minha vida de menina

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Revista Iluminart do IFSP Volume 1 número 4 Sertãozinho – Abril de 2010 ISSN: 1984 - 8625 Minha vida de menina: de diário de uma adolescente a “lugar de memória”  Lúcia Helena da Silva Joviano 1 RESUMO: O di ár io de Al ic e Da yrell Caldeira Bran t, conhecida pelo pseudônimo de Helena Morley, fora publicado em 1942, com o tulo Minha vi da de menin a. Nele fo ram registradas pas sag ens e sit uações do cotidiano de sua vida familiar e pública, em Diamantina, quando tinha entre 13 e 15 anos, no período de 1893 a 1895. No pr esente estudo, Mi nh a vi da de menina será entendi da enquanto um “lugar de memória”, como proposto por Nora (1993) e trilhando os caminhos de Foucault, compreendemos que o olhar depositado sobre uma obra não de ve pr oc ur ar relacionar automaticamente a mesma ao seu autor, mas si m a um ce rto di sc urso, vinculado a uma época regid a por determinadas concepções, no caso o Modernismo brasileiro. Ass im, o diário íntimo feminino tão em voga na Europa nos séculos XIX e XX torna-se lu ga r de memória para os brasileiros. PALAVRAS-CHAVES : Diário, Mo dernismo, lugar de memória. ABSTRACT: The Di ary of Alice Da yr ell Caldeira Brant, known as the pseudonym of Helena Morley, was published in 1942, with the title My life th e girl . Passages and situations of daily family life and public, in Diamantina were recorded in this diary , when she was between 13 and 15 years in the period 1893 to 1895. In this study, My lif e the girl  is understood as a "place of memory", as pr oposed by Nora (1993) and tr ead the paths of Foucault, we understand that the look de posi te d on a wor k should no t seek to automatically go to the same author but to a 1  Mestre em Literatura( CES-JF), Graduada em História(UFJF) Professora de Educação Básica da SEE/ MG; SEE/RJ e do Programa de Pós-Graduação da Fundação Educacional de Além Paraíba(FAFIPRONAFOR) [email protected] certain discourse, linked to a time governed by certain conc ep ts, name ly the Brazilian modernism. Thus, the diary as female in vogue in Europe in the nineteenth and twentieth becomes a place of memory for the Brazilians. KEY WORDS: Daily, Modernism, place of memory. 1-  O diário e sua contextura Moderna  Antes de iniciarmos as considerações a respeito da inserção do diário, no contexto da discursividade moderna, cab e des tac armos suas peculiaridades. A esc rita em for ma de diário tem como caract erí sti ca pri mordial a presença do cotidiano, marcado não só pelo fato do conteúdo narrado centrar-se no vivi do, como também por sua organização em datas, apresentadas em ordem sucessiva. Tal escrita acaba por estabele cer uma linearidade e continuidade a eventos muitas vezes díspares. Nesse sentido, em Minha vida de menina os assuntos destac ado s pela adolescente par a serem narrados, apesar de se sucederem, são diversos. Como pod e se verificar por ess es dias destacados: Segunda-feira, 6 de março Não sei por que o aniversário do Seu Antônio Eulálio não foi festejado ontem na Palha, como de costume. De fora só estiveram Seu Olímpio Mourão, a família de Seu Marcelo, Elvira e eu. Tivemos tanta coisa boa e comemos à grande. Houve ta mbém no jantar uma novidade que Seu Guerra preparou para caçoar comigo, como é costume dele. Veio na sobremesa um copo com um doce bonito dentro. Eu encho a colher e ponho 50

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Diário de Uma Menina Interiorana.

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7/17/2019 Minha Vida de Menina

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Revista Iluminart do IFSPVolume 1 número 4

Sertãozinho – Abril de 2010ISSN: 19! " #2$

Minha vida de menina: de diário de umaadolescente a “lugar de memória” %&'ia (elena da Silva )oviano1

RESUMO:

* di+rio de Ali'e ,a-rell .aldeira /rant'onhe'ida elo seudnimo de (elena 3orle-4ora ubli'ado em 19!2 'om o t5tulo Minhavida de menina6 Nele 4oram re7istradasassa7ens e situa8es do 'otidiano de suavida 4amiliar e &bli'a em ,iamantina uandotinha entre 1; e 1$ anos no er5odo de 19; a19$6 No resente estudo  Minha vida demenina ser+ entendida enuanto um <lu7ar demem=ria> 'omo roosto or Nora ?199;@ etrilhando os 'aminhos de Fou'ault'omreendemos ue o olhar deositado sobreuma obra não deve ro'urar rela'ionarautomati'amente a mesma ao seu autor massim a um 'erto dis'urso vin'ulado a umao'a re7ida or determinadas 'on'e8esno 'aso o 3odernismo brasileiro6 Assim odi+rio 5ntimo 4eminino tão em vo7a na Buroanos s'ulos CIC e CC torna"se lu7ar demem=ria ara os brasileiros6

