua-se através da subscrição inicial de uni-dades de participação por contribuintes.

2 — Em caso de adesão individual a um fundo depensões aberto, as unidades de participação são pertençados participantes.

3 — No momento da aquisição das primeiras unida-des de participação, deve ser celebrado um contratode adesão individual ao fundo de pensões, entre o con-tribuinte e a entidade gestora, do qual devem constar:

a) Denominação do fundo de pensões;b) Condições em que serão devidos os benefícios;

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c) Condições de transferência das unidades de par-ticipação de um participante para outro fundode pensões, especificando eventuais penaliza-ções que lhe sejam aplicáveis;

d) Quantificação das remunerações e comissõesque serão cobradas;

e) Informação dos termos e condições de exercíciodos direitos de resolução e renúncia previstosno n.o 4 e no artigo 27.o;

f) Disposições relativas ao exame das reclamaçõesrespeitantes ao contrato, incluindo a referênciaà possibilidade de intervenção do provedor dosparticipantes e beneficiários, sua identificaçãoe respectivos contactos, sem prejuízo do recursoaos tribunais;

g) Referência ao Instituto de Seguros de Portugalcomo sendo a autoridade de supervisão com-petente;

h) Discriminação da informação enviada pela enti-dade gestora ao participante na vigência do con-trato, e respectiva periodicidade;

i) Em anexo, cópia do regulamento de gestão.

4 — Os contribuintes pessoas singulares devem daro seu acordo escrito ao regulamento de gestão do fundo,presumindo-se, na sua falta, que os mesmos não toma-ram conhecimento daquele, assistindo-lhes, neste caso,o direito de resolução da adesão individual no prazodefinido no artigo 27.o e de serem reembolsados nostermos previstos no artigo 28.o

5 — É vedada a concessão de empréstimos aos par-ticipantes com base nas unidades de participação deti-das.

Artigo 27.o

Direito de renúncia

1 — O contribuinte, desde que não seja pessoa colec-tiva, dispõe de um prazo de 30 dias a contar da datada adesão individual a um fundo de pensões aberto paraexpedir carta em que renuncie aos efeitos do contrato.

2 — Sob pena de ineficácia, a comunicação da renún-cia deve ser notificada por carta registada enviada parao endereço da sede social da entidade gestora que cele-brou o contrato de adesão individual ao fundo depensões.

Artigo 28.o

Efeitos do exercício do direito de renúncia

1 — O exercício do direito de renúncia determina aresolução do contrato de adesão individual, extinguindotodas as obrigações dele decorrentes, com efeitos a partirda celebração do mesmo, havendo lugar à devoluçãodo valor das unidades de participação à data da devo-lução ou, nos casos em que a entidade gestora assumao risco de investimento, do valor das contribuições pagas.

2 — A entidade gestora tem direito a um montanteigual à comissão de emissão, revertendo para o fundoa parte dos custos de desinvestimento que esta com-provadamente tenha suportado e que excedam aquelacomissão de emissão, ou a sua totalidade, se esta nãotiver sido cobrada.

3 — O exercício do direito de renúncia não dá lugara qualquer indemnização para além do que é estabe-lecido no número anterior.

Artigo 29.o

Suspensão de subscrição ou transferência de unidades de participação

1 — Em circunstâncias excepcionais e sempre que ointeresse dos participantes e beneficiários o aconselhe,as operações de subscrição ou transferência de unidadesde participação em fundos de pensões abertos podemser suspensas por decisão da entidade gestora ou doInstituto de Seguros de Portugal.

2 — A entidade gestora comunica previamente aoInstituto de Seguros de Portugal a suspensão referidano número anterior e a respectiva fundamentação.

SECÇÃO IV

Extinção e liquidação

Artigo 30.o

Duração e extinção

1 — Os fundos de pensões têm duração ilimitada.2 — A extinção de qualquer das entidades gestoras

ou dos associados não determina a extinção do fundose se proceder à respectiva substituição, devendo obser-var-se nesse caso o disposto no contrato constitutivoou no regulamento de gestão.

3 — A entidade gestora do fundo não pode dissol-ver-se sem primeiro ter garantido a continuidade dagestão efectiva do mesmo fundo por outra entidadehabilitada.

4 — Sem prejuízo do disposto no artigo 78.o, a enti-dade gestora deve proceder à extinção do fundo ou daadesão colectiva se o associado não proceder ao paga-mento das contribuições necessárias ao cumprimentodos montantes mínimos de financiamento exigidos pelonormativo em vigor.

5 — Os fundos de pensões extinguem-se necessaria-mente quando não existirem participantes nem bene-ficiários e quando, por qualquer causa, se esgotar o seuobjecto, devendo proceder-se à liquidação do respectivopatrimónio.

6 — A extinção de um fundo de pensões fechado oude uma quota-parte deste ou, ainda, de um fundo depensões aberto é efectuada, após autorização prévia doInstituto de Seguros de Portugal, mediante negócio jurí-dico de extinção escrito.

7 — Excepto no caso a que se refere o n.o 8 doartigo 25.o, a cessação de uma adesão colectiva a umfundo de pensões aberto é efectuada mediante a cele-bração de um contrato de extinção entre o associadoe a entidade gestora, cujo projecto deve ser comunicadopreviamente ao Instituto de Seguros de Portugal, e quepode ser celebrado 45 dias após essa comunicação casoo Instituto nada determine.

8 — Sem prejuízo da autorização prévia do Institutode Seguros de Portugal, quando se verificar uma insu-ficiência de financiamento do plano de pensões faceàs regras estabelecidas e se se concluir, com base emelementos documentais, que não foi possível obteracordo do associado, ou nos casos previstos no n.o 5,a entidade gestora deve resolver unilateralmente o con-trato constitutivo ou de adesão colectiva.

9 — O negócio jurídico de extinção de um fundo depensões fechado, ou de uma quota-parte deste, ou deum fundo de pensões aberto, bem como a resoluçãounilateral ficam sujeitos a publicação obrigatória.

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Artigo 31.o

Liquidação

1 — A entidade gestora deve proceder à liquidaçãodo património de um fundo de pensões ou de uma quo-ta-parte deste nos termos fixados no negócio jurídicode extinção ou na resolução unilateral prevista no n.o 8do artigo anterior.

2 — Na liquidação do património de um fundo depensões ou de uma quota-parte deste, o respectivo patri-mónio responde, até ao limite da sua capacidade finan-ceira, por:

a) Despesas que lhe sejam imputáveis nos termosdas alíneas d), e), f) e j) do artigo 67.o;

b) Montante da conta individual de cada partici-pante, no caso de fundos de pensões que finan-ciem planos de pensões contributivos, que deveser aplicado de acordo com as regras estabe-lecidas no contrato constitutivo ou regulamentode gestão;

c) Prémios únicos de rendas vitalícias que asse-gurem as pensões em pagamento de acordo como montante da pensão à data da extinção;

d) Prémios únicos de rendas vitalícias que asse-gurem o pagamento das pensões relativas aosparticipantes com idade superior ou igual àidade normal de reforma estabelecida no planode pensões;

e) Montante que garanta os direitos adquiridos dosparticipantes existentes à data da extinção, quedeve ser aplicado de acordo com as regras esta-belecidas no contrato constitutivo ou regula-mento de gestão;

f) Garantia das pensões em formação, para os par-ticipantes que não tenham sido abrangidos noâmbito da alínea anterior;

g) Montantes que garantam a actualização daspensões em pagamento, desde que esta estejacontratualmente estipulada.

3 — Em caso de insuficiência financeira, o patrimóniodo fundo ou da respectiva quota-parte responde pre-ferencialmente pelas responsabilidades enunciadas epela ordem das alíneas do número anterior, com recursoa rateio proporcional ao valor das responsabilidadesnaquela em que for necessário.

4 — O saldo final líquido positivo que eventualmenteseja apurado durante a operação de liquidação tem odestino que for decidido conjuntamente pelas entidadesgestoras e pelos associados, mediante prévia aprovaçãodo Instituto de Seguros de Portugal, de acordo comos critérios previstos no n.o 3 do artigo 81.o

5 — Salvo em casos devidamente justificados, sempreque o saldo líquido positivo referido no número anteriorresulte de uma redução drástica do número de parti-cipantes em planos de pensões sem direitos adquiridos,aquele saldo deve ser utilizado prioritariamente paragarantia das pensões que se encontravam em formação,relativamente aos participantes abrangidos por aquelaredução.

6 — Não se consideram devidamente justificados,para os efeitos do disposto no número anterior, os casosem que a redução drástica do número de participantesse tenha operado mediante acordos de cessação do con-trato de trabalho, a não ser que dos mesmos resultea renúncia expressa ao direito previsto naquele número.

TÍTULO IV

Estruturas de governação dos fundos de pensões

CAPÍTULO I

Entidades gestoras

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 32.o

Entidades gestoras

1 — Os fundos de pensões podem ser geridos querpor sociedades constituídas exclusivamente para essefim, designadas no presente decreto-lei por sociedadesgestoras, quer por empresas de seguros que exploremlegalmente o ramo «Vida» e possuam estabelecimentoem Portugal.

2 — Sem prejuízo do disposto nas alíneas f), g) e h)do n.o 1 do artigo 42.o e no artigo 46.o, às empresasde seguros que pretendam exercer a actividade de gestãode fundos de pensões aplica-se, quanto às respectivascondições de acesso e exercício, o disposto no Decre-to-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

3 — As entidades gestoras exercem as funções quelhes sejam atribuídas por lei, podendo também exercer,de forma autónoma, actividades necessárias ou com-plementares da gestão de fundos de pensões, nomea-damente no âmbito da gestão de planos de pensões.

4 — As entidades gestoras realizam todos os seusactos em nome e por conta comum dos associados, par-ticipantes, contribuintes e beneficiários e, na qualidadede administradoras dos fundos, podem negociar valoresmobiliários ou imobiliários, fazer depósitos bancáriosna titularidade do fundo e exercer todos os direitos oupraticar todos os actos que directa ou indirectamenteestejam relacionados com o património do fundo.