PALAVRAS-!AVES: ,i+rio 3odernismolu7ar de mem=ria6

A"S#RA#:

Dhe ,iar- o4 Ali'e ,a-rell .aldeira /rantEnon as the seudon-m o4 (elena 3orle-as ublished in 19!2 ith the title My life thegirl 6 Passa7es and situations o4 dail- 4amil- li4eand ubli' in ,iamantina ere re'orded in thisdiar- hen she as beteen 1; and 1$ -earsin the eriod 19; to 19$6 In this stud- My lifethe girl  is understood as a Gla'e o4 memor-Gas roosed b- Nora ?199;@ and tread the

aths o4 Fou'ault e understand that the looEdeosited on a orE should not seeE toautomati'all- 7o to the same author but to a

1 Mestre em Literatura(CES-JF), Graduada em

História(UFJF) Professora de Educaço !"sica da SEE#

MG$ SEE#%J e do Pro&rama de Pós-Graduaço da

Fu'daço Educacio'a de *m

Para+a(FFP%./F.%) ucia0oia'o23otmai4com

'ertain dis'ourse linEed to a time 7overned b-'ertain 'on'ets namel- the /razilianmodernism6 Dhus the diar- as 4emale in vo7uein Buroe in the nineteenth and tentiethbe'omes a la'e o4 memor- 4or the /razilians6

$E% &OR'S: ,ail- 3odernism la'e o4memor-6

1-  O diário e sua conte(tura Moderna

 Antes de ini'iarmos as 'onsidera8es a

reseito da inser8ão do di+rio no 'onteHto da

dis'ursividade moderna 'abe desta'armos

suas e'uliaridades6 A es'rita em 4orma de

di+rio tem 'omo 'ara'ter5sti'a rimordial a

resen8a do 'otidiano mar'ado não s= elo

4ato do 'onte&do narrado 'entrar"se no vivido

'omo tambm or sua or7aniza8ão em datas

aresentadas em ordem su'essiva6 Dal es'rita

a'aba or estabele'er uma linearidade e

'ontinuidade a eventos muitas vezes d5sares6

Nesse sentido em 3inha vida de menina os

assuntos desta'ados ela adoles'ente ara

serem narrados aesar de se su'ederem são

diversos6 .omo ode se veri4i'ar or esses

dias desta'ados:

Se7unda"4eira # de mar8oNão sei or ue o anivers+rio doSeu Antnio Bul+lio não 4oi4esteado ontem na Palha 'omo de'ostume6 ,e 4ora s= estiveram Seu

*l5mio 3ourão a 4am5lia de Seu3ar'elo Blvira e eu6 Divemos tanta'oisa boa e 'omemos J 7rande6(ouve tambm no antar umanovidade ue Seu Kuerra rearouara 'a8oar 'omi7o 'omo 'ostume dele6 Leio na sobremesaum 'oo 'om um do'e bonitodentro6 Bu en'ho a 'olher e onho

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na bo'a6 Domei um susto e todos'a5ram na 7ar7alhada6 M 'oisa uea'onte'eria a ualuer oisnenhum de n=s 'onhe'ia6 .hama"se sorvete e 4eito de 7elo6uinta"4eira 9 de mar8o 3eu ai a'hou 7ra8a de eu dizerue estava 'om invea de %uisinhasair J rua de len8o na 'ara6Não deseo ter dor de dente orueveo todo o mundo 'horar tantoue enso ue h+ de doer muito6Naninha uando tem dor de dentePoe a 'asa toda malu'a6 Dia

 A7ostinha 4i'a s= rezando e4azendo romessa 'om medo deNaninha enlouue'er6 Bla 7ritarola no assoalho bate 'om a

'abe8a na arede ue a 7enteensa ue doida do hos5'io6*utro dia os 7ritos 4oram tantosue a 7ente da rua entrou araa'udirO ela Hin7ou a todas e 4oi rolarna horta6666Q (oe eu tive vontade de sair'om len8o na 'ara 'omo veo osoutros 4azerem mas mamãe nãodeiHou6S+bado 11 de mar8oN=s temos muitos tios e ainda

'hamamos de tios os rimosvelhos6 (oe meu ai disse amamãe: <Pre'isamos visitar o(enriue e o )ulião ue h+ muitotemo não vemos>6 São dois velhosue moram muito lon7e da nossa'asa6 Kostei da idia ois h+ muitotemo ue não saio em 'omanhiade meu ai6 Ble disse: <Lamosrimeiro ao )ulião deois ao(enriue6 Bstes dois tiveramdinheiro a'abaram 'om tudo e

hoe vivem obremente6666Q uando voltamos ra 'asa +estava muito es'uro6 Não sãoen7ra8ados esses tios ?3*R%BT200$ 6;!";@

 A 'ita8ão um ou'o lon7a 4oi

ne'ess+ria ois 'oube salientar ue de um dia

narrado ara outro os temas variavam

bastante or eHemlo: a rimeira desta'a a

uestão da novidade ue era ara menina o

sorvete a se7unda narrava a reseito da dor

de dente da irmã da5 em diante 4alava"se de

visita aos arentes ro'issão e o

aare'imento de um ladrão na 'idade6

 Aesar da des'ontinuidade dos

4ra7mentos relatados a obra no seu todo

7anha um sentido6 Bste are'eu ser as

reo'ua8es ue a es'ritoraUnarradora

mostrava em rela8ão J situa8ão

e'onomi'amente de'adente de seu ai

emobre'ido ela diminui8ão da eHtra8ão de

diamantes em sua lavra6 Situa8ão essa

'omartilhada or muitos nauela 'idade

nauele momento6 Ao 4im dos dois anos

relatados no di+rio seu ai 'onse7ue uma

'olo'a8ão em uma emresa ue 'he7ou a,iamantina sua av= 4ale'eu deiHando heran8a

e isso aontou ara dias melhores ara a

adoles'ente e sua 4am5lia6 ,essa 4orma um

dos elementos da tensão resente no teHto 4oi

solu'ionado6 *s dois &ltimos ar+7ra4os do

teHto relatam:

* dinheiro ue vov= deiHou ara mamãe4oi ou'o e meu ai a7ou todas asd5vidas e 'ontinuou na minera8ão6 3aslo7o as 'oisas mudaram e nossa vidatem melhorado tanto ue eu s= ossoatribuir J rote8ão da alma de vov=63eu ai entrou ara a .omanhia /oaLista e tudo dos estran7eiros 'om eleor ue o &ni'o ue 4ala in7lVs e

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'onhe'e bem as lavras6 A7ora nãovamos so4rer mais 4altas 7ra8as a,eus6

Não mesmo rote8ão de vov=l+ no .u ?6;;$@

*utra uestão ue observamos se

re4ere Js datas em todo o livro elas não se

or7anizam uma a=s a outra ne'essariamente

a ordem ue aare'e na obra 4oi a

translantada ara a 'ita8ão e 'orresonde a

0#U0;O 09U0;O 11U0;O rese'tivamente6 Bm um

rimeiro momento ode"se ensar ue dias

4oram eH'lu5dos sele'ionados ela es'ritora6

Porm esta em nota J rimeira Bdi8ão

es'lare'e: <Nesses es'ritos nenhuma

altera8ão 4oi 4eita alm de euenas

'orre8es e substitui8es de al7uns nomes

ou'os or motivos 4+'eis de 'omreender >

?61!@

 Bm outra assa7em en'ontraremos o

ue seria a eHli'a8ão ara a des'ontinuidade

nas datas6 ,iz (elena: <Bu estava 'om a ena

na mão ensando o ue havia de es'rever

ois h+ dias não a'onte'e nada6> ?61W;@

 As mudan8as nos nomes odem dizer

reseito J uestão de (elena ser um

seudnimo e esse 7eralmente utilizado

uando uer se eHressar o nas'imento de um

outro eu o eu literatoO ou or ue 'omo 4oi no

'aso de al7umas das rimeiras es'ritoras

4emininas uer es'onder o nome da 4am5lia a

ue erten'e ou sea uma tentativa de

evitar eHor"se6

Porm no ue diz reseito ao 'onte&do

do livro e a sua autenti'idade S'harz ?200;@

traz al7umas 'onsidera8es ue 4oram

debatidas J o'a de sua ubli'a8ão ois

al7uns duvidavam ser o livro eHatamente 'omo

os ori7inais6 *utros ensaram ser o livro 4ruto

de 'omosi8ão 4eita + ela es'ritora adulta e

sobre isso S'harz desta'a a 4ala de

Kuimarães Rosa ara o ual <não eHistia em

nenhuma outra literatura mais uante eHemlo

de tão literal re'onstru8ão da in4Xn'ia6> ? 6!$@

S'harz 'onsidera ue “‘Minha vida de

Menina’ um dos livros bons da literatura

brasileira e não h+ uase nada J sua altura em

nosso s'ulo CIC se deiHarmos de lado

3a'hado de Assis6>?6!W@ B ainda 'itou al7uns

ilustres 4ãs do livro 'omo o 'aso de .arlos

,rummond de Andrade e Blisabeth /isho ue

o traduziu ara o in7lVs6 Sem a resen8a dos

ori7inais o ue temos ara dis'utir o dito

ela es'ritora e ualuer 'oisa alm disso

'onstitui"se de mera ese'ula8ão6

2" 'e escrita de si a lugar de memória

 A ori7em do di+rio enuanto lo'us de

uma es'rita de si remete ao sur7imento da

ideia de vida rivada esse movimento de

valoriza8ão de uma intimidade d+"se no

s'ulo CLIII6 A a4irma8ão dos di+rios e dos

7Vneros 'on4essionais a'onte'e orm no

s'ulo CIC sendo o s'ulo CC o momento em

ue esse se 'onsolida 'omo obeto

mer'adol=7i'o arovado elo 7osto dos

leitores6 ? 3A.IB% 200W 60$@

  * su'esso do 7Vnero tornou"se

ine7+vel desde a ubli'a8ão de O Diário de

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 Anne Fran 6 Se7undo 3a'iel ?200W@ <Bste