Artigo 33.o

Funções das entidades gestoras

Na qualidade de administradora e gestora do fundoe de sua legal representante, compete à entidade gestoraa prática de todos os actos e operações necessários ouconvenientes à boa administração e gestão do fundo,nomeadamente:

a) Proceder à avaliação das responsabilidades dofundo;

b) Seleccionar e negociar os valores, mobiliáriosou imobiliários, que devem constituir o fundo,de acordo com a política de investimento;

c) Representar, independentemente de mandato,os associados, participantes, contribuintes ebeneficiários do fundo no exercício dos direitosdecorrentes das respectivas participações;

d) Proceder à cobrança das contribuições previstase garantir, directa ou indirectamente, os paga-mentos devidos aos beneficiários;

e) Proceder, com o acordo do beneficiário, aopagamento directo dos encargos devidos poraquele e correspondentes aos referidos no n.o 4do artigo 6.o, através da dedução do montanterespectivo à pensão em pagamento;

f) Inscrever no registo predial, em nome do fundo,os imóveis que o integrem;

g) Manter em ordem a sua escrita e a dos fundospor ela geridos.

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Artigo 34.o

Deveres gerais das entidades gestoras

1 — A entidade gestora, no exercício das suas funções,age de modo independente e no exclusivo interesse dosassociados, participantes e beneficiários.

2 — A entidade gestora deve exercer as funções quelhe competem segundo critérios de elevada diligênciae competência profissional, bem como actuar de formacélere e eficaz na colaboração com as demais estruturasde governação dos fundos de pensões e na prestaçãoda informação exigida nos termos da lei.

Artigo 35.o

Conflito de interesses

1 — A entidade gestora deve evitar as situações deconflito de interesses com o fundo, devendo dar pre-valência aos interesses deste em relação seja aos seuspróprios interesses ou de empresas com as quais seencontre em relação de domínio ou de grupo seja aosinteresses dos titulares dos seus órgãos sociais, bemcomo assegurar a transparência do processamento dasituação.

2 — A entidade gestora, assim como os titulares dosseus órgãos sociais e as empresas com as quais se encon-tre em relação de domínio ou de grupo, não pode com-prar ou vender para si elementos dos activos dos fundospor si geridos, directamente ou por interposta pessoa.

3 — É vedado aos órgãos de administração e aos tra-balhadores da entidade gestora que exerçam funçõesde decisão e execução de investimentos exercer quais-quer funções noutra entidade gestora de fundos de pen-sões, salvo se pertencentes ao mesmo grupo económico.

4 — Sempre que sejam emitidas ordens de comprade activos conjuntas para vários fundos de pensões, aentidade gestora efectua a distribuição dos custos deforma proporcional aos activos adquiridos para cadafundo de pensões.

Artigo 36.o

Actos vedados ou condicionados

1 — À entidade gestora é especialmente vedado,quando actue por conta própria:

a) Adquirir acções próprias;b) Conceder crédito, com excepção de crédito

hipotecário, aos seus trabalhadores.

2 — À entidade gestora é especialmente vedado,quando actue como gestora do fundo de pensões:

a) Contrair empréstimos, excepto com fins de liqui-dez, ou oferecer a terceiros os activos dos fundosde pensões para garantia, qualquer que seja aforma jurídica a assumir por essa garantia,excepto no âmbito de contratos de reporte oude empréstimo, ou outros, com o objectivo deuma gestão eficaz de carteira, nos termos a defi-nir por norma regulamentar do Instituto deSeguros de Portugal;

b) Adquirir acções próprias;c) Conceder crédito, salvo se se tratar de crédito

hipotecário ou de crédito aos participantes nostermos previstos no contrato constitutivo dofundo.

Artigo 37.o

Subcontratação

1 — As entidades gestoras não podem transferir glo-bal ou parcialmente para terceiros os poderes que lhessão conferidos por lei, sem prejuízo da possibilidadede recorrerem a serviços de terceiros que se mostremconvenientes para o exercício da sua actividade, desig-nadamente os de prestação de conselhos especializadossobre aspectos actuariais e de investimentos e, ainda,de execução, sob a sua orientação e responsabilidade,dos actos e operações que lhes competem.

2 — Sem prejuízo da manutenção da sua responsa-bilidade para com os fundos de pensões, associados,participantes e beneficiários, as entidades gestoraspodem mandatar a gestão de parte ou da totalidadedos activos de um fundo de pensões a instituições decrédito, empresas de investimento, sociedades gestorasde fundos de investimento mobiliário, empresas deseguro «Vida», desde que legalmente autorizadas a geriractivos na União Europeia e ou nos países membrosda OCDE, e a sociedades gestoras de fundos de pensões.

3 — A prestação de serviços referida nos númerosanteriores deve ser formalizada através de contratoescrito celebrado entre a entidade gestora e o prestadorde serviços e respeitar as seguintes condições:

a) Manutenção da responsabilidade da entidadegestora pelo cumprimento das disposições queregem a actividade de gestão de fundos depensões;

b) Detenção pelos prestadores de serviços das qua-lificações e capacidades necessárias ao desem-penho das funções subcontratadas;

c) Dever de controlo do desempenho das funçõessubcontratadas pela entidade gestora, através,designadamente, do poder de esta emitir ins-truções adicionais e de resolver o contrato sem-pre que tal for do interesse dos associados, par-ticipantes e beneficiários;

d) Cumprimento do enquadramento legal e regu-lamentar a que a actividade de gestão de fundosde pensões está sujeita, do exercício da gestãono exclusivo interesse dos associados, partici-pantes e beneficiários e da inexistência de pre-juízo para a eficácia da supervisão.

4 — Deve ser remetido ao Instituto de Seguros dePortugal um exemplar do contrato previsto no númeroanterior sempre que solicitado, redigido em portuguêsou devidamente traduzido e legalizado.

SECÇÃO II

Condições de acesso e exercício das sociedades gestoras

Artigo 38.o

Constituição, objecto, participações sociais e órgãos sociais

1 — As sociedades gestoras de fundos de pensõesdevem constituir-se sob a forma de sociedades anónimase satisfazer os seguintes requisitos:

a) Ter a sede social, e a principal e efectiva daadministração, em Portugal;

b) Ter um capital social de, pelo menos, E 1 000 000,realizado na data da constituição e integral-mente representado por acções nominativas;

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c) Adoptar na respectiva denominação a expressão«Sociedade Gestora de Fundos de Pensões»;

d) Ter por objecto exclusivo a gestão de fundosde pensões.

2 — São aplicáveis às sociedades gestoras de fundosde pensões as disposições dos artigos 43.o a 50.o, quantoao controlo dos detentores de participações qualificadas,dos artigos 51.o, 54.o e 55.o, quanto aos respectivosórgãos sociais, e do artigo 58.o, sobre o uso ilegal dedenominação, todos do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de17 de Abril.

Artigo 39.o

Autorização

1 — A constituição de sociedades gestoras de fundosde pensões depende de autorização a conceder peloInstituto de Seguros de Portugal, estando esta autori-zação sujeita a publicação obrigatória, nos termos doartigo 19.o

2 — O requerimento para a constituição da sociedadedeve referir o respectivo capital social, identificar osaccionistas fundadores e as suas participações e seracompanhado dos seguintes elementos:

a) Projecto de estatutos;b) Certificado do registo criminal dos accionistas ini-

ciais, quando pessoas singulares, e dos respectivos admi-nistradores, directores ou gerentes, quando pessoascolectivas;

c) Declaração de que nem os accionistas iniciais nemas sociedades ou empresas cuja gestão tenham asse-gurado ou de que tenham sido administradores, direc-tores ou gerentes foram declarados em estado de insol-vência ou falência;

d) Documentos comprovativos da inexistência de dívi-das tributárias ou à segurança social por parte dos accio-nistas iniciais;

e) Informações detalhadas sobre a estrutura do grupoque permitam, sempre que existam relações de proxi-midade entre a empresa e outras pessoas singulares oucolectivas, verificar a inexistência de entraves ao exer-cício das funções de supervisão;

f) Programa de actividades, o qual deve incluir, pelomenos, os seguintes elementos:

i) Elementos que constituem o fundo mínimo degarantia;

ii) Estrutura orgânica da empresa, com especifi-cação dos meios técnicos e financeiros, bemcomo dos meios directos e indirectos de pessoale material a utilizar;

iii) Previsão das despesas de instalação dos serviçosadministrativos, bem como dos meios financei-ros necessários;

iv) Indicação do tipo de fundos de pensões a gerir,forma de comercialização e comissões aplicá-veis;

v) Para cada um dos três primeiros exercíciossociais:

I) Balanço e demonstração de resultadosprevisionais, indicando o capital subscritoe realizado;

II) Previsão do número de trabalhadores erespectiva massa salarial;

III) Previsão da demonstração dos fluxos decaixa;

IV) Previsão da margem de solvência e dosmeios financeiros necessários à suacobertura, em conformidade com as dis-posições legais em vigor.

3 — As hipóteses e os pressupostos em que se baseiaa elaboração das projecções incluídas no programa pre-visto no número anterior são devida e especificamentefundamentados.

4 — Ao processo de autorização aplica-se, com asnecessárias adaptações, o disposto nos artigos 15.o e16.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

5 — O cumprimento do programa de actividades éverificado nos termos previstos no artigo 18.o do Decre-to-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

Artigo 40.o

Modificações

1 — As seguintes alterações dos estatutos das socie-dades gestoras carecem de autorização prévia do Ins-tituto de Seguros de Portugal, aplicando-se, com asnecessárias adaptações, o disposto no n.o 4 do artigoanterior:

a) Firma ou denominação;b) Objecto;c) Capital social, quando se trate de redução;d) Criação de categorias de acções ou alteração

das categorias existentes;e) Estrutura da administração ou de fiscalização;f) Dissolução.

2 — As restantes alterações estatutárias não carecemde autorização prévia, devendo, porém, ser comunicadasao Instituto de Seguros de Portugal no prazo de cincodias.

3 — A fusão e a cisão de sociedades gestoras de fun-dos de pensões carecem igualmente de autorização pré-via do Instituto de Seguros de Portugal, aplicando-se,com as necessárias adaptações, o disposto no n.o 4 doartigo anterior.

Artigo 41.o

Caducidade da autorização

1 — A autorização caduca se os requerentes a elaexpressamente renunciarem, bem como se a sociedadegestora não se constituir formalmente no prazo de6 meses ou não der início à sua actividade no prazode 12 meses, contados a partir da data da publicaçãoda autorização nos termos referidos no n.o 1 doartigo 39.o

2 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal averificação da constituição formal e do início da acti-vidade dentro dos prazos referidos no número anterior.