di+rio ue + vendeu mais de 2$ milhes de

eHemlares 666Q alm de sa'iar nossa

'uriosidade hist=ri'a um alerta enraizado na

'otidianidade sobre a 'ondi8ão humana e o

sentido da vida6> ?6$@ Porm o su'esso de

3inha vida de menina não veio na esteira

desse 4enmeno interna'ional de vendas

mesmo orue 4ora ubli'ado antes dele6 Seu

su'esso advm de suas ualidades liter+rias e

de 'orresonder ao momento em ue a

dis'ursividade no ual se en'ontrava inserido

estar eminente aui no /rasil6

 A esse reseito al7uma distin8ão

mere'e ser 4eita: uma 'oisa 4oi o di+rio de uma

adoles'ente de uma 'idade no interior do

/rasil no ual são des'ritas 'enas 'otidianas

de seu entorno e da intimidade 4amiliar da

meninaO outra 'oisa 4oi a obra 3inha vida de

menina ue de 'erta 4orma 4ora 'onstitu5da

ara ser um elemento roi'iador de mem=riasara outros6 Bm re4+'io elaborado or

 AleHandre Bul+lio em 19$9 ode ver–se uma

tentativa de de4ini8ão ue a 'r5ti'a roduziu

sobre o livro:

 A meio 'aminho do do'umento eda 4i'8ão 'aderno de anota8eses'rito J mar7em da literatura num

'almo dia"a"dia ue a adoles'Vn'iae a rov5n'ia iluminam de modoe'uliar essa hist=ria natural deuma menina do interior ims"seelas suas 'laras ualidades6 Asensa8ão de 4res'or ue nos'omuni'a 'ada +7ina do livro a4ranueza imerturb+vel dos'atorze anos da autora 'uo

in'on4ormismo sem r=tulo resultado mais autVnti'o humorismo –disli'ente imiedoso sem'erimnia " 'olo'am nessasmem=rias nos ant5odas do toma'adVmi'o e do beletrismo e vVm"nas antes aarentar 'om literaturai'ares'a6 ?6 0W@

Por esse 4ra7mento desta'amos ue

Bul+lio 'omreendeu Minha vida de menina

'omo al7o <meio 'aminho do do'umento e da

4i'8ão> 'omo <hist=ria> <mem=rias> e

<literatura i'ares'a>6 Per'ebemos ue as

dis'usses entre os limites 4i''ionaisUnão"4i''ionais e as rela8es entre hist=riaUmem=ria

e literatura autobio7r+4i'a mais uma vez

estiveram resentes na tentativa de analisar

uma obra do universo da es'rita de si6 Porm

ao 4im de seu re4+'io Bul+lio não s= tenta

'on'luir uma 'ara'teriza8ão do livro 'omo

deiHa tambm transare'er uma 'on'e8ão de

mem=ria 'omo rerodu8ão ou '=ia darealidade:

Seu di+rio modesto e de admir+velresultado desse trabalho realizado 'omdes4astio6 B assim deve ser en'arado:uma es'ie de amlo ainel rimitivoue minu'iosamente reroduzia ol5mido territ=rio humano da menina(elena 3orle-6 ?6 12@

* livro 4ora ubli'ado ela rimeira

vez em 19!2 momento 'uo entorno ue

erassava a vida da es'ritoraUnarradora era

tão di4erente do er5odo em ue o di+rio 4ora

es'rito ue a mesma em nota J 1a  edi8ão

desta'a:

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Não sei se oder+ interessar aoleitor de hoe a vida 'orrente deuma 'idade do interior no 4im dos'ulo assado atravs das

imresses de uma menina deuma 'idade sem luz eltri'a +7ua'analizada tele4one nem mesmoadaria uando se vivia 'ontente'om ou'o sem as reo'ua8esde hoe6 ?6 1;@

Seu relato dise sobre um /rasil ue

transitou de um modelo de e'onomia e

so'iedade 'olonial es'ravista basi'amente

rural ara uma e'onomia urbana e industrial6* Bstado Novo var7uista estabele'eu as

bases da a'umula8ão 'aitalista no /rasil ao

'onsolidar a le7isla8ão trabalhista investir em

in4raestrutura 4orne'er emrstimos a uros

ne7ativos a emresas na'ionais e ao atuar em

+reas de base ara a industrializa8ão6 Sobre o

modelo de a'umula8ão 'aitalista brasileiro

verBra um novo /rasil ue se retendia

moderno e ara tal deveria a'omanhar o

movimento 7eral da 'iviliza8ão o'idental ois:

 A revolu8ão do moderno data dos'ulo CC6 A modernidadeanalisada at então aenas nolano das <suerestruturas> de4ine"se daui em diante em todos os

lanos 'onsiderados imortanteselos homens do s'ulo CC: ae'onomia a ol5ti'a a vida'otidiana a mentalidade6

* 'ritrio e'onmi'o torna"serimordial 666Q no 'omleHo dae'onomia moderna a edra detoue da modernidade ame'aniza8ão ou melhor a

industrializa8ão6 ? %B K*FF 19926192@

* roeto de um /rasil moderno

'ome8ou a delinear"se na d'ada de 1920momento em ue se er'ebia elo aumento

dos des'ontentamentos ?militares

oer+riosU'amoneses industriais e

intele'tuais@ ue o modelo ol5ti'o e

e'onmi'o ue bene4i'iava al7umas

oli7aruias havia es7otado6 * onto de

'onver7Vn'ia dos rotestos e uestionamentos

 – alm das den&n'ias 'ontra as 4raudeseleitorais " 7irava em torno da 'onstru8ão de

um roeto na'ionalista ara o a5s6

Bm 1922 o'orreu em São Paulo a

Semana de Arte 3oderna evento ue mar'ou

de4initivamente os novos rumos ue a 'ultura

brasileira iria se7uir a artir de então6 *s

movimentos modernos do o'idente:

 A a4irma8ão de modernidade mesmoue ultraasse o dom5nio da 'ulturare4ere"se antes de mais nada a um meiorestrito de intele'tuais e te'no'ratas6Fenmeno da tomada de 'ons'iVn'ia deum ro7resso or vezes'ontemorXnea da demo'ratiza8ão davida so'ial e ol5ti'a a modernidademantm"se no lano da elabora8ão deuma elite de 7ruos de 'aelas6 ? %BK*FF 1992 619W@

Porm aesar do re4erido a'ima os

anseios e roetos dos intele'tuais a'abaram

or 'he7ar at o ovo ois 'om a 'hamada

Revolu8ão de 19;0 e o in5'io 'omo dito

anteriormente desse ro'esso de inser8ão do

/rasil no mundo moderno muitos intele'tuais

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modernista assaram a ser uadros do

7overno Lar7as e a elaborar ol5ti'as &bli'as

ue e4etivamente alteraram a vida na'ional –

'omo o r=rio relato de (elena anteriormente

'itado mostrou6

Ym dos t=i'os ue uniam os

intele'tuais brasileiros ditos 3odernistas

aesar das suas di4erentes vises 4oi a

valoriza8ão dos ase'tos e dos elementos

na'ionais6 Aui no /rasil a uerela

anti7osUmodernos alm de se dar no Xmbito

da lin7ua7em art5sti'a ue ne7ava o

a'ademi'ismo deu"se tambm na 'onstru8ão

de um universo intele'tual e art5sti'o novo e

r=rio em detrimento das <'=ias> ue eram

realizadas elos intele'tuais <anti7os> das

es'olas euroias6 Sobre a eHalta8ão do

estran7eiro ue se ro'edia no /rasil (elena

'on4ere:

N=s temos mania de a'har tudoue de 4ora melhor do ue onosso6 ,outor s= tem valor vindode 4ora6 Raaz ara as mo8as4i'arem 'om in4luVn'ia tem ue virde 4ora6 * ue nosso não restas= de outras terras ue bom6Bu mesma ensava isso6 Não vouensar assim6 * ue mau h+ deser bom de a7ora em diante6?3*R%BT 200$ 6 1;!@6

 A valoriza8ão eH'essiva de tudo o uevinha de 4ora in'lusive das <7entes> tinha sua