Artigo 42.o

Revogação da autorização

1 — A autorização pode ser revogada, sem prejuízodo disposto sobre a inexistência ou insuficiência degarantias financeiras mínimas, quando se verifiquealguma das seguintes situações:

a) Ter sido obtida por meio de falsas declaraçõesou outros meios ilícitos, independentemente dassanções penais que ao caso couberem;

b) A sociedade gestora cessar a actividade porperíodo ininterrupto superior a 12 meses;

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N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 469

c) Os capitais próprios da sociedade atingirem, nasua totalidade, um valor inferior a metade dovalor indicado na alínea b) do n.o 1 do artigo 38.opara o capital social e, simultaneamente, nãocobrirem a margem de solvência da sociedade;

d) Não ser efectuada a comunicação ou ser recu-sada a designação de qualquer membro da admi-nistração ou fiscalização nos termos previstosno n.o 2 do artigo 38.o;

e) Ser retirada a aprovação do programa de acti-vidades ou não ser concedida, ou requerida, aautorização para alteração do programa deactividades;

f) Irregularidades graves na administração, orga-nização contabilística ou no controlo interno dasociedade, de modo a pôr em risco os interessesdos participantes ou beneficiários ou as con-dições normais de funcionamento do mercado;

g) Deixar de se verificar alguma das condições deacesso e de exercício da actividade de gestãode fundos de pensões;

h) A sociedade violar as leis ou os regulamentosque disciplinam a sua actividade, de modo apôr em risco os interesses dos participantes oubeneficiários ou as condições normais de fun-cionamento do mercado.

2 — Os factos previstos na alínea d) do número ante-rior não constituem fundamento de revogação se, noprazo estabelecido pelo Instituto de Seguros de Portugal,a sociedade tiver procedido à comunicação ou à desig-nação de outro administrador que seja aceite.

Artigo 43.o

Competência e forma da revogação

1 — A revogação da autorização compete ao Institutode Seguros de Portugal.

2 — A decisão de revogação deve ser fundamentadae notificada à sociedade gestora.

3 — Após a revogação da autorização, proceder-se-áà liquidação da sociedade gestora, nos termos legaisem vigor.

Artigo 44.o

Margem de solvência e fundo mínimo de garantia

1 — A sociedade gestora deve dispor de adequadamargem de solvência e de fundo de garantia compatível.

2 — A margem de solvência de uma sociedade gestoracorresponde ao seu património, livre de toda e qualquerobrigação previsível e deduzido dos elementos incor-póreos.

3 — As sociedades gestoras devem, desde o momentoem que são autorizadas, dispor e manter um fundo degarantia que faz parte integrante da margem de sol-vência e que corresponde a um terço do seu valor, nãopodendo, no entanto, ser inferior a E 800 000.

Artigo 45.o

Constituição da margem de solvência

1 — A margem de solvência é constituída pelos ele-mentos definidos nos termos do disposto nos n.os 1 e2 do artigo 98.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 deAbril, e, mediante autorização prévia do Instituto deSeguros de Portugal, pode igualmente incluir os ele-mentos constantes do disposto nas alíneas b) e d) don.o 3 do mesmo artigo.

2 — Os elementos constitutivos do fundo de garantiasão os definidos nos termos do disposto no artigo 103.odo decreto-lei referido no número anterior, relativa-mente à actividade de seguros «Vida».

3 — Os critérios de valorimetria dos activos corres-pondentes à margem de solvência são fixados pelo Ins-tituto de Seguros de Portugal.

Artigo 46.o

Determinação da margem de solvência

1 — Sem prejuízo do estabelecido no n.o 3, o mon-tante da margem de solvência é determinado da seguinteforma:

a) Se a sociedade gestora assume o risco de inves-timento, o valor correspondente a 4% do mon-tante dos respectivos fundos de pensões;

b) Se a sociedade gestora não assume o risco deinvestimento, o valor correspondente a 1% domontante dos respectivos fundos de pensões,desde que a duração do contrato de gestão sejasuperior a cinco anos e que o montante des-tinado a cobrir as despesas de gestão previstasnaquele contrato seja fixado por prazo superiora cinco anos.

2 — O valor da margem de solvência, no que respeitaàs adesões individuais a fundos de pensões abertos, afundos de pensões PPR/E e a fundos de pensões PPA,se a sociedade gestora não assume o risco de inves-timento, é o correspondente a 1% do montante da quo-ta-parte do fundo relativa a essas adesões e do montantedos fundos de pensões PPR/E e PPA.

3 — O montante da margem de solvência não pode,no entanto, ser inferior às seguintes percentagens domontante dos fundos de pensões geridos:

a) Até E 75 milhões — 1%;b) No excedente — 1‰.

Artigo 47.o

Insuficiência de margem de solvência

1 — Sem prejuízo do disposto no n.o 1 do artigo 94.o,sempre que se verifique, mesmo circunstancial ou tem-porariamente, a insuficiência da margem de solvênciade uma sociedade gestora ou sempre que o fundo degarantia não atinja o limite mínimo fixado, a sociedadegestora deve, no prazo que lhe vier a ser fixado peloInstituto de Seguros de Portugal, submeter à aprovaçãodeste um plano de financiamento a curto prazo, nostermos dos números seguintes.

2 — O plano de financiamento a curto prazo a apre-sentar deve ser fundamentado num adequado plano deactividades, e que inclui contas previsionais.

3 — O Instituto de Seguros de Portugal define, casoa caso, as condições específicas a que deve obedecero plano de financiamento referido no número anterior,bem como o seu acompanhamento.

CAPÍTULO II

Depositários

Artigo 48.o

Depósito

Os títulos e os outros documentos representativos dosvalores mobiliários que integram o fundo de pensões

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470 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006

devem ser depositados numa ou várias instituições decrédito autorizadas à recepção de depósitos ou outrosfundos reembolsáveis ou em empresas de investimentoautorizadas à custódia de instrumentos financeiros porconta de clientes, desde que estabelecidas na UniãoEuropeia.

Artigo 49.o

Funções e deveres dos depositários

1 — Aos depositários compete:

a) Receber em depósito ou inscrever em registoos títulos e documentos representativos dosvalores que integram os fundos;

b) Manter actualizada a relação cronológica detodas as operações realizadas e estabelecer, tri-mestralmente, um inventário discriminado dosvalores que lhe estejam confiados.

2 — Os depositários podem ainda, nomeadamente,ser encarregados de:

a) Realizar operações de compra e venda de títulose exercer direitos de subscrição e de opção;

b) Efectuar a cobrança dos rendimentos produzi-dos pelos valores dos fundos e colaborar coma entidade gestora na realização de operaçõessobre aqueles bens;

c) Proceder aos pagamentos das pensões aos bene-ficiários, conforme as instruções da entidadegestora.

3 — Os depositários estão sujeitos aos deveres e proi-bições previstos nos n.os 1 e 2 do artigo 35.o, com asdevidas adaptações, devendo efectuar apenas as ope-rações solicitadas pelas entidades gestoras de fundosde pensões conformes às disposições legais e regu-lamentares.

Artigo 50.o

Formalização das relações entre as entidades gestorase os depositários

1 — O regime das relações estabelecidas entre as enti-dades gestoras e os depositários, inclusivamente notocante às comissões a cobrar por estes últimos, deveconstar de contrato escrito.

2 — Deve ser remetido ao Instituto de Seguros dePortugal um exemplar dos contratos referidos nonúmero anterior, bem como das suas posteriores alte-rações.

Artigo 51.o

Subcontratação

A guarda dos valores do fundo de pensões pode serconfiada pelo depositário a um terceiro, sem que, con-tudo, esse facto afecte a responsabilidade do depositárioperante a entidade gestora, sendo aplicável o dispostonos n.os 3 e 4 do artigo 37.o, com as devidas adaptações.

CAPÍTULO III

Outras entidades

Artigo 52.o

Entidades comercializadoras

1 — As unidades de participação dos fundos de pen-sões abertos apenas podem ser comercializadas pelas

respectivas entidades gestoras e por mediadores de segu-ros registados no Instituto de Seguros de Portugal noâmbito do ramo «Vida».

2 — À actividade de mediação de fundos de pensõesaplica-se, com as devidas adaptações, o regime constanteda legislação que regula as condições de acesso e deexercício da actividade de mediação de seguros,podendo o Instituto de Seguros de Portugal definir, pornorma regulamentar, regras complementares às previs-tas nesse acto legislativo, tendo em atenção a naturezaespecífica dos fundos de pensões.

Artigo 53.o

Comissão de acompanhamento do plano de pensões

1 — O cumprimento do plano de pensões e a gestãodo respectivo fundo de pensões, no caso de fundos depensões fechados e de adesões colectivas aos fundosde pensões abertos que abranjam mais de 100 parti-cipantes, beneficiários ou ambos, são verificados poruma comissão de acompanhamento do plano de pen-sões, adiante designada por comissão de acompanha-mento.

2 — A comissão de acompanhamento é constituídapor representantes do associado e dos participantes ebeneficiários, devendo estes últimos ter assegurada umarepresentação não inferior a um terço dos membrosda comissão.

3 — Os representantes dos participantes e beneficiá-rios são designados pela comissão de trabalhadores ou,caso esta não exista, por eleição organizada para o efeitoentre aqueles, pela entidade gestora ou pelo associado,nos termos fixados no contrato de gestão do fundo depensões fechado ou no contrato de adesão colectiva aofundo de pensões aberto.

4 — Caso a comissão de trabalhadores, depois dedevidamente instada para o efeito pela entidade gestora,não designe, no prazo máximo de 20 dias, os repre-sentantes em causa, é aplicável a parte final do númeroanterior.

5 — As funções da comissão de acompanhamentosão, designadamente, as seguintes:

a) Verificar a observância das disposições aplicá-veis ao plano de pensões e à gestão do respectivofundo de pensões, nomeadamente em matériade implementação da política de investimentoe de financiamento das responsabilidades, bemcomo o cumprimento, pela entidade gestora epelo associado, dos deveres de informação aosparticipantes e beneficiários;

b) Pronunciar-se sobre propostas de transferênciada gestão e de outras alterações relevantes aoscontratos constitutivo e de gestão de fundos depensões fechados ou ao contrato de adesãocolectiva aos fundos de pensões abertos, bemcomo sobre a extinção do fundo de pensões oude uma quota-parte do mesmo e, ainda, sobrepedidos de devolução ao associado de excessosde financiamento;

c) Formular propostas sobre as matérias referidasna alínea anterior ou outras, sempre que o con-sidere oportuno;

d) Pronunciar-se sobre as nomeações do actuárioresponsável pelo plano de pensões e, nos fundosde pensões fechados, do revisor oficial de con-tas, propostos pela entidade gestora;

e) Exercer as demais funções que lhe sejam atri-buídas no contrato de gestão do fundo de pen-sões fechado ou no contrato de adesão colectivaao fundo de pensões aberto.