ori7em 4in'ada nos adres e'onmi'os

estti'os e s='io"'ulturais estabele'idos ela

'onuista euroia de nossas terras6 A

'oloniza8ão em toda Amri'a deu"se de

4orma a destruir ou in'ororar em arte se

ne'ess+rio J domina8ão os valores dos ovos

subu7ados não obstante as di4erentes

'ontribui8es dos ovos a4ri'anos e nativos

4oram 'onsideradas a7ãs diab=li'as

selva7ens in4eriores elos 'olonizadores6

 A 4orma8ão do Bstado Na'ional

brasileiro manteve esse adrão 'abendo a

%iteratura romXnti'a de )os de Alen'ar

'onstruir o mito 4undador brasileiro6 Neste a

mistura de ra8as est+ resente orm 'lara

a osi8ão de in4erioridade no ual a mulher e o

nativo 4oram 'olo'ados6

 Ainda sustentando esse ideal 4ora

in'ororado J visão brasileira as 'on'e8es

deterministas se7undo as uais eHiste

ovoando o mundo ra8as in4eriores e

sueriores6 Dal dis'urso embasava a

 usti4i'ativa euroia ara sua domina8ão

imerialista do 7lobo e aui no /rasil servia J

'lasse dominante bran'a 'omo me'anismole7itimador de sua he7emonia6 ,essa 4orma

mesmo 'olo'ando"se de 4orma se'und+ria

uma vez ue era 'onsiderada uma terra de

mesti8os e nos tr=i'os o /rasil atrelou seu

dis'urso ao euroeu e o 'onsiderou v+lido e

verdadeiro ois dessa 4orma 7arantia a

domina8ão interna6 ?*RDIZ 199! 62W";$@6

Intele'tuais do movimento de 1922 eoutros mesmo 'om suas di4eren8as ue não

eram euenas es4or8aram"se or roduzir

um novo eselho ara o /rasil6 Nesse eselho

o ovo deveria se ver e se re'onhe'er

55

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valorizando"se a artir de suas 'ara'ter5sti'as

nativas e mesti8as6

.omo + dissemos o Bstado Lar7uista

instaurado 'om a Revolu8ão de 19;0 4oi o

romotor da mudan8a ue roduziu uma nova

brasilidade6 * mesti8o antes desvalorizado e

'omreendido 'omo o elemento ue 7erava o

atraso no /rasil assou a ser 'onsiderado o

<verdadeiro brasileiro> tendo sua 'ultura e

l5n7ua eviden'iada elas novas rodu8es

art5sti'as e intele'tuais6 Podemos dizer ue a

obra re4erVn'ia ara essa mudan8a de ostura

4oi .asa Krande e Senzala de Kilberto

Fre-re6 Bsta obra:

666Q trans4orma a ne7atividade domesti8o em ositividade o ueermite 'omletar de4initivamenteos 'ontornos de uma identidadeue h+ muito vinha sendodesenhada6 S= ue as 'ondi8esso'iais eram a7ora di4erentes aso'iedade brasileira + não mais se

en'ontrava num er5odo detransi8ão os rumos dodesenvolvimento eram 'laros e atum novo Bstado ro'urava orientaressas mudan8as6 666Q a ideolo7iada mesti8a7em 666Q ao serreelaborada ode di4undir"seso'ialmente e se tornar senso'omum ritualmente 'elebrado nasrela8es do 'otidiano ou nos7randes eventos 'omo o 'arnaval eo 4utebol6 * ue era mesti8o torna"

se na'ional6 ? *RDIZ 199! 6!1@

 A rodu8ão intele'tual modernista

assou a dar vez e voz a novos e velhos

ersona7ens aroHimando a lin7ua7em

es'rita J 4ala do ovo reivindi'ando tambm

uma 7ram+ti'a brasileira6 Bssa brasilidade

mesti8a eHressa entre outras 'oisas ela 4ala

uma 'onstante na obra de (elena6 Ao narrar

a es'ritora toma o 'uidado de trans'rever o

di+lo7o 'omo ele o'orreu havendo essoas

ue se eHressam or meio da l5n7ua adrão e

outras não6 Assim a oralidade se e J mostra

em seu teHto e ode ser observada em al7uns

4ra7mentos:

Der8a"4eira 10 de aneiro

666Q <Não ensei ainda não mas viver a 7ente

veve de ualuer eito6 ,eus ue auda>?620@

Der8a"4eira 20 de mar8o666Q Lov= er7untou: <ue isto Aonde vãotodos assim>6

Foi /en4i'a ue resondeu: <Kinirosonão viu treva6 /omO Kiniroso não viu trevaOKiniroso não viu lava"6 /omO Kiniroso nãoviu lava"6 Kiniroso e n=s tudo vV in4or'+ o

 uda ue vendeu Nossinh on'e não vV ue

não ossive> ?61;9@uinta"4eira 1; de unho666Q *s home e7aro no 'aiHão [tava muitoesado e eles deiHaro ele 'a5 de novo rae7ar de eito6 666Q * susto dela vivV 4oi mai=ue o da morte6 A mulh + 4oi a'ordando ebri7ando 'om as irmã e mandando todas sa5de 'asa orue disse ue elas si havia de'hor+ a morte dela 4i'aro s= bri7ando or'ausa das 'oisas dela6 )+ mandou 'ham+ oai ra lev+ as irmã outra vez ra 4azenda eela vai vivV sozinha a56 As mo8a [t+ tran'adano uarto e não sai nem ra 'omV6 * ai eserado a uaru hora ra lev+ elas6 Foi noue deu a morte de Si+ ,onana6 ?62#1 2#2@

Per'ebemos or esse relato ue a 4ala

do ne7ro 4oi mantida e não transosta ara o

5:

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ortu7uVs adrão 'omo era 4eito elos

movimentos liter+rios anteriores ao

3odernismo brasileiro6

%e Ko44 ro'urou es'lare'er o ue ara

ele se ode nomear 'omo modernismo ou

modernidade seria <a tomada de 'ons'iVn'ia

das ruturas 'om o assado e da vontade

'oletiva de as assumir>6 ? %B K*FF 1992

619#@

Nesse sentido não odemos 4alar de

modernismo sem retomar o 'on4lito entre o ue

se retende novo e o velho6 Porm <o novo

não eHatamente o moderno salvo se

ortador da dula 'ar7a eHlosiva: ser

ne7a8ão do assado e ser a4irma8ão de al7o

di4erente>6 ?PAZ 19! 620@ No 'aso

brasileiro tal luta 4i'a eviden'iada 'omo +

desta'amos entre uestes relativas ao

na'ional C estran7eiro e J mistura C ureza6

 A rutura aui ro'essada diz reseito

ao novo olhar ue ser+ lan8ado sobre osvalores sobre os uais a so'iedade at então

estava assentada6 Produziu"se uma 7uinada

ue 4oi do rural ao urbano do a7r+rio ao

industrial do mer'ado eHterno ao interno 'omo

esa8o de realiza8ão e'onmi'a e a'ima de

tudo uma sobrevaloriza8ão do ue 4oi

identi4i'ado 'omo 'onstituinte do na'ional6

Porm o modernismo J brasileiraaesar de tribut+rio das van7uardas euroias

ao 'ontr+rio do Futurismo de 3arinetti não

retendeu <demolir os museus e as bibliote'as>

não ne7ou a ossibilidade de ualuer volta ao

assado62  Ao 'ontr+rio disso ro'urou

rees'rever a (ist=ria e a literatura brasileira a

artir de seu olhar6

 Assim o di+rio de Ali'e ,a-rell uma

simles adoles'ente do 4im do s'ulo

residente em ,iamantina torna"se a obra

Minha vida de menina6 (ouve uma

trans4orma8ão de um di+rio lo'al em ue uma

menina 7uardou or meio de uma sele8ão os

4atos de ue ela 7ostaria de se lembrar em

mem=ria dos e ara os outros6 Sua obra

insere"se em 'onteHto no ual se retendia

reler o assado 'onstruindo uma nova hist=ria

ue deveria ser na'ional e 'oletiva ois

'onsiderava"se suas mem=rias 'omo a

reresenta8ão do assado6

(elena 3orle- assinou um di+rio

rovido da <4un8ão de autor> ou sea

<'ara'ter5sti'a do modo de eHistVn'ia de

'ir'ula8ão e de 4un'ionamento de al7uns

dis'ursos no interior de uma so'iedade6>?F*Y.AY%D 1992 6!#@ Seu nome assou a

se 4iliar a um 'erto dis'urso erten'ente a um

estatuto ou sea um es'rito 'on4essional

7anhou ares de <lugar de mem!ria> ?N*RA

199;@ ois estava ins'rito na dis'ursividade

moderna6 Se7undo Fou'ault 4un8ão de autor:

666Q est+ li7ada ao sistema ur5di'o einstitu'ional ue en'erra e determinaarti'ula o universo dos dis'ursos: nãose eHer'e uni4ormemente e da mesmamaneira sobre todos os dis'ursos em

7 Sore Futurismo e a'&uardas, co'sutar; <ELES, G,

M4 =a'&uarda euro>*ia e moder'ismo rasieiro4 %io de

Ja'eiro; =o?es, 1@A:4

5B

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todas as o'as e em todas as 4ormasde 'iviliza8ãoO não se de4ine elaatribui8ão esontXnea de um dis'ursoao seu rodutor mas atravs de umasrie de oera8es ese'54i'as e'omleHasO não reenvia ura esimlesmente ara um indiv5duo realodendo dar lu7ar a v+rios [eus\ emsimultXneo a v+rias osi8es de sueitoue 'lasses di4erentes de indiv5duosodem o'uar6 ?1992 6$#"$W@

Nesse sentido o olhar deositado

sobre uma obra não deve ro'urar rela'ionar

automati'amente a mesma a seu autor mas

sim a um 'erto dis'urso vin'ulado a uma

o'a re7ida or determinadas 'on'e8es6 *

di+rio 5ntimo 4eminino tão em vo7a na Buroa

no S'ulo CIC e CC torna"se lu7ar de

mem=ria ara os brasileiros6 Nada mais

antroo4+7i'o 'omo aludido or *sald

 Andrade6

Bsses lu7ares de mem=ria da 4orma

'omo 4oi ensado or Nora ?199;@ 7anham

sentido no esa8o deiHado ela mem=ria

tradi'ional e ela 'rise da mem=ria hist=ri'a6

Bssa mem=ria tradi'ional 4oi auela

'omartilhada elo 7ruo ue a detinha era

inuestion+vel e sa7rada servindo de liame

ara a 'oletividade ue a 'omartilhava6

Porm a mem=ria hist=ri'a desritualizou a

mem=ria e a'abou <valorizando or natureza

mais o novo ue o anti7o mais o ovem ue o

velho mais o 4uturo ue o assado> tornando

os lu7ares de mem=ria ne'ess+rios6 Assim vV"

se na:

*s'ila8ão do memorial ao hist=ri'o deum mundo onde se tinham an'estrais aum mundo da rela8ão 'ontin7ente 'omauilo ue nos en7endrou6 Passa7emde uma hist=ria totVmi'a ara umahist=ria 'r5ti'a: o momento doslu7ares de mem=ria6 ?N*RA 199; 61!@

Nessas modernas rela8es 'om oassado no nas'imento e venera8ão doindiv5duo:

*s lu7ares de mem=ria nas'em evivem do sentimento ue não h+mem=ria esontXnea ue re'iso'riar aruivos ue re'iso manter

anivers+rios or7anizar 'elebra8esronun'iar elo7ios 4&nebres notariaratas orue essas oera8es não sãonaturais6 666Q Se tivssemosverdadeiramente as lembran8as ueeles envolvem eles seriam in&teis6?N*RA 199; 6 1;@

 Assim a 4eitura do di+rio

'omreendida 'omo eHressão desse

movimento de individualiza8ão e erda damem=ria elo ual as modernas so'iedades

'aitalistas assaram ois <uando a mem=ria

não est+ mais em todo lu7ar ela não estaria

em lu7ar nenhum se uma 'ons'iVn'ia

individual numa de'isão solid+ria não

de'idisse dela se en'arre7ar6> ?N*RA 199;:

6 1@

* ue era esontXneo a7ora ne'essitade esa8os de 7uarda ara ue as lembran8as

seam romovidas: <o lu7ar de mem=ria uni

lu7ar duloO um lu7ar de eH'esso 4e'hado

sobre si mesmo 4e'hado sobre sua identidade

e re'olhido sobre seu nome mas

5A

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'onstantemente aberto sobre a eHtensão de

suas si7ni4i'a8es6> ?N*RA 199;: 62#@

 A es'rita de si a rodu8ão e 7uarda de

uma vasta do'umenta8ão individual

'onteHtualiza"se na transi8ão aradi7m+ti'a

ela ual o o'idente assou nos &ltimos

s'ulos6 A 'onstru8ão da no8ão de sueito

moderno roblem+ti'a ois ao mesmo

temo em ue o ser humano 'omreendido

'omo ser individual e ortador de direitos ao

mesmo temo um ser 'oletivo erten'ente ao

mundo &bli'o ue lhe 'on4ere sentido6 Assim

emer7e um indiv5duo ue bus'a se

'omreender e se lo'alizar or meio da

es'ritura6

*s di+rios são 4ra7mentos de uma

vivVn'ia roduzidos a artir da rela8ão da

essoa 'om o seu entorno trazendo a mar'a

da sua subetividade tornando"se dessa 4orma

lu7ares rivile7iados de en'ontro 'om os

horizontes 'ulturais sob os uais est+enredado6 Não uerendo dizer 'om isso ue "

lembrando"se das m&ltilas si7ni4i'a8es 'omo

a'ima 'itamos " as mesmas mar'as serão

en'ontradas or todos os leitores ois a

erse'tiva aui emreendida uma leitura de

uma eHressão subetiva 4eminina não vista

aui 'omo reresentativa de todo um 7Vnero

mas 'omo um olhar sobre um obetodeterminado ue se abre a in4initas

ossibilidades de 'omreensão e

reelabora8ão6

RE)ER*+,AS ","L,OR.),AS:

F*Y.AY%D 36 O "ue # um autor$%Passa7ens 19926%B K*FF )a'ues6 &i't!ria e mem!ria%.aminas SP: Bd6 YNI.A3P 19926BY%]%I* AleHandre6 %ivro ue nas'eu'l+ssi'o6 In: 3*R%BT (elena6 Minha vida deMenina%  São Paulo: .omanhia das %etras200$6 6W"1263*R%BT (elena6 Minha vida de Menina/ SãoPaulo: .omanhia das %etras 200$6N*RA Pierre6 Bntre 3em=ria e (ist=ria: Aroblem+ti'a dos lu7ares6 In: (evi'ta do)rograma de *'tudo' )!'+graduado' em(ist=ria do ,eartamento de (ist=ria6 PY."SP n0 10 dezembroU199;6*RDIZ Renato6 ,ultura -ra'ileira e identidadena.ional% São Paulo: /rasiliense 199!6

S.(^ARZ Roberto6 Dua' menina'/  SãoPaulo: .omanhia das %etras 200;63A.IB% Sheila ,ias6 A literatura e o' g/nero'.onfe''ionai'6 ,ison5vel em:htt:UU6'tl6u4ms6brU7letrasUdo'entesUsheilaUA_20%iteratura_20e_20os_207_BAneros_20'on4essionais6d46 A'esso em: 10 dez6200W6

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