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6 — As deliberações da comissão de acompanha-mento são registadas em acta, com menção de eventuaisvotos contra e respectiva fundamentação.

7 — Os pareceres previstos na alínea b) do n.o 5, commenção dos respectivos votos contra, integram os docu-mentos a enviar ao Instituto de Seguros de Portugalpela entidade gestora no âmbito dos respectivos pro-cessos de autorização ou de notificação.

8 — A entidade gestora e a entidade depositária facul-tam à comissão de acompanhamento toda a documen-tação que esta solicite, necessária ao exercício das suasfunções.

9 — Em especial, a entidade gestora faculta anual-mente à comissão de acompanhamento cópia do rela-tório e contas anuais do fundo de pensões, bem comodos relatórios do actuário responsável e do revisor oficialde contas elaborados no âmbito das respectivas funções.

10 — O funcionamento da comissão de acompanha-mento é regulado, em tudo o que não se encontre fixadono presente decreto-lei ou em norma regulamentar doInstituto de Seguros de Portugal, pelo contrato de gestãodo fundo de pensões fechado ou pelo contrato de adesãocolectiva ao fundo de pensões aberto.

Artigo 54.o

Provedor dos participantes e beneficiários

1 — As entidades gestoras designam de entre enti-dades ou peritos independentes de reconhecido prestígioe idoneidade o provedor dos participantes e beneficiá-rios para as adesões individuais aos fundos de pensõesabertos, ao qual os participantes e beneficiários, ou osseus representantes, podem apresentar reclamações deactos daquelas.

2 — O provedor pode ser designado por fundo depensões ou por entidade gestora, ou por associação deentidades gestoras, e receber reclamações relativas amais de um fundo de pensões ou entidade gestora, masas reclamações relativas a cada fundo de pensões sãoapresentadas a um único provedor.

3 — Compete ao provedor apreciar as reclamaçõesque lhe sejam apresentadas pelos participantes e bene-ficiários do fundo ou fundos de pensões, de acordo comos critérios e procedimentos fixados no respectivo regu-lamento de procedimentos, elaborado pela entidade ges-tora, sem prejuízo do disposto nos números seguintes.

4 — O provedor tem poderes consultivos e pode apre-sentar recomendações às entidades gestoras em resul-tado da apreciação feita às reclamações dos participan-tes e beneficiários do fundo.

5 — A entidade gestora pode acatar as recomenda-ções do provedor ou recorrer aos tribunais ou a ins-trumentos de resolução extrajudicial de litígios.

6 — O provedor deve publicitar, anualmente, emmeio de divulgação adequado, as recomendações feitas,bem como a menção da sua adopção pelos destinatários,nos termos a estabelecer em norma regulamentar doInstituto de Seguros de Portugal.

7 — As despesas de designação e funcionamento doprovedor são da responsabilidade das entidades gestorasque hajam procedido à sua designação nos termos don.o 2, não podendo ser imputados ao fundo de pensõesnem ao reclamante.

8 — Os procedimentos que regulam a actividade doprovedor são comunicados ao Instituto de Seguros dePortugal pela entidade gestora, e colocados à disposiçãode participantes e beneficiários a pedido.

Artigo 55.o

Actuário responsável

1 — Deve ser nomeado, pela entidade gestora, umactuário responsável para cada plano de pensões debenefício definido ou misto.

2 — São funções do actuário responsável certificar:

a) As avaliações actuariais e os métodos e pres-supostos usados para efeito da determinação dascontribuições;

b) O nível de financiamento do fundo de pensõese o cumprimento das disposições vigentes emmatéria de solvência dos fundos de pensões;

c) A adequação dos activos que constituem o patri-mónio do fundo de pensões às responsabilidadesprevistas no plano de pensões;

d) O valor actual das responsabilidades totais paraefeitos de determinação da existência de umexcesso de financiamento, nos termos doartigo 81.o

3 — Compete ainda ao actuário responsável elaborarum relatório actuarial anual sobre a situação de finan-ciamento de cada plano de pensões de benefício definidoou misto, cujo conteúdo é estabelecido por norma regu-lamentar do Instituto de Seguros de Portugal.

4 — As entidades gestoras de fundos de pensõesdevem disponibilizar tempestivamente ao actuário res-ponsável toda a informação necessária para o exercíciodas suas funções.

5 — O actuário responsável deve, sempre que detectesituações de incumprimento ou inexactidão material-mente relevantes, propor à entidade gestora medidasque permitam ultrapassar tais situações, devendo aindao actuário responsável ser informado das medidas toma-das na sequência da sua proposta.

6 — O actuário responsável deve comunicar ao Ins-tituto de Seguros de Portugal qualquer facto ou decisãode que tome conhecimento no desempenho das suasfunções e que seja susceptível de:

a) Constituir violação das normas legais ou regu-lamentares que regem a actividade dos fundosde pensões;

b) Afectar materialmente a situação financeira dofundo de pensões ou o financiamento do planode pensões.

7 — A substituição de um actuário responsável deveser efectuada no prazo máximo de 45 dias a contar dadata da verificação do facto que determinou a neces-sidade de substituição e comunicada ao Instituto deSeguros de Portugal nos 15 dias seguintes à data emque o novo responsável entrou em funções.

8 — As condições a preencher pelo actuário respon-sável são as estabelecidas por norma regulamentar doInstituto de Seguros de Portugal.

Artigo 56.o

Auditor

1 — Deve ser nomeado pela entidade gestora um revi-sor oficial de contas para cada fundo de pensões.

2 — Compete ao revisor oficial de contas certificaro relatório e contas e demais documentação de encer-ramento de exercício relativa ao fundo de pensões.

3 — O revisor oficial de contas deve comunicar aoInstituto de Seguros de Portugal qualquer facto ou deci-

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são de que tome conhecimento no desempenho das suasfunções e que seja susceptível de:

a) Constituir violação das normas legais ou regu-lamentares que regem a actividade dos fundosde pensões;

b) Acarretar a recusa de certificação ou a emissãode uma opinião com reservas.

4 — As condições a preencher pelos revisores oficiaisde contas que prestem as funções de auditoria referidasno n.o 1 são estabelecidas nos termos de norma regu-lamentar do Instituto de Seguros de Portugal.

TÍTULO V

Mecanismos de governação dos fundos de pensões

CAPÍTULO I

Gestão de riscos e controlo interno

Artigo 57.o

Estrutura organizacional

1 — As entidades gestoras de fundos de pensõesdevem possuir uma estrutura organizacional adequadaà dimensão e complexidade do seu negócio, bem comoàs características dos planos e fundos de pensões geridos.

2 — Deve existir uma definição objectiva da cadeiade responsabilidades pelas diferentes funções, umasegregação racional das mesmas e a garantia que oscolaboradores têm a aptidão e a experiência requeridaspara o desempenho das suas funções.

Artigo 58.o

Identificação, avaliação e gestão de riscos

1 — As entidades gestoras de fundos de pensõesdevem implementar e manter políticas e procedimentosque lhe permitam identificar, avaliar e gerir continua-mente todos os riscos internos e externos que sejamsignificativos.

2 — As políticas e os procedimentos devem ter emconsideração todo o tipo de riscos significativos da acti-vidade da entidade gestora, nomeadamente os riscosoperacionais e financeiros, nos termos a definir pornorma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-tugal.

Artigo 59.o

Controlo interno

1 — As entidades gestoras de fundos de pensõesdevem implementar procedimentos de controlo internoadequados à dimensão e complexidade do seu negócio,à sua estrutura organizacional, bem como às caracte-rísticas dos planos e fundos de pensões por si geridos,de acordo com a norma regulamentar que, para o efeito,for estabelecida pelo Instituto de Seguros de Portugal.

2 — Os procedimentos de controlo interno têm comoobjectivo assegurar que a gestão da actividade de fundosde pensões seja efectuada de forma sã e prudente nomelhor interesse dos participantes e beneficiários dosfundos de pensões, e de acordo com as orientações,princípios e estratégias estabelecidos.

3 — Os procedimentos de controlo interno devem serrevistos em função das evoluções do mercado em queopera a entidade gestora, dos seus objectivos e da estru-tura organizacional.

CAPÍTULO II

Informação aos participantes e beneficiários

SECÇÃO I

Fundos fechados e adesões colectivas a fundos abertos

Artigo 60.o

Informação inicial aos participantes

1 — Nos fundos de pensões fechados e nas adesõescolectivas aos fundos de pensões abertos, a entidadegestora deve entregar aos respectivos participantes umdocumento sobre o fundo de pensões do qual constem:

a) A denominação do fundo de pensões;b) As principais características do plano financiado

pelo fundo, nomeadamente:

i) Condições em que serão devidos osbenefícios;

ii) Informação sobre existência ou não dedireitos adquiridos, respectiva portabili-dade e custos associados;

iii) Direitos e obrigações das partes;iv) Riscos financeiros, técnicos ou outros,

associados ao plano de pensões, sua natu-reza e repartição;

c) Em anexo, cópia do plano de pensões e de docu-mento com a política de investimento, se se tra-tar de um fundo de pensões fechado, ou doregulamento de gestão e do plano de pensões,no caso de fundos de pensões abertos, ou, nãosendo fornecida cópia dos documentos referi-dos, informação da forma e local onde os mes-mos estão à disposição dos participantes;

d) Discriminação da informação enviada pela enti-dade gestora aos participantes e à comissão deacompanhamento, e respectiva periodicidade.

2 — Relativamente aos fundos e adesões que finan-ciem planos contributivos, do documento previsto nonúmero anterior deve constar ainda a quantificação dascomissões eventualmente cobradas aos participantescontribuintes.

3 — Mediante acordo prévio entre o associado e aentidade gestora, pode estipular-se, no contrato de ges-tão do fundo de pensões ou no contrato de adesão colec-tiva, que a obrigação de informação prevista neste artigoseja cumprida pelo associado ou pela comissão de acom-panhamento, sem prejuízo da manutenção da respon-sabilidade da entidade gestora pelo seu cumprimento.

Artigo 61.o

Informação na vigência do contrato

1 — A entidade gestora faculta aos participantes defundos de pensões fechados e de adesões colectivas afundos de pensões abertos, quando solicitadas, todasas informações adequadas à efectiva compreensão doplano de pensões, bem como dos documentos referidosna alínea c) do n.o 1 do artigo anterior.

2 — Os participantes referidos no número anteriortêm ainda direito a receber, a pedido, informação sobreo montante a que eventualmente tenham direito emcaso de cessação do vínculo laboral, modalidades detransferência do mesmo, e, nos planos de contribuiçãodefinida, sobre o montante previsto das suas pensõesde reforma, bem como cópia do relatório e contas anuaisreferente ao fundo de pensões.

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N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 473

3 — Em caso de alteração das regras do plano depensões e, nos planos contributivos, em caso de aumentodas comissões e de alteração substancial da política deinvestimento, bem como quando haja transferência dagestão do fundo de pensões ou da adesão colectiva,a entidade gestora informa os participantes dessas alte-rações no prazo máximo de 45 dias a contar das mesmas.

4 — A entidade gestora envia anualmente aos con-tribuintes e, mediante pedido, aos demais participantesde fundos de pensões fechados e de adesões colectivasa fundos de pensões abertos informação sobre:

a) A situação actual dos direitos em formação dosparticipantes, considerando o tipo de plano;

b) A situação financeira do fundo, rendibilidadeobtida e eventuais situações de subfinancia-mento;

c) A forma e local onde o relatório e contas anuaisreferente ao fundo de pensões está disponível;

d) As alterações relevantes ao quadro normativoaplicável e aos documentos referidos na alí-nea c) do n.o 1 do artigo anterior.

5 — Mediante acordo prévio entre o associado e aentidade gestora, pode estipular-se, no contrato de ges-tão do fundo de pensões ou no contrato de adesão colec-tiva, que as obrigações de informação previstas nesteartigo sejam cumpridas pelo associado ou pela comissãode acompanhamento, sem prejuízo da manutenção daresponsabilidade da entidade gestora pelo seu cum-primento.

Artigo 62.o

Informação aos beneficiários

1 — Preenchidas as condições em que são devidosos benefícios, a entidade gestora informa adequada-mente os beneficiários de fundos de pensões fechadose de adesões colectivas a fundos de pensões abertossobre os benefícios a que têm direito e correspondentesopções em matéria de pagamento, designadamente asreferidas no artigo 8.o, de acordo com o definido norespectivo plano de pensões.

2 — A entidade gestora informa os beneficiários querecebam a pensão directamente do fundo das alteraçõesrelevantes ocorridas no plano de pensões, bem comoda transferência da gestão do fundo ou da adesão colec-tiva, no prazo máximo de 30 dias a contar das mesmas.

3 — A entidade gestora faculta aos beneficiários refe-ridos no número anterior, a seu pedido, a política deinvestimento do fundo, bem como o relatório e contasanuais referentes ao fundo de pensões.

SECÇÃO II

Adesões individuais a fundos abertos

Artigo 63.o

Informação aos participantes

1 — Tendo em vista uma melhor compreensão, peloscontribuintes, das características do fundo, dos riscosfinanceiros inerentes à adesão e do regime fiscal apli-cável, o Instituto de Seguros de Portugal pode exigirque, previamente à celebração do contrato de adesãoindividual, a informação relevante constante do regu-lamento de gestão e do contrato de adesão seja dis-ponibilizada através de um prospecto informativo, cujoconteúdo e suporte são fixados por norma regulamentar.

2 — A entidade gestora faculta aos participantes deadesões individuais a fundos de pensões abertos, a seupedido, todas as informações adequadas à efectiva com-preensão do contrato de adesão individual ao fundode pensões, bem como do respectivo regulamento degestão.

3 — Sem prejuízo do disposto no n.o 4 do artigo 24.o,a entidade gestora informa anualmente os participantesde adesões individuais a fundos de pensões abertossobre:

a) A evolução e situação actual da conta individualdo participante;

b) A taxa de rendibilidade anual do fundo;c) A forma e local onde o relatório e contas anuais

referente ao fundo de pensões se encontradisponível;

d) As alterações relevantes ao quadro normativoaplicável e ao regulamento de gestão, bem comoas alterações relativas à identificação e contactosdo provedor.

4 — Aos deveres de informação previstos no númeroanterior podem acrescer, caso se revelem necessáriosa uma melhor e efectiva compreensão das característicasdo fundo e do contrato de adesão celebrado, deveresespecíficos de informação, a fixar, bem como a respectivaperiodicidade, por norma do Instituto de Seguros dePortugal.

CAPÍTULO III

Demais informação e publicidade

Artigo 64.o

Normas de contabilidade e demais informação

1 — A entidade gestora deve elaborar um relatórioe contas anuais para cada fundo de pensões, reportadoa 31 de Dezembro de cada exercício, devendo o mesmoser apresentado ao Instituto de Seguros de Portugal.

2 — As sociedades gestoras de fundos de pensõesdevem apresentar anualmente ao Instituto de Segurosde Portugal, em relação ao conjunto de toda a actividadeexercida no ano imediatamente anterior, o relatório degestão, o balanço, a demonstração de resultados e osdemais documentos de prestação de contas, certificadospor um revisor oficial de contas, aplicando-se, com asdevidas adaptações, para este efeito, o disposto noartigo 105.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril,sem prejuízo do disposto no presente artigo.

3 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal,sem prejuízo das atribuições da Comissão de Norma-lização Contabilística, estabelecer, por norma regula-mentar, as regras de contabilidade aplicáveis aos fundosde pensões e às sociedades gestoras, bem como definiros elementos que as entidades gestoras devem obriga-toriamente publicar.

4 — Os relatórios e contas e demais elementos deinformação elaborados pelas entidades gestoras de fun-dos de pensões devem reflectir de forma verdadeira eapropriada o activo, as responsabilidades e a situaçãofinanceira, seja do fundo, seja da sociedade gestora,devendo o respectivo conteúdo ser coerente, global eapresentado de forma imparcial.

5 — Os relatórios e contas referentes aos fundos depensões abertos e às sociedades gestoras são disponi-

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bilizados ao público de forma contínua e por meio quepossibilite o acesso fácil e gratuito à informação, nostermos a definir por norma regulamentar do Institutode Seguros de Portugal.

Artigo 65.o

Publicidade

1 — A publicidade efectuada pelas entidades gestorasestá sujeita à lei geral, sem prejuízo do que for fixadoem norma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-tugal, tendo em atenção a protecção dos interesses doscontribuintes, participantes e beneficiários.

2 — É proibida a publicidade que quantifique resul-tados futuros baseados em estimativas da entidade ges-tora, salvo se contiver em realce, relativamente a todosos outros caracteres tipográficos, a indicação de quese trata de uma simulação.

3 — Nos documentos destinados ao público e nossuportes publicitários relativos a fundos de pensões aber-tos deve indicar-se, claramente, que o valor das unidadesde participação detidas varia de acordo com a evoluçãodo valor dos activos que constituem o património dofundo de pensões, especificando ainda se existe a garan-tia de pagamento de um rendimento mínimo.

TÍTULO VI

Regime prudencial dos fundos de pensões

CAPÍTULO I

Património

Artigo 66.o

Receitas

Constituem receitas de um fundo de pensões:

a) As contribuições em dinheiro, valores mobiliá-rios ou património imobiliário efectuadas pelosassociados e pelos contribuintes;

b) Os rendimentos das aplicações que integram opatrimónio do fundo;

c) O produto da alienação e reembolso de apli-cações do património do fundo;

d) A participação nos resultados dos contratos deseguro emitidos em nome do fundo;

e) As indemnizações resultantes de seguros con-tratados pelo fundo nos termos do artigo 16.o;

f) Outras receitas decorrentes da gestão do fundode pensões.

Artigo 67.o

Despesas

Constituem despesas de um fundo de pensões:

a) As pensões e os capitais pagos aos beneficiáriosdo fundo e ou os prémios únicos das rendasvitalícias pagos às empresas de seguros;

b) Os capitais de remição e as rendas previstosno artigo 8.o;

c) Os prémios dos seguros de risco pagos pelofundo;

d) As remunerações de gestão, de depósito e deguarda de activos;

e) Os valores despendidos na compra de aplicaçõespara o fundo;

f) Os encargos despendidos na compra, venda egestão dos activos do fundo;

g) Os encargos sociais previstos no n.o 4 doartigo 6.o;

h) A devolução aos associados do excesso de patri-mónio do fundo nos casos em que tal sejapermitido;

i) As despesas com a transferência de direitos departicipantes ou de associados entre fundos;

j) Outras despesas, desde que relacionadas como fundo e previstas no contrato ou regulamentode gestão.

Artigo 68.o

Liquidez

As entidades gestoras devem garantir que os fundosde pensões dispõem em cada momento dos meios líqui-dos necessários para efectuar o pagamento pontual daspensões e capitais de remição aos beneficiários ou opagamento de prémios de seguros destinados à satis-fação das garantias previstas no plano de pensõesestabelecido.

Artigo 69.o

Composição dos activos

1 — A natureza dos activos que constituem o patri-mónio dos fundos de pensões, os respectivos limites per-centuais, bem como os princípios gerais da congruênciadesses activos, são fixados por norma regulamentar doInstituto de Seguros de Portugal.

2 — Na composição do património dos fundos de pen-sões, as entidades gestoras devem ter em conta o tipode responsabilidades que aqueles se encontram a finan-ciar de modo a garantir a segurança, o rendimento, aqualidade e a liquidez dos respectivos investimentos,assegurando uma diversificação e dispersão prudentedessas aplicações, sempre no melhor interesse dos par-ticipantes e beneficiários.

3 — Tendo em atenção o estabelecido no númeroanterior, e sem prejuízo dos limites fixados nos termosdo n.o 1, os activos dos fundos de pensões devem ser:

a) Investidos predominantemente em mercadosregulamentados;

b) Geridos através de técnicas e instrumentos ade-quados, admitindo-se a utilização de instrumen-tos financeiros derivados, na medida em quecontribuam para a redução dos riscos de inves-timento ou facilitem a gestão eficiente dacarteira;

c) Suficientemente diversificados de modo a evitara acumulação de riscos, bem como a concen-tração excessiva em qualquer activo, emitenteou grupo de empresas, incluindo a concentraçãono que se refere ao investimento no associadoou na entidade gestora.

Artigo 70.o

Avaliação dos activos

Os critérios de avaliação dos activos que constituemo património dos fundos de pensões são fixados pornorma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-tugal.

Artigo 71.o

Cálculo do valor das unidades de participação

1 — O valor das unidades de participação dos fundosde pensões abertos é calculado diariamente, excepto no

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caso de fundos que apenas admitam adesões colectivas,em que é calculado com periodicidade mínima mensal.

2 — O valor de cada unidade de participação deter-mina-se dividindo o valor líquido global do fundo pelonúmero de unidades de participação em circulação.

3 — O valor líquido global do fundo é o valor dosactivos que o integram, valorizados de acordo com asdisposições legais, líquido do valor das eventuais res-ponsabilidades já vencidas e não pagas.

Artigo 72.o

Política de investimento

1 — A entidade gestora formula por escrito, deacordo com o disposto em norma regulamentar do Ins-tituto de Seguros de Portugal, a política de investimentode cada fundo de pensões, especificando os princípiosaplicáveis em matéria de definição, implementação econtrolo da mesma.

2 — A política de investimento deve ser revista, pelomenos, trienalmente, sem prejuízo da necessária revisãosempre que ocorram eventuais alterações significativasnos mercados financeiros que afectem a política deinvestimento.

3 — A regulamentação prevista no n.o 1 deve prever,pelo menos, que a política de investimento identifiqueos métodos de avaliação do risco de investimento, astécnicas aplicáveis à gestão do risco e a estratégia seguidaem matéria de afectação de activos, atendendo à natu-reza e duração das responsabilidades relativas a pensões.

Artigo 73.o

Adequação entre os activos e as responsabilidades

1 — A entidade gestora deve assegurar que os activosque integram o património de cada fundo de pensõessão adequados às responsabilidades decorrentes doplano de pensões, devendo para o efeito ter em conta,nomeadamente:

a) A natureza dos benefícios previstos;b) O horizonte temporal das responsabilidades;c) A política de investimento estabelecida e os ris-

cos a que os activos financeiros estão sujeitos;d) O nível de financiamento das responsabilidades.

2 — Para aferir da adequação prevista no númeroanterior, a entidade gestora deve utilizar os métodosou técnicas que considerar mais consentâneos com oobjectivo de garantir, com elevado nível de razoabili-dade, que oscilações desfavoráveis no valor dopatrimónio não põem em causa o pagamento das res-ponsabilidades assumidas, especialmente as relativas apensões em pagamento.

CAPÍTULO II

Responsabilidades e solvência

Artigo 74.o

Regime de solvência

1 — O regime de solvência dos fundos de pensõesdeve reflectir os riscos incorridos e basear-se em critériosquantitativos e em aspectos qualitativos adequados àespecificidade de cada plano e fundo de pensões.

2 — O regime pode prever a existência de diferentesníveis de controlo da solvência e conjugar métodosestandardizados com abordagens baseadas em modelos

internos adequados à experiência de cada fundo de pen-sões, nos termos que, para o efeito, sejam definidospor norma regulamentar do Instituto de Seguros dePortugal.

Artigo 75.o

Plano técnico-actuarial

1 — No caso de planos de pensões de benefício defi-nido ou mistos deve ser elaborado um plano técnico--actuarial que sirva de base para o cálculo das contri-buições a fazer pelos associados e contribuintes, tendoem atenção os benefícios a financiar e os participantese beneficiários abrangidos, nos termos a definir pornorma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-tugal.

2 — O plano técnico-actuarial deve ser revisto, pelomenos, trienalmente e remetido ao Instituto de Segurosde Portugal sempre que revisto.

Artigo 76.o

Princípios de cálculo das responsabilidades

Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, o cálculodas responsabilidades a financiar nos planos de pensõesde benefício definido ou mistos é efectuado com basenos seguintes princípios:

a) Métodos actuariais reconhecidos que asseguremque o montante do fundo seja adequado aoscompromissos assumidos no plano de pensõese às contribuições previstas;

b) Pressupostos de avaliação prudentes, nomeada-mente, taxas de juro e tabelas de mortalidadee de invalidez prudentes e adequadas que con-tenham, caso se justifique, uma margem razoá-vel para variações desfavoráveis;

c) Método e pressupostos de cálculo consistentesentre exercícios financeiros, salvo alteraçõesjurídicas, demográficas ou económicas subjacen-tes relevantes.

Artigo 77.o

Montante mínimo de solvência

Os pressupostos e os métodos a utilizar no cálculodo valor actual das responsabilidades nos planos debenefício definido ou mistos não podem conduzir a queo valor do fundo de pensões fechado ou da adesão colec-tiva seja inferior ao montante mínimo de solvência cal-culado de acordo com as regras estabelecidas por normaregulamentar do Instituto de Seguros de Portugal.

Artigo 78.o

Insuficiência de financiamento do plano de pensões

1 — Se o associado não proceder ao pagamento dascontribuições necessárias ao cumprimento do montantemínimo exigido pelo normativo em vigor, cabe à enti-dade gestora, sem prejuízo do dever de comunicar asituação à comissão de acompanhamento e do estabe-lecido nos números seguintes, tomar a iniciativa de pro-por ao associado a regularização da situação.

2 — Se, no prazo de um ano a contar da data deverificação da situação de insuficiência referida nonúmero anterior, não for estabelecido um adequadoplano de financiamento que tenha em conta a situaçãoespecífica do fundo, nomeadamente o seu perfil de riscoe o perfil etário dos participantes e beneficiários, e que

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seja aceite pelo Instituto de Seguros de Portugal, devea entidade gestora proceder à extinção do fundo ouda adesão colectiva.

3 — O plano de financiamento previsto no númeroanterior deve ser comunicado à comissão de acompa-nhamento previamente à sua aprovação pelo Institutode Seguros de Portugal, o qual define, caso a caso, ascondições e periodicidade com que a entidade gestoralhe dá conhecimento, bem como à comissão de acom-panhamento, do cumprimento do plano, procedendo-seà extinção do fundo de pensões ou da adesão colectivaem caso de incumprimento do plano.

4 — No prazo de 15 dias a contar da data de veri-ficação de uma situação de insuficiência de financia-mento do valor actual das pensões em pagamento, aentidade gestora deve avisar o associado para efectuaras contribuições que se mostrem necessárias no prazode 180 dias seguintes àquela comunicação e dar conhe-cimento da mesma ao Instituto de Seguros de Portugale à comissão de acompanhamento, devendo procederà extinção do fundo ou da adesão colectiva, se as con-tribuições não forem efectuadas.

5 — Sempre que da aplicação dos prazos estabele-cidos nos n.os 2 e 4 possa resultar prejuízo para os par-ticipantes e beneficiários, o Instituto de Seguros de Por-tugal pode aceitar uma dilatação daqueles prazos, atéao máximo de três e de um ano, respectivamente,mediante pedido devidamente fundamentado apresen-tado pela entidade gestora e pelo associado.

Artigo 79.o

Pagamento de novas pensões

A entidade gestora só pode iniciar o pagamento denovas pensões nos termos do plano se o montante dofundo exceder ou igualar o valor actual das pensõesem pagamento e das novas pensões devidas, calculadode acordo com os pressupostos fixados pelo normativoem vigor para a determinação do montante mínimo desolvência, excepto se já existir um plano de financia-mento aprovado pelo Instituto de Seguros de Portugal.

Artigo 80.o

Indisponibilidade dos activos

Sem prejuízo do fixado nos artigos 78.o e 79.o, quandoocorra uma situação, actual ou previsível, de insuficiên-cia de financiamento do valor das responsabilidades dofundo de pensões, o Instituto de Seguros de Portugalpode, caso necessário ou adequado à salvaguarda dosinteresses dos participantes ou beneficiários, e isoladaou cumulativamente com outras medidas, restringir ouproibir a livre utilização dos activos do fundo, sendoaplicável, com as devidas adaptações, o previsto noartigo 114.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

Artigo 81.o

Excesso de financiamento

1 — Se se verificar que, durante cinco anos conse-cutivos e por razões estruturais, o valor da quota-partedo fundo de pensões, correspondente ao financiamentode um plano de pensões de benefício definido ou, naparte aplicável aos planos de benefício definido, aofinanciamento de um plano de pensões misto, excedeanualmente uma percentagem do valor actual das res-ponsabilidades totais, o montante do excesso pode serdevolvido ao associado, desde que se mantenha uma

percentagem mínima de financiamento, nos termos quepara o efeito sejam estabelecidos em norma regulamen-tar do Instituto de Seguros de Portugal.

2 — A devolução ao associado do montante emexcesso está sujeita a aprovação prévia do Instituto deSeguros de Portugal, requerida conjuntamente, de formafundamentada, pela entidade gestora e pelo associado,devendo o requerimento ser acompanhado de um rela-tório do actuário responsável do plano de pensõesenvolvido.

3 — Na decisão, o Instituto de Seguros de Portugalatende às circunstâncias concretas que em cada casooriginaram o excesso de financiamento, tendo em con-sideração o interesse dos participantes e beneficiários,e não autoriza a devolução, quando tiver resultado,directa ou indirectamente, de uma mudança nos pres-supostos ou métodos de cálculo do valor actual das res-ponsabilidades, de uma alteração do plano de pensõesou de uma redução drástica do número de participantesem planos de pensões sem direitos adquiridos.

TÍTULO VII

Serviços transfronteiriços de gestão de planosde pensões profissionais

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 82.o

Definições

Para os efeitos do previsto no presente título, con-sidera-se:

a) «Estado membro» qualquer Estado que sejamembro da União Europeia, bem como os Esta-dos que são partes contratantes em acordos deassociação com a União Europeia, regularmenteratificados ou aprovados pelo Estado Português,nos precisos termos desses acordos;

b) «Estado membro de acolhimento» o Estadomembro cuja legislação social e laboral é a apli-cável ao plano de pensões profissional;

c) «Estado membro de origem» o Estado membroao abrigo de cuja legislação a instituição de rea-lização de planos de pensões profissionais seconstituiu e exerce a sua actividade;

d) «Plano de pensões profissional» um acordo oucontrato no qual se definem as prestações dereforma concedidas no contexto de uma acti-vidade profissional e as respectivas condiçõesde concessão, estabelecido:

i) Entre a(s) entidade(s) patronal(ais) eo(s) trabalhador(es) por conta de outremou entre os respectivos representan-tes; ou

ii) Com trabalhadores por conta própria,segundo a legislação do Estado membrode acolhimento;

e) «Instituição de realização de planos de pensõesprofissionais» uma instituição, independente-mente da sua forma jurídica, que funcione emregime de capitalização, distinta de qualquerentidade promotora ou de um ramo de acti-vidade, e que tenha por objecto assegurar pres-

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tações de reforma no contexto de uma activi-dade profissional com base num plano de pen-sões profissional;

f) «Entidade promotora» qualquer empresa ouorganismo, independentemente de incluir ou deser composto por uma ou várias pessoas sin-gulares ou colectivas, que actue na qualidadede entidade patronal ou em qualidade indepen-dente, ou numa combinação destas duas qua-lidades, e que contribua para uma instituiçãode realização de planos de pensões profissionais;

g) «Prestações de reforma» as prestações quetomam como referência o momento em que éatingida ou se prevê que seja atingida a reformaou, quando complementares e acessórias dasreferidas prestações, que assumem a forma depagamentos por morte, invalidez ou cessaçãode emprego ou de pagamentos ou de serviçosa título de assistência em caso de doença, indi-gência ou morte.

Artigo 83.o

Gestão de planos de pensões profissionaisnoutros Estados membros

A aceitação, por uma entidade gestora de fundos depensões, de contribuições de entidades promotoras cujosplanos de pensões profissionais sejam constituídos aoabrigo da legislação de outro Estado membro está sujeitaao processo de autorização previsto no capítulo seguinte.

Artigo 84.o

Gestão de planos de pensões profissionais nacionais

A gestão de planos de pensões profissionais nacionaispor instituições de realização de planos de pensões pro-fissionais de outros Estados membros depende do pro-cesso de informação previsto no capítulo III.

CAPÍTULO II

Autorização da gestão de planos de pensõesprofissionais noutros Estados membros

Artigo 85.o

Autorização pelo Instituto de Seguros de Portugal

1 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal aautorização prévia da faculdade de as entidades gestorasde fundos de pensões aceitarem contribuições de enti-dades promotoras cujos planos de pensões profissionaissejam constituídos ao abrigo da legislação de outroEstado membro.

2 — Para a aquisição da faculdade prevista no númeroanterior, a entidade gestora interessada deve notificaro Instituto de Seguros de Portugal da sua intenção, infor-mando-o de qual o Estado membro de acolhimento,da designação da entidade promotora e das principaiscaracterísticas do plano de pensões a gerir.

3 — Quando o Instituto de Seguros de Portugal sejanotificado nos termos do número anterior, comunicaà autoridade competente do Estado membro de aco-lhimento, no prazo de três meses a contar da recepçãodaquela notificação, as informações previstas no mesmonúmero, salvo se considerar que a estrutura adminis-trativa ou a situação financeira da entidade gestora oua idoneidade e competência e experiência profissionaisdos respectivos gestores não sejam compatíveis com asoperações propostas.

4 — O Instituto de Seguros de Portugal informa aentidade gestora da comunicação ou da decisão de nãoaptidão prevista no número anterior no prazo de 15 diasa contar das mesmas.

Artigo 86.o

Início da gestão do plano de pensões

1 — A entidade gestora de fundos de pensões só podeiniciar a gestão do plano de pensões após ter recebidodo Instituto de Seguros de Portugal a informação comu-nicada pela autoridade competente do Estado membrode acolhimento sobre:

a) As disposições da legislação social e laboral rele-vantes em matéria de pensões profissionais nostermos das quais deve ser gerido o plano depensões;

b) Os requisitos e procedimentos de informaçãoaplicáveis; e

c) Se for caso disso, os limites ao investimento dofundo de pensões, de acordo com o dispostono n.o 7 do art igo 18 .o da Direct ivan.o 2003/41/CE, do Parlamento Europeu e doConselho, de 3 de Junho, podendo, para esteefeito, a autoridade competente do Estadomembro de acolhimento solicitar ao Institutode Seguros de Portugal a autonomização dosactivos e responsabilidades adstritos ao cumpri-mento do plano de pensões.

2 — Após a recepção da informação referida nonúmero anterior, ou na falta dela no prazo de dois mesesa contar da recepção da comunicação prevista no n.o 4do artigo anterior, a entidade gestora encontra-se auto-rizada a iniciar a gestão do plano de pensões no Estadomembro de acolhimento, de acordo com as disposiçõese regras referidas no número anterior.

3 — O Instituto de Seguros de Portugal comunica àentidade gestora as alterações à informação inicialmenteprestada que venha a receber da autoridade competentedo Estado membro de acolhimento.

Artigo 87.o

Cumprimento do ordenamento jurídico relevantedo Estado membro de acolhimento

1 — A gestão de planos de pensões profissionais pre-vista no presente capítulo cumpre as disposições legaise as regras de informação previstas nas alíneas a) eb) do n.o 1 e no n.o 3 do artigo anterior, estando sujeita,nessa medida, à supervisão da autoridade competentedo Estado membro de acolhimento.

2 — Quando, em resultado da supervisão prevista nonúmero anterior, a autoridade competente do Estadomembro de acolhimento dê conhecimento ao Institutode Seguros de Portugal da existência de irregularidadesno cumprimento das disposições da legislação social elaboral e dos requisitos de informação previstos nos n.o 1do artigo anterior, este, em coordenação com aquela,toma as medidas necessárias para assegurar que a enti-dade gestora de fundos de pensões lhes ponha cobro,podendo, se necessário, restringir ou proibir a entidadegestora de gerir o plano de pensões em causa.

3 — Se, não obstante as medidas tomadas nos termosdo número anterior, ou na sua falta, o incumprimentodas disposições da legislação social e laboral persistir,a autoridade competente do Estado membro de aco-lhimento, após informar o Instituto de Seguros de Por-tugal, e, sem prejuízo dos poderes que a este caibam

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no caso, pode tomar as medidas adequadas para prevenirou sancionar novas irregularidades, incluindo, namedida do estritamente necessário, a proibição de aentidade gestora gerir o plano de pensões em causa.

Artigo 88.o

Cobertura das responsabilidades

1 — A gestão de um plano de pensões profissionalnoutro Estado membro implica que seja assegurada acobertura integral e a todo o momento das responsa-bilidades respectivas, podendo o Instituto de Segurosde Portugal, nomeadamente a pedido da autoridadecompetente do Estado membro de acolhimento, exigir,para esse efeito, a autonomização dos activos e res-ponsabilidades adstritos ao cumprimento do plano depensões.

2 — Se, nomeadamente na sequência da autonomi-zação prevista no número anterior, se verificar que ofundo, relativamente ao plano de pensões do outroEstado membro, não assegura a cobertura integral ea todo o momento das responsabilidades respectivas,são aplicáveis ao fundo as medidas de saneamento pre-vistas no presente diploma, com excepção da possibi-lidade de apresentação de um plano de financiamento.

3 — O Instituto de Seguros de Portugal comunica àautoridade competente do Estado membro de acolhi-mento a aplicação de qualquer medida tomada nos ter-mos do número anterior.

4 — Caso a situação de subfinanciamento não sejaresolvida, o Instituto de Seguros de Portugal revoga aautorização concedida para a gestão do plano de pensõesprofissional.

CAPÍTULO III

Informação das disposições relevantes nacionaispara a gestão de planos de pensões profissionais nacionais

Artigo 89.o

Procedimento de informação

1 — Quando o Instituto de Seguros de Portugal sejanotificado devidamente da intenção de uma instituiçãode realização de planos de pensões profissionais de outroEstado membro gerir planos de pensões profissionaisnacionais, informa a respectiva autoridade competente,no prazo de dois meses a contar da recepção daquelanotificação, sobre os elementos referidos no n.o 1 doartigo 86.o

2 — O Instituto de Seguros de Portugal comunica àautoridade competente do Estado membro de origemqualquer alteração relevante à informação inicialmenteprestada nos termos do número anterior.

Artigo 90.o

Procedimento de supervisão

1 — O Instituto de Seguros de Portugal supervisionao cumprimento, pela instituição de realização de planosde pensões profissionais, das regras referidas nas alí-neas a) e b) do n.o 1 do artigo 86.o

2 — Se, no âmbito da supervisão prevista no númeroanterior, o Instituto de Seguros de Portugal detectarirregularidades no cumprimento, pela instituição de rea-lização de planos de pensões profissionais, quer dasdisposições sociais e laborais nacionais em matéria de

planos de pensões profissionais quer das regras e pro-cedimentos de informação aplicáveis à gestão de planosde pensões nacionais, deve delas dar conhecimento àautoridade competente do Estado membro de origem,podendo sugerir a aplicação das medidas que considerenecessárias para pôr cobro às irregularidades detectadas.

3 — Se, não obstante o previsto no número anterior,o incumprimento das disposições sociais e laboraisnacionais em matéria de planos de pensões profissionaispersistir, o Instituto de Seguros de Portugal pode, apósinformar a autoridade competente do Estado membrode origem, tomar medidas adequadas para prevenir ousancionar novas irregularidades, incluindo, na medidado estritamente necessário, a proibição da gestão doplano de pensões profissional em causa pela instituiçãode realização de planos de pensões profissionais.

Artigo 91.o

Autonomização

O Instituto de Seguros de Portugal pode solicitar àautoridade competente do Estado membro de origema autonomização dos activos e responsabilidades da ins-tituição de realização de planos de pensões profissionaisrelativos à gestão do plano de pensões nacional, paraefeitos da verificação, seja da cobertura integral e atodo o momento das responsabilidades respectivas, deacordo com o mínimo de solvência estabelecido nos ter-mos do presente decreto-lei, seja do cumprimento dasregras de investimento referidas no n.o 1 do artigo 86.o

TÍTULO VIII

Supervisão

Artigo 92.o

Supervisão pelo Instituto de Seguros de Portugal

1 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal asupervisão dos fundos de pensões constituídos ao abrigodo presente decreto-lei, bem como das respectivas enti-dades gestoras, incluindo a actividade transfronteiriça.

2 — As entidades para as quais sejam transferidas,nos termos do presente decreto-lei, funções que influen-ciem a situação financeira dos fundos de pensões refe-ridos no número anterior, ou sejam, de alguma forma,relevantes para a sua supervisão eficaz, ficam sujeitasà supervisão do Instituto de Seguros de Portugal, namedida dessa relevância, sendo-lhes aplicável, com asdevidas adaptações, o previsto nos artigos seguintes,incluindo o disposto em matéria de inspecções.

3 — Os depositários dos activos dos fundos de pen-sões ficam igualmente sujeitos à supervisão do Institutode Seguros de Portugal no que respeita ao cumprimentodo disposto no presente diploma, podendo o Institutode Seguros de Portugal, quando necessário à salvaguardados interesses dos participantes e beneficiários, restringirou vedar-lhes a livre disponibilidade dos activos dos fun-dos de pensões depositados nas suas instituições.

4 — Caso as entidades previstas nos números ante-riores se encontrem sujeitas genericamente à supervisãodo Banco de Portugal ou da Comissão do Mercado deValores Mobiliários, estas autoridades fornecem ao Ins-tituto de Seguros de Portugal toda a colaboração e infor-mação necessárias ao exercício por este das suas funçõesde supervisão.

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5 — O Instituto de Seguros de Portugal é ainda aautoridade competente para o exercício da supervisãodas sociedades gestoras de participações sociais quedetenham participações em sociedades gestoras de fun-dos de pensões, nos termos previstos no artigo 157.o-Bdo Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

6 — Ao Instituto de Seguros de Portugal é conferidalegitimidade processual para requerer judicialmente adeclaração de nulidade ou anulação dos negócios nulosou anuláveis celebrados pelas entidades gestoras comprejuízo dos participantes e ou beneficiários dos fundosde pensões.

Artigo 93.o

Poderes de supervisão

1 — No exercício das funções de supervisão referidasno artigo anterior, o Instituto de Seguros de Portugaldispõe de poderes e meios para:

a) Verificar a conformidade técnica, financeira elegal da actividade dos fundos de pensões e dasrespectivas entidades gestoras sob sua super-visão;

b) Obter informações pormenorizadas sobre asituação dos fundos de pensões e das respectivasentidades gestoras e o conjunto das suas acti-vidades, através, nomeadamente, da recolha dedados, da exigência de documentos relativos aoexercício das actividades relacionadas com osfundos de pensões ou de inspecções a efectuarnas instalações das empresas;

c) Adoptar, em relação às entidades gestoras defundos de pensões, seus dirigentes responsáveisou pessoas que as controlam, todas as medidasadequadas e necessárias não só para garantirque as suas actividades observam as disposiçõeslegais e regulamentares que lhes são aplicáveis,como também para evitar ou eliminar qualquerirregularidade que possa prejudicar os interessesdos participantes e beneficiários;

d) Garantir a aplicação efectiva das medidas refe-ridas na alínea anterior, se necessário medianterecurso às instâncias judiciais;

e) Exercer as demais funções e atribuições pre-vistas no presente decreto-lei e legislação e regu-lamentação complementares.

2 — Nos termos de regulamentação a emitir pelo Ins-tituto de Seguros de Portugal, as entidades gestoras defundos de pensões enviam-lhe periodicamente a docu-mentação necessária para efeitos de supervisão,incluindo os documentos estatísticos.

3 — No exercício das suas funções de supervisão, oInstituto de Seguros de Portugal emite instruções e reco-mendações para que sejam sanadas as irregularidadesdetectadas.

4 — Sempre que as entidades gestoras de fundos depensões não cumpram, em prejuízo dos interesses dosparticipantes e beneficiários, as instruções e recomen-dações referidas no número anterior, o Instituto deSeguros de Portugal pode, consoante a gravidade dasituação, restringir ou proibir-lhes o exercício da acti-vidade de gestão de fundos de pensões.

Artigo 94.o

Medidas de saneamento das entidades gestoras

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 47.o, quandoverificada uma situação de insuficiência da margem de

solvência das sociedades gestoras de fundos de pensões,o Instituto de Seguros de Portugal, caso necessário ouadequado à salvaguarda dos interesses dos participantesou beneficiários, pode, isolada ou cumulativamente:

a) Restringir ou proibir a livre utilização dos acti-vos da sociedade gestora, sendo aplicável, comas devidas adaptações, o previsto no artigo 114.odo Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril;

b) Designar gestores provisórios da sociedade ges-tora, nos termos, com as devidas adaptações,do previsto no artigo 117.o do Decreto-Lein.o 94-B/98, de 17 de Abril.

2 — Para além das medidas referidas no número ante-rior, e isolada ou cumulativamente com qualquer dessasmedidas, o Instituto de Seguros de Portugal pode,nomeadamente nos casos em que a gestão do fundoou fundos de pensões não ofereça garantias de acti-vidade prudente, e tendo em vista a protecção dos inte-resses dos participantes ou beneficiários e a salvaguardadas condições normais do funcionamento do mercado,determinar, no prazo que fixar e no respeito pelo prin-cípio da proporcionalidade, a aplicação às entidades ges-toras de fundos de pensões de alguma ou de todas asseguintes providências de saneamento:

a) Restrições ao exercício da actividade de gestãode fundos de pensões, designadamente a cons-tituição de novos ou de determinados fundosde pensões;

b) Proibição ou limitação da distribuição de divi-dendos e ou de resultados;

c) Sujeição de certas operações ou actos à apro-vação prévia do Instituto de Seguros de Por-tugal;

d) Suspensão ou destituição de titulares de órgãossociais da empresa;

e) Encerramento e selagem de estabelecimentos.

3 — Verificando-se que, com as providências de recu-peração e saneamento adoptadas, não é possível recu-perar a empresa, deve ser revogada a autorização parao exercício da actividade de gestão de fundos de pensões.

Artigo 95.o

Publicidade das decisões do Instituto de Seguros de Portugal

1 — O Instituto de Seguros de Portugal noticia emdois jornais diários de ampla difusão as decisões pre-vistas nos artigos anteriores que sejam susceptíveis deafectar os direitos preexistentes de terceiros que nãoo próprio fundo ou a entidade gestora de fundos depensões.

2 — As decisões do Instituto de Seguros de Portugalprevistas nos artigos anteriores são aplicáveis indepen-dentemente da sua publicação e produzem todos os seusefeitos em relação aos credores.

3 — Em derrogação do previsto no n.o 1, quando asdecisões do Instituto de Seguros de Portugal afectemexclusivamente os direitos dos accionistas ou dos empre-gados das entidades gestoras enquanto empresas, o Ins-tituto notifica-os das mesmas por carta registada a enviarpara o respectivo último domicílio conhecido.

Artigo 96.o

Sanções

1 — As contra-ordenações previstas e punidas nos ter-mos das alíneas a) a g) do artigo 212.o, a) a j), m)

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e n) do artigo 213.o e a) a g) do artigo 214.o do Decre-to-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril, são aplicáveis à acti-vidade de gestão de fundos de pensões.

2 — É igualmente aplicável à actividade de gestãode fundos de pensões o regime contra-ordenacional doDecreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril.

TÍTULO IX

Disposições finais e transitórias

Artigo 97.o

Direito subsidiário

Os fundos de pensões e respectivas entidades gestorasregulam-se, nos aspectos não previstos no presentedecreto-lei, pelas normas aplicáveis à actividade segu-radora.

Artigo 98.o

Norma revogatória

1 — É revogado o Decreto-Lei n.o 475/99, de 9 deNovembro, alterado pelo Decreto-Lei n.o 292/2001, de20 de Novembro, e pelo artigo 4.o do Decreto-Lein.o 251/2003, de 14 de Outubro.

2 — Mantêm-se em vigor, enquanto não forem subs-tituídas, as disposições das normas regulamentares jáemitidas pelo Instituto de Seguros de Portugal.

Artigo 99.o

Disposições transitórias

1 — Relativamente aos fundos de pensões já cons-tituídos, as entidades gestoras devem, no prazo máximode nove meses a contar da data fixada no n.o 1 do artigoseguinte:

a) Prover ao início de funções da comissão deacompanhamento do plano de pensões e do pro-vedor dos participantes e beneficiários, previs-tos, respectivamente, nos artigos 53.o e 54.o,disso dando conhecimento aos respectivos par-ticipantes e beneficiários, bem como ao Institutode Seguros de Portugal;

b) Alterar os contratos de gestão de fundos de pen-sões fechados, os regulamentos de gestão dosfundos de pensões abertos e as respectivas ade-sões, de modo a dar cumprimento às disposiçõesdo presente decreto-lei;

c) Informar os participantes de fundos de pensõesfechados e de adesões colectivas a fundos depensões abertos sobre os elementos referidosno n.o 1 do artigo 60.o, aquando do cumpri-mento, pela primeira vez, do disposto no n.o 4do artigo 61.o

2 — Até que esteja concluída a transposição para odireito português da Directiva n.o 2002/92/CE, do Par-lamento Europeu e do Conselho, de 9 de Dezembro,relativa à mediação de seguros, e sem prejuízo do quede tal transposição resultar, as entidades legalmenteautorizadas a comercializar produtos do ramo «Vida»podem comercializar unidades de participação de fundosde pensões abertos.

Artigo 100.o

Entrada em vigor

1 — O presente decreto-lei entra em vigor no diaseguinte ao da sua publicação.

2 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, opresente decreto-lei aplica-se aos fundos de pensões quevenham a constituir-se após a sua entrada em vigor,bem como àqueles que nessa data já se encontrem cons-tituídos, salvo na medida em que da sua aplicação resultediminuição ou extinção de direitos ou expectativasadquiridas ao abrigo da legislação anterior.

3 — O financiamento de planos de benefícios desaúde nos termos do presente decreto-lei depende daentrada em vigor da regulamentação do Instituto deSeguros de Portugal prevista no n.o 8 do artigo 5.o, aqual, para as entidades gestoras que o requeiram, podefazer depender do cumprimento de requisitos especí-ficos adequados a extensão aos fundos de pensões finan-ciadores de planos de benefícios de saúde da autorizaçãopara a gestão de fundos de pensões.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 17 deNovembro de 2005. — José Sócrates Carvalho Pinto deSousa — Diogo Pinto de Freitas do Amaral — FernandoTeixeira dos Santos — Alberto Bernardes Costa — JoséAntónio Fonseca Vieira da Silva — António FernandoCorreia de Campos.

Promulgado em 10 de Janeiro de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendado em 11 de Janeiro de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS

Decreto-Lei n.o 13/2006de 20 de Janeiro

O Decreto-Lei n.o 106/2005, de 29 de Junho, fixaas características a que devem obedecer as gordurase óleos vegetais destinados à alimentação humana e ascondições a observar na sua obtenção ou tratamentobem como as regras da sua comercialização.

As características específicas das gorduras e dos óleosvegetais que se encontram previstas no anexo ao referidodiploma consistem na reprodução das tabelas da normaCodex Stan 210, adoptada internacionalmente noâmbito do Codex Alimentarius.

Porém, aquela norma, designadamente as suas tabe-las, foi objecto de algumas alterações, as quais importaintegrar na ordem jurídica nacional.

Para obviar a alterações sucessivas do Decreto-Lein.o 106/2005, de 29 de Junho, em resultado da perma-nente actualização da norma Codex Stan 210, as tabelasque constam do anexo àquele diploma são substituídaspela remissão para esta norma, de forma a salvaguardartodas as modificações que a mesma possa vir a sofrer